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Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial TEMAS DO COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO NA ATUALIDADE Agosto de 2005

Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial · Temas do Comércio Exterior Brasileiro na Atualidade 5 O “Boom” Exportador: Comércio Mundial ou Câmbio? O comércio

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Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial

TEMAS DO COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO NA ATUALIDADE

Agosto de 2005

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Abraham KasinskiSócio Emérito

Lirio Albino Parisotto

Amarílio Proença de Macêdo Luiz Alberto Garcia

Andrea Matarazzo Marcelo Bahia Odebrecht

Antonio Marcos Moraes Barros Mário Milani

Benjamin Steinbruch Miguel Abuhab

Carlos Antônio Tilkian Nildemar Secches

Carlos Francisco Ribeiro Jereissati Olavo Monteiro de Carvalho

Carlos Mariani Bittencourt Paulo Guilherme Aguiar Cunha

Carlos Pires Oliveira Dias Paulo Setúbal Neto

Claudio Bardella Pedro Eberhardt

Daniel Feffer Pedro Franco Piva

Décio da Silva Pedro Grendene Bartelle

Eugênio Emílio Staub Pedro Luiz Barreiros Passos

Flávio Gurgel Rocha Rinaldo Campos Soares

Francisco Amaury Olsen Robert Max Mangels

Hugo Miguel Etchenique Roberto Caiuby Vidigal

Ivo Rosset Roberto de Rezende Barbosa

Ivoncy Brochmann IoschpePresidente do Conselho

Roger Agnelli

Jacks Rabinovich Salo Davi Seibel

Jorge Gerdau Johannpeter Thomas Bier Herrmann

José Antonio Fernandes Martins Victório Carlos De Marchi

José Roberto Ermírio de Moraes Walter Fontana Filho

Josué Christiano Gomes da SilvaDiretor Geral

Conselho do IEDI

Paulo Diederichsen VillaresMembro Colaborador

Paulo FranciniMembro Colaborador

Julio Sergio Gomes de AlmeidaDiretor-Executivo

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Temas do Comércio Exterior Brasileiro na Atualidade1 Principais Conclusões ........................................................................................................... 1

O “Boom” Exportador: Comércio Mundial ou Câmbio? ....................................................... 5

Brasil, Mundo e Países em Desenvolvimento...................................................................... 10

Quantum ou Preço?............................................................................................................. 13

Dinamismo e Intensidade Tecnológica................................................................................ 15

O Recorde de Julho............................................................................................................. 18

O Desempenho Exportador na Margem .............................................................................. 21

O Que Vem Pela Frente? .................................................................................................... 25

1 Trabalho preparado por Julio Sergio Gomes de Almeida e Emerson Fernandes Marçal, com colaboração na preparação dos dados de Maria Andréa Santichio, Sandra Milena Toso Castro Acosta e Alexander de Luca Weiss.

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Temas do Comércio Exterior Brasileiro na Atualidade 1

Principais Conclusões O trabalho reuniu informações e análises sobre o comércio exterior brasileiro no contexto dos últimos três anos e, especialmente, no corrente anos de 2005, procurando elucidar as principais tendências em curso. Os temas abordados são resumidos a seguir.

O “Boom” Exportador: Comércio Mundial ou Câmbio?

Nosso objetivo neste item foi avaliar o que explica o ‘boom’ exportador brasileiro de 2003, quando as exportações cresceram 21,5%, 2004 (32%) e 2005 (evolução de 23,8% até julho). A hipótese desenvolvida é que o desempenho do comércio exterior do país pode ser explicado por dois fatores principais: a) uma expansão muito forte do comércio internacional como em poucos momentos da história mundial recente; b) uma taxa de câmbio real competitiva que prevaleceu, em média, ao longo do período de 2002 a 2004.

As teses que colocamos em discussão são de que entre um e outro fator, o primeiro foi preponderante no recente ciclo. Outro entendimento sugerido pela análise que resumiremos a seguir é que, ao contrário do senso comum acerca do atual estágio de evolução do intercâmbio de mercadorias com o exterior, o desempenho exportador brasileiro pode ser considerado abaixo do esperado face ao tamanho do estímulo que câmbio e demanda mundial conferiram.

Brasil, Mundo e Países em Desenvolvimento

Estimativas para a primeira metade de 2005 apontam um crescimento de 15% nas exportações mundiais e de 20,4% nas exportações dos países em desenvolvimento, mostrando que o Brasil acompanhou com alguma folga (20%) esses países.

Ou seja, os dados sugerem que o dinamismo do comércio exterior ainda é o carro-chefe da evolução das exportações brasileiras. A posição de destaque do país na comparação com países em desenvolvimento pode ser explicada por:

� Preços de commodities muito favoráveis;

� Política comercial do governo que vem abrindo mercados para exportadores brasileiros;

� Decisões estratégicas de empresas nacionais e internacionais aqui presentes quanto ao seu engajamento em exportações e em movimentos de internacionalização.

Esses fatores ou vêm compensando o efeito da valorização da moeda sobre a rentabilidade exportadora (caso do primeiro fator assinalado) ou vêm levando as empresas a decidirem por manterem ou ampliarem as exportações ainda que com baixo retorno à espera de tempos melhores em termos de câmbio.

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Temas do Comércio Exterior Brasileiro na Atualidade 2

Quantum ou Preço?

Constatamos que os preços passaram a ter maior influência no crescimento das exportações. No primeiro semestre de 2004, a evolução do quantum explicou 69% do aumento total das exportações (equivalente a US$ 10,3 bilhões), ficando os restantes 31% por conta de variação de preços. Já nos primeiros seis meses do corrente ano, o aumento de US$ 10,4 bilhões das exportações com relação ao que se exportou na primeira metade de 2004, pode ser explicado em 57,2% por variação de quantum (equivalente a US$ 5,9 bilhões) e 42,8% por variação de preço (US$ 4,4 bilhões).

Desnecessário dizer que um esforço exportador se avalia mais propriamente pelo lado do quantum, o qual teve desempenho inferior em 2005 com relação ao ano passado. Já a dimensão de preço tem mais propriamente a ver com o ciclo de preços de commodities, que, como já observamos, vem presentemente beneficiando países exportadores com o perfil do Brasil.

Os dados desagregados mostram que essa dependência do dinamismo exportador à evolução em 2005 dos preços de exportação tem sido muito pronunciada no que diz respeito aos produtos básicos (quase 80% da variação das exportações desse grupo) e é predominante em semi-manufaturados (59% da variação total das vendas desse grupo). Somente não é majoritária no caso do grupamento de produtos manufaturados, mas mesmo assim foi fator responsável por cerca de 35% no aumento de exportações.

Dinamismo e Intensidade Tecnológica

Há uma grande dependência do crescimento das exportações brasileiras em 2005 com relação a produtos que no ciclo anterior, ou seja, no período 1996 e 2001, tiveram redução de seu “market share” ou com relação a produtos que acusaram crescimento negativo nesse mesmo período. 70% e 50%, respectivamente, foi quanto esses dois grupos de produtos contribuíram para o aumento de nossas exportações entre o primeiro semestre de 2004 e o primeiro semestre de 2005. Esta é uma indicação de que uma mudança de ciclo de comércio pode afetar de forma adversa as exportações brasileiras.

Também tem sido forte a dependência de nossas exportações aos produtos considerados de baixa ou média-baixa intensidade tecnológica. É importante destacar as características tecnológicas da pauta de exportação porque os bens considerados de maior conteúdo de tecnologia são menos sujeitos a flutuações intensas nos preços internacionais e, majoritariamente, são esses bens os de maior dinamismo de demanda. Os dados mostram que foi diminuta a contribuição de setores de alta intensidade tecnológica para o aumento das exportações em 2005 (6,5%), ao passo que foi forte (68,5%) a contribuição de produtos de baixa ou média-baixa intensidade tecnológica.

Foi detectado também que em um segmento de grande repercussão no emprego industrial do país, ou seja, manufaturas intensivas em mão de obra e em recursos naturais, teve um desempenho exportador apenas modesto, já revelando os efeitos da valorização cambial em um contexto de intensa concorrência internacional.

O que os resultados mostram é que ações de políticas industriais e tecnológicas de médio e longo prazo se fazem necessárias para um maior equilíbrio entre os setores/grupos geradores

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Temas do Comércio Exterior Brasileiro na Atualidade 3

de saldo comercial para o país. De outra parte, é preciso desenvolver ações para conferir maior competitividade aos setores manufatureiros mais intensivos em trabalho.

O Recorde de Julho

Em julho de 2005, as exportações totalizaram US$ 11,1 bilhões, o maior resultado para o comércio exterior brasileiro, superando em cerca de US$ 854 milhões o desempenho de junho (US$ 10,2 bilhões), o recorde anterior. Pois bem, é digno de registro que as exportações de Petróleo em bruto e derivados de petróleo, ou seja, Óleos combustíveis e Gasolina, tenham representado 43,5% desse valor. E que se agregarmos os 7,9% com que o aumento das vendas externas de ferro contribuiu para o aumento das exportações totais brasileiras no mês passado, temos que mais da metade (51,4%) do aumento das exportações se explica, na prática, pelo desempenho de dois produtos.

Excluindo as vendas de petróleo e derivados, o desempenho de julho acompanharia o padrão dos meses anteriores de 2005, especialmente após fevereiro, no qual o desempenho exportador tem sido menos dinâmico. Em suma, o resultado recorde de julho revela uma alta concentração no dinamismo exportador que pode não se repetir nos próximos meses.

O Desempenho Exportador na Margem

“Na margem”, ou seja, nos últimos meses, o quantum exportado pelo Brasil já não evolui desde janeiro de 2005, de forma que desde dezembro de 2004 até junho último, a queda no quantum exportado monta a 1,8%. Ou seja, no corrente ano, o aumento na margem das vendas ao exterior tem se apoiado integralmente na evolução de preços.

Tem sido assim especialmente para produtos básicos que acumula no ano (com relação a dezembro queda de 5,5% no quantum exportado e em produtos manufaturados, onde a queda chegou a 2,6%. No primeiro caso, a evolução de preços vem compensando com folga a queda do quantum; no segundo, a compensação é apenas parcial.

Somente o segmento de produtos semi-duráveis registra variação positiva do quantum exportado, 4% no acumulado de janeiro a junho do corrente ano, à qual se soma uma variação positiva de preços.

A conclusão é que o dinamismo exportador refletido através da evolução do quantum exportado tem mostrado sinais de arrefecimento, o que, no entanto, não se traduziu em estancamento da evolução das vendas externas devido à evolução dos preços dos produtos de exportação.

O Que Vem Pela Frente?

Os resultados de simulações dão conta de que o resultado mais provável é que ocorra uma redução do saldo comercial no horizonte do último trimestre de 2005 e durante o ano de 2006. Espera-se um saldo comercial na casa de US$ 36,2 bilhões no corrente ano e de US$ 27 bilhões em 2006. O resultado de 2005 será maior do que o de 2004, efeito do desempenho do

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Temas do Comércio Exterior Brasileiro na Atualidade 4

início deste ano. Na ponta, o saldo comercial estará caindo. No ano de 2005 as exportações e importações deverão crescer em 15% e 19% respectivamente.

Em 2006, o crescimento das exportações se reduzirá para a casa de 3% com as importações crescendo 16%. Dificilmente as exportações brasileiras crescerão acima do crescimento das exportações mundiais projetado em 7,3% pelo FMI por conta dos efeitos defasados da taxa de câmbio. No caso das exportações crescerem 8% sobre 2005 e as importações crescerem 16% sobre 2005, o saldo ficará na casa de US$ 33 bilhões, podendo este valor ser interpretado como teto para o saldo neste cenário.

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Temas do Comércio Exterior Brasileiro na Atualidade 5

O “Boom” Exportador: Comércio Mundial ou Câmbio?

O comércio exterior brasileiro vem apresentando nos últimos anos um desempenho considerado elevado. O crescimento das exportações em 2004 alcançou 32%, uma expansão que se seguiu a um ano de forte expansão como foi 2003 (+ 21,5%). Em 2005, a julgar pelos resultados das exportações até julho, será também bom, pois o aumento acumulado sobre igual período do ano passado está em 23,8%. Considerando a média das projeções do mercado para o valor das exportações no ano como um todo, ou seja, US$ 112 bilhões, em 2005 a evolução das exportações será mais baixa, porém, ainda assim, expressiva: 16%.

Nosso objetivo neste item é avaliar o que explica este ‘boom’ exportador brasileiro. A hipótese desenvolvida é que o desempenho do comércio exterior do país pode ser explicado por dois fatores principais: a) uma expansão muito forte do comércio internacional como em poucos momentos da história mundial recente; b) uma taxa de câmbio real competitiva que prevaleceu, em média, ao longo do período de 2002 a 2004.

As teses que colocamos em discussão são de que entre um e outro fator, o primeiro foi preponderante no recente ciclo. Outro entendimento sugerido pela análise que resumiremos a seguir é que, ao contrário do senso comum prevalecente acerca do atual estágio de evolução do intercâmbio de mercadorias com o exterior, o desempenho exportador brasileiro pode ser considerado abaixo do esperado face ao tamanho do estímulo que câmbio e demanda mundial conferiram.

Como atesta a tabela abaixo (os dados básicos são do MDIC e do FMI), em linhas gerais, o desempenho das exportações brasileiras acompanhou ao longo das décadas o crescimento do comércio mundial. No período de 1955-1960 cresceu abaixo do crescimento médio do mundo, enquanto o qüinqüênio 1980-85 apresentou um crescimento superior. No período seguinte, 1985-90, a evolução foi muito abaixo da média mundial caracterizando-se uma oportunidade perdida em termos de comércio, fato que se repetiria em menor escala no qüinqüênio 1995-2000. Nos demais períodos o desempenho brasileiro correspondeu com maior proximidade ao padrão mundial.

Brasileiras Mundiais1950-55 0,98% 7,76%1955-60 -2,27% 6,52%1960-65 4,69% 7,75%1965-70 11,41% 11,13%1970-75 25,92% 21,94%1975-80 18,35% 17,98%1980-85 4,95% -0,45%1985-90 4,15% 12,65%1990-95 8,16% 8,23%1995-00 3,44% 4,42%

Exportações - Taxa Média Anual

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Temas do Comércio Exterior Brasileiro na Atualidade 6

Participação das Exportações Brasileiras no Total Mundial

0,0%

0,5%

1,0%

1,5%

2,0%

2,5%

1950 1955 1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000

% d

o to

tal d

e ex

port

açõe

s m

undi

ais

Com relação às exportações mundiais, as exportações brasileiras oscilaram em torno a 2% no início dos anos cinqüenta, mas desde então esta participação passou a flutuar próximo a um patamar um pouco abaixo de 1%. Só nos anos oitenta a posição brasileira voltou a aumentar e se aproximou de 1,5%. Em 2004, depois de nove anos, as exportações do Brasil voltaram a registrar a marca de 1% do comércio mundial.

O gráfico a seguir mostra que o país somente obteve taxas de crescimento superiores a 20% ao ano como as verificadas em 2003 e 2004 em simultaneidade com taxas igualmente grandes de expansão do total exportado pelo mundo. O fator demanda mundial tem sido, portanto, o fator predominante na explicação do desempenho exportador ao longo da história brasileira no pós-guerra.

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Temas do Comércio Exterior Brasileiro na Atualidade 7

Gráfico Cruzado entre as exportações brasileiras e mundiais

-20,0%

-10,0%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

-30,0% -20,0% -10,0% 0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0% 60,0%

Mundo - Crescimento Anual das Exportações

Bra

sil -

Cre

scim

ento

Anu

al d

as E

xpor

taçõ

es

Além do comércio internacional, a taxa de câmbio real do país tem efeito sobre as exportações. Nos momentos em que a taxa de câmbio real brasileira se manteve desvalorizada em termos reais, o país aumentou sua participação no comércio mundial. A análise dos gráficos abaixo mostra que nos anos oitenta a taxa de câmbio real permaneceu fortemente desvalorizada e este período coincidiu com uma evolução das exportações do país acima da mundial. No período de 2002/04, novamente as exportações brasileiras crescem acima da média mundial simultaneamente com uma taxa de câmbio real que, embora com forte tendência de valorização, foi amplamente favorável na média. No início de 2005 houve uma forte apreciação do real gerando incertezas quanto ao comportamento das exportações.

A comparação de dois períodos recentes mostra que o desempenho exportador brasileiro pode ser explicado basicamente por fatores tradicionais. Comparando o triênio 2002-2004 com o triênio imediatamente anterior, ou seja, 1999-2001, é possível detectar duas alterações importantes: a) uma forte aceleração do comércio mundial e b) uma desvalorização real da taxa de câmbio brasileira.

No triênio 99-01, as exportações mundiais cresceram a taxa média anual de 4% ao ano, enquanto as exportações brasileiras aumentavam 4,4% ao ano. No triênio 2002-2004 há uma aceleração do comércio mundial que cresce a uma taxa média de 13,3% ao ano. Já as exportações do Brasil cresceram 18,3% ao ano. Assim, grande parte do desempenho exportador brasileiro se deve ao fator demanda mundial.

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Temas do Comércio Exterior Brasileiro na Atualidade 8

Taxa de Câmbio Real – IPA externo e IPCA interno – cesta de moedas.

60,0

80,0

100,0

120,0

140,0

160,0

180,0

jan/80 jan/82 jan/84 jan/86 jan/88 jan/90 jan/92 jan/94 jan/96 jan/98 jan/00 jan/02 jan/04

A distância entre o crescimento das exportações brasileiras e mundial se ampliou favoravelmente ao Brasil. Este movimento é bem explicado por estímulo de câmbio no período. Quando se compara a média da taxa de câmbio real prevalecente no triênio 1999-2001 com a que vigorou em média no triênio 2002-2004, observa-se que a taxa manteve-se em um nível cerca de 41% acima da correspondente ao primeiro triênio, ou seja, a taxa de câmbio ofereceu um estímulo importante para as exportações, o que se materializou em uma taxa de crescimento das vendas externas brasileiras acima da média mundial.

O gráfico abaixo mostra a relação entre saldo comercial e taxa de câmbio real. Há uma relação positiva entre o saldo comercial brasileiro medido pela razão entre exportações e importações e o câmbio real. Índices acima de 100% representam superávit comercial e valores abaixo de 100% indicam déficit (escala da esquerda).

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Temas do Comércio Exterior Brasileiro na Atualidade 9

Saldo Comercial e Taxa de Câmbio Real

60%

80%

100%

120%

140%

160%

180%

200%

220%

240%

260%

280%

1980

-1

1982

-1

1984

-1

1986

-1

1988

-1

1990

-1

1992

-1

1994

-1

1996

-1

1998

-1

2000

-1

2002

-1

2004

-1

Raz

ão E

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ação

60

70

80

90

100

110

120

130

140

150

Índi

ce d

e C

âmbi

o R

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Saldo Comercial Câmbio Real

Da análise dos dados da comparação do valor das exportações com relação às importações, é possível inferir também que taxa de câmbio desvalozizada como a que prevaleceu após 1999 gerou resultados medidos por superávits comerciais mais expressivos no passado do que no período mais recente. Ou seja, a sugestão é que, ao contrário do que imagina, é possível conceber que houve um relativamente mais baixo dinamismo das exportações brasileiras no período mais próximo (como o de 1999 para cá), já que estas não responderam como esperado aos estímulos de câmbio e demanda mundial no período recente2, comparativamente ao que haviam respondido a estímulos no passado.

2 O ano de 2004 parece ter sido uma exceção na medida em que as exportações brasileiras cresceram cerca de 32% enquanto o comércio mundial cresceu a taxa de 19,4% e o Brasil ganhou participação nas exportações mundiais de 0,98% em 2003 para 1,08% em 2004.

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Temas do Comércio Exterior Brasileiro na Atualidade 10

Brasil, Mundo e Países em Desenvolvimento No ano de 2005 como está o Brasil diante do dinamismo do comércio exterior mundial e, especialmente, como está o país no contexto dos países em desenvolvimento?

Com base em dados do FMI, estimamos o crescimento das exportações mundiais e dos países em desenvolvimento na primeira metade do corrente ano com relação ao mesmo período de 2004. As taxas chegam a quase 15% e 20,4%, respectivamente. Com o se recorda, as exportações do Brasil nesse mesmo período evoluíram 23,9%. Ou seja, em termos de comércio exterior, o Brasil vem acompanhando com alguma folga as oportunidades que a atual conjuntura internacional vem abrindo para os países em desenvolvimento, já que vem obtendo um crescimento que é 20% superior à média dos países em desenvolvimento e 60% maior do que a média mundial.

Um outro indicador relevante é que numa relação de 58 países para os quais foi possível obter informações (base: dados do FMI), o Brasil ocupou a 13a. posição em crescimento das exportações na primeira metade do corrente ano. Trata-se, portanto, de uma posição de destaque.

Ou seja, ao que parece, o dinamismo da economia/comércio mundial ainda é o carro-chefe da evolução do comércio exterior brasileiro em 2005, sendo que alguns fatores de relevo explicam a boa posição do país na comparação internacional:

� Conjuntura de preços de commodities muito favorável, o que beneficia países que, como o Brasil, são grandes e diversificados exportadores desses produtos.

� Política comercial do governo que vem abrindo mercados para exportadores brasileiros;

� Decisões estratégicas de empresas nacionais e internacionais aqui presentes (p, ex., empresas do setor automobilístico) quanto ao seu engajamento em exportações e em movimentos de internacionalização.

Esses fatores ou vêm compensando o efeito da valorização da moeda sobre a rentabilidade exportadora (caso de maiores preços de exportação) ou vêm levando as empresas a decidirem pela manutenção ou até a ampliação das exportações ainda que com baixo ou negativo retorno. Isto visa preservar posições que na maioria das vezes foi duramente conquistada e demandou investimentos, à espera de tempos melhores em termos de câmbio. Também convém observar que há entre os empresários a convicção de que a presente conjuntura de valorização do Real em parte decorre de uma excessiva dose de elevação das taxas de juros pelo Banco Central entre setembro de 2004 e maio de 2005, um processo que, em sendo revertido, como parece estará sendo iniciado no próximo mês, trará a taxa de câmbio para um patamar mais favorável ao exportador.

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Temas do Comércio Exterior Brasileiro na Atualidade 11

Variação das Exportações - 1o. Semestre Com Relação ao Mesmo Período do Ano Anterior -(Estimativas próprias com base em informações do FMI)

31,7

17,2

19,8

30,7

3,8

31,2

20,5

24,926,3

32,2

21,1

23,9

14,9

20,418,5

30,4

18,718,7

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

Brasil Mundo Países emDesenvolvimento - PD

PD - Ásia PD - Europa PD - Am. Latina

2003,1 2004, 1 2005, 1

Variação das Exportações do Brasil Com Relação À Variação das Exportações do Mundo e Países em Desenvolvimento

(Estimativas próprias com base em informações do FMI)

1,8

1,61,5

1,3

1,6

1,2

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

1,8

2,0

Brasil / Mundo Brasil / PD

2003,1 2004, 1 2005, 1

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Temas do Comércio Exterior Brasileiro na Atualidade 12

Variação das Exportações no Primeiro Semestre de 2005 Com Relação ao Mesmo Período de 2004 - %Universo de 58 Países - Dados Primários do FMI, coleta e estimativas do IEDI

53,1

43,4

37,4 35,4 33,230,9

27,9 27,1 26,5 26,4 26,1 24,3 23,9 23,7 23,6 22,2 21,9 21,2 21,018,4

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

Kaz

akhs

tan

Rus

sia

Peru

Lith

uani

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Chi

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Indo

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Tanz

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Bol

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Aus

tral

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Turk

ey

Slov

enia

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Temas do Comércio Exterior Brasileiro na Atualidade 13

Quantum ou Preço? Fizemos um exercício para mensurar as contribuições das evoluções de preço e quantum para o aumento total das exportações brasileiras em 2005 comparativamente ao ano de 2004, considerados os primeiros semestres3.

Os resultados mostram, primeiramente, um declínio muito acentuado do crescimento do quantum no primeiro semestre de 2005. Esta evolução foi de 12,3%, contra 19,8% no mesmo semestre de 2004. Note-se que o aumento médio dos preços de exportação manteve em 2005 o mesmo padrão do ano passado, acusando um leve avanço: 9,5% em 2004 e 10,3% em 2005.

Significa isto dizer que relativamente mais os preços passaram a ter influência no crescimento das exportações brasileiras se considerarmos a comparação entre o primeiro semestre de 2004 e a primeira metade de 2005. No primeiro desses períodos, a evolução do quantum explicou 69% do aumento total das exportações (equivalente a US$ 10,3 bilhões), ficando os restantes 31% por conta de variação de preços.

Já nos primeiros seis meses do corrente ano, o aumento de US$ 10,4 bilhões das exportações com relação ao que se exportou na primeira metade de 2004, encontrou explicação muito maior na evolução de preços: 57,2% foi a contribuição da variação de quantum (equivalente a US$ 5,9 bilhões) e 42,8% a contribuição da variação de preço (US$ 4,4 bilhões).

Desnecessário dizer que um esforço exportador se avalia mais propriamente pelo lado do quantum, o qual teve desempenho inferior em 2005 com relação ao ano passado. Já a dimensão de preço tem mais propriamente a ver com o ciclo de preços de commodities, que, como já observamos, vem presentemente beneficiando países exportadores com o perfil brasileiro.

Os dados desagregados mostram que a presente dependência do dinamismo exportador à evolução dos preços de exportação tem sido muito pronunciada no que diz respeito aos produtos básicos, onde a evolução de preços respondeu por quase 80% da variação das exportações desse grupo de produtos; e é predominante em semi-manufaturados, onde a variação de preços contribuiu com 59% da variação total das vendas desse grupo no primeiro semestre de 2005. Somente não é majoritária no caso do grupamento de produtos manufaturados, que é menos sensível aos ciclos de preços internacionais, mas que devido ao intenso crescimento econômico mundial e do comércio exterior nos últimos anos, vem também registrando variações de preços expressivas. A propósito, tais variações têm servido para amortecer o impacto da valorização da moeda nacional sobre a rentabilidade das exportações de manufaturados. No aumento das vendas ao exterior de manufaturados no primeiro semestre de 2005, uma proporção que podemos considerar elevada - cerca de 35% - teve origem em aumento de preços.

3 Os dados básicos são da Funcex.

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Temas do Comércio Exterior Brasileiro na Atualidade 14

Variação Com Relação ao Mesmo Período do Ano Anterior

19,8%

42,0%

24,3%

13,9%

27,0%

31,4%

18,7%

10,7%

29,9%

9,6%

31,2%

9,5% 9,5%

2,6%

19,8%

8,4%

1,5%

17,4%

30,3%

12,3%

23,9%

10,3%

6,2%

10,4%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

Total Preço Quantum Total Preço Quantum Total Preço Quantum Total Preço Quantum

Exportação Geral Exportação Prod. Básicos Export. Prod. Semi-Manufaturados

Export. Prod. Manufaturados

1o Semestre de 2004 1o Semestre de 2005

Contribuição ao Aumento das Exportações

78,7%

48,8%

59,1%

91,1%

65,1%59,8%

31,1%

42,8%

34,9%

8,9%

21,3%

40,9%40,2%

68,9%

57,2%51,2%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

1o Semestre de2004

1o Semestre de2005

1o Semestre de2004

1o Semestre de2005

1o Semestre de2004

1o Semestre de2005

1o Semestre de2004

1o Semestre de2005

Exportação Geral Exportação Prod. Básicos Export. Prod. Semi-Manufaturados

Export. Prod. Manufaturados

Preço Quantum

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Temas do Comércio Exterior Brasileiro na Atualidade 15

Dinamismo e Intensidade Tecnológica Acabamos de ver que dado o presente ciclo do comércio mundial, é grande o benefício de ser um expressivo e diversificado exportador de commodities, como é o Brasil. A demanda crescente por esses produtos vem levando a preços em ascensão, os quais, na atualidade, sustentam parcela importante do dinamismo exportador brasileiro. Mas é necessária também uma boa dose de cautela porque o ciclo desses produtos muitas vezes se apresenta de forma adversa, de tal modo que os ganhos de preços de hoje podem se traduzir futuramente em perdas de monta, como foi o caso do período anterior ao recente boom das exportações mundiais, entre 1996 e 2001.

A tabela a seguir4 mostra a grande dependência do crescimento das exportações brasileiras em 2005 com relação a produtos que no ciclo anterior, ou seja, no período 1996 e 2001, tiveram redução de seu “market share” ou com relação a produtos que acusaram crescimento negativo nesse mesmo período. 70% e 50%, respectivamente, foi quanto esses dois grupos de produtos contribuíram para o aumento de nossas exportações entre o primeiro semestre de 2004 e o primeiro semestre de 2005. Esta é uma indicação de que uma mudança de ciclo de comércio pode afetar negativamente as exportações brasileiras.

Como também mostram os dados reunidos a seguir, tem sido forte a dependência de nossas exportações aos produtos considerados de baixa ou média-baixa intensidade tecnológica. É importante destacar as características tecnológicas da pauta de exportação porque os bens considerados de maior conteúdo de tecnologia são menos sujeitos a flutuações intensas nos preços internacionais e, majoritariamente, são esses bens os de maior dinamismo de demanda. Os dados mostram que foi diminuta a contribuição de setores de alta intensidade tecnológica para o aumento das exportações em 2005 (6,5%), ao passo que foi forte (68,5%) a contribuição de produtos de baixa ou média-baixa intensidade tecnológica.

Cumpre destacar que tem havido melhoras marginais nos últimos anos no que diz respeito aos fatores de dependência assinalados. De fato, os dados de nossas pesquisas acusam uma redução da contribuição dos setores de baixa e média baixa intensidade tecnológica de 79% para 68,5% se considerarmos os primeiros semestres dos anos de 2004 e 2005. Outro fator importante é que os setores com declínio do market share entre 1996 e 2001 registraram uma menor participação no aumento das exportações (70,3% no primeiro semestre de 2005 e 79% na primeira metade de 2004). Outro resultado importante corresponde ao aumento bastante significativo da contribuição para o aumento das exportações do setor manufatureiro, que passou de 51% no primeiro semestre de 2004 para 71,8% nos primeiros meses de 2005.

Usando uma classificação de produtos manufaturados adotada pela UNCTAD em seus estudos (último gráfico do presente item), fica claro que o dinamismo exportador industrial brasileiro é muito maior em setores de baixa intensidade de mão de obra qualificada e de tecnologia. Note-se que um segmento de grande repercussão no emprego industrial do país, ou seja, manufaturas intensivas em mão de obra e em recursos naturais, onde se destacam

4 Os dados são básicos são do MIDIC. Usamos classificações de produtos por intensidade tecnológica da OCDE.

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Temas do Comércio Exterior Brasileiro na Atualidade 16

setores de calçados, vestuário, têxtil, móveis e outros produtos de madeira, tem tido um desempenho exportador apenas modesto, já revelando os efeitos da valorização cambial em um contexto em que, para a maioria deles, é intensa a concorrência internacional.

Em outros trabalhos o IEDI já chamou atenção para a necessidade de conferir à pauta exportadora brasileira uma maior aproximação com os mercados de exportação mais dinâmicos, de maior conteúdo tecnológico e agregação de valor. A política industrial, tecnológica e de comércio exterior anunciada no ano passado pelo governo visa esses objetivos. Algumas melhoras marginais já podem ser notadas, mas ações e políticas de médio e longo prazo ainda se fazem necessárias para um maior equilíbrio entre os setores/grupos geradores de saldo comercial para o país. De outra parte, é preciso desenvolver também ações para conferir maior competitividade aos setores manufatureiros mais intensivos em trabalho.

Exportação - Valores em US$ Milhões2004 2005 Cresc. (%) Contrib. Ao

Aumento das Export.

Alta Intensidade Tecnológica 2.591 3.267 26,1 6,5 Média-Alta Intensidade Tecnológica 6.778 9.367 38,2 25,0 Alta e Média-Alta Intens. Tecnol. 9.370 12.634 34,8 31,5 Baixa e Méd. Baixa Int. Tecnol. 33.936 41.043 20,9 68,5 Setores de Cresc. Negativo* 19.500 24.737 26,9 50,5 Setores de Alto Crescimento** 5.227 6.101 16,7 8,4 Set. com Aum. de Market-Share* 10.873 13.693 25,9 27,2 Set. com Red. de Market-Share* 31.794 39.084 22,9 70,3 * Refere-se ao período 1996/2001 das exportações e do comércio mundial; ** Set. com crescimento anual das exp. mundiais superior a 5% no período 1996-2001

Comércio Exterior - 2003 e 2004 - %Exportação Importação

2004 2005 2004 2005Alta Intensidade Tecnológica 6,0 6,1 14,3 14,2 Média-Alta Intensidade Tecnológica 15,7 17,5 31,0 30,0 Alta e Média-Alta Intens. Tecnol. 21,6 23,5 45,3 44,2 Baixa e Méd. Baixa Int. Tecnol. 78,4 76,5 54,7 55,8 Setores de Cresc. Negativo* 45,0 46,1 22,8 21,7 Setores de Alto Crescimento** 12,1 11,4 32,5 32,1 Set. com Aum. de Market-Share* 25,1 25,5 55,7 55,4 Set. com Red. de Market-Share* 73,4 72,8 44,3 44,6 * Refere-se ao período 1996/2001 das exportações e do comércio mundial; ** Set. com crescimento anual das exp. mundiais superior a 5% no período 1996-2001

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Temas do Comércio Exterior Brasileiro na Atualidade 17

Crescimento das Exportações - Manufaturas - 1o. Semestre Contra Mesmo Semestre do Ano Anterior - %

16,9

54,7

31,0

-2,6

20,326,4

32,0 34,0

25,529,8

10,3

61,7

38,4

31,134,2

-20

-10

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Manuf. intensivas em mãode obra e em rec. naturais

Manuf. de baixa intens.mão de obra qualif. e

tecnol.

Manuf. de intens. médiamão de obra qualif. e

tecnol.

Manuf. de alta intens. mãode obra qualif. e tecnol.

Setores manufatureiros

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Temas do Comércio Exterior Brasileiro na Atualidade 18

O Recorde de Julho Em julho ce 2005, segundo o MDIC, as exportações totalizaram US$ 11,1 bilhões, o maior resultado para o comércio exterior brasileiro, superando em cerca de US$ 854 milhões o desempenho de junho (US$ 10,2 bilhões), o recorde anterior. Com relação a julho de 2004, as exportações aumentaram 23%, o que em valor significa vendas externas adicionais de US$ 2,1 bilhões. Quanto às importações, estas somaram no mês US$ 6,0 bilhões, um valor abaixo dos resultados de maio e junho. Refletindo esses números, o saldo comercial atingiu US$ 5,0 bilhões, um salto frente ao recorde observado no mês de junho (US$ 4,0 bilhões).

A razão destacada de tão grande evolução no saldo comercial foi, portanto, o elevado crescimento das exportações. Pois bem, é digno de registro que as exportações de Petróleo em bruto e derivados de petróleo, ou seja, Óleos combustíveis e Gasolina, tenham representado 43,5% desse valor. E que se agregarmos os 7,9% com que o aumento das vendas externas de ferro contribuiu para o aumento das exportações totais brasileiras no mês passado, temos que mais da metade (51,4%) do aumento das exportações se explica, na prática, pelo desempenho de dois produtos.

Os dados abaixo simulam o valor da exportação brasileira por dia útil de julho de 2005 excluindo as vendas de petróleo e derivados. Simulam ainda, nesta mesma hipótese, a variação da exportação desse mês com relação a julho de 2004. Os resultados mostram que, retirado o efeito petróleo e derivados, o desempenho de julho acompanharia o padrão dos meses anteriores de 2005, especialmente após fevereiro, no qual o desempenho exportador tem sido menos dinâmico.

Em suma, o resultado recorde de julho revela uma alta concentração no dinamismo exportador que pode não se repetir nos próximos meses.

Contribuição ao Aumento das Exportaçõesentre Julho 2005 e Julho 2004 - %

29,9

24,1

7,9 7,1 6,64,9 3,9 3,9 3,9 3,6 3,3 2,7 2,6 2,5 2,4

0

5

10

15

20

25

30

35

Demais

Gasolin

a

Carne b

ovina

Carne d

e fran

go

Apars.tr

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p.

Ferro fu

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Chassis

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grã

o

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Temas do Comércio Exterior Brasileiro na Atualidade 19

Exportação Por Dia Útil - US$ Milhões

409 412425

442

408 400

355

431 421

460 468 464

527

466,1

0

100

200

300

400

500

600

jul/04 ago/04 set/04 out/04 nov/04 dez/04 jan/05 fev/05 mar/05 abr/05 mai/05 jun/05 jul/05 jul/05*

Obs.: jul/05* - Exportação total, exceto exportação de petróleo e derivados.

Variação da Exportação Por Dia Útil Com Relação ao Mesmo Mês do Ano Anterior - %

54,0

35,0

28,4

34,436,4

30,328,4

35,6

22,0

39,6

23,6

4,5

28,9

14,0

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

jul/04 ago/04 set/04 out/04 nov/04 dez/04 jan/05 fev/05 mar/05 abr/05 mai/05 jun/05 jul/05 jul/05*

Obs.: jul/05* - Exportação total, exceto exportação de petróleo e derivados.

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Temas do Comércio Exterior Brasileiro na Atualidade 20

Média Total Média Total Total Diária Acumulado Diária Acumulado Acumulado

jul/03 23 6.105 265 39.107 4.049 176 26.650 2.056 12.457ago/03 21 6.403 305 45.510 3.730 178 30.380 2.673 15.130set/03 22 7.280 331 52.790 4.610 210 34.990 2.670 17.800out/03 23 7.566 329 60.356 5.022 218 40.012 2.544 20.344nov/03 20 5.980 299 66.336 4.248 212 44.260 1.732 22.076dez/03 22 6.748 307 73.084 3.989 181 48.249 2.759 24.835jan/04 21 5.799 276 5.799 4.215 201 4.215 1.584 1.584fev/04 18 5.722 318 11.521 3.748 208 7.963 1.974 3.558

mar/04 23 7.927 345 19.448 5.333 232 13.296 2.594 6.152abr/04 20 6.590 330 26.038 4.631 232 17.927 1.959 8.111mai/04 21 7.941 378 33.979 4.823 230 22.750 3.118 11.229jun/04 21 9.327 444 43.306 5.517 263 28.267 3.810 15.039jul/04 22 8.992 409 52.298 5.512 251 33.779 3.480 18.519

ago/04 22 9.057 412 61.355 5.623 256 39.402 3.434 21.953set/04 21 8.923 425 70.278 5.751 274 45.153 3.172 25.125out/04 20 8.843 442 79.121 5.836 292 50.989 3.007 28.132nov/04 20 8.159 408 87.280 6.082 304 57.071 2.077 30.209dez/04 23 9.194 400 96.474 5.684 247 62.755 3.510 33.719jan/05 21 7.444 354 7.444 5.261 251 5.261 2.183 2.183fev/05 18 7.756 431 15.200 4.970 276 10.231 2.786 4.969

mar/05 22 9.251 421 24.451 5.902 268 16.133 3.349 8.318abr/05 20 9.202 460 33.653 5.326 266 21.459 3.876 12.194mai/05 21 9.819 468 43.472 6.367 303 27.826 3.452 15.646jun/05 22 10.207 464 53.679 6.176 281 34.002 4.031 19.677jul/05 21 11.061 527 64.740 6.050 288 40.052 5.011 24.688

Fonte: MDIC.

Balança Comercial Brasileira - US$ Milhões FOB

Total Total Total

Exportação Importação SaldoNº dias úteis

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Temas do Comércio Exterior Brasileiro na Atualidade 21

O Desempenho Exportador na Margem As análises até aqui conduzidas, em geral, compararam o primeiro semestre de 2005 com o mesmo período de 2004. Esta base de comparação tem revelado um expressivo dinamismo exportador do país. Mas, nos últimos meses como estão se comportando as vendas ao exterior “na margem”?

Os gráficos e a tabela abaixo, que apresentam dados dessazonalizados5, mostram que no caso das exportações totais, o quantum já não evolui desde janeiro de 2005, de forma que desde dezembro de 2004 até junho último, a queda no quantum exportado monta a 1,8%. Ou seja, no corrente ano, o aumento na margem das vendas ao exterior tem se apoiado integralmente na evolução de preços.

Tem sido assim especialmente para produtos básicos que acumula no ano (com relação a dezembro queda acumulada de 5,5% no quantum exportado e em produtos manufaturados, onde a queda chegou a 2,6%. No primeiro caso, a evolução de preços vem compensando com folga a queda do quantum; no segundo, a compensação é apenas parcial.

Somente o segmento de produtos semi-duráveis registra variação positiva do quantum exportado, 4% na comparação entre junho de 2005 e dezembro de 2004, à qual se soma uma variação positiva de preços.

Considerando os últimos meses, portanto, especialmente o período correspondente ao primeiro semestre deste ano, devemos ter presente que o dinamismo exportador refletido através da evolução do quantum exportado tem mostrado sinais de arrefecimento, o que, no entanto, não se traduziu em estancamento da evolução das vendas externas devido à evolução dos preços dos produtos de exportação.

5 Ajuste dos dados originais na Funcex, feito pelo Filtro de Kalman usando abordagem estrutural através do software Stamp 6.0. Referência bibliográfica: Koopman, S.; Harvey, A. C.; Doornik, J. A. & Shephard, N. (1999); Stamp - Structural Time Series Analyser, Modeller and Predictor; Timberlake Consultants Ltd; London.

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Temas do Comércio Exterior Brasileiro na Atualidade 22

jan/05 fev/05 mar/05 abr/05 mai/05 jun/05Total -1,1% 3,0% 4,9% 5,5% 6,0% 7,1%Preço 2,2% 2,5% 3,9% 7,2% 9,7% 8,8%Quantum -3,5% 0,3% 0,7% -1,7% -3,6% -1,8%Total 2,7% 7,1% 7,2% 11,6% 12,5% 12,8%Preço 1,9% 4,4% 4,2% 12,7% 19,2% 19,2%Quantum 0,6% 2,4% 2,7% -1,1% -5,7% -5,5%Total -1,0% 2,5% 8,3% 9,6% 7,6% 7,5%Preço -1,1% -0,5% 3,2% 6,2% 5,0% 3,0%Quantum 0,0% 2,9% 4,8% 2,9% 2,3% 4,0%Total -0,8% -1,3% -1,3% -1,3% -1,0% -0,7%Preço -0,5% -0,7% 0,0% 0,7% 1,5% 2,0%Quantum -0,3% -0,6% -1,3% -2,0% -2,4% -2,6%

Total -1,1% 4,2% 1,8% 0,6% 0,5% 1,0%Preço 2,2% 0,3% 1,3% 3,1% 2,4% -0,8%Quantum -3,5% 4,0% 0,4% -2,5% -1,9% 1,8%Total 2,7% 4,3% 0,2% 4,1% 0,8% 0,3%Preço 1,9% 2,4% -0,1% 8,1% 5,8% 0,0%Quantum 0,6% 1,8% 0,3% -3,7% -4,7% 0,3%Total -1,0% 3,5% 5,6% 1,2% -1,8% -0,2%Preço -1,1% 0,6% 3,7% 3,0% -1,1% -1,9%Quantum 0,0% 2,9% 1,8% -1,7% -0,7% 1,7%Total -0,8% -0,4% -0,1% 0,0% 0,4% 0,3%Preço -0,5% -0,1% 0,6% 0,7% 0,8% 0,5%Quantum -0,3% -0,3% -0,7% -0,8% -0,4% -0,1%

* Ajuste feito pelo Filtro de Kalfman

Exportação Geral

Exportação Prod. Básicos

Exportações por Fator Agregado - Decomposição Preço e Quantum - Dados Ajustados Sazonalmente*

Export. Prod. Semi-Manufaturados

Export. Prod. Manufaturados

Variação Acumualada com Relação a dezembro de 2004

Variação com relação ao mesmo período imediatamente anterior

Exportação Geral

Exportação Prod. Básicos

Export. Prod. Semi-Manufaturados

Export. Prod. Manufaturados

Exportação Total - Índices de Quantum (Qx) e Preço (Px) - Ajustados Sazonalmente*1996 = 100

(*ajuste feito pelo Filtro de Kalfman)

5060708090

100110120130140150160170180190200210220230240250

2001 12 2002 03 2002 06 2002 09 2002 12 2003 03 2003 06 2003 09 2003 12 2004 03 2004 06 2004 09 2004 12 2005 03 2005 06

Px_aj Qx_aj Quantum - Média Móvel 3 Meses Preço - Média Móvel 3 Meses

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Temas do Comércio Exterior Brasileiro na Atualidade 23

Exportação de Produtos Básicos - Índices de Quantum (Qx) e Preço (Px) - Ajustados Sazonalmente*1996 = 100

(*ajuste feito pelo Filtro de Kalfman)

5060708090

100110120130140150160170180190200210220230240250260270280290300

2001 12 2002 03 2002 06 2002 09 2002 12 2003 03 2003 06 2003 09 2003 12 2004 03 2004 06 2004 09 2004 12 2005 03 2005 06

Px_aj Qx_aj Quantum - Média Móvel 3 Meses Preço - Média Móvel 3 Meses

Exportação de Produtos Semimanufaturados - Índices de Quantum (Qx) e Preço (Px) - Ajustados Sazonalmente*

1996 = 100(*ajuste feito pelo Filtro de Kalfman)

*

50

60

70

80

90

100

110

120

130

140

150

160

170

180

190

200

2001 12 2002 03 2002 06 2002 09 2002 12 2003 03 2003 06 2003 09 2003 12 2004 03 2004 06 2004 09 2004 12 2005 03 2005 06

Px_aj Qx_aj Quantum - Média Móvel 3 Meses Preço - Média Móvel 3 Meses

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Temas do Comércio Exterior Brasileiro na Atualidade 24

Exportação de Produtos Manufaturados - Índices de Quantum (Qx) e Preço (Px) - Ajustados Sazonalmente*

1996 = 100(*ajuste feito pelo Filtro de Kalfman)

5060708090

100110120130140150160170180190200210220230240250260270

2001 12 2002 03 2002 06 2002 09 2002 12 2003 03 2003 06 2003 09 2003 12 2004 03 2004 06 2004 09 2004 12 2005 03 2005 06

Px_aj Qx_aj Quantum - Média Móvel 3 Meses Preço - Média Móvel 3 Meses

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Temas do Comércio Exterior Brasileiro na Atualidade 25

O Que Vem Pela Frente?

O exercício de projeção a seguir relativo ao comércio exterior brasileiro em 2005 deve ser interpretado como uma projeção estrito senso. Já a simulação do resultado comercial para 2006 deve ser visto como um indicador de tendência, dado que está condicionado por um cenário passível de não confirmação por conta da distância temporal.

No modelo utilizado, duas variáveis são importantes para explicar o comportamento das exportações brasileiras: crescimento das exportações mundiais e taxa de câmbio real. No caso das importações, a taxa de câmbio real e o crescimento da economia brasileira são os determinantes destacados.

O modelo foi abastecido com as seguintes hipóteses:

� Taxa de câmbio R$/US$ ao redor de R$ 2,35 até o final do ano e ao longo de 2006;

� Taxa de câmbio US$/Euro de R$ 1,25 até o final do ano;

� Crescimento das exportações mundiais na casa de 12,3% em 2005 e 7,7% em 20066;

� Crescimento do PIB do Brasil de 2,5% em 2005 e 4% em 2006.

Dentro deste cenário, o resultado mais provável é que ocorra uma redução do saldo comercial no horizonte do segundo semestre de 2005 e durante o ano de 2006. As simulações apontam uma redução mais expressiva do saldo anual no último trimestre de 2005 com reduções subseqüentes nos trimestres subseqüentes do ano que vem.

Espera-se um saldo comercial na casa de US$ 36,2 bilhões no corrente ano e de cerca de US$ 27 bilhões em 2006. O resultado de 2005 será maior do que o de 2004, efeito do desempenho do início deste ano. Na ponta, o saldo comercial estará caindo. No ano de 2005 as exportações e importações deverão crescer em 15% e 19% respectivamente.

Em 2006, o crescimento das exportações se reduzirá para a casa de 3% com as importações crescendo 16%. Dificilmente as exportações brasileiras crescerão acima do crescimento das exportações mundiais projetado em 7,3% pelo FMI por conta dos efeitos defasados da taxa de câmbio. No caso das exportações crescerem 8% sobre 2005 e as importações crescerem 16% sobre 2005, o saldo ficará na casa de US$ 33 bilhões, podendo este valor ser interpretado como teto para o saldo neste cenário.

Vale ressaltar que os resultados aqui obtidos são sensíveis à hipótese de crescimento do comércio mundial e de crescimento da economia brasileira, assim como à taxa de câmbio real. No que tange ao crescimento da economia brasileira, um valor superior a 4% em 2006 causará, tudo mais constante, uma redução maior do saldo comercial. Por outro lado, caso o ritmo de crescimento das exportações mundiais surpreenda positivamente e mantenha o ritmo forte crescimento dos últimos anos, o efeito do câmbio sobre a balança comercial será menor. Mas se for confirmado o cenário previsto pelo FMI de desaceleração do comércio mundial, a manutenção do atual nível de taxa câmbio gerará uma redução no saldo em 2006. Este efeito, em sendo confirmado, já começará a ser sentido ao longo do segundo semestre de 2005. Evidentemente, uma mudança de rota na recente trajetória da valorização real da moeda nacional tem poder para modificar o valor do saldo comercial, especialmente em 2006. 6 Previsões extraídas do FMI - World Economic Outlook de abril de 2005.

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Temas do Comércio Exterior Brasileiro na Atualidade 26

Do contrário, ou seja, sendo mantida o atual nível de taxa de câmbio real, o exercício sugere que em 2006 o saldo comercial somente não será comprometido parcialmente se o cenário externo continuar favorável às exportações do Brasil. Caso a desaceleração do comércio mundial projetada pelo FMI venha a se confirmar é muito provável que o saldo brasileiro se reduza significativamente nesse ano. Assim como em 2005 foram colhidos os frutos de um câmbio ainda competitivo que, na média, prevaleceu entre 2002/2004, em 2006 o saldo refletirá os efeitos da valorização cambial em curso em 2005.

Saldo Comercial Trimestral Acumulado em Doze Meses

15.908

20.926

23.062

24.824

27.152

29.431

32.109

33.670

35.854

38.070

33.692

30.658

28.981

27.003

38.341

36.175

15.000

20.000

25.000

30.000

35.000

40.000

2003-1 2003-2 2003-3 2003-4 2004-1 2004-2 2004-3 2004-4 2005-1 2005-2 2005-3 2005-4 2006-1 2006-2 2006-3 2006-4

US$

milh

ões

projeção

Projeções do Comércio Exterior

15.90820.926 23.062 24.824 27.152 29.431 32.109 33.670 35.854 38.341 38.070 36.175 33.692 30.658 28.981 27.003

63.51668.312 69.634

73.08477.487

83.38890.572

96.475101.478

106.847 109.925 111.434 111.312 112.663

47.608 47.386 46.572 48.260 50.33653.958

58.46362.806 65.624 68.506

71.85577.741 80.654 83.682

113.601110.907

86.599

74.732

0

20.000

40.000

60.000

80.000

100.000

120.000

2003-1 2003-2 2003-3 2003-4 2004-1 2004-2 2004-3 2004-4 2005-1 2005-2 2005-3 2005-4 2006-1 2006-2 2006-3 2006-4

US$

milh

ões

Saldo - Acumulado em 12 meses Exportação - Acumulado em 12 meses Importação - Acumulado em 12 meses

projeção