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Londrina 2016
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO EM ODONTOLOGIA
JAQUELINE COSTA FAVARO
ANÁLISE DA MICRODUREZA, RUGOSIDADE E ALTERAÇÃO DE COR APÓS A APLICAÇÃO DE
DIFERENTES FORMAS DE CLAREAMENTO NO ESMALTE
DENTAL
- 1 -
Londrina 2016
JAQUELINE COSTA FAVARO
ANÁLISE DA MICRODUREZA, RUGOSIDADE E
ALTERAÇÃO DE COR APÓS APLICAÇÃO DE DIFERENTES FORMAS DE CLAREAMENTO NO ESMALTE DENTAL
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Odontologia da Universidade Norte do Paraná - UNOPAR, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Odontologia. Área de Concentração: Dentística
Orientador: Profª. Drª Sandrine Bittencourt Berger
- 2 -
AUTORIZO A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
Dados Internacionais de catalogação-na-publicação Universidade Norte do Paraná
Biblioteca Central
Setor de Tratamento da Informação
Favaro, Jaqueline Costa
F275aAnálise da microdureza, rugosidade e alteração de cor após aplicação de diferentes
formas de clareamento no esmalte dental./. Jaqueline Costa Favaro.Londrina: [s.n],
2016
53f.
Dissertação(Mestrado em Odontologia). Universidade Norte doParaná.
Orientadora: Profª.Drª.Sandrine Bittencourt Berger
1- Odontologia–dissertação de mestrado-UNOPAR 2- Clareamento3-Esmalte dental4-
Enxaguatórios bucais 5- Microdureza 6- RugosidadeI-Berger,Sandrine
Bittencourt;orient. II- Universidade Norte do Paraná.
CDU 616.314-084
- 3 -
JAQUELINE COSTA FAVARO
ANÁLISE DA MICRODUREZA, RUGOSIDADE E ALTERAÇÃO DE COR APÓS APLICAÇÃO DE DIFERENTES FORMAS DE
CLAREAMENTO NO ESMALTE DENTAL
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Odontologia da Universidade Norte do Paraná - UNOPAR, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Odontologia. Área de Concentração: Dentística
BANCA EXAMINADORA
____________________________________ Prof. Dra. Sandrine Bittencourt Berger Universidade Norte do Paraná
____________________________________
Prof. Dra. Klíssia Romero Felizardo Universidade Paranaense - Sede Umuarama
____________________________________ Prof. Dr. Murilo Baena Lopes
Universidade Norte do Paraná
Londrina, 22 de fevereiro de 2016
- 4 -
FAVARO, Jaqueline Costa. Análise da microdureza, rugosidade e alteração de cor após a aplicação de diferentes formas de clareamento no esmalte dental. 53 páginas. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Odontologia – Universidade Norte do Paraná, Londrina, 2016.
RESUMO
O clareamento dental é uma opção conservadora e eficaz para a correção das alterações de cor dos dentes vitais e não vitais, pois é minimamente invasivo e de relativamente simples realização. Além dos tratamentos convencionais, há disponível no mercado produtos vendidos livremente sem a necessidade de prescrição e supervisão profissional, denominados produtos over-the-counter. Considerando a ampla gama de produtos OTC no mercado e a escassez de estudos que comprovem sua eficiência, observou-se a necessidade de avaliar o efeito clareador destes produtos O objetivo deste estudo foi avaliar a efetividade clareadora de diferentes técnicas de clareamento dental e da associação de tratamentos convencionais e enxaguatórios bucais clareadores, seu efeito na microdureza e rugosidade superficial do esmalte dentário. Foram selecionados terceiros molares para a obtenção de 108 blocos dentários,com 7x4x7 mm, divididos em 9 grupos (n=12): G1 - peróxido de hidrogênio a 38% (PH 38%); G2 - peróxido de carbamida a 10% (PC 10%); G3 - PH 38% + Listerine Whitening (LW); G4 - PC 10% + LW; G5 - PH 38% + Colgate Plax Whitening (CPW); G6 - PC 10% + CPW; G7 - LW; G8 - CPW e G9 - grupo controle (GC). Inicialmente, os grupos foram submetidos à leitura de cor inicial, por meio de um espectrofotômetro; na seqüencia foram avaliadas a microdureza e a rugosidade superficial. Em seguida, as amostras foram clareadas e novamente avaliadas quanto a cor, microdureza e rugosidade. Os dados foram tabulados e analisados quanto a normalidade através do teste Kolmogorov-Smirnov, seguido de ANOVA (2 fatores) para microdureza e rugosidade; para cor (ΔE) submeteu-se a ANOVA (1 fator), seguido de Tukey. O teste de Dunnet foi utilizado para comparar o grupo controle com os grupos tratados nas avaliações da rugosidade e microdureza.Os tratamentos resultaram numa alteração de cor significativa nos grupos 1, 2, 3, 4, 5, e 6; não ocorreu melhoria significativa na cor do esmalte das amostras dos grupos 7 e 8. Todos os grupos apresentaram alterações significativas na microdureza, inclusive comparadas ao GC. Em relação à rugosidade superficial todos diferiram do GC, com exceção do G1, que não apresentou diferença significativa antes e após o tratamento clareador. Concluiu-se que os géis a base de PH 38% e PC 10%, tratamentos convencionais, foram eficazes no clareamento do esmalte dental; os enxaguatórios não foram eficazes; a associação dos tratamentos convencionais com os enxaguatório CPW potencializa o efeito clareador dos géis e aumenta, também, os efeitos nocivos à superfície do esmalte dentário; todas as técnicas apresentaram alterações significativas na microdureza e o tratamento com PH38% foi o único que não alterou a rugosidade superficial do esmalte dental. Palavras-chave:Clareamento. Esmalte dental. Enxaguatórios bucais. Microdureza. Rugosidade.
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FAVARO, Jaqueline Costa. Analysis of microhardness, roughness and color change after application of different bleaching forms on dental enamel. 53 páginas. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Odontologia – Universidade Norte do Paraná, Londrina, 2016.
ABSTRACT
The aim of this study was to evaluate the effectiveness of different bleaching techniques and of the association of conventional treatments and mouth washes, its effect on the microhardness and surface roughness of tooth enamel. Third molars were selected to obtain 108 dental blocks with 7x4x7 mm, which were divided into 9 groups (n=12), G1 - 38% hydrogen peroxide (HP 38%); G2 - 10% carbamide peroxide (CP 10%); G3 - 38% HP + Listerine Whitening (LW); G4 - 10% CP + LW; G5 - 38% HP + Colgate Plax Whitening (CPW); G6 - 10% CP + CPW; G7 - LW; G8 - CPW and G9 - control group (CG). The groups were subjected to initial color analysis using spectrophotometer; followed of microhardness and roughness.Then, the experimental samples were bleached and re-evaluated for color, microhardness and roughness. Data were tabulated and evaluated for normality using the Kolmogorov-Smirnov test then submitted to ANOVA (two-way) for microhardness and roughness; for color (ΔE) were submitted to ANOVA (one-way) followed by the Tukey‟s test. The Dunnet test was used to compare the control group with the groups treated (roughness and microhardness). The treatments resulted in a statistically significant color change in groups 1, 2, 3, 4, 5, and 6, there were no significant improvement in color of samples from groups 7 and 8. All groups showed significant changes in microhardness, even compared to the control group. Regarding the roughness all groups differed from the control group, except for group 1 who did not show statistically significant difference before and after the bleaching treatment. It was concluded that the gels containing 38% HP and 10% CP in its composition were effective in the dental bleaching; the mouthwashes were not effective; the association of conventional treatments with mouthwashesenhances the bleaching effect of the gels and also increases the adverse effects to the surface of tooth enamel; all techniques showed significant changes in microhardness of dental enameland the treatment performed with 38% HP was the only that did not alter the surface roughness of tooth enamel.
Keywords: Whitening. Enamel. Mouthwashes. Microhardness. Roughness.
- 6 -
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CIE L*a*b* Sistema de padronização de cores e aparência em áreas definidas
DSinicial Dureza de superfície inicial
DSfinal Dureza de superfície final
MEV Microscopia Eletrônica de Varredura
% PDS Porcentagem de perda de dureza da superfície
Paint-on Verniz clareador aplicado com pincel
OTC over-the-counter – produto de balcão vendido sem prescrição
Rt Rugosidade total
Ra Rugosidade média
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LISTA DE SÍMBOLOS
∆E unidade de medida que expressa manchamento por substâncias corantes
L é a medida de luminosidade ou claridade de um objeto
a distância não-linear entre o vermelho/verde
b distância não-linear entre o amarelo/azul.
L* variação de luminosidade
a* variação do eixo azul/amarelo
b* variação do eixo vermelho/verde
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................09
2 REVISÃO DE LITERATURA..................................................................................12
3 PROPOSIÇÃO........................................................................................................23
4 MATERIAIS E MÉTODOS......................................................................................24
4.1 PREPARO DAS AMOSTRAS......................................... ..............................................24
4.2 AVALIAÇÃO DA COR INICIAL.......................................................................................28
4.3 TESTE DE MICRODUREZA KNOOP............................................................................29
4.4 TEST DA RUGOSIDADE INICIAL...................................................................................30
4.5 DIVISÃO DOS GRUPOS EXPERIMENTAIS E TRATAMENTO CLAREADOR.............................30
4.6 AVALIAÇÃO DA COR FINAL.........................................................................................36
4.7 AVALIAÇÃO DA MICRODUREZA FINAL..........................................................................36
4.8 AVALIAÇÃO DA RUGOSIDADE FINAL............................................................................36
4.9 ANÁLISE DOS DADOS................................................................................................37
5 RESULTADOS........................................................................................................38
5.1 ALTERAÇÃO DE COR.................................................................................................38
5.2 MICRODUREZA.........................................................................................................39
5.3 RUGOSIDADE...........................................................................................................41
6 DISCUSSÃO...........................................................................................................43
7 CONCLUSÃO.........................................................................................................47
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .........................................................................48
ANEXO ......................................................................................................................52
- 9 -
1 INTRODUÇÃO
A busca pela estética, além da função, tem propiciado o
desenvolvimento e o aperfeiçoamento de técnicas para satisfazer a melhora da
aparência dos dentes.3 Dentes vitais e não vitais podem apresentar-se escurecidos
e comprometer a estética do sorriso, este escurecimento pode ser causado por
fatores intrínsecos e extrínsecos, congênitos e adquiridos. Alterações de cor
intrínsecas são provocadas por pigmentos incorporados à estrutura dental, do
esmalte e da dentina, muitas vezes de origem sistêmica ou pulpar, enquanto
alterações extrínsecas são desenvolvidas pela deposição de pigmentos externos
como alimentos, bebidas ou de bactérias cromógenas na superfície dentária ou no
biofilme.19
A demanda por tratamentos clareadores tem crescido
consideravelmente, por serem solução para correção das alterações de cor dos
dentes. O clareamento dental é uma opção conservadora e eficaz, pois é
minimamente invasivo, se aplicado corretamente pelos pacientes e supervisionado
por um profissional, 3 e de relativamente simples realização.11
A técnica de clareamento dental foi descrita inicialmente por Haywood
& Heymann,11 em 1989. Eles introduziram a técnica de clareamento caseiro com o
uso do peróxido de carbamida 10%, como agente clareador. Esta técnica oferecia
uma abordagem segura e efetiva e tornou-se a mais indicada e bem aceita, em
função da sua simplicidade e rapidez na mudança da cor dos dentes.
Basicamente três técnicas estão disponíveis para o clareamento de
dentes vitais: o clareamento caseiro supervisionado pelo dentista, nesta técnica o
agente clareador utilizado é o peróxido de carbamida a 10% aplicado por oito horas
diárias num período de duas a seis semanas;11 o clareamento em consultório que
utiliza o agente peróxido de hidrogênio de 35 a 40% aplicado por trinta minutos,
fracionados em duas aplicações de quinze minutos, realizado em duas ou três
sessões, de acordo com a necessidade, com um intervalo de uma semana entre as
sessões14 e o clareamento por produtos disponíveis no mercado e vendidos
livremente em supermercados, farmácias e internet, sem prescrição e a necessidade
de supervisão profissional, conhecidos como over-the-counter (OTC).10,13,15,19,21,22,39
- 10 -
Os mecanismos de ação dos produtos encontrados no mercado são
basicamente dois: o clareamento de pigmentos intrínsecos e extrínsecos. O
clareamento de pigmentos intrínsecos é obtido através de soluções de peróxidos
com baixo peso molecular, que transitam pelos espaços inter prismáticos do esmalte
e provocam a oxidação dos pigmentos na estrutura dental.20 Assim, o clareamento
ocorre graças à permeabilidade da estrutura dentária e a capacidade de
difusibilidade dos agentes clareadores, em que os compostos anéis de carbono
altamente pigmentados são abertos e convertidos em cadeias menos saturadas, que
são mais claras.16 A remoção e o controle de pigmentos extrínsecos são feitos
através de agentes abrasivos, por ação mecânica,10 como por exemplo os
dentifrícios clareadores, produtos OTC.
Os produtos OTC, contêm baixas concentrações de agentes
clareadores (em média de 3 a 6% peróxido de hidrogênio) e são auto-aplicados nos
dentes por meio de gomas de mascar, tiras, pincéis, cremes dentais ou
enxaguatórios bucais.15 Eles podem promover a remoção e o controle das manchas
extrínsecas, quando apresentados como dentifrícios, pois contêm abrasivos e
substâncias químicas para maximizar a limpeza. Alguns fabricantes afirmam que os
produtos possuem branqueadores ópticos, corantes, que se depositam nos dentes e
resultam em um aumento na medida e percepção dos dentes clareados.10
A maior preocupação na indicação das técnicas de clareamento é a
possibilidade de desmineralização do esmalte.9,12,24,30 Artigos relatam que agentes
clareadores com altas concentrações de peróxidos promovem alterações na
morfologia superficial do esmalte, tais como a perda de conteúdo mineral31,20 e a
redução na microdureza;3,5,6,21,25,31,37,38 tais alterações são minimizadas quando há o
contato com a saliva.5,34
As técnicas usualmente utilizadas para mensurar as variações de cores
dos dentes submetidos ao clareamento dental partem desde medidas subjetivas,
como o uso de escalas de cores, até o uso de instrumentos que fornecem
informações mais precisas, como os colorímetros; as técnicas de análise de imagem
e os espectrofotômetros.21 Os espectrofotômetros medem comprimento de onda
através da reflectância ou transmitância de um objeto e têm sido utilizados para
medir o espectro visível de dentes e materiais. Um dos métodos utilizados para a
quantificação da cor dos dados obtidos através do espectrofotômetro é o sistema
CIELab2,14,15,16,17,18,19,32 que permite verificar os efeitos do manchamento causado
- 11 -
por substâncias corantes e do agente clareador, medidos através do
espectrofotômetro.
Considerando a ampla gama de produtos OTC no mercado e a
escassez de estudos que comprovem sua eficiência, observou-se a necessidade de
avaliar o efeito clareador destes produtos através das alterações na cor, seu efeito
na microdureza e rugosidade do esmalte após os tratamentos, comparados e
associados aos clareadores convencionais. A hipótese a ser testada é de que
haverá diferença em relação ao efeito do agente clareador sobre a alteração de cor,
microdureza e rugosidade superficial do esmalte dos dentes tratados com os
produtos OTC e com os clareadores convencionais, assim como a associação de
ambos.
- 12 -
2 REVISÃO DE LITERATURA
O interesse pela realização do clareamento dental existe desde o
final do século XIX; diversas substâncias e técnicas foram testadas a fim de se
atingir este objetivo. No entanto, um grande impulso em relação aos tratamentos
clareadores ocorreu em 1989 com a divulgação da técnica de clareamento de
dentes vitalizados por Haywood & Heymann,11 que preconizaram o uso do peróxido
de carbamida 10%, como agente clareador, aplicado através de uma moldeira de
silicone pelo paciente durante a noite, por cinco semanas, tempo considerado por
eles necessário para alcançar o clareamento. Esta técnica foi denominada de
“Clareamento de Dentes Vitalizados com moldeira utilizada durante as horas de
descanso noturno” e ficou amplamente conhecida como doméstico ou caseiro. Eles
afirmaram que esse novo tratamento clareador era conservador e deveria ser
considerado como a primeira alternativa para o tratamento de dentes levemente
manchados, uma vez que apresentava como principal vantagem o pouco tempo de
permanência no consultório, que trás economia de tempo e dinheiro para o paciente.
A partir daí, as grandes indústrias investiram em pesquisas, o que tem tornado o
clareamento dental uma técnica segura e empregada mundialmente.
Entre as técnicas para o clareamento de dentes polpados
disponíveis, além da caseira, amplamente difundida por Haywood & Heymann,11
existem as realizadas em consultório, idealizada por Ames1 em 1937 e os produtos
OTC10,13,15,19,21,22,39 disponíveis para livre comércio. As técnicas originais sofreram
algumas modificações, melhorias e variações ao longo dos anos.
De acordo com Hirata,14 em 1997, o surgimento de novas técnicas e
produtos clareadores, gera maiores dificuldades para a obtenção de um correto
planejamento e execução dos tratamentos clareadores. Assim, desenvolveu um
estudo baseado em literatura referenciada e experiência clínica, em que indicou uma
abordagem particular para o clareamento de manchas dentárias de forma caseira,
clínica e associada; discutiu as vantagens e desvantagens destes novos métodos e
produtos clareadores, bem como o passo a passo das manobras. Descreveu em seu
trabalho a técnica em consultório, “In office” ou “Power Bleaching” realizada pelo
profissional: deve ser iniciada pela proteção dos tecidos moles e seguida da
aplicação de agentes clareadores em alta concentração, como o peróxido de
- 13 -
hidrogênio a 30% ou 35%. Esta técnica tem como benefício menor tempo, maior
controle do tratamento e pode ser realizado em áreas restritas e pré-determinadas.
Já os produtos OTC, contêm baixas concentrações de agentes
clareadores (em média peróxido de hidrogênio de 3 - 6%) e são auto-aplicados nos
dentes por meio de gomas de mascar, tiras, pincéis, cremes dentais ou
enxaguatórios bucais de acordo com as orientações do fabricante, já que não são
supervisionados pelo dentista.10
Matis, Cochran & Eckert,26 em 2009, ao observarem que muitos
estudos publicados descreviam a eficácia de vários agentes clareadores, mas
apenas alguns avaliavam os sistemas aplicados, realizaram uma revisão sistemática
de literatura, numa tentativa de fornecer uma base de evidências científicas para o
dentista. Vinte e cinco produtos, em quatro diferentes sistemas foram avaliados e
obtiveram as seguintes conclusões: o clareamento dental é mais eficaz quando o gel
clareador é aplicado sobre os dentes em moldeiras e utilizado durante a noite; o
segundo sistema mais eficaz é a aplicação do gel clareador em moldeiras durante o
dia, por períodos de tempo mais curtos; os sistemas de clareamento dentário
utilizados em consultório resultam em diminuição da cor imediatamente após o
clareamento. Por esta razão, recomendaram o clareamento caseiro com moldeira,
prescrito pelo dentista, como um processo mais eficaz a longo prazo.
Almeida et al.2 em 2015, ao avaliarem o efeito do peróxido na
alteração de cor com diferentes protocolos de clareamento caseiro; entre eles o
peróxido de carbamida 10% aplicado por 3 ou 1,5 horas e o peróxido de hidrogênio
6% por 1,5 hora ou 45 minutos; concluíram que a redução do tempo de exposição
ao peróxido reduziu a efetividade clareadora do tratamento e que nenhum dos
protocolos alterou metabolismo celular, assim, a eficácia do tratamento clareador é
tempo dependente.
Os cremes dentais clareadores são os produtos OTC utilizados para
clareamento dental mais facilmente encontrados no livre comércio, alguns autores
verificaram que o modo de ação de muitos dentifrícios clareadores parecia contar
com a incorporação, à sua formulação, de um sistema abrasivo e/ou produtos
químicos que poderiam ajudar a inibir ou remover as manchas extrínsecas10,22,36,28
sem alteração da cor dos dentes.28,36 Sharif et al.36 em 2000, avaliaram um total de
39 agentes, dos quais 28 eram dentifrícios clareadores disponíveis no mercado, 7
eram formulações experimentais (sem agentes clareadores, as manchas eram
- 14 -
removidas pelo atrito das partes abrasivas do dentifrício), 2 enxaguatórios oxidantes
usados como controle positivo e 1 creme dental com flúor como um controle de
referência e água como controle negativo. Concluíram que apenas um pequeno
número destes produtos clareadores tem bom potencial de remoção química das
manchas e que é improvável que a maioria possa alcançar seus benefícios
reivindicados através da remoção química de manchas.
Demarco, Meireles & Masotti,10 em 2009, fizeram uma revisão de
literatura para verificar a eficácia clareadora dos produtos OTC e concluíram que os
cremes dentais clareadores, fio dental e escovas pro-clareadoras são agentes
removedores de manchas superficiais e não agentes clareadores; géis paint-on e
enxaguatórios tem níveis mais baixos de agentes clareadores e podem produzir um
efeito clareador, porém não clinicamente significativo, uma vez que há poucos
ensaios clínicos disponíveis para comprovar seu efeito. Por outro lado as tiras de
clareamento parecem produzir um efeito clareador semelhante ao do peróxido de
carbamida 10% aplicadas em moldeiras, as avaliações dos estudos clínicos, em
geral com base em avaliações de curto prazo e foram realizados com ajuda
financeira dos fabricantes. Sugeriram que há o potencial uso abusivo da
automedicação de produtos OTC, que poderia produzir efeitos nocivos.
Em 2008, Lima et al.22 avaliaram, in vitro, a eficácia de dentifrícios
clareadores (Colgate Total Regular (Colgate-Palmolive Indústria e Comércio Ltda., S.
B. Campo, SP, Brazil), Crest Extra Whitening (Procter & Gamble, Cincinnati, OH,
USA) e Rapid White (Rapid White Products, Tonawanda, NY, USA)) na remoção de
manchas extrínsecas dos dentes e utilizaram para a avaliação da cor um
espectrofotômetro. Eles puderam concluir que dentre os dentifrícios testados,
apenas o Rapid White diferiu do grupo controle e foi o único creme clareador eficaz
para a remoção de manchas extrínsecas.
Além dos dentifrícios clareadores, os produtos OTC também se
apresentam na forma de enxaguatórios bucais, que possuem entre seus
ingredientes agentes clareadores em diversas concentrações.10,15,23,39 Lima et al.23
em 2012, através de um estudo, in vitro, avaliaram o efeito clareador de dois
enxaguatórios bucais disponíveis no comércio, com peróxido de hidrogênio em sua
formulação, que são indicados como produtos OTC clareadores (Listerine Whitening
e Colgate Plax Whitening). A alteração de cor foi avaliada através de imagens
digitais produzidas uma câmera digital (Nikon D80 (Nikon corp., Tóquio, Japão) e
- 15 -
analisadas pelo programa Adobe Photoshop 7.0 (Adobe Systems Inc., San Jose,
EUA). Após a interpretação dos dados, concluíram que ambos os enxaguatórios
bucais testados apresentaram um efeito clareador, no entanto o efeito clareador do
Colgate Plax Whitening pode ser devido ao seu pH baixo, que pode causar efeitos
deletérios o esmalte dental.
Trabalhos recentes mostraram que os enxaguatórios bucais podem
aumentar a brancura dos dentes ao longo do tempo,15,17,23 no entanto, nenhum foi
tão eficaz como tratamento caseiro convencional, realizado com o peróxido de
carbamida a 10%. Jaime et al.15 em 2014, e Karadas e Hatipoglu,17 em 2015,
analisaram a eficácia do enxaguatório bucal (Colgate Plax Whitening) que contem
1,5% de peróxido de hidrogênio em comparação com o peróxido de carbamida a
10%, através de um espectrofotômetro, por imagens digitais acopladas a um
software de medição de cor pelo sistema CIELab e afirmaram, através dos
resultados de seus estudos, que após o clareamento, houve uma mudança de cor
significativamente maior no grupo do gel de peróxido de carbamida 10%. Embora o
enxaguatório bucal testado (Plax) causou uma significativa mudança de cor, esta foi
menor do que a produzida pelo gel, o enxaguatório foi capaz de clarear a esmalte
humano escurecido, mas em um grau menor do que o produzido pelo peróxido de
carbamida 10%.
Já o estudo de Torres et al.39 2013, com o objetivo de avaliar a
eficácia de quatro produtos clareadores disponíveis comercialmente (um creme
dental (Close-Up White Now) e três enxaguatórios bucais (Listerine Whitening,
Colgate Plax Whitening) e um enxaguatório bucal experimental (2 g de
polivinilpirrolidona (K29/32 Plasdone 2%) diluído em 100 ml de água destilada))
comparados com o gel clareador, peróxido de carbamida 10% (Whiteness Perfect),
usado para clareamento caseiro supervisionado pelo dentista, através de um
espectrofotômetro (CM 2600d (Minolta, Osaka, Japão) mostrou que uso dos
enxaguatórios bucais, Listerine e Colgate Plax Whitening, durante 12 semanas
apresentaram alteração de cor semelhante à do tratamento realizado com o gel
clareador de peróxido de carbamida 10%, por 14 dias. Clinicamente, a diluição dos
enxaguatórios bucais pela presença de saliva pode alterar seu efeito clareador, além
disso, a longevidade e a estabilidade do clareamento alcançado com estes produtos
também precisam ser melhor investigados de acordo com os autores.
Outra forma de apresentação dos produtos OTC, encontrada no
- 16 -
mercado, são os paint-on: produtos que contêm concentrações mais elevadas de
agentes clareadores quando comparados aos outros produtos, que podem alterar a
superfície do esmalte e causar danos à mucosa por serem aplicados sem uma
barreira física, Kishta-Derani et al.19 em 2007, investigaram, através de um estudo,
in vitro, a eficácia de quatro clareadores paint-on Sparkling White (Meijer); Crest
Night Effects (Procter & Gamble); Beautifully Bright (Avon) e Simply White Night Gel
(Colgate-Palmolive). A avaliação da cor foi feita de forma visual com a utilização de
uma escala clássica, Vitapan (Vident, Bad Sackingen, Germany), para obtenção do
valor e também por um colorímetro (Minolta Chroma Meter CR 321). Concluíram que
os produtos com maior concentração de peróxido tiveram maior eficiência no
clareamento e apresentaram alteração de cor na primeira semana, os com menor
concentração apresentaram alteração de cor apenas após 14 dias de tratamento.
Alertaram para possível dano na mucosa e possibilidade de ingestão, já que são
produtos aplicados sem barreira física.
Em 2005, Heymann12 avaliou três formas de tratamentos
clareadores: clareador noturno com apenas peróxido de carbamida 10%, peróxido
de hidrogênio 25 a 35% aplicado em consultório por um período mais curto e um
produto over-the-counter (OTC), as tiras de clareamento contendo peróxido de
hidrogênio 6% utilizadas por um período mais longo e percebeu que os resultados
finais podem potencialmente ser os mesmos.
Karadas e Duymus,18 2015, em um estudo, in vitro, avaliaram o
efeito clareador de quatro diferentes produtos over-the-counter (dentifrício Crest 3D
White; solução para enxague Crest 3D White; tiras branqueadoras Crest 3D e gel
branqueador Dazzling White Crest 3D) comparados com o tratamento convencional
feito com peróxido de carbamida a 10% de peróxido de carbamida (PF Opalescence
- clareador de uso caseiro), que foram usadas de acordo com as recomendações do
fabricante. As medições de cor foram realizadas de acordo com o sistema CIELab,
através de um espectrofotômetro. Após a análise dos dados, puderam concluir que
todos os grupos, com exceção do dentifrício clareados foram eficazes no
clareamento dental, em comparação com o dentifrício convencional. As tiras e o gel
branqueador apresentaram clareamento dental semelhante ao do peróxido de
carbamida a 10%.
Ao eleger o procedimento clareador para melhorar a estética do
sorriso, o profissional tem a segurança de sua efetividade comprovada na
- 17 -
literatura11,12 porém, o tratamento poderia apresentar alguns riscos. Concentrações
mais altas dos géis clareadores têm sido preconizadas com intuito de se obter um
resultado mais rápido,8,26,37 que pode acarretar em danos à estrutura dentária.
Alguns estudos, in vitro, que encontraram alterações na superfície do esmalte, como
a perda mineral e microrugosidade de superfície do esmalte, após exposição ao
tratamento clareador com diferentes agentes clareadores.5,6,8,25,31,37 Pinto et al.31 em
2004, avaliaram a rugosidade de superfície, microdureza e morfologia do esmalte
dental humano exposto a seis agentes clareadores: Whiteness Perfect - peróxido de
carbamida 10%; Colgate Platinum - peróxido de carbamida 10%; Day White 2Z -
peróxido de hidrogênio 7,5%; Whiteness Super - peróxido de carbamida 3%;
Opalescence Quick - peróxido de carbamida 35% e Whiteness peróxido de
hidrogênio 35%, que foram aplicados de acordo com as instruções dos fabricantes.
Os autores concluíram que os agentes clareadores podem alterar a dureza,
rugosidade e morfologia de superfície do esmalte dentário.
Basting, Rodrigues & Serra,5 em 2005, avaliaram os efeitos do
peróxido de carbamida 10%, carbopol e glicerina e suas associações, ao longo do
tempo, sobre a microdureza do esmalte e da dentina e concluíram que o agente
clareador Opalescence, peróxido de carbamida 10%, carbopol, glicerina e as suas
associações podem alterar a microdureza dos tecidos dentais desmineralizadas,
mesmo na presença de saliva artificial.
Em 2007, Markovic et al.25 e Soares et al.37 em 2013, avaliaram as
mudanças na microrugosidade de superfície do esmalte após procedimentos
clareadores com diferentes concentrações de peróxido de carbamida: 10% e 16%,
por microscopia confocal de varredura e verificaram alterações na superfície do
esmalte para ambos os grupos de peróxido de carbamida. Soares et al.37 ainda
ressaltaram que as concentrações mais altas de agente clareador causaram maiores
danos ao esmalte dental. Assim como Bistey et al.6 em 2006, que ao avaliarem em
um estudo, in vitro, se a alteração no esmalte é proporcional à concentração de
peróxido de hidrogênio; concluíram que a alteração no esmalte foi proporcional ao
tempo de tratamento e a concentração de peróxido de hidrogênio, maior
concentração e maior tempo de tratamento resultaram em alterações mais severas.
Cvikl, Lussi e Flury,8 em 2016, avaliaram as diferenças na alteração
de cor do esmalte, da dureza superficial, módulo de elasticidade e da rugosidade da
superfície do esmalte entre quatro tratamentos clareadores à base peróxido de
- 18 -
hidrogênio e carbamida, com diferentes concentrações. Após os tratamentos e
análise dos dados, concluíram que todos os seis géis clareadores foram efetivos
para o clareamento das amostras de esmalte, independente da sua concentração de
peróxido. Géis com baixa concentração de peróxido e mais tempo de contato com a
superfície do esmalte, afetaram negativamente a superfície. Assim, o uso de gel
clareador com uma concentração relativamente mais alta de peróxido de carbamida
ou hidrogênio e um tempo de aplicação mais curto pode ser menos prejudicial para a
superfície do esmalte.
Existem estudos que afirmam que o tratamento clareador não
apresenta danos à estrutura dental, Rodrigues et al.34 em 2005, realizaram um
estudo, in situ, para avaliar os efeitos de diversas formas de clareamento, em
consultório com peróxido de carbamida 37% (CP37 - Whiteness Super - FGM,
Joinville, SC - Brasil), caseiro com peróxido de carbamida 10% (CP 10 - Whiteness
Perfect - FGM, Joinville, SC - Brasil) e uma combinação de ambos, na dureza do
esmalte dentário após o tratamento. Também utilizaram um agente placebo (PLA
Carbopol 934P, FGM, Joinville, SC Brasil), cuja aparência e consistência eram
semelhantes às dos agentes clareadores e não podia ser facilmente identificado
pelos voluntários. Através do estudo, verificaram que o clareamento dental com
peróxido de carbamida a 37%, clareamento caseiro com peróxido de carbamida a
10% e a combinação de ambas as técnicas reduziu a microdureza do esmalte em
um baixo grau de perda mineral, não significativo clinicamente.
Lee et al.20 em 2006, investigaram o efeito de um agente clareador a
base de peróxido de hidrogênio 30%, na perda mineral do esmalte dental de
bovinos. O conteúdo mineral nos dentes foi medido através de uma microssonda
eletrônica. A quantidade de perda de Ca do esmalte clareado após 120 h foi
semelhante para o valor da perda de Ca em dentes expostos a um refrigerante ou
suco por alguns minutos. Concluíram, assim, que a perda mineral causada pelo
processo clareador pode não ser um fator ameaçador para os dentes.
Maia et al.24 em 2008, em um estudo, in situ, e Sasaki et al.35 em
2009, em um estudo, in vitro, verificaram a influência de dois agentes clareadores de
uso doméstico (peróxido de carbamida 10% e peróxido de hidrogênio 7,5%) na
microdureza do esmalte, no final do tratamento clareador realizado conforme
recomendado pelos fabricantes dos produtos. Após a análise dos dados os
resultados sugeriram que os agentes clareadores, uso caseiro, testados não
- 19 -
alteraram a microdureza do superficial do esmalte, acrescentaram que eles podem
mudar a micromorfologia da superfície do esmalte, embora não foram observadas
alterações na microdureza.
Joiner,16 em 2007, desenvolveu um estudo de revisão de literatura
com o intuito de resumir o material científico disponível sobre os efeitos dos produtos
à base de peróxido, com agentes clareadores, no esmalte e na dentina. Selecionou
88 artigos científicos, todos em inglês, completos e originais listados no ISI Web of
Science e Medline, usou para busca os termos: peróxido e esmalte ou dentina até o
final do ano de 2006. Após revisar todos estes artigos, concluiu que a maioria dos
estudos indicou que o peróxido contido em produtos e soluções não tem efeitos
significativos sobre a morfologia e química da superfície do esmalte e da dentina.
Em 2012, Davari et al.9 investigarem os efeitos de duas diferentes
concentrações de peróxido de carbamida, 10% e 22%, sobre a dureza do esmalte,
através do teste de microdureza e, também, os efeitos dos agentes remineralizantes
(Tooth Mousse (Japão, CG), MI-pasteplus (Japão, CG), dentifrício fluoretado (Crest,
Alemanha) e leite fresco (Mihan, Irão)), sobre a dureza do esmalte clareado. Os
autores concluíram que o clareamento com as concentrações de peróxido de
carbamida avaliadas não tiveram efeitos sobre microdureza do esmalte, o leite e o
creme dental fluoretado tem propensão a aumentar a dureza do esmalte.
Partindo do pressuposto de que os agentes clareadores, presentes
nos produtos OTC comercializados e utilizados livremente sem a supervisão
profissional, podem afetar a superfície do esmalte após o tratamento clareador,
tornando o poroso, Leonard et al.21 em 2005, avaliaram através de um estudo, in
vitro, o efeito das soluções de clareamento paint-on (Crest Night Effects (Procter &
Gamble, Cincinnati, OH, USA e Colgate Simply White Night (Colgate - Palmolive Co.,
Piscataway, NJ, USA), comparadas com uma solução caseira supervisionada pelo
dentista (Opalescence – peróxido de carbamida 10% (Ultradent Products, Inc., South
Jordan, UT, EUA), sobre a microdureza do esmalte, medida como números de
dureza Knoop. Concluíram que as soluções de clareamento paint-on podem afetar a
microdureza do esmalte, em comparação com um controle e solução de peróxido de
carbamida 10% e que os consumidores devem estar cientes deste efeito no esmalte.
Soldani et al.38 em 2010, desenvolveram um estudo, in situ, para
avaliar os efeitos de diferentes sistemas clareadores e seus agentes espessantes na
microdureza do esmalte dental humano (peróxido de carbamida 10% com carbopol
- 20 -
como agente espessante; peróxido de carbamida 10% com poloxâmero como
agente espessante e tiras de peróxido de hidrogênio 6,5%). Após a análise dos
dados apenas o tempo mostrou uma diferença estatisticamente significativa, todos
os tratamentos reduziram a microdureza do esmalte durante o tratamento, esta
redução pode ser esperada, clinicamente, após o clareamento dentário.
Em 2013, Araújo et al.3 realizaram um estudo, in vitro, para avaliar os
efeitos do peróxido de hidrogênio, peróxido de carbamida e bicarbonato de sódio
contidos nas formulações de dentifrícios, sobre o esmalte do dente humano
(Rembrandt - peróxido de carbamida (Den-Mat Corporation, Santa Maria, CA, USA),
Mentadent - peróxido de hidrogênio (Chesebrough Pond‟s USA Co., Oral Division,
Greenwich, CT, USA) e o produto abrasivo Colgate - bicarbonato de sódio (Colgate-
Palmolive Company, S. Paulo, Brazil). Concluíram que o peróxido de hidrogênio e o
peróxido de carbamida foram eficazes agentes clareadores, mas produziram lesões
na superfície do esmalte com diferentes graus de severidade, o creme dental com
peróxido de carbamida produziu lesões com menor gravidade, enquanto as maiores
seqüelas foram associadas à exposição ao peróxido de hidrogênio.
Há autores que não encontraram efeitos deletérios significativos na
estrutura dental provocada por produtos OTC. Nucci et al.29 em 2004, avaliaram o
efeito de dois produtos clareadores comercialmente disponíveis (AZ Whitestrips -
peróxido de hidrogênio 6% (Procter & Gambie e Platinum TWS) - peróxido de
carbamida 10% (Colgate Oral Pharmaceuticals)) na superfície do esmalte,
verificaram se havia ou não alteração significativa e concluíram que o tratamento
realizado com os dois agentes clareadores não apresentou efeitos adversos na
superfície do esmalte.
Toteda et al.40 em 2012, através de um estudo, in vitro, avaliaram o
efeito do uso prolongado de um gel de peróxido de hidrogênio 6% (Xtra White) na
microdureza do esmalte dentário humano, durante 8 semanas de uso do produto e
concluíram que o creme Xtra White não tem quaisquer efeitos deletérios sobre a
microdureza do esmalte humano após um tratamento prolongado de 8 semanas com
o produto.
Potgieter, Osman & Grobler,33 em 2014, realizaram um estudo, in
vitro, para verificar o efeito de três enxaguatórios bucais clareadores OTC (Colgate
Plax Whitening (Colgate-Palmolive, Brasil), White Glo 2 em 1 (Sunpac Ltd, Gauteng,
África do Sul) e Plus White (CCA Industries Inc, EUA) na microdureza (medidor de
- 21 -
dureza digital (Zwick Roell Indentec, ZHV; Indentec Reino Unido) do esmalte
humano. Através do estudo puderam concluir que o Colgate Plax e White Glo
diminuíram a microdureza do esmalte, um sinal precoce de danos esmalte, mas não
de forma significativa, assim, os três enxaguatórios bucais clareadores testados não
danificaram o esmalte dentário de forma significativa, quando utilizados como
recomendado pelos fabricantes. No entanto, o prolongamento do período de uso e o
aumento na freqüência de aplicações diminuirão o tempo em que os dentes ficam
em contato com a saliva e reduzirão, assim, os efeitos da remineralização que
aumentarão as chances de danos significativos ao esmalte. Na literatura não há
estudos suficientes para se afirmar que os produtos OTC são seguros e não
provocam efeitos deletérios.10
Estudos indicaram3,7,27,30,13 que podem haver efeitos relevantes e
significativos clinicamente sobre o esmalte e subseqüente perda de dentina,
causados por desafios erosivos ácidos, abrasão de cremes dentais e outros tipos de
produtos OTC associados ao tratamento clareador convencional. Diante da
disponibilidade e acesso fácil à estes produtos, existe o potencial uso abusivo dos
produtos OTC que pode provocar efeitos nocivos.10
Assim, devido ao fácil acesso e disponibilidade os cremes dentais e
os enxaguatórios clareadores podem ser utilizados diariamente, deve se considerar
que eles podem ser utilizados, por exemplo, durante ou após tratamento clareador
convencional com a intenção de potencializar seu efeito. O uso concomitante de
cremes dentais clareadores durante o procedimentos de clareamento caseiro
supostamente aumenta a rugosidade do esmalte dental, já que há uma alta
concentração de abrasivos em suas formulações, que podem levar a um aumento no
desgaste do esmalte e da dentina. Hilgenberg et al.13 em 2011, realizaram um
estudo para avaliar as características físico-químicas dos dentifrícios clareadores
(Close-up Whiteninge Sensodyne Branqueador), por determinação do seu efeito
sobre a superfície do esmalte de dentes bovino, após o tratamento por um agente de
clareamento (peróxido de carbamida 16% (Whiteness Perfect, FGM, Joinvile,
Brasil)), as rugosidades médias foram obtidas por um perfilômetro digital (Surf test
301, Mitutoyo Sul Americana, Suzano, Brasil). Todos os cremes dentais
(clareamento e controle) promoveram alterações na superfície do esmalte,
provavelmente através da utilização de um agente de clareamento.
- 22 -
Bolay, Cakir & Gurgan,7 em 2012, avaliaram, em um estudo, in vitro,
os efeitos da escovação com os dentifrícios abrasivos (Colgate Total) e dentifrícios
clareadores com flúor (Natural White) na superfície do esmalte humano, clareado
(peróxido de carbamida 10% - Opalescence) e não clareado, na rugosidade de
superfície (analisada com um perfilômetro) e microdureza. Os resultados foram
analisados e revelaram que todos os grupos mostraram um aumento na rugosidade
superficial. Assim, concluíram que os procedimentos de escovação aumentaram a
rugosidade de superfície do esmalte e que o tratamento clareador quando realizado
juntamente com escovação com dentifrício clareador causa uma diminuição dos
valores da microdureza e da rugosidade de superfície do esmalte dentário.
Özkan et al.30 em 2013, fizeram um estudo, in vitro, para avaliar a
rugosidade superficial (perfilômetro (Mahr Perthometer M2, Mahr Gmb H, Gottingen,
Alemanha) do esmalte clareado com peróxido de carbamida a 10% ou peróxido de
hidrogênio 10% em diferentes momentos e também submetida a diferentes
tratamentos de limpeza superficial (cremes dentais Ipana, Clinomyn, Moos Dent,
Signal e Colgate). Concluíram que o tratamento com peróxido de hidrogênio e de
carbamida 10%, não alterou a rugosidade da superfície do esmalte, mas quando o
tratamento foi realizado combinado à dentifrícios abrasivos, um aumento significativo
nos valores de rugosidade foi observado.
Melo, Manfroi & Spohr,27 em 2014, desenvolveram um estudo, in
situ, para avaliar a microdureza e a rugosidade de superfície do esmalte clareado
com peróxido de carbamida 10% e escovado com diferentes dentifrícios (Colgate
Máxima Proteção Anticáries (R), Colgate Total 12 Whiteness Gel (W) e Colgate
Whitening Oxygen Bubbles Fluoride (BS)). Após a análise dos resultados, eles
concluíram que o efeito combinado de peróxido de carbamida 10% e os dentifrícios
causou um aumento significativo na rugosidade de superfície e uma diminuição na
microdureza do esmalte.
- 23 -
3 PROPOSIÇÃO
Objetivo geral
O objetivo deste estudo foi avaliar a efetividade clareadora de
diferentes técnicas de clareamento e seus efeitos na superfície do esmalte dentário.
Objetivos específicos
Avaliar a alteração de cor após o clareamento com as técnicas de
clareamento caseiro, de consultório, com enxaguatórios bucais clareadores e da
associação das técnicas;
Avaliar a desmineralização superficial do esmalte dental após a
execução das técnicas de clareamento;
Avaliar a rugosidade superficial do esmalte dental após as diferentes
técnicas de clareamento.
- 24 -
4 MATERIAL E MÉTODOS
4.1 Preparo das amostras
Este estudo foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade Norte do Paraná previamente à realização do mesmo (Parecer
579.916; ANEXO). Foram selecionados terceiros molares humanos extraídos,
previamente armazenados em água destilada e congelados. Para o preparo das
amostras, os dentes foram limpos com cureta periodontal, seguido de profilaxia com
pedra-pomes e água com escova Robinson em baixa rotação, armazenados em
água destilada por 48 horas antes do experimento, em estufa, à 37ᵒC.
Todos os dentes foram avaliados com lupa estereoscópica com
aumento de 40x (Bel Photonics, Bel Microimage Analyser, Monza, Itália), para
verificar a integridade dos dentes; dentes com defeitos de esmalte, presença de
cáries, trincas e/ou fraturas foram descartados do estudo.
Os dentes tiveram suas raízes seccionadas 2 mm abaixo da linha
amelo-dentinária através de um disco diamantado dupla face sob constante
irrigação, com uma peça de mão (Kavo, SP, Brasil) em baixa velocidade (Figura 1),
as coroas foram divididas ao meio no sentido mesio distal (Figura 2) e desgastadas
até a obtenção de 150 blocos de 7x4x7 mm. Inicialmente, os blocos foram fixados
com cera pegajosa em discos de acrílico, com a superfície da dentina voltada para
cima e lixados por 40 segundos com uma lixa abrasiva de óxido de alumínio de
granulação 180 (3M ESPE), em alta velocidade na politriz elétrica (Arotec S/A Ind. e
Comércio). Na seqüencia, as amostras tiveram a superfície do esmalte dental virada
para cima, fixadas com a cera (Figura 3) e foram submetidas a um polimento
seqüencial, em baixa velocidade, com lixas abrasivas de óxido de alumínio (3M
ESPE) e disco de feltro (Arotec S/A Ind. e Comércio) (Figura 4), em baixa
velocidade, da seguinte forma: por 1,5 minutos com a lixa de granulação 320; 1,5
minutos com a lixa 600; 2 minutos com a lixa 1200 e mais 2 minutos com a lixa 2000;
por fim foram polidas com pano de feltro para acabamento final e pasta diamantada
- 25 -
1µm, por 5 minutos. Após o polimentos, foram limpas em ultrassom, por 10 minutos.
(Figura 5)
Antes da separação dos grupos, as amostras foram analisadas
quanto à cor, microdureza e rugosidade (baseline). Foi calculada a média geral de
microdureza e os blocos que apresentavam valores abaixo e acima de 10% da
média foram descartados do estudo, desta forma obteve-se 108 blocos dentários
que foram divididos em 9 grupos experimentais (n=12).
Figura 1 - Secção das raízes, 2 mm abaixo da linha amelo-dentinária, com disco
diamantado dupla face
Fonte: Da autora (2016)
- 26 -
Figura 2 - Coroas divididas ao meio no sentido mesio distal
Fonte: Da autora (2016)
Figura 3 - Amostra fixada com cera pegajosa em disco de acrílico
Fonte: Da autora (2016)
- 27 -
Figura 4 - Polimento seqüencial das amostras em politriz elétrica (Arotec)
Fonte: Da autora (2016)
Figura 5 - Limpeza das amostras em cuba ultrassônica
Fonte: Da autora (2016)
- 28 -
4.2 Avaliação da cor inicial
Para a realização da leitura de cor antes do tratamento clareador de cada
fragmento, foi utilizado o espectrofotômetro de reflectância Easy Shade® Advance
(VITA Zahnfabrik, Bad Säckingen, Germany) previamente calibrado de acordo com
as instruções do fabricante (Figura 6). O espectrofotômetro Easy Shade mensura a
cor dentro da escala Vita Clássica e gera um valor dentro do espaço de cor
CIELab2,14,15,16,17,18,19,32 baseado em coloração dentro dos padrões da Norma
DIN 6174 (1979), onde L = medida de luminosidade ou claridade e um objeto com
variação de 0 a 100, a = distância não-linear entre o vermelho/verde e b = distância
não-linear entre o amarelo/azul. Os fragmentos foram posicionados com o auxílio de
um guia, para que ficasse padronizado o posicionamento da amostra durante a
mensuração da cor e a ponta do aparelho fosse direcionada sobre a amostra, em o
ambiente de luz padronizado.
A cor, os valores e as coordenadas L*, a* e b* foram avaliadas por 3
vezes em cada amostra e média dos 3 valores foi utilizada para a obtenção do ΔL e
ΔE (diferença total de cor)2,14,15,16,17,18, 19, 32. Assim a estabilidade de cor foi
determinada pela diferença (ΔE) entre as coordenadas obtidas das amostras antes e
após o tratamento clareador e posterior análise estatística.
Figura 6 - Espectrofotômetro de Reflectância Easy Shade® Advance
Fonte: Da autora (2016)
- 29 -
4.3 Teste de microdureza Knoop
Antes de se iniciar os tratamentos clareadores, a leitura de
microdureza do esmalte de toadas as amostras foi realizada através do
microdurômetro Shimadzu (HMV-G 21S, Shimadzu Corporation, Japão) acoplado a
um microcomputador, com software específico, que fez a análise das imagens e
forneceu os valores da microdureza de cada uma das amostras (Figura 7).
Para a leitura, foi utilizado um penetrador diamantado piramidal, tipo
Knoop, com carga estática de 25 gramas, aplicada por 10 segundos,3 em cada
amostra foram realizadas 3 indentações com 100 μm de distância entre as mesmas.
As indentações foram realizadas no centro dos fragmentos (através de um marco
inicial, vértice superior esquerdo: 1500 μm no plano horizontal e 1500 μm no plano
vertical em que foi realizada a primeira indentação), após obtenção da imagem da
dureza Knoop na tela, as linhas de medidas foram ajustadas para determinar o
comprimento da maior diagonal da imagem e, assim, os valores em Knoop foram
obtidos para cada indentação. A média dos valores das 3 indentações de cada
amostra a representou e foi utilizada com baseline.
Figura 7 - Teste de microdureza Knoop no Microdurômetro Shimadzu
Fonte: Da autora (2016)
- 30 -
4.4 Teste da rugosidade inicial
As amostras foram submetidas à leitura da rugosidade superficial,
em três diferentes direções (vertical, horizontal e transversal), pelo rugosímetro (SJ-
410, Mitutoyo, Japão) previamente ao tratamento clareador. A superfície de cada
amostra foi analisada em uma extensão de 0,25 mm, em uma velocidade de
0,01mm/seg, por três vezes. Assim, foi obtida a média da rugosidade superficial em
Ra (μm), que representa a média aritmética do tamanho dos picos e vales
encontrados durante a varredura superficial, para cada uma das três leituras da
amostra. Na seqüência foi calculada a média das três medidas que representou a
amostra no baseline (Figura 8).
Figura 8 - Rugosímetro Mituoyo
Fonte: Da autora (2016)
4.5 Divisão dos grupos experimentais e tratamento clareador
Após as análises iniciais, as amostras foram aleatorizadas e
divididas em 9 grupos experimentais (n=12) de acordo com o tratamento realizado e
as instruções dos fabricantes (Tabela 1):
- 31 -
• Grupo 1 – Clareamento com peróxido de hidrogênio a 38% (PH
38%) - Opalescence Boost (Ultradent Products Inc., SP, Brasil): o gel clareador foi
aplicado sobre a superfície do esmalte, aproximadamente 2 mm de espessura
(Figura 9) e as amostras foram levadas à estufa 37°C, durante 15 minutos; em
seguida, todo o gel foi removido em água corrente, as amostra foram secas com
papel absorvente e o gel reaplicado por mais duas vezes, de 15 minutos cada e
mantidas na estufa à 37°C, durante o tempo do tratamento. O procedimento foi
repetido por duas vezes, com um intervalo de uma semana entre eles, a fim de
simular 3 sessões de clareamento em consultório. Durante o intervalo as amostras
foram armazenadas em água destilada à 37ºC.
Figura 9 - Gel de PH 38%
Fonte: Da autora (2016)
• Grupo 2 – Clareamento com peróxido de carbamida a 10% (PC
10%) - Opalescence PF 10% (Ultradent Products Inc., SP, Brasil): foram
confeccionadas moldeiras de acetato personalizadas para cada uma das amostras
(Figura 10), o gel foi aplicado (aproximadamente 2 mm) sobre a superfície do
esmalte e a moldeira posicionada por 6 horas/dia, em estufa à 37°C. Nas demais 18
horas/dia as amostras foram armazenadas em água destilada a 37°C, durante os 15
- 32 -
dias do tratamento. As amostras foram escovadas com creme dental convencional
antes e após o período de 6 horas;
Figura 10 - Gel de PC 10%, amostra e moldeira individual de acetato
Fonte: Da autora (2016)
• Grupo 3 – Associação do clareamento com peróxido de hidrogênio
a 38% (PH 38%) - Opalescence Boost ao enxaguatório bucal Listerine Whitening
(LW) (peróxido de hidrogênio a 2%): após o tratamento convencional com o agente
clareador PH 38%, como descrito no grupo 1, as amostras foram imersas na solução
de enxague LW por 1 minuto (Figura 11), 2 vezes ao dia, por 12 semanas, de
acordo com o estudo de Torres et al.36 2013, seguidas de escovação com creme
dental fluoretado convencional por 2 minutos (Figura 12)
- 33 -
Figura 11 - Imersão das amostras do G3 na solução de enxague LW, após
tratamento com PH 38%
Fonte: Da autora (2016)
Figura 12 - Creme dental fluoretado e escova dental utilizados após o tratamento
Fonte: Da autora (2016)
- 34 -
• Grupo 4 – Associação do clareamento com peróxido de carbamida
10% (PC 10%) - Opalescence PF 10% ao enxaguatório bucal Listerine Whitening
(LW) (peróxido de hidrogênio a 2%): após o tratamento convencional com o agente
clareador peróxido de carbamida a 10%, como descrito no grupo 2, as amostras
foram submetidas ao tratamento com o enxaguante bucal, como no grupo 3.
• Grupo 5 – Associação do clareamento com peróxido de hidrogênio
a 38% (Ph 38%) - Opalescence Boost ao enxaguatório bucal Colgate Plax Whitening
(CPW) (peróxido de hidrogênio a 1,5%) (Figura 13): assim como no grupo 3, o
tratamento convencional de consultório foi associado ao enxaguatório bucal.
Figura 13 - Imersão das amostras do G5 na solução de enxague CPW, após
tratamento com PH 38%
Fonte: Da autora (2016)
- 35 -
• Grupo 6 – Associação do clareamento com peróxido de carbamida
10% (PC 10%) - Opalescence PF 10% ao enxaguatório bucal Colgate Plax
Whitening (CPW) (peróxido de hidrogênio a 1,5%): assim como no grupo 4, o
tratamento caseiro convencional foi associado ao enxaguatório bucal.
• Grupo 7 – Imersão na solução de enxague Listerine Whitening
(LW) (peróxido de hidrogênio a 2%) por 1 minuto,2 vezes ao dia, por 12 semanas, de
acordo com o estudo de Torres et al.36 2013, seguidas de escovação com creme
dental fluoretado convencional por 2 minutos;
• Grupo 8 – Imersão na solução de enxague Colgate Plax Whitening
(CPW) (peróxido de hidrogênio a 1,5%) por 1 minuto, 2 vezes ao dia, por 12
semanas, seguida da escovação com creme dental fluoretado convencional (2
minutos);
• Grupo 9 – Controle: as amostras foram mantidas em água
deionizada, sem serem submetidas a nenhum tipo de tratamento clareador.
Tabela 1 - Divisão dos grupos de acordo com o tratamento clareador, tempo de
aplicação e marca comercial
Grupos Tratamentos Tempo de aplicação Marca comercial
1
PH 38%
3 sessões (3 aplicações de 15min/cada)
Opalescence Boost - Ultradent
2
PC 10%
6 h / dia - 15 dias
Opalescence PF 10% - Ultradent
3
PH38% + LW
3 sessões de PH 38% +
1min / 2x dia - 12 sem
Opalescence Boost - Ultradent +
Listerine Whitening Pré-escovação
4
PC10% + LW
6 h/dia - 15 dias PC 10% +
1min / 2x dia - 12 sem
Opalescence PF 10% - Ultradent +
Listerine Whitening Pré-escovação
5
PH 38% + CPW
3 sessões de PH 38% +
1min / 2x dia - 12 sem
Opalescence Boost - Ultradent +
Colgate Plax Whitening
6
PC10% + CPW
6 h/dia - 15 dias PC 10%
+
1min / 2x dia - 12 sem
Opalescence PF 10% - Ultradent +
Colgate Plax Whitening
7
LW
1min / 2x dia - 12 sem
Listerine Whitening Pré-escovação
8
CPW
1min / 2x dia - 12 sem
Colgate PlaxWhitening
9
Controle
-----------------
Água destilada
Fonte: Da autora (2016)
- 36 -
4.6 Avaliação da cor final
A coloração final das amostras foi mensurada por meio do
espectrofotômetro da mesma maneira que na avaliação inicial. Para analisar a
alteração de cor após os procedimentos clareadores, calculou-se a variação de L*
(ΔL*), a* (Δa*) e de b* (Δb*) substraindo-se os valores obtidos na segunda leitura
dos valores obtidos na primeira tomada de cor. Depois foi calculada a variação geral
de cor através da seguinte fórmula:2,14,15,16,17,18,19,32
ΔE*= √(L*2 – L*1) + (a*2 – a*1)2 + (b*2 – b*1)
2
Onde ΔL*= diferença entre a luminosidade das amostras: L1 - L2; Δ
a* = diferença na escala a* (verde-vermelho) entre as amostras: a1 - a2; e Δ b* =
diferença na escala b* (azul-amarelo) entre as amostras: b1- b2.
4.7 Avaliação da microdureza final
Após os tratamentos clareadores, todas as amostras foram
avaliadas quanto a microdureza, da mesma maneira que na avaliação inicial, a fim
de se obter os valores finais da microdureza.
4.8 Avaliação da rugosidade final
Após os tratamentos clareadores, as amostras foram submetidas à
leitura da rugosidade superficial final, da mesma forma como descrito anteriormente,
e os valores de rugosidade final foram comparados com os valores de rugosidade
inicial.
- 37 -
4.9 Análise dos dados
Os dados foram tabulados, analisados quanto à normalidade,
através do teste Kolmogorov-Smirnov, em seguida submetidos ao teste estatístico
ANOVA (2 fatores) para microdureza e rugosidade e ANOVA (1 fator) para ΔE,
seguido do teste de Tukey. O teste de Dunnet foi utilizado para comparar o grupo
controle com os grupos tratados na avaliação da rugosidade e microdureza.
- 38 -
5 RESULTADOS
5.1 Avaliação da Alteração de Cor
A Tabela 2 descreve a média (desvio padrão) dos valores de ΔE
de acordo com as técnicas de clareamento: consultório, caseiro, com produtos OTC
e a associação das técnicas. Os dados foram avaliados através de ANOVA (1 fator),
seguido do teste de Tukey, o qual revelou diferença significante entre os tratamentos
realizados (p < 0,05).
Ao comparar os valores de ΔE dos diferentes tipos de
tratamentos (Tabela 2), observou-se que o clareamento obtido nos grupos 3, 5 e 6
apresentaram maior alteração de cor, e foram estatisticamente diferentes do grupos
7 e 8. Entretanto os grupos 3 e 6 foram estasticamente iguais aos grupos 1, 3 e 4.
Pode-se observar que quando comparados os tratamentos com
o grupo controle houve alteração de cor significativa nos grupos tratados com os
géis de peróxido de hidrogênio a 38% (Opalescence Boost) e de carbamida a 10%
(Opalescence PF 10%) e com a associação das técnicas convencionais (PH 38% e
PC 10%) com os enxaguatórios bucais, não ocorreu melhoria significativa na cor do
esmalte das amostras tratadas apenas pelos enxaguatórios bucais clareadores.
- 39 -
Tabela 2 - Descrição dos valores médios (desvio padrão) de alteração de cor (ΔE),
de acordo com o as técnicas de clareamento
Tratamentos ΔE (desvio padrão)
1. PH 38% 9,51 (2,20) b c*
2. PC 10% 13,15 (4,5) a b*
3. PH 38% + LW 12,02 (4,70) b*
4. PC 10% + LW 9,75 (4,70) b c*
5. PH 38% + CPW 17,84 (4,30) a*
6. PC 10% + CPW 14,20 (4,40) a b*
7. LW 6,08 (2,50) c d
8. CPW 3,66 (2,00) d
9. Controle 4,70 (4,40)
Medias seguidas por letras distintas diferem estatisticamente através do teste de Tukey (p<0,05) * Difere estatisticamente do Grupo Controle pelo teste de Dunnet (p<0,05).
Fonte: Da autora (2016)
5.2 Microdureza
A Tabela 3 descreve os valores médios e (desvio padrão) de
microdureza Knoop (KHN) antes e após os tratamentos clareadores. Os dados foram
submetidos à ANOVA (2 fatores), considerando os fatores tratamento e tempo de
avaliação. Como a análise de variância identificou diferença entre os grupos
(p<0,05), os dados foram submetidos ao teste de Tukey que, por sua vez, encontrou
diferenças significantes para os fatores tratamento (p<0,0001) e tempo (p<0,0001)
como também na interação entre eles (p<0,0001). O grupo controle foi comparado
aos grupos tratados através do teste de Dunnet (p<0,05).
Observou-se ao comparar cada tratamento antes e após a ação
dos agentes clareadores que todos os grupos, exceto o grupo 7 tratado com o
enxaguatório bucal LW, apresentaram alterações significativas na microdureza.
- 40 -
Porém, todos os grupos diferiram do grupo controle, após a realização dos
tratamentos.
O grupo tratado com o enxaguatório LW foi o que apresentou
maior valor de microdureza no tempo 2 e este foi estatisticamente diferente dos
demais grupos.; os grupos PH 38%, PC 10%, PH 38% + LW, PC10% + LW e CPW
apresentaram alterações iguais no tempo 2 e foram diferentes dos grupos tratados
com PH 38% + CPW e PC 10% + CPW, que apresentaram os menores valores de
microdureza.
Tabela 3 - Médias (desvio padrão) de microdureza superficial (KHN), de acordo com
tratamento clareador e tempo de avaliação (n=12).
Tratamentos Tempo de avaliação
Antes Depois
1. PH 38% 328,33 (7,16) A a 252,64 (23,18) *B b
2. PC 10% 324,65 (11,56) A a 234,57 (7,68) *B b c
3. PH38% +LW 320,59 (27,68) A a 280,75 (25,01) *B c
4. PC10% + LW 314,69 (26,51) A a 226,75 (34,57) *B b c
5. PH 38% + CPW 315,94 (19,69) A a 129,53 (21,48) *B d
6. PC10% + CPW 328,72 (13,86) A a 148,66 (36,66) *B d
7. LW 318,52 (29,15) A a 298,42 (21,56) *A a
8. CPW 325,57 (15,06) A a 242,28 (36,46) *B b c
9. Controle 326,46 (12,06)
Médias seguidas de letras maiúsculas (linhas) comparam cada tratamento nos tempos antes e depois pelo teste de Tukey (p<0,05) Médias seguidas de letras minúsculas (colunas) comparam cada tempo de avaliação nos diferentes tratamentos pelo teste de Tukey (p<0,05). * Difere estatisticamente do Grupo Controle pelo Teste de Dunnet (p<0,05).
Fonte: Da autora (2016)
- 41 -
5.3 Rugosidade
Os valores médios e desvio padrão da rugosidade, antes e após os
tratamentos clareadores estão apresentados na Tabela 4. Os dados foram
submetidos à ANOVA (2 fatores), considerando os fatores tratamento e tempo de
avaliação. Como a ANOVA identificou diferença estatisticamente significante entre
os grupos (p<0,05), os dados foram submetidos ao teste de Tukey, o qual revelou
diferença significante para os fatores tratamento (p<0,0001), tempo (p<0,0001) e a
interação entre eles (p<0,0001). O grupo controle foi comparado aos demais através
do teste de Dunnet (p<0,05).
Pela interpretação dos resultados, pode-se perceber que após a
finalização dos tratamentos clareadores todos os grupos apresentaram alterações
significativas na rugosidade de superfície, com exceção do grupo 1, tratado com o
gel de PH 38%. Além disso, os G1(PH 38%) e G2 (PC 10%) não apresentaram
diferença significativa do grupo controle e após o tratamento clareador; no tempo
inicial (antes do tratamento clareador) todos os foram iguais estatisticamente.
O grupo 5 tratado com a associação do PH 38% + CPW, foi o
grupo que apresentou maior valor de rugosidade, após o término do tratamento,
porém foi estatisticamente igual aos grupos: G3 (PH 38% + LW), G4 (PC 10% +
LW), G6 (PC 10% + CPW) e G8 (CPW), mas diferiu dos G1 (PH 38%), G2 (PC 10%)
e G7 (LW).
Os grupos tratados com PH 38% e PC 10% foram iguais entre
si, entretanto, diferentes estatisticamente dos demais.
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Tabela 4 - Descrição dos valores da médios (desvio padrão) da rugosidade
superficial, de acordo com os grupos experimentais e tempo de avaliação (n=12)
Tratamentos Tempo de avaliação
Antes Depois
1. PH 38% 0,037 (0,014) A a 0,047 (0,024) A c
2. PC 10% 0,030 (0,008) B a 0,050 (0,012) A c
3. PH 38% + LW 0,029 (0,008) B a 0,183 (0,033) A a b *
4. PC 10% + LW 0,027 (0,010) B a 0,163 (0,037) A a b *
5. PH 38% + CPW 0,031 (0,013) B a 0,208 (0,115) A a *
6. PC10% + CPW 0,044 (0,033) B a 0,201 (0,019) A a b *
7. LW 0,025 (0,012) B a 0,133 (0,027) A b *
8. CPW 0,033 (0,021) B a 0,194 (0,023) A a b*
9. Controle 0,031 (0,0130)
Médias seguidas de letras maiúsculas (linhas) comparam cada tratamento nos tempos antes e depois pelo teste de Tukey (p<0,05) Médias seguidas de letras minúsculas (colunas) comparam cada tempo de avaliação nos diferentes tratamentos pelo teste de Tukey (p<0,05). * Difere estatisticamente do Grupo Controle pelo Teste de Dunnet (p<0,05).
Fonte: Da autora (2016)
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6 DISCUSSÃO
De acordo com os resultados apresentados, observou-se que os
grupos que receberam os tratamentos convencionais com os géis de PH 38%
(Opalescence Boost) e PC 10% (Opalescence PF 10%) apresentaram uma diferença
significativa na alteração de cor, quando comparados aos grupos tratados com os
produtos OTC. Entretanto o contrário foi observado para os grupos tratados com os
enxaguatórios (LW e CPW), assim como para o grupo controle. Tais dados
corroboram com os estudos de Jaime et al.15 e Karadas e Hatipoglu 17 os quais
compararam os efeitos clareadores dos enxaguatórios bucais Listerine Whitening e
Colgate Plax Whitening com os do peróxido de carbamida a 10%. Os resultados
demonstram que os tratamentos convencionais são mais eficazes quanto às
alterações de cor em relação aos tratamentos feitos apenas com produtos OTC.
Demarco, Meireles & Masotti,10 através de uma revisão bibliográfica, justificaram que
os enxaguatórios por terem níveis mais baixos de agentes clareadores, podem
produzir um efeito clareador, porém não significativo clinicamente.
Por outro lado, os estudos feitos por Torres et al.39 contradizem
os resultados encontrados no presente estudo, uma vez que eles relataram que uso
dos enxaguatórios bucais, Listerine e Colgate Plax Whitening, durante 12 semanas
apresentaram alteração de cor semelhante à do tratamento realizado com o gel
clareador de peróxido de carbamida 10%. Os pesquisadores ressaltaram que
mesmo apresentando semelhança clínica na eficácia clareadora, a diluição dos
enxaguatórios bucais pela presença de saliva pode alterar seu efeito clareador. Lima
et al.23 demonstraram que o tratamento das amostras com os enxaguatórios bucais
Listerine Whitening e Colgate Plax Whitening promoveu efeito clareador, ao
comparar as cores das amostras antes e após o tratamento com os enxaguatórios e
o grupo controle, mas neste estudo os enxaguatórios não foram comparados aos
tratamentos convencionais.
Heymann,12 em 2005, e Karadas e Duymus18, em 2015,
verificaram que os resultados finais entre os tratamentos convencionais e os
realizados com produtos OTC podem ser potencialmente os mesmos, mas em seus
estudos o clareamento convencional (PC 10%) foi comparado a outra forma de
apresentação dos produtos OTC, às tiras clareadoras e não aos enxaguatórios
- 44 -
bucais. Heymann12 ainda afirmou que tal semelhança é possível uma vez que os
mecanismos de ação são equivalentes: oxidação de pigmentos orgânicos ou
cromogênicos no dente, mas que se deve considerar que algumas abordagens de
clareamento são mais rápidas que as outras, devido as diferenças na concentração
ou tempo de exposição.
Diante do fácil acesso aos produtos OTC, há a possibilidade de
um potencial uso abusivo. Eles podem ser utilizados diariamente, inclusive durante
ou após tratamentos clareadores convencionais, a fim de potencializar seu efeito10.
Este prolongamento do período de uso e até o aumento na freqüência de aplicações
diminuem o tempo em que os dentes ficam em contato com a saliva e reduzem os
efeitos da remineralização, assim, aumentam as chances de danos significativos ao
esmalte.33
As associações de ambas as formas de tratamento, técnicas de
tratamento convencionais, de consultório e caseiro, com os produtos OTC
apresentaram alteração significativa na cor das amostras, especialmente as
associadas ao CPW, ou seja, potencializaram o efeito clareador promovido pelos
tratamentos convencionais. Segundo Araújo et al.3 a associação do tratamento
clareador à produtos ácidos, no caso do presente estudo o enxaguatório Colgate
Plax Whitening, suscita preocupações sobre o efeito que hábitos poderiam gerar na
superfície do esmalte, quando combinados com os agentes clareadores; Lima et
al.23 ressaltaram que o efeito clareador do Colgate Plax Whitening pode ser devido
ao seu pH baixo, em torno de 3,4 e que possivelmente pode causar efeitos
deletérios ao esmalte. No presente estudo os grupos tratados com o enxaguatório
bucal Colgate Plax Whitening apresentaram altos valores de rugosidade de
superfície, corroborando com os estudos de Lima et al23.
Ao investigar a influência dos diferentes tratamentos clareadores
na superfície do esmalte, ou seja, diminuição na microdureza e aumento na
rugosidade de superfície, observou-se que o gel clareador com alta concentração de
agente clareador, PH 38% (Opalescence Boost), utilizado com um tempo de
aplicação mais curto (apenas 3 sessões de 45 minutos), não provocou quaisquer
efeito sobre a rugosidade de superfície do esmalte e, apesar de promover alteração
na microdureza, esta foi menor que a promovida pelas associações das técnicas.
Estes achados são coincidentes com os de Cvikl, Lussi e Flury8 os quais afirmaram
que uma concentração mais elevada de agentes clareadores aplicados por um
- 45 -
período mais curto pode ser menos prejudicial ao esmalte e eficaz no clareamento
dentário e de acordo com Matis e Cochran26 e Soares et al.37 concentrações mais
altas dos géis têm sido preconizadas com intuito de se obter um resultado mais
rápido e um menor tempo de tratamento. Hirata14 e Kishta-Derani et al.19 afirmaram
que quanto maior a concentração de agentes clareadores, maior serão seus efeitos
em menor tempo de tratamento. Bistey et al., (6) e Potgierter, Osman e Grobler (33),
relataram que quanto maior o tempo de exposição do esmalte ao agente clareador,
maior será o dano sofrido por ele. Por outro lado algumas pesquisas, tais como a de
Soares et al.37 afirmaram que quanto maior a concentração do agente clareador,
maior será o dano, o que entra em desacordo com os resultados encontrados neste
estudo.
Em compensação, a associação das técnicas convencionais
com o enxaguatório bucal Colgate Plax Whitening foram os tratamentos que mais
apresentaram as alterações mais severas de rugosidade de superfície e
potencializaram a diminuição da microdureza quando comparadas aos tratamentos
realizados com os enxaguatórios bucais e os convencionais sem associações. Estes
resultados são compatíveis com os estudos de Araújo et al.3 Bolay, Cakir e Gurgan,7
Hilgenberg et al.13 Özkan et al.30 Melo, Manfroi e Spohr27 que afirmaram que
quando os tratamentos convencionais com peróxido de hidrogênio e de carbamida
são associados à substâncias ácidas ou abrasivas provocam alterações
significativas na estrutura do esmalte e o enxaguatório bucal CPW por ter um pH
ácido de 3,4 que pode provocar danos à estrutura dental; portanto deve ser utilizado
com cautela.23 Hilgenberg et al.13 em 2011, Bolay, Cakir & Gurgan,7 Özkan et al.30 e
Melo, Manfroi & Spohr,27 em 2014 corroboraram com este estudo ao afirmarem que
o tratamento clareador quando realizado juntamente com produtos OTC, os quais
contem agentes clareadores em sua composição, podem ser prejudicial e
ressaltaram a importância de se conhecer os hábitos dos pacientes que devem ser
alertados quanto aos riscos que a associação da técnicas.
. Em relação aos produtos OTC, observou-se que os grupos
tratados com CPW provocaram danos na superfície do esmalte, alteram tanto a
microdureza quanto a rugosidade de superfície e estes resultados concordam com
os estudos de Araújo et al.3 Leonard et al.21 e Soldani et al.38 que encontraram
alterações significativas na estrutura do esmalte dentário após o tratamento com
produtos OTC, mas em seus estudos foram avaliados diferentes apresentações dos
- 46 -
produtos, tiras, paint-on e dentifrícios. O grupo tratado com o enxaguatório Listerine
Whitening não promoveu alteração na microdureza do esmate dentário, resultado
que corrobora com os estudos de Nucci et al.29 Toteda et al.40 e Potgieter, Osmar e
Grobler33 os quais não encontraram alterações significativas na estrutura após os
tratamentos com os produtos OTC (tiras, paint-on e enxaguatórios), porém
Potgieter, Osmar e Grobler33 alertaram que o uso prolongado ou a maior freqüência
de aplicação diminuem o tempo de contato dos dentes com a saliva, o que pode
diminuir os efeitos da remineralização e aumentar as chances de danos ao esmalte.
Assim, os resultados indicam que os tratamentos convencionais
são eficazes e fica claro sua maior efetividade quando comparados aos
enxaguatórios bucais clareadores (OTC). A associação das técnicas (convencionais
+ OTC) não potencializaram o efeito clareador dos tratamentos convencionais, mas
aumentaram os danos que estes causam ao esmalte dental. A utilização do agente
clareador em maior concentração com número menor de aplicações, por menos
tempo seria interessante, pois provocaria menos efeitos colaterais deletérios ao
esmalte dentário, reduziria o tempo de tratamento e os custos.
- 47 -
7 CONCLUSÕES
De acordo com os resultados obtidos pôde-se concluir que:
Os géis clareadores que contêm peróxido de carbamida a 10% e peróxido de
hidrogênio a 38% em sua composição foram eficazes no clareamento do
esmalte dental humano;
Os enxaguatórios bucais clareadores não apresentaram eficácia no
clareamento;
Associação dos tratamentos com os géis de peróxido e os enxaguatórios
bucais clareadores potencializou o efeito clareador dos géis e aumentou os
efeitos nocivos à superfície do esmalte dentário;
Tratamento realizado com o enxaguatório Listerine Whitening foi o único que
não apresentou alteração significativa na microdureza do esmalte dental;
Tratamento realizado com o gel de peróxido de hidrogênio a 38% foi o único
que não alterou a rugosidade superficial do esmalte dental após o
tratamento.
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ANEXO
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