Jean - Phillipe Rameau

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Vida e Obra

Citation preview

  • INSTITUTO POLITCNICO DE CASTELO BRANCO ESCOLA SUPERIOR DE ARTES APLICADAS LICENCIATURA EM MSICA VARIANTE INSTRUMENTO e CANTO MARIA JOS LEMOS DE MENDONA MOREIRA DA FONSECA 32011018 NUNO MIGUEL DOMINGUES FONSECA DE FREITAS 32011170

    Jos Viana da Mota e a renovao da vida musical e do

    ensino TRABALHO REALIZADO PARA A UNIDADE CURRICULAR DE: HISTRIA E ESTTICA DA MSICA IV SOB ORIENTAO DA PROFESSORA LUSA CORREIA

  • 2

    ndice Introduo ........................................................................................................................... 3 Breve referncia criao do Conservatrio Nacional ........................................ 3

    Formao musical inicial ........................................................................................................................... 4 Estudos na Alemanha .................................................................................................................................. 5 Digresso europeia / Digresso americana ...................................................................................... 6 Leccionao em Berlim e Genebra ........................................................................................................ 7 Regresso a Lisboa ......................................................................................................................................... 7 Director do Conservatrio Nacional ..................................................................................................... 8 Fases de composio de Viana da Mota e o Nacionalismo portugus .............. 9 Concluso .......................................................................................................................... 12

    Importncia da obra de Viana da Mota ............................................................................ 12

    Bibliografia ....................................................................................................................... 13

  • 3

    Introduo Este trabalho, inserido na unidade curricular de Histria da Msica em Portugal, tem como objectivo central a apresentao da vida e obra de Jos Viana da Mota. A ideia de escolher este compositor e pedagogo est relacionada com o facto de ser uma personalidade de inegvel importncia na msica em Portugal nos finais do sc. XIX e 1 metade sc. XX. Apesar de, hoje em dia, o papel de Viana da Mota na herana musical portuguesa estar um pouco esquecido no lhe retira o interesse e o valor.

    Breve referncia criao do Conservatrio Nacional A criao de um Conservatrio para o ensino da msica em Lisboa fortemente devida ao compositor portugus Joo Domingos Bomtempo (1775-1842), que era igualmente um pedagogo de reconhecido mrito. Quando regressou a Portugal em 1834, Bomtempo ps em prtica a reforma do ensino musical em Portugal, com base nos contactos que foi fazendo no estrangeiro e com a observao das respectivas reformas de ensino musical, tanto em Frana como na Inglaterra. O projecto inicial que surgiu aquando da criao de um Conservatrio de Msica seguia o modelo da escola de msica parisiense. Este projecto foi criado em Junho de 1834 e era proposto um plano ambicioso com 18 professores e 16 disciplinas, a saber: Rudimentos Declamao Solfejo e Acompanhamento de rgo e Piano-forte Piano-forte Canto (canto lrico) Violino Violeta Violoncelo

    Figura 1 - Conservatrio Nacional

  • 4

    Contrabaixo Obo Clarinete Flauta Fagote Trompa Lngua italiana Lngua latina Este projecto no foi concretizado, e um ano mais tarde foi ento criado (decreto de 5 de Maio de 1835), o Conservatrio de Msica como anexo Casa Pia, sob direco do prprio Joo Domingos Bomtempo. Foi, em 1836, integrada no Conservatrio de Arte Dramtica que passou a designar-se por Conservatrio Real de Lisboa entre 1840 e 1910.

    Jos Viana da Mota, pianista e compositor nacionalista - aspectos biogrficos:

    Formao musical inicial

    Jos Viana da Mota, filho de Jos Antnio da Mota e de sua mulher Ins de Almeida Viana, nasceu em 1868. Jos Antnio da Mota casou uma primeira vez com Margarethe Marie Lemke (Karlsruhe, Heidelberg, 31 de maro de 1858 - ), filha de Julia Lemke e de sua mulher Agnes Eckhardt, sem gerao, casou segunda vez com Irma Harden, sem gerao, e terceira vez com Berta de Bvar, com gerao.1 Desde cedo revelou a sua grande proficincia para a msica e particularmente para o piano. Em 1874, foi levado corte pelo seu pai onde se apresentou pela 1 CASTELO BRANCO, Salwa El-Shawan (Ed.), Enciclopdia da Msica em Portugal no Sculo XX, Lisboa, Crculos de Leitores, 2010, Vol. L-P, p.821 Figura 2 - Jos Viana da Mota

  • 5

    primeira vez em pblico e foi ento que obteve a proteco do Rei D. Fernando II que patrocinou os seus estudos. Com 14 anos de idade concluiu os estudos no Conservatrio Nacional onde foi aluno de Joaquim Francisco de Azevedo Madeira e de Francisco de Freitas Gazul.

    Estudos na Alemanha Em 1882 parte para Berlim onde, custeado pelo Rei D. Fernando II e pela sua esposa, a Condessa de Edla , continua durante trs anos os estudos de piano e composio. Em Berlim estudou no recm fundado Conservatrio Scharwenka com Xaver Scharwenka (piano) e com Philipp Scharwenka (composio). A sua primeira apresentao, no mesmo local, data de 1885 e foi um inegvel xito. Na mesma cidade, teve tambm aulas particulares de piano e composio com Carl Schaeffer, membro da Sociedade Wagneriana. Em 1884 j Viana da Mota descobrira o encanto de Wagner e comeou a frequentar o Festival de Bayreuth. Tornou-se ento membro da Sociedade Wagneriana, e foi fiel a Wagner at ao fim da sua vida.2 Em 1885, devido ao desejo de trabalhar com Liszt, parte para Weimar e foi um dos seus ltimos alunos. Mais tarde, Liszt oferece-lhe uma fotografia com a dedicatria: "A Jos Viana da Mota, saudando os seus futuros sucessos. Fr. Liszt". Em 1887 frequentou o curso de interpretao pianstica de Hans von Bulow, curso que este dava anualmente em Frankfurt. Em 1908, Viana da Mota chegou mesmo a publicar um opsculo com a descrio dessas lies. Bulow influenciou profundamente o estilo interpretativo de Viana da Mota, sobretudo no repertrio pianstico de Beethoven e sua absoluta fidelidade ao texto original. Foi ainda, em 1891, aluno de Philipp Wolfrum (direco de orquestra) que foi tambm o fundador o da Sociedade Bach de Heidelberg. 3 2 CASTELO BRANCO, Salwa El-Shawan (Ed.), Enciclopdia da Msica em Portugal no Sculo XX, Lisboa, Crculos de Leitores, 2010, Vol. L-P, p.821

    Figura 3 - Hans von Bulow

  • 6

    Digresso europeia / Digresso americana

    Apesar de ter dado muitos concertos em Lisboa da sua ida para Berlim, s comeou a sua carreira profissional de concertista em 1886 prosseguindo-a at 1945. Viana da Mota deu mais de 1600 concertos em diversas capitais europeias e americanas. 4 A sua primeira digresso internacional foi em 1888 onde acompanhou o violinista Pablo Saraste em Copenhaga e Helsnquia, e o violinista Tivadar Nachez em Moscovo e So Petersburgo. At 1893 desenvolveu uma intensa actividade como intrprete, destacando-se os inmeros recitais em que acompanhou alguns dos mais importantes cantores da poca. Em Abril de 1893 iniciou a sua primeira grande digresso em Portugal e deu inmeros recitais em Lisboa e no Porto. A sua primeira digresso americana foi em 1892 e foi nesta digresso que conheceu Ferrucio Busoni por intermdio de Arthur Friedheim, um outro aluno de Liszt.5 Em 1896 tocou pela primeira vez no Brasil e voltou vrias vezes Amrica do Sul onde foi muito aplaudido, sobretudo em Buenos Aires. A grande maioria das crticas publicadas ao longo da sua carreira salientam a sua solidez, clareza e limpidez da sua tcnica, o brilho do seu toque e o rigor das suas interpretaes do repertrio clssico. Viana da Mota destacou-se como intrprete de Bach, Liszt e Beethoven tendo sido o primeiro portugus, seguido de Florinda Santos, a tocar as 32 Sonatas de Beethoven num conjunto de recitais em 1927.6 A partir de 1897 comeou a publicar regularmente artigos sobre a tcnica e interpretao piansticas e sobre a realizao dos ornamentos nas obras de Bach e Beethoven. Publicou tambm diversos estudos sobre a msica de Wagner e Liszt. 3 CASTELO BRANCO, Salwa El-Shawan (Ed.), Enciclopdia da Msica em Portugal no Sculo XX, Lisboa, Crculos de Leitores, 2010, Vol. L-P, p.821 4 CASTELO BRANCO, Salwa El-Shawan (Ed.), Enciclopdia da Msica em Portugal no Sculo XX, Lisboa, Crculos de Leitores, 2010, Vol. L-P, p.821 5 CASTELO BRANCO, Salwa El-Shawan (Ed.), Enciclopdia da Msica em Portugal no Sculo XX, Lisboa, Crculos de Leitores, 2010, Vol. L-P, p.822 6 CASTELO BRANCO, Salwa El-Shawan (Ed.), Enciclopdia da Msica em Portugal no Sculo XX, Lisboa, Crculos de Leitores, 2010, Vol. L-P, p.822

  • 7

    Leccionao em Berlim e Genebra

    Viana da Mota teve uma notvel influncia como pedagogo e entre 1900 e 1905 desenvolveu uma intensa actividade como professor de piano em Berlim. Com o incio da I Grande Guerra perdeu o visto para poder permanecer em Berlim. Aceitou ento um convite para leccionar na Escola Superior de Msica de Genebra para ser o regente da classe de virtuosismo de piano.7 Regresso a Lisboa Em 1917, Viana da Mota regressou a Portugal assumindo o cargo de Director do Conservatrio Nacional, que dirigiu durante 20 anos. Viana da Mota foi professor dos pianistas Elisa de Sousa Pedroso, Evaristo Campos Coelho, Sequeira Costa, Luis Costa, Helena S e Costa e Maria Cristina Lino Pimentel. 8 Entre os seus discpulos, os que o seguiram desde pequenos e at ao seu falecimento, destacam-se os pianistas Jos Carlos Sequeira Costa e Maria Manuela Arajo, o musiclogo Joo de Freitas Branco e o compositor Fernando Lopes-Graa. Sucedeu a David de Sousa na direco da Orquestra Sinfnica de Lisboa entre 1918 e 1920. Fundou a Sociedade de Concertos em 1917 da qual foi o primeiro director artstico. Em Portugal, manteve a sua actividade como pianista at 1945 a par com a sua aco pedaggica.

    7 CASTELO BRANCO, Salwa El-Shawan (Ed.), Enciclopdia da Msica em Portugal no Sculo XX, Lisboa, Crculos de Leitores, 2010, Vol. L-P, p.822 8 CASTELO BRANCO, Salwa El-Shawan (Ed.), Enciclopdia da Msica em Portugal no Sculo XX, Lisboa, Crculos de Leitores, 2010, Vol. L-P, p.822

    Figura 4 - Sequeira Costa

  • 8

    Director do Conservatrio Nacional

    A contribuio decisiva de Viana da Mota parece ter moldado uma reforma que apontou no sentido de uma europeizao de mentalidades, mtodos e objectivos. A sua orientao pedaggica operou uma completa viragem no nvel tcnico/artstico e na intelectualidade do meio musical lisbonense. Em 1919 reformou o ensino da msica com a colaborao de Lus de Freitas Branco, modernizando os programas e os mtodos pedaggicos. Com esta reforma, foram introduzidas ,como parte da formao geral, as disciplinas de Histria e Geografia e, como parte da formao especfica, Acstica e Esttica Musical. Estas disciplinas foram introduzidas de modo a proporcionar uma formao cultural mais completa. Viana da Mota manteve-se frente da seco de Msica do Conservatrio Nacional at ao seu afastamento por limite de idade em 1938.9 Foi crtico musical e publicou artigos para revistas especializadas alems e portuguesas. Escreveu ainda:

    "Nachtrag zu Studiem bei Hans von Bllow von Theodor Peiffer" (Berlim, 1896; do qual existe traduo inglesa); "Pensamentos extrados das obras de Lus de Cames" (Porto, Renascena Portuguesa, 1919); "Vida de Liszt" (Porto, Edies Lopes da Silva, 1945); "Msica e msicos alemes", 2 vols. Coimbra: Coimbra Editora, 1947). Foi Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada (28 de junho de 1920), Grande-Oficial da Ordem Militar de Cristo (19 de abril de 1930) e Gr-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada (2 de junho de 1938). 9 CASTELO BRANCO, Salwa El-Shawan (Ed.), Enciclopdia da Msica em Portugal no Sculo XX, Lisboa, Crculos de Leitores, 2010, Vol. C-L, p.415

  • 9

    Faleceu em 1948, em Lisboa, tendo vivido os ltimos anos da sua vida na residncia de sua filha Ins de Bivar Vianna da Motta e do seu genro, o psiquiatra Henrique Joo de Barahona Fernandes. A sua outra filha, Leonor Micaela de Bivar Vianna da Motta, nascida em Buenos Aires, casou com Joo Apolinrio Sampaio Brando, com gerao.

    Fases de composio de Viana da Mota e o Nacionalismo portugus Viana da Mota dedicou-se composio durante sensivelmente 30 anos, entre 1875 e 1908. As sua obras podem ser divididas em 3 grupos a que correspondem vrias fases criativas. No entanto, existem composies anteriores a 1875.10 O primeiro grupo integra obras para piano escritas entre 1875 e 1883, entre elas valsas, polacas, variaes e fantasias sobre temas de pera que reflectem os gostos da poca. S algumas destas obras foram publicadas. O segundo grupo de obras, compostas entre 1884 e 1895 coincide com o perodo em que esteve na Alemanha. Este grupo contm obras para piano, canes sobre textos de poetas alemes. Destacam-se tambm obras com formas clssicas, como a sonata em R Maior, o Concerto para piano e a Abertura Ins de Castro. Inclui-se neste grupo tambm a Fantasia Dramtica, claramente uma obra lisztiana, tanto no uso de um programa potico como na vertente virtuosstica. O terceiro e ltimo grupo de obras, compostas entre 1893 e 1908, onde se inclui a balada op.16 de 1905. Pode ainda falar-se de um quarto grupo de obras, compostas entre 1893 e 1897, que reflectem de maneira especfica o programa nacionalista, constitudo pelas Canes Portuguesas op.10, Sinfonia Ptria e pela Invocao dos Lusadas.11 Lista de obras de cariz nacionalista: 10 CASTELO BRANCO, Salwa El-Shawan (Ed.), Enciclopdia da Msica em Portugal no Sculo XX, Lisboa, Crculos de Leitores, 2010, Vol. L-P, p.822 11 CASTELO BRANCO, Salwa El-Shawan (Ed.), Enciclopdia da Msica em Portugal no Sculo XX, Lisboa, Crculos de Leitores, 2010, Vol. L-P, p.822

  • 10

    Rapsdias portuguesas (1891-1893) Duas Romanzas (1893) Romance (1893) Dramatische Fantasie (1893) Canes portuguesas op. 10 (1893-5) Cenas portuguesas (ca. 1893, 1905 e 1908) Danke (1895) Lass mich Deine Augen fragen (1895) Umflort, gehlt in Trauern (1895) Invocao dos Lusadas de Lus de Cames (1897) Balada op. 16 (1905) Ptria (1908) As suas peas pequenas para piano adequam-se tcnica do instrumento, proporcionando um efeito brilhante. Estas peas foram usadas pelo compositor como extras em concertos tendo algumas destas peas sido editadas. A sua obra para canto e piano constitui um exemplo do Lied germnico. de destacar o papel dado ao piano pelo compositor e o cuidadoso tratamento do texto. A distino entre as obras em que a msica tradicional usada como elemento expressivo de ruralidade e aquelas em que perseguiu um objectivo nacionalista foi assinalada pelo prprio compositor e pelo crtico Antnio Arroio, o principal e mais influente divulgador da obra de Viana da Mota. Viana da Mota diferenciou o uso das canes tradicionais da expresso do sentimento de nacionalidade que evidenciou, quer atravs da utilizao da lngua portuguesa quer na msica portuguesa. 12 Em muitas obras, Viana da Mota seguiu o modelo de composio de Liszt, modelo este considerado o ideal moderno de arte por Viana da Mota. Esta abordagem manifestou-se na Sinfonia Ptria, nas Canes Portuguesas e na Invocao dos Lusadas. Cada um dos andamentos da sua Sinfonia utiliza textos de Cames como epgrafe (ttulo), baseado num programa divulgado pelo prprio compositor. A sinfonia Ptria por muitos considerada a obra prima do compositor. Foi a primeira a merecer as honras de impresso no nosso pas. Segue o modelo

    12 CASTELO BRANCO, Salwa El-Shawan (Ed.), Enciclopdia da Msica em Portugal no Sculo XX, Lisboa, Crculos de Leitores, 2010, Vol. L-P, p.823

  • 11

    formal clssico das sinfonias de Beethoven com quatro andamentos. No terceiro o compositor utiliza duas canes populares portuguesas.13 No entanto, a primeira obra programtica de Viana da Mota, baseada num programa nacionalista com cariz sebastianista, foi a Fantasia Dramtica (1893) que representa a libertao da tirania e da angstia pela mo de um rei salvador. Como compositor, cuja actividade se confinou ao perodo da sua vida com residncia em Berlim, Jos Viana da Mota foi importante para a Histria da Msica em Portugal no mbito da "msica de concerto", por lhe caber o mrito da primeira procura e criao consciente de "msica culta" de carcter nacional. So disso testemunho a sua obra mais relevante a Sinfonia " Ptria" (que apresenta tambm a inovao entre ns do conceito lisztiano de msica programtica e em que, ao que parece, um compositor portugus usa pela primeira vez numa sinfonia, temas genunos do folclore do nosso pas), as suas composies piansticas, as suas canes para canto e piano. A partir de 1908, Viana da Mota abandonou quase por completo a composio, em parte por discordar das tendncias modernistas que se generalizavam pela Europa.14 Foi, sem dvida, uma das personagens mais versteis do mundo da msica portuguesa na primeira metade do sculo XX. Exemplar na sua capacidade de trabalho e perseverana, no domnio absoluto da tcnica pianstica, no equilbrio da forma e do contedo. Intrprete excepcional, notvel pedagogo, admirvel compositormas ter recebido sempre o valor que merece?

    13 CASTELO BRANCO, Salwa El-Shawan (Ed.), Enciclopdia da Msica em Portugal no Sculo XX, Lisboa, Crculos de Leitores, 2010, Vol. L-P, p.823 14 CASTELO BRANCO, Salwa El-Shawan (Ed.), Enciclopdia da Msica em Portugal no Sculo XX, Lisboa, Crculos de Leitores, 2010, Vol. L-P, p.823

  • 12

    Concluso

    Importncia da obra de Viana da Mota Viana da Mota pode ser considerado o primeiro compositor nacionalista portugus e foi tambm o criador de uma escola interpretativa que se prolongou durante todo o sc. XX e que formou uma gerao de pianistas portugueses. Dada a versatilidade e a profundidade da sua cultura, Viana da Mota personificou em alto grau o ideal de "msico completo" que Liszt preconizou na sua directriz pedaggica. Assim se explicar tambm a razo dos diversos campos da sua actividade: pianista, pedagogo, compositor, musicgrafo, conferencista e regente de orquestra; tendo sido predestinado, no entanto, para ser um virtuoso de piano, ele destacou-se no quadro dos renomeados pianistas da sua poca (foi amigo e colaborador de Ferruccio Busoni, entre muitos outros). Em 1885 frequentou, em Weimar, o ltimo curso de vero dado por Liszt, do qual recebeu por escrito os melhores votos para a sua grande carreira, e foi o aluno predileto de Hans von Blow nos cursos de Frankfurt em 1887. Jos Viana da Mota tocou por toda a Europa, Amricas do Norte e do Sul, perante presidentes, Reis e Imperadores, recebeu altas condecoraes e na Alemanha foi-lhe concedido o ttulo de "Hofpianist" (pianista da Corte) por Carlos Eduardo de Saxe-Coburgo-Gota. Conquanto Viana da Mota tenha ficado sempre bem portugus e tenha marcado por todo o mundo a presena de Portugal, j atravs de si prprio, j atravs das suas composies e de outros compositores portugueses, como por exemplo de Joo Domingos Bomtempo, ele foi um afincado divulgador da cultura alem e incorpora o fenmeno mais flagrante de simbiose das duas culturas ou seja: ele representa a ponte por excelncia da cultura luso-alem (especialmente na sua considervel obra de "Lied', em que musicou diversos poetas alemes!). Houve quem lhe chamasse "o portugus mais patriota e o alemo missionrio".

    Figura 5 - Franz Liszt

  • 13

    Bibliografia http://pt.wikipedia.org/wiki/Vianna_da_Motta http://cronicasdoprofessorferrao.blogs.sapo.pt/16288.html http://www.academiaam.com/?action=1101 CASTELO BRANCO, Salwa El-Shawan (Ed.), Enciclopdia da Msica em Portugal no Sculo XX, Lisboa, Crculos de Leitores, 2010, Vol. C-L, pp.415-417 CASTELO BRANCO, Salwa El-Shawan (Ed.), Enciclopdia da Msica em Portugal no Sculo XX, Lisboa, Crculos de Leitores, 2010, Vol. L-P pp.821-823