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Oficina de introdução a linguagem das histórias em quadrinhos
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WWW.ARTELIVREPARATODOS.BLOGSPOT.COM
Introdução ao mundo das histórias em
quadrinhos Uma expressão livre ao alcance de todos
Autor: João Pinheiro
Introdução à linguagem da arte sequencial.
Introdução
O desenhar tem sido através dos tempos uma capacidade natural de todo ser
humano. Desde a pré-história o homem se comunica através do desenho. Foi a partir
da representação que o homem fez da natureza que se desenvolveu a linguagem
escrita.
O desenho está em tudo a nossa volta, numa cadeira, num talher, na nossa
vestimenta... Tudo passa antes pela mão de um profissional do desenho.
Quando criança as nossas experiências de aprendizado ocorrem primeiramente
através de nossos sentidos: tato, olfato e paladar, mas logo esses sentidos são
superados pelo plano icônico. A enorme quantidade de informações que a visão nos
traz passa a ser nossa maior fonte de aprendizado. Talvez por isso, nossa primeira
forma de expressão além da oral se dê através do desenho. O desenho está
intimamente ligado ao processo de ver e para os analfabetos a linguagem falada, a
imagem e o símbolo continuam sendo os principais meios de comunicação.
Porém, mesmo com toda a importância da imagem no nosso cotidiano, a
educação, de maneira geral, persiste exclusivamente no modo verbal de ensino,
deixando de explorar a linguagem visual, parecendo não admitir o caráter esmagador
da comunicação não verbal na vida de uma criança. Toda criança desenha, até
ingressar na escola. A partir da inserção da criança na escola ela é desestimulada a
continuar explorando a linguagem visual, deixando de aprimorar essa inteligência.
Para todo ser humano que enxerga, essa capacidade se dá naturalmente sem
esforço algum, o que leva à conclusão falsa de que não necessitamos aprimorar nossa
capacidade de visualizar. Dito isso, proponho a seguinte questão, já levantada por
Donis A. Dondis em seu livro “Sintaxe da linguagem visual”: quantos de nós veem?
Podemos pensar no ver de várias formas: perceber, compreender, contemplar,
observar, descobrir, reconhecer, visualizar, examinar, ler, olhar... No entanto, quantos
de nós desenvolvemos acuidade de leitura visual de tal forma a extrair dos textos
iconográficos as mensagens simples ou complexas que eles veiculam? Provavelmente
muito poucos. Isso ocorre porque nos processos de ensino-aprendizagem formais falta
ensino do alfabeto visual, base para o desenvolvimento de habilidades que ele faculta.
Porém, cabe não só aos criadores profissionais (designers, paisagistas,
quadrinistas pintores, escultores, cineastas) compreender a sintaxe da linguagem
visual, muito pelo contrário, numa época em que os textos visuais se multiplicam
acelerando a comunicação vertiginosamente, habilitar-se na leitura visual – que tem
interface com as linguagens audiovisuais – é condição essencial da inclusão simbólica
necessária à plena cidadania.
A presente oficina busca, coerente com essa constatação, contribuir para a
formação de um público leitor de textos visuais autônomo e crítico, capaz de extrair
das histórias em quadrinhos as mensagens explícitas e as implícitas, frequentemente
as mais decisivas.
Objetivo
A idéia principal da oficina é, mediante a exploração, análise e definição, estudar
parte da sintaxe visual aplicada às histórias em quadrinhos, de modo a formar um
público autônomo e crítico em face desse gênero.
Para tanto, dominar certas técnicas de produção auxilia na apreensão da sintaxe e
no entendimento das mensagens veiculadas.
A partir apenas de papel e lápis, e da experiência individual de cada participante, é
possível criar histórias em quadrinhos em que idéias, emoções e sentimentos ganham
corpo e se convertem em meio de comunicação e aproximação das pessoas, que
quanto melhor se expressam, mais criam vínculo duradouro umas com as outras. Ao
libertar sua criatividade e dar vazão a seu potencial artístico, o indivíduo encontra seu
lugar no grupo e constrói sua identidade própria.
Roteiro
1
Aos alunos é apresentada a questão: o que são histórias em quadrinhos? Depois é apresentada uma breve história da arte seqüencial através do documentário:
"Histórias em quadrinhos" Ano: 1969 Diretor: Rogério Sganzerla e Álvaro de Moya Duração: 10 minutos Narração: Orfeu P. Gregori Som: Vera Cruz
Atividade: Os alunos devem fazer um desenho para expressar uma idéia com um dos três temas sugeridos:
• Política • Funk • Adolescência
Por fim é feita uma análise dos desenhos individuais quanto a seu conteúdo simbólico e ao sucesso formal alcançado. Cada aluno comenta o seu próprio desenho.
2
Cada aluno recebe uma revista em quadrinho e algumas questões são levantadas, tais como: Quem são os sujeitos da ação? Como se divide a ação da história? E outras questões pertinentes ao tema (sinais gráficos, expressão facial e corporal).
Vídeo:
“O que são Quadrinhos?” Uma introdução à linguagem dos Quadrinhos, seus elementos e principais recursos. O vídeo foi desenvolvido pela equipe de alunos, bolsistas e voluntários da PUC-Rio.
Atividade: Os alunos desenhar o mesmo personagem criado na primeira atividade acrescentando os elementos mostrados no vídeo da linguagem das histórias em quadrinhos (balão, sinal gráfico, expressão facial ou corporal).
3
Breve explicação sobre o que são tiras em quadrinhos?
Atividade: Pede-se que os alunos descrevam por escrito o personagem, criado na primeira atividade, atribuindo-lhe nome e características físicas. Depois eles devem criar um pequeno enredo em três tempos. A partir do texto serão criadas as tiras. No final cada um vai comentar seu próprio trabalho.
Posteriormente os trabalhos realizados pelos alunos serão postados no blog: http://www.artelivreparatodos.blogspot.com/, com o nome, uma breve apresentação e um auto-retrato de cada um. A idéia é que com isso haja uma maior interação dos alunos enquanto criadores e multiplicadores de conteúdo.
Conclusão
As histórias em quadrinhos foram ganhando incessantemente espaço na
vida das pessoas ao longo de todo o século XX, e chegaram ao XXI com alto
grau de sofisticação e com um status de gênero artístico de prestígio. Dos
mangás japoneses aos super-heróis da Marvel, todo o planeta se enxerga nas
tiras das HQ ou nos projetos extremamente elaborados de adaptações de
obras literárias clássicas, entre as quais, apenas para citar algumas, se
encontram: O corvo, de Allan Poe, Flores do Mal, de Baudelaire, O alienista, de
Machado de Assis, O beijo no asfalto, de Nelson Rodrigues, A relíquia, de Eça
de Queirós. No Brasil, os quadrinhos de Maurício de Sousa batem em vendagem todos os
demais estrangeiros, inclusive os da Disney. Isso indica que no Brasil a tradição dos
quadrinhos tem raízes profundas na própria criatividade de seu povo. Assim, estimular
uma reflexão e um conhecimento maior desse gênero é aprofundar uma característica
que está no DNA cultural do brasileiro, que gosta de sonhar e ser feliz pelos desenhos
e balões das HQs.
Bibliografia
ACEVEDO, Juan. Como fazer histórias em quadrinhos. 1 ed. São Paulo.:Global Editora e Distribuidora, 1990.
CAMBIER, Anne. Le dessin de l’enfant. Paris, Paideia-Press Universitaire de France, 1990.
DONDIS, A. Dondis. Sintaxe da linguagem visual. 2 ed. São Paulo.: Livraria Martins Fontes Editora Ltda, 1997.
EISNER, Will. Quadrinhos e Arte seqüencial. 3 ed. São Paulo.: Livraria Martins Fontes Editora Ltda, 1999.
JAKOBSON, Roman. Linguística e comunicação. Trad. Isidoro Blikstein. São Paulo, Cultrix, 1995.
PIAGET, Jean; Inhelder, Bärbel. A representação do espaço na criança. Trad. Bernardina Machado de Albuquerque. Porto Alegre, Artes Médicas, 1993.