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JUVENTUDE E CIBERCULTURA
CONEXOtildeES INOVADORAS
NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM
Eleonora Porto Fernandes Santos (UNIGRANRIO)
epfernandes11hotmailcom
RESUMO
Este estudo apresenta algumas consideraccedilotildees sobre a educaccedilatildeo dos jovens para o
desenvolvimento de uma praacutetica docente interdisciplinar mediados pela cibercultura
uma aacuterea em expansatildeo e relevante no cenaacuterio atual e suas implicaccedilotildees no processo
educacional de formaccedilatildeo humana O objetivo deste artigo eacute analisar o acesso e o uso
de tecnologias e suas modalidades de expressatildeo e comunicaccedilatildeo no espaccedilo escolar
Como referencial teoacuterico tomo como base as Diretrizes Curriculares do Ensino Meacutedio
em defesa de uma formaccedilatildeo humana integral a partir das dimensotildees do trabalho
ciecircncia tecnologia e cultura em uma accedilatildeo curricular integrada A pesquisa se apoia
tambeacutem nos estudos que vecircm sendo realizados por pesquisadores e estudiosos sobre a
temaacutetica da juventude para tentar compreender a condiccedilatildeo juvenil e suas trajetoacuterias
escolares no ensino meacutedio O fio condutor seraacute atraveacutes da interatividade disponibili-
zada pela tecnologia digital que jaacute faz parte do cotidiano desses jovens para compre-
ender as transformaccedilotildees produzidas nas relaccedilotildees escolares no processo de formaccedilatildeo
humana integral
Palavras-chave Juventude Cibercultura Formaccedilatildeo humana Ensinoaprendizagem
1 Introduccedilatildeo
As novas tecnologias tecircm provocado mudanccedilas profundas em di-
versas atividades da vida moderna inclusive na nossa forma de viver O
que fundamenta novas formas de pensar a educaccedilatildeo trazendo para o
debate a implantaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo de um projeto pedagoacutegico apoiado nas
novas tecnologias de comunicaccedilatildeo e informaccedilatildeo no processo de forma-
ccedilatildeo dos jovens pelo papel que desempenham no processo de ensino-
aprendizagem e na formaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo humana
Diante desta circunstacircncia este artigo busca refletir sobre os con-
textos educacionais que valorizem a interaccedilatildeo e a colaboraccedilatildeo na cons-
truccedilatildeo do conhecimento Justifica-se tal proposta considerando tambeacutem
a necessidade de repensar o processo de ensino aprendizagem na escola
capaz de fomentar o interesse dos alunos pelo conteuacutedo do curriacuteculo
Uma vez que a falta de interesse pela escola eacute um fator relatado por 40
dos jovens que abandonaram os estudos de acordo com a pesquisa Moti-
vos da Evasatildeo Escolar realizada pela Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas ndash FGV ndash
RJ
MOTIVOS DE EVASAtildeO SEGUNDO O INFORMANTE
Motivos de Evasatildeo PROacutePRIAPESSOA OUTRA PESSOA
Falta de Renda 2815 2663
Oferta 860 1221
Falta de Interesse 3474 4309
Outros Motivos 2850 1807
Fonte CPSFGV a partir dos microdados dos suplementos da PNADIBGE de 2006
Natildeo haacute duacutevida que diante deste quadro torna-se necessaacuterio a revi-
satildeo de curriacuteculo jaacute sendo anunciado por diversos programas e governos
No que diz respeito especificamente ao ensino meacutedio o Ministeacuterio de
Educaccedilatildeo e Cultura atraveacutes das Diretrizes Curriculares Nacionais do
Ensino Meacutedio (DCNEM) propocircs os princiacutepios da formaccedilatildeo humana
integral que visa implementar um novo modelo educacional baseado no
diaacutelogo entre a escola e seus sujeitos no acircmbito de uma orientaccedilatildeo for-
mativa que se refere a possibilidade de formar alunos em sua totalidade
A elaboraccedilatildeo e estrateacutegias deste modelo educacional tem como
objetivo a formaccedilatildeo humana integral em um cenaacuterio dialoacutegico onde o
estudante natildeo apenas receba mas tambeacutem transforme e produza novas
representaccedilotildees e conhecimentos compartilhados baseado na construccedilatildeo
de novas formas de aprender e ensinar Conforme propotildee as Diretrizes
Curriculares Nacionais do Ensino Meacutedio na Resoluccedilatildeo 22012 esclare-
ce o que considera como ldquoformaccedilatildeo humana integralrdquo
[] agrave compreensatildeo dos indiviacuteduos em sua inteireza isto eacute tomar os educan-
dos em suas muacuteltiplas dimensotildees intelectual afetiva social corpoacuterea com
vistas a propiciar um itineraacuterio formativo que potencialize o desenvolvimento humano em sua plenitude que se realiza pelo desenvolvimento da autonomia
intelectual e moral [] como a grande finalidade do projeto educativo voltado
para a formaccedilatildeo humana integral (DCNEM Caderno 3 p 4)
O que nos faz refletir de forma mais abrangente sobre a formaccedilatildeo
humana natildeo limitando-se apenas na formaccedilatildeo teacutecnica mas tambeacutem na
formaccedilatildeo poliacutetica cultural a formaccedilatildeo da sensibilidade do esteacutetico etc
De forma a incentivar atividades diversificadas de caraacuteter interdiscipli-
nar que possibilitem experimentar vivecircncias e aprendizagens que antes
natildeo eram consideradas pela escola
De uma oacutetica oposta agrave anterior que transcenda a sala de aula para
incorporar novos espaccedilos de conhecimento que facilite a integraccedilatildeo dos
saberes baseado em uma metodologia interdisciplinar como forma de
educar para a vida Isso implicaria em uma anaacutelise sobre a proposta de
formaccedilatildeo humana integral no contexto escolar Conforme Morin (2010)
ldquoConveacutem fazer a convergecircncia de diversos ensinamentos mobilizar
diversas ciecircncias e disciplinas para ensinar a enfrentar a incertezardquo
(MORIN 2010 p 56)
Eacute o que este artigo apresenta em paralelo ao uso das Tecnologias
de Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo como ferramenta para ldquonavegarrdquo na incer-
teza proacutepria dos novos temposCom esta intenccedilatildeo inicialmente apresento
algumas implicaccedilotildees sobre o uso das tecnologias digitais pelos jovens
alunos denominados por Prensky (2002) como ldquonativos digitaisrdquo pela
vivecircncia intensa apresentada com a tecnologia
E assim investigar as relaccedilotildees entre a educaccedilatildeo e as Tecnologias
de Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo em termos de acesso agrave um modelo de
inovaccedilatildeo e criatividade baseado na associaccedilatildeo ndash integraccedilatildeo ndash elaboraccedilatildeo
ndash comunicaccedilatildeo conforme apresentado por Mota e Scott (2014) no qual
enfatizam a inclusatildeo das tecnologias digitais na promoccedilatildeo de um apren-
dizado colaborativo e atraente entre aluno e professor e entre os proacuteprios
alunos O que nos aproxima da ideia do aluno como construtor do proacute-
prio conhecimento no processo de ensino-aprendizagem
Esta abordagem permite apresentar a cibercultura como um meio
de abertura agraves novas possibilidades de se ofertar ao aluno espaccedilos con-
textualizados de aprendizagem Nesse cenaacuterio Pierre Leacutevy (2010) convi-
da a educaccedilatildeo repensar os caminhos da humanidade com o advento das
tecnologias digitais reconhecendo dois fatos
Em primeiro lugar o crescimento do ciberespaccedilo resulta de um movimen-
to internacional de jovens aacutevidos para experimentar coletivamente formas de
comunicaccedilatildeo diferentes daquelas que as miacutedias claacutessicas nos propotildeem Em segundo lugar que estamos vivendo a abertura de um novo espaccedilo de comu-
nicaccedilatildeo e cabe apenas a noacutes explorar as potencialidades mais positivas deste
espaccedilo nos planos econocircmico poliacutetico cultural e humano (LEacuteVY 2010 p 11)
Diante de tal constataccedilatildeo podemos dizer que o avanccedilo da ciecircncia
e da tecnologia proporciona a formaccedilatildeo de indiviacuteduos cada vez mais
integrados no ciberespaccedilo o que esboccedila uma nova relaccedilatildeo com o saber e
as reformas educacionais que ela exige
Para em seguida centralizar nas recentes iniciativas e projetos
educacionais partindo dos princiacutepios da formaccedilatildeo humana integral con-
forme estabelecido pelas Diretrizes Curriculares Nacionais em uma
abordagem interdisciplinar das praacuteticas educativas em torno do eixo
trabalho ciecircncia tecnologia e cultura Neste sentido busca a reestrutura-
ccedilatildeo pedagoacutegica e organizaccedilatildeo curricular das escolas puacuteblicas de ensino
meacutedio baseada na socializaccedilatildeo de conhecimentos na perspectiva da cons-
truccedilatildeo da cidadania O que instiga uma reflexatildeo mais aprofundada sobre
que educaccedilatildeo eacute concebida nas escolas puacuteblicas de ensino meacutedio atual-
mente E que indiviacuteduos queremos formar
2 As tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo e o Jovens
Fato evidente eacute que a interaccedilatildeo das tecnologias de informaccedilatildeo e
comunicaccedilatildeo no cotidiano dos jovens eacute muito intensa Mark Prensky
(2002) criou o termo ldquonativos digitaisrdquo para designar todos aqueles que
nasceram nesse periacuteodo de avanccedilo tecnoloacutegico e se aproveitam de suas
potencialidades Conforme Faacutebio Tagnin
Nossos jovens natildeo chegaram a conhecer um mundo sem videogames e-
mail e mensagens instantacircneas Natildeo eacute preciso ir muito longe para afirmar o
que diversos estudos confirmam que os haacutebitos dos jovens de hoje satildeo muito
diferentes daqueles dos seus pais e professores Eles vecircm sendo chamados de
ldquonativos digitaisrdquo que aderem de maneira transparente e automaacutetica agraves tecno-logias emergentes enquanto os adultos satildeo chamados de ldquomigrantes digitaisrdquo
aqueles que precisam adaptar-se ndash natildeo sem alguma dificuldade ndash agraves novas fer-
ramentas e novas formas de fazer as coisas (TAGNIN 2008 s p)
Como se pode perceber essa nova geraccedilatildeo considera que esses
recursos estejam de tal forma integrada em suas vidas diaacuterias que sequer
percebem como tecnologia Os jovens jaacute se naturalizaram ao uso destas
tecnologias E uma das consequecircncias mais diretas constitui-se por dife-
rentes maneiras de ser e estar no mundo Como as tecnologias de infor-
maccedilatildeo e comunicaccedilatildeo favorece um cenaacuterio dialoacutegico a comunicaccedilatildeo
torna-se um imperativo para estes jovens Portanto eles tecircm mais contato
entre si do que os jovens das geraccedilotildees anteriores e consequentemente
estabelecem novos meios de expressatildeo e de relacionamentos enfim haacute
uma nova sociabilidade
Como o pretendido eacute estabelecer uma breve reflexatildeo sobre a rela-
ccedilatildeo dos jovens com as tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo e a
internet torna-se necessaacuterio algumas colocaccedilotildees como por exemplo
Quanto tempo acessam a internet Como se apropriam destas tecnologias
no seu cotidiano
Segundo a pesquisa quantitativa sobre ldquoO uso da Internetrdquo reali-
zada pelo IBOPE Inteligecircncia por meio de entrevistas face a face no
periacuteodo de 11 a 22 de janeiro de 2013 Entre os jovens brasileiros que
afirmam ter acessado agrave internet nos uacuteltimos 3 meses a maioria declara
utilizaacute-la majoritariamente em busca de diversatildeo (75) para se comuni-
car com os amigos (66) fazer trabalhos escolares (61) e utilizar ser-
viccedilo de busca de informaccedilotildees (40)
Atividades online
Obs As porcentagens acima se referem somente aos jovens que
afirmam ter utilizado a internet nos uacuteltimos 3 meses Trata-se de questatildeo
que permite o assinalar de muacuteltiplas respostas e por tanto o valor final
excede 100
Ainda de acordo com a mesma pesquisa que se refere as ferra-
mentas mais usadas Percebe-se que dos jovens entrevistados o uso de
ferramentas para produccedilatildeo de conteuacutedo como blogs (10) microblog
(19) foacuteruns e listas de discussatildeo (5) natildeo chega a ser expressivo
Ferramentas mais usadas
Obs As porcentagens acima se referem somente aos jovens que
afirmam ter utilizado a internet nos uacuteltimos 3 meses Trata-se de questatildeo
que permite o assinalar de muacuteltiplas respostas e por tanto o valor final
excede 100
De uma maneira geral o resultado da pesquisa reflete a tendecircncia
ao entretenimento a distraccedilatildeo no uso das tecnologias no cotidiano dos
jovens Assim sendo parto da seguinte questatildeo Eacute possiacutevel apropriar-se
do estilo comunicativo disponibilizado pelas tecnologias natildeo apenas
como um local de troca de busca de informaccedilotildees e encontros de lazer
entre pessoas mas tambeacutem como um local para estimular os jovens na
produccedilatildeo e interaccedilatildeo de conhecimentos que possa ser incorporado nos
processos de escolarizaccedilatildeo
Ciente do desafio devemos nos preparar para enfrentar de um la-
do o problema da falta de infraestrutura adequada principalmente se
considerarmos o cenaacuterio da maioria das escolas puacuteblicas para a criaccedilatildeo
de ambientes fiacutesicos e virtuais de aprendizagem E de outro a necessida-
de de estabelecer novos arranjos sociais para a educaccedilatildeo na busca do
diaacutelogo como forma de mobilizar alunos e professores a pensar critica-
mente sobre o que a internet oferece na possibilidade de tornar o conhe-
cimento mais acessiacutevel motivador e capaz de fomentar o interesse dos
alunos pelo conteuacutedo do curriacuteculo escolar
Percebe-se que agrave medida que as tecnologias avanccedilam haacute uma
demanda de novas abordagens pedagoacutegicas que se ajustem ao contexto
das tecnologias disponiacuteveis
Ao tratar de novas maneiras de ensinar e aprender disponibiliza-
das pelas novas tecnologias digitais na educaccedilatildeo Mota e Scott (2014)
denominam como os momentos iniciais da convivecircncia com a Terceira
Revoluccedilatildeo Educacional
Para os autores a incorporaccedilatildeo das tecnologias digitais na educa-
ccedilatildeo maximiza oportunidades de novas abordagens de produccedilatildeo e transfe-
recircncia do conhecimento em um ambiente virtual interativo e atraente O
que permite que o docente transcenda a sala de aula para incorporar no-
vos espaccedilos de conhecimento abertos pelas tecnologias digitais amplian-
do as fronteiras do espaccedilo fiacutesico E assim oferecer a oportunidade de
transitar dentro de uma perspectiva interdisciplinar o tratamento dos
conhecimentos a serem trabalhados na escola
O escopo da aprendizagem tem sido largamente estendido tal que em vez
de se referir somente agrave aquisiccedilatildeo simples do conhecimento hoje os focos in-cluem tambeacutem habilidades e preparaccedilatildeo para iniciativas diversas tais como
colaboraccedilotildees interdisciplinares trabalhos em equipe estabelecimento de rede
de relacionamentos e habilidades em resolver problemas (MOTA amp SCOTT 2014 p 38)
No que resulta em novas praacuteticas no processo de aprendizagem
centrado nos modelos de diaacutelogos como os adotados por Laurillard
(2002) que funcionaria como um suporte para o processo de aprendiza-
gem Conforme afirma na colaboraccedilatildeo entre pares
Educandos seratildeo motivados a aprimorar suas praacuteticas se puderem com-
partilhar seus resultados com seus pares e seratildeo motivados a melhorar suas
praacuteticas e ampliar suas visotildees conceituais se puderem refletir sobre suas expe-riecircncias atraveacutes de discussotildees de seus resultados com seus pares (LAURIL-
LARD 2002 p 57)
E ainda de acordo com a autora em um trabalho mais recente ela
ressalta a anaacutelise coletiva e permanente na praacutetica de ensino
As tecnologias digitais poderiam criar possibilidades de desenvolver es-
paccedilos comuns que permitam e estimulem o acesso e a participaccedilatildeo de todos os professores viabilizando uma anaacutelise coletiva e permanente [] com um uacuteni-
co objetivo de ajudar professores a ensinar e estudantes a aprender (LAU-
RILLARD 2012 p 58)
Diante de tais afirmaccedilotildees podemos perceber que natildeo eacute apenas
dispor de recursos tecnoloacutegicos em sala de aula trata-se de mudar a for-
ma como professores e alunos concebem o uso e as funccedilotildees das tecnolo-
gias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo como ferramentas para propiciar a
conexatildeo entre novos espaccedilos de conhecimento Neste sentido a comuni-
caccedilatildeo atraveacutes do ciberespaccedilo pode ser muito uacutetil No dizer de Leacutevy
(2010)
A grande questatildeo da cibercultura ndash tanto no plano de reduccedilatildeo dos custos como no do acesso de todos agrave educaccedilatildeo ndash natildeo eacute tanto a passagem do presenci-
al agrave distacircncia nem do escrito e oral tradicionais agrave multimiacutedia Eacute a transiccedilatildeo de
uma educaccedilatildeo e de uma formaccedilatildeo estritamente institucionalizadas (a escola a universidade) para uma situaccedilatildeo de troca generalizada dos saberes (LEacuteVY
2010 p 172)
Em suma mediante a transiccedilatildeo de um conhecimento pronto e
acabado para um novo modelo de conhecimento aberto e evolutivo com
o acesso agrave cibercultura que permite produzir conhecimento coletivamente
no intercacircmbio de saberes em diversas instacircncias sociais Sendo possiacutevel
proporcionar o diaacutelogo entre disciplinas explorando abordagens interdis-
ciplinares ao longo das atividades escolares assim como orientar os
alunos para que saibam selecionar as informaccedilotildees em meio ao ldquodiluacutevio
informacionalrdquo (LEacuteVY 2010) que recebemos diariamente Segundo
Mota e Scott (2014)
visando incorporar novas perspectivas educacionais bem como possibilitar a
plena integraccedilatildeo entre disciplinas de meacutetodo e conteuacutedo tal que a compreen-satildeo de mundo possa decorrer tambeacutem de pensamentos e visotildees interdisciplina-
res (MOTA amp SCOTT 2014 p 54)
3 Uma visatildeo dos impasses e das perspectivas das praacuteticas escolares
de formaccedilatildeo humana integral a partir das dimensotildees do trabalho
da ciecircncia tecnologia e cultura
Ao refletirmos sobre o panorama da situaccedilatildeo atual do ensino meacute-
dio eacute necessaacuterio considerar que ateacute os anos 90 apenas 16 dos jovens
brasileiros estavam no ensino meacutedio Com a recente expansatildeo das opor-
tunidades escolares a escola puacuteblica de ensino meacutedio recebe um grupo
diversificado de jovens Como pode ser percebido pela evoluccedilatildeo da por-
centagem de jovens que frequentam a escola
Um puacuteblico novo mais heterogecircneo sobretudo jovens dos setores
populares que traz para o interior da instituiccedilatildeo escolar a diversidade da
condiccedilatildeo juvenil e tambeacutem as desigualdades sociais e econocircmicas que
marcam sua condiccedilatildeo Conforme esclarece Abramo (2001)
A condiccedilatildeo juvenil refere-se ao modo como uma sociedade constitui e
atribui significado a esse momento do ciclo de vida que alcanccedila uma abran-gecircncia social maior referida a uma dimensatildeo histoacuterico-geracional ao passo
que a situaccedilatildeo dos jovens revela o modo como tal condiccedilatildeo eacute vivida a partir
dos diversos recortes referentes agraves diferenccedilas sociais ndash classe gecircnero etnia etc (ABRAMO 2001 p 93)
Entretanto em uma anaacutelise quantitativa do ensino meacutedio perce-
be-se uma contradiccedilatildeo que apesar da maior democratizaccedilatildeo no acesso ao
sistema escolar o Brasil natildeo foi capaz de reduzir o percentual de jovens
que natildeo frequentam a escola e as taxas de repetecircncia que acarreta a dis-
torccedilatildeo seacuterieidade na mesma intensidade Conforme aponta os iacutendices
educacionais levantados pelo Instituto Nacional e Estudos e Pesquisas
(INEP)
De acordo com a pesquisa Motivos da Evasatildeo Escolar realizada
pela Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas ndash FGV-RJ com o objetivo de analisar as
causas da evasatildeo escolar na visatildeo dos proacuteprios jovens e de seus pais
40 dos jovens de 15 a 17 anos que evadem deixam de estudar porque a
escola eacute desinteressante
Segundo os dados divulgados o problema da evasatildeo atinge quase
20 da populaccedilatildeo jovem eacute decorrente da falta de interesse do jovem em
permanecer na escola A situaccedilatildeo torna-se mais agravante quando anali-
samos que a evasatildeo na escola acarreta a exclusatildeo desses jovens da en-
trada do mundo de trabalho moderno pela falta de entendimento da im-
portacircncia da educaccedilatildeo como um investimento para o projeto de vida
futura Pais (2006) destaca ldquoPara muitos jovens o mundo da escola pare-
ce aleatoacuterio as avaliaccedilotildees satildeo aleatoacuterias os diplomas idem o futuro
aspas aspasrdquo (PAIS 2006 p 12)
Nesta perspectiva haacute o que a escola deseja e faz e o que a juven-
tude traz para ela suas demandas e necessidades ao longo do seu ciclo de
vida Na medida em que ela natildeo consegue adaptar-se passa a ser rejeita-
da considerada anacrocircnica inadequada e desinteressante para uma par-
cela significativa dos jovens o que leva a evasatildeo
Neste sentido eacute fundamental conhecer estes sujeitos a forma
como lidam com o espaccedilo escolar com os conhecimentos escolares em
meio aos avanccedilos trazidos pela ciecircncia e pela tecnologia mas tambeacutem
em meio agraves incertezas do mundo contemporacircneo ldquoImplica estabelecer
cada vez mais relaccedilotildees entre sua condiccedilatildeo juvenil e o estatuto de aluno
tendo de definir a utilidade social dos seus estudos o sentido das apren-
dizagens e principalmente seu projeto de futurordquo (DAYRELL 1996)
No que diz respeito especificamente ao ensino meacutedio o Ministeacute-
rio de Educaccedilatildeo e Cultura (MEC) anunciou um conjunto de accedilotildees por
meio de programas junto aos estados municiacutepios e Distrito Federal
capazes de motivar e reter os estudantes ateacute o final do ensino meacutedio
Com implementaccedilatildeo de reformas e poliacuteticas educacionais para o niacutevel
meacutedio na garantia do direito agrave educaccedilatildeo e a formaccedilatildeo integral do aluno
Diante deste cenaacuterio considero necessaacuterio uma anaacutelise mais apro-
fundada nas propostas curriculares que deveratildeo ser a base para o redese-
nho curricular proposto pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para o
Ensino Meacutedio ndash Resoluccedilatildeo CMNECEB n2 de 30 de janeiro de 2012
com o objetivo de promover o desenvolvimento de praacuteticas educativas
efetivas com foco na formaccedilatildeo humana integral
Em consonacircncia com a Lei de Diretrizes e Base da Educaccedilatildeo Na-
cional (Lei nordm 9394 de 20 de dezembro de 1996 ndash LDB) e as Diretrizes
Curriculares Nacionais do Ensino Meacutedio (Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 2 de
30 de janeiro de 2012) Tal objetivo se baseia na proposta de ampliar a
oferta puacuteblica de ensino meacutedio de qualidade gratuito pedagogicamente
integrado ao seu caraacuteter formativo em termos de cultura trabalho ciecircncia
e tecnologia
Capiacutetulo II Art 5ordm O Ensino Meacutedio em todas as suas formas de oferta e
organizaccedilatildeo baseia-se em I ndash formaccedilatildeo integral do estudante [] VIII ndash in-
tegraccedilatildeo entre educaccedilatildeo e as dimensotildees do trabalho da ciecircncia da tecnologia e da cultura como base da proposta e do desenvolvimento curricular
(DCNEM ndash Resoluccedilatildeo nordm 2 de 30 de janeiro 2012)
Partindo desta concepccedilatildeo as consideraccedilotildees feitas pelas Diretrizes
Curriculares Nacionais sobre o curriacuteculo para o Ensino Meacutedio se orienta
pela busca de uma formaccedilatildeo humana integral que se faz por meio de uma
organizaccedilatildeo curricular integrada
[] agrave compreensatildeo dos indiviacuteduos em sua inteireza isto eacute tomar os educan-
dos em suas muacuteltiplas dimensotildees intelectual afetiva social corpoacuterea com vistas a propiciar um itineraacuterio formativo que potencialize o desenvolvimento
humano em sua plenitude que se realiza pelo desenvolvimento da autonomia
intelectual e moral [] como a grande finalidade do projeto educativo voltado para a formaccedilatildeo humana integral (Parecer CNECEB 052011 e Resoluccedilatildeo
CNECEB nordm 022012 DCN Caderno3 O Curriacuteculo do Ensino Meacutedio Seus
Sujeitos e a Formaccedilatildeo Humana Integral p 4)
Desta forma o princiacutepio pedagoacutegico especiacutefico do ensino meacutedio
privilegia a praacutetica no meacutetodo de estudo e pesquisa que conduz agrave auto-
nomia de estudos autonomia intelectual e moral Conforme a Lei de
Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo (LBD)
Artigo 35 inciso III O aprimoramento do educando como pessoa huma-na incluindo a formaccedilatildeo eacutetica e o desenvolvimento da autonomia intelectual e
do pensamento criacutetico (Lei nordm 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da Educa-
ccedilatildeo Nacional ndash LDB)
Vale destacar que com base no Projeto de Lei nordm 80352010 que
uma das metas do Plano Nacional de Educaccedilatildeo eacute a universalizaccedilatildeo do
atendimento dos 15 aos 17 anos ndash ateacute 2020
[] II ndash universalizaccedilatildeo do atendimento escolar III ndash superaccedilatildeo das desigual-
dades educacionais IV ndash melhoria da qualidade do ensino V ndash formaccedilatildeo para
o trabalho VI ndash promoccedilatildeo da sustentabilidade socioambiental VII ndash promo-
ccedilatildeo humaniacutestica cientiacutefica e tecnoloacutegica do paiacutes [] (Projeto de Lei nordm 80352010Art 2ordm PNE -20112020)
Mas de que modo isso pode ocorrer Peregrino (2011) mostra que
ldquoa expansatildeo escolar se deparou com os conflitos advindos da diversidade
cultural mas tambeacutem da quantidade de alunos em um contexto em que as
poliacuteticas puacuteblicas e as accedilotildees governamentais natildeo acompanharam essa
expansatildeordquo (FERREIRA 2011 p 83)
Com ecircnfase na compreensatildeo dos sujeitos e das juventudes presen-
tes no ensino meacutedio as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino
Meacutedio torna-se documento fundamental para a orientaccedilatildeo das propostas
curriculares Com base no direito agrave aprendizagem e ao desenvolvimento
integral como aspectos fundamentais para que as escolas redesenhem
seus curriacuteculos
E assim as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Meacutedio
dispotildee para o curriacuteculo
A integraccedilatildeo curricular entre as dimensotildees do trabalho ciecircncia tecnolo-
gia e cultura constitui-se no fundamento para a seleccedilatildeo dos conhecimentos disciplinas metodologias estrateacutegias tempos espaccedilos arranjos curriculares
alternativos e formas de avaliaccedilatildeo BRASIL 2011 p 20)
E acrescenta em relaccedilatildeo a organizaccedilatildeo curricular para o ensino
meacutedio ldquoa organizaccedilatildeo dos conteuacutedos de ensino em estudos ou aacutereas
interdisciplinares e projetos que melhor abriguem a visatildeo orgacircnica do
conhecimento e o diaacutelogo permanente entre as diferentes aacutereas do saberrdquo
(BRASIL 2002 p 87)
Como podemos perceber o projeto de formaccedilatildeo humana integral
no curriacuteculo do ensino meacutedio visa a construccedilatildeo de um projeto coletivo
considerando as caracteriacutesticas sociais econocircmicas poliacuteticas culturais e
laborais da sociedade do entorno escolar e dos sujeitos estudantes e
professores da unidade escolar Nessa vertente Frigotto Ciavatta e Ra-
mos (2005) esclarece o que se busca como formaccedilatildeo humana
Como formaccedilatildeo humana o que se busca eacute garantir ao adolescente ao jo-vem e ao adulto trabalhador o direito a uma formaccedilatildeo completa para a leitura
do mundo e para a atuaccedilatildeo como cidadatildeo pertencente a um paiacutes integrado
dignamente a sua sociedade poliacutetica Formaccedilatildeo que neste sentido supotildee a compreensatildeo das relaccedilotildees sociais subjacentes a todos os fenocircmenos (FRI-
GOTTO CIAVATTA RAMOS 2005 p 85)
ldquoUma educaccedilatildeo que ajude a ler a realidaderdquo (FREIRE 1987 p
14) que ajude a compreender essa realidade criticamente Isso significa
identificar componentes e conteuacutedos curriculares que permitam fazer
relaccedilotildees cada vez mais amplas e profundas entre os fenocircmenos que se
quer ldquoapreenderrdquo e a realidade na qual eles se inserem
4 Consideraccedilotildees finais
Este artigo objetivou uma breve reflexatildeo a respeito das atividades
propostas nas escolas de ensino meacutedio partindo da mediaccedilatildeo da tecnolo-
gia como forma de valorizar a informaccedilatildeo e o conhecimento como fer-
ramenta educativa que facilite o diaacutelogo entre os jovens e a escola
As novas tecnologias facilitam a troca de informaccedilotildees em todas as suas variaccedilotildees sejam elas imagens sons graacuteficos ou textos que com essas novas
experiecircncias potencializam que outros saberes sejam agregados em nossos
sentidos que podem se articular numa inteligecircncia coletiva (LEacuteVY 2010 p 58)
Visto desta maneira contribui para superar o meramente instru-
mental auxiliando os professores a buscar formas de lidar com a cultura
digital como experiecircncia interdisciplinar e democraacutetica que possibilite o
diaacutelogo entre os saberes e tambeacutem com o mundo
Pela ecircnfase na abordagem interdisciplinar dos conteuacutedos curricu-
lares para o desenvolvimento integral dos estudantes do ensino meacutedio
foi possiacutevel traccedilar um paralelo com as propostas curriculares estabeleci-
das pelas Diretrizes Curriculares do Ensino Meacutedio
Em relaccedilatildeo ao ensino meacutedio em especial acredito que o primeiro
passo eacute consideraacute-lo natildeo como ldquomeacutediordquo que se situa entre o ensino fun-
damental e o superior mas sim como uma etapa conclusiva da educaccedilatildeo
baacutesica que deve ter uma ldquobaserdquo capaz de ampliar o acesso ao saber para
a garantia do processo de formaccedilatildeo humana integral Nas palavras de
Morin (2012) ldquoEssa tomada de consciecircncia implica tambeacutem em um
grande esforccedilo de formaccedilatildeo e educaccedilatildeo [] provoca-nos e obriga-nos a
lanccedilar novamente velhas questotildees que civilizaccedilatildeo queremos construir no
seacuteculo XXIrdquo (MORIN 2012 p 478)
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ABRAMO Helena Condiccedilatildeo juvenil no Brasil contemporacircneo In ___
BRANCO Pedro Paulo Martoni Retratos da juventude brasileira anaacuteli-
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MOTIVOS DE EVASAtildeO SEGUNDO O INFORMANTE
Motivos de Evasatildeo PROacutePRIAPESSOA OUTRA PESSOA
Falta de Renda 2815 2663
Oferta 860 1221
Falta de Interesse 3474 4309
Outros Motivos 2850 1807
Fonte CPSFGV a partir dos microdados dos suplementos da PNADIBGE de 2006
Natildeo haacute duacutevida que diante deste quadro torna-se necessaacuterio a revi-
satildeo de curriacuteculo jaacute sendo anunciado por diversos programas e governos
No que diz respeito especificamente ao ensino meacutedio o Ministeacuterio de
Educaccedilatildeo e Cultura atraveacutes das Diretrizes Curriculares Nacionais do
Ensino Meacutedio (DCNEM) propocircs os princiacutepios da formaccedilatildeo humana
integral que visa implementar um novo modelo educacional baseado no
diaacutelogo entre a escola e seus sujeitos no acircmbito de uma orientaccedilatildeo for-
mativa que se refere a possibilidade de formar alunos em sua totalidade
A elaboraccedilatildeo e estrateacutegias deste modelo educacional tem como
objetivo a formaccedilatildeo humana integral em um cenaacuterio dialoacutegico onde o
estudante natildeo apenas receba mas tambeacutem transforme e produza novas
representaccedilotildees e conhecimentos compartilhados baseado na construccedilatildeo
de novas formas de aprender e ensinar Conforme propotildee as Diretrizes
Curriculares Nacionais do Ensino Meacutedio na Resoluccedilatildeo 22012 esclare-
ce o que considera como ldquoformaccedilatildeo humana integralrdquo
[] agrave compreensatildeo dos indiviacuteduos em sua inteireza isto eacute tomar os educan-
dos em suas muacuteltiplas dimensotildees intelectual afetiva social corpoacuterea com
vistas a propiciar um itineraacuterio formativo que potencialize o desenvolvimento humano em sua plenitude que se realiza pelo desenvolvimento da autonomia
intelectual e moral [] como a grande finalidade do projeto educativo voltado
para a formaccedilatildeo humana integral (DCNEM Caderno 3 p 4)
O que nos faz refletir de forma mais abrangente sobre a formaccedilatildeo
humana natildeo limitando-se apenas na formaccedilatildeo teacutecnica mas tambeacutem na
formaccedilatildeo poliacutetica cultural a formaccedilatildeo da sensibilidade do esteacutetico etc
De forma a incentivar atividades diversificadas de caraacuteter interdiscipli-
nar que possibilitem experimentar vivecircncias e aprendizagens que antes
natildeo eram consideradas pela escola
De uma oacutetica oposta agrave anterior que transcenda a sala de aula para
incorporar novos espaccedilos de conhecimento que facilite a integraccedilatildeo dos
saberes baseado em uma metodologia interdisciplinar como forma de
educar para a vida Isso implicaria em uma anaacutelise sobre a proposta de
formaccedilatildeo humana integral no contexto escolar Conforme Morin (2010)
ldquoConveacutem fazer a convergecircncia de diversos ensinamentos mobilizar
diversas ciecircncias e disciplinas para ensinar a enfrentar a incertezardquo
(MORIN 2010 p 56)
Eacute o que este artigo apresenta em paralelo ao uso das Tecnologias
de Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo como ferramenta para ldquonavegarrdquo na incer-
teza proacutepria dos novos temposCom esta intenccedilatildeo inicialmente apresento
algumas implicaccedilotildees sobre o uso das tecnologias digitais pelos jovens
alunos denominados por Prensky (2002) como ldquonativos digitaisrdquo pela
vivecircncia intensa apresentada com a tecnologia
E assim investigar as relaccedilotildees entre a educaccedilatildeo e as Tecnologias
de Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo em termos de acesso agrave um modelo de
inovaccedilatildeo e criatividade baseado na associaccedilatildeo ndash integraccedilatildeo ndash elaboraccedilatildeo
ndash comunicaccedilatildeo conforme apresentado por Mota e Scott (2014) no qual
enfatizam a inclusatildeo das tecnologias digitais na promoccedilatildeo de um apren-
dizado colaborativo e atraente entre aluno e professor e entre os proacuteprios
alunos O que nos aproxima da ideia do aluno como construtor do proacute-
prio conhecimento no processo de ensino-aprendizagem
Esta abordagem permite apresentar a cibercultura como um meio
de abertura agraves novas possibilidades de se ofertar ao aluno espaccedilos con-
textualizados de aprendizagem Nesse cenaacuterio Pierre Leacutevy (2010) convi-
da a educaccedilatildeo repensar os caminhos da humanidade com o advento das
tecnologias digitais reconhecendo dois fatos
Em primeiro lugar o crescimento do ciberespaccedilo resulta de um movimen-
to internacional de jovens aacutevidos para experimentar coletivamente formas de
comunicaccedilatildeo diferentes daquelas que as miacutedias claacutessicas nos propotildeem Em segundo lugar que estamos vivendo a abertura de um novo espaccedilo de comu-
nicaccedilatildeo e cabe apenas a noacutes explorar as potencialidades mais positivas deste
espaccedilo nos planos econocircmico poliacutetico cultural e humano (LEacuteVY 2010 p 11)
Diante de tal constataccedilatildeo podemos dizer que o avanccedilo da ciecircncia
e da tecnologia proporciona a formaccedilatildeo de indiviacuteduos cada vez mais
integrados no ciberespaccedilo o que esboccedila uma nova relaccedilatildeo com o saber e
as reformas educacionais que ela exige
Para em seguida centralizar nas recentes iniciativas e projetos
educacionais partindo dos princiacutepios da formaccedilatildeo humana integral con-
forme estabelecido pelas Diretrizes Curriculares Nacionais em uma
abordagem interdisciplinar das praacuteticas educativas em torno do eixo
trabalho ciecircncia tecnologia e cultura Neste sentido busca a reestrutura-
ccedilatildeo pedagoacutegica e organizaccedilatildeo curricular das escolas puacuteblicas de ensino
meacutedio baseada na socializaccedilatildeo de conhecimentos na perspectiva da cons-
truccedilatildeo da cidadania O que instiga uma reflexatildeo mais aprofundada sobre
que educaccedilatildeo eacute concebida nas escolas puacuteblicas de ensino meacutedio atual-
mente E que indiviacuteduos queremos formar
2 As tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo e o Jovens
Fato evidente eacute que a interaccedilatildeo das tecnologias de informaccedilatildeo e
comunicaccedilatildeo no cotidiano dos jovens eacute muito intensa Mark Prensky
(2002) criou o termo ldquonativos digitaisrdquo para designar todos aqueles que
nasceram nesse periacuteodo de avanccedilo tecnoloacutegico e se aproveitam de suas
potencialidades Conforme Faacutebio Tagnin
Nossos jovens natildeo chegaram a conhecer um mundo sem videogames e-
mail e mensagens instantacircneas Natildeo eacute preciso ir muito longe para afirmar o
que diversos estudos confirmam que os haacutebitos dos jovens de hoje satildeo muito
diferentes daqueles dos seus pais e professores Eles vecircm sendo chamados de
ldquonativos digitaisrdquo que aderem de maneira transparente e automaacutetica agraves tecno-logias emergentes enquanto os adultos satildeo chamados de ldquomigrantes digitaisrdquo
aqueles que precisam adaptar-se ndash natildeo sem alguma dificuldade ndash agraves novas fer-
ramentas e novas formas de fazer as coisas (TAGNIN 2008 s p)
Como se pode perceber essa nova geraccedilatildeo considera que esses
recursos estejam de tal forma integrada em suas vidas diaacuterias que sequer
percebem como tecnologia Os jovens jaacute se naturalizaram ao uso destas
tecnologias E uma das consequecircncias mais diretas constitui-se por dife-
rentes maneiras de ser e estar no mundo Como as tecnologias de infor-
maccedilatildeo e comunicaccedilatildeo favorece um cenaacuterio dialoacutegico a comunicaccedilatildeo
torna-se um imperativo para estes jovens Portanto eles tecircm mais contato
entre si do que os jovens das geraccedilotildees anteriores e consequentemente
estabelecem novos meios de expressatildeo e de relacionamentos enfim haacute
uma nova sociabilidade
Como o pretendido eacute estabelecer uma breve reflexatildeo sobre a rela-
ccedilatildeo dos jovens com as tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo e a
internet torna-se necessaacuterio algumas colocaccedilotildees como por exemplo
Quanto tempo acessam a internet Como se apropriam destas tecnologias
no seu cotidiano
Segundo a pesquisa quantitativa sobre ldquoO uso da Internetrdquo reali-
zada pelo IBOPE Inteligecircncia por meio de entrevistas face a face no
periacuteodo de 11 a 22 de janeiro de 2013 Entre os jovens brasileiros que
afirmam ter acessado agrave internet nos uacuteltimos 3 meses a maioria declara
utilizaacute-la majoritariamente em busca de diversatildeo (75) para se comuni-
car com os amigos (66) fazer trabalhos escolares (61) e utilizar ser-
viccedilo de busca de informaccedilotildees (40)
Atividades online
Obs As porcentagens acima se referem somente aos jovens que
afirmam ter utilizado a internet nos uacuteltimos 3 meses Trata-se de questatildeo
que permite o assinalar de muacuteltiplas respostas e por tanto o valor final
excede 100
Ainda de acordo com a mesma pesquisa que se refere as ferra-
mentas mais usadas Percebe-se que dos jovens entrevistados o uso de
ferramentas para produccedilatildeo de conteuacutedo como blogs (10) microblog
(19) foacuteruns e listas de discussatildeo (5) natildeo chega a ser expressivo
Ferramentas mais usadas
Obs As porcentagens acima se referem somente aos jovens que
afirmam ter utilizado a internet nos uacuteltimos 3 meses Trata-se de questatildeo
que permite o assinalar de muacuteltiplas respostas e por tanto o valor final
excede 100
De uma maneira geral o resultado da pesquisa reflete a tendecircncia
ao entretenimento a distraccedilatildeo no uso das tecnologias no cotidiano dos
jovens Assim sendo parto da seguinte questatildeo Eacute possiacutevel apropriar-se
do estilo comunicativo disponibilizado pelas tecnologias natildeo apenas
como um local de troca de busca de informaccedilotildees e encontros de lazer
entre pessoas mas tambeacutem como um local para estimular os jovens na
produccedilatildeo e interaccedilatildeo de conhecimentos que possa ser incorporado nos
processos de escolarizaccedilatildeo
Ciente do desafio devemos nos preparar para enfrentar de um la-
do o problema da falta de infraestrutura adequada principalmente se
considerarmos o cenaacuterio da maioria das escolas puacuteblicas para a criaccedilatildeo
de ambientes fiacutesicos e virtuais de aprendizagem E de outro a necessida-
de de estabelecer novos arranjos sociais para a educaccedilatildeo na busca do
diaacutelogo como forma de mobilizar alunos e professores a pensar critica-
mente sobre o que a internet oferece na possibilidade de tornar o conhe-
cimento mais acessiacutevel motivador e capaz de fomentar o interesse dos
alunos pelo conteuacutedo do curriacuteculo escolar
Percebe-se que agrave medida que as tecnologias avanccedilam haacute uma
demanda de novas abordagens pedagoacutegicas que se ajustem ao contexto
das tecnologias disponiacuteveis
Ao tratar de novas maneiras de ensinar e aprender disponibiliza-
das pelas novas tecnologias digitais na educaccedilatildeo Mota e Scott (2014)
denominam como os momentos iniciais da convivecircncia com a Terceira
Revoluccedilatildeo Educacional
Para os autores a incorporaccedilatildeo das tecnologias digitais na educa-
ccedilatildeo maximiza oportunidades de novas abordagens de produccedilatildeo e transfe-
recircncia do conhecimento em um ambiente virtual interativo e atraente O
que permite que o docente transcenda a sala de aula para incorporar no-
vos espaccedilos de conhecimento abertos pelas tecnologias digitais amplian-
do as fronteiras do espaccedilo fiacutesico E assim oferecer a oportunidade de
transitar dentro de uma perspectiva interdisciplinar o tratamento dos
conhecimentos a serem trabalhados na escola
O escopo da aprendizagem tem sido largamente estendido tal que em vez
de se referir somente agrave aquisiccedilatildeo simples do conhecimento hoje os focos in-cluem tambeacutem habilidades e preparaccedilatildeo para iniciativas diversas tais como
colaboraccedilotildees interdisciplinares trabalhos em equipe estabelecimento de rede
de relacionamentos e habilidades em resolver problemas (MOTA amp SCOTT 2014 p 38)
No que resulta em novas praacuteticas no processo de aprendizagem
centrado nos modelos de diaacutelogos como os adotados por Laurillard
(2002) que funcionaria como um suporte para o processo de aprendiza-
gem Conforme afirma na colaboraccedilatildeo entre pares
Educandos seratildeo motivados a aprimorar suas praacuteticas se puderem com-
partilhar seus resultados com seus pares e seratildeo motivados a melhorar suas
praacuteticas e ampliar suas visotildees conceituais se puderem refletir sobre suas expe-riecircncias atraveacutes de discussotildees de seus resultados com seus pares (LAURIL-
LARD 2002 p 57)
E ainda de acordo com a autora em um trabalho mais recente ela
ressalta a anaacutelise coletiva e permanente na praacutetica de ensino
As tecnologias digitais poderiam criar possibilidades de desenvolver es-
paccedilos comuns que permitam e estimulem o acesso e a participaccedilatildeo de todos os professores viabilizando uma anaacutelise coletiva e permanente [] com um uacuteni-
co objetivo de ajudar professores a ensinar e estudantes a aprender (LAU-
RILLARD 2012 p 58)
Diante de tais afirmaccedilotildees podemos perceber que natildeo eacute apenas
dispor de recursos tecnoloacutegicos em sala de aula trata-se de mudar a for-
ma como professores e alunos concebem o uso e as funccedilotildees das tecnolo-
gias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo como ferramentas para propiciar a
conexatildeo entre novos espaccedilos de conhecimento Neste sentido a comuni-
caccedilatildeo atraveacutes do ciberespaccedilo pode ser muito uacutetil No dizer de Leacutevy
(2010)
A grande questatildeo da cibercultura ndash tanto no plano de reduccedilatildeo dos custos como no do acesso de todos agrave educaccedilatildeo ndash natildeo eacute tanto a passagem do presenci-
al agrave distacircncia nem do escrito e oral tradicionais agrave multimiacutedia Eacute a transiccedilatildeo de
uma educaccedilatildeo e de uma formaccedilatildeo estritamente institucionalizadas (a escola a universidade) para uma situaccedilatildeo de troca generalizada dos saberes (LEacuteVY
2010 p 172)
Em suma mediante a transiccedilatildeo de um conhecimento pronto e
acabado para um novo modelo de conhecimento aberto e evolutivo com
o acesso agrave cibercultura que permite produzir conhecimento coletivamente
no intercacircmbio de saberes em diversas instacircncias sociais Sendo possiacutevel
proporcionar o diaacutelogo entre disciplinas explorando abordagens interdis-
ciplinares ao longo das atividades escolares assim como orientar os
alunos para que saibam selecionar as informaccedilotildees em meio ao ldquodiluacutevio
informacionalrdquo (LEacuteVY 2010) que recebemos diariamente Segundo
Mota e Scott (2014)
visando incorporar novas perspectivas educacionais bem como possibilitar a
plena integraccedilatildeo entre disciplinas de meacutetodo e conteuacutedo tal que a compreen-satildeo de mundo possa decorrer tambeacutem de pensamentos e visotildees interdisciplina-
res (MOTA amp SCOTT 2014 p 54)
3 Uma visatildeo dos impasses e das perspectivas das praacuteticas escolares
de formaccedilatildeo humana integral a partir das dimensotildees do trabalho
da ciecircncia tecnologia e cultura
Ao refletirmos sobre o panorama da situaccedilatildeo atual do ensino meacute-
dio eacute necessaacuterio considerar que ateacute os anos 90 apenas 16 dos jovens
brasileiros estavam no ensino meacutedio Com a recente expansatildeo das opor-
tunidades escolares a escola puacuteblica de ensino meacutedio recebe um grupo
diversificado de jovens Como pode ser percebido pela evoluccedilatildeo da por-
centagem de jovens que frequentam a escola
Um puacuteblico novo mais heterogecircneo sobretudo jovens dos setores
populares que traz para o interior da instituiccedilatildeo escolar a diversidade da
condiccedilatildeo juvenil e tambeacutem as desigualdades sociais e econocircmicas que
marcam sua condiccedilatildeo Conforme esclarece Abramo (2001)
A condiccedilatildeo juvenil refere-se ao modo como uma sociedade constitui e
atribui significado a esse momento do ciclo de vida que alcanccedila uma abran-gecircncia social maior referida a uma dimensatildeo histoacuterico-geracional ao passo
que a situaccedilatildeo dos jovens revela o modo como tal condiccedilatildeo eacute vivida a partir
dos diversos recortes referentes agraves diferenccedilas sociais ndash classe gecircnero etnia etc (ABRAMO 2001 p 93)
Entretanto em uma anaacutelise quantitativa do ensino meacutedio perce-
be-se uma contradiccedilatildeo que apesar da maior democratizaccedilatildeo no acesso ao
sistema escolar o Brasil natildeo foi capaz de reduzir o percentual de jovens
que natildeo frequentam a escola e as taxas de repetecircncia que acarreta a dis-
torccedilatildeo seacuterieidade na mesma intensidade Conforme aponta os iacutendices
educacionais levantados pelo Instituto Nacional e Estudos e Pesquisas
(INEP)
De acordo com a pesquisa Motivos da Evasatildeo Escolar realizada
pela Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas ndash FGV-RJ com o objetivo de analisar as
causas da evasatildeo escolar na visatildeo dos proacuteprios jovens e de seus pais
40 dos jovens de 15 a 17 anos que evadem deixam de estudar porque a
escola eacute desinteressante
Segundo os dados divulgados o problema da evasatildeo atinge quase
20 da populaccedilatildeo jovem eacute decorrente da falta de interesse do jovem em
permanecer na escola A situaccedilatildeo torna-se mais agravante quando anali-
samos que a evasatildeo na escola acarreta a exclusatildeo desses jovens da en-
trada do mundo de trabalho moderno pela falta de entendimento da im-
portacircncia da educaccedilatildeo como um investimento para o projeto de vida
futura Pais (2006) destaca ldquoPara muitos jovens o mundo da escola pare-
ce aleatoacuterio as avaliaccedilotildees satildeo aleatoacuterias os diplomas idem o futuro
aspas aspasrdquo (PAIS 2006 p 12)
Nesta perspectiva haacute o que a escola deseja e faz e o que a juven-
tude traz para ela suas demandas e necessidades ao longo do seu ciclo de
vida Na medida em que ela natildeo consegue adaptar-se passa a ser rejeita-
da considerada anacrocircnica inadequada e desinteressante para uma par-
cela significativa dos jovens o que leva a evasatildeo
Neste sentido eacute fundamental conhecer estes sujeitos a forma
como lidam com o espaccedilo escolar com os conhecimentos escolares em
meio aos avanccedilos trazidos pela ciecircncia e pela tecnologia mas tambeacutem
em meio agraves incertezas do mundo contemporacircneo ldquoImplica estabelecer
cada vez mais relaccedilotildees entre sua condiccedilatildeo juvenil e o estatuto de aluno
tendo de definir a utilidade social dos seus estudos o sentido das apren-
dizagens e principalmente seu projeto de futurordquo (DAYRELL 1996)
No que diz respeito especificamente ao ensino meacutedio o Ministeacute-
rio de Educaccedilatildeo e Cultura (MEC) anunciou um conjunto de accedilotildees por
meio de programas junto aos estados municiacutepios e Distrito Federal
capazes de motivar e reter os estudantes ateacute o final do ensino meacutedio
Com implementaccedilatildeo de reformas e poliacuteticas educacionais para o niacutevel
meacutedio na garantia do direito agrave educaccedilatildeo e a formaccedilatildeo integral do aluno
Diante deste cenaacuterio considero necessaacuterio uma anaacutelise mais apro-
fundada nas propostas curriculares que deveratildeo ser a base para o redese-
nho curricular proposto pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para o
Ensino Meacutedio ndash Resoluccedilatildeo CMNECEB n2 de 30 de janeiro de 2012
com o objetivo de promover o desenvolvimento de praacuteticas educativas
efetivas com foco na formaccedilatildeo humana integral
Em consonacircncia com a Lei de Diretrizes e Base da Educaccedilatildeo Na-
cional (Lei nordm 9394 de 20 de dezembro de 1996 ndash LDB) e as Diretrizes
Curriculares Nacionais do Ensino Meacutedio (Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 2 de
30 de janeiro de 2012) Tal objetivo se baseia na proposta de ampliar a
oferta puacuteblica de ensino meacutedio de qualidade gratuito pedagogicamente
integrado ao seu caraacuteter formativo em termos de cultura trabalho ciecircncia
e tecnologia
Capiacutetulo II Art 5ordm O Ensino Meacutedio em todas as suas formas de oferta e
organizaccedilatildeo baseia-se em I ndash formaccedilatildeo integral do estudante [] VIII ndash in-
tegraccedilatildeo entre educaccedilatildeo e as dimensotildees do trabalho da ciecircncia da tecnologia e da cultura como base da proposta e do desenvolvimento curricular
(DCNEM ndash Resoluccedilatildeo nordm 2 de 30 de janeiro 2012)
Partindo desta concepccedilatildeo as consideraccedilotildees feitas pelas Diretrizes
Curriculares Nacionais sobre o curriacuteculo para o Ensino Meacutedio se orienta
pela busca de uma formaccedilatildeo humana integral que se faz por meio de uma
organizaccedilatildeo curricular integrada
[] agrave compreensatildeo dos indiviacuteduos em sua inteireza isto eacute tomar os educan-
dos em suas muacuteltiplas dimensotildees intelectual afetiva social corpoacuterea com vistas a propiciar um itineraacuterio formativo que potencialize o desenvolvimento
humano em sua plenitude que se realiza pelo desenvolvimento da autonomia
intelectual e moral [] como a grande finalidade do projeto educativo voltado para a formaccedilatildeo humana integral (Parecer CNECEB 052011 e Resoluccedilatildeo
CNECEB nordm 022012 DCN Caderno3 O Curriacuteculo do Ensino Meacutedio Seus
Sujeitos e a Formaccedilatildeo Humana Integral p 4)
Desta forma o princiacutepio pedagoacutegico especiacutefico do ensino meacutedio
privilegia a praacutetica no meacutetodo de estudo e pesquisa que conduz agrave auto-
nomia de estudos autonomia intelectual e moral Conforme a Lei de
Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo (LBD)
Artigo 35 inciso III O aprimoramento do educando como pessoa huma-na incluindo a formaccedilatildeo eacutetica e o desenvolvimento da autonomia intelectual e
do pensamento criacutetico (Lei nordm 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da Educa-
ccedilatildeo Nacional ndash LDB)
Vale destacar que com base no Projeto de Lei nordm 80352010 que
uma das metas do Plano Nacional de Educaccedilatildeo eacute a universalizaccedilatildeo do
atendimento dos 15 aos 17 anos ndash ateacute 2020
[] II ndash universalizaccedilatildeo do atendimento escolar III ndash superaccedilatildeo das desigual-
dades educacionais IV ndash melhoria da qualidade do ensino V ndash formaccedilatildeo para
o trabalho VI ndash promoccedilatildeo da sustentabilidade socioambiental VII ndash promo-
ccedilatildeo humaniacutestica cientiacutefica e tecnoloacutegica do paiacutes [] (Projeto de Lei nordm 80352010Art 2ordm PNE -20112020)
Mas de que modo isso pode ocorrer Peregrino (2011) mostra que
ldquoa expansatildeo escolar se deparou com os conflitos advindos da diversidade
cultural mas tambeacutem da quantidade de alunos em um contexto em que as
poliacuteticas puacuteblicas e as accedilotildees governamentais natildeo acompanharam essa
expansatildeordquo (FERREIRA 2011 p 83)
Com ecircnfase na compreensatildeo dos sujeitos e das juventudes presen-
tes no ensino meacutedio as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino
Meacutedio torna-se documento fundamental para a orientaccedilatildeo das propostas
curriculares Com base no direito agrave aprendizagem e ao desenvolvimento
integral como aspectos fundamentais para que as escolas redesenhem
seus curriacuteculos
E assim as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Meacutedio
dispotildee para o curriacuteculo
A integraccedilatildeo curricular entre as dimensotildees do trabalho ciecircncia tecnolo-
gia e cultura constitui-se no fundamento para a seleccedilatildeo dos conhecimentos disciplinas metodologias estrateacutegias tempos espaccedilos arranjos curriculares
alternativos e formas de avaliaccedilatildeo BRASIL 2011 p 20)
E acrescenta em relaccedilatildeo a organizaccedilatildeo curricular para o ensino
meacutedio ldquoa organizaccedilatildeo dos conteuacutedos de ensino em estudos ou aacutereas
interdisciplinares e projetos que melhor abriguem a visatildeo orgacircnica do
conhecimento e o diaacutelogo permanente entre as diferentes aacutereas do saberrdquo
(BRASIL 2002 p 87)
Como podemos perceber o projeto de formaccedilatildeo humana integral
no curriacuteculo do ensino meacutedio visa a construccedilatildeo de um projeto coletivo
considerando as caracteriacutesticas sociais econocircmicas poliacuteticas culturais e
laborais da sociedade do entorno escolar e dos sujeitos estudantes e
professores da unidade escolar Nessa vertente Frigotto Ciavatta e Ra-
mos (2005) esclarece o que se busca como formaccedilatildeo humana
Como formaccedilatildeo humana o que se busca eacute garantir ao adolescente ao jo-vem e ao adulto trabalhador o direito a uma formaccedilatildeo completa para a leitura
do mundo e para a atuaccedilatildeo como cidadatildeo pertencente a um paiacutes integrado
dignamente a sua sociedade poliacutetica Formaccedilatildeo que neste sentido supotildee a compreensatildeo das relaccedilotildees sociais subjacentes a todos os fenocircmenos (FRI-
GOTTO CIAVATTA RAMOS 2005 p 85)
ldquoUma educaccedilatildeo que ajude a ler a realidaderdquo (FREIRE 1987 p
14) que ajude a compreender essa realidade criticamente Isso significa
identificar componentes e conteuacutedos curriculares que permitam fazer
relaccedilotildees cada vez mais amplas e profundas entre os fenocircmenos que se
quer ldquoapreenderrdquo e a realidade na qual eles se inserem
4 Consideraccedilotildees finais
Este artigo objetivou uma breve reflexatildeo a respeito das atividades
propostas nas escolas de ensino meacutedio partindo da mediaccedilatildeo da tecnolo-
gia como forma de valorizar a informaccedilatildeo e o conhecimento como fer-
ramenta educativa que facilite o diaacutelogo entre os jovens e a escola
As novas tecnologias facilitam a troca de informaccedilotildees em todas as suas variaccedilotildees sejam elas imagens sons graacuteficos ou textos que com essas novas
experiecircncias potencializam que outros saberes sejam agregados em nossos
sentidos que podem se articular numa inteligecircncia coletiva (LEacuteVY 2010 p 58)
Visto desta maneira contribui para superar o meramente instru-
mental auxiliando os professores a buscar formas de lidar com a cultura
digital como experiecircncia interdisciplinar e democraacutetica que possibilite o
diaacutelogo entre os saberes e tambeacutem com o mundo
Pela ecircnfase na abordagem interdisciplinar dos conteuacutedos curricu-
lares para o desenvolvimento integral dos estudantes do ensino meacutedio
foi possiacutevel traccedilar um paralelo com as propostas curriculares estabeleci-
das pelas Diretrizes Curriculares do Ensino Meacutedio
Em relaccedilatildeo ao ensino meacutedio em especial acredito que o primeiro
passo eacute consideraacute-lo natildeo como ldquomeacutediordquo que se situa entre o ensino fun-
damental e o superior mas sim como uma etapa conclusiva da educaccedilatildeo
baacutesica que deve ter uma ldquobaserdquo capaz de ampliar o acesso ao saber para
a garantia do processo de formaccedilatildeo humana integral Nas palavras de
Morin (2012) ldquoEssa tomada de consciecircncia implica tambeacutem em um
grande esforccedilo de formaccedilatildeo e educaccedilatildeo [] provoca-nos e obriga-nos a
lanccedilar novamente velhas questotildees que civilizaccedilatildeo queremos construir no
seacuteculo XXIrdquo (MORIN 2012 p 478)
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saberes baseado em uma metodologia interdisciplinar como forma de
educar para a vida Isso implicaria em uma anaacutelise sobre a proposta de
formaccedilatildeo humana integral no contexto escolar Conforme Morin (2010)
ldquoConveacutem fazer a convergecircncia de diversos ensinamentos mobilizar
diversas ciecircncias e disciplinas para ensinar a enfrentar a incertezardquo
(MORIN 2010 p 56)
Eacute o que este artigo apresenta em paralelo ao uso das Tecnologias
de Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo como ferramenta para ldquonavegarrdquo na incer-
teza proacutepria dos novos temposCom esta intenccedilatildeo inicialmente apresento
algumas implicaccedilotildees sobre o uso das tecnologias digitais pelos jovens
alunos denominados por Prensky (2002) como ldquonativos digitaisrdquo pela
vivecircncia intensa apresentada com a tecnologia
E assim investigar as relaccedilotildees entre a educaccedilatildeo e as Tecnologias
de Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo em termos de acesso agrave um modelo de
inovaccedilatildeo e criatividade baseado na associaccedilatildeo ndash integraccedilatildeo ndash elaboraccedilatildeo
ndash comunicaccedilatildeo conforme apresentado por Mota e Scott (2014) no qual
enfatizam a inclusatildeo das tecnologias digitais na promoccedilatildeo de um apren-
dizado colaborativo e atraente entre aluno e professor e entre os proacuteprios
alunos O que nos aproxima da ideia do aluno como construtor do proacute-
prio conhecimento no processo de ensino-aprendizagem
Esta abordagem permite apresentar a cibercultura como um meio
de abertura agraves novas possibilidades de se ofertar ao aluno espaccedilos con-
textualizados de aprendizagem Nesse cenaacuterio Pierre Leacutevy (2010) convi-
da a educaccedilatildeo repensar os caminhos da humanidade com o advento das
tecnologias digitais reconhecendo dois fatos
Em primeiro lugar o crescimento do ciberespaccedilo resulta de um movimen-
to internacional de jovens aacutevidos para experimentar coletivamente formas de
comunicaccedilatildeo diferentes daquelas que as miacutedias claacutessicas nos propotildeem Em segundo lugar que estamos vivendo a abertura de um novo espaccedilo de comu-
nicaccedilatildeo e cabe apenas a noacutes explorar as potencialidades mais positivas deste
espaccedilo nos planos econocircmico poliacutetico cultural e humano (LEacuteVY 2010 p 11)
Diante de tal constataccedilatildeo podemos dizer que o avanccedilo da ciecircncia
e da tecnologia proporciona a formaccedilatildeo de indiviacuteduos cada vez mais
integrados no ciberespaccedilo o que esboccedila uma nova relaccedilatildeo com o saber e
as reformas educacionais que ela exige
Para em seguida centralizar nas recentes iniciativas e projetos
educacionais partindo dos princiacutepios da formaccedilatildeo humana integral con-
forme estabelecido pelas Diretrizes Curriculares Nacionais em uma
abordagem interdisciplinar das praacuteticas educativas em torno do eixo
trabalho ciecircncia tecnologia e cultura Neste sentido busca a reestrutura-
ccedilatildeo pedagoacutegica e organizaccedilatildeo curricular das escolas puacuteblicas de ensino
meacutedio baseada na socializaccedilatildeo de conhecimentos na perspectiva da cons-
truccedilatildeo da cidadania O que instiga uma reflexatildeo mais aprofundada sobre
que educaccedilatildeo eacute concebida nas escolas puacuteblicas de ensino meacutedio atual-
mente E que indiviacuteduos queremos formar
2 As tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo e o Jovens
Fato evidente eacute que a interaccedilatildeo das tecnologias de informaccedilatildeo e
comunicaccedilatildeo no cotidiano dos jovens eacute muito intensa Mark Prensky
(2002) criou o termo ldquonativos digitaisrdquo para designar todos aqueles que
nasceram nesse periacuteodo de avanccedilo tecnoloacutegico e se aproveitam de suas
potencialidades Conforme Faacutebio Tagnin
Nossos jovens natildeo chegaram a conhecer um mundo sem videogames e-
mail e mensagens instantacircneas Natildeo eacute preciso ir muito longe para afirmar o
que diversos estudos confirmam que os haacutebitos dos jovens de hoje satildeo muito
diferentes daqueles dos seus pais e professores Eles vecircm sendo chamados de
ldquonativos digitaisrdquo que aderem de maneira transparente e automaacutetica agraves tecno-logias emergentes enquanto os adultos satildeo chamados de ldquomigrantes digitaisrdquo
aqueles que precisam adaptar-se ndash natildeo sem alguma dificuldade ndash agraves novas fer-
ramentas e novas formas de fazer as coisas (TAGNIN 2008 s p)
Como se pode perceber essa nova geraccedilatildeo considera que esses
recursos estejam de tal forma integrada em suas vidas diaacuterias que sequer
percebem como tecnologia Os jovens jaacute se naturalizaram ao uso destas
tecnologias E uma das consequecircncias mais diretas constitui-se por dife-
rentes maneiras de ser e estar no mundo Como as tecnologias de infor-
maccedilatildeo e comunicaccedilatildeo favorece um cenaacuterio dialoacutegico a comunicaccedilatildeo
torna-se um imperativo para estes jovens Portanto eles tecircm mais contato
entre si do que os jovens das geraccedilotildees anteriores e consequentemente
estabelecem novos meios de expressatildeo e de relacionamentos enfim haacute
uma nova sociabilidade
Como o pretendido eacute estabelecer uma breve reflexatildeo sobre a rela-
ccedilatildeo dos jovens com as tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo e a
internet torna-se necessaacuterio algumas colocaccedilotildees como por exemplo
Quanto tempo acessam a internet Como se apropriam destas tecnologias
no seu cotidiano
Segundo a pesquisa quantitativa sobre ldquoO uso da Internetrdquo reali-
zada pelo IBOPE Inteligecircncia por meio de entrevistas face a face no
periacuteodo de 11 a 22 de janeiro de 2013 Entre os jovens brasileiros que
afirmam ter acessado agrave internet nos uacuteltimos 3 meses a maioria declara
utilizaacute-la majoritariamente em busca de diversatildeo (75) para se comuni-
car com os amigos (66) fazer trabalhos escolares (61) e utilizar ser-
viccedilo de busca de informaccedilotildees (40)
Atividades online
Obs As porcentagens acima se referem somente aos jovens que
afirmam ter utilizado a internet nos uacuteltimos 3 meses Trata-se de questatildeo
que permite o assinalar de muacuteltiplas respostas e por tanto o valor final
excede 100
Ainda de acordo com a mesma pesquisa que se refere as ferra-
mentas mais usadas Percebe-se que dos jovens entrevistados o uso de
ferramentas para produccedilatildeo de conteuacutedo como blogs (10) microblog
(19) foacuteruns e listas de discussatildeo (5) natildeo chega a ser expressivo
Ferramentas mais usadas
Obs As porcentagens acima se referem somente aos jovens que
afirmam ter utilizado a internet nos uacuteltimos 3 meses Trata-se de questatildeo
que permite o assinalar de muacuteltiplas respostas e por tanto o valor final
excede 100
De uma maneira geral o resultado da pesquisa reflete a tendecircncia
ao entretenimento a distraccedilatildeo no uso das tecnologias no cotidiano dos
jovens Assim sendo parto da seguinte questatildeo Eacute possiacutevel apropriar-se
do estilo comunicativo disponibilizado pelas tecnologias natildeo apenas
como um local de troca de busca de informaccedilotildees e encontros de lazer
entre pessoas mas tambeacutem como um local para estimular os jovens na
produccedilatildeo e interaccedilatildeo de conhecimentos que possa ser incorporado nos
processos de escolarizaccedilatildeo
Ciente do desafio devemos nos preparar para enfrentar de um la-
do o problema da falta de infraestrutura adequada principalmente se
considerarmos o cenaacuterio da maioria das escolas puacuteblicas para a criaccedilatildeo
de ambientes fiacutesicos e virtuais de aprendizagem E de outro a necessida-
de de estabelecer novos arranjos sociais para a educaccedilatildeo na busca do
diaacutelogo como forma de mobilizar alunos e professores a pensar critica-
mente sobre o que a internet oferece na possibilidade de tornar o conhe-
cimento mais acessiacutevel motivador e capaz de fomentar o interesse dos
alunos pelo conteuacutedo do curriacuteculo escolar
Percebe-se que agrave medida que as tecnologias avanccedilam haacute uma
demanda de novas abordagens pedagoacutegicas que se ajustem ao contexto
das tecnologias disponiacuteveis
Ao tratar de novas maneiras de ensinar e aprender disponibiliza-
das pelas novas tecnologias digitais na educaccedilatildeo Mota e Scott (2014)
denominam como os momentos iniciais da convivecircncia com a Terceira
Revoluccedilatildeo Educacional
Para os autores a incorporaccedilatildeo das tecnologias digitais na educa-
ccedilatildeo maximiza oportunidades de novas abordagens de produccedilatildeo e transfe-
recircncia do conhecimento em um ambiente virtual interativo e atraente O
que permite que o docente transcenda a sala de aula para incorporar no-
vos espaccedilos de conhecimento abertos pelas tecnologias digitais amplian-
do as fronteiras do espaccedilo fiacutesico E assim oferecer a oportunidade de
transitar dentro de uma perspectiva interdisciplinar o tratamento dos
conhecimentos a serem trabalhados na escola
O escopo da aprendizagem tem sido largamente estendido tal que em vez
de se referir somente agrave aquisiccedilatildeo simples do conhecimento hoje os focos in-cluem tambeacutem habilidades e preparaccedilatildeo para iniciativas diversas tais como
colaboraccedilotildees interdisciplinares trabalhos em equipe estabelecimento de rede
de relacionamentos e habilidades em resolver problemas (MOTA amp SCOTT 2014 p 38)
No que resulta em novas praacuteticas no processo de aprendizagem
centrado nos modelos de diaacutelogos como os adotados por Laurillard
(2002) que funcionaria como um suporte para o processo de aprendiza-
gem Conforme afirma na colaboraccedilatildeo entre pares
Educandos seratildeo motivados a aprimorar suas praacuteticas se puderem com-
partilhar seus resultados com seus pares e seratildeo motivados a melhorar suas
praacuteticas e ampliar suas visotildees conceituais se puderem refletir sobre suas expe-riecircncias atraveacutes de discussotildees de seus resultados com seus pares (LAURIL-
LARD 2002 p 57)
E ainda de acordo com a autora em um trabalho mais recente ela
ressalta a anaacutelise coletiva e permanente na praacutetica de ensino
As tecnologias digitais poderiam criar possibilidades de desenvolver es-
paccedilos comuns que permitam e estimulem o acesso e a participaccedilatildeo de todos os professores viabilizando uma anaacutelise coletiva e permanente [] com um uacuteni-
co objetivo de ajudar professores a ensinar e estudantes a aprender (LAU-
RILLARD 2012 p 58)
Diante de tais afirmaccedilotildees podemos perceber que natildeo eacute apenas
dispor de recursos tecnoloacutegicos em sala de aula trata-se de mudar a for-
ma como professores e alunos concebem o uso e as funccedilotildees das tecnolo-
gias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo como ferramentas para propiciar a
conexatildeo entre novos espaccedilos de conhecimento Neste sentido a comuni-
caccedilatildeo atraveacutes do ciberespaccedilo pode ser muito uacutetil No dizer de Leacutevy
(2010)
A grande questatildeo da cibercultura ndash tanto no plano de reduccedilatildeo dos custos como no do acesso de todos agrave educaccedilatildeo ndash natildeo eacute tanto a passagem do presenci-
al agrave distacircncia nem do escrito e oral tradicionais agrave multimiacutedia Eacute a transiccedilatildeo de
uma educaccedilatildeo e de uma formaccedilatildeo estritamente institucionalizadas (a escola a universidade) para uma situaccedilatildeo de troca generalizada dos saberes (LEacuteVY
2010 p 172)
Em suma mediante a transiccedilatildeo de um conhecimento pronto e
acabado para um novo modelo de conhecimento aberto e evolutivo com
o acesso agrave cibercultura que permite produzir conhecimento coletivamente
no intercacircmbio de saberes em diversas instacircncias sociais Sendo possiacutevel
proporcionar o diaacutelogo entre disciplinas explorando abordagens interdis-
ciplinares ao longo das atividades escolares assim como orientar os
alunos para que saibam selecionar as informaccedilotildees em meio ao ldquodiluacutevio
informacionalrdquo (LEacuteVY 2010) que recebemos diariamente Segundo
Mota e Scott (2014)
visando incorporar novas perspectivas educacionais bem como possibilitar a
plena integraccedilatildeo entre disciplinas de meacutetodo e conteuacutedo tal que a compreen-satildeo de mundo possa decorrer tambeacutem de pensamentos e visotildees interdisciplina-
res (MOTA amp SCOTT 2014 p 54)
3 Uma visatildeo dos impasses e das perspectivas das praacuteticas escolares
de formaccedilatildeo humana integral a partir das dimensotildees do trabalho
da ciecircncia tecnologia e cultura
Ao refletirmos sobre o panorama da situaccedilatildeo atual do ensino meacute-
dio eacute necessaacuterio considerar que ateacute os anos 90 apenas 16 dos jovens
brasileiros estavam no ensino meacutedio Com a recente expansatildeo das opor-
tunidades escolares a escola puacuteblica de ensino meacutedio recebe um grupo
diversificado de jovens Como pode ser percebido pela evoluccedilatildeo da por-
centagem de jovens que frequentam a escola
Um puacuteblico novo mais heterogecircneo sobretudo jovens dos setores
populares que traz para o interior da instituiccedilatildeo escolar a diversidade da
condiccedilatildeo juvenil e tambeacutem as desigualdades sociais e econocircmicas que
marcam sua condiccedilatildeo Conforme esclarece Abramo (2001)
A condiccedilatildeo juvenil refere-se ao modo como uma sociedade constitui e
atribui significado a esse momento do ciclo de vida que alcanccedila uma abran-gecircncia social maior referida a uma dimensatildeo histoacuterico-geracional ao passo
que a situaccedilatildeo dos jovens revela o modo como tal condiccedilatildeo eacute vivida a partir
dos diversos recortes referentes agraves diferenccedilas sociais ndash classe gecircnero etnia etc (ABRAMO 2001 p 93)
Entretanto em uma anaacutelise quantitativa do ensino meacutedio perce-
be-se uma contradiccedilatildeo que apesar da maior democratizaccedilatildeo no acesso ao
sistema escolar o Brasil natildeo foi capaz de reduzir o percentual de jovens
que natildeo frequentam a escola e as taxas de repetecircncia que acarreta a dis-
torccedilatildeo seacuterieidade na mesma intensidade Conforme aponta os iacutendices
educacionais levantados pelo Instituto Nacional e Estudos e Pesquisas
(INEP)
De acordo com a pesquisa Motivos da Evasatildeo Escolar realizada
pela Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas ndash FGV-RJ com o objetivo de analisar as
causas da evasatildeo escolar na visatildeo dos proacuteprios jovens e de seus pais
40 dos jovens de 15 a 17 anos que evadem deixam de estudar porque a
escola eacute desinteressante
Segundo os dados divulgados o problema da evasatildeo atinge quase
20 da populaccedilatildeo jovem eacute decorrente da falta de interesse do jovem em
permanecer na escola A situaccedilatildeo torna-se mais agravante quando anali-
samos que a evasatildeo na escola acarreta a exclusatildeo desses jovens da en-
trada do mundo de trabalho moderno pela falta de entendimento da im-
portacircncia da educaccedilatildeo como um investimento para o projeto de vida
futura Pais (2006) destaca ldquoPara muitos jovens o mundo da escola pare-
ce aleatoacuterio as avaliaccedilotildees satildeo aleatoacuterias os diplomas idem o futuro
aspas aspasrdquo (PAIS 2006 p 12)
Nesta perspectiva haacute o que a escola deseja e faz e o que a juven-
tude traz para ela suas demandas e necessidades ao longo do seu ciclo de
vida Na medida em que ela natildeo consegue adaptar-se passa a ser rejeita-
da considerada anacrocircnica inadequada e desinteressante para uma par-
cela significativa dos jovens o que leva a evasatildeo
Neste sentido eacute fundamental conhecer estes sujeitos a forma
como lidam com o espaccedilo escolar com os conhecimentos escolares em
meio aos avanccedilos trazidos pela ciecircncia e pela tecnologia mas tambeacutem
em meio agraves incertezas do mundo contemporacircneo ldquoImplica estabelecer
cada vez mais relaccedilotildees entre sua condiccedilatildeo juvenil e o estatuto de aluno
tendo de definir a utilidade social dos seus estudos o sentido das apren-
dizagens e principalmente seu projeto de futurordquo (DAYRELL 1996)
No que diz respeito especificamente ao ensino meacutedio o Ministeacute-
rio de Educaccedilatildeo e Cultura (MEC) anunciou um conjunto de accedilotildees por
meio de programas junto aos estados municiacutepios e Distrito Federal
capazes de motivar e reter os estudantes ateacute o final do ensino meacutedio
Com implementaccedilatildeo de reformas e poliacuteticas educacionais para o niacutevel
meacutedio na garantia do direito agrave educaccedilatildeo e a formaccedilatildeo integral do aluno
Diante deste cenaacuterio considero necessaacuterio uma anaacutelise mais apro-
fundada nas propostas curriculares que deveratildeo ser a base para o redese-
nho curricular proposto pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para o
Ensino Meacutedio ndash Resoluccedilatildeo CMNECEB n2 de 30 de janeiro de 2012
com o objetivo de promover o desenvolvimento de praacuteticas educativas
efetivas com foco na formaccedilatildeo humana integral
Em consonacircncia com a Lei de Diretrizes e Base da Educaccedilatildeo Na-
cional (Lei nordm 9394 de 20 de dezembro de 1996 ndash LDB) e as Diretrizes
Curriculares Nacionais do Ensino Meacutedio (Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 2 de
30 de janeiro de 2012) Tal objetivo se baseia na proposta de ampliar a
oferta puacuteblica de ensino meacutedio de qualidade gratuito pedagogicamente
integrado ao seu caraacuteter formativo em termos de cultura trabalho ciecircncia
e tecnologia
Capiacutetulo II Art 5ordm O Ensino Meacutedio em todas as suas formas de oferta e
organizaccedilatildeo baseia-se em I ndash formaccedilatildeo integral do estudante [] VIII ndash in-
tegraccedilatildeo entre educaccedilatildeo e as dimensotildees do trabalho da ciecircncia da tecnologia e da cultura como base da proposta e do desenvolvimento curricular
(DCNEM ndash Resoluccedilatildeo nordm 2 de 30 de janeiro 2012)
Partindo desta concepccedilatildeo as consideraccedilotildees feitas pelas Diretrizes
Curriculares Nacionais sobre o curriacuteculo para o Ensino Meacutedio se orienta
pela busca de uma formaccedilatildeo humana integral que se faz por meio de uma
organizaccedilatildeo curricular integrada
[] agrave compreensatildeo dos indiviacuteduos em sua inteireza isto eacute tomar os educan-
dos em suas muacuteltiplas dimensotildees intelectual afetiva social corpoacuterea com vistas a propiciar um itineraacuterio formativo que potencialize o desenvolvimento
humano em sua plenitude que se realiza pelo desenvolvimento da autonomia
intelectual e moral [] como a grande finalidade do projeto educativo voltado para a formaccedilatildeo humana integral (Parecer CNECEB 052011 e Resoluccedilatildeo
CNECEB nordm 022012 DCN Caderno3 O Curriacuteculo do Ensino Meacutedio Seus
Sujeitos e a Formaccedilatildeo Humana Integral p 4)
Desta forma o princiacutepio pedagoacutegico especiacutefico do ensino meacutedio
privilegia a praacutetica no meacutetodo de estudo e pesquisa que conduz agrave auto-
nomia de estudos autonomia intelectual e moral Conforme a Lei de
Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo (LBD)
Artigo 35 inciso III O aprimoramento do educando como pessoa huma-na incluindo a formaccedilatildeo eacutetica e o desenvolvimento da autonomia intelectual e
do pensamento criacutetico (Lei nordm 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da Educa-
ccedilatildeo Nacional ndash LDB)
Vale destacar que com base no Projeto de Lei nordm 80352010 que
uma das metas do Plano Nacional de Educaccedilatildeo eacute a universalizaccedilatildeo do
atendimento dos 15 aos 17 anos ndash ateacute 2020
[] II ndash universalizaccedilatildeo do atendimento escolar III ndash superaccedilatildeo das desigual-
dades educacionais IV ndash melhoria da qualidade do ensino V ndash formaccedilatildeo para
o trabalho VI ndash promoccedilatildeo da sustentabilidade socioambiental VII ndash promo-
ccedilatildeo humaniacutestica cientiacutefica e tecnoloacutegica do paiacutes [] (Projeto de Lei nordm 80352010Art 2ordm PNE -20112020)
Mas de que modo isso pode ocorrer Peregrino (2011) mostra que
ldquoa expansatildeo escolar se deparou com os conflitos advindos da diversidade
cultural mas tambeacutem da quantidade de alunos em um contexto em que as
poliacuteticas puacuteblicas e as accedilotildees governamentais natildeo acompanharam essa
expansatildeordquo (FERREIRA 2011 p 83)
Com ecircnfase na compreensatildeo dos sujeitos e das juventudes presen-
tes no ensino meacutedio as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino
Meacutedio torna-se documento fundamental para a orientaccedilatildeo das propostas
curriculares Com base no direito agrave aprendizagem e ao desenvolvimento
integral como aspectos fundamentais para que as escolas redesenhem
seus curriacuteculos
E assim as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Meacutedio
dispotildee para o curriacuteculo
A integraccedilatildeo curricular entre as dimensotildees do trabalho ciecircncia tecnolo-
gia e cultura constitui-se no fundamento para a seleccedilatildeo dos conhecimentos disciplinas metodologias estrateacutegias tempos espaccedilos arranjos curriculares
alternativos e formas de avaliaccedilatildeo BRASIL 2011 p 20)
E acrescenta em relaccedilatildeo a organizaccedilatildeo curricular para o ensino
meacutedio ldquoa organizaccedilatildeo dos conteuacutedos de ensino em estudos ou aacutereas
interdisciplinares e projetos que melhor abriguem a visatildeo orgacircnica do
conhecimento e o diaacutelogo permanente entre as diferentes aacutereas do saberrdquo
(BRASIL 2002 p 87)
Como podemos perceber o projeto de formaccedilatildeo humana integral
no curriacuteculo do ensino meacutedio visa a construccedilatildeo de um projeto coletivo
considerando as caracteriacutesticas sociais econocircmicas poliacuteticas culturais e
laborais da sociedade do entorno escolar e dos sujeitos estudantes e
professores da unidade escolar Nessa vertente Frigotto Ciavatta e Ra-
mos (2005) esclarece o que se busca como formaccedilatildeo humana
Como formaccedilatildeo humana o que se busca eacute garantir ao adolescente ao jo-vem e ao adulto trabalhador o direito a uma formaccedilatildeo completa para a leitura
do mundo e para a atuaccedilatildeo como cidadatildeo pertencente a um paiacutes integrado
dignamente a sua sociedade poliacutetica Formaccedilatildeo que neste sentido supotildee a compreensatildeo das relaccedilotildees sociais subjacentes a todos os fenocircmenos (FRI-
GOTTO CIAVATTA RAMOS 2005 p 85)
ldquoUma educaccedilatildeo que ajude a ler a realidaderdquo (FREIRE 1987 p
14) que ajude a compreender essa realidade criticamente Isso significa
identificar componentes e conteuacutedos curriculares que permitam fazer
relaccedilotildees cada vez mais amplas e profundas entre os fenocircmenos que se
quer ldquoapreenderrdquo e a realidade na qual eles se inserem
4 Consideraccedilotildees finais
Este artigo objetivou uma breve reflexatildeo a respeito das atividades
propostas nas escolas de ensino meacutedio partindo da mediaccedilatildeo da tecnolo-
gia como forma de valorizar a informaccedilatildeo e o conhecimento como fer-
ramenta educativa que facilite o diaacutelogo entre os jovens e a escola
As novas tecnologias facilitam a troca de informaccedilotildees em todas as suas variaccedilotildees sejam elas imagens sons graacuteficos ou textos que com essas novas
experiecircncias potencializam que outros saberes sejam agregados em nossos
sentidos que podem se articular numa inteligecircncia coletiva (LEacuteVY 2010 p 58)
Visto desta maneira contribui para superar o meramente instru-
mental auxiliando os professores a buscar formas de lidar com a cultura
digital como experiecircncia interdisciplinar e democraacutetica que possibilite o
diaacutelogo entre os saberes e tambeacutem com o mundo
Pela ecircnfase na abordagem interdisciplinar dos conteuacutedos curricu-
lares para o desenvolvimento integral dos estudantes do ensino meacutedio
foi possiacutevel traccedilar um paralelo com as propostas curriculares estabeleci-
das pelas Diretrizes Curriculares do Ensino Meacutedio
Em relaccedilatildeo ao ensino meacutedio em especial acredito que o primeiro
passo eacute consideraacute-lo natildeo como ldquomeacutediordquo que se situa entre o ensino fun-
damental e o superior mas sim como uma etapa conclusiva da educaccedilatildeo
baacutesica que deve ter uma ldquobaserdquo capaz de ampliar o acesso ao saber para
a garantia do processo de formaccedilatildeo humana integral Nas palavras de
Morin (2012) ldquoEssa tomada de consciecircncia implica tambeacutem em um
grande esforccedilo de formaccedilatildeo e educaccedilatildeo [] provoca-nos e obriga-nos a
lanccedilar novamente velhas questotildees que civilizaccedilatildeo queremos construir no
seacuteculo XXIrdquo (MORIN 2012 p 478)
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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lthttpblogsIntelcomeducacaodigital200807computacao_1_a_1_o_d
esafio_de_guiar_os_nativos_digitaisphpgt Publicado em 18072008
abordagem interdisciplinar das praacuteticas educativas em torno do eixo
trabalho ciecircncia tecnologia e cultura Neste sentido busca a reestrutura-
ccedilatildeo pedagoacutegica e organizaccedilatildeo curricular das escolas puacuteblicas de ensino
meacutedio baseada na socializaccedilatildeo de conhecimentos na perspectiva da cons-
truccedilatildeo da cidadania O que instiga uma reflexatildeo mais aprofundada sobre
que educaccedilatildeo eacute concebida nas escolas puacuteblicas de ensino meacutedio atual-
mente E que indiviacuteduos queremos formar
2 As tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo e o Jovens
Fato evidente eacute que a interaccedilatildeo das tecnologias de informaccedilatildeo e
comunicaccedilatildeo no cotidiano dos jovens eacute muito intensa Mark Prensky
(2002) criou o termo ldquonativos digitaisrdquo para designar todos aqueles que
nasceram nesse periacuteodo de avanccedilo tecnoloacutegico e se aproveitam de suas
potencialidades Conforme Faacutebio Tagnin
Nossos jovens natildeo chegaram a conhecer um mundo sem videogames e-
mail e mensagens instantacircneas Natildeo eacute preciso ir muito longe para afirmar o
que diversos estudos confirmam que os haacutebitos dos jovens de hoje satildeo muito
diferentes daqueles dos seus pais e professores Eles vecircm sendo chamados de
ldquonativos digitaisrdquo que aderem de maneira transparente e automaacutetica agraves tecno-logias emergentes enquanto os adultos satildeo chamados de ldquomigrantes digitaisrdquo
aqueles que precisam adaptar-se ndash natildeo sem alguma dificuldade ndash agraves novas fer-
ramentas e novas formas de fazer as coisas (TAGNIN 2008 s p)
Como se pode perceber essa nova geraccedilatildeo considera que esses
recursos estejam de tal forma integrada em suas vidas diaacuterias que sequer
percebem como tecnologia Os jovens jaacute se naturalizaram ao uso destas
tecnologias E uma das consequecircncias mais diretas constitui-se por dife-
rentes maneiras de ser e estar no mundo Como as tecnologias de infor-
maccedilatildeo e comunicaccedilatildeo favorece um cenaacuterio dialoacutegico a comunicaccedilatildeo
torna-se um imperativo para estes jovens Portanto eles tecircm mais contato
entre si do que os jovens das geraccedilotildees anteriores e consequentemente
estabelecem novos meios de expressatildeo e de relacionamentos enfim haacute
uma nova sociabilidade
Como o pretendido eacute estabelecer uma breve reflexatildeo sobre a rela-
ccedilatildeo dos jovens com as tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo e a
internet torna-se necessaacuterio algumas colocaccedilotildees como por exemplo
Quanto tempo acessam a internet Como se apropriam destas tecnologias
no seu cotidiano
Segundo a pesquisa quantitativa sobre ldquoO uso da Internetrdquo reali-
zada pelo IBOPE Inteligecircncia por meio de entrevistas face a face no
periacuteodo de 11 a 22 de janeiro de 2013 Entre os jovens brasileiros que
afirmam ter acessado agrave internet nos uacuteltimos 3 meses a maioria declara
utilizaacute-la majoritariamente em busca de diversatildeo (75) para se comuni-
car com os amigos (66) fazer trabalhos escolares (61) e utilizar ser-
viccedilo de busca de informaccedilotildees (40)
Atividades online
Obs As porcentagens acima se referem somente aos jovens que
afirmam ter utilizado a internet nos uacuteltimos 3 meses Trata-se de questatildeo
que permite o assinalar de muacuteltiplas respostas e por tanto o valor final
excede 100
Ainda de acordo com a mesma pesquisa que se refere as ferra-
mentas mais usadas Percebe-se que dos jovens entrevistados o uso de
ferramentas para produccedilatildeo de conteuacutedo como blogs (10) microblog
(19) foacuteruns e listas de discussatildeo (5) natildeo chega a ser expressivo
Ferramentas mais usadas
Obs As porcentagens acima se referem somente aos jovens que
afirmam ter utilizado a internet nos uacuteltimos 3 meses Trata-se de questatildeo
que permite o assinalar de muacuteltiplas respostas e por tanto o valor final
excede 100
De uma maneira geral o resultado da pesquisa reflete a tendecircncia
ao entretenimento a distraccedilatildeo no uso das tecnologias no cotidiano dos
jovens Assim sendo parto da seguinte questatildeo Eacute possiacutevel apropriar-se
do estilo comunicativo disponibilizado pelas tecnologias natildeo apenas
como um local de troca de busca de informaccedilotildees e encontros de lazer
entre pessoas mas tambeacutem como um local para estimular os jovens na
produccedilatildeo e interaccedilatildeo de conhecimentos que possa ser incorporado nos
processos de escolarizaccedilatildeo
Ciente do desafio devemos nos preparar para enfrentar de um la-
do o problema da falta de infraestrutura adequada principalmente se
considerarmos o cenaacuterio da maioria das escolas puacuteblicas para a criaccedilatildeo
de ambientes fiacutesicos e virtuais de aprendizagem E de outro a necessida-
de de estabelecer novos arranjos sociais para a educaccedilatildeo na busca do
diaacutelogo como forma de mobilizar alunos e professores a pensar critica-
mente sobre o que a internet oferece na possibilidade de tornar o conhe-
cimento mais acessiacutevel motivador e capaz de fomentar o interesse dos
alunos pelo conteuacutedo do curriacuteculo escolar
Percebe-se que agrave medida que as tecnologias avanccedilam haacute uma
demanda de novas abordagens pedagoacutegicas que se ajustem ao contexto
das tecnologias disponiacuteveis
Ao tratar de novas maneiras de ensinar e aprender disponibiliza-
das pelas novas tecnologias digitais na educaccedilatildeo Mota e Scott (2014)
denominam como os momentos iniciais da convivecircncia com a Terceira
Revoluccedilatildeo Educacional
Para os autores a incorporaccedilatildeo das tecnologias digitais na educa-
ccedilatildeo maximiza oportunidades de novas abordagens de produccedilatildeo e transfe-
recircncia do conhecimento em um ambiente virtual interativo e atraente O
que permite que o docente transcenda a sala de aula para incorporar no-
vos espaccedilos de conhecimento abertos pelas tecnologias digitais amplian-
do as fronteiras do espaccedilo fiacutesico E assim oferecer a oportunidade de
transitar dentro de uma perspectiva interdisciplinar o tratamento dos
conhecimentos a serem trabalhados na escola
O escopo da aprendizagem tem sido largamente estendido tal que em vez
de se referir somente agrave aquisiccedilatildeo simples do conhecimento hoje os focos in-cluem tambeacutem habilidades e preparaccedilatildeo para iniciativas diversas tais como
colaboraccedilotildees interdisciplinares trabalhos em equipe estabelecimento de rede
de relacionamentos e habilidades em resolver problemas (MOTA amp SCOTT 2014 p 38)
No que resulta em novas praacuteticas no processo de aprendizagem
centrado nos modelos de diaacutelogos como os adotados por Laurillard
(2002) que funcionaria como um suporte para o processo de aprendiza-
gem Conforme afirma na colaboraccedilatildeo entre pares
Educandos seratildeo motivados a aprimorar suas praacuteticas se puderem com-
partilhar seus resultados com seus pares e seratildeo motivados a melhorar suas
praacuteticas e ampliar suas visotildees conceituais se puderem refletir sobre suas expe-riecircncias atraveacutes de discussotildees de seus resultados com seus pares (LAURIL-
LARD 2002 p 57)
E ainda de acordo com a autora em um trabalho mais recente ela
ressalta a anaacutelise coletiva e permanente na praacutetica de ensino
As tecnologias digitais poderiam criar possibilidades de desenvolver es-
paccedilos comuns que permitam e estimulem o acesso e a participaccedilatildeo de todos os professores viabilizando uma anaacutelise coletiva e permanente [] com um uacuteni-
co objetivo de ajudar professores a ensinar e estudantes a aprender (LAU-
RILLARD 2012 p 58)
Diante de tais afirmaccedilotildees podemos perceber que natildeo eacute apenas
dispor de recursos tecnoloacutegicos em sala de aula trata-se de mudar a for-
ma como professores e alunos concebem o uso e as funccedilotildees das tecnolo-
gias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo como ferramentas para propiciar a
conexatildeo entre novos espaccedilos de conhecimento Neste sentido a comuni-
caccedilatildeo atraveacutes do ciberespaccedilo pode ser muito uacutetil No dizer de Leacutevy
(2010)
A grande questatildeo da cibercultura ndash tanto no plano de reduccedilatildeo dos custos como no do acesso de todos agrave educaccedilatildeo ndash natildeo eacute tanto a passagem do presenci-
al agrave distacircncia nem do escrito e oral tradicionais agrave multimiacutedia Eacute a transiccedilatildeo de
uma educaccedilatildeo e de uma formaccedilatildeo estritamente institucionalizadas (a escola a universidade) para uma situaccedilatildeo de troca generalizada dos saberes (LEacuteVY
2010 p 172)
Em suma mediante a transiccedilatildeo de um conhecimento pronto e
acabado para um novo modelo de conhecimento aberto e evolutivo com
o acesso agrave cibercultura que permite produzir conhecimento coletivamente
no intercacircmbio de saberes em diversas instacircncias sociais Sendo possiacutevel
proporcionar o diaacutelogo entre disciplinas explorando abordagens interdis-
ciplinares ao longo das atividades escolares assim como orientar os
alunos para que saibam selecionar as informaccedilotildees em meio ao ldquodiluacutevio
informacionalrdquo (LEacuteVY 2010) que recebemos diariamente Segundo
Mota e Scott (2014)
visando incorporar novas perspectivas educacionais bem como possibilitar a
plena integraccedilatildeo entre disciplinas de meacutetodo e conteuacutedo tal que a compreen-satildeo de mundo possa decorrer tambeacutem de pensamentos e visotildees interdisciplina-
res (MOTA amp SCOTT 2014 p 54)
3 Uma visatildeo dos impasses e das perspectivas das praacuteticas escolares
de formaccedilatildeo humana integral a partir das dimensotildees do trabalho
da ciecircncia tecnologia e cultura
Ao refletirmos sobre o panorama da situaccedilatildeo atual do ensino meacute-
dio eacute necessaacuterio considerar que ateacute os anos 90 apenas 16 dos jovens
brasileiros estavam no ensino meacutedio Com a recente expansatildeo das opor-
tunidades escolares a escola puacuteblica de ensino meacutedio recebe um grupo
diversificado de jovens Como pode ser percebido pela evoluccedilatildeo da por-
centagem de jovens que frequentam a escola
Um puacuteblico novo mais heterogecircneo sobretudo jovens dos setores
populares que traz para o interior da instituiccedilatildeo escolar a diversidade da
condiccedilatildeo juvenil e tambeacutem as desigualdades sociais e econocircmicas que
marcam sua condiccedilatildeo Conforme esclarece Abramo (2001)
A condiccedilatildeo juvenil refere-se ao modo como uma sociedade constitui e
atribui significado a esse momento do ciclo de vida que alcanccedila uma abran-gecircncia social maior referida a uma dimensatildeo histoacuterico-geracional ao passo
que a situaccedilatildeo dos jovens revela o modo como tal condiccedilatildeo eacute vivida a partir
dos diversos recortes referentes agraves diferenccedilas sociais ndash classe gecircnero etnia etc (ABRAMO 2001 p 93)
Entretanto em uma anaacutelise quantitativa do ensino meacutedio perce-
be-se uma contradiccedilatildeo que apesar da maior democratizaccedilatildeo no acesso ao
sistema escolar o Brasil natildeo foi capaz de reduzir o percentual de jovens
que natildeo frequentam a escola e as taxas de repetecircncia que acarreta a dis-
torccedilatildeo seacuterieidade na mesma intensidade Conforme aponta os iacutendices
educacionais levantados pelo Instituto Nacional e Estudos e Pesquisas
(INEP)
De acordo com a pesquisa Motivos da Evasatildeo Escolar realizada
pela Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas ndash FGV-RJ com o objetivo de analisar as
causas da evasatildeo escolar na visatildeo dos proacuteprios jovens e de seus pais
40 dos jovens de 15 a 17 anos que evadem deixam de estudar porque a
escola eacute desinteressante
Segundo os dados divulgados o problema da evasatildeo atinge quase
20 da populaccedilatildeo jovem eacute decorrente da falta de interesse do jovem em
permanecer na escola A situaccedilatildeo torna-se mais agravante quando anali-
samos que a evasatildeo na escola acarreta a exclusatildeo desses jovens da en-
trada do mundo de trabalho moderno pela falta de entendimento da im-
portacircncia da educaccedilatildeo como um investimento para o projeto de vida
futura Pais (2006) destaca ldquoPara muitos jovens o mundo da escola pare-
ce aleatoacuterio as avaliaccedilotildees satildeo aleatoacuterias os diplomas idem o futuro
aspas aspasrdquo (PAIS 2006 p 12)
Nesta perspectiva haacute o que a escola deseja e faz e o que a juven-
tude traz para ela suas demandas e necessidades ao longo do seu ciclo de
vida Na medida em que ela natildeo consegue adaptar-se passa a ser rejeita-
da considerada anacrocircnica inadequada e desinteressante para uma par-
cela significativa dos jovens o que leva a evasatildeo
Neste sentido eacute fundamental conhecer estes sujeitos a forma
como lidam com o espaccedilo escolar com os conhecimentos escolares em
meio aos avanccedilos trazidos pela ciecircncia e pela tecnologia mas tambeacutem
em meio agraves incertezas do mundo contemporacircneo ldquoImplica estabelecer
cada vez mais relaccedilotildees entre sua condiccedilatildeo juvenil e o estatuto de aluno
tendo de definir a utilidade social dos seus estudos o sentido das apren-
dizagens e principalmente seu projeto de futurordquo (DAYRELL 1996)
No que diz respeito especificamente ao ensino meacutedio o Ministeacute-
rio de Educaccedilatildeo e Cultura (MEC) anunciou um conjunto de accedilotildees por
meio de programas junto aos estados municiacutepios e Distrito Federal
capazes de motivar e reter os estudantes ateacute o final do ensino meacutedio
Com implementaccedilatildeo de reformas e poliacuteticas educacionais para o niacutevel
meacutedio na garantia do direito agrave educaccedilatildeo e a formaccedilatildeo integral do aluno
Diante deste cenaacuterio considero necessaacuterio uma anaacutelise mais apro-
fundada nas propostas curriculares que deveratildeo ser a base para o redese-
nho curricular proposto pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para o
Ensino Meacutedio ndash Resoluccedilatildeo CMNECEB n2 de 30 de janeiro de 2012
com o objetivo de promover o desenvolvimento de praacuteticas educativas
efetivas com foco na formaccedilatildeo humana integral
Em consonacircncia com a Lei de Diretrizes e Base da Educaccedilatildeo Na-
cional (Lei nordm 9394 de 20 de dezembro de 1996 ndash LDB) e as Diretrizes
Curriculares Nacionais do Ensino Meacutedio (Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 2 de
30 de janeiro de 2012) Tal objetivo se baseia na proposta de ampliar a
oferta puacuteblica de ensino meacutedio de qualidade gratuito pedagogicamente
integrado ao seu caraacuteter formativo em termos de cultura trabalho ciecircncia
e tecnologia
Capiacutetulo II Art 5ordm O Ensino Meacutedio em todas as suas formas de oferta e
organizaccedilatildeo baseia-se em I ndash formaccedilatildeo integral do estudante [] VIII ndash in-
tegraccedilatildeo entre educaccedilatildeo e as dimensotildees do trabalho da ciecircncia da tecnologia e da cultura como base da proposta e do desenvolvimento curricular
(DCNEM ndash Resoluccedilatildeo nordm 2 de 30 de janeiro 2012)
Partindo desta concepccedilatildeo as consideraccedilotildees feitas pelas Diretrizes
Curriculares Nacionais sobre o curriacuteculo para o Ensino Meacutedio se orienta
pela busca de uma formaccedilatildeo humana integral que se faz por meio de uma
organizaccedilatildeo curricular integrada
[] agrave compreensatildeo dos indiviacuteduos em sua inteireza isto eacute tomar os educan-
dos em suas muacuteltiplas dimensotildees intelectual afetiva social corpoacuterea com vistas a propiciar um itineraacuterio formativo que potencialize o desenvolvimento
humano em sua plenitude que se realiza pelo desenvolvimento da autonomia
intelectual e moral [] como a grande finalidade do projeto educativo voltado para a formaccedilatildeo humana integral (Parecer CNECEB 052011 e Resoluccedilatildeo
CNECEB nordm 022012 DCN Caderno3 O Curriacuteculo do Ensino Meacutedio Seus
Sujeitos e a Formaccedilatildeo Humana Integral p 4)
Desta forma o princiacutepio pedagoacutegico especiacutefico do ensino meacutedio
privilegia a praacutetica no meacutetodo de estudo e pesquisa que conduz agrave auto-
nomia de estudos autonomia intelectual e moral Conforme a Lei de
Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo (LBD)
Artigo 35 inciso III O aprimoramento do educando como pessoa huma-na incluindo a formaccedilatildeo eacutetica e o desenvolvimento da autonomia intelectual e
do pensamento criacutetico (Lei nordm 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da Educa-
ccedilatildeo Nacional ndash LDB)
Vale destacar que com base no Projeto de Lei nordm 80352010 que
uma das metas do Plano Nacional de Educaccedilatildeo eacute a universalizaccedilatildeo do
atendimento dos 15 aos 17 anos ndash ateacute 2020
[] II ndash universalizaccedilatildeo do atendimento escolar III ndash superaccedilatildeo das desigual-
dades educacionais IV ndash melhoria da qualidade do ensino V ndash formaccedilatildeo para
o trabalho VI ndash promoccedilatildeo da sustentabilidade socioambiental VII ndash promo-
ccedilatildeo humaniacutestica cientiacutefica e tecnoloacutegica do paiacutes [] (Projeto de Lei nordm 80352010Art 2ordm PNE -20112020)
Mas de que modo isso pode ocorrer Peregrino (2011) mostra que
ldquoa expansatildeo escolar se deparou com os conflitos advindos da diversidade
cultural mas tambeacutem da quantidade de alunos em um contexto em que as
poliacuteticas puacuteblicas e as accedilotildees governamentais natildeo acompanharam essa
expansatildeordquo (FERREIRA 2011 p 83)
Com ecircnfase na compreensatildeo dos sujeitos e das juventudes presen-
tes no ensino meacutedio as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino
Meacutedio torna-se documento fundamental para a orientaccedilatildeo das propostas
curriculares Com base no direito agrave aprendizagem e ao desenvolvimento
integral como aspectos fundamentais para que as escolas redesenhem
seus curriacuteculos
E assim as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Meacutedio
dispotildee para o curriacuteculo
A integraccedilatildeo curricular entre as dimensotildees do trabalho ciecircncia tecnolo-
gia e cultura constitui-se no fundamento para a seleccedilatildeo dos conhecimentos disciplinas metodologias estrateacutegias tempos espaccedilos arranjos curriculares
alternativos e formas de avaliaccedilatildeo BRASIL 2011 p 20)
E acrescenta em relaccedilatildeo a organizaccedilatildeo curricular para o ensino
meacutedio ldquoa organizaccedilatildeo dos conteuacutedos de ensino em estudos ou aacutereas
interdisciplinares e projetos que melhor abriguem a visatildeo orgacircnica do
conhecimento e o diaacutelogo permanente entre as diferentes aacutereas do saberrdquo
(BRASIL 2002 p 87)
Como podemos perceber o projeto de formaccedilatildeo humana integral
no curriacuteculo do ensino meacutedio visa a construccedilatildeo de um projeto coletivo
considerando as caracteriacutesticas sociais econocircmicas poliacuteticas culturais e
laborais da sociedade do entorno escolar e dos sujeitos estudantes e
professores da unidade escolar Nessa vertente Frigotto Ciavatta e Ra-
mos (2005) esclarece o que se busca como formaccedilatildeo humana
Como formaccedilatildeo humana o que se busca eacute garantir ao adolescente ao jo-vem e ao adulto trabalhador o direito a uma formaccedilatildeo completa para a leitura
do mundo e para a atuaccedilatildeo como cidadatildeo pertencente a um paiacutes integrado
dignamente a sua sociedade poliacutetica Formaccedilatildeo que neste sentido supotildee a compreensatildeo das relaccedilotildees sociais subjacentes a todos os fenocircmenos (FRI-
GOTTO CIAVATTA RAMOS 2005 p 85)
ldquoUma educaccedilatildeo que ajude a ler a realidaderdquo (FREIRE 1987 p
14) que ajude a compreender essa realidade criticamente Isso significa
identificar componentes e conteuacutedos curriculares que permitam fazer
relaccedilotildees cada vez mais amplas e profundas entre os fenocircmenos que se
quer ldquoapreenderrdquo e a realidade na qual eles se inserem
4 Consideraccedilotildees finais
Este artigo objetivou uma breve reflexatildeo a respeito das atividades
propostas nas escolas de ensino meacutedio partindo da mediaccedilatildeo da tecnolo-
gia como forma de valorizar a informaccedilatildeo e o conhecimento como fer-
ramenta educativa que facilite o diaacutelogo entre os jovens e a escola
As novas tecnologias facilitam a troca de informaccedilotildees em todas as suas variaccedilotildees sejam elas imagens sons graacuteficos ou textos que com essas novas
experiecircncias potencializam que outros saberes sejam agregados em nossos
sentidos que podem se articular numa inteligecircncia coletiva (LEacuteVY 2010 p 58)
Visto desta maneira contribui para superar o meramente instru-
mental auxiliando os professores a buscar formas de lidar com a cultura
digital como experiecircncia interdisciplinar e democraacutetica que possibilite o
diaacutelogo entre os saberes e tambeacutem com o mundo
Pela ecircnfase na abordagem interdisciplinar dos conteuacutedos curricu-
lares para o desenvolvimento integral dos estudantes do ensino meacutedio
foi possiacutevel traccedilar um paralelo com as propostas curriculares estabeleci-
das pelas Diretrizes Curriculares do Ensino Meacutedio
Em relaccedilatildeo ao ensino meacutedio em especial acredito que o primeiro
passo eacute consideraacute-lo natildeo como ldquomeacutediordquo que se situa entre o ensino fun-
damental e o superior mas sim como uma etapa conclusiva da educaccedilatildeo
baacutesica que deve ter uma ldquobaserdquo capaz de ampliar o acesso ao saber para
a garantia do processo de formaccedilatildeo humana integral Nas palavras de
Morin (2012) ldquoEssa tomada de consciecircncia implica tambeacutem em um
grande esforccedilo de formaccedilatildeo e educaccedilatildeo [] provoca-nos e obriga-nos a
lanccedilar novamente velhas questotildees que civilizaccedilatildeo queremos construir no
seacuteculo XXIrdquo (MORIN 2012 p 478)
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caccedilatildeoCacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica 2012
______ Projeto de Lei nordm 80352010 Metas do Plano Nacional de Edu-
caccedilatildeo para o dececircnio 2011-2020 (PNE ndash 20112020) Brasiacutelia 2011
______ Portaria nordm 971 09 de outubro de 2011 que institui o Programa
Ensino Meacutedio Inovador (ProEMI) Brasiacutelia 2011
______ Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Meacutedia e Tec-
noloacutegica Paracircmetros Curriculares Nacionais Ensino Meacutedio Brasiacutelia
Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 2002
COMITEcirc Gestor da Internet no Brasil Pesquisa Sobre o Uso das Tecno-
logias de Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo no Brasil TIC Domiciacutelios e Em-
presas 2011 Coord Alexandre F Barbosa Trad Karen Brito Satildeo Paulo
CGIbr 2012 Disponiacutevel em lthttpopceptrobrcgi-bincetictic-
domicilios-eempresas-2011pdfgt Acesso em 20-02-2013
DAYRELL J A escola como espaccedilo sociocultural In ___ (Org) Muacutel-
tiplos olhares sobre educaccedilatildeo e cultura Belo Horizonte UFMG 1996
FERREIRA Mocircnica Dias Peregrino Juventude trabalho e escola ele-
mentos para anaacutelise de uma posiccedilatildeo social fecunda Cadernos CEDES v
31 p 275-291 2011
FREIRE Paulo Pedagogia do oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra
1989
FRIGOTTO G CIAVATTA M RAMOS M (Orgs) Ensino meacutedio
integrado concepccedilotildees e contradiccedilotildees Satildeo Paulo Cortez 2005
IBGE Motivos da Evasatildeo Escolar realizada pela Fundaccedilatildeo Getuacutelio Var-
gas ndash FGV-RJ CPSFGV a partir dos microdados dos suplementos da
PNADIBGE de 2006
______ Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios (PNADIBGE)
Evoluccedilatildeo da Porcentagem de Jovens adolescentes (15 a 17 anos) que
frequentam a escola no Brasil taxa de 2014
INEP ndash Instituto Nacional e Estudos e Pesquisas Iacutendices Educacionais
por Estado Abandono e Repetecircncia Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira (INEP) Taxas de 2010 Editoria
de ArteCBD A Press
LAURILLARD D Rethinking University Teaching a conversational
framework for the effective use of learning tecnologies London
Routledge Falmer 2002
______ Teaching as a Design Science Building Pedagogical Patterns
for Learning and Technology New York and London Routledge 2012
LEacuteVY Pierre Cibercultura 1 ed Satildeo Paulo Editora 34 2010
MORIN E A religaccedilatildeo dos saberes o desafio do seacuteculo XXI Idealiza-
das e dirigidas por Edgar Morin 10 ed Rio de Janeiro Bertrand Brasil
2012
______ A cabeccedila bem-feita Repensar a reforma reformar o pensamen-
to Trad Eloaacute Jacobina Rio de Janeiro Bertrand Brasil 2010
MOTA R SCOTT D Educando para inovaccedilatildeo e aprendizagem inde-
pendente Satildeo Paulo Elsevier 2014
PAIS J M Culturas juvenis Lisboa Imprensa Nacional Casa da Moe-
da 2003
PRENSKY Marc Digital natives digital immigrants On the Horizon v
9 n 5 Disponiacutevel em
lthttpwwwmarcprenskycomwritingPrensky2020Digital20Nati
ves20Digital20Immigrants20-20Part1pdfgt Acesso em 20-07-
2014
TAGNIN Faacutebio Computaccedilatildeo 1 a 1 O desafio de guiar os nativos digi-
tais Blog de educaccedilatildeo digital da Intel Disponiacutevel em
lthttpblogsIntelcomeducacaodigital200807computacao_1_a_1_o_d
esafio_de_guiar_os_nativos_digitaisphpgt Publicado em 18072008
Segundo a pesquisa quantitativa sobre ldquoO uso da Internetrdquo reali-
zada pelo IBOPE Inteligecircncia por meio de entrevistas face a face no
periacuteodo de 11 a 22 de janeiro de 2013 Entre os jovens brasileiros que
afirmam ter acessado agrave internet nos uacuteltimos 3 meses a maioria declara
utilizaacute-la majoritariamente em busca de diversatildeo (75) para se comuni-
car com os amigos (66) fazer trabalhos escolares (61) e utilizar ser-
viccedilo de busca de informaccedilotildees (40)
Atividades online
Obs As porcentagens acima se referem somente aos jovens que
afirmam ter utilizado a internet nos uacuteltimos 3 meses Trata-se de questatildeo
que permite o assinalar de muacuteltiplas respostas e por tanto o valor final
excede 100
Ainda de acordo com a mesma pesquisa que se refere as ferra-
mentas mais usadas Percebe-se que dos jovens entrevistados o uso de
ferramentas para produccedilatildeo de conteuacutedo como blogs (10) microblog
(19) foacuteruns e listas de discussatildeo (5) natildeo chega a ser expressivo
Ferramentas mais usadas
Obs As porcentagens acima se referem somente aos jovens que
afirmam ter utilizado a internet nos uacuteltimos 3 meses Trata-se de questatildeo
que permite o assinalar de muacuteltiplas respostas e por tanto o valor final
excede 100
De uma maneira geral o resultado da pesquisa reflete a tendecircncia
ao entretenimento a distraccedilatildeo no uso das tecnologias no cotidiano dos
jovens Assim sendo parto da seguinte questatildeo Eacute possiacutevel apropriar-se
do estilo comunicativo disponibilizado pelas tecnologias natildeo apenas
como um local de troca de busca de informaccedilotildees e encontros de lazer
entre pessoas mas tambeacutem como um local para estimular os jovens na
produccedilatildeo e interaccedilatildeo de conhecimentos que possa ser incorporado nos
processos de escolarizaccedilatildeo
Ciente do desafio devemos nos preparar para enfrentar de um la-
do o problema da falta de infraestrutura adequada principalmente se
considerarmos o cenaacuterio da maioria das escolas puacuteblicas para a criaccedilatildeo
de ambientes fiacutesicos e virtuais de aprendizagem E de outro a necessida-
de de estabelecer novos arranjos sociais para a educaccedilatildeo na busca do
diaacutelogo como forma de mobilizar alunos e professores a pensar critica-
mente sobre o que a internet oferece na possibilidade de tornar o conhe-
cimento mais acessiacutevel motivador e capaz de fomentar o interesse dos
alunos pelo conteuacutedo do curriacuteculo escolar
Percebe-se que agrave medida que as tecnologias avanccedilam haacute uma
demanda de novas abordagens pedagoacutegicas que se ajustem ao contexto
das tecnologias disponiacuteveis
Ao tratar de novas maneiras de ensinar e aprender disponibiliza-
das pelas novas tecnologias digitais na educaccedilatildeo Mota e Scott (2014)
denominam como os momentos iniciais da convivecircncia com a Terceira
Revoluccedilatildeo Educacional
Para os autores a incorporaccedilatildeo das tecnologias digitais na educa-
ccedilatildeo maximiza oportunidades de novas abordagens de produccedilatildeo e transfe-
recircncia do conhecimento em um ambiente virtual interativo e atraente O
que permite que o docente transcenda a sala de aula para incorporar no-
vos espaccedilos de conhecimento abertos pelas tecnologias digitais amplian-
do as fronteiras do espaccedilo fiacutesico E assim oferecer a oportunidade de
transitar dentro de uma perspectiva interdisciplinar o tratamento dos
conhecimentos a serem trabalhados na escola
O escopo da aprendizagem tem sido largamente estendido tal que em vez
de se referir somente agrave aquisiccedilatildeo simples do conhecimento hoje os focos in-cluem tambeacutem habilidades e preparaccedilatildeo para iniciativas diversas tais como
colaboraccedilotildees interdisciplinares trabalhos em equipe estabelecimento de rede
de relacionamentos e habilidades em resolver problemas (MOTA amp SCOTT 2014 p 38)
No que resulta em novas praacuteticas no processo de aprendizagem
centrado nos modelos de diaacutelogos como os adotados por Laurillard
(2002) que funcionaria como um suporte para o processo de aprendiza-
gem Conforme afirma na colaboraccedilatildeo entre pares
Educandos seratildeo motivados a aprimorar suas praacuteticas se puderem com-
partilhar seus resultados com seus pares e seratildeo motivados a melhorar suas
praacuteticas e ampliar suas visotildees conceituais se puderem refletir sobre suas expe-riecircncias atraveacutes de discussotildees de seus resultados com seus pares (LAURIL-
LARD 2002 p 57)
E ainda de acordo com a autora em um trabalho mais recente ela
ressalta a anaacutelise coletiva e permanente na praacutetica de ensino
As tecnologias digitais poderiam criar possibilidades de desenvolver es-
paccedilos comuns que permitam e estimulem o acesso e a participaccedilatildeo de todos os professores viabilizando uma anaacutelise coletiva e permanente [] com um uacuteni-
co objetivo de ajudar professores a ensinar e estudantes a aprender (LAU-
RILLARD 2012 p 58)
Diante de tais afirmaccedilotildees podemos perceber que natildeo eacute apenas
dispor de recursos tecnoloacutegicos em sala de aula trata-se de mudar a for-
ma como professores e alunos concebem o uso e as funccedilotildees das tecnolo-
gias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo como ferramentas para propiciar a
conexatildeo entre novos espaccedilos de conhecimento Neste sentido a comuni-
caccedilatildeo atraveacutes do ciberespaccedilo pode ser muito uacutetil No dizer de Leacutevy
(2010)
A grande questatildeo da cibercultura ndash tanto no plano de reduccedilatildeo dos custos como no do acesso de todos agrave educaccedilatildeo ndash natildeo eacute tanto a passagem do presenci-
al agrave distacircncia nem do escrito e oral tradicionais agrave multimiacutedia Eacute a transiccedilatildeo de
uma educaccedilatildeo e de uma formaccedilatildeo estritamente institucionalizadas (a escola a universidade) para uma situaccedilatildeo de troca generalizada dos saberes (LEacuteVY
2010 p 172)
Em suma mediante a transiccedilatildeo de um conhecimento pronto e
acabado para um novo modelo de conhecimento aberto e evolutivo com
o acesso agrave cibercultura que permite produzir conhecimento coletivamente
no intercacircmbio de saberes em diversas instacircncias sociais Sendo possiacutevel
proporcionar o diaacutelogo entre disciplinas explorando abordagens interdis-
ciplinares ao longo das atividades escolares assim como orientar os
alunos para que saibam selecionar as informaccedilotildees em meio ao ldquodiluacutevio
informacionalrdquo (LEacuteVY 2010) que recebemos diariamente Segundo
Mota e Scott (2014)
visando incorporar novas perspectivas educacionais bem como possibilitar a
plena integraccedilatildeo entre disciplinas de meacutetodo e conteuacutedo tal que a compreen-satildeo de mundo possa decorrer tambeacutem de pensamentos e visotildees interdisciplina-
res (MOTA amp SCOTT 2014 p 54)
3 Uma visatildeo dos impasses e das perspectivas das praacuteticas escolares
de formaccedilatildeo humana integral a partir das dimensotildees do trabalho
da ciecircncia tecnologia e cultura
Ao refletirmos sobre o panorama da situaccedilatildeo atual do ensino meacute-
dio eacute necessaacuterio considerar que ateacute os anos 90 apenas 16 dos jovens
brasileiros estavam no ensino meacutedio Com a recente expansatildeo das opor-
tunidades escolares a escola puacuteblica de ensino meacutedio recebe um grupo
diversificado de jovens Como pode ser percebido pela evoluccedilatildeo da por-
centagem de jovens que frequentam a escola
Um puacuteblico novo mais heterogecircneo sobretudo jovens dos setores
populares que traz para o interior da instituiccedilatildeo escolar a diversidade da
condiccedilatildeo juvenil e tambeacutem as desigualdades sociais e econocircmicas que
marcam sua condiccedilatildeo Conforme esclarece Abramo (2001)
A condiccedilatildeo juvenil refere-se ao modo como uma sociedade constitui e
atribui significado a esse momento do ciclo de vida que alcanccedila uma abran-gecircncia social maior referida a uma dimensatildeo histoacuterico-geracional ao passo
que a situaccedilatildeo dos jovens revela o modo como tal condiccedilatildeo eacute vivida a partir
dos diversos recortes referentes agraves diferenccedilas sociais ndash classe gecircnero etnia etc (ABRAMO 2001 p 93)
Entretanto em uma anaacutelise quantitativa do ensino meacutedio perce-
be-se uma contradiccedilatildeo que apesar da maior democratizaccedilatildeo no acesso ao
sistema escolar o Brasil natildeo foi capaz de reduzir o percentual de jovens
que natildeo frequentam a escola e as taxas de repetecircncia que acarreta a dis-
torccedilatildeo seacuterieidade na mesma intensidade Conforme aponta os iacutendices
educacionais levantados pelo Instituto Nacional e Estudos e Pesquisas
(INEP)
De acordo com a pesquisa Motivos da Evasatildeo Escolar realizada
pela Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas ndash FGV-RJ com o objetivo de analisar as
causas da evasatildeo escolar na visatildeo dos proacuteprios jovens e de seus pais
40 dos jovens de 15 a 17 anos que evadem deixam de estudar porque a
escola eacute desinteressante
Segundo os dados divulgados o problema da evasatildeo atinge quase
20 da populaccedilatildeo jovem eacute decorrente da falta de interesse do jovem em
permanecer na escola A situaccedilatildeo torna-se mais agravante quando anali-
samos que a evasatildeo na escola acarreta a exclusatildeo desses jovens da en-
trada do mundo de trabalho moderno pela falta de entendimento da im-
portacircncia da educaccedilatildeo como um investimento para o projeto de vida
futura Pais (2006) destaca ldquoPara muitos jovens o mundo da escola pare-
ce aleatoacuterio as avaliaccedilotildees satildeo aleatoacuterias os diplomas idem o futuro
aspas aspasrdquo (PAIS 2006 p 12)
Nesta perspectiva haacute o que a escola deseja e faz e o que a juven-
tude traz para ela suas demandas e necessidades ao longo do seu ciclo de
vida Na medida em que ela natildeo consegue adaptar-se passa a ser rejeita-
da considerada anacrocircnica inadequada e desinteressante para uma par-
cela significativa dos jovens o que leva a evasatildeo
Neste sentido eacute fundamental conhecer estes sujeitos a forma
como lidam com o espaccedilo escolar com os conhecimentos escolares em
meio aos avanccedilos trazidos pela ciecircncia e pela tecnologia mas tambeacutem
em meio agraves incertezas do mundo contemporacircneo ldquoImplica estabelecer
cada vez mais relaccedilotildees entre sua condiccedilatildeo juvenil e o estatuto de aluno
tendo de definir a utilidade social dos seus estudos o sentido das apren-
dizagens e principalmente seu projeto de futurordquo (DAYRELL 1996)
No que diz respeito especificamente ao ensino meacutedio o Ministeacute-
rio de Educaccedilatildeo e Cultura (MEC) anunciou um conjunto de accedilotildees por
meio de programas junto aos estados municiacutepios e Distrito Federal
capazes de motivar e reter os estudantes ateacute o final do ensino meacutedio
Com implementaccedilatildeo de reformas e poliacuteticas educacionais para o niacutevel
meacutedio na garantia do direito agrave educaccedilatildeo e a formaccedilatildeo integral do aluno
Diante deste cenaacuterio considero necessaacuterio uma anaacutelise mais apro-
fundada nas propostas curriculares que deveratildeo ser a base para o redese-
nho curricular proposto pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para o
Ensino Meacutedio ndash Resoluccedilatildeo CMNECEB n2 de 30 de janeiro de 2012
com o objetivo de promover o desenvolvimento de praacuteticas educativas
efetivas com foco na formaccedilatildeo humana integral
Em consonacircncia com a Lei de Diretrizes e Base da Educaccedilatildeo Na-
cional (Lei nordm 9394 de 20 de dezembro de 1996 ndash LDB) e as Diretrizes
Curriculares Nacionais do Ensino Meacutedio (Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 2 de
30 de janeiro de 2012) Tal objetivo se baseia na proposta de ampliar a
oferta puacuteblica de ensino meacutedio de qualidade gratuito pedagogicamente
integrado ao seu caraacuteter formativo em termos de cultura trabalho ciecircncia
e tecnologia
Capiacutetulo II Art 5ordm O Ensino Meacutedio em todas as suas formas de oferta e
organizaccedilatildeo baseia-se em I ndash formaccedilatildeo integral do estudante [] VIII ndash in-
tegraccedilatildeo entre educaccedilatildeo e as dimensotildees do trabalho da ciecircncia da tecnologia e da cultura como base da proposta e do desenvolvimento curricular
(DCNEM ndash Resoluccedilatildeo nordm 2 de 30 de janeiro 2012)
Partindo desta concepccedilatildeo as consideraccedilotildees feitas pelas Diretrizes
Curriculares Nacionais sobre o curriacuteculo para o Ensino Meacutedio se orienta
pela busca de uma formaccedilatildeo humana integral que se faz por meio de uma
organizaccedilatildeo curricular integrada
[] agrave compreensatildeo dos indiviacuteduos em sua inteireza isto eacute tomar os educan-
dos em suas muacuteltiplas dimensotildees intelectual afetiva social corpoacuterea com vistas a propiciar um itineraacuterio formativo que potencialize o desenvolvimento
humano em sua plenitude que se realiza pelo desenvolvimento da autonomia
intelectual e moral [] como a grande finalidade do projeto educativo voltado para a formaccedilatildeo humana integral (Parecer CNECEB 052011 e Resoluccedilatildeo
CNECEB nordm 022012 DCN Caderno3 O Curriacuteculo do Ensino Meacutedio Seus
Sujeitos e a Formaccedilatildeo Humana Integral p 4)
Desta forma o princiacutepio pedagoacutegico especiacutefico do ensino meacutedio
privilegia a praacutetica no meacutetodo de estudo e pesquisa que conduz agrave auto-
nomia de estudos autonomia intelectual e moral Conforme a Lei de
Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo (LBD)
Artigo 35 inciso III O aprimoramento do educando como pessoa huma-na incluindo a formaccedilatildeo eacutetica e o desenvolvimento da autonomia intelectual e
do pensamento criacutetico (Lei nordm 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da Educa-
ccedilatildeo Nacional ndash LDB)
Vale destacar que com base no Projeto de Lei nordm 80352010 que
uma das metas do Plano Nacional de Educaccedilatildeo eacute a universalizaccedilatildeo do
atendimento dos 15 aos 17 anos ndash ateacute 2020
[] II ndash universalizaccedilatildeo do atendimento escolar III ndash superaccedilatildeo das desigual-
dades educacionais IV ndash melhoria da qualidade do ensino V ndash formaccedilatildeo para
o trabalho VI ndash promoccedilatildeo da sustentabilidade socioambiental VII ndash promo-
ccedilatildeo humaniacutestica cientiacutefica e tecnoloacutegica do paiacutes [] (Projeto de Lei nordm 80352010Art 2ordm PNE -20112020)
Mas de que modo isso pode ocorrer Peregrino (2011) mostra que
ldquoa expansatildeo escolar se deparou com os conflitos advindos da diversidade
cultural mas tambeacutem da quantidade de alunos em um contexto em que as
poliacuteticas puacuteblicas e as accedilotildees governamentais natildeo acompanharam essa
expansatildeordquo (FERREIRA 2011 p 83)
Com ecircnfase na compreensatildeo dos sujeitos e das juventudes presen-
tes no ensino meacutedio as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino
Meacutedio torna-se documento fundamental para a orientaccedilatildeo das propostas
curriculares Com base no direito agrave aprendizagem e ao desenvolvimento
integral como aspectos fundamentais para que as escolas redesenhem
seus curriacuteculos
E assim as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Meacutedio
dispotildee para o curriacuteculo
A integraccedilatildeo curricular entre as dimensotildees do trabalho ciecircncia tecnolo-
gia e cultura constitui-se no fundamento para a seleccedilatildeo dos conhecimentos disciplinas metodologias estrateacutegias tempos espaccedilos arranjos curriculares
alternativos e formas de avaliaccedilatildeo BRASIL 2011 p 20)
E acrescenta em relaccedilatildeo a organizaccedilatildeo curricular para o ensino
meacutedio ldquoa organizaccedilatildeo dos conteuacutedos de ensino em estudos ou aacutereas
interdisciplinares e projetos que melhor abriguem a visatildeo orgacircnica do
conhecimento e o diaacutelogo permanente entre as diferentes aacutereas do saberrdquo
(BRASIL 2002 p 87)
Como podemos perceber o projeto de formaccedilatildeo humana integral
no curriacuteculo do ensino meacutedio visa a construccedilatildeo de um projeto coletivo
considerando as caracteriacutesticas sociais econocircmicas poliacuteticas culturais e
laborais da sociedade do entorno escolar e dos sujeitos estudantes e
professores da unidade escolar Nessa vertente Frigotto Ciavatta e Ra-
mos (2005) esclarece o que se busca como formaccedilatildeo humana
Como formaccedilatildeo humana o que se busca eacute garantir ao adolescente ao jo-vem e ao adulto trabalhador o direito a uma formaccedilatildeo completa para a leitura
do mundo e para a atuaccedilatildeo como cidadatildeo pertencente a um paiacutes integrado
dignamente a sua sociedade poliacutetica Formaccedilatildeo que neste sentido supotildee a compreensatildeo das relaccedilotildees sociais subjacentes a todos os fenocircmenos (FRI-
GOTTO CIAVATTA RAMOS 2005 p 85)
ldquoUma educaccedilatildeo que ajude a ler a realidaderdquo (FREIRE 1987 p
14) que ajude a compreender essa realidade criticamente Isso significa
identificar componentes e conteuacutedos curriculares que permitam fazer
relaccedilotildees cada vez mais amplas e profundas entre os fenocircmenos que se
quer ldquoapreenderrdquo e a realidade na qual eles se inserem
4 Consideraccedilotildees finais
Este artigo objetivou uma breve reflexatildeo a respeito das atividades
propostas nas escolas de ensino meacutedio partindo da mediaccedilatildeo da tecnolo-
gia como forma de valorizar a informaccedilatildeo e o conhecimento como fer-
ramenta educativa que facilite o diaacutelogo entre os jovens e a escola
As novas tecnologias facilitam a troca de informaccedilotildees em todas as suas variaccedilotildees sejam elas imagens sons graacuteficos ou textos que com essas novas
experiecircncias potencializam que outros saberes sejam agregados em nossos
sentidos que podem se articular numa inteligecircncia coletiva (LEacuteVY 2010 p 58)
Visto desta maneira contribui para superar o meramente instru-
mental auxiliando os professores a buscar formas de lidar com a cultura
digital como experiecircncia interdisciplinar e democraacutetica que possibilite o
diaacutelogo entre os saberes e tambeacutem com o mundo
Pela ecircnfase na abordagem interdisciplinar dos conteuacutedos curricu-
lares para o desenvolvimento integral dos estudantes do ensino meacutedio
foi possiacutevel traccedilar um paralelo com as propostas curriculares estabeleci-
das pelas Diretrizes Curriculares do Ensino Meacutedio
Em relaccedilatildeo ao ensino meacutedio em especial acredito que o primeiro
passo eacute consideraacute-lo natildeo como ldquomeacutediordquo que se situa entre o ensino fun-
damental e o superior mas sim como uma etapa conclusiva da educaccedilatildeo
baacutesica que deve ter uma ldquobaserdquo capaz de ampliar o acesso ao saber para
a garantia do processo de formaccedilatildeo humana integral Nas palavras de
Morin (2012) ldquoEssa tomada de consciecircncia implica tambeacutem em um
grande esforccedilo de formaccedilatildeo e educaccedilatildeo [] provoca-nos e obriga-nos a
lanccedilar novamente velhas questotildees que civilizaccedilatildeo queremos construir no
seacuteculo XXIrdquo (MORIN 2012 p 478)
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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BRANCO Pedro Paulo Martoni Retratos da juventude brasileira anaacuteli-
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Nacional Lei 9394 de 20 de dezembro de 1996 Estabelece as diretrizes
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(DCNEM) Brasiacutelia Ministeacuterio da EducaccedilatildeoConselho Nacional de Edu-
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Evoluccedilatildeo da Porcentagem de Jovens adolescentes (15 a 17 anos) que
frequentam a escola no Brasil taxa de 2014
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por Estado Abandono e Repetecircncia Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira (INEP) Taxas de 2010 Editoria
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framework for the effective use of learning tecnologies London
Routledge Falmer 2002
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for Learning and Technology New York and London Routledge 2012
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da 2003
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9 n 5 Disponiacutevel em
lthttpwwwmarcprenskycomwritingPrensky2020Digital20Nati
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2014
TAGNIN Faacutebio Computaccedilatildeo 1 a 1 O desafio de guiar os nativos digi-
tais Blog de educaccedilatildeo digital da Intel Disponiacutevel em
lthttpblogsIntelcomeducacaodigital200807computacao_1_a_1_o_d
esafio_de_guiar_os_nativos_digitaisphpgt Publicado em 18072008
Ferramentas mais usadas
Obs As porcentagens acima se referem somente aos jovens que
afirmam ter utilizado a internet nos uacuteltimos 3 meses Trata-se de questatildeo
que permite o assinalar de muacuteltiplas respostas e por tanto o valor final
excede 100
De uma maneira geral o resultado da pesquisa reflete a tendecircncia
ao entretenimento a distraccedilatildeo no uso das tecnologias no cotidiano dos
jovens Assim sendo parto da seguinte questatildeo Eacute possiacutevel apropriar-se
do estilo comunicativo disponibilizado pelas tecnologias natildeo apenas
como um local de troca de busca de informaccedilotildees e encontros de lazer
entre pessoas mas tambeacutem como um local para estimular os jovens na
produccedilatildeo e interaccedilatildeo de conhecimentos que possa ser incorporado nos
processos de escolarizaccedilatildeo
Ciente do desafio devemos nos preparar para enfrentar de um la-
do o problema da falta de infraestrutura adequada principalmente se
considerarmos o cenaacuterio da maioria das escolas puacuteblicas para a criaccedilatildeo
de ambientes fiacutesicos e virtuais de aprendizagem E de outro a necessida-
de de estabelecer novos arranjos sociais para a educaccedilatildeo na busca do
diaacutelogo como forma de mobilizar alunos e professores a pensar critica-
mente sobre o que a internet oferece na possibilidade de tornar o conhe-
cimento mais acessiacutevel motivador e capaz de fomentar o interesse dos
alunos pelo conteuacutedo do curriacuteculo escolar
Percebe-se que agrave medida que as tecnologias avanccedilam haacute uma
demanda de novas abordagens pedagoacutegicas que se ajustem ao contexto
das tecnologias disponiacuteveis
Ao tratar de novas maneiras de ensinar e aprender disponibiliza-
das pelas novas tecnologias digitais na educaccedilatildeo Mota e Scott (2014)
denominam como os momentos iniciais da convivecircncia com a Terceira
Revoluccedilatildeo Educacional
Para os autores a incorporaccedilatildeo das tecnologias digitais na educa-
ccedilatildeo maximiza oportunidades de novas abordagens de produccedilatildeo e transfe-
recircncia do conhecimento em um ambiente virtual interativo e atraente O
que permite que o docente transcenda a sala de aula para incorporar no-
vos espaccedilos de conhecimento abertos pelas tecnologias digitais amplian-
do as fronteiras do espaccedilo fiacutesico E assim oferecer a oportunidade de
transitar dentro de uma perspectiva interdisciplinar o tratamento dos
conhecimentos a serem trabalhados na escola
O escopo da aprendizagem tem sido largamente estendido tal que em vez
de se referir somente agrave aquisiccedilatildeo simples do conhecimento hoje os focos in-cluem tambeacutem habilidades e preparaccedilatildeo para iniciativas diversas tais como
colaboraccedilotildees interdisciplinares trabalhos em equipe estabelecimento de rede
de relacionamentos e habilidades em resolver problemas (MOTA amp SCOTT 2014 p 38)
No que resulta em novas praacuteticas no processo de aprendizagem
centrado nos modelos de diaacutelogos como os adotados por Laurillard
(2002) que funcionaria como um suporte para o processo de aprendiza-
gem Conforme afirma na colaboraccedilatildeo entre pares
Educandos seratildeo motivados a aprimorar suas praacuteticas se puderem com-
partilhar seus resultados com seus pares e seratildeo motivados a melhorar suas
praacuteticas e ampliar suas visotildees conceituais se puderem refletir sobre suas expe-riecircncias atraveacutes de discussotildees de seus resultados com seus pares (LAURIL-
LARD 2002 p 57)
E ainda de acordo com a autora em um trabalho mais recente ela
ressalta a anaacutelise coletiva e permanente na praacutetica de ensino
As tecnologias digitais poderiam criar possibilidades de desenvolver es-
paccedilos comuns que permitam e estimulem o acesso e a participaccedilatildeo de todos os professores viabilizando uma anaacutelise coletiva e permanente [] com um uacuteni-
co objetivo de ajudar professores a ensinar e estudantes a aprender (LAU-
RILLARD 2012 p 58)
Diante de tais afirmaccedilotildees podemos perceber que natildeo eacute apenas
dispor de recursos tecnoloacutegicos em sala de aula trata-se de mudar a for-
ma como professores e alunos concebem o uso e as funccedilotildees das tecnolo-
gias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo como ferramentas para propiciar a
conexatildeo entre novos espaccedilos de conhecimento Neste sentido a comuni-
caccedilatildeo atraveacutes do ciberespaccedilo pode ser muito uacutetil No dizer de Leacutevy
(2010)
A grande questatildeo da cibercultura ndash tanto no plano de reduccedilatildeo dos custos como no do acesso de todos agrave educaccedilatildeo ndash natildeo eacute tanto a passagem do presenci-
al agrave distacircncia nem do escrito e oral tradicionais agrave multimiacutedia Eacute a transiccedilatildeo de
uma educaccedilatildeo e de uma formaccedilatildeo estritamente institucionalizadas (a escola a universidade) para uma situaccedilatildeo de troca generalizada dos saberes (LEacuteVY
2010 p 172)
Em suma mediante a transiccedilatildeo de um conhecimento pronto e
acabado para um novo modelo de conhecimento aberto e evolutivo com
o acesso agrave cibercultura que permite produzir conhecimento coletivamente
no intercacircmbio de saberes em diversas instacircncias sociais Sendo possiacutevel
proporcionar o diaacutelogo entre disciplinas explorando abordagens interdis-
ciplinares ao longo das atividades escolares assim como orientar os
alunos para que saibam selecionar as informaccedilotildees em meio ao ldquodiluacutevio
informacionalrdquo (LEacuteVY 2010) que recebemos diariamente Segundo
Mota e Scott (2014)
visando incorporar novas perspectivas educacionais bem como possibilitar a
plena integraccedilatildeo entre disciplinas de meacutetodo e conteuacutedo tal que a compreen-satildeo de mundo possa decorrer tambeacutem de pensamentos e visotildees interdisciplina-
res (MOTA amp SCOTT 2014 p 54)
3 Uma visatildeo dos impasses e das perspectivas das praacuteticas escolares
de formaccedilatildeo humana integral a partir das dimensotildees do trabalho
da ciecircncia tecnologia e cultura
Ao refletirmos sobre o panorama da situaccedilatildeo atual do ensino meacute-
dio eacute necessaacuterio considerar que ateacute os anos 90 apenas 16 dos jovens
brasileiros estavam no ensino meacutedio Com a recente expansatildeo das opor-
tunidades escolares a escola puacuteblica de ensino meacutedio recebe um grupo
diversificado de jovens Como pode ser percebido pela evoluccedilatildeo da por-
centagem de jovens que frequentam a escola
Um puacuteblico novo mais heterogecircneo sobretudo jovens dos setores
populares que traz para o interior da instituiccedilatildeo escolar a diversidade da
condiccedilatildeo juvenil e tambeacutem as desigualdades sociais e econocircmicas que
marcam sua condiccedilatildeo Conforme esclarece Abramo (2001)
A condiccedilatildeo juvenil refere-se ao modo como uma sociedade constitui e
atribui significado a esse momento do ciclo de vida que alcanccedila uma abran-gecircncia social maior referida a uma dimensatildeo histoacuterico-geracional ao passo
que a situaccedilatildeo dos jovens revela o modo como tal condiccedilatildeo eacute vivida a partir
dos diversos recortes referentes agraves diferenccedilas sociais ndash classe gecircnero etnia etc (ABRAMO 2001 p 93)
Entretanto em uma anaacutelise quantitativa do ensino meacutedio perce-
be-se uma contradiccedilatildeo que apesar da maior democratizaccedilatildeo no acesso ao
sistema escolar o Brasil natildeo foi capaz de reduzir o percentual de jovens
que natildeo frequentam a escola e as taxas de repetecircncia que acarreta a dis-
torccedilatildeo seacuterieidade na mesma intensidade Conforme aponta os iacutendices
educacionais levantados pelo Instituto Nacional e Estudos e Pesquisas
(INEP)
De acordo com a pesquisa Motivos da Evasatildeo Escolar realizada
pela Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas ndash FGV-RJ com o objetivo de analisar as
causas da evasatildeo escolar na visatildeo dos proacuteprios jovens e de seus pais
40 dos jovens de 15 a 17 anos que evadem deixam de estudar porque a
escola eacute desinteressante
Segundo os dados divulgados o problema da evasatildeo atinge quase
20 da populaccedilatildeo jovem eacute decorrente da falta de interesse do jovem em
permanecer na escola A situaccedilatildeo torna-se mais agravante quando anali-
samos que a evasatildeo na escola acarreta a exclusatildeo desses jovens da en-
trada do mundo de trabalho moderno pela falta de entendimento da im-
portacircncia da educaccedilatildeo como um investimento para o projeto de vida
futura Pais (2006) destaca ldquoPara muitos jovens o mundo da escola pare-
ce aleatoacuterio as avaliaccedilotildees satildeo aleatoacuterias os diplomas idem o futuro
aspas aspasrdquo (PAIS 2006 p 12)
Nesta perspectiva haacute o que a escola deseja e faz e o que a juven-
tude traz para ela suas demandas e necessidades ao longo do seu ciclo de
vida Na medida em que ela natildeo consegue adaptar-se passa a ser rejeita-
da considerada anacrocircnica inadequada e desinteressante para uma par-
cela significativa dos jovens o que leva a evasatildeo
Neste sentido eacute fundamental conhecer estes sujeitos a forma
como lidam com o espaccedilo escolar com os conhecimentos escolares em
meio aos avanccedilos trazidos pela ciecircncia e pela tecnologia mas tambeacutem
em meio agraves incertezas do mundo contemporacircneo ldquoImplica estabelecer
cada vez mais relaccedilotildees entre sua condiccedilatildeo juvenil e o estatuto de aluno
tendo de definir a utilidade social dos seus estudos o sentido das apren-
dizagens e principalmente seu projeto de futurordquo (DAYRELL 1996)
No que diz respeito especificamente ao ensino meacutedio o Ministeacute-
rio de Educaccedilatildeo e Cultura (MEC) anunciou um conjunto de accedilotildees por
meio de programas junto aos estados municiacutepios e Distrito Federal
capazes de motivar e reter os estudantes ateacute o final do ensino meacutedio
Com implementaccedilatildeo de reformas e poliacuteticas educacionais para o niacutevel
meacutedio na garantia do direito agrave educaccedilatildeo e a formaccedilatildeo integral do aluno
Diante deste cenaacuterio considero necessaacuterio uma anaacutelise mais apro-
fundada nas propostas curriculares que deveratildeo ser a base para o redese-
nho curricular proposto pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para o
Ensino Meacutedio ndash Resoluccedilatildeo CMNECEB n2 de 30 de janeiro de 2012
com o objetivo de promover o desenvolvimento de praacuteticas educativas
efetivas com foco na formaccedilatildeo humana integral
Em consonacircncia com a Lei de Diretrizes e Base da Educaccedilatildeo Na-
cional (Lei nordm 9394 de 20 de dezembro de 1996 ndash LDB) e as Diretrizes
Curriculares Nacionais do Ensino Meacutedio (Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 2 de
30 de janeiro de 2012) Tal objetivo se baseia na proposta de ampliar a
oferta puacuteblica de ensino meacutedio de qualidade gratuito pedagogicamente
integrado ao seu caraacuteter formativo em termos de cultura trabalho ciecircncia
e tecnologia
Capiacutetulo II Art 5ordm O Ensino Meacutedio em todas as suas formas de oferta e
organizaccedilatildeo baseia-se em I ndash formaccedilatildeo integral do estudante [] VIII ndash in-
tegraccedilatildeo entre educaccedilatildeo e as dimensotildees do trabalho da ciecircncia da tecnologia e da cultura como base da proposta e do desenvolvimento curricular
(DCNEM ndash Resoluccedilatildeo nordm 2 de 30 de janeiro 2012)
Partindo desta concepccedilatildeo as consideraccedilotildees feitas pelas Diretrizes
Curriculares Nacionais sobre o curriacuteculo para o Ensino Meacutedio se orienta
pela busca de uma formaccedilatildeo humana integral que se faz por meio de uma
organizaccedilatildeo curricular integrada
[] agrave compreensatildeo dos indiviacuteduos em sua inteireza isto eacute tomar os educan-
dos em suas muacuteltiplas dimensotildees intelectual afetiva social corpoacuterea com vistas a propiciar um itineraacuterio formativo que potencialize o desenvolvimento
humano em sua plenitude que se realiza pelo desenvolvimento da autonomia
intelectual e moral [] como a grande finalidade do projeto educativo voltado para a formaccedilatildeo humana integral (Parecer CNECEB 052011 e Resoluccedilatildeo
CNECEB nordm 022012 DCN Caderno3 O Curriacuteculo do Ensino Meacutedio Seus
Sujeitos e a Formaccedilatildeo Humana Integral p 4)
Desta forma o princiacutepio pedagoacutegico especiacutefico do ensino meacutedio
privilegia a praacutetica no meacutetodo de estudo e pesquisa que conduz agrave auto-
nomia de estudos autonomia intelectual e moral Conforme a Lei de
Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo (LBD)
Artigo 35 inciso III O aprimoramento do educando como pessoa huma-na incluindo a formaccedilatildeo eacutetica e o desenvolvimento da autonomia intelectual e
do pensamento criacutetico (Lei nordm 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da Educa-
ccedilatildeo Nacional ndash LDB)
Vale destacar que com base no Projeto de Lei nordm 80352010 que
uma das metas do Plano Nacional de Educaccedilatildeo eacute a universalizaccedilatildeo do
atendimento dos 15 aos 17 anos ndash ateacute 2020
[] II ndash universalizaccedilatildeo do atendimento escolar III ndash superaccedilatildeo das desigual-
dades educacionais IV ndash melhoria da qualidade do ensino V ndash formaccedilatildeo para
o trabalho VI ndash promoccedilatildeo da sustentabilidade socioambiental VII ndash promo-
ccedilatildeo humaniacutestica cientiacutefica e tecnoloacutegica do paiacutes [] (Projeto de Lei nordm 80352010Art 2ordm PNE -20112020)
Mas de que modo isso pode ocorrer Peregrino (2011) mostra que
ldquoa expansatildeo escolar se deparou com os conflitos advindos da diversidade
cultural mas tambeacutem da quantidade de alunos em um contexto em que as
poliacuteticas puacuteblicas e as accedilotildees governamentais natildeo acompanharam essa
expansatildeordquo (FERREIRA 2011 p 83)
Com ecircnfase na compreensatildeo dos sujeitos e das juventudes presen-
tes no ensino meacutedio as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino
Meacutedio torna-se documento fundamental para a orientaccedilatildeo das propostas
curriculares Com base no direito agrave aprendizagem e ao desenvolvimento
integral como aspectos fundamentais para que as escolas redesenhem
seus curriacuteculos
E assim as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Meacutedio
dispotildee para o curriacuteculo
A integraccedilatildeo curricular entre as dimensotildees do trabalho ciecircncia tecnolo-
gia e cultura constitui-se no fundamento para a seleccedilatildeo dos conhecimentos disciplinas metodologias estrateacutegias tempos espaccedilos arranjos curriculares
alternativos e formas de avaliaccedilatildeo BRASIL 2011 p 20)
E acrescenta em relaccedilatildeo a organizaccedilatildeo curricular para o ensino
meacutedio ldquoa organizaccedilatildeo dos conteuacutedos de ensino em estudos ou aacutereas
interdisciplinares e projetos que melhor abriguem a visatildeo orgacircnica do
conhecimento e o diaacutelogo permanente entre as diferentes aacutereas do saberrdquo
(BRASIL 2002 p 87)
Como podemos perceber o projeto de formaccedilatildeo humana integral
no curriacuteculo do ensino meacutedio visa a construccedilatildeo de um projeto coletivo
considerando as caracteriacutesticas sociais econocircmicas poliacuteticas culturais e
laborais da sociedade do entorno escolar e dos sujeitos estudantes e
professores da unidade escolar Nessa vertente Frigotto Ciavatta e Ra-
mos (2005) esclarece o que se busca como formaccedilatildeo humana
Como formaccedilatildeo humana o que se busca eacute garantir ao adolescente ao jo-vem e ao adulto trabalhador o direito a uma formaccedilatildeo completa para a leitura
do mundo e para a atuaccedilatildeo como cidadatildeo pertencente a um paiacutes integrado
dignamente a sua sociedade poliacutetica Formaccedilatildeo que neste sentido supotildee a compreensatildeo das relaccedilotildees sociais subjacentes a todos os fenocircmenos (FRI-
GOTTO CIAVATTA RAMOS 2005 p 85)
ldquoUma educaccedilatildeo que ajude a ler a realidaderdquo (FREIRE 1987 p
14) que ajude a compreender essa realidade criticamente Isso significa
identificar componentes e conteuacutedos curriculares que permitam fazer
relaccedilotildees cada vez mais amplas e profundas entre os fenocircmenos que se
quer ldquoapreenderrdquo e a realidade na qual eles se inserem
4 Consideraccedilotildees finais
Este artigo objetivou uma breve reflexatildeo a respeito das atividades
propostas nas escolas de ensino meacutedio partindo da mediaccedilatildeo da tecnolo-
gia como forma de valorizar a informaccedilatildeo e o conhecimento como fer-
ramenta educativa que facilite o diaacutelogo entre os jovens e a escola
As novas tecnologias facilitam a troca de informaccedilotildees em todas as suas variaccedilotildees sejam elas imagens sons graacuteficos ou textos que com essas novas
experiecircncias potencializam que outros saberes sejam agregados em nossos
sentidos que podem se articular numa inteligecircncia coletiva (LEacuteVY 2010 p 58)
Visto desta maneira contribui para superar o meramente instru-
mental auxiliando os professores a buscar formas de lidar com a cultura
digital como experiecircncia interdisciplinar e democraacutetica que possibilite o
diaacutelogo entre os saberes e tambeacutem com o mundo
Pela ecircnfase na abordagem interdisciplinar dos conteuacutedos curricu-
lares para o desenvolvimento integral dos estudantes do ensino meacutedio
foi possiacutevel traccedilar um paralelo com as propostas curriculares estabeleci-
das pelas Diretrizes Curriculares do Ensino Meacutedio
Em relaccedilatildeo ao ensino meacutedio em especial acredito que o primeiro
passo eacute consideraacute-lo natildeo como ldquomeacutediordquo que se situa entre o ensino fun-
damental e o superior mas sim como uma etapa conclusiva da educaccedilatildeo
baacutesica que deve ter uma ldquobaserdquo capaz de ampliar o acesso ao saber para
a garantia do processo de formaccedilatildeo humana integral Nas palavras de
Morin (2012) ldquoEssa tomada de consciecircncia implica tambeacutem em um
grande esforccedilo de formaccedilatildeo e educaccedilatildeo [] provoca-nos e obriga-nos a
lanccedilar novamente velhas questotildees que civilizaccedilatildeo queremos construir no
seacuteculo XXIrdquo (MORIN 2012 p 478)
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tais Blog de educaccedilatildeo digital da Intel Disponiacutevel em
lthttpblogsIntelcomeducacaodigital200807computacao_1_a_1_o_d
esafio_de_guiar_os_nativos_digitaisphpgt Publicado em 18072008
Percebe-se que agrave medida que as tecnologias avanccedilam haacute uma
demanda de novas abordagens pedagoacutegicas que se ajustem ao contexto
das tecnologias disponiacuteveis
Ao tratar de novas maneiras de ensinar e aprender disponibiliza-
das pelas novas tecnologias digitais na educaccedilatildeo Mota e Scott (2014)
denominam como os momentos iniciais da convivecircncia com a Terceira
Revoluccedilatildeo Educacional
Para os autores a incorporaccedilatildeo das tecnologias digitais na educa-
ccedilatildeo maximiza oportunidades de novas abordagens de produccedilatildeo e transfe-
recircncia do conhecimento em um ambiente virtual interativo e atraente O
que permite que o docente transcenda a sala de aula para incorporar no-
vos espaccedilos de conhecimento abertos pelas tecnologias digitais amplian-
do as fronteiras do espaccedilo fiacutesico E assim oferecer a oportunidade de
transitar dentro de uma perspectiva interdisciplinar o tratamento dos
conhecimentos a serem trabalhados na escola
O escopo da aprendizagem tem sido largamente estendido tal que em vez
de se referir somente agrave aquisiccedilatildeo simples do conhecimento hoje os focos in-cluem tambeacutem habilidades e preparaccedilatildeo para iniciativas diversas tais como
colaboraccedilotildees interdisciplinares trabalhos em equipe estabelecimento de rede
de relacionamentos e habilidades em resolver problemas (MOTA amp SCOTT 2014 p 38)
No que resulta em novas praacuteticas no processo de aprendizagem
centrado nos modelos de diaacutelogos como os adotados por Laurillard
(2002) que funcionaria como um suporte para o processo de aprendiza-
gem Conforme afirma na colaboraccedilatildeo entre pares
Educandos seratildeo motivados a aprimorar suas praacuteticas se puderem com-
partilhar seus resultados com seus pares e seratildeo motivados a melhorar suas
praacuteticas e ampliar suas visotildees conceituais se puderem refletir sobre suas expe-riecircncias atraveacutes de discussotildees de seus resultados com seus pares (LAURIL-
LARD 2002 p 57)
E ainda de acordo com a autora em um trabalho mais recente ela
ressalta a anaacutelise coletiva e permanente na praacutetica de ensino
As tecnologias digitais poderiam criar possibilidades de desenvolver es-
paccedilos comuns que permitam e estimulem o acesso e a participaccedilatildeo de todos os professores viabilizando uma anaacutelise coletiva e permanente [] com um uacuteni-
co objetivo de ajudar professores a ensinar e estudantes a aprender (LAU-
RILLARD 2012 p 58)
Diante de tais afirmaccedilotildees podemos perceber que natildeo eacute apenas
dispor de recursos tecnoloacutegicos em sala de aula trata-se de mudar a for-
ma como professores e alunos concebem o uso e as funccedilotildees das tecnolo-
gias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo como ferramentas para propiciar a
conexatildeo entre novos espaccedilos de conhecimento Neste sentido a comuni-
caccedilatildeo atraveacutes do ciberespaccedilo pode ser muito uacutetil No dizer de Leacutevy
(2010)
A grande questatildeo da cibercultura ndash tanto no plano de reduccedilatildeo dos custos como no do acesso de todos agrave educaccedilatildeo ndash natildeo eacute tanto a passagem do presenci-
al agrave distacircncia nem do escrito e oral tradicionais agrave multimiacutedia Eacute a transiccedilatildeo de
uma educaccedilatildeo e de uma formaccedilatildeo estritamente institucionalizadas (a escola a universidade) para uma situaccedilatildeo de troca generalizada dos saberes (LEacuteVY
2010 p 172)
Em suma mediante a transiccedilatildeo de um conhecimento pronto e
acabado para um novo modelo de conhecimento aberto e evolutivo com
o acesso agrave cibercultura que permite produzir conhecimento coletivamente
no intercacircmbio de saberes em diversas instacircncias sociais Sendo possiacutevel
proporcionar o diaacutelogo entre disciplinas explorando abordagens interdis-
ciplinares ao longo das atividades escolares assim como orientar os
alunos para que saibam selecionar as informaccedilotildees em meio ao ldquodiluacutevio
informacionalrdquo (LEacuteVY 2010) que recebemos diariamente Segundo
Mota e Scott (2014)
visando incorporar novas perspectivas educacionais bem como possibilitar a
plena integraccedilatildeo entre disciplinas de meacutetodo e conteuacutedo tal que a compreen-satildeo de mundo possa decorrer tambeacutem de pensamentos e visotildees interdisciplina-
res (MOTA amp SCOTT 2014 p 54)
3 Uma visatildeo dos impasses e das perspectivas das praacuteticas escolares
de formaccedilatildeo humana integral a partir das dimensotildees do trabalho
da ciecircncia tecnologia e cultura
Ao refletirmos sobre o panorama da situaccedilatildeo atual do ensino meacute-
dio eacute necessaacuterio considerar que ateacute os anos 90 apenas 16 dos jovens
brasileiros estavam no ensino meacutedio Com a recente expansatildeo das opor-
tunidades escolares a escola puacuteblica de ensino meacutedio recebe um grupo
diversificado de jovens Como pode ser percebido pela evoluccedilatildeo da por-
centagem de jovens que frequentam a escola
Um puacuteblico novo mais heterogecircneo sobretudo jovens dos setores
populares que traz para o interior da instituiccedilatildeo escolar a diversidade da
condiccedilatildeo juvenil e tambeacutem as desigualdades sociais e econocircmicas que
marcam sua condiccedilatildeo Conforme esclarece Abramo (2001)
A condiccedilatildeo juvenil refere-se ao modo como uma sociedade constitui e
atribui significado a esse momento do ciclo de vida que alcanccedila uma abran-gecircncia social maior referida a uma dimensatildeo histoacuterico-geracional ao passo
que a situaccedilatildeo dos jovens revela o modo como tal condiccedilatildeo eacute vivida a partir
dos diversos recortes referentes agraves diferenccedilas sociais ndash classe gecircnero etnia etc (ABRAMO 2001 p 93)
Entretanto em uma anaacutelise quantitativa do ensino meacutedio perce-
be-se uma contradiccedilatildeo que apesar da maior democratizaccedilatildeo no acesso ao
sistema escolar o Brasil natildeo foi capaz de reduzir o percentual de jovens
que natildeo frequentam a escola e as taxas de repetecircncia que acarreta a dis-
torccedilatildeo seacuterieidade na mesma intensidade Conforme aponta os iacutendices
educacionais levantados pelo Instituto Nacional e Estudos e Pesquisas
(INEP)
De acordo com a pesquisa Motivos da Evasatildeo Escolar realizada
pela Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas ndash FGV-RJ com o objetivo de analisar as
causas da evasatildeo escolar na visatildeo dos proacuteprios jovens e de seus pais
40 dos jovens de 15 a 17 anos que evadem deixam de estudar porque a
escola eacute desinteressante
Segundo os dados divulgados o problema da evasatildeo atinge quase
20 da populaccedilatildeo jovem eacute decorrente da falta de interesse do jovem em
permanecer na escola A situaccedilatildeo torna-se mais agravante quando anali-
samos que a evasatildeo na escola acarreta a exclusatildeo desses jovens da en-
trada do mundo de trabalho moderno pela falta de entendimento da im-
portacircncia da educaccedilatildeo como um investimento para o projeto de vida
futura Pais (2006) destaca ldquoPara muitos jovens o mundo da escola pare-
ce aleatoacuterio as avaliaccedilotildees satildeo aleatoacuterias os diplomas idem o futuro
aspas aspasrdquo (PAIS 2006 p 12)
Nesta perspectiva haacute o que a escola deseja e faz e o que a juven-
tude traz para ela suas demandas e necessidades ao longo do seu ciclo de
vida Na medida em que ela natildeo consegue adaptar-se passa a ser rejeita-
da considerada anacrocircnica inadequada e desinteressante para uma par-
cela significativa dos jovens o que leva a evasatildeo
Neste sentido eacute fundamental conhecer estes sujeitos a forma
como lidam com o espaccedilo escolar com os conhecimentos escolares em
meio aos avanccedilos trazidos pela ciecircncia e pela tecnologia mas tambeacutem
em meio agraves incertezas do mundo contemporacircneo ldquoImplica estabelecer
cada vez mais relaccedilotildees entre sua condiccedilatildeo juvenil e o estatuto de aluno
tendo de definir a utilidade social dos seus estudos o sentido das apren-
dizagens e principalmente seu projeto de futurordquo (DAYRELL 1996)
No que diz respeito especificamente ao ensino meacutedio o Ministeacute-
rio de Educaccedilatildeo e Cultura (MEC) anunciou um conjunto de accedilotildees por
meio de programas junto aos estados municiacutepios e Distrito Federal
capazes de motivar e reter os estudantes ateacute o final do ensino meacutedio
Com implementaccedilatildeo de reformas e poliacuteticas educacionais para o niacutevel
meacutedio na garantia do direito agrave educaccedilatildeo e a formaccedilatildeo integral do aluno
Diante deste cenaacuterio considero necessaacuterio uma anaacutelise mais apro-
fundada nas propostas curriculares que deveratildeo ser a base para o redese-
nho curricular proposto pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para o
Ensino Meacutedio ndash Resoluccedilatildeo CMNECEB n2 de 30 de janeiro de 2012
com o objetivo de promover o desenvolvimento de praacuteticas educativas
efetivas com foco na formaccedilatildeo humana integral
Em consonacircncia com a Lei de Diretrizes e Base da Educaccedilatildeo Na-
cional (Lei nordm 9394 de 20 de dezembro de 1996 ndash LDB) e as Diretrizes
Curriculares Nacionais do Ensino Meacutedio (Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 2 de
30 de janeiro de 2012) Tal objetivo se baseia na proposta de ampliar a
oferta puacuteblica de ensino meacutedio de qualidade gratuito pedagogicamente
integrado ao seu caraacuteter formativo em termos de cultura trabalho ciecircncia
e tecnologia
Capiacutetulo II Art 5ordm O Ensino Meacutedio em todas as suas formas de oferta e
organizaccedilatildeo baseia-se em I ndash formaccedilatildeo integral do estudante [] VIII ndash in-
tegraccedilatildeo entre educaccedilatildeo e as dimensotildees do trabalho da ciecircncia da tecnologia e da cultura como base da proposta e do desenvolvimento curricular
(DCNEM ndash Resoluccedilatildeo nordm 2 de 30 de janeiro 2012)
Partindo desta concepccedilatildeo as consideraccedilotildees feitas pelas Diretrizes
Curriculares Nacionais sobre o curriacuteculo para o Ensino Meacutedio se orienta
pela busca de uma formaccedilatildeo humana integral que se faz por meio de uma
organizaccedilatildeo curricular integrada
[] agrave compreensatildeo dos indiviacuteduos em sua inteireza isto eacute tomar os educan-
dos em suas muacuteltiplas dimensotildees intelectual afetiva social corpoacuterea com vistas a propiciar um itineraacuterio formativo que potencialize o desenvolvimento
humano em sua plenitude que se realiza pelo desenvolvimento da autonomia
intelectual e moral [] como a grande finalidade do projeto educativo voltado para a formaccedilatildeo humana integral (Parecer CNECEB 052011 e Resoluccedilatildeo
CNECEB nordm 022012 DCN Caderno3 O Curriacuteculo do Ensino Meacutedio Seus
Sujeitos e a Formaccedilatildeo Humana Integral p 4)
Desta forma o princiacutepio pedagoacutegico especiacutefico do ensino meacutedio
privilegia a praacutetica no meacutetodo de estudo e pesquisa que conduz agrave auto-
nomia de estudos autonomia intelectual e moral Conforme a Lei de
Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo (LBD)
Artigo 35 inciso III O aprimoramento do educando como pessoa huma-na incluindo a formaccedilatildeo eacutetica e o desenvolvimento da autonomia intelectual e
do pensamento criacutetico (Lei nordm 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da Educa-
ccedilatildeo Nacional ndash LDB)
Vale destacar que com base no Projeto de Lei nordm 80352010 que
uma das metas do Plano Nacional de Educaccedilatildeo eacute a universalizaccedilatildeo do
atendimento dos 15 aos 17 anos ndash ateacute 2020
[] II ndash universalizaccedilatildeo do atendimento escolar III ndash superaccedilatildeo das desigual-
dades educacionais IV ndash melhoria da qualidade do ensino V ndash formaccedilatildeo para
o trabalho VI ndash promoccedilatildeo da sustentabilidade socioambiental VII ndash promo-
ccedilatildeo humaniacutestica cientiacutefica e tecnoloacutegica do paiacutes [] (Projeto de Lei nordm 80352010Art 2ordm PNE -20112020)
Mas de que modo isso pode ocorrer Peregrino (2011) mostra que
ldquoa expansatildeo escolar se deparou com os conflitos advindos da diversidade
cultural mas tambeacutem da quantidade de alunos em um contexto em que as
poliacuteticas puacuteblicas e as accedilotildees governamentais natildeo acompanharam essa
expansatildeordquo (FERREIRA 2011 p 83)
Com ecircnfase na compreensatildeo dos sujeitos e das juventudes presen-
tes no ensino meacutedio as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino
Meacutedio torna-se documento fundamental para a orientaccedilatildeo das propostas
curriculares Com base no direito agrave aprendizagem e ao desenvolvimento
integral como aspectos fundamentais para que as escolas redesenhem
seus curriacuteculos
E assim as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Meacutedio
dispotildee para o curriacuteculo
A integraccedilatildeo curricular entre as dimensotildees do trabalho ciecircncia tecnolo-
gia e cultura constitui-se no fundamento para a seleccedilatildeo dos conhecimentos disciplinas metodologias estrateacutegias tempos espaccedilos arranjos curriculares
alternativos e formas de avaliaccedilatildeo BRASIL 2011 p 20)
E acrescenta em relaccedilatildeo a organizaccedilatildeo curricular para o ensino
meacutedio ldquoa organizaccedilatildeo dos conteuacutedos de ensino em estudos ou aacutereas
interdisciplinares e projetos que melhor abriguem a visatildeo orgacircnica do
conhecimento e o diaacutelogo permanente entre as diferentes aacutereas do saberrdquo
(BRASIL 2002 p 87)
Como podemos perceber o projeto de formaccedilatildeo humana integral
no curriacuteculo do ensino meacutedio visa a construccedilatildeo de um projeto coletivo
considerando as caracteriacutesticas sociais econocircmicas poliacuteticas culturais e
laborais da sociedade do entorno escolar e dos sujeitos estudantes e
professores da unidade escolar Nessa vertente Frigotto Ciavatta e Ra-
mos (2005) esclarece o que se busca como formaccedilatildeo humana
Como formaccedilatildeo humana o que se busca eacute garantir ao adolescente ao jo-vem e ao adulto trabalhador o direito a uma formaccedilatildeo completa para a leitura
do mundo e para a atuaccedilatildeo como cidadatildeo pertencente a um paiacutes integrado
dignamente a sua sociedade poliacutetica Formaccedilatildeo que neste sentido supotildee a compreensatildeo das relaccedilotildees sociais subjacentes a todos os fenocircmenos (FRI-
GOTTO CIAVATTA RAMOS 2005 p 85)
ldquoUma educaccedilatildeo que ajude a ler a realidaderdquo (FREIRE 1987 p
14) que ajude a compreender essa realidade criticamente Isso significa
identificar componentes e conteuacutedos curriculares que permitam fazer
relaccedilotildees cada vez mais amplas e profundas entre os fenocircmenos que se
quer ldquoapreenderrdquo e a realidade na qual eles se inserem
4 Consideraccedilotildees finais
Este artigo objetivou uma breve reflexatildeo a respeito das atividades
propostas nas escolas de ensino meacutedio partindo da mediaccedilatildeo da tecnolo-
gia como forma de valorizar a informaccedilatildeo e o conhecimento como fer-
ramenta educativa que facilite o diaacutelogo entre os jovens e a escola
As novas tecnologias facilitam a troca de informaccedilotildees em todas as suas variaccedilotildees sejam elas imagens sons graacuteficos ou textos que com essas novas
experiecircncias potencializam que outros saberes sejam agregados em nossos
sentidos que podem se articular numa inteligecircncia coletiva (LEacuteVY 2010 p 58)
Visto desta maneira contribui para superar o meramente instru-
mental auxiliando os professores a buscar formas de lidar com a cultura
digital como experiecircncia interdisciplinar e democraacutetica que possibilite o
diaacutelogo entre os saberes e tambeacutem com o mundo
Pela ecircnfase na abordagem interdisciplinar dos conteuacutedos curricu-
lares para o desenvolvimento integral dos estudantes do ensino meacutedio
foi possiacutevel traccedilar um paralelo com as propostas curriculares estabeleci-
das pelas Diretrizes Curriculares do Ensino Meacutedio
Em relaccedilatildeo ao ensino meacutedio em especial acredito que o primeiro
passo eacute consideraacute-lo natildeo como ldquomeacutediordquo que se situa entre o ensino fun-
damental e o superior mas sim como uma etapa conclusiva da educaccedilatildeo
baacutesica que deve ter uma ldquobaserdquo capaz de ampliar o acesso ao saber para
a garantia do processo de formaccedilatildeo humana integral Nas palavras de
Morin (2012) ldquoEssa tomada de consciecircncia implica tambeacutem em um
grande esforccedilo de formaccedilatildeo e educaccedilatildeo [] provoca-nos e obriga-nos a
lanccedilar novamente velhas questotildees que civilizaccedilatildeo queremos construir no
seacuteculo XXIrdquo (MORIN 2012 p 478)
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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(DCNEM) Brasiacutelia Ministeacuterio da EducaccedilatildeoConselho Nacional de Edu-
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lthttpblogsIntelcomeducacaodigital200807computacao_1_a_1_o_d
esafio_de_guiar_os_nativos_digitaisphpgt Publicado em 18072008
ma como professores e alunos concebem o uso e as funccedilotildees das tecnolo-
gias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo como ferramentas para propiciar a
conexatildeo entre novos espaccedilos de conhecimento Neste sentido a comuni-
caccedilatildeo atraveacutes do ciberespaccedilo pode ser muito uacutetil No dizer de Leacutevy
(2010)
A grande questatildeo da cibercultura ndash tanto no plano de reduccedilatildeo dos custos como no do acesso de todos agrave educaccedilatildeo ndash natildeo eacute tanto a passagem do presenci-
al agrave distacircncia nem do escrito e oral tradicionais agrave multimiacutedia Eacute a transiccedilatildeo de
uma educaccedilatildeo e de uma formaccedilatildeo estritamente institucionalizadas (a escola a universidade) para uma situaccedilatildeo de troca generalizada dos saberes (LEacuteVY
2010 p 172)
Em suma mediante a transiccedilatildeo de um conhecimento pronto e
acabado para um novo modelo de conhecimento aberto e evolutivo com
o acesso agrave cibercultura que permite produzir conhecimento coletivamente
no intercacircmbio de saberes em diversas instacircncias sociais Sendo possiacutevel
proporcionar o diaacutelogo entre disciplinas explorando abordagens interdis-
ciplinares ao longo das atividades escolares assim como orientar os
alunos para que saibam selecionar as informaccedilotildees em meio ao ldquodiluacutevio
informacionalrdquo (LEacuteVY 2010) que recebemos diariamente Segundo
Mota e Scott (2014)
visando incorporar novas perspectivas educacionais bem como possibilitar a
plena integraccedilatildeo entre disciplinas de meacutetodo e conteuacutedo tal que a compreen-satildeo de mundo possa decorrer tambeacutem de pensamentos e visotildees interdisciplina-
res (MOTA amp SCOTT 2014 p 54)
3 Uma visatildeo dos impasses e das perspectivas das praacuteticas escolares
de formaccedilatildeo humana integral a partir das dimensotildees do trabalho
da ciecircncia tecnologia e cultura
Ao refletirmos sobre o panorama da situaccedilatildeo atual do ensino meacute-
dio eacute necessaacuterio considerar que ateacute os anos 90 apenas 16 dos jovens
brasileiros estavam no ensino meacutedio Com a recente expansatildeo das opor-
tunidades escolares a escola puacuteblica de ensino meacutedio recebe um grupo
diversificado de jovens Como pode ser percebido pela evoluccedilatildeo da por-
centagem de jovens que frequentam a escola
Um puacuteblico novo mais heterogecircneo sobretudo jovens dos setores
populares que traz para o interior da instituiccedilatildeo escolar a diversidade da
condiccedilatildeo juvenil e tambeacutem as desigualdades sociais e econocircmicas que
marcam sua condiccedilatildeo Conforme esclarece Abramo (2001)
A condiccedilatildeo juvenil refere-se ao modo como uma sociedade constitui e
atribui significado a esse momento do ciclo de vida que alcanccedila uma abran-gecircncia social maior referida a uma dimensatildeo histoacuterico-geracional ao passo
que a situaccedilatildeo dos jovens revela o modo como tal condiccedilatildeo eacute vivida a partir
dos diversos recortes referentes agraves diferenccedilas sociais ndash classe gecircnero etnia etc (ABRAMO 2001 p 93)
Entretanto em uma anaacutelise quantitativa do ensino meacutedio perce-
be-se uma contradiccedilatildeo que apesar da maior democratizaccedilatildeo no acesso ao
sistema escolar o Brasil natildeo foi capaz de reduzir o percentual de jovens
que natildeo frequentam a escola e as taxas de repetecircncia que acarreta a dis-
torccedilatildeo seacuterieidade na mesma intensidade Conforme aponta os iacutendices
educacionais levantados pelo Instituto Nacional e Estudos e Pesquisas
(INEP)
De acordo com a pesquisa Motivos da Evasatildeo Escolar realizada
pela Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas ndash FGV-RJ com o objetivo de analisar as
causas da evasatildeo escolar na visatildeo dos proacuteprios jovens e de seus pais
40 dos jovens de 15 a 17 anos que evadem deixam de estudar porque a
escola eacute desinteressante
Segundo os dados divulgados o problema da evasatildeo atinge quase
20 da populaccedilatildeo jovem eacute decorrente da falta de interesse do jovem em
permanecer na escola A situaccedilatildeo torna-se mais agravante quando anali-
samos que a evasatildeo na escola acarreta a exclusatildeo desses jovens da en-
trada do mundo de trabalho moderno pela falta de entendimento da im-
portacircncia da educaccedilatildeo como um investimento para o projeto de vida
futura Pais (2006) destaca ldquoPara muitos jovens o mundo da escola pare-
ce aleatoacuterio as avaliaccedilotildees satildeo aleatoacuterias os diplomas idem o futuro
aspas aspasrdquo (PAIS 2006 p 12)
Nesta perspectiva haacute o que a escola deseja e faz e o que a juven-
tude traz para ela suas demandas e necessidades ao longo do seu ciclo de
vida Na medida em que ela natildeo consegue adaptar-se passa a ser rejeita-
da considerada anacrocircnica inadequada e desinteressante para uma par-
cela significativa dos jovens o que leva a evasatildeo
Neste sentido eacute fundamental conhecer estes sujeitos a forma
como lidam com o espaccedilo escolar com os conhecimentos escolares em
meio aos avanccedilos trazidos pela ciecircncia e pela tecnologia mas tambeacutem
em meio agraves incertezas do mundo contemporacircneo ldquoImplica estabelecer
cada vez mais relaccedilotildees entre sua condiccedilatildeo juvenil e o estatuto de aluno
tendo de definir a utilidade social dos seus estudos o sentido das apren-
dizagens e principalmente seu projeto de futurordquo (DAYRELL 1996)
No que diz respeito especificamente ao ensino meacutedio o Ministeacute-
rio de Educaccedilatildeo e Cultura (MEC) anunciou um conjunto de accedilotildees por
meio de programas junto aos estados municiacutepios e Distrito Federal
capazes de motivar e reter os estudantes ateacute o final do ensino meacutedio
Com implementaccedilatildeo de reformas e poliacuteticas educacionais para o niacutevel
meacutedio na garantia do direito agrave educaccedilatildeo e a formaccedilatildeo integral do aluno
Diante deste cenaacuterio considero necessaacuterio uma anaacutelise mais apro-
fundada nas propostas curriculares que deveratildeo ser a base para o redese-
nho curricular proposto pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para o
Ensino Meacutedio ndash Resoluccedilatildeo CMNECEB n2 de 30 de janeiro de 2012
com o objetivo de promover o desenvolvimento de praacuteticas educativas
efetivas com foco na formaccedilatildeo humana integral
Em consonacircncia com a Lei de Diretrizes e Base da Educaccedilatildeo Na-
cional (Lei nordm 9394 de 20 de dezembro de 1996 ndash LDB) e as Diretrizes
Curriculares Nacionais do Ensino Meacutedio (Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 2 de
30 de janeiro de 2012) Tal objetivo se baseia na proposta de ampliar a
oferta puacuteblica de ensino meacutedio de qualidade gratuito pedagogicamente
integrado ao seu caraacuteter formativo em termos de cultura trabalho ciecircncia
e tecnologia
Capiacutetulo II Art 5ordm O Ensino Meacutedio em todas as suas formas de oferta e
organizaccedilatildeo baseia-se em I ndash formaccedilatildeo integral do estudante [] VIII ndash in-
tegraccedilatildeo entre educaccedilatildeo e as dimensotildees do trabalho da ciecircncia da tecnologia e da cultura como base da proposta e do desenvolvimento curricular
(DCNEM ndash Resoluccedilatildeo nordm 2 de 30 de janeiro 2012)
Partindo desta concepccedilatildeo as consideraccedilotildees feitas pelas Diretrizes
Curriculares Nacionais sobre o curriacuteculo para o Ensino Meacutedio se orienta
pela busca de uma formaccedilatildeo humana integral que se faz por meio de uma
organizaccedilatildeo curricular integrada
[] agrave compreensatildeo dos indiviacuteduos em sua inteireza isto eacute tomar os educan-
dos em suas muacuteltiplas dimensotildees intelectual afetiva social corpoacuterea com vistas a propiciar um itineraacuterio formativo que potencialize o desenvolvimento
humano em sua plenitude que se realiza pelo desenvolvimento da autonomia
intelectual e moral [] como a grande finalidade do projeto educativo voltado para a formaccedilatildeo humana integral (Parecer CNECEB 052011 e Resoluccedilatildeo
CNECEB nordm 022012 DCN Caderno3 O Curriacuteculo do Ensino Meacutedio Seus
Sujeitos e a Formaccedilatildeo Humana Integral p 4)
Desta forma o princiacutepio pedagoacutegico especiacutefico do ensino meacutedio
privilegia a praacutetica no meacutetodo de estudo e pesquisa que conduz agrave auto-
nomia de estudos autonomia intelectual e moral Conforme a Lei de
Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo (LBD)
Artigo 35 inciso III O aprimoramento do educando como pessoa huma-na incluindo a formaccedilatildeo eacutetica e o desenvolvimento da autonomia intelectual e
do pensamento criacutetico (Lei nordm 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da Educa-
ccedilatildeo Nacional ndash LDB)
Vale destacar que com base no Projeto de Lei nordm 80352010 que
uma das metas do Plano Nacional de Educaccedilatildeo eacute a universalizaccedilatildeo do
atendimento dos 15 aos 17 anos ndash ateacute 2020
[] II ndash universalizaccedilatildeo do atendimento escolar III ndash superaccedilatildeo das desigual-
dades educacionais IV ndash melhoria da qualidade do ensino V ndash formaccedilatildeo para
o trabalho VI ndash promoccedilatildeo da sustentabilidade socioambiental VII ndash promo-
ccedilatildeo humaniacutestica cientiacutefica e tecnoloacutegica do paiacutes [] (Projeto de Lei nordm 80352010Art 2ordm PNE -20112020)
Mas de que modo isso pode ocorrer Peregrino (2011) mostra que
ldquoa expansatildeo escolar se deparou com os conflitos advindos da diversidade
cultural mas tambeacutem da quantidade de alunos em um contexto em que as
poliacuteticas puacuteblicas e as accedilotildees governamentais natildeo acompanharam essa
expansatildeordquo (FERREIRA 2011 p 83)
Com ecircnfase na compreensatildeo dos sujeitos e das juventudes presen-
tes no ensino meacutedio as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino
Meacutedio torna-se documento fundamental para a orientaccedilatildeo das propostas
curriculares Com base no direito agrave aprendizagem e ao desenvolvimento
integral como aspectos fundamentais para que as escolas redesenhem
seus curriacuteculos
E assim as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Meacutedio
dispotildee para o curriacuteculo
A integraccedilatildeo curricular entre as dimensotildees do trabalho ciecircncia tecnolo-
gia e cultura constitui-se no fundamento para a seleccedilatildeo dos conhecimentos disciplinas metodologias estrateacutegias tempos espaccedilos arranjos curriculares
alternativos e formas de avaliaccedilatildeo BRASIL 2011 p 20)
E acrescenta em relaccedilatildeo a organizaccedilatildeo curricular para o ensino
meacutedio ldquoa organizaccedilatildeo dos conteuacutedos de ensino em estudos ou aacutereas
interdisciplinares e projetos que melhor abriguem a visatildeo orgacircnica do
conhecimento e o diaacutelogo permanente entre as diferentes aacutereas do saberrdquo
(BRASIL 2002 p 87)
Como podemos perceber o projeto de formaccedilatildeo humana integral
no curriacuteculo do ensino meacutedio visa a construccedilatildeo de um projeto coletivo
considerando as caracteriacutesticas sociais econocircmicas poliacuteticas culturais e
laborais da sociedade do entorno escolar e dos sujeitos estudantes e
professores da unidade escolar Nessa vertente Frigotto Ciavatta e Ra-
mos (2005) esclarece o que se busca como formaccedilatildeo humana
Como formaccedilatildeo humana o que se busca eacute garantir ao adolescente ao jo-vem e ao adulto trabalhador o direito a uma formaccedilatildeo completa para a leitura
do mundo e para a atuaccedilatildeo como cidadatildeo pertencente a um paiacutes integrado
dignamente a sua sociedade poliacutetica Formaccedilatildeo que neste sentido supotildee a compreensatildeo das relaccedilotildees sociais subjacentes a todos os fenocircmenos (FRI-
GOTTO CIAVATTA RAMOS 2005 p 85)
ldquoUma educaccedilatildeo que ajude a ler a realidaderdquo (FREIRE 1987 p
14) que ajude a compreender essa realidade criticamente Isso significa
identificar componentes e conteuacutedos curriculares que permitam fazer
relaccedilotildees cada vez mais amplas e profundas entre os fenocircmenos que se
quer ldquoapreenderrdquo e a realidade na qual eles se inserem
4 Consideraccedilotildees finais
Este artigo objetivou uma breve reflexatildeo a respeito das atividades
propostas nas escolas de ensino meacutedio partindo da mediaccedilatildeo da tecnolo-
gia como forma de valorizar a informaccedilatildeo e o conhecimento como fer-
ramenta educativa que facilite o diaacutelogo entre os jovens e a escola
As novas tecnologias facilitam a troca de informaccedilotildees em todas as suas variaccedilotildees sejam elas imagens sons graacuteficos ou textos que com essas novas
experiecircncias potencializam que outros saberes sejam agregados em nossos
sentidos que podem se articular numa inteligecircncia coletiva (LEacuteVY 2010 p 58)
Visto desta maneira contribui para superar o meramente instru-
mental auxiliando os professores a buscar formas de lidar com a cultura
digital como experiecircncia interdisciplinar e democraacutetica que possibilite o
diaacutelogo entre os saberes e tambeacutem com o mundo
Pela ecircnfase na abordagem interdisciplinar dos conteuacutedos curricu-
lares para o desenvolvimento integral dos estudantes do ensino meacutedio
foi possiacutevel traccedilar um paralelo com as propostas curriculares estabeleci-
das pelas Diretrizes Curriculares do Ensino Meacutedio
Em relaccedilatildeo ao ensino meacutedio em especial acredito que o primeiro
passo eacute consideraacute-lo natildeo como ldquomeacutediordquo que se situa entre o ensino fun-
damental e o superior mas sim como uma etapa conclusiva da educaccedilatildeo
baacutesica que deve ter uma ldquobaserdquo capaz de ampliar o acesso ao saber para
a garantia do processo de formaccedilatildeo humana integral Nas palavras de
Morin (2012) ldquoEssa tomada de consciecircncia implica tambeacutem em um
grande esforccedilo de formaccedilatildeo e educaccedilatildeo [] provoca-nos e obriga-nos a
lanccedilar novamente velhas questotildees que civilizaccedilatildeo queremos construir no
seacuteculo XXIrdquo (MORIN 2012 p 478)
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logias de Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo no Brasil TIC Domiciacutelios e Em-
presas 2011 Coord Alexandre F Barbosa Trad Karen Brito Satildeo Paulo
CGIbr 2012 Disponiacutevel em lthttpopceptrobrcgi-bincetictic-
domicilios-eempresas-2011pdfgt Acesso em 20-02-2013
DAYRELL J A escola como espaccedilo sociocultural In ___ (Org) Muacutel-
tiplos olhares sobre educaccedilatildeo e cultura Belo Horizonte UFMG 1996
FERREIRA Mocircnica Dias Peregrino Juventude trabalho e escola ele-
mentos para anaacutelise de uma posiccedilatildeo social fecunda Cadernos CEDES v
31 p 275-291 2011
FREIRE Paulo Pedagogia do oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra
1989
FRIGOTTO G CIAVATTA M RAMOS M (Orgs) Ensino meacutedio
integrado concepccedilotildees e contradiccedilotildees Satildeo Paulo Cortez 2005
IBGE Motivos da Evasatildeo Escolar realizada pela Fundaccedilatildeo Getuacutelio Var-
gas ndash FGV-RJ CPSFGV a partir dos microdados dos suplementos da
PNADIBGE de 2006
______ Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios (PNADIBGE)
Evoluccedilatildeo da Porcentagem de Jovens adolescentes (15 a 17 anos) que
frequentam a escola no Brasil taxa de 2014
INEP ndash Instituto Nacional e Estudos e Pesquisas Iacutendices Educacionais
por Estado Abandono e Repetecircncia Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira (INEP) Taxas de 2010 Editoria
de ArteCBD A Press
LAURILLARD D Rethinking University Teaching a conversational
framework for the effective use of learning tecnologies London
Routledge Falmer 2002
______ Teaching as a Design Science Building Pedagogical Patterns
for Learning and Technology New York and London Routledge 2012
LEacuteVY Pierre Cibercultura 1 ed Satildeo Paulo Editora 34 2010
MORIN E A religaccedilatildeo dos saberes o desafio do seacuteculo XXI Idealiza-
das e dirigidas por Edgar Morin 10 ed Rio de Janeiro Bertrand Brasil
2012
______ A cabeccedila bem-feita Repensar a reforma reformar o pensamen-
to Trad Eloaacute Jacobina Rio de Janeiro Bertrand Brasil 2010
MOTA R SCOTT D Educando para inovaccedilatildeo e aprendizagem inde-
pendente Satildeo Paulo Elsevier 2014
PAIS J M Culturas juvenis Lisboa Imprensa Nacional Casa da Moe-
da 2003
PRENSKY Marc Digital natives digital immigrants On the Horizon v
9 n 5 Disponiacutevel em
lthttpwwwmarcprenskycomwritingPrensky2020Digital20Nati
ves20Digital20Immigrants20-20Part1pdfgt Acesso em 20-07-
2014
TAGNIN Faacutebio Computaccedilatildeo 1 a 1 O desafio de guiar os nativos digi-
tais Blog de educaccedilatildeo digital da Intel Disponiacutevel em
lthttpblogsIntelcomeducacaodigital200807computacao_1_a_1_o_d
esafio_de_guiar_os_nativos_digitaisphpgt Publicado em 18072008
Um puacuteblico novo mais heterogecircneo sobretudo jovens dos setores
populares que traz para o interior da instituiccedilatildeo escolar a diversidade da
condiccedilatildeo juvenil e tambeacutem as desigualdades sociais e econocircmicas que
marcam sua condiccedilatildeo Conforme esclarece Abramo (2001)
A condiccedilatildeo juvenil refere-se ao modo como uma sociedade constitui e
atribui significado a esse momento do ciclo de vida que alcanccedila uma abran-gecircncia social maior referida a uma dimensatildeo histoacuterico-geracional ao passo
que a situaccedilatildeo dos jovens revela o modo como tal condiccedilatildeo eacute vivida a partir
dos diversos recortes referentes agraves diferenccedilas sociais ndash classe gecircnero etnia etc (ABRAMO 2001 p 93)
Entretanto em uma anaacutelise quantitativa do ensino meacutedio perce-
be-se uma contradiccedilatildeo que apesar da maior democratizaccedilatildeo no acesso ao
sistema escolar o Brasil natildeo foi capaz de reduzir o percentual de jovens
que natildeo frequentam a escola e as taxas de repetecircncia que acarreta a dis-
torccedilatildeo seacuterieidade na mesma intensidade Conforme aponta os iacutendices
educacionais levantados pelo Instituto Nacional e Estudos e Pesquisas
(INEP)
De acordo com a pesquisa Motivos da Evasatildeo Escolar realizada
pela Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas ndash FGV-RJ com o objetivo de analisar as
causas da evasatildeo escolar na visatildeo dos proacuteprios jovens e de seus pais
40 dos jovens de 15 a 17 anos que evadem deixam de estudar porque a
escola eacute desinteressante
Segundo os dados divulgados o problema da evasatildeo atinge quase
20 da populaccedilatildeo jovem eacute decorrente da falta de interesse do jovem em
permanecer na escola A situaccedilatildeo torna-se mais agravante quando anali-
samos que a evasatildeo na escola acarreta a exclusatildeo desses jovens da en-
trada do mundo de trabalho moderno pela falta de entendimento da im-
portacircncia da educaccedilatildeo como um investimento para o projeto de vida
futura Pais (2006) destaca ldquoPara muitos jovens o mundo da escola pare-
ce aleatoacuterio as avaliaccedilotildees satildeo aleatoacuterias os diplomas idem o futuro
aspas aspasrdquo (PAIS 2006 p 12)
Nesta perspectiva haacute o que a escola deseja e faz e o que a juven-
tude traz para ela suas demandas e necessidades ao longo do seu ciclo de
vida Na medida em que ela natildeo consegue adaptar-se passa a ser rejeita-
da considerada anacrocircnica inadequada e desinteressante para uma par-
cela significativa dos jovens o que leva a evasatildeo
Neste sentido eacute fundamental conhecer estes sujeitos a forma
como lidam com o espaccedilo escolar com os conhecimentos escolares em
meio aos avanccedilos trazidos pela ciecircncia e pela tecnologia mas tambeacutem
em meio agraves incertezas do mundo contemporacircneo ldquoImplica estabelecer
cada vez mais relaccedilotildees entre sua condiccedilatildeo juvenil e o estatuto de aluno
tendo de definir a utilidade social dos seus estudos o sentido das apren-
dizagens e principalmente seu projeto de futurordquo (DAYRELL 1996)
No que diz respeito especificamente ao ensino meacutedio o Ministeacute-
rio de Educaccedilatildeo e Cultura (MEC) anunciou um conjunto de accedilotildees por
meio de programas junto aos estados municiacutepios e Distrito Federal
capazes de motivar e reter os estudantes ateacute o final do ensino meacutedio
Com implementaccedilatildeo de reformas e poliacuteticas educacionais para o niacutevel
meacutedio na garantia do direito agrave educaccedilatildeo e a formaccedilatildeo integral do aluno
Diante deste cenaacuterio considero necessaacuterio uma anaacutelise mais apro-
fundada nas propostas curriculares que deveratildeo ser a base para o redese-
nho curricular proposto pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para o
Ensino Meacutedio ndash Resoluccedilatildeo CMNECEB n2 de 30 de janeiro de 2012
com o objetivo de promover o desenvolvimento de praacuteticas educativas
efetivas com foco na formaccedilatildeo humana integral
Em consonacircncia com a Lei de Diretrizes e Base da Educaccedilatildeo Na-
cional (Lei nordm 9394 de 20 de dezembro de 1996 ndash LDB) e as Diretrizes
Curriculares Nacionais do Ensino Meacutedio (Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 2 de
30 de janeiro de 2012) Tal objetivo se baseia na proposta de ampliar a
oferta puacuteblica de ensino meacutedio de qualidade gratuito pedagogicamente
integrado ao seu caraacuteter formativo em termos de cultura trabalho ciecircncia
e tecnologia
Capiacutetulo II Art 5ordm O Ensino Meacutedio em todas as suas formas de oferta e
organizaccedilatildeo baseia-se em I ndash formaccedilatildeo integral do estudante [] VIII ndash in-
tegraccedilatildeo entre educaccedilatildeo e as dimensotildees do trabalho da ciecircncia da tecnologia e da cultura como base da proposta e do desenvolvimento curricular
(DCNEM ndash Resoluccedilatildeo nordm 2 de 30 de janeiro 2012)
Partindo desta concepccedilatildeo as consideraccedilotildees feitas pelas Diretrizes
Curriculares Nacionais sobre o curriacuteculo para o Ensino Meacutedio se orienta
pela busca de uma formaccedilatildeo humana integral que se faz por meio de uma
organizaccedilatildeo curricular integrada
[] agrave compreensatildeo dos indiviacuteduos em sua inteireza isto eacute tomar os educan-
dos em suas muacuteltiplas dimensotildees intelectual afetiva social corpoacuterea com vistas a propiciar um itineraacuterio formativo que potencialize o desenvolvimento
humano em sua plenitude que se realiza pelo desenvolvimento da autonomia
intelectual e moral [] como a grande finalidade do projeto educativo voltado para a formaccedilatildeo humana integral (Parecer CNECEB 052011 e Resoluccedilatildeo
CNECEB nordm 022012 DCN Caderno3 O Curriacuteculo do Ensino Meacutedio Seus
Sujeitos e a Formaccedilatildeo Humana Integral p 4)
Desta forma o princiacutepio pedagoacutegico especiacutefico do ensino meacutedio
privilegia a praacutetica no meacutetodo de estudo e pesquisa que conduz agrave auto-
nomia de estudos autonomia intelectual e moral Conforme a Lei de
Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo (LBD)
Artigo 35 inciso III O aprimoramento do educando como pessoa huma-na incluindo a formaccedilatildeo eacutetica e o desenvolvimento da autonomia intelectual e
do pensamento criacutetico (Lei nordm 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da Educa-
ccedilatildeo Nacional ndash LDB)
Vale destacar que com base no Projeto de Lei nordm 80352010 que
uma das metas do Plano Nacional de Educaccedilatildeo eacute a universalizaccedilatildeo do
atendimento dos 15 aos 17 anos ndash ateacute 2020
[] II ndash universalizaccedilatildeo do atendimento escolar III ndash superaccedilatildeo das desigual-
dades educacionais IV ndash melhoria da qualidade do ensino V ndash formaccedilatildeo para
o trabalho VI ndash promoccedilatildeo da sustentabilidade socioambiental VII ndash promo-
ccedilatildeo humaniacutestica cientiacutefica e tecnoloacutegica do paiacutes [] (Projeto de Lei nordm 80352010Art 2ordm PNE -20112020)
Mas de que modo isso pode ocorrer Peregrino (2011) mostra que
ldquoa expansatildeo escolar se deparou com os conflitos advindos da diversidade
cultural mas tambeacutem da quantidade de alunos em um contexto em que as
poliacuteticas puacuteblicas e as accedilotildees governamentais natildeo acompanharam essa
expansatildeordquo (FERREIRA 2011 p 83)
Com ecircnfase na compreensatildeo dos sujeitos e das juventudes presen-
tes no ensino meacutedio as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino
Meacutedio torna-se documento fundamental para a orientaccedilatildeo das propostas
curriculares Com base no direito agrave aprendizagem e ao desenvolvimento
integral como aspectos fundamentais para que as escolas redesenhem
seus curriacuteculos
E assim as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Meacutedio
dispotildee para o curriacuteculo
A integraccedilatildeo curricular entre as dimensotildees do trabalho ciecircncia tecnolo-
gia e cultura constitui-se no fundamento para a seleccedilatildeo dos conhecimentos disciplinas metodologias estrateacutegias tempos espaccedilos arranjos curriculares
alternativos e formas de avaliaccedilatildeo BRASIL 2011 p 20)
E acrescenta em relaccedilatildeo a organizaccedilatildeo curricular para o ensino
meacutedio ldquoa organizaccedilatildeo dos conteuacutedos de ensino em estudos ou aacutereas
interdisciplinares e projetos que melhor abriguem a visatildeo orgacircnica do
conhecimento e o diaacutelogo permanente entre as diferentes aacutereas do saberrdquo
(BRASIL 2002 p 87)
Como podemos perceber o projeto de formaccedilatildeo humana integral
no curriacuteculo do ensino meacutedio visa a construccedilatildeo de um projeto coletivo
considerando as caracteriacutesticas sociais econocircmicas poliacuteticas culturais e
laborais da sociedade do entorno escolar e dos sujeitos estudantes e
professores da unidade escolar Nessa vertente Frigotto Ciavatta e Ra-
mos (2005) esclarece o que se busca como formaccedilatildeo humana
Como formaccedilatildeo humana o que se busca eacute garantir ao adolescente ao jo-vem e ao adulto trabalhador o direito a uma formaccedilatildeo completa para a leitura
do mundo e para a atuaccedilatildeo como cidadatildeo pertencente a um paiacutes integrado
dignamente a sua sociedade poliacutetica Formaccedilatildeo que neste sentido supotildee a compreensatildeo das relaccedilotildees sociais subjacentes a todos os fenocircmenos (FRI-
GOTTO CIAVATTA RAMOS 2005 p 85)
ldquoUma educaccedilatildeo que ajude a ler a realidaderdquo (FREIRE 1987 p
14) que ajude a compreender essa realidade criticamente Isso significa
identificar componentes e conteuacutedos curriculares que permitam fazer
relaccedilotildees cada vez mais amplas e profundas entre os fenocircmenos que se
quer ldquoapreenderrdquo e a realidade na qual eles se inserem
4 Consideraccedilotildees finais
Este artigo objetivou uma breve reflexatildeo a respeito das atividades
propostas nas escolas de ensino meacutedio partindo da mediaccedilatildeo da tecnolo-
gia como forma de valorizar a informaccedilatildeo e o conhecimento como fer-
ramenta educativa que facilite o diaacutelogo entre os jovens e a escola
As novas tecnologias facilitam a troca de informaccedilotildees em todas as suas variaccedilotildees sejam elas imagens sons graacuteficos ou textos que com essas novas
experiecircncias potencializam que outros saberes sejam agregados em nossos
sentidos que podem se articular numa inteligecircncia coletiva (LEacuteVY 2010 p 58)
Visto desta maneira contribui para superar o meramente instru-
mental auxiliando os professores a buscar formas de lidar com a cultura
digital como experiecircncia interdisciplinar e democraacutetica que possibilite o
diaacutelogo entre os saberes e tambeacutem com o mundo
Pela ecircnfase na abordagem interdisciplinar dos conteuacutedos curricu-
lares para o desenvolvimento integral dos estudantes do ensino meacutedio
foi possiacutevel traccedilar um paralelo com as propostas curriculares estabeleci-
das pelas Diretrizes Curriculares do Ensino Meacutedio
Em relaccedilatildeo ao ensino meacutedio em especial acredito que o primeiro
passo eacute consideraacute-lo natildeo como ldquomeacutediordquo que se situa entre o ensino fun-
damental e o superior mas sim como uma etapa conclusiva da educaccedilatildeo
baacutesica que deve ter uma ldquobaserdquo capaz de ampliar o acesso ao saber para
a garantia do processo de formaccedilatildeo humana integral Nas palavras de
Morin (2012) ldquoEssa tomada de consciecircncia implica tambeacutem em um
grande esforccedilo de formaccedilatildeo e educaccedilatildeo [] provoca-nos e obriga-nos a
lanccedilar novamente velhas questotildees que civilizaccedilatildeo queremos construir no
seacuteculo XXIrdquo (MORIN 2012 p 478)
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ABRAMO Helena Condiccedilatildeo juvenil no Brasil contemporacircneo In ___
BRANCO Pedro Paulo Martoni Retratos da juventude brasileira anaacuteli-
ses de uma pesquisa nacional Satildeo Paulo Instituto CidadaniaEditora
Fundaccedilatildeo Perseu Abramo 2005 p 37-73
BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federati-
va do Brasil Brasiacutelia 1988
______ Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo
Nacional Lei 9394 de 20 de dezembro de 1996 Estabelece as diretrizes
e bases da educaccedilatildeo nacional Brasiacutelia 1996
______ Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Meacutedio
(DCNEM) Brasiacutelia Ministeacuterio da EducaccedilatildeoConselho Nacional de Edu-
caccedilatildeoCacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica 2012
______ Projeto de Lei nordm 80352010 Metas do Plano Nacional de Edu-
caccedilatildeo para o dececircnio 2011-2020 (PNE ndash 20112020) Brasiacutelia 2011
______ Portaria nordm 971 09 de outubro de 2011 que institui o Programa
Ensino Meacutedio Inovador (ProEMI) Brasiacutelia 2011
______ Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Meacutedia e Tec-
noloacutegica Paracircmetros Curriculares Nacionais Ensino Meacutedio Brasiacutelia
Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 2002
COMITEcirc Gestor da Internet no Brasil Pesquisa Sobre o Uso das Tecno-
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presas 2011 Coord Alexandre F Barbosa Trad Karen Brito Satildeo Paulo
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frequentam a escola no Brasil taxa de 2014
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por Estado Abandono e Repetecircncia Instituto Nacional de Estudos e
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pendente Satildeo Paulo Elsevier 2014
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da 2003
PRENSKY Marc Digital natives digital immigrants On the Horizon v
9 n 5 Disponiacutevel em
lthttpwwwmarcprenskycomwritingPrensky2020Digital20Nati
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TAGNIN Faacutebio Computaccedilatildeo 1 a 1 O desafio de guiar os nativos digi-
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lthttpblogsIntelcomeducacaodigital200807computacao_1_a_1_o_d
esafio_de_guiar_os_nativos_digitaisphpgt Publicado em 18072008
De acordo com a pesquisa Motivos da Evasatildeo Escolar realizada
pela Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas ndash FGV-RJ com o objetivo de analisar as
causas da evasatildeo escolar na visatildeo dos proacuteprios jovens e de seus pais
40 dos jovens de 15 a 17 anos que evadem deixam de estudar porque a
escola eacute desinteressante
Segundo os dados divulgados o problema da evasatildeo atinge quase
20 da populaccedilatildeo jovem eacute decorrente da falta de interesse do jovem em
permanecer na escola A situaccedilatildeo torna-se mais agravante quando anali-
samos que a evasatildeo na escola acarreta a exclusatildeo desses jovens da en-
trada do mundo de trabalho moderno pela falta de entendimento da im-
portacircncia da educaccedilatildeo como um investimento para o projeto de vida
futura Pais (2006) destaca ldquoPara muitos jovens o mundo da escola pare-
ce aleatoacuterio as avaliaccedilotildees satildeo aleatoacuterias os diplomas idem o futuro
aspas aspasrdquo (PAIS 2006 p 12)
Nesta perspectiva haacute o que a escola deseja e faz e o que a juven-
tude traz para ela suas demandas e necessidades ao longo do seu ciclo de
vida Na medida em que ela natildeo consegue adaptar-se passa a ser rejeita-
da considerada anacrocircnica inadequada e desinteressante para uma par-
cela significativa dos jovens o que leva a evasatildeo
Neste sentido eacute fundamental conhecer estes sujeitos a forma
como lidam com o espaccedilo escolar com os conhecimentos escolares em
meio aos avanccedilos trazidos pela ciecircncia e pela tecnologia mas tambeacutem
em meio agraves incertezas do mundo contemporacircneo ldquoImplica estabelecer
cada vez mais relaccedilotildees entre sua condiccedilatildeo juvenil e o estatuto de aluno
tendo de definir a utilidade social dos seus estudos o sentido das apren-
dizagens e principalmente seu projeto de futurordquo (DAYRELL 1996)
No que diz respeito especificamente ao ensino meacutedio o Ministeacute-
rio de Educaccedilatildeo e Cultura (MEC) anunciou um conjunto de accedilotildees por
meio de programas junto aos estados municiacutepios e Distrito Federal
capazes de motivar e reter os estudantes ateacute o final do ensino meacutedio
Com implementaccedilatildeo de reformas e poliacuteticas educacionais para o niacutevel
meacutedio na garantia do direito agrave educaccedilatildeo e a formaccedilatildeo integral do aluno
Diante deste cenaacuterio considero necessaacuterio uma anaacutelise mais apro-
fundada nas propostas curriculares que deveratildeo ser a base para o redese-
nho curricular proposto pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para o
Ensino Meacutedio ndash Resoluccedilatildeo CMNECEB n2 de 30 de janeiro de 2012
com o objetivo de promover o desenvolvimento de praacuteticas educativas
efetivas com foco na formaccedilatildeo humana integral
Em consonacircncia com a Lei de Diretrizes e Base da Educaccedilatildeo Na-
cional (Lei nordm 9394 de 20 de dezembro de 1996 ndash LDB) e as Diretrizes
Curriculares Nacionais do Ensino Meacutedio (Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 2 de
30 de janeiro de 2012) Tal objetivo se baseia na proposta de ampliar a
oferta puacuteblica de ensino meacutedio de qualidade gratuito pedagogicamente
integrado ao seu caraacuteter formativo em termos de cultura trabalho ciecircncia
e tecnologia
Capiacutetulo II Art 5ordm O Ensino Meacutedio em todas as suas formas de oferta e
organizaccedilatildeo baseia-se em I ndash formaccedilatildeo integral do estudante [] VIII ndash in-
tegraccedilatildeo entre educaccedilatildeo e as dimensotildees do trabalho da ciecircncia da tecnologia e da cultura como base da proposta e do desenvolvimento curricular
(DCNEM ndash Resoluccedilatildeo nordm 2 de 30 de janeiro 2012)
Partindo desta concepccedilatildeo as consideraccedilotildees feitas pelas Diretrizes
Curriculares Nacionais sobre o curriacuteculo para o Ensino Meacutedio se orienta
pela busca de uma formaccedilatildeo humana integral que se faz por meio de uma
organizaccedilatildeo curricular integrada
[] agrave compreensatildeo dos indiviacuteduos em sua inteireza isto eacute tomar os educan-
dos em suas muacuteltiplas dimensotildees intelectual afetiva social corpoacuterea com vistas a propiciar um itineraacuterio formativo que potencialize o desenvolvimento
humano em sua plenitude que se realiza pelo desenvolvimento da autonomia
intelectual e moral [] como a grande finalidade do projeto educativo voltado para a formaccedilatildeo humana integral (Parecer CNECEB 052011 e Resoluccedilatildeo
CNECEB nordm 022012 DCN Caderno3 O Curriacuteculo do Ensino Meacutedio Seus
Sujeitos e a Formaccedilatildeo Humana Integral p 4)
Desta forma o princiacutepio pedagoacutegico especiacutefico do ensino meacutedio
privilegia a praacutetica no meacutetodo de estudo e pesquisa que conduz agrave auto-
nomia de estudos autonomia intelectual e moral Conforme a Lei de
Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo (LBD)
Artigo 35 inciso III O aprimoramento do educando como pessoa huma-na incluindo a formaccedilatildeo eacutetica e o desenvolvimento da autonomia intelectual e
do pensamento criacutetico (Lei nordm 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da Educa-
ccedilatildeo Nacional ndash LDB)
Vale destacar que com base no Projeto de Lei nordm 80352010 que
uma das metas do Plano Nacional de Educaccedilatildeo eacute a universalizaccedilatildeo do
atendimento dos 15 aos 17 anos ndash ateacute 2020
[] II ndash universalizaccedilatildeo do atendimento escolar III ndash superaccedilatildeo das desigual-
dades educacionais IV ndash melhoria da qualidade do ensino V ndash formaccedilatildeo para
o trabalho VI ndash promoccedilatildeo da sustentabilidade socioambiental VII ndash promo-
ccedilatildeo humaniacutestica cientiacutefica e tecnoloacutegica do paiacutes [] (Projeto de Lei nordm 80352010Art 2ordm PNE -20112020)
Mas de que modo isso pode ocorrer Peregrino (2011) mostra que
ldquoa expansatildeo escolar se deparou com os conflitos advindos da diversidade
cultural mas tambeacutem da quantidade de alunos em um contexto em que as
poliacuteticas puacuteblicas e as accedilotildees governamentais natildeo acompanharam essa
expansatildeordquo (FERREIRA 2011 p 83)
Com ecircnfase na compreensatildeo dos sujeitos e das juventudes presen-
tes no ensino meacutedio as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino
Meacutedio torna-se documento fundamental para a orientaccedilatildeo das propostas
curriculares Com base no direito agrave aprendizagem e ao desenvolvimento
integral como aspectos fundamentais para que as escolas redesenhem
seus curriacuteculos
E assim as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Meacutedio
dispotildee para o curriacuteculo
A integraccedilatildeo curricular entre as dimensotildees do trabalho ciecircncia tecnolo-
gia e cultura constitui-se no fundamento para a seleccedilatildeo dos conhecimentos disciplinas metodologias estrateacutegias tempos espaccedilos arranjos curriculares
alternativos e formas de avaliaccedilatildeo BRASIL 2011 p 20)
E acrescenta em relaccedilatildeo a organizaccedilatildeo curricular para o ensino
meacutedio ldquoa organizaccedilatildeo dos conteuacutedos de ensino em estudos ou aacutereas
interdisciplinares e projetos que melhor abriguem a visatildeo orgacircnica do
conhecimento e o diaacutelogo permanente entre as diferentes aacutereas do saberrdquo
(BRASIL 2002 p 87)
Como podemos perceber o projeto de formaccedilatildeo humana integral
no curriacuteculo do ensino meacutedio visa a construccedilatildeo de um projeto coletivo
considerando as caracteriacutesticas sociais econocircmicas poliacuteticas culturais e
laborais da sociedade do entorno escolar e dos sujeitos estudantes e
professores da unidade escolar Nessa vertente Frigotto Ciavatta e Ra-
mos (2005) esclarece o que se busca como formaccedilatildeo humana
Como formaccedilatildeo humana o que se busca eacute garantir ao adolescente ao jo-vem e ao adulto trabalhador o direito a uma formaccedilatildeo completa para a leitura
do mundo e para a atuaccedilatildeo como cidadatildeo pertencente a um paiacutes integrado
dignamente a sua sociedade poliacutetica Formaccedilatildeo que neste sentido supotildee a compreensatildeo das relaccedilotildees sociais subjacentes a todos os fenocircmenos (FRI-
GOTTO CIAVATTA RAMOS 2005 p 85)
ldquoUma educaccedilatildeo que ajude a ler a realidaderdquo (FREIRE 1987 p
14) que ajude a compreender essa realidade criticamente Isso significa
identificar componentes e conteuacutedos curriculares que permitam fazer
relaccedilotildees cada vez mais amplas e profundas entre os fenocircmenos que se
quer ldquoapreenderrdquo e a realidade na qual eles se inserem
4 Consideraccedilotildees finais
Este artigo objetivou uma breve reflexatildeo a respeito das atividades
propostas nas escolas de ensino meacutedio partindo da mediaccedilatildeo da tecnolo-
gia como forma de valorizar a informaccedilatildeo e o conhecimento como fer-
ramenta educativa que facilite o diaacutelogo entre os jovens e a escola
As novas tecnologias facilitam a troca de informaccedilotildees em todas as suas variaccedilotildees sejam elas imagens sons graacuteficos ou textos que com essas novas
experiecircncias potencializam que outros saberes sejam agregados em nossos
sentidos que podem se articular numa inteligecircncia coletiva (LEacuteVY 2010 p 58)
Visto desta maneira contribui para superar o meramente instru-
mental auxiliando os professores a buscar formas de lidar com a cultura
digital como experiecircncia interdisciplinar e democraacutetica que possibilite o
diaacutelogo entre os saberes e tambeacutem com o mundo
Pela ecircnfase na abordagem interdisciplinar dos conteuacutedos curricu-
lares para o desenvolvimento integral dos estudantes do ensino meacutedio
foi possiacutevel traccedilar um paralelo com as propostas curriculares estabeleci-
das pelas Diretrizes Curriculares do Ensino Meacutedio
Em relaccedilatildeo ao ensino meacutedio em especial acredito que o primeiro
passo eacute consideraacute-lo natildeo como ldquomeacutediordquo que se situa entre o ensino fun-
damental e o superior mas sim como uma etapa conclusiva da educaccedilatildeo
baacutesica que deve ter uma ldquobaserdquo capaz de ampliar o acesso ao saber para
a garantia do processo de formaccedilatildeo humana integral Nas palavras de
Morin (2012) ldquoEssa tomada de consciecircncia implica tambeacutem em um
grande esforccedilo de formaccedilatildeo e educaccedilatildeo [] provoca-nos e obriga-nos a
lanccedilar novamente velhas questotildees que civilizaccedilatildeo queremos construir no
seacuteculo XXIrdquo (MORIN 2012 p 478)
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ABRAMO Helena Condiccedilatildeo juvenil no Brasil contemporacircneo In ___
BRANCO Pedro Paulo Martoni Retratos da juventude brasileira anaacuteli-
ses de uma pesquisa nacional Satildeo Paulo Instituto CidadaniaEditora
Fundaccedilatildeo Perseu Abramo 2005 p 37-73
BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federati-
va do Brasil Brasiacutelia 1988
______ Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo
Nacional Lei 9394 de 20 de dezembro de 1996 Estabelece as diretrizes
e bases da educaccedilatildeo nacional Brasiacutelia 1996
______ Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Meacutedio
(DCNEM) Brasiacutelia Ministeacuterio da EducaccedilatildeoConselho Nacional de Edu-
caccedilatildeoCacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica 2012
______ Projeto de Lei nordm 80352010 Metas do Plano Nacional de Edu-
caccedilatildeo para o dececircnio 2011-2020 (PNE ndash 20112020) Brasiacutelia 2011
______ Portaria nordm 971 09 de outubro de 2011 que institui o Programa
Ensino Meacutedio Inovador (ProEMI) Brasiacutelia 2011
______ Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Meacutedia e Tec-
noloacutegica Paracircmetros Curriculares Nacionais Ensino Meacutedio Brasiacutelia
Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 2002
COMITEcirc Gestor da Internet no Brasil Pesquisa Sobre o Uso das Tecno-
logias de Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo no Brasil TIC Domiciacutelios e Em-
presas 2011 Coord Alexandre F Barbosa Trad Karen Brito Satildeo Paulo
CGIbr 2012 Disponiacutevel em lthttpopceptrobrcgi-bincetictic-
domicilios-eempresas-2011pdfgt Acesso em 20-02-2013
DAYRELL J A escola como espaccedilo sociocultural In ___ (Org) Muacutel-
tiplos olhares sobre educaccedilatildeo e cultura Belo Horizonte UFMG 1996
FERREIRA Mocircnica Dias Peregrino Juventude trabalho e escola ele-
mentos para anaacutelise de uma posiccedilatildeo social fecunda Cadernos CEDES v
31 p 275-291 2011
FREIRE Paulo Pedagogia do oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra
1989
FRIGOTTO G CIAVATTA M RAMOS M (Orgs) Ensino meacutedio
integrado concepccedilotildees e contradiccedilotildees Satildeo Paulo Cortez 2005
IBGE Motivos da Evasatildeo Escolar realizada pela Fundaccedilatildeo Getuacutelio Var-
gas ndash FGV-RJ CPSFGV a partir dos microdados dos suplementos da
PNADIBGE de 2006
______ Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios (PNADIBGE)
Evoluccedilatildeo da Porcentagem de Jovens adolescentes (15 a 17 anos) que
frequentam a escola no Brasil taxa de 2014
INEP ndash Instituto Nacional e Estudos e Pesquisas Iacutendices Educacionais
por Estado Abandono e Repetecircncia Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira (INEP) Taxas de 2010 Editoria
de ArteCBD A Press
LAURILLARD D Rethinking University Teaching a conversational
framework for the effective use of learning tecnologies London
Routledge Falmer 2002
______ Teaching as a Design Science Building Pedagogical Patterns
for Learning and Technology New York and London Routledge 2012
LEacuteVY Pierre Cibercultura 1 ed Satildeo Paulo Editora 34 2010
MORIN E A religaccedilatildeo dos saberes o desafio do seacuteculo XXI Idealiza-
das e dirigidas por Edgar Morin 10 ed Rio de Janeiro Bertrand Brasil
2012
______ A cabeccedila bem-feita Repensar a reforma reformar o pensamen-
to Trad Eloaacute Jacobina Rio de Janeiro Bertrand Brasil 2010
MOTA R SCOTT D Educando para inovaccedilatildeo e aprendizagem inde-
pendente Satildeo Paulo Elsevier 2014
PAIS J M Culturas juvenis Lisboa Imprensa Nacional Casa da Moe-
da 2003
PRENSKY Marc Digital natives digital immigrants On the Horizon v
9 n 5 Disponiacutevel em
lthttpwwwmarcprenskycomwritingPrensky2020Digital20Nati
ves20Digital20Immigrants20-20Part1pdfgt Acesso em 20-07-
2014
TAGNIN Faacutebio Computaccedilatildeo 1 a 1 O desafio de guiar os nativos digi-
tais Blog de educaccedilatildeo digital da Intel Disponiacutevel em
lthttpblogsIntelcomeducacaodigital200807computacao_1_a_1_o_d
esafio_de_guiar_os_nativos_digitaisphpgt Publicado em 18072008
Em consonacircncia com a Lei de Diretrizes e Base da Educaccedilatildeo Na-
cional (Lei nordm 9394 de 20 de dezembro de 1996 ndash LDB) e as Diretrizes
Curriculares Nacionais do Ensino Meacutedio (Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 2 de
30 de janeiro de 2012) Tal objetivo se baseia na proposta de ampliar a
oferta puacuteblica de ensino meacutedio de qualidade gratuito pedagogicamente
integrado ao seu caraacuteter formativo em termos de cultura trabalho ciecircncia
e tecnologia
Capiacutetulo II Art 5ordm O Ensino Meacutedio em todas as suas formas de oferta e
organizaccedilatildeo baseia-se em I ndash formaccedilatildeo integral do estudante [] VIII ndash in-
tegraccedilatildeo entre educaccedilatildeo e as dimensotildees do trabalho da ciecircncia da tecnologia e da cultura como base da proposta e do desenvolvimento curricular
(DCNEM ndash Resoluccedilatildeo nordm 2 de 30 de janeiro 2012)
Partindo desta concepccedilatildeo as consideraccedilotildees feitas pelas Diretrizes
Curriculares Nacionais sobre o curriacuteculo para o Ensino Meacutedio se orienta
pela busca de uma formaccedilatildeo humana integral que se faz por meio de uma
organizaccedilatildeo curricular integrada
[] agrave compreensatildeo dos indiviacuteduos em sua inteireza isto eacute tomar os educan-
dos em suas muacuteltiplas dimensotildees intelectual afetiva social corpoacuterea com vistas a propiciar um itineraacuterio formativo que potencialize o desenvolvimento
humano em sua plenitude que se realiza pelo desenvolvimento da autonomia
intelectual e moral [] como a grande finalidade do projeto educativo voltado para a formaccedilatildeo humana integral (Parecer CNECEB 052011 e Resoluccedilatildeo
CNECEB nordm 022012 DCN Caderno3 O Curriacuteculo do Ensino Meacutedio Seus
Sujeitos e a Formaccedilatildeo Humana Integral p 4)
Desta forma o princiacutepio pedagoacutegico especiacutefico do ensino meacutedio
privilegia a praacutetica no meacutetodo de estudo e pesquisa que conduz agrave auto-
nomia de estudos autonomia intelectual e moral Conforme a Lei de
Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo (LBD)
Artigo 35 inciso III O aprimoramento do educando como pessoa huma-na incluindo a formaccedilatildeo eacutetica e o desenvolvimento da autonomia intelectual e
do pensamento criacutetico (Lei nordm 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da Educa-
ccedilatildeo Nacional ndash LDB)
Vale destacar que com base no Projeto de Lei nordm 80352010 que
uma das metas do Plano Nacional de Educaccedilatildeo eacute a universalizaccedilatildeo do
atendimento dos 15 aos 17 anos ndash ateacute 2020
[] II ndash universalizaccedilatildeo do atendimento escolar III ndash superaccedilatildeo das desigual-
dades educacionais IV ndash melhoria da qualidade do ensino V ndash formaccedilatildeo para
o trabalho VI ndash promoccedilatildeo da sustentabilidade socioambiental VII ndash promo-
ccedilatildeo humaniacutestica cientiacutefica e tecnoloacutegica do paiacutes [] (Projeto de Lei nordm 80352010Art 2ordm PNE -20112020)
Mas de que modo isso pode ocorrer Peregrino (2011) mostra que
ldquoa expansatildeo escolar se deparou com os conflitos advindos da diversidade
cultural mas tambeacutem da quantidade de alunos em um contexto em que as
poliacuteticas puacuteblicas e as accedilotildees governamentais natildeo acompanharam essa
expansatildeordquo (FERREIRA 2011 p 83)
Com ecircnfase na compreensatildeo dos sujeitos e das juventudes presen-
tes no ensino meacutedio as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino
Meacutedio torna-se documento fundamental para a orientaccedilatildeo das propostas
curriculares Com base no direito agrave aprendizagem e ao desenvolvimento
integral como aspectos fundamentais para que as escolas redesenhem
seus curriacuteculos
E assim as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Meacutedio
dispotildee para o curriacuteculo
A integraccedilatildeo curricular entre as dimensotildees do trabalho ciecircncia tecnolo-
gia e cultura constitui-se no fundamento para a seleccedilatildeo dos conhecimentos disciplinas metodologias estrateacutegias tempos espaccedilos arranjos curriculares
alternativos e formas de avaliaccedilatildeo BRASIL 2011 p 20)
E acrescenta em relaccedilatildeo a organizaccedilatildeo curricular para o ensino
meacutedio ldquoa organizaccedilatildeo dos conteuacutedos de ensino em estudos ou aacutereas
interdisciplinares e projetos que melhor abriguem a visatildeo orgacircnica do
conhecimento e o diaacutelogo permanente entre as diferentes aacutereas do saberrdquo
(BRASIL 2002 p 87)
Como podemos perceber o projeto de formaccedilatildeo humana integral
no curriacuteculo do ensino meacutedio visa a construccedilatildeo de um projeto coletivo
considerando as caracteriacutesticas sociais econocircmicas poliacuteticas culturais e
laborais da sociedade do entorno escolar e dos sujeitos estudantes e
professores da unidade escolar Nessa vertente Frigotto Ciavatta e Ra-
mos (2005) esclarece o que se busca como formaccedilatildeo humana
Como formaccedilatildeo humana o que se busca eacute garantir ao adolescente ao jo-vem e ao adulto trabalhador o direito a uma formaccedilatildeo completa para a leitura
do mundo e para a atuaccedilatildeo como cidadatildeo pertencente a um paiacutes integrado
dignamente a sua sociedade poliacutetica Formaccedilatildeo que neste sentido supotildee a compreensatildeo das relaccedilotildees sociais subjacentes a todos os fenocircmenos (FRI-
GOTTO CIAVATTA RAMOS 2005 p 85)
ldquoUma educaccedilatildeo que ajude a ler a realidaderdquo (FREIRE 1987 p
14) que ajude a compreender essa realidade criticamente Isso significa
identificar componentes e conteuacutedos curriculares que permitam fazer
relaccedilotildees cada vez mais amplas e profundas entre os fenocircmenos que se
quer ldquoapreenderrdquo e a realidade na qual eles se inserem
4 Consideraccedilotildees finais
Este artigo objetivou uma breve reflexatildeo a respeito das atividades
propostas nas escolas de ensino meacutedio partindo da mediaccedilatildeo da tecnolo-
gia como forma de valorizar a informaccedilatildeo e o conhecimento como fer-
ramenta educativa que facilite o diaacutelogo entre os jovens e a escola
As novas tecnologias facilitam a troca de informaccedilotildees em todas as suas variaccedilotildees sejam elas imagens sons graacuteficos ou textos que com essas novas
experiecircncias potencializam que outros saberes sejam agregados em nossos
sentidos que podem se articular numa inteligecircncia coletiva (LEacuteVY 2010 p 58)
Visto desta maneira contribui para superar o meramente instru-
mental auxiliando os professores a buscar formas de lidar com a cultura
digital como experiecircncia interdisciplinar e democraacutetica que possibilite o
diaacutelogo entre os saberes e tambeacutem com o mundo
Pela ecircnfase na abordagem interdisciplinar dos conteuacutedos curricu-
lares para o desenvolvimento integral dos estudantes do ensino meacutedio
foi possiacutevel traccedilar um paralelo com as propostas curriculares estabeleci-
das pelas Diretrizes Curriculares do Ensino Meacutedio
Em relaccedilatildeo ao ensino meacutedio em especial acredito que o primeiro
passo eacute consideraacute-lo natildeo como ldquomeacutediordquo que se situa entre o ensino fun-
damental e o superior mas sim como uma etapa conclusiva da educaccedilatildeo
baacutesica que deve ter uma ldquobaserdquo capaz de ampliar o acesso ao saber para
a garantia do processo de formaccedilatildeo humana integral Nas palavras de
Morin (2012) ldquoEssa tomada de consciecircncia implica tambeacutem em um
grande esforccedilo de formaccedilatildeo e educaccedilatildeo [] provoca-nos e obriga-nos a
lanccedilar novamente velhas questotildees que civilizaccedilatildeo queremos construir no
seacuteculo XXIrdquo (MORIN 2012 p 478)
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ABRAMO Helena Condiccedilatildeo juvenil no Brasil contemporacircneo In ___
BRANCO Pedro Paulo Martoni Retratos da juventude brasileira anaacuteli-
ses de uma pesquisa nacional Satildeo Paulo Instituto CidadaniaEditora
Fundaccedilatildeo Perseu Abramo 2005 p 37-73
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va do Brasil Brasiacutelia 1988
______ Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo
Nacional Lei 9394 de 20 de dezembro de 1996 Estabelece as diretrizes
e bases da educaccedilatildeo nacional Brasiacutelia 1996
______ Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Meacutedio
(DCNEM) Brasiacutelia Ministeacuterio da EducaccedilatildeoConselho Nacional de Edu-
caccedilatildeoCacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica 2012
______ Projeto de Lei nordm 80352010 Metas do Plano Nacional de Edu-
caccedilatildeo para o dececircnio 2011-2020 (PNE ndash 20112020) Brasiacutelia 2011
______ Portaria nordm 971 09 de outubro de 2011 que institui o Programa
Ensino Meacutedio Inovador (ProEMI) Brasiacutelia 2011
______ Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Meacutedia e Tec-
noloacutegica Paracircmetros Curriculares Nacionais Ensino Meacutedio Brasiacutelia
Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 2002
COMITEcirc Gestor da Internet no Brasil Pesquisa Sobre o Uso das Tecno-
logias de Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo no Brasil TIC Domiciacutelios e Em-
presas 2011 Coord Alexandre F Barbosa Trad Karen Brito Satildeo Paulo
CGIbr 2012 Disponiacutevel em lthttpopceptrobrcgi-bincetictic-
domicilios-eempresas-2011pdfgt Acesso em 20-02-2013
DAYRELL J A escola como espaccedilo sociocultural In ___ (Org) Muacutel-
tiplos olhares sobre educaccedilatildeo e cultura Belo Horizonte UFMG 1996
FERREIRA Mocircnica Dias Peregrino Juventude trabalho e escola ele-
mentos para anaacutelise de uma posiccedilatildeo social fecunda Cadernos CEDES v
31 p 275-291 2011
FREIRE Paulo Pedagogia do oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra
1989
FRIGOTTO G CIAVATTA M RAMOS M (Orgs) Ensino meacutedio
integrado concepccedilotildees e contradiccedilotildees Satildeo Paulo Cortez 2005
IBGE Motivos da Evasatildeo Escolar realizada pela Fundaccedilatildeo Getuacutelio Var-
gas ndash FGV-RJ CPSFGV a partir dos microdados dos suplementos da
PNADIBGE de 2006
______ Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios (PNADIBGE)
Evoluccedilatildeo da Porcentagem de Jovens adolescentes (15 a 17 anos) que
frequentam a escola no Brasil taxa de 2014
INEP ndash Instituto Nacional e Estudos e Pesquisas Iacutendices Educacionais
por Estado Abandono e Repetecircncia Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira (INEP) Taxas de 2010 Editoria
de ArteCBD A Press
LAURILLARD D Rethinking University Teaching a conversational
framework for the effective use of learning tecnologies London
Routledge Falmer 2002
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for Learning and Technology New York and London Routledge 2012
LEacuteVY Pierre Cibercultura 1 ed Satildeo Paulo Editora 34 2010
MORIN E A religaccedilatildeo dos saberes o desafio do seacuteculo XXI Idealiza-
das e dirigidas por Edgar Morin 10 ed Rio de Janeiro Bertrand Brasil
2012
______ A cabeccedila bem-feita Repensar a reforma reformar o pensamen-
to Trad Eloaacute Jacobina Rio de Janeiro Bertrand Brasil 2010
MOTA R SCOTT D Educando para inovaccedilatildeo e aprendizagem inde-
pendente Satildeo Paulo Elsevier 2014
PAIS J M Culturas juvenis Lisboa Imprensa Nacional Casa da Moe-
da 2003
PRENSKY Marc Digital natives digital immigrants On the Horizon v
9 n 5 Disponiacutevel em
lthttpwwwmarcprenskycomwritingPrensky2020Digital20Nati
ves20Digital20Immigrants20-20Part1pdfgt Acesso em 20-07-
2014
TAGNIN Faacutebio Computaccedilatildeo 1 a 1 O desafio de guiar os nativos digi-
tais Blog de educaccedilatildeo digital da Intel Disponiacutevel em
lthttpblogsIntelcomeducacaodigital200807computacao_1_a_1_o_d
esafio_de_guiar_os_nativos_digitaisphpgt Publicado em 18072008
Mas de que modo isso pode ocorrer Peregrino (2011) mostra que
ldquoa expansatildeo escolar se deparou com os conflitos advindos da diversidade
cultural mas tambeacutem da quantidade de alunos em um contexto em que as
poliacuteticas puacuteblicas e as accedilotildees governamentais natildeo acompanharam essa
expansatildeordquo (FERREIRA 2011 p 83)
Com ecircnfase na compreensatildeo dos sujeitos e das juventudes presen-
tes no ensino meacutedio as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino
Meacutedio torna-se documento fundamental para a orientaccedilatildeo das propostas
curriculares Com base no direito agrave aprendizagem e ao desenvolvimento
integral como aspectos fundamentais para que as escolas redesenhem
seus curriacuteculos
E assim as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Meacutedio
dispotildee para o curriacuteculo
A integraccedilatildeo curricular entre as dimensotildees do trabalho ciecircncia tecnolo-
gia e cultura constitui-se no fundamento para a seleccedilatildeo dos conhecimentos disciplinas metodologias estrateacutegias tempos espaccedilos arranjos curriculares
alternativos e formas de avaliaccedilatildeo BRASIL 2011 p 20)
E acrescenta em relaccedilatildeo a organizaccedilatildeo curricular para o ensino
meacutedio ldquoa organizaccedilatildeo dos conteuacutedos de ensino em estudos ou aacutereas
interdisciplinares e projetos que melhor abriguem a visatildeo orgacircnica do
conhecimento e o diaacutelogo permanente entre as diferentes aacutereas do saberrdquo
(BRASIL 2002 p 87)
Como podemos perceber o projeto de formaccedilatildeo humana integral
no curriacuteculo do ensino meacutedio visa a construccedilatildeo de um projeto coletivo
considerando as caracteriacutesticas sociais econocircmicas poliacuteticas culturais e
laborais da sociedade do entorno escolar e dos sujeitos estudantes e
professores da unidade escolar Nessa vertente Frigotto Ciavatta e Ra-
mos (2005) esclarece o que se busca como formaccedilatildeo humana
Como formaccedilatildeo humana o que se busca eacute garantir ao adolescente ao jo-vem e ao adulto trabalhador o direito a uma formaccedilatildeo completa para a leitura
do mundo e para a atuaccedilatildeo como cidadatildeo pertencente a um paiacutes integrado
dignamente a sua sociedade poliacutetica Formaccedilatildeo que neste sentido supotildee a compreensatildeo das relaccedilotildees sociais subjacentes a todos os fenocircmenos (FRI-
GOTTO CIAVATTA RAMOS 2005 p 85)
ldquoUma educaccedilatildeo que ajude a ler a realidaderdquo (FREIRE 1987 p
14) que ajude a compreender essa realidade criticamente Isso significa
identificar componentes e conteuacutedos curriculares que permitam fazer
relaccedilotildees cada vez mais amplas e profundas entre os fenocircmenos que se
quer ldquoapreenderrdquo e a realidade na qual eles se inserem
4 Consideraccedilotildees finais
Este artigo objetivou uma breve reflexatildeo a respeito das atividades
propostas nas escolas de ensino meacutedio partindo da mediaccedilatildeo da tecnolo-
gia como forma de valorizar a informaccedilatildeo e o conhecimento como fer-
ramenta educativa que facilite o diaacutelogo entre os jovens e a escola
As novas tecnologias facilitam a troca de informaccedilotildees em todas as suas variaccedilotildees sejam elas imagens sons graacuteficos ou textos que com essas novas
experiecircncias potencializam que outros saberes sejam agregados em nossos
sentidos que podem se articular numa inteligecircncia coletiva (LEacuteVY 2010 p 58)
Visto desta maneira contribui para superar o meramente instru-
mental auxiliando os professores a buscar formas de lidar com a cultura
digital como experiecircncia interdisciplinar e democraacutetica que possibilite o
diaacutelogo entre os saberes e tambeacutem com o mundo
Pela ecircnfase na abordagem interdisciplinar dos conteuacutedos curricu-
lares para o desenvolvimento integral dos estudantes do ensino meacutedio
foi possiacutevel traccedilar um paralelo com as propostas curriculares estabeleci-
das pelas Diretrizes Curriculares do Ensino Meacutedio
Em relaccedilatildeo ao ensino meacutedio em especial acredito que o primeiro
passo eacute consideraacute-lo natildeo como ldquomeacutediordquo que se situa entre o ensino fun-
damental e o superior mas sim como uma etapa conclusiva da educaccedilatildeo
baacutesica que deve ter uma ldquobaserdquo capaz de ampliar o acesso ao saber para
a garantia do processo de formaccedilatildeo humana integral Nas palavras de
Morin (2012) ldquoEssa tomada de consciecircncia implica tambeacutem em um
grande esforccedilo de formaccedilatildeo e educaccedilatildeo [] provoca-nos e obriga-nos a
lanccedilar novamente velhas questotildees que civilizaccedilatildeo queremos construir no
seacuteculo XXIrdquo (MORIN 2012 p 478)
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ABRAMO Helena Condiccedilatildeo juvenil no Brasil contemporacircneo In ___
BRANCO Pedro Paulo Martoni Retratos da juventude brasileira anaacuteli-
ses de uma pesquisa nacional Satildeo Paulo Instituto CidadaniaEditora
Fundaccedilatildeo Perseu Abramo 2005 p 37-73
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va do Brasil Brasiacutelia 1988
______ Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo
Nacional Lei 9394 de 20 de dezembro de 1996 Estabelece as diretrizes
e bases da educaccedilatildeo nacional Brasiacutelia 1996
______ Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Meacutedio
(DCNEM) Brasiacutelia Ministeacuterio da EducaccedilatildeoConselho Nacional de Edu-
caccedilatildeoCacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica 2012
______ Projeto de Lei nordm 80352010 Metas do Plano Nacional de Edu-
caccedilatildeo para o dececircnio 2011-2020 (PNE ndash 20112020) Brasiacutelia 2011
______ Portaria nordm 971 09 de outubro de 2011 que institui o Programa
Ensino Meacutedio Inovador (ProEMI) Brasiacutelia 2011
______ Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Meacutedia e Tec-
noloacutegica Paracircmetros Curriculares Nacionais Ensino Meacutedio Brasiacutelia
Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 2002
COMITEcirc Gestor da Internet no Brasil Pesquisa Sobre o Uso das Tecno-
logias de Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo no Brasil TIC Domiciacutelios e Em-
presas 2011 Coord Alexandre F Barbosa Trad Karen Brito Satildeo Paulo
CGIbr 2012 Disponiacutevel em lthttpopceptrobrcgi-bincetictic-
domicilios-eempresas-2011pdfgt Acesso em 20-02-2013
DAYRELL J A escola como espaccedilo sociocultural In ___ (Org) Muacutel-
tiplos olhares sobre educaccedilatildeo e cultura Belo Horizonte UFMG 1996
FERREIRA Mocircnica Dias Peregrino Juventude trabalho e escola ele-
mentos para anaacutelise de uma posiccedilatildeo social fecunda Cadernos CEDES v
31 p 275-291 2011
FREIRE Paulo Pedagogia do oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra
1989
FRIGOTTO G CIAVATTA M RAMOS M (Orgs) Ensino meacutedio
integrado concepccedilotildees e contradiccedilotildees Satildeo Paulo Cortez 2005
IBGE Motivos da Evasatildeo Escolar realizada pela Fundaccedilatildeo Getuacutelio Var-
gas ndash FGV-RJ CPSFGV a partir dos microdados dos suplementos da
PNADIBGE de 2006
______ Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios (PNADIBGE)
Evoluccedilatildeo da Porcentagem de Jovens adolescentes (15 a 17 anos) que
frequentam a escola no Brasil taxa de 2014
INEP ndash Instituto Nacional e Estudos e Pesquisas Iacutendices Educacionais
por Estado Abandono e Repetecircncia Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira (INEP) Taxas de 2010 Editoria
de ArteCBD A Press
LAURILLARD D Rethinking University Teaching a conversational
framework for the effective use of learning tecnologies London
Routledge Falmer 2002
______ Teaching as a Design Science Building Pedagogical Patterns
for Learning and Technology New York and London Routledge 2012
LEacuteVY Pierre Cibercultura 1 ed Satildeo Paulo Editora 34 2010
MORIN E A religaccedilatildeo dos saberes o desafio do seacuteculo XXI Idealiza-
das e dirigidas por Edgar Morin 10 ed Rio de Janeiro Bertrand Brasil
2012
______ A cabeccedila bem-feita Repensar a reforma reformar o pensamen-
to Trad Eloaacute Jacobina Rio de Janeiro Bertrand Brasil 2010
MOTA R SCOTT D Educando para inovaccedilatildeo e aprendizagem inde-
pendente Satildeo Paulo Elsevier 2014
PAIS J M Culturas juvenis Lisboa Imprensa Nacional Casa da Moe-
da 2003
PRENSKY Marc Digital natives digital immigrants On the Horizon v
9 n 5 Disponiacutevel em
lthttpwwwmarcprenskycomwritingPrensky2020Digital20Nati
ves20Digital20Immigrants20-20Part1pdfgt Acesso em 20-07-
2014
TAGNIN Faacutebio Computaccedilatildeo 1 a 1 O desafio de guiar os nativos digi-
tais Blog de educaccedilatildeo digital da Intel Disponiacutevel em
lthttpblogsIntelcomeducacaodigital200807computacao_1_a_1_o_d
esafio_de_guiar_os_nativos_digitaisphpgt Publicado em 18072008
Como podemos perceber o projeto de formaccedilatildeo humana integral
no curriacuteculo do ensino meacutedio visa a construccedilatildeo de um projeto coletivo
considerando as caracteriacutesticas sociais econocircmicas poliacuteticas culturais e
laborais da sociedade do entorno escolar e dos sujeitos estudantes e
professores da unidade escolar Nessa vertente Frigotto Ciavatta e Ra-
mos (2005) esclarece o que se busca como formaccedilatildeo humana
Como formaccedilatildeo humana o que se busca eacute garantir ao adolescente ao jo-vem e ao adulto trabalhador o direito a uma formaccedilatildeo completa para a leitura
do mundo e para a atuaccedilatildeo como cidadatildeo pertencente a um paiacutes integrado
dignamente a sua sociedade poliacutetica Formaccedilatildeo que neste sentido supotildee a compreensatildeo das relaccedilotildees sociais subjacentes a todos os fenocircmenos (FRI-
GOTTO CIAVATTA RAMOS 2005 p 85)
ldquoUma educaccedilatildeo que ajude a ler a realidaderdquo (FREIRE 1987 p
14) que ajude a compreender essa realidade criticamente Isso significa
identificar componentes e conteuacutedos curriculares que permitam fazer
relaccedilotildees cada vez mais amplas e profundas entre os fenocircmenos que se
quer ldquoapreenderrdquo e a realidade na qual eles se inserem
4 Consideraccedilotildees finais
Este artigo objetivou uma breve reflexatildeo a respeito das atividades
propostas nas escolas de ensino meacutedio partindo da mediaccedilatildeo da tecnolo-
gia como forma de valorizar a informaccedilatildeo e o conhecimento como fer-
ramenta educativa que facilite o diaacutelogo entre os jovens e a escola
As novas tecnologias facilitam a troca de informaccedilotildees em todas as suas variaccedilotildees sejam elas imagens sons graacuteficos ou textos que com essas novas
experiecircncias potencializam que outros saberes sejam agregados em nossos
sentidos que podem se articular numa inteligecircncia coletiva (LEacuteVY 2010 p 58)
Visto desta maneira contribui para superar o meramente instru-
mental auxiliando os professores a buscar formas de lidar com a cultura
digital como experiecircncia interdisciplinar e democraacutetica que possibilite o
diaacutelogo entre os saberes e tambeacutem com o mundo
Pela ecircnfase na abordagem interdisciplinar dos conteuacutedos curricu-
lares para o desenvolvimento integral dos estudantes do ensino meacutedio
foi possiacutevel traccedilar um paralelo com as propostas curriculares estabeleci-
das pelas Diretrizes Curriculares do Ensino Meacutedio
Em relaccedilatildeo ao ensino meacutedio em especial acredito que o primeiro
passo eacute consideraacute-lo natildeo como ldquomeacutediordquo que se situa entre o ensino fun-
damental e o superior mas sim como uma etapa conclusiva da educaccedilatildeo
baacutesica que deve ter uma ldquobaserdquo capaz de ampliar o acesso ao saber para
a garantia do processo de formaccedilatildeo humana integral Nas palavras de
Morin (2012) ldquoEssa tomada de consciecircncia implica tambeacutem em um
grande esforccedilo de formaccedilatildeo e educaccedilatildeo [] provoca-nos e obriga-nos a
lanccedilar novamente velhas questotildees que civilizaccedilatildeo queremos construir no
seacuteculo XXIrdquo (MORIN 2012 p 478)
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ABRAMO Helena Condiccedilatildeo juvenil no Brasil contemporacircneo In ___
BRANCO Pedro Paulo Martoni Retratos da juventude brasileira anaacuteli-
ses de uma pesquisa nacional Satildeo Paulo Instituto CidadaniaEditora
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______ Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo
Nacional Lei 9394 de 20 de dezembro de 1996 Estabelece as diretrizes
e bases da educaccedilatildeo nacional Brasiacutelia 1996
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caccedilatildeo para o dececircnio 2011-2020 (PNE ndash 20112020) Brasiacutelia 2011
______ Portaria nordm 971 09 de outubro de 2011 que institui o Programa
Ensino Meacutedio Inovador (ProEMI) Brasiacutelia 2011
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FREIRE Paulo Pedagogia do oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra
1989
FRIGOTTO G CIAVATTA M RAMOS M (Orgs) Ensino meacutedio
integrado concepccedilotildees e contradiccedilotildees Satildeo Paulo Cortez 2005
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gas ndash FGV-RJ CPSFGV a partir dos microdados dos suplementos da
PNADIBGE de 2006
______ Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios (PNADIBGE)
Evoluccedilatildeo da Porcentagem de Jovens adolescentes (15 a 17 anos) que
frequentam a escola no Brasil taxa de 2014
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por Estado Abandono e Repetecircncia Instituto Nacional de Estudos e
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esafio_de_guiar_os_nativos_digitaisphpgt Publicado em 18072008
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