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“Desde o rádio-relógio que nos desperta ao amanhecer até quando adormecemos depois do talk show da noite, estamos expostos a centenas – ou melhor, milhares – de imagens e de idéias. Não só da televisão, mas agora também das manchetes dos jornais, das capas das revistas, dos filmes, das websites, dos videogames, dos outdoors das publicidades. Os meios não modelam mais a nossa cultura. Eles SÃO a nossa cultura.” Media&Values 57 Instituto Filhas de Maria Auxiliadora

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“Desde o rádio-relógioque nos desperta ao amanheceraté quando adormecemosdepois do talk show da noite,estamos expostos a centenas– ou melhor, milhares –de imagens e de idéias.Não só da televisão,mas agora também das manchetes dos jornais,das capas das revistas,dos filmes, das websites, dos videogames,dos outdoors das publicidades.Os meios não modelam mais a nossa cultura.Eles SÃO a nossa cultura.”

Media&Values 57

Instituto Filhas de Maria Auxiliadora

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EducomunicaçãoPequenos passos, na nova cultura

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AMBITOS COMUNICAÇÃO SOCIAL E PASTORAL JUVENIL

EducomunicaçãoPequenos passos

na nova cultura

Instituto Filhas de Maria Auxiliadora - Roma

4o

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APRESENTAÇÃO

Desde 1990, quando por decisão do XIX Capítulo Geralsurgiu o Âmbito da Comunicação Social, vem sendo reali-zada uma progressiva partilha de conteúdos, idéias e orien-tações para a animação inspetorial e local, referente àrealidade comunicativa. Um dos canais de conhecimento éoGong, uma coletânea de publicações que atualmente contacom três números.Agora apresentamos o quarto volume dasérie. E tem novidades! Não somente em relação ao temaespecífico: a educomunicação, termo ainda pouco comum.Mas, principalmente, porque é fruto da reflexão e dos pro-cessos realizados entre os Âmbitos. De acordo com o que jáse tornou práxis no Instituto, oferecer instrumentos de ani-mação e documentos elaborados em conjunto – como oProjeto Formativo, as Linhas Orientadoras da Missão Edu-cativa das FMA, Cooperação para o desenvolvimento –também este 4ºGong exigiu a pesquisa e a reflexão, em par-ticular, dos âmbitos da Comunicação Social e da PastoralJuvenil. O processo realizado conjuntamente amadureceuno confronto freqüente com o Conselho Geral, com as As-sessoras, com as Coordenadoras de CS e PJ de cada inspe-toria.

A investigação cognitiva sobre a relação entre comuni-cação e educação, base do conceito de educomunicação, ea aplicação prática, não nasceram no ambiente salesiano.Para nós, entretanto, é importante ver neste novo paradigmacultural uma expressão atual do carisma e identificar neleaspectos que prolongam, no hoje, o estilo comunicativo deDom Bosco e de Maria Domingas Mazzarello.

Com este subsídio, desejamos oferecer às Comunidadeseducativas, em particular a cada FMA, uma reflexão arti-culada e uma proposta viável para iniciar ou promover acontinuidade de processos educomunicativos como moda-lidade concreta de viver, hoje, a missão.

Gong 4 pode ser um primeiro passo para sensibilizar as

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Roma, Instituto FMA 2008

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INTRODUÇÃO

NesteGong apresentamos alguns pontos significativos,fruto do caminho de aprofundamento da educomunicação:ótica e prática educativa transversal à missão, que nos per-mite considerar o contexto em que vivemos e formular,junto com os jovens, os percursos mais adequados ao seuprojeto de vida e nos possibilita, portanto, a atualização docarisma.1

Os seminários de Pastoral Juvenil e Comunicação So-cial – Educação – Comunicação – Evangelização – reali-zados entre 2003 e 2008 nos fizeram, de fato, constatar ospassos dados nas diversas inspetorias, as dificuldades en-contradas e as metas a serem atingidas.

O horizonte juvenil no qual atuamos e para o qual exis-timos é prioridade absoluta. Os nossos interlocutores privi-legiados nos interpelam, hoje como sempre, com as suaslinguagens. A nós cabe a resposta educativa, considerandoa nova identidade deles e da cultura na qual todos estamosinseridos.2 O percurso realizado exprime o empenho de agirna missão educativa em sintonia com a nova cultura, cons-cientes de que «acompanhar os jovens quer dizer não só co-nhecer as suas potencialidades e carências, os contextos devida, mas aceitar mudar com eles».3

Hoje, fala-se muito de emergência educativa e, por con-seqüência, se busca uma modalidade que sirva de elo na re-lação interpessoal, linguagens que permitam comunicar,

7

comunidades, socializar experiências, encorajar ulteriorescaminhos inspetoriais e locais. Tem a intenção, especial-mente, de ser uma contribuição à pesquisa já iniciada sobrea atualização e o aprofundamento do Sistema Preventivo.

Roma, 8 de setembro de 2008

Ir. Maria del Carmen Canales eIr. Giuseppina Teruggi

6

1 Cf INSTITUTO DAS FILHAS DE MARIA AUXILIADORA, Para que te-nham vida e vida em abundância. Linhas orientadoras da missão dasFMA, Turim-Leumann, Elledici, 2005, n. 14.

2 Cf DICASTÉRIO PARA A COMUNICAÇÃO SOCIAL FMA, Mulheres emrede. Gong 1. Roma, Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora 1994, 5.

3 INSTITUTO FMA, Para que tenham vida e vida em abundância, n. 15.

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movimento, cada vez mais digital e virtual. A partir desteshorizontes e em confronto com o mundo juvenil surge for-temente a necessidade de escuta, de orientação e de identi-dade.Em toda parte os jovens procuram quem saiba escutá-los,porque se alguém escuta, significa que existe acolhida, aten-ção, reconhecimento.5 É forte nos jovens a necessidade desentirem-se aceitos, reconhecidos por aquilo que são, comopessoa. A missão educativa não pode ser reduzida à socia-lização, à fruição crítica das novas tecnologias. Educar, co-municar, evangelizar hoje, implica assegurar às novasgerações um acompanhamento na vida cotidiana, que per-mita a superação da solidão e do isolamento, facilite a co-municação e a expressão criativa.Às vezes, os jovens manifestam inquietudes, inseguranças,incertezas, desorientação, procuram uma bússola para en-contrar a rota que os conduza no mar da complexidade, bus-cam um horizonte de sentido para abrir-se à esperança dofuturo. À necessidade de identidade, pedem respostas per-sonalizadas, não genéricas, capazes de ajudá-los a confron-tarem-se de modo crítico com as influências do consu-mismo, niilismo, relativismo e fundamentalismo.Saber ouvir as perguntas, também as que não são feitas, sig-nifica criar a possibilidade de um caminho comum na buscade uma resposta, que jamais será categórica e definitiva,mas suscetível de abertura e aprofundamento. A educação,a comunicação, o acompanhamento têm início nesta atençãosilenciosa e cheia de amor. 6

9

especialmente com as novas gerações. Sabemos que na raizda comunicação está a acolhida amável do pensamento, dosafetos, da vida do outro. Por isto Dom Bosco dizia que, paraestabelecer o contato educativo, era necessário “gostar doque os jovens gostam”.No nosso tempo, por causa da revolução tecnológica e daaceleração das mudanças, faltam as referências simbólicase culturais de sempre. É necessário identificar novas estra-das para comunicar com o outro neste novo cenário em queestamos imersos. Isto comporta, especialmente para os edu-cadores, flexibilidade e capacidade de aprender continua-mente a partir da experiência.Entrar no mundo das novas gerações é um grande desafiopara todo educador e educadora, e as questões por eles le-vantadas são idênticas, mesmo que os contextos sócio-geo-gráficos sejam diferentes:

– Qual conceito de pessoa emerge da cultura contem-porânea?

– Que tipo de pessoa queremos educar?– Como acompanhar os jovens de hoje, filhos de umasociedade em contínua mudança?

– Quais os desafios que os cenários culturais oferecempara continuar a anunciar Jesus Cristo com a paixãodo da mihi animas?

O Instituto FMA, com o seu carisma educativo, possui re-cursos para responder a estes desafios. Atualizar Valdoccoe Mornese é entrar com inteligência e competência na cul-tura caracterizada pelas velhas e novas mídias e ofereceruma contribuição significativa através da educomunicaçãoque, estabelecendo relação entre educação e comunicação,permite o anúncio explícito de Cristo, capaz de atravessar avida dos jovens do nosso tempo.4 As novas gerações, nosdiversos contextos, se defrontam com as influências positi-vas e negativas da globalização, com sociedades cada vezmais multiculturais, com uma cultura fluída, em contínuo

8

5 Cf FUCECCHIAntonio - NANNIAntonio,Generazione Y, em “CEMMondialità” 39 (2008) 2, 29.

6 Cf INSTITUTO FMA, Para que tenham vida n. 24.4 Cf ibidem n. 56

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conceitos, cada um com uma matriz própria: educação paraa comunicação, educação pela comunicação, educação nacomunicação.

A educomunicação se fundamenta na convicção de quea pessoa humana é um ser em relação e na constatação deque, hoje, em termos de educação, se está diante de umnovo sujeito, com uma nova percepção de espaço, de tempoe de ação. A comunicação é compreendida como um com-ponente do processo educativo, uma modalidade dialógica,uma forma de relação estratégica que se estabelece entre aeducação e a própria comunicação.

No processo de educomunicação, a educação é assu-mida como um percurso comunicativo que precisa ser cons-truído, analisado e avaliado permanentemente, para que aspessoas se descubram como produtoras de cultura a partir daapropriação crítica dos recursos da informação e da comu-nicação social.

Daí a natureza essencialmente relacional da educomu-nicação, que implica a construção de ecossistemas comu-nicativos abertos, colaborativos, democráticos, que favore-çam a comunhão, facilitem a aprendizagem e o pleno exer-cício da cidadania.

A educomunicação, nesta ótica, é toda ação comunica-tiva no espaço educativo, realizada com a intenção de for-mar e desenvolver ecossistemas comunicativos.9 É um novoâmbito de intervenção social com uma finalidade muitoclara: colocar a educação e a comunicação a serviço do de-senvolvimento social e individual do ser humano, paraconstruir, em conjunto, um mundo mais habitável e solidá-rio para todos.A educomunicação se caracteriza pela buscapermanente de respostas teóricas e práticas às complexasquestões presentes nas condições de vida da sociedade con-temporânea.

11

1. EDUCOMUNICAÇÃO

A educomunicação orienta as comunidades educativasa assumirem commaior consciência os aspectos comunica-tivos do Sistema Preventivo, a entrarem com competênciana nova cultura digital. Sabemos, de fato, que «a tarefa dacomunicação é de decisiva importância no anúncio explí-cito de Cristo. O contexto cultural em que nos encontramosrequer, é verdade, uma fé robusta, uma adesão convicta aoEvangelho, mas também uma especial capacidade comuni-cativa. A pretensão de ser educadoras ou educadores, des-cuidando as modalidades com as quais a sociedade seexprime hoje, as categorias através das quais as pessoas ela-boram os próprios juízos sobre a realidade, os principais nósexistenciais no tecido da vida cotidiana, pode levar a nãodar total destaque à beleza da mensagem que desejamos co-municar, isto é, o evangelho».7

Por educomunicação se entende um novo campo de in-tervenção cultural e social autônomo, cujo núcleo constitu-tivo é a relação transversal entre educação e comunicação.É um campo jamais definido, mas em permanente constru-ção, influenciado pelo contínuo processo de mudança so-cial e de inovação tecnológica.8

A educomunicação explicita a relação educação-comu-nicação e, em nível conceitual, representa a superação dasbarreiras impostas por visões funcionalistas das relações so-ciais, que têm mantido por décadas as duas ciências em po-sição de suspeita recíproca e de incomunicabilidade.O termo educomunicação é utilizado para exprimir vários

10

9 Cf SOARES DE OLIVEIRA Ismar, From Media Education to Edu-communication, Symposium on media education Experiences from theWorld, Roma, novembre 2003, 10-16.

7 Ibidem n. 57.8 Cf SOARES DE OLIVEIRA Ismar, Educomunicazione em LEVER

Franco - RIVOLTELLA Pier Cesare - ZANACCHI Adriano, La comunica-zione. Il Dizionario di scienze e tecniche, Roma-Torino, Elledici - RaiEri - LAS 2002, 418-421.

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Em uma resolução da UNESCO, nos anos 80, a educomu-nicação se apresenta como educação à comunicação que in-clui todas as formas de estudo, aprendizagem, ensino, emtodos os níveis e em cada circunstância, da história, da cria-ção, do uso e da avaliação dos meios de comunicação comoarte e técnica; assim como o papel destes na sociedade, asua repercussão social, as conseqüências de uma comuni-cação mediatizada, a participação, as mudanças que produ-zem na percepção, as regras do trabalho produtivo e oacesso aos próprios meios de comunicação.10

Na reflexão conduzida pelas FMA da América Latina,no fim dos anos 90, com a assessoria de Ismar de Oliveira

que, por comodidade, são distintas, mas que, geralmente,na ação se sobrepõem e coexistem.

– Educação à comunicação: compreende o estudo dacomunicação humana, dos fundamentos teóricos e dofenômeno da comunicação social. Tem por objetivoformar interlocutores sociais responsáveis, participa-tivos, críticos e criativos, para tornar possível uma co-municação social mais solidária e para todos e ajudara estabelecer relações interpessoais humanizantes;

– Mediação tecnológica: analisa os processos e as re-flexões em torno da “presença” e dos múltiplos usosdas novas mídias na educação, para que as novas tec-nologias construam uma cultura “diferente” e uma ra-cionalidade que reclamam ser incluídas e reconhe-cidas na prática educativa;

– Expressão e arte: refere-se à educação à beleza, aoreconhecimento das formas estéticas como parteconstitutiva da pessoa humana, da sociedade e daconvivência; cuida dos espaços de protagonismo e deexpressão para redescobrir a palavra e as modalidadespara comunicá-la aos outros;

– Comunicação para a cidadania: exprime-se na cons-tante atenção, por parte da comunidade educativa, àsmudanças, às situações e às problemáticas da culturahodierna, de modo a agir e transformar o contexto noqual se está inserido.

Para melhor compreender a natureza e a finalidade daeducomunicação é importante fazer referência a alguns es-tudiosos, que buscaram o diálogo entre comunicação e edu-cação na sua atividade pedagógica, em contextos e períodoshistóricos diferentes. Célestin Freinet, com a sua concep-ção de saber como construção social; Paulo Freire com ateorização da educação libertadora; Mario Kaplún com a

1312

pesquisa-ação sobre projetos realizados por diversas inspetorias daAmé-rica Latina.

10 AAVV, Educación en materia de comunicación. UNESCO, París1984.

11 Cf SOARES DE OLIVEIRA Ismar, Entrevista: L’Educomunicazione,em www.net-one.org.

12 Cf EQUIPE DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DAS FILHAS DE MARIAAUXI-LIADORA NAAMÉRICA, Proposta de Educomunicação para a Família Sa-lesiana, Caracas, Publicações Monfort 2002, 38-40. Resultado da

Em síntese, podemos afirmar que a educomunicaçãoprocura melhorar e fortalecer a qualidade comunica-tiva das ações humanas. Os pressupostos são: a co-municação dialógica; a ética da responsabilidadesocial na produção de cultura; a escuta ativa e criativapor parte dos destinatários; a política que propõe autilização dos meios de informação a favor de quemintervém no processo de comunicação, com o obje-tivo de alargar os espaços de expressão. Assim con-cebida, a educomunicação assume as característicasfundamentais tanto dos campos tradicionais da edu-cação e da comunicação, quanto de outros camposdas ciências humanas e das artes.11

Soares, estudioso brasileiro, se amplia o conceito e se iden-tificam quatro áreas de intervenção12 da educomunicação

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2. EDUCAÇÃO E COMUNICAÇÃONO CARISMA

Na tradição salesiana, educação e comunicação estãoradicadas e profundamente unidas na vida concreta dos nos-sos Fundadores. Portanto, é significativo explorar breve-mente esta interconexão do ponto de vista histórico.

Dom Bosco comunicadorNo coração do carisma está Dom Bosco: um educador

que era “um comunicador nato”. Jamais, na história da pe-dagogia salesiana, educação, comunicação e evangelizaçãoestiveram separadas.

Lendo asMemórias do Oratório é possível entrever queo processo de comunicação suscitado por Dom Bosco nãotinha limites, envolvida tudo: pessoas, objetos, o espaço queos continha, do campo à cidade; aquele espetáculo de co-municação levava tempo, terminava por estender-se durantetodo o dia, reclamando também a noite.14 Portanto, um en-volvimento pleno, de toda a vida.

Dom Bosco tinha capacidades extraordinárias e geravaao redor de si, em função da educação evangelizadora, umcírculo sempre mais vasto de colaboradores com os quaispartilhava os seus projetos. Interlocutor atento, sobretudodos jovens e totalmente dedicado à sua formação, ele sabeconquistar com habilidade as pessoas para si.

A casa de Valdocco é uma instituição educativa aberta,numa interação dinâmica com o ambiente circunvizinho,com o qual estabelece um intercâmbio contínuo não so-mente de informações, de valores, mas também de energias,de bens, de pessoas.

15

sua contribuição inovadora e criativa, que facilita o encon-tro entre educação e comunicação; Ismar de Oliveira Soa-res que introduz o conceito de ecossistema comunicativoenquanto processo educativo e comunicativo que advém in-serido num contexto de relações.13

14

14 Cf BONGIOVANNI Marco, Sac. Gio. Bosco. Comunicatore educa-tore. Una personalità teatrale, Roma, Editora S.D.B. 1989, 9.13 Cf Anexo 1.

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estilo familiar, simples e sereno. Isso favoreceu a criaçãode relações autênticas e predispôs as jovens à escuta e à sim-patia. Cada educadora vivia uma relação de reciprocidadecom as meninas, dando o melhor de si e de suas competên-cias humanas e profissionais. A valorização do aporte decada uma facilitava a convergência dos procedimentos edu-cativos, que tendiam a favorecer a maturação das jovenscomo cristãs e cidadãs».16Deve-se reconhecer, todavia, que, em comparação com oestilo comunicativo de Dom Bosco, se está em presença deuma rede de relações mais restrita, mas não menos intensa,profunda, atenta aos detalhes, que não descuida as menoresnuanças da vida. As condições nas quais surge o Institutosão diversas daquelas da Congregação Salesiana fundadaem uma cidade às portas do processo de industrialização.As primeiras FMA são mulheres do interior, crescidas emum contexto de “pequenos horizontes”. Entretanto, tal si-tuação não bloqueia a possibilidade de desenvolvimento ede abertura a prospectivas educativas e missionárias maisamplas. A condição existencial de mulheres e de trabalha-doras rurais, fechadas em ummundo das comunicações cir-cunscritas, provoca nelas desejos opostos de universalidadee de mobilidade.17

Maria Domingas não somente escreve e chega às Irmãs,mas deseja receber suas notícias. O Epistolário é atraves-sado por insistentes solicitações de correspondência.As car-tas recebidas encurtam as distâncias e fortalecem a comu-nhão fraterna. Às Irmãs de Villa Colón e de Las Piedras, naArgentina, escrevia: «É sempre motivo de prazer para mim,receber cartas das Irmãs das diversas casas, mas as cartasque recebo da América me fazem experimentar um certonão sei o quê, que não sei explicar; parece que o tempo e adistância, ao invés de diminuir, tenham aumentado o santo

17

Também internamente, a comunidade de Valdocco seapresenta como uma grande família onde as formalidadessão reduzidas ao mínimo. Cada um se sente “em casa”, aco-lhido e tratado de modo personalizado, em um clima de con-fiança e de benevolência construtiva.

Na mentalidade de Dom Bosco e no seu estilo de con-vivência se manifesta a convicção de que é indispensávelencontrar as vias comunicativas mais eficazes, condescen-der o quanto for possível com atitudes de flexibilidade e deabertura crítica. “Ganhar o coração”, “fazer-se amar e acei-tar” são – em nível metodológico – as melhores estratégiaspara orientar o jovem no consenso sobre os valores.

Dom Bosco intui desde o início da sua obra não so-mente a exigência de encontrar as modalidades mais efi-cazes para interagir com os jovens, mas também a neces-sidade quase irrenunciável de gerar opinião na sociedade.Publica, por isso, uma série de obras de sólidos conteúdosformativos – As Leituras Católicas – e, apenas é possível,edita o Boletim Salesiano para estabelecer com os seus co-laboradores e benfeitores uma sistemática rede de inter-câmbios recíprocos, tanto informativos quanto afetivos eeconômicos.

Maria Domingas Mazzarello,mulher de relacionamento

Como em Dom Bosco, também em Maria DomingasMazzarello, pedra angular do Instituto das FMA, descobri-mos uma forte e acentuada necessidade de comunicação euma rara habilidade para estabelecer autênticas relações. Asua capacidade de compreender pessoas e situações vem deuma consciente atitude de participação afetivo-emotiva quea torna intuitiva e perspicaz.15«A primeira comunidade de Mornese tinha a marca de um

16

16 INSTITUTO FMA, Para que tenham vida n. 33.17 CAVAGLIÀ Piera, A comunicação educativa na tradição do Insti-

tuto das FMA, em Da Mihi Animas. 28-37.

15 CAVAGLIÀ Piera, A comunicação educativa na tradição do Insti-tuto das FMA, em Da Mihi Animas. Revista das Filhas de Maria Auxi-liadora 4 (1995) 28-37.

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Primavera mundo jovem21 e Da mihi animas,22 com carac-terísticas e modalidades diferentes, tenham ajudado a man-ter vivo o vínculo da comunhão através de uma informaçãode qualidade.Ainda hoje estes contribuem para manter vivaa atenção das FMA sobre a cultura em geral, particular-mente a educativa, e sobre os fenômenos da comunicação –informação que influenciam o cotidiano das novas gerações.Também significativa é a contribuição da website, criadacomo um espaço de comunicação e de interação para todoo Instituto.

Lendo atentamente o Projeto Formativo, percebemosduas dimensões da comunicação ali propostas: a comuni-cação receptiva através da leitura dos sinais e das media-ções e a comunicação ativa na prospectiva da reciprocidadee do diálogo. Nele, encontramos até mesmo orientações detipo comunicativo como a atenção e a promoção da comu-nicação intercultural e inter-religiosa, a abertura crítica econstrutiva à globalização comunicativa além da econô-mica.23

Um papel de relevo, pelo seu caráter formativo, é reco-nhecido à revista Da Mihi Animas que, a partir de 1964, es-timula as leitoras a adquirirem competências no âmbito dacomunicação social, para orientar a ação educativa de modoconstrutivo e adequado aos tempos. A revista tem ajudadonão só as FMAa compreenderem a cultura, mas de fato, nosdiferentes períodos históricos e com modalidades sempre

19

e verdadeiro afeto que eu tinha por cada uma de vocês. Ima-ginem quanto foi agradável, para mim, receber os afetuososaugúrios de vocês».18

Em um olhar atento, o Instituto se apresenta no seu de-senvolvimento como uma rede de relações sempre maisabrangentes, intensas, envolventes, com a finalidade nãoapenas de transmitir conteúdos, mas de instaurar uma sériede vínculos, tendo em vista o alcance de objetivos educati-vos em prospectiva missionária. Sendo pois uma realidadecujo fim é a educação cristã dos jovens, no curso da sua his-tória, o Instituto não somente fez uso de instrumentos dacomunicação, mas amadureceu pouco a pouco uma culturacomunicativa.

Aberturas comunicativas, ontem e hojeO Instituto, ao longo da sua história, procurou formar

mulheres capazes de inserir-se no ambiente público e de tra-balhar nele com discernimento e audácia. É inegável quealguns instrumentos como o Noticiário,19 as revistas União,20

18

21 A revista foi uma solicitação do Capítulo Geral XI para a forma-ção das alunas das escolas secundárias. O primeiro número foi publi-cado no dia 31 de janeiro de 1950.Apublicação em italiano encerrou-secom o número 20 de 2000. Atualmente existe uma edição em espanhol,publicada na Colômbia, que chega a diversas nações daAmérica Latina.

22 DMA nasce como subsídio de apoio à ação educativa das FMApara um ambiente preciso: o oratório. O primeiro número foi publicadoem 1952. No curso dos anos, a revista sofreu várias transformações, masmanteve sempre constante a sua característica formativa.

23 Cf INSTITUTO DAS FILHAS DE MARIAAUXILIADORA, Nos sulcos daAliança. Projeto formativo do Instituto das FMA, Turim-Leumann, El-ledici, 2000, p. 40-41.

18 POSADAMaría Esther - COSTAAnna - CAVAGLIÀ Piera [ed.], La sa-pienza della vita. Lettere di Maria Domenica Mazzarello, Roma, Isti-tuto FMA 2004, Lettera 40,1.

19 Entre as várias propostas que chegaram à Casa-Mãe, por ocasiãodo cinqüentenário de fundação do Instituto, estava a sugestão de iniciarum “folheto”, um noticiário que, juntamente com a circular mensal dasSuperioras, difundisse em todas as casas as notícias mais significativassobre a vitalidade das obras e do Instituto. A proposta verbalizava umaexigência bastante sentida, isto é, intensificar o contato e a comunicaçãoentre uma Inspetoria e outra, antes, entre um continente e outro, de modoa servir de estímulo e de encorajamento recíproco na comum missãoeducativa. Madre Caterina Daghero acolheu de boa vontade a propostae, anexo à circular de 24 de dezembro de 1921, enviou o primeiro nú-mero deste modesto periódico.

20 O primeiro Congresso Internacional das ex-alunas, em 1920, deuinício ao periódico União, que tinha por objetivo manter as ex-alunasunidas ao Centro, através de artigos formativos e informativos.

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terminados pela invasão e contínua inovação das novas tec-nologias requerem de nós educadoras uma mudança dementalidade não somente na prospectiva da fruição, masprincipalmente na capacidade de partir da cultura midiáticapara propor e produzir conteúdos alternativos ao sensocomum.

A nova estação da Internet, predominada pelo socialnetwork, no qual são os próprios usuários que produzem ecolocam em rede os conteúdos, constitui um desafio e umrecurso para educar, comunicar e inculturar a visão cristãda vida.

Aqui reside a chave para interpretar o tempo presente,acompanhar os jovens na experiência de vida pessoal e so-cial, orientar as comunidades educativas para serem ecos-sistemas educomunicativos e expressão da síntese cultura-fé-vida. É no ser comunidade e no encontro recíproco, emtodo e qualquer nível, que se promove o bem comum e ovalor humano da justiça.A rede de relações, sempre mais vi-vida on-line no ciberespaço e off-line no sistema de comu-nicação integrado, torna-se não somente lugar de confronto,mas também de verdadeira e própria elaboração da culturacatólica, em relação, sobretudo, à paz, à proteção do criado,à solidariedade e ao diálogo entre os povos e as religiões.28

21

mais convincentes e atualizadas, tem fornecido elementosnecessários para elaborar uma cultura comunicativa. 24

Nestes últimos anos DMA, de acordo com as solicita-ções dos Capítulos Gerais XX e XXI, favorece a reflexãosobre as novas tecnologias e sobre a educomunicação, comoexpressão da atenção à relação sempre mais estreita entreeducação e comunicação como âmbitos da ação pastoral.

Na experiência das Filhas de MariaAuxiliadora, o estilode relação «se enraíza no sentido cristão da vida e na visãoglobalmente otimista do ser humano. Nele, a abertura aoamor tem um lugar de destaque, porque Deus nos criou àsua imagem, no amor e por amor».25 Dele deriva a arte deeducar ao positivo através da síntese de educação, comuni-cação e evangelização própria do Sistema Preventivo. Este,enfim, conjuga «razão, religião e amorevolezza, princípiosque indicam uma visão harmônica da pessoa dotada derazão, afetividade, vontade, abertura ao Transcendente.Neste sentido, o Sistema Preventivo é um exemplo de hu-manismo pedagógico cristão, onde a centralidade da fé estáindissoluvelmente unida à apreciação dos valores presentesna história».26

Percorrer os caminhos da educação preventiva, sobre-tudo hoje, significa dar atenção às exigências comunicativasdas novas gerações, educá-las ao diálogo interpessoal, àabertura para o outro, no respeito à sua originalidade, à vidade grupo como laboratório de relações autênticas, à redes-coberta da família, à partilha na comunidade de fé, ao usopositivo dos meios de comunicação social e das novas tec-nologias, à valorização do teatro, da música e da arte.27

Os fluxos, os espaços e os tempos da comunicação de-

20

28 Cf CONFERENZAEPISCOPALE ITALIANA, Comunicazione e missione.Direttorio sulle comunicazioni sociali nella missione della Chiesa,Roma, Libreria Editrice Vaticana, 2004, n. 84.

24 Cf BORSI Mara, Un laboratorio di formazione: la rivista “DaMihi Animas”. Profilo storico e modelli emergenti (1953-1996) = Oriz-zonti 21, Roma, LAS 2006.

25 Cf INSTITUTO FMA, Nos sulcos da Aliança. p. 26.26 ID., Para que tenham vida, n. 31.27 Cf ibidem n. 54.

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Depois, nos anos 80, se passa a uma prospectiva dealiança estratégica, na qual a relação entre comunicação eeducação acontece na linha de um recíproco intercâmbio deserviços: tentativas de colaboração aproximam os profissio-nais dos dois campos, em particular quando as mídias e asnovas tecnologias ingressam no mundo da educação formal.

Os anos 90, ao invés, dão início à reflexão sobre o sur-gimento de um novo campo disciplinar entre comunicaçãoe educação: quase um “território comum”, no qual ambas asdisciplinas são chamadas a interagir, visto que todas as duasse encontram inadequadas a enfrentar a complexidade e amudança cultural.

A pesquisa de um novo campo requer que o terrenocomum do diálogo se apresente aberto e interdisciplinar,empenhado em resolver a dicotomia entre educação e co-municação. Faz-se urgente, então, modificar o paradigmade interpretação: passar da “transmissão” à “mediação”,porque não se trata mais de “fazer passar uma mensagem”,mas de considerar em quais situações os conhecimentos sãoadquiridos.

O contexto atual, marcado pela complexidade e pela di-versidade de canais de comunicação, é espaço aberto paraa socialização e a aprendizagem individualizada. Real-mente, enquanto as mídias de massa fortalecem o estarjunto, as novas tecnologias da comunicação favorecem ex-periências de encontro pessoal. A Internet, neste contexto,se coloca, e propõe, como ambiente educativo, que pode fa-cilitar tanto “o diálogo” como o “falar de si” da comunica-ção interpessoal.

As tecnologias da comunicação exercem grande pres-são para que a práxis educativa seja redefinida, enquantofavorecem uma maior:

– independência da educação quanto ao compartilhar fí-sico do espaço e do tempo (o “como” é mais importantedo que o “onde” e o “quando” se comunica e se educa);

– circularidade e reciprocidade no processo educativo ecomunicativo;

23

3. EDUCAÇÃO E COMUNICAÇÃO:DUAS REALIDADES DE IGUALVALOR

Segundo o Relatório McBride,29 o rápido desenvolvi-mento da comunicação abre novos horizontes e multiplicaos laços com a educação. Nesta ótica, a comunicação do-tada de um valor educativo gera um “ambiente educativo”.O confronto entre educação e comunicação deve ser, por-tanto, entendido no horizonte da reciprocidade.

Percorrendo a história das últimas décadas, encontram-se elementos que têm assinalado e orientado o aprofunda-mento teórico do relacionamento existente entre comunica-ção e educação. Se tal pesquisa foi realizada especialmenteem nível acadêmico, interessando docentes universitários,pedagogos e comunicadores, é possível identificar tais mar-cas também na história recente do Instituto, nas suas refle-xões, nas suas práticas e nas suas ações em âmbito formativoe pastoral.

Uma relação que vai da autonomia à cooperaçãoUm primeiro período, que corresponde aos anos 70, é

marcado pela total autonomia da comunicação e da educa-ção. Os dois campos disciplinares estão predestinados a de-senvolver papéis sociais diversos e, muitas vezes, atémesmo contraditórios entre si. Esta concepção determina aseparação entre os cursos e os programas das Faculdadesde Ciências da Educação e de Ciências da Comunicação So-cial, em nível acadêmico, e na prática, se traduz em umadistância e uma desconfiança recíproca entre quem educa equem comunica.

22

29 COMMISSIONE INTERNAZIONALE DI STUDIO SUI PROBLEMI DELLA CO-MUNICAZIONE NEL MONDO, Comunicazione e società oggi e domani. Ilrapporto MacBride sui problemi della comunicazione nel mondo, Eri,Turim 1982.

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mais pensadas. A respeito da relação jovens-mídia, é justa-mente na screen generation (geração digital) que se identi-fica o motor da mudança no estilo e na prática de comunicar,amplamente aberta e disponível a “entrar em rede”, a socia-lizar, a envolver-se na participação e na cidadania.

Em torno desta reflexão acerca do confronto entre co-municação e educação, foram desenvolvidos diferentes sub-sídios teóricos. A teoria mais conhecida e difundida emnível internacional é a Media Education. Ela é uma ativi-dade educativa cuja finalidade é desenvolver nos jovensuma informação e compreensão crítica a respeito da natu-reza e das categorias das mídias, as técnicas por elas em-pregadas para construir mensagens e produzir sentido, osgêneros e as linguagens específicas.

Hoje, com a difusão maciça das novas tecnologias sefala de NewMedia Education que tem como objetivo “atua-lizar” e desenvolver um aporte educativo e crítico específicoàs novas mídias. Ao lado da New Media Education surge aDigital literacy. Esta prospectiva destaca a importância deeducar à percepção e seleção crítica das informações, exer-citar e assumir uma particular autonomia e competênciapara tornar-se sujeitos da fruição e não somente consumi-dores de novas mídias.

Uma posterior contribuição educativa à comunicação éa Medienpädagogik, difundida principalmente nos paísesde língua germânica. Como aMedia Education, esta se tra-duz como educação aos meios, didática dos meios, infor-mação sobre os meios/alfabetização aos meios, pesquisasobre os meios de comunicação.

Enfim, a Proposta multidimensional focaliza como éimportante, em uma sociedade cada vez mais consumidorado virtual, refundar as práticas comunicativas partindo darelação e da experiência com as origens corpóreas, manuais,dos sinais e das mensagens. As linguagens expressivas ga-rantem a multiplicidade, a complexidade e o entrelaçamentoda comunicação, qualidades sem as quais o papel de «ato-

25

– ênfase no caráter de partilha e cooperação das expe-riências de aprendizagem, de formação, de participa-ção.

Além disto, a globalização e a nova exigência de éticada comunicação interpelam o carisma educativo do Insti-tuto. A mídia coloca em jogo os grandes valores que estãona base da democracia e da convivência entre os povos,como a defesa da diferença das culturas e o direito de acessoà comunicação dos países pobres e das pessoas desfavore-cidas. O imperativo ético se faz, portanto, urgente tantoquanto a demanda de educação e apela a uma infoética, daqual Bento XVI falou recentemente, destacando como setorna “indispensável que as comunicações sociais defen-dam cuidadosamente a pessoa e respeitem plenamente a suadignidade”.30

Outras maneiras de pensar e falar da relaçãoentre educação e comunicação

A importância de agir considerando a comunicação umrecurso para a educação, a formação e a evangelização, re-side na concreta possibilidade de buscar respostas à questãoatual: como formar no contexto de um cenário profunda-mente transformado? A solução, ou as soluções serão cer-tamente adequadas se consideradas duas prospectivas: a daformação e a da relação que as novas gerações estabelecemcom os meios de comunicação.

Em relação à formação, na medida em que se elimina abarreira entre a educação e a comunicação, se abre um âm-bito totalmente inédito para os próprios educadores e co-municadores, no qual é possível conciliar linguagens,modalidades comunicativas e educativas anteriormente ja-

24

30 Mensagem de Bento XVI para o 42° Dia Mundial das Comuni-cações Sociais 2008, sobre o tema “Os meios de comunicação social:na encruzilhada entre protagonismo e serviço. Buscar a verdade paracompartilhá-la”.

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line) implica sempre na construção de laços que se funda-mentam sobre os sentimentos, as emoções, a solidariedade,o conhecimento e os interesses comuns. Construir comuni-dade hoje é uma resposta ao nomadismo, à vida errante quenos conduz à mobilidade, tanto humana quanto tecnológica,a qual todos assistimos, experimentamos e vivemos.Diante do risco de “comunidades educativas ausentes”, por-que anônimas e indiferentes à vida que existe em torno desi, a comunicação é a via educativa para devolver a todosigual dignidade e voz, essência e protagonismo. Parece seresta a missão daqueles que assumem, nas condições mu-tantes da modernidade, a difícil tarefa de educar.

27

res sociais» das crianças/adolescentes/jovens aconteceria demodo anônimo e sem identidade.31

Educar e comunicar para construir comunidadePodemos nos perguntar: por que educar à comunicação

num tempo justamente denominado tempo da comunica-ção?Madre Antonia Colombo confirma a urgência de for-mar-se e formar à comunicação autêntica para viver rela-ções profundas e verdadeiras entre nós e com as jovens,para construir comunidades educativas capazes de anunciare testemunhar a vida plena e abundante à qual nos convocaa boa Notícia do Evangelho.32

As Linhas Orientadoras da Missão Educativa destacama importância da Comunidade educativa para uma eficazeducação, para dar respostas concretas às perguntas e às ne-cessidades das novas gerações, em um contexto sempremais globalizado e intercultural: «Nela se busca a conver-gência e a continuidade de intervenções educativas de modoa envolver os jovens, as educadoras, os educadores e os paisno projeto de educação cristã segundo o estilo do carismasalesiano».33Cuidar da comunicação significa colocar as bases para viverconcretamente a reciprocidade nas relações entre religiosase leigos, no relacionamento educativo, na interação entregerações. Comunicação e comunidade, como termos, re-metem-se um ao outro no sentido de ser em e para o outro.Também hoje, um “desejo de comunidade” perpassa a so-ciedade globalizada e se exprime na centralidade da comu-nicação. Na realidade, apesar das transformações antigas erecentes dos instrumentos, das modalidades e das formas,hoje – como ontem – comunicar significa “fazer comuni-dade”, e a existência de uma comunidade (off-line ou on-

26

31 Para uma visão mais ampla sobre as teorias indicadas, cf oAnexo 2.

32 COLOMBO Antonia, Carta Circular n. 887.33 INSTITUTO FMA, Para que tenham vida n. 58.

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aprofundada e encontrou um adequado feedback fora doambiente salesiano. Em São Paulo (Brasil), em maio de1998, aconteceu o 1º Congresso Internacional sobre “Co-municação-Educação” que contou com a participação deaproximadamente mil estudiosos vindos de 35 países doscinco continentes. Estavam presentes também algumasFMA, entre as quais uma representante do Âmbito Interna-cional CS, que pôde focalizar ainda mais o nexo indispen-sável que existe entre comunicação e educação para enfren-tar os desafios da mudança cultural no contexto da globali-zação. Percebeu-se como urgente uma correta educação àcomunicação para formar cidadãos e cidadãs não mais da“aldeia global”, mas do “arquipélago global”, ou seja, aber-tos às culturas do mundo, à solidariedade crítica e à paz.

Deste modo, tomou corpo a prospectiva de um estudoaprofundado e sistemático sobre a relação comunicação-educação-cidadania, a partir de uma ética comunicativa ba-seada no Evangelho. O que motivou o processo foi a cons-tatação de que a comunicação determina uma nova culturaque muda a vida, e que esta realidade nos interpela enquantoconsagradas e educadoras, inseridas em comunidades quetrabalham em favor da promoção e evangelização dos jo-vens.

Para atualizar o carismaA pesquisa realizada pelas Coordenadoras de CS da

América contribuiu, em grande parte, para uma primeirasistematização desta nova orientação do Âmbito da CS.Através da equipe de coordenação – ECOSAM (Equipe deComunicação Social da América), em 2000 teve início aelaboração de um plano continental de educomunicação,deduzido da análise de 53 projetos concretos de educação-comunicação-cidadania, já em andamento em várias comu-nidades do continente. Chegou-se assim a focalizar umnovo campo de integração e de síntese entre comunicaçãoe educação, que culminou na elaboração de uma Propostade educomunicação para a Família Salesiana (2002).

29

4. PASSOS DE UM CAMINHO

OÂmbito da Comunicação Social (CS), constituído pordecisão do Capítulo Geral XIX (1990), entre as suas priori-dades tem gradualmente consolidado a reflexão sobre ainter-relação comunicação-educação como campo de diá-logo, como abertura a um conhecimento crítico e criativo,cuja meta final é a cidadania evangélica.34

O primeiro e determinante estímulo para iniciar tal re-flexão surgiu durante um grande congresso internacional,realizado em Lima (Peru), em 1997, para o qual foram con-vocadas as Faculdades de Comunicação Social daAméricaLatina. Entre os mais de mil participantes provenientes tam-bém dos Estados Unidos, do Canadá e Europa, estavam pre-sentes aproximadamente vinte FMA, entre as quais doismembros do Âmbito da Comunicação Social, de Roma.Nesta assembléia se descobriu o sentido da palavra educo-municação, um tanto nova para muitos países, mas que, naAmérica Latina, já havia determinado uma práxis consoli-dada no campo pedagógico.

Em 1998, em algumas reuniões continentais, além dedefinir com maior clareza a identidade da Coordenadorainspetorial de Comunicação Social, o Âmbito deu início eincentivou a pesquisa sobre uma possível correspondênciae integração entre comunicação e educação. Os encontrosforam realizados em Paris, para a Europa; em Nova Délhi,para a Ásia; em Abidjan, para a África; e em San José daCosta Rica para a América.

A reflexão foi gradualmente se articulando e sendo

28

34 Para conhecer e aprofundar a contribuição do Âmbito da CS, cfos primeiros três fascículos da Coleção O Gong: Mulheres em rede. Umestilo de vida na era da comunicação (Gong 1, 1994); Uma antena vol-tada para o mundo (Gong 2, 1995), Para uma comunicação de quali-dade (Gong 3, 1998).

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– da valorização e fortalecimento de experiências deeducação à fé dos jovens, no novo areópago da co-municação”.36

Desde 2002 até hoje foram realizadas várias iniciativaspara partilhar em todo o Instituto uma leitura atenta e críticados conteúdos da Proposta de Educomunicação para a Fa-mília Salesiana, elaborada pela ECOSAM, tendo presentesos vários e diferentes contextos culturais nos quais traba-lhamos. Foram feitos, inclusive, caminhos para ampliar areferida Proposta e integrar elementos ulteriores.

O Âmbito da CS no sexênio 2003 – 2008, em coerênciacom a natureza da educomunicação, incrementou o con-fronto e a colaboração com o Âmbito da Pastoral Juvenil(PJ), com o objetivo de iniciar uma reflexão conjunta e en-volver o Instituto nesta mesma linha. Por este motivo, foramprogramados e realizados durante o sexênio encontros con-tinentais ou nacionais que permitiram atingir – em dois mo-mentos distintos – as Coordenadoras CS e PJ, ou responsáveis das respectivas comissões, de todas as inspetorias domundo. O trabalho conjunto possibilitou verificar a impor-tância de levar em frente o processo em colaboração tam-bém com o Âmbito da Formação e, no futuro, com os outrosÂmbitos.

Para responder ao apelo do Capítulo, decidiu-se pro-mover em todo o Instituto um conhecimento global e con-textual da educomunicação. Nos Seminários de Espirituali-dade de Comunhão (2004), que envolveram as FMA detodo o mundo através da inspetora e de algumas represen-tantes de cada Inspetoria, foi dedicado à educomunicaçãoum espaço consistente, em um dos quatro laboratórios pre-vistos.37

31

Com a intenção de integrar as reflexões de ECOSAM eda Comissão Escola América sobre a qualidade educativada Escola e da Formação profissional, durante o encontrocontinental de Cumbayà 2 (maio de 2001), a educomunica-ção foi um dos temas tratados pelos participantes. Entre aspolíticas a serem assumidas e postas em prática nos anossucessivos pela Escola SalesianaAmérica estava, portanto,incluída também a educomunicação.

O Âmbito da CS, depois de ter acompanhado a evolu-ção do percurso, assumiu este novo paradigma cultural, con-siderando-o uma expressão atual e pertinente para inculturarhoje o Sistema Preventivo, e deu início a uma série de en-contros para oferecer a todo o Instituto um primeiro con-tato com o argumento. O processo de sensibilização foiconduzido junto com o Âmbito da Pastoral Juvenil, com oqual foi iniciado um percurso de colaboração coordenada,unitária e convergente.

O Capítulo Geral XXI (2002), entre os percursos esta-belecidos para o sexênio 2003-2008, escolheu a educomu-nicação como “ótica e prática educativa transversal àmissão e à atualização do carisma”.35

Na programação do sexênio, dentro da terceira linha deação, no segundo ponto se lê: “Favorecer o processo de co-nhecimento e assimilação da educomunicação e animar ascomunidades inspetoriais a exprimi-la nos percursos edu-cativos como via de atualização do Sistema Preventivo atra-vés:

– do apoio à formação contínua das coordenadoras deComunicação Social, favorecendo-lhes a capacidadede serem comunicadoras nas realidades inspetoriais elocais.

– da promoção de caminhos de reflexão sobre a educo-municação entre as Coordenadoras de pastoral e decomunicação social.

30

36 ISTITUTO FIGLIE DI MARIA AUSILIATRICE, Programmazione ses-sennio 2003-2008, Roma, Istituto Figlie di Maria Ausiliatrice 2003, 16.

37 Os outros laboratórios do Seminário de Espiritualidade de Co-munhão (2004) eram: acompanhamento-discernimento, evangelização,interculturalidade.

35 Cf INSTITUTO DAS FILHAS DE MARIA AUXILIADORA, Na renovadaAliança, o empenho de uma cidadania ativa, Atos do Capítulo GeralXXI, Roma, Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora 2002, 38.

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5. EXPERIÊNCIADE UM PROCESSODE EDUCOMUNICAÇÃO

Dada a natureza da educomunicação, os Âmbitos da PJe CS decidiram refletir e trabalhar juntos em vista de umaanimação adequada, como resposta aos atuais desafios damissão educativa e aos apelos da espiritualidade de comu-nhão.

A experiência nos ajudou a melhorar a capacidade derefletir, projetar, agir em conjunto e nos permitiu promovere propor o mesmo estilo de trabalho às Inspetorias nos en-contros continentais com as coordenadoras. Por isto, nocurso do sexênio foram organizados dois seminários emcada continente. O que nos conduziu nesta experiência foi:

– A busca, porque ninguém tinha certezas pré-fabrica-das, respostas prontas para a reflexão e a partilha;

– A escuta, como respeito ao ponto de vista do outro eàs diferentes realidades;

– A consciência de aprender uns com os outros;– A paciência e a constância para olhar o futuro comesperança.

A experiência reforçou a convicção de que pensar e pro-jetar juntos está na base de um processo eficaz. A motiva-ção e o horizonte que nos sustentou e entusiasmou foi amissão entre os jovens. O questionamento que constante-mente nos orientou é “como viver a paixão educativa paraacompanhar as novas gerações ao encontro com CristoJesus?”.

Seminários continentaisEducação, comunicação, evangelização foi o título dos

seminários continentais ou interinspetoriais. A partir destaopção, pretendeu-se compreender a lógica interna da edu-comunicação e realizar, por conseguinte, um processo de

33

O percurso realizado favoreceu um crescimento no co-nhecimento e na sensibilidade em relação a este novo ca-minho do Instituto, campo de ulterior pesquisa e reflexão.Trata-se, com efeito, de chegar a uma compreensão maisclara e exaustiva, tanto para uma releitura do Sistema Pre-ventivo, quanto para a sua aplicação no concreto da nossamissão educativa.

A inclusão desta atenção no recente texto Linhas Orien-tadoras da Missão Educativa das FMA é mais um passosignificativo para passar progressivamente do conheci-mento à vida.38

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38 Cf INSTITUTO FMA, Para que tenham vida n. 55-57.

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cional e espiritual que desconsidera a dimensão racional e éconcebida como um momento separado da vida. A propostada comunidade cristã aos jovens não consegue ser incisiva.Este processo é bem mais complexo em contextos plurirre-ligiosos e pluriculturais, ou fortemente secularizados.

Constantes que afloraramNo decorrer dos seminários destacou-se como o apro-

fundamento, o conhecimento e a partilha da proposta deeducomunicação, tanto como conteúdo quanto como mé-todo, precisam ser fortalecidos e ter continuidade, sobre-tudo para poder inculturá-la nos diversos contextos, na óticado Sistema Preventivo. Nesta linha, deve ser consideradatambém a necessidade, que emergiu em muitas inspetorias,de qualificar a comunicação interpessoal de todos os mem-bros da Comunidade educativa. É urgente formar-se a umamentalidade de educomunicação entre FMA, leigos/as, jo-vens. Em todos os seminários foi destacado como a educo-municação é um processo transversal que requer a formaçãoem todos os níveis para programar, sistematizar, integrar,educar e evangelizar, para entrar na cultura midiática, inci-dir nela, tornar-se capaz de fruição crítica e de produção al-ternativa. A educomunicação se encarna na cultura na qualse atua, e deve ser aprofundada para alimentar o pensa-mento compartilhado, um caminho de experimentação nolocal e para ser capaz de interagir com um mundo que temcompetências muito elevadas. A finalidade é preparar-separa reler continuamente a cultura juvenil, buscando sem-pre novas respostas que mantenham viva a nossa significa-tividade carismática.

A reflexão levou as participantes a deterem-se sobre al-gumas constantes que são, ao mesmo tempo, condições parafazer educomunicação.

A formação. Veio à tona, especialmente nos primeirosseminários, o quanto a formação é indispensável para qua-lificar a presença educativa e o testemunho evangélico. Isto

35

confronto e partilha comum entre os Âmbitos CS e PJ paraassumir percursos de educomunicação.39

Os objetivos específicos dos seminários foram:– Avaliar a coordenação inspetorial existente entre Pas-toral Juvenil e Comunicação Social;

– Aprofundar a relação entre educação-comunicação-evangelização;

– Identificar os critérios de qualidade dos ambienteseducativos em função de uma mais explícita evange-lização dos jovens no seu contexto;

– Incentivar processos inspetoriais a partir das expe-riências realizadas, para contextualizar a proposta deeducomunicação;

– Aprofundar as áreas da proposta de educomunicação,relacionando-as com as Linhas Orientadoras da Mis-são Educativa das FMA (nos seminários realizadosdepois da publicação do documento);

– Elaborar um itinerário concreto de ação comum entrePJ e CS, considerando as áreas da educomunicaçãoque foram aprofundadas.

O estudo detalhado de algumas áreas da educomunica-ção permitiu a interação fecunda entre processos educati-vos, comunicativos e de evangelização, com respeito àintegralidade da realidade humana. Foram consideradas,portanto, as prospectivas pedagógicas sugeridas pelo pró-prio documento das Linhas.40

Refletir em conjunto sobre as áreas significou abrir-nosa horizontes novos no campo pastoral. Os jovens são in-fluenciados, no seu modo de pensar e de agir, pela atual si-tuação de crise e a sofrem de modo particular em relação àproposta cristã. A fé é vivida por vezes como uma experiên-cia que se esgota na solidariedade e com dificuldade se abreà transcendência; vivem a fé como uma experiência emo-

34

39 Cf ibidem n. 38.40 Cf ibidem n. 42.

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das diversas áreas da educomunicação, é possível recuperaro valor da própria cultura e reforçá-la.

Desafios e prospectivasSabemos que na lógica dos processos, cada meta atin-

gida é somente o ponto inicial de um caminho sucessivo.Neste sentido, propomos alguns desafios que são tambémprospectivas para o caminho futuro, tanto em nível inspe-torial quanto interinspetorial.

O desafio da sinergia e da convergência dos processosna ótica da missão comum.A estratégia da coordenação re-quer mudança de mentalidade, empenho constante feito depequenos passos, envolvimento de todos os membros da co-munidade inspetorial e da Comunidade educativa. Exigeproceder em interação, trabalhar como âmbitos para forta-lecer relações interpessoais humanizantes. A sinergia setorna eficaz na medida em que os processos são partilhadostambém com o Conselho inspetorial, realizados e acompa-nhados em nível local.

O desafio da mentalidade processual e não apenas men-talidade de ação. Proceder nesta linha pressupõe uma se-qüência de passos pensados e organizados gradualmente ede acordo com as pessoas em contínuo devir. Isto implicaflexibilidade e capacidade de entrar na lógica dos temposlongos, respeitando as fases de desenvolvimento das pes-soas e em interação crítica com as realidades interculturaise inter-religiosas. A mentalidade de processo ratifica a ela-boração do projeto e a busca de estratégias para transformara realidade segundo os critérios evangélicos.

O desafio do diálogo com a cultura. A cultura contem-porânea nos interpela e nos pede para sermos abertas aomundo dos jovens e aceitar mudar com eles. Deste modo, éimportante primar pelo diálogo com a cultura e em parti-cular com as culturas juvenis. É necessário discernir tudoaquilo que pode ser interpretado em chave pastoral. Esta éuma atitude de fundo e um aspecto específico do Sistema

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nos estimulou a envolver o Âmbito da Formação na elabo-ração deste Gong. Evidencia-se particularmente a urgênciade formação em todos os níveis; a oportunidade de inserira reflexão sobre a educomunicação na Formação Inicial e ocuidado para que todos os membros da Comunidade edu-cativa recebam formação à educomunicação.

AComunidade educativa. É condição fundamental paraarticular caminhos de educomunicação. Isto requer um tra-balho qualificado e co-responsável, em conjunto com os lei-gos.AComunidade educativa é um laboratório permanentede educomunicação, empenhada na formação à comunica-ção como estilo de vida, no educar-se e educar no cotidianoa sair dos próprios esquemas culturais, a viver na realidadedos jovens para conhecer as suas linguagens e levar o Evan-gelho até eles. Nela há espaço para cuidar da dimensão re-lacional, se acolhe o desafio da diversidade, se tem um olharatento ao ambiente cultural, se promove uma pedagogia doambiente assim como é indicado pelo Projeto Formativo epelas Linhas Orientadoras da Missão Educativa das FMA.

A coordenação. As participantes dos vários encontrosdestacaram a importância de refletir sobre o modelo decoordenação, a fim de reforçar o que já existe e completarpossíveis lacunas. Várias foram as sugestões práticas parapoder atuar um estilo de coordenação coerente com a pro-posta de educomunicação: formar grupos de reflexão entrecomissões de Pastoral Juvenil e Comunicação Social nosdiversos níveis, local, inspetorial, interinspetorial; promovera partilha dos recursos em nível inspetorial e interinspeto-rial. Isto para chegar a uma convergência nas propostas edu-cativas, conduzindo e acompanhando os processos.

Dos seminários emergiu também a riqueza das diversasculturas e contextos. Tal realidade destacou alguns elemen-tos específicos. Onde há uma presença forte de outras reli-giões e culturas, enfatizou-se como a proposta de educomu-nicação pode acompanhar o diálogo inter-religioso e inter-cultural. Em algumas nações, onde a globalização está ge-rando uma homologação cultural, destacou-se como através

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O caminho de educação-comunicação-evangelização,assim como aflorou nos diversos seminários, lança comoprospectiva melhorar a interação entre a educação formale não-formal. Isto significa iniciar e reforçar processos deeducomunicação em todos os níveis, favorecer a colabora-ção e o apoio recíproco entre escola/formação profissional,centros juvenis, oratórios, catequese, casas-família, insti-tuições para meninos e meninas de rua, migrantes. Istosupõe um percurso de co-responsabilidade entre FMAe lei-gos/as e abertura a uma formação conjunta.

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Preventivo que considera a educação um processo que as-sume na integralidade a realidade humana e a globalidadeda pessoa. É um desafio que oferece oportunidade de inci-dir de modo preventivo sobre a vida dos jovens.

O desafio da evangelização. Educar à fé, hoje, significapartir da convicção da necessária integração do processoeducativo na atual cultura comunicativa, na qual fé-cultura-vida são chamadas a interagirem. A condição para que ovalor da fé se apresente como fermento no contexto cultu-ral é que ela ressoe como comunicação existencial. Aoanunciar Jesus se deseja dar testemunho do seu valor parao ser humano e para a própria sociedade e não impor umareligião. Educar os jovens a uma sólida fé cristã permitetecer um diálogo com os membros de outras religiões. Istose faz necessário em todos os países, mas especialmente noscontextos multiculturais e multirreligiosos.

O desafio de estar com os jovens. Fortalecer o clima defamília, as relações de amorevolezza e cuidar, em particu-lar, da pedagogia do ambiente que valoriza os recursos detoda a Comunidade educativa, projetada para ser lugar deesperança para os jovens. Fortalecer, hoje, o acompanha-mento dos jovens dentro dos ambientes educativos consti-tui uma experiência importante no cultivo da fé.

O desafio de uma formação adequada e permanente, detoda a Comunidade educativa, à comunicação. Os atuaisavanços da comunicação configuram a humanidade comoum conjunto/pluralidade de pessoas/sujeitos capazes de sernão somente consumidores, mas produtores de linguagens,de arte, de idéias, de significados, de valores e de cultura.Surgem, portanto, de modo novo e urgente, tanto a questãoética acerca da comunicação e das tecnologias comunicati-vas, quanto o compromisso sócio-político com a qualifica-ção humana da comunicação: não se trata somente do usodas tecnologias, mas também dos conteúdos, dos valores,das idéias que qualificam ou alienam a vida de todos e decada um.

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ecossistema no qual a Comunidade educativa, todos os am-bientes educativos, as estruturas físicas, são elementos cons-titutivos essenciais e alimentam o clima que facilita oprocesso educativo. O oratório, a escola, os centros de aco-lhida estão inseridos, ademais, em um ambiente educativomais amplo. Nele, há um conjunto de relações, de ações ede condições que se complementam mutuamente envol-vendo todos em uma grande força comunicativa capaz deinfluenciar as instituições, os educadores, os jovens, tantonos conteúdos quanto nas metodologias educativas. Cadaecossistema está inserido, portanto, em um macrossistemamais amplo, no qual é importante estar presente para decerto modo dialogar com a cultura, com as suas manifesta-ções e fenômenos, para compreendê-los e ajudar educado-res e educandos a caminharem com segurança através dointrincado tecido sociocultural no qual vivem.42

Iniciar processos educomunicativos é uma tarefa de todaa Comunidade educativa, que requer acompanhamento eavaliação, com a consciência de que a aprendizagem contí-nua exige saber aprender a partir da experiência. Os pro-cessos educomunicativos não são isolados, mas fazem partede um plano ou de um projeto e são chamados a favorecera convergência das intervenções.

É importante questionar-nos sobre aquilo que comuni-camos enquanto educadoras, o que comunicam os nossosambientes, quais modalidades comunicativas são colocadasem prática: os processos, na realidade, respondem às ne-cessidades identificadas mediante uma análise contextuali-zada da situação, conduzida de modo participativo. Taisprocessos promovem nas pessoas e nas Comunidades edu-cativas qualidade comunicativa, criatividade, análise críticada cultura. São colocados em prática para reforçar o ecos-sistema comunicativo, tanto internamente quanto nas rela-ções externas, e exigem um trabalho de sistematização

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6. ELEMENTOS PARAPROJETARCAMINHOS CONCRETOS

Aeste ponto, parece-nos importante recordar alguns ele-mentos necessários para projetar caminhos concretos deeducomunicação.

Para uma práxis educativa eficaz e para favorecer, gerarecossistemas comunicativos, característicos da educomuni-cação, é necessário ativar processos41 que, através de pas-sos graduais e intencionais, consintam às Comunidadeseducativas afirmarem-se como espaços de produção e difu-são de significados sociais inspirados no Evangelho. Destemodo, as Comunidades educativas se apresentam como la-boratórios de cidadania, de responsabilidade civil e de au-tênticas relações vividas à luz da espiritualidade de comu-nhão.

Um grande desafio hoje é transformar cada ambienteem um ecossistema comunicativo, que considere experiên-cias culturais heterogêneas e as novas tecnologias da infor-mação e da comunicação.A forte presença da tecnologia nacultura atual está gerando novas visões de mundo, de pes-soa, de sociedade que interpelam a educação e motivam amudança do agir educativo. O contexto atual exige a inte-ração entre instituições de comunicação e de educação.

Na visão salesiana, entendemos que ecossistema comu-nicativo é o ambiente educativo, o clima de família, o tra-balho em equipe. Cada obra nossa pode considerar-se um

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42 Cf EQUIPE DE COMUNICAÇÃO SOCIAL, Proposta de Educomunica-ção 59-62.

41 «Os processos são movimentos vitais das pessoas e das comuni-dades [...]. A idéia de processo implica uma seqüência de passos pensadae organizada de forma gradual e capaz de andar de acordo com a pessoaem contínuo devir. Por isso, trata-se de agir em planos articulados e di-ferentes, numa lógica de tempos longos, respeitosos das fases de desen-volvimento, do dinamismo do crescimento humano e em interaçãocrítica com a realidade sociocultural» (ibidem n. 102).

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a formação de ecossistemas comunicativos abertos, criati-vos e democráticos, nos quais cada pessoa possa ser elamesma e exprimir-se de modo autêntico e responsavelmentelivre.

É necessário favorecer a interação com as novas tecno-logias para fortalecer os processos de conhecimento, de-senvolver o espírito crítico, elaborar estratégias de pesquisa,confrontar-se com a multiplicidade de abordagens culturais,criar habilidades expressivas diferenciadas, aprender aaprender junto, na consciência de que todos somos sujeitosativos e interlocutores.43

Uma atenção exigida, de modo particular, é a de am-pliar a capacidade de expressão de todos os membros daComunidade educativa, especialmente dos jovens, para fa-vorecer-lhes o protagonismo.

Nos ambientes educativos em que trabalhamos é essen-cial, sobretudo, investir na formação para a capacitação deeducomunicadoras e educomunicadores eficazes, que sai-bam animar e coordenar processos.

Os processos requerem uma avaliação pontual comobase dos processos sucessivos, fundamento da continuidadeeducativa.

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contínua das informações, de modo a proporcionar à Co-munidade educativa uma maior consciência dos apelos dasociedade, para respondê-los adequadamente.

Os processos educomunicativos têm por objetivo a aqui-sição de uma nova visão da comunicação: mediação edu-cativa, produção simbólica, prática comunicativa, e neces-sitam de coordenação para desenvolver-se e orientar a açãoeducativa e seus desafios. Devido à sua natureza, exigemum acompanhamento específico, para que neles se efetue omodelo participativo da educação, típico da educomu-nicação.

Aspectos essenciaisOmodelo participativo de construção da realidade edu-

cativa está na base da educomunicação: é um estilo vital-mente inato no carisma salesiano, dado a nós pelos Funda-dores. Ele requer qualidade nas interações entre os compo-nentes do ecossistema (pessoas externas, FMA, leigos, jo-vens; estruturas físicas, os diversos ambientes educativosque compõem a obra) e avaliação para verificar a conver-gência em relação aos objetivos comuns compartilhados.

É importante, portanto, colocar em prática ações espe-cíficas relativas às áreas da educomunciação que se consi-dera oportuno desenvolver, com base nos recursos e nasexigências da obra, coordenando as intervenções. No texto,foram apresentadas quatro áreas: educação à comunicação,mediação tecnológica, expressão e arte, comunicação paraa cidadania.

Isto implica educar-se e educar à comunicação em todasas suas tipologias: interpessoal, intrapessoal, de grupo, ins-titucional, de massa, social, com a finalidade de melhorar onível da qualidade comunicativa de todos os membros daComunidade educativa e valorizar ao máximo, assim, os as-pectos comunicativos do Sistema Preventivo.

Privilegiar a transparência, a liberdade de expressãopara que todos tenham voz, é condição indispensável para

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43 Cf SOARES DE OLIVEIRA Ismar, Educomunicazione em LEVERFranco - RIVOLTELLA Pier Cesare - ZANACCHI Adriano, La comunica-zione. Il Dizionario di scienze e tecniche, Roma-Torino, Elledici - RaiEri - LAS 2002, 419.

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ANEXO 1

COMUNICAÇÃO E EDUCAÇÃO NO PENSAMENTODEALGUNSAUTORES

Célestin FreinetÉ um pedagogo francês que, nos anos 20, colocou em dis-cussão o modelo de ensino baseado na memória e na repe-tição mecânica. No seu tempo, a imprensa teve uma difusãomaciça. Freinet decidiu servir-se da produção de um jornal,para o processo ensino/aprendizagem. Tratava-se de umainovação em termos de estratégia pedagógica, que envolviae entusiasmava os estudantes, justamente pelo empenho e arealização imediata do empreendimento. Um século depois,as suas anotações, escritas quando ele era apenas um joveme humilde professor de uma pequena cidade ao sul daFrança, continuam mostrando um caminho para a educo-municação: «A tipografia na escola – escreveu – tem umfundamento psicológico e pedagógico: a expressão e a vidados alunos. Escrever um jornal é uma atividade bem dife-rente do que preencher um caderno individual, porque nãoexiste expressão sem interlocutores. Como na escola tradi-cional a escrita é destinada a ser vista e corrigida somentepelo professor, pelo fato de ser um “dever”, não pode serummeio de expressão». Segundo Freinet, a criança que des-cobre a vitalidade do seu trabalho, que pode envolver-se emuma atividade não somente escolar, mas também social ehumana, sente libertar-se interiormente uma necessidadequase imperiosa de fazer, pesquisar e criar. Os estudantesassim motivados demonstram um rendimento maior, tantoquantitativo como qualitativo.Este era o seu projeto, o seu “fundamento psicológico e pe-dagógico”. O meio pode ser este ou aquele, porém a exi-gência continua sendo sempre a mesma: para que usar osmeios, para o monólogo – mesmo sendo mais atraente e es-

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CONCLUSÃO

Entrar em relação com os jovens, conhecer e compreen-der o seu modo de pensar, viver, relacionar-se, divertir-se,estudar, rezar: é o sonho de todo educador/a salesiano/a, so-bretudo neste tempo marcado “pela comunicação”.

Uma grande convicção que motiva o nosso crer e tra-balhar pelos jovens, é a “predileção” por eles que nos im-pulsiona a olhá-los com confiança, amar o que eles amam,exprimi-lo com os sinais, dizê-lo com gestos e palavras.

Num tempo em que os referentes simbólicos e culturaisoscilam continuamente, é necessário repensar o nosso modode ser e de estar com os jovens, o nosso modo de anunciaro Evangelho como Boa Notícia para que “tenham vida evida em abundância”.

Na educomunicação vemos um caminho que, como Co-munidade educativa, podemos percorrer na missão educa-tiva entre os jovens, em um contínuo processo de formação,com mentalidade de mudança, num estilo flexível e fiel aocarisma.

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Mario KaplúnPesquisador e professor de origem argentino-uruguaia, elesustenta que a Comunicação Educativa existe para oferecerà educação métodos e processos e estimular a competênciacomunicativa do educando. Não se trata de educar usandoos instrumentos de comunicação, mas fazer de modo que acomunicação se torne a coluna vertebral dos processos edu-cativos: educar para a comunicação. A educomunicação,neste caso, é vista como relação dentro de um projeto pe-dagógico mais amplo.Segundo Kaplún, existem dois modos para compreender eassumir a educação-comunicação: o verticalismo-unidire-cional, que considera o educando como objeto de um pro-cesso no qual se aprende de outros e com os outros. Assimsendo, a tendência quase inconsciente é não valorizar a ex-pressão pessoal dos educandos e não considerar as instân-cias de auto-expressão e de nteração indispensáveis a cadaprocesso pedagógico.O segundo modelo educativo, ao contrário, coloca a parti-cipação ativa do educando na base do processo de en-sino/aprendizagem, e o considera sujeito da educação, numprocesso ativo de aprendizagem que se expressa na contínuaconstrução e recriação do saber.Desde o início, Kaplún colocou em discussão o modelo decomunicação unidirecional privilegiado pelos meios de co-municação de massa. Não o fez teoricamente, mas gerandoprocessos que, justamente a partir dos meios, capacitavamo destinatário até transformá-lo em emissor. Num segundomomento, introduziu o uso do termo “emirec” – do neolo-gismo francês “émeréc”, introduzido por Jean Cloutier –para reforçar posteriormente a sua convicção de que todasas pessoas possuem em si condições e competências sufi-cientes para tornarem-se emissores e receptores simulta-neamente.No final de sua vida de educador e de comunicador, de-monstrou sua afinidade com as correntes construtivistas, emais concretamente com Jean Piaget e o seu conceito de

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petacular, mais rico de imagens e de cor –, ou para a parti-cipação e o diálogo; para continuar crescendo como estu-dantes silenciosos ou para formar educandos falantes; paraaumentar o número de receptores ou para suscitar e fortale-cer novos emissores?

Paulo FreireÉ um pedagogo brasileiro, conhecido mundialmente. O seupensamento se define em torno da visão humanística cristãda pedagogia. A existência da pessoa se dá somente no diá-logo, na comunicação. Ele critica a concepção ‘bancária’ daeducação, que se fecha ao encontro, à criatividade e à cons-ciência, enquanto que a educação libertadora problematizae desmistifica a realidade.Freire rompe com a dicotomia educador/educando: da suaprospectiva inovadora, o educador não é somente aqueleque educa, mas é contemporaneamente educando, enquantoestabelece o diálogo através do qual se realiza o processoeducativo em plenitude. Deste modo, ninguém educa nin-guém; só há educação quando ambos o fazem em comu-nhão.

O homem é um ser de relação, não está simplesmente“no mundo”, mas com o mundo.A comunicação é uma mo-dalidade dialógica de interação dentro da própria ação edu-cativa. O diálogo é o encontro amoroso das pessoas quenum mundo midiatizado o pronunciam, transforma-no e,transformando-o, o humanizam. Para este tipo de educadornão é possível compreender o pensamento sem a sua duplafunção: cognitiva e comunicativa.

Os princípios da pedagogia de Paulo Freire são as pala-vras articuladas do pensamento crítico e a pedagogia da per-gunta. É questionando que a palavra cria espaço decomunicação e as palavras geradoras restabelecem o tecidosocial da linguagem.

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Soares define ecossistema comunicativo, mais especifica-mente, como um sistema de comunicação que «designa aorganização do ambiente, a disponibilidade dos recursos, asmodalidades das pessoas envolvidas e do conjunto de açõesque caracterizam um determinado tipo de ação comunica-tiva. Quando se fala em ecossistema de comunicação, estáse fazendo referência ao sistema de situações, condições eações, que intervém no processo educativo».Portanto, falar de ecossistema comunicativo não é referir-se somente às novas tecnologias ou aos meios de comuni-cação social, mas ao conjunto de linguagens, representaçõese narrações que influenciam a vida cotidiana.

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aprendizagem como processo autônomo de descoberta pes-soal; com Jerome Bruner, psicopedagogo norte-americanoque, inspirado em Piaget, promoveu a idéia de aprendiza-gem como processo que se constrói mediante a exploraçãoe a práxis; e com o psicólogo e lingüista russo LevVygotsky,que introduziu o conceito de aprendizagem como processosocial, no qual o sujeito aprende interagindo com os outros.Kaplún afirmava que a comunicação educativa abraça cer-tamente o campo das mídias, mas ela é, sobretudo, o tipo decomunicação presente dentro de um processo educativo.Este supõe que a comunicação seja compreendida não so-mente como instrumento midiático e tecnológico, mascomo um componente pedagógico. Na comunicação edu-cativa, assim entendida, convergem a leitura da pedagogiaa partir da comunicação e a leitura da comunicação do pontode vista da pedagogia.

Ismar de Oliveira SoaresPesquisador e comunicador brasileiro, Ismar é o estudiosoque tem orientado e acompanhado as FMA da América nadefinição da educomunicação, caminho que desembocouna publicação da “Proposta de Educomunicação”. Ele, parareforçar a idéia de que todo processo educativo e comuni-cativo acontece dentro de um contexto de relações, intro-duz o conceito de ecossistema comunicativo.O conceito de “ecossistema” é desenvolvido pela biologiae se refere tanto às relações de interdependência entre osseres vivos, quanto ao fato de que os ecossistemas maiorespodem incluir ecossistemas menores. Para além da metá-fora, todas as agências (instituições) educativas estão inse-ridas num ambiente educativo mais amplo, que lhes ésuperior e do qual fazem parte. Este macrossistema comu-nicativo é constituído por um conjunto de relações, ações,condições e forças que interagem reciprocamente, envol-vendo todos em uma grande força comunicativa que exerceinfluência sobre as instituições, sobre os interlocutores, osconteúdos, as metodologias, as relações.

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– educação aos meios, isto é, a compreensão crítica damídia considerada não somente como instrumento, mascomo linguagem e cultura;

– educação para os meios, que compreende essencialmentea formação dos profissionais.44

Foi Len Masterman, pesquisador anglo-saxão, que identifi-cou esta área de estudo que precede o contato com cada umadas mídias. Também no nosso Instituto, por muitos anos,fez-se educação ao cinema, à leitura de jornais, à com-preensão da linguagem televisiva e radiofônica, à análisedas mensagens publicitárias. A novidade da contribuiçãodeste teórico é a identificação da chave para interpretar aforça das mídias, ou seja, a sua capacidade de representa-ção. A partir daqui é possível “ensinar” os meios de comu-nicação social articulando os conteúdos para responder aquestões, como: Quem comunica e por quê? Como foi pro-duzido? Como podemos conhecer o seu significado? Quaisinteresses estão em jogo? Como a realidade é representada?A difusão atualmente maciça das novas tecnologias lançaum desafio novo para a educação às mídias. AMedia Edu-cation é chamada a “atualizar” e desenvolver um contributoeducativo e crítico específico às novas mídias. Fala-se, por-tanto, da New Media Education.Internet, celular, iPod, YouTube, MySpace, blog, videoga-mes... a paixão educativa pede que observemos do ponto devista educativo estas “práticas” de comunicação, sobretudo,juvenis (mas já também identificadas nos pequenos da edu-cação básica).As novas tecnologias estão determinando uma passagem:do consumo no próprio quarto (bedroom culture) à pokerculture, a cultura de bolso, visto que o mundo das conexõese das práticas foge ao controle do adulto e as new media(novas mídias) caminham conosco. No “campo de batalha”

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ANEXO 2

ALGUMAS PROSPECTIVAS TEÓRICAS SOBREAINTER-RELAÇÃO EDUCAÇÃO-COMUNICAÇÃO

A Media EducationA corrente de estudo mais conhecida e difundida interna-cionalmente sobre a inter-relação entre mídia e educação éa Media Education. A ela aderiram pesquisadores, educa-dores, profissionais da mídia, especialmente dos paises an-glófonos (tanto do oriente quando do ocidente), que têmconfrontado a realidade “nova” das mídias com aquela “an-tiga” da educação. Procurou-se compreender “a partir dedentro” o mundo da mídia e integrar a sua cultura com acultura da escola, da família e da tradição local.A Media Education é uma atividade educativa e didática,cuja finalidade é desenvolver nos jovens a informação ecompreensão crítica acerca da natureza e das categorias dasmídias, as técnicas utilizadas por eles para construir men-sagens e produzir sentido, os gêneros e as linguagens espe-cíficas.O objetivo da Media Education não é somente defender-se dos efeitos negativos dos meios, mas sim oferecer umacompetência midiática e uma capacidade de gerir o pro-cesso comunicativo de modo que os jovens (desde as crian-ças até os adolescentes) saibam confrontar-se criticamentee construtivamente com o universo das mídias, aprendendoa criar, de modo autônomo, novas formas de expressão e decomunicação.O âmbito prático no qual se concretiza é a escola, onde seexplicita em:– educação com os meios, considerados como instrumen-tos a serem usados nos processos educativos e formati-vos;

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44 Cf LEVER Franco - RIVOLTELLA Pier Cesare - ZANACCHI Adriano(Ed.), La comunicazione. Il dizionario di scienze e tecniche, Roma-To-rino, Elledici - Rai Eri - LAS 2002.

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é um dos expoentes mais qualificados. Este autor se preo-cupa, enquanto professor e educador, principalmente com adesigualdade eletrônica entre gerações que está se criando;entre crianças e jovens, de um lado, e adultos do outro: narealidade, enquanto os primeiros parecem sentir-se confor-táveis na fruição e no consumo das novas tecnologias, osadultos ainda estão em processo de “alfabetização”. O usodo computador para crianças e jovens significa essencial-mente horas e horas de prática diária, de interação com osvideogames e de navegação na Internet. Tudo isto comportauma série de processos de aprendizagem informal, na qualas crianças, de modo autônomo e não imposto de fora,fazem experiências de auto-aprendizagem em relação àsnovas mídias.A contribuição de Buckingham, dirigida particularmenteaos professores, faz contudo algumas solicitações tambéma nós, educadoras. Ele considera, na verdade, que a escola(para nós todo e qualquer ambiente educativo) deveria in-serir-se precisamente no atual contexto sócio-cultural, comolugar de convite à reflexão sobre os conhecimentos que ascrianças e jovens adquirem de modo autônomo e, muitasvezes, acrítico.A digital literacy, em termos de educomunicação, se apro-xima muito da área da “mediação tecnológica” porque, se aaprendizagem das novas mídias acontece sem um ensinoexplícito, ou melhor, com a exploração ativa, o aprender fa-zendo, o aprendizado em vez da instrução, é importanteeducar à percepção e seleção crítica das informações, habi-litar e assumir uma certa autonomia e competência para tor-nar-se partícipes da fruição e não somente consumidoresdas novas mídias.

A MedienpädagogikEsta abordagem educativa da comunicação se desenvolveunos países de língua germânica, sobretudo nas últimas dé-cadas. A abordagem reconhece a escola como preponde-rante para a atuação das suas práticas reflexivas e ativas,

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da formação nos é pedido para educar a um consumo com-partilhado, criar situações onde o seu uso seja o mais pos-sível social, para evitar o isolamento do jovem no seumundo privado.Outro tema daMedia Education, discutido pelas novas mí-dias, é a leitura crítica. Tradicionalmente, educar às mídiassempre significou criar condições para que o jovem desen-volvesse competências de leitura inteligente e consciente,para educá-lo à autonomia e preservá-lo da dependência dasmídias.Porém, as novas mídias e, em particular, os celulares comcâmera, junto com a difusão dos blogs e dos serviços de so-cial network (como YouTube), fazem dar um salto em frente,em relação às possibilidades de criticar os meios de comu-nicação, visto que os jovens tornam-se autores e não so-mente consumidores. Na realidade, hoje é simples demais“rodar” um vídeo, e também publicá-lo na Rede. O pro-blema é então educar à responsabilidade, com tudo o queisto comporta em relação à ética da representação.A New Media Education, entendida como educação àsnovas mídias, deve focar uma educação cultural, visto queas transformações trazidas pelas novas tecnologias estãomodificando profundamente os cenários culturais, cons-truídos com a colaboração das novas gerações: pela socia-lização horizontal, porque se anula o passado, se perde ofuturo e se enfatiza o presente; pela superabundância de ca-nais de comunicação; pelo consumo a conta-gotas e simul-tâneo; porque os meios são parte da sua vida, canaisnormais através dos quais passa a sua comunicação, tecidapor suas práticas cotidianas.Outro dado é a necessidade de repensar radicalmente a for-mação inicial e a ação dos professores, porque com umacultura da mídia como aquela que se vislumbra hoje, é im-possível pensar um só aspecto da atividade didática e edu-cativa que não tenha nenhuma relação com a mídia.Outra vertente contemporânea, próxima da New MediaEducation, é a digital literacy, da qual David Buckingham

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Às crianças/adolescentes/jovens da sociedade digital, e aosseus formadores, é urgentemente solicitada uma forte com-petência na comunicação. O uso generalizado da informá-tica e da telemática, a exigência de sensibilização intercul-tural e ambiental, a proposta de gerir a linguagem audiovi-siva, a necessidade de instaurar relações interpessoais radi-cadas na comunicação empática e a exigência, expressaainda timidamente, de retornar a um diálogo com a natu-reza e com as coisas, colocam a educação à comunicaçãocomo compromisso imprescindível que deve ser desmem-brado em quatro eixos:

– o eixo da comunicação interpessoal (consigo, ou co-municação intrapessoal serena e madura em cada es-tágio evolutivo; com os outros, ou comunicaçãointerpessoal empática; com o Outro – Transcendente– ou comunicação-diálogo que vai da oração pessoalà celebração da liturgia);

– o eixo da comunicação com o ambiente (educaçãoambiental; educação pluricultural e plurilingüística;educação à cidadania ativa);

– o eixo da comunicação de massa mediada, em relaçãoàs velhas mídias (imprensa escrita, rádio, televisão ecinema) e em relação às novas mídias off-line e on-line (uso da multimídia interativa e da Rede nos seuscomponentes de fruição e de produção);

– o eixo da comunicação com as coisas (atividades ma-nuais; música; dança educativa; esporte; expressãoartístico/pictórica; teatro).

A teorização de Caterina Cangià, que recebe contínuo feed-back do ambiente educativo de “La Bottega d’Europa”, des-taca como, em uma sociedade que caminha cada vez maispara o consumo virtual, é necessário refundar as práticascomunicativas partindo do relacionamento e da experiên-cia com as origens corpóreas, manuais, dos sinais e dasmensagens. As linguagens expressivas garantem a multi-plicidade, a complexidade e o entrelaçar-se da comunica-ção, qualidades sem as quais o papel de «atores sociais» das

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mas dá relevo também a outros âmbitos de formação, comoo mundo do trabalho e da família. Como a Media Educa-tion, esta se explicita em:– Educação aos meios (Medienerziehung), que promoveuma iniciação às mídias, concentrando-se, principal-mente numa educação crítica dos instrumentos e das lin-guagens comunicativas;

– Didática dos meios (Mediendidaktik), que se ocupa comas funções, os efeitos e o desempenho dos meios no âm-bito do ensino e da aprendizagem;

– Informação sobre / alfabetização aos meios (Medienkun-de) é a transmissão de conhecimentos acerca dos meiose de competências técnicas básicas. Esta encontra lugarnão somente na formação escolar, mas também sempremais na formação dos adultos e em âmbitos do trabalhojuvenil;

– Pesquisa sobre os meios (Medienforschung), que com-preende todas as reflexões das ciências da formaçãoacerca da análise e da investigação referentes às questõesda educação, da formação, do desenvolvimento, daaprendizagem e do crescimento midiático de todas as fai-xas etárias.

A proposta multidimensionalAteorização que conceitua a educação à comunicação comoum conjunto de ‘quatro eixos’ que se desenvolvem num ho-rizonte muito mais amplo foi identificada por Caterina Can-già,45 FMA, docente de Novas Tecnologias na UniversidadePontifícia Salesiana de Roma e Diretora da “La Bottegad’Europa”, uma escola de comunicação para crianças e jo-vens.

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45 CANGIÀ Caterina, Educare alla comunicazione interpersonale,ambientale, mediata di massa e manuale-espresssiva, em «OrientamentiPedagogici» (2002) 3, 405-420; ID., La formazione alla comunicazione,em «Orientamenti Pedagogici» 53 (2006) 1, 21-35; ID., Educare allacomunicazione i ‘digitali nati’, (lançamento em 2008), Roma, Multidea.

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crianças/adolescentes/jovens aconteceria de modo anônimoe sem identidade.Os fundamentos antropológico-filosóficos da teorização sãode matriz personalista com um fundo de existencialismocristão e dão grande abertura às recentes abordagens dasneurociências, em particular às descobertas sobre os neurô-nios-espelho. A ênfase na reciprocidade, que permite «re-conhecer-se» como um dom recebido a ser restituído aolongo da vida, que favorece a dinâmica dialógica da pes-soa, o seu crescer com e para os outros na abertura à comu-nidade e em vivência humana continuamente renovada pornovas presenças, é o contorno de toda a reflexão e prática doeducar à comunicação como realidade multidimensional.

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ÍNDICE

APRESENTAÇÃO ................................................................. 5INTRODUÇÃO ...................................................................... 7

1. EDUCOMUNICAÇÃO .................................................. 102. EDUCAÇÃO E COMUNICAÇÃO NO CARISMA .... 15Dom Bosco comunicador .................................................. 15Maria Domingas Mazzarello,mulher de relacionamento ................................................. 16Aberturas comunicativas, ontem e hoje............................. 18

3. EDUCAÇÃO E COMUNICAÇÃO:DUAS REALIDADES DE IGUALVALOR .................. 22Uma relação que vai da autonomia à cooperação.............. 22Outras maneiras de pensar e falar da relação

entre educação e comunicação................................... 24Educar e comunicar para construir comunidade................ 26

4. PASSOS DE UM CAMINHO ......................................... 28Para atualizar o carisma..................................................... 29

5. EXPERIÊNCIADE UM PROCESSODE EDUCOMUNICAÇÃO ............................................ 33Seminários continentais..................................................... 33Constantes que afloraram .................................................. 35Desafios e prospectivas ..................................................... 37

6. ELEMENTOS PARAPROJETARCAMINHOS CONCRETOS........................................... 40Aspectos essenciais............................................................ 42

CONCLUSÃO ....................................................................... 44ANEXO 1 ............................................................................... 45Comunicação e educação no pensamento

de alguns autores........................................................ 45

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Célestin Freinet ................................................................. 45Paulo Freire....................................................................... 46Mario Kaplún .................................................................... 47Ismar de Oliveira Soares .................................................. 48

ANEXO 2 ............................................................................... 50Algumas prospectivas teóricas sobre a inter-relação

educação-comunicação............................................. 50A Media Education ........................................................... 50A Medienpädagogik .......................................................... 53A proposta multidimensional ............................................ 54

BIBLIOGRAFIA .................................................................. 57

TEXTOS DEAPROFUNDAMENTO ................................ 59

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