Krishnamurti_Aos_pés_do_Mestre

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  • 8/6/2019 Krishnamurti_Aos_ps_do_Mestre

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    AOS PS DO MESTRE

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    por ALCIONE (J. KRISHNAMURTI)

    PRLOGO

    Como mais idosa, foi-me dado o privilgio de escrever algumas palavras deintroduo a este livrinho, o primeiro escrito por um irmo mais jovem no corpo, mas nona alma. Os ensinamentos nele contidos lhe foram dados por seu Mestre ao prepar-lopara a Iniciao, e foram por ele escritos de memria, lenta e laboriosamente, pois o seuingls no ano anterior era muito menos fluente do que hoje. , na maior parte, areproduo das prprias palavras do Mestre; e o que no reproduo verbal, opensamento do Mestre vestido com as palavras do Discpulo. Duas frases omitidas foramrestabelecidas pelo Mestre. Em dois outros casos uma palavra esquecida foi adicionada.

    Afora isto, inteiramente do prprio Alcione e a sua primeira ddiva aomundo. Que ela ajude tanto aos outros, quanto a ele auxiliaram os ensinamentos orais, tal a esperana com que n-la d. Porm, os ensinamentos s podem dar frutos se ns osvivermos, como Alcione os tem vivido desde que saram dos lbios do Mestre. Se oexemplo for seguido tanto quanto o preceito, ento abrir-se- para o leitor, como aconteceuao escritor, o grande Portal, e os seus ps trilharo a Senda.

    Annie Besant

    AOS QUE BATEM...

    Do irreal conduz-me ao Real.Das trevas conduz-me Luz.

    Da morte conduz-me Imortalidade

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    PREFCIO

    Minhas no so estas palavras e sim do Mestre que me instruiu. Sem Elenada poderia ter feito, porm, com o Seu auxlio, comecei a trilhar a Senda. Tu desejastambm entrar na mesma Senda; por isso, as palavras que Ele me dirigiu te auxiliaro, seas obedeceres. No basta dizer que so verdadeiras e belas; o homem que deseja obterxito, necessita fazer exatamente o que lhe ensinado. Olhar para o alimento e dizer que bom, no satisfaz um faminto; necessrio estender a mo e com-lo. Da mesmaforma, no basta ouvir as palavras do Mestre; preciso fazer o que Ele diz, atento menorpalavra, ao menor sinal, pois, se uma indicao no for seguida, se uma palavra fordesprezada, perdidas ficaro para sempre, porque o Mestre no fala duas vezes.

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    Quatro so as qualidades necessrias para a Senda:

    I Discernimento.II Ausncia de desejos (Desapego, abnegao).III Boa conduta.IV Amor.

    Tentarei dizer-te o que sobre cada uma delas o Mestre me ensinou.

    I DISCERNIMENTO

    A primeira dessas qualidades o Discernimento, vulgarmente tomado nosentido daquela distino entre o real e o irreal, que conduz o homem para a Senda. isto; mas muito mais ainda, e deve ser praticado, no somente no comeo da Senda,porm a cada passo que nela diariamente se d, at o fim. Entras para a Senda porqueaprendeste que somente nela se podem encontrar as coisas dignas de aquisio. Os

    homens que no sabem, trabalham para adquirir a riqueza e o poder, porm estes bensso, quando muito, para uma vida somente e, portanto, irreais. H coisas maiores do que

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    essas coisas reais e duradouras; quando as tiveres visto uma vez, no mais desejars asoutras.

    Em todo o mundo h somente duas espcies de pessoas as que sabem e

    as que no sabem e o conhecimento o que importa possuir. A religio de um homem,a raa a que pertence no so coisas de importncia; o que realmente importante oconhecimento o conhecimento do Plano de Deus em relao aos homens. Pois Deustem um plano e esse plano a Evoluo; quando o homem o tiver visto e, realmente, oconhecer, no poder deixar de cooperar nele, unificando-se com ele, tal a sua glria ebeleza. Assim, pelo fato de possuir o conhecimento, ele est ao lado de Deus, firme nobem e resistente ao mal, trabalhando pela evoluo e no com fins pessoais.

    Se est ao lado de Deus, um dos nossos, no tendo a mnima importnciaque ele se diga hinduista, budista, cristo ou maometano, ou que seja hindu, ingls, chinsou russo. Aqueles que esto ao lado de Deus sabem por que a se acham, sabem o quetm a fazer e tentam cumpri-lo; todos os demais no sabem ainda o que tm a fazer e, porisso, freqentemente agem de modo insensato, imaginando caminhos para si prprios, osquais lhes parecem agradveis, no compreendendo que todos so um e que, portanto, saquilo que o Uno quer pode realmente ser agradvel a todos. Seguem o irreal ao invs doReal. E, enquanto no aprendem a distinguir entre ambos, no se colocam ao lado deDeus e eis porque o Discernimento o primeiro passo a dar.

    Todavia, mesmo depois de feita a escolha, deves lembrar-te de que no Real

    e no irreal h muitas variantes e o discernimento deve ainda ser exercido entre o bem e omal, o importante e o no importante, o til e o intil, o verdadeiro e o falso, o egosta e odesinteressado.

    Entre o bem e o mal no deveria ser difcil escolher, pois aqueles quedesejam seguir o Mestre j se decidiram a seguir o bem a todo custo. Porm, o homem eo seu corpo so dois, e a vontade do homem nem sempre est de acordo com a do corpo.Quando o teu corpo desejar alguma coisas, pra e considera se tu s Deus e s queres oque Deus quer; necessitas, porm, penetrar fundo em ti mesmo, para em teu interior

    encontrares Deus e ouvir a Sua voz, que a tua.No confundas os teus corpos contigo mesmo, nem o teu corpo fsico, nem oastral, nem o mental. Cada um deles pretende ser o Ego, a fim de obter o que deseja.Precisas, porm, conhec-los todos e conhecer-te a ti mesmo como seu possuidor.

    Quando h um trabalho para fazer, quando o corpo fsico quer descansar,passear, comer e beber; o homem que no sabe, diz a si mesmo: eu quero fazer estascoisas e preciso faz-las. Porm, o homem que sabe diz: Quem quer no sou eu;portanto espere um pouco. Freqentemente, quando h oportunidade de auxiliar algum,

    o corpo insinua: Que aborrecimento isto me trar; deixemos que outro qualquer tomeo meu lugar. Porm, o homem que sabe lhe replica: Tu no me impedirs de praticaruma boa ao.

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    O corpo teu animal, o cavalo que montas. Deves, portanto, trat-lo bem,cuidar bem dele, no o estafar, aliment-lo convenientemente s com alimentos e bebidaspuros, e mant-lo perfeitamente limpo, sempre, sem o menor vestgio de impureza. Pois

    que, sem um corpo perfeitamente limpo e saudvel, no podes efetuar a rdua tarefa dapreparao, nem suportar-lhe os incessantes esforos. Deves, porm, ser sempre tu quemo domine, e no ele o que te domine a ti.

    O corpo astral tem seus desejos e os tem s dzias; h de querer ver-teencolerizado, ouvir-te dizer palavras speras, que sintas cimes, que sejas vido pordinheiro, que invejes os bens alheios e cedas ao desnimo. Querer todas essas coisas emuitas outras mais, no porque deseje prejudicar-te, mas por que lhe aprazem asvibraes violentas e gosta de mud-las continuamente. Tu, porm, no desejas nenhumadestas coisas e, portanto, deves distinguir os teus desejos dos de teu corpo astral.

    O teu corpo mental deseja manter-se orgulhosamente separado; querer quepenses muito em ti mesmo e pouco nos outros. Mesmo quando o tiverdes desviado dascoisas mundanas, tentar ainda especular acerca de ti prprio, fazer-te pensar no teuprprio progresso, em lugar de o fazeres na obra do Mestre e em auxiliar os outros.Quando meditares, tentar fazer-te pensar nas diferentes coisas que ele quer, em vez danica de que necessitas. No s esse corpo mental, mas dele dispes para o teu uso;assim, mesmo aqui, o discernimento necessrio. Deves vigiar incessantemente, sobpena de vires a falir.

    Entre o bem e o mal, o Ocultismo no admite compromissos. Custe o quecustar, deves fazer o bem e nunca o mal. Diga ou pense o ignorante o que quiser. Estudaprofundamente as leis ocultas da Natureza e organiza a tua vida de acordo com elas,utilizando sempre a razo e o bom senso.

    Deves discernir entre o que importante e o que no . Firme como umarocha em tudo que concerne ao bem e ao mal, cede invariavelmente aos outros nas coisasde somenos importncia. Pois deves ser sempre amvel, bondoso, razovel e

    condescendente, deixando aos outros a mesma plena liberdade que para ti necessitas.

    Procura verificar o que vale a pena ser feito e lembra-te que as coisas nodevem ser julgadas pela sua grandeza aparente. Uma pequena coisa de utilidade imediata obra do Mestre merece muito mais ser feita, do que uma grande coisa que o mundoconsidera boa. Precisas distinguir no somente o til do intil, mas ainda o mais til domenos til. Alimentar os pobres uma boa obra, nobre e til; porm, alimentar-lhes asalmas ainda mais nobre e mais til.

    Por muito sbio que j sejas, muito ters ainda que aprender na Senda; tantoque nela mesma precisas discernir e meditar cuidadosamente o que deve ser aprendido.Todo o conhecimento til, e um dia o possuirs integralmente; enquanto, porm, s

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    possures parte dele, cuida em que essa seja a mais til. Deus tanto Sabedoria comoAmor; e quanto mais sbio fores, mais Ele se manifestar por teu intermdio. Estuda, pois,mas estuda em primeiro lugar o que mais te habilite a auxiliar aos outros. Trabalhapacientemente em teus estudos, no para que os homens te julguem sbio, nem mesmo

    para gozares a felicidade de ser sbio mas por que o sbio pode ser sabiamente til. Pormuito que desejes prestar auxlio, enquanto fores ignorante, poders fazer mais mal do quebem.

    Precisas distinguir entre a verdade e a mentira; deves aprender a serverdadeiro em tudo: no pensamento, na palavra e na ao. Primeiro no pensamento, e istono fcil, porque h no mundo muitos pensamentos falsos, muitas superstiesinsensatas e ningum que a eles se escravize poder progredir. Por conseguinte, nodeves acolher um pensamento simplesmente porque muitas pessoas o acolhem, nem porter merecido crdito durante sculos, nem por constar de algum livro que os homensjulguem sagrado; deves pensar por ti mesmo sobre a questo, e por ti mesmo ajuizar seela razovel. Lembra-te que, embora um milhar de homens concorde sobre um assunto,se nada conhecerem a respeito, a sua opinio no tem valor. Aquele que quiser caminharna Senda tem que aprender a pensar por si mesmo, pois a superstio um dos maioresmales do mundo e um dos empecilhos de que, por ti prprio, te deves libertar inteiramente.

    O teu pensamento acerca dos outros deve ser verdadeiro; no penses a seurespeito aquilo que no saibas. No suponhas que os outros estejam sempre pensandoem ti. Se um homem faz alguma coisa que julgas poder prejudicar-te, ou diz algo queparece ser-te dirigido, no suponhas imediatamente: ele pretende ofender-me. O mais

    provvel que nunca pensasse em ti pois cada alma tem as suas prprias preocupaes eos seus pensamentos no giram, as mais das vezes, em torno seno de si prpria. Se umhomem te falar colericamente, no penses: Ele me odeia e quer ferir-me. Provavelmente,algum ou alguma coisa o encolerizou e, acontecendo encontrar-te, voltou a sua clerasobre ti. Procede insensatamente, pois toda a clera insensata, mas nem por isso devespensar falsamente a seu respeito.

    Quando te tornares discpulo do Mestre, poders sempre averiguar averacidade do teu pensamento cotejando-o com o Seu. Pois o discpulo um com seu

    Mestre e basta-lhe fazer retroceder o seu pensamento at ao do Mestre, para verificar seambos esto de acordo. Se no estiver, o pensamento do discpulo errneo e ele devemodific-lo instantaneamente, pois o pensamento do Mestre perfeito, visto que Ele tudosabe. Aqueles que por Ele ainda no foram aceitos, no podem fazer isto perfeitamente;porm sero grandemente ajudados se freqentemente se detiverem a perguntar: Quepensaria o Mestre a este respeito? Que faria ou diria Ele em tais circunstncias? Poisnunca deves fazer, dizer ou pensar o que no possas imaginar que o Mestre faa, diga oupense.

    Deves tambm ser verdadeiro no falar, exato e sem exageros. Nunca

    atribuas ms intenes a outrem; somente o seu Mestre lhe conhece os pensamentos ebem pode estar agindo por motivos que nunca penetrassem em tua mente. Se ouvires

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    uma narrativa contra algum, no a repitas; pode no ser verdadeira; e, ainda que o seja, mais bondoso nada dizer. Pensa bem antes de falar, a fim de no cares em inexatides.

    S verdadeiro na ao; nunca pretendas parecer seno aquilo que s, pois

    todo fingimento constitui um obstculo pura luz da verdade, que deve brilhar atravs de ticomo a luz do Sol atravs de um vidro transparente.

    Precisas discernir entre o egosmo e o altrusmo, pois o egosmo revestemuitas formas e, quando pensas t-lo morto, finalmente numa delas, surge noutra to fortecomo sempre. Porm, gradualmente, o pensamento de auxiliar aos outros te encher detal modo, que no haver lugar nem tempo para pensares em ti mesmo.

    De outra maneira, ainda deves utilizar o discernimento: aprende a distinguir aDeus que est em todos e em tudo, por pior que seja a sua aparncia exterior. Podesajudar teu irmo pelo que tens de comum com ele a Vida Divina. Aprende a despertarnele essa Vida, aprende a invoc-la nele; assim o salvars do mal.

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    II AUSNCIA DE DESEJOS

    H muitas pessoas para quem a qualidade da Ausncia de Desejos(abnegao, desapego) difcil, por pensarem que os seus desejos so elas prprias eque, se esses desejos peculiares, simpatias e antipatias lhes forem tirados, nada mais lhesrestar. Essas, porm, so somente as que ainda no viram o Mestre; luz de Sua SantaPresena, todo desejo sucumbe, exceto o de se assemelhar a Ele. No entanto, antesmesmo de teres a ventura de encontr-Lo face a face, podes conquistar a ausncia dedesejo, se o quiseres. O discernimento j te demonstrou que as coisas que os homens

    mais desejam, tais como a riqueza e o poder, no merecem o trabalho de ser possudas;quando isto realmente sentido, e no apenas enunciado, cessa todo o desejo por elas.

    Tudo isto simples; necessitas apenas compreender. H, porm, algumaspessoas que recusam-se a prosseguir em objetivos terrenos, somente no intuito dealcanar o cu, ou para atingir a libertao pessoal dos renascimentos. No deves cairneste erro. Se te esqueceste completamente de ti mesmo, no te podes preocupar com apoca da libertao do teu Ego ou com a espcie de cu que lhe caber. Lembra-te quetodo desejo egosta um liame e, por muito elevado que seja o seu objetivo, enquanto dele

    te no desembaraares, no estars completamente livre para te devotares obra doMestre.

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    Quando tiverem desaparecido todos os desejos pessoais, poder aindarestar o de apreciares o resultado do teu trabalho. Se auxiliares algum, querers ver atque ponto o tens ajudado; talvez mesmo queiras que ele o reconhea tambm e se temostre grato. Isto, porm, ainda o desejo e tambm uma falta de confiana. Quando

    aplicares a tua energia em auxiliar algum, h de advir da um resultado, quer possas v-loquer no; se conheces a Lei, sabes que deve ser assim. Precisas, pois, fazer o bem poramor ao bem, e no com a esperana da recompensa. Trabalha por amor ao trabalho eno para ver o resultado; deves entregar-te ao servio do mundo porque o amas e nopodes deixar de faz-lo.

    No desejes os poderes psquicos; eles viro quando o Mestre achar quemelhor te ser possu-los. For-los muito cedo traz consigo muitas perturbaes;freqentemente o seu possuidor desencaminhado por falazes espritos da natureza, ouento se torna vaidoso e se julga isento de cair em erro; em todo o caso, o tempo e a foranecessrios para adquiri-los poderiam ser gastos em trabalhar para os outros. Eles virono decurso do teu desenvolvimento porque devem vir; e se o Mestre entender que teser til possu-los mais cedo, te ensinar como desenvolv-los com segurana. At ento,melhor ser que os no possuas.

    Deves precaver-te, tambm, contra certos pequenos desejos comuns na vidadiria. Nunca desejes sobressair nem parecer instrudo; no desejes falar. bom falarpouco; melhor ainda nada dizer, a no ser que estejas seguro de que o que pretendesdizer verdadeiro, amvel e til. Antes de falar, pensa cuidadosamente se o que

    pretendes dizer preenche essas trs qualidades; se assim no for, no o digas.

    bom que te habitues desde agora a refletir cuidadosamente antes de falarpois, quando alcanares a Iniciao, ters de vigiar cada palavra a fim de no dizeres oque no deve ser dito. Muitas das conversaes ordinrias so desnecessrias einsensatas; e, quando chegam maledicncia, tornam-se perversas. Assim, acostuma-teantes a ouvir do que a falar; no emitas opinio seno quando diretamente solicitada. Umenunciado das qualidades requeridas assim formado: saber, ousar, querer, calar , e altima das quatro a mais difcil de todas.

    Um desejo vulgar que deves severamente reprimir o de te imiscures nosnegcios de outrem. O que um homem faz, diz ou cr, no de tua conta e precisasaprender a deix-lo absolutamente entregue a si prprio. Ele tem pleno direito liberdadede pensamento, palavra e ao, at ao ponto em que no interfira no que concerne aoutrem. Tu prprio reclamas a liberdade de fazer o que julgas bom; deves outorgar amesma liberdade aos outros e, quando a usarem, no tens o direito de te pronunciares arespeito.

    Se julgas estar algum fazendo o mal e encontras uma oportunidade de lho

    dizer em particular e muito delicadamente porque assim pensas, talvez consigasconvenc-lo; porm, em muitos casos, isto mesmo no passaria de uma interferncia

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    indbita. De modo algum devers murmurar com uma terceira peso sobre o assunto, poisisso seria uma ao extremamente m.

    Se observares um caso de crueldade para com uma criana ou um animal,

    teu dever intervir. Se vires algum violando as leis do pas, deves informar as autoridades.(Naturalmente em casos manifestamente graves, como o da prtica da crueldade, ouquando intimado a faz-lo.) Se estiveres incumbido de instruir uma outra peso, pode tornar-se teu dever adverti-la suavemente de suas falhas. Exceto em tais casos, ocupa-te de teusprprios negcios e aprende a virtude do silncio.

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    III BOA CONDUTA

    Os seis pontos sobre a conduta, especialmente exigidos pelo Mestre, so:

    1. Domnio da Mente.2. Domnio da Ao.3. Tolerncia.

    4. Contentamento5. Perseverana (unidade de direo para o fim visado).6. Confiana.

    (Sei que algumas dessas qualidades so freqentemente expressas de mododiferente; porm, em todo caso, usei as designaes que o prprio Mestre empregou aoexplic-las).

    1. Domnio da Mente

    A qualidade da ausncia do desejo mostra que o corpo astral precisa ser dominado;o mesmo acontece em relao ao corpo mental. Isto significa domnio dotemperamento, de modo a no poderes sentir clera ou impacincia; domnio daprpria mente, a fim de que o pensamento seja sempre calmo e sereno e, atravsda mente, o domnio dos nervos, a fim de que sejam o menos irritveis possvel.Este ltimo objetivo difcil de atingir, porque, quando tentas preparar-te para aSenda, no podes deixar de tornar o teu corpo mais sensitivo; de sorte que os seusnervos podem ser facilmente abalados por um som ou um choque, e sentir de modo

    agudo qualquer presso. Faz, porm, o melhor que te for possvel.

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    A mente calma implica, tambm, coragem , a fim de afrontares sem medo as provase dificuldades da Senda; implica, outrossim, firmeza, para suportares as pequenasperturbaes inerentes vida diria e evitar os aborrecimentos incessantes,oriundos de pequenas coisas em que muita gente consome a maior parte do seu

    tempo. O Mestre ensina que no tem a menor importncia o que ao homemacontece exteriormente; tristezas, perturbaes, doenas, perdas tudo isso deveser nada para ele e no deve permitir que lhe afetem a calma mental. So oresultado das aes passadas e, quando chegam, devem ser suportadasalegremente, com a lembrana de que todo mal transitrio e que teu deverpermanecer sempre contente e sereno. Pertencem s tuas vidas anteriores e no aesta; no podes alter-las, portanto intil que com elas te preocupes. Pensa antesno que ests, agora, fazendo e que determinar os acontecimentos de tua prximavida, pois essa podes modificar.

    No cedas nunca tristeza e ao desalento. O desalento mau, porque contaminaos outros e torna as suas vidas mais difceis, o que no tens o direito de fazer.Portanto, sempre que venha a ti, deves repeli-lo imediatamente.

    Deves ainda dominar o teu pensamento de outro modo; no o deixes vaguear. Fixao teu pensamento naquilo que estiveres fazendo, a fim de que seja feito comperfeio; no deixes a tua mente ociosa, porm mantm sempre bonspensamentos em reserva, prontos a avanar quando ela estiver livre. Emprega,diariamente, o poder do teu pensamento em bons propsitos; s uma fora

    orientada para a evoluo. Pensa cada dia em algum que saibas estar imerso natristeza e no sofrimento, ou necessitando de auxlio e derrama sobre ele teuspensamentos de amor.

    Preserva a tua mente do orgulho, porque o orgulho provm somente da ignorncia.O homem que no sabe, pensa ser grande por ter feito alguma grande coisa; mas ohomem sbio compreende que s Deus grande e que toda boa obra feita s porEle.

    2. Domnio da Ao

    Se o teu pensamento for o que deve ser, encontrars pouca dificuldade na ao.Lembra-te que para ser til humanidade, o pensamento deve traduzir-se em ao.Nada de indolncia, mas uma constante atividade no trabalho til. Deves, porm,cumprir o teu prprio dever e no o de outrem, a no ser com a sua devidapermisso e no intuito sempre de ajud-lo. Deixa que cada homem execute o seutrabalho a seu modo; mantm-te sempre pronto a oferecer auxlio onde ele fornecessrio, porm nunca te intrometas. Para muita gente a coisa mais difcil deste

    mundo aprender a ocupar-se de seus prprios negcios; , porm, istoexatamente o que deves fazer.

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    Pelo fato de empreenderes um trabalho de ordem superior, no deves esquecer osteus deveres comuns, pois enquanto os no cumprires, no estars livre para outroservio. No tomes sobre ti novos deveres para com o mundo; porm, daquelesque j te encarregaste, desempenha-te perfeitamente os deveres definidos e

    razoveis, que tu prprio reconheces, e no os deveres imaginrios que porventuraalgum pretenda impor-te. Se queres pertencer ao Mestre, deves executar o teutrabalho comum melhor e no pior do que os outros, porque deves fazer tambmisto por amor a Ele.

    3. Tolerncia.

    Deves sentir perfeita tolerncia por todos e um sincero interesse pelas crenas dosde outras religio, tanto quanto pelas tuas prprias. Pois a religio dos outros umCaminho para o Supremo, da mesma forma que a tua. E, para auxiliar a todos, preciso tudo compreender. Mas a fim de alcanares esta perfeita tolerncia, devestu prprio, em primeiro lugar, libertar-te da superstio e da beatice. Precisasaprender que no h cerimnias indispensveis; de outro modo te suporias umpouco melhor do que aqueles que as no cumprem. No condenes, porm, os queainda se apegam s cerimnias. Deixa-os fazer o que lhes aprouver, contanto quese no intrometam no que concerne a ti que conheces a verdade pois no devemtentar forar-te quilo que j ultrapassaste. S indulgente com todos; s benvoloem tudo.

    Agora que os teus olhos foram abertos, algumas das tuas antigas crenas ecerimnias podem parecer-te absurdas; talvez, na realidade, o sejam. Apesar,porm, de no poderes mais tomar parte nelas, respeita-as por amor s boas almaspara quem elas so ainda importantes. Tm o seu lugar e a sua utilidade;assemelham-se s duplas linhas que, quando criana, te guiavam para escrever emlinha reta e na mesma altura, at que aprendeste a escrever muito melhor e maislivremente sem elas. Houve tempo em que delas necessitaste; esse tempo, porm,j passou.

    Um grande Instrutor escreveu certa vez: Quando eu era criana, falava comocriana, entendia como criana; porm, quando me tornei homem, abandonei osmodos infantis. No entanto, aquele que esqueceu a sua infncia e perdeu asimpatia pelas crianas no o homem que as possa instruir e ajudar. Assim, olhaa todos bondosamente, gentilmente, tolerantemente; porm, a todos da mesmaforma, quer sejam budistas, jainos, judeus, cristos ou maometanos.

    4. Contentamento

    Deves suportar o teu karma alegremente, qualquer que ele seja, tendo o sofrimentocomo uma honra, pois demonstra que os Senhores do Karma te acham digno deauxlio. Por muito duro que ele seja, mostra-te agradecido por no ser ainda pior.

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    Lembra-te que de muito pouca utilidade sers para o Mestre, enquanto o teu maukarma no for esgotado e no estiveres livre. Oferecendo-te a Ele, pediste que o teukarma fosse apressado e assim, em uma ou duas vidas esgotas aquilo que, deoutro modo, exigiria uma centena delas. Para maior proveito, porm, deves suport-

    lo alegremente.H outro ponto de importncia. Abandona todo sentimento de posse. O karmapode arrebatar-te aquilo de que mais gostas, mesmo as pessoas que mais amas.Ainda assim deves ficar contente pronta a separar-te de tudo e de todos.Freqentemente, o Mestre necessita transmitir Sua fora a outros atravs do Seuservo; Ele no o poder fazer se o servo ceder ao desnimo. Assim, ocontentamento indispensvel.

    5. Perseverana

    A coisa nica que deves manter sempre presente, em tua mente, o trabalho doMestre. Qualquer outra coisa que surja em teu caminho, no te deve faz-loesquecer. Na verdade, nenhuma outra coisa poder surgir diante de ti, pois todotrabalho til e desinteressado trabalho do Mestre e tu deves execut-lo por amor aEle. E precisas dedicar-lhe toda a tua ateno, a fim de ser o que de melhor possasfazer. O mesmo Instrutor escreveu tambm: O que quer que faas, faze-o deboa vontade, como sendo para o Senhor e no para os homens . Pensa comoexecutarias um trabalho se soubesses que o Mestre vivia v-lo imediatamente;

    justamente nestas condies que deves executar tudo. Aqueles que sabem, melhorcompreendero o significado desde versculo. H um outro, semelhante pormmuito mais antigo: Em tudo o que a tua mo fizer, aplica toda a tua fora.

    A perseverana significa, tambm, que nada dever afastar-te por um momentosequer da Senda em que entraste. Nem tentaes, nem os prazeres do mundo,nem as afeies mundanas, mesmo, devem jamais desviar-te. Pois tu mesmodeves unificar-te com a Senda; ela deve tornar-se de tal modo parte da tua prprianatureza que a percorras sem nisso teres que pensar e sem te desviares. Tu, a

    Mnada, assim o decidiste; separares-te da Senda eqivaleria a te separares de timesmo.

    6. Confiana

    Deves confiar em teu Mestre; deves confiar em ti mesmo. Se j viste o Mestre, neleconfiars plenamente atravs de muitas vidas e mortes. Se ainda no O viste,deves tentar averiguar a Sua existncia e confiar Nele porque se o no fizeres,nem mesmo Ele te poder ajudar. Sem que haja perfeita confiana no poder

    haver perfeita efuso de amor e poder.

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    Necessitas confiar em ti mesmo. Dizes que te conheces muito bem? Se assimpensas, no te conheces; conheces apenas o dbil envoltrio externo quefreqentemente tem cado na lama. Porm tu o Eu Real s uma centelha dofogo Divino e Deus, que Todo Poderoso, est em ti e, por este motivo, nada existe

    que no possas fazer, se o quiseres. Dize a ti mesmo: O que o homem fez, ohomem pode fazer. Eu sou um homem, porm sou tambm o Deus que estno homem; eu posso fazer isto e quero faz-lo. Pois se quiseres trilhar a Senda,a tua vontade deve ser como ao de boa tmpera.

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    IV AMOR

    De todas as qualidades, o Amor a mais importante, pois sendo bastanteforte um homem, obriga-lhe a aquisio de todas as outras que, sem ele, no seriamsuficientes. Freqentemente expresso como um intenso desejo de se libertar da rodados nascimentos e mortes e de se unir com Deus. Entend-lo, porm, deste modo, denotaegosmo e alcana apenas uma parte de sua significao. No tanto o desejo, como avontade , a resoluo, a determinao. Para produzir seus resultados, essa resoluodeve encher de tal modo a tua natureza inteira, que no deixe lugar para qualquer outrosentimento. , na verdade, a vontade de seres uno com Deus, no para escapares

    fadiga e ao sofrimento, mas para que, pelo teu profundo amor por Ele possas agir com Ele.E porque Ele Amor, tu, se te quiseres unificar com Ele, deves encher-te de profundodesinteresse e amor.

    Na vida diria isto implica duas coisas: em primeiro lugar, Ter o cuidado deno fazer mal a nenhum ser vivo; em segundo, vigiar as oportunidades de prestar auxlio.

    Primeiro, no fazer mal. Trs pecados h que operam maior dano do quetodos os outros no mundo a maledicncia, a crueldade e a superstio por serem

    pecados contra o amor. Contra esses trs pecados, o homem que quiser encher o seucorao do amor de Deus deve estar vigilante, incessantemente.

    A maledicncia - Observa os efeitos da maledicncia. Comea com ummau pensamento e este, em si mesmo, j um crime, pois que, em tudo e em todos, existeo bem; em tudo e em todos o mal existe. Podemos reforar qualquer deles pelopensamento e, deste modo, ajudar ou embaraar a evoluo; podemos fazer a vontade doLogos ou resistir-lhe. Se pensares no mal que existe em outrem, cometes ao mesmotempo trs aes ms:

    1. Enches teu ambiente de maus em vez de bons pensamentos, aumentando assim atristeza do mundo.

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    2. Se nesse homem existir o mal que supes, o fortificas e o alimentas e, assim, tornaspior o teu irmo, em vez de o melhorar. Porm, geralmente o mal nele no existe,sendo apenas um produto da tua fantasia; e ento o teu pensamento tentar o teuirmo prtica do mal, pois que, se ele no for ainda perfeito, poders torn-lo tal qual

    o imaginaste.3. Saturas a tua mente de maus em vez de bons pensamentos; embaraas, assim, o teuprprio crescimento, tornando-te aos olhos dos que podem ver um objeto feio e penosoem vez de belo e atraente.

    No contente de ter feito todo este mal a si prprio e sua vtima, o maledicentetenta, com todas as suas foras, fazer com que os outros participem do seu crime.Prontamente conta a perversa histria, na esperana de que o acreditem; e, ento, juntam-se todos a enviar maus pensamentos ao pobre paciente. E isto repete-se dia a dia e feito, no por um homem, mas por milhares. Comeas a ver quo terrvel este pecado?Deves, por completo, evit-lo. Nunca fales de ningum; recusa ouvir o mal que te disseremdos outros e suavemente observa: Talvez isso no seja verdade e, se o for, maiscaritativo no falarmos nisso.

    A crueldade Quanto crueldade, ela pode ser de duas espcies:intencional e no intencional. A crueldade intencional consiste em causar dano a um servivo, de nimo deliberado; este o maior de todos os pecados prprios antes de umdemnio do que de um homem. Dirs que nenhum homem cometeria tal crime; porm, oshomens o cometeram muitas vezes e o cometem, ainda, diariamente. Praticaram-no os

    inquisidores; muita gente religiosa o praticou em nome da sua religio. Os que dissecamseres vivos o praticam; muitos professores o praticam habitualmente. Toda essa genteprocura desculpar a sua brutalidade dizendo que o costume; um crime, porm, no deixade o ser porque muita gente o comete. O karma no leva em conta o costume e o karmada crueldade , de todos, o mais terrvel. Na ndia, pelo menos, no h desculpa para taishbitos, pois o dever de no fazer mal de todos bem conhecido. A sorte reservada aocruel incide tambm sobre todos aqueles que intencionalmente matam criaturas de Deussob pretexto de desportos.

    Sei que no farias estas coisas; e, por amor de Deus, quando a oportunidadese oferecer, falars abertamente contra elas. Porm, existe a crueldade na palavra, damesma forma que nos atos, e um homem que diz algo com a inteno de ferir a outrem passvel desse crime. Isto tambm no fars; porm, s vezes, uma palavra impensada faztanto mal como se fosse malvola.

    Deves, pois, estar de sobreaviso contra a crueldade irrefletida. Ela se originacomumente da irreflexo. Um homem cheio de avareza e cobia no pensa jamais nossofrimentos que causa aos outros, pagando-lhes pouco e deixando meio famintos sua

    mulher e seus filhos. Um outro pensa apenas nos seus desejos luxuriosos, pouco seimportando com os corpos e as almas que arruina para sua satisfao. Um outro, somentepara poupar-se uns poucos minutos de incmodo, no paga aos seus operrios no dia

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    designado, sem pensar nas dificuldades que lhes origina. Por essa forma muito sofrimentopode ser causado pela irreflexo pelo olvido de pensar sobre o modo pelo qual uma aoafeta os outros. Porm, o Karma no esquece nunca e no leva em conta que os homensesquecem. Se desejas entrar na Senda, deves pensar nas conseqncias das tuas aes,

    a fim de no incidires em crueldade irrefletida.A superstio A superstio outro grande mal, que tem causado muitas e

    terrveis crueldades. O homem que seu escravo desdenha aqueles que so mais sbiose tenta faze-los agir do mesmo modo. Pensa nos horrendos massacres produzidos pelasuperstio que aconselha o sacrifcio de animais e pelo ainda mais cruel preconceito deque o homem necessita de carne para alimentar-se. Pensa nos maus tratos que asuperstio tem criado para as classes oprimidas da nossa ndia bem amada e verifica pora quanto esta m qualidade pode originar de covarde crueldade, mesmo entre aquelesque conhecem o dever de serem fraternais. Muitos crimes os homens cometeram emnome do Deus de Amor, movidos pelo pesadelo da superstio; cuida, pois, muito para quedela no reste em ti o menos vestgio.

    Esses trs grandes crimes deves evitar, pois so fatais a todo o progresso,por serem pecados contra o amor. No basta, porm, refrear o mal; preciso ser ativo nobem. Deves encher-te tanto do intenso desejo do servio, que estejas sempre vigilantepara prest-lo em torno de ti no somente aos homens, como tambm s plantas e aosanimais. Deves prest-lo nas pequenas coisas, cada dia, a fim de que o hbito se forme eno percas as raras oportunidades em que grandes coisas se apresentam para ser feitas.

    Pois que, se anseias unificar-te com Deus, no por amor de ti prprio, mas a fim de quepossas ser um canal atravs do qual o Seu amor flua sobre os homens, teus irmos.

    Aquele que est na Senda no existe para si mesmo, mas para os outros;esquece a si prprio para poder servi-los. Ele como uma pena na mo de Deus, atravsda qual o Seu pensamento flui e pode encontrar neste mundo uma expresso que, sem ela(a pena) no poderia Ter. , ao mesmo tempo, um feixe de fogo vivo radiando sobre omundo o Amor Divino que lhe enche o corao.

    A sabedoria que torna capaz de ajudar, a vontade que dirige a sabedoria, oamor que inspira a vontade tais so as qualidades requeridas. Vontade Sabedoria eAmor so os trs aspectos do Logos; e tu, que desejas alistar-te ao Seu servio, devesexpressar esses trs aspectos no mundo.

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    COMO FOI ESCRITO O LIVRINHO

    AOS PS DO MESTREContado pelo Sr. C.W. Leadbeater aalguns ntimos em Nova Zelndia.

    Talvez todos vs tenhais lido o livrinho Aos Ps do Mestre e, se algum dospresentes h que ainda no o leu, deve tratar de faz-lo. Se lestes o prefcio deste livro,deveis Ter notado que consiste nas instrues dadas a Alcione, por seu Mestre K.H., o Serque, sculos passados, esteve entre ns como Pitgoras. Eu mesmo me achava presente,quando as lies foram dadas, porque era essa uma das partes do meu trabalho,juntamente com o auxlio que devia prestar ao meu jovem amigo Alcione. Tais lies eramdadas durante o sono. Cabia-me o dever de lev-lo todas as noites ao Mestre. Devemoslembrar-nos que o corpo de Alcione contava, nessa ocasio, treze anos, apenas, de idadee qualquer coisa que se lhe tinha de transmitir devia ser to clara e simples quanto fossepossvel, a fim de que um crebro de 13 anos a pudesse compreender. Tinha-se tambmde enfrentar a dificuldade de uma lngua estrangeira, a inglesa, tanto mais que devia haverno texto a maior clareza possvel.

    Apesar dessas dificuldades, o texto contm tudo quanto necessrio primeira Iniciao.

    Cada noite, o Mestre dava, mais ou menos, 15 minutos de lio; porm,sempre no fim da lio, o Mestre resumia, numa singela frase, tudo quanto havia ensinado.De manh, Alcione escrevia o texto.

    Devo dizer-vos que a obra no contm todos os textos escritos, pormsomente o resumo deles. Foi desse modo que obtivestes um conjunto de lies, segundo a

    linha do Boddhisattva.

    Depois Alcione foi a Benares e ali instruiu algumas pessoas; escreveu-me del para Adyar, pedindo lhe mandasse todas as notas que havia tomado. Algumas estavamem cadernos, outras em pedaos de papel; juntei-as e fiz uma cpia a mquina. Lembrei-me, porm, que, segundo palavras do Mestre, devia lev-las a Ele antes de as enviar aAlcione. Assim o fiz. O Mestre acrescentou duas sentenas que ns havamos omitido.

    Antes que faamos qualquer coisa para o Mundo, mostremo-la ao Instrutor

    do Mundo(1), disse-me o Mestre.

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    (1) Entre os cristos, Instrutor do Mundo o Cristo Nosso Senhor e, entre os budistas, o Sr. Maitreya (o Senhorda Bondade). So nomes diferentes para o mesmo grande Ser.

    Ele mesmo o levou (o texto escrito); eu o acompanhei. O Senhor (o Instrutordo Mundo) o leu e aprovou. Foi Ele mesmo quem nos disse: Deveis imprimir isto numpequeno e precioso livrinho para introduzir Alcione no mundo.

    Verdade , no havamos pensado em tal coisa, nem desejvamosapresentar ao mundo uma criatura ainda to jovem. Mas, no mundo do Ocultismo,devemos fazer o que se nos ordena, sem vacilao nem receio, porque os nossossuperiores sabem mais do que ns o que podemos alcanar.

    O Instrutor do Mundo tinha razo. Ns que nos tnhamos enganado. Todosos inconvenientes que recevamos realmente se deram, porm a imensidade dosbenefcios espalhados foi de tal ordem e magnitude que, com presteza, desapareceram ossuperficiais e ligeiros inconvenientes.

    Milhares e milhares de pessoas nos tm dito que to benfazejas lhes foram essas lies,que chegaram a mudar completamente a corrente inteira de suas vidas.

    Este pequenino livro mostra e nos ensina com que esprito sero formuladas

    as lies do Mestre: O Amorser a sua chave (isto , a sua nota fundamental).

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