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JOVENS NEET A realidade de jovens dos Bairros do Zambujal e Casal da Mira

JOVENS NEET - cm-amadora.pt · casos para intervenções presentes e futuras com este grupo de jovens, com as necessidades específicas que identificamos e com as percepções e

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JOVENS NEETA realidade de jovens dos Bairros do Zambujal e Casal da Mira

FICHA TÉCNICA Estudo realizado por:

em colaboração com o Gabinete de Projetos Especiais da

2

ÍNDICEEnquadramento 4

Sumário Executivo 8

Conclusões 10Percepções, práticas e dinâmicas de vida dos NEET 10

Intervenção Local com este grupo de jovens 11

Compreensão da Problemática 11

Recomendações 12Intervenção Local com este grupo de jovens 12

Compreensão da Problemática 13

Metodologia 14

Análise de dados 16Caracterização, Percepções e Dinâmicas de Vida dos Jovens NEET 17

Relação dos jovens NEET com o sistema de ensino 24

Relação dos jovens NEET com o mercado de trabalho e de formação profissional 29

Intervenção com jovens NEET na Amadora 42

Intervenções com melhores resultados e as menos satisfatórias 43

Notas Finais 50

ANEXOS 51

ENQUADRAMENTO

A problemática do desemprego tem vindo a tornar-se a questão fulcral nas economias Europeias e particularmente o desemprego jovem que tem vindo a subir de forma galopante.

Efetivamente há um conjunto de fatores que torna imprescindível aprofundar o conhecimento da problemática do desemprego mas também ou mesmo principalmente de todos os mecanismos que levam a que cada vez mais jovens caiam em situações que os deixam à margem dos mercados de trabalho, formação ou mesmo do sistema de educação.

Face ao exposto poderemos identificar os seguintes fatores que conferem relevância ao presente estudo e a outros que se queiram desenvolver em torno desta problemática, a saber:

• A actual crise financeira que assola a Europa e que sabemos, historicamente, que implicará um aumento forte dos níveis de desemprego, fundamentalmente dos mais jovens, menos qualificados, imigrantes e pessoas no final da idade activa;

• Os níveis de desemprego na União Europeia são os mais elevados dos últimos 10 anos e estes valores são ainda mais preocupantes para aqueles que estão na faixa etária até aos 25 anos;

• Há um aumento significativo do desemprego qualificado entre os jovens;

• As relações entre a exclusão do mercado de trabalho e problemas de saúde graves que aumentam os custos para os sistemas de saúde e contribuem para aumentar as dificuldades de inserção de quem os sofre;

• O aumento do desemprego tem uma relação também historicamente testada com o aumento da criminalidade e de sentimentos de insegurança com os custos sociais que daí advêm;

• Os desafios colocados pelo mercado de trabalho de hoje são bem mais complexos e de natureza diversa aos que enfrentaram jovens noutros momentos de crise. A globalização, as novas tecnologias e o seu impacto nos processos produtivos, as necessidades crescentes de qualificação e outros fatores tornam o momento de crise que atravessamos na Europa uma situação a muitos títulos ímpar.

4

Por estes motivos, é evidente a relevância de um estudo desta natureza num território como o Município da Amadora. Um grande Município na periferia da maior cidade Portuguesa com todas as característica fundamentais de uma grande urbe e onde os fenómenos atrás expostos se fazem sentir de forma intensa e perene.

Olhando para os dados relativos ao Centro de Emprego da Amadora podemos verificar que, comparando dados de Maio 2010, 2011 e 2012, há já um aumento no número de desempregados inscritos no Centro de Emprego mas, possivelmente estes dados de aumento serão ainda mais visíveis dentro de alguns meses (tendo em atenção os dados nacionais).

Em Maio de 2012 estavam registados 11.920 desempregados no Centro de Emprego da Amadora contra os 9.985 em Maio de 2011 e os 9.871 do mesmo mês em 2010.

fonte: IEFP

17%

46%

24%

12%

Desemprego Registado por Concelho segundo o Grupo Etário (Maio 2012)

< 25 Anos25 - 34 Anos35 - 54 Anos55 Anos e +

5

fonte: IEFP

É verdade que toda a legislação produzida, medidas de política, programas e projetos que, desde há décadas, estão no terreno trabalhando com os jovens deveriam evitar a existência de jovens que ficassem fora de sistemas de inclusão como a escola ou o mercado de formação ou de emprego mas...na realidade estas situações persistem.

Ao sermos confrontados com jovens que vivem à margem das respostas que foram sendo para si criadas e com o desconhecimento que temos das suas dinâmicas de vida, expectativas, desejos, percepções, temos a certeza de que todos teremos que fazer mais e melhor para romper com ciclos de pobreza e exclusão social que parecem eternizar-se.

Mesmo quando estes jovens, que nalgum ponto do percurso de vida se afastaram do sistema de ensino regular, são integrados em respostas de   formação e aumento de competências, os efeitos a nível da sua efetiva integração profissional, só se fazem sentir quando o tecido produtivo da região se mostra capaz de oferecer oportunidades de emprego, caso contrário têm que ser encontradas soluções alternativas em conjunto com as organizações locais e sobretudo com os próprios interessados.

A atual situação económica, quer a nível nacional quer a nível local desafia as organizações no sentido de criarem métodos de intervenção inovadores a partir do conhecimento da realidade.

É neste contexto que o Município da Amadora  e os parceiros locais, A Partilha – Associação de Moradores do Bairro do Zambujal, Buraca, Comissão de Proteção de Crianças e Jovens em Risco, Cooperactiva - Cooperativa de Desenvolvimento Social CRL, Escola Intercultural das Profissões e do Desporto da Amadora, EM, Fundação Aga Khan, Instituto Missionário da Consolata, Ministério da Justiça - Direcção-Geral de Reinserção Social, Pressley Ridge - Associação de Solidariedade Social, Raízes - Associação de Apoio à Criança e ao Jovem aderem ao Projeto TYPE - Tackling Young People´s Welfare in Europe.

0

1 500

3 000

4 500

6 000

< 25 Anos 25 - 34 Anos 35 - 54 Anos 55 Anos e +

Evolução do Número de Desempregados por Escalão Etário

Maio 2010 Maio 2011 Maio 2012

6

 

Este projecto é promovido pelo LUDEN - Local Urban Development European Network, uma rede de cidades europeias (integra entidades públicas e privadas sem fins lucrativos), que promove abordagens integradas para a revitalização de zonas vulneráveis, com o envolvimento de políticos, técnicos e moradores locais, no processo, e  tem como objetivo geral incentivar a transferência de boas práticas e a troca de experiências no âmbito do combate ao desemprego jovem em cinco cidades (Timisoara, Amadora, Sevilha, Ealing e Lublin) de cinco estados membros (Roménia, Portugal, Espanha, Reino Unido e Polónia).

Conscientes de que esta é uma situação intolerável e que a Autarquia e parceiros locais não a poderiam ignorar, a Câmara Municipal da Amadora decidiu “meter mãos à obra” e participar no projeto TYPE de que este estudo é uma peça integrante. Refira-se que o presente estudo só foi possível graças à prática de intervenção em rede consolidada no terreno, por parte do Município e das organizações locais o que facilitou todo o trabalho de pesquisa e análise de resultados.

A relevância da problemática escolhida está mais que provada, a necessidade de nos preocuparmos e fazermos algo com estes jovens é não só uma necessidade social mas uma prioridade de intervenção evidente no contexto de crise socioeconómica que vivemos.

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SUMÁRIO EXECUTIVO

O presente estudo foi elaborado no âmbito do projeto TYPE, do qual o Município da Amadora é parceiro. Considerando o enquadramento e os objetivos do projeto a nível local, o Município solicitou que incidisse na caracterização e aprofundamento do conhecimento sobre as vivências, percursos e práticas quotidianas de jovens NEET1 residentes em dois bairros do concelho, Zambujal e Casal da Mira, onde há um trabalho de terreno de agentes locais que facilitou o desenvolvimento do presente estudo.

Face ao atual contexto socioeconómico Europeu e à situação específica que vivemos a nível nacional, onde temos taxas de desemprego crescentes e onde os números do desemprego jovem são particularmente preocupantes, um estudo que tem como objeto de análise jovens que estão numa situação de exclusão extrema ao estarem fora dos três percursos promotores de inclusão parece-nos não só interessante como importante e, potencialmente, relevante para a intervenção nas áreas da educação, formação e emprego, no concelho da Amadora.

Este estudo foi efectuado em colaboração estreita com os stakeholders locais relevantes nos dois territórios seleccionados, nomeadamente as organizações que no terreno trabalham directamente com os jovens NEET mas também com os serviços do município que estão no terreno nas áreas de estudo (exemplo: Ação Social e Educação).

Esta colaboração dos atores locais foi importantíssima a vários níveis para a equipa responsável por este projeto:

• Facilitou a identificação, contacto e trabalho com jovens NEET nos dois territórios seleccionados;

• Clarificou as dinâmicas locais já instituídas e possibilitou a compreensão das lógicas de intervenção no terreno e das suas interpenetrações;

• Ajudou a equipa que conduziu o estudo a recentrar, redefinir ou clarificar as questões-chave a abordar, o desenho dos instrumentos de recolha de informação e até mesmo algumas leituras iniciais da realidade aqui apresentadas.

1 NEET - Acrónimo de “not in education, employment or training”. Este conceito foi utilizado pela primeira vez no Reino Unido mas é utilizado hoje em dia em outros países como o Japão, a China ou a Coreia do Sul. Resta acrescentar que os limites etários dos NEET diferem de contexto nacional para contexto nacional.

8

Por tudo o que atrás foi descrito é de inteira justiça destacar o papel decisivo destas organizações para chegarmos aos resultados aqui apresentados. Todo o processo foi conduzido em parceria e os contributos de todos os stakeholders foram importantes em todas as fases do projeto, desde a definição das dimensões, critérios e questões-chave a serem abordadas até ao desenho dos próprios instrumentos de recolha de informação.

Como mais à frente descreveremos em maior pormenor, a metodologia que foi utilizada apostou na elaboração de questionários aplicados maioritariamente online a jovens NEET e às organizações locais que com eles trabalham mas também em focus groups, workshops e reuniões de trabalho com os parceiros do projeto e que permitiram a participação efectiva atrás descrita bem como a recolha de informações adicionais importantes para o estudo.

É importante também referir que o presente estudo não pretende ser uma leitura “final” e/ou “definitiva” sobre as percepções, práticas e vivências dos jovens NEET, nem sequer dos jovens NEET da Amadora. Este estudo tem apenas a “ambição” de ser um contributo para ajudar à melhor compreensão deste grupo-alvo que, infelizmente, pelas condições socioeconómicas actuais corre o risco de aumentar, e também ser uma boa base de trabalho para todas as organizações que pretendem ou venham a pretender trabalhar com este grupo específico.

Todas a conclusões e recomendações apresentadas no âmbito deste estudo são referenciadas ao grupo inquirido e aos territórios seleccionados para o mesmo e não deverão, em nenhum caso, ser generalizadas.

As limitações territoriais e de amostra referenciadas não devem no entanto ser encaradas como uma assunção de “menoridade” deste trabalho, pois tal seria estranho vindo de quem o elaborou, mas antes como o assumir uma utilidade efectiva e, quiçá, decisiva nalguns casos para intervenções presentes e futuras com este grupo de jovens, com as necessidades específicas que identificamos e com as percepções e dinâmicas de vida que fomos compreendendo melhor ao longo deste trabalho.

De seguida iremos deixar algumas conclusões que retirámos dos dados recolhidos ao longo do estudo e algumas recomendações que nos parecem importantes face à relevância da problemática em estudo e à intervenção já existente no concelho da Amadora.

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CONCLUSÕES

Face ao conjunto de dados recolhidos junto dos stakeholders locais relevantes para a compreensão do grupo e problemáticas em estudo, é possível elencar um conjunto de conclusões que resultam de forma directa da análise dos dados recolhidos e também das notas e aprendizagens efectuadas no processo de construção do estudo.

Para facilitar a leitura, compreensão e análise vamos dividir as nossas conclusões em três (3) áreas fundamentais:

I. Percepções, práticas e dinâmicas de vida dos NEET

II. Intervenção Local com este grupo de jovens

III. Compreensão da Problemática

Comecemos então pela conclusões a que chegámos face às...

Percepções, práticas e dinâmicas de vida dos NEET

• A dinâmica de vida e sociabilidade quotidianas destes jovens são idênticas à dos outros jovens do seu escalão etário, à excepção das que decorrem do facto de estarem fora dos sistemas de educação, formação e emprego;

• Embora estando fora destes sistemas os jovens têm facilidade em identificar o que gostariam de receber e o que rejeitam de cada um deles;

• Existe vontade expressa pelos jovens de estarem integrados nos sistemas referenciados;

• Há ainda muitas lacunas ao nível das competências que estes jovens terão que possuir para poderem ter sucesso quando inseridos em qualquer um dos sistemas identificados

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Intervenção Local com este grupo de jovens

• Há no contexto dos dois territórios que foram objeto do presente estudo agentes com condições, experiência e conhecimento acumulado da problemática para se poder pensar e implementar intervenções nesta área;

• Apesar de existir um conjunto interessante de intervenções nestes territórios a comunicação entre os promotores destas intervenções e a articulação das mesmas parecem ser dimensões a trabalhar;

• Pensar localmente se este grupo não deveria ser trabalhado de forma mais direccionada e adoptar de facto esta nomenclatura e conceito NEET na intervenção local no concelho da Amadora.

Compreensão da Problemática

• Esta problemática não é completamente nova mas parece-nos que existe uma necessidade e um espaço para aquisição de informação e conhecimento sobre a mesma que ainda pode e deve ser explorada;

• Há demasiadas “zonas obscuras” no que diz respeito ao conhecimento sobre a realidade dos NEET, não tanto as realidades individuais ou os tipos de vivências mas sim a compreensão holística da problemática que só pode ser obtida através de uma recolha, tratamento e partilha efectiva de informação entre os agentes locais que trabalham com e para estes jovens.

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RECOMENDAÇÕES

Face ao conjunto de conclusões que retirámos com base nos dados recolhidos neste estudo gostaríamos de deixar algumas opções/recomendações para a continuação do trabalho com os jovens NEET.

Intervenção Local com este grupo de jovens

• Criar mecanismos de partilha efectiva de informação e conhecimento entre as organizações com intervenção junto deste grupo-alvo e nestes territórios;

• Promover espaços de partilha e de colaboração entre organizações, promovendo intervenções mais racionais, eficientes e eficazes e uma partilha efectiva de recursos e instrumentos;

• Manter a aposta em intervenções de qualificação destes jovens mas focalizando nas competências em que se identificam lacunas claras, evitando dispersões que afectam negativamente a eficiência e eficácia do investimento realizado;

• Optar por este conceito NEET enquanto referencial para a intervenção com estes jovens e alargar esta abordagem a todo o concelho.

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Compreensão da Problemática

• A maioria dos dados que, neste momento conseguimos obter são eminentemente qualitativos. Há necessidade de identificar, recolher e monitorizar um conjunto de indicadores qualitativos e quantitativos sobre este grupo específico;

• O estudo de grupos com este tipo de características é difícil e oneroso, devido às suas características específicas de diversidade e dispersão, entre outras, no entanto é importante fazer este investimento;

• Parecem-nos importantes estudos complementares com os seguintes enfoques:

a. Estudos longitudinais e com enfoque quantitativo (a maioria dos estudos e literatura a nível mundial sobre NEET é predominantemente de outputs e qualitativa);

b. Compreensão mais abrangente das dinâmicas de vida e práticas quotidianas;

c. Mecanismos de prevenção;

d. Análise de risco e de causalidades;

e. Estudos de caso de passagem de NEET para EET. Estes parecem-nos bastante importantes pois a verdade é que todos os estudos internacionais a que tivemos acesso referem a ausência de informação sobre estes “mecanismos de passagem”;

f. Estudos centrados nos processos cíclicos de reincidência. Ou seja, a maioria dos jovens não são NEET em permanência, são é NEET de forma recorrente, intervalando períodos de exclusão dos sistemas de enquadramento social com períodos em que estão no mercado de trabalho, em formação ou no sistema de educação.

Estas recomendações são materiais para reflexão e possível ação para os interventores locais mas parecem-nos pertinentes face aos dados do estudo e à relevância e actualidade da problemática em questão.

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METODOLOGIAAs opções metodológicas em estudos desta natureza nunca são simples e serão sempre condicionadas pela natureza do mesmos e pelos constrangimentos próprios de processos que decorrem dentro dos limites de um projeto financiado e com timings reduzidos.

Neste caso, a opção metodológica teve por base dois pressupostos:

I. O objectivo de recolher informação junto de todos os stakeholders relevantes;

II. A necessidade dessa recolha se processar através de várias formas.

Numa primeira fase foram identificados quais os stakeholders a envolver no projeto e depois de efectuados contactos foi marcada uma sessão de arranque do projeto onde os objectivos do estudo, a sua abrangência, público-alvo, territórios e calendário proposto foram apresentados e depois de recolhidas sugestões foi definido quem iria participar activamente no projeto e um draft de plano de ação foi desenhado.

As recolhas de informação foram genericamente organizadas da seguinte forma:

Instrumento Aplicação Objectivo(s)

Questionário a jovens nas condições definidas no projeto residentes nos bairros do Zambujal e Casal da Mira

Efectuada online com o apoio das organizações que trabalham com e para os jovens

Recolher as percepções destes sobre as causas e consequências da sua situaçāo atual

Reuniões, workshops e focus groups com as organizações locais que trabalham com e para os jovens

Reuniões periódicas presenciais onde com o apoio de ferramentas de mind mapping foram sistematizados contributos dos agentes locais para o estudo

Complementar informações recolhidas, clarificar questões e lançar novos temas para as recolhas de informaçāo seguintes

Questionário às organizações que trabalham localmente com os jovens nas condições definidas no projeto

Efectuada online

Clarificar informações recolhidas sobre as metodologias e estratégias de intervenção das organizações e sobre os estilos de vida e dinâmicas familiares dos jovens

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A utilização de formas de aplicação suportadas em novas tecnologias de informação e comunicação e a utilização de formas avançadas de organização da informação como o mind mapping foram fundamentais para permitir a recolha e sistematização de um volume considerável de informação num espaço de tempo bastante limitado. Por outro lado, o envolvimento das organizações que no dia a dia trabalham com estes jovens foi decisivo para a compreensão em tempo recorde da sua realidade e do que já é feito no terreno para tentar a sua reintegração nos sistemas de educação, formação e/ou emprego.

A metodologia proposta tem limitações bem conhecidas e reconhecidas por todos os agentes envolvidos, teria sido interessante um trabalho que permitisse um maior contacto directo com os jovens, mas, dentro dos constrangimentos existentes, foi eficiente na gestão dos recursos à nossa disposição (orçamentais e de tempo) e eficaz na medida em que permitiu a recolha da informação relevante junto dos stakeholders chave para a temática em análise.

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ANÁLISE DE DADOSNeste ponto do estudo vamos sintetizar os dados recolhidos através dos inquéritos por questionário aplicados a jovens NEET e a organizações que no terreno trabalham com e para estes mesmos jovens.

Salientamos que o facto de esta análise incidir quase exclusivamente em frequências se deve à amostra inquirida ser de dimensão reduzida, pelo que os cruzamentos de indicadores ganham pouca relevância em termos de análise. Os dados recolhidos devem ser sempre entendidos como base de reflexão associada e referenciada única e exclusivamente ao grupo de jovens inquiridos. Esta “limitação” não retira no entanto importância aos dados recolhidos, mas somente nos obriga a ter o cuidado de não partirmos para qualquer tipo de generalização. De qualquer forma, esta era uma característica do estudo nos termos em que este foi planeado.

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Caracterização, Percepções e Dinâmicas de Vida dos Jovens NEET

Em primeiro lugar vamos apresentar os dados recolhidos juntos dos jovens nas dimensões e critérios consensualizados com as entidades parceiras do projeto.

Caracterização dos jovens NEET dos bairros do Zambujal e do Casal de Mira

n= 44

17

n= 44

Os jovens inquiridos foram na maioria do sexo masculino e com idades compreendidas entre os 15 e os 21 anos (72,7%).

18

n= 44

Naturais de outros municípios/concelhos:

Todos os jovens que nasceram em Portugal, em concelhos diferentes do actual, são naturais de concelhos da área metropolitana de Lisboa. Nomeadamente, Lisboa (16 casos), Loures (1 caso), Almada (1 caso) e Odivelas (1 caso).

Casos de naturais de outros países:

Apenas dois dos jovens inquiridos são naturais de outros países, nomeadamente Brasil e Guiné Bissau.

Nacionalidade não portuguesa:

Cinco dos jovens inquiridos têm nacionalidade diferente de Portuguesa, quatro Cabo-verdianos e um Guineense.

19

n= 44

Como já foi referido, o estudo incidiu sobre dois territórios bem identificados no concelho da Amadora. No entanto a nossa amostra final acabou por incluir uma maioria de jovens de um desses territórios, o Bairro do Zambujal. Esta diferença não é relevante na medida em que não se pretende realizar uma análise comparativa entre os jovens consoante o seu bairro de residência.

20

n= 44

Outras situações identificadas:

Para além das situações identificadas no gráfico anterior, foram ainda identificados como elementos do agregado familiar, sobrinhos (3 casos), padrasto (2 casos) e cunhada (1 caso).

Face aos dados recolhidos as realidades em termos dos “arranjos domésticos” e as estruturas familiares dos jovens inquiridos são bastante variadas, não havendo qualquer chance de identificar um padrão dominante (face à dimensão da amostra). No entanto, a maioria (até pela idade) reside com pais e/ou irmãos.

21

n= 44

Práticas quotidianas

De acordo com os resultados expressos na tabela seguinte, estes jovens não se diferenciam pelo tipo de atividades de lazer e sociabilidade realizadas quotidianamente, nem pela frequência com que as praticam.

Frequência com que os jovens praticam as seguintes actividades (%)

Todos os d ias

Pelo m enos um a vez por

sem ana

Pelo m enos um a vez por

m ês

Esporadicamente

NuncaNão sei / Não

respondo

Conversar/conviver com amigos 81,40 9,30 2,33 6,98 0,00 0,00Conversar/conviver com familiares 90,70 9,30 0,00 0,00 0,00 0,00Praticar desporto 13,95 39,53 9,30 20,93 16,28 0,00Ir ao cinema ou teatro 0,00 6,98 30,23 39,53 20,93 2,33Ver televisão 90,70 6,98 0,00 0,00 0,00 0,00Falar ao telefone/telemóvel 76,74 11,63 0,00 11,63 0,00 0,00Assistir a espectáculos desportivos 18,60 20,93 11,63 27,91 18,60 2,33Jogar jogos vídeo 32,56 25,58 9,30 18,60 11,63 2,33Ler livros 4,65 20,93 11,63 34,88 27,91 0,00Ler jornais/revistas 32,56 34,88 4,65 20,93 4,65 0,00Aceder à internet 72,09 16,28 6,98 2,33 2,33 0,00Receber ou enviar e-mails 46,51 25,58 9,30 6,98 11,63 0,00Utilizar redes sociais online (ex: facebook) 69,77 4,65 4,65 4,65 16,28 0,00Ir a locais de diversão diurna (ex: cafés, espaços comerciais) 37,21 48,84 4,65 4,65 2,33 0,00Ir a locais de diversão nocturna (ex: bares e discotecas) 2,33 32,56 18,60 20,93 23,26 0,00Participar em cultos religiosos 11,63 13,95 4,65 13,95 53,49 2,33Almoçar ou jantar em restaurantes 2,33 20,93 27,91 34,88 11,63 2,33Namorar 51,16 23,26 0,00 9,30 16,28 0,00

n= 43

22

As práticas identificadas pelos jovens, como sendo as suas preferidas, podem ser agrupadas segundo as seguintes tipologias:n

n=41

Quando questionados sobre o que mais gostam de fazer, os jovens tendem de forma evidente a valorizar duas dimensões das suas práticas quotidianas: as atividades relacionadas com diversas práticas desportivas e os períodos do dia passados em momentos de convívio dedicados aos amigos e à família. Neste último caso, estão também incluídas as práticas que envolvem o cuidado dedicado a filhos e outras crianças da família.

É de salientar ainda que apenas quatro jovens identificaram atividades relacionadas com práticas profissionais e nenhum deles mencionou o estudo, aprendizagem ou formação entre as suas preferências.

23

Relação dos jovens NEET com o sistema de ensino

n= 40

No que se refere à relação destes jovens com o sistema de ensino verificamos que a maioria vai cumprindo etapas até ao 9º ano constatando-se posteriormente um abandono crescente. Mais uma vez temos que olhar para estes dados com algum cuidado e não esquecendo que até há algum tempo o 9º ano era o nível de ensino obrigatório.

24

n= 42

n= 40

25

n= 25

A inadaptação ao sistema de ensino e/ou à escola surge como a razão principal para o abandono do sistema de ensino por parte destes jovens que foram inquiridos. Professores e certas disciplinas são os aspectos que menos agradaram à maioria dos inquiridos no seu percurso escolar.

Já o retorno ao sistema se faz por uma série de motivos com pesos muito similares para estes jovens.

Curioso é o facto de, mesmo quando abandonam o sistema de ensino, a maioria dos jovens (66,7%) considera que a sua experiência na escola foi positiva. Talvez este seja um aspecto a aprofundar no futuro, esta aparente contradição entre a escola “a que não me adapto” mas que de alguma forma me “agrada” e que “desejo”.

26

n= 42

n= 42

27

n= 36

28

Relação dos jovens NEET com o mercado de trabalho e de formação profissional

n= 43

n= 34

29

A maioria dos jovens inquiridos nunca trabalhou, seja porque nunca procurou trabalhar ou porque ainda não conseguiu esse primeiro emprego. A maioria queixa-se efectivamente da pouca oferta existente no mercado e a esmagadora maioria considerou que está activamente a procurar entrar no mercado de trabalho.

n= 39

30

n= 25

n= 38

31

A tipologia e número de casos de empregos dos jovens que já tiveram experiência de trabalho remunerado é a que se apresenta no gráfico seguinte.

n= 14

O tempo de permanência no mercado de trabalho parece ser reduzido para a maioria dos jovens inquiridos, como pode ser constatado pelo gráfico abaixo.

n= 14

32

n= 40

33

Percepção da experiência no mercado de trabalho e formação:

n= 33

Tal como em relação à escola, a maioria dos jovens considera ter tido uma experiência positiva ou muito positiva no seu contacto quer com o mercado de trabalho quer com o de formação. Os motivos para esta satisfação são variados sem que surja um dominante.

34

n= 14

n= 13

35

n= 20

n= 14

Para estes jovens inquiridos parecem ser os “constrangimentos” do trabalho e da formação o que mais os afasta ou desmotiva nestas áreas. Questões como as hierarquias, os horários ou o terem que lidar com os comportamentos de terceiros parecem colocar um desafio extra a estes jovens e a maioria parece não apreciar esse desafio.

Em termos de formação ou emprego o que gostariam de estar a fazer neste momento:

36

n= 39

Motivos identificados pelos jovens para não se encontrarem na situação desejada (identificada na questão anterior)

n= 38

37

Avaliação da experiência dos jovens que desejam estar a trabalhar:

Experiência no mercado de trabalhoExperiência no mercado de trabalhoExperiência no mercado de trabalhoExperiência no mercado de trabalho

O que mais gostaram (%)O que mais gostaram (%) O que menos gostaram (%)O que menos gostaram (%)

Do próprio trabalho realizado 33 Horários 24

Experiência e competências adquiridas 24 Dificuldade de arranjar emprego 18

Relacionamento com colegas 19 Superiores hierárquicos 18

Relacionamento com clientes 14 Vencimento 18

Vencimento 10 Comportamento dos clientes 12

Comportamento de colegas 6

Faltas de cumprimento pela entidade patronal 6

Experiência na escolaExperiência na escolaExperiência na escolaExperiência na escola

O que mais gostaram (%)O que mais gostaram (%) O que menos gostaram (%)O que menos gostaram (%)

Relações de amizade e convívio (amigos/ colegas) 35 Disciplinas específicas 32

Aprender, estudar, ler e escrever 18 Professores e outros profissionais 28

Disciplinas específicas 18 Horário escolar 19

Atividades desportivas 12 Comportamento de colegas 9

Professores e outros profissionais 12Falta de condições (espaço físico e materiais) 9

Espaço(s) da escola 5 Alimentação 4

Experiência em formação profissionalExperiência em formação profissionalExperiência em formação profissionalExperiência em formação profissional

O que mais gostaram (%)O que mais gostaram (%) O que menos gostaram (%)O que menos gostaram (%)

Conteúdos da formação 21 Horário 27

Relação com os colegas 21 Demasiado curto 20

Relação com formadores 17 Matérias específicas 20

Competências adquiridas 13 Relação com os colegas 13

Metodologias utilizadas 13 Condições logísticas (transportes...) 7

Bar 8 Conteúdos pouco aprofundados 7

Espaços da formação 8 Estágio 7

n=44

38

Avaliação da experiência dos jovens que desejam estar a frequentar formação profissional:

Experiência no mercado de trabalhoExperiência no mercado de trabalhoExperiência no mercado de trabalhoExperiência no mercado de trabalho

O que mais gostaram (%)O que mais gostaram (%) O que menos gostaram (%)O que menos gostaram (%)

Relacionamento com colegas 33 Comportamento dos clientes 30

Do próprio trabalho realizado 25 Horários 20

Relacionamento com clientes 17 Superiores hierárquicos 20

Vencimento 17 Dificuldade de arranjar emprego 10

Experiência e competências adquiridas 8 Fim do contrato 10

Vencimento 10

Experiência na escolaExperiência na escolaExperiência na escolaExperiência na escola

O que mais gostaram (%)O que mais gostaram (%) O que menos gostaram (%)O que menos gostaram (%)

Relações de amizade e convívio (amigos/ colegas) 29 Professores e outros profissionais 28

Disciplinas específicas 23 Comportamento de colegas 24

Aprender, estudar, ler e escrever 20 Disciplinas específicas 20

Atividades desportivas 11 Horário escolar 16

Espaço(s) da escola 11 Alimentação 4

Professores e outros profissionais 6Falta de condições (espaço físico e materiais) 4

Localização da escola 4

Experiência em formação profissionalExperiência em formação profissionalExperiência em formação profissionalExperiência em formação profissional

O que mais gostaram (%)O que mais gostaram (%) O que menos gostaram (%)O que menos gostaram (%)

Competências adquiridas 29 Relação com os colegas 40

Relação com formadores 24 Matérias específicas 30

Conteúdos da formação 18 Horário 20

Relação com os colegas 18 Relação com formadores 10

Bar 6

Metodologias utilizadas 6

n=44

39

Avaliação da experiência dos jovens que desejam estar a estudar:

Experiência no mercado de trabalhoExperiência no mercado de trabalhoExperiência no mercado de trabalhoExperiência no mercado de trabalho

O que mais gostaram (%)O que mais gostaram (%) O que menos gostaram (%)O que menos gostaram (%)

Do próprio trabalho realizado 33 Atraso nos pagamentos 20

Experiência e competências adquiridas 33 Dificuldade de arranjar emprego 20

Relacionamento com colegas 17Faltas de cumprimento pela entidade patronal 20

Vencimento 17 Fim do contrato 20

Superiores hierárquicos 20

Experiência na escolaExperiência na escolaExperiência na escolaExperiência na escola

O que mais gostaram (%)O que mais gostaram (%) O que menos gostaram (%)O que menos gostaram (%)

Relações de amizade e convívio (amigos/ colegas) 32 Disciplinas específicas 27

Aprender, estudar, ler e escrever 26 Professores e outros profissionais 27

Professores e outros profissionais 21 Horário escolar 18

Disciplinas específicas 21 Alimentação 9

Comportamento de colegas 9

Falta de condições (espaço físico e materiais) 9

Experiência em formação profissionalExperiência em formação profissionalExperiência em formação profissionalExperiência em formação profissional

O que mais gostaram (%)O que mais gostaram (%) O que menos gostaram (%)O que menos gostaram (%)

Conteúdos da formação 33 Demasiado longo 25

Competências adquiridas 25 Demasiado curto 25

Metodologias utilizadas 25 Horário 25

Relação com os colegas 17 Condições logísticas (transportes...) 25

Se atendermos aos aspetos positivos e negativos percecionados nas experiências no mercado de trabalho, escola e formação profissional, por cada um destes três subgrupos (jovens que gostariam de estar a trabalhar, em formação ou a estudar) evidenciam-se algumas diferenças entre eles.

40

Em primeiro lugar, constatamos que aqueles que desejam prioritariamente a inserção profissional, a par dos que gostariam de prosseguir os seus estudos, valorizam a experiência e competências adquiridas no mercado de trabalho de uma forma mais significativa do que a que verificamos no caso dos jovens que priorizam a sua qualificação por via da formação profissional. Ou seja, este último subgrupo, atribui uma importância bastante diferenciada às competências adquiridas por via de formação, o que seria espectável, quando comparada com a relevância que atribui às competências que poderá obter através da experiência acumulada no mercado de trabalho.

Outro fator que diferencia estes três subgrupos é a avaliação negativa que é atribuída aos horários a cumprir em qualquer uma das três vivências aqui tratadas, trabalho, formação profissional e escola. Neste caso, e apesar de todos os subgrupos valorizarem negativamente os horários a cumprir, esta perceção é significativamente atenuada no caso dos jovens que priorizam a possibilidade de continuarem os seus estudos.

Por último, constata-se que a valorização positiva da possibilidade de novas sociabilidades proporcionadas pelas experiências de trabalho, ensino e formação são um elemento comum a qualquer um destes subgrupos. Podemos considerar que este é um fator comum a qualquer jovem neste escalão etário, sendo, no entanto, uma realidade que deverá ser destacada pelo potencial de rutura com estereótipos relativos a estes jovens NEET e porque deverá ser um elemento presente no desenho de intervenções futuras.

41

Intervenção com jovens NEET na Amadora

Passemos agora à apresentação da informação recolhida junto das organizações locais que trabalham com e para jovens NEET na Amadora. Comecemos por identificar quais as instituições que participaram no inquérito realizado.

Organizações que participaram no inquérito: Âmbitos de intervenção

Escola Intercultural das Profissões e do Desporto da Amadora, E.M. Educação, Formação e Projetos Comunitários

Escola Secundária c/3º ciclo Fernando Namora Educação

Direcção Geral de Reinserção Social - Equipa de lisboa Penal 6

Assessoria aos tribunais na tomada de decisões no âmbito da jurisdição penal; execução de penas e medidas alternativas à pena de prisão

Fundação Aga Khan - Mira KapazEmprego e educação de adultos; Capacitação da Sociedade Civil; TIC – tecnologias de informação e comunicação; Famílias

Pressley Ridge Intervenção com famílias, crianças e jovens; empreendedorismo social e formação

Raízes - Associação de Apoio à Criança e ao Jovem

Intervenção Social com jovens: inserção escolar e profissional; prevenção e combate à desocupação e comportamentos de risco

Câmara Municipal da Amadora - DIS Projetos de intervenção social

Missionários da Consolata Formação e projetos Comunitários

Cooperactiva Acompanhamento social; necessidades básicas; educação/formação; procura de emprego

Agrupamento de Escolas Cardoso Lopes Educação

"A Partilha" - Associação de Moradores do Bairro do Zambujal – Buraca

Habitação; Apoio Social; Educação e Animação Sociocultural

Cruz Vermelha Portuguesa Saúde; banco alimentar; apoio domiciliário; acompanhamento social (RSI)

42

Relativamente ao bairro de residência dos jovens NEET abrangidos por este conjunto de organizações obtemos o seguinte resultado.

n= 12

Intervenções com melhores resultados e as menos satisfatórias

No trabalho desenvolvido com este grupo alvo, no âmbito das cinco abordagens apresentadas, as práticas que obtiveram melhores resultados e podem ser transferidas para os outros parceiros, são as seguintes:

Facilitação/apoio na transição da escola para o mercado de trabalho:

Contacto directo com os alunos e através dos encarregados de educação;

Preparação para entrevista de emprego com o apoio de gravação vídeo de simulações que, após visionamento, permite a autocrítica e a correcção de pormenores;

Criação de CEF (cursos de educação e formação de jovens).

Facilitação/apoio na transição da formação para o mercado de trabalho:

Formação prática em contexto de trabalho;

43

GAE;

Contacto direto com os alunos e através dos encarregados de educação.

Apoio na procura de soluções no mercado de trabalho:

Gabinete de Apoio à Criação de empresas;

GAE;

Recursos Humanos disponíveis a tempo inteiro para colocação estágios;

Sala de acolhimento;

Contacto directo com os alunos e através dos encarregados de educação;

Grupos de empreendedorismo;

Preparação para entrevista de emprego com o apoio de gravação vídeo de simulações que, após visionamento, permite a autocrítica e a correcção de pormenores.

Ligação com os agentes empregadores na procura de soluções para estes jovens:

Parcerias;

Contacto directo com os alunos e através dos encarregados de educação;

Parceria com o Dolce Vita (entidades empregadoras).

Coordenação e articulação entre os diferentes sectores envolvidos no apoio a este grupo alvo:

Encaminhamento/articulação entre serviços;

Contacto directo com os alunos e através dos encarregados de educação.

44

No trabalho desenvolvido com este grupo alvo, no âmbito das cinco abordagens apresentadas, as práticas que obtiveram resultados menos satisfatórios são as seguintes:

Facilitação/apoio na transição da escola para o mercado de trabalho:

(não identificado)

Facilitação/apoio na transição da formação para o mercado de trabalho:

(não identificado)

Apoio na procura de soluções no mercado de trabalho:

(não identificado)

Ligação com os agentes empregadores na procura de soluções para estes jovens:

Parcerias (aguardar respostas em relação à colocação dos jovens e ao ponto de situação dos processos);

Pouca constância na actualização da base de dados dos empregadores.

Coordenação e articulação entre os diferentes sectores envolvidos no apoio a este grupo alvo:

Acompanhamento aos alunos durante os estágios.

45

Tipos de abordagem Práticas que obtiveram melhores resultados (facilmente transferíveis para outros parceiros)

Práticas que obtiveram resultados menos satisfatórios

Facilitação/apoio na transição da escola para o mercado de trabalho.

• Contacto direto com os alunos e através dos encarregados de educação;

• Preparação para entrevista de emprego com o apoio de gravação vídeo de simulações que, após visionamento, permite a autocrítica e a correção de pormenores;

• Criação de CEF (cursos de educação e formação de jovens).

(não identificado)

Facilitação/apoio na transição da formação para o mercado de trabalho.

• Formação prática em contexto de trabalho;

• GAE;• Contacto direto com os

alunos e através dos encarregados de educação.

(não identificado)

Apoio na procura de soluções no mercado de trabalho.

• Gabinete de Apoio à Criação de empresas;

• GAE;• Recursos Humanos

disponíveis a tempo inteiro para colocação em estágios;

• Sala de acolhimento;• Contacto direto com os

alunos e através dos encarregados de educação;

• Grupos de empreendedorismo;

• Preparação para entrevista de emprego com o apoio de gravação vídeo de simulações que, após visionamento, permite a autocrítica e a correção de pormenores.

(não identificado)

Ligação com os agentes empregadores na procura de soluções para estes jovens.

• Parcerias;• Contacto direto com os

alunos e através dos encarregados de educação;

• Parceria com o Dolce Vita (entidades empregadoras).

• Parcerias (aguardar respostas em relação à colocação dos jovens e ao ponto de situação dos processos);

• Pouca constância na atualização da base de dados dos empregadores.

Coordenação e articulação entre os diferentes sectores envolvidos no apoio a estegrupo alvo.

• Encaminhamento/articulação entre serviços;

• Contacto direto com os alunos e através dos encarregados de educação.

• Acompanhamento aos alunos durante os estágios.

46

Fatores que dificultam a permanência ou inserção dos jovens NEET no sistema de ensino, formação e mercado de trabalho

n= 11

As organizações identificaram ainda os seguintes motivos para os jovens abandonarem o sistema de ensino:

• Pouco conhecimento e abertura relativamente ao mercado de trabalho;

• Habituação a dependência de subsídios;

• Dificuldade dos professores em gerir o comportamento dos alunos;

• Choque de valores entre professores/famílias;

• Insegurança em sair do seu círculo de conforto (bairro).

47

n= 11

As organizações identificaram ainda os seguintes motivos que dificultam a inserção destes jovens no mercado de trabalho:

Dificuldades no cumprimento de regras e horários;

Afastamento das escolas em relação aos empregadores e às competências necessárias à empregabilidade;

Insegurança em sair do seu círculo de conforto (bairro).

48

n= 11

As organizações identificaram ainda os seguintes motivos que dificultam a inserção destes jovens no mercado de trabalho:

Dificuldades monetárias;

O registo do percurso escolar anterior condiciona o processo de selecção dos candidatos à formação;

Insegurança em sair do seu círculo de conforto (bairro).

49

NOTAS FINAIS

Como já referimos, o presente estudo não tem a pretensão, pois tal seria evidentemente abusivo face às características intrínsecas, dimensão e objectivos do mesmo, de dar uma compreensão generalizada das vivências dos jovens NEET em Portugal, nem sequer dos jovens NEET do concelho da Amadora.

O que temos é um conjunto de informações que caracterizam as percepções de um conjunto de jovens NEET residentes em dois bairros do concelho da Amadora que procurámos descodificar em parceria com algumas organizações que no terreno com eles trabalham e com a colaboração destas e outros atores locais fazer, paralelamente, um levantamento sucinto das estratégias e tipologias de actuação que têm vindo a ser experimentadas no terreno.

Finalmente, é importante reforçar que as organizações foram “generosas” com os seus contributos e envolvimento e só tal facto permitiu também a sistematização de um conjunto de pistas que podem configurar um plano de ação para a actuação com jovens NEET no concelho da Amadora.

Convenhamos que, atendendo à dimensão e características deste trabalho, podemos dizer que os parceiros do projeto e as organizações locais fizeram um bom trabalho e a parceria que serviu de base ao presente estudo dificilmente poderia conseguir mais no tempo e com os recursos que foram postos à sua disposição.

50

ANEXOS

51

O presente questionario foi concebido no âmbito do projecto TYPE promovido pela Câmara Municipal da Amadora em parceria com organizações do concelho.  As respostas a este questionário são anónimas e os dados recolhidos destinam­se a servir de base ao desenho de acções, medidas, projectos e/ou programas a serem desenvolvidos no concelho da Amadora para apoiar jovens nas suas necessidades de inserção sócio­profissional.  Desde já agradecemos a sua colaboração no preenchimento deste questionário.  Obrigado  A equipa da Logframe 

 Questionário ­ Projecto TYPE

 

1. Qual a sua idade? 

2. Sexo?

3. Qual a sua naturalidade? (indique o local de residência da sua mãe quando você nasceu)

4. Caso tenha respondido 'Noutro município/concelho' ou 'Noutro país', na questão anterior, indique qual:

5. Qual a sua nacionalidade? (indicar mais do que um país se tiver dupla nacionalidade) 

6. Onde reside? 

 Caracterização e Práticas Quotidianas

*6

*

Noutro município/concelho:

Noutro país:

*6

Feminino 

nmlkj

Masculino 

nmlkj

Na freguesia onde você reside actualmente 

nmlkj

Noutra freguesia do município/concelho onde você reside actualmente 

nmlkj

Noutro município/concelho 

nmlkj

Noutro país 

nmlkj

No caso de ter respondido 'Outro local', indique qual: 

7. Com quem reside? (assinale todas as opções que forem verdadeiras)

8. Quantas pessoas residem consigo? (sem contar consigo) 

Mãe 

gfedc

Pai 

gfedc

Mulher/Marido 

gfedc

Namorado/Namorada 

gfedc

Filho(a)(s) 

gfedc

Irmãos 

gfedc

Avós 

gfedc

Outros familiares 

gfedc

Amigos 

gfedc

Sozinho(a) 

gfedc

Outra situação (especifique) 

 gfedc

9. Em relação às seguintes actividades diga­nos com que frequência as realiza:

10. O que gosta mais de fazer na sua vida?

 

Todos os diasPelo menos uma vez por semana

Pelo menos uma vez por mês

Esporadicamente NuncaNão sei/ Não respondo

Conversar/conviver com amigos

nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj

Conversar/conviver com familiares

nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj

Praticar desporto nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj

Ir ao cinema ou teatro nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj

Ver televisão nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj

Falar ao telefone/telemóvel

nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj

Assistir a espectáculos desportivos

nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj

Jogar jogos vídeo nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj

Ler livros nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj

Ler jornais/revistas nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj

Aceder à internet nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj

Receber ou enviar e­mails nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj

Utilizar redes sociais online (ex: facebook)

nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj

Ir a locais de diversão diurna (ex: cafés, espaços comerciais)

nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj

Ir a locais de diversão nocturna (ex: bares e discotecas)

nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj

Participar em cultos religiosos

nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj

Almoçar ou jantar em restaurantes

nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj

Namorar nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj

55

66

 

11. Nível de Escolaridade que concluiu? 

12. Há quanto tempo deixou o sistema de ensino?

13. Porque motivo deixou o sistema de ensino? (responda caso se aplique ao seu caso)

 

14. O que o faria regressar ao sistema de ensino? (responda caso se aplique ao seu caso)

 

15. Na generalidade como classificaria a sua experiência na escola:

16. Diga­nos as três (3) coisas que mais lhe agradaram no seu contacto com a escola:

17. Diga­nos as três (3) coisas que mais lhe desagradaram no seu contacto com a escola:

 Educação

6

55

66

55

66

1

2

3

1

2

3

 

Há menos de 6 meses 

nmlkj

6 meses a 1 ano 

nmlkj

1 a 2 anos 

nmlkj

2 a 4 anos 

nmlkj

4 a 6 anos 

nmlkj

6 a 8 anos 

nmlkj

Há mais de 8 anos 

nmlkj

Outra situação (especifique) 

 

nmlkj

55

66

Muito Negativa 

nmlkj Negativa 

nmlkj Neutra 

nmlkj Positiva 

nmlkj Muito Positiva 

nmlkj Sem Opinião 

nmlkj

18. Há quanto tempo está desempregado (trabalho remunerado)?

19. Qual o motivo pelo qual se encontra desempregado? 

20. Neste momento encontra­se à procura de emprego?

21. Encontra­se inscrito no Centro de Emprego?

22. Caso tenha trabalhado (trabalho remunerado) diga­nos em que funções e o tempo de permanência nas mesmas...

 Formação e Emprego

1º Trabalho

2º Trabalho

3º Trabalho

4º Trabalho

5º Trabalho

6º Trabalho

7º Trabalho

8º Trabalho

Nunca trabalhei 

nmlkj

Há menos de 6 meses 

nmlkj

6 meses a 1 ano 

nmlkj

1 a 2 anos 

nmlkj

2 a 4 anos 

nmlkj

4 a 6 anos 

nmlkj

6 a 8 anos 

nmlkj

Há mais de 8 anos 

nmlkj

Outra situação (especifique) 

 

nmlkj

55

66

Não 

nmlkj

Sim 

nmlkj

Se sim, indique há quanto tempo: 

Não 

nmlkj

Sim 

nmlkj

23. Há quanto tempo não frequenta uma acção de formação profissional?

24. Caso tenha frequentado acções de formação identifique em que áreas/temas foram estas:

25. Na generalidade como classificaria a sua experiência no:

26. Diga­nos as três (3) coisas que mais lhe agradaram no seu contacto com o mercado de trabalho:

27. Diga­nos as três (3) coisas que mais lhe desagradaram no seu contacto com o mercado de trabalho:

Acção 1

Acção 2

Acção 3

Acção 4

Acção 5

Acção 6

Acção 7

Acção 8

Muito Negativa Negativa Neutra Positiva Muito Positiva Sem Opinião

Mercado de trabalho nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj

Acções de Formação nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj

1

2

3

1

2

3

Nunca frequentei uma acção de formação profissional 

nmlkj

Há menos de 6 meses 

nmlkj

6 meses a 1 ano 

nmlkj

1 a 2 anos 

nmlkj

2 a 4 anos 

nmlkj

4 a 6 anos 

nmlkj

6 a 8 anos 

nmlkj

Há mais de 8 anos 

nmlkj

Outra situação (especifique) 

 

nmlkj

55

66

28. Diga­nos as três (3) coisas que mais lhe agradaram nas acções de formação que frequentou:

29. Diga­nos as três (3) coisas que mais lhe desagradaram nas acções de formação que frequentou:

30. Em termos de formação ou emprego o que gostaria de estar a fazer neste momento?

 

31. Na sua opinião, porque motivo(s) não está na situação desejada (identificada na questão anterior)?

 

1

2

3

1

2

3

55

66

55

66

O presente questionario foi concebido no âmbito do projecto TYPE promovido pela Câmara Municipal da Amadora em parceria com organizações do concelho.  As respostas a este questionário são anónimas e os dados recolhidos destinam­se a servir de base ao desenho de acções, medidas, projectos e/ou programas a serem desenvolvidos no concelho da Amadora para apoiar jovens nas suas necessidades de inserção sócio­profissional.  Desde já agradecemos a sua colaboração no preenchimento deste questionário.  Obrigado  A equipa da Logframe 

 Questionário ­ Projecto TYPE

 

1. Indique o nome da sua Organização: 

2. Indique quais os principais âmbitos de intervenção da sua Organização (por exemplo, educação, formação, projectos comunitários, saúde, etc):

 

3. Onde residem as crianças e jovens com que trabalham e que estão desenquadradas dos sistemas de educação, formação e/ou emprego ou em risco de se encontrarem nessa situação?

 

4. Explicite o(s) tipo(s) de intervenção que têm tido com as crianças e jovens que estão fora dos sistemas de educação, formação e sem emprego ou em risco de se encontrarem nessa situação, no âmbito de: (Nota: deixar em branco caso não tenha sido realizada nenhuma intervenção em cada um dos 'âmbitos' identificados)

5. No trabalho desenvolvido com o grupo alvo identificado na questão anterior, indique qual(is) a(s) prática(s) que obtiveram melhores resultados e podem ser transferidas para os outros parceiros, no âmbito de:

 Caracterização da Organização/Entidade

*

*

*

6

Facilitação/apoio na transição da escola para o mercado de trabalho

Facilitação/apoio na transição da formação para o mercado de trabalho

Apoio na procura de soluções no mercado de trabalho

Ligação com os agentes empregadores na procura de soluções para estes jovens

Coordenação e articulação entre os diferentes sectores envolvidos no apoio a este grupo alvo

Facilitação/apoio na transição da escola para o mercado de trabalho

Facilitação/apoio na transição da formação para o mercado de trabalho

Apoio na procura de soluções no mercado de trabalho

Ligação com os agentes empregadores na procura de soluções para estes jovens

Coordenação e articulação entre os diferentes sectores envolvidos no apoio a este grupo alvo

6. No trabalho desenvolvido com o grupo alvo identificado anteriormente, indique quais as estratégias que apresentam piores resultados, no âmbito de:Facilitação/apoio na transição da escola para o mercado de trabalho

Facilitação/apoio na transição da formação para o mercado de trabalho

Apoio na procura de soluções no mercado de trabalho

Ligação com os agentes empregadores na procura de soluções para estes jovens

Coordenação e articulação entre os diferentes sectores envolvidos no apoio a este grupo alvo

 

7. Face à Vossa experiência de trabalho com estes jovens, quais os principais motivos que os levam a abandonar o sistema de ensino? (escolha os que considerar mais relevantes)

8. Face à Vossa experiência de trabalho com estes jovens, quais os principais motivos que dificultam a sua inserção no mercado de trabalho? (escolha os que considerar mais relevantes)

 Jovens

Questões financeiras 

gfedc

Desadequação dos modelos educativos 

gfedc

Entrada no mercado de trabalho 

gfedc

Casamento ou União de Facto 

gfedc

Nascimento de filhos 

gfedc

Comportamentos desadequados (dos jovens) 

gfedc

Falta de suporte familiar (desvalorização da escola) 

gfedc

Dificuldades de aprendizagem e/ou cognitivas 

gfedc

Outro (especifique) 

Baixas Qualificações e/ou Competências 

gfedc

Desadequação da formação dos jovens face às necessidades do mercado 

gfedc

Desvalorização do trabalho (pelos jovens) 

gfedc

Preconceitos dos empregadores 

gfedc

Compatibilização da vida familiar e profissional 

gfedc

Comportamentos desadequados (dos jovens) 

gfedc

Dificuldades de aprendizagem e/ou cognitivas 

gfedc

Outro (especifique) 

9. Quais os principais motivos que dificultam a inserção destes jovens no mercado de formação? (escolha os que considerar mais relevantes)

Baixas Qualificações e/ou Competências 

gfedc

Desadequação da formação aos interesses e/ou competências dos jovens 

gfedc

Desvalorização da formação 

gfedc

Horários desadequados 

gfedc

Comportamentos desadequados (dos jovens) 

gfedc

Dificuldades de cumprir horários 

gfedc

Dificuldades de aprendizagem e/ou cognitivas 

gfedc

Outro (especifique)