Ken Wilber e Dinamica Espiral-ok

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CASTELLANI, Moacyr. Ken Wilber e a dinmica da espiral. In: SIMPSIO NACIONAL SOBRE CONSCINCIA, 1., 2006, Salvador. Anais... Salvador: Fundao Ocidemnte, 2006. 1 CD-ROM.

KEN WILBER E A DINMICA DA ESPIRALMoacyr Castellani1

Resumo O modelo da Dinmica da Espiral define oito nveis bsicos de Conscincia e atua como uma lente que nos faz enxergar a realidade do indivduo e do grupo de uma forma mais ntida. Quatro conceitos so fundamentais: 1- as pessoas so diferentes porque possuem valores diferentes; 2- desentendimentos podem surgir quando diferentes valores entram em conflito; 3- no existe valor melhor que o outro; 4- um indivduo ou grupo pode manifestar seu valor predominante: a) de forma saudvel ou b) de forma patolgica. Palavras-chave: nveis de conscincia, sistema de valores, modelo integral

INTRODUOCom 20 livros publicados em 20 pases, Ken Wilber o autor acadmico americano mais traduzido no mundo. Seus modelos tm sido utilizados em vrios pases por grandes nomes como Bill Clinton, que mencionou a importncia da sua obra no Frum Econmico Mundial. Considerado o filsofo vivo mais influente da atualidade, tem sido chamado de "Einstein da Conscincia".

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Administrador de empresas, psiclogo e escritor, especialista em Coaching Pessoal, Qualidade de Vida e Produtividade, foi avaliador do Prmio Mineiro da Qualidade 2005. Pioneiro na aplicao do Princpio dos 4 Quadrantes no Brasil, utiliza como base do seu trabalho a abordagem Integral de Ken Wilber. Estudioso do Taosmo e Zen Budismo, praticante da Tcnica Alexander, suas viagens por 18 pases tm aguado ainda mais a busca por conhecimento nas reas de desenvolvimento pessoal e profissional. Conferencista, tem ministrado palestras em empresas e instituies como Telemar, Petrobrs, EDS-Visanet, Agis, Danone, Anglogold Ashanti, Ordem dos Advogados do Brasil, Federao das Indstrias, RM Sistemas, Grupo Zema, Conselho Regional de Administrao, Servio Social do Comrcio, Cmara de Dirigentes Lojistas, Procuradoria Geral de Justia, Centro Federal de Educao Tecnolgica e Delegacia Regional do Trabalho. Entrevistado em programas pela TV Globo, TV Cultura, TV Minas, SBT, TV Gazeta/CNT, Rdio Band, CBN, foi consultor fixo do programa "Marte e Vnus no Rdio" da Rdio Inconfidncia. Seus artigos tm sido publicados por jornais como Estado de Minas, Dirio da Tarde, A Tribuna e Hoje em Dia. Contato: www.metacoaching.com.br / (31)3296-8196.

CASTELLANI, Moacyr. Ken Wilber e a dinmica da espiral. In: SIMPSIO NACIONAL SOBRE CONSCINCIA, 1., 2006, Salvador. Anais... Salvador: Fundao Ocidemnte, 2006. 1 CD-ROM.

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H 15 anos tenho utilizado seus conceitos em meu trabalho e na vida pessoal. Modelos como O Espectro da Conscincia, Os 4 Quadrantes, A Falcia Pr-Trans e Os Trs Tipos de Cincia so ferramentas poderosas para diagnosticar e resolver conflitos em inmeras reas. H alguns anos, Ken incluiu em seu trabalho o modelo criado pelo tambm americano Clare Graves a Dinmica da Espiral. Poderosa ferramenta que define de forma simples e ao mesmo tempo profunda os vrios nveis de Conscincia de um indivduo ou grupo, a Espiral se integrou ao Modelo dos 4 Quadrantes de Wilber no que foi chamado TQTN Todos os Quadrantes, Todos os Nveis - talvez a ferramenta mais completa para a compreenso do composto fsico/mente/ cultura/sociedade. Em abril de 2005 tive o privilgio de ser recebido por Ken em sua casa em Denver para uma conversa particular. Nas quase 3 horas que estivemos juntos, discutimos sobre os mais variados temas, desde filosofia e psicologia, s tendncias do mundo corporativo e economia mundial. Durante a conversa, Ken se mostrou particularmente interessado em obter informaes sobre um assunto que muito nos interessa a realidade brasileira. Para isto, escolheu o modelo da Dinmica da Espiral como ferramenta para compreender melhor o que est acontecendo em nosso pas. Este artigo tem como objetivo identificar os vrios nveis de Conscincia de um indivduo ou grupo e aplicar o modelo da Dinmica da Espiral para desvendar alguns mistrios da realidade brasileira seus problemas e desafios atuais seguindo o estilo descontrado que acompanha a anlise profunda e ao mesmo tempo objetiva de Ken.

QUANDO UMA FERRAMENTA TRANSFORMA A REALIDADE curioso como a vida de uma pessoa pode mudar de repente. Outro dia aconteceu com o Seu Reginaldo. Para quem no o conhece, ele zelador do prdio onde moro. Dentre suas vrias atividades, diariamente ele esvazia a caixa de correios e distribui a correspondncia aos apartamentos. No geral seu trabalho bem feito, embora eu achasse que distribuir correspondncias no era o seu forte. Ele as misturava, ou melhor, se confundia e entregava a carta endereada ao vizinho de cima em minha casa, entregava a conta de luz do meu apartamento na

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casa do vizinho de baixo, etc. Pensei que fosse a idade, ele no to jovem assim. Mas eu estava enganado. Certo dia entendi o seu problema. Presenciei quando retirava as correspondncias da caixa de correio e tentava descobrir para quem se endereava um grande envelope. O que havia de errado? Ele no enxergava, ou melhor, no conseguia ler de perto. Perguntei se j havia feito um exame de vista. Imediatamente, respondeu: No senhor, nunca consultei um mdico de olhos. Naquele momento formulei a minha hiptese. S faltava checar na prtica. Liguei para a Ana Luiza, uma amiga oftalmologista e perguntei se poderia atend-lo. Sempre disponvel e sabendo das dificuldades em marcar uma consulta pelo SUS, ela concordou e o atendeu sem custo em seu consultrio. Uma semana depois, a concluso: Seu Reginaldo era mope! Resultado: os prprios moradores do prdio se reuniram e mandaram fazer seus culos. Lentes prontas, armao escolhida, chegou o grande dia. Ele recebeu os culos, ajeitou-os no rosto... Sua feio mudou! Como num passe de mgica, ele enxergou! Tudo se abriu, o mundo se transformou para ele. Concluso: pessoas podem sofrer com problemas sem mesmo imaginarem que existam solues para suas dificuldades - que possam existir lentes para enxergar melhor. O modelo da Dinmica da Espiral como uma lente que nos faz enxergar a realidade mais ntida. Trs conceitos so fundamentais: 1- as pessoas so diferentes porque possuem valores diferentes (enxergam a realidade utilizando lentes diferentes); 2- desentendimentos podem surgir quando diferentes valores entram em conflito (se um indivduo mope, pode achar que todos enxergam como ele e assim no entender que tambm existam pessoas que sofrem de astigmatismo); 3- no existe valor melhor que o outro, 4- um indivduo ou grupo pode manifestar seu valor predominante: a) de forma saudvel ou b) de forma patolgica.

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A DINMICA DA ESPIRAL E O SISTEMA DE VALORESO modelo da Dinmica da Espiral como um conjunto de lentes que voc pode utilizar para enxergar a realidade. Cada lente um valor que o indivduo ou grupo utiliza para interpretar e interagir com a realidade. Cores foram atribudas a cada nvel de conscincia no sentido de facilitar a compreenso de cada nvel de conscincia. Os principais nveis so: BEGE bsico-instintivo: o primeiro nvel de conscincia surgiu h 100.000 mil anos quando o ser humano era nmade. Sua vida era solitria, seguia os instintos em busca de alimento e segurana. s vezes acasalavam. No mximo, viviam em bandos. A preocupao essencial era sobreviver. Hoje em dia, viver para sobreviver algo inerente a crianas recm-nascidas, idosos senis, mendigos, moradores de rua e massas esfomeadas. Todos possuem, como objetivo especfico, a SOBREVIVNCIA. PRPURA mgico-mstico: h 50.000 anos , os seres humanos passaram a viver em grupos (tribos). Aprenderam a dividir suas tarefas e a valorizar as relaes de sangue. Diante um mundo mgico e assustador, eram temerosos em relao ao destino que os Deuses lhes reservavam. Fiis aos mais velhos, aos ancestrais e ao cl, preservavam objetos, lugares sagrados e cumpriam os ritos, ciclos e costumes tribais. Nos dias atuais este o mesmo estilo de valor que guia o pensamento das famlias tradicionais, pessoas que acreditam em simpatias, solues mgicas, juramentos de sangue, amuletos e figuras mitolgicas. O princpio do estilo prpura guia a essncia das gangues, grupos fechados e tribos modernas - se proteger atravs dos rituais e das tradies do CL. VERMELHO poderoso-impulsivo: h 10.000 anos , o indivduo se rebelou. Cansado de obedecer s ordens e costumes da tribo, tornou-se egosta e individualista. Lutar para sobreviver independentemente do que os outros queriam era o seu mpeto. Impor o poder sobre o eu, os outros e a natureza, fazer o que se quer eram as suas leis. No estilo vermelho, o indivduo deseja ateno, exige respeito e dita as regras. Certo de que o mundo uma selva cheia de ameaas e predadores, conquista, engana e domina os outros sem qualquer culpa ou remorso.

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Este o estilo dos bandidos, pessoas desonestas, polticos corruptos e atitudes egostas. Certo de que a vida precisa lhe dar prazer sem limites, o individualista impe de forma implacvel ao mundo e aos outros o seu DOMNIO E PODER. AZUL a fora da verdade: h 5.000 anos, surgiu um nvel de conscincia baseado em uma crena absoluta que levava o indivduo a sacrificar-se a uma causa, verdade ou caminho virtuoso que considerava de elevada importncia. Certo da existncia de uma ordem superior, o indivduo aceitava se submeter a um cdigo de conduta que acreditava se basear em princpios eternos e absolutos. Qualquer impulso ou viso inadequada deveriam ser controlados atravs da culpa. Obedecendo com rigor autoridade superior, o indivduo azul seguia as leis, mtodos e disciplinas que acreditava construir o carter e os valores morais. Religies, as foras armadas, o sistema judicirio, associaes do tipo Rotary, o fundamentalismo islmico, os procedimentos rgidos definidos em manuais de empresas valorizam essencialmente o SIGNIFICADO e a ORDEM ABSOLUTA. LARANJA autonomia e manipulao: h 1.000 anos, empreender tornou-se fundamental. A preocupao em tornar as coisas melhores, em agir por interesse pessoal jogando para ganhar, a mudana, o avano, o progresso e a vida abundante passaram a ser os valores essenciais para quem avanou a este nvel de conscincia que define que pessoas otimistas, autoconfiantes e dispostas a arriscar merecem o sucesso. Prosperar pela estratgia, desenvolvimento da tecnologia e competitividade eram as palavras de ordem. Atualmente o mundo corporativo, o mercado financeiro, as novas tecnologias, o pensamento capitalista e a classe mdia emergente definem o que podemos chamar de EU EMPREENDEDOR. VERDE igualdade e comunidade: h 150 anos, surge um novo tipo de pensamento que valoriza, fundamentalmente, o vnculo humano. Para este estilo, o bem-estar das pessoas e o consenso tm prioridade e o esprito humano deve ser liberto da avareza e dos dogmas. Oportunidades devem surgir igualmente entre todos. Reconciliao, reunir-se em comunidades para experienciar o crescimento partilhado so os objetivos finais. O Greenpeace, a ecologia profunda, os movimentos pacifistas, governos assistencialistas, grupos voluntrios e entidades sem fins lucrativos so exemplos de

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um estilo que prioriza a ORDEM IGUALITRIA e o VNCULO HUMANO. AMARELO flexibilidade e funcionalidade: surgido h 50 anos, este nvel de conscincia tem como ponto central a adaptao flexvel s mudanas. Devemos ser responsveis pelo que somos e o que aprendemos a ser. A beleza da existncia deve ser valorizada acima das posses materiais. Flexibilidade, espontaneidade e funcionalidade tm prioridade mxima. Conhecimento e competncia deveriam substituir posio, poder e estatuto. As diferenas podem ser integradas em fluxos interdependentes e naturais. No estilo amarelo, o indivduo deve aprender a ser livre e questionar. O nvel de conscincia amarelo est presente nas organizaes de Peter Senge, no pensamento integral de Ken Wilber, nas empresas que aliam alta produtividade com eficincia, eficcia e qualidade de vida. O ponto central deste nvel de conscincia o FLUXO FLEXVEL e o EU INTEGRADO. TURQUESA viso global, vida e harmonia: surgido h 30 anos, o Turquesa se define pela experincia do todo da existncia pela mente e pelo esprito, tendo a concepo que o mundo um nico organismo dinmico com sua prpria mente coletiva. O eu distinto e ao mesmo tempo parte integrante de um todo maior, energia e informao atravessam o total ambiente da terra. O Turquesa est presente nas idias de Gandhi, no Espectro da Conscincia de Ken Wilber, na hiptese de Gaia, no pensamento de Teilhard de Chardin, onde o objetivo crucial PROCURAR A ORDEM sob o caos aparente da Terra.

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A DINMICA DA ESPIRAL E A REALIDADE BRASILEIRANos ltimos anos, trs elementos compem os principais desafios da realidade brasileira: 1- o desemprego; 2- a misria; 3- a violncia. A soluo destes problemas tem se mostrado complexa, principalmente pela falta de um modelo de anlise apurado para definir as prioridades e os pontos-chave de atuao. Ao se utilizar o modelo da Dinmica da Espiral, podemos perceber que o Brasil uma nao que anseia atingir o mundo Laranja (empreendedor, tecnolgico, gerador de riquezas) e que possui, no seu nvel Azul, o gargalo do seu crescimento. Temos um Azul fraco que se caracteriza pela corrupo, lentido da justia, impunidade, desrespeito s regras, informalidade e descrena nas instituies. Este Azul patolgico impede que o pas ascenda a um nvel empreendedor, de crescimento e gerao de riqueza porque cria temor para que investidores apostem na ampliao de empresas, formao de novos negcios e gerao de empregos. A carga tributria gerada pela corrupo e m administrao desestimula

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o indivduo empreendedor porque gera insegurana para assumir riscos, gera a preocupao do surgimento de novos tributos, gera desconfiana porque regras podem mudar de uma hora para a outra. Muito se fala que o foco principal para a renovao do pas seria a educao, mas eu discordo. tambm um ponto muito importante, mas ainda no o prioritrio. O ponto chave o fortalecimento das instituies, a reestruturao do sistema judicirio e tudo o mais que o cerca para que a punio finalmente supere a ilegalidade. O compromisso, a responsabilidade e o respeito s regras que traro a tranqilidade necessria para que investimentos sejam direcionados de forma eficiente, gerando riqueza e estabilidade para que a nao cresa e se torne justa para todos. Os pases ricos so pases que possuem um nvel Azul saudvel, como os Estados Unidos. Podemos encontrar falhas em alguns pontos do modelo americano, mas unnime afirmar que seu nvel Azul funciona adequadamente. Quando uma parenta do presidente foi flagrada consumindo lcool ilegalmente, o policial no teve dvida: levou-a para a delegacia para que ela fosse punida de acordo com a lei. Ao contrrio, difcil imaginar que algo aconteceria se a mesma situao ocorresse no Brasil. Quando o estilo Azul est em equilbrio, surgem as condies necessrias para um estilo empreendedor o Laranja. Quando o estilo Azul est em desequilbrio, ao invs de avanarmos para o Laranja, regredimos ao Vermelho. Foi o que aconteceu com a Unio Sovitica. Estava migrando para uma realidade Laranja mas, com a diviso e o desmantelamento da nao, regrediu ao Vermelho fcil perceber o crescimento do domnio da mfia russa, a venda de armas nucleares a terroristas, a ampliao descontrolada da violncia. Esta tambm tem sido a realidade do nosso pas o nvel Azul brasileiro est decadente e o nvel Vermelho continua em plena ascendncia. Para piorar, a onda vermelha estimulada pelos Verdes, como por exemplo: um traficante (vermelho) manda executar cinco pessoas em Copacabana. Quinhentos integrantes do movimento Viva Rio (verde) saem de branco pelas ruas numa passeata pela paz, lembrando populao que os executados eram chefes de famlia, que foi uma grande injustia tudo o que aconteceu.

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fato que o crime foi claro e totalmente repudivel. Alis, o objetivo do Viva Rio foi o de sensibilizar os agressores e incentivar o recuo da violncia, o que respeitvel. Mas o problema que o tiro pode sair pela culatra quando falamos de nveis de conscincia diferentes. A paz no tida como valor para o Vermelho. Para o Vermelho, valor individualismo e poder. Na cabea do traficante, o pensamento o seguinte: cinco foram executados, quinhentos formaram uma passeata. Concluso: se eu ordenar a execuo de dez, mil pessoas sairo pelas ruas! Vejam como eu sou poderoso!. Na verdade, preciso construir solues eficazes2 e no apenas eficientes3 para cada dificuldade. Assim, problemas Vermelhos precisam de solues Vermelhas. Problemas Vermelhos no conseguem ser resolvidos atravs de solues Verdes, por exemplo. O esporte (Vermelho saudvel) pode ser uma boa alternativa como soluo para um problema Vermelho. O projeto que criou um torneio de futebol onde os jogos aconteciam dentro de uma favela uma hora da manh dos sbados um bom exemplo. Reduziu significativamente a violncia nas redondezas porque direcionou a agressividade Vermelha para uma disputa esportiva. A testosterona que estimula o conflito e a batalha era direcionada a uma atividade saudvel e aceita pela sociedade. A certeza da punio imediata tambm outro instrumento fundamental para a transformao do Vermelho patolgico em Vermelho Saudvel. Foi o que aconteceu em Nova Iorque, quando Rudolf Giuliani desenvolveu a chamada tolerncia zero. Os delitos eram identificados e punidos imediatamente, inclusive os de menor gravidade. Isto desestimulou o lucro fcil que a criminalidade Vermelha conseguia obter atravs da violncia. Inmeras correlaes podem ser feitas atravs da Dinmica da Espiral para resolver problemas e dificuldades em torno de todos os nveis de conscincia. Este ser o objetivo da apresentao que ser realizada em 10 de setembro no I Simpsio Nacional sobre Conscincia: a) apresentar um modelo que explique de forma mais clara o porqu de nossas dificuldades atuais como indivduos, grupos,

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Eficcia = fazer o que precisa ser feito Eficincia = fazer bem feito

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empresas e nao; b) estimular o desenvolvimento de solues mais eficientes e eficazes para os desafios de todos ns.

REFERNCIASBECK, Don Edward; COWAN, Christopher C. Dinmica da Espiral: dominar valores, liderana e mudana. Lisboa: Instituto Piaget, 1996. 403p. WILBER, Ken. Integral Psychology: consciousness, spirit, psychology, therapy. Boston: Shambhala, 2000. 289p.