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Instituto Primeira Chance | Relatório 2011 2015

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Relatório com resumo das atividades dos primeiros 5 anos do Instituto Primeira Chance

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Denominação

ASSOCIAÇÃO PRIMEIRA CHANCE

Presidente

RICARDO CUNHA SALES

Vice-Presidente

DAVID PEIXOTO DOS SANTOS

Diretor Financeiro

ISAAC GURGEL JUCÁ DE ARAÚJO

Conselho Fiscal

ARMÊNIA MARIA SALES

CAIO CÉSAR CARVALHO LIMA

LUCAS ROCHA AMARO

Conselho Consultivo

ANA MARIA NOGUEIRA STUDART GOMES

CASSIUS LEAL

DANIEL LAVOURAS

DAVID PEIXOTO

JOSÉ BARRETO NETO

MÁRCIA MOURA

MARTIN ESCOBARI

RICARDO SALES

d a d o s i n s t i t u c i o n a i s

3 |

Equipe

ARMÊNIA MARIA SALES

CÁSSIA DINIZ SILVEIRA

CAIO LIMA

GUILHERME SALERMO

ISAAC JUCÁ

JONAS AMARO

LÍVIA SILVEIRA

LUCAS SÁ

RAFAEL ROCHA

RODRIGO CASTELO BRANCO

SAMUEL ALBUQUERQUE

SOBRE A PUBLICAÇÃO

Consultoria

GORETI MACÊDO

Fotos

acervo da Associação Primeira Chance

Projeto Gráfico

ALEXANDRE SANTOS

Revisão

DIANA MELO

Contato

Av. Santos Dumont, 3131 - sala 816 - Torre Comercial Del Paseo

Fortaleza (CE) | CEP 60150-162

+55 85 99966-1716

[email protected]

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DADOS INSTITUCIONAIS .................................................................................................... 3

APRESENTAÇÃO .................................................................................................................. 5

FOI ASSIM QUE COMEÇOU ............................................................................................... 7

TECENDO A MANHÃ ........................................................................................................ 10

A PRIMEIRA CHANCE ..................................................................................................... 12

ESTRUTURA ORGANIZACIONAL ..................................................................................................... 13

VALORES ............................................................................................................................................... 15

CONSTRUINDO UMA TECNOLOGIA SOCIAL ............................................................... 16

DIVULGACÃO DA PRIMEIRA CHANCE E CAPTAÇÃO DE NOVOS BOLSISTAS .................. 17

SELEÇÃO DOS BOLSISTAS ................................................................................................................. 18

MONITORAMENTO ............................................................................................................................. 19

AVALIAÇÃO ......................................................................................................................................... 20

OLIMPÍADAS - RESULTADOS [2014 - 2015] .................................................................................. 21

PRIMEIRA CHANCE EM NÚMEROS .............................................................................. 22

BOLSISTAS ............................................................................................................................................. 23

ORIGEM DOS RECURSOS ................................................................................................................... 23

BOLSISTAS NA UNIVERSIDADE ....................................................................................................... 24

A EDUCAÇÃO MUDANDO O DESTINO DE JOVENS EXCLUÍDOS ......................... 25

A PERSISTÊNCIA E O SUCESSO DO PRIMEIRO BOLSISTA ........................................................ 27

A INQUIETAÇÃO QUE CONSTRÓI SONHOS .................................................................................. 29

A “BARRA” MAIS ALTA: O SALTO PARA UM NOVO HORIZONTE ....................................... 33

LIVROS EM VEZ DE BONECAS: A TROCA QUE AMPLIOU O VOO ......................................... 36

UMA JOVEM QUE SONHA: O UNIVERSO CONSPIRA ................................................................ 39

ALGUNS DE NOSSOS TALENTOS ..................................................................................................... 41

REDE DE PARCEIROS ....................................................................................................... 43

S U M Á R I O

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A P R E S E N T A C Ã ONinguém caminha sem aprender a caminhar, sem aprender a fazer o caminho caminhando, refazendo e retocando o sonho pelo qual se pôs a caminhar.

PAULO FREIRE

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O presente relatório tem, entre outros objetivos, apresentar aos parceiros,

à sociedade e aos bolsistas os principais resultados alcançados pela Pri-

meira Chance no decorrer de seus cinco anos de atuação. Por isso, é de

grande satisfação para todos que compõem a rede da entidade e retrata o

comprometimento de tornar pública a experiência, no sentido de mobilizar

vontades de outros atores, para que possam contribuir com o rompimento

do ciclo de pobreza e isolamento social que imobilizam adolescentes e jo-

vens, cerceando seus sonhos.

Nossa oferta de bolsas gerou condições de acesso à escola de qualidade,

com todas as ferramentas e recursos para o crescimento de jovens, e que

associada à valorização de seus potenciais, mostrou que estamos trilhando

o caminho certo.

Temos consciência de que nossa responsabilidade aumenta a cada ano e

que talvez ainda estejamos fazendo pouco, mas por outro lado, com base

nas histórias aqui relatadas, acreditamos contribuir, de alguma maneira,

para voos inimagináveis em busca de um futuro melhor.

Nossos planos são de continuar, ampliar o número de bolsistas e aperfei-

çoar cada vez mais nossa prática, tomando como referência o nosso fazer

e buscando novas tecnologias.

Assim, colocamos em suas mãos o relatório da Primeira Chance.

Abraço!

RICARDO SALESPresidente

Tenho altas expectativas.

Voar baixo não é a minha

opção. JAQUELINE

ex-bolsista da Primeira Chance – Aluna do INSPER

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f o i a s s i mq u e c o m e c o uO ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA (IDEP) É UM INDICADOR EDU-

CACIONAL QUE RELACIONA DE FORMA POSITIVA INFORMAÇÕES DO RENDIMENTO ES-

COLAR (APROVAÇÃO) E DESEMPENHO (PROFICIÊNCIAS) EM EXAMES PADRONIZADOS

COM A PROVA BRASIL. NA SÉRIE HISTÓRICA DO CEARÁ, O IDEP, DE 2005 A 2013, VARIA

ENTRE 3.0 E 3.3, NUMA ESCALA DE 0 A 10 - MEC.

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Os indicadores educacionais do Ceará mostram que há um grande caminho a ser percorrido pelo ensino

público, e apesar da existência de esforços e iniciativas isoladas de estabelecimentos de ensino, o corpo

docente e discente, de forma geral, passam por uma situação crítica, o que dificulta aos jovens o acesso

a um ensino de qualidade.

Nesse cenário adverso, de modo amplo, além das escolas com uma infraestrutura ruim, há os pais, com

nível de escolaridade baixo, como também uma pouca exposição dos alunos à aprendizagem no am-

biente familiar, em uma situação de pobreza que não permite o acesso a bens culturais. Essas situações

escolares são bem mais difíceis para as crianças e os adolescentes. Alimenta-se, portanto, o “ciclo da

pobreza”. As condições vivenciadas pelos pais, de forma geral, acabam sendo as mesmas oferecidas aos

filhos, repetindo-se a história.

Dentro desse contexto, um grupo de jovens executivos formou uma rede de solidariedade com a pers-

pectiva de gerar oportunidade para que grandes talentos, com desempenho escolar brilhante, não se

perdessem no vácuo das desigualdades sociais.

Nada era oficial, pois se tratava de uma iniciativa coletiva que seria colocada em prática com recursos

próprios. Até aquele momento, não estava desenhada a ideia de futuramente instituírem uma associação

ou algo similar. Estavam mobilizados e disso surgiu a ação que foi desenvolvida de forma simples e

despretensiosa. Sabiam apenas que era o tempo de começar. E começaram.

A trilha seguida foi sendo traçada e teve como referência os resultados das Olimpíadas de Conhecimen-

to: inicialmente, a Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP) e posteriormente

as demais, como por exemplo, as Olimpíadas de Português, Ciências e Física.

Atentos aos resultados das referidas olimpíadas, observaram que em meio a tantos estudantes que fre-

quentavam escolas consideradas de alta qualidade, a exemplo dos colégios militares, que se destacavam

com medalhas de ouro, prata e menções honrosas, surgiam nos resultados apresentados grandes talen-

tos, meninos e meninas estudantes de escolas públicas, escondidos pelo sertão do Ceará.

DESVENDANDO A OBMEP - A Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas foi organizada pelo Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), em parceria com o Ministério da Educação e Cultura (MEC), com o apoio do Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (IMPA) e da Sociedade Brasi-leira de Matemática (SBM). Seus objetivos principais consistem em estimular e promover o estudo de matemática entre os alunos das escolas públicas; contribuir para a melhoria da qualidade da Educação Básica; identificar jovens talentos e incentivar o seu ingresso nas áreas científicas e tecnológicas; incen-tivar o aperfeiçoamento dos professores das escolas públicas, contribuindo para sua valorização profis-sional. Visa ainda integrar as escolas públicas com as universidades públicas, institutos de pesquisas e sociedades científicas, num processo de inclusão social por meio da difusão do conhecimento.É dirigida a alunos do 6º ao 9º ano do ensino fundamental e premia alunos com medalhas de ouro, pra-ta, bronze e certificados de menção honrosa, Bolsa de Iniciação Científica Júnior do CNPq. As escolas públicas são premiadas com equipamentos de informática e bibliotecas.

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Do resultado da Olímpiada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP) de 2009, foi des-

coberto o primeiro bolsista da Primeira Chance: Carlos Alexandre, medalhista de ouro, estudante da

Rede de Ensino Fundamental, do Município de Amontada (CE).

O município de Amontada (Ceará) está localizado na Zona Norte do Estado – Microrregião de Itapipoca. Segundo dados do IBGE 2010, a população do município é de 39.233 habitantes.No tocante ao Ensino e ainda segundo o IBGE, há cinquenta e sete escolas do Ensino Fundamental: duas do Ensino Médio e sessenta do Ensino Pré-Escolar.

Como alcançá-lo? Como abordá-lo? O que será necessário oferecer? Essas interrogações, em nenhum

momento, configuraram-se impedimento diante da determinação do grupo. Mãos à obra, então.

Nesse processo de captação do primeiro aluno, optaram por utilizar o telefone como meio de comu-

nicação. Mas não foi a decisão mais acertada. A cada telefonema para a Prefeitura, Secretarias de

Ação Social, Secretarias de Educação e escolas, a história era repetida e, de uma forma geral, causava

espanto e desconfiança, afinal, “esmola grande, o cego desconfia”.

A determinação do grupo em encontrar o aluno desencadeou uma verdadeira investigação que de-

mandou muito tempo, até que finalmente conseguiram o contato da família. Na primeira abordagem à

mãe de Alexandre, o resultado não foi muito animador, pois havia desconfiança e incredulidade diante

da proposta que lhe fora apresentada.

Não havia, por parte da família do Alexandre, a certeza de aonde a história poderia chegar. Um fato,

no entanto, colaborou para que aderissem à proposta do grupo: uma tia do Alexandre residia em

Fortaleza e era uma referência familiar na cidade grande, podendo ser um porto e um ponto de apoio

para qualquer eventualidade.

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t e c e n d oa m a n h ã

UM GALO SOZINHO NÃO TECE UMA MANHÃ:

ELE PRECISARÁ SEMPRE DE OUTROS GALOS.

DE UM QUE APANHE ESSE GRITO QUE ELE

E O LANCE A OUTRO; DE UM OUTRO GALO

QUE APANHE O GRITO DE UM GALO ANTES

E O LANCE A OUTRO; E DE OUTROS GALOS

QUE COM MUITOS OUTROS GALOS SE CRUZEM

OS FIOS DE SOL DE SEUS GRITOS DE GALO,

PARA QUE A MANHÃ, DESDE UMA TEIA TÊNUE,

SE VÁ TECENDO, ENTRE TODOS OS GALOS.

E SE ENCORPANDO EM TELA, ENTRE TODOS,

SE ERGUENDO TENDA, ONDE ENTREM TODOS,

SE ENTRETENDENDO PARA TODOS, NO TOLDO

(A MANHÃ) QUE PLANA LIVRE DE ARMAÇÃO.

A MANHÃ, TOLDO DE UM TECIDO TÃO AÉREO

QUE, TECIDO, SE ELEVA POR SI: LUZ BALÃO.

JOÃO CABRAL DE MELO NETO

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Alexandre chegou a Fortaleza acompanhado por uma “madrinha”. Um dos membros do grupo, no caso,

a senhora Armênia Sales, acolheu-o e explicou a proposta mais detalhadamente. Ela realizou a matrícula

do aluno no colégio Ari de Sá, adquirindo também todo o material escolar e fardamento. O Alexandre

contaria com apoio financeiro para passagem e alimentação. Todos os custos com o aluno seriam arca-

dos pelos integrantes do grupo.

No colégio Ari de Sá, o professor Leonardo Bruno, coordenador da Turma ITA à época, foi contatado pelo

grupo e solicitado para que aplicasse um teste de conhecimentos e aptidões com o aluno, no modelo

adotado pelo colégio, e o exame foi feito. Essa aplicação do teste e o resultado apresentado pelo jovem

foram diferenciais.

Alexandre foi aprovado e recebeu a bolsa integral do colégio, passando a compor a Turma Especial de

Alunos.

Lembrando o poeta João Cabral de Melo Neto, de que “um galo sozinho não constrói uma manhã”, a

proposta inicial adquiria um contorno maior e já contava com um grande parceiro: o colégio Ari de Sá.

Os jovens executivos buscaram, então, outros talentos, pois agora poderiam oferecer uma oportunidade

a outro jovem.

Contando com o apoio de todos e ainda estabelecendo como referência o resultado da OBMEP, passa-

ram a “garimpar” novos alunos.

Difícil ter governabilidade sobre uma iniciativa quando ela abre novas perspectivas para pessoas em

um cenário de desigualdades de toda natureza... O grito foi se espalhando e outras pessoas aderiram à

construção da manhã.

As adesões começaram, a princípio com serviços de assessoria jurídica, contabilidade, entre outros, de-

pois surgiram ofertas de participação com recursos.

Todas as pessoas que inicialmente aderiram à ideia faziam parte do círculo de amigos, colegas de facul-

dade e das relações de trabalho dos executivos e de suas famílias. Era chegado o tempo de oficializar

a proposta e criar um espaço legal que pudesse acolher as parcerias e mobilizar mais vontades. Assim,

nasceu a Associação Primeira Chance.

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a p r i m e i r ac h a n c e

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O nome Primeira Chance, escolhido para a associação, remete ao imaginário coletivo, de uma ideia de

oportunidade que, se bem aproveitada, poderá desencadear outras. Nessa perspectiva, ser selecionado

como bolsista da associação sinalizava o início de novo projeto de vida cujo sucesso dependeria do

esforço dos atores diretamente envolvidos.

A Associação Primeira Chance foi criada no ano de 2011 como uma Organização não governamental,

sem fins econômicos, apartidária, com o objetivo de promover a inclusão social de jovens talentosos

de baixa renda, investindo em sua educação.

Fazem parte dos objetivos sociais da Primeira Chance:

I. A promoção de atividades educacionais que devem observar a gratuidade e a forma

complementar de participação das OSCIP’s previstas na Lei nº 9.790/99;

II. A promoção da assistência social;

III. A promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico;

IV. A promoção do desenvolvimento econômico e social, e o combate à pobreza;

V. A promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos humanos, da democracia e de

outros valores universais;

VI. O constante aprimoramento na qualidade do ensino e a ampliação de seu acesso;

VII. O incentivo a estudos e pesquisas, ao desenvolvimento de tecnologias, à produção e

divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos que digam respeito às

atividades mencionadas neste artigo.

ESTRUTURA ORGANIZACIONALA Estrutura Organizacional da Primeira Chance consta das seguintes instâncias:

I. Assembleia Geral;

II. Conselho Deliberativo;

III. Conselho Fiscal;

IV. Diretoria Executiva.

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A Assembleia Geral é o órgão soberano da associação. É um espaço de participação de todos os

associados, que possui um fórum de discussão e votação dos temas de interesse geral relativos às

atividades da entidade, resguardando seus objetivos e valores.

O Conselho Deliberativo, que se compõe de 3 (três) e no máximo 7 (sete) membros, eleitos para man-

datos de 2 (dois) anos, possui, entre outras atribuições, a capacidade de opinar sobre as diretrizes e

políticas a serem adotadas, bem como sobre os meios a serem utilizados para a consecução dos obje-

tivos da associação. Com essa finalidade, sugere alternativas às atividades e propostas desenvolvidas

pela Diretoria Executiva para alcançar os objetivos estabelecidos pelo Estatuto Social, regulamentos e

decisões da Assembleia Geral.

Constitui-se também competência dos membros do Conselho Deliberativo participar de ações da

associação, contribuindo com seu conhecimento profissional, para o sucesso da entidade em suas

atividades sociais.

Compete ao Conselho Fiscal, composto por no mínimo 3 (três) membros, eleitos pela Assembleia Ge-

ral, os trabalhos de auditoria e fiscalização das atividades da associação, incluindo-se aqui as questões

relativas à movimentação econômica financeira.

A Diretoria Executiva é composta pelo Presidente, Vice-Presidente e Diretor Financeiro da associação.

As diversas instâncias administrativas da Associação Primeira Chance atuam de forma harmônica, uti-

lizando ferramentas de gestão que possibilitam transparência de suas atividades. Nesse campo, e com

a participação de todos, geraram instrumentos de controle financeiro, relatórios de acompanhamento

e avaliação dos bolsistas, como o Manual dos Bolsistas. Conta com espaço físico para atendimento aos

bolsistas, seus familiares e parceiros. Constitui-se ainda como um celeiro de aprendizagem, ofertando

estágio no campo da administração no terceiro setor.

CONSELHO FISCAL

CONSELHO DELIBERATIVO

ASSEMBLEIAGERAL

DIRETORIAEXECUTIVA

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VALORES• DETERMINAÇÃO - Acreditar que é importante ter determinação para superar as adversi-

dades da vida e que, sem isso, não é possível atingir o sucesso;

• MERITOCRACIA – Admirar e reconhecer aqueles que se destacam nas atividades a que

se dedicam;

• DEDICAÇÃO – Acreditar que, para ser bem-sucedido, é preciso ter dedicação total, buscar

até o último limite e dar o melhor de si mesmo, sempre;

• VONTADE DE VENCER – Acreditar que a diferença entre o vencedor e o perdedor não é

a força nem o conhecimento, mas sim a vontade de vencer;

• ÉTICA.

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C O N S T R U I N D O U M A T E C N O L O G I A

S O C I A L

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A criação da ONG Primeira Chance exigiu de seus instituidores e parceiros o desenho de metodologias

e instrumentos para a consecução dos objetivos a que se propunham.

O processo de construção de sua tecnologia social foi sendo traçado no esquema de “aprender fazendo”,

e tinha como base os conhecimentos e experiências prévias resultantes da “caçada” inicial aos talentos.

A tecnologia em processo de desenvolvimento para colocar a Primeira Chance em movimento inclui

novas formas de divulgação, uma seleção com critérios próprios que selecione bolsistas de acordo com

os valores estabelecidos e um processo de monitoramento e avaliação.

Contando com parceiros fiéis e comprometidos com a causa, o processo avançou e foram ampliadas

mais oportunidades, não somente aos jovens selecionados na OBMEP. Não seria mais necessário al-

cançar medalhas e menções honrosas. Ser um potencial talento, estudante da Rede Pública de Ensino,

com bons resultados e integrante de família com poucas condições financeiras configuraram-se como

critérios para participação no processo de seleção de bolsa ofertado pela Primeira Chance.

DIVULGACÃO DA PRIMEIRA CHANCE E CAPTACÃO DE NOVOS BOLSISTAS

O processo de divulgação da Primeira Chance conta com um leque de ações que incluem face to face

com visitas aos estabelecimentos de ensino da rede pública, abordagem aos alunos e dirigentes, visita

às famílias e envio de cartas endereçadas às escolas e alunos.

Atualmente, os próprios bolsistas são reeditores da Associação Primeira Chance e prestam um traba-

lho de voluntariado social, engajados na captação, no sentido de trazer novos talentos para compor o

quadro de bolsistas. Retornam às suas escolas e fazem depoimentos, contam suas histórias e tentam

sensibilizar seus pares para aderirem à proposta.

A credibilidade adquirida com os resultados apresentados e a força dos parceiros que chancelaram a

proposta da Primeira Chance despertou o interesse da imprensa, que passou a divulgar os objetivos

e atuação da associação no âmbito local e nacional. Além disso, a estruturação do site também abriu

nova janela de visibilidade e oportunidade de acesso a novos candidatos. Foram também editados

materiais impressos, tais como cartazes e fôlderes.

Outra ferramenta desenvolvida pela associação para a captação de novos bolsistas é o Garimpar.

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Garimpar é uma plataforma, uma conexão para a solidariedade, através da qual é possível encontrar

medalhistas de diversas olimpíadas nacionais e torná-los possíveis candidatos a bolsistas para a Pri-

meira Chance. O Garimpar faz uma busca entre os medalhistas das olimpíadas, de acordo com os

critérios preestabelecidos.

A grande vantagem é que, através dessa plataforma, o acesso é mais rápido a diversas informações

sobre o estudante, tais como nome completo, a escola em que estuda, a série que está cursando e sua

cidade de origem. O acesso rápido e eficaz às informações sobre o aluno é essencial para encontrá-lo,

seja através de carta, telefonema ou visita à escola.

Os passos do Garimpar constituem-se basicamente de:

1. Acesso à plataforma;

2. Seleção da olimpíada por Estado e período;

3. Escolha dos resultados, premiações por aluno e participação dele em todas as olimpíadas;

A plataforma tem a capacidade de dar uma visão geral da quantidade de candidatos disposta no mapa

do estado ou do país, dependendo de quantos estados são selecionados para a busca ou uma tabela

contendo nome, série, escola, cidade e as medalhas dos candidatos.

SELECÃO DOS BOLSISTAS A Seleção dos Bolsistas é gratuita e possui três etapas, todas eliminatórias, que têm como

objetivo avaliar o nível de aprendizado do candidato e perfil psicossocial.

1ª ETAPA

~ Análise do perfil e Histórico Escolar.

2ª ETAPA

~ Aplicação de testes presenciais de conhecimentos nos campos da Língua Portuguesa

e Matemática;

~ Redação.

3ª ETAPA

~ Entrevista com o(a) estudante candidato(a) à bolsa;

~ Rodada de conversa com os pais dos(as) candidatos(as).

A experiência inicial sinalizou a necessidade de trazer a família para participar do processo. A abertura

do diálogo é vista como uma oportunidade para aprofundar as relações entre os proponentes da bolsa

e os (as) futuros (as) bolsistas e familiares, ampliando-se assim o conhecimento da realidade de cada

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candidato (a), suas potencialidades e fragilidades; conhecimento que é essencial ao acompanhamento

psicopedagógico e de forma integral do (a) aluno (a).

Por outro lado, trazer a família para participar do processo gera o sentimento de pertencimento e

corresponsabilidade, além de mantê-la informada sobre a trilha de seus filhos, tanto no processo de

ensino e aprendizagem quanto na construção dos projetos de carreira e vida.

O resultado do processo seletivo, além de “medir” o nível de conhecimento dos candidatos, desenha

seu perfil psicossocial.

Ao ser aprovado em todas as etapas do processo seletivo, o bolsista terá acesso à bolsa de estudos,

que oferece todo o suporte necessário para potencializar as habilidades intelectuais do aluno, material

escolar, uniforme, recurso para transporte e, se necessário, auxílio moradia.

Além da oportunidade de estudar em uma escola de qualidade, o bolsista será incentivado a participar

de competições intelectuais como motivação ao desenvolvimento de todo o seu potencial.

Durante o tempo da bolsa, que corresponde ao ciclo do ensino médio, o bolsista contará com o acom-

panhamento de um mentor integrante do grupo da Primeira Chance, que terá o papel de observar a

evolução do bolsista, avaliando o desempenho, dedicação e identificando problemas e dificuldades

para, junto ao aluno, traçar rotas de enfrentamento.

Em linhas gerais, o mentor poderá ajudar o bolsista fornecendo-lhe todas as informações sobre a

Primeira Chance, analisando os aspectos financeiros para propor reajustes de benefícios, definir estra-

tégias de estudo e orientar o seu plano de carreira.

MONITORAMENTO A proposta do grupo de jovens executivos não se esgota apenas no oferecimento de um ensino de

qualidade, mas à oportunidade de construção de um plano de carreira que proporcione ao aluno uma

melhor condição de vida no futuro, e que se estende a sua família e à comunidade.

Guarda em sua essência o que preconizam os quatro pilares da educação, conceitos de fundamentos

baseados no relatório da UNESCO, da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI, co-

ordenada por Jacques Delors:

1. Aprender a conhecer;

2. Aprender a fazer;

3. Aprender a viver juntos;

4. Aprender a ser.

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A oportunidade de trazer o estudante para Fortaleza ou outros centros dá chance ao conhecimento

de outras realidades, convivência com outras pessoas e manejo de novos espaços. Isso implica em

mudanças de comportamentos, atitudes e aprendizagens mais amplas, que transcendem os muros da

escola. Horizonte novo e, de certa forma, desconhecido para os jovens aprendizes da vida.

No bojo da proposta, o processo de aprendizagem requer do bolsista o desenvolvimento de competên-

cias tais, como: gerenciar o tempo, os recursos (dinheiro para transporte e alimentação), as próprias

relações, enfrentar adversidades, estabelecer parâmetros, conviver com diferenças e se situar no novo

espaço, acessando formas e instrumentos de crescimento pessoal e social. Além disso, passa a exercer

responsabilidades, aprende a necessidade de ter limites e adquire a consciência de sua participação

no processo de ensino aprendizagem.

Nesse contexto, o processo de monitoramento do aluno não se limita às questões quantitativas e não

se restringe, portanto, ao acompanhamento de seu desempenho escolar através da verificação de suas

notas, por exemplo.

Há um viés qualitativo, tendo como fundamental importância a figura do mentor. O mentor, voluntário

da associação e envolvido em seus propósitos, acompanha passo a passo o bolsista, verificando a

questão da assiduidade, dificuldades, facilidades, habilidades e competências. Discute e planeja com

ele (a) os caminhos de enfrentamento de suas debilidades e incentiva o desenvolvimento de fortalezas.

O mentor é âncora do bolsista, sem estabelecer uma relação de dependência. Ele dispõe de um check

list como bússola para monitoramento e avaliação, mas trabalha com escuta ativa, percebendo o bol-

sista como um indivíduo-cidadão capaz de se autoconstruir, reinventar-se, de reconhecer e escolher

seu caminho dentre as opções que a vida oferece.

Há uma interlocução entre o mentor e a direção da Primeira Chance, que participa também de forma

direta do acompanhamento dos bolsistas, com reuniões entre eles e atendimentos individualizados.

O monitoramento utilizado como ferramenta de gestão é aplicado a qualquer momento durante a vin-

culação do aluno à associação, conferindo se os resultados propostos estão sendo obtidos, de forma

que os objetivos e metas sejam alcançados. Levanta questões e sinaliza as necessidades de ajustes,

traz novas ideias para o envolvimento do bolsista e aponta novas possibilidades de crescimento e

redirecionamento dos projetos de carreira e vida.

AVALIACÃOA avaliação dos bolsistas se dá em forma de processo e de resultados, e tem como uma das referências o

monitoramento do mentor e os relatórios de acompanhamento, que são instrumentos internos da associação.

Em linhas gerais, o bolsista da Primeira Chance, com acesso ao ensino de qualidade e a ferramentas de

conhecimento e pesquisa, dispõe de um prazo para o alcance de seus objetivos, normalmente o tempo

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de concluir o Ensino Médio. É oferecida uma oportunidade a esse estudante de trilhar uma carreira

sólida, com perspectiva de ser absorvido no mercado de trabalho. Tem o livre arbítrio para escolher o

seu caminho. Concluído o Ensino Médio, o objetivo é cursar uma faculdade pública.

Há casos em que o aluno não desenvolveu todo o seu potencial e, ao concluir os estudos, não conse-

guiu ingressar em uma faculdade. Depois de avaliadas as suas possibilidades, é lhe dada uma chance

de mais um ano de estudo para recuperar e alcançar seu objetivo. Caso não consiga, é desligado do

programa de bolsa.

OLÍMPIADAS - RESULTAdOS [2014 - 2015]OLIMPÍADAS 2014 2015

Olimpíada Brasileira

de Física (OBF)

Paulo Ricardo Sousa de Castro Carlos Alan Cruz Freitas

Francisco Moisés Aquino Teodósio

Juan Gabriel de Sousa Ponce

Lucas Castro Macedo

Rubens Miguel Gomes Aguiar

Olimpíada Brasileira

de Astronomia e

Astronáutica (OBA)

Paulo Ricardo Sousa de Castro Francisco Romário Silva da Costa

Juan Gabriel de Sousa Ponce

Lucas Castro Macedo

Paulo Ricardo Sousa de Castro

Rubens Miguel Gomes Aguiar

Olimpíada Brasileira

de Robótica (OBR)

Paulo Ricardo Sousa de Castro Francisco Moisés Aquino Teodósio

Juan Gabriel de Sousa Ponce

Lucas Castro Macedo

Rubens Miguel Gomes Aguiar

Canguru

Alexandre Feitosa Silva

Juan Gabriel de Sousa Ponce

Paulo Ricardo Sousa de Castro

Alexandre Feitosa Silva

Carlos Alan Cruz Freitas

Felipe Ferreira Araújo Paulino Bastos

Francisco Moisés Aquino Teodósio

Francisco Romário Silva da Costa

Juan Gabriel de Sousa Ponce

Letícia Viana Guerra

Lucas Castro Macedo

Matheus Chaves Vieira da Costa

Paulo Ricardo Sousa de Castro

Rubens Miguel Gomes Aguiar

Ouro BronzePrata Menção

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p r i m e i r a c h a n c ee m n ú m e r o s

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BOLSISTAS

ORIGEM DOS RECURSOS

2014 2015

membros

p. físicavia conta

p. jurídicavia conta

via internet

42%

17%39%

memmbbrros

via interneett

02%07%

24%

67%

2011 2012 2013 2014 2015

02bolsistas

06bolsistas

14bolsistas

21bolsistas

27bolsistas

bolsistas

bolsistaass

bolsistass

bolsistas

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2 0 1 5

EX-BOLSISTAS NA UNIVERSIDADE

INSPER

ITA

UFC

UNICHRISTUS

UVA

06bolsistas

04bolsistas

01bolsista

01bolsista

01bolsista

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A E D U C A C Ã O M U D A N D O O D E S T I N O D E

J O V E N S E X C L U Í D O S

Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas.

Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do voo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Dei-xaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o voo.

Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em voo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o voo, isso elas não podem fazer, porque o voo já nasce dentro dos pássaros. O voo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado.

RUBEM BRAGA

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Sabe-se que o ser humano tem capacidade de crescer de acordo com o ambiente que o cerca. Mas não

se trata aqui do desenvolvimento físico, e sim do desenvolvimento espiritual, emocional e intelectual.

Enquanto algumas espécies são obrigadas a aceitar os limites do ambiente, para o seu próprio bem,

os seres humanos estão livres para estabelecer as fronteiras dos seus sonhos.

Reservamos este espaço para apresentar a Primeira Chance através dos bolsistas, contando a história

de cada um. Nossa intenção é demonstrar que, em condições favoráveis, os jovens podem alcançar o

crescimento necessário para se tornarem protagonistas de seu destino.

Os bolsistas que participaram das entrevistas foram aqueles que já concluíram o ciclo na Primeira

Chance e agora voam em céu de brigadeiro. Estão realizando seus projetos de vida aqui ou ali, mas

sempre presentes...

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A PERSISTÊNCIA E O SUCESSO dO PRIMEIRO BOLSISTA

Meu nome é Carlos Alexandre, tenho 21 anos, sou natural de Fortaleza, mas morei em Amontada. Sou

filho de uma empregada doméstica e atualmente o meu pai está desempregado. Tenho dois irmãos e

sou o mais velho dos três filhos.

Sempre estudei em escola pública, onde tudo era bem difícil. Não tive acesso à internet e havia poucos

livros na biblioteca da minha escola.

Comecei a me interessar pelas Olimpíadas de Matemática. Consegui destaque quando frequentava o

5º ano do Ensino Fundamental I e fiquei mais motivado. Comecei a estudar matemática com o intuito

de ser visto e conseguir alguma coisa...

No 9º ano, recebi medalha de ouro na OBMEP. Nessa época, a Primeira Chance estava começando. O

grupo tomou conhecimento do meu resultado e me viu. Foram atrás de mim.

Perguntaram se eu gostaria de estudar em Fortaleza com uma bolsa de estudo. Eu aceitei na hora. Na

verdade, era o que eu queria: a oportunidade de ser visto e tentar chegar a algum lugar.

Com a bolsa, fui estudar no colégio Ari de Sá. Consegui me dedicar mais e também conheci o Instituto

de Tecnologia da Aeronáutica (ITA), uma instituição bem reconhecida e que tem a fama de “fabricar”

excelentes engenheiros. No terceiro ano do Ensino Médio, eu me submeti ao vestibular do ITA, mas

não fui aprovado de primeira. Tentei várias vezes e agora, no ano de 2015, fui aprovado. Quando eu

consegui o resultado, fiquei bastante feliz. Pude perceber aonde eu poderia chegar a partir da minha

vontade e da ajuda de outras pessoas. Com esse resultado, espero incentivar outras pessoas. Não

importa de onde elas venham, sei que podem chegar aonde quiserem.

Eu fico feliz por existir um projeto como o da Primeira Chance, que resgata pessoas na minha condição

e dá oportunidade para que os sonhos delas se tornem realidade. Espero que o meu resultado motive

outras pessoas, no sentido de acreditarem na Primeira Chance.

Eu fico feliz por existir um pro-jeto como o da Primeira Chan-ce, que resgata pessoas como na minha condição e dá opor-tunidade para que os sonhos delas se tornem realidade.

CARLOS ALEXANDRE

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Tenho o sonho de ser um grande engenheiro e poder ajudar no desenvol-

vimento do meu país, pois acredito no Brasil. Quero ajudar à minha família

e meus irmãos, para que eles possam ter mais chances diferentes daquelas

que tive antes de ser bolsista da Primeira Chance.

Ter filhos e poder ter condições de lhes proporcionar o acesso à escola de

qualidade.

O que mais me marcou foi o fato de ter sido aprovado no ITA, que consegui

na terceira tentativa. Esse vestibular é difícil e requer do aluno tanto co-

nhecimento da matéria quanto de si mesmo. Por exemplo, no ano passado,

eu acreditava que tinha condição de ser aprovado e não realizei uma boa

prova. Neste ano, eu estava mais confiante e mais tranquilo. E foi o que

também influenciou minha aprovação. Além de ser necessário estudar, é

preciso saber estudar.

Quando recebi o resultado do ITA, fui procurar a minha mãe, que estava no

trabalho. Dei a notícia e ela chorou. Quando aceitei a proposta da Primeira

Chance e depois que ela entendeu, ficou animada. Ela queria que eu tivesse

uma oportunidade de estudar, pois sabia aonde eu poderia chegar e, como

bolsista, eu teria essa oportunidade. Minha mãe não teve acesso à escola.

Acredito que há pessoas que querem ajudar. Gostaria que este projeto fosse

bem visualizado, para que as pessoas tomem conhecimento de que deu

certo.

Acredito que há pessoas que

querem ajudar. Gostaria que

este projeto fosse bem visu-

alizado, para que as pessoas

tomem conhecimento de que

deu certo.

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A INQUIETACÃO QUE CONSTRÓI SONHOS

Meu nome é Wenderson Oliveira, sou natural de Fortaleza, mas morei boa parte da minha infância

com meus pais, em Caucaia. Minhas idas e vindas começaram cedo. Aos 10 anos descobri que, no

interior onde meus avós moravam, na cidade de Beberibe, uns austríacos desenvolviam um projeto no

qual uma das atividades era a oferta de aulas de inglês, alemão para crianças e cursos profissionali-

zantes de hotelaria para os jovens egressos do ensino médio. Fiquei interessadíssimo e, com a ajuda

da minha tia, consegui convencer meus pais a me deixarem morar com meus avós naquela cidade e

participar do projeto.

Naquele período, além de ter a oportunidade de aprender outra língua, participei de uma Olimpíada

de Matemática. Na verdade, aluno do sétimo ano do Ensino Fundamental não tinha muita noção do

que era uma competição nacional, mas eu gostava bastante do modelo da olimpíada, que utiliza de

questões não estruturadas, o que requer raciocínio e vai além da resolução das formulas.

Participei da competição e, inesperadamente, ganhei minha primeira medalha de bronze na OBMEP,

a primeira da competição na cidade. Foi sensacional porque, quando a recebi, consegui ver de forma

concreta que meus estudos poderiam, e que renderiam mesmo, ótimos frutos.

Em Beberibe, conheci a senhora Sonia Gomes, que me ajudou bastante. Funcionária do Banco do Bra-

sil em Fortaleza, ela era proprietária de uma casa de veraneio em Beberibe (Parajuru) e lá ministrava

aulas de português e matemática para os jovens que tinham interesse em concursos públicos ou de

ingressar na universidade. Sempre gostei bastante de questões de lógica e então passei a estudar com

os aspirantes aos concursos públicos, embora não fizesse parte do público preferencial das aulas.

Dona Sonia teve um papel bastante importante na minha vida, pois a convivência com ela me fez

despertar. Tudo aquilo que eu estudava não era só para ganhar medalhas ou para tirar as melhores

notas, mas sim para cursar uma universidade e construir meu futuro. Ela foi a primeira pessoa a me

mostrar o quanto meu mundo poderia ser maior.

Para aproveitar essas oportuni-dades que me foram dadas, foi preciso a existência da Primeira Chance. Recebi e recebo o su-porte necessário até hoje. Sou infinitamente grato e espero, de um jeito ou de outro, poder continuar contribuindo para que mais oportunidades como as que me foram proporcionadas sejam dadas para mais alunos e que eles saibam aproveitá-las muito bem.

WENDERSON OLIVEIRA

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Concluído o curso de Inglês do projeto, voltei a morar com os meus pais

em Caucaia e passei a frequentar o Ensino Médio. Busquei vaga em um

colégio profissionalizante e tornei-me aluno da EEEP Presidente Roosevelt,

em Fortaleza.

Para ter acesso a essa escola foi necessário participar de um processo se-

letivo. Não tinha segurança acerca do resultado e estava bastante ansioso.

Felizmente e, surpreendentemente para mim, acabei sendo aprovado em

primeiro lugar para o Curso Técnico de Edificações na escola. Eu e minha

família ficamos absurdamente felizes com a notícia.

Ainda na escola, participei da Feira de Ciência e Cultura (Mostra de Ciência

e Cultura SEFOR), oportunidade em que apresentei o trabalho “Reciclagem

dos Resíduos Sólidos na Construção Civil”, em parceria com um colega,

sendo agraciado com o 2º Lugar. Foi sensacional a experiência.

Em 2012, o anjo incentivador de meus sonhos reapareceu. D. Sonia entrou

em contato comigo e falou sobre uma matéria publicada no Jornal Valor.

Na matéria, havia a referência a um grupo de pessoas em Fortaleza que

estava com um projeto que concedia bolsa a jovens talentosos de escola

pública. Não sabia se me encaixava no perfil, mas tinha certeza que eu

queria muito fazer parte daquele negócio. Ela apenas me informou o nome

do projeto: Primeira Chance.

Não perdi tempo, fui logo procurar e na internet encontrei o site, e já enviei

um e-mail falando do meu interesse em participar do processo seletivo. A

resposta foi imediata. No mesmo dia eles me convidaram para participar,

com a informação de que a primeira fase seria naquele sábado.

Outra vez tive que convencer meus pais de que era uma oportunidade sen-

sacional, que faria sentido, mesmo que precisasse sair do meu atual colégio

(o melhor patamar que tínhamos em mente até então). Ao final, eles confia-

ram e me deixaram tentar. Mesmo receosos, sempre tiveram essa postura

de acreditar em mim e me apoiar com tudo o que precisava, principalmente

com relação aos meus estudos.

Conforme agendado no sábado, eu fui fazer a prova, que foi tranquila. Eu

estava confiante, mas não queria criar expectativas. Quando tive a resposta

de que tinha passado para a entrevista, no sábado seguinte, foi incrível. Fui

com minha mãe para a entrevista (descobrimos na hora que ela também

seria entrevistada). Foi ótimo, gostei de conhecer as pessoas que estavam

envolvidas no projeto.

Além dos envolvidos na proposta da Primeira Chance serem muito interes-

santes, a ideia do projeto para mim era sensacional e, naquele momento,

mais do que qualquer coisa, eu queria fazer parte daquela equipe.

Tomar conhecimento do re-

sultado do processo seletivo e

de que eu havia sido apro-

vado foi uma das melhores

notícias que já recebi, e

com certeza a que mudaria

totalmente o rumo que minha

vida tomaria daí em diante.

Tudo aquilo que eu estuda-

va não era só para ganhar

medalhas ou para tirar as

melhores notas, mas sim

para cursar uma universida-

de e construir meu futuro.

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Tomar conhecimento do resultado do processo seletivo e de que eu havia

sido aprovado foi uma das melhores notícias que já recebi, e com certeza

a que mudaria totalmente o rumo que minha vida tomaria daí em diante.

Passei a estudar na turma ITA do Ari de Sá, e a diferença para a escola pú-

blica era absurda. As notas excelentes que eu até então alcançava no meu

universo anterior despareceram. Ao me deparar com notas baixas, tomei

consciência de que eu não estudava o suficiente e que tinha que mudar se

quisesse estar entre os melhores daquela turma e conseguir bons resultados.

Modéstia à parte, eu tenho orgulho em dizer que no final desse segundo ano

tirei nota 10 em uma prova de matemática estilo IME.

Outro ponto academicamente sensacional que a Primeira Chance me pro-

porcionou, além da oportunidade de estudar no colégio Ari de Sá, foi o fato

de voltar a participar das olimpíadas. Agora não somente de matemática,

mas também de física e de química. No segundo ano do Ensino Médio,

ganhei menção honrosa nas olimpíadas das quais participei. No terceiro

ano, ganhei medalhas de prata nas Olimpíadas Cearenses de Física e de

Matemática, com a ressalva de que fui o único medalhista de prata do Ari,

dentre todos os alunos da terceira série.

Naturalmente, todo suporte financeiro e acadêmico ofertado pela Primeira

Chance foi essencial para mim, mas acredito que um dos maiores diferen-

ciais do projeto foi a minha mentora, Larissa de Lima. Embora não muito

frequentes, foram sensacionais nossas conversas. Sua experiência de ter

estudado fora, o quanto ela acreditava em mim e a certeza do quão longe

eu conseguiria chegar...

Ela estava sempre disposta a me ajudar a conseguir meus objetivos. Talvez

eu nunca consiga agradecer o suficiente e espero muito conseguir fazer

essa diferença para alguém, algum dia.

Outro ponto que a monitora me ajudou muito foi sobre pensar a respeito

de qual curso eu iria fazer na faculdade. Estava bem decidido de cursar

Engenharia, e Larissa não se posicionou contra. Ela me mostrou um pouco

o lado da profissão de consultor, que era o ramo no qual ela trabalhava,

e também conversei com outros membros do projeto, enquanto decidia a

minha carreira. O fato de buscar alternativas e enxergar outros caminhos

teve muita influência da minha monitora, que foi muito importante. Ainda

hoje mantemos contato e nossas conversas são sempre muito interessantes.

Foi naquela fase de dúvidas que o INSPER apareceu na história. Depois

da articulação entre a Primeira Chance e o Instituto, os alunos do 3º ano

e os bolsistas foram convidados a participar de um evento em São Paulo

para conhecerem a faculdade. Esse evento é sempre realizado para po-

tenciais alunos.

O fato de buscar alterna-

tivas e enxergar outros

caminhos teve influência

da minha monitora, que

foi muito importante.

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A estrutura da faculdade é sensacional e a proposta apresentada estava alinhada com o que estava

procurando.

Esse dia teve um peso grande em minha decisão, mas não foi definitivo. Voltei de São Paulo com mui-

ta informação para digerir, conversei com bastante gente em Fortaleza sobre isso, até quando saíram

os resultados dos vestibulares. Fui aprovado em Engenharia (IME) na UECE e EFOMM, mas entrar

para o INSPER me pareceu, na época, a melhor decisão. Hoje, não sei como seria se tivesse seguido

a carreira de Engenharia, mas com certeza estou gostando muito do quanto estou crescendo nesse

período na faculdade, pessoal e profissionalmente falando.

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A “BARRA” MAIS ALTA: O SALTO PARA UM NOVO HORIZONTE

Oi meu nome é Kassiopeya, tenho 18 anos e estou cursando Administração no INSPER.

Nasci em Fortaleza e sou de uma família composta por militares. Meu pai é policial, um tio é bombeiro

e outro é do Exército. Sempre tive a presença militar em minha vida e naturalmente estudei no colégio

da Polícia Militar do Ceará, por influência da família e por ser um colégio público que oferece um en-

sino de qualidade. No colégio, eu aprendi muitas coisas que marcaram minha vida e que ainda trago

comigo... Lá, a participação de alunos nas olimpíadas ou grupos especiais de estudos valem medalhas.

Desde que ingressei no colégio, ficava me perguntando o que era preciso fazer para ganhar medalhas.

Eu fazia questão de ter medalhas no uniforme... Isso me motivava bastante e me aproximou da carreira

militar. Eu gostava do sistema de meritocracia e da disciplina aplicada na rotina das atividades.

Decidi que seria militar. Meu pai não gostou muito da minha decisão, mas contei com o apoio de ou-

tros membros da família. Fui crescendo e participando de várias olimpíadas, recebi medalhas de prata,

de bronze e menções honrosas na OBMEP.

No início do Ensino Médio, eu estava muito engajada nas atividades, participava de um grupo especial

de alunos, gostava muito do ambiente e das pessoas que me incentivavam, a exemplo dos professores

e da direção da escola.

Quando eu terminei o 1º ano do Ensino Médio, não estava mais tão decidida se seguiria a carreira

militar, então pensei: o que eu quero realmente fazer? Como gostava muito de matemática e física,

pensei em Engenharia. Fazia sentido.

Na Primeira Chance, eu não tinha somente a bolsa, mas também um mentor... Tínhamos uma relação próxima, conversávamos muito e, em nossas conversas, pude conhecer outras perspecti-vas de carreira. Isso é o que mais agradeço à Primeira Chance: o impacto em minha vida. Participar do Programa de Bolsas abriu um leque de opções. Eu não enxerga-va tudo que eu poderia fazer.

KASSIOPEYA

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Conheci a proposta do ITA e do IME, dois polos de excelência na Enge-

nharia e que formam militares. Recebi todo apoio da minha família, e se

você quer isso, deve correr atrás. O maior desafio era a concorrência do

vestibular.

Em nenhum momento deixei de acreditar na minha capacidade de ser apro-

vada, mas sabia que o colégio e o que eles ofereciam eram limitados para

que pudesse alcançar a meta. Havia uma coisa que sempre pensava: sou a

melhor aluna da turma, será que é porque sou inteligente ou as coisas são

fáceis aqui? Talvez a “barra” não estivesse tão alta... Eu tinha clareza que

precisava fazer um curso preparatório para o vestibular. Conhecia diversas

pessoas que tinham conseguido bolsas de estudo em colégios particulares.

Ao final do 1º ano, recebi uma ligação de um coordenador do colégio Ari

de Sá, que me falou sobre um grupo de pessoas que estavam interessadas

em “bancar” os estudos de jovens com potencial e eles acreditavam que

eu me enquadrava nessa classificação. Eles sempre deixaram claro que não

era somente uma bolsa de estudo no colégio Ari de Sá, que a proposta era

mais ampla. Mas a possibilidade de estudar lá “caiu como uma luva”. Fiz

o processo seletivo e fiquei muito feliz por ter sido convidada, e mais ainda

por ter sido aprovada.

Eu fiz parte da terceira leva de bolsistas da Primeira Chance. Antes de mim,

tinham dois bolsistas; comigo, foram selecionados três. Na Primeira Chan-

ce, era tudo novo ainda. Deu para perceber que as coisas ainda estavam

se moldando. O interessante é acompanhar a evolução de quando entrei e

de como está hoje.

Na Primeira Chance, eu não tinha somente a bolsa, mas também um men-

tor... Tínhamos uma relação próxima, conversávamos muito e, em nossas

conversas, pude conhecer outras perspectivas de carreira. Isso é o que

mais agradeço à Primeira Chance: o impacto em minha vida. Participar do

Programa de Bolsas abriu um leque de opções. Eu não enxergava tudo que

eu poderia fazer.

Concluir os estudos no ITA e IME não necessariamente me tornaria uma

engenheira, pois poderia ousar outros caminhos. Conheci e entendi o que é

consultoria, mercado financeiro e fui tomando consciência de que poderia

fazer carreira naquilo que se encaixasse mais em meu perfil.

A “barra” de dificuldade do meu antigo colégio não era tão alta... Quando

fui estudar no Ari de Sá, na Turma do ITA, senti que tinha que me esforçar

e me dedicar mais aos estudos para alcançar o nível da turma, pois a “bar-

Sou a melhor aluna da tur-

ma, será que é porque sou

inteligente ou as coisas são

fáceis aqui? Talvez a ‘barra’

não estivesse tão alta... Eu

tinha clareza que precisava

fazer um curso preparatório

para o vestibular.

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ra” era bem mais alta. Graças a essa experiência, defini uma rotina mais

pesada de estudo.

Eu cheguei a um nível de pensar em uma carreira que me trouxesse mais

crescimento, pois já não me via mais na carreira militar, que é bastante

“engessada”.

No 3º ano do Ensino Médio, a Primeira Chance firmou parceria com o INS-

PER. Na oportunidade, ao lado de um grupo de alunos, fui a São Paulo e

fiquei fascinada com a estrutura da escola e sua proposta de ensino.

Na minha cabeça, foi plantada uma sementinha. Voltei com outra visão.

Prestei vestibular para o ITA, participei do ENEM e também fui aprovada

em Engenharia pela UFC, e no mesmo período passei em administração na

UECE e no INSPER, o Instituto que eu havia conhecido em São Paulo.

Estava com todas as opções, mas e agora, o que fazer? Decidi, então, es-

tudar Administração no INSPER. Difícil foi convencer o meu pai, que não

via lógica decidir por São Paulo, se tinha sido aprovada no mesmo curso na

UECE. Esse foi um momento em que o meu mentor teve um papel funda-

mental, pois Lucas conversou com o meu pai e apresentou os diferenciais

do Instituto, que estavam asseguradas para mim uma bolsa e outras condi-

ções para realizar os estudos e as possibilidades de crescimento eram bem

maiores. Hoje estou no INSPER e nunca me arrependi da escolha, sempre

procurando me engajar em várias atividades.

Uma coisa que eu faço hoje com prazer é ajudar a Primeira Chance. Eu me

encaixo na categoria de voluntária. Agora a gente está com um escritório e

eu sempre venho perguntar o que está precisando e em que posso ajudar.

Sempre conto a minha história e o quanto a Primeira Chance foi impor-

tante para mim, na intenção de atrair mais pessoas. Sinto essa dívida com

a associação e faço questão de retribuir o que recebi, não só na parte da

organização dos trabalhos do escritório, mas com o objetivo de que outras

pessoas possam ter as mesmas oportunidades que eu tive. Em longo prazo,

pretendo contribuir no campo da educação.

A Primeira Chance abre os olhos.

Uma coisa que eu faço

hoje com prazer é ajudar

a Primeira Chance. Eu me

encaixo na categoria de

voluntária. Sempre conto a

minha história e o quanto a

Primeira Chance foi impor-

tante para mim, na intenção

de atrair mais pessoas.

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LIVROS EM VEZ dE BONECAS: A TROCA QUE AMPLIOU O VOO

Meu nome é Jaqueline, sou de Itaitinga e tenho dezoito anos. Eu sou filha de pais de origem pobre, mi-

nha mãe é analfabeta e o meu pai só sabe ler e fazer cálculos simples. Mas a gente nunca passou fome.

Sempre estudei em escolas públicas na zona rural. Lá tem muito verde, mas é longe de tudo, de hospi-

tais, supermercados, farmácias... Sempre gostei de livros, mas era muito difícil. A escola onde eu estu-

dava era simples, não tinha internet, somente uma biblioteca pequena. Minha mãe, por não saber ler,

queria que a gente fosse mais além. Por isso, em vez de comprar bonecas, ela comprava livros. Sempre

ficava ansiosa quando ela ia ao centro e trazia um. Com isso, eu sempre me destacava na escola,

participava de teatrinho e tinha boas notas. Na minha escola não havia divulgação das olimpíadas.

No Ensino Médio, fui estudar em uma escola profissionalizante. Para mim, era um avanço, pois tinha a

oportunidade de cursar o ensino médio e um profissional, então optei por Administração. Nessa escola

tinha biblioteca, auditório, internet e os professores compareciam para ministrar as aulas.

Um dia, diante dos resultados por mim apresentados nas provas do ENEM, um professor de biologia

da escola sugeriu que eu me submetesse ao processo de seleção da Primeira Chance. Ele conhecia

o Isaac, um dos integrantes da associação. O professor destacou que a proposta da Primeira Chance

era muito boa. Pouco depois, em um dia qualquer, eu estava na sala de aula quando o professor de

biologia me chamou, fiquei sem entender o que ele queria.

Quando descemos a escada, o Ricardo e o Davi estavam me esperando, e também os professores de

matemática e de biologia. O professor de biologia falou pausadamente que tinha conversado com o

Isaac e que a análise do meu histórico apontava um desempenho bom. Sabia que eu poderia ir bem

mais longe e eles indagaram quais eram meus sonhos... Então, Ricardo pediu que eu fizesse o pro-

cesso seletivo e que não pensasse duas vezes. O professor de matemática me incentivou bastante e

passei a alimentar a ideia.

Tenho altas expectativas, voar baixo não é a minha opção.Embo-ra tenha meus méritos e também tido a coragem de aceitar e superar todos os desafios, caminhando até aqui, eu não poderia começar se não tivesse uma Primeira Chance, alguém que acreditasse em mim.

JACQUELINE

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2 0 1 5

Fiz o processo seletivo e passei! Foi a notícia mais sensacional da minha

vida. Era uma ruptura, pois antes não imaginava que fosse possível. Na

primeira fase do processo, achei que não tinha sido bem sucedida, mas fui

chamada para a entrevista. Tanto eu quanto a mamãe choramos e ficamos

emocionadas. O próximo passo era apresentar os documentos e realizar a

matrícula no colégio Ari de Sá.

A separação foi muito difícil, pois tinham meus amigos e uma zona de con-

forto em Itaitinga, no meu mundinho, debaixo da asa da mamãe. Eu tinha

clareza de que a minha opção em participar da Primeira Chance e ter a

oportunidade de estudar no colégio Ari de Sá exigiria amadurecimento. Era

uma condição totalmente diferente, pois teria que me deslocar todo dia de

minha cidade para Fortaleza, chegar tarde...

Conviver com pessoas diferentes, de classes sociais diferentes, com outras

perspectivas, era um grande desafio, mas por outro lado eu não aguentava

viver naquela rotina que bem conhecia, porque eu queria mais.

Fui fazer a matrícula em companhia de minha mãe e naquele dia eu per-

cebi que tinha feito a escolha certa. Quando cheguei ao colégio Ari de Sá,

embora encontrando pessoas de outra classe social, todas foram muito

hospitaleiras e maravilhosas.

Quando vi a biblioteca, eu me realizei totalmente.

No começo, foi muito difícil, o nível era outro. Entrei no 2º semestre e tive

que acompanhar a Turma do ITA, e a grade curricular da escola onde estu-

dava, apesar de ser profissionalizante, estava muito defasada. Contei com o

apoio de minha monitora, o que foi essencial para mim. Ela sempre estava

presente para orientar. Nós conversávamos muito, almoçávamos juntas e

quando ia me visitar, estava sempre me incentivando, perguntando sobre

os meus sonhos e expectativas.

Ao final daquele ano, recebi um telefonema do colégio informando que

tinha alcançado o terceiro lugar na turma. Foi uma surpresa! Eu tinha

recuperado um ano em seis meses. Fiquei muito emocionada. O terceiro

lugar foi tão simbólico, tão importante, que era como se tivesse alcançado

o primeiro lugar.

No terceiro ano, foi a preparação para o vestibular e, como obtive bons

resultados nos simulados, tinha que escolher qual o caminho a seguir.

Fui aprovada no vestibular para o Curso de Direito da UFC e Administração

no INSPER. Agora eu teria que traçar minha meta.

Ficar em Fortaleza teria algumas vantagens, continuaria morando com os

meus pais... E desvantagens, pois teriam mais despesas para minha família,

como livros caros, cansaço e uma rotina bem mais exigente.

Conviver com pessoas

diferentes, de classes

sociais diferentes, com

outras perspectivas, era um

grande desafio, mas por

outro lado eu não aguenta-

va viver naquela rotina que

bem conhecia, porque eu

queria mais.

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Optar pelo INSPER seria melhor, pois lá contaria com toda estrutura e teria maiores perspectivas. Mi-

lhas e milhas distante da família seria uma ousadia grande. Desisti por um dia, depois analisei, percebi

que estava sendo fraca e revi a minha posição. Tudo já estava cancelado, então pedi uma segunda

chance, que foi aceita, e parti para São Paulo.

Quando entrei para a Primeira Chance sabia que tinha que superar limites, e essa superação foi e é

importante para o alcance dos meus objetivos. Chegando ao INSPER, tive a certeza que havia feito a

escolha certa.

Tenho altas expectativas, voar baixo não é a minha opção.

Embora tenha meus méritos e também tido a coragem de aceitar e superar todos os desafios, cami-

nhando até aqui, eu não poderia começar se não tivesse uma Primeira Chance, alguém que acreditasse

em mim.

A Primeira Chance não me proporcionou apenas a bolsa, mas todas as condições para que crescesse

e, nesse processo, a mentora Carla foi imprescindível.

Eu gostaria de deixar aqui meu agradecimento a todas as pessoas, que sei como são muitas, que par-

ticipam da Primeira Chance. E também a todos os que ajudaram em minhas conquistas.

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UMA JOVEM QUE SONHA: O UNIVERSO CONSPIRA

Meu nome é Darlyane, nasci em Maracanaú e venho de uma família de origem humilde.

Sempre estudei em escolas públicas. Na minha escola, participei das Olimpíadas de Matemática (OB-

MEP), tendo sido agraciada com medalha de prata em um dos anos e no seguinte com medalha de

bronze. Então, eu percebi que não era por sorte, pois tinha conhecimento, habilidade e competência.

Depois e, consequentemente, em razão dos resultados das olimpíadas, participei de um Programa de

Iniciação Científica. Nesse programa, comecei a ampliar minha visão sobre a matemática e sobre o

mundo, conheci pessoas engajadas e que tinham ambições. Isso me provocou um colapso e gerou

mais sonhos... A participação em competições é algo instigante para mim.

Quando estava terminando o ensino fundamental, tinha o desejo de estudar em uma escola de melhor

qualidade, mas no meu caso seria difícil porque minha família não tinha condições de arcar com as des-

pesas de passagem, mesmo se conseguisse ingressar em outra escola pública de Fortaleza, por exemplo.

No primeiro ano do Ensino Médio, no período de férias, estava em casa e comecei a sonhar com um

projeto que me oferecesse uma oportunidade... Sempre tive a imaginação muito solta.

Nesse dia, recebi um telefonema da D. Armênia Sales e pensei: isso não pode ser verdade! Fiquei

temerosa e de início recusei, mas o que D. Armênia falou me fez pensar por um mês. Fiquei arrepen-

dida de não ter confiado e aceitado a proposta. As pessoas envolvidas no projeto, no caso, o Ricardo

e o Davi, foram até a minha casa, detalharam mais a proposta da Primeira Chance, então eu aceitei.

Fiz o processo de seleção e fiquei aguardando o retorno. Eu estava à flor da pele.

Mudar de uma realidade para outra e passar a ter chance de acesso a uma educação de qua-lidade transforma a vida.

DARLYANE

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Kesslly, um dos coordenadores do colégio Ari de Sá, foi quem me deu a

notícia da aprovação no processo seletivo. Foi um choque a mais. Mudar

de uma realidade para outra e passar a ter chance de acesso a uma edu-

cação de qualidade transforma a vida.

Quando cheguei ao colégio Ari de Sá, a primeira aula que assisti foi de

química, a grade curricular era muito adiantada e o conteúdo mais apro-

fundado, diferente do meu colégio anterior. Na primeira prova dessa ma-

téria, fiquei abalada, vi que só conseguia fazer uma questão... Depois de

um mês, foi tudo mais tranquilo, segui o ritmo e, na última prova de física,

por exemplo, alcancei boa nota e fiquei entre as duas melhores da turma.

Neste caminho, o apoio do mentor e a convivência com novas pesso-

as que têm muitos objetivos e sonhos influenciam bastante. Você toma

consciência de que pode chegar cada vez mais longe.

Toda a experiência no Ari de Sá ajudou em meu amadurecimento. Passei

por um momento de indecisão, pois escolher a carreira que você vai se-

guir não é fácil, e mexeu demais comigo.

Pensei inicialmente em cursar Medicina e até tentei, mas a pontuação

não foi suficiente. A Primeira Chance me deu uma segunda oportunidade

e então frequentei cursinho. Hoje estou cursando Direito na UNICHRIS-

TUS, mudei de rota e fui para um novo caminho. É claro que as expecta-

tivas sempre serão as mais altas. Eu quero chegar o mais alto que puder...

A Primeira Chance foi muito importante para tudo isso, pois tive acesso a

muitas oportunidades excelentes e ao poder de escolha, o que geralmente não

via acontecer com ninguém ao meu redor. Posso dizer que tive um amadu-

recimento pessoal incrível e quero destacar isso à minha consciência cidadã.

Agradeço à Primeira Chance e todos que a compõem por tudo que me

proporcionaram, seja direta ou indiretamente.

Sou grata também à equipe Ari de Sá, levando comigo boas lembranças.

Gostaria de fazer um agradecimento especial aos coordenadores Marcos

André, Pedro Falcão, Pablo, Daniel Chacon e Leonardo Bruno, e ao tesou-

reiro Lennon.

Por último, queria agradecer ao Kesslly Araújo, que ajudou bastante, tanto

a mim quanto ao projeto.

Neste caminho, o apoio

do mentor e a convivência

com novas pessoas que têm

muitos objetivos e sonhos

influenciam bastante. Você

toma consciência de que

pode chegar cada vez mais

longe.

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A L G U N S D E

N O S S O S T A L E N T O S

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KASSIOPEYA

ANTÔNIO

LUCAS

JOSÉ VÍCTOR

ALEXANDRE

ERIKA

ALAN

LETÍCIA

WENDERSON

CARLOS ALAN

ROMÁRIO

TÚLIO

KIRLYA

JOYCE

Page 42: Instituto Primeira Chance | Relatório 2011 2015

4 2 | | p r i m e i r a c h a n c e p e l o s b o l s i s t a s

JEFFERSON

RUBENS

PAULO RICARDO

FRANCISCO MOISÉS

FELIPE

JAQUELINE

GEOVANE

MATHEUS

ÉRICA

ANTÔNIO THALES

DARLYANE

DENILSON

LOUIS IAN

THAILO

TAMYRES

MARCOS

DAVI LAEL

JUAN

CARLOS ALEXANDRE

RODRIGO

Page 43: Instituto Primeira Chance | Relatório 2011 2015

R E D E D E P A R C E I R O S

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Publicação comemorativa dos 5 anos da Associação Primeira Chance.

Agradecemos aos bolsistas, parceiros e amigos da Primeira Chance,

que com seu tempo e dedicação tornaram possível esta publicação.