Upload
phungbao
View
215
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
1
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
INCLUSÃO E INTEGRAÇÃO DOS PORTADORES DE
NECESSIDADES ESPECIAIS E COMO O
PSICOPEDAGOGO PODE TRABALHAR COM O
DEFICIENTE AUDITIVO
PATRICIA S. BARBOSA NUNES
Orientador
Prof. FABIANE MUNIZ
DOCUM
ENTO
PROTEG
IDO P
ELA L
EI DE D
IREIT
O A
UTO
RAL
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
2
Rio de Janeiro
2015
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
INCLUSÃO E INTEGRAÇÃO DOS PORTADORES DE
NECESSIDADES ESPECIAIS E COMO O
PSICOPEDAGOGO PODE TRABALHAR COM O
DEFICIENTE AUDITIVO
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em PSICOPEDAGOGIA
Por: PATRICIA S. BARBOSA NUNES
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a DEUS, que me concedeu forças nos
momentos difíceis, por me orientar guiando-me com sabedoria e entendimento.
Ao meu querido e eterno amor, que sempre me incentivou a crescer, a
progredir e a prosseguir e jamais desistir de meus objetivos.
Aos meus filhos que souberam compreender a minha ausência e
consequentemente minha falta de tempo.
Aos meus familiares, que torceram por mim ao longo da minha jornada.
Ao meu orientador que me auxiliou nos momentos de dificuldades com
muita dedicação e esforço.
Renda-se como eu me rendi,
mergulhe no que você não conhece
como eu mergulhei. Não se
preocupe em entender, viver ultrapassa
qualquer entendimento.
(Clarice Lispector)
4
EPÍGRAFE
“A educação é o grande motor do desenvolvimento pessoal. É através dela que a filha de um camponês se torna médica, que o filho de um mineiro pode chegar a chefe de mina, que um filho de trabalhadores rurais pode chegar a presidente de uma grande nação”.
(Nelson Mandela)
5
DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho a DEUS que sempre
me sustentou com forças e me fez chegar
até aqui e ao meu esposo Adriano pelo
apoio de sempre.
6
RESUMO
O presente trabalho tem por objetivo mostrar que a inclusão é algo que
pode acontecer verdadeiramente, e que basta pensarmos nas necessidades do
portador de deficiência e enxergá-los como seres humanos, como qualquer
cidadão, com suas dificuldades sim, mas também com suas capacidades e que
eles tem direito a educação e a viver na sociedade, frequentando escolas como
qualquer outra criança. Aceitar um portador de deficiência é aceitar também
suas diferenças e limitações. Para que isto ocorra é necessário ter uma
resposta organizada para as suas necessidades educativas sendo
competências da escola.
Os capítulos vão abordar temas como: Tipos de conceitos
psicopedagógicos a serem trabalhados com os portadores de necessidades
especiais, desenvolvendo nos indivíduos sua autonomia e independência.
Vamos conhecer denominações e tecnologias que dão aos deficientes
auditivos melhores condições de vida. Também conhecer a importância de
saber sobre a anatomia e fisiologia do aparelho auditivo.
Sem falar na linguagem brasileira de sinais, que é fundamental para a
comunicação das pessoas com necessidades especiais auditivas.
Conclui que, a busca por especializações através de psicopedagogos,
assim como os educadores em geral, é de suma valia para que as pessoas
com algum tipo de limitação possa de fato ser incluída na sociedade e até
mesmo no mercado de trabalho.
7
METODOLOGIA
Os métodos principais a serem adquiridos nada mais são do que a
consciência de oferecer capacitação para os docentes. Buscando melhorar e
especializar os profissionais para oferecer um melhor trabalho para os
portadores de necessidades especiais. De acordo com as teorias dos seguintes
autores: CLÁUDIA WERNEK, CLÉLIA REGINA RAMOS E ROMEU KAZUMI
SASSAKI.
8
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO..................................................................................................9
CAPÍTULO I: INCLUSÃO E INTEGRAÇÃO......................................................10
1.1 - Métodos Orais
CAPÍTULO II: - ALGUNS CONCEITOS QUE O PSICOPEDAGOGO PODE
TRABALHAR COM OS PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS...20
2.1-Conhecendo um pouco sobre as denominações
2.2-Tecnologia assistida para surdos e suas classificações do grau de perdas
auditivas
2.3 - Anatomia e fisiologia do órgão da audição e do equilíbrio.
CAPÍTULO III: - LIBRAS..............................................................................29
3.1 - Tipos de Aparelhos Auditivos
3.2- Tipos de Tecnologias para Surdez
CONCLUSÃO..............................................................................................41
IV- BIBLIOGRAFIA.......................................................................................43
V- ANEXOS..................................................................................................45
9
INTRODUÇÃO
Por acreditar que a inclusão não significa apenas colocar um indivíduo
deficiente da sociedade na escola, mais sim, dar suportes, condições para que se
tenham oportunidades e aprendam como qualquer outra criança deu-se início a este
trabalho.
O primeiro capítulo fala sobre inclusão e integração, pois entender as
necessidades dos portadores de deficiência é o primeiro passo a se chegar a devida
inclusão. Embora existam barreiras para que ela aconteça é preciso estar preparado.
O movimento inclusivo reflete um esforço por parte de várias esferas da
sociedade, contudo ainda se evidencia um ambiente de exclusão quando, ao se
inserir um portador de deficiência em determinado contexto, é notória a dificuldade
de interação com o meio, seja por falta de infraestrutura adequada à sua deficiência,
seja por falta do canal de comunicação ou até mesmo pela condição de inferioridade
que, muitas vezes, lhe é atribuída pelas pessoas que o cercam.
A diversidade, dentro desta perspectiva, passou a ser vista como algo
fundamental, refletida na necessidade da construção de espaços sociais inclusivos
que levassem em conta as características e necessidades de todos os cidadãos.
O presente trabalho veio se fundamentando e estreitando o campo de
pesquisa para a deficiência auditiva/surdez em especial, visando à inclusão dos
mesmos na escola e na sociedade.
10
CAPITULO I: INCLUSÃO E INTEGRAÇÃO
Esse capítulo vem abordar a importância da inclusão das pessoas com
necessidade especiais na sociedade. Porém, se fala na relevância de incluir sem
excluir, ou seja, a integrar de fato o indivíduo sem que ele esteja apenas alocado em
um determinado espaço, sendo ele escolar ou não.
Para Werneck (2000), a integração e a inclusão são dois fatores diferentes de
ensino e tem princípio na origem da normalização.
A autora diz que a inclusão faz parte de um processo e que às vezes esse
processo se torna imperceptível.
Segundo Sassaki (1997), a ideia de integração veio para acabar com a prática
de exclusão social em que as pessoas com deficiência eram submetidas Por
séculos. Antes elas eram consideradas inválidas, sem utilidade para a sociedade e
incapazes para trabalhar, essa definição era feita a qualquer tipo de deficiência.
Na década de 60 aconteceu um grande momento em relação a instituições
especializadas, tais como: escolas especiais, centros de habilitação, centros de
reabilitação, oficinas protegidas de trabalho, clubes sociais especiais, associações
desportivas especiais.
E no final dessa década de 60, o movimento pela integração social começou
a tentar inserir as pessoas com algum tipo de deficiência, em locais como, a
educação, o trabalho, a família e o lazer. Essa atitude foi de extrema relevância,
para a integração.
Segundo Werneck (2000), nessa mesma década, cientistas
inconscientemente deram força a um movimento de uma sociedade que mais tarde
iria se chamar de inclusiva. Os cientistas deram inicio a uma discussão, quando
disseram que deficiência mental não era sinônimo de doença mental.
Sassaki, fala que na década de 70 começaram a proporcionar aos portadores
de necessidades especiais, alguns tipos de vida diária, o mais próximo possível a
realidade de vida das pessoas sem algum tipo de limitação.
Já Werneck, fala que no começo dos anos 70, a afirmação dos cientistas de
que deficiência mental não era doença mental, ganhou força e começou o fim da
11
separação de pessoas com deficiência mental, elas então puderam sair dos
hospitais psiquiátricos em que eram colocadas e muitas das vezes esquecidas.
Entretanto Sassaki fala que na década de 80 com o inicio da normalização,
como o processo de MAINSTREAMING foram fundamentais na aquisição de
conhecimentos e experiências de integração que depois iriam abrir caminhos para o
surgimento da inclusão e da igualdade de oportunidades.
Então pode se dizer que, o movimento a prática da integração social teve um
impulso muito grande a partir dessa década de 80, com o surgimento da luta pelos
direitos das pessoas portadoras de deficiência.
Fletcher explica o modelo médico da deficiência da seguinte forma:
“Tradicionalmente, a deficiência tem sido vista como um ‘problema’ do
individuo e, por isso, o próprio indivíduo teria que se adaptar à sociedade ou
ele teria que ser mudado por profissionais através da reabilitação ou cura”.
(Apude sassaki 1996, p.7).
Corroborando com o artigo Sassaki diz que,
“A pessoa deficiente é que precisa ser curada, tratada, reabilitada,
habilitada etc. A fim de ser adequada à sociedade como ela é sem maiores
modificações” (1997. p, 29).
O autor fala ainda que, com tantas coisas conquistadas e com experiências
adquiridas, uma boa parcela da comunidade acadêmica, algumas instituições sociais
e organizações de pessoas com deficiência começaram por volta do final dos anos
80 e início da década de 90.
Foi quando começou a se perceber e a entender o fato de que a verdadeira
prática de integração social não só era insuficiente para acabar com a discriminação
com os portadores de deficiência, mas também era muito pouco para acontecer à
verdadeira participação real com igualdade de oportunidades.
Na década de 80, Werneck (2000) conta que o movimento pela inclusão
começou a ganhar forças, esse movimento não era isolado da educação.
12
Nesse mesmo movimento eles faziam a inserção do deficiente adulto no
mercado de trabalho.
Werneck coloca que na década de 90, mais precisamente em 1994 aconteceu
uma declaração que vinha a oficializar o termo de inclusão no campo da educação,
foi a declaração de Salamanca.
A declaração Salamanca (1994) recomenda que as escolas se ajustem as
necessidades dos alunos quaisquer que sejam suas condições físicas, sociais, e
linguísticas, incluindo aquelas que vivem nas ruas, as que trabalham as nômades,
as étnicas, as de condições sociais e culturais diferentes, além das que se
desenvolvem á margem da sociedade.
A integração segundo Sassaki, (1997) ainda tem o mérito de inserir os
portadores de deficiência na sociedade, mas os mesmos tem que se adequar de
alguma forma e se capacitar a superar barreiras físicas, programáticas e atitudinais
nela existentes.
Ele ainda nos fala que, hoje entendemos que a tão almejada, a tão defendida
prática da integração social ocorria e ainda ocorre de três formas:
1. Pela inserção pura e simples daquelas pessoas com deficiência que
conseguiram ou conseguem, por méritos pessoais e profissionais próprios,
utilizar os espaços físicos e sociais, bem como seus programas e serviços,
sem nenhuma modificação por parte da sociedade, ou seja, da escola
comum, da empresa comum, do clube comum etc.
2. Pela inserção daqueles portadores de deficiência que necessitavam ou
necessitam alguma adaptação específica no espaço físico comum a fim de
poderem, só então, estudar, trabalhar, ter lazer, enfim, conviver com
pessoas não-deficiêntes.
3. Pela inserção de pessoas com deficiência em ambientes separados dentro
dos sistemas gerais. Por exemplo: escola especial junto à comunidade;
classe especial numa escola comum; setor separado dentro de uma
empresa comum; etc. Esta forma de integração, mesmo com todos os
méritos, não deixa de ser segregativa.
É mostrado que nenhuma dessas formas de integração social é totalmente
eficaz, com relação aos direitos das pessoas portadoras de deficiência, pois a
integração muito pouca é cobrada da sociedade em relação à modificação de
13
atitudes, nos espaços físicos, de objetos e de práticas sociais. No modelo
integrativo, a sociedade, praticamente de braços cruzados, colabora em receber os
portadores de deficiência desde que estes sejam capazes de:
• Moldar-se aos requisitos dos serviços especiais separados
(classe especial, escola especial etc.);
• Acompanhar os procedimentos tradicionais
(de trabalho, escolarização, convivência social etc.);
• Contornar os obstáculos existentes no meio físico
(espaço urbano, edifícios, transportes etc.);
• Lidar com as atitudes discriminatórias da sociedade, resultantes de
estereótipos, preconceitos e estigmas;
• Desempenhar papéis sociais individuais
(aluno, trabalhador, usuário, pai, mãe, consumidor etc.) com
autonomia, mas não necessariamente com independência.
Deve ser dada aos portadores de deficiência, a equiparação de oportunidades
conforme conta nas normas citadas por Sassaki (1997).
O princípio de direitos iguais implica que as necessidades de cada um e de
todos são de igual importância e que essas necessidades devem ser utilizadas
como base para o planejamento das comunidades e que todos os recursos
precisam ser empregados de tal modo que garantam que cada pessoa tenha
oportunidade igual de participação.
“O processo mediante o qual os sistemas gerais da sociedade, tais
como o meio físico, a habitação e o transporte, os serviços sociais e de
saúde, as oportunidades de educação e trabalho, e a vida cultural e social,
incluídas as instalações esportivas e de recreação, são feitos acessíveis
para todos. Isto inclui a remoção das barreiras que impedem a plena
participação das pessoas deficientes em todas as áreas, permitindo lhes
assim alcançar uma qualidade de vida igual à de outras pessoas.” (apude,
p.Driedger &Enns, p.2-3).
Conceitua-se a inclusão social como o processo pelo qual a sociedade se
adapta para poder incluir, em seus sistemas sociais gerais, pessoas com
necessidades especiais e, simultaneamente, estas se preparam para assumir seus
14
papéis na sociedade. A inclusão social constitui, então, um processo bilateral no
qual as pessoas, ainda excluídas, e a sociedade buscam, em parceria, equacionar
problemas, decidir sobre soluções e efetivar a equiparação de oportunidades para
todos. (SASSAKI, 1997, p.3).
Falando sobre todo preconceito, relacionado à vida das pessoas portadores
de deficiência, foi dado uma importância significativa em relação à legislação, à
medida que o convívio com outros indivíduos foi se tornando cada vez mais
frequente na sociedade.
A luta pelos direitos de ir e vir e o acesso aos mesmos bens que as pessoas
em sociedade usufruem tais como a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o
esporte e a cultura, entre outros fatores, concorreram para essa mudança de
postura.
Porém, são muitos os excluídos na sociedade, não se tratando em sair em
prol de uma classe totalmente desfavorecida como os deficientes, seja qual for o
tipo da deficiência, mais sim ter a consciência de que ainda hoje, as mulheres, os
negros, os velhos, as crianças e tantos outros sofrem para tentar sobreviver com
igualdade de condições e para serem tratados com respeito na nossa sociedade.
Portanto inclusão não significa apenas poder estar junto com os outros e não
ser discriminado, mas também poder sentir-se aceito e conviver em um ambiente
onde o ser humano seja tratado com respeito e dignidade.
A legislação é um dos meios mais importantes para acabar com a
discriminação na sociedade, pois ela protege os direitos das pessoas deficientes.
Porém, as leis não conseguem fazer com que as pessoas modifiquem, pois como
muito bem falou Jannuzzi (1993), “nos países desenvolvidos a lei é baixada para
consagrar o costume. Aqui, se tem a pretensão de gerar mudanças de costumes
através da imposição das leis” (p.15).
Conhecer a legislação que garante os direitos de todos possibilita avaliar as
políticas públicas e pensar sobre a história e a cultura do país. Isso torna mais fácil
o caminho para a construção de uma sociedade inclusiva.
Isso nos mostra que, se a nossa sociedade realmente tivesse respeito pelas
pessoas, não só com os portadores de necessidades especiais, mas respeito com
os negros, com os indivíduos com opções sexuais com pessoas do mesmo sexo,
com os idosos e com as pessoas de classes menos desfavorecidas de um modo
15
geral, não estaria crescendo a cada dia o número de leis que favorecem essas
pessoas.
Pois bem, a inclusão não se resume apenas em estar junto com os outros e
não ser inferiorizado, mas poder se sentir realmente incluído, acolhido pela
sociedade e assim conviver em uma sociedade onde o ser humano seja tratado com
respeito e dignidade.
A resolução do CNE nos diz que, o Atendimento Educacional Especializado
tem como função complementar ou suplementar a formação do aluno por meio da
disponibilização de serviços, recursos de acessibilidade e estratégias que eliminem
as barreiras para sua plena participação na sociedade e desenvolvimento de sua
aprendizagem. Sua clientela são os alunos com deficiência, transtornos globais
do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. Os sistemas de ensino
deverão matricular esses alunos nas classes comuns do ensino regular e no
Atendimento Educacional Especializado. Para atuação no Atendimento Educacional
Especializado, o professor deve ter formação inicial que o habilite para o exercício
da docência e formação especifica para a Educação Especial. (Resolução CNE/CEB
nº4/2009, art.1º c/c art.12).
A oferta de educação especial é um dever constitucional do Estado e tem
início na faixa etária de zero a seis anos, durante a educação infantil (LDB,
art.58,§3º).
Ao se deparar na sala de aula, com alunos com necessidades
diferentes das que ele está acostumado a lidar, o professor,
sente-se sozinho e confuso, não tem apoio de que necessita,
Porque não há um trabalho conjunto, mas também não identi-
fica suas limitações, reproduzindo sua aparente prática que
nem sempre produz resultados positivos, para situações cada
vez menos semelhantes.
Interrompe o seu próprio diálogo criativo com situações real
Complexa. (GÓMEZ, 1992, p.105-106).
16
Goldfeld (2001) nos conta um breve relato da educação de surdos no Brasil.
Ela relata que 1855, chega aqui no Brasil um professor Francês surdo, que foi
trazido pelo Imperador D.Pedro II, para iniciar um trabalho de educação com duas
crianças surdas.
Em 1857, foi fundado o Instituto Nacional de Surdos-Mudos, que atualmente é
o Instituto de Educação de Surdos (INES), que utiliza a linguagem de sinais. Em
1911, o INES, seguindo a tendência mundial, estabeleceu o Oralismo puro em todas
as disciplinas, mesmo assim a linguagem de sinais sobrevive na sala de aula até
1957, que é quando Ana Rimota de Faria Doria proibiu a oficialmente a língua de
sinais dentro das escolas. Mesmo com a proibição essa linguagem sempre foi
utilizada pelos alunos nos pátios e corredores da escola.
No final da década de setenta, chega ao Brasil a comunicação total, que foi
influenciada pela universidade americana Gallaudet. Na década seguinte começa
então no Brasil o bilinguismo.
Segundo Goldfeld, hoje no Brasil há profissionais que atuam partindo de
diferentes filosofias educacionais. No entanto, a realidade do surdo brasileiro é bem
precária, a maioria não tem acesso ao tratamento fonoaudiológico, não existem
comunidades de surdos organizadas nem lugares onde libras possa ser utilizada e
também divulgada. O que sem sombras de dúvidas traz várias dificuldades na
escolarização, na socialização e na fase adulta atrapalhando o ingresso ou
permanência no mercado de trabalho.
Goldfeld, conta que Vygotsky, ficou desde 1926 até 1936, exatamente dez
anos se dedicando e estudando sobre o pensamento e a linguagem, contribuindo
para um estudo teórico de punho marxista e idealista sobre a aquisição da
linguagem sob a visão social e a reflexão do estudo de crianças que sofrem atraso
da linguagem, quanto a aquisição da mesma, a formação de conceitos, a relação
entre o desenvolvimento e aprendizagem, as Brincadeiras infantis e também o
desenvolvimento de crianças deficientes, inclusive as surdas considerando a
influência da situação sócio econômica sobre o indivíduo.
Para Vygotsky, a surdez é a deficiência que causa maiores danos para o indivíduo,
devido a utilização da linguagem que permite o salto do sensorial para o racional,
impossibilitando a criança de adquiri-la espontaneamente.
17
A constituição Brasileira de 1988, no capítulo III, da Educação, da cultura e do
desporto, artigo 205 afirma que:
A educação é direito de todos e dever do Estado e da família.
“Em seu artigo 208, prevê: [...]” o dever do estado com a edu-
cação será efetivado mediante a garantia de...”atendimento
educacional especializado aos portadores de deficiência
preferencialmente na rede regular de ensino”.
Este e outros dispositivos legais referentes á assistência social, saúde da
criança, do jovem e do idoso levantam questões muito importantes para a discussão
da educação especial brasileira, não apenas com relação á adaptação de edifícios
de uso público, quebra de barreiras arquitetônicas de todo tipo, transporte coletivo,
salário mínimo obrigatório como beneficio mensal ás pessoas com deficiência que
não possuem meios de prover sua subsistência e outros. Assim , a Constituição
Federal de 1988 estabelece:
1. Proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de
admissão do trabalhador portador de deficiência. (art.70, XXXI);
2. A lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas
portadoras de deficiência e definirá os critérios de sua admissão. (art.37, VIII);
3. Cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas
portadoras de deficiência. (art. 23, II);
4. Proteção e integração social das pessoas portadoras de deficiência. (art.24,
XIV);
5. A habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a
promoção de sua integração á vida comunitária, e a garantia de um salário
mínimo de benefício mensal á pessoa portadora de deficiência e ao idoso que
comprovem não possuir meios de prover á própria manutenção ou de tê-la
provida por sua família, conforme dispuser a lei. (art.203, IV e V);
6. Atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,
preferencialmente na rede regular de ensino. (art.208, III);
18
7. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar á criança e ao
adolescente, com absoluta prioridade, o direito á vida, á saúde, á
alimentação, á educação, ao lazer, á profissionalização, á cultura, á
dignidade, ao respeito, á liberdade e a convivência familiar e comunitária,
além de coloca-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão. (art.227, caput);
8. O estado promoverá programas de assistência integral á saúde da criança e
do adolescente, admitida à participação de entidades não governamentais e
obedecendo aos seguintes preceitos: criação de programas de prevenção e
atendimento especializado para os portadores de deficiência física, sensorial
ou mental, bem como de integração social do adolescente portador de
deficiência, mediante o treinamento para trabalho e a convivência, e a
facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de
preconceitos e obstáculos arquitetônicos. (art.227,§ 1º, II);
9. A lei disporá sobre normas de construção de logradouros e dos edifícios de
uso público e de fabricação de veículos de transporte coletivo, a fim de
garantir acesso adequado ás pessoas portadoras de deficiência. (art.
227,§20).
Para Honora (2014), o professor deve conhecer seu aluno com surdez em suas
características biológicas, sociais, culturais e linguísticas, para que assim possam
desenvolver um trabalho pedagógico de excelência, pensando sempre em suas
singularidades.
19
1.1Métodos Orais
Aqui será citado um método que foi um marco para os deficientes auditivos,
assim como um congresso de suma valia para esse publico.
Heinicke (1778) é considerado o fundador do oralismo e de uma metodologia
que ficou Conhecida como o método alemão. Para ele, o pensamento só é possível
através da língua oral, e depende dela. A língua escrita teria uma importância
secundária, devendo seguir a língua oral e não precedê-la. O ensinamento através
da linguagem de sinais significava ir o contrário ao avanço dos alunos. Os
pressupostos de Heinicke Têm até hoje adeptos e defensores.
Qual se fez acalorados debates a respeito das experiências e impressões sobre o
trabalho realizado até então. Naquele congresso alguns grupos defendiam a ideia de
que falar era melhor que usar sinais, mas que estes eram muito importantes, como o
direito a assinar documentos, tirando-os da “marginalidade” social, mas ainda estava
distante a possibilidade de uma verdadeira integração social.
Em 1980, foi realizado o II Congresso Internacional, em Milão, que trouxe
uma completa mudança nos rumos da educação de surdos e, justamente por isso,
ele é considerado um marco histórico. O congresso foi preparado por uma maioria
oralista com o firme propósito de dar força de lei ás suas proposições no que dizia
respeito á surdez e a educação de surdos. O método alemão vinha ganhando cada
vez mais adeptos e estendendo-se progressivamente para a maioria dos países
europeus, acompanhando o destaque político da Alemanha no quadro internacional
da época.
20
CAPITULO II: ALGUNS CONCEITOS QUE O PEDAGOGO PODE
TRABALHAR COM OS PORTADORES DE NECESSIDADES
ESPECIAIS
Esse capítulo abordará alguns fatores de extrema importância para fazer as
pessoas com algum tipo de deficiência se sentirem capazes de se tornarem
autônomas em algum sentido e de acordo com as necessidades de cada um.
Autonomia, Independência e o Empowerment.
Sassaki (1997) nos fala que devemos estimular para que o deficiente seja
autônomo, pois a “autonomia é a condição de domínio no ambiente físico e social,
preservando ao máximo a privacidade e a dignidade da pessoa que a exerce. Ter
maior ou menor autonomia significa que a pessoa com deficiência tem maior ou
menor controle nos vários ambientes físicos e sociais que ela queira ou necessite
frequentar para atingir seus objetivos”.
Sobre a independência é colocado que a mesma é o fato de decidir sem
depender de familiares, amigos ou profissionais especializados.
“Empowerment significa o processo pelo qual uma pessoa, ou grupo
de pessoas, usa o seu poder pessoal inerente à sua condição, por exemplo:
deficiência, gênero, idade, cor. Para fazer escolhas e tomar decisões,
assumindo assim controle de sua vida”. (SASSAKI, 1997b).
Em todos esses casos é preciso que o profissional coloque para o deficiente
que ele necessita ter sua autonomia, que ele tenha consciência dos seus direitos,
para que com esses conhecimentos adquiridos, esses indivíduos, juntamente com a
sociedade possam fazer valer suas conquistas ao decorrer desses anos.
Portanto, se o individuo conseguir conquistar um pouco de independência e
obtiver o poder de tomar suas próprias decisões sozinhas, já é um grande avanço
para os portadores de necessidades especiais, mas com consciência do que esta
fazendo, sem colocar em risco sua integridade física.
21
2.1- Conhecendo um pouco sobre as denominações
Aqui será colocada a relevância em saber a denominação correta ao se referir
a uma pessoa com deficiência auditiva. Assim como a afirmação de Couto Lenzi em
dizer que a surdez está dividida entre três grupos, sendo eles: condutiva,
Neurossensorial e Mista.
A maioria das pessoas não sabe como denominar um indivíduo com surdez,
não sabe se chamam de deficiente auditivo, surdo-mudo, ou simplesmente surdo.
Antigamente no Brasil, usava-se o nome surdo-mudo para se falar a respeito das
pessoas que não ouviam e que, por consequência, não falavam. Anos depois,
alguns desses surdos-mudos começaram a desenvolver a fala, embora não
deixassem de ser surdos. Hoje em dia, há quem chame o surdo de deficiente
auditivo, fazendo com que alguns pensem que quem é surdo pode recuperar a
audição. O surdo é aquele que já nasceu com esse problema e, na maioria dos
casos, vai continuar assim, pois ainda não há uma maneira de se implantar a
audição.
Para Honora (2014), uma pessoa que ouve e depois perde a audição pode
conservar resíduos de audição ou perde-la totalmente de forma gradativa. Essa
pessoa é chamada de deficiente auditiva. Os surdos são contra o uso da
denominação deficiência auditiva para definir a surdez dos indivíduos que já
nasceram surdos.
Segundo Couto-Lenzi (1997), a surdez está dividida em três grupos:
Condutiva- quando existe comprometimento do ouvido externo ou médio.
Neste caso a pessoa ouviria menos, mais uma determinada ampliação seria o
suficiente. Os problemas nesta área não provocam perdas de audição muito
acentuadas.
Neurossensorial- quando existe comprometimento do ouvido interno, provocando
perda auditiva grave. Incluem-se neste grupo os danos ao nervo auditivo.
Mista- associação das lesões condutivas e neurossensorial.
Para Couto-Lenzi (1997), quando se fala em surdez, refere-se a todos os
graus de falha na recepção auditiva. Contudo, do ponto de vista pedagógica, no que
se refere à linguagem, pode-se classificar a surdez em dois grupos:
22
A. Os que nasceram surdos, ou natissurdos e os que perderam a audição
antes de aprender a falar, também denominados pré-linguais. Esses dois
grupos apresentam dificuldades na aquisição da linguagem.
B. Os que ficaram surdos após a aquisição à linguagem, que são os
ensurdecidos, também denominados pós-linguais.
Para Honora (2014), é importante saber que, por mais que muitas pessoas usem o
termo “Surdo-Mudo”, este termo é completamente inadequado. As pessoas que são
surdas não falam porque não ouvem e não por apresentar algum impedimento nos
órgãos fonoarticulatórios
Porém, o termo correto é pessoa com surdez.
2.2-Tecnologia assistida para surdos e suas classificações do grau de perdas
auditivas.
Aqui nesse capítulo Ramos e Honora falarão sobre a importância da tecnologia e
seus recursos para melhor identificar a real necessidade de cada pessoa com algum
grau de perda ou perda total da audição.
Para Clélia Ramos (2010), a tecnologia assistida é uma área do
conhecimento que engloba produtos, recursos, métodos, estratégias e serviços que
tem o objetivo de promover a funcionalidade relacionada a atividade e participação
de pessoas com deficiência, pessoas que estão com algum tipo de incapacidade,
visando a autonomia, independência para assim os mesmos obterem melhor
qualidade de vida, e consequentemente a tão almejada inclusão social.
Perda leve- escuta qualquer som, desde que ele esteja um pouco mais alto.
Perda moderada- numa conversação, pergunta muito, hein? Ao telefone não escuta
com clareza, trocando muitas vezes a palavra ouvida por outra foneticamente
semelhante (pato/rato- réu/mel-cão/não).
Perda severa- escuta sons fortes como latido do cachorro, avião, caminhão, serra
elétrica e não é capaz de escutar a voz humana sem a prótese auditiva.
Perda profunda- escuta apenas os sons graves que transmitem vibração
(helicóptero, avião, trovão).
23
Honora (2014), fala que os fatores que acarretam a surdez podem ocorrer nos
períodos pré-natais, (período da gestação) perinatal (do nascimento até 24 horas de
vida) ou pós-natal (após o nascimento e durante a vida). Então, veremos todas as
causas das perdas auditivas:
• Causas pré-natais: ocorrem no primeiro mês de gestação até alguns
minutos antes do parto. Os problemas que podem acontecer nessa
fase são:
1. Exposição da mãe a drogas atotóxica: alguns medicamentos podem
desencadear a perda auditiva, entre os quais: antibióticos, aminoglicosídeos,
gentamicina, amicacina, tobramicina, netilmicina, neomicina, espectinomicina;
diuréticos; medicamentos antimalária. Por este motivo, é de suma importância
que todos os remédios usados pelas gestantes devam ser receitados pelo seu
médico.
2. Exposição da mãe a álcool, drogas ou monóxido de carbono: a ciência
ainda não sabe qual a quantidade segura para as gestantes ingerirem álcool durante
a gravidez, portanto, qualquer quantidade pode ser prejudicial aos bebês. Os efeitos
do álcool e das drogas durante a gravidez podem ser desastrosos para o
desenvolvimento do feto, em um momento tão importante.
3. Fatores genéticos: os casamentos consanguíneos, entre pessoas da
mesma família, ou síndromes podem gerar descendentes com deficiência auditiva.
4. Fatores hereditários: quando temos antecedentes familiares com perdas
auditivas, temos maiores possibilidades de ter deficiência auditiva.
5. Irradiação por Raio X: a mulher grávida deve manter distância de
ambientes com exposição de Raio X.
6. Carência alimentares: gestantes que não se alimentam adequadamente
durante a gravidez podem ocasionar uma desnutrição excessiva nos bebês,
podendo causar sua deficiência auditiva.
7. Alterações endócrinas: gestantes com diabetes ou com problemas na
tireoide podem ter filhos com deficiência auditiva.
24
8. Infecções adquiridas pela mãe na gestação. Algumas doenças como
rubéola, sífilis, citomegalovírus, herpes simples e toxoplasmose, quando adquiridas
durante a gravidez, podem causar deficiência auditiva no bebê.
Uma das doenças que podem acometer a gestante e desencadear a perda
auditiva é a rubéola, que pode causar no bebê a síndrome da Rubéola Congênita
(SRC).
Uma mãe que tenha contraído rubéola durante a gravidez tem uma grande
possibilidade de ter bebês com:
• Alterações no coração (50%);
• Deficiência intelectual (40%)
• Catarata ou glaucoma (40%)
• Surdez (50%)
Em alguns casos de bebês que são infectados pela rubéola durante o
segundo ou terceiro trimestre de gestação, podem não demonstrar os sintomas ao
nascer, porém esses mesmos bebês, podem desenvolver esses sintomas na sua
primeira infância, com a possibilidade de ocasionar a perda progressiva da audição.
Se a gestação estiver muito avançada, menor será a chance do bebê
apresentar sequelas decorrente da rubéola que foi contraída na gravidez.
Honora relata que no Brasil, a rubéola congênita é responsável por 18% dos
casos de surdez, com perdas de grau severo e profundo. Atualmente, a vacina
contravida rubéola está no calendário de vacinação, para crianças com 12 meses de
vida e ainda conta com o reforço da vacina entre 4 e 6 anos. E também essa mesma
vacina está disponível para mulheres na faixa etária entre 12 e 49 anos e para os
homens de 12 a 39 anos
• Causas perinatais: que podem ocorrer no momento do parto até um
mês após o nascimento. São elas:
25
1. Prematuridade: quando o bebê nasce prematuro, existem maiores chances
de sequelas e de desenvolver uma deficiência auditiva.
2. Pós-maturidade: quando passa da hora de o bebê nascer, podem
acontecer complicações, como a presença de mecônio, problemas respiratórios e
deficiência auditiva.
3. Anóxia: a falta de oxigenação no cérebro no momento do parto pode
ocasionar sequelas, entre elas a deficiência auditiva.
4. Trauma de parto. Algumas intercorrências no parto, como fórceps, parto
rápido ou demorado demais, podem ocasionar deficiência auditiva no bebê.
5. Incompatibilidade sanguínea: quando os pais do bebê apresentam
incompatibilidade no fator RH, podem ser desenvolvidas muitas deficiências, entre
elas a deficiência auditiva.
• Causas pós-natais: podem acontecer de um mês após o nascimento
até o último dia de vida. Entre as causas pós-natais, temos:
1. Meningite:
2. Caxumba;
3. Sarampo
4. Uso de ototóxicos (remédios que podem causar problemas auditivos);
5. Idade avançada: com o decorrer da idade, existe uma maior possibilidade
de perdas auditivas, chamada presbiacusia;
6. Traumas acústicos ou cranianos provocados por acidentes;
7. Otites (infecções de ouvido) de repetição;
8. Ruídos por longos períodos ou de grande intensidade podem ocasionar
deficiência auditiva e até surdez. Alguns exemplos de situações perigosas:
• Uma incubadora chega a ter um barulho interno de 100 dB;
• Um brinquedo infantil chega a ter um barulho de 100 dB;
• Na escola, o barulho chega a 94 dB, tendo em média 70 dB.
Estudos mostram que, depois de três anos exposto a barulhos intensos
(acima de 85 dB por 8 horas), podem acontecer perdas auditivas.
26
Talvez o mais antigo produto de tecnologia assistida para surdos, vendo pelo
ponto de vista médico seriam aqueles aparelhos de amplificação sonora. Chifres de
animais, folhas de plantas, objetos de bronze e outros aparelhos com formato de
corneta foram utilizados desde a pré-história até meados do século XIX com o
objetivo de ajudar na amplificação sonora e minimizar as perdas auditivas. A partir
dos anos de 1800 o desenvolvimento tecnológico permitiu a utilização de recursos
mais sofisticados como a transmissão de impulsos eletromagnéticos e outros
recursos, dando origem ao que hoje conhecemos como próteses auditivas. Já no
século XX surgiram os aparelhos com transistores e atualmente a tecnologia digital
trouxe para os usuários desses produtos a garantia de resultados mais satisfatórios
em termos de amplificação sonora.
Ainda falando sobre a busca para melhoria da correção da perda auditiva,
desde 1930 pesquisadores se dedicam ao implante no coclear, que seria uma
espécie de aparelho de amplificação sonora implantado diretamente na cabeça do
indivíduo, mas que ainda necessita de um aparelho receptor externo para captação
dos sons. Esse aparelho pode atender aos portadores de alguns tipos de deficiência
auditiva, mas não todos, atualmente esse método vem sendo favorável entre
pacientes ensurdecidos, ainda vem sendo utilizado até mesmo para algumas
crianças nascidas com surdez profunda.
Outros exemplos clássicos de tecnologia assistida para surdos são os
produtos que utilizam luzes ou vibração em apoio a aparelhos que fazem uso de
som como campainhas e despertadores, que hoje já são acessíveis e com custo
baixo.
Ramos (2010), nos fala que a maior consequência da surdez é a dificuldade
da aquisição da língua oral. Geralmente pessoas com surdez pré-lingual tem
enormes dificuldades em adquirir a língua oral com naturalidade, porem pessoas
com deficiência auditiva severa pós-lingual poderão manter seus níveis de fala e
compreensão da língua falada, desde que haja a ajuda de algum recurso de
tecnologia assistida .
É importante saber que, o ouvido interno é o único órgão do corpo humano
que já nasce pronto e do tamanho certo.
27
Esses são alguns dos recursos da tecnologia assistida, de acordo com
Ramos (2010):
• Aparelhos de amplificação sonora individual;
• Sinalizadores domésticos de som como campainhas, telefone, despertador e
outros;
• Aparelhos FM para captação de voz em ambientes com interferências
acústicas como sala de aula e outros;
• Amplificador para uso em telefone para surdez moderada ou severa;
• SAP com entrada para fones de ouvido com ou sem fio;
• Hearing Loop ou aro magnético para recepção auditiva em eventos como
cinema, teatro. Esse tipo de tecnologia ainda é pouco usado no Brasil;
• Implante coclear;
• Softwares para reabilitação de fala e telefones para surdos com escrita e
vídeo fone;
• Materiais com acessibilidade em libras como CDs-ROM, DVDs e outros
formatos digitais.
É de extrema importância e jamais podemos esquecer que os surdos, além
de pessoas com deficiência, são também pessoas com língua e cultura própria e que
o respeito deve estar contido as propostas de trabalho realizadas, incluindo iniciativa
e tecnologias.
2.3- Anatomia e fisiologia do órgão da audição e do equilíbrio
Lenzi (1997) fala sobre a anatomia e as funções fundamentais para o
indivíduo e sobre a influência desses aspectos no desenvolvimento da comunicação.
O autor conceitua dizendo que, o aparelho auditivo está localizado no osso temporal
e possui duas funções de vital importância para o homem, o equilíbrio que possibilita
estabilidade e locomoção e a audição, que possibilita a aquisição e o
desenvolvimento da linguagem e da comunicação oral.
O autor diz que, a anatomia do aparelho auditivo consiste em partes com
características diferentes:
28
Orelha externa: É constituída do pavilhão auricular, conduto ou meato
externo. Sua principal função é captar e conduzir as ondas sonoras até a orelha
média.
Orelha média: Fica situada em um espaço irregular e lateralmente comprimido
dentro do osso temporal, é constituída por uma caixa cheia de ar, onde encontramos
a membrana timpânica. Sua principal função é conduzir as ondas sonoras até a
orelha interna.
Orelha interna: Situada na porção petrosa do osso temporal, é formada pelo
vestíbulo, responsável pelo equilíbrio e a cóclea responsável pela audição,
apresenta uma forma semelhante à de um caracol e no seu interior é formada uma
coluna espiral óssea denominada modíolo. Sua principal função é receber as ondas
sonoras conduzidas pela orelha média e transformá-las em impulso nervoso
enviando-as ao Cortez cerebral através do ramo coclear que junto com o ramo
vestibular, formam o VII par craniado.
Honora relata que o sistema auditivo corresponde a uma das mais perfeitas obras de engenharia humana,
capaz de identificar e reconhecer os mais diferentes
sons do ambiente em que vivemos, além de possibi-
litar que nos diferenciamos de todos os outros anima-
mais da terra, devido à nossa capacidade de comuni-
cação. Portanto, o sentido da audição é responsável
pela audição e pelo equilíbrio do corpo humano.
(Honora, 2014, p.13)
29
CAPITULO III: LIBRAS
O presente capítulo fala sobre uma língua específica para as pessoas com
deficiência auditiva, e aborda ainda com propriedades sobre esse método de
comunicação e como ele contribui para o desenvolvimento pessoal das pessoas com
alguma questão auditiva.
Honora (2014), fala sobre a origem da Língua Brasileira de Sinais. Libras teve
sua origem da Língua Francesa de Sinais, por causa da vinda de um professor
Francês, Eduard Huet com a família real portuguesa.
Dom Pedro II tinha um neto surdo, que era filho da Princesa Isabel, e com a
vinda da família real para o Brasil, um professor Francês, Hernest Huet, que foi
convidado a fundar a primeira escola de educação de surdos em 1855, ( atual INES-
Instituto Nacional de Educação de Surdos), que fica localizada na cidade do Rio de
Janeiro.
Como o primeiro professor a trabalhar com os surdos no Brasil havia ficado
surdo aos 12 anos e era também um ótimo usuário de língua de sinais francesa, a
Língua Brasileira de Sinais teve influência da Língua Francesa de Sinais.
Hernest Huet, porém, em contato com os surdos do Brasil, começa a elaborar
uma nova língua de sinais, a Língua Brasileira de sinais-Libras.
Libras é a língua Brasileiras de Sinais, no entanto essa é a língua natural das
pessoas surdas. Ao oposto de que muitos pensam a linguagem de sinais não são
simplesmente mímicas ou gestos que os surdos usam para facilitar a comunicação e
sim uma língua com estruturas próprias. A linguagem Brasileira de sinais atribui-se
língua porque ela é composta pelos níveis linguísticos como o fonológico, o
morfológico, o sintático e o semântico, o que diferencia a língua de sinais das outras
é que ela possui uma modalidade visual espacial. Assim uma pessoa que entra em
contato com a linguagem de sinais, ira aprender outra língua assim como o Francês
ou o Inglês por exemplo. É importante ressaltar que a língua de sinais não é
universal, cada país possui a sua própria língua de sinais, que tem as influencias da
cultura nacional. E como qualquer outra língua, ela também possui expressões que
modificam de região para região.
Os sinais são formados a partir da combinação da forma e do movimento das
mãos e do ponto no corpo ou no espaço onde os sinais são feitos, porém para se
30
conversar em libras não basta apenas conhecer os sinais superficialmente, é
necessário conhecer a sua estrutura gramatical, fazendo a combinação das frases.
A educação especial é uma modalidade de ensino que perpassa todos os
níveis, etapas e modalidades, realiza o atendimento educacional especializado,
disponibiliza os recursos e serviços e orienta quanto a sua utilização no processo de
ensino e aprendizagem nas turmas comuns do ensino regular.
O objetivo da Política Nacional para a integração da pessoa portadora de
deficiência nos diz que, os mesmos tenham acesso, ingresso e permanência em
todos os serviços oferecidos a comunidade, a integração dos órgãos públicos e
privados nas diversas áreas de saúde, incluindo o transporte, assistência social
entre outros, o desenvolvimento de programas setoriais para o atendimento das
necessidades especais das pessoas com deficiência, e ainda garantir a efetividade
aos programas de prevenção de atendimento especializado e de inclusão e
integração social.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996) nos diz que, os
sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais os
itens a seguir:
• Currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específica,
para atender ás suas necessidades;
• Terminalidade específica para aqueles que não puderam atingir o nível
exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas
deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar
para os superdotados;
• Professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para
atendimento especializado, bem como professores do ensino regular
capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns;
• Educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida
em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem
capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante articulação com os
órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade
superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora;
• Acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares
disponíveis para o respectivo nível do ensino regular.
31
Goldfeld (2001) nos fala que a linguagem de sinais despertou defensores e
opositores, assim como criações de correntes que com o passar do tempo foram
sendo analisados, bem como colocados em prática. Porém nem sempre com
resultados eficientes.
Os defensores se preocuparam bastante nesse último século em buscar
melhorias para as pessoas com problemas auditivos. Buscou-se muito também em
melhorar o desenvolvimento das crianças com deficiência auditiva.
Com relação a psicologia educacional, a psicologia sócio- interacionista pode-se
ver a linguagem como meio de comunicação fundamental para o desenvolvimento
cognitivo da criança, onde primeiramente o desenvolvimento passa por um nível
interpsíquico, e secundariamente é internalizado e vivido intrapsiquicamente.
Goldfeld (2001) faz um breve relato sobre a educação de surdos, e relata o que a
sociedade de antigamente fazia em relação aos mesmos, diziam que eles eram
pessoas dignas de piedade e compaixão e falavam ainda que eles eram pessoas
castigadas pelos deuses, e por serem surdos eram quase sempre abandonados ou
sacrificados e com isso fixava mais a ideia de que os surdos não podiam jamais ser
educadores.
E esse pensamento persistiu até o século XV. Só a partir do século XVI, surgem
os primeiros educadores surdos, nessa época os educadores passam a criar
diversas metodologias para melhor ensinar aos surdos. Alguns métodos foram
baseados na linguagem oral, outros educadores defenderam e se aprofundaram na
linguagem de sinais, e ainda tiveram aqueles que criaram os códigos visuais. E
essas correntes estão perpetuando até os dias de hoje.
A autora fala em relação ao oralismo e coloca que a filosofia educacional oralista
rejeita a linguagem de sinais e acredita no ensino da linguagem oral. O oralismo vê a
surdez como uma deficiência a ser diminuída através da estimulação auditiva,
reabilitando a criança surda em direção a normalidade. Os métodos usados são os
de verbo-tonal, áudio-fonatória, aural, acupédico, etc.
Para Goldfeld linguagem é linguagem mesmo que sejam utilizados pela própria
língua ou não.A língua e a linguagem são extremamente fundamentais na
constituição do pensamento e da fala, na função que está relacionada a produção de
linguagem no diálogo.
32
3.1- Tipos de aparelhos auditivos
Aqui podemos ter uma noção das variedades que possuem hoje no mercado
em relação aos aparelhos auditivos, cada um com seus benefícios, dependendo da
necessidade de cada pessoa. E ainda como cada um funciona e como contribui na
interação das pessoas com deficiência auditiva, proporcionando assim uma
comunicação mais ampla e sem dúvidas uma autoestima elevada.
Existem vários estilos principais de aparelhos auditivos usados hoje em dia.
Cada estilo oferece diferentes vantagens, dependendo do desenho, tamanho e
tecnologia. O preço do aparelho auditivo também é relativo à sua tecnologia e
personalização para o usuário.
Microcic: O menor dos aparelhos auditivos do mercado, com a adaptação na
segunda curva do canal auditivo, tornando-o completamente invisível. Sua qualidade
sonora é a melhor do mercado, minimizando a sensação de ruído de vento e a
oclusão. O Microcic é adaptável em pessoas que possuem perda auditiva leve a
moderada.
Microcanal: O segundo menor aparelho auditivo disponível, a adaptação do
microcanal é interna ao canal, tornando-o muito discreto. Benefícios que ele inclui, é
muito estético, possui som mais natural, microfonia reduzida, menos oclusão
(“sensação de falar dentro de um barril”), melhoria no uso do telefone e diminuição
do ruído de vento. Eles são adaptáveis em pessoas que possuem perda auditiva
leve a moderadamente severa.
Intra-Canal: Aparelhos auditivos intra-canais são feitos sob medida para serem
adaptados no canal auditivo, tornando-os de difícil visualização. Intra-canais são
adaptáveis para pessoas que possuem perda auditiva leve a moderadamente
severa.
Meia concha: São feitos sob medida para serem adaptados no ouvido externo,
garantindo máximo desempenho e conforto. Meia concha é indicada para pessoas
com perda auditiva de leve a profunda.
Retroauricular: Os aparelhos auditivos retroauriculares são usados confortavelmente
atrás da orelha enquanto os sons amplificados viajam através do tubo para um
molde customizado que se adapta seguramente à orelha. Porque eles são maiores
podem acomodar pilhas mais potentes e amplificadores maiores que permitem
33
máxima amplificação. A maioria dos aparelhos auditivos retroauriculares são
compatíveis com equipamentos acessórios e são indicados para perda auditiva leve
a profunda.
Concha: São aparelhos feitos sob medida para serem adaptados no ouvido externo,
garantindo máximo desempenho e conforto. São maiores do que a meia concha e
são indicados para pessoas com perda auditiva leve a profunda.
Retroauricular com tubo fino: Um pequeno aparelho auditivo ligado a um tubo fino
transparente que direciona o som dentro da orelha. Esta adaptação “aberta” é muito
confortável e discreta. É indicada para pessoas com perda auditiva leve a moderada
em altas frequências.
Um aparelho é um equipamento eletrônico, que funciona com pilhas e
amplifica os sons para que possam ser ouvidos confortavelmente por pessoas com
perda auditiva. Todos os aparelhos auditivos funcionam de forma parecida, e
consistem de um microfone, um amplificador e um receptor. O som também
conhecido como sinal acústico, entra através do microfone, e então é processado e
enviado para o receptor. Depois o som é enviado até o canal auditivo, sendo pelo
molde tradicional ou pelo tubo fino dependendo do aparelho utilizado.
Os aparelhos dão a oportunidade das pessoas com deficiência auditiva, de
fazerem conexão com o ambiente em que elas estão inseridas, tornando-as mais
incluídas e dando a oportunidade delas interagirem com autonomia e independência.
Segundo Lenzi 1997, esses são alguns tipos de benefícios dos aparelhos
auditivos.
• Ouvir conversas sem esforço, mesmo em ambientes ruidosos.
• Não precisar pedir aos outros para se repetirem
• Entender amigos, parentes, a TV, rádio e cinema facilmente.
• Aliviar-se de sentimentos de isolamento
• Melhorar a habilidade em determinar a origem dos sons
• Ouvir claramente ao telefone
Hoje, médicos e fonoaudiólogos concordam que dois aparelhos auditivos são
melhores do que um. Mesmo quando a perda auditiva é mais severa num único
ouvido, existem muitos benefícios em usar dois aparelhos (amplificação binaural).
Eles incluem:
34
• Melhora da habilidade em distinguir as falas em ambientes normais e ruidosos
• Melhor senso de equilíbrio já que o som é amplificado nas duas orelhas
• Melhora da habilidade em determinar de qual direção o som chega
(localização)
• Possibilidade em ouvir em volume mais baixo do que se estivesse usando um
único aparelho, permite maior conforto dos níveis sonoros.
A acessibilidade na comunicação é um fator de extrema importância na vida
das pessoas com deficiências auditivas, contribuindo com a interação e com a
inclusão. Atender as necessidades do acesso da comunicação requer um maior
nível de aprendizagem dos discentes, pois facilita a comunicação entre professor e
aluno, aluno com outros alunos e aluno e sociedade.
Justifica-se o estudo das concepções sociais da diferença pela
necessidade de melhor compreender como as representações da
deficiência se constituem e se desenvolvem como são reveladas e
disseminadas, para que se possa encontrar modos de demonstrar mitos e
estereótipos de deficiência que se cristalizaram ao longo do tempo, na
perspectiva de trabalhar em prol da inclusão. (REILY, 2011, p. 221)
Fazendo uma ligação com a matéria da revista Nova Escola (2015),
deficiência auditiva é a perda total ou parcial da audição. Pode ser causada por má-
formação na orelha, no conduto (cavidade que leva ao tímpano), nos ossos do
ouvido ou ainda por uma lesão neurossensorial no nervo auditivo ou na cóclea
(porção do ouvido responsável pelas terminações nervosas). Tem origem genética
ou pode ser provocada por doenças infecciosas, como rubéola e a meningite.
Também pode ser temporária causada por otite.
A deficiência auditiva divide-se nas seguintes características: podendo ser
leve, moderada, severa ou profunda.
Quanto mais aguda mais difícil é o desenvolvimento da linguagem. Na maioria
dos casos a perda auditiva leve é tratada com aparelhos auditivos tradicionais. Já a
deficiência auditiva moderada é a incapacidade de ouvir sons com intensidade
35
menor que 50 decibéis e costuma ser compensada com a ajuda de aparelhos
auditivos específicos e acompanhamento terapêutico.
Em graus mais avançados, como na perda auditiva severa, que é quando a
pessoa não consegue ouvir sons abaixo de 80 decibéis aproximadamente. E por
ultimo a deficiência auditiva profunda, que é quando o indivíduo não escuta sons
emitidos com intensidades inferiores que 91decibéis.
Aparelhos e órteses ajudam, porém o aprendizado em libras e a leitura
orofacial são recomendados sempre que possível.
Perdas auditivas acima desses níveis são considerados casos de surdez total.
Quanto mais agudo o grau da deficiência auditiva maior será a dificuldade de
aquisição da língua oral.
É de suma relevância lembrar que, a perda da audição deve ser
diagnosticada por um médico especialista ou por um fonoaudiólogo.
A matéria citada na revista coloca algumas dicas para ajudar na inclusão do
aluno com deficiência auditiva dentro da escola e principalmente na sala de aula.
Toda escola regular que tenham alunos com deficiência auditiva, tem o direito de
receber um intérprete de libras e também material de apoio para as salas de
Atendimento Educacional Especializado (AEE). Porém para que esses benefícios de
fato ocorram, recomenda-se que a direção da escola faça contato com a Secretaria
de Educação responsável.
E no cotidiano da sala de aula, algumas atividades simples do professor que
facilitam o processo de aprendizagem do aluno com problemas de surdez: colocar
esses alunos nas primeiras carteiras, falar sempre com clareza evitando cobrir a
boca ou virar de costas para a turma, permitindo assim a leitura orofacial no caso
dos alunos que sabem fazer esse tipo de leitura. É importante ainda priorizar o uso
de recursos visuais nas aulas, como projeções e registros no quadro negro.
Para os educandos com perda auditiva severa ou surdez, a aquisição da
Língua Brasileira de Sinais e extremamente importante para a comunicação com as
demais pessoas, e fundamental para o processo inicial da alfabetização.
Os portadores de deficiência auditiva tem um direito garantido por lei pelo
Decreto Federal 5.626 de 22 de dezembro de 2005, que é o direito a educação
bilíngue. Sendo a Língua Brasileira de Sinais a primeira e a Língua Portuguesa a
36
segunda língua. É fundamental para o desenvolvimento do aluno contar com u
interprete na escola.
Esses alunos ao chegarem no 1º ano e que tiveram um apoio inclusivo na
educação infantil com esses benefícios, espera-se que eles saibam se comunicar
em libras e sejam capazes de escrever o próprio nome. Sobre tudo vale resaltar que
essas crianças começam o ensino fundamental sem conhecimento da língua
portuguesa falada, e por isso, não tem o mesmo princípio dos demais alunos
ouvintes, para aprender a ler e a escrever.
No entanto vale lembrar que mesmo os alunos com deficiência auditiva, não
alcance resultados iguais ou parecidos dos alunos ouvintes, eles precisam e devem
participar de todas as aulas, assim como de todas as atividades realizadas pela
turma na qual eles estão incluídos. E se o aluno surdo ainda não for capaz de
escrever um texto, faça com que ele contribua para as atividades palavras ou frases
abordadas.
Foi comprovado que quando fazemos produções em conjunto ou até mesmo
com grupos bem pequenos ou em duplas, ajudamos o aluno a se expressar melhor
através da escrita. O importante é que ele sempre conte com algum tipo de apoio
visual, e que o regente faça o registro de todas as atividades e utilize recursos como
letras móveis com cores diferentes para diferenciar coisas ou frases.
Alguns estudos apontam que o “MUNDO” dos surdos não é uma calmaria só
porque nele não existem sons. Eles afirmam que as pessoas que não escutam são
extremamente sensíveis á vibrações do ar causado pelos ruídos e têm uma
percepção a mais que as faz reconhecer ritmos e até mesmo notar quando alguém
se aproxima.
NUMEROS E ALFABETO EM LIBRAS:
37
38
39
3.2- Tipos de tecnologias para surdez
Aqui, Honora mostrará alguns tipos de tecnologias que temos atualmente que não
só auxiliam os portadores de deficiência auditiva, como também dão a essas
pessoas a possibilidade de obter uma maior autonomia.
Atualmente os recursos tecnológicos melhoram muito a qualidade de vida das
pessoas surdas, entre elas:
• Celular: o uso dos torpedos e serviços de mensagem de texto facilita a
comunicação, evitando ter intermediários para ligações;
• Computador: o uso de e-mail e o acesso à internet facilitam as
pesquisas, os encontros, os compromissos, entre outras atividades;
• Telefone para surdos (TS): possibilitou uma autonomia e
independência muito importante para as pessoas com surdez. O TS
pode ser instalado em residências, em locais públicos e entidades
privadas.
O TS (telefone de surdos) é a versão brasileira do telecomunicativos
Device For The Deaf (TDD). O equipamento custa em média R$
470,00. Funciona como um telefone público comum que é acoplado a
um aparelho de teletexto. Deve-se retirar o telefone do gancho,
colocá-lo no aparelho de teletexto e discar para uma operadora de
telefonia disponível. Um atendente faz o serviço de intermediação
entre a pessoa surda e a pessoa com quem se deseja se comunicar.
O TS pode também ser solicitado para ser instalado na casa de uma
pessoa com surdez. No caso de esta pessoa ligar para outra pessoa
40
surda que também tenha o TS, a ligação ocorre sem nenhuma
intermediação.
• Campainhas, telefones, babás eletrônicas com sinalização
luminosas ou alerta vibratórias: estes equipamentos contribuem
cada vez mais para a autonomia da pessoa com surdez.
• Despertadores vibratórios: estes equipamentos vibram no
horário preestabelecido, dando autonomia para a pessoa com
surdez. Geralmente é colocado embaixo do travesseiro ou
numa pulseira no pulso.
• Televisão: o uso de Cosed Caption (legendas) ou tela de intérpretes
traz conhecimento e entretenimento para as pessoas surdas.
A interface e o convívio entre duas culturas constituem cenário multicultural, no qual
não há melhores nem piores, somente diferentes.
41
CONCLUSÃO
A educação do deficiente auditivo, como elemento do processo inclusivo,
é um fator essencial para que a sociedade, como um todo, perceba que o
Surdo tem plena capacidade de desenvolver habilidades em todas as áreas de
conhecimento. Basta que o Surdo receba, desde sua primeira infância, o
tratamento adequado à sua diversidade. Para isso, pode-se contar com a
LIBRA e com outros programas já desenvolvidos com essa finalidade, o que
permite transmitir os conteúdos do Ensino Fundamental, Médio e até mesmo o
Superior. No entanto, o processo de preparação de docentes nesta direção
ainda é lento. É preciso que autoridades e
Educadores acreditem no potencial e no desenvolvimento cognitivo, emocional
e social das pessoas surdas no Brasil e no mundo.
Conclui-se que, existem hoje, várias soluções pedagógicas diferenciadas
para cada grupo de surdos, onde pesquisadores reconhecem que se deve
permitir ao surdo, sendo que ele pode reivindicar o direito de acesso à sua
língua natural, que é a língua de sinais.
Mesmo com o respaldo legal, observa-se que o sistema educacional não se
estruturou para oferecer esse serviço educacional, as pessoas portadoras de
deficiência em geral, principalmente no sistema público de ensino. Já que a
inclusão não é de interesse apenas dos alunos com deficiência auditiva, uma
vez que ao inserirmos este educando na escola regular estar-se exigindo da
instituição novos posicionamentos e procedimentos de ensino baseados em
concepções e práticas pedagógicas mais evoluídas, além de mudanças na
atitude de professores, modos de avaliação e promoção dos alunos para
séries e níveis de ensino mais avançados. A inclusão é igualmente um motivo
que força o aprimoramento da capacitação profissional dos professores em
serviços e que questiona a formação dos educandos.
A integração tem sido muito falseada na maior parte dos planos e
projetos na área de educação do portador de deficiência auditiva em nosso
país. A inclusão de alunos surdos no ensino regular não é somente oferecer
recursos, e criar vagas para essas pessoas, mas é necessário que as mesmas
42
oportunidades que são oferecidas as crianças sejam para esses alunos
especiais, ou seja, é importante que seja em igualdade, sem distinção alguma.
A surdez deve ser reconhecida como apenas mais um aspecto das infinitas possibilidades da diversidade humana, pois ser surdo não é melhor ou pior do que ser ouvinte, é apenas diferente. (Pimenta, 2001 p. 24)
43
BIBLIOGRAFIA
BRASIL. Lei nº10. 098 de 19 de dezembro de 2000. Estabelece normas gerais e
critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de
deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências. Diário Oficial da
União, Brasília. 20-12-2000.
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional. Lei nº9. 394/96, Brasília.
BRASIL. Constituição da Republica Federativa do Brasil. São Paulo: Atlas, 1988.
Couto Lenzi, A. – A integração das pessoas surdas. São Paulo: Espaço, v.7
(jan/jun), 1997.
DECLARAÇÃO de SALAMANCA linha de ação sobre as necessidades educativas
especiais. In: conferência Mundial sobre necessidades educativas especiais: acesso
e qualidade. Brasília: CORDE. 1994.
GOLDFELD, Márcia. A criança surda. Linguagem e cognição Numa Perspectiva
Sócio-Interacionista. São Paulo: Plexus Editora, 2001.
HEINICKE, Samuel, 1778
44
JANNUZZI, Gilberta S.de M, A educação do deficiente no Brasil.Campinas/São
Paulo: Editores Associados, 1993.
NÚMEROS e o alfabeto em Línguas. Interpretelipe, [S.L], 2011. Disponível em:
<http://interpretelipe.blogspot.com.br/2011/07/os-numeros-e-os-alfabetos-em-
lingua.html> Acesso em 20 de janeiro de 2015.
RAMOS, Clélia Regina, 2010.
REILY, Helena Lúcia. Retratos urbanos de deficiência. In: Inclusão, práticas
pedagógicas e trajetórias da pesquisa. Org. Denise M. de Jesus, Claudio Roberto
Baptista, Maria Aparecida Santos C. Barreto e Sonia Lopes Victor. Porto Alegre: Ed.
Mediação, 2007. P.220-232.
Resolução (CNE/CEB nº4/2009, art. 1º c/c art.12.0).
Revista, Escola Nova. O que é deficiência auditiva São Paulo 2015. http://revistaescola.abril.com.br/formacao/deficiencia-auditiva-inclusao-636393.shtml- Acesso em: 20 /05/2015
SASSAKI, Romeu Kazumi – Inclusão: construindo uma sociedade para todos. Rio de
janeiro, WVA, 1997.
WERNECK, Claudia. Ninguém mais vai ser bonzinho na sociedade inclusiva. Rio de
Janeiro: WVA, 2000.
45
ANEXOS
ANATOMIA DA ORELHA:
ORELHA EXTERNA
46
47
ORELHA INTERNA
48
ORELHA MÉDIA
MODEL
DELOS DOS APARELHOS AUDITIVOS
49
ITIVOS