João Nunes Maia [Miramez] - Filosofia Espírita Vol 06.pdf

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  • Filosofia Esprita Volume VI

    Joo Nunes Maia Miramez

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    FILOSOFIA ESPRITA VOLUME 6 Joo Nunes Maia

    DITADO PELO ESPRITO MIRAMEZ

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    Joo Nunes Maia Miramez

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    Ficha Catalogrfica Filosofia Esprita Volume VI

    (Preparada pela equipe de bibliotecrias SMED/PBH)

    Maia, Joo Nunes, 1923-1991 M217F Filosofia Esprita. Psicografado por

    Joo Nunes Maia / Miramez, Belo Horizonte, Esprita Crist Fonte Viva, 1989.

    20 v. 1. Espiritismo. 2. Psicografia. I. Miramez . II. Ttulo.

    CDD 133.9

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    ndice Filosofia Esprita Volume VI Prefcio de Bezerra de Menezes - Filosofia Esprita - Volume VI .....................................................................6

    01 - SENSAO PSICOLGICA ...........................................................................................................................8 02 - SENSAO DOS ESPRITOS......................................................................................................................10 03 - ESCOLHA DE PROVAS.................................................................................................................................12

    04 - PARTICULARIDADES ....................................................................................................................................14

    05 - AFINIDADE.......................................................................................................................................................16

    06 - CONCESSO DE PROVAS ..........................................................................................................................18

    07 - O ESPRITO NA SUA ORIGEM ....................................................................................................................20 08 - ESPAO ENTRE AS PROVAS.....................................................................................................................22 09 - PROPRIEDADES DAS PROVAS .................................................................................................................24

    10 - ESCOLHA POR AFINIDADE .........................................................................................................................26

    11 - DESAFIO DAS PROVAS................................................................................................................................28

    12 - ESCOLHA ANTECIPADA ..............................................................................................................................30

    13 - AS PROVAS TM UM FIM? ..........................................................................................................................32 14 - ENGANO NA ESCOLHA ................................................................................................................................34

    15 - VOCAO ........................................................................................................................................................36 16 - ENTRE OS CANIBAIS ....................................................................................................................................38

    17 - PARECE IMPOSSVEL ..................................................................................................................................40 18 - REGRESSO NA FORMA.............................................................................................................................42

    19 - RELAES ENTRE ESPRITOS .................................................................................................................43 20 - O PODER E O ESPRITO ..............................................................................................................................45 21 - OS GRANDES NA TERRA ............................................................................................................................47

    22 - O SOLDADO E O GENERAL ........................................................................................................................49

    23 - ENTREMEIO ESPIRITUAL ............................................................................................................................51

    24 - INTERCMBIO ENTRE OS ESPRITOS.....................................................................................................53 25 - NATUREZA DAS RELAES.......................................................................................................................55 26 - ESPRITOS MAUS ..........................................................................................................................................57

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    27 - COMUNICAO ENTRE ESPRITOS.........................................................................................................59 28 - OCULTAR PENSAMENTOS .........................................................................................................................61

    29 - COMPROVAO DA INDIVIDUALIDADE ..................................................................................................63 30 - COMO CONHECER........................................................................................................................................65

    31 - ENCONTROS...................................................................................................................................................67

    32 - REGRESSO AO MUNDO DOS ESPRITOS ..............................................................................................69 33 - ENCONTRO DOS IGUAIS .............................................................................................................................71

    34 - OS QUE NOS RECEBEM ..............................................................................................................................73

    35 - JUNTOS ............................................................................................................................................................75

    36 - LAOS DE SIMPATIA ....................................................................................................................................77 37 - DIO ENTRE ESPRITOS .............................................................................................................................79 38 - RESSENTIMENTOS .......................................................................................................................................81

    39 - LEMBRANAS.................................................................................................................................................83 40 - SENTIMENTOS DOS A QUEM OFENDEMOS ..........................................................................................85

    41 - ALTERAO ....................................................................................................................................................87 42 - AFEIO...........................................................................................................................................................88 43 - ALMAS GMEAS ............................................................................................................................................90 44 - METADE............................................................................................................................................................91

    45 - ESPRITOS SIMPTICOS .............................................................................................................................93 46 - SIMPATIA..........................................................................................................................................................94

    47 - CONCORDNCIAS.........................................................................................................................................96 48 - MUDANAS .....................................................................................................................................................97 49 - RECORDAES .............................................................................................................................................99 50 - LEMBRANA DA EXISTNCIA CORPORAL ..........................................................................................101 51 - MEMORIZAO ............................................................................................................................................103

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    Prefcio de Bezerra de Menezes - Filosofia Esprita - Volume VI

    Eis mais um livro da srie FILOSOFIA ESPRITA. Este o sexto volume, onde o nosso irmo Miramez pe todo o seu amor para mostrar aos espritas o valor de "O Livro dos Espritos", obra basilar da Doutrina, onde Jesus salienta todos os Seus valores para melhor educao dos sentimentos.

    A humanidade est passando por fases dolorosas, mas, com oportunidades imensurveis de educao. o Cristo nos chamando em todos os ngulos de trabalho. O convite silencioso, porm, a alma o registra pelas faculdades que possui, vibrando nos centros de todas as sensibilidades. O progresso um fato inconteste, por ser lei de Deus.

    Allan Kardec foi enviado Terra para fazer reviver, com o instrumento da codificao, o Cristianismo puro. Ele foi o coordenador das verdades que salientam os modelos sublimados dos concertos de Jesus, e deu o recado como lhe foi pedido no mundo espiritual.

    Compete a ns outros, trabalhadores simples na divulgao do Evangelho, erguer essa bandeira de luz em todas as naes do mundo, mesmo que isso nos custe sacrifcios. No estamos forando a ningum no que toca auto-educao; ela fora de Deus que o progresso se encarrega de manifestar e a disciplina dos sentimentos ao das leis.

    Os benfeitores so enviados por Jesus como misericrdia, enxugando lgrimas e balsamizando feridas, confortando coraes e mostrando a todos que a felicidade realidade para os que cumprirem seus deveres diante de Deus e da conscincia. No entanto, aos que compreenderem as linhas da caridade crist, palmilhando suas diretrizes divinas, o fardo ficar leve e o jugo, suave. Vamos esquecer as ofensas dos nossos companheiros, se as encontrarmos, usando o perdo sem condies. No vamos perder tempo com os feitos alheios, mas, usar esse tempo para analisar o que fazemos de especial, o que realizamos com as nossas foras em exerccio. Tornamos a dizer que "O Livro dos Espritos" sempre a melhor fonte de transformaes, porque dele se pode partir para grandes descobertas de nuances de leis, que at ento desconhecamos.

    Os espritas, em geral, precisam estudar mais, para melhor assimilarem as leis de Deus, alargando a compreenso em todas as reas da vida na edificao da caridade, porque somente conhecemos o amor pelos caminhos da benevolncia. No pode, portanto, ficar sem estudar as obras bsicas da codificao; partindo delas, eles encontraro, nas outras, que vitalizam mais o Espiritismo, um mundo de revelaes, que nos leva a grandes esperanas.

    A mediunidade dom de todas as pessoas. Desde que a criatura adquiriu a razo, que ela se evidenciou no mundo, abrindo caminho entre a Terra e o cu. Jesus veio dar nitidez a essa faculdade, provando com a Sua vida que a vida continua e que ningum morre.

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    A Doutrina Esprita o Consolador que o Mestre prometeu que enviaria, para ficar eternamente com os homens. A sua misso fazer reviver tudo o que Jesus disse, com o fulgor que os Espritos podem suportar.

    Deixamos aos leitores mais um volume sobre a obra bsica do Espiritismo, como bno de Deus e misericrdia do Mestre.

    BEZERRA

    Belo Horizonte, 11 de Setembro de 1986.

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    01 - SENSAO PSICOLGICA 0256/LE

    O pensamento o portador de todas as sensaes. Se nos entregarmos influncia de um hipnotizador, aceitamos suas insinuaes e passamos a viver e sentir o que ele nos transmite. Essa realidade bem conhecida no meio cientfico. Alguns hipnotizadores usam levianamente seus conhecimentos, e muitos dentre eles vem na hipnose uma fonte de rendas, sem perceber que esto "brincando com fogo", sem o devido cuidado sua prpria proteo.

    Os Espritos desencarnados que, porventura, conversam com os homens, pelo instrumento medinico, e falam que esto sofrendo, tm frio e as vezes calor, tm essas sensaes em funo do seu estado psicolgico. Eles relembram o passado, de quando estavam na carne, passando por determinadas provas, e tm as mesmas sensaes; a mente regride e busca no passado as mesmas dores e padecimentos que lhes fizeram sofrer.

    At mesmo entre os encarnados esse fenmeno acontece; muitos dos sensitivos, ao se lembrarem ou ao verem sofrimentos, sentem os mesmos no seu corpo de carne, que depois passam, com o esquecimento ou com uma boa conversa de irmos que entendem esse processo negativo da alma. Devemos convir que as virtudes assimiladas e vividas por todos ns so nutries positivas que nos levam ao equilbrio psico-fsico. Quantas vezes, em sesses espritas bem orientadas, comparecem irmos desencarnados sofrendo todos os tipos de inquietaes, e mesmo profundos reflexos da sua vida passada, porque nela eles prendem seus pensamentos e, ao se afastarem do mdium, saem aliviados e, s vezes, curados com as palavras bem postas do doutrinador!

    Aonde se prender os sentimentos, a se sentir o ambiente, confortando ou desarmonizando o mundo mental. Todos os corpos que servem de vestimentas espirituais sentem as reaes da mente, e passam a elidir a influncia daquilo que armazenaram nos momentos em que a mente criava e irradiava pensamentos de luz.

    O Cristo veio ao mundo nos preparar no sentido de considerarmos o que recebemos dos outros em forma de sugesto, diariamente, como tambm as formas-pensamento que vagabundeiam no espao e que se aproximam dos homens por certas leis de justia que nos comandam a todos. nosso dever apreciar as idias que vm de fora, vigiar e orar, para que no entremos em sintonia com sugestes inferiores, porque elas podem nos levar a padecimentos morais e mesmo fsicos.

    Jesus nos pede para visitar os enfermos, encarcerados, idosos e aflitos, mas, no despejemos neles pensamentos e idias negativas, para no aumentarmos seus padecimentos. Para tanto, devemos nos preparar, educar e disciplinar nossos sentimentos, cedendo influncia do amor e da caridade, para que o prprio Cristo fale por ns, usando o nosso instrumento de comunicao, pelas vias dos benfeitores espirituais, sempre atentos a nos ajudarem. No alimentemos dvidas, porque a todos de boa vontade, quando faltarem os recursos de consolar, sero acrescentados valores que correspondem ao soerguimento das criaturas que procuram assistir. Mesmo que os sofrimentos daqueles a quem visitamos sejam fsicos, no

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    esmoreamos, que a nossa palavra de f realizar milagres. A prpria experincia vai confirmar o que afirmamos. A palavra tem o condo, quando com o Cristo, de levantar cados, curar enfermidades e consolar os tristes, mostrando a todos que existe a esperana, canal certo para a felicidade. Procuremos mudar o modo de pensar dos sofredores de toda sorte, que eles passaro a se melhorar das suas enfermidades e, ainda mais, a alegria brotar em seus coraes, qual fonte de paz e de confiana.

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    02 - SENSAO DOS ESPRITOS 0257/LE

    O Esprito, quando reencarna, ligado ao corpo por fios tenussimos em vrios centros de fora, refletores de outros centros da alma, no domnio de todas as clulas do campo somtico. Quando o corpo fsico comea a desagregar-se por desleixo da alma que no cuidou da sua vestimenta, ou por processos ligados ao passado, ou por leis de mudanas necessrias, no ele que sofre as impresses dolorosas; o Esprito, por sua alta sensibilidade, que capta essas impresses, pelas linhas que o prendem argamassa fsica.

    Esse processo de sofrimentos, , pois, um campo de experincias, mediante o qual despertam os valores do Esprito que dormem na conscincia profunda. Esses dons, quando aflorados, ambientam eles mesmos o ser espiritual para o equilbrio das suas sensaes, de modo a no sofrer com nenhuma reminiscncia e a sua emotividade direcionada para o amor, o perdo e a caridade.

    Aquele que tenha qualquer averso s leis que nos dirigem, feitas pelo Criador, ou tome caminhos no condizentes com as mesmas, sofrer as conseqncias. Os Espritos desencarnados que sofrem com a desagregao dos corpos, pela lei natural das transformaes, porque esto ligados s paixes humanas e deixaram de mudar suas idias, ligando-as s diretrizes do Cristo, de amar a Deus sobre todas as coisas e ao prximo como a si mesmo.

    Devemos observar aonde nossos pensamentos encontram o sofrimento, pois a se encontrar o nosso clima de vida. bom que nos lembremos de Jesus, o que para ns um grande prazer, quando Ele diz, e Mateus anota, no captulo seis, versculo vinte e um: Porque onde estiver o teu tesouro, a estar tambm o teu corao. Quando buscamos determinadas sensaes e a elas nos ligamos pelo desejo, qual se fossem o nosso tesouro, ficamos presos a elas por tempo indeterminado.

    Quando conhecemos Jesus e O acompanhamos, vm as mudanas de costumes e alteramos o rumo das nossas sensaes, buscando tesouros eternos, naquele bem que universaliza os nossos sentimentos. Vejamos essa afirmativa, que j dissemos alhures, mas que nos serve de orientao quando queremos nos referir Doutrina Esprita: O livro esprita fora divina nas mos humanas. Ele acompanha o progresso em todas as suas nuances, doando aos homens, com a maturidade necessria, os conceitos de Jesus que brilham na sua mais perfeita revivescncia, ajudando os encarnados a se libertarem dos laos inferiores que os prendem s ms sensaes, e para aqueles que comearem a viver o amor e a caridade, ao passarem para o plano espiritual, as sensaes sero outras, que lhes faro chorar de alegria, pela glria que seu esforo no bem lhes conferiu.

    Com o conhecimento que agora se tem, trazido luz pelo ensaio terico do Codificador e com todas as experincias adquiridas ao longo do tempo, deve-se passar vivncia dos ensinos de Jesus, conhecendo a verdade que oferecer a coroa de luz, marcando assim a sua dignidade como cidado livre no campo da vida espiritual.

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    Lembremo-nos bem: onde estaro os nossos pensamentos?

    Onde os nossos sentimentos esto ligados?

    Eis ai nosso tesouro! Vejamos, atentemos se o que o Cristo deseja de ns!

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    03 - ESCOLHA DE PROVAS 0258/LE

    A razo nos convida a apreciar com profundidade esse assunto de escolha de provas, quando o Esprito est na erraticidade. Temos o livre-arbtrio, mas em uma escala progressiva, e at certo ponto, porque Deus quem comanda tudo, dentro da Sua autoridade total.

    O Esprito pode escolher as provas que haver de enfrentar na Terra, mas, quando passa dos limites, quando a sua usura, o seu orgulho falam mais alto do que as suas necessidades de se educar, a mo de Deus intervm, dando-lhe o que pode suportar e que lhe serve de aprendizado. , pois, engenhosa essa escolha; nem sempre a alma pode escolher o que quer, porque por vezes no sabe optar pelo que realmente lhe convm.

    No caso de Espritos envolvidos nas paixes inferiores, que se encontram na inconscincia do que devem escolher, certamente que esses no podem programar as suas provas, assim como a criana, o velho esclerosado ou o retardado mental no podem sair para as ruas hora que desejarem. Para esse trabalho de escolha e assistncia, aos reencarnantes, Deus colocou falanges e mais falanges de anjos benfeitores, conscientes de seus deveres ante os necessitados. Nunca se pode generalizar esses casos de escolhas; elas so variadas, de acordo com o reencarnante, e muitos Espritos, j com categoria espiritual elevada, pedem conselhos aos Espritos que os guiam nas escolhas das suas provas, sobre a famlia e o meio social em que devero reencarnar. So almas que desejam acertar e no querem negligenciar nas diretrizes do bem e da verdade, e ainda pedem aos seus mentores espirituais para avisar-lhes sobre os perigos, no momento em que estiverem beira do abismo. So Espritos com a maturidade que os assemelha lavoura cuja colheita se aproxima. E que Deus nos abenoe e que existam muitos deles na Terra.

    Mas quando o Esprito tem a liberdade de escolher suas provas e avana para certas dificuldades que pesam em seus ombros, e Deus o permite, Ele, o Senhor, misericordioso e oferta muitos recursos para que a alma aproveite as lies. Nada perdido em lugar algum do universo porque a Sabedoria Divina tudo v, e Suas mos sempre abenoam, convertendo o mal em bem, o dio em amor, a violncia em paz, a inimizade em perdo. Mesmo que o Esprito se desvie da estrada nobre que desejou seguir, ele acumula experincias e torna a voltar, revestindo-se de novo corpo, com mais facilidade de acertar.

    Podemos ponderar sobre os nossos feitos na Terra e as decises que tomamos no decorrer da nossa existncia. Temos o livre-arbtrio de escolher, no entanto, muitas escolhas no acontecem, porque o Senhor no achou conveniente ao nosso tamanho evolutivo. Isso sucede todos os dias; basta observarmos os acontecimentos na sutileza da vida. Situaes h em que determinada pessoa escolhe, por exemplo, dirigir um pas e quase toda nao assim o deseja. Entretanto, Deus no permite que assim acontea.

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    Assim tambm se passa no mundo dos Espritos: quem pode escolher, escolhe as provas; a quem no pode, elas so impostas, e outros pedem conselhos aos benfeitores maiores, sobre o que e melhor para eles. Enfim, tudo escola, tudo so lies, porque nada se perde na casa de Deus. A Sua vontade sempre soberana.

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    04 - PARTICULARIDADES 0259/LE

    Quando escolhemos, no mundo espiritual, certos tipos de provas, escapa-nos o conhecimento das particularidades que possam ocorrer. Somente Deus sabe tudo e concede a ns o que pedimos, desde que nos sirva de lies valiosas. Fica a critrio da nossa liberdade a soluo dos problemas que devero surgir em meio s provas escolhidas.

    O gnero de provas escolhido, mas, um mundo de revezes provenientes delas escapou razo, e teremos que criar defesas na hora que surgirem, ou ento, seremos envolvidos por eles. Em tudo sobressai a nossa parte, para aprendermos a cuidar de ns mesmos. Quando traamos as diretrizes para uma nova vida no mundo, ns no podemos prever todos os pormenores que surgiro no decurso dessa vida.

    Para todas as escolhas, e em meio a todos os entraves da vida, a inteligncia humana e espiritual deve apelar para Jesus; Ele o nico que tem soluo para todos os impasses, e quem estiver ligado ao Evangelho do Mestre no erra o caminho para a sua libertao espiritual.

    Quem fizer uso da prece diria, com humildade, receber sempre a inspirao para o que deve fazer em obedincia s leis que nos governam. As particularidades voltadas para o mal, que possam acontecer na nossa existncia, cabe-nos transform-las em ondas do bem. Eis a nossa parte: mostrarmos queles que nos abonaram na descida para a Terra, que estamos compreendendo a misericrdia divina.

    Em muitos casos somos inconscientes. Se tomamos uma estrada para percorrermos, escolhemos essa estrada, e no o que deve acontecer durante a caminhada. Eis porque a f a nossa segurana de vida e de vitria. Preparemo-nos para as devidas solues e, em quaisquer circunstncias, no devemos omitir os nossos valores morais e espirituais. A coragem com Jesus fora igualmente poderosa em todas as nossas etapas; ela nos anima para enfrentarmos todos os inimigos, fora e dentro de ns, vencendo-os.

    A reencarnao no deixa de ser uma aventura, pois descemos para as sombras sem saber o que vamos encontrar, e temos apenas uma leve intuio que nos ajuda a lembrar o que verdadeiramente uma luta, pelos infortnios que criamos no passado, e que esse mesmo um processo de libertao espiritual. No entanto, a bondade de Deus to grande que nos ajuda em todos os passos, na sutileza das leis. Ningum fica rfo da assistncia dos benfeitores da verdade.

    A ordem avanar, orando e vigiando em todos os momentos. Assim como muitos Espritos que passaram pela Terra nos deram exemplos vivos de f, e venceram pelo amor e pela caridade, todos os outros da retaguarda, sendo filhos de Deus, tm as mesmas oportunidades de aprender a lutar e a vencer os maiores de todos os inimigos, aqueles que moram dentro de cada um.

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    O homem vive hoje ignorando o amanh, mas, tendo f, diante de todos os acontecimentos contrrios lei da caridade, Deus o inspirar no que deve fazer, conquistando a alegria por conservar a conscincia tranqila e o corao batendo no ritmo do corao de Cristo.

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    05 - AFINIDADE 0260/LE

    H Espritos que podem escolher suas provas, mas, sempre dentro de uma escala de provaes. At a escolha deve obedecer a determinaes. Liberdade maior, somente aos Espritos Superiores.

    Por vezes, o Esprito que tem certos defeitos a corrigir nasce em famlia com as mesmas faltas a serem corrigidas. A que est sua maior prova, e a soluo do problema est dentro dele. Como nos fala "O Livro dos Espritos", uma alma que tem instintos de se apossar do alheio nasce em famlia que gosta de roubar; esse Esprito deve se esforar, dentro do ambiente favorvel ao erro, para se libertar daquilo que precisa para se tornar livre. Se renascer no lar j motivado pelo Evangelho, entre pessoas que j se limparam das mazelas das paixes inferiores, qual o esforo que ele ter que fazer para o seu aperfeioamento? Sabendo disso, escolhe lar compatvel com as suas tendncias. Isso analogia de sentimentos. Atramos o que somos, esta a lei.

    Quando um mundo passa para a escala de mundo superior, os Espritos nele instalados, que se esquecerem da corrigenda, vo para outras moradas em plena conexo com os seus sentimentos. Essa lei de justia, e mesmo do amor. O Esprito inferior, que ainda no despertou para a realidade, indo morar em um mundo de luz, criar problemas inmeros para os seus habitantes, que no merecem esse tipo de companhia.

    Cada qual deve estagiar no lugar que a justia indicar, locais esses que iro servir como escola, onde os processos grosseiros despertaro as qualidades nobres que se encontram latentes em todas as almas. Deus a ningum desampara.

    A Terra se aproxima dessa mudana, e quem a herdar ser feliz, pois, no mais far dvidas. Quando a Terra mudar de dimenso, sair das provaes para ser um mundo de regenerao, e da para casa superior onde devero habitar somente Espritos de paz, os Espritos inferiores no tero oportunidade de voltar a ela, mesmo querendo. Soframos, pois, com pacincia, o que for necessrio para a limpeza do fardo, no preparo para o paraso, que pode ser a prpria Terra.

    O Cristo, atravs da Doutrina Esprita, vem anunciar o ltimo aviso, de que o trigo se encontra maduro, e que a qualquer hora os ceifeiros viro lavoura para colh-lo e separ-lo do joio, que ser queimado. Espritas, aproveitai as oportunidades de renovao do vosso interior, e trabalhai com afinco no bem, fazendo da caridade a bandeira de luz que vos poder guiar para a verdadeira fraternidade.

    A lei dos iguais absoluta, buscamos sempre estar ao lado daqueles que pensam do mesmo modo que ns. As aes pedem respostas e elas so do mesmo naipe, induzidas pela lei de justia. O no faais aos outros o que no quereis para vs mesmos, o melhor roteiro para quem quer tranqilizar a conscincia.

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    O Esprito, ao chegar o momento de reencarnar, s vezes, no escolhe nascer entre pessoas de m vida, porm, as circunstncias o induzem para tal. No havendo outro recurso, ele aceita, e s vezes at escolhe isso, pois o caminho melhor se redimir no mesmo ambiente em que errou. A perfeio exige luta, e para isso Jesus deu o maior dos testemunhos, subindo o Calvrio com dignidade, perdoando e amando os que o injuriavam, dizendo que eles no sabiam o que faziam. Verdadeiramente, se eles soubessem, no fariam o que fizeram ao maior Esprito que j veio Terra, protetor da humanidade, desde o princpio da formao do planeta.

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    06 - CONCESSO DE PROVAS 0261/LE

    No campo das escolhas e das concesses, h uma coisa que fala mais alto: a maturidade da alma que mostra a necessidade das provas. Pode um Esprito pedir a riqueza, segundo a resposta pergunta, e ser atendido. Alguns usam o ouro, fazendo dele motivo de glria na sua vida, e outros, carentes de lies que lhes possam preparar para o futuro, usam mal os recursos da fortuna, por lhes faltar maturidade devida, que o passado no lhes conferiu.

    muito engenhosa a vida do Esprito, porque os Espritos se encontram em escalas diferentes, uns dos outros. s vezes, os prprios benfeitores que ajudaram na reencarnao de um Esprito no perceberam que ele, pela sua fragilidade, desviaria seus dons e torceria os poderes que a vida lhe colocou nas mos. Mas Deus sabia de tudo e acedeu como motivo de experincias que o Esprito deve acumular, para aprender melhor as lies recebidas.

    Deus nunca erra, e somente pe fardos pesados em ombros fortes. Se o homem est passando por duras provaes na Terra, preciso que busque a fora em Jesus, cultivando a humildade, a pacincia e o amor, que, o Mestre abastecer seu corao de energias compatveis com as suas necessidades.

    Temer a vida desconfiar da bondade de Deus. Jesus est sempre atento aos nossos passos, a nos ajudar na subida dos nossos calvrios, e sempre aparecem irmos como cireneus, a nos ajudarem a carregar a cruz das nossas provas. Pedir riquezas e poderes pensamento de muitos ao descerem Terra, mas, entre pedir e ser concedido h uma grande distncia, porque o Pai vela muito por Seus filhos, principalmente pelos que no sabem o que querem.

    preciso que o encarnado pare e medite no que tenha pedido, procurando fazer o melhor para a sua vida. Tudo pode mudar, se se mudar o clima de vida. Pode-se sempre fazer mais, alm do que se tem em seu programa. O seu destino depende dele prprio.

    O Senhor sempre favorece novas oportunidades para quem tem boa vontade de servir, de ajudar com amor, e tem na caridade a fora de salvao. Procuremos Jesus no silncio do nosso aposento, oremos a Ele em secreto, porm, no fiquemos somente na orao; coloquemos as nossas mos no trabalho honesto e justo, que mos invisveis se aproximaro de ns ajudando-nos a libertar o corao das paixes extravagantes que o mundo oferece, por meios difceis de o Esprito comum escapar.

    A misso do Espiritismo reformar o homem e ajudar a despertar os Espritos endurecidos para o amor. No h outro caminho para todos ns. O Evangelho o livro da vida, para que tenhamos mais vida, e com abundncia. Se negarmos o bem, estaremos envolvidos no mal.

    No podemos deixar de falar da relatividade em todos os campos do saber, mesmo da aplicao das leis de Deus, porque as desigualdades de evoluo dos Espritos uma

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    realidade inconteste. Um Esprito bom pode nascer em um lar em ms condies, para soergu-lo, bem como pode ter dvidas do passado com aqueles com quem vai conviver na carne. Em qualquer circunstncia, devemos amar, servir e perdoar, lembrando-nos sempre de Deus, nosso Pai Celestial, e do nosso maior Guia, Jesus Cristo.

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    07 - O ESPRITO NA SUA ORIGEM 0262/LE

    O Esprito na sua origem simples e ignorante, contudo, ele tem a devida assistncia na sua jornada inicial. Ele guiado por benfeitores espirituais que o conduzem pelos fios do instinto, com toda a segurana. Ele, nesse estado d'alma, ainda no sabe cuidar da sua prpria evoluo. O seu despertamento vem pelas vias naturais, na gradao que o progresso pode dar, onde no participa seu esforo prprio, por no ter conhecimento da sua tarefa na Terra, a no ser pela intuio das leis que dormem no fundo da sua conscincia, foras essas que despertam com o perpassar do tempo.

    Ao raiar dos primeiros sinais de individualidade, o Esprito passa a escolher o que mais lhe convm, sem raciocinar no que poder acontecer. As facilidades levam-no ao orgulho e ao egosmo, e a violncia cresce pelo poder da razo. Assim, o instinto que antes servir-lhe-ia de guia, se atrofia na sua origem.

    bom que no acreditemos que foi culpa da prpria alma, ao escolher os caminhos que se tornaro em carma, em faltas que atraem reaes compatveis com o que foi feito. So processos criados por Deus, para educar todos os Seus filhos. Eis porque todos passamos por esses meios, e deles tiramos muito proveito no desenrolar do tempo, sob a elasticidade do espao.

    Muitos espiritualistas e espritas custam a entender o que livre-arbtrio. Basta pensar que Deus onisciente e que, quando fez o Esprito, sabia desses caminhos que ele, na sua origem, deveria percorrer. Ele deixa a alma tomar esses roteiros por saber que so os melhores para o seu engrandecimento espiritual.

    Como discutir com o Senhor? Ele no pede opinio aos homens, nem mesmo aos anjos para fazer as Suas leis. Ainda existem muitos segredos nas origens da alma, que no amanh todos iremos saber. O conhecimento gradativo. A criana se alimenta de leite materno, e o adulto de alimentos mais grosseiros; assim so os Espritos, assim a lei.

    Todo livre-arbtrio inspirado nas leis universais. Da, se pode deduzir que somente Deus comanda tudo, desde a matria primitiva na candura da sua origem, at Sua corte celestial. A liberdade que cresce com o crescimento espiritual somente no sofre interferncia quando tudo se encontra na harmonia, que corresponde s nossas necessidades. O Esprito foi feito simples e ignorante, mas, por dentro, carrega consigo, como tesouro divino, a vontade de Deus.

    Podemos dizer que tudo que ocorre com o Esprito so processos de despertamento espiritual, de modo a lev-lo a conhecer a verdade. O Senhor Supremo nunca Se esquece de Seus filhos em todas as circunstncias, e ainda nos ensina a nos ocuparmos de ns mesmos. O bem que fazemos a ns e aos outros verte de leis naturais e se afina com a conscincia, de modo a nela permanecer para a eternidade. O mal nos incomoda; por isso deve sair de dentro de ns, cedendo lugar ao amor e caridade. O leo no se mistura com gua.

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    Jesus Cristo, devemos dizer sempre com alegria, foi a misericrdia de Deus para a humanidade, que veio nos ensinar a acelerar nosso crescimento e nos tornar livres, mais depressa, das paixes inferiores e, com isso, saber tomar as decises acertadas em todos os caminhos que nos compete trilhar.

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    08 - ESPAO ENTRE AS PROVAS 0263/LE

    O Esprito no tem condies de escolher, logo aps a desencarnao, quando dever ocorrer sua prxima vida na Terra, principalmente se ele est envolvido pelas paixes terrenas. necessrio que tenha um tempo. Pode acontecer a um Esprito mais consciente de seus deveres, reencarnar logo, mesmo assim muito raro no haver intervalo entre as duas vidas. No podemos precisar ao certo a durao desses intervalos. Tudo, tornamos a dizer, relativo.

    Os Espritos inferiores, relata "O Livro dos Espritos", acreditam na eternidade das penas. A sua mente foi trabalhada nisso por muitos anos e o condicionamento no cede lugar facilmente para outras idias, a no ser com o trabalho do tempo. H Espritos que demoram sculos para voltar carne, e outros, pouco tempo; depende das necessidades de cada um e da vontade de Deus.

    A Doutrina Esprita evita o equvoco sobre as leis, que as velhas religies interpretaram mal e nas quais, ainda mais, acrescentaram leis humanas, enxerto esse com vista aos lucros materiais, para submeter as almas aos seus caprichos. O Espiritismo d lies valiosas no sentido de libertao, ganhando tempo, de maneira que o Esprito, logo depois da libertao fsica, passa a entender com mais facilidade o mundo em que foi chamado a servir.

    Tudo precisa de preparo, e o Pai Celestial no Se esqueceu de escolas de todas as naturezas, estendidas em profuso por todos os mundos habitados, e certamente nos mundos espirituais, onde os Espritos puros e inferiores trocam, em todos os encontros, experincias necessrias ao crescimento de cada um.

    O objetivo da vida despertar os valores do Esprito, dar-lhe condies para que ele cuide de si mesmo, sob as bnos do Criador. Quem comea a conhecer essas verdades passa a persuadir-se a si mesmo, porque somente Deus e ele sabem cuidar das suas necessidades. Tudo o que vier de fora servir como toque, mas as decises e a vivncia devem nascer de dentro, pelo esforo prprio.

    No h violncia pelas foras superiores; h exposio pelos comandos maiores. Quando a alma j deixa a carne com algum conhecimento, ela avana com mais rapidez no seu despertamento espiritual. No fundo de todas as escolhas aparece a prpria individualidade, pois, quando essa escolha no feita pela razo, ela ocorre de acordo com as necessidades de progredir.

    O mundo um fruto que j denuncia maturidade. A humanidade passa por processos inumerveis de entendimento, de modo a perceber, por meios diversos, as leis que lhe podem indicar o caminho, a verdade e a vida.

    As leis so as mesmas, tanto no mundo espiritual quanto na Terra. Certas mudanas se referem ao estado em que se encontra a alma. Quantas pessoas nascem e logo aps o nascimento desencarnam? Quantos aqui permanecem por pouco tempo, e muitos outros

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    alcanam idades avanadas? Assim tambm o Esprito. No mundo espiritual, uns permanecem nele por pouco tempo; outros, mais ou menos tempo, e alguns, por muitos sculos.

    Que Deus nos abenoe, para conhecermos mais e mais as Suas leis que, por enquanto, comeamos a entender.

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    09 - PROPRIEDADES DAS PROVAS 0264/LE

    Quando dado ao Esprito escolher as provas que enfrentar no corpo, ele escolhe os caminhos compatveis com as suas necessidades. O Esprito que tem o preparo para escolher suas provas, se estivesse na carne, talvez escolhesse outros testemunhos, porque em Esprito a lucidez outra, e o que interessa o maior aperfeioamento. Quando na carne, logo que aparecem os primeiros sintomas dos revezes que escolheu, ele apavora, porquanto a escolha teoria, e enfrentar as dificuldades prtica bem diferente. Muitos desistem no meio do caminho, no entanto, tornam a pedir reforo em voltas sucessivas, pois somente a reencarnao dar-lhes- a chave da libertao espiritual, que eles, por vezes, vem os outros gozarem no mundo de onde vieram.

    O que leva a alma a pedir duras provas em novo corpo saber e sentir que s a conscincia tranqila a limpar de todas as mazelas inferiores que lhe causam infelicidade. Quando dizemos que a soluo dos problemas se encontra dentro de cada ser, temos a prova na escolha do Esprito viciado na bebida desregrada; ele nasce em um meio que lhe proporciona facilidade de aprender a beber, porque nele que o Esprito sente, pelos sofrimentos, a necessidade de se livrar do vcio com mais profundidade.

    Inmeros exemplos podem ser constatados, a cada passo por onde se anda, ao escutar as histrias dos que se livraram de vcios diversos. Como aprender o desprendimento, vindo pobre ao mundo? Como perdoar, se no houver quem lhe ofenda? Como abster-se do sexo, com equilbrio, se no se conviver com a facilidade dos desregramentos? Precisamos estudar todos os pontos de aperfeioamento espiritual, meditar neles, trocar experincias. O vaqueiro ferroa somente o boi que sai do carreiro por onde deve passar.

    O Esprito sofre por desrespeito s leis, que so os caminhos da vida traados por Deus. O Senhor no fica ansioso, nem os benfeitores espirituais, porque essa ou aquela alma se desvia do roteiro que ela mesma escolheu. Sabem Deus e os Espritos Superiores que todos devero aprender hoje ou amanh as lies que os levaro paz de conscincia. Importante lembrar que poderemos ir alm da escolha que fizemos no mundo espiritual antes da descida carne. Depende da conscientizao de cada um, dos seus deveres. As foras no so medidas para tais e quais provas; elas podero crescer e avanar, dependendo do Esprito, das suas decises ante as lutas empreendidas.

    Muitos dos nossos irmos internados na carne se encontram em estado de superao daquilo que escolheram na ptria espiritual. A esses, damos glria a Deus pela sua valentia e disposio no aprimoramento moral e no trabalho realizado. Isso se v em todas as filosofias e religies do mundo, mas, em maior quantidade no Espiritismo, por encontrarem nele as bnos dos ensinamentos mais vivos de Nosso Senhor Jesus Cristo. Que cada um de ns possa fazer-se um deles, que mos invisveis nos ajudaro em todas as dificuldades, e certamente sentir-lhes-emos esse amparo em todas as subidas dos calvrios na Terra, bem como nas tarefas de luz em favor da coletividade.

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    A alma pode, se confia, porque a f, aliada sabedoria em Cristo, nos leva descoberta da verdade.

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    10 - ESCOLHA POR AFINIDADE 0265/LE

    H tambm Espritos que escolhem nascer em um reduto viciado por gostarem do vcio e sentirem necessidade de estar envolvidos nele. Nesses, o senso moral ainda no tem desenvolvimento bastante para lhes mostrar que eles devem se esforar, no sentido de adquirir a decncia nos caminhos que percorrem.

    No h uma regra geral nas escolhas das provaes, mas, todas elas nos trazem lies, mais ou menos demoradas, que o tempo fica encarregado de nos transmitir pelos processos da dor. As dedues que a razo nos oferece, para escolher essa ou aquela provao, vm impulsionadas pelos nossos sentimentos, pelo tipo de escolha.

    Os benfeitores espirituais nos conhecem, entretanto, na hora de conceder o escolhido, o automatismo do sim ou do no mais profundo do que se pensa. Primeiramente, ele vem de Deus, porque todas as decises partem d'Ele, o Supremo Mandatrio do Universo, e, por vezes, nasce no candidato, por inspirao de algum que o ajuda nas lutas de cada dia, como avalista da riqueza da vida na carne que vai receber.

    Os que escolhem tipos de provas para satisfazer suas paixes brutais, mais cedo ou mais tarde, arrepender-se-o das suas escolhas. Embora conhecendo a inconvenincia do caminho, Deus lhos concedeu como aprendizado, pois ao descobri-los que o Esprito permanecer nos roteiros de luz.

    Se j temos alguma luz de entendimento acerca das leis de Deus, que regulam todas as coisas, no percamos tempo com o chamado mal; as iluses nos fazem sofrer, at que conheamos a verdade. Ela Deus de braos abertos, pelos braos do Cristo, a nos convidar para a felicidade.

    Devemos aprender com mais brevidade a cincia do bem viver, que ela porta de luz que nos mostra a paz de conscincia. Se j sabemos escolher melhores caminhos para o nosso bem-estar, trabalhemos na inspirao dos outros. Que seja no silncio, de modo que eles, pela sugesto dos nossos exemplos e das nossas oraes, possam encontrar mais depressa o Cristo no prprio corao.

    A criatura inteligente percebe, pelos seus prprios pensamentos, a que classe de Espritos pertence, na escala do progresso; basta analisar o que s as idias lhes mostram, o prazer que tm com tais ou quais atitudes. Todos conhecemos o bem e o mal, por hereditariedade das leis que vibram dentro de cada um. Se o homem tem prazer em viver no meio de desequilibrados, um deles. Por a, analisemos as nossas atitudes, certificando-nos do que somos, diante dos que nos buscam por sintonia.

    Esforcemo-nos todos os dias no combate s ms inclinaes, e no esmoreamos nessa luta porque, se procurarmos Jesus para nos ajudar nas lutas, venceremos a ns mesmos, ganhando a paz e aprendendo a amar em todos os rumos da vida. Deus concede o que Lhe

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    pedimos, quando acha conveniente para o nosso despertamento espiritual. s vezes, o atendimento demorado; isso no importa; importa que abramos os olhos para a luz do entendimento.

    No amaldioemos os que esto imersos no vcio, nas paixes inferiores, porque no meio deles que o sofrimento os desperta para a reta moralidade. Depois, eles passaro a buscar uma norma de proceder mais eficiente, que o tempo lhes mostrar. Se queremos ajudar com mais proveito, ajudemo-los com pouca teoria, mas, com muita vivncia.

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    11 - DESAFIO DAS PROVAS 0266/LE

    O Esprito, quando se encontra na erraticidade, no pensa em provas fceis, principalmente o que j se acha desperto para a luz do entendimento. Ele v seu caminho cheio de lutas e deseja lutar; reconhece que as coisas fceis lhe trazem dificuldades inmeras, capazes de lhe fazer voltar s tarefas terrenas para recomear de novo, enquanto quase todos que carregam o peso da carne j tm outros pensamentos, querendo ficar livres de todas as provas, e se lhes fosse dado escolher, j no escolheriam o que escolheram quando desencarnados, por estar a sua viso vedada pela baixa vibrao como encarnado.

    O Espiritismo veio abrir os olhos dos que caminham, influenciando-os de maneira a suportarem com pacincia todos os entraves da carne, por saberem que se encontram na escala com amplas possibilidades de libertao, conhecendo as verdades espirituais. As mais difceis nos entregam, com profundidade, lies valiosas. J as muito fceis, so motivos de variados escndalos.

    Quando a alma se encontra na carne, somente v nas provas idias negativas e, por vezes, sentem-se como grandes devedores, mas essa no a realidade; so processos de despertamento espiritual necessrios ao progresso de todos que assumiram compromissos, no mundo da verdade, para ganharem mais depressa a tranqilidade de conscincia.

    Quantos escolheram, quando no mundo dos Espritos, a lepra e, s vezes, junto com ela a pobreza e outros infortnios parecidos, e derramaram lgrimas e mais lgrimas sentindo-se s no mundo pelo abandono dos seus queridos familiares, surgindo at a revolta!? Entretanto, ao retornarem ptria espiritual, deram graas a Deus pelas chagas que lhes ajudaram a se libertar das paixes e de outros entraves moral evanglica em seus coraes!

    Sabemos que no fcil suportar com coragem determinadas provas; para tanto, temos as nossas experincias, e elas nos recomendam que procuremos como exemplos os grandes personagens que estiveram no mundo fsico para dar testemunhos, como que a ajudarem os homens a terem f na vitria do Esprito. As provas fceis so para as almas fracas, pois o fardo pesa de acordo com as foras. Necessrio se faz que tenhamos bom nimo, em todos os aspectos da vida, que mos espirituais de mais alta elevao se encontram assistindo a humanidade, por ordem de Deus. O Cristo no se esquece de ningum.

    Quanto mais sofrermos com coragem e f, mais perto nos encontraremos das bem-aventuranas. A luz para todos os que desejam conquist-la. As portas largas so para os que ignoram as verdades eternas, e as estreitas para os sbios de entendimentos. Quanto mais se desprende da matria, mais alegria se deve ter, ombreando o fardo da carne.

    Os caminhos que devem despertar as qualidades espirituais mais elevadas so os do amor e da caridade, onde o Cristo se encontra mais visvel. A que devemos permanecer, lutando com Ele. Para certos Espritos, logo que se desligam da matria, cessa toda a sua iluso, no

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    que se refere s paixes mundanas e eles entregam as suas mos para se movimentarem com as mos de Jesus.

    Concitamos a todos os nossos companheiros que se encontram ligados Terra que no esmoream nas provas pois nada so, diante da felicidade que gozaro na eternidade, quando se tornarem livres pelo conhecimento da verdade.

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    12 - ESCOLHA ANTECIPADA 0267/LE

    As leis espirituais so elsticas, para atender a todos, no nvel de cada escala do progresso espiritual. O Esprito pode escolher as suas provas mesmo antes de desencarnar, em se pensando em futura reencarnao. Ele formula idias que podem ser aproveitadas, no que se refere s suas necessidades espirituais, mas, ele pode, igualmente, mudar de idia ao chegar ao mundo dos Espritos.

    A bondade de Deus to grande, que Ele atende a todos com variadas possibilidades para o conhecimento da verdade. As escolhas antecipadas geralmente sofrem retificaes para melhor aprimoramento da alma em questo. Comunga Deus o Seu pensamento de luz com as idias dos homens, para melhor atender aos seus filhos na grande extenso da harmonia divina, nos coraes das criaturas.

    Quando o Esprito deseja escolher as riquezas, os poderes, e isso lhe concedido, e ele as usa somente para sua satisfao interior e individual, notar-se- a sua inferioridade, e quando as usa para o benefcio da coletividade, esse pode se chamar de benfeitor da humanidade. Por isso importante que aqueles que muito possuem usem o ouro para o bem-estar de todos, com empregos decentes, em aprimoramentos corretos, socorrendo os doentes na invalidez, as crianas, e ajudando ao prprio governo nas linhas da sinceridade. O ouro brilha no corao quando dirigido por ele, sob a influncia do Cristo de Deus.

    Falamos sempre em escolhas individuais ou imposies das provas. No entanto, todas so escolhas das almas, umas conscientes e outras inconscientes. As conscientes escolhem medindo suas necessidades, e as inconscientes, pelo estado em que se encontram. O Evangelho nos fala que ser dado a cada um, segundo seu merecimento.

    Pode-se, mesmo na Terra, fazer-se leve o fardo e suave o jugo, e para tanto, a Doutrina dos Espritos ensina que basta ler com ateno os avisos da espiritualidade maior e esforar na vivncia, que o amor, conjugado com o perdo, oferecer o ambiente e a amplitude dos conhecimentos indispensveis para que se possa sentir o celeiro crescer na tranqilidade da conscincia que com nada se perturba.

    Nas lides do mundo, necessrio escolher igualmente todas as linhas onde vibra a fraternidade, procurando normas de proceder que se avizinham, pelo menos, dos costumes ensinados por Jesus, extraindo todo o mal que perturba o corao e que faz turvar a conscincia em Cristo. Deus em nada erra; tudo que se encontra feito pelo Seu querer. Se algo no existe, porque Ele no o quer.

    No entanto, nem tudo para o nosso corao. Escolhamos o que devemos na faixa em que vibramos e vivemos, que a paz do Criador comear a dar sinal no nosso mundo interno. Faamos uma aliana com ns mesmos, de trabalhar no nosso aprimoramento moral, que a moralidade surgir em nossos sentimentos. No firamos a ningum, nem oprimamos o nosso

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    prximo, porque enquanto gastarmos o nosso tempo em ver os defeitos alheios, os nossos ficaro escondidos.

    Escolhamos os caminhos com Jesus, pois Ele j nos escolheu como discpulos.

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    13 - AS PROVAS TM UM FIM? 0268/LE

    O Esprito, em certas faixas evolutivas, passa por provas, por vezes duras, com o objetivo de despertar ou aprimorar suas qualidades espirituais, depositadas, em sua conscincia, pelo Criador.

    O progresso da alma tem um preo: a passagem pela porta estreita.

    Em princpio, o homem abusa dos poderes que lhe foram concedidos, do ouro que lhe foi entregue por emprstimo do Pai; da sade que a vida lhe ofertou, e a inferncia disso so os sofrimentos de toda ordem, que vm lhe ensinar o roteiro mais proveitoso a trilhar.

    Quando a lio aprendida, cessa a necessidade da presena da dor, mestra incomparvel, que deixa o homem entregue a si mesmo, consciente dos seus deveres. As provas, portanto, tm um fim, e quando o Esprito j no necessita de passar por situaes penosas, outros vm a ser os seus deveres, quando ele empregar os valores conquistados, com alegria, no seu adiantamento e no progresso dos que se acham na retaguarda, assim como ele mesmo recebe do Alto a assistncia nos seus caminhos de redeno.

    Tudo na vida progride. A prpria dor, que no mundo material quase considerada como um fantasma apavorante, continua volatizada entre os Espritos elevados, em outra faixa, tambm evoluda e que d prazer, como deveres ante a Paternidade Universal.

    As virtudes do Esprito tm cada uma sua expresso prpria e com sua ascenso elas ganham pureza cada vez mais sublimada, de modo a iluminarem o Esprito em qualquer estgio em que ele se encontre.

    Os motivos que fazem a criana chorar no so os mesmos que inquietam o adulto.

    A viso de Jesus em relao sociedade humana era uma, e a da humanidade em si era outra bem diferente. Foi por isso que Ele, em muitos casos, falou por parbolas, deixando de dizer muitas coisas que os homens no estavam preparados para ouvir.

    As provas, se assim podemos cham-las, para os benfeitores da humanidade, consistem em lev-los a auxiliar no progresso, com pacincia, com amor e com energia, e sentem eles muita satisfao nessas lutas.

    Cada vez que o Esprito muda de plano, alcanando mais um degrau na escala espiritual, ele sente a necessidade de deveres diferentes, reclamando a sua falta, pois sempre tem que lutar para se elevar.

    Os Espritos Superiores sentem alegria em amanhar o bem onde quer que sejam chamados a servir e esto atentos vontade de Deus, sob as vistas do Divino Mestre.

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    As provas dolorosas so breves, as lutas no. O esforo prprio para evoluir cada vez mais , pois, eterno. Quando se encerra um ciclo evolutivo, inicia-se outro, em dimenso diferente. Essa a vida, dentro da vida de Deus.

    Os Espritos que esto na Terra, se movendo em um corpo de carne, podem avaliar suas atividades e notar a que grau pertencem na ascenso para a libertao.

    Conscientes do que precisamos, devemos trabalhar para nos melhorarmos moralmente. Esse o dever de todos ns, nos dois planos da vida.

    Vale a pena trabalhar pelo bem, na lavoura ntima, e essa se reflete em tudo o que fazemos, tornando-nos conhecidos pelas nossas obras.

    No fim das provas brotar em nossa conscincia a tranqilidade imperturbvel.

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    14 - ENGANO NA ESCOLHA 0269/LE

    O Esprito pode perfeitamente se enganar na escolha da prova que queira experimentar na Terra. A sua percepo, no atingindo a realidade, leva-o a pensar que est sendo inteligente escolhendo provas de ociosidade, tendo, como no dizer popular, s "sombra e gua fresca". Quando volta ao mundo espiritual ele se arrepende, e deseja retornar com volume maior de obrigaes e com provas duras, para compensar o tempo perdido, na iluso que lhe enganava.

    Ele pode, tambm, pedir provas alm das suas foras e sucumbir no meio do caminho. Os extremos so perigosos, mesmo quando objetivamos o bem; tudo depende das foras da alma que j despertou, e os benfeitores espirituais deixam, em nome do Criador, que certas situaes ocorram, quando isso serve de lies mais profundas ao Esprito, de maneira a se conscientizar da verdade. At o prprio engano lio, porque as conseqncias favorecero ao Esprito a oportunidade de procurar os caminhos mais acertados.

    Ningum engana a Deus. As Suas leis so agentes de luz na disciplina das criaturas; compete a cada uma analisar e decidir-se a fazer a vontade do Senhor que vibra em tudo.

    A Doutrina dos Espritos, como bno de Deus, ajuda os homens no labor de compreender, mesmo na Terra, certas leis que vigoram e os faz entender o que devem seguir, encontrando na caridade o mesmo amor que salva e que instrui, que aprimora e que eleva, que clareia a vida e que d vida. no sentido do bem para todos que pedimos aos nossos companheiros que no percam tempo.

    Escutemos as conversaes dos homens honrados, estejam eles onde estiverem. Quantos desses no esto no mundo com a misso de levantar o padro moral das criaturas!? Registra-se esse fato em todo o mundo. Copiemos a vida dos grandes seres, que eles so rastros de luz a deixar herana para os que tm boa vontade no aprendizado.

    Procuremos analisar as verdades que j nos foram apresentadas, que encontraremos caminhos iluminados por onde seguir, na marcha para Deus.

    Os enganos so inmeros na Terra, sendo sinal de volta dolorosa mesma, com servio dobrado e deveres multiplicados pela soma da ignorncia. Comecemos agora a trabalhar o nosso interior. A cada passo que dermos, conscientes do nosso dever de esforar para subir, as mos de Deus auxiliar-nos-o, com mais vigor, por termos aproximado delas, pela deciso de trabalhar em nosso bem e no bem comum.

    No nos esqueamos da orao, que ela nos colocar em condies de fugir do engano, a dispensar-nos meios de compreender o valor do nosso prprio trabalho em nosso favor.

    Analisemos o provrbio: Ajuda-te a ti mesmo, que o cu te ajudar. Essa uma grande verdade, que no deveria ser somente dita, mas vivida. Quem cultiva seu campo ntimo, caminhando lado a lado com Jesus, espalha sementes de luz no prprio caminho, e ser

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    clareado por ele, e nunca se enganar nas escolhas que pode fazer para a sua glria, rumo glria de Deus.

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    15 - VOCAO 0270/LE

    Parece-nos simples essa pergunta, no entanto, ela foi feita para enriquecer mais os conhecimentos espirituais das criaturas. O Codificador era inspirado pelos benfeitores espirituais na formulao das perguntas, de maneira a mostrar a verdade aos que desejarem despertar seus dons que se encontram em estado latente.

    A vocao de certas pessoas para tal ou qual profisso est ligada escolha que fez quando Esprito livre da matria. Parece, para os ignorantes, que a criatura escolheu, naquele momento, o que deveria seguir, mas a escolha j se encontrava feita nos guardados da conscincia.

    A vida organizada porque Deus harmonia, e harmonia na sua profundidade Amor. O passado reflete no presente, assim como esse nos fala do futuro. Se desejamos um futuro de paz e de luz, no escondamos as mos; acionemo-las, no trabalho honesto e na dignidade crist, lembrando-nos sempre de dar com uma mo sem que a outra veja. Cada criatura de Deus um mundo com extenses imensurveis. Existem campos e mais campos de trabalho, e a lavoura frtil em todos os seus aspectos. Estamos com o celeiro cheio de sementes depositadas pelos nossos atos. Examinemos que tipo delas guardamos no corao, se as devemos lanar ao solo, pois sabemos que colhemos o que semeamos.

    Se deve o encarnado fazer algumas reformas morais, que as faa logo, enquanto se encontra nas lides do mundo, aproveitando a oportunidade de se render evidncia. Se escolheu com alegria por que deve optar como profisso, no deve se esquecer que a vida um solo santo que recebe o que nele se deposita, devolvendo mais tarde os frutos correspondentes para o seu caminho.

    No devemos chorar de revolta pelas dificuldades que atravessamos na carne ou em Esprito. Elas so as conseqncias do que fizemos das oportunidades. Se escolhemos a medicina na linha de reajustes no mundo, vejamos o que dela fazemos. Lembremo-nos primeiro da honestidade na profisso. O ouro empana a viso daqueles em que a usura filha da sua ganncia. Se seguimos o caminho do Direito, observemos a conduta ante o desespero alheio. Se fecharmos os olhos ao nosso mandato, podemos complicar a nossa vida quando voltarmos para a ptria verdadeira.

    A vocao um ministrio, e cada profisso deve ser um sacerdcio em Cristo, ajudando a despertar os valores morais em cada corao. Devemos ganhar para viver, e no vivermos para ajuntar o ouro, sem que esse ouro circule em favor do prximo. A profisso tanto pode elevar como destruir as nossas possibilidades.

    Se j somos conscientes da verdade, podemos ajudar aos que nos cercam, mostrando a cada um, pela palavra e pelo exemplo, o que devemos fazer das profisses, para que o mundo de amanh se torne um paraso de Deus, e benefcio dos homens, mas, para tanto, a conquista

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    o molde de luz para a paz de conscincia. No joguemos fora o que Deus depositou em nosso caminho, como trabalho. Aprimoremos cada vez mais tudo que fazemos, sem nos esquecermos de convidar Jesus para nos inspirar no que fazer das oportunidades que nos foram entregues por misericrdia.

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    16 - ENTRE OS CANIBAIS 0271/LE

    Entre os canibais no nascem Espritos elevados, cuja superioridade ultrapassa o entendimento daquele grupo.

    Para que um Esprito puro reencarnaria junto a Espritos primitivos? Os Espritos missionrios s renascem em um meio onde as lies de que eles so portadores possam ser de proveito. Sobre isso, Jesus j falava aos Seus discpulos: No deis prolas aos porcos, nem lanceis coisas santas aos ces.

    justo que no meio dos canibais nasa Esprito que tenha mais um pouco de entendimento que eles, para gui-los, como igualmente reencarnam almas ainda mais inferiores, para aprenderem o que esses j granjearam na vida. Disso temos provas na prpria sociedade da qual fazemos parte, onde h Espritos de todos os naipes, uns elevados, outros medianos e outros de condies inferiores.

    A vida um processo de despertamento espiritual constante. Ainda existem tribos mais inferiores que os prprios canibais em mundos primitivos, mas que, algum dia, sero Espritos puros. O tempo se encarregar disso com sabedoria, porque as leis so justas e o amor de Deus cobre toda a criao.

    Se no houvesse o inferior, qual seria o trabalho do superior? Na criao de Deus, todos os planos de vida se fundem para engrandecer. Por que julgar a quem erra, se uma oportunidade para o justo trabalhar? O santo j foi primitivo e o sbio passou pelos mesmos caminhos. Eles so conscientes dessas verdades, e por esse motivo que eles ajudam com amor aos que se encontram na retaguarda.

    Por que as prprias leis das naes protegem os animais? Por serem eles teis sociedade. Ainda mais, eles nos mostram de onde viemos, e que, certamente, encontramos quem nos ajudou a chegar onde estamos. Fazer o mesmo dever de cada criatura. Se Deus se encontra em toda parte, est entre os canibais. As sociedades inferiores da Terra, nas condies em que elas se encontram, iro desaparecendo com a ajuda do tempo. Estamos passando por um transe algo doloroso para todas as posies que se ocupa; o ciclo evolutivo do planeta que est encerrando, e em todos os fechamentos de ciclo os problemas se avolumam. Guerras e rumores de guerras, pestes, terremotos e aflies sem conta, mas, tudo passageiro. a tempestade anunciando a bonana. Jesus veio nos trazer o conhecimento da verdade, e para isso entregou a prpria vida, para que tenhamos condies de suportar com coragem o que haver de acontecer. O chamado est feito em toda parte e para todas as criaturas. O desejo dos cus que todos sejam escolhidos. Muitos vo herdar a Terra, que passar a ser um mundo de regenerao, onde ningum mais errar; todos estaro apenas consertando o que foi feito com desacerto. E os

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    canibais, os Espritos endurecidos, sero levados para outros mundos, compatveis com o seu adiantamento. Essa a lei, essa a justia de Deus.

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    17 - PARECE IMPOSSVEL 0272/LE

    Em qualquer comunidade, encontramos indivduos de diversas origens. Na Terra, tambm, h Espritos que no so seus habitantes desde o incio.

    Eles vm de muitos mundos, inferiores e superiores, uns aprendendo, outros ensinando. Desse modo, fortalecem-se os laos da fraternidade, que daro nascimento ao amor, por serem todos filhos de Deus.

    H Espritos oriundos de mundos atrasados que tm permisso para renascer neste planeta; no se adaptando a ele, voltam sua ptria de origem, algo melhor do que quando vieram. Tudo tem uma finalidade. Os benfeitores espirituais o permitem, em nome de Deus, quando vem nisso meios para educar.

    Assim tambm, em se referindo s tribos mais primitivas, em raros casos, um dos seus elementos tem misso de reencarnar no meio da civilizao, mas, se isso acontece, logo percebido pela sua ferocidade dentre os mansos e humildes de corao.

    Somente no se d o contrrio, de Espritos puros renascerem nas tribos dos canibais, por no haver nisso nenhum objetivo. No entanto, esses Espritos puros visitam, em Esprito, essas tribos, lhes ofertando vibraes diretas para futuro amadurecimento espiritual.

    Nada esquecido por Deus. Sendo o Pai de todos ns, assiste a toda a Sua criao com a maior solicitude: do batrquio aos animais domsticos, dos peixes s aves, dos rudimentos da matria at florao da natureza, com as suas nuances de vida.

    Os Espritos Superiores trabalham, constantemente, nas grandes expanses dos umbrais, com todo o carinho que podem oferecer aos nossos irmos, ali estagiando pela sua prpria inferioridade. No entanto, eles no podem galgar os planos de luz por no suportarem as vibraes ali irradiadas, nem os costumes altamente vividos nas estncias de paz. Uns no ascendem por inferioridade, outros descem por amor s criaturas que sofrem. Parece, para muitos, impossvel, mas acontece todos os dias.

    H Espritos que pedem provas que no suportam. A uns negado, a outros permitido, como lies que os Espritos encarregados dessa funo acham convenientes. sempre bom registrarmos que os extremos so perigosos para Espritos sem preparo para tal mister. Uma vida metdica bem mais segura do que avanar demais e voltar do meio do caminho.

    Aprendamos, pois, a melhorar todos os dias com parcimnia, mesmo o bem deve ser praticado com segurana para no perder o carter de amor. Todo trabalho carece preparo, e esse pede tempo no aperfeioamento das qualidades. No devemos querer subir sem descer, de vez em quando, para dar as mos aos que se encontram atrs.

    Essa uma lei divina. Se Deus est em toda parte, por que ns outros no podemos estar presentes em alguns dos lugares, mesmo os que no nos convm por orgulho? Algum no

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    desce dos Planos superiores para nos ajudar sempre? Essa a misericrdia, transformando-se em caridade para mostrar que ningum se encontra abandonado da Providncia Superior.

    Descer por amor, subir por evoluo... este deve ser o nosso ideal!

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    18 - REGRESSO NA FORMA 0273/LE

    Um Esprito de mediana evoluo pode renascer em uma tribo de selvagens, mas, tomando o lugar de destaque naquele ambiente, no sentido de levar os Espritos ali reencarnados a melhores dias e a uma vivncia mais agradvel. Ele regride na forma, mas no no Esprito; o que aprendeu ele carrega consigo vibrando na alma.

    Esse um tipo de prova que se v constantemente em todo o mundo; lei de justia divina. Assim, alguns impiedosos senhores de engenhos renasceram como escravos, para suportarem na prpria carne o que fizeram os outros sofrer sob o seu comando. Pelas ruas encontramos muitas vezes mendigos dormindo nas caladas, enfrentando frio e chuva, fome e nudez, e, ainda mais, o desprezo da sociedade, porque abusaram dos poderes no passado e desmantelaram a mesma sociedade com os seus instintos inferiores. Hoje, aparecem no cenrio do mundo desprovidos de recursos, abandonados pela prpria famlia, que no souberam respeitar. A caridade de Deus , entretanto, infinita e a misericrdia de Jesus entra em qualquer lugar, abenoando e servindo, e mesmo esses irmos, que se tornaram, em muitos casos, piores que os animais, sero assistidos com roupa e alimento, tendo, de vez em quando, um lugar para descansar o seu fardo.

    Muitos desses Espritos, que j se encontram saldando os dbitos, saem logo das provaes; outros, mesmo sendo convidados para melhores lugares, recusam, porque sentem a necessidade de sofrer pelo que fizeram os outros padecer com o seu orgulho e o seu egosmo.

    Tudo est certo no mundo. A caridade e o amor nos chamam, no para desfazer o que a lei cobra, mas, para aliviar o fardo dos que sofrem. Esse ato de luz prova a existncia do Criador.

    Podemos dizer, voltando ao assunto, que em meio aos selvagens pode haver missionrios, em se comparando ao estado evolutivo deles. Espritos menores, mas que se tornam bons, e ajudam os mais primitivos a despertarem para o bem e para a justia, ainda que por processos rudimentares. Mas bom que se entenda que, nesse meio mencionado, nunca reencarnam Espritos Superiores, Espritos puros, pois a sua misso, quando chegam a descer na carne, no meio dos que lhes podem assimilar a lio, como na poca da vinda de Jesus Terra.

    importante que o homem entenda que, se est sendo chamado para algum lugar de destaque na sua sociedade, preciso fazer uso dos seus poderes temporais, fazendo justia com amor, tendo cuidado com os caminhos pessoais. Deve refreiar os instintos, porque as paixes inferiores podem lev-lo ao caos e faz-lo nascer de novo na regresso da forma e em lugares difceis, pelo mau uso das faculdades que Deus concedeu.

    No percamos tempo, porque o tempo passa. Lembremo-nos sempre do Cristo e peamos a Ele inspirao para a nossa vida, para no precisarmos voltar, pelo impositivo da lei, carne em piores condies na forma e no ambiente. A dor sempre cobra de quem fez mal uso da sade e dos poderes. No devemos regredir em nada, para a nossa alegria.

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    19 - RELAES ENTRE ESPRITOS 0274/LE

    Como h diferentes ordens de Espritos, essa escala obedecida, considerando-se a autoridade moral dos Espritos Superiores sobre aqueles que se encontram na retaguarda.

    O Esprito que responde pergunta localizada neste captulo fala que essa autoridade dos Espritos Superiores sobre os inferiores irresistvel. Somente isso basta para compreendermos as leis espirituais que comandam uma vida de exemplos enobrecidos.

    O grau de superioridade de uma entidade espiritual faz com que ela irradie, em todas as direes, uma fora que sai da sua prpria vida, a refletir nas vidas que a cercam. Negar esse comando iludir a si mesmo. qual a gravidade da Terra, que exerce sua ao sobre as coisas materiais. Ningum pode contrariar as leis de Deus.

    A escala dos Espritos infinita, e uns exercem comando sobre os outros, at chegar ao Todo Maior - comando central de toda a criao. Convidamos a todos para estudarmos juntos as leis do Senhor, computando experincias e guardando valores para a devida conscientizao. Ns temos de chegar na condio do todo menor, que o Esprito, porm conscientemente e por esforo prprio.

    Se a sabedoria um atributo do Pai Celestial, somos herdeiros do Senhor e temos o direito de saber aquilo que nos convm, pelas bnos do Todo Poderoso. Lembremo-nos de que Jesus o nosso Mestre, que est sempre a nos instruir, por intermdio das anotaes dos Seus discpulos.

    O Esprito inferior respeita sempre o superior, mesmo em se tratando de almas encarnadas. Temos os muitos exemplos do que falamos; onde Jesus chegava, alguns dos seus contraditores, mesmo no concordando com as suas palavras, respeitavam-nas, e no ntimo ficavam fascinados por Ele. Era a autoridade moral do Mestre. Assim aconteceu com Buda, Francisco de Assis e tantos outros Espritos Superiores enviados por Jesus Terra.

    O inferior usa de violncia, por lhe faltar a fora moral. O futuro ir nos mostrar essa verdade, pelos homens que governam as naes. Eles vo ser escolhidos pela fora moral, e no porque falam bonito e usam a inteligncia e as armas para pressionarem os mais fracos. O povo tem o governo que merece; se as coletividades "pedem", pela vida que levam, para ser dirigidas pela violncia, a lei de justia e afinidade lhes d o que merecem. As sementes germinam pelos mesmos processos que foram geradas.

    Os inferiores no tm poderes para se subtrarem fora moral, porque ela vem de Deus, e , como responde o benfeitor espiritual ao Codificador, irresistvel. Aos leitores desta obra, convidamos para se dirigirem aos que os cercam com essa fora irresistvel da moral, que os primeiros cristos tinham com abundncia, por beberem em fonte inesgotvel: o Cristo.

    Verificando-se os fatos na Terra, pode-se observar que todos aqueles que queiram e tentam subornar as leis pagam caro. Os contraventores so respondidos sempre com duras provas, no

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    entanto, o Cristo est crescendo por dentro e por fora dos coraes, ganhando terreno e ampliando seu comando, de forma que o amor domine como lei em todas as naes e em todos os povos, da resultando na felicidade de todas as criaturas: as casas de deteno desaparecero da face da Terra, os remdios para todos os males sero os alimentos, e os prprios hospitais transformar-se-o em escolas, para conscientizao de todas as almas em aprendizado. Eis a o paraso de que se tem notcia h muito tempo, e que a esperana nos mostra que no est longe, desde que olhemos para o futuro com os olhos de Jesus Cristo.

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    20 - O PODER E O ESPRITO 0275/LE

    O poder que um encarnado exerce na Terra no garantia de que, no mundo espiritual, quando de sua volta, ele conservar a sua condio de mando. A notoriedade entre os encarnados pode ser ilusria, dependendo do modo pelo qual ele comanda seus irmos. Em muitos casos, os mandatrios no mundo das formas podem ser muito inferiores aos que lhes obedecem, quando no mundo dos Espritos.

    Os Espritos nos do exemplos disso, nos prprios livros psicografados. Quantas vezes encontramos servos que, depois do tmulo, passam a assistir, por caridade, aos que foram seus senhores? Tambm pode ocorrer que senhores na Terra continuem senhores no espao, visto que o comando moral, e depois do tmulo permanecem dirigindo os que eram seus comandados, por amor causa do bem. Isso tudo depende da elevao moral das criaturas.

    Os pequenos sero elevados e os grandes rebaixados, quando os pequenos assimilam e vivem a mensagem endereada a eles pelo Cristo. Os grandes lderes tm mais facilidade de errar, devido s suas posies, no entanto, atendendo e escutando a voz do Senhor, podero se elevar muito, pelas muitas oportunidades de servir que guardam em suas mos.

    O Esprito elevado qual o diamante: mesmo na lama, no perde seu brilho; a mesma pedra preciosa. O anjo irradia amor, mesmo em trabalho nos umbrais. Jesus Cristo desceu ao mundo para acender luzes nos coraes e deixou milhares de Seus seguidores, no sentido de conservar acesas essas claridades nos coraes. Doutrina dos Espritos, igualmente, foi dada essa misso de reavivar os valores do Evangelho em todas as naes e em todas as criaturas, para que a Terra se torne um paraso, onde os Espritos possam colher o seu plantio de paz e de luz.

    Jesus convida a todos os homens, de todas as classes, para reverem os seus feitos e, se for preciso, retificarem suas condutas na conduta d'Ele: se comandados, procurarem cumprir seus deveres na pauta das leis; se senhores, no se esquecerem das suas obrigaes morais e no carem nos momentos de fraqueza, inspirados pelo orgulho e pelo egosmo.

    Todos somos filhos de Deus, com os mesmos direitos e deveres, de acordo com o meio onde fomos chamados a servir. Se o homem est investido do poder e da riqueza do mundo, em prova passageira, para que guardar avaramente o seu ouro? E se amanh o Senhor chamar a sua alma? O poder do dinheiro deve circular, como as guas e o vento, em favor de todos.

    Se o homem veio Terra para ser comandado, em posio difcil como servial, no deve se revoltar contra os que dirigirem; preciso que se arme de humildade para vencer a prova. Para que ajuntar nos celeiros da conscincia, o dio, a inveja, a violncia, a maldade, se amanh o Senhor poder chamar a sua alma? Levar ele para o alm-tmulo tudo o que ajuntou nesse sentido. O rico deixa no mundo a riqueza e o poder, mas carregar esses fardos de inferioridades por onde for. E eles pesam na conscincia fazendo o corao se cansar na arritmia da ignorncia.

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    A supremacia que se tem no mundo dos Espritos aquela enraizada no amor universal, de modo que a caridade ilumine as conscincias. Os pequenos podem ser elevados no mundo dos Espritos e os grandes rebaixados, mas lembremo-nos: pode acontecer o contrrio. Depende do modo pelo qual o corao oriente a vida.

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    21 - OS GRANDES NA TERRA 0276/LE

    Os grandes na Terra, que foram orgulhosos e invejosos, quando volvem ptria espiritual, experimentam muita humilhao, mas da parte da sua conscincia.

    Verificam em Esprito que no vale a pena a ostentao, e que o melhor comportamento o que foi vivido por Jesus e anunciado pelos Seus seguidores mais prximos ao Seu corao.

    O Esprito, quando encarnado no plano fsico, que ainda ostenta egosmo, vaidade em demasia, e violncia, que esquece a transitoriedade do seu mandato, que usa seus poderes temporais para perseguir e fomentar distrbios na sociedade, somente visando ao seu bem-estar pessoal, logo que passa para o mundo da verdade, entra em depresso moral, e passa a sofrer as conseqncias dos seus atos. Eis o martrio maior: muitos desses Espritos ficam ansiosos para voltarem carne e repararem seus deslizes.

    Ser grande no mundo muito perigoso para quem no entende a oportunidade de servir, de reajustar seus prprios desequilbrios do Passado. Ser pequeno, e tambm orgulhoso, bem pior, por no haver motivo para o orgulho.

    Para mostrar aos homens a necessidade de se posicionar com realismo na vida foi que surgiu h quase dois mil anos atrs o Evangelho ao vivo, uma estrela de primeira grandeza na Palestina, em forma de homem, anunciando a Boa Nova para os que tinham olhos para ver e ouvidos para ouvir. A sua voz mesclada de vibrao humana e divina plasmou-se na estrutura sensvel da prpria matria, a servir de testemunha para a humanidade do futuro. o convite permanente para as criaturas entrarem na escola do aperfeioamento. E as ovelhas sempre esperam a voz do seu pastor.

    De que serve ser grande, se a grandeza no usada para a paz entre os homens? Que os grandes da Terra procurem conhecer quem foi o maior de todos, e copiando a Sua vida de luz, podero com ela iluminar-se, clareando os caminhos dos outros e os ajudando a despertarem suas prprias foras.

    O Esprito no ilude ningum no plano da realidade; o que ele , ele expressa para os benfeitores espirituais que o dirigem e sustentam nas lutas da Terra e mesmo do cu.

    Consideramos a oportunidade de mando na Terra como uma bno para quem sabe aproveitar essa posio, perigosa para os que a usam em proveito prprio, o qual semeia espinhos em seu prprio destino. Os lderes polticos devem observar muitas dessas advertncias. O meio onde lidam tentador e o clima para a corrupo mais fcil do que para a honestidade. O interesse pelo ouro fica em destaque e a renncia dentre esses homens que tanto respeitamos, exige muita fora moral.

    Esse , pois, o desastre moral de difcil reparo. Muitos dos que conhecemos voltaram vrias vezes com esses poderes temporais, com as mesmas facilidades. O dinheiro pblico queima mais nas mos, como denrios de Judas com os quais foi comprado o campo santo.

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    Imaginemos o vexame do Esprito que possui poderes no mundo e posio de mando quando, ao passar para o mundo espiritual, venha a reunir-se, por sintonia, por vezes, aos seus perseguidos, que se encontram nas mesmas faixas. Ele sofrer a humilhao, o desdm e tantas outras coisas que no merecem ser repetidas, por tempo indeterminado.

    Se ests na carne, nessa posio que Deus te concedeu por instantes, v tuas obrigaes com a coletividade. Se no fosse esse povo, no terias esse lugar para assentar-te e a posio que desfrutas. Que Jesus te abenoe, para que abras os olhos antes que seja tarde.

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    22 - O SOLDADO E O GENERAL 0277/LE

    O general de qualidades morais inatacveis, ao encontrar com seus soldados no mundo espiritual, pode continuar a orient-los, para a verdadeira guerra, que se trava no campo de batalha interno. Como no caso de Napoleo Bonaparte, Esprito de alta esfera, que no mundo espiritual continua a comandar os que queiram seguir seus conselhos na guerra consigo mesmo. Os inimigos combatidos por ele no plano que habita so os inimigos internos, muito piores que aqueles que pensamos ter nas lutas que travamos na Terra.

    Por outro lado, o general de instintos inferiores, que tem prazer em massacrar os prisioneiros, que se compraz em matar seus irmos em lutas, que usurpa os bens dos derrotados, que no olha as conseqncias das guerras, sem procurar amenizar os distrbios entre as famlias dos falecidos nas batalhas, esse, em muitas ocasies, ao passar para o mundo dos Espritos, pode estar bem abaixo dos seus comandados e precisar deles para o guiarem, devido a sua cegueira no plano espiritual. , pois, rebaixado a soldado, ainda mais, de pssima categoria, porque o seu orgulho o impede de receber melhores socorros.

    O ttulo nada vale quando no bem compreendido; o que vigora a fora moral, emblema divino que brilha como o sol no centro d'alma. As posies so efmeras, somente para marcar um ponto na disciplina do que obedece, e servem para ele de educao, correspondendo obedincia. Quem obedece ganha muito, se sabe obedecer.

    H muitos meios de se comandar sem desprezar o valor humano, e as foras armadas tm muitos exemplos de grandes comandantes que conheciam o momento da energia e a hora da ponderao, e mesmo da amizade. O mundo est mudando, mesmo sem que certos homens percebam. A natureza paciente, mas, no pra, e est sempre aperfeioando os mtodos de educao juntamente com o saber. Quando os homens notarem esse milagre do progresso moral, podem ajudar na sua acelerao, de modo que os beneficiados sero eles mesmos em todas as faixas de vida. Todos somos soldados de Deus; general, somente Cristo o , e Ele busca constantemente em Deus todo o Seu saber e fora para nos comandar.

    O orgulho de vestir uma roupa diferente e ter estagiado em escolas melhores no nos leva a nada, quando o corao esquece a caridade e o amor. Todos somos iguais aos olhos do nosso Pai.

    Os diferentes planos nos quais nos posicionamos, no nos conferem vaidade nem prepotncia e, sim, mais amor; aquele que mais amar, mostrar que superior aos que desconhecem a verdade.

    Devemos ser generais de ns mesmos, lutando contra as nossas inferioridades, porque quando deixamos as batalhas exteriores, comeamos as de dentro, que so bem mais difceis de serem vencidas. As armas que usamos conosco mesmos devem ser a disciplina dos nossos

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    impulsos, a correo das nossas faltas e, para com os outros, usemos o amor e a benevolncia, a caridade e o perdo. Quando todos conhecerem essa ttica sideral de iluminao, o mundo e a humanidade se confundiro nas claridades de Deus, que usa sempre o Cristo para nos dizer:

    Levantai e andai!

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    23 - ENTREMEIO ESPIRITUAL 0278/LE

    As leis de Deus so justas em toda a criao, sempre atramos de acordo com o que somos; a sintonia nos faz reunir com os nossos iguais, no entanto, a misericrdia e o amor do Todo Compassivo permite que os superiores venham sempre no meio dos inferiores, deixando ali a esperana.

    A Terra uma estncia de luzes para uns, para outros uma casa de regenerao, e para tantos um presdio. Nela se misturam bons e maus, perversos e estropiados, mas, mesmo assim, cada qual vive a sua vida ntima, sem que o outro se imiscua na sua tranqilidade ou infortnio.

    Os Espritos de diferentes ordens se misturam uns com os outros, quando necessrio. Eles cumprem a vontade de Deus, porm, tm a sua vida interna, que no se mistura. O inferior no pode subir aos planos elevados, entretanto, os elevados podem descer aos planos inferiores para ajudar, enriquecendo ainda mais suas experincias. Os Espritos puros vivem em comunidade de pureza, em planos que escapam aos sentidos humanos, mas, eles descem de vez em quando para trabalhar no desenvolvimento da moral no seio da inferioridade e, por vezes, at reencarnam na Terra, como lies vivas de Jesus, dando e mostrando os caminhos para a Luz, pelo exemplo de moralidade e de sabedoria.

    As famlias se renem por simpatia, os grupos familiares se congregam por fora de atrao, onde surge a necessidade igualmente de fortalecer o amor de uns para com os outros; todavia, no podemos generalizar a idia, porque h casos em que, no seio de famlias irreverentes, podem nascer Espritos de alta envergadura espiritual, dispostos a ajudarem aquela comunidade familiar, por amor causa de servir.

    nesse sentido que a evoluo, ou despertamento, como se queira dizer, individual; quem quiser caminhar mais depressa na escala de ascenso pode e deve faz-lo, sem que os outros que convivem com ele possam atrapalhar. Eles somente podero herdar os exemplos, ficando os esforos para os que desejam despertar para a luz imortal da verdade. Aquele que trabalha internamente, sempre evidencia o que faz pela vida que leva. No h nada que fica escondido, que no venha a ser descoberto. Essa uma lei; tanto o mal como o bem escurece ou clareia os caminhos de quem vive, dependendo da escolha da criatura.

    Mesmo nos mundos superiores os Espritos ali estagiados no so da mesma categoria. A diversidade de elevao muito grande. Uns ensinam, outros aprendem, s que, em mundos superiores, os considerados inferiores so Espritos conscientes dos seus deveres, que j esqueceram o mal e se encontram no aprendizado da sabedoria espiritual, onde h mestres e discpulos.

    Os Espritos Superiores sentem prazer em fazer o bem, pois, essa sua condio de alma consciente do que deve fazer. Acima de tudo, o bem comum, por natureza, harmonioso,

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    enquanto as contradies j carregam consigo os distrbios da prpria condio de desarmonia.

    Jesus no Se esqueceu de dizer aos Seus discpulos que o cu est dentro das criaturas. E podemos acrescentar: o inferno tambm. Cabe a cada uma descobrir os valores imortais no corao, despertando e atrofiando as iluses, se por acaso existem.

    Uns com os outros, todos juntos nos caminhos da fraternidade, certamente que devero encontrar o amor fundindo-se com a sabedoria, para que surja na conscincia a tranqilidade, que no se perturba com nada. Eis a o verdadeiro cu, com Deus, Cristo e os anjos cantando a alegria maior de ser feliz.

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    24 - INTERCMBIO ENTRE OS ESPRITOS 0279/LE

    Nem todos os Espritos tm a liberdade de penetrarem nas sociedades formadas pelos seus irmos. Os bons podem visitar e demorar nessas comunidades o tempo que lhes aprouver; essa liberdade oportunidade de aprendizado, bem como de ensinar aos que ali se encontram. Os Espritos Superiores, quando necessrio, ficam invisveis para visitar os planos inferiores,