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JORNAL DA Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros Paralisações em todo Brasil Página 8 www.fisenge.org.br Ano VII - nº 56 junho / julho - 2012 Reunião entre federações debate propostas para o 11º CONCUT Reuniram-se no dia 02 de julho, na sede da Fisenge, no Rio de Janeiro, representantes de diversas Federações que integram o Ramo 14 da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Na reu- nião, discutiu-se propostas das Federações referentes ao finan- ciamento sindical, que foram encaminhadas ao 11º CONCUT, realizado entre os dias 9 e 13 de julho, em São Paulo. (Página 3) Foi realizado entre os dias 13 e 22 de junho, no Rio de Janeiro, a Rio+20, Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, e a Cúpula dos Povos, even- to paralelo organizado por movimentos sociais. O primeiro encontro reuniu líderes de diversas partes do mundo para debater a contribuição da “economia verde” para o desen- Cúpula dos Povos é sucesso de participação popular e Rio+20 não traz muitos avanços Senge-MG inicia a celebração pelos seus 65 anos O Sindicato dos Engenheiros de Minas Gerais (Senge-MG) realizou o lançamento das comemorações dos seus 65 anos nos dias 14 e 15 de junho. Uma peça de teatro foi encenada para diretores, ex-diretores, sócios e funcionários do Sindicato, em Belo Horizonte. Segundo o presidente do Senge, Raul Otávio Pereira, estão planejadas ações para comemoração dos 65 anos até o fim de 2012. (Página 2) volvimento sustentável e a eliminação da pobreza. Na Cúpu- la, sediada no Aterro do Flamengo, foram organizados deba- tes, palestras e outras atividades sobre os mesmos temas da Conferência da ONU. A ideia era que todos os setores da sociedade pudessem discutir, ao mesmo tempo, maneiras de transformar o planeta. (Página 4)

Jornal da Fisenge nº56

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Junho/Julho de 2012

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JORNAL DA

Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros

Paralisações

em todo Brasil

Página 8

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Ano VII - nº 56junho / julho - 2012

Reunião entre federações debate propostas para o 11º CONCUT

Reuniram-se no dia 02 de julho, na sede da Fisenge, no Rio de Janeiro, representantes de diversas Federações que integram o Ramo 14 da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Na reu-nião, discutiu-se propostas das Federações referentes ao fi nan-ciamento sindical, que foram encaminhadas ao 11º CONCUT, realizado entre os dias 9 e 13 de julho, em São Paulo.(Página 3)

Foi realizado entre os dias 13 e 22 de junho, no Rio de Janeiro, a Rio+20, Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, e a Cúpula dos Povos, even-to paralelo organizado por movimentos sociais. O primeiro encontro reuniu líderes de diversas partes do mundo para debater a contribuição da “economia verde” para o desen-

Cúpula dos Povos é sucesso de participação popular e Rio+20 não traz muitos avanços

Senge-MG inicia a celebração pelos seus 65 anos

O Sindicato dos Engenheiros de Minas Gerais (Senge-MG) realizou o lançamento das comemorações dos seus 65 anos nos dias 14 e 15 de junho. Uma peça de teatro foi encenada para diretores, ex-diretores, sócios e funcionários do Sindicato, em Belo Horizonte. Segundo o presidente do Senge, Raul Otávio Pereira, estão planejadas ações para comemoração dos 65 anos até o fi m de 2012. (Página 2)

volvimento sustentável e a eliminação da pobreza. Na Cúpu-la, sediada no Aterro do Flamengo, foram organizados deba-tes, palestras e outras atividades sobre os mesmos temas da Conferência da ONU. A ideia era que todos os setores da sociedade pudessem discutir, ao mesmo tempo, maneiras de transformar o planeta. (Página 4)

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F E D E R A Ç Ã O I N T E R E S T A D U A L D E S I N D I C A T O S D E E N G E N H E I R O S

GIRO PELOS SENGESEDITORIAL

DIRETORIA EXECUTIVA: Presidente: Carlos Roberto Bittencourt; Vice-presidente: Raul Otávio da Silva Pereira; Diretor Secretário Geral: Clovis Francisco Nascimento Filho; Diretor Financeiro: Eduardo Medeiros Piazera; Diretor Financeiro Adjunto: Roberto Luiz de Carvalho Freire; Diretor de Negociação Coletiva: Fernando Elias Vieira Jogaib; Diretora da Mulher: Simone Baia Pereira; Diretor Executivo: José Ezequiel Ramos; Diretora Executiva: Giucélia Araujo de Figueiredo; Diretora Executiva: Silvana Marília Ventura Palmeira; Jornalista responsável: Manoela Barbosa Diagramação: Ricardo Bogéa; Tiragem: 4200 exemplares; Impressão: Reproarte; fisenge: Av. Rio Branco, 277 - 17º andar - CEP 20040-009 - Centro - Rio de Janeiro - RJ - Tel: (21) 2533-0836 - Fax: (21) 2532-2775 – E-mail: [email protected] Site: www.fisenge.org.br

Delegacia Sindical de Resende já está em pleno funcionamento

O Sindicato dos Engenheiros de Minas Gerais (Senge-MG)

realizou o lançamento das come-morações dos seus 65 anos nos dias 14 e 15 de junho. No primeiro dia, a peça Morte e Vida Severina foi encenada para diretores, ex--diretores, sócios e funcionários do Sindicato, no Teatro da Cida-de, em Belo Horizonte. A ocasião contou, também, com uma expo-sição das fotos mais relevantes da gestão 1981-1984 da entidade. Já no dia 15 de junho, as atividades

Inaugurada em dezembro de 2011 pelo Sindicato dos Enge-

nheiros do Rio de Janeiro (Senge--RJ), a delegacia sindical de Re-sende, no Sul Fluminense, já está funcionando. O objetivo é des-centralizar e aproximar cada vez mais a entidade das necessidades e interesses dos profissionais do interior do estado. A cidade foi es-colhida por possuir um expressivo número de profissionais e por ser considerada um polo industrial em crescimento. A delegacia regional

também atende aos municípios de Barra Mansa, Itatiaia, Pinheral, Piraí, Porto Real, Quatis, Rio Claro, Barra do Piraí, Rio das Flores, Valença e Vassouras. Segundo o diretor geral da Delegacia, o engenheiro Mário Lú-cio Machado Melo, a chegada de no-vas indústrias gera empregos, rique-za e desenvolvimento para a região. “Mas a nossa preocupação como en-genheiros é que a sociedade possa se desenvolver de forma sustentável e equilibrada”, destacou.

Senge-MG inicia a celebração pelos seus 65 anos

aconteceram na sede do Senge-MG, contando com o lançamento das duas novas cartilhas do Sindicato: Negocia-ções Coletivas e Mercado de Trabalho Formal da Engenharia em Minas Ge-rais. O supervisor técnico do Dieese, Fernando Duarte, fez uma palestra sobre o mercado de trabalho da en-genharia em Minas Gerais. Segundo o presidente do Senge, Raul Otávio Pereira, estão planejadas ações para comemoração dos 65 anos até o fim de 2012.

Saldo positivoA Rio+20, Conferência Nacional da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável, deixou a desejar, mas cumpriu um papel muito importante para a discussão sobre temas caros à sociedade, tanto brasileira, quanto mundial. Não tanto pelo even-to oficial, há de se admitir. No entanto, os es-paços reservados aos Diálogos para o Desen-volvimento Sustentável, no Parque dos Atletas, e à Cúpula dos Povos, no Aterro do Flamengo, trouxeram debates fundamentais sobre os de-safios do nosso tempo.Houve poucos avanços no documento final elaborado pelo Brasil e assinado pelos líderes, mas a participação popular, principalmente na Cúpula dos Povos, evento paralelo organizado por movimentos sociais, foi surpreendente. Em um espaço que unia grande parte da esquerda pensante da América Latina, assuntos como desigualdade social, machismo, saneamento básico, energia, mobilidade urbana, entre ou-tros, eram debatidos por um público cuja diver-sidade chamava atenção.Grupos como Via Campesina, Movimento Na-cional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), Movimento dos Atingidos Por Bar-ragens (MAB), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Marcha Mundial das Mulheres, Central Única dos Trabalhadores, movimentos indígenas e muitos outros estive-ram presentes nos debates que aconteceram ao longo de toda semana.Misturados com a sociedade civil, movimentos sindicais e sociais de várias partes do mundo realizaram marchas que impressionaram pela quantidade de adeptos. Os destaques foram a Marcha das Mulheres, que reuniu mais de 8 mil pessoas pelas ruas do Centro do Rio e a Mar-cha dos Movimentos Sociais. Sucesso absoluto, esta última trouxe mais de 20 mil pessoas, que tomaram por completo a Avenida Rio Branco, uma das mais tradicionais da cidade.Diante disso, fica a expectativa de que possa-mos avançar em direção ao desenvolvimento sustentável e que não precisemos esperar ou-tros 20 anos para retomar esta discussão.

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Raul Otávio, vice-presidente da Fisenge e presidente do Senge-MG, apresenta os projetos programados para os 65 anos da entidade

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FISENGE

Reunião entre Federações discute propostas para financiamento sindical

Reuniram-se no dia 02 de julho, na sede da Fisenge, no Rio de Janeiro,

representantes de diversas Federações que integram o Ramo 14 da Central Úni-ca dos Trabalhadores (CUT). Na reunião, discutiu-se propostas das Federações referentes ao financiamento sindical, que foram encaminhadas ao 11º CONCUT, realizado entre os dias 9 e 13 de julho, em São Paulo. Pela Fisenge, estavam presentes o presidente Carlos Roberto Bittencourt e o diretor secretário-geral

Reunião do Conselho Enlace Brasil define moções para levar a III Encontro da UNI-Américas, em dezembro

Arquitetos de São Paulo; Danilo Caser e Luiz Gonçalves Mendes Jr. pela Fede-ração Interestadual dos Farmacêuticos (FEIFAR); Ivan Tavares de Farias Junior pela Federação Interestadual dos Odon-tologistas (FIO); e Jaulim Guimarães, funcionário do Ramo 14 da CUT.

Foi realizada, no último dia 21 de ju-nho, na sede da Fisenge, no Rio de

Janeiro, a reunião do Conselho Enlace Brasil, da UNI para definir as moções que serão levadas ao III Encontro da UNI--Américas, que ocorrerá entre 01 e 09 de dezembro, em Montevidéu, no Uruguai.

De acordo com o coordenador do Conse-lho, o gráfico Everaldo Cândido do Nas-cimento, a reunião foi muito produtiva já que unificou as moções a serem manda-das para o Encontro. O encontro será dividido da seguinte for-ma: de 02 a 03 de dezembro, acontecerá

a Conferência de Mulheres da entidade, que contará com a presença da diretora de Mulheres da Fisenge, Simone Baía. Após, de 05 a 07 de dezembro, ocorre-rá a Conferência Geral do Encontro, com participação do presidente da Fisenge, Carlos Roberto Bittencourt, e do vice--presidente e diretor de relações institu-cionais, Raul Otávio Pereira.

Na reunião, discutiu-se propostas das Federações referentes ao financiamento sindical, que serão encaminhadas ao 11º CONCUT

Reunião Conselho Enlace Brasil, na sede da Fisenge, no Rio de Janeiro

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o Encontro”, gráfico

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Clovis Nascimento. Também participa-ram o presidente do Sindicato dos En-genheiros do Rio de Janeiro (Senge-RJ), Olímpio Alves dos Santos; Daniel Alberto Catelli Amor, Eduardo Bimbi e Jeferson Salazar pela Federação Nacional dos Ar-quitetos e Urbanistas (FNA); Marco An-tonio Teixeira da Silva, do Sindicato dos

Representantes de Federações em reunião do Ramo 14 da CUT, na Sede da Fisenge

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MEIO AMBIENTE

reunião de alto-nível, o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, afirmou que o país asiático contribuirá com US$ 6 milhões nos próximos três meses para projetos de desenvolvimento sustentável imple-mentados em países da África e outras regiões. Contudo, como o documento fi-nal da Conferência adiou a formalização de um fundo especialmente voltado para esta transição, a tendência é que a quan-tia seja inicialmente direcionada ao Pro-grama das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).

Reação internacionalA redação final do texto da Rio+20 rece-beu críticas de líderes internacionais. O presidente do Equador, Rafael Correa, classificou a declaração final como “líri-ca”. De acordo com ele, não houve ações concretas. O país sul-americano tinha pedido uma flexibilização das regras de propriedade intelectual para tecnologias “amigas do meio ambiente”, o que não foi aceito por causa da oposição de empre-sas multinacionais.O ministro do Meio Ambiente da Alema-nha, Peter Altmaier, disse que o seu país esperava um resultado mais ambicioso para a Conferência. “Gostaríamos de ob-jetivos mais claros e mais ambiciosos no documento final. Principalmente em rela-ção aos oceanos”, disse o ministro. Após pressão de países como Estados Unidos, Japão e Austrália, o trecho que trata dos oceanos ficou mais genérico, sem definir o controle dos trechos marítimos que não são de responsabilidade dos países.O próprio secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, declarou que o documento final ficou abaixo das expectativas. “Muitas propostas eram muito ambiciosas, mas

Sem avanços concretos, Rio+20 decepciona, mas grande participação popular garante sucesso da Cúpula dos Povos

“Muitas propostas eram muito ambiciosas, mas cada país tem seus interesses. As negociações foram difíceis. Eu esperava um documento final mais ambicioso”

Ban Ki-moonSecretário-geral da ONU

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Muito debate e poucas medidas con-cretas. Esse foi o resultado da

Rio+20, Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que aconteceu entre os dias 13 a 22 de ju-nho, no Rio de Janeiro. O evento reuniu líderes de todo o mundo para debater a contribuição da “economia verde” para o desenvolvimento sustentável e a eli-minação da pobreza, 20 anos depois da Eco92, também promovida pela ONU na capital fluminense. Os objetivos eram fa-zer um balanço do que foi realizado nas últimas duas décadas e discutir novas maneiras de recuperar os estragos, sem deixar de progredir. Apesar dos esforços do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, diversos líderes mundiais não vie-ram ao Brasil, como o pre-sidente americano, Bara-ck Obama, a chanceler alemã, Angela Merkel e o primeiro-ministro britâni-co, David Cameron.Além do evento oficial, o Rio de Janeiro sediou na mesma época a Cúpula dos Povos, que contou com a presença maciça de movimentos sociais de diver-sas partes do mundo e da sociedade civil. Foram organizados debates, palestras e outras atividades sobre os mesmos temas

da Conferência da ONU. A ideia era que todos os setores da sociedade pudessem discutir, ao mesmo tempo, maneiras de transformar o planeta. Organizada por movimentos sociais, o evento paralelo foi sediado no Aterro do Flamengo.

Documento finalDepois de seis dias de discussões, o do-cumento final da Conferência das Nações Unidas foi elaborado pelo Brasil e assina-

do pelos chefes de estado e governo de mais de 190 pa-íses. Intitulado “O Futuro que Queremos”, o documento traz compromissos como o forta-lecimento do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), a criação de um Fórum Político de Alto Nível e o desenvolvimento sustentável com erradicação da pobreza, entre outros.O financiamento foi um dos temas mais controversos do texto final, uma vez que não especificou os países que irão contribuir com re-

cursos financeiros para o fundo voltado para a economia verde. Neste ponto, a China se destacou ao tomar a iniciativa na destinação de recursos para o fundo em questão. Na plenária de abertura da

O financiamento foi

um dos temas mais

controversos do texto

final, uma vez que não

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recursos financeiros

para o fundo voltado

para a economia verde.

Marcha das Mulheres reúne uma multidão na Cúpula dos Povos

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cada país tem seus interesses. As nego-ciações foram difíceis. Eu esperava um documento final mais ambicioso”, disse. Ele também alertou sobre a necessidade de medidas urgentes a serem tomadas pelos países. “Nosso recurso mais es-casso é o tempo. A mudança climática está tendo impacto em todas as questões da vida”, afirmou.Para rebater as críticas, o embaixador Luiz Alberto Figueiredo, negociador-che-fe da delegação brasileira na Rio+20, afirmou que os países ricos não podem criticar o Brasil por uma suposta “falta de ambição” no rascunho do texto final. Se-gundo ele, uma vez que não existe “am-bição de financiamento” por parte deles, a cobrança se mostra inviável. “Quem exige isso [ambição] e não coloca dinhei-ro sobre a mesa, está sendo pelo me-nos incoerente”, disse ele em referência às declarações do secretário-geral das Nações Unidas. Apesar de cobrar uma maior disposição financeira por parte dos países desenvolvidos, o embaixador afirmou que os chamados “meios de im-plementação”, isto é, mecanismos para financiamento de iniciativas sustentáveis, estão garantidos.

Cúpula dos PovosJá no Aterro do Flamengo, local onde fo-ram sediados os debates da Cúpula dos Povos, a diversidade foi o traço mais no-tado. Tendo como pauta comum o com-bate a pobreza, os movimentos sociais e intelectuais envolvidos com a cúpula discutiram sobre a chamada “economia verde”, que, segundo eles, trata-se ape-nas de uma maneira dos grandes empre-sários camuflarem o capitalismo – cada vez mais visto como responsável pela degradação ambiental do mundo – com uma roupagem “ecológica”, através de técnicas “verdes” bastante limitadas e que não diminuem os problemas globais. Com tendas espalhadas por toda a ex-tensão do Aterro do Flamengo, a Cúpula agregou debates e discussões plurais, não só sobre meio ambiente, mas tam-bém temas relacionados a políticas públi-cas, cultura, desigualdades social, racial e de gênero, reforma agrária, entre outras questões. Uma característica marcante foi a presença maciça da sociedade ci-vil, que diferentemente do que ocorria no complexo oficial da Conferência, no Rio-centro, circulava livremente pelos locais de debate.Além das discussões, foram realizadas marchas por toda a cidade. O primeiro ato público ocorreu logo no início da se-mana, na segunda-feira, dia 18. A Marcha Mundial das Mulheres e a Secretaria da Mulher da Central Única dos Trabalha-

A Fisenge esteve presente em gran-de parte dos eventos da Rio+20 e

da Cúpula dos Povos, representada pelo presidente Carlos Roberto Bitten-court, pelo diretor financeiro Eduardo Piazera, pelo diretor secretário-geral Clovis Nascimento, pela diretora da Mulher, Simone Baía e pela diretora Anildes Lopes. Para o presidente Carlos Roberto Bit-tencourt, apesar da falta de medidas concretas, o saldo foi positivo. “Hou-ve poucos avanços, mas não tivemos retrocessos. É importante fazer uma crítica aos países mais desenvolvidos, que se utilizaram da crise econômica para justificar a falta de recursos nos

projetos ambientais, sendo que eles gastam bilhões de dólares para re-cuperar o sistema financeiro e não podem colaborar com o fundo voltado para a economia verde. De qualquer forma, a Cúpula dos Povos foi mui-to positiva, porque contou com uma grande participação popular. Houve uma boa discussão sobre a desigual-dade social, mas não tanto no âmbi-to do desenvolvimento sustentável. Eventos como esse servem para uma troca muito rica de experiências e par-cerias entre os movimentos sociais e sindicais de todo o mundo. Só torce-mos para não ser preciso esperar ou-tros 20 anos para avançar”, disse.

dores (CUT) organizaram uma passeata contra a mercantilização do corpo femi-nino. A marcha reuniu mais de 8 mil pes-soas de várias partes do mundo. As fe-ministas defenderam a mudança do atual modelo econômico, que, segundo elas, aprofunda as desigualdades e coloca as mulheres em um regime de submissão e pobreza.No entanto, a manifestação de maior impacto foi a de encerramento da cúpu-la, ocorrida no dia 20, no Centro do Rio. Cerca de 20 mil pessoas ocuparam a Avenida Rio Branco, de ponta à ponta, em defesa dos bens comuns e contra a mercantilização da vida. Além da alta

participação popular, a diversidade foi um dos pontos que mais impressionou na manifestação, que reunia movimentos sindicais, feministas, ambientalistas, do campo, entre outros.Estudantes e professores pediram mais investimento em educação. A Via Cam-pesina, que compareceu em peso, pedia soberania alimentar. A marcha também foi marcada pela forte presença de índios de diversas tribos. Os xavantes, vindos do Mato Grosso, realizaram a tradicional corrida de tora de buriti e carregaram os 80 quilos de madeira no fluxo contrário à manifestação.

A Marcha das Mulheres reuniu ativistas de todo o mundo

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Eduardo Piazera e Carlos Roberto Bittencourt na Cúpula dos Povos

Participação da Fisenge

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Além da participação nos debates do evento oficial e da Cúpula dos

Povos, a Fisenge apoiou e teve pales-trantes em duas oficinas realizadas pela Federação Nacional dos Urbanitários (FNU), no Aterro do Flamengo.No dia 18 de junho, o diretor secretário-geral Clovis Nascimento participou da mesa na oficina “Combate à mercantilização e privatização da água e do saneamen-to”, ao lado de representantes de diver-sos movimentos, como a Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento (ASSEMAE), Movimento dos Atingidos por Barragens, entre ou-tros. Também estava presente na mesa o presidente da CUT, Artur Henrique. Em sua fala, Clovis ressaltou a luta con-tra a privatização da água, inclusive as chamadas Parcerias Público-Privadas (PPP’s), que envolvem empresas pri-vadas em projetos de investimento de interesse público, ou seja, consiste em uma maneira de empresários contro-larem setores estratégicos do Estado, priorizando os próprios interesses. O diretor da Fisenge lembrou que esse tipo de parceria é uma forma camuflada de privatizar o setor público.No dia seguinte, 19, foi a vez do dire-tor Agamenon Rodrigues de Oliveira representar a Fisenge na oficina “Mo-delo Energético em Países em Desen-volvimento”. Também estavam presen-tes representantes da CUT, Federação

Fisenge na Cúpula dos Povos

Única dos Petroleiros (FUP), Grupo de Estudos do Setor Elétrico da UFRJ, en-tre outros. Eles debateram temas como o desenvolvimento sustentável, matriz energética, energias renováveis, regu-lação do Estado e políticas públicas. O encontro reuniu centenas de ativistas e sindicalistas do Brasil e do exterior. Durante as exposições os debatedores destacaram a necessidade da amplia-ção da luta urgente contra a privatiza-ção e uma nova governança deste setor com a participação popular através do controle social e público. O presidente da FNU, Franklin Moreira, destacou o momento do setor no Brasil. “Um pon-to fundamental para os trabalhadores e a sociedade diz respeito à democra-

Clovis ressaltou a luta contra a privatização da água, inclusive as chamadas Parcerias Público-Privadas (PPP’s), que envolvem empresas privadas em projetos de investimento de interesse público, ou seja, consiste em uma maneira de empresários controlarem setores estratégicos do Estado, priorizando os próprios interesses.

O diretor secretário-geral da Fisenge, Clovis Nascimento, fala contra a privatização da água

A palestra reuniu diversos movimentos sociais.

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cia na política energética, o exemplo mais atual é a chamada renovação das concessões. Temos feito esse debate com a sociedade alertando sobre a im-portância da renovação imediata, pelo risco que representa a licitação, o novo nome da privatização no setor. Entre-tanto, o governo ainda não se mostrou aberto a realizar essa discussão com o movimento sindical e as entidades do movimento social. A sociedade tem que participar e ter a possibilidade de escolher as alternativas de matriz mais adequada”, disse.

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Às vésperas da Rio+20, Conferên-cia da ONU sobre desenvolvimento

sustentável, a presidente Dilma Rousseff anunciou em 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente, um pacote de medidas para a área ambiental. Entre as principais medidas divulgadas estão o fim dos lixões em todo o país, o lançamento do Plano Nacional de Contingência para vazamen-tos de petróleo, a criação de cinco unida-des de conservação no cerrado, na caatin-ga e na mata atlântica, e a homologação

de seis terras indígenas - as primeiras áreas de conservação criadas pela presi-dente. A criação das áreas de conversa-ção se deu em meio à polêmica do Código Florestal. Motivo de protestos de ambien-talistas e da sociedade civil, a lei foi vetada parcialmente pela presidente, que alegou “contrariedade ao interesse público e in-constitucionalidade”, e reencaminhada ao Congresso, que analisa a medida provisó-ria decretada por Dilma para preencher as lacunas deixadas pelos vetos.

Diante do golpe de estado institucio-nal que resultou no impeachment do

presidente democraticamente eleito do Paraguai, Fernando Lugo, o presidente da Fisenge, Carlos Roberto Bittencourt, repudiou veementemente a ação realiza-da pelo parlamento do país. “Trata-se de um grande retrocesso para a América La-tina, que possui um histórico tão triste e recente de atentados contra a democra-cia. Concordamos com a posição do go-verno brasileiro de respeitar a soberania paraguaia, mas também se posicionar contra esta arbitrariedade”, disse.O dirigente também apoiou as iniciati-vas da União de Nações Sul-America-nas (Unasul) e do Mercosul de suspen-der o Paraguai até que sejam realizadas novas eleições no país. Baseando-se no Protocolo de Compromisso Demo-crático do Mercosul, conhecido como Protocolo de Ushuaia, os membros consideraram “ilegítimo” o processo

MUNDO

Dia Mundial do Meio Ambiente é marcado por pacote de medidas para a área

A criação das áreas de conversação se deu em meio à polêmica do Código Florestal.

Neste ano, o Brasil foi escolhido como sede da celebração da data, que com-pleta 40 anos. O Dia Mundial do Meio Ambiente foi criado em um encontro pro-movido pelas Nações Unidas, em 1972. O tema da Campanha 2012 é a “econo-mia verde”, que consistiria em um esfor-ço coletivo para preservar a natureza, alcançando o crescimento e estimulando o desenvolvimento sustentável. Este con-ceito foi amplamente rejeitado durante a Cúpula dos Povos, evento paralelo à con-ferência da ONU. Segundo os críticos, a “economia verde” seria apenas uma camuflagem ecológica, com técnicas muito limitadas de preservação do meio ambiente, que não diminuiriam os proble-mas atuais.

Fisenge condena golpe no Paraguaique derivou na destituição de Lugo e optaram por suspender o Paraguai dos órgãos de decisão do bloco, mas não

O ex-mandatário optou por deixar a presidência pacificamente, para não incitar a violência nas ruas. No entan-to, cobrou da Organização dos Esta-dos Americanos (OEA) a exclusão do Paraguai por conta do golpe. Segundo entrevista publicada em 3 de julho pelo jornal “Correio Brasiliense”, Lugo com-parou seu caso ao de Manuel Zelaya, destituído da presidência de Honduras em junho de 2009. Ele se reuniu em As-sunção com o secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, que liderou uma missão para avaliar a situação política no país.Fernando Lugo foi deposto pelo Con-gresso paraguaio em um processo “relâmpago”, que durou menos de 48 horas. Ele foi acusado de “mau desem-penho de suas funções” pelo parlamen-to, dominado pela oposição, mas não teve oportunidade, durante o processo, de se defender.

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Dilma anuncia pacote ambiental, no Palácio do Planalto, em Brasília

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População protesta contra golpe no Paraguai

aprovaram sanções econômicas para não prejudicar a população paraguaia.

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PARALISAÇÃO

Mais de 95% das universidades federais estão em greve a mais dois meses no país

Depois de mais uma reunião frus-trada com a Eletrobrás, onde não

se apresentou nada de novo e não foi aceito adiar a data-base que se encer-ra no próximo dia 15, o Comando Na-cional dos Eletricitários (CNE) decidiu convocar greve indeterminada a partir da segunda-feira, 16 de julho, e instau-rar dissídios coletivos para garantir os direitos dos trabalhadores. Esta deci-são extrema não era tomada há mais de 20 anos.Foi publicado nos jornais na sexta-feira, 13 de julho, um comunicado à socieda-de, com as assinaturas do diretor de Ne-

A maior e mais organizada paralisação dos últimos tempos. É assim que já

ficou conhecida a mobilização nacional de professores das instituições federais de ensino pela reestruturação da carreira docente, que já dura há mais de 60 dias e, até o fechamento desta edição (na pri-meira semana de julho) ainda não tem previsão para chegar ao fim.De acordo com as entidades que repre-sentam a categoria, desde 17 de maio, já aderiram à paralisação, parcial ou total-mente, 56 das 59 universidades federais, 34 dos 38 institutos, além dos dois cen-tros de educação tecnológica (Cefets) e do Colégio Federal Pedro II.No último dia 28 de junho, o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão afir-

mou que a reunião com as entidades que representam a categoria dos docentes, agendada para o dia 19, deveria acon-tecer na primeira semana de julho. No entanto, até agora, ela não aconteceu e nem foi agendada.Os servidores das instituições federais também entraram em greve, em 11 de junho. As principais reivindicações da ca-tegoria são o aumento do piso salarial em 22,8% e a correção das pendências da carreira desde 2007. No último dia 06 de julho, o governo anunciou que pretende cortar o ponto dos servidores federais em greve. O anúncio foi feito pela assessoria de comunicação do Ministério do Planejamento. Estão em greve: Funasa, Ministério da Saúde, Mi-

nistério do Planejamento, Ministério do Trabalho e Emprego, Ministério da Inte-gração Nacional, Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Ministério do Desenvolvimento Agrário, Ministério da Justiça, Fundação Nacional do Índio (Funai), Ministério da Agricultu-ra, Arquivo Nacional, Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi) e Hospital das Forças Armadas (HFA).A presidente do Sindicato Nacional dos Docentes de Ensino Superior (ANDES--SN), Marinalva Oliveira, classificou como “vergonhosa” a medida do governo. “Isso é uma atitude de criminalização e ataque ao livre exercício da greve. A resposta não pode ser outra: intensificar a greve em todos os setores”, disse.

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Após 4 rodadas de negociações sem avanços, setor elétrico entra em greve por tempo indeterminado

gociações Coletivas da FISENGE, Fer-nando Elias Vieira Jogaib; do presidente da Federação Nacional dos Urbanitários (FNU), Franklin Moreira Gonçalves; e do diretor do Sindicato dos Administradores

do Estado do Rio de Janeiro (SINAERJ), Julio Souza Reis. O mesmo comunicado foi enviado à Eletrobrás.Os serviços es-senciais serão mantidos, de acordo com a Lei 7.783/1989.

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Trabalhadores votam pela greve por tempo indeterminado no auditório do Sintergia, no Rio de Janeiro.