138
Integração do ProNIC em ambiente BIM Um modelo para o trabalho em ambiente colaborativo André Filipe Pereira Henriques Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Civil Júri Presidente: Prof. Doutor Jorge Manuel Caliço Lopes de Brito Orientador: Prof. Doutor Luís António de Castro Valadares Tavares Coorientador: Prof. Doutor António Morais Aguiar da Costa Vogais: Dr Fernando Oliveira Silva Doutora Paula Margarida Gonçalves Marques Couto Outubro de 2012

Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

  • Upload
    lethu

  • View
    222

  • Download
    1

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

Integração do ProNIC em ambiente BIM

Um modelo para o trabalho em ambiente colaborativo

André Filipe Pereira Henriques

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia Civil

Júri

Presidente: Prof. Doutor Jorge Manuel Caliço Lopes de Brito

Orientador: Prof. Doutor Luís António de Castro Valadares Tavares

Coorientador: Prof. Doutor António Morais Aguiar da Costa

Vogais: Dr Fernando Oliveira Silva

Doutora Paula Margarida Gonçalves Marques Couto

Outubro de 2012

Page 2: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project
Page 3: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

ii

Resumo

A indústria da construção tem um importante peso na economia de qualquer país; porém, a

indústria portuguesa da construção revela falta de competitividade em comparação com as

indústrias estrangeiras.

As causas para tal situação passam, para além de outras, pela falta de cooperação entre os

vários intervenientes nos projetos de construção, incompatibilidades entre projetos, falta de

rigor na definição e especificação dos projetos de execução e ausência de documentos

técnicos de referência.

A utilização integrada e abrangente da metodologia Building Information Modeling (BIM) como

a forma padrão de realizar projetos de construção poderá ser a resposta para muitas dessas

debilidades. No entanto, para algumas delas, já existe um projeto que pretende dar resposta e

que tem demonstrado a sua eficácia e eficiência, o Protocolo para a Normalização da

Informação técnica na Construção (ProNIC). Este projeto tem um grande potencial para se

tornar uma referência para a indústria portuguesa da construção; no entanto, não contempla a

realização de projetos de construção segundo a metodologia BIM.

Assim, a integração do ProNIC no ambiente BIM faz todo o sentido e necessita de ser

estudada de uma forma cuidada. A utilização do BIM compreende, essencialmente, um

ambiente colaborativo, trocas de informação eficientes e a gestão da informação; portanto, a

integração deve seguir também essas três componentes.

Com este trabalho, pretende-se definir um modelo para a integração do ProNIC no ambiente

BIM, realçar as suas implicações e definir o papel do ProNIC no trabalho em ambiente

colaborativo e na gestão da informação.

Palavras-chave: Building Information Modeling, ProNIC, gestão da informação, trabalho em

ambiente colaborativo, trocas de informação.

Page 4: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

iii

Abstract

The construction industry is of particular importance in the economy of any country; however,

the Portuguese construction industry lacks competiveness in comparison with the foreign

industries.

The causes of this situation are, among others, poor collaboration between stakeholders,

conflicts between disciplines, lack of rigor and quality of tender documents, lack of information

about construction materials and absence of technical documents about the construction works

execution, and the materials associated with those.

A integrated and comprehensive use of the methodology Building Information Modeling (BIM)

as a standard manner to carry out construction projects can address many of those causes.

However, there is currently a system to address some of them, the Protocol for Normalization of

the technical Information in Construction (ProNIC). This system has a great potential to become

a reference in the Portuguese construction industry; however, the use of BIM is not

contemplated in it.

Therefore, the ProNIC integration in BIM makes perfect sense and needs to be studied

carefully. The BIM is based on a workflow in a collaboration environment, information

exchanges and information management, therefore, the integration must follow these three

subjects.

With this work, it is intended to define a model for the ProNIC integration within BIM workflow,

address the relevant implications and define the ProNIC role throughout the work in a

collaboration environment.

Keywords: Building information Modeling, ProNIC, work in a collaborative environment,

information management.

Page 5: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

iv

Agradecimentos

Ao meu coorientador, o Prof. António Aguiar Costa, pelos conselhos, total disponibilidade e

pelo constante interesse no desenvolvimento da dissertação. Um especial obrigado.

Ao meu orientador, o Prof. Luís Valadares Tavares, pelas orientações iniciais e conselhos.

À Dra. Paula Couto, investigadora auxiliar no Laboratório Nacional de Engenharia Civil, pelos

conselhos e esclarecimentos no âmbito do ProNIC e pela disponibilidade prestada.

À Eng.ª Joana Melo da Somague por transmitir a experiência na utilização do BIM.

Por fim, agradeço aos meus pais e namorada pelo apoio nos momentos difíceis e por

acreditarem sempre em mim, não só durante o desenvolvimento da dissertação mas ao longo

de toda a minha vida.

Page 6: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

v

Índice geral

1. INTRODUÇÃO ........................................................... 1

1.1. Enquadramento e objeto ............................................................................................ 1

1.2. Objetivos ................................................................................................................... 6

1.3. Metodologia de investigação ...................................................................................... 6

1.4. Estrutura da dissertação ............................................................................................ 7

2. O ACRÓNIMO BIM .................................................... 9

2.1. Introdução ................................................................................................................. 9

2.2. CAD versus BIM ...................................................................................................... 10

2.3. Vantagens ............................................................................................................... 11

2.4. Componentes do acrónimo BIM ............................................................................... 12

2.5. Building Information Model ....................................................................................... 15

2.5.1. Dimensões de modelação ................................................................................ 16

2.5.2. Modelação paramétrica .................................................................................... 17

2.5.3. Conteúdos do modelo BIM ............................................................................... 19

2.5.4. Interoperabilidade entre aplicações. Software e funcionalidades ...................... 23

2.5.5. Nível de desenvolvimento (LODs) .................................................................... 30

2.6. Building Information Modeling e Management .......................................................... 33

2.6.1. Ambiente colaborativo ...................................................................................... 33

2.6.2. Cloud Computing num ambiente BIM ............................................................... 41

2.6.3. Interoperabilidade em ambiente colaborativo .................................................... 45

2.6.4. Processos de distribuição de informação .......................................................... 47

2.6.5. Gestão da informação ...................................................................................... 55

2.7. Conclusões .............................................................................................................. 73

3. INTEGRAÇÃO ENTRE O BIM E O PRONIC ........... 75

3.1. Introdução ............................................................................................................... 75

3.2. ProNIC .................................................................................................................... 79

3.2.1. Antecedentes ................................................................................................... 79

Page 7: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

vi

3.2.2. Fases de desenvolvimento e entidades envolvidas........................................... 80

3.2.3. 1ª fase de desenvolvimento.............................................................................. 81

3.2.4. 2ª fase de desenvolvimento.............................................................................. 85

3.3. Trabalho em ambiente colaborativo ......................................................................... 86

3.4. Modelo para a integração do ProNIC em ambiente BIM ........................................... 91

3.5. Organização da informação no âmbito do BIM e ProNIC .......................................... 93

4. CONCLUSÕES .......................................................105

4.1. Considerações finais.............................................................................................. 105

4.2. Limitações do estudo ............................................................................................. 107

4.3. Desenvolvimentos futuros ...................................................................................... 107

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..............................109

Apêndices .....................................................................119

1. Plano de Execução BIM ......................................................................................... 119

2. Atribuição de trabalhos de construção (Parede dupla de alvenaria de tijolo) ........... 124

3. Atribuição de trabalhos de construção (Janela de alumínio) ................................... 125

4. Atribuição de trabalhos de construção (Reboco) .................................................... 126

Page 8: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

vii

Índice de figuras

Figura 1 – Peso do setor da construção no Produto Interno Bruto (%) ....................................... 1

Figura 2 – Evolução da utilização e conscientização do BIM no Reino Unido........................... 10

Figura 3 - Os três componentes do acrónimo BIM ................................................................... 13

Figura 4 - Os conceitos associados aos três componentes do acrónimo BIM .......................... 15

Figura 5 – Um exemplo de um modelo BIM ............................................................................. 15

Figura 6 – Parâmetros associados a um pilar .......................................................................... 18

Figura 7 – Hierarquia dos conteúdo dos modelos BIM ............................................................. 20

Figura 8 – Exemplo de um assembly ....................................................................................... 21

Figura 9 – Papel dos materiais na hierarquia do conteúdo dos modelos BIM ........................... 22

Figura 10 – Vários modelos BIM produzidos apenas para um projeto de construção ............... 23

Figura 11 – Possibilidades dos modelos BIM e da sua combinação......................................... 27

Figura 12 – Tipos de análises que os software BIM permitem ................................................. 28

Figura 13 – LOD 100 ............................................................................................................... 31

Figura 14 – LOD 200 ............................................................................................................... 31

Figura 15 – LOD 300 ............................................................................................................... 32

Figura 16 - LOD 400 ............................................................................................................... 32

Figura 17 – LOD 500 ............................................................................................................... 32

Figura 18 – Comparação entre os processos tradicional e colaborativo ................................... 34

Figura 19 – Representação do LPDS ...................................................................................... 35

Figura 20 – A curva de Macleamy ........................................................................................... 36

Figura 21 – Representação da realização de um projeto de construção segundo o IPD .......... 37

Figura 22 – Excerto da matriz do documento AIA E202-2008 .................................................. 38

Figura 23 – Elementos característicos de contratos relacionais ............................................... 39

Figura 24 – O conceito BIM Cloud ........................................................................................... 42

Figura 25 – Partes principais do IDM ....................................................................................... 52

Figura 26 – Excerto de um mapa de processo ......................................................................... 53

Figura 27 – O papel das FPs num único ER ............................................................................ 54

Figura 28 – Quatro operações principais de um sistema de informação................................... 58

Figura 29 – Utilização das tabelas do Omniclass como um Web Service ................................. 66

Figura 30 – Relações entre o conceito “porta” e outros conceitos ............................................ 68

Figura 31 – Conjuntos de propriedades associados ao conceito “janela” segundo vários pontos

de vista ................................................................................................................................... 68

Figura 32 – Processo COBie ................................................................................................... 71

Figura 33 – Conjunto de dados COBie .................................................................................... 73

Figura 34 – Vantagens do ProNIC nas várias fases de um projeto de construção .................... 75

Figura 35 – Influência do BIM e do ProNIC nas debilidades da indústria da construção ........... 76

Figura 36 – Âmbito do ProNIC................................................................................................. 81

Figura 37 – Exemplo da estrutura de desagregação de trabalhos utilizada pelo ProNIC .......... 81

Page 9: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

viii

Figura 38 – Especificações técnicas dos trabalhos e de matérias geradas pelo ProNIC .......... 84

Figura 39 – Conceito Single Building Model ............................................................................ 86

Figura 40 – Conceito Project Integration Model (PIM) .............................................................. 88

Figura 41 – Ambiente de dados comuns (CDE) ....................................................................... 89

Figura 42 – Visão geral do modelo de informação proposto..................................................... 91

Figura 43 – Organização da informação no modelo proposto .................................................. 95

Figura 44 – Utilização do Assembly Code ............................................................................... 97

Figura 45 – Atribuição de trabalhos de construção utilizando a WBS do ProNIC .................... 100

Figura 46 – Os quatro passos principais do plano de execução BIM ...................................... 120

Page 10: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

ix

Índice de Quadros

Quadro 1 – Cooperação dos principais intervenientes num projeto de construção ..................... 3

Quadro 2 – As 15 tabelas que compõem o sistema Omniclass ................................................ 62

Quadro 3 – Capítulos do ProNIC ............................................................................................. 82

Quadro 4 - Exemplo de um artigo gerado pelo ProNIC ............................................................ 82

Quadro 5 – Exemplo de uma parede dupla de alvenaria de tijolo ............................................. 98

Quadro 6 – Exemplo de uma janela em alumínio..................................................................... 98

Quadro 7 – As catorze categorias definidas no Guia PxP ...................................................... 123

Page 11: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

x

Lista de abreviaturas

AIA - American Instutite of Architects

API - Application Performance Interface

AVAC - Aquecimento, Ventilação e Ar Condicionado

BIM - Building Information Modeling/Management/Model

BIMXML - Building Information Model Extended Markup Language

BPMN - Business Process Model and Notation

CCP - Código dos Contratos Públicos

CDE - Common Data Environment

COBie - Construction Operations Building information exchange

DXF - Drawing eXchange Format

ER - Exchange Requirement

FP - Functional Part

gbXML - Green Building XML

GUID - Globally Unique IDentifier

IAI - International Alliance for Interoperability

IDM - Information Delivery Manual

IFC - Industry Foundation Classes

IFD - International Framework for Dictionaries

IGLC - International Group for Lean Construction

IM - Information Management

IPD - Integrated Project Delivery

ISO - International Organization for Standardization

LNEC - Laboratório Nacional de Engenharia Civil

LOD - Level of Development

Modelo BIM - Building Information Model

MVD - Model View Definition

NBIMS - National Building Information Modeling Standard

NBS - National Building Specification

NIST - National Institute of Standards and Technology

Omniclass - OmniClass Construction Classification System

PE - Parque Escolar

PIM - Project Information Management

ProNIC - Protocolo para a Normalização da Informação Técnica na Construção

SML - Simplified Markup Language

TPS - Toyota Production System

XML - eXtensible Markup Language

Page 12: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

xi

Page 13: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

1

1. INTRODUÇÃO

1.1. Enquadramento e objeto

A construção engloba tanto a construção de edifícios (construção civil) como a construção de

obras de engenharia civil (estradas, pontes, vias-férreas, barragens) e tem uma importância

considerável na economia portuguesa (Martins, 2008). É, frequentemente, denominada como o

“barómetro” da economia, devido à sua natureza tendencialmente pró-cíclica, ou seja,

apresenta expansões mais marcadas do que a economia global em fases positivas do ciclo e

recessões mais profundas nas fases negativas (Nunes, 2001).

A atividade da construção é um dos setores impulsionadores da economia nacional devido ao

seu peso específico na criação de riqueza e de emprego, tendo em conta o seu efeito

multiplicador (Gil, 2012). Este efeito é explicado pela sua extensa cadeia de valor, ou seja, a

indústria da construção recorre a uma ampla rede de inputs, proporciona o aparecimento de

externalidades positivas aos restantes setores e gera efeitos multiplicadores significativos a

montante e a jusante (Nunes, 2001). A montante nas empresas de materiais e de

equipamentos de construção (maquinaria diversa, cimento, aço, tintas, plástico, janelas, portas,

cabos, aparelhos de aquecimento e ventilação) e de serviços (consultadoria, arquitetura,

engenharia) e a jusante nas empresas de equipamento (mobiliário, equipamento doméstico) e

de serviços (abastecimento de energia, manutenção e decoração, seguros) (Afonso et al.,

1998, Baganha et al., 2002). Tem, portanto, impactes importantes na criação de riqueza (Figura

1) e também de emprego, o que a torna uma atividade fundamental para o crescimento da

economia.

Figura 1 – Peso do setor da construção no Produto Interno Bruto (%) (Retirado de: Nunes, 2001)

E - Estimado

P - Previsto

Page 14: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

2

A atividade de construção contempla especificidades tanto ao nível da produção como ao nível

do mercado de trabalho. Esta é caracterizada por uma grande diversidade de (Afonso et al.,

1998, Baganha et al., 2002):

clientes (desde o Estado ou Autarquias até particulares, ou de grande empresas

multinacionais a pequenos promotores tradicionais);

projetos (cada obra é diferente, o que dificulta a normalização);

produtos (desde a habitação tradicional até obras complexas como, por exemplo,

pontes e barragens);

operações produtivas (o produto final é o resultado da interação de várias

especialidades com graus diferenciados de exigência e capacidade tecnológica);

tecnologias (interação de diversas especialidades e coexistência de tecnologias de

produção modernas com antigas numa só empreitada);

unidades produtivas (a coexistência, na mesma empreitada, de empresas evoluídas

tecnologicamente e de grande capacidade com empresas limitadas no aproveitamento

das tecnologias disponíveis e que utilizam abundantemente o fator mão-de-obra).

É, portanto, um setor de carácter nómada, tradicional, com grande inércia à mudança e cuja

produção é centralizada e não em série. Destaca-se, assim, a sua natureza heterogénea,

fragmentada e segmentada (Afonso et al., 1998).

Segundo Couto e Teixeira (2005), a indústria da construção portuguesa padece de falta de

competividade, cujos sintomas são muito conhecidos: prazos ultrapassados, orçamentos

excedidos, segurança deficiente, qualidade ausente, entre outros. No entanto, a construção

noutros países europeus aparenta ser mais eficiente nesses mesmos aspetos e, por isso,

revela-se mais competitiva no mercado internacional e mais saudável. A compreensão das

causas desta situação pode ajudar a dominar o problema e a contribuir para a melhoria da

gestão e produtividade tornando o setor mais competitivo.

As empresas portuguesas do setor manifestam uma boa capacidade de assimilar novas

tecnologias, novos materiais e novos processos de construção. No entanto, é frequente que os

projetos apresentem atrasos na sua conclusão e derrapagens significativas nos custos. Esta

situação é especialmente gravosa quando o promotor é o Estado, visto que os custos

adicionais e atrasos têm reflexos diretos nos cidadãos e contribuintes. Um dos principais

problemas é a falta de cooperação ao longo de todo o ciclo de vida do projeto de construção

(conceção, projetos de execução, construção, manufatura, operação e manutenção) por parte

dos vários intervenientes, o que aliado à existência de fracos mecanismos de colaboração e de

modelos contratuais não propícios ao aparecimento de um ambiente colaborativo provoca

outros problemas como (Grilo, 2008a):

a existência de processos desconexos;

erros de comunicação e nas trocas de informação;

Page 15: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

3

informação perdida;

desperdício de recursos na re-entrada e re-criação da informação (no ciclo de vida de

um projeto de construção estima-se que a informação é re-introduzida em média sete

vezes em aplicações diferentes e re-criada diversas vezes por diferentes aplicações).

Em Portugal, não existe claramente uma cooperação dos intervenientes em todos as fases da

realização de um projeto de construção. Vasconcelos (2010), com base em entrevistas a dez

empresas portuguesas diretamente ligadas ao setor da construção, demonstrou uma evidente

diferenciação entre as fases antes do concurso (onde existe a colaboração entre o dono de

obra e os projetistas) e após o concurso (onde existe a colaboração entre o dono de obra e o

empreiteiro), não havendo, pois, cooperação entre as referidas três entidades ao mesmo tempo

(Quadro 1). Achou-se por bem dar especial enfoque ao referido problema pela sua relevância.

Esta foi, segundo Grilo (2008a), a causa salientada pelo Tribunal de Contas (2004a, 2004b)

para as derrapagens em casos mediáticos como a Ponte Europa em Coimbra e a Casa da

Música no Porto e é, ainda, apontada por Couto e Teixeira (2006) como uma das principais

causas para a falta de qualidade dos projetos.

Quadro 1 – Cooperação dos principais intervenientes num projeto de construção (Retirado de: Vasconcelos, 2010)

Não se pretende fazer um levantamento exaustivo das debilidades identificadas do setor da

construção mas sim destacar algumas das mais relevantes no âmbito desta dissertação e nas

quais o trabalho desenvolvido poderá ter influência. Aspetos como a utilização de mão-de-obra

pouco qualificada, a proliferação das obras de conceção/contrução, vários aspetos relativos à

legislação actual e outros definidos por Couto e Teixeira (2005, 2006) e Vasconcelos (2010)

ultrapassam o âmbito desta dissertação.

Com base em diversos autores (2008, AIPCC, 2011, Couto e Teixeira, 2005, 2006), destacam-

se as seguintes debilidades do setor e causas para o incumprimento de custos e de prazos que

se encontram no âmbito desta dissertação (sem qualquer ordem de relevância):

Page 16: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

4

fraca coordenação entre os intervenientes;

pedido de esclarecimentos por parte do Empreiteiro ao Dono de obra;

mudança e revisão de projetos;

existência de contradição entre documentos;

existência de incompatibilidades entre projetos;

pedidos de material em excesso devido a erros de aceção de quantidade;

deficiente planeamento, controlo e gestão das atividades, dos materiais, da mão-de-

obra e dos equipamentos;

a falta de rigor na definição e especificação dos projetos de execução com destaque

para os seguintes componentes:

pormenores construtivos;

peças desenhadas;

mapas de acabamentos;

mapas de medições;

cadernos de encargos;

falta de informação sobre tipos e especificações de determinados materiais;

ausência de documentos técnicos de referência relativos à informação sobre a

execução dos trabalhos e materiais que lhes estão associados;

dificuldade de reunião e divulgação das normas, especificações e textos técnicos;

inexistência de conteúdos de utilização generalizada para geração de Mapas de

Trabalhos e Cadernos de Encargos.

Estas debilidades estão a afetar negativamente a competitividade da indústria da construção.

Por isso, esta necessita de arranjar estratégias de as combater de uma forma abrangente e

integrada, o que implicará mudanças profundas na forma como os seus profissionais

trabalham. Espera-se, assim, que a metodologia BIM (denominada na literatura por Building

Information Modeling) venha a ser a resposta para muitas dessas debilidades.

O acrónimo BIM que se encontra tão em voga na indústria da construção é, provavelmente, um

dos mais incompreendidos. É um conceito que se encontra em constante evolução e, por isso,

torna difícil a sua definição. Portanto, um dos grandes problemas do conceito BIM é ser difícil

de explicar, fazendo com que seja mal compreendido. É, assim, frequentemente associado à

modelação a três dimensões. Porém, apesar de esta componente ser importante e útil na

metodologia BIM, não passa de uma ferramenta utilizada num processo geral.

O BIM pode ser, simplificadamente, definido como um processo de criação e gestão da

informação dos projetos de construção de uma forma interoperável e reutilizável. Permite,

assim, a integração e reutilização da informação da obra e o domínio do conhecimento ao

longo do ciclo de vida da mesma por parte dos utilizadores (Lee et al., 2006).

Page 17: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

5

O BIM assenta num ambiente colaborativo para a produção da informação relacionada com os

projetos de construção que, a par das trocas de informação e da gestão da informação, poderá

ser um catalisador para a criação de uma colaboração apertada entre todos os intervenientes

e, ainda, aumentar a eficácia e a eficiência na produção, utilização, distribuição e manutenção

da informação. Estes dois aspetos, por si só, contribuirão para grandes benefícios na indústria

da construção. Para além disso, a utilização do BIM pressupõe a utilização de ferramentas

como aplicações informáticas cujas funcionalidades contribuirão para a automatização de

processos, a visualização dos projetos de construção, o aumento do rigor dos produtos finais

dos projetos, a melhoraria do planeamento e da orçamentação, entre outros.

Assim, o tema principal desta dissertação é a utilização do BIM no desenvolvimento dos

projetos de construção. No futuro, o BIM tornar-se-á a forma padrão para realizar projetos de

construção; no entanto, para algumas das debilidades da indústria da construção já existe um

projeto que lhes pretende dar resposta. Trata-se do Protocolo para a Normalização da

Informação Técnica na Construção (ProNIC). O objetivo principal deste projeto é o

desenvolvimento de um conjunto sistematizado e integrado de conteúdos técnicos credíveis e

suportados por uma ferramenta informática moderna. O ProNIC permite a geração dos artigos

que farão parte do Mapa de Trabalhos e Quantidades e para além disso, associar fichas de

execução dos trabalhos, de materiais e custos. Estas fichas pretendem, acima de tudo,

fornecer informações técnicas relativas a boas práticas de construção, regulamentos, normas e

custos. Estas funcionalidades do ProNIC permitem aumentar o rigor na produção de mapas de

medições e de cadernos de encargos e, para além disso, fornecer informações importantes

relativas aos materiais utilizados na obra (composição, aplicação, ensaios, normas aplicáveis)

e à execução dos trabalhos (trabalhos preparatórios, processo de execução, normas

aplicáveis, ensaios, critérios de medição, regras de segurança).

Visto que o ProNIC tem o potencial para se tornar uma referência na indústria portuguesa da

construção, faz todo o sentido que seja definida uma forma de permitir a sua integração e o

aproveitamento dos conteúdos desenvolvidos no mesmo. Esta integração, na opinião deste

autor, deverá conter três vertentes: um trabalho em ambiente colaborativo, as trocas de

informação entre os vários intervenientes e a gestão da informação.

Este é, portanto, o objeto da dissertação: a integração da utilização do ProNIC e o

aproveitamento dos conteúdos do mesmo numa perspetiva BIM. Para que tal seja possível, é

necessário, em primeiro lugar, garantir um ambiente colaborativo que passa por mudanças

culturais por parte dos vários profissionais da indústria da construção, pelo estabelecimento de

contratos legais que promovam a colaboração e pela utilização de tecnologias e software que,

através da internet, suportem um ambiente colaborativo e definição de uma forma de trabalhar

que suporte a utilização do ProNIC. O ambiente colaborativo criado servirá de base para o

processo de trabalho entre os vários intervenientes e, por isso, é necessário abordar os fluxos

de informação ao nível da implementação do BIM na realização dos projetos de construção.

Page 18: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

6

Para além disso, será utilizado um repositório central de informação relevante aos projetos de

construção cuja informação necessita de ser devidamente introduzida, gerida, classificada e

mantida, tendo em conta a evolução natural da produção da mesma ao longo dos projetos e no

qual o ProNIC terá um papel importante.

1.2. Objetivos

Esta dissertação pretende contribuir para os objetivos gerais do Grupo de Trabalho BIM da

Plataforma Tecnológica Portuguesa da Construção (PTPC) ao promover, facilitar e acelerar a

adoção do BIM. Assim, os objetivos desta dissertação são os seguintes:

contribuir para a compreensão do BIM e das suas implicações ao nível humano e

tecnológico;

definir uma forma de trabalhar em ambiente colaborativo integrando o ProNIC nesse

processo, destacando as várias componentes dessa integração;

definir um modelo para a gestão da informação em ambiente colaborativo, tendo em

conta o aumento progressivo da pormenorização da mesma.

1.3. Metodologia de investigação

A metodologia de investigação desta dissertação assenta num conhecimento tão aprofundado

quanto possível da metodologia BIM, começando pela sua definição até aos últimos

desenvolvimentos, com o objetivo de definir as implicações da sua implementação. Depois,

procede-se ao estudo da integração do ProNIC na metodologia BIM, aproveitando as suas

funcionalidades e conteúdos. Assim, a metodologia considerada é constituída pelos seguintes

passos:

revisão da literatura

Nesta fase, fez-se um estudo aprofundado do BIM, começando pela sua definição

passando pelas implicações da sua implementação até aos desenvolvimentos mais

recentes na área. Foram estipulados os principais componentes da sua implementação

(ambiente colaborativo, trocas de informação e gestão da informação). Para além do

assunto BIM, foi também estudado o ProNIC com o objetivo de entender o seu papel,

funcionamento e capacidades, bem como estipular possíveis melhorias.

análise teórico-empírica

Após a revisão da literatura, constatou-se as vantagens do BIM e do ProNIC para a

indústria da construção em separado e as vantagens da sua integração. Nesse sentido,

testou-se várias hipóteses de integração do ProNIC no processo de trabalho segundo a

Page 19: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

7

metodologia BIM, tendo em conta o que foi estudado na revisão da literatura e a

experiência do Laboratório Nacional de Engenharia Civil;

estudo exploratório

Após definido um modelo geral de integração do ProNIC no trabalho em ambiente

colaborativo segundo a metodologia BIM, procedeu-se ao estudo das potencialidades

do ProNIC quanto ao aproveitamento dos seus conteúdos nas várias componentes do

modelo definido, nomeadamente na gestão e organização da informação;

proposta de um modelo para a organização da informação em ambiente BIM

Concluiu-se com a apresentação dos componentes do modelo geral de trabalho em

ambiente BIM que suporte a utilização do ProNIC, aprofundando os componentes nos

quais este tem um papel mais relevante.

1.4. Estrutura da dissertação

A dissertação tem uma estrutura simples e assenta em quatro capítulos.

No presente capítulo, referiu-se o enquadramento do estudo, dando enfoque à tentativa de

responder às debilidades da indústria da construção. Definiu-se o tema, o objeto, os objetivos e

a metodologia da investigação.

O capítulo 2 faz uma exposição tão aprofundada quanto possível do BIM, com o objetivo de

contribuir para a boa compreensão do mesmo e destacar as várias implicações da sua plena

implementação.

O capítulo 3 aborda, essencialmente, a integração do ProNIC na metodologia BIM. Começa-se

por referir a pertinência da integração tendo em vista as debilidades da indústria da construção

e faz-se uma referência ao ProNIC expondo as suas capacidades e utilidades. Por fim, define-

se um modelo para o trabalho em ambiente BIM tendo em conta as várias componentes do

BIM e, no qual, o ProNIC terá um papel importante tanto na produção de documentos

importantes como na gestão da informação.

No capítulo 4, responde-se aos objetivos definidos no primeiro capítulo, referindo as

conclusões a que se chegou. Para além disso, faz-se referência às limitações do estudo e aos

desenvolvimentos futuros no âmbito desta dissertação.

Por último, nos apêndices faz-se referência a uma peça importante para o trabalho

colaborativo: o plano de execução BIM. Para além deste, são também apresentadas figuras

com o objetivo de ilustrar melhor a informação requerida pelo ProNIC.

Page 20: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

8

Page 21: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

9

2. O ACRÓNIMO BIM

2.1. Introdução

No início dos anos noventa do passado século XX, a visão de que todas as especialidades e

intervenientes envolvidos no ciclo de vida de um empreendimento pudessem partilhar um

modelo digital comum e trabalharem sobre ele para, assim, poderem conceber e executar os

projetos de engenharia e de construção e isto deu início ao desenvolvimento do conceito

conhecido por BIM (Grilo e Tavares, 2008).

O termo BIM é, provavelmente, um dos termos mais utilizados e menos compreendidos na

indústria da construção, sendo por vezes utilizado quando alguém gera um modelo 3D de um

edifício ou de uma parte do mesmo. Estabelecer uma definição do BIM é importante para a sua

compreensão, porém, não é fácil por este ser um conceito em constante evolução, que

depende dos avanços na tecnologia e das capacidades dos utilizadores (CDI, 2008). Esta

natureza evolutiva vai ser retratada nesta dissertação, visto que a referida visão inicial para os

modelos BIM tem sido, ao longo do tempo, subvalorizada como se verá mais tarde.

O BIM, simplificadamente, pode ser definido como um processo de criação e gestão da

informação do projeto de construção de uma forma interoperável e reutilizável que permite,

assim, a integração e reutilização da informação da obra e o domínio do conhecimento ao

longo do ciclo de vida da mesma por parte dos utilizadores (Lee et al., 2006). Portanto, não é

apenas um objeto ou um tipo de software mas sim uma atividade humana que implicará, em

última instância, grandes mudanças na forma de projetar, construir e gerir empreendimentos

(Eastman et al., 2011).

A publicação “National Building Information Modeling Standard” (NBIMS) da organização norte-

americana National Institute of Building Sciences (NIBS, 2007) referia, em 2007, que o

interesse da indústria da construção pelo BIM crescerá exponencialmente à medida que esta

se for apercebendo das capacidades do mesmo e do que o distingue dos processos

tradicionais. Em Fevereiro de 2012, a organização National Building Specification (NBS)

publica o relatório “National BIM Report 2012” (NBS, 2012) no qual refere a evolução da

utilização e conscientização do BIM no Reino Unido. Segundo esta publicação, 21% dos

inquiridos não têm conhecimento, ainda, da existência do BIM, porém, comparando com os

43% de 2010, a evolução e a tendência são claras. Para além disso, verifica-se um aumento

para mais do dobro na utilização do BIM (13% em 2010 para 31% em 2011), como se pode

verificar na Figura 2. Esta tendência de aumento na conscientização e utilização do BIM tem-se

verificado em muitos países e Portugal não é exceção.

Page 22: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

10

Figura 2 – Evolução da utilização e conscientização do BIM no Reino Unido (Adaptado de: NBS, 2012)

Al Prowse, presidente da H. Griffiths Co. Ltd., refere que um dos mais desafios inerentes à

adoção do BIM é modificar a forma como pensamos e a forma como construímos, ou seja, é

fundamental haver uma mudança de mentalidade. Para além disso, existem outros desafios

como a formação dos profissionais, as atualizações necessárias ao nível de software como de

hardware e a normalização dos sistemas e dos procedimentos (Williams, 2010b). Este último

assunto será abordado em 2.6.

O BIM não é, portanto, apenas uma mudança de tecnologia mas também uma mudança de

processo. Ao permitir que um edifício seja representado por componentes inteligentes que

contêm informação detalhada relativamente a eles próprios e, para além disso, perceber a sua

relação com outros componentes no interior do modelo, o BIM não só modifica a forma como

as peças desenhadas e visualizações do edifício são criadas, como também altera

dramaticamente todos os processos chave envolvidos na construção do edifício (Eastman et

al., 2011).

Segundo Dowhower (2010) e numa perspetiva social, o BIM alavanca um processo integrado

de projeto e de construção que depende, inteiramente, de uma colaboração nas primeiras

fases do projeto entre todos os intervenientes. Não é, pois, de admirar que o BIM tenha sido o

catalisador de mudanças contratuais e processoais significativas na indústria da construção

como a adoção progressiva do Integrated Project Delivery ou, simplificadamente, IPD (Eastman

et al., 2011). Em 2.6.1, o IPD será apresentado com mais detalhe.

2.2. CAD versus BIM

É importante salientar as diferenças entre os processos tradicionais e o BIM, tanto ao nível das

capacidades como ao nível do impacte nos processos ao longo do ciclo de vida de um

empreendimento.

O Desenho Assistido por Computador (CAD, em inglês) é, nos dias de hoje, uma ferramenta

essencial na produção de desenhos na indústria da construção. Porém, o seu principal

Page 23: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

11

problema é ser utilizado como um estirador digital e não como uma ferramenta de projeto (Tse

et al., 2005). Existe pouca, ou mesmo nenhuma, informação não geométrica incorporada nos

desenhos CAD que possa ser utilizada pelos donos de obra ou pelas equipas de projeto e de

construção. São, portanto, pouco mais do que versões eletrónicas dos desenhos produzidos

manualmente em estirador (Burt, 2009).

Existe por vezes, a comparação entre a mudança do estirador para o CAD e a mudança deste

para o BIM. Tal comparação é injusta e não demonstra a mudança que o BIM realmente

representa. O aparecimento dos software CAD permitiu um enorme aumento da produtividade

mas o resultado continuou a ser o mesmo: desenhos 2D em formato papel. Pelo contrário, o

BIM permite a produção de um modelo ou vários modelos em três dimensões que são

eletrónicos, inteligentes, coordenados e que incluem muita informação relevante, para além de

muitas outras funcionalidades. Portanto, a mudança de software CAD para a utilização de

modelos BIM é muito mais exigente o que faz com que a comparação seja totalmente irrealista

(Crowhurst, 2012).

2.3. Vantagens

Segundo o CRC Construction Innovation (2007), a principal vantagem do BIM é a

representação precisa da geometria dos constituintes de um empreendimento num ambiente

integrado de dados, o que possibilita outras vantagens que lhe estão associadas, tais como:

processos mais rápidos e eficazes

A informação é partilhada mais facilmente, havendo a possibilidade de acrescentar

valor à mesma e de reutilizá-la;

melhoria do processo de projeto

As propostas podem ser rigorosamente analisadas, as simulações sobre os modelos

podem ser executadas mais rapidamente e o desempenho avaliado, permitindo assim,

soluções melhoradas e inovadoras;

controlo sobre os custos e os impactes ambientais durante o ciclo de vida

O desempenho ambiental é mais previsível e os custos de ciclo de vida são melhor

compreendidos;

montagem automatizada

Os dados digitais relativos a constituintes do modelo podem ser explorados e utilizados

na fabricação/montagem de sistemas estruturais;

melhor serviço ao cliente

As propostas são melhor compreendidas através de uma visualização mais precisa dos

modelos produzidos;

Page 24: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

12

dados sobre todo o ciclo de vida do empreendimento

Os objetivos e requisitos impostos pelo dono de obra e informações relativas ao

projeto, à construção e à manutenção/operação do empreendimento podem ser

utilizados na fase de gestão de empreendimentos (facility management, em inglês).

Grilo e Tavares (2008) referem que os benefícios do BIM são notórios, visto que alguns

estudos demonstram uma redução média de 10% nos custos totais de construção, medido ao

final dos projetos de construção. Por sua vez, Grilo (2008a) refere que, em traços gerais, o BIM

permite um conjunto de potenciais benefícios aos vários intervenientes num projeto de

construção. São eles:

tomada de decisão mais rápida e mais assente em dados concretos;

rápidas iterações de simulações em relação à performance de construção e do edifício,

incluindo as várias especialidades;

racionalização e simplificação dos fluxos de informação;

redução significativa dos problemas nos estaleiros e o desperdício durante a

construção;

maior viabilização da utilização da pré-fabricação de componentes do projeto de

construção;

redução das atividades de construção no estaleiro e minimização do armazenamento

de materiais e equipamentos, tornando o estaleiro um local mais económico e seguro;

recolha da informação necessária por parte dos donos de obra para melhorar o

desempenho dos edifícios e ainda, definir medidas de prevenção mais adequadas.

Segundo Eastman et al. (2011), o mais importante do BIM é, talvez, o facto de criar uma

oportunidade significativa para a sociedade em geral de alcançar processos de construção de

edifícios mais sustentáveis e empreendimentos de melhor desempenho com menos recursos e

menor risco do que pode ser alcançado com processos tradicionais.

2.4. Componentes do acrónimo BIM

Várias organizações, como a buildingSMART, o Department of Veterans Affairs e o NIBS,

seguem a mesma linha de pensamento e definem o acrónimo BIM como sendo a junção de

três conceitos. As duas primeiras, por sua vez, referem que o acrónimo BIM representa o

conjunto dos seguintes três conceitos que se encontram interligados (Figura 3):

Page 25: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

13

Building Information Model

A representação digital das características físicas e funcionais de um empreendimento.

Por isso, serve como uma fonte partilhada de conhecimento da informação relativa a

um empreendimento servindo, assim, como uma base fiável para a tomada de

decisões durante todo o ciclo de vida de um empreendimento (buildingSMART, 2012,

VA, 2010). É um protótipo digital, um modelo virtual de um empreendimento que

contém os seus dados de uma forma estruturada (Wilkinson, 2012);

Building Information Modelling

Um processo de negócio no qual se dá a produção e a alavancagem dos dados do

empreendimento para projetar, construir e operar o empreendimento durante o seu

ciclo de vida (buildingSMART, 2012). Pode, pois, ser visto como um conjunto de

utilizações finais bem definidas do modelo, fluxos de trabalho e métodos de modelação

utilizados para atingir, a partir dos modelos, informações específicas, repetíveis e

fiáveis. Os métodos de modelação afetam a qualidade da informação gerada a partir do

modelo e por outro lado, a altura bem como a razão da utilização e da partilha do

modelo afetam a eficácia e a eficiência da utilização do BIM para os resultados

desejados e apoio à tomada de decisão (VA, 2010). O resultado final de todo este

processo é, portanto, modelos cuja definição é a referida anteriormente (Wilkinson,

2012).

Figura 3 - Os três componentes do acrónimo BIM

Page 26: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

14

Building Information Management

A organização e o controlo do processo de negócio utilizando a informação contida nos

modelos para afetar a partilha da informação ao longo de todo o ciclo de vida de um

empreendimento (buildingSMART, 2012). Inclui os standards e os requisitos de dados

para a utilização do BIM de forma a manter uma continuidade de dados que, por sua

vez, permite que a informação seja partilhada de uma forma fiável, num contexto no

qual o emissor e o recetor compreendem a informação (interoperabilidade semântica1)

(VA, 2010). Os benefícios para os utilizadores passam pela comunicação centralizada

e visual, a análise de opções em fase inicial, a sustentabilidade, a integração de todas

as especialidades, a eficiência no projeto, a documentação das “telas finais”, etc.

(buildingSMART, 2012)

A NIBS segue, também, a mesma linha de pensamento e caracteriza o BIM como um conjunto

de três conceitos: um processo colaborativo, um produto (como resultado do processo) e um

requisito para a gestão do ciclo de vida de um empreendimento. Esta linha de pensamento

está, portanto, presente em várias publicações importantes na área do BIM.

Como referido, um dos desafios inerentes à adoção do BIM é a normalização dos sistemas e

dos processos. Nesse sentido, a já referida buildingSMART que se dedica ao desenvolvimento

e manutenção de normas BIM desenvolveu vários standards que, implicitamente, se aplicam a

cada um dos referidos conceitos que formam o acrónimo BIM: o Industry Foundation Classes

(IFC) para o modelo de dados BIM (Building Information Model), o International Framework for

Dictionaries (IFD) para a definição dos termos associados aos dados (Building Information

Management) e o Information Delivery Manual (IDM) para a definição do processo (Building

Information Modeling), o que demonstra a pertinência da divisão apresentada.

Para além dos referidos standards, existem vários conceitos que se encontram, atualmente,

associados ao BIM e têm o objetivo de potenciar as suas capacidades. Neste sentido, o

objetivo da Figura 4 é fornecer ao leitor uma visão geral dos diversos conceitos que serão

abordados e também, contextualizados no âmbito do BIM.

De seguida, proceder-se-á à descrição mais detalhada dos três componentes (os dois últimos

serão expostos em conjunto devido à sua forte interligação), apresentando as suas

características principais e à descrição dos conceitos associados.

1 A interoperabilidade semântica é a capacidade de interpretar, automaticamente, a informação partilhada

para produzir resultados considerados úteis para os utilizadores finais dos sistemas que partilharam informação (VA, 2010).

Page 27: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

15

2.5. Building Information Model

Como referido, o Building Information Model (Figura 5) é, simplificadamente, a representação

digital das características físicas e funcionais de um empreendimento (buildingSMART, 2012).

Não é, portanto, um simples conjunto de linhas e formas em duas dimensões que representam

um edifício, mas sim um conjunto de elementos paramétricos e interativos, em três dimensões,

que enriquecem a informação contida no modelo (Krygiel et al., 2010).

Figura 4 - Os conceitos associados aos três componentes do acrónimo BIM

Figura 5 – Um exemplo de um modelo BIM (Fonte: http://www.khss.com)

Page 28: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

16

Bazjanac (2006), citado em Azhar et al. (2008), refere que o modelo caracteriza a geometria,

as relações espaciais, a informação geográfica, as quantidades e as propriedades dos

elementos do empreendimento, bem como as estimativas de custos, os inventários dos

materiais e o planeamento do mesmo. O modelo pode, assim, ser utilizado para demonstrar

todo o ciclo de vida dos empreendimentos. O que, por conseguinte, faz com que as

quantidades e as propriedades dos materiais possam ser extraídas facilmente (Khemlani et al.,

2006). Assim, o modelo é suficiente para gerar todos os componentes necessários para

documentar o projeto de um empreendimento. Ao acumular toda a informação relacionada com

o mesmo durante a fase de projeto, é possível, a partir do modelo, gerar plantas, cortes,

alçados, perspetivas, pormenores, listas de quantidades, etc. (Eastman et al., 2011).Para além

disso, os vários tipos de trabalhos podem ser facilmente definidos e isolados, os componentes

podem ser apresentados com uma escala relativa a todo o empreendimento e ainda, toda a

documentação relativa à fase de construção (peças desenhadas, especificações, etc.) pode ser

facilmente interligada (Khemlani et al., 2006). Segundo Eastman et al. (2011), um modelo BIM

deve ser caracterizado por:

componentes que são representados digitalmente e que contêm gráficos e atributos de

dados computáveis que os identificam perante as aplicações de software. Contêm,

também, regras paramétricas que permitem manipular os componentes de forma

inteligente;

componentes cujos dados descrevem os seus comportamentos consoante seja

necessário para realizar análises ou para processos de trabalho como, por exemplo,

elaborar especificações ou analisar o consumo de energia de um edifício;

dados consistentes e não redundantes para que as possíveis alterações aos dados dos

componentes sejam representadas em todas as vistas do mesmo e da assembly (este

conceito será abordado em 2.5.3) da qual o anterior faz parte integrante;

dados coordenados para que todas as vistas do modelo sejam representados numa

forma também coordenada.

2.5.1. Dimensões de modelação

Ao longo dos anos, verificou-se que os donos de obra, a nível internacional, pretendiam saber

o mais cedo possível qual viria a ser o aspeto do produto final, como este se interligaria com o

ambiente envolvente e como será o seu desempenho ao longo do tempo. Portanto, nos dias de

hoje, os modelos tridimensionais contêm informação para realizar o planeamento, a

orçamentação, o estudo de sustentabilidade ambiental e para a área de facilities management

(Holzer and Malkin, 2011). Segundo Shelden (2006), parafraseado por Addor et al. (2010), o

modelo pode ser definido, de uma forma simplificada, como uma base comum e integrável de

informações e dados organizados em três ou mais dimensões.

Page 29: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

17

Na literatura da área, é frequente encontrar referências às várias dimensões “nD”, desde 2D

até 7D ou mesmo superior. As dimensões 2D, 3D, 4D e 5D são frequentes de encontrar e

existe consenso quanto à sua definição. Por outro lado, as referidas dimensões são,

frequentemente, atribuídas, por exemplo, às áreas de facilities management e de segurança no

trabalho. Porém, não existe, ainda, consenso na literatura quanto à sua definição e, por isso,

serão apenas apresentadas as dimensões até à quinta dimensão.

Por vezes, no mundo BIM onde se ouve falar constantemente de 3D, 4D, 5D e até mais, é fácil

esquecer as duas dimensões (2D), ou seja, as peças desenhadas. Porém, estas continuam a

ser importantes e a ter valor contratual como o registo oficial do projeto de construção (VICO,

2010a).

As três dimensões (3D), apesar de o BIM ser muito mais do que modelação em 3D, tornaram o

BIM famoso pela simples razão de fazer sentido visualizar um empreendimento antes de o

construir na realidade (VICO, 2010b). Os modelos são perfeitos para visualizar o aspeto final

de todo o empreendimento, como se integra na paisagem e até, fazer uma demonstração de

como os visitantes deverão circular no edifício (VICO, 2010c). Para além disso, o espaço

tridimensional de um edifício pode ser ligado a Sistemas de Informação Geográfica (GIS, em

inglês) para demonstrar onde o edifício está localizado num espaço 3D (Harris, 2009).

De uma forma simplificada, pode dizer-se que passar de 3D para quatro dimensões (4D)

envolve a atribuição de valores temporais (durações e datas de início e de conclusão) para

estudar a sequência dos trabalhos e realizar o planeamento da construção (Menconi and

Mettler, 2010). Porém, especialistas na matéria afirmam que deverá incluir também, para além

do que foi referido, o controlo da produção no estaleiro envolvendo todos os subempreiteiros

bem como a reconciliação de faturas com os trabalhos concluídos no estaleiro (VICO, 2010c).

Finalmente, a quinta dimensão envolve a atribuição de custos aos componentes do modelo a

fim de realizar análises de custos e a orçamentação da construção (Menconi and Mettler,

2010).

Vários fornecedores de software têm criado várias aplicações com o objetivo de explorar todas

essas dimensões como se verá mais adiante e que, com o passar do tempo, tornar-se-ão cada

vez mais eficientes e disponíveis (Isenhoff, 2008). Porém, em primeiro lugar, far-se-á referência

a uma característica comum a todas as aplicações BIM – a modelação paramétrica.

2.5.2. Modelação paramétrica

A modelação paramétrica orientada por objetos é uma das tecnologias que distingue as

aplicações BIM das aplicações CAD tradicionais. Esta tecnologia caracteriza-se por não

representar os objetos com dimensões e propriedades fixas. Em vez disso, os objetos são

Page 30: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

18

representados utilizando parâmetros e regras que definem a sua geometria bem como algumas

características e propriedades não geométricas (Eastman et al., 2011).

Um parâmetro é um conjunto de propriedades físicas cujos valores determinam as

características ou o comportamento de algo o que, numa ótica BIM, traduz-se por ser uma

série de pares que comportam um título e um valor associado ao mesmo (Weygant, 2011). Os

referidos parâmetros associados aos componentes podem ser expressões que regem a forma

como estes se relacionam com outros, permitindo, assim, a sua atualização automática perante

modificações introduzidas pelo utilizador ou pelo uso em diferentes aplicações (Eastman et al.,

2011). Exemplificando de uma forma genérica, ao criar um componente que pode ser uma

simples bola, o utilizador pode criar os parâmetros necessários para cumprir os seus objetivos

utilizando-os para manipular as características do objeto. Considerando o diâmetro, a cor e o

material da bola como os parâmetros definidos pelo utilizador, este pode associar, por

exemplo, o valor de vinte centímetros ao diâmetro, amarelo à cor e borracha ao material,

resulta uma bola amarela de borracha com vinte centímetros de diâmetro. Porém, devido à

existência dos parâmetros, é possível modificar, rapidamente, cada um deles consoante a

necessidade. Assim, ao modificar a cor para azul e o material para metal, resulta, por sua vez,

uma bola metálica azul com os mesmos vinte centímetros de diâmetro (Weygant, 2011). Foi

utilizado o exemplo de uma simples bola para explicar o conceito mas este é aplicável a todos

os componentes que podem ser utilizados num modelo (como, por exemplo, paredes, janelas,

portas e pavimentos). Na Figura 6, está representado um pilar ao qual estão associados vários

parâmetros segundo o mesmo princípio.

Weygant (2011) refere que a principal vantagem de organizar a informação utilizando

parâmetros é a capacidade de introduzir, aceder, modificar e extrair a informação de uma

forma rápida e fácil, sem ser necessário recorrer à componente gráfica. Porém, em relação ao

Figura 6 – Parâmetros associados a um pilar (Fonte: http://www.sketchupbim.com)

Page 31: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

19

processo de projeto especificamente, refere que a grande vantagem da parametrização é a

flexibilidade na atribuição de características geométricas e não geométricas aos objetos do

modelo. Assim, nas primeiras fases do projeto, quando as decisões relacionadas com, por

exemplo, as dimensões e a localização de alguns componentes ainda não estão tomadas, a

utilização de parâmetros permite a atribuição de valores aproximados e mais tarde, quando as

decisões forem definitivamente tomadas, a sua rápida modificação para os valores reais. Para

além disso, refere-se também a vantagem de ser possível a pesquisa de objetos com

determinadas características de acordo com os parâmetros criados como, por exemplo,

paredes com resistências térmicas superiores a 0,40 m2.°C/W (Weygant, 2011) e também, o

facto de todos os elementos que fazem parte do modelo partilharem um nível de

associatividade bidirecional, ou seja, se os elementos forem modificados num sítio dentro do

modelo, aquelas modificações serão visíveis em todas as outras vistas. Assim, ao mover-se

uma porta numa planta, essa porta será movida em todos os alçados, cortes e perspetivas em

que é visível (Krygiel et al., 2010).

Para além dos parâmetros, um modelo BIM pode conter atributos, restrições e condições. De

acordo com Eastman et al. (2011), a distinção entre parâmetros e atributos não é consensual,

podendo mesmo não haver distinção para algumas pessoas. Porém, segundo este autor, a um

parâmetro estão associadas propriedades que possuem uma natureza gráfica ou visual e em

contrapartida, a um atributo encontram-se associadas propriedades de natureza informativa

sem ter um efeito direto na aparência. Assim, exemplificando, o comprimento de determinado

componente de um modelo BIM é um parâmetro visto que têm influência na sua aparência mas

o peso do mesmo já é um atributo pois não afeta a aparência de nenhuma forma.

As restrições são utilizadas para limitar determinados componentes do modelo BIM de alguma

forma. Por exemplo, uma parede pode ser limitada a determinada localização impossibilitando,

assim, que esta seja movida ou, então, uma porta pode ser restringida apenas às cores

vermelha, amarela e azul. Por último, as condições são utilizadas para controlar certos

parâmetros ou atributos, ou seja, utilizando uma condição “IF” (“se”, em português) é possível,

por exemplo, determinar o número de portas que possuem uma largura superior a determinado

valor (Eastman et al., 2011).

2.5.3. Conteúdos do modelo BIM

A perfeita compreensão do conteúdo dos modelos BIM é fundamental para desenvolver

modelos organizados e que permitam um acesso rápido e fácil à informação. Por isso, antes de

iniciar a modelação, é importante perceber como os elementos que constituem um modelo BIM

se encontram interligados (Weygant, 2011).

O conteúdo dos modelos BIM rege-se por uma hierarquia que, segundo Weygant (2011), é

composta por materiais, objetos, assemblies e projetos. Os materiais contêm informações

Page 32: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

20

relevantes para os objetos e assemblies e estes contêm informação relevante para os projetos

(Figura 7). Esta é a hierarquia base de qualquer modelo BIM (Weygant, 2011).

Os materiais são os elementos-base a partir dos quais os outros elementos derivam. Cada um

possui informação relacionada com a sua composição, o seu comportamento e a sua

aparência. São utilizados para constituir objetos e assemblies ou, então, podem ser utilizados

por si só como tintas, revestimentos e acabamentos. São exemplos o betão, o aço, a madeira,

o vidro e o plástico. Cada um possui as suas propriedades específicas.

Os objetos são componentes autónomos, ou seja, não necessitam de outros componentes

para que a sua função seja entendida. Por exemplo, o alumínio (material) por si só não tem

qualquer função, para ser entendido como um constituinte do modelo necessita de pertencer a

um componente com uma função definida. Por outro lado, uma janela de alumínio (objeto) é

um componente cuja função encontra-se perfeitamente definida e por isso, não necessita de

estar integrado noutro componente para que a sua função seja entendida. Portanto, são

exemplos de objetos as portas, as janelas e os elementos de mobília e de iluminação.

Os objetos normalmente contêm a informação relativa à sua identificação, aparência,

performance e ao seu uso e devem possuir a informação necessária para projetar, localizar,

especificar e analisar um dado produto. Um objeto é constituído por vários materiais, cada um

deles com características próprias que podem ser, em determinado contexto, condicionantes

do comportamento e da aparência do objeto como um todo. Por outras palavras, no caso de,

por exemplo, uma janela avaliada quanto à sua aparência, são necessários os dados relativos

à cor e/ou acabamento dos diferentes materiais que constituem a janela. Portanto, um objeto

deve possuir informação relativa aos materiais e componentes que o constituem.

Figura 7 – Hierarquia dos conteúdos dos modelos BIM

Page 33: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

21

Os assemblies (em português, podem ser traduzidos como “conjuntos”) são constituídos por

determinados materiais e objetos que trabalham em conjunto para formar um elemento (Figura

8). Os exemplos mais básicos são os pavimentos, paredes, tetos e coberturas. Porém, o leque

é mais extenso podendo incluir escadas, gradeamentos, canalizações e cablagem.

Os assemblies contêm informação relativa aos diferentes materiais e elementos que o

constituem, como por exemplo a espessura e o tipo de componente envolvido, desde a

superfície interior para a exterior. Os componentes e materiais individuais contêm a sua própria

informação, permitindo que os materiais sejam criados uma vez e reusados inúmeras vezes.

Mesmo dentro do assembly é possível substituir diferentes materiais por outros com

determinadas características, de forma a obter um assembly com um comportamento diferente.

Como demonstrado, é muito importante que os materiais que constituem objetos e assemblies

possuam as suas características específicas. Porém, esse facto ganha ainda mais peso

quando estamos perante assemblies como paredes, pavimentos, tetos e coberturas, que são

constituídas por múltiplos materiais. Estes possuem propriedades referentes ao seu

comportamento que não estão relacionadas com o comportamento do assembly como um todo

e se possuírem as suas propriedades específicas, podem ser analisados e selecionados

conforme os seus méritos individuais (Weygant, 2011). A Figura 9 demonstra o papel dos

materiais como a base da hierarquia do conteúdo de um modelo BIM, formando os objetos e os

assemblies.

Figura 8 – Exemplo de um assembly (Fonte: http://www.arcat.com)

Page 34: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

22

Muitos produtos estão disponíveis no mercado pelos fabricantes de produtos de construção

civil (building product manufacturers – BPMs). Por exemplo, no mercado existem portas com

uma infinidade de combinações de alturas, larguras, espessuras, materiais, acabamentos,

resistências ao fogo e outras propriedades específicas. Apesar de ser possível modelar um

objeto BIM para cada combinação de propriedades, seria uma tarefa dantesca. Por isso, é de

todo conveniente recorrer à modelação paramétrica permitindo, assim, que um objeto BIM

contenha informação suficiente para representar mais do que uma configuração de

propriedades alternativas. O utilizador pode identificar qual o conjunto de propriedades que é

mais apropriado para um dado requisito de projeto e o software irá criar uma instância do

objeto que possuirá aquelas propriedades, incluindo informações gráficas e não gráficas

(Jones, 2011).

Existe uma forte tendência para que, cada vez mais, os fabricantes de produtos da construção

modelem os seus produtos criando, assim, bibliotecas para as suas linhas de produtos e

também, que procurem aumentar a especificação dos mesmos. Ao fazer isso, os fabricantes

permitem que os projetistas possam incorporar mais facilmente os seus produtos nos modelos

BIM. É, pois, benéfico para todos os envolvidos fazer com que os projetistas e arquitetos

tenham mais opções e dados dos produtos mais valiosos para utilizar em todo o processo de

projeto e ao mesmo tempo, permitir que os fabricantes possam fornecer informações dos seus

produtos aos clientes de uma forma mais eficaz e eficiente (AIA and Rundell, 2008).

É possível encontrar produtos de determinados fabricantes prontos a incorporar em modelos

BIM nos websites dos mesmos como, por exemplo, o fabricante norte-americano USG sendo

esta a forma mais fiável de obter dados de produtos específicos de fabricantes ou, ainda, em

websites de empresas como a ARCAT (http://www.arcat.com) e a Autodesk

(http://seek.autodesk.com) que disponibilizam produtos genéricos e específicos de inúmeros

fabricantes (AIA and Rundell, 2008).

Figura 9 – Papel dos materiais na hierarquia do conteúdo dos modelos BIM (Adaptado de: Weygant, 2011)

Page 35: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

23

Por último, os projetos são o culminar de todos os assemblies e componentes usados. Ao

reunir toda a informação no modelo BIM é possível, dentro de um dado projeto, localizar

virtualmente qualquer informação relativa a um componente específico. Assim, relativamente a

um determinado componente é possível saber, por exemplo, a cor, o piso onde se encontra, o

fabricante, quando será necessário substituí-lo e quantos iguais existem no modelo BIM

(Weygant, 2011). Os projetos BIM podem ser utilizados para diversas atividades, desde

estudos preliminares, passando por orçamentação e planeamento, até facilities management e

análises de projetos.

2.5.4. Interoperabilidade entre aplicações. Software e funcionalidades

Um modelo de determinado projeto BIM é a soma de vários modelos BIM produzidos por

pessoas diferentes com diferentes níveis de detalhe e utilizando diferentes software que, por

sua vez, podem produzir ficheiros em formatos distintos (Figura 10). Como exemplos de

modelos BIM que podem fazer parte de um único projeto referem-se os seguintes (Kymmell,

2008):

modelo do estaleiro (terreno, edifícios vizinhos, paisagem);

modelo da arquitetura (paredes, pavimentos, coberturas, circulação, objetos especiais);

modelo estrutural (sistemas estruturais);

modelos das diferentes especialidades (eletricidade, sistemas mecânicos,

abastecimento de água, combate a incêndios, águas residuais);

modelos especiais (equipamento, acabamentos, estruturas provisórias).

Esta diversidade de possibilidades torna a troca de informações entre modelos BIM e software

um enorme desafio. Um dos grandes desafios que a indústria da construção enfrenta na

Figura 10 – Vários modelos BIM produzidos apenas para um projeto de construção (Adaptado de: Smith, 2010)

Page 36: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

24

adoção do BIM é, pois, o uso dos modelos BIM não apenas como uma ferramenta no processo

de projeto, mas sim como a interface para a troca de informações entre todos os intervenientes

em projetos de construção. Tradicionalmente, a informação era trocada sob a forma de

desenhos e de documentos; no entanto, ao utilizarem ferramentas BIM todos os envolvidos são

agora incentivados a usar os modelos BIM como o meio para trocar informação (Steel et al.,

2010).

O BIM resume-se a informação estruturada que é coordenada. Esta informação tem de fluir em

todas as fases dos projetos de construção, desde o início do projeto até à fase de facilities

management. Para que tal seja uma realidade, a existência de interoperabilidade é obrigatória

(Hamil, 2012b). Esta, segundo Eastman et al. (2011), é a capacidade de troca de dados entre

aplicações, o que suaviza os fluxos de trabalho e por vezes, facilita a sua automação. Hamil

(2012b), por sua vez, define os seguintes três níveis de interoperabilidade:

interoperabilidade entre software do mesmo fornecedor

Este nível de interoperabilidade ocorre quando, por exemplo, um arquiteto, um

engenheiro estrutural e um engenheiro de uma qualquer especialidade trabalham em

modelos BIM distintos utilizando as suas versões da aplicação Revit (da empresa

Autodesk). Estes modelos podem, então, ser sobrepostos resultando um modelo

combinado. Este modelo combinado, por sua vez, chegará às mãos da equipa

encarregue pela construção que, utilizando a aplicação Navisworks (da mesma

empresa), realizarão o planeamento dos trabalhos. Este tipo de interoperabilidade

apresenta grandes benefícios em termos de planeamento e coordenação dos

trabalhos, bem como na deteção, em tempo útil, de conflitos entre a estrutura e as

especialidades;

interoperabilidade entre software de diferentes fornecedores

Nos dias de hoje, não é ainda possível projetar e construir um edifício utilizando

apenas software de um único fornecedor. Portanto, é inevitável que se tenha de

recorrer, a determinada altura, a software de diferentes fornecedores. O que levanta

uma questão: as regras de comunicação. Quando dois software de diferentes

fornecedores necessitam de comunicar, têm de ser acordadas regras de comunicação

que definem como os dois software devem comunicar entre si. Um exemplo poderá ser

a utilização de um software para modelar o edifício e outro para especificar os

materiais contidos no modelo. Para que tal seja útil para o utilizador, os dois software

têm de comunicar entre si possibilitando, assim, que um tenha acesso à informação

contida no outro. Portanto, existe neste tipo de interoperabilidade um grande potencial

para reduzir o número de erros e de melhorar a coordenação da informação;

Page 37: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

25

interoperabilidade através de normas abertas de dados (open data standards)

A função dos open data standards é definir onde a informação deve estar para ser

exibida ou transferida entre diferentes software. O que, hoje em dia, é algo trivial e

tomado como garantido na área da informação. Veja-se, por exemplo, o serviço de

correio eletrónico (e-mail) no qual não é nenhuma surpresa ser possível enviar um e-

mail para outra pessoa e esta conseguir vê-lo utilizando inúmeros software. Isto

acontece porque, nesta área, estão perfeitamente definidas as normas de dados e

assim, a informação é transferida entre aplicações de forma correta. Na indústria da

construção existem, dois open data standards bem consolidados: o Green Building

XML (gbXML) e o Industry Foundation Classes (IFC). A sua utilidade será permitir que

informação de diferentes fontes e diferentes software trabalhem em conjunto para

melhorar o fluxo de trabalho na construção.

Portanto, as trocas de dados entre aplicações são, geralmente, classificadas de uma de três

formas (Redmond et al., 2012):

direct links (ou ligações diretas, em português) – incluem Application Performance

Interfaces2 (APIs) para extrair os dados de uma aplicação e “escrevê-los” utilizando

outra aplicação que recebe os dados. Um exemplo é o Geometric Description

Language (ArchiCAD);

proprietary file exchange – é um ficheiro ou uma interface de streaming desenvolvida

por uma organização apenas com o intuito de trocar dados com a aplicação da mesma

organização abordando, essencialmente, a geometria. A maioria dos fornecedores de

software prefere este tipo de trocas de dados ou o anterior. Um exemplo é o formato da

Autodesk, o Drawing eXchange Format (DXF);

public product data model exchange – são esquemas e linguagens abertas e geridas

publicamente como o Extensible Markup Language (XML), os ficheiros de texto e o IFC

(Eastman et al., 2011). Estes formatos são frequentemente denominados na literatura

pelos já referidos open standards e serão abordados novamente mais adiante.

A estrutura da informação produzida e as aplicações utilizadas durante todo o ciclo de vida do

projeto de construção deve estar de acordo com normas internacionalmente aceites pela

indústria da construção. Isto permite que não se fique condicionado a software proprietários e

às suas opções para a troca de informação (proprietary file exchange) e para além disso,

possibilita a colaboração entre equipas geograficamente distribuídas sem quaisquer restrições

relativamente ao local onde se encontram e às limitações tecnológicas. As normas

internacionalmente aceites são, também, designadas por standards de jure e são

desenvolvidas por organismos internacionais certificadores como, por exemplo, a International

2 Application Program Interface ou Application Programming Interface (API) é um conjunto de rotinas e

protocolos através dos quais um programa pode comunicar com outro. Os APIs facilitam a tarefa dos programadores quando estes necessitam de programar uma aplicação que utiliza a funcionalidade de outra aplicação (American Heritage Dictionaries, 2006).

Page 38: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

26

Standardization Organization (ISO) ou, então, por um vasto conjunto de entidades relevantes

no mercado e setor da construção (empresas de construção, empresas de software,

universidades, etc.). Um exemplo é a buildingSMART cuja contribuição para esta problemática

será aprofundada mais adiante. Por outro lado, existem os standards de facto. Estes são

desenvolvidos por empresas de software que se tornaram dominantes no mercado e são

propriedade dessas mesmas empresas como o já referido DXF da Autodesk. A

interoperabilidade entre aplicações depende da opção dos primeiros (Grilo, 2008a).

O Industry Foundation Classes (IFC) foi desenvolvido pela organização buildingSMART

(anterior International Alliance for Interoperability - IAI) e segundo esta, trata-se de um standard

aberto e neutro, ou seja, não está associado a nenhum fabricante de software especificamente.

Eastman et al. (2011) definem o IFC como um esquema desenvolvido para definir um extenso

conjunto de representações consistentes de dados do empreendimento para troca entre

software da indústria da construção. Os modelos BIM que utilizam este formato são

semanticamente ricos uma vez que eles englobam não só a geometria 3D dos elementos

presentes no modelo, como também metadados3 relacionados com diversos outros aspetos do

edifício (Steel et al., 2010).

Diversos autores (Burt, 2009, Eastman et al., 2011, Hamil, 2012b, Steel et al., 2010, Weygant,

2011) referem que ainda existem vários problemas por resolver e portanto, a interoperabilidade

não é, ainda, uma realidade. Porém, Burt (2009) acrescenta que o problema de atingir uma

interoperabilidade integral poderá afetar o ritmo da implementação do BIM mas não afetará a

sua inevitabilidade.

A interoperabilidade é, portanto, fundamental para ser possível tirar proveito de todo o potencial

do BIM, o que trará benefícios para todas as partes interessadas resultando, assim, em

melhorias segundo três vetores: custos, prazos e qualidade. Segundo a experiência de

entidades que já adotaram o BIM, a interoperabilidade (Fallon, 2008):

acelera a tomada de decisões com conhecimento de causa em projeto;

permite a realização de rápidas iterações da performance do edifício e da sequência de

construção;

simplifica o fluxo de informação e reduz o tempo até à conclusão em certas cadeiras de

fornecedores;

reduz, significativamente, os problemas na obra e o desperdício de material durante a

construção;

torna viável a pré-fabricação, em ambientes controlados, de maiores percentagens de

componentes do edifício, aumentando a sua qualidade e longevidade;

reduz as atividades no estaleiro e o armazenamento de materiais no mesmo.

3 Metadados são, essencialmente, dados sobre dados, ou seja, dados associados a objetos ou a sistemas

de informação para fins de descrição, administração, uso, preservação. Podem ser de vários tipos: descritivos (identificação e localização), administrativos (criação, direitos, controlo de acesso) e estruturais (relacionam objetos) (2004b).

Page 39: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

27

A interoperabilidade apresenta, portanto, grandes benefícios em duas áreas que se encontram

interligadas: a colaboração no processo BIM e o aproveitamento das potencialidades das

ferramentas BIM disponíveis no mercado. Em 2.6.3 será visada a sua importância num

ambiente colaborativo mas, para já, far-se-á uma breve referência às ferramentas BIM

existentes e às suas potencialidades.

Como referido, a capacidade de importar vários modelos BIM e combiná-los num só modelo

acessível é importante e segundo Kymmell (2008), será uma atividade predominante visto que

a visualização é uma das principais finalidades dos modelos BIM. Estes software denominam-

se, na língua inglesa, por viewers e alguns deles permitem, também, que outras análises sejam

realizadas ou que outra informação seja introduzida nos componentes do modelo como

informações sobre o tempo de execução. Por outro lado, existem outras ferramentas que

permitem a realização de análises quantitativas do modelo como análises de custos (estimativa

de custos), dos tempos de execução (planeamento), do consumo de energia ou dos níveis de

iluminação natural e artificial, entre outros (Figura 11). A maior parte dos software de

modelação podem ser adquiridos juntamente com software de análise que lhe são compatíveis.

A referência a software não faz parte dos objetivos desta dissertação; por isso, aponta-se

apenas duas referências nas quais é possível obter uma lista exaustiva dos software

disponíveis. Hergunsel (2011), com base em Reinhardt (2009), apresenta uma lista com vários

Figura 11 – Possibilidades dos modelos BIM e da sua combinação (Adaptado de: Thomassen, 2011)

Page 40: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

28

software BIM utilizados pela indústria da construção bem como as suas principais

características. Outra referência é o “BIM Tools Matrix” disponível na internet4.

Kymmell (2008) define que os tipos de análises sobre os modelos são de três tipos:

qualitativas, sequenciais e quantitativas, como demonstra a Figura 12.

As primeiras têm, normalmente, em consideração a natureza dos assuntos e não a sua

quantidade, por isso, os seus processos são, regra geral, visuais. Como exemplo deste tipo de

análises, referem-se as seguintes:

comunicação, ilustrações de marketing e filmes

Trata-se duma forma de criar conteúdos visuais com o objetivo de demonstrar a obra a

terceiros;

análises de construtibilidade

A construtibilidade pode ser definida como a visualização dos métodos necessários

para construir um empreendimento. Este tipo de análise prende-se, pois, em analisar a

viabilidade de determinados métodos construtivos e detetar dificuldades caso estas

existam (Kymmell, 2008). Uma das vantagens do BIM é tornar possível construir um

empreendimento virtualmente antes de começar a construção física, com o objetivo de

descobrir potenciais problemas e também, simular e analisar os potenciais impactes. É

mais fácil resolver um problema bastando, para isso, mover um elemento no

computador do que demolir e reconstruir elementos na realidade (Svetel e Pejanovié,

2010);

4 http://bimforum.org/wp-content/uploads/2011/02/BIM_Tools_Matrix.pdf

Figura 12 – Tipos de análises que os software BIM permitem (Baseado em: Kymmell, 2008)

Page 41: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

29

coordenação de sistemas e clash detection

Trata-se de detetar conflitos entre todos os componentes do modelo 3D, ou seja,

componentes que ocupam o mesmo espaço, podendo ser componentes que são

duplicados de outros ou componentes que tocam ou atravessam outros. Esta análise é

muito útil quando se pretende a averiguar a compatibilidade do projeto de estruturas e

das especialidades, tal como nos referidos viewers;

análises energéticas

Para realizar este tipo de análises, é necessário que a informação sobre os materiais

que esteja totalmente disponível no modelo. Assim, a natureza, a dimensão e a

localização de todas as zonas de fronteiras podem ser calculadas gerando, desta

forma, dados relativos aos ganhos e perdas de calor. O software poderá, então, utilizá-

los para representar no modelo pontos quentes e frios simulando determinados

circunstâncias e condições.

As análises sequenciais, por definição, têm por base a análise do tempo. Embora tenham uma

natureza muito visual, necessitam também de muita informação quantitativa como, por

exemplo, as durações das atividades do projeto de construção. A capacidade de modelar em

três dimensões que os software BIM oferecem é ideal para os seguintes tipos de análises:

sequências de montagem e instalação

Neste tipo de análises, os componentes do modelo surgem neste consoante o

planeamento definido para a construção. Assim, é possível avaliar as implicações do

planeamento;

sequência e planeamento da construção

Esta análise é sobretudo visual embora o tempo seja tratado como uma quantidade.

A ligação entre o planeamento e o modelo não costuma ser bidirecional, ou seja, o

planeamento não é atualizado mediante uma mudança no modelo. Porém, caso o

planeamento seja criado a partir das quantidades inseridas no modelo e seja ligado a

índices de produtividade, é possível torná-la bidirecional. O software Vico Project

Control permite este tipo de análise de um modo interativo.

Por último, as análises quantitativas envolvem a medição da quantidade de algo e muitas

vezes, combinar aquela informação com outros tipos de informação. A natureza destas

análises não é, portanto, visual mas sim numérica podendo assumir um formato de base de

dados. São elas:

extração da lista de quantidades

Como referido, os modelos BIM não são mais do que uma representação virtual, em

três dimensões, da realidade por conterem também a informação relativa aos seus

Page 42: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

30

componentes. Assim, usando essa informação, a lista de quantidades dos projetos de

construção pode ser facilmente extraída dos modelos;

orçamentação

Os custos são o resultado da multiplicação entre as quantidades e os preços unitários

contidos numa base de dados. Portanto, basta fazer a ligação entre o modelo e a base

de dados de preços unitários cuja natureza dependerá do software utilizado;

análise de cash-flow

Uma vez estabelecida a ligação referida no caso anterior, o modelo pode ser utilizado

para monitorizar o cash-flow enquanto o progresso da construção é também

monitorizado no modelo, o que permite a combinação entre funções de orçamentação

e de planeamento utilizando os modelos BIM;

análise do custo de ciclo de vida

Esta análise está relacionada com o controlo dos custos e de consumo de energia. Se

o modelo contem os custos de operação e de manutenção dos seus componentes é,

então, possível fazer uma previsão do custo do ciclo de vida para o projeto de

construção.

2.5.5. Nível de desenvolvimento (LODs)

O que se pode retirar de um modelo BIM é baseado inteiramente naquilo que nele se

introduziu. O nível de plenitude associado com os materiais, objetos e assemblies é, pois,

crítico e influencia diretamente aquilo que se poderá fazer com os dados introduzidos. O nível

de detalhe compõe os dados que serão utilizados para analisar o modelo, portanto, se essa

informação está omissa ou incorreta, as análises não poderão ser realizadas (Weygant, 2011).

Daqui surge o conceito o conceito de nível de desenvolvimento (Level of Developmentl – LOD).

Este acrónimo é muitas vezes definido por “Level of Detail” (Nível de Detalhe) de forma errada

segundo vários autores. Segundo Van (2012), o nível de detalhe representa a quantidade de

informação e geometria fornecida por determinado participante no projeto de construção. Esse

nível de detalhe pode ser demasiado elevado para o que é realista de ser utilizado por outros

participantes a jusante no fluxo de trabalho. O nível de desenvolvimento, por outro lado, é a

máxima quantidade de informação e geometria cuja utilização é autorizada por parte de

terceiros.

O conceito de LOD foi introduzido, em 2008, pelo documento E202 (ver página 38) da entidade

American Institute of Architects (AIA) e segundo este, descreve o nível de plenitude segundo o

qual determinado elemento do modelo é desenvolvido. Um elemento do modelo, por sua vez, é

Page 43: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

31

qualquer parte de um modelo BIM que representa um componente, sistema ou assembly (ver

página 21) de uma construção ou do estaleiro (AIA, 2008). Este documento define cinco LODs

(100, 200, 300, 400 e 500) que são frequentemente associados às fases de um projeto de

construção. Porém, segundo Van (2012), esta associação está errada. Os LODs são baseados

nos componentes do modelo e não nos modelos como um todo, ou seja, não existem modelos

BIM com determinados LODs que representam as fases do desenvolvimento de um projeto de

construção mas sim, modelos BIM que possuem componentes com determinados LODs

consoante as especificidades e objetivos do projeto de construção. De seguida, descrevem-se

os cinco LODs referidos (AIA, 2008, Weygant, 2011).

LOD 100

Este nível é baseado nos volumes e nas

formas gerais dos elementos. Não se dispõe

de outras informações a não ser o tamanho

grosseiro dos elementos representado por

dimensões básicas como a área em planta, o

volume e a forma genérica. As finalidades

autorizadas para este LOD, segundo aquele

documento, são:

análises (baseadas no volume, área

e orientação como, por exemplo, a

análise da taxa de exposição solar);

estimação de custos (utilizando

preços por metro quadrado, por

exemplo);

planeamento (faseamento e cálculo

grosseiro da duração total).

LOD 200

Neste LOD, modela-se os elementos do

modelo como sistemas ou assemblies

generalizadas, indicando as quantidades,

dimensões, formas, localizações e

orientações aproximadas dos elementos do

modelo. Para além disso, informação não

geométrica pode também ser introduzida nos

mesmos.

Figura 13 – LOD 100 (Adaptado de: Weygant, 2011)

Figura 14 – LOD 200 (Adaptado de: Autodesk, 2012)

Page 44: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

32

LOD 300

Neste nível, os elementos do modelo

tornam-se mais específicos e precisos em

termos de quantidades, dimensões, formas,

localização e orientação. Tal como no caso

anterior, informação não geométrica pode

também ser introduzida nos mesmos. Neste

nível os próprios elementos começam a ser

detalhados, mas sem informações precisas

em relação à sua instalação ou manutenção.

LOD 400

Tal como no nível anterior, os elementos são

precisos em termos de quantidades,

dimensões, formas, localização e orientação.

Porém, neste nível os elementos devem

conter ou terem disponível de alguma forma

detalhes em duas dimensões relacionados

com o seu projeto, montagem e fabricação,

para além de outras informações que

permitam realizar análises precisas aos

mesmos e obter informações precisas sobre

os custos.

LOD 500

Este nível pode ser considerado como uma

representação digital de determinado

elemento. Raramente se atinge este LOD,

visto que pode reduzir o desempenho do

software utilizado dada a sua dimensão.

Figura 15 – LOD 300 (Adaptado de: Autodesk, 2012)

Figura 17 – LOD 500 (Adaptado de: Weygant, 2011)

Figura 16 - LOD 400 (Adaptado de: Autodesk, 2012)

Page 45: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

33

2.6. Building Information Modeling e Management

Como referido, o BIM pode ser definido como a junção de dois conceitos: o Building Information

Modeling e o Building Information Management. De uma forma simples, o primeiro é o

processo no qual se dá a produção da informação e o segundo representa o controlo e a

organização do mesmo utilizando a informação produzida (buildingSMART, 2012). Portanto, o

propósito central do BIM é a gestão da informação. A informação que inclui não só a que

encontra nos modelos BIM mas sim toda a informação relevante que é produzida durante toda

a vida do projeto de construção (Sands, 2012). Segundo o NBIMS, o BIM representa, para um

projeto de construção, a gestão da informação. A informação certa para a pessoa certa no

momento certo, composta por dados criados e partilhados por todos os participantes no projeto

de construção (NIBS, 2007). Em 2.2, foram referidas as vantagens do BIM relativamente aos

processos tradicionais (CAD); porém, é a capacidade de partilhar a informação inteligente

produzida no processo BIM que é, realmente, fundamental (Howell and Batcheler, 2005).

2.6.1. Ambiente colaborativo

Uma premissa básica da implementação do BIM é a colaboração entre todos os intervenientes

nas diferentes fases do ciclo de vida de um empreendimento para inserir, extrair, atualizar ou

modificar a informação produzida e assim, suportar e refletir o papel de cada interveniente

(NIBS, 2007). Assim, uma eficiente partilha de informação está dependente da criação de um

ambiente colaborativo. Por isso, como referido em 2.1, o BIM foi o catalisador de mudanças

contratuais e processuais na indústria da construção, como a adoção progressiva do IPD.

O IPD é uma nova abordagem à realização de projetos de construção que integra as pessoas,

os sistemas, as estruturas de negócio e as práticas num processo que, num ambiente

colaborativo, tira partido dos talentos e conhecimentos de todos os participantes com o objetivo

de otimizar o resultado final, aumentar o valor do projeto de construção na ótica do dono de

obra, reduzir os desperdícios e maximizar a eficiência desde o início do projeto até à entrega

da obra. Esta abordagem integrada da realização dos projetos é permitida pela colaboração

eficiente entre o dono de obra, o líder de projeto e o empreiteiro geral desde as primeiras fases

do projeto até à entrega da obra (Figura 18) e pelo uso do pensamento Lean ao longo de todo

o processo (Mossman, 2008).

Page 46: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

34

Figura 18 – Comparação entre os processos tradicional e colaborativo (Adaptado de: Thomassen, 2011)

O pensamento Lean está por detrás do conceito do IPD e é a interpretação ocidental da

filosofia de produção japonesa, particularmente, a do Toyota Production System (TPS). O TPS

foi um modelo de produção que surgiu, nos anos 50, nas linhas de montagem de uma empresa

japonesa dedicada à indústria automóvel e só começou a despertar o interesse das empresas

ocidentais na última década do século XX. Na língua portuguesa, pode traduzir-se como

pensamento magro, ou seja, dedicado ao desaparecimento dos desperdícios (as gorduras) na

produção. É, portanto, uma filosofia de produção aplicada as indústrias de manufatura (como a

indústria automóvel), onde demonstrou grandes melhorias em termos de eficácia e eficiência

nas linhas de produção. Porém, a indústria da construção não apresenta as características das

indústrias de manufatura (em 1.1 fez-se referência às suas especificidades), o que dificulta a

implementação dos princípios do pensamento Lean. No entanto, o pensamento Lean e os

seus princípios são, fundamentalmente, diretivas e não como regras estanques, ou seja, trata-

se de uma filosofia e por isso, é possível que a indústria da construção a adapte ainda assim

às suas especificidades. A possibilidade de aplicação da filosofia da produção Lean (Lean

Production) foi discutida, em 1992, por Lauri Koskela num relatório intitulado por “Application of

the new production philosophy to construction” (Peneirol, 2007).

Em 1993 surge, pela primeira vez, o termo “Lean Construction” na primeira reunião do

International Group for Lean Construction (IGLC), com a intenção de aplicar os métodos Lean

de gestão da produção utilizados na indústria manufaturada à indústria da construção (Sayer

and Anderson, 2012). A Lean Construction é, portanto, a forma de abordar a filosofia Lean

definida pelo setor da construção e tem evoluído, desde há cerca de quinze anos de forma

particular, porém, com os mesmos objetivos do que a das indústrias manufaturadas: melhorar a

produtividade e obter bons resultados (lucro para o cliente e para a empresa). A Lean

Page 47: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

35

Construction tem como missão desenvolver formas de melhorar os processos de projeto e de

construção de infraestruturas (Peneirol, 2007).

Existem dois importantes sistemas que representam uma forte fundação para a implementação

da Lean Construction: o Lean Project Delivery System (LPDS) e o Last Planner System (LPS)

que se encontra inerente à utilização do primeiro. O LPDS foi desenvolvido, em 2000, por

Gleen Gallard e é uma técnica Lean que integra cinco fases (definição do projeto de

construção, lean design, lean supply, lean assembly e utilização) para facilitar o projeto e a

realização de projetos de construção. É baseado numa estreita colaboração entre os membros

das equipas envolvidas que são unidos por códigos de conduta (que podem estar escritos ou

não), com o objetivo de que aqueles se foquem no sucesso global do projeto de construção e

não no seu sucesso individual.

Figura 19 – Representação do LPDS (Retirado de: Peneirol, 2007)

Uma metodologia de realização de projetos de construção que evoluiu a partir do LPDS foi,

precisamente, o IFD (Forbes e Ahmed, 2009). O IPD tem surgido como uma forma de organizar

as equipas envolvidas num projeto de construção para alcançar a Lean Construction, numa

altura em que a indústria da construção procura encontrar formas de eliminar os desperdícios,

reduzir os custos, melhorar a produtividade e criar resultados positivos (Carbasho, 2008).

Como seria de esperar, o princípio mais básico do IPD, à semelhança do LPDS, é a estreita

colaboração entre várias equipas que se encontram concentradas na otimização do projeto de

construção como um todo e não nos interesses das organizações que representam (Forbes e

Ahmed, 2009). A colaboração, por sua vez, é fundada na confiança. A colaboração baseada na

Page 48: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

36

confiança tem, assim, a capacidade de encorajar todos os intervenientes a concentrar-se nos

objetivos do projeto de construção e não nos seus próprios objetivos. Para ser possível atingir

tal nível de colaboração é fundamental que exista uma mudança de atitude por parte de todos

os intervenientes e que estes aceitem, em uníssono, os princípios do IPD (AIA, 2007):

confiança e respeito mútuos;

recompensas e benefícios mútuos;

inovação e tomada de decisões em ambiente colaborativo;

envolvimento dos principais intervenientes nas primeiras fases do projeto;

definição adiantada dos objetivos;

planeamento intensivo;

comunicação aberta;

tecnologia apropriada;

organização e liderança.

O quarto princípio referido (envolvimento dos principais intervenientes nas primeiras fases do

projeto) é bem fundamentado por um gráfico internacionalmente conhecido por “a curva de

Macleamy”. Este gráfico foi apresentado, pela primeira vez, em 2005, por Patrick MacLeamy

(CEO da empresa Hellmuth-Obata-Kassebaum) e encontra-se representado na Figura 20.

A curva de Macleamy representa o andamento do custo das alterações ao projeto (a vermelho)

e a sua capacidade para afetar o custo e as características do projeto (a verde) em função do

tempo num projeto de construção tradicional. Por outro lado, representa a comparação entre o

pico do esforço empregue na realização do projeto de construção por parte dos envolvidos no

fluxo de trabalho tradicional e no permitido pelo IPD. Verifica-se que as decisões tomadas logo

Figura 20 – A curva de Macleamy (Adaptado de: Anderson, 2010)

Page 49: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

37

nas primeiras fases do projeto podem ser tomadas ao menor custo e com a melhor eficácia.

Outra conclusão importante é que os projetos de construção beneficiarão da reunião dos

intervenientes nos mesmos durante o projeto. Assim, as decisões tomadas, especialmente

aquelas que irão afetar os custos do ciclo de vida do projeto de construção, sejam tomadas o

mais cedo possível (Anderson, 2010).

Forbes e Ahmed (2009) referem que o IPD é uma forma de contrato do tipo relacional que

alinha os objetivos do projeto de construção com os interesses dos principais participantes

criando, assim, uma organização com capacidade para aplicar os princípios e as práticas do

LPDS. Na Figura 21, encontra-se uma representação gráfica do IPD.

Os projetistas, o empreiteiro geral e os principais subempreiteiros trabalham em conjunto e

possuem contratos do tipo relacional entre eles, como está representado pelas equipas

delimitadas pelo traço descontínuo (Forbes e Ahmed, 2009). Por outro lado, o termo “at-risk

pool” pretende responder a outro princípio do IPD que é a partilha do risco e dos ganhos. De

uma forma simplificada, representa uma soma de dinheiro que é constituído pelos lucros das

equipas que fazem parte do IPD de modo a permitir que o risco sejam partilhado pelos diversos

membros segundo regras previamente acordadas (Thomsen et al., 2010). Segundo Sayer e

Anderson (2012), uma das principais resistências à implementação do IPD é precisamente o

assunto da partilha do risco, pela evidente dificuldade em alinhar os diferentes interesses das

diversas partes envolvidas.

Aquele tipo de contrato é denominado de relacional porque não se concentra apenas no

produto final mas também no processo para o atingir (Ghassemi e Becerik-Gerger, 2011).

Figura 21 – Representação da realização de um projeto de construção segundo o IPD (Adaptado de: Forbes and Ahmed, 2009)

Page 50: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

38

Segundo este autor, os contratos deste tipo mais amplamente utilizados são os AIA C195, AIA

C191, ConsensusDocs 300 e Integrated Form of Agreement (IFOA).

O AIA E202-2008 (referido em 2.5.5) é um documento que foi inicialmente desenvolvido para

ser utilizado num ambiente colaborativo regido pelo IPD. Este documento formaliza os

processos de desenvolvimento e utilização dos modelos BIM para determinado projeto de

construção. Assim, ajuda as equipas a chegar a um acordo quanto às finalidades para as quais

os modelos BIM serão utilizados, os LODs que os elementos dos modelos BIM alcançarão no

fim de cada fase e quanto a quem é responsável por desenvolver determinados elementos dos

modelos a determinados LODs (Bedrick, 2008).

O AIA E202-2008 começa com um “protocolo” genérico no qual as equipas podem definir

questões como a gestão e a posse dos modelos, bem como a coordenação e conflitos entre os

mesmos. Porém, a parte mais importante deste documento é a definição de dois conceitos

fundamentais: o LOD (explicado em 2.5.5) e o autor do elemento do modelo (Model Element

Author – MEA). Este último conceito designa as partes responsáveis pelo desenvolvimento do

conteúdo dos modelos (Van, 2008).

Tanto os LODs como os MEAs estão combinados numa matriz para cada fase do projeto de

construção (Figura 22). Porém, como referido, é um erro pensar que no final de cada fase do

projeto todos os elementos dos modelos possuem o mesmo LOD.

Figura 22 – Excerto da matriz do documento AIA E202-2008 (Adaptado de: AIA, 2008)

Segundo Katz e Crandall (2010), uma das críticas apontadas a este documento é que este não

prevê a produção de um plano de execução BIM (BIM Execution Plan, em inglês), que será

tratado no Apêndice 1. O documento ConsensusDOCS 301 – Building Information Modeling

Addendum ou, simplesmente, CD301 publicado no mesmo ano do AIA E202-208, apesar de ter

sido o primeiro de entre os dois a ser publicado, prevê a criação do referido plano, sendo essa

uma das suas principais características. Outras diferenças entre os dois documentos prendem-

se com questões de propriedade e alocação dos riscos.

Page 51: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

39

Johnson (2011) constatou que, segundo diversos autores, a definição deste tipo de contrato

continua a não ser consensual. Releva-se ser difícil definir este conceito talvez por não

existirem um conjunto de características que são comuns a todas as variantes do conceito.

Uma analogia interessante pode ser feita com uma família. Alguns dos membros de uma

família pode ter o mesmo tipo de nariz, boca ou olhos mas nenhuma característica é comum a

todos os membros. No entanto, é possível perceber que todos são familiares por terem uma

semelhança que é característica da família. Segundo o mesmo autor, a melhor definição do

conceito do contrato relacional que pode ser encontrada na literatura da especialidade é feita

por Chan et al. (2009). Estes autores definiram treze elementos que, aproveitando a analogia

referida, formam as semelhanças que são características a estes tipos de contratos (Figura 23).

Vários autores, como por exemplo Ghassemi and Becerik-Gerger (2011), Eastman et al. (2011)

e Forbes and Ahmed (2009), referem vários casos em que o IPD foi aplicado na prática com

sucesso. Porém, segundo o último autor, o sucesso advém, principalmente, do interesse de

donos de obra que criaram as condições para a existência da tão necessária colaboração

estreita entre as partes envolvidas para um ambiente Lean. Portanto, deverão ser os donos de

obra a dar o primeiro passo.

Harris (2009) refere que o IPD deve ser apenas o início. O IPD concentra-se apenas na

realização do projeto de construção, ou seja, termina assim que a obra é concluída e entregue

ao dono de obra. Porém, a indústria da construção necessita de utilizar o BIM e o IPD para ir

mais além. Uma vez que a obra é entregue ao dono de obra, a informação produzida até então

Figura 23 – Elementos característicos de contratos relacionais (Adaptado de: Chan et al., 2009)

Page 52: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

40

necessita de circular para as fases seguintes do ciclo de vida do empreendimento (este

assunto será abordado em 2.6.5.5). O futuro do BIM passará, pois, por incluir mais fases do

ciclo de vida dos empreendimentos resultando numa gestão de empreendimentos integrada e

também, por normalizar a gestão da informação de forma a tornar o processo claro e

consistente.

Muito mais se poderia referir em relação ao IPD, porém, sairia do âmbito desta dissertação.

Interessa, pois, refletir sobre a relação entre os conceitos: a Lean Construction, o IPD e o BIM.

Segundo Sayer e Anderson (2012), a distinção entre o IPD e a realização de projetos de

construção segundo os princípios Lean não é consensual entre todos os autores. Porém, a

maioria distingue-os definindo que os princípios Lean são uma metodologia para a realização

de projetos de construção e o IPD encontra-se mais relacionado com os acordos comerciais

entre os intervenientes. Sacks et al. (2010) acrescentam que o IPD centra-se na criação de

colaboração através de um contrato central e comum e o BIM centra-se, fundamentalmente, no

uso de tecnologias da informação de uma forma competente.

O BIM pode ser implementado sem a Lean Construction e da mesma forma, as práticas da

Lean Construction pode ser adotadas sem o BIM. Estes dois conceitos não são, portanto,

dependentes, o que pode ser demonstrado por diversos casos de aplicação individuais dos

dois nos últimos anos. No entanto, para que os benefícios de cada um possam ser

aproveitados em toda a sua plenitude, a implementação dos dois conceitos deve ser integrada.

O IPD eleva o BIM a outro nível para criar uma plataforma integrada para a gestão de

empreendimentos e para a colaboração (Sacks et al., 2010).

Howell (2010b) refere que o IPD é uma grande mudança cultural para a indústria da

construção, contudo, a mudança não se verificará na íntegra sem a existência de tecnologias e

processos de trabalho que a suportem. Considere-se, por exemplo, que se pretende modificar

um modelo BIM. O ideal seria reunir os principais intervenientes (arquiteto, projetistas,

consultores, empreiteiro geral, principais subempreiteiros e fornecedores) na mesma sala, na

qual o modelo BIM é apresentado num grande ecrã. Assim, as equipas poderão resolver

assuntos relacionados com o projeto e fazer as modificações necessárias. Esta situação é a

ideal, porém, só é rentável para projetos de construção de grande dimensão devido aos

elevados custos que o dono de obra teria de suportar para fornecer o local e o equipamento

necessário para que tal reunião ocorra. Portanto, para que o IPD seja uma realidade, é

necessário que cada equipa possa trabalhar a partir das suas instalações e utilizando as suas

infraestruturas de TI (tecnologia de informação), ou seja, é necessário encontrar outra forma de

gerir e partilhar a informação relacionada com os modelos BIM (Howell, 2010b). Assim, foi

associado o conhecido conceito Cloud Computing (em português, computação em “nuvem”) ao

BIM.

Page 53: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

41

2.6.2. Cloud Computing num ambiente BIM

A realização de um projeto de construção segundo os referidos princípios do IPD implica reunir

os principais intervenientes (dono de obra, arquitetos, projetistas e empreiteiro geral) o mais

cedo possível e modificar a forma como as equipas são constituídas; os contratos são escritos;

o risco é partilhado; as decisões são tomadas e como as ferramentas disponíveis são usadas

para comunicar a informação (Ostanik, 2010a). Para dar resposta a este último ponto surgiram

as ferramentas de colaboração através da Internet (Web-based collaboration tools) que são

fundamentais para garantir a aplicação dos princípios do IPD.

São vários os termos utilizados para descrever os recentes Web-based collaboration tools.

Porém, segundo Ostanik (2010b), um termo mais correcto é Integrated Project Collaboration

(IPC) Software. Este termo destaca a faceta integrada deste tipo de software, ou seja,

disponível a todos intervenientes (Integrated); o facto de reunir a informação relativa a um

projeto de construção específico (Project) e por último, o facto de ter sido pensado para um uso

partilhado, com responsabilidade e acesso equitativos por parte de todos os utilizadores

(Collaboration). Assim, IPC é um processo de utilização do conceito de Cloud Computing para

fornecer uma localização central na qual os intervenientes num projeto de construção trocam

toda a informação relativa ao mesmo e por isso, os software IPC são também conhecidos por

Integrated Project Delivery in the Cloud (Ostanik, 2010b).

Chuang et al. (2011) e outros autores utilizam a expressão “Cloud BIM” para designar a

associação de conceitos do Cloud Computing (particularmente o SaaS, como se verá mais

adiante) ao BIM para desenvolver, assim, um sistema interativo que permite a visualização e

manipulação num ambiente BIM. Este sistema permite não só a visualizar e manipular modelos

BIM através da internet sem limitações temporais e geográficas mas também, fornece serviços

da internet (Web Services) de utilização fácil para os vários intervenientes num projeto de

construção incluindo empreiteiros, dono de obra e gabinete de arquitetura e projetistas. Assim,

estes poderão aceder e ver a informação relevante de uma forma eficiente e eficaz através da

internet (Figura 24). De seguida, far-se-á uma referência ao conceito Cloud Computing e aos

Web Services, bem como às características dos mesmos que são mais relevantes no contexto

do BIM.

Page 54: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

42

O termo Cloud Computing possui, na literatura, múltiplas definições (Williams, 2010a). Porém,

nesta dissertação será apresentada a definição dada pelo National Institute of Standards and

Technology (NIST) que considera o Cloud Computing como um modelo para permitir o acesso

à rede, de forma ubíqua, conveniente e sob demanda, a um conjunto compartilhado de

recursos de computação configuráveis (por exemplo, redes, servidores, armazenamento de

dados, aplicações e serviços) que pode ser rapidamente provisionados e lançados com o

mínimo esforço de gestão ou interação com fornecedores de serviços (Mell and Grance, 2011).

Na literatura, é consensual atribuir ao Cloud Computing cinco características principais, sendo

elas (Cholakis, 2012, Mell e Grance, 2011, Williams, 2010a):

self-service sob demanda (on-demand self-service)

Os utilizadores entrarem num website ou utilizarem serviços da internet para ter o

acesso a recursos de computação adicionais, ou seja, os utilizadores acedem aos

mesmos sempre que pretendam e sem atrasos;

amplo acesso à rede (broad network acess)

A capacidade de utilizar o serviço através de diversas plataformas (computadores

pessoais, tablets ou smartphones);

agrupamento de recursos (resource pooling)

Os utilizadores partilham um agrupamento de recursos com outros utilizadores e por

sua vez, os recursos podem ser alocados ou realocados digitalmente e estarem

alojados em qualquer lado;

Figura 24 – O conceito BIM Cloud (Adaptado de: Chuang et al., 2011)

Page 55: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

43

rápida elasticidade (rapid elasticity)

Rapidez na disponibilização dos recursos de computação ou na libertação das contas

dos utilizadores para que estes possam dimensionar os seus sistemas bem como os

gastos consoante seja necessário;

serviço mensurado (measured service) – capacidade de monitorizar e registar

automaticamente os recursos utilizados pelos utilizadores ou alocados aos mesmos.

Existem diversos tipos de Cloud Computing que são fornecidos como um serviço aos

utilizadores que são denominados como modelos de serviço (service model). Os recursos de

computação são alugados, o que faz com que o utilizador seja dispensado de adquirir

diretamente os software e o hardware necessários (Williams, 2010a). Os modelos de serviço,

segundo este autor e muitos outros, são:

Software as a Service (SaaS)

Este modelo de serviço caracteriza-se por fornecer aplicações (software) aos

utilizadores apenas através da internet. Estas aplicações utilizam normas que, por sua

vez, regulam os serviços da internet, o que lhes permite utilizar serviços de outras

aplicações disponíveis na internet com o objetivo de trocar, incluir ou combinar dados

(Williams, 2010a). O SaaS é especialmente adaptado para aplicações nas quais existe

uma grande interação entre a organização que o utilizador representa e o exterior e por

outro lado, necessitam de um acesso significativo à internet ou móvel e apresentam um

uso intermitente bem como picos de demanda frequentes. Todas estas características

estão presentes em projetos de construção de qualquer tipo (Cholakis, 2012);

Platform as a Service (PaaS)

O PaaS fornece aos utilizadores um ambiente online no qual podem rapidamente criar,

testar, alojar, distribuir e fazer a manutenção de aplicações da internet utilizando

ferramentas próprias para o efeito (Williams, 2010a).

Infrastructure as a Service (IaaS)

Por último, o IaaS permite que os utilizadores tenham acesso de forma administrativa e

através da internet a recursos de computação fundamentais como capacidade de

processamento, armazenamento e redes.

Segundo Lijun and Chua (2011), a utilização do Cloud Computing juntamente com o BIM ainda

está numa fase preliminar, porém, é-lhe reconhecida um grande potencial. Ajudará a quebrar

as barreiras entre os diversos processos de que um projeto de construção depende, e a reduzir

Page 56: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

44

a fragmentação do desenvolvimento do mesmo, implementando um fluxo de trabalho integrado

e uma colaboração abrangente a todos os intervenientes num projeto de construção.

Para a aplicação do Cloud Computing no BIM, destaca-se, principalmente, o papel dos SaaS e

PaaS. Utilizando estes dois modelos de serviços e tendo em conta que, como referido, as

aplicações que se encontram em “nuvem” têm a capacidade de comunicar virtualmente com

outras, as entidades externas podem facilmente tornar-se parte do desenvolvimento de um

projeto de construção que já estava a ser desenvolvido por múltiplas entidades. Esta

capacidade assume uma importância vital quando vários profissionais possuem diversas fontes

de dados já existentes (como bases de dados de custos, informações contratuais e outras

informações relativas à realização de projetos de construção) e necessitam de extrair e manter

conhecimentos dessas mesmas fontes.

A utilização desta tecnologia permite a criação de um ambiente colaborativo do qual o BIM

tanto depende, fazendo com que as partes interessadas trabalhem em simultâneo sobre os

mesmos dados. Veja-se o seguinte exemplo: Imagine-se a realização do orçamento para o

restauro de uma obra no estrangeiro mas que pertence a um dono de obra com sede em

Portugal. As entidades que participarão no projeto podem ser simplesmente convidadas pelo

dono de obra ou pelo seu representante e o convite, por sua vez, pode ser enviado através da

internet em qualquer língua e de forma automática. Os convites podem apenas permitir um

acesso parcial à informação que é definido a priori pelo dono de obra, ou seja, este pode definir

quais as informações a que as entidades têm acesso ou então pode conceder um acesso total

a determinadas entidades como, por exemplo, o empreiteiro geral e este, por sua vez, pode

conceder um acesso limitado a um subempreiteiro. Uma entidade convidada pode, portanto,

realizar trabalho sobre a informação disponibilizada como, por exemplo, fazer uma estimativa

do custo da obra e/ou trabalhar conjuntamente com outras entidades utilizando uma estimativa

de custos já existente. Em todo o caso, as alterações podem ser realizadas, pelo administrador

das contas de utilizador, em qualquer nível e momento. Cada alteração é, então, registada e

associada a uma determinada hora e entidade de forma automática, sendo possível desfazer

ou refazer as modificações caso seja necessário. Estas funcionalidades permitem uma total

colaboração e transparência no processo (Cholakis, 2012).

A utilização do Cloud Computing permite, portanto, o desenvolvimento de projetos em menos

tempo e com grande eficácia. Quando ocorrem alterações ao projeto, podem passar-se

semanas até que todas as especialidades tomem conhecimento e as registem. A duração

deste processo, utilizando o Cloud Computing, pode ser reduzida a alguns minutos. Por outro

lado, ao permitir que todas as especialidades colaborem em tempo real os erros de

coordenação serão minimizados o que elevará a qualidade dos desenhos produzidos. A

integração do processo que esta tecnologia possibilita aumenta a eficácia e a precisão no

desenvolvimento do projeto, reduzindo o esforço necessário para produzir toda a

Page 57: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

45

documentação inerente ao projeto de construção e a duração da obra na fase de construção

(Cholakis, 2012).

É, no entanto, importante referir alguns obstáculos à implementação deste tipo de tecnologia

como, por exemplo, a apropriação de dados, questões de segurança, velocidade da internet e

o apoio ao serviço (Lijun e Chua, 2011). Outra questão importante é a falta de motivação da

indústria da construção a utilizar novas tecnologias sem uma obrigatoriedade contratual

(Redmond et al., 2012).

Como referido, o acesso e a visualização da informação relativa ao projeto de construção por

parte dos intervenientes no seu desenvolvimento realizar-se-á através dos Web Services.

Existem várias definições para os mesmos, no entanto, MacPherson (2012) define-os, numa

perspetiva BIM, como processos automatizados de intercâmbio “machine-to-machine” e de

integração de dados que utilizam normas abertas através da internet para simplificar dados

complexos e incluí-los em mensagens. Apesar da definição, não ser consensual refere-se que

um Web Service é qualquer serviço que (tutorialspoint, 2002):

está disponível através da internet ou intranet (rede privada);

utiliza um sistema de mensagens XML normalizado;

não está vinculado a nenhum sistema operativo ou linguagens de programação;

descreve-se automaticamente através de uma gramática XML universal;

possa ser descoberto utilizando um simples mecanismo de pesquisa.

Os Web Services fornecem um mecanismo para a troca de dados através da internet e de

forma aberta, ou seja, utilizando open standards (Redmond et al., 2012). Smith and Tardif

(2009) referem que a utilização dos open standards para a transferência interoperável de

informação ajudará a assegurar a usabilidade e sustentabilidade da informação, ou seja, a

capacidade de acedê-la ao longo de toda a sua vida útil para múltiplos fins. O principal formato

de intercâmbio para ficheiros BIM é, sem dúvida, o IFC. Porém, como se verá no 2.6.4.1, este,

apesar de continuar a ter um papel fundamental no BIM, não adequa bem a esta função em

particular.

2.6.3. Interoperabilidade em ambiente colaborativo

Em 2.5.4, foi referida a importância da interoperabilidade para garantir as funcionalidades dos

software. Porém, esta é igualmente fundamental para garantir um ambiente colaborativo. A

troca de modelos BIM e de outros dados entre diferentes software continua a ser um dos

grandes desafios que a indústria da construção necessita de resolver. Só assim a realização

dos projetos de construção será um processo totalmente integrado e colaborativo (AISC, 2011).

Em 2004, estimou-se que a falta de interoperabilidade era responsável por prejuízos na ordem

dos 15,8 biliões de dólares ao ano só nos Estados Unidos da América (Gallaher et al., 2004).

Page 58: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

46

Com o objetivo de fazer face a essa realidade, estão a decorrer a nível internacional diversos

esforços no sentido de estabelecer normas, protocolos e melhores práticas em toda a indústria

da construção (AISC, 2011). Sullivan (2009) aponta as seguintes entidades e normas como as

mais relevantes nesta área:

American Institute of Steel Construction (AISC) – normas de intercâmbio para a

indústria do aço estrutural (CIS/2);

buildingSMART Alliance (bSa) – Industry Foundation Class (IFC) e Model View

Definitions (MVD);

Construstion Specifications Institute (CSI) – sistemas de classificação MasterFormat e

Omniclass e International Framework for Dictionaries (IFD);

Construction Operations Building Information Exchange (COBie) – estrutura para

passagem de dados para a fase de facilities management;

FIATECH – melhores práticas e tecnologias para o ciclo de vida de edifícios;

Green Building XML Schema (gbXML) – Esquema aberto para troca de dados da obra

para a realização de análises energéticas.

A entidade FIATECH aponta quatro componentes essenciais para melhorar a

interoperabilidade (Fiatech, 2012). São eles:

Business Case (retorno do investimento, métricas, valor comercial) – descreve

oportunidades para melhorar a interoperabilidade e define o custo e os riscos

associados com a potencial implementação de trocas de informação normalizadas e

estruturadas como um catalisador de operações integradas e automatizadas;

Mudanças culturais (formação, recursos) – apoiar as pessoas na implementação de

novos processos e na adoção de novas ferramentas e tecnologias para fornecer

benefícios comerciais (retorno do investimento) às organizações.

Information Delivery Processes (processos, sistemas e ferramentas) – permite que

todas as partes interessadas executem tarefas (atividades) e realizem a gestão e a

comunicação de informação do projeto de construção ao longo do ciclo de vida do

mesmo;

Information Management (especificações de dados, normas e ensaios) – permite a

troca, a coordenação, o rastreio e a sincronização de informação sem problemas de

integridade e segurança;

De seguida, far-se-á uma breve referência aos dois primeiros componentes. Porém, devido à

sua relevância para o âmbito da dissertação, os dois últimos componentes serão mais

aprofundados.

A definição de Business Case não é consensual na literatura da especialidade mas pode ser

definido como um conjunto de orientações para analisar as consequências financeiras e outros

tipos de consequências que são o resultado da execução de uma ação pretendida. O objetivo

Page 59: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

47

de um Business Case é justificar a ação pretendida ou avaliar a sua execução (Braaksma,

2006). Existem diversas formas de apresentar um Business Case mas em todas elas deve

constar a avaliação dos benefícios, recursos, custos e riscos da ação pretendida e apresentar

os dados e as análises da mesma em determinado contexto de negócio. As suas

especificidades bem como as do contexto podem ter uma influência decisiva no resultado do

business case. Portanto, numa indústria com características tão específicas como a indústria

da construção, não é possível definir um business case padrão. Ainda assim, a publicação

“Business Drivers for BIM” da CRC Construction Innovation baseia-se em cinco casos de

estudos e apesar de não se aplicar diretamente à questão da interoperabilidade, aponta várias

indicações no sentido de ajudar as empresas a obter a informação necessária para realizarem

business cases (Wakefield et al., 2007). Segundo Fiatech (2012), sem um business case bem

definido a melhoria de interoperabilidade continuará fragmentada e não será totalmente

alcançada.

O BIM implicará, sem dúvida, uma mudança cultural. Paul Morrell, conselheiro-chefe do

governo britânico no setor da construção, refere que, provavelmente, um dos grandes mal

entendidos na área do BIM é pensar-se que este envolve apenas software. O BIM tem mais a

ver com uma mudança cultural do que com software e infelizmente, isso ainda não foi

compreendido por toda a gente (Bellerby, 2012). Os desafios que a mudança cultural impõe

superam muitas vezes a tarefa de criar novos processos de trabalho (Fiatech, 2012).

2.6.4. Processos de distribuição de informação

Relativamente aos Information Delivery Processes (processos de distribuição de informação,

em português), Bernstein e Pittman (2004) referem que uma das principais barreiras à adoção

do BIM é a evolução do processo transacional de negócio, ou seja, o BIM facilitará o fluxo de

informação e associará todos os processos, porém, os desafios inerentes ao processo de

negócio não ficam resolvidos. A integração de todos os dados e informações produzidos no

projeto num processo BIM elimina muitos potenciais conflitos mas, ainda assim, não resolve

todos os desafios inerentes à integração do processo de negócio. Estes desafios prendem-se,

essencialmente, com questões de responsabilidade e da partilha de riscos e das remunerações

que, ironicamente, estavam bem definidas nos processos tradicionais mas que agora deixaram

de o estar. Se estas questões não estiverem resolvidas, não existirá integração e, por

consequência, todos os processos necessários à realização dos projetos de construção

(incluindo as ferramentas que os suportam e os seus dados) não poderão emadurecer de

forma adequada. É necessário delinear a montante o fluxo de trabalho, os processos e a

interação de dados.

Uma das iniciativas mais relevantes em matéria de troca de dados é o IFC, como já foi referido

anteriormente. Porém, segundo Eastman et al. (2010), este é condição necessária mas não

suficiente para atingir a total interoperabilidade. O IFC será sempre falível a não ser que as

Page 60: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

48

trocas de informação dos fluxos de trabalho dos projetos de construção sejam definidas, ou

seja, os seus conteúdos particulares bem como o seu nível de detalhe necessitam de ser

especificados. Para uma linguagem como o IFC, a falta de definição do conteúdo das trocas de

informação orientadas para uma tarefa específica faz com que a implementação de aplicações

que as executam (denominados translators na literatura) falhe apesar de estas até poderem ser

tecnicamente corretas, resultando em trocas de informação incompletas e incompatíveis devido

à falta de coordenação no que toca à forma como a informação necessita de ser representada

segundo o IFC.

Segundo Redmond et al. (2012), o problema inicial com o formato IFC é que este não tem o

objetivo de armazenar e suportar todos os dados relevantes para as diversas particularidades

dos processos envolvidos num projeto de construção. Por outro lado, o IFC armazena toda a

informação e ninguém está interessado em toda e qualquer informação, por isso, a informação

deve ser filtrada para ir ao encontro das necessidades das pessoas consoante o seu papel no

projeto de construção (CRC Construction Innovation, 2009). Esta capacidade de armazenar

toda a informação mas só apresentar a informação relevante a determinada altura é designada,

por Bernstein and Pittman (2004), como meaningfully interoperability, ou seja,

interoperabilidade com significado. Assim, segundo NIBS (2007), NIBS (2012), para que ocorra

um verdadeira fluxo de informação são necessários três fatores:

o formato para a troca de informação (o IFC);

uma especificação da composição da troca de informação e de quando esta ocorre (o

IDM);

um entendimento padronizado do que realmente se trata a informação trocada, uma

biblioteca de terminologias (o IFD, como se verá em 2.6.5.4).

No entanto, numa perspetiva de troca de informação na internet utilizando os Web Services

(como foi contextualizado em 2.6.2), MacPherson (2012) refere que o sucesso da utilização

dos mesmos para aquela finalidade no BIM necessita dos seguintes componentes:

um modelo de dados adequado;

um dicionário (APIs com o IFD);

classificação e taxonomias (Omniclass);

descrições dos processos (IDMs e MVDs).

Portanto, vários autores concordam que, para a troca de informações com significado seja uma

realidade, é necessário definir as trocas de informação entre as diversas especialidades e para

cada tarefa específica, o modelo de dados e o entendimento padronizado do que se trata a

informação trocada (dicionário, classificação e taxonomias). Os dois primeiros serão tratados

de seguida. No entanto, o último será tratado em 2.6.5.4 dada a sua relevância para a gestão

de informação.

Page 61: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

49

2.6.4.1. Modelo de dados

Relativamente ao modelo de dados e segundo Howell e Batcheler (2005), a ubiquidade do XML

como um protocolo para a transferência de subconjuntos ou “pacotes” de informação relevante

é uma oportunidade para alcançar a interoperabilidade entre uma indústria fragmentada e de

grandes dimensões como a indústria da construção. O XML deriva do HyperText Markup

Language (HTML) que é a linguagem para a internet (Zhang et al., 2010). É uma especificação

de uso geral capaz de descrever dados publicados. O mecanismo de descrição dos dados é

baseado na inserção de etiquetas no texto tradicional e o utilizador pode escolher qualquer

termo para definir determinada etiqueta. Esta linguagem permite, portanto, representar dados

arbitrários de uma forma hierárquica. No entanto, apesar de permitir uma representação

estruturada de qualquer tipo de informação, não fornece nenhum mecanismo para determinar o

significado dos termos utilizados nas etiquetas. O XML schema é uma forma de resolver esta

questão e foi desenvolvido como uma alternativa ao IFC para simplificar a troca de dados entre

as várias aplicações de software do setor da construção e para conectar os modelos BIM

através dos Web Services (Onuma, 2010). É uma linguagem que fornece uma descrição de um

tipo de documento XML articulando-o, geralmente, em termos de restrições quanto à estrutura

e ao conteúdo de documentos XML relacionados (Svetel e Pejanovié, 2010). Isto significa a

criação de documentos com etiquetas semânticas nos quais os agentes de software podem

classificar e identificar o seu contexto e a sua informação. O XML torna-se, assim,

especialmente importante para dar sentido a todas as informações disponíveis na internet. Isto

não se aplica apenas a informação relacionada com o BIM mas sim a toda a informação em

geral (Aranda-Mena e Wakefield, 2006). Assim, vários XML schemas têm sido desenvolvidos

para o setor da construção bem como para a área de facilities management. O gbXML (Green

Building XML) schema é utilizado para descrever dados relacionados com a eficiência enérgica

do empreendimento e o seu impacto ambiental. Por outro lado, o aecXML schema é utilizado

para descrever todos os dados produzidos nas fases de projeto e de construção. Por último, o

CityXML schema representa dados geográficos (Svetel e Pejanovié, 2010). Para além destes,

é importante ter presente que uma das vantagens do IFC é fornecer um suporte integrado para

o XML, ou seja, qualquer modelo IFC pode ser descrito no formato ifcXML. Assim, a informação

armazenada num modelo pode ser facilmente transferida para páginas da Web que são

legíveis para os utilizadores (Zhang et al., 2010).

O XML criou várias oportunidades de interoperabilidade (Smith e Tardif, 2009). Porém,

Redmond et al. (2012) , com base em onze entrevistas semiestruturadas a especialistas na

utilização do Cloud Computing como uma plataforma de integração para aplicações BIM (Cloud

BIM), concluíram que o XML schema releva-se demasiado complexo e de difícil utilização por

parte de não especialistas, visto que estes necessitam de o ler para poderem escrever

documentos válidos. De igual forma, o ifcXML por derivar do IFC releva-se também demasiado

complexo. No entanto, apesar de o XML ser preferível em detrimento do IFC quando se

Page 62: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

50

pretende trocar dados e informação relevante para uma tarefa específica, quando essas tarefas

são mais complexas, o IFC será necessário. Assim, a solução proposta por aquele autor para

estas questões passa pela utilização de trocas de dados e de informação BIM com base na

Web numa plataforma Cloud e pela incorporação tanto do IFC como de Simplified Markup

Language (SML), o que pode levar à melhoria da interoperabilidade entre as diversas

aplicações do setor da construção. A linguagem SML deriva do XML e pretende que a natureza

baseada em documentos do XML se perca e se crie uma linguagem mais simples e mais

centrada em dados (Dumbill, 1999).

Em 2006, a empresa ONUMA, Inc. criou o Building Information Model Extended Markup

Language (BIMXML) com o objetivo de descrever dados do projeto de construção (locais,

edifícios, pisos, espaços e equipamento, bem como os atributos que lhes estão associados)

num modelo espacial simplificado (formas e espaços extrudados) para melhorar a colaboração

em ambiente BIM (Onuma, 2010). O BIMXML foi criado com o intuito de servir como SML

(Redmond et al., 2012, Redmond e Smith, 2011, 2012, Smith e Bordenaro, 2011). Segundo

Smith e Bordenaro (2011), este pode ajudar a resolver o profundo problema da troca de

informação que está a prejudicar a indústria da construção e nos últimos anos, tem sido

utilizado com sucesso na associação de dados com software baseados no IFC em projetos de

construção bem documentados e vencedores de prémios. Existem três bases sólidas a partir

das quais o BIMXML assiste a compatibilidade entre software que utilizam o formato IFC ao

disponibilizar os dados do projeto de construção na Web em tempo real. São eles:

a capacidade de definir categorias genéricas de objetos;

a associação das propriedades dos objetos;

a criação de modelos parciais de objetos no BIM Cloud.

O BIMXML descreve objetos utilizando apenas dados fundamentais mas, ao mesmo tempo,

genéricos (locais, edifícios, pisos, espaços e equipamentos, por exemplo). Para além disso,

permite a criação de inúmeros atributos para os objetos. A simplicidade do BIMXML torna os

dados mais resistentes ao tempo, o que é muito importante para os donos de obra (Smith e

Bordenaro, 2011). A capacidade de simplificar a estrutura dos ficheiros no processo de

exportar e importar ficheiros BIM parciais através do BIMXML conduz a uma redução

substancial na dimensões dos ficheiros e ao mesmo tempo, um análise eficaz da tomada de

decisões baseada na informação requerida e necessária para as estimativas orçamentais

(Redmond e Smith, 2011). O BIMXML permite, ainda, a associação dos dados geográficos dos

objetos com os sistemas de informação geográfica (GIS) como, por exemplo, o ArcGIS e

Google Earth e também, a georreferenciação de todos os dados do COBie (tratado em 2.6.5.5)

(Smith e Bordenaro, 2011).

A perspetiva de utilizar um serviço completo da Web para a troca de dados sem quaisquer

problemas utilizando SML fornecerá ao utilizador final a capacidade de ativar um servidor de

aplicações Web através do seu web browser e estabelecer todas as tarefas requeridas numa

Page 63: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

51

só interface ou, alternativamente, numa classe de aplicações interoperáveis, o que reduz o

tempo e capacidade de armazenamento necessários e para além disso, aumenta a velocidade

da transferência de informações entre aplicações BIM (Redmond e Smith, 2012). Redmond et

al. (2012) denominam esta perspetiva por “Cloud BIM information exchange mechanism” que,

segundo estes autores, reforçará a possibilidade das várias especialidades da indústria da

construção colaborarem na mesma plataforma ao partilhar e trocar dados, possibilitando assim

uma tomada de decisões chave mais eficiente logo nas primeiras fases do projeto.

2.6.4.2. Trocas de informação

Quanto à definição das trocas de informação, segundo Curtis et al. (1992), descrever um

processo de negócio implica integrar num modelo do processo várias formas de informação

como o trabalho a realizar, quem é responsável pelo mesmo, quando, onde, como e porquê,

bem como quem está dependente da realização do mesmo (List e Korherr, 2006). Os mesmos

autores definem que existem quatro perspetivas para descrever processos de negócio para

sistemas de informação: funcional (regras de negócio, por exemplo), comportamental (i.e.,

sequenciação), organizacional (i.e., intervenientes) e informativa (i.e., elementos de

informação). Para isso, existem várias linguagens disponíveis que são denominadas,

genericamente, por Business Process Modelling Languages (BPML) e diferem entre elas na

forma como realçam a informação que responde às referidas questões (List e Korherr, 2006).

Porém, segundo List e Korherr (2006), apesar das perspetivas funcional e comportamental

serem bem representadas em todos os BPMLs, estes apresentam deficiências quanto às

perspetivas organizacional e informativa.

Assim, surge o conceito de Information Delivery Manual (IDM) que é o standard desenvolvido

pela buildingSMART para os processos (norma ISO 29481-1:2010 “Building information

modelling – Information delivery manual – Part 1: Methodology and format”). O IDM especifica

quando certos tipos de informação são necessários durante a realização de um projeto de

construção ou durante a operação de uma obra. Para além disso, fornece uma especificação

detalhada da informação que determinado utilizador (arquiteto, projetista de estruturas,

projetista de AVAC, etc.) necessita de fornecer em determinada instante temporal e ainda,

agrupa informação que é necessária em atividades interligadas como, por exemplo, estimativa

de custos e o planeamento dos trabalhos (BuildingSMART, 2011). O IDM é uma BPML que foi

proposta para responder às quatro perspetivas referidas anteriormente. É um produto para

documentar informação que necessita de ser trocada para se realizar determinada tarefa num

processo e ao mesmo tempo, uma metodologia para modelar e reestruturar o processo. Ao

contrário das outras BPMLs, o IDM não se foca nos produtos da informação (documentos) mas

sim em descrições aprofundadas dos elementos de informação (atributos, por exemplo) e na

sua troca através de modelos orientados por objetos (Berard e Karlshoej, 2012). O IDM é

constituído por três partes (Figura 25): Mapa do Processo (process map), Requisitos de Troca

Page 64: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

52

de Informação (Exchange Requirements – ERs) e Partes Funcionais (Functional Parts – FPs).

Cada parte representa um documento completo com os seus próprios atributos como, por

exemplo, o nome, o código de identificação, o histórico de modificações, etc. (Kim et al., 2010).

Assim, as três partes do IDM são (Wix e Karlshøj, 2010):

Mapa do Processo

Descreve o fluxo de atividades delimitadas por determinado assunto, tendo como

objetivo a compreensão da configuração de atividades de determinado processo, dos

intervenientes e da informação necessária, consumida e produzida. O mapa do

processo (Figura 26) utiliza a notação Business Process Modeling Notation5 (BPMN)

que é outra BPML e lê-se da seguinte forma. As linhas do mapa identificam os vários

intervenientes (as especialidades como, por exemplo, arquitetura e o projeto estrutural)

na troca de informação e entre estas encontram-se linhas de intercâmbio (“exchange

lanes") que organizam e agrupam as várias trocas entre os intervenientes. Por outro

lado, as colunas representam as várias fases do projeto de construção e por último, as

atividades são identificadas por retângulos brancos com os cantos arredondados que

se encontram nas células criadas pela intersecção entre as linhas e as colunas. Cada

atividade tem um identificador que se encontra associado a uma descrição mais

extensa. No interior dos retângulos que representam as atividades, é possível incluir

símbolos como, por exemplo, um arco que assinala uma atividade de natureza iterativa

ou um sinal de mais (+) que assinala uma atividade que é composta por outras

atividades de uma forma hierárquica. As trocas de informação são representadas por

símbolos de páginas com o canto dobrado nas linhas de intercâmbio. Os símbolos

5 O BPMN foi desenvolvido pelo Object Management Group (OMG) e tem como principal objetivo fornecer

uma notação que seja facilmente compreensível por todos os utilizadores empresariais, desde o responsável pela criação das propostas iniciais dos processos, passando por quem implementa a tecnologia e que irá executar os mesmos até aos responsáveis pela sua gestão e monitorização. O objetivo é a estandardização do modelo do processo de negócio e notação associada é, portanto, fornecer uma forma simples de comunicar informação do processo a outros intervenientes (OMG, 2011).

Figura 25 – Partes principais do IDM (Adaptado de: Wix and Karlshøj, 2010)

Page 65: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

53

cinzentos são trocas de modelos BIM (“Exchange Models” – EMs) e os brancos são

relatórios representados por mensagens de texto ou de voz (Eastman et al., 2011);

Requisitos de Troca de Informação (ERs)

É um conjunto de informação que necessita de ser trocado para sustentar determinado

requisito de um processo numa determinada fase de um projeto. Por exemplo, um

software de cálculo de estruturas apenas necessita de um subconjunto específico da

informação contida num modelo BIM de arquitetura. O ER deverá ser definido segundo

o modelo IFC apesar de ser possível defini-lo segundo outros standards. De acordo

com a metodologia do IDM, pretende-se que o ER forneça uma descrição da

informação utilizando termos não-técnicos;

Partes Funcionais (FPs)

As FPs têm o objetivo de descrever, em detalhe técnico, as trocas de informação de

modo a que possam ser utilizadas para a implementação de software (Grilo, 2008b).

Uma parte funcional concentra-se nas ações individuais que são realizadas num

processo de negócio e por sua vez, uma ação está relacionada com uma determinada

unidade de informação num ER. Assim, por exemplo, para trocar um modelo BIM é

necessário modelar as paredes, portas, janelas, pavimentos, tetos, etc. A ação de

modelar cada um desses elementos é descrito numa parte funcional (Wix e Karlshøj,

2010). Portanto, as FPs descrevem a informação essencialmente ao nível de cada

entidade, atributo, conjunto de propriedades e desta forma, descreve as capacidades

do IFC que são necessárias para obter a informação de suporte ao processo (Grilo,

2008b). A Figura 27 demonstra o papel das FPs num único ER.

Figura 26 – Excerto de um mapa de processo (Adaptado de: Eastman et al., 2011)

Page 66: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

54

O IDM é frequentemente utilizado como uma das três partes que integram o Information

Exchange Framework com o objetivo de certificar software segundo o IFC (Wix e Karlshøj,

2010). As outras partes são o Model View Definition (MVD) que traduz o IDM num documento

para o desenvolvimento de software e o IFC que fornece a estrutura de dados (Berard e

Karlshoej, 2012). O objetivo do IDM e do MVD é especificar exatamente qual a informação que

será trocada em cada caso de troca de informação e como esta se relaciona com o modelo IFC

(NIBS, 2007). Assim, um MVD é uma especificação de software que estabelece os conteúdos

de um modelo para que este seja utilizado numa troca de informação. A especificação engloba

quais os tipos de objetos que são requeridos no modelo, como eles se devem relacionar e

quais são as propriedades mínimas que os mesmos devem conter (Anderson, 2010).

Imagine-se uma troca de informação cujo objetivo é passar o layout da estrutura da obra no

modelo BIM de arquitetura para o modelo BIM de estruturas no qual se fará a pormenorização

estrutural dos elementos. Cada modelo possui detalhes, alguns dos quais completamente

externos à troca de informação em causa, porém, existe um subconjunto de detalhes que é

comum aos dois modelos e que consiste nas informações que se pretende trocar. É este

subconjunto do esquema IFC total que, ao ser selecionado para determinada troca de

informação, define o que se denomina por “model view” (Venugopal et al., 2012).

Outro exemplo é o caso de um arquiteto que, ao projetar um edifício, necessita de ter a certeza

que irá receber a informação por parte do projetista de estruturas em relação a quais as

paredes e pilares que têm capacidade resistente e as que não têm. O projetista de estruturas,

por seu turno, necessita de saber quais as funções dos espaços no edifício a fim de calcular a

sobrecarga de cálculo para a estrutura. Assim, o IDM juntamente com o MVD explica a troca de

informação em texto simples e de uma forma legível para humanos e em termos técnicos para

permitir a implementação de verificações e validações automáticas nas aplicações. Desta

forma e utilizando o exemplo anterior, o projetista de estruturas poderá realizar um teste rápido,

Figura 27 – O papel das FPs num único ER (Adaptado de: Wix and Karlshøj, 2010)

Page 67: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

55

através de um computador e segundo os requisitos estabelecidos no IDM/MVD, para verificar

se o arquiteto já disponibilizou a informação necessária para que possa iniciar o seu trabalho

(NIBS, 2007).

O NBIMS (NIBS, 2007, 2012) apresenta um conjunto de treze passos o desenvolvimento de

model views que, segundo Venugopal et al. (2012), podem ser resumidos em quatro passos

principais. O primeiro passo consiste em formar um grupo de trabalho e identificar o âmbito e o

contexto das trocas de informação entre dois intervenientes no projeto de construção tendo em

vista um determinado objetivo e no âmbito de determinada fase do ciclo de vida do projeto de

construção. Para cada troca de informação, são definidos os ERs e tudo isto é estruturado no

IDM, como foi descrito até aqui. No segundo passo, os ERs identificados e documentados no

IDM são estruturados num conjunto de módulos de informação denominados conceitos MVD

(MVD Concepts). Um model view pode ser então definido como o conjunto desses conceitos

MVD que, mais tarde, serão atribuídos ao modelo de dados definido para a implementação da

troca de informação (o IFC, tipicamente). O terceiro passo consiste na implementação dos

model views por parte das empresas de software, acompanhada pela realização de testes. Por

fim, no quarto passo, procede-se à elaboração de diretrizes para a documentação dos model

views em cada um dos software que os suportam, o que permite aos utilizadores produzir

modelos adequados para as trocas de informação necessárias (Venugopal et al., 2012).

O valor do IDM vai, no entanto, muito além da certificação IFC e segundo NIBS (2007), o IDM

deverá tornar-se um acordo legal entre várias partes com o objetivo de melhorar a sua

colaboração digital (Berard e Karlshoej, 2012). Um IDM pode tornar-se a base de um contrato

entre duas ou mais partes para o intercâmbio de dados tratando, assim, a informação como um

bem, o que permite a utilização de métodos que têm por base o BIM e a regulação da troca de

informação entre as partes envolvidas na realização de um projeto de construção (bSa e OGC,

2010). Os IDMs são referidos, no Apêndice 1, como parte integrante do plano de execução

BIM.

2.6.5. Gestão da informação

A gestão da informação é uma área do conhecimento que surgiu em meados da década de 80

e segundo Vickers (1985), não envolve apenas documentos, mensagens e dados mas sim

todos os mecanismos envolvidos no tratamento de informação. Segundo Rao (1999), aquele

autor define as seguintes características da gestão da informação:

a informação deve ser tratada como um recurso que requer uma gestão adequada,

como o dinheiro, a mão-de-obra e os materiais;

no nível mais simples, a gestão da informação envolve o planeamento e coordenação

(ou, caso contrário, o controlo e uso direto) das técnicas de tratamento da informação,

da tecnologia de informação e das fontes e serviços de informação;

Page 68: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

56

a gestão da informação requer uma observação cuidada dos novos desenvolvimentos

que possam contribuir para uma melhor gestão dos recursos de informação;

a gestão de informação requer uma compreensão dos padrões dos fluxos de

informação dentro de uma organização e portanto, exige um meio sistemático de

mapear e monitorizar tais fluxos.

Portanto, a gestão da informação é um meio pelo qual uma organização maximiza a eficiência

com que planeia, recolhe, processa, controla, divulga e utiliza a sua informação e pelo qual

assegura que o valor da informação é identificado e explorado em toda a sua extensão (Rao,

1999).

2.6.5.1. A importância da informação

Como referido, o objetivo fundamental do BIM é a gestão de toda a informação relevante

produzida durante o ciclo de vida de um projeto de construção (Sands, 2012). No entanto, o

conceito de informação ainda não foi definido, bem como o conceito de dados e outros aspetos

relacionados.

Um dos principais objetivos da gestão da informação é a transformação de simples dados em

sabedoria. Os dados são a representação básica de um facto que pode ser números, letras ou

palavras (Siles, 2004). São, portanto, a matéria-prima na produção da informação que, por sua

vez, é definida como factos ou conclusões que têm significado dentro de determinado contexto

e perspetiva. Por isso, os dados brutos raramente têm significado ou utilidade por si só. Para

os dados se tornarem informação necessitam de ser manipulados, usando, por exemplo,

análises ou cálculos, ou qualquer outra operação que leve a uma melhor compreensão de uma

situação (Oz, 2008, Siles, 2004).

O conhecimento é, por sua vez, informação que se encontra incorporada num contexto, tem

um objetivo e que nos leva a tomar uma ação. É a habilidade de entender a relevância da

informação e de perceber como usar a informação para seu benefício. Os dados e/ou

informações necessitam de ser organizados e processados de uma forma que permite a

compreensão e a experiência de como aqueles se aplicam a uma determinada situação. O uso

da informação leva à experiência e a novo conhecimento (Fuad, 2010, Siles, 2004).

Por último, a definição de sabedoria aplicada a sistemas de informação é complexa porque,

como é referido por Rowley (2007), a sabedoria está mais relacionada com a intuição,

compreensão, interpretação e ação humana do que com sistemas. Porém, para o âmbito desta

dissertação, sabedoria pode ser definida, segundo Jessup e Valacich (2002) parafraseados por

aquele autor, como conhecimento acumulado que nos permite perceber como aplica conceitos

de um campo de conhecimentos e aplicá-los a novos problemas ou situações.

Page 69: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

57

Resumidamente, e de uma forma simplificada, os quatro conceitos anteriormente referidos

compõem uma hierarquia na qual cada nível adiciona certos atributos para além do anterior. Os

dados são o nível mais básico; a informação adiciona contexto; o conhecimento diz-nos como

e, por último, a sabedoria permite saber quando usar a informação (Fuad, 2010). Portanto,

segundo Smith e Tardif (2009), o BIM não é mais do que um mecanismo para transformar

dados em informação e assim, adquirir o conhecimento necessário para agir com sabedoria.

A informação é importante para todas as organizações. Estas necessitam de informação de

qualidade para melhorar a sua tomada de decisões, aumentar a eficiência e adquirir vantagens

competitivas. Muitas organizações procuram continuamente por soluções para procurar e tratar

informação em ambientes internos e externos (Rad et al., 2009). Segundo Porter e Millar

(1985), um dos elementos mais importantes em vantagem competitiva é a informação. Alguma

informação é tão importante que a sua identificação e gestão por parte das organizações torna-

se crucial e, para tal, são utilizados vários meios e ferramentas provenientes das áreas de

Information Management (IM) e Knowledge Management (KM).

A definição de KM não é consensual na literatura da especialidade. Kanagasabapathy et al.

(2004) apresentam catorze definições de KM formuladas em trabalhos anteriores, no entanto,

refere que KM pode ser definido como uma atividade de gestão que desenvolve, transfere,

transmite, armazena e aplica conhecimento, mas também fornece aos membros de uma

organização informações concretas para que estes possam reagir e tomar decisões, com a

finalidade de alcançar os objetivos da organização. Esta é uma definição geral, todavia,

interessa colocar o KM no contexto do BIM. Assim, Weygant (2011) define KM como sendo o

fornecimento, a manutenção e a entrega de informação gráfica e de outros tipos de informação

com interesse a determinada altura que se encontram relacionados com um projeto de

construção, informações estas cuja quantidade foi grandemente aumentada pelo surgimento do

BIM (Weygant, 2011). IM e KM partilham conceitos idênticos que envolvem a recolha e a

disseminação de informação e conhecimento para o benefício da organização e dos seus

membros. Não só dispõem de ferramentas semelhantes como também baseiam-se em

conceitos idênticos e enfrentam problemas igualmente idênticos (Lueg, 2001).

2.6.5.2. Sistemas de informação

A abundância e complexidade da informação da indústria da construção juntamente com a falta

de gestão da mesma têm levado a indústria a tornar-se cada vez mais fragmentada e com falta

de competitividade (Ford et al., 1995). Para além disso, a indústria da construção é muito lenta

na adoção de estratégias, metodologias e técnicas para ajudar a coordenação e a modelação

da sua informação (Aouad et al., 1993). Com o objetivo de melhorar esta situação, é

necessário melhorar a comunicação entre as várias especialidades envolvidas na indústria da

construção e é vital estabelecer uma estrutura de informação adequada para organizar e

manter os dados produzidos (Ford et al., 1995).

Page 70: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

58

Um sistema de informação é “responsável pela recolha, tratamento, armazenamento e

distribuição da informação relevante para a organização com o propósito de facilitar o

planeamento, o controlo, a coordenação, a análise e a tomada de decisão ou ação em

qualquer tipo de organização” (Rocha, 2003, pág. 8). O ProNIC (tratado em 3.2) é apontado por

Cunha et al. (2011) como um dos principais sistemas de informação implementados no setor

da construção. Porém, foi desenvolvido sem ter em conta a realização de projetos de

construção segundo o BIM, sendo esse um dos principais objetivos desta dissertação: abordar

a integração do ProNIC nos processos BIM.

Segundo Fuad (2010), qualquer sistema de informação (quer inclua ou não meios informáticos)

opera da mesma forma, o que inclui a execução de quatro operações principais (Figura 28):

introduzir os dados no sistema de informação (input);

modificar ou manipular os dados introduzidos (processing);

extrair a informação do sistema (output);

armazenar os dados e a informação (storage).

Uma operação importante que é paralela às referidas anteriormente é o controlo do feedback

recebido. O feedback fornece, neste contexto, dados em relação ao desempenho do sistema

de informação que, necessariamente, terão de ser monitorizados e avaliados para determinar

se o sistema cumpriu ou está num bom caminho para cumprir os seus objetivos. Caso seja

necessário, devem ser tomadas medidas para ajustar as operações input e data processing

com o objetivo de garantir que o output do sistema é o adequado (Fuad, 2010).

Embora estas quatro operações sejam aplicáveis a sistemas de informação com ou sem

suporte informático, a utilização deste, potencia e simplifica todas as operações (Oz, 2008).

A operação de processamento (processing) tem, portanto, a tarefa de transformar dados em

informação que, como referido, requer a atribuição aos dados de um determinado contexto

Figura 28 – Quatro operações principais de um sistema de informação (Adaptado de: www.teach-ict.com)

Page 71: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

59

significativo para que possam ser facilmente entendidos pelo recetor. Ora, o processo de

transformação de simples dados em informação pode ser levado a cabo de diferentes formas,

sendo os seguintes os mais comuns:

classificação – envolve a colocação dos dados em categorias e eventualmente, em

subcategorias;

ordenação – envolve a organização dos dados de modo a que estes sejam agrupados

conjuntamente ou dispostos numa determinada ordem;

agregação – resumir os dados;

realização de cálculos;

seleção – envolve a escolha ou a rejeição de itens dos dados segundo determinados

critérios de seleção.

Os trabalhos de construção apresentam, atualmente, uma tendência crescente para serem

cada vez mais complexos, abrangentes e mecanizados. Ao mesmo tempo, a informação

produzida das fases de um projeto de construção é cada vez maior bem como a exigência

associada, o que obriga a um maior cuidado na qualidade e na organização da mesma (Sousa

et al., 2008). A especificação, classificação e a utilização da informação dos projetos de

construção afeta de alguma maneira a maior parte das pessoas envolvidas na fase de projeto e

de construção e assumiu uma importância ainda maior com a crescente adoção do BIM. À

medida que a informação produzida se vai acumulando, é importante garantir que esta se

mantém pesquisável, organizada de forma consistente e que seja facilmente transferível

(Eynon, 2012). Segundo Bernstein e Pittman (2004), uma das grandes barreiras à adoção do

BIM é a computabilidade da informação digital. Ser digital não significa, à partida, que também

seja computável. Um computador pode operar qualquer tipo de dados digitais, porém, o tipo de

computações possíveis de realizar depende da informação semântica expressa pelos dados.

Assim, para ser eficaz o BIM necessita de uma absoluta consistência de dados, de informação

e de classificação (Eynon, 2012).

2.6.5.3. Omniclass

Em 2006, surge o Omniclass Construction Classification System (conhecido, simplesmente, por

Omniclass ou OCCS), um sistema de classificação para a indústria da construção (2006b) que

ganhou notoriedade desde que a buildingSMART alliance identificou o seu uso no

desenvolvimento da primeira versão do NBIMS (Davis, 2010). O Omniclass é um sistema

abrangente composto por 15 tabelas para classificar o ambiente construído ao longo de todo o

ciclo de vida dos projetos de construção (NIBS, 2012). O objetivo por detrás da maior parte do

seu desenvolvimento do Omniclass é combinar diversos sistemas de classificação já existentes

para várias matérias num só sistema baseado na norma internacional ISO 12006-2

“Construção de Edifícios – Organização de informação para as atividades de construção-

Page 72: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

60

estrutura para classificação da informação” (Brodt, 2011). Assim, o Omniclass incorpora outros

sistemas já existentes como a base para algumas das suas tabelas (2006b):

o MasterFormat para as atividades de construção (“work results”). Este sistema de

classificação foi desenvolvido, em 1978, pelas entidades Construction Specifications

Institute (CSI) e Construction Specifications Canada (CSC) e desde então, já sofreu 3

republicações e é o sistema de classificação de referência na América do Norte

(Sousa et al., 2008). Consiste numa lista geral de títulos e números classificados por

atividades de construção e utilizados na organização de especificações e outro tipo de

informações (2004a);

o UniFormat para os elementos construtivos. A primeira versão foi desenvolvida, em

1972, pelas entidades General Services Administration (GSA) e American Institute of

Architects (AIA) para a estimativa e análise de custos. Mais tarde, em 1993, é

aprovada e publicada a norma da American Society for Testing and Materials (ASTM)

UNIFORMAT II, uma versão melhorada da anterior publicação e que foi desenvolvida

por um grupo de trabalho composto por inúmeras entidades (Charette e Marshall,

1999). O UniFormat é um método para organizar a informação dos projetos de

construção de acordo com os seus elementos funcionais ou de um empreendimento

caracterizadas pela sua função, não tendo em conta os materiais e os métodos

utilizados para os concretizar (2006a).

o Electronic Product Information Cooperation (EPIC) para estruturar os produtos de

construção. Uma classificação internacional para produtos da construção e utilizada

para classificar informação técnica relacionada com os mesmos (Sousa et al., 2008).

Surgiu após um acordo entre representantes de dez países europeus em 1990

(2006b).

O MasterFormat e o UniFormat são os métodos mais comuns de organizar a informação a nível

internacional, porém, não organizam a informação com a precisão necessária para ter em

conta os atributos necessários para a qualificação e seleção de produtos. O Omniclass tem o

potencial para resolver essa questão (Kalin et al., 2010). Este sistema utiliza uma classificação

facetada ao contrário de uma classificação enumerativa. Esta última caracteriza-se por partir de

uma visão ou objeto de construção e a partir daí, desenvolve-se uma estrutura de

desagregação. É uma classificação que utiliza uma única e extensa hierarquia na qual cada

constituinte tem a sua própria localização. Contrariamente, numa classificação facetada são

utilizadas várias hierarquias que podem descrever um objeto a partir de um ponto de vista

diferente (um elemento pode aparecer em várias tabelas) e assim, podem ser aplicadas várias

a um único objeto para melhorar a sua classificação (Davis e Ceton, 2011, Sousa et al., 2008).

Este tipo de classificação permite uma exploração voltada para o utilizador, ou seja, um

extenso conjunto de dados pode ser progressivamente filtrado consoante as escolhas do

utilizador até que, por fim, este encontra um conjunto de dados controlável que vai ao encontro

Page 73: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

61

dos seus critérios (Davis e Ceton, 2011). O Quadro 2 apresenta as diversas tabelas que

constituem o Omniclass bem como uma breve definição de cada uma delas.

O Omniclass é útil para diversas aplicações, desde a organização de materiais, a pesquisa de

produtos de construção e o desenvolvimento da informação relacionada com o projeto de

construção, até fornecer uma estrutura de classificação para bases de dados eletrónicas e para

o BIM. Define e organiza o “quem”, o “porquê”, o “quando”, o “quê”, o “onde” e o “para quem”

do processo BIM, bem como a informação relacionada com a colaboração entre os vários

intervenientes, o âmbito do projeto de construção e todos os dados relacionados com o

mesmo. Ao combinar as suas tabelas, é possível elaborar, com informação estandardizada,

guias de execução do projeto de construção tendo como base o BIM, reduzindo, assim, a

frequente natureza ad hoc da gestão da informação (Davis, 2010, Davis e Ceton, 2011). Em

relação à aplicação das tabelas do Omniclass ao BIM, Kalin et al. (2010) e Weygant (2011)

definem, apenas com a diferença de que o último não inclui a tabela “Materiais”, que das

quinze tabelas as mais relevantes para esse efeito são as seguintes:

Tabela 21 – Elementos construtivos;

Tabela 22 – Atividades de construção;

Tabela 23 – Produtos de construção;

Tabela 41 – Materiais;

Tabela 49 – Propriedades.

Segundo Weygant (2011), a tabela 21 “Elementos construtivos” organiza a informação

produzida durante as fases de projeto e de construção da forma mais intuitiva, visto que agrupa

os componentes em categorias lógicas baseadas na sua localização e não na sua finalidade.

Esta tabela, apesar de ser baseada no UniFormat, não possui o mesmo processo de

enumeração. Por outro lado, a tabela 22 “Atividades de construção” não classifica os produtos

e elementos utilizados no projeto de construção, ao invés disso classifica a informação

segundo outra perspetiva que, por vezes, pode ser mais relevante. Classifica consoante o que

foi realizado e o objetivo que foi alcançado.

A tabela 41 “Materiais” fornece um nível de detalhe a partir do qual uma categoria específica de

um material pode ser encontrada e qualificada (Kalin et al., 2010). Portanto, é útil quando se

procura por entre os diversos produtos de construção e componentes BIM tendo como critério

a sua composição. Por exemplo, é possível categorizar os materiais consoante são feitos de

madeira ou aço ou são sólidos ou viscosos e ainda, obter informações mais precisas em

relação à sua composição (Weygant, 2011). O que pode ser muito útil para o projeto de

impacto ambiental e para a elaboração do plano de prevenção e gestão de resíduos de

construção e demolição. Os materiais podem ser encontrados vários locais num projeto de

construção e muitas vezes, como parte de muitas atividades de construção, portanto, esta

tabela fornece a forma mais eficiente de os encontrar (Kalin et al., 2010).

Page 74: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

62

Quadro 2 – As 15 tabelas que compõem o sistema Omniclass (Baseado em: 2006b)

Tabelas Definição

Tabela 11

Elementos de construção por

função

Partes significativas e bem definidas do ambiente

construído compostas por espaços e elementos inter-

relacionados e caracterizadas pela sua função

(residências familiares, tribunais, hotéis, centros de

eventos)

Tabela 12

Elementos de construção por

forma

Partes significativas e bem definidas do ambiente

construído compostas por espaços e elementos inter-

relacionados e caracterizadas pela sua função

(edifícios de baixo, médio e alto porte, pontes em laje

vigada, de tirantes, suspensas)

Tabela 13

Espaços por função

Unidades básicas do ambiente construído delimitadas

por fronteiras físicas ou abstratas e caracterizadas

pela sua função ou principal utilidade (cozinha, poço

de elevadores, escritórios, calçadas)

Tabela 14

Espaços por forma

Unidades básicas do ambiente construído delimitadas

por fronteiras físicas ou abstratas e caracterizadas

pela sua forma física (cozinha, poço de elevadores,

escritórios, calçadas)

Tabela 21

Elementos construtivas

Um elemento construtivo é, segundo a ISO 12006-2,

uma parte de uma entidade de construção que, por si

só ou em combinação com outras partes, cumpre uma

função predominante na entidade de construção da

qual faz parte (pavimentos estruturais, paredes

exteriores, escadas, coberturas, peças de mobiliário,

sistemas de AVAC)

Tabela 22

Atividades de construção

Resultado final alcançado na fase de produção, por

alteração subsequente ou por processos de

manutenção ou de demolição e identificado por um ou

mais do que seguintes aspetos:

- o setor de atividade envolvido;

- os recursos utilizados;

- a parte da entidade de construção resultante;

- os trabalhos temporários, preparatórios ou de

acabamento resultantes (betão betonado in situ ,

alvenaria de pedra, revestimento cerâmico)

Tabela 23

Produtos de construção

Componentes ou uniões de vários componentes

destinados a serem incorporados permanentemente

numa entidade de construção (betão, tijolos, portas,

janelas metálicas, tintas, vernizes)

Tabela 31

Fases/Etapas dos projetos de

construção

Fases do ciclo de vida dos projetos de construção

(fase de conceção, fase de concurso, fase de

construção)

Tabela 32

Serviços

Atividades, processos e procedimentos

proporcionados pelos participantes no processo de

projeto e de construção e que se relacionam com

todas as funções no ciclo de vida de uma entidade de

construção (orçamentação, inspeção, reparação,

levantamento topográfico)

Tabela 33

Disciplinas

Áreas de atividades e especialidades dos participantes

que executam os processos e os procedimentos

ocorrentes no ciclo de vida de uma entidade de

construção (arquitetura, engenharia mecânica,

contratação geral)

Page 75: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

63

Uma base de dados BIM não reconhece que cerejeira e pinho são dois tipos de madeira,

portanto, é necessário utilizar uma estrutura de classificação que resolva esta questão. Com

esse objetivo, surge a tabela 49 “Propriedades”. Esta tabela cria uma taxonomia relativa à

identificação, performance e utilização dos elementos construtivos, permitindo que se encontre

todos itens de um material específico como a madeira, betão, borracha, betão ou aço e

pesquisar os atributos pelas suas qualificações e classificações, independentemente da sua

localização. O BIM depende da unificação dos termos para permitir que os dados sejam

pesquisáveis de forma adequada pois, caso contrário, os dados podem ser perdidos e

cometidos erros (Kalin et al., 2010). Esta tabela foi atualizada em 2010 e foi publicada como

uma versão preliminar sujeita a comentários. Weygant (2011) salienta a necessidade de

comentários por parte das várias organizações comerciais pertencentes à comunidade de

fabrico de produtos de construção, de modo a garantir que as propriedades da tabela são não

só corretas como também claras (Weygant, 2011).

Weygant (2011) destaca a importância de garantir que, utilizando sistemas de classificação,

os materiais possam ser relacionados com os componentes que, por sua vez, são utilizados

numa atividade de construção ou como parte de um elemento construtivo, garantindo assim,

que as informações estejam interligadas tornando-as mais pesquisáveis. Veja-se um exemplo.

Uma placa de gesso pode ser utilizada num teto ou numa parede, ou seja, um produto de

Tabela 34

Funções organizacionais

Os cargos técnicos ocupados pelos participantes,

individuais ou não, que executam os processos e os

procedimentos ocorrentes no ciclo de vida de uma

entidade de construção (chefe executivo, engenheiro,

empreiteiro, operador)

Tabela 35

Recursos complementares à

construção

Recursos utilizados no desenvolvimento do projeto e

da construção de um projeto de construção e que não

se tornam uma parte permanente do mesmo, incluindo

sistemas informáticos, veículos, andaimes e outros

recursos necessários à execução dos processos e

procedimentos relacionados o ciclo de vida de uma

entidade de construção (grua-torre, martelos,

retroescavadoras, vedações)

Tabela 36

Informação

Dados referenciados e utilizados durante o processo

de criação e manutenção do ambiente construído

(peças desenhadas, especificações, catálogos,

relatórios, regulamentos)

Tabela 41

Materiais

Substâncias básicas utilizadas na construção ou no

fabrico de produtos e outros itens utilizados na

construção. Estas substâncias pode ser matérias-

primas ou compostos refinados, independentemente

da sua forma (rochas, solos, madeira, vidro, plástico)

Tabela 49

Propriedades

Características das entidades de construção. As

definições das propriedades não têm qualquer

significado real fora de contexto, necessitam de fazer

referência a uma ou mais entidades de construção.

(cor, diâmetro, resistência ao fogo, resistência

mecânica)

Page 76: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

64

construção pode ser utilizado em dois elementos ou em duas atividades de construção,

consoante o ponto de vista. Para a orçamentação da obra, é preferível consultar os metros

quadrados de placa de gesso pelo próprio material e não pelo elemento construtivo onde este

se encontra. Por outro lado, na elaboração de especificações é preferível realizar a consulta

das quantidades pelas atividades de construção.

Ter uma perceção clara de onde procurar determinada informação relacionada com o projeto

de construção é fundamental. Os projetos de construção, os elementos construtivos, as

atividades de construção e os materiais devem incluir, a cada nível de detalhe, informação

aplicáveis aos mesmos. Assim, caso se pretenda encontrar a resistência térmica de um

material isolante que se encontra na caixa-de-ar de determinada parede dupla, o componente

que contém a informação é o material isolante e não a parede. Se, por outro lado, a informação

pretendida for a resistência térmica de toda a parede é esta que possui a informação e não o

material isolante e ainda, caso se pretenda saber a localização de uma parede relativamente a

outras ou a determinados espaços, é o projeto de construção que contém essa informação.

A notação utilizada pelo Omniclass é puramente numérica para ser confundida com a notação

alfanumérica de outros sistemas de informação já existentes, para facilitar o seu uso pelos

países asiáticos e por fim, para evitar problemas de identificação visual. Não se entrará em

pormenores relativamente à notação utilizada pelo Omniclass, porém, é importante referir a

regra mais básica na sua interpretação. Assim, todas as tabelas que o compõem possuem um

número que, por sua vez, precede o número afixado para um dos seus registos e estes dois

números encontram-se separados por um hífen “-“. Por exemplo, um registo na tabela 12

designado pelo número 11 21 00 é representado por 12-11 21 00.

As tabelas do Omniclass encontram-se disponibilizadas na internet em formato PDF (Portable

Document Format) e também, em formato de folha de cálculo (Excel), porém, estes formatos

não são os mais adequados para facilitar a utilização das tabelas do Omniclass. A empresa

Onuma, Inc. é composta por uma equipa de arquitetos e de programadores informáticos

(Onuma, 2008) refere que standards como o Omniclass devem ser geridos e mantidos numa

base de dados e tornados acessíveis à indústria da construção através de Web Services. O

desenvolvimento de normas é um processo dinâmico e por isso, torna-se fundamental ter um

Web Service e uma abordagem de centralização de dados para gerir e publicar as normas. À

medida que mais standards BIM vão sendo implementados, é fundamental que o utilizador final

e os desenvolvedores de software tenham um acesso legível por máquina aos mesmos. Para

que estes sejam aceites, necessitam que sejam tornados acessíveis, consistentes e fáceis de

implementar pelos desenvolvedores (Onuma, 2012a).

Em 19 de Junho do presente ano, realizou-se um fórum denominado por “Data Exchange

Forum” no NIBS em Washington DC cuja discussão centrou-se na forma como os Web

Services poderiam ser utilizados para gerir standards. Os participantes do mesmo levantaram

as seguintes questões:

Page 77: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

65

a manutenção de um controlo de versões dos standards através dos Web Services;

o facto de que algumas aplicações não necessitam de atualizações em tempo real

através dos Web Services mas sim de atualizações periódicas;

o arquivo da versão dos standards para projetos mais antigos.

Estas questões não estão relacionadas com a fonte a partir da qual os software obtêm os

dados mas sim com o que é incluído na fonte de dados e como uma aplicação implementa o

controlo de versões. Assim, utilizando os Web Services, são possíveis as seguintes vantagens

na gestão de standards:

um utilizador pode solicitar a versão que necessita;

a fácil translação por parte do utilizador de uma versão para outra, caso os dados

fornecidos incluam um mapeamento relativamente a versões mais antigas ou recentes;

a aplicação de um utilizador pode ser projetada pelo mesmo para escolher a versão

pretendida ou converter uma versão em outra;

a conversão, com mapeamento adequado, da classificação de um sistema (como o

Omniclass) para a de outro.

Portanto, a preocupação de verificar que o ficheiro em mãos não possui erros e que não foi

alterado em relação à versão oficial deixa de existir. Os Web Services asseguram que se utiliza

os mesmos dados (Onuma, 2012a).

Relativamente ao Omniclass em particular e como referido, as suas tabelas são

disponibilizadas online em formato PDF ou Excel o que não é, claramente, a melhor forma de

gerir o Omniclass e não é o formato mais apropriado para que os software consumam os dados

contidos nas tabelas. Felizmente, o Omniclass apresenta uma estrutura relativamente simples

o que o torna um candidato ideal para os Web Services. Assim, em 17 de Julho do presente

ano, algumas das suas tabelas tornaram-se o primeiro Web Service do BIM CLOUD6, tabelas

essas que se enumeram de seguida:

Tabela 13 – Espaços por função

o Versão 1 – 2006

o Versão 2 – 24/06/2010

Tabela 21 – Elementos construtivos

o Versão 1 – 2006

o Versão 2 – 11/02/2011

Tabela 22 – Atividades de construção

o Versão 1 – 2006

o Versão 2 – 11/04/2011

6 O BIM CLOUD é um conjunto de Web Services que apoiam o processo BIM e é sediado pela empresa

Omuna, Inc. (Onuma, 2012b).

Page 78: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

66

Tabela 23 – Produtos de construção

o Versão 1 – 28/03/2006

o Versão 2 – 24/06/2010

Tabela 32 – Serviços

o Versão 1 – 2006

o Versão 2 – 11/02/2011

Tabela 36 – Informação

o Versão 1 – 2006

o Versão 2 – 11/02/2011

Em Onuma (2012a), é possível encontrar indicações para a implementação deste serviço por

parte de desenvolvedores de software em aplicações. O resultado final é a utilização em tempo

real das tabelas nas interfaces de aplicações a partir do servidor do BIM CLOUD. A aplicação

Onuma System é um exemplo disso, como demonstra a Figura 29.

2.6.5.4. IFD

O International Framework for Dictionaries (IFD) complementa o Omniclass (Brodt, 2011), ao

ser uma biblioteca que, em termos simples, é uma norma para uma base de dados de

terminologias (NIBS, 2007, NIBS, 2012). O nome IFD é utilizado tanto para designar tanto a

biblioteca IFD como a organização responsável pela sua gestão e manutenção. As primeiras

duas palavras “International” (internacional) e “Framework” (estrutura) descrevem bem o IFD,

porém, a última palavra “Dictionaries” (dicionários) pode induzir em erro. Apesar de o IFD ser

de facto um conjunto vasto de dicionários, o seu valor vai além disso (Bjørkhaug e Bell, 2007).

Segundo estes autores, a palavra “Ontologies” (ontologias7) seria mais adequada, porém, o IFD

ainda vai mais além como se verá de seguida.

O conceito por detrás do IFD deriva de normas internacionalmente aceites que têm sido

desenvolvidas por subcomités e grupos de trabalho das entidades ISO e International

Construction Information Society (ICIS) desde o início dos anos noventa até à atualidade

7 Segundo Falquet et al. (2011), uma ontologia é composta por um vocabulário representativo com

diferentes tipos de modelos (classes de nomes, nomes de relações) e um conjunto de definições que especifica o significado do vocabulário.

Figura 29 – Utilização das tabelas do Omniclass como um Web Service (Adaptado de: Onuma, 2012a)

Page 79: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

67

(NIBS, 2007, NIBS, 2012). A estrutura do IFD é dada pela norma ISO 12006-3 - Framework for

Object-oriented Information Exchange formalmente publicada em 14 de Abril de 2007 e de

acordo com esta, o IFD pode ser utilizado para descrever inúmeros itens (Bjørkhaug e Bell,

2007).

O IFD separa o nome e as linguagens dos conceitos propriamente ditos. Estes apenas são

associados aos nomes que os descrevem através de relações. Por exemplo, a palavra “dør”

em norueguês é, normalmente, traduzida para “door” (porta) em inglês, porém, ao analisar o

conceito, constata-se que a palavra norueguesa refere-se à porta juntamente com o seu aro e

a palavra inglesa apenas à porta propriamente dita. Assim, aquela palavra norueguesa deve

ser traduzida, em inglês, por “door-set” (o conjunto da porta e o seu aro). Isto é determinado,

no IFD, ao separar os conceitos dos nomes e descrições utilizados para o nomear e descrever.

Por outro lado, a um conceito estão associados frequentemente vários nomes e por sua vez,

um nome é muitas vezes utilizado para descrever mais do que um conceito na mesma língua.

Por isso, o IFD permite que inúmeros nomes, descrições, abreviaturas, siglas, acrónimos e

lexemas sejam associados ao mesmo conceito.

Os conceitos e termos são descritos semanticamente e aos mesmos é atribuído um número de

identificação único, o que permite que toda a informação no formato IFC seja rotulada com um

Globally Unique Identifier (GUID). Assim, o arquiteto pode, por exemplo, disponibilizar a

informação relativa aos materiais de construção em chinês e o destinatário pode compreendê-

la em alemão (NIBS, 2007). Portanto, ao fornecer uma referência global e única para qualquer

conceito na indústria da construção, o IFD auxilia a comunicação entre os diversos

participantes. Caso exista alguma discordância relativamente à denotação de determinado

termo, o IFD pode ser servir como a autoridade central (Svetel e Pejanovié, 2010).

O IFD não é uma ontologia mas sim uma estrutura na qual diferentes ontologias podem

coexistir. No IFD um conceito é descrito não só por um conjunto de nomes e definições em

várias línguas mas também relacionando-o com outros conceitos (Bjørkhaug e Bell, 2007). Por

sua vez, os conceitos são relacionados com outros conceitos através de relações objetivas.

Estas são, pois, compiladas em contextos (vários formas de ver um conceito) tendo em conta a

forma como foram incluídos na biblioteca IFD e a sua origem. Os conceitos podem relacionar-

se com outros em vários contextos. Por exemplo, o conceito “porta” pode ter várias relações

com outros conceitos dependendo do contexto em que se inserem (Figura 30). O IFD atribui

um GUID a todos estes conceitos para permitir uma fácil identificação e reutilização pelas

aplicações (NIBS, 2007).

Page 80: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

68

O IFD ainda proporciona um mecanismo de mapeamento entre a utilização de termos em

diferentes profissões e atividades profissionais na indústria da construção permitindo, assim,

que os vários participantes compreendam os elementos do modelo BIM segundo o seu ponto

de vista (Svetel e Pejanovié, 2010). Veja-se um exemplo: ao analisar o conceito de uma janela

em diferentes fontes de informação (sistemas de classificação, especificações, catálogos, etc.)

cada uma delas fará referência a um determinado conjunto de propriedades para a dada

janela. Na Figura 31, as diferentes propriedades são representadas pelas caixas coloridas e

como se vê, algumas delas são comuns em algumas fontes de informação mas noutras são

diferentes. Uma fonte de informação é uma forma específica de ver um conceito para um

determinado fim e em determinada fase. Ao percorrer todas as fontes de informação possíveis

e adicionar cada propriedade nelas encontrada ao conceito genérico de uma janela no IFD, é

de esperar que, no fim, se reúna todas as propriedades associadas à dada janela. Se,

finalmente, for mantido o registo da origem de cada propriedade o IFD, em última análise,

tornar-se-á uma estrutura de mapeamento (Bjørkhaug e Bell, 2007).

Figura 30 – Relações entre o conceito “porta” e outros conceitos (Adaptado de: Bjørkhaug e Bell, 2007)

Figura 31 – Conjuntos de propriedades associados ao conceito “janela” segundo vários pontos de vista (Adaptado de: Bjørkhaug e Bell, 2007)

Page 81: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

69

Relativamente à relação do IFD com o Omniclass, a biblioteca IFD proporciona uma

metodologia estruturada baseada em normas para definir e reutilizar a categorias de

informação no Omniclass. Uma implementação normalizada de sistemas de classificação como

o Omniclass, UniFormat e MasterFormat à informação produzida no processo BIM permitirá a

sua seleção e recuperação através de várias plataformas e por todos os utilizadores em

qualquer fase do ciclo de vida de um empreendimento (NIBS, 2007). Porém, a classificação

apresenta limitações quando é utilizada exclusivamente como um sistema para organizar e

armazenar dados. A classificação é hierárquica o que, por conseguinte, torna difícil a sua

apresentação numa forma consistente que seja percetível por todos. Para além disso, a

classificação não tem regras explícitas para a sua implementação permitindo, assim, que os

utilizadores e os sistemas a implementem de diferentes formas e ainda, a confiança nos nomes

e números atribuídos pelo sistema de classificação pode ser problemática caso tenham existido

erros na sua introdução ou por diferenças na sua utilização. Assim, a utilização da biblioteca

IFD com sistemas de classificação (como o Omniclass) pode ser a solução para as questões

levantadas, por atribuir a cada conceito um GUID e por definir quais as classificações que se

aplicam aos conceitos. O IFD, ao atribuir a cada termo um GUID, permite que todos os termos

sejam referenciados e compreendidos inequivocamente por software.

Tal como o Omniclass, o IFD também está disponível como um Web Service e inclui a

classificação como parte da definição dos termos. Esta abordagem permite a comunicação

com a biblioteca IFD independentemente da tecnologia escolhida para a base de dados, o que

é mais adequada para os desenvolvedores de software. Será desenvolvida, ainda, uma versão

offline que utiliza os mesmos objetos e métodos da versão Web Service. Estas duas opções

permitem o acesso à biblioteca IFD por qualquer aplicação e encontra-se disponível no website

oficial do IFD (NIBS, 2012). Assim, os termos, relações e os GUIDs correspondentes podem

ser acedidos de uma forma consistente por todos os utilizadores. Portanto, o IFD juntamente

com o Omniclass permite que os utilizadores acedem e visualizem os dados utilizando

classificações familiares assegurando, ao mesmo tempo, que os dados possam ser associados

de uma forma fiável a processos e a documentos frequentemente utilizados e compreendidos

na prática corrente (NIBS, 2012). A estrutura dos sistemas de classificação assim definida pode

ser explicitamente aplicada à informação utilizada nos sistemas de projeto, análise e de gestão

baseados em modelos BIM, com a vantagem de que um sistema mais consistente de

nomeação para os objetos utilizados no BIM tem o potencial de melhorar a interoperabilidade

de sistemas e processos (NIBS, 2007, 2012).

2.6.5.5. COBie

Segundo Davis e Ceton (2011), o Omniclass tem-se tornado um requisito em muitas trocas de

informação no processo BIM, incluindo o Construction Operations Building information

exchange (COBie). O COBie é uma especificação de troca de informação para a recolha e

Page 82: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

70

entrega durante o ciclo de vida dos empreendimentos da informação requerida pelos gestores

de empreendimentos (facility managers) (NIBS, 2012). É um projeto da buildingSMART aliance

inicialmente fundado pela National Aeronautics and Space Administraition (NASA) e o pelo U.S.

Army Corps of Engineers (USACOE). Enquanto o IFC define os elementos de dados num

modelo BIM, o COBie é, segundo Smith e Tardif (2009), um excelente exemplo da estrutura de

gestão da informação que deve ser incluída com um modelo BIM para que a informação possa

ser, de uma forma mais eficaz e eficiente, compilada e trocada ao longo de todo o ciclo de vida

de um empreendimento com um elevado nível de maturidade da informação e com o mínimo

de deterioração da informação.

Eastman et al. (2011) resumiram os objetivos do COBie apontados por East (2007), referindo

os seguintes:

fornecer um formato simples para a troca de informação, em tempo real, dos produtos

finais dos contratos de projeto e de construção;

identificar claramente os requisitos e responsabilidades para os processos de

negócio;

fornecer uma estrutura para armazenar informação para posterior intercâmbio ou

reutilização;

não adicionar custos à fase de operação e manutenção;

permitir uma importação direta para os sistemas de gestão da manutenção do dono

de obra.

O COBie não é uma tecnologia mas sim uma norma para a troca de informação estruturada

que permite uma utilização mais eficiente da tecnologia (Smith e Tardif, 2009).

Resumidamente, o principal objetivo do COBie é a recolha de informação criada durante as

fases de projeto e de construção e que é necessária na fase de operação e manutenção dos

edifícios (Smith e Tardif, 2009). Esta informação é composta por listas de equipamentos, fichas

técnicas de produtos, garantias, listas de peças sobressalentes, planos de manutenção

preventiva e outras informações. Após a conclusão dos trabalhos, é necessário reunir toda esta

informação, o que é uma tarefa dispendiosa visto que muita da informação tem de ser recriada

a partir de informação criada anteriormente. A função do COBie é simplificar essa tarefa.

A abordagem do COBie passa pela introdução dos dados assim que estes são criados durante

as fases de projeto, construção e de receção da obra. Os projetos fornecem os layouts dos

pisos, dos espaços e dos equipamentos. Por sua vez, os empreiteiros fornecem os fabricantes,

os modelos e os números de série dos equipamentos instalados (Figura 32). Muitos dos dados

fornecidos pelos empreiteiros vêm diretamente dos fabricantes de produtos de construção que

também podem participar também no COBie (East, 2012).

Page 83: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

71

Os vários intervenientes num projeto de construção utilizam vários software, porém, todos

necessitam de interagir com a informação COBie (East, 2012). Por isso, o COBie pode ser visto

em vários formatos tanto nos software de projeto, construção e de manutenção como em

simples folhas de cálculo (NIBS, 2012). Todos eles proporcionam uma visualização totalmente

interoperável da informação subjacente especificada pelo COBie. Por exemplo, para os

projetistas pode ser tão simples como guardar um ficheiro em formato IFC. Por outro lado, para

os empreiteiros devem querer utilizar software comerciais especializados para atualizar a

informação COBie com a recebida dos fabricantes ou, então, introduzir diretamente a

informação numa folha de cálculo. Por último, os operadores de empreendimentos podem

importar a informação COBie que se encontra formatada segundo o IFC ou numa simples folha

de cálculo (East, 2012).

A especificação técnica para o COBie é designada por “Industry Foundation Class Facility

Management Handover Model View Definition”. Os dados que vão ao encontro deste formato

podem ser fornecidos noutros três formatos interoperáveis (criados para trocas de informação

entre software): (1) o STEP Physical File Format; (2) o formato ifcXML baseado no modelo IFC

e (3) uma versão em SpreadsheetML (formato XML do Microsoft Office Excel) dos dados

encontrados nos dois primeiros formatos. Existe, no entanto, outro formato que está a ser

testado na europa denominado por Open Document XML. A versão em folha de cálculo

(SpreadsheetML) tem a vantagem de permitir o entendimento quanto à informação necessária

por parte das várias pessoas envolvidas no projeto de construção e ainda, utiliza o Omniclass

para designar as suas colunas (East, 2011).

Dada à diversidade dos tipos de projetos de construção, é importante que o COBie possa ser

adaptado para suportar requisitos específicos de um tipo de empreendimento ou dono de obra.

Este último pode, por exemplo, substituir as categorias do Omniclass pelas categorias que

utiliza e ainda, caso seja necessário adicionar campos específicos de determinado tipo de

edifício bastando adicionar colunas à folha de cálculo COBie (East, 2012). Esta versatilidade

Figura 32 – Processo COBie (Adaptado de: East, 2012)

Page 84: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

72

permite que o COBie seja utilizado em todos os projetos de construção independentemente da

dimensão e da sofisticação tecnológica (NIBS, 2012).

O desenvolvimento do COBie revelou uma lacuna significativa na troca de informação

fornecida pelos fabricantes de produtos de construção, resultando na perda de informação

importante durante as fases de projeto e de construção. Com o objetivo de colmatar essa

lacuna, as entidades Engineering Research and Development Center (ERDC) do USACOE,

Specifications Consultants in Independent Practice (SCIP) e CSI, iniciaram um projeto

aprovado pela buildingSMART aliance com o objetivo de desenvolver uma especificação para

identificar todo o conjunto de propriedades necessárias para especificar materiais, produtos e

equipamentos a um nível de detalhe comum e inicial, Specifiers’ Properties information

exchange (SPie) (Smith e Tardif, 2009). O objetivo deste projeto é, então, criar um conjunto de

templates de produtos de construção que podem ser utilizados pelos fabricantes para exportar

os dados relacionados com os mesmos num formato segundo normas abertas e que, por fim, é

consumido pelos intervenientes no desenvolvimento de um projeto de construção. O SPie

reúne 1200 templates disponíveis na internet8 segundo os referidos sistemas de classificação

(UniFormat, MasterFormat e Omniclass). A equipa responsável pelo seu desenvolvimento

encontra-se, atualmente, num processo de revisão de todos os templates (BuildingSMART

alliance, 2012).

O IFD é vital para o projeto SPie. O IFD utiliza os conjuntos de propriedades de base no

formato IFC e apresenta-as segundo o idioma de determinado país (Hamil, 2012a). Os idiomas

suportados pelo IFD, neste momento, são o inglês, alemão, norueguês, americano e francês

(Nisbet, 2011). A capacidade de manter um dicionário central que contém a definição de cada

propriedade num idioma autóctone e em inglês (o idioma internacional) tem imenso potencial.

Fornece um conjunto de propriedades comuns a um produto de construção num determinado

país e ainda, permite a tradução dessas propriedades juntamente com o seu significado a nível

internacional. Assim, os fabricantes de produtos de construção podem documentar as

propriedades do seu produto uma única vez e depois publicar essa informação

internacionalmente (Hamil, 2012a). Na internet, está disponível um software denominado

“Propertylizer” que é utilizado para atribuir propriedades a materiais, produtos e equipamentos

específicos de uma forma sistemática. A adoção deste formato estruturado de dados pelos

fabricantes de produtos e equipamentos de construção aliviaria um enorme estrangulamento

da troca de informação que, por sua vez, melhoraria significativamente a eficácia do processo

de projeto, permitindo que a informação dos produtos de construção seja incorporada

diretamente nos modelos BIM. Os benefícios não se cingem apenas à fase de projeto, visto

que essa informação poderia ser incluída no formato COBie nas fases posteriores do todo o

ciclo de vida dos empreendimentos (Smith e Tardif, 2009).

8 http://www.wbdg.org/references/pg_spt.php

Page 85: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

73

O projeto SPie combina, portanto, o IFC, o COBie e os conjuntos de propriedades aplicáveis

aos Estados Unidos da América para produzir uma definição abrangente de um grande número

de tipos de produtos de construção. Existem, no entanto, outros projetos em vários países

europeus como o projeto francês levado a cabo pela entidade L’ Association des Industries de

Produits de Construction9 que representa 100 organizações comerciais que, por sua vez,

representam 7000 fabricantes de produtos de construção e outros projetos na Inglaterra e

Alemanha (Hamil, 2012a).

Segundo East (2010), o SPie é uma peça do conjunto de dados COBie, como demonstra a

Figura 33. A última peça é o projeto Equipment Layout information exchange (ELie) que

fornece peças desenhadas esquemáticas dos sistemas AVAC e outras instalações técnicas.

2.7. Conclusões

Em 1.1, enumeraram-se várias debilidades e especificidades da indústria da construção cuja

resolução ou atenuação, apesar de não ser fácil, será possível. Um dos passos a tomar neste

sentido é a utilização do BIM como uma metodologia que abrange todas as fases do ciclo de

vida dos empreendimentos, o que abordará muitos dos aspetos referidos.

A aplicação generalizada do BIM na realização de projetos de construção em Portugal será

uma grande mudança para a indústria da construção, visto ter impactos em todas aquelas

fases e em todos os intervenientes no processo. Por isso, apesar de a sua inevitabilidade estar

cada vez mais evidente, o processo de adoção do BIM a nível nacional levará o seu tempo.

O BIM incentiva um ambiente colaborativo (facilidade e necessidade de comunicação entre os

vários intervenientes), principalmente utilizando o conceito do Cloud Computing (descrito em

2.6.2) possibilitando, assim, a colaboração e a troca de informação entre todos os

intervenientes através da internet e atenuando a falta de cooperação entre os mesmos. Por

outro lado, uma das permissas da implementação do BIM é que a informação seja introduzida,

9 http://www.aimcc.org/

Figura 33 – Conjunto de dados COBie (Adaptado de: East, 2010)

Page 86: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

74

pela fonte mais autorizada, apenas uma vez durante o ciclo de vida do empreedimento ou da

informação em si (Smith e Tardif, 2009), o que permitirá a redução dos desperdícios na re-

entrada e re-criação da informação.

Com o BIM, é possível aumentar significativamente o nível de detalhe dos projetos o que,

aliado ao ambiente colaborativo que proporciona, irá atenuar a escassez de detalhes nos

projetos e os pedidos de esclarecimento (estes, segundo Vasconcelos (2010), consumem na

pior da hipóteses sete semanas de trabalho na fase de preparação de obra). Por outro lado, o

BIM pode atenuar o impacto das alterações aos projetos e das incompatibilidades entre

projetos, visto que permite a visualização a priori, através dos modelos, do produto final

(destaca-se, aqui, o papel dos viewers referido na página 27) possibilitando, assim, que o dono

de obra tenha uma melhor perceção do mesmo. Permite, ainda, a detecção de conflitos entre

as várias especialidades (clash detection) e a coordenação entre projetos (página 29).

A produção das peças desenhadas torna-se mais eficiente dada a utilização da modelação

paramétrica (descrita em 2.5.2), visto que as modificações num dado componente do modelo

são automaticamente actualizadas em todas as vistas do mesmo. Esta funcionalidade aliada à

já referida detecção de conflitos entre as especiliadades, aumenta o rigor das peças

desenhadas obtidas diretamente a partir dos modelos.

Relativamente aos pedidos de material em excesso, ao incluir a informação relativa às

dimensões do elementos nos software BIM, é possível realizar a extração automática das

quantidades dos materiais e produtos utilizados (página 29).

Alguns software permitem, devido à possibilidade de simular a realidade, analisar a vialibidade

de determinados métodos construtivos e criar uma ligação bidireccional entre o planeamento e

o modelo. Isto permite melhorar a atividade de planeamento e a atenuação de conflitos em

obra (ver “Análise de construtibilidade”, “Sequência e planeamento da construção” e

“Sequências de montagem e instalação” descritos em 2.5.4).

Page 87: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

75

3. INTEGRAÇÃO ENTRE O BIM E O PRONIC

3.1. Introdução

Em 2.7, foi referido a importância do BIM relativamente às debilidades do setor da construção.

No entanto, algumas dessas debilidades não foram abordadas. Relativamente a essas

debilidades, o ProNIC poderá dar resposta.

O Protocolo para a Normalização da Informação Técnica na Construção ou, simplesmente,

ProNIC é um projeto de investigação cujo objetivo principal é o desenvolvimento de um

conjunto sistematizado e integrado de conteúdos técnicos credíveis e suportados por uma

ferramenta informática moderna. Pretende-se que estes possam constituir um referencial para

todo o setor da construção portuguesa (2008). Para além disso, espera-se que a utilização das

metodologias e ferramentas disponibilizadas pelo ProNIC contribua para uma melhoria

significativa da qualidade na construção, criando uma referência sobre as melhores práticas,

correctas especificações técnicas dos trabalhos da construção, acesso generalizado ao

conhecimento dos referenciais normativos e integração das várias fases do processo

construtivo (2011, 2012), o que aumentará a rentabilidade das organizações com o

consequente incremento da competitividade do setor (2008, Couto et al., 2012). Estes são os

objetivos básicos e abrangentes a toda a indústria, no entanto, o ProNIC apresenta contributos

a vários níveis que são específicos de cada fase do processo (2008, Sousa et al., 2008). Na

Figura 34, destacam-se os diferentes contributos e potenciais benefícios do ProNIC nas várias

fases do ciclo de vida de um empreendimento.

Figura 34 – Vantagens do ProNIC nas várias fases de um projeto de construção

Page 88: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

76

Como se verá mais adiante, o ProNIC permite a geração dos artigos que farão parte do Mapa

de Trabalhos e Quantidades e para além disso, associar fichas de execução dos trabalhos, de

materiais e custos. Estas fichas pretendem, acima de tudo, fornecer informações técnicas

relativas a boas práticas de construção, regulamentos, normas e custos. Estas funcionalidades

do ProNIC permitem aumentar o rigor na produção de mapas de medições e de cadernos de

encargos e para além disso, fornecer informações importantes relativas aos materiais utilizados

na obra (composição, aplicação, ensaios, normas aplicáveis) e à execução dos trabalhos

(trabalhos preparatórios, processo de execução, normas aplicáveis, ensaios, critérios de

medição, regras de segurança).

Posto isto, facilmente se vislumbra uma oportunidade para uma integração entre os dois que

poderá ser uma mais-valia no combate às debilidades da indústria da construção referidas em

1.1. A Figura 35 apresenta a influência direta tanto do BIM como do ProNIC nas várias

debilidades referidas, apesar de tal divisão não ser tão rígida podendo, pois, haver

sobreposição em alguns aspectos.

Figura 35 – Influência do BIM e do ProNIC nas debilidades da indústria da construção

Page 89: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

77

Assim, a integração do ProNIC num ambiente BIM trará grandes vantagens para a indústria da

construção. Esta integração, segundo a opinião deste autor, deve realizar-se segundo os dois

dos componentes referidos por Fiatech (2012) (página 46): os processos de distribuição de

informação e a gestão da informação. No entanto, para que estes dois componentes sejam

utilizados com eficácia e eficiência é fundamental a criação de um ambiente e forma de

trabalhar colaborativo. Portanto, é necessário criar um modelo assente num ambiente

colaborativo e que segue esses dois componentes.

Segundo Martins (2009), um conceito inerente à gestão de informação, em particular no

contexto da indústria da construção, é o de abstração que, por sua vez, é uma visão de uma

realidade onde se suprime um conjunto de informações consideradas desnecessárias para o

fim a que se destina. Assim, de acordo com aquele autor, um modelo de informação é uma

abstração sobre o produto que se pretende representar, ou seja, uma abstração da realidade.

Um modelo BIM (Building Information Model) se for traduzido para português à letra significa

modelo de informação para a construção. Assim, Martins (2009) definiu as características

desejáveis mais relevantes para estes tipos de modelos, que se enumeram de seguida:

deve ser evolutivo para acompanhar todas as fases do ciclo de vida dos

empreendimentos;

deve permitir a geração automática de documentos inerentes às fases do ciclo de vida

dos empreendimentos;

deve funcionar como repositório central de informação, embora não esteja

necessariamente localizado num único computador;

deve aceitar que vários intervenientes realizem trabalho simultâneo, evitando

potenciais conflitos que possam decorrer deste tipo de utilização;

deve poder ser implementado com diferentes graus de compromisso, que estarão

associados a uma maior ou menor necessidade de proceder a alterações aos

procedimentos habituais na construção.

A associação do referido conceito de modelo de informação aos modelos BIM continua a ser

verdade (estes continuam a ser representação subjetiva da realidade que é a obra física). No

entanto, segundo a perspetiva desta dissertação, faz mais sentido associar o conceito e as

características referidas ao processo de trabalho num ambiente colaborativo. A justificação

reside no seguinte facto. Martins (2009) referiu que as peças escritas e desenhadas do projeto,

o planeamento dos trabalhos, o cronograma financeiro e outros documentos relacionados com

a obra são as “vistas” sobre o modelo, ou seja, numa perspetiva de aplicações informáticas as

“vistas” são interfaces a partir das quais alteramos as características do modelo. No entanto, na

perspetiva desta dissertação, a abstração da realidade (a obra propriamente dita) e da

informação relacionada com a mesma não é conseguida com um único modelo mas sim com o

conjunto de modelos e para além disso, as “vistas” são produzidas num ambiente colaborativo.

Page 90: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

78

A primeira característica destaca a natureza evolutiva para acompanhar todas as fases do ciclo

de vida dos empreendimentos. No âmbito desta dissertação e na opinião do autor, esta

característica destaca dois aspetos relevantes. Em primeiro lugar, destaca-se a palavra

“evolutivo”, ou seja, o modelo de informação necessita de evoluir à medida que se avança no

desenvolvimento do projeto de construção. O aumento de informação e nível de detalhe

associado é progressivo (como é ilustrado, em 2.5.5, com o conceito dos LODs), portanto, é

necessário ter isso em conta na organização da informação. Por exemplo, a estrutura de

desagregação da informação que o ProNIC utiliza é muito detalhada o que é necessário dado a

função do mesmo, porém, nas primeiras fases do projeto quando existe ainda pouca

informação não é prático utilizar aquela estrutura para organizar a informação. Refere-se,

ainda, que se a informação for estruturada tendo em vista a posterior utilização de ferramentas

como o ProNIC (e não só) facilita a introdução de dados e informações nas mesmas.

Em segundo lugar, revela-se ser necessário ter uma visão mais abrangente na produção de

informação, ou seja, é importante produzir, manter e dispensar informação que seja relevante

para fases específicas. Um exemplo é a especificação COBie (ver em 2.6.5.4) que especifica a

informação relevante para a fase de operação e manutenção e que deve ser recolhida durante

as fases do ciclo de vida dos empreendimentos. Assim, a informação relevante deve ser, desde

logo, destacada e acumulada segundo determinados procedimentos.

Para além de ter um papel importante na organização da informação dada, a sua estrutura de

desagregação dos trabalhos de construção aplicada à realidade portuguesa, o ProNIC assume

um papel importante na segunda característica, visto que a sua função é a produção de alguns

dos documentos mais importantes relacionados com a obra, como referido em 3.2.3.

As características apontadas em segundo e terceiro lugar estão relacionadas. É aqui que os

conceitos Cloud BIM (página 41) e o trabalho em ambiente colaborativo se relevam

fundamentais, ao permitir que vários intervenientes realizem trabalho simultâneo, utilizando um

repositório central de informação. O conceito Cloud BIM, por sua vez, apresenta vantagens e

capacidades na criação de um ambiente colaborativo, no qual os vários intervenientes poderão

cooperar de uma forma eficiente. Por outro lado, é fundamental assegurar tipos de contratos

que fomentem este tipo de colaboração como o IPD (página 33). No estabelecimento deste tipo

de contratos, destaca-se, uma vez mais, o papel da legislação e dos donos de obra.

No processo e ambiente colaborativo referidos, as trocas de informação (em 2.6.4) têm um

papel fulcral, dado a elevada troca de informação que terá de existir entre os vários

intervenientes. Os processos de distribuição de informação terão de ser definidos antes de dar

a início ao desenvolvimento dos projetos, como referido mais adiante.

Concluindo e contextualizando o que referido anteriormente, pretende-se com o modelo

proposto para a integração entre o BIM e o ProNIC aproveitar o trabalho feito a nível nacional

Page 91: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

79

(o próprio ProNIC) e utilizá-lo num ambiente colaborativo através da internet tendo por base a

metodologia BIM, abrangendo todas as fases do ciclo de vida dos empreendimentos.

De seguida, far-se-á uma introdução ao ProNIC com o objetivo de apresentar as suas

funcionalidades principais e as mais úteis num ambiente BIM. Depois, definir-se-á uma forma

de trabalhar em ambiente colaborativo e o papel do ProNIC nesse processo. Por fim,

apresentar-se-á de gerir a informação no repositório central de informação, tendo em conta a

natureza evolutiva da mesma no desenvolvimento do projetos.

3.2. ProNIC

3.2.1. Antecedentes

O ProNIC surgiu na sequência do projeto CIC-Net financiado pela Agência de Inovação (2011).

Este projeto teve como objetivo a criação de um referencial para os trabalhos de construção de

edifícios, definir claramente o papel de todos os intervenientes no processo e desenvolver um

método para classificação dos materiais de construção (Sousa et al., 2008). O seu

desenvolvimento decorreu entre Agosto de 1998 e Junho de 2001 e foi da responsabilidade de

um grupo de dez organizações: dois empreiteiros (J. GOMES e FERSEQUE), três

fornecedores de materiais de construção (CRUMAR, FIVITEX e LIZMUNDO), um gabinete de

projetos (ETEC), o Instituto da Construção da Faculdade de Engenharia da Universidade do

Porto (IC-FEUP), o INstituto de Engenharia de Sistemas e Computadores do Porto (INESC-

Porto), a Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Publicas (AICCOPN) e

finalmente, a Associação Portuguesa dos Comerciantes de Materiais de Construção (APCMC).

O CIC-Net previa o desenvolvimento de seis tarefas que foram levadas a cabo por

organizações referidas anteriormente (Corvacho et al., 2002):

1. Definição de formatos para a troca de Informação em Engenharia (INESC-Porto e IC);

2. Definição de formatos de Cadernos de Encargos e Propostas (IC e INESC-Porto);

3. Definição de uma estrutura para a Codificação de Materiais (IC e INESC-Porto);

4. Construção de uma interface com os fornecedores de materiais de construção (INESC-

Porto);

5. Divulgação dos resultados do projeto (AICCOPN e APCMC);

6. Gestão do projeto (da responsabilidade da empresa J. GOMES).

No âmbito deste projeto, foram desenvolvidos conceitos de base, metodologias e aplicações

informáticas dirigidas fundamentalmente para a definição de três ítens:

bases de dados gerais de articulados de medições;

formatos de cadernos de encargos;

uma estrutura de classificação e codificação de produtos da construção.

Page 92: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

80

A experiência na aplicação do CIC-Net evidenciou as suas potencialidades e limitações e por

isso, demonstrou a viabilidade do seu desenvolvimento e aperfeiçoamento (2011). É neste

contexto, aliado às necessidades actuais resultantes da evolução de processos verificada na

indústria da construção e da grande produção de normalização tanto a nível internacional como

nacional10

, que surge o ProNIC (Sousa et al., 2008). Assim, o ProNIC tem o objetivo de

aumentar as potencialidades do projeto anterior, alargando o seu interesse a mais entidades

que exercem a sua atividade na indústria da construção através da criação de conteúdos para

os modelos de funcionamento criados e seguindo o modelo desenvolvido (2011).

3.2.2. Fases de desenvolvimento e entidades envolvidas

O desenvolvimento do ProNIC pode ser dividido em duas fases. Na primeira foi estabelecida

uma estrutura de desagregação para os trabalhos de construção que resulta na descrição

genérica dos trabalhos e por sua vez, a parametrização da descrição dos mesmos torna

possível gerar os artigos do Mapa de Trabalhos e Quantidades. A estes ficam associadas

fichas de execução do trabalho, de materiais e de custos nas quais estão incorporadas

informações técnicas relativas a boas regras de construção, regulamentos, normas e custos.

Por fim, estas fichas darão origem ao Caderno de Encargos e à Estimativa Orçamental da obra

em questão (Couto et al., 2012). Esta fase iniciou-se com a aprovação, em Dezembro de 2005,

do projeto ProNIC no âmbito do Programa Operacional Sociedade do Conhecimento (POSC) e

teve como entidades promotoras a Direção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais

(DGEMN), o Instituto Nacional da Habitação (INH) e a Estradas de Portugal (EP). Porém, após

a extinção das duas primeiras, a responsabilidade da gestão do projeto passou a ser assumida

pelo Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU). O desenvolvimento do trabalho

técnico do ProNIC é assegurado por três entidades, duas das quais estiveram envolvidas no

projeto CIC-Net, o IC e o INESC-Porto, faltando apenas referir o Laboratório Nacional de

Engenharia Civil (LNEC) (2008).

A segunda fase, por sua vez, iniciou-se no final de 2009, altura em que o Consórcio ProNIC e a

Parque Escolar (PE) assinaram um contrato de desenvolvimento da ferramenta e prestação de

serviços que incluía a disponibilização de acessos ao ProNIC para os diretores de projeto da

PE, os gabinetes de arquitetura e das especialidades de projetos das escolas e as

fiscalizações das obras, estando esta segunda fase ainda a decorrer (Couto et al., 2012). De

seguida, as duas fases serão descritas com mais pormenor.

10

Destacam os seguintes trabalhos nacionais em matería de normalização (Sousa et al., 2008):

cadernos de encargos tipo para obras de edifícios (LNEC, 1970-1972);

regras de medição, com republicações frequentes e tendo como base uma estrutura de desagregação dos trabalhos por especialidades (Fonseca, 1997);

fichas de custos e rendimentos para trabalhos de edifícios, com republicações frequentes e tendo como base uma desagregação por elementos construtivos (Manso et al., 1997);

organização e formatos da documentação de projeto (Cabrita, 1974).

Page 93: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

81

3.2.3. 1ª fase de desenvolvimento

O ProNIC é constituído por uma base de dados de conhecimento sobre trabalhos de

construção de Edifícios em Geral e de Infraestruturas Rodoviárias e por um conjunto de

aplicações informáticas que permitem a gestão e articulação dos conteúdos técnicos e a

geração de documentos como Medições Detalhadas, Mapas de Quantidades de Trabalhos,

Estimativas Orçamentais ou Caderno de Encargos (Couto et al., 2012). O âmbito da base de

dados contempla, portanto, duas grandes áreas de construção: Edifícios em Geral e

Infraestruturas Rodoviárias. Na primeira, por sua vez, são tratadas as áreas de Construção

Nova e de Reabilitação, como se pode verificar na Figura 36 (2008).

A base de dados desenvolve-se segundo uma estrutura de desagregação dos trabalhos (Work

Breakdown Structure11

- WBS, na literatura inglesa), como se exemplifica na Figura 37. Esta

estrutura pode ser tanto mais detalhada quanto maior for o grau de pormenorização pretendido

que, no caso particular do ProNIC, era muito elevado. Por isso, a base de dados foi alvo de

uma estruturação e desenvolvimento exaustivos com o objetivo de atingir um grau de

pormenorização elevado.

11

Segundo PMI (2008), WBS é uma desagregação hierárquica dos trabalhos a serem executados pela equipa do Projeto para alcançar os objetos do mesmo e criar o produto final desejado, com cada nível a representar, por ordem decrescente, uma definição cada vez mais detalhada dos trabalhos.

Figura 36 – Âmbito do ProNIC

Figura 37 – Exemplo da estrutura de desagregação de trabalhos utilizada pelo ProNIC (Adaptado de: Sousa, 2011)

Page 94: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

82

Assim, o primeiro nível de desagregação é composto por 26 capítulos para as obras de

edifícios (Quadro 3) e 10 capítulos para as obras de infraestruturas rodoviárias. O modelo de

desagregação adotado para a estrutura dos trabalhos de construção segue, em geral, os

critérios fundamentais previstos nas regras de medição do LNEC (Fonseca, 1997), ou seja,

uma divisão da obra em capítulos correspondentes às diferentes “artes” ou especialidades. De

modo a traduzir a evolução dos processos, metodologias, tecnologias de construção e numa

perspetiva de harmonização com as disposições das normativas europeias, foram introduzidas

várias modificações ao modelo definido.

O objetivo à medida que se avança nos níveis da estrutura de desagregação é aumentar o

nível de detalhe. Esta filosofia aplica-se tanto aos edifícios como às infraestruturas rodoviárias,

porém, por facilidade de exposição, servir-se-á apenas da área de edifícios. Nesta o seu

segundo nível contempla as referidas áreas de Construção Nova e de Reabilitação (esta área

utiliza a mesma estrutura de desagregação da área de Construção Nova) que, por sua vez,

incluem diversos níveis que estabelecem o tipo de elemento, a sua localização, as

características gerais do tipo de material e outras especificidades até que, por fim, se chega ao

último nível denominado por artigo (Quadro 4). Este será o enunciado ou o descritivo do

trabalho de construção que depois de formatado constará no Mapa de Trabalhos e

Quantidades.

Quadro 3 – Capítulos do ProNIC

Quadro 4 - Exemplo de um artigo gerado pelo ProNIC (Retirado de: Sousa, 2011)

Page 95: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

83

Os artigos são compostos por partes de texto fixadas à partida (como é o caso de “Execução

de protecções em…” no Quadro 4 e por variáveis (como o caso de “vegetação” na Quadro 4)

que são preenchidas pelo projetista utilizando escolhas pré-definidas ou por preenchimento de

um campo livre editável e que podem, ou não, ser de preenchimento obrigatório. Assim,

algumas destas variáveis poderão não estar preenchidas no final do projeto e encontram-se

identificadas por $, obrigando à formatação do artigo antes da sua inclusão nos documentos

referidos. Caso estas sejam preenchidas, na descrição detalhada de cada artigo aparece com

texto regular sublinhado as opções de preenchimento resultantes de escolhas pré-definidas no

ProNIC e com texto itálico sublinhado as opções editadas pelo projetista, sendo o restante

correspondente ao texto base do artigo (Couto et al., 2011, Sousa et al., 2008)

Este processo de criação, através do ProNIC, dos articulados que, por sua vez, darão origem

ao Mapa de Trabalhos é uma ajuda para a completa e correta definição do tipo e natureza dos

trabalhos, o que é relevante dada a importância daquele documento para a limitação de

indefinições nas fases de lançamento e execução de obra. Por isso, o ProNIC disponibiliza, em

cada situação e de forma sistematizada, as diferentes opções, textos de auxílio à tomada de

decisões e compatibiliza as escolhas com a regulamentação em vigor (2008).

Relativamente às medições associadas a determinado artigo, o projetista é livre de introduzir, a

quando da definição do artigo ou posteriormente, o valor total ou então criar e inserir os dados

numa ficha de medições detalhadas. O processo é semelhante para o caso dos preços

unitários, para os quais o ProNIC disponibiliza uma base de dados de preços de acordo com a

publicação Manso et al. (1997) à qual o dono de obra ou o projetista poderão, ou não, recorrer.

Assim, ao utilizar a referida base de dados ou introduzindo valores de outra proveniência fica-

se com custos dos trabalhos que, por sua vez, podem constituir uma base de referência para

estimativa orçamental da obra (Sousa et al., 2008).

Juntamente com os artigos surgem especificações técnicas dos trabalhos e dos materiais

constituintes, sob a forma de fichas (Figura 38). As primeiras (Fichas de Execução de

Trabalhos) pretendem assegurar que a cada tipo de trabalho corresponde uma descrição de

como o mesmo se executa. As segundas (Fichas de Materiais) pretendem, segundo a mesma

linha de pensamento, assegurar que cada material distinto a empregar na obra tenha uma ficha

autónoma que estabeleça as exigências que o mesmo deve respeitar. Estas fichas têm uma

estrutura de organização comum e contêm requisitos de carácter técnico, indicações sobre o

referencial normativo aplicável, disposições relativas à segurança e elementos sobre a

manutenção e utilização (Sousa et al., 2008). São os conteúdos técnicos que dão corpo às

cláusulas técnicas especiais dos Cadernos de Encargos e com elas pretende-se, assim, refletir

e integrar a aplicação das disposições da normalização nacional e europeia mais recente e

atualizada, bem como as boas práticas de construção (2008).

A sua geração assenta-se numa abordagem parametrizável, ou seja, são processados de

forma automática em função das especificidades dos artigos criados e das opções tomadas na

Page 96: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

84

elaboração dos mesmos. Assim, os conteúdos das fichas são consistentes com a

especificidade das diferentes situações, o que elimina a existência de textos generalistas por

excesso e com referências que não são aplicáveis à situação concreta.

A repetição de todo este procedimento para cada tipo de trabalho de construção de uma dada

obra permite a geração de toda a informação escrita necessária para a definição do Caderno

de Encargos, bem como da obtenção do Mapa de Trabalhos e Quantidades com as medições

detalhadas associadas e de uma estimativa orçamental, com especial interesse para o dono de

obra (Sousa et al., 2008). Para além da geração desta informação técnica, o ProNIC

disponibiliza um conjunto de outras funcionalidades complementares e de apoio ao trabalho

aos diversos tipos de utilizadores. Destaca-se a possibilidade de agregação de elementos

externos como peças desenhadas e escritas do projeto, estudos e reconhecimentos,

documentação técnica e modelos de documentos (2012).

À data de conclusão desta fase, o ProNIC possibilita o tratamento de cerca de 10.000 tipos de

trabalhos que se desdobram, por aplicação das diferentes parametrizações, na geração de um

número da ordem de 30000 artigos, tendo-se produzido, aproximadamente, 5.000 fichas de

execução e fichas de materiais que representam uma cobertura de 80% dos articulados

referidos (2008, Couto et al., 2012).

Figura 38 – Especificações técnicas dos trabalhos e de matérias geradas pelo ProNIC

Page 97: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

85

3.2.4. 2ª fase de desenvolvimento

A PE quando iniciou a sua atividade em Março de 2007 tinha como objetivo a concretização de

intervenções em 332 escolas até ano de 2015. Então, no final de 2009 foi assinado um contrato

entre a PE e o Consórcio ProNIC que marcou uma nova fase do desenvolvimento do ProNIC e

do Programa de Modernização do Parque Escolar destinado do ensino secundário.

Este contrato surgiu devido a diversos fatores como a envergadura do projeto da PE, a

multiplicidade de agentes envolvidos nos processos de conceção, fiscalização e construção, o

grande volume de informação técnico-económica, a necessidade de monitorizar os processos

em concurso e de melhorar a qualidade técnica das intervenções, bem como alterações

significativas no enquadramento legislativo com a Portaria n.º 701-H/2008 e o novo Código dos

Contratos Públicos (CCP). Como objetivos desta parceria destacam-se os seguintes (2012):

a viabilização da utilização em ambiente real da aplicação ProNIC, através da sua

implementação nos processos das obras em curso e a promover pela PE,

nomeadamente na geração de conteúdos normalizados e de elevada fiabilidade

técnica, organizados segundo matrizes de aplicação generalizada;

o desenvolvimento da componente técnica do projeto relativa à reabilitação de

edifícios;

o desenvolvimento e teste de metodologias e funcionalidades destinadas á

monitorização de projetos públicos de investimento imobiliário em matéria de controlo

económico da fase de produção e também da fase de utilização12

.

A utilização do ProNIC em contexto real foi decisiva para o incremento da maturidade do

mesmo. Portanto, durante a sua implementação nas obras da PE, o ProNIC foi continuamente

melhorado para dar resposta às necessidades que iam surgindo. Nesta segunda fase que

ainda decorre foram, até à data, melhoradas algumas funcionalidades já existentes e criadas

outras. Destacam-se, de seguida e por ordem cronológica, as principais novas funcionalidades

(todas elas em concordância com o CCP) introduzidas no ProNIC (2012, Couto et al., 2012):

disponibilização de todo o repositório documental do Projeto de Execução e do

respetivo workflow de subscrição, entrega e validação dos processos, que se revelou

essencial para garantir a uniformização na instrução dos projetos, evitando assim a

falta de documentos fundamentais;

mecanismo integrado para assinar digitalmente a documentação gerada pelo ProNIC;

ligação às plataformas de contratação pública e as respetivas tramitações concursais

(esclarecimentos e erros e omissões);

12

Refere-se, aqui, o papel do Observatório de Obras Públicas (OOP, http://www.base.gov.pt/oop/) criado no âmbito do CCP. Couto et al. (2011) referem, a título de exemplo, alguma informação possível de ser retirada do ProNIC e aproveitada pelo OOP.

Page 98: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

86

geração e gestão dos autos de medição mensal dos trabalhos da obra, tendo como

principal objetivo minimizar erros e permitir um maior controlo de desvios de custos e

prazos (em Março de 2011);

ligação a aplicações informáticas de gestão da faturação da obra (nomeadamente, o

software Primavera);

geração e gestão de ordens de execução dos trabalhos, contratos de adicionais, autos

de adicionais e repositório de elementos adicionais.

3.3. Trabalho em ambiente colaborativo

Inicialmente, o modelo BIM era apresentado como um único repositório de informação no qual

os seus componentes seriam descritos apenas uma vez. O modelo BIM incluiria não só a

informação gráfica (dimensões, cor) como também a informação não gráfica (custos,

características dos materiais, modo de aplicação). Assim, as modificações seriam realizadas

apenas num único sítio (Cyon Research Corporation, 2003). Segundo Davies (2009b), a

experiência, ao longo dos anos, tem demonstrado que este conceito (designado na literatura

por Single Building Model, como demonstra a Figura 39) não é possível na prática. Kalin et al.

(2010) referem que, apesar de ser possível incluir toda a informação num só modelo, não é

prático.

Para que todas as áreas envolvidas no projeto de construção (arquitetura, estruturas e

especialidades) possam comunicar as suas informações coordenadas no mesmo instante, é

fundamental acordar, antes de cada etapa importante, o designado design freeze (Davies,

2009b). A definição genérica deste conceito é de uma decisão vinculativa que define todo o

produto, as suas partes ou parâmetros e permite a continuação do projeto baseado nessa

decisão (Eger et al., 2005). Definir os design freezes permite uma poupança de tempo e

Figura 39 – Conceito Single Building Model (Adaptado de: Davies, 2009a)

Page 99: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

87

esforço que, muitas vezes, significa esperar, disponibilizar o mínimo de informação nas

primeiras fases do projeto e realizar estimativas grosseiras até que questões-chave estejam

resolvidas. Após o design freeze ter sido definido pela arquitetura e acordado entre todos os

envolvidos, as restantes áreas (estruturas e especialidades) podem continuar a criar a sua

informação e anotar as modificações necessárias na próxima iteração trabalhando, assim, para

os mesmos objetivos. Por fim, o gabinete de arquitetura procede com a continuação do projeto,

tendo em conta questões levantadas pelo gabinete de estruturas e pelas especialidades de

projeto para que todos estejam coordenados. Este processo é repetido, aumentando o nível de

detalhe, até que o projeto esteja concluído (Davies, 2009b).

O processo referido é o ideal e se fosse possível, o conceito do Single Building Model

funcionaria num processo de projeto totalmente coordenado e unificado. Porém, na realidade

este processo não se verifica (Davies, 2009b). Na realidade, o processo de realização de um

projeto não é, por natureza, assim tão estático e definido mas sim fluído (Eger et al., 2005).

Existem inúmeras razões para que tal não seja possível na prática como, por exemplo, a

disponibilidade de recursos no momento necessário e a continuação de determinado projeto

antes de questões-chave de coordenação entre todas as especialidades estarem resolvidas.

Por exemplo, os projetistas de estruturas não poderão gerar informação sem que a arquitetura

esteja definida e por sua vez, os projetos das especialidades não poderão dar início ao seu

trabalho (Davies, 2009b).

Na prática, nenhum modelo BIM conterá nem deverá conter toda a informação relacionada com

um projeto de construção. A experiência tem mostrado que um único modelo não vai ao

encontro das diversas necessidades de todos os intervenientes nem todos estes utilizam as

mesmas aplicações BIM (Howell, 2010a). Não é, pois, prático que os diferentes projetos sejam

realizados utilizando os mesmos dados contidos num único modelo. Projetar a estrutura ou

analisar a rede de abastecimento de água são processos que levam tempo e que necessitam

de um modelo estático (Davies, 2009b). Todas as partes envolvidas no projeto necessitam de

um modelo próprio para poderem cumprir todas as suas obrigações contratuais e evitar

conflitos e a interdependência utilizando um único modelo que é partilhado (Davies, 2009a).

Tem-se, assim, constatado que ter um modelo BIM que é a única fonte de informação está

longe de ser prático e que levanta outra questão para além da referida anteriormente. De

acordo, com Anthony Miskinis da empresa AEM, uma empresa de consultoria em matéria do

BIM, os ficheiros dos modelos, por conterem toda a informação, atingem uma dimensão que os

tornam praticamente incomputáveis (Jurewicz, 2010).

Visto que o conceito do Single Building Model não funciona na prática, foi necessário encontrar

uma alternativa. Um modelo não necessita de conter todo e qualquer dado para ser designado

como “BIM”. Um modelo BIM pode ser, antes pelo contrário, construído com o objetivo de

realizar uma determinada tarefa específica como, por exemplo, a realização do projeto

estrutural ou a realização de estudos do comportamento térmico do edifício. São, pois,

Page 100: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

88

produzidos diversos modelos e a cada um está associado uma determinada tarefa, como foi

referido em 2.5.4. Estes, por sua vez, irão integrar-se numa área de trabalho central e

partilhada, na qual os benefícios de uma solução coordenada podem, realmente, sobressair

(AEC (UK), 2009, Davies, 2009a). Por outro lado, muita informação essencial relacionada com

a realização do projeto de construção é produzida exteriormente aos modelos BIM como, por

exemplo, atas de reunião, modificações ao projeto, pedidos de informações (em inglês,

Request For Information - RFI), obrigações contratuais, procedimentos de execução, trocas de

informação entre os intervenientes, resultados de análises, entre outros (Howell, 2010a). Daqui

surge o conceito de Project Integration Model (PIM), representado na Figura 40.

Na literatura, é possível encontrar, para além da referida, outras designações para o PIM como

por exemplo Project Information Management (também, PIM) e Project Information

Management System (PIMS). Este conceito, de uma forma genérica, pode ser visto, segundo

Siles (2004), como um conjunto de componentes interrelacionados que trabalham

conjuntamente para reunir, classificar, armazenar e distribuir informação para auxiliar a tomada

de decisões, a coordenação e o controlo numa organização. Kim et al. (2011), por seu turno,

atribui ao PIM a função de gestão de todas as partes interessadas que participam e contribuem

para a conclusão de um dado empreendimento. O PIM fornece informação para que as

equipas tenham a mesma compreensão dos factos, o que é um pré-requisito para a

colaboração. É a forma mais fiável de alojar informação por possibilitar que a mesma seja

escrutinada por diversas pessoas o que aumenta a probabilidade de encontrar e corrigir

eventuais erros (Thomsen et al., 2010).

As tarefas do PIM passam por registar trocas de informação, capturar processos de tomada de

decisões de outra forma esquecidos em caixa de entrada de correio eletrónico,

Figura 40 – Conceito Project Integration Model (PIM) (Adaptado de: Davies, 2009a)

Page 101: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

89

acompanhamento das revisões ao projeto, procurar o conteúdo de vários tipos de

documentação como obrigações contratuais e pedidos de informação (RFI) e, por último,

partilhar vistas dos modelos BIM para facilitar a discussão e a resolução de determinados

assuntos (Gillam, 2010).

O modelo de partilha integrada de informação por detrás do PIM tem por base os princípios

pela norma BS 1192: 2007 “Collaborative Production of Architectural, Engineering and

Construction Information” (AEC (UK), 2009, AEC (UK), 2012). Esta norma refere que a

utilização de um único modelo como a fonte de toda a informação deve ser evitada (AEC (UK),

2009, Davies, 2009a) e por isso, define o processo de trabalho em ambiente colaborativo para

permitir a colaboração entre os intervenientes no projeto de construção e uma partilha eficiente

de dados entre os mesmos. O objetivo deste ambiente colaborativo é permitir a comunicação, a

reutilização e a partilha de dados de uma forma eficiente e sem perdas ou interpretações

erróneas (AEC (UK), 2012).

Aquela norma define um ambiente de dados comuns (Common Data Environment – CDE) no

qual a informação é partilhada por todos os intervenientes. O CDE é composto por quatro tipos

de áreas: trabalho em curso (Work In Progress – WIP), partilhada, publicada/emitida e

finalmente, o arquivo (Figura 41).

Figura 41 – Ambiente de dados comuns (CDE) (Baseado em: AEC (UK), 2009, AEC (UK), 2012)

Page 102: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

90

As áreas WIP caracterizam-se por conter dados/informações em processo de produção e que

ainda não foram examinados e verificados para serem utilizados por terceiros para além da

equipa responsável pelos mesmos. Por exemplo, o gabinete de projeto de estruturas produz

um modelo BIM da estrutura em privado (na sua WIP, ou seja, nas suas instalações) e é

responsável pelo mesmo. Isto aplica-se não só aos modelos BIM como a toda a informação

produzida nesta fase.

Na área partilhada, reside a essência do PIM: um conjunto de dados partilhados por todos os

intervenientes no projeto de construção. Assim, para facilitar o trabalho coordenado e eficiente

cada interveniente deve tornar os seus dados do projeto de construção (não só modelos BIM

como toda a informação relevante nas áreas WIP) disponíveis para serem acedidos

formalmente por terceiros, através do conceito de um repositório central ou de um protocolo de

intercâmbio de dados. Todas as informações necessárias para a progressão do trabalho em

qualquer área WIP devem sempre ser obtidas a partir da área partilhada. Porém, antes dos

dados serem colocados na mesma devem ser conferidos, aprovados e validados (AEC (UK),

2009, AEC (UK), 2012, Davies, 2009a). A norma BS 1192:2007 refere algumas

recomendações, apontadas em AEC (UK) (2012), em relação a esta área:

apenas os dados/informações e modelos BIM que foram conferidos, aprovados e aos

quais foi atribuído um código de estado devem ser transferidos para a área partilhada

(o código de estado é definido na norma);

a partilha dos modelos BIM deve ser realizada com regularidade de modo a que as

outras especialidades trabalhem sobre a última informação validada (o processo de

partilha deve ser definido no plano de execução BIM, como se verá no Apêndice 1);

os ficheiros dos modelos BIM devem ser emitidos conjuntamente com documentação

2D para minimizar o risco de ocorrência de erros na comunicação;

os ficheiros dos modelos BIM devem ser emitidos exatamente como foram produzidos,

ou seja, sem qualquer outra edição ou associação com outros modelos (todas as

referências necessárias e ficheiros vinculados devem ser também emitidos);

a área partilhada deve também funcionar como um repositório para dados/informações

emitidos formalmente por parte de organizações externas e permitir que sejam

partilhados por todos;

as modificações aos dados/informações partilhados devem ser comunicadas a todas

as equipas através de notificações definidas a priori (uma vez mais isto deve ser

definido no plano de execução BIM, como se verá no Apêndice 1).

As áreas WIP e a área partilhada constituem as áreas nas quais o projeto é desenvolvido e

destas surgem produtos finais que, por sua vez, são colocados na área publicada. Estes

produtos finais incluem a documentação do projeto de construção, bem como

dados/informações e peças desenhadas retirados dos modelos BIM. Porém, tal como no caso

anterior, a publicação de todos aqueles ficheiros só deve ser realizada mediante prévia análise,

Page 103: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

91

aprovação e autorização de acordo com os procedimentos de revisão definidos a priori. Os

ficheiros colocados nesta área devem estar num formato não-editável e, para além disso,

apenas as informações e peças desenhadas que se considerou ser necessário rever serão

recolocadas nesta área, ou seja, pretende-se que esta inclua apenas ficheiros finais (tanto

quanto possível) (AEC (UK), 2012).

Por fim, o arquivo de todas as informações aprovadas deve ser armazenado na área “Arquivo”

incluindo informações e peças desenhadas publicadas, modificadas e “as built” (AEC (UK),

2012).

3.4. Modelo para a integração do ProNIC em ambiente BIM

O modelo definido na Figura 42 é uma representação geral de todos os componentes

relacionados com o mesmo. Por isso, em primeiro lugar, far-se-á uma descrição geral do

modelo destacando os aspetos mais importantes e em segundo, apresentar-se-á os aspetos

que serão aprofundados em 3.5.

Para que o modelo seja bem implementado e compreendido por todos os envolvidos é

importante elaborar no início o denominado plano de execução BIM. Este plano define a visão

geral bem como os detalhes da implementação do BIM, abordando questões como os objetivos

e utilidades do BIM para o projeto de construção em causa, o conteúdo, formato e momento

das trocas de informação e a infraestrutura necessária para que todos os processos. Este

plano é descrito com mais pormenor no Apêndice 1.

Figura 42 – Visão geral do modelo de informação proposto

Page 104: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

92

O PIM, como referido, atua como um repositório central de informação e para além disso, tem a

função de gerir todas os envolvidos no desenvolvimento dos projetos. Nas áreas WIP cada

especialidade desenvolve a sua informação, porém, será necessário trocar informação entre as

várias especialidades. Para isso, o PIM poderá apresentar o plano de execução BIM no qual

estão definidas todas as trocas de informação aprovadas contratualmente (mapas de

processos, conteúdos das trocas de informação), bem como auxiliar a troca e a gestão de

ficheiros entre os envolvidos permitindo, por exemplo, que os vários utilizadores sejam

notificados que as informações que necessitam já se encontram disponíveis. Aquelas trocas

podem envolver informações complexas e externas que terão de ser definidas ao nível do IFC,

IDM e MVD (como referido em 2.6.4.2).

O PIM, para além do plano de execução BIM, poderá conter informações e/ou documentos

como, por exemplo, atas de reunião, modificações ao projeto, pedidos de informações,

obrigações contratuais, bem como possuir funcionalidades que permitem a coordenação entre

os vários envolvidos. No entanto, em paralelo, como repositório central de informação, o PIM

deverá possuir informações relevantes relativamente ao projeto de construção. Refere-se à

descrição dos componentes e dos sistemas definidos e as características dos mesmos. Por

exemplo, descrição das soluções construtivas utilizadas para as paredes, pavimentos, tetos,

sistemas de AVAC, entre outros, bem como a descrição de produtos de construção como

portas, isolamentos, janelas, acabamentos. Será, portanto, o produto final do trabalho

desenvolvido pelas várias especialidades relativamente aos componentes e sistemas da obra

no âmbito da área partilhada e como tal, deverá ser facilmente comunicado através da internet

a todos os envolvidos e as suas informações classificadas utilizando taxonomias para que se

tornem facilmente pesquisáveis e filtráveis.

As informações na área partilhada serão produzidas de uma forma progressiva, passando de

uma descrição muito genérica até a uma descrição de tal forma pormenorizada que pode ser

utilizada para especificar um trabalho de construção. Nesta altura, o ProNIC será muito útil ao

utilizar os dados e informações desenvolvidos e que são necessários para a produção dos

documentos de obra que lhe estão associados, bem como a atribuição de fichas que, por fim,

serão colocados na área publicada como um produto final do desenvolvimento do projeto.

Destaca-se, aqui, a utilidade de ferramentas como o IFD (descrito em 2.6.5.4) quando estão

envolvidos, no trabalho em ambiente colaborativo, empresas internacionais.

Em 3.5, será abordada a transferência de informações das áreas WIP para o PIM, a evolução

da produção das informações e a transferência das mesmas para o ProNIC e a sua

classificação ao longo de todo o processo.

Page 105: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

93

3.5. Organização da informação no âmbito do BIM e ProNIC

Independentemente da complexidade do projeto de construção (e da quantidade de

informação, por conseguinte), é necessário definir uma forma de organizar e gerir toda a

informação, tendo em conta que a pormenorização da mesma é evolutiva. Tal como na

modelação dos componentes dos modelos BIM, estes inicialmente podem ser genéricos e

serem especificados de uma forma aproximada. No entanto, ao longo do tempo é definida a

sua composição e são associados materiais, produtos, atividades e outros atributos.

A quantidade de informação associada a um único projeto de construção pode atingir grandes

proporções. É aqui que conceitos como a classificação e a composição podem ajudar a tornar

toda a informação facilmente pesquisável e filtrável.

Começa-se por apresentar os conceitos que estão por detrás da organização da informação no

modelo proposto para o PIM e só depois, o modelo será apresentado e descrito com mais

pormenor.

Tal como foi referido em 3.2.3, o ProNIC utiliza uma WBS (página 81) para organizar os vários

capítulos que, por sua vez, darão origem aos artigos no mapa de quantidades de trabalhos.

Segundo Bachy and Hameri (1997), para desenvolver uma WBS é necessário em primeiro

lugar desenvolver uma estrutura de desagregação de produtos (Product Breakdown Structure –

PBS, em inglês) ou uma “árvore” de objetos físicos, na qual se divide o resultado final (neste

caso, a obra) em sistemas, componentes e elementos físicos. De seguida, deve-se analisar a

montagem dos diferentes objetos definidos na PBS (como um puzzle) resultando uma estrutura

de desagregação de conjuntos (Assembly Breakdown Structure – ABS, em inglês). Esta ABS

fornece, assim, informação relativamente à sequência de atividades necessárias para alcançar

o objetivo final. Finalmente, só após a elaboração da PBS e ABS, é que se torna possível a

elaboração da WBS, ao dividir os elementos ou componentes da PBS em “pacotes” de trabalho

(work packages, em inglês). Cada work package (adoptar-se-á a designação anglo-saxónica

dada a sua difusão na literatura) representa uma unidade de trabalho necessária para concluir

uma tarefa ou processo específico.

Os conceitos referidos foram aplicados ao projeto do maior acelerador de partículas do mundo,

localizado na fronteira entre a França e a Suíça. No entanto, apesar da sua aplicação literal na

indústria da construção poder não ser tão apropriada, o princípio subjacente pode ser útil para

a organização da informação relacionada com as obras.

Esta estrutura de desagregação de trabalhos (WBS) pode ser encarada como o fim da linha no

que toca à organização da informação na fase de projeto. Requer um nível de detalhe elevado

de forma a especificar os trabalhos de construção com rigor, não sendo por isso adequada

para as primeiras fases do projeto. Portanto, até atingir este nível de detalhe o princípio referido

inicialmente pode ser utilizado para permitir que a organização da informação seja evolutiva e

assim, abranger as várias fases do projeto. Por outro lado, é fundamental ter em conta as

Page 106: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

94

novas formas de criar a informação que o BIM proporciona, por isso, o modelo de informação

deve adaptar-se a isso e às novas capacidades de automatização que o BIM potencia, como

descrito mais adiante.

Associada à gestão da informação devem estar a classificação e a composição da mesma.

Esta última é um conceito novo, no entanto, além da classificação já ter sido referida várias

vezes ao longo desta dissertação, a sua definição não foi, até agora, apresentada. Segundo

Jørgensen (2011), a classificação é um mecanismo de abstração pelo qual classes de

componentes podem ser organizadas numa hierarquia denominada taxonomia. As classes

mais gerais encontram-se nos níveis superiores e as classes mais particulares encontram-se

nos níveis inferiores, ou seja, as subclasses devem ser especializações da respetiva

superclasse e por outro lado, qualquer superclasse deve ser uma generalização das suas

subclasses. A classificação é útil para identificar e criar componentes e quando estes são

criados, é possível definir a sua estrutura de composição, ou seja, a composição consiste em

definir os subcomponentes que compõem cada componente. Ambos os conceitos são úteis

tanto na modelação como na organização da informação.

Um dos problemas inerentes à classificação é a definição do critério de classificação. No

entanto, à medida que a informação é criada e organizada deve ser possível dispor de vários

critérios de classificação. Pretende-se, assim, que a classificação da informação seja facetada,

ou seja, que permita a apresentação e filtração da informação segundo o ponto de vista mais

apropriado para determinada finalidade. Por exemplo, se o objetivo é estimar custos é útil que

a informação seja representada por elementos construtivos (tal como foi o propósito do

desenvolvimento do UniFormat, como é referido na página 60) ou se, por outro lado, é

determinar os tipos de madeira utilizados na obra torna-se útil poder filtrar a informação de

modo a apresentar apenas determinado tipo de madeira. É este princípio de classificação

facetada que, tal como foi referido, está por trás do desenvolvimento das tabelas do Omniclass.

Organizar a informação por elementos construtivos (a definição encontra-se no Quadro 2) é,

sem dúvida, a forma mais intuitiva de o fazer e não necessita de um nível elevado para ser

viável. Tal como é referido pelo sistema de classificação Omniclass (2006b) organizar a

informação desta forma é particularmente útil nas primeiras fases do projeto quando

determinados materiais e métodos construtivos não estão ainda definidos. Para além disso,

permite a concetualização do projeto sem quaisquer restrições devido a determinadas soluções

de projeto. Os elementos são classificados não tendo em conta o material ou a solução

construtiva que lhe estão associados, por isso, aparecem apenas uma vez na estrutura de

desagregação.

É, no entanto, necessário definir o critério de classificação para os elementos construtivos.

Segundo Jørgensen (2011), a primeira taxonomia a ser utilizada numa perspetiva de

modelação deverá ser de funções. Exemplos deste tipo de taxonomias são a tabela 21

Page 107: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

95

“Elementos construtivos” (Elements) do Omniclass que classifica os elementos pela sua função

implícita (Jørgensen, 2011) e o UniFormat no qual a primeira foi baseada.

Assim, a organização da informação no modelo proposto tendo em conta a posterior utilização

do ProNIC num ambiente BIM (Figura 43) tem por base uma taxonomia de elementos

construtivos cujo critério de classificação é a função dos mesmos. Esta hierarquia de

elementos será mantida em longo de todo o desenvolvimento do projeto, devido ao facto de

que nestas, como referido, os elementos aparecem apenas uma vez o que contribui para a não

redundância da informação.

Estas taxonomias, tal como referido por Jørgensen (2011), nos sistemas de classificação por

vezes misturam-se os conceitos de classificação e composição, principalmente nos níveis

inferiores. Por isso, para o âmbito desta dissertação, pode dizer-se que níveis mais

generalistas e que realmente classificam os elementos pela função que desempenham são os

mais adequados, visto que a composição será realizada aproveitando a modelação

paramétrica como se verá mais adiante. Assim, refere-se que, para este efeito, o nível 3 tanto

da tabela 21 do Omniclass como do UniFormat é adequado ao comportar itens gerais como

“paredes exteriores”, “pavimentos”, “portas interiores”, “acabamentos de paredes”, “sistemas de

Figura 43 – Organização da informação no modelo proposto

Page 108: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

96

aquecimento”, “sistema de combate de fogos”, “iluminação”, etc. Apesar de estas taxonomias

terem origem no estrangeiro (EUA) devido ao que representam (elementos construtivos e não

trabalhos de construção) a sua adaptação para a realidade portuguesa pode não ser muito

problemática, porém, é um aspeto que terá de ser estudado.

Nas fases iniciais do projeto de uma construção e aproveitando o ambiente colaborativo do

qual estes processos dependem, estas taxonomias podem ser muito úteis para elaborar um

documento utilizado a nível internacional denominado Preliminary Project Description (PPD) ou,

em português, descrição preliminar do projeto de construção. Este documento utiliza uma

taxonomia de elementos (tipicamente dada pelo UniFormat) até, geralmente, ao nível 3 para

descrever em termos simples e de uma forma genérica os vários componentes e sistemas

propostos para o projeto de construção em causa (Kalin et al., 2010). A PPD é útil nas

primeiras fases do projeto ao permitir que as várias especialidades passem à conceptualização

dos vários componentes e sistemas da obra e que, então, o resultado final seja facilmente

comunicado a todos os envolvidos, bem como a realização de estimativas de custos

aproximadas. Por outro lado, aplicando à legislação portuguesa, poderá ser uma forma

normalizada de apresentar as soluções propostas ao dono de obra em fase de Programa Base

(como é definido pela Portaria 701-H/2008).

Em Kalin et al. (2010), páginas 286 a 299, encontra-se um exemplo de uma PPD, do qual se

extraiu o seguinte exemplo para ilustrar o que foi dito. O UniFormat atribui a notação “A1010” a

“Fundações correntes” na qual é possível descrever genericamente as fundações utilizadas,

como se exemplifica de seguida.

A – Subestrutura

o A10 – Fundações

A1010 – Fundações correntes

1. Fundações das paredes perimétricas: Sapatas contínuas de

betão armado de cimento Portland.

2. Fundações dos pilares: sapatas isoladas de betão armado de

cimento Portland.

Um ambiente colaborativo através da internet (como já foi tratado nesta dissertação) potencia a

sua adoção como uma forma normalizada de conceptualizar os projetos de construção e

também, permitir o seu preenchimento num ambiente colaborativo e a disponibilização das

atualizações de uma forma simples e rápida a todos os envolvidos.

Aproveitando a hierarquia e as informações criadas é possível acelerar o processo de

pormenorização, estruturação e classificação da informação, utilizando, para isso, a modelação

paramétrica associada ao BIM. A própria modelação em software BIM incentiva uma

organização da informação por elementos construtivos. Por exemplo, o Revit da Autodesk

Page 109: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

97

permite que, durante a modelação, seja possível associar o chamado “Assembly Code” aos

elementos que tem por base a hierarquia e a notação definida pelo UniFormat e para além

disso, permite classificar os elementos não apenas por função mas também segundo outros

critérios como, por exemplo, o tipo e o material utilizado. Veja-se o caso de uma parede dupla

exterior e uma janela na Figura 44.

O Assembly Code permite que os elementos sejam classificados de uma forma evolutiva. Por

exemplo, no caso da parede da Figura 44, a notação inicial poderá ser, nas primeiras fases do

projeto, apenas “B2010” o que significa “Parede Exterior” que é a sua função, fazer parte do

invólucro exterior do edifício e como foi já referido, o primeiro critério de classificação deverá

ser o da função que o elemento executa. No entanto, a determinada altura do projeto, poderá

passar a ser “B2010152”, ou seja, “Parede dupla com panos de alvenaria de tijolo”, o que

adiciona mais pormenor à classificação por elementos construtivos.

A referida classificação não é realizada para cada parede individualmente mas sim para o tipo

ou instância da família de elementos que as representam. Isto significa que “Parede Dupla com

panos de alvenaria de tijolo” é uma instância do tipo específico “Parede Dupla” da família geral

“Paredes” (a instância pode assumir o papel de tipo de família no caso de não haver mais

variantes de, neste caso, paredes duplas). Assim, a instância representa todas as paredes no

modelo BIM que partilham as mesmas propriedades que aquela contém, como, por exemplo, o

custo, os vários constituintes da parede, a espessura os materiais associados, bem como as

características do vários constituintes (resistência térmica do isolamento, dimensões dos tijolos)

e da parede como um todo. É, ainda, possível calcular automaticamente as quantidades

associadas a determinada instância (neste caso, a área de todas paredes que aquela

representa).

Figura 44 – Utilização do Assembly Code

Page 110: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

98

É nesta fase que a introdução no PIM de informações oriundas das áreas WIP

(nomeadamente, dos modelos BIM de cada especialidade) se torna relevante. Ao importar dos

modelos BIM as informações que as várias instâncias possuem, é possível tornar o processo

da pormenorização da informação mais automatizado. Utilizando este método, é possível

utilizar os conceitos de classificação e composição para tornar a informação mais pesquisável

e filtrável, visto que os elementos podem ser divididos em vários subelementos e definidos os

atributos associados aos mesmos. Veja-se o exemplo da parede exterior e da janela

representadas na Figura 44. Os Quadro 5 e Quadro 6 apresentam exemplos de informações

que podem ser obtidas de forma automática a partir dos modelos BIM das várias

especialidades e que foram classificadas utilizando as tabelas 23 “Produtos de construção”, 41

“Materiais de construção” e 49 “Propriedades” do Omniclass.

Quadro 5 – Exemplo de uma parede dupla de alvenaria de tijolo

Quadro 6 – Exemplo de uma janela em alumínio

Assembly Code B2010152

Descrição Ex. Wall - Brick (Double Wythe) - Parede exterior dupla de tijolo

Constituição

Função Designação Esp. (mm) Classificação

Rev. Exterior Reboco 10 23-13 37 19 (Rebocos Exteriores)

Estrutural Tijolo Cerâmico 110 23-13 21 19 11 (Tijolos cerâmicos correntes)

Estrutural Betão 60 23-13 15 11 11 (Betão de cimento Portland)

Estrutural Tijolo Cerâmico 110 23-13 21 19 11 (Tijolos cerâmicos correntes)

Rev. Interior Reboco 10 23-15 13 23 (Rebocos Interiores)

Propriedades

Designação Valor Unidade Classificação

Res. térmica 2.8233 (m2.K)/W 49-81 61 25 (Resistência térmica)

Esp. total 38 cm 49-71 19 25 (espessura da seção transversal)

Quantidades

Área (m2) 100

Parede Dupla em Alvenaria de Tijolo

Assembly Code B2020110

Descrição

Produto de construção

Descrição

Materiais e características

Material Alumínio

Tipo de Revestimento Anodizado

Material Vidro

Tipo de Vidro Vidro Isolante

Designação Valor Unidade Classificação

Propriedades

Isolamento Sonoro 34 dB 49-81 81 35 (Isolamento sonoro)

Dimensões

Altura 1.18 m 49-71 19 21 (Altura)

Largura 1.14 m 49-71 19 15 (Largura)

Quantidades

Unidades 100

41-10 20 13 (Alumínio)

Classificação

23-15 21 17 13 (Revestimento anodizado)

43-30 10 27 11 11 (Vidro)

23-17 15 11 29 (Vidro isolante)

Janela em alumínio

Designação

Janela metálica de guilhotina

23-17 13 13 15

Janela em alumínio

Page 111: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

99

Muitas das informações podem ser classificadas utilizando taxonomias apropriadas, apesar da

taxonomia de elementos construtivos continuar a servir de base. Por exemplo, no caso da

parede exterior dupla, ao atribuir o Assembly Code à mesma é possível organizar as diversas

paredes pela tipologia e pelo material dentro da taxonomia de elementos por função que serve

de base, ou seja, a parede encontra-se no interior do nível “Paredes Exteriores” (nível 3 do

tabela 21 do Omniclass e do UniFormat) e neste, pode ser organizada no subnível “Parede

Exteriores Duplas” ou, ainda, num subnível que distinga as paredes duplas pelo material

utilizando nos panos. O mesmo se aplica à janela, ou seja, pode ser incluída num subnível

“Janelas em alumínio” no interior no nível “Janelas exteriores”, porém, esta poder ser um

produto de construção é, também, possível atribuir-lhe uma classificação como tal (Tabela 23).

Tanto a constituição como os produtos e materiais associados e ainda, as propriedades dos

constituintes (resistência térmica do tijolo como exemplo de propriedades que, apesar de não

ter sido apresentado no Quadro 5, pertencem aos diversos produtos de construção) e gerais

(resistência térmica da parede como um todo, por exemplo) podem ser classificados.

Permitindo, assim, que utilizando este tipo de classificação facetada a informação seja

explorada por diversos caminhos que correspondem às diferentes ordenações das facetas

(Adams, 2012). Por exemplo, torna possível filtrar a informação por “Paredes Duplas” e por

“Resistência Térmica”, para que apenas sejam apresentadas as resistências térmicas das

paredes duplas utilizadas no projeto de construção ou, então, por “alumínio” apresentando,

desta forma, todos os elementos e/ou produtos de construção que possuem alumínio. Isto

permite que os diversos envolvidos no mesmo filtrem a informação consoante o objetivo que

pretendam atingir (realização de projetos de estruturas, cálculos térmicos, planos de gestão de

resíduos)

Desta forma, a informação fica mais pormenorizada e ao mesmo tempo, classificada. Porém,

falta outra faceta muito importante, no qual o ProNIC tem um papel fundamental: a atribuição

de trabalhos de construção. Ao dispor da informação organizada por elementos construtivos e

por famílias e/ou instâncias, é possível atribuir trabalhos de construção aos mesmos e a

elementos que os constituem. Por exemplo, no caso de elementos como uma parede, é

possível atribuir um trabalho de construção para a construção da parede até ao tosco e outros

para a execução dos revestimentos exterior e interior (reboco) que fazem parte da constituição

da mesma. Por outro lado, o trabalho de construção associado às janelas poderá ser apenas a

colocação das mesmas.

No ProNIC, para que seja possível especificar os trabalhos de construção com rigor são

exigidas diversas informações. Nos Apêndices 1, 2 e 3, encontram-se três exemplos de

trabalhos de construção, juntamente com os vários níveis da WBS e as informações que lhe

estão associados a cada um deles. Pode, assim, dizer-se que existem dois tipos de

informações necessárias para que seja possível especificar um trabalho de construção

utilizando o ProNIC. O primeiro tipo é um conjunto de determinadas informações que são

Page 112: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

100

necessárias para traçar o “caminho” através da WBS como, por exemplo, utilizando o caso da

parede exterior, a localização (parede exterior ou interior), o material (tijolo cerâmico, blocos de

betão) e a tipologia (simples, dupla com materiais distintos ou iguais, preenchidas ou não).

Uma vez definido o primeiro tipo e chegado ao nível desejado da WBS, é necessário outro tipo

de informações para elaborar o artigo que constará no Mapa de Trabalhos e Quantidades

como, por exemplo, características dos materiais utilizados (tipo de furação dos tijolos

cerâmicos, tipo e resistência mecânica da argamassa). Este último tipo depende do primeiro,

na medida em que dependem das escolhas que se tomam ao longo da WBS. Um exemplo

simples é a tipologia da parede, no caso de esta ser uma parede dupla preenchida é pedida,

mais tarde, a informação do material de preenchimento. No entanto, se não for preenchida,

essa informação deixa de ser pedida.

O ProNIC assume, assim, um papel importante no conceito do PIM ao fazer a ponte entre as

informações contidas no PIM e a documentação de obra. Porém, como já foi referido, antes

das informações serem passadas para o ProNIC (assunto que será tratado mais adiante,

juntamente com a passagem de informações das áreas WIP para o PIM) é importante que a

mesma seja tratada no PIM aproveitando a automatização que a utilização do BIM permite.

Para isso, é importante que a WBS do ProNIC seja disponibiliza como um Web Service tal

como foi feito para as tabelas do Omniclass (ver na página 65). Isto significaria que o software

que assumir o papel de PIM poderá utilizar a WBS do ProNIC de uma forma simples e para

além disso, qualquer modificação na WBS é automaticamente atualizada através da internet.

Após isto, passa a ser possível atribuir trabalhos de construção aos diferentes elementos e

produtos de construção. Veja-se o exemplo apresentado na Figura 45.

Figura 45 – Atribuição de trabalhos de construção utilizando a WBS do ProNIC

Page 113: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

101

Neste exemplo, começa-se por atribuir ao elemento “Parede dupla de alvenaria de tijolo” o

capítulo do ProNIC “Paredes” através de uma simples caixa de seleção. Depois, quanto à

WBS, a escolha dos diferentes níveis poderá ser realizada da mesma forma (caixa de seleção).

Por fim, consoante a última escolha, são apresentadas as informações necessárias para a

elaboração do artigo, como é apresentado nos Apêndices 1, 2 e 3. Estas, por sua vez, podem

ser preenchidas à medida que a informação é disponibilizada suportando, assim, a evolução

natural de desenvolvimento dos projetos.

A classificação da informação é agora, uma vez mais, muito útil ao automatizar o

preenchimento de muitas das informações necessárias. O Assembly Code juntamente com a

importação da constituição da parede dos modelos BIM reúne todas as informações

necessárias para a WBS do ProNIC. O primeiro ao classificar a parede como “Parede dupla de

alvenaria de tijolo” que, por sua vez, é um subnível do nível geral “Paredes exteriores” torna

possível saber-se automaticamente que a parede é dupla e pertence à envolvente exterior, que

se trata de uma parede corrente (as condições especiais de execução referem-se a casos de

chaminés, cortinas de guardas de escadas, platibandas, forras e encerramento de vãos) e que

utiliza tijolos cerâmicos. A constituição da parede, por último, permite saber que a mesma é

preenchida e o seu material de preenchimento (betão, neste caso) e se as dimensões dos

materiais dos panos são ou não idênticos.

Chegado ao nível desejado do WBS, as informações necessárias que dele dependem podem

ser apresentadas, permitindo o seu preenchimento à medida que a informação é criada. Como

já foi referido, os modelos BIM não possuem nem devem possuir todas as informações, por

isso, muitas das informações requeridas nesta fase terão de ser introduzidas manualmente.

Porém, existem outras que se ao serem importadas dos modelos BIM já classificadas ou,

então, classificadas no PIM poderão ser automaticamente aproveitadas para especificar os

trabalhos de construção, não sendo necessária introduzi-las novamente. Por exemplo, a

resistência térmica de uma parede ou janela, o material utilizado na caixilharia desta última, o

tipo de vidro, o isolamento sonoro de uma janela e o material de preenchimento da parede.

Assim que todas as informações necessárias estão reunidas podem ser compiladas e

transferidas para o ProNIC que, por sua vez, as utilizará para gerar os vários documentos.

Estas transferências de informações podem ser realizadas utilizando um formato XML, devido

à relativa simplicidade de informações e por aquele formato ser apropriado para ser utilizado

via internet. Para além disso, o ProNIC já utiliza este formato para outras tarefas.

Relativamente à forma com que as informações podem ser transferidas das áreas WIP (o que,

como referido, não inclui apenas os modelos BIM de cada especialidade mas sim todas as

informações produzidas nas respetivas áreas) para o PIM, enumeram-se os seguintes três

métodos:

processo idêntico ao definido pelo NBIMS (utilização do conceito MVD);

Page 114: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

102

utilizar a capacidade de exportação em formato de texto dos software BIM;

introdução manual.

O primeiro método, apesar de ser o mais complexo, seria a situação ideal. A metodologia

estipulada pelo NBIMS (página 55) é complexa, porém, neste caso concreto ficaria

simplificada. Os ERs já se encontram definidos e são, portanto, as informações necessárias ao

ProNIC para especificar os trabalhos de construção, o que se simplifica todo o processo.

Assim, esta abordagem passaria por definir as entidades responsáveis pela introdução de

determinado conjunto das informações referidas e para além disso, pela criação de uma

aplicação informática denominada na literatura por translator (página 48) que extrairá do

formato IFC as informações necessárias escrevendo-as noutro formato mais apropriado para

as trocas de informação através da internet como o XML. Para além disso, seria importante

elaborar diretrizes com o objetivo de dar indicações aos vários utilizadores do PIM quanto à

forma como a informação deve ser introduzida nos modelos BIM tendo em vista a posterior

exportação para o PIM. Esta funcionalidade vai ao encontro da já referida interoperabilidade

com significado (página 48), ao fazer com que apenas as informações necessárias sejam

transferidas para o PIM.

O método descrito é apropriado para as denominadas system families, ou seja, tipos ou

instâncias de famílias que representam paredes, pavimentos, tetos e coberturas. Porém, para

os restantes casos como, por exemplo, janelas e portas, software como o Revit permitem a

exportação, em formato de texto, dos parâmetros associados às famílias (como o material, a

resistência, as dimensões, o custo). Aproveitando esta funcionalidade seria apenas necessário

a capacidade de ler os ficheiros de texto, classificar e introduzir as informações relevantes no

PIM.

A introdução manual será sempre necessária e aqui o PIM terá de comportar a introdução de

informações simultânea por parte de várias entidades, tal como o ProNIC o faz utilizando

também um sistema de assinatura eletrónica. Uma vez mais, devido ao facto dos modelos BIM

não possuírem nem deverem possuir todas as informações, a introdução manual das mesmas

será sempre necessária e para além disso, podem ocorrer situações em que alguns

componentes das obras não sejam modelados por, simplesmente, se determinar não ser

necessário. Assim, nestas situações a introdução manual no PIM das suas informações

garante que as mesmas sejam documentadas, discutidas e comunicadas em ambiente

colaborativo, sendo essa umas das vantagens do PIM.

Concluindo, refere-se a importância da utilização de uma metodologia idêntica à utilizada pelo

formato COBie (descrito em 2.6.5.5). O PIM ao assumir o papel de um repositório central de

informação é o ideal para recolher, armazenar e transferir informação relevante para a fase de

manutenção dos empreendimentos. Ao conceber um sistema que permita recolha progressiva

e de uma forma normalizada, todas aquelas informações ao longo não só do desenvolvimento

do projeto (informações introduzidas no PIM e produzidas pelo ProNIC como as fichas de

Page 115: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

103

materiais) mas também durante a fase de construção, permite simplificar em muito o processo

de reunião de todas as informações e documentos necessários á fase de operação e

manutenção dos empreendimentos e posterior transferência aos devidos interessados.

Page 116: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

104

Page 117: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

105

4. CONCLUSÕES

4.1. Considerações finais

Um passo importante que a indústria da construção terá de tomar com vista a combater as

debilidades referidas é a utilização generalizada da metodologia BIM, o que se relevará numa

mudança radical na forma de projetar, construir e manter os empreendimentos. A adoção

generalizada do BIM a nível nacional, tendo em conta as especificidades da indústria da

construção e apesar de a sua inevitabilidade estar cada vez mais evidente, será um processo

complexo e demorado devido às consequentes implicações tecnológicas e humanas.

Influenciará todos os envolvidos em todas as fases do ciclo de vida dos empreendimentos,

modificando a forma como a informação é criada, distribuída, utilizada e mantida.

Todos os assuntos e conceitos destacados ao longo de toda a exposição em relação em BIM

assentaram em três grandes áreas: o ambiente colaborativo, as trocas e a gestão de

informação. Mais concretamente, assentaram na importância de definir uma forma de trabalhar

em ambiente colaborativo o que, por sua vez, envolve o estabelecimento de processos de

distribuição da informação e a gestão abrangente da mesma. Assim, estes três componentes

podem ser vistos segundo uma perspetiva tecnológica e humana:

na perspetiva tecnológica, destacam-se as vantagens da utilização do conceito Cloud

Computing como uma ferramenta para suportar o trabalho em ambiente colaborativo e

a importância da interoperabilidade para o mesmo. Referiu-se que, relativamente a

estes aspetos, existem, ainda, problemas por resolver e trabalho por fazer

relativamente ao desenvolvimento de software e nas regras de comunicação entre

eles, visto que a interoperabilidade entre software não é, ainda, uma realidade. Por

outro lado, a utilização do conceito Cloud Computing pelas indústrias da construção a

nível internacional não decorre há muito tempo, decorrendo por isso, um processo de

melhoramento e de adquisição de experiência. Porém, existe aqui, muito potencial

para a indústria da construção em geral;

na perspetiva humana, a utilização do BIM implica uma mudança cultural profunda na

forma como as obras são projetadas, construídas e mantidas; por isso, a indústria da

construção terá de ultrapassar a inércia à mudança que lhe é característica. Para que

um ambiente colaborativo entre os vários envolvidos num projeto de construção seja

uma realidade, é necessário desenvolver novos contratos legais nos quais o papel da

legislação e dos donos de obra públicos e privados é fundamental. Para além dos

aspetos legais, é necessário criar novos fluxos de trabalho e novas formas de gerir a

informação, ou seja, é necessário saber trabalhar em ambiente colaborativo.

Page 118: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

106

Ter todos os envolvidos juntamente com os processos de trabalho preparados para trabalhar

em ambiente colaborativo é, pois, fundamental para utilizar o BIM em pleno, por isso, todas as

ferramentas utilizadas nesses processos devem, também, estar preparadas para suportar essa

forma de trabalhar e de produzir informação.

Para isso, a elaboração de um plano de execução releva-se ser fundamental ao fornecer a

visão geral bem como os detalhes da implementação do BIM a todos os envolvidos. Este plano

define o âmbito da implementação do BIM no projeto de construção, identifica as trocas de

informação (mapas de processos, conteúdo da informação, formatos) entre os participantes e,

por último, descreve a infraestrutura necessária para suportar a implementação ao nível do

projeto de construção e das organizações.

O conceito CDE, aliado ao Cloud Computing, define como se deve trabalhar em ambiente

colaborativo, permitindo o trabalho simultâneo dos vários participantes sobre a mesma

informação e no qual o ProNIC fará a ponte entre a informação produzida e a documentação

de obra na fase de projeto, podendo, nas outras fases, ser igualmente útil (gestão de autos de

medição, ligação a plataformas eletrónicas).

A informação relevante produzida no processo de trabalho em ambiente colaborativo definido

pelo conceito CDE é armazenada no PIM. Neste, é necessário definir uma gestão de

informação adequada ao desenvolvimento dos projetos de construção e utilizar o BIM para

automatizar a produção da informação, ou seja, ter em conta os seguintes fatores:

a organização da informação tem de suportar a evolução da pormenorização da

mesma;

utilizar a classificação para tornar a informação pesquisável e filtrável, aumentando a

eficiência dos processos nos quais é utilizada;

prever a recolha ao longo do desenvolvimento dos projetos da informação relevante

para a fase de manutenção dos empreendimentos.

Relativamente ao primeiro aspeto, concluiu-se que a informação deve ser organizada e

classificada segundo elementos construtivos cujo critério de classificação é a função dos

mesmos. Depois, à medida que a informação é criada, será incluído mais pormenor na

classificação dos elementos mantendo, no entanto, a mesma hierarquia por elementos

construtivos. Nesta fase, é útil utilizar os software BIM para automatizar a introdução de

informações no PIM, ao importar dos modelos BIM algumas informações relevantes bem como

a utilização de taxonomias incorporadas nos mesmos (o Assembly Code e/ou as tabelas do

Omniclass), utilizando o procedimento mais adequado a cada caso de entre os três referidos.

Por fim, a determinada altura, os trabalhos de construção definidos no ProNIC poderão ser

atribuídos aos elementos construtivos e a componentes dos mesmos, quando aplicável,

através da utilização de caixas de seleção e da possibilidade das informações requeridas pelo

ProNIC serem preenchidas à medida que são definidas (para isso, concluiu-se que a

Page 119: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

107

disponibilização da WBS do ProNIC como um Web Service facilitaria a sua utilização no PIM).

Por fim, as informações requeridas pelo ProNIC poderão ser transferidas para este utilizando o

formato XML.

Concluiu-se que a classificação da informação ao longo de todo este processo é uma peça

fundamental, ao permitir que a informação seja pesquisável e filtrável, mas para além disso,

permitir a automatização do preenchimento das informações requeridas pelo ProNIC. Como foi

demonstrado, ao longo do processo é possível classificar as informações segundo elementos

construtivos, produtos de construção, materiais utilizados, trabalhos de construção (a

contribuição do ProNIC) e as propriedades associadas, permitindo assim, uma classificação

facetada.

Por último, concluiu-se que a produção de uma especificação que segue a metodologia do

COBie permitirá abranger todas as fases do ciclo de vida dos empreendimentos e para além

disso, contribuir para incentivar e melhorar a fase de manutenção e operação dos

empreendimentos. O PIM, dadas as suas características, é o local ideal para associar um

sistema que tenha isso em conta.

4.2. Limitações do estudo

Relativamente às limitações do estudo desenvolvido, refere-se que, dada a envergadura dos

temas abordados, não foi possível desenvolver e testar um sistema que funcione segundo os

conceitos referidos. Por outro lado, os exemplos usados para exemplificar a organização da

informação utilizando o ProNIC como uma peça importante não abrangeram todas as

possibilidades, dada a extensão das informações relacionadas com as obras.

4.3. Desenvolvimentos futuros

Propõe-se o desenvolvimento de plataformas que utilizem o modelo e os conceitos referidos

para integrar o ProNIC no processo de trabalho BIM e utilizá-lo na gestão da informação

produzida.

Um aspeto importante é o estudo da adaptação das taxonomias (como as tabelas do

Omniclass, nomeadamento na classificação de elementos contrutivos, produtos de construção,

materiais e propriedades) existentes a nível internacional para a indústria portuguesa da

construção e no caso de não ser possível, desenvolver taxonomias de raiz. No entanto, refere-

se que a notação utilizada pelo ProNIC deve estar de acordo com a notação das outras

taxonomias desenvolvidas ou adaptadas, ou seja, todas devem seguir as mesmas regras.

Por último, refere-se o desenvolvimento de especificações como o COBie que possam ser

integradas no modelo referido, o que passa pelo desenvolvimento de normas e orientações

Page 120: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

108

relativamente à informação relevante, aplicações informáticas e de templates para os produtos

de construção, tal como é referido em 2.6.5.5.

Page 121: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

109

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

2004a. MasterFormat [Online]. Construction Specifications Institute (CSI). Disponível em:

http://www.csinet.org/masterformat [Acesso em: 25 de Agosto de 2012]. 2004b. O que são metadados? [Online]. Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal:

Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal. Disponível em: http://projecto.rcaap.pt/index.php/lang-pt/component/quickfaq/5-processo-de-deposito-auto-arquivo/55-o-que-sao-metadados [Acesso em: 8 de Setembro de 2012].

2006a. UniFormat [Online]. Construction Specifications Institute (CSI). Disponível em: http://www.csinet.org/masterformat [Acesso em: 25 de Agosto 2012].

2006b. Omniclass [Online]. Disponível em: http://www.omniclass.org [Acesso em: 25 de Agosto de 2012].

2008. ProNIC Sistema de Geração e Gestão de Informação Técnica para Cadernos de Encargos [Online]. Disponível em: http://www2.inescporto.pt/uesp/noticias-eventos/nos-na-imprensa/pronic-sistema-de-geracao-e-gestao-de-informacaotecnica-para-cadernos-de-encargos/ [Acesso em: 2 de Setembro de 2012].

2011. ProNIC [Online]. GEQUALTEC. Disponível em: http://paginas.fe.up.pt/~gequaltec/w/index.php?title=ProNIC [Acesso em: 3 de Setembro de 2012].

2012. Parque Escolar - Um Caso Prático da Aplicação ProNIC [Online]. Disponível em: http://www2.inescporto.pt/uesp/noticias-eventos/nos-na-imprensa/parque-escolar-um-caso-pratico-da-aplicacao-pronic/ [Acesso em: 4 de Setembro de 2012].

ADAMS, J. 2012. OmniClass: Esperanto for Construction. Estimating Today. Nashville, TN: American Society of Professional Estimators.

ADDOR, M. R. A., CASTANHO, M. D. D. A., CAMBIAGHI, H., DELATORRE, J. P. M., NARDELLI, E. S. & OLIVEIRA, A. L. D. 2010. Colocando o "i" no BIM. arq.urb, 4.

AEC (UK). 2009. AEC (UK) BIM Standard (Version 1.0). Disponível em: http://aecuk.files.wordpress.com/2009/12/aecukbimstandard-v1-0.pdf [Acesso em: 27 de Julho de 2012].

AEC (UK). 2012. AEC (UK) BIM Protocol (Version 2.0). Disponível em: http://aecuk.files.wordpress.com/2012/09/aecukbimprotocol-v2-0.pdf [Acesso em: 18 de Setembro de 2012].

AFONSO, F. P., SEQUEIRA, A. M. D., MORAIS, J. M. D. & HILL, L. 1998. O sector da construção - diagnóstico e eixos de intervenção, Lisboa, IAPMEI (Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação), Observatório das PME.

AIA. 2007. Integrated Project Delivery: A Guide. Disponível em: http://www.aia.org/ [Acesso em: 28 de Abril de 2012].

AIA 2008. AIA E202-2008 BIM Protocol Exhibit. American Institute of Architects. AIA & RUNDELL, R. 2008. BIM and Building Product Manufacturers: How building product

manufacturers are providing tools and libraries to integrate their products with Revit and BIM. 1-2-3 Revit Tutorial [Online]. Disponível em: http://www.cadalyst.com/aec/bim-and-building-product-manufacturers-1-2-3-revit-tutorial-3699 [Acesso em: 10 de Julho de 2012].

AIPCC. 2011. Comentários aos resultados obtidos. Análise dos Incumprimentos dos prazos e dos custos na construção (AIPCC) [Online]. Disponível em: http://chbazar.wix.com/aipcc.

AISC. 2011. Interoperability [Online]. Disponível em: http://www.aisc.org/content.aspx?id=26040 [Acesso em: 14 de Agosto de 2012].

Page 122: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

110

AMERICAN HERITAGE DICTIONARIES 2006. High Definition: An A to Z Guide to Personal Technology, Boston, Houghton Mifflin Harcourt.

ANDERSON, R. 2010. An Introduction to the IPD Workflow for Vectorworks BIM Users. Disponível em: http://download2.nemetschek.net/www_misc/2010/IPD_workflow_for_BIM.pdf.

AOUAD, G. F., KIRKHAMI, J. A., BRANDON, P. S., BROWN, F. E., COOPER, G. S., FORD, S., OXMAN, R. E., SARSHAR, M. & YOUNG, B. 1993. Information modelling in the construction industry: The information engineering approach. Construction Management and Economics, 11, pp. 384-397.

ARANDA-MENA, G. & WAKEFIELD, R. 2006. Interoperability of building information – Myth or reality? Proceedings of the European Conference on Product and Process Modeling (ECPPM-2006). Valencia, Spain, September 2006.

AUTODESK. 2012. Lesson 3: Things to Consider when Modeling [Online]. Disponível em: http://bimcurriculum.autodesk.com/lesson/lesson-3-things-consider-when-modeling [Acesso em: 14 de Setembro de 2012].

AZHAR, S., HEIN, M. & SKETO, B. 2008. Building Information Modeling (BIM): Benefits, Risks and Challenges. Proceedings of the 44th ASC National Conference.

BACHY, G. & HAMERI, A.-P. 1997. What to be implemented at the early stage of a large-scale project. International Journal of Project Management, 15, pp. 211-218.

BAGANHA, M. I., MARQUES, J. C. & GÓIS, P. 2002. O Sector da Construção Civil e Obras Públicas em Portugal: 1990-2000. Coimbra: Centro de Estudos Sociais.

BAZJANAC, V. 2006. Virtual Building Environments: Deploying Building Information Modeling in the Building Industry. Journal for Computer Aided Design.

BEDRICK, J. 2008. Organizing the Development of a Building Information Model. Disponível em: http://www.aecbytes.com/feature/2008/MPSforBIM.html [Acesso em: 10 de Julho de 2012].

BELLERBY, A. 2012. The long and winding road. Concrete Magazine. http://www.ecobuild.co.uk/var/uploads/exhibitor/2658/urlia9cnk5.pdf: Concrete Society.

BERARD, O. & KARLSHOEJ, J. 2012. Information delivery manuals to integrate building product information into design. Journal of Information Technology in Construction (ITcon), 17, pg. 63-74, http://www.itcon.org/cgi-bin/works/Show?2012_4.

BERNSTEIN, P. G. & PITTMAN, J. H. 2004. Barriers to the Adoption of Building Information Modeling in the Building Industry. Autodesk Building Solutions Whitepaper, Autodesk Inc., CA [Online]. Disponível em: http://cad.amsystems.com/products/docs/revit-architecture-2008-barriers-to-adoption-of-bim.pdf [Acesso em: 13 de Agosto de 2012].

BJØRKHAUG, L. & BELL, H. 2007. Ifd:IFD in a Nutshell [Online]. Disponível em: http://dev.ifd-library.org/index.php/Ifd:IFD_in_a_Nutshell [Acesso em: 30 de Agosto de 2012].

BRAAKSMA, J. The Business Case of (ICT) Investment Evaluation in Nonprofit Organisations. In: REMENYI, D. & BROWN, A., eds. 13th European Conference on Information Technology Evaluation, 2006 University of Genoa, Italy. Academic Conferences Limited, pp 91-102.

BRODT, W. 2011. Omniclass. Disponível em: http://www.wbdg.org/resources/omniclass.php [Acesso em: 25 de Agosto de 2012].

BSA & OGC 2010. Summary of the Architecture, Engineering, Construction, Owner Operator Phase 1 (AECOO-1) Joint Testbed. buildingSMART alliance (bSa) and The Open Geospatial Consortium, Inc. (OGC).

BUILDINGSMART. 2011. Process - Information Delivery Manual (IDM) [Online]. buildingSMART Website. Disponível em: http://buildingsmart.com/standards/idm [Acesso em: 17 de Agosto 2012].

BUILDINGSMART 2012. The BIM Evolution Continues with OPEN BIM (Draft V8).

Page 123: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

111

BUILDINGSMART ALLIANCE. 2012. Specifiers' Properties Information Exchange (SPIE) [Online]. Disponível em: http://www.buildingsmartalliance.org/index.php/projects/activeprojects/32 [Acesso em: 1 de Setembro de 2012].

BURT, B. A. 2009. BIM Interoperability (The Promise and the Reality). STRUCTURE magazine. December, 2009 ed.

CABRITA, A. M. R. 1974. Organização de Projectos de Edifícios - Curso de Promoção Profissional 506, Lisboa, LNEC.

CARBASHO, T. 2008. Integrated Project Delivery Improves Efficiency, Streamlines Construction. Disponível em: http://www.tradelineinc.com/reports/0A03D1C0-2B3B-B525-85702BCEDF900F61 [Acesso em: 3 de Julho de 2012].

CDI. 2008. Getting to the Starting Line with BIM and VDC. Adding Value to Model Integration and Design Collaboration [Online]. Disponível em: www.cdi-grp.net/uploads/Starting_Line_for_BIM_and_VDC.pdf [Acesso em: 14 de Setembro de 2012].

CHAN, A. P., CHAN, D. W. & YEUNG, J. F. 2009. Relational Contracting for Construction Excellence: Principles, Practices and Case Studies, Taylor & Francis.

CHARETTE, R. P. & MARSHALL, H. E. 1999. UNIFORMAT II Elemental Classification for Building Specifications, Cost Estimating, and Cost Analysis, Gaithersburg, MD, NIST 6389, U.S. Department of Commerce, Technology Administration, National Institute of Standards and Technology (NIST).

CHOLAKIS, P. 2012. BIM and Cloud Computing – Get Beyond 3D Visualization and Focus Upon the “I”. Efficient Construction Project Delivery Methods - Sustainability - High Performance Buildings - Knowledge-based Building Information Modeling Systems - BIM - 3D 4D 5D BIM [Online]. Disponível em: https://buildinginformationmanagement.wordpress.com/2012/01/17/bim-and-cloud-computing-get-beyond-3d-visualization-and-focus-upon-the-i/ 2012].

CHUANG, T.-H., LEE, B.-C. & WU, I.-C. Applying Cloud Computing Technology To Bim Visualization And Manipulation. 28th International Symposium on Automation and Robotics in Construction, 2011 Seoul, Korea. pp. 144-149.

CIC 2010. BIM Project Execution Planning Guide, Version 2.0. University Park, PA: Computer Integrated Construction Research Program (Pennsylvania State University).

CIC 2011. BIM Project Execution Planning Guide, Version 2.1. University Park, PA: Computer Integrated Construction Research Program (Pennsylvania State University).

CORVACHO, H., SOUSA, H., COSTA, J. M. D., FARIA, J. A., GONÇALVES, M. & PINHO, P. 2002. O Projecto CIC-NET: Rede de cooperação estratégica entre empresas do processo de construção. Engenharia Civil. Universidade do Minho: Departamento de Engenharia Civil da Universidade do Minho.

COUTO, J. P. & TEIXEIRA, J. M. C. 2005. As Consequências do Incumprimento dos Prazos para a Competitividade da Indústria de Construção: Razões para os Atrasos. 3ª Conferência ENGENHARIA`2005. Universidade da Beira Interior (UBI), Covilhã.

COUTO, J. P. & TEIXEIRA, J. M. C. 2006. A qualidade dos projectos: uma componente para a competitividade do sector da construção em Portugal. NUTAU`2006, Inovações Tecnológicas – Sustentabilidade, VI Seminário Brasileiro da gestão do processo de projecto na construção de edifícios. São Paulo, Brasil.

COUTO, P., RAPOSO, S., SALVADO, A. F. & GONÇALVES, L. 2011. Contribuição do ProNIC para o Observatório das Obras Públicas. In: CIVIS, S. D. C. (ed.) CD do 2º Forum Internacional de Gestão da Construção – GESCON 2011: Sistemas de Informação na Construção. Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.

Page 124: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

112

COUTO, P., RAPOSO, S., SALVADO, A. F. & GONÇAVES, L. 2012. Projecto de Investigação ProNIC, Trabalhos Realizados e Desenvolvimentos Futuros. Cidades e Desenvolvimento: Jornadas de Investigação e Inovação LNEC. LNEC.

CRC CONSTRUCTION INNOVATION. 2007. Adopting BIM for Facilities Management: Solutions for Managing the Sydney Opera House. Disponível em: http://www.construction-innovation.info/images/CRC_Dig_Model_Book_20070402_v2.pdf [Acesso em: 20 de Julho de 2012].

CRC CONSTRUCTION INNOVATION 2009. National guidelines for digital modelling, Brisbane, CRC for Construction Innovation.

CROWHURST, M. 2012. Misunderstanding BIM. Disponível em: http://www.thenbs.com/topics/bim/articles/misunderstandingBIM.asp [Acesso em: 7 de Julho de 2012].

CUNHA, M., COUTO, P. & MANSO, A. 2011. Sistemas de Informação na Construção - Gestão de Obra. In: SECÇÃO DE CONSTRUCÇÕES CIVIS (FEUP) (ed.) CD do 2º Forum Internacional de Gestão da Construção - GESCON 2011: Sistemas de Informação na Construção.

CURTIS, B., KELLNER, M. I. & OVER, J. 1992. Process modeling. Communications of the ACM, 35, 75-90.

CYON RESEARCH CORPORATION. 2003. The Building Information Model: A Look at Graphisoft’s Virtual Building Concept. Disponível em: http://www.wbh.com/WhitePapers/Graphisoft_Virtual_Building_Model--a_Cyon_Research_White_Paper_030102.pdf [Acesso em: 27 de Julho de 2012].

DAVIES, N. 2009a. BIM: Fact or Fiction? Pt 3: Looking forward to a PIM. Disponível em: http://www.eatyourcad.com/article.php?incat_id=2573 [Acesso em: 28 de Julho de 2012].

DAVIES, N. 2009b. BIM: Fact or Fiction? Pt 2: Why BIM doesn't work. Disponível em: http://www.eatyourcad.com/article.php?incat_id=2237 [Acesso em: 28 de Julho de 2012].

DAVIS, D. 2010. Updating Omniclass. The construction specifier. Novembro de 2010 ed. http://www.kenilworth.com/publications/cs/de/201011/files/14.html: Construction Specifications Institute.

DAVIS, D. & CETON, G. 2011. OmniClass: Classifying the Built Environment. Journal of Building Information Modeling, pp. 25-26.

DOWHOWER, J. F. 2010. BIM Impacts on Stakeholder Collaboration & Workflows. Disponível em: http://jdowhower.wordpress.com/chapter-5-summary-conclusions/bim-impacts-on-stakeholder-collaboration-workflows/.

DUMBILL, E. 1999. Simplified Markup Language: Your Responses. Disponível em: http://www.xml.com/pub/a/1999/12/sml/responses.html [Acesso em: 25 de Agosto de 2012].

EAST, E. W. 2007. Construction Operations Building Information Exchange (COBIE): Requirements Definition and Pilot Implementation Standard. ERDC/CERL TR-07-30. Champaign, IL: U.S. Army Corps of Engineers.

EAST, E. W. 2010. Delivering Product Information. Journal of Building Information Modeling. EAST, E. W. 2011. Construction Operations Building Information Exchange (COBIE): Means and

Methods. Disponível em: http://www.buildingsmartalliance.org/index.php/projects/cobie [Acesso em: 16 de Setembro de 2012].

EAST, E. W. 2012. Construction Operations Building Information Exchange (COBie). Disponível em: http://www.wbdg.org/resources/cobie.php [Acesso em: 1 de Setembro de 2012].

EASTMAN, C., TEICHOLZ, P., SACKS, R. & LISTON, K. 2011. BIM Handbook: A Guide to Building Information Modeling for Owners, Managers, Designers, Engineers and Contractors, John Wiley & Sons.

Page 125: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

113

EASTMAN, C. M., JEONG, Y.-S., SACKS, R. & KANER, I. 2010. Exchange Model and Exchange Object Concepts for Implementation of National BIM Standards. Journal of Computing in Civil Engineering, 24, pp. 25-34.

EGER, T., ECKERT, C. & CLARKSON, P. J. 2005. The role of Design Freeze in Product Development. International Conference on Engineering Design. Melbourne.

EYNON, J. 2012. Information Management. CPD: Playing the numbers game in the digital age [Online]. Disponível em: http://construction-manager.co.uk/cpd-zone/cpd-playing-numbers-game-digital-age/ [Acesso em: 25 de Agosto de 2012].

FALLON, K. 2008. Interoperability: Critical to Achieving BIM Beneficts. Disponível em: http://www.aia.org/components/AIAS077998?dvid=&recspec=AIAS077998 [Acesso em: 12 de Julho de 2012].

FALQUET, G., MÉTRAL, C., TELLER, J. & TWEED, C. 2011. Ontologies in Urban Development Projects, Springer.

FIATECH. 2012. Advancing Interoperability for the Capital Projects Industry. Disponível em: http://www.fiatech.org/images/stories/techprojects/project_deliverables/Updated_project_deliverables/Advancing%20Interoperability%20for%20the%20Capital%20Projects%20Industry.pdf [Acesso em: 15 de Agosto de 2012].

FONSECA, M. S. 1997. Curso sobre Regras de Medicação na Construção, Lisboa, LNEC. FORBES, L. H. & AHMED, S. M. 2009. Modern Construction: Productive and Lean Practices,

Taylor & Francis. FORD, S., AOUAD, G., KIRKHAM, J., BRANDON, P., BROWN, F., CHILD, T., COOPER, G., OXMAN,

R. & YOUNG, B. 1995. An information engineering approach to modelling building design Automation in Construction, 4, pp 5-15.

FUAD, S. 2010. Management Information Systems - Lecture 1. Disponível em: http://www.itswtech.org/Lec/SarmadFuadMIS/MIS_Lecture_1.pdf.

GALLAHER, M. P., O’CONNOR, A. C., JOHN L. DETTBARN, J. & GILDAY, L. T. 2004. Cost Analysis of Inadequate Interoperability in the U.S. Capital Facilities Industry. National Institute of Standards and Technology (NIST).

GHASSEMI, R. & BECERIK-GERGER, B. 2011. Transitioning to Integrated Project Delivery: Potencial barriers and lessons learned. Lean Construction Journal, pp 32-52.

GIL, C. 2012. Relatório Anual do Sector da Construção em Portugal | 2011. Instituto da Construção e do Imobiliário (INCI).

GILLAM, P. 2010. Managing the "I" in BIM. Construction Executive. GRILO, A. 2008a. A Abordagem BIM e os seus Benefícios. In: GRILO, A. & TAVARES, L. V. (eds.)

Building Information Model e a Competitividade do Sector da Construção. Lisboa: OPET - Observatório de Prospectiva da Engenharia e da Tecnologia.

GRILO, A. 2008b. Roadmap para Implantação do BIM. In: GRILO, A. & TAVARES, L. V. (eds.) Building Information Model e a Competitividade do Sector da Construção. Lisboa: OPET - Observatório de Prospectiva da Engenharia e da Tecnologia.

GRILO, A. & TAVARES, L. V. 2008. Building Information Model e a Competitividade do Sector da Construção, Lisboa, OPET - Observatório de Prospectiva da Engenharia e da Tecnologia.

HAMIL, S. 2012a. buildingSMART - Data Dictionary. Construction Code: Blogging about BIM, Construction and NBS [Online]. Disponível em: http://constructioncode.blogspot.pt/2012/01/buildingsmart-data-dictionary.html.

HAMIL, S. 2012b. Building Information Modelling and interoperability. Disponível em: http://www.thenbs.com/topics/bim/articles/bimAndInteroperability.asp [Acesso em: 12 de Julho de 2012].

HARRIS, J. 2009. Integration of BIM and Business Strategy. Master of Project Management Program, McCormick School of Engineering and Applied Science, Northwestern University.

Page 126: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

114

HERGUNSEL, M. F. 2011. Benefits of Building Information Modeling for Construction Managers and Bim Based Scheduling. Master of Science in Civil Engineering, Worcester Polytechnic Institute.

HOLZER, D. & MALKIN, R. 2011. Real-time design collaboration in 3D. Architecture Australia, 100.

HOWELL, I. 2010a. Model-based Design Requires More Than BIM. The VOICE magazine. Verão de 2010 ed.: Matrix Group Publishing.

HOWELL, I. 2010b. The new math for the A/E industry: BIM + PIM = IPD. The Zweig Letter. HOWELL, I. & BATCHELER, B. 2005. Building Information Modeling Two Years Later – Huge

Potential, Some Success and Several Limitations. Disponível em: http://www.laiserin.com/features/bim/newforma_bim.pdf [Acesso em: 28 de Julho de 2012].

ISENHOFF, T. 2008. BIM and 2D 3D 4D 5D 6D. BIM and IPD [Online]. Disponível em: http://bimandipd.blogspot.pt/2008/02/bim-and-2d-3d-4d-5d-6d.html.

JESSUP, L. M. & VALACICH, J. S. 2002. Information Systems Today, Prentice Hall Professional Technical Reference.

JOHNSON, T. R. 2011. Application of Relational Contracting Methods to Federal Construction Projects. Degree of Master of Science in Engineering Management, Air Force Institute of Technology, Air University.

JONES, S. A. 2011. Building Products in BIM. Architectural Record. JØRGENSEN, K. A. R. 2011. Classification of Building Object Types: Misconceptions, challenges

and opportunities. Disponível em: http://vbn.aau.dk/ws/files/63161433/ClassificationBuildingObjectTypes_PaperNo24.pdf.

JUREWICZ, J. 2010. Improving BIM content through PIM Project Information Management. 6. Disponível em: http://www.newforma.com/Images-%281%29/Article-PDFs/Article-Project_Controls-Improving_BIM_Content_thr.aspx [Acesso em: 28 de Julho de 2010].

KALIN, M., WEYGANT, R. S., ROSEN, H. J. & REGENER, J. R. 2010. Construction Specifications Writing: Principles and Procedures, Hoboken, New Jersey, Wiley.

KANAGASABAPATHY, K. A., RADHAKRISHNAN, R. & BALASUBRAMANIAN, S. 2004. Empirical Investigation of Critical Success factor and knowledge management structure for successful implementation of knowledge management system – a case study in Process industry. Disponível em: http://hosteddocs.ittoolbox.com/KKRR41106.pdf [Acesso em: 23 de Agosto de 2012].

KATZ, G. I. & CRANDALL, J. C. 2010. BIM, BAM, BOOM - Getting the Most from BIM. CONSTRUCT 2010 Conference. Philadelphia, Pennsylvania.

KHEMLANI, L., PAPAMICHAEL, K. & HARFMANN, A. 2006. The Potential of Digital Building Modeling.

KIM, B.-K., HONG, W.-G. & EOM, D.-S. 2011. A Design of Integrated Management System for Building Constructions based on USNs. International Conference on Data Engineering and Internet Technology (DEIT 2011).

KIM, C., KWON, S., YOU, S. & LIM, J. 2010. Using Information Delivery Manual (IDM) for Efficient Exchange of Building Design Information. 27th International Symposium on Automation and Robotics in Construction - ISARC 2010. Bratislava, Slovakia IAARC.

KRYGIEL, E., READ, P. & VANDEZANDE, J. 2010. Mastering Autodesk Revit Architecture 2011, John Wiley & Sons.

KYMMELL, W. 2008. Building Information Modeling: Planning and Managing Construction Projects With 4d CAD and Simulations, McGraw-Hill.

LEE, G., SACKS, R. & EASTMAN, C. M. 2006. Specifying parametric building object behavior (BOB) for a building information modeling system. Automation in Construction, 15, 758-776.

Page 127: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

115

LIJUN, S. & CHUA, D. K. H. 2011. Application of Building Information Modeling (BIM) and Information Technology (IT) for Project Collaboration. International Conference on Engineering, Project, and Production Management Singapore.

LIST, B. & KORHERR, B. 2006. An Evaluation of Conceptual Business Process Modelling Language. Proceedings of the 21st ACM Symposium on Applied Computing. Proceedings of the 2006 ACM Symposium on Applied Computing: SIGAPP.

LNEC 1970-1972. Caderno de encargos-tipo para a construção de edifícios, Lisboa, Laboratório Nacional de Engenharia Civil.

LUEG, C. 2001. Information, knowledge, and networked minds. Journal of Knowledge Management, 5, pp. 151-160.

MACPHERSON, D. L. 2012. Web Services and Ontologies for Building Data. 3rd International Multi-Conference on Complexity, Informatics and Cybernetics: IMCIC 2012. Orlando, Florida, USA.

MANSO, A. C., FONSECA, M. S. & ESPADA, J. C. 1997. Informação sobre custos: Fichas de Rendimentos, Lisboa, LNEC.

MARTINS, J. 2009. Modelação do Fluxo de Informação no Processo de Construção: Aplicação ao Licenciamento Automático de Projectos. Grau de Doutor em Engenharia Civil, Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.

MARTINS, S. 2008. Análise do Sector da Construção Civil e Obras Públicas. Estudo EDIT VALUE Empresa Júnior N.º 04. EDIT VALUE, Consultoria Empresarial.

MELL, P. & GRANCE, T. 2011. The NIST Definition of Cloud Computing. MENCONI, P. & METTLER, D. 2010. BIM - A Contractor’s Perspective [Online]. http://csusa-

bim.com/news/55-bim-a-contractors-perspective: CSUSA. Disponível em: http://csusa-bim.com/news/55-bim-a-contractors-perspective [Acesso em: 22 de Julho de 2012].

MOSSMAN, A. 2008. What is Integrated Lean Project Delivery? Disponível em: http://www.thechangebusiness.co.uk/TCB/Lean_Construction_files/What-is-Integrated-Project-Delivery2.pdf [Acesso em: 2 de Agosto de 2012].

NBS 2012. National BIM Report 2012. National Building Specification. NIBS 2007. United States - National Building Information Modeling Standard - Version 1.

Washington, DC, USA: National Institute of Building Sciences. NIBS 2012. United States - National Building Information Modeling Standard - Version 2.

Washington, DC, USA: National Institute of Building Sciences. NISBET, N. 2011. Standards in construction. Disponível em:

http://www.thenbs.com/topics/bim/articles/standardsInConstruction.asp [Acesso em: 1 de Setembro de 2012].

NUNES, C. 2001. Construção: O desafio da especialização, Lisboa, GEPE - Gabinete de Estudos e Prospectiva Económica do Ministério da Economia.

OMG 2011. Business Process Model and Notation (BPMN) Version 2.0. http://www.bpmn.org/. ONUMA. 2008. Onuma Inc. [Online]. Disponível em: http://onuma.com/ [Acesso em: 30 de

Agosto 2012]. ONUMA. 2010. Building Information Model Extended Markup Language (BIMXML) [Online].

Disponível em: http://bimxml.org/ [Acesso em: 24 de Agosto 2012]. ONUMA. 2012a. BIM Cloud WebServices [Online]. Disponível em: http://bim-

cloud.com/OmniClass.html [Acesso em: 28 de Agosto de 2012]. ONUMA. 2012b. BIM Cloud WebServices [Online]. Disponível em: http://bim-

cloud.com/WebServices.html [Acesso em: 30 de Agosto de 2012]. OSTANIK, M. 2010a. Integrated Project Collaboration... the missing link for IPD. Submittal

Exchange [Online]. Disponível em: http://submittalexchange.blogspot.pt/2010/06/integrated-project-collaboration.html.

OSTANIK, M. 2010b. What's in a name? How Integrated Project Collaboration software is changing the industry. Disponível em:

Page 128: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

116

http://submittalexchange.blogspot.pt/2010/10/whats-in-name-how-integrated-project.html.

OZ, E. 2008. Management Information Systems, Course Technology. PENEIROL, N. L. S. 2007. Lean Construction em Portugal: Caso de estudo de implementação de

sistema de controlo da produção Last Planner. Master, Instituto Superior Técnico (Universidade Técnica de Lisboa).

PMI 2008. A Guide to the Project Management Body of Knowledge (PMBOK Guide), Newtown Square, Pennsylvania, Project Management Institute.

PORTER, M. E. & MILLAR, V. E. 1985. How information gives you competitive advantage. Harvard Business Review, Vol. 63, No. 4. , pp. 149-162.

RAD, A. M., SHAMS, G. & NADERI, B. Information Management and The Role of Information and Knowledge Managers: Managers' Perception. 1st International Conference on Education and New Learning Technologies, 6-8 July 2009 Barcelona, Spain. 2504-2516.

RAO, I. K. R. 1999. Information Management: Scope, Definition, Challenges & Issues. DRTC Workshop on Information Management Including ISO 9000 QMS. Bangalore, India: Documentation Research and Training Centre.

REDMOND, A. & SMITH, B. 2011. Exchanging Partial BIM Information through a Cloud-Based Service: testing the efficacy of a major innovation. IBEA Conference. South Bank University, London.

REDMOND, A. & SMITH, B. 2012. The use of semantic methods capable of supporting Urban Sustainability Multi-Attribute Decision Model. STEM Annual Conference 2012. Imperial College London.

REDMOND, A., HORE, A., ALSHAWI, M. & WEST, R. 2012. Exploring how information exchanges can be enhanced through Cloud BIM. Automation in Construction, 24, 175-183.

REINHARDT, J. 2009. Appendix C: BIM Tools Matrix. In: AMERICA, A. O. (ed.) The Contractor's Guide to BIM. 2.ª ed.: AGC of America.

ROCHA, Á. 2003. O Essencial dos Sistemas de Informação. Disponível em: http://www2.ufp.pt/~amrocha/EssencialSI.PDF.

ROWLEY, J. 2007. The wisdom hierarchy: representations of the DIKW hierarchy. J. Inf. Sci., 33, 163-180.

SACKS, R., KOSKELA, L., DAVE, B. A. & OWEN, R. 2010. Interaction of Lean and Building Information Modeling in Construction. Journal of Construction Engineering and Management, 136, pp. 968-980.

SANDS, J. 2012. BIM – It’s all about the information. BSRIA Blog [Online]. Disponível em: http://blogs.bsria.co.uk/2012/05/14/bim-its-all-about-the-information/.

SAYER, N. J. & ANDERSON, J. A. J. 2012. Status of Lean in the US Construction Industry. Disponível em: http://www.rlb.com/rlb.com/pdf/research/RLB_USA_Lean_Construction_Analysis.pdf.

SHELDEN, D. 2006. Entrevista por Louis J. Dennis. Vol 11, n.º 4. Disponível em: http://www.zdlaw.com/enews/2006-vol11-num4-01.php [Acesso em: 27 de Julho de 2012].

SILES, R. 2004. Project Management Information Systems - Guidelines for Planning, Implementing, and Managing a DME Project Information System. Disponível em: http://www.careclimatechange.org/files/toolkit/CARE_DME_Project.pdf.

SMITH, B. & BORDENARO, M. 2011. BIMXML: Stepping Forward Onto Proven Ground. Journal of Building Information Modeling.

SMITH, D. 2010. eOptimizing Performance and Profitability - Building Information Modeling. BuildingSMART alliance.

SMITH, D. K. & TARDIF, M. 2009. Building Information Modeling - A Strategic Implementation Guide for Architects, Engineers, Constructors, and Real Estate Asset Managers, Hoboken, New Jersey, John Wiley & Sons, Inc.

Page 129: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

117

SOUSA, H. 2011. ProNIC - Génese, Motivações, Enquadramento CCP. centroHabitat. SOUSA, H., MOREIRA, J. & MÊDA, P. 2008. O PRONIC no contexto dos Sistemas de Classificação

da Informação na Construção. In: SECÇÃO DE CONSTRUCÇÕES CIVIS (FEUP) (ed.) CD do 1º Forum Internacional de Gestão da Construção - GESCON 2008: Gestão do Processo do Empreendimento de Construção.

STEEL, J., DROGEMULLER, R. & TOTH, B. 2010. Model interoperability in building information modelling. Faculty of Built Environment and Engineering; School of Design.

SULLIVAN, J. 2009. Current BIM Interoperability Methods. McLean, Virginia: Autodesk. SVETEL, I. & PEJANOVIÉ, M. 2010. The Role of the Semantic Web for Knowledge Management

in the Construction Industry. Informatica, 34, 331-336. THOMASSEN, M. 2011. BIM and Collaboration in the AEC Industry. Master of Science in

Engineering in Management in the Building Industry, Aalborg University. THOMSEN, C., DARRINGTON, J. & DUNNE, D. 2010. Managing Integrated Project Delivery.

Disponível em: http://cmaanet.org/files/shared/ng_Integrated_Project_Delivery__11-19-09__2_.pdf [Acesso em: 4 de Julho de 2012].

TRIBUNAL DE CONTAS 2004a. Auditoria à Casa da Música/Porto 2001, S.A. http://www.tcontas.pt/pt/actos/rel_auditoria/2004/audit2004.shtm.

TRIBUNAL DE CONTAS 2004b. Auditoria de Gestão Financeira ao Programa/Projecto PIDDAC "Construção” / “Estradas Nacionais Estradas Nacionais” Sub-projecto “Via de Cintura Sul de Coimbra - Ponte Europa Ponte”. http://www.tcontas.pt/pt/actos/rel_auditoria/2004/rel028-2004-2s.pdf.

TSE, T.-C. K., WONG, K.-D. A. & WONG, K.-W. F. 2005. The Utilisation of Building Information Models in nD Modelling: A study of data interfacing and adoption barriers. ITcon, 10, 85-110.

TUTORIALSPOINT. 2002. What are Web Services [Online]. Disponível em: http://www.tutorialspoint.com/webservices/what_are_web_services.htm [Acesso em: 1 de Setembro de 2012].

VA 2010. The VA BIM Guide. Department of Veterans Affairs. VAN, J. 2008. AIA BIM Protocol (E202). All Things BIM - Diary of a 21st Century Architectural

Technologist [Online]. Disponível em: http://www.allthingsbim.com/2008/12/aia-bim-protocol-e202.html.

VAN, J. 2012. Moving Forward with LOD. All Things BIM - Diary of a 21st Century Architectural Technologist [Online]. Disponível em: http://www.allthingsbim.com/2012/03/moving-forward-with-lod.html.

VASCONCELOS, T. M. N. R. F. D. 2010. Building Information Model - Avaliação do seu potencial como solução para os principais atrasos e desperdícios na construção portuguesa. Grau de Mestre em Engenharia Civil - perfil de Construção, Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade Nova de Lisboa.

VENUGOPAL, M., EASTMAN, C. M., SACKS, R. & TEIZER, J. 2012. Semantics of model views for information exchanges using the industry foundation class schema. Advanced Engineering Informatics, 26, pp. 411-428.

VICKERS, P. 1985. Information Management. Setting a concept. In: CRONIN, B. (ed.) Information management: from strategies to action. London: Aslib.

VICO. 2010a. 2D BIM [Online]. http://www.vicosoftware.com/what-is-2d-bim/tabid/88204/Default.aspx: VICO Software. Disponível em: http://www.vicosoftware.com/what-is-2d-bim/tabid/88204/Default.aspx [Acesso em: 22 de Julho de 2012].

VICO. 2010b. 3D BIM [Online]. http://www.vicosoftware.com/what-is-3d-bim/tabid/88205/Default.aspx. Disponível em: http://www.vicosoftware.com/what-is-3d-bim/tabid/88205/Default.aspx [Acesso em: 22 de Julho de 2012].

Page 130: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

118

VICO. 2010c. 4D BIM [Online]. Disponível em: http://www.vicosoftware.com/what-is-4D-BIM/tabid/88206/Default.aspx [Acesso em: 22 de Julho de 2012].

WAKEFIELD, R., ARANDA-MENA, G., FRASER, J., CHEVEZ, A., CRAWFORD, J., KUMAR, A., FROESE, T., GARD, S., NIELSEN, D., BETTS, M. & SMIT, D. 2007. Business Drivers for BIM. CRC Construction Innovation.

WEYGANT, R. S. 2011. BIM Content Development: Standards, Strategies, and Best Practices, John Wiley & Sons.

WILKINSON, P. 2012. BIM: an overview. Powerpoint. CIMCIG BIM conference. WILLIAMS, M. L. 2010a. A Quick Start Guide to Cloud Computing: Moving Your Business Into

the Cloud, Kogan Page. WILLIAMS, P. 2010b. Mindset change essential to successful BIM adoption [Online].

http://www.joconl.com/article/id38205. Disponível em: http://www.joconl.com/article/id38205 [Acesso em: 20 de Julho de 2012].

WIX, J. & KARLSHØJ, J. 2010. Information Delivery Manual - Guide to Components and Development Methods. BuildingSMART International [Online]. Disponível em: http://iug.buildingsmart.com/idms/development/IDMC_004_1_2.pdf/at_download/file.

ZHANG, L., ISSA, R. R. A. & OLBINA, S. 2010. Web-based on-demand information extraction system for building information models. In: TIZANI, W. (ed.) Computing in Civil and Building Engineering, Proceedings of the International Conference. Nottingham, UK: Nottingham University Press.

Page 131: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

119

Apêndices

1. Plano de Execução BIM

O plano de execução surge como um requisito necessário à integração do BIM no processo de

entrega dos projetos de construção. Este plano define a visão geral bem como os detalhes da

implementação do BIM que será seguido pelos intervenientes ao longo do desenvolvimento do

projeto de construção. Assim, este plano deve ser estipulado nas primeiras fases do projeto,

continuamente desenvolvido à medida que outros participantes são incluídos no processo e

deve ainda, ser monitorizado, atualizado e revisto conforme necessário durante a fase da sua

implementação (CIC, 2010). Segundo NIBS (2012), a elaboração do plano de uma forma

detalhada e abrangente é importante para assegurar uma implementação do BIM com

sucesso, ao ajudar a assegurar que todos os envolvidos são cientes das oportunidades e

responsabilidades associadas com a incorporação do BIM no fluxo de trabalho dos projetos de

construção.

Este plano deve definir o âmbito da implementação do BIM no projeto de construção, identificar

o fluxo de trabalho para as tarefas inerentes ao processo BIM, definir as trocas de informação

entre os participantes e por último, descrever a infraestrutura necessária para suportar a

implementação, tanto como ao nível do projeto de construção como ao nível das organizações

(CIC, 2010).

O desenvolvimento deste plano foi abordado na publicação “BIM Project Execution Planning

Guide” (Guia PxP) de 8 de Outubro de 2009, um projeto desenvolvido pela universidade estatal

da Pensilvânia (EUA). Este guia, desde então, já sofreu duas atualizações. Em Julho de 2010

foi lançada a versão 2.0 (CIC, 2010) e em Maio de 2011 a versão 2.1 daquele guia (CIC, 2011)

que, por sua vez, é referido na versão mais recente do NBIMS (NIBS, 2012). O Guia PxP

estipula um procedimento para a produção do plano de execução BIM que consiste em quatro

passos principais, conforme é ilustrado na Figura 46. O objetivo deste procedimento é estimular

o planeamento e a comunicação direta por parte dos envolvidos durante as primeiras fases de

um projeto de construção. Porém, devido ao facto de cada projeto de construção ter as suas

especificidades, não existe um método que seja mais apropriado para implementar o BIM.

Assim, deverá ser pensada uma estratégia de execução para cada projeto de construção ao

compreender os objetivos e características dos mesmos, bem como as capacidades das

equipas envolvidas (NIBS, 2012).

Page 132: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

120

A definição dos objetivos e utilidades da implementação do BIM para o projeto de construção

marca o primeiro passo na elaboração do plano de execução de BIM. Segundo Anderson

(2010), nas primeiras fases do projeto (a seguir à conceptualização inicial) deve ser reunida

uma equipa que se dedicará ao planeamento da implementação do BIM. Esta equipa deve ser

constituída por representantes dos principais intervenientes, incluindo o dono de obra, os

projetistas, empreiteiro(s), principais subempreiteiro(s) e se aplicável, o gestor do

empreendimento. Relembra-se, uma vez mais, o processo segundo o IPD (página 33).

A tarefa inicial desta equipa é fixar objetivos mensuráveis para o projeto de construção que

servirão de base para todo o plano. Estes objetivos podem ser baseados no desempenho

(aumentar a produtividade na obra, por exemplo) ou possuir uma natureza mais aspiracional,

porém, devem ser mensuráveis quanto à sua realização. Por último, devem ser identificadas as

utilizações do BIM para ir ao encontro dos objetivos. Esta identificação é muito importante ao

permitir que os intervenientes produzam a informação com vista à sua futura utilização, o que

influencia os métodos utilizados para desenvolver os modelos BIM ou para identificar questões

relacionadas com a precisão dos dados produzidos que irão, posteriormente, constar nas

informações relativas ao projeto de construção. Estas utilizações podem ser, por exemplo, a

estimação de custos, análises ao consumo de energia, planeamento da utilização do estaleiro

Figura 46 – Os quatro passos principais do plano de execução BIM (Adaptado de: CIC, 2010)

Page 133: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

121

ou o planeamento das operações de manutenção. Em CIC (2010), CIC (2011) constam 25

utilizações candidatas.

No segundo passo, pretende-se definir o processo de implementação para cada utilização do

BIM, bem como o processo de implementação do BIM como um todo. Para isso, foi definido um

procedimento que compreende a produção dos seguintes dois tipos de mapas de processo. Os

tipos são identificados por níveis 1 e 2, sendo este último mais pormenorizado do que o

primeiro. Os mapas são, simplesmente, diagramas IDM e utilizam a notação BPMN (ver página

51). Assim, os dois tipos de mapas são (CIC, 2010, CIC, 2011):

Nível 1: Mapa geral do processo BIM (BIM Overview Map)

Este mapa, segundo Anderson (2010), é um diagrama IDM dividido em duas colunas

principais. A primeira representa as utilizações do BIM identificadas pela equipa que

serão realizadas durante o ciclo de vida do projeto de construção e a segunda, por sua

vez, apresenta as trocas de informações gerais durante o mesmo processo por meio

de setas (Anderson, 2010, CIC, 2010, CIC, 2011);

Nível 2: Mapas detalhados dos processos das utilizações BIM (Detailed BIM Use

Process Maps)

O mapa criado no primeiro nível é único. Porém, neste nível surgem vários mapas que

pormenorizam o processo geral definido no primeiro nível. Por exemplo, a utilização

BIM “estimação de custos” foi identificada no primeiro nível e neste nível, terá um mapa

que apresenta o processo detalhado que lhe está associado. Para além disso, deve

identificar as partes responsáveis, mencionar o conteúdo da informação necessária (no

caso do exemplo anterior, podem ser relatórios de custos) e também, as trocas de

informação que serão criadas e partilhadas com outros processos (Anderson, 2010,

CIC, 2010, CIC, 2011).

Este passo ajudará os intervenientes a ter a perceção do processo BIM de uma forma geral, a

identificar as trocas de informação que serão partilhadas entre os mesmos e a definir de uma

forma clara os vários processos que serão realizados para as utilizações BIM identificadas

(CIC, 2010, CIC, 2011). Por outro lado, Anderson (2010) refere que, apesar do nível de detalhe

definido no nível 2 ser adequado para projetos de construção complexos (hospitais, por

exemplo), para projetos mais simples deve-se simplificar a planificação dos processos.

Após elaborar todos os processos torna-se necessário definir todas as trocas de informação

identificadas pelos mesmos (CIC, 2010, CIC, 2011). É esse o objetivo do terceiro passo que, tal

como o segundo, vai ao encontro do referido para o IDM em 2.6.4.2, mas visto aqui numa

perspetiva de implementação do BIM (o guia PxP disponibiliza no seu anexo F uma tabela para

servir de auxílio na realização deste passo). O terceiro passo, portanto, contempla as seguintes

tarefas (Anderson, 2010, CIC, 2010, CIC, 2011):

Page 134: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

122

identificar cada troca de informação nos mapas de processo;

escolher uma estrutura de desagregação baseada em elementos dos modelos;

O facto de ser baseado em elementos, por ser a forma mais intuitiva de organizar a

informação, facilita a organização das trocas de informação. Para isso, pode ser

utilizado o UniFormat que é utilizado no próprio guia PxP e no documento AIA E202-

2008 (página 38) ou, então, a tabela 21 “Elementos construtivos” do Omniclass;

desenvolver os requisitos de troca de informação para cada uma delas (o recetor

da informação, o formato e a versão do ficheiro, o LOD como é referido em 2.5.5 ou

utilizando outro sistema definido e informação adicional se necessário);

atribuir um responsável para cada troca de informação (dono de obra, projetista de

estruturas, empreiteiro, arquiteto);

comparar o conteúdo do input e do output de informação para cada troca

O objetivo é identificar os elementos nos quais existem discrepâncias entre output de

informação (produzida) e o input de informação (requerida). Por exemplo, em

determinada troca de informação a informação produzida pode não conter o valor das

resistências térmicas das paredes que foi requerido para se realizar análises enérgicas

num modelo BIM criado para o efeito. Ao identificar tal discrepância, deve ser tomada

uma decisão quanto à sua resolução.

Finalmente, o quarto e último passo consiste na identificação e definição da infraestrutura

necessária para implementar eficientemente o BIM como planeado. A primeira versão (de

2009) do Guia PxP definia nove categorias para aquele efeito, no entanto, as versões mais

recentes (de 2010 e 2011) acrescentaram mais cinco, resultando as catorze categorias cujas

descrições se resumem no Quadro 7.

Page 135: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

123

Quadro 7 – As catorze categorias definidas no Guia PxP (Adaptado de: CIC, 2010, CIC, 2011)

Categoria Descrição sumária

Informação do projeto

de construção

Informação básica do projeto de construção, com o objetivo de auxiliar a

introdução de novos membros no mesmo. Deve incluir informações

como a identificação do dono de obra, o nome, localização e uma breve

descrição do projeto de construção, o tipo de contrato, valores

relevantes, as fases de execução, características, condicionantes

Contactos relevantesIdentificação e contactos de pelo menos um representante de cada

entidade envolvida

Objectivos e utilizações

da implementação do

BIM

Justificação dos objectivos para a implementação do BIM, bem como das

decisões relacionadas com as utilizações do BIM. Deve incluir uma lista

dos objectivos, a análise das utilizações e informações específicas das

que foram selecionadas para o projeto de construção

Papel e alocação de

pessoal de cada

entidade envolvida

Identificação do papel de cada entidade envolvida, bem como das suas

responsabilidades relacionadas com as utilizações do BIM (número de

pessoas envolvidas por profissão, horas de trabalho estimadas). Esta

categoria deve ir sendo preenchida à medida que o projeto de

construção avança

Processo de projeto Documentação e descrição dos mapas de processo criados

Trocas de informação Documentação e descrição das trocas de informação definidas

Requisitos específicosDescrição de requisitos específicos para o BIM exigidos pelo dono de

obra

Procedimentos de

colaboração

Procedimentos electrónicos e de actividade de colaboração, o que inclui:

- A gestão do modelos BIM;

- Reuniões;

- Métodos de comuninação;

- Gestão e transferência de documentos;

- Armazenamento do histórico do projeto de construção;

- Definição do ambiente de suporte à colaboração (físico, através da

internet, etc.);

- Entre outros

Controlo de qualidade

Determinação e documentação da estratégia para controlar a qualidade

(definição do padrão de qualidade, procedimentos, relatórios,

planeamento das activdades)

Necessidades de

infraestruturas

tecnológicas

Definição das necessidades de hardware, plataformas de software

(formatos de ficheiros, problemas de interoperabilidade), licenças de

software, redes, conteúdo de modelação e informação de referência

("famílias", workspaces, base de dados)

Estrutura dos modelos

BIM

Identificação dos métodos para assegurar o rigor e a compreensão dos

modelos (acordo quanto à forma com que os modelos são criados,

organizados, comunicados e controlados)

Elementos do projeto

de construção

Elementos do projeto de construção requiridos pelo dono de obra (fase

do projeto de construção, data de entrega e outras informações)

Tipo de contrato

Estipulação do tipo de contrato e das características do mesmo, dando

preferência, se possível, aos que estimulam a colaboração como o IPD

(caso o tipo de contrato não esteja ainda estipulado, o impacto no

projeto de construção deve ser determinado)

Page 136: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

124

2. Atribuição de trabalhos de construção (Parede dupla de alvenaria de tijolo)

Page 137: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

125

3. Atribuição de trabalhos de construção (Janela de alumínio)

Page 138: Integração do ProNIC em ambiente BIM · ... ProNIC, gestão da informação, trabalho em ambiente colaborativo, trocas de informação. iii ... v Índice geral 1. ... PIM - Project

126

4. Atribuição de trabalhos de construção (Reboco)