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ANO 2014
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
Linguagem e Variedades Linguísticas
Linguagem, língua e fala
Poucas palavras possuem significação tão extensa quanto a palavra linguagem. Ao ouvi-la você pode pensar numa série de expressões, cada uma empregando o termo de forma diferente: ―linguagem popular‖, ―linguagem de programação‖, ―linguagem de cinema‖. Talvez você também se lembre de ter lido ou ouvido em
algum lugar que ―a linguagem diferencia o homem de todos os outros animais‖. Será que existe algo comum a tantos modos de usar uma mesma palavra?
Observe que, nas expressões acima, linguagem é uma palavra sempre relacionada a
fenômenos comunicativos. Onde há
comunicação, há linguagem: como o homem é ser social, sua necessidade de estabelecer comunicação é praticamente ininterrupta. Enviando ou recebendo mensagens por meio de um código, o ser humano atende a sua necessidade comunicativa, criando a atividade a
que se dá o nome de linguagem:
A linguagem é um processo de comunicação de uma mensagem entre dois sujeitos falantes pelo menos, sendo um o destinador ou o
emissor, e o outro, o destinatário ou o receptor.
mensagem
destinador - - - - - - - - - - - - - - → destinatário
Ora, cada sujeito falante é simultaneamente o destinador e o destinatário de sua própria mensagem, visto que é capaz de ao mesmo tempo emitir uma mensagem decifrando-a, e em princípio não entre nada
que não possa decifrar. Assim, a mensagem destinada ao outro é, num certo sentido, destinada em primeiro lugar ao mesmo que fala: donde se conclui que falar é falar-se.
Do mesmo modo, o destinador-decifrador
só decifra na medida em que pode dizer aquilo que ouve.
KRISTEVA, Júlia. História da linguagem. Lisboa, Edições 70, 1969. P. 21.
A compreensão mútua entre o emissor e o receptor de uma mensagem é assegurada pelo emprego de um código comum a ambos. Esse código pode ser gestual, visual, olfativo etc.
Dentre os diferentes códigos comunicativos existentes, a língua é o mais importante, pois seu uso é universal e generalizado nos diferentes grupos sociais.
Aliás, o caráter social de uma língua é justamente sua característica mais evidente, sempre ligada à comunidade que a possui. O
linguista Ferdinand de Saussurre diz que a língua ―é a parte social da linguagem, exterior ao indivíduo, que, por si só, não pode nem criá-la nem modificá-la; ela não existe senão em virtude duma espécie de contrato estabelecido entre os membros da comunidade‖.
Individualmente, é possível optar por esta ou
aquela forma de expressão no momento de se comunicar, mas não se pode criar uma língua particular e exigir que outros a entendam. Assim, cada indivíduo pode fazer um uso próprio e personalizado da língua comunitária, originando a fala, sempre condicionada pelas
regras socialmente estabelecidas da língua, mas suficientemente ampla para permitir um exercício criativo da comunicação.
Linguagem: é a faculdade humana através da qual o homem se comunica.
Língua: é um sistema de signos; pertence a toda uma comunidade de falantes.
Fala: é o uso que cada indivíduo faz da língua
comunitária.
A Linguística
Ferdinand de Saussure foi o primeiro grande
linguista de nossos tempos, responsável pelo
desenvolvimento da Linguística como ciência que se dedica ao estudo objetivo da linguagem humana.
Assim, a linguística procura investigar a
organização e o funcionamento das diversas línguas existentes, estabelecendo relações entre essas línguas e as sociedades e homens que as produzem e utilizam. Cientificamente, ocupa-se em descobrir e explicar os fenômenos da linguagem, sem qualquer preocupação em estabelecer padrões de “certo” e “errado”.
Saussure estabeleceu, além da distinção língua/fala, uma outra oposição fundamental para os estudos da linguagem: a diacronia e a sincronia.
A diacronia analisa a língua a partir da sua evolução ao longo do tempo. Contar a história da
língua portuguesa, mostrando suas diferentes fases evolutivas.
A sincronia, por outro lado, procura explicar o funcionamento de uma língua num dado momento do tempo, sem se preocupar com a evolução da linguagem, mas apenas com a sua maneira de ser. Descrever como é a língua
portuguesa falada no Brasil, hoje, é fazer linguística sincrônica.
Língua falada e língua escrita
O estudo sincrônico de uma língua revela a existência de muitas variações. Inicialmente, há
diferença entre a língua falada e a língua escrita, dois meios de comunicação diferentes. A língua
falada é mais espontânea, mais solta, acompanhada de mímica e entonação, que preenchem importantes papéis significativos; a língua escrita não é a simples representação
gráfica da língua falada, mas sim um sistema mais disciplinado e rígido, uma vez que não conta com a significação paralela da mímica e da entonação.
Regionalismo e dialetos
Ocorrem ainda variações linguísticas de ordem geográfica, chamadas de regionalismos, dialetos. Isso acontece porque em algumas
regiões de um país certas expressões e mesmo construções são preferidas a outras; quando tais diferenças se aprofundam, deixa-se de falar em regionalismo e fala-se em dialeto.
Níveis de língua
Além das diferenças geográficas, existem as diferenças motivadas pelos chamados níveis de língua. Para compreendê-las, basta observar
que seu próprio modo de falar varia de acordo com a situação em que você se encontra: ao conversar com seus colegas, você já deve ter notado diferenças na maneira de se expressar de
um médico ou de um advogado, condicionadas pelas situações em que se encontram: no consultório ou no tribunal, eles empregam expressões e termos que dificilmente utilizariam
em uma conversa durante o jantar com a família
ou com amigos.
A primeira grande distinção decorrente da existência dos níveis de fala é a que se faz entre a língua culta e a língua popular ou linguajar.
A língua culta prende-se aos modelos e
normas da Gramática tradicional e é empregada pelas elites sociais escolarizadas. É a modalidade linguística tomada como padrão de ensino, e nela se redigem os textos e documentos oficiais do país.
Já a língua popular ou linguajar é aquela
usada diariamente pelo povo, desprovida de qualquer preocupação com ”correção‖
gramatical. Sua finalidade é eminentemente prática: comunicar informações e exprimir opiniões e sentimentos de forma eficaz.
Há também as chamadas línguas especiais, pertencentes a grupos restritos de
indivíduos que compartilham um mesmo conhecimento técnico ou interesses comuns. No primeiro caso, temos as línguas técnicas; no segundo, falamos em gírias ou calões. É fácil encontrar exemplos de línguas técnicas: basta observar a conversa de dois médicos, dois físicos ou dois linguistas. A gíria ou calão, por outro
lado, é a língua especial criada por certos grupos a fim de enviar mensagens decodificáveis apenas pelo próprio grupo. A gíria sofre um desgaste muito intenso com o passar do tempo, pois o
código torna-se conhecido fora do grupo, daí ser uma linguagem de época.
Podemos falar ainda num outro nível linguístico: a língua literária. Essa modalidade distingue-se das demais pela capacidade de gerar prazer estético, além da simples comunicação. Caracteriza-se pela elaboração artística do código linguístico, visando a finalidades expressivas e criativas.
A Gramática Normativa
A linguística estuda cientificamente a linguagem, procurando descobrir e explicar seu
funcionamento. Não se preocupa em estabelecer critérios de correção gramatical, impondo maneiras ―certas‖ e ―padronizadas‖ de falar e escrever. Essa preocupação com ―o ideal da
expressão correta‖ pertence à Gramática Normativa, cujas regras se baseiam nas obras dos grandes escritores. Criam-se, dessa maneira, os critérios de ―certo‖ e ―errado‖ gramaticais, considerando-se correto aquilo que obedece ao padrão culto da língua. Esse padrão é ensinado nas escolas, independentemente da
origem social de cada estudante, causando problemas de integração do indivíduo ao grupo. Em países como o nosso, grandes contrastes sociais, a distância entre a língua culta, ensinada nas escolas, e a língua popular, conhecida no
exercício diário da existência, é muito grande, o que dá origem a sérios entraves educacionais.
A palavra e a comunicação
Os veículos de comunicação evoluíram rapidamente – rádio, telefone, televisão, computador –, ampliando possibilidades de inter-relacionamento social e fazendo
desaparecer a materialidade das coisas (não se escreve em papel, as conversas fluem sem a presença física dos interlocutores). Mesmo assim, permanecem muitos dos questionamentos sobre a eficiência da comunicação entre as pessoas. Por isso, seja por meio de uma conversa informal, seja por meio
de uma carta ou de um e-mail, importam os sentidos que as palavras adquirem em diferentes contextos, as funções que a linguagem assume
em cada situação, a maior ou menor clareza da mensagem transmitida.
De fato, quando fazemos uso da linguagem,
a escolha e a combinação do vocabulário fazem com que cada comunicação tenha determinadas características (simples, confusa, sofisticada, emocionante, convincente). Na própria internet, território de comunicação intensa entre jovens, encontram-se exemplos de busca contínua de expressões que sejam rápidas e eficientes.
Denotação e Conotação
De maneira geral, podemos dizer que lidamos com dois tipos de sentido das palavras:
denotativo ou referencial;
conotativo ou afetivo.
A palavra tem valor denotativo ou referencial quando é tomada em seu sentido usual, literal. Os textos informativos (científicos
e jornalísticos), por serem objetivos, prendem-se ao sentido denotativo das palavras.
A palavra tem valor conotativo ou afetivo quando seu significado é ampliado ou alterado no contexto em que é empregada, sugerindo ideias que ultrapassam seu sentido mais usual. Além dos poetas, romancistas e contistas,
também os humoristas e os profissionais da publicidade usam e abusam do duplo sentido das palavras ao selecionar e combinar o vocabulário de seu texto.
Linguagem verbal e não verbal
• a linguagem verbal – aquela que utiliza a língua (oral ou escrita); a língua é o mais importante dos códigos;
• a linguagem não verbal – aquela que utiliza qualquer código que não seja a palavra, como a pintura (que explora as formas e as cores, por exemplo), a mímica, a dança, a música etc.
Quando falamos em ler textos, não estamos nos referindo exclusivamente aos textos escritos, mas, sim, aos diversos textos que se apresentam em nosso cotidiano, ―escritos‖ nas
mais diferentes linguagens. Além dos textos
verbais, há também os textos ―sem palavras‖: o texto ―escrito‖ pelas pessoas andando na rua; o do telejornal, com seus cortes, sua edição e montagem de notícias; o texto das várias telas, esculturas e fotografias; o do diálogo amoroso ―escrito‖ por meio de gestos...
Portanto, podemos ter textos expressos em linguagem verbal e textos expressos em linguagem não verbal. Um bom leitor, um leitor atento, deve procurar ―ler‖ (e compreender) esses vários textos que se apresentam em seu cotidiano.
As Funções da Linguagem
Para entendermos com clareza as funções da
linguagem, é bom primeiramente conhecermos as etapas da comunicação.
Ao contrário do que muitos pensam, a comunicação não acontece somente quando falamos, estabelecemos um diálogo ou redigimos um texto, ela se faz presente em todos (ou
quase todos) os momentos.
Comunicamos-nos com nossos colegas de trabalho, com o livro que lemos, com a revista, com os documentos que manuseamos, através de nossos gestos, ações, até mesmo através de um beijo de ―boa noite‖.
É o que diz Bordenave quando se refere à
comunicação:
A comunicação confunde-se com a própria vida. Temos tanta consciência de que comunicamos como de que respiramos ou
andamos. Somente percebemos a sua essencial importância quando, por acidente ou uma doença, perdemos a capacidade de nos comunicar.
(Bordenave, 1986. p.17-9)
No ato de comunicação percebemos a existência de alguns elementos, são eles:
a) emissor: é aquele que envia a mensagem (pode ser uma única pessoa ou um grupo de
pessoas).
b) receptor: é aquele a quem a mensagem é endereçada (um indivíduo ou um grupo), também conhecido como destinatário.
c) canal de comunicação: é o meio pelo qual a mensagem é transmitida.
d) código: é o conjunto de signos e de regras
de combinação desses signos utilizado para elaborar a mensagem: o emissor codifica aquilo que o receptor irá descodificar.
e) mensagem (ou texto): tudo o que é transmitido pelo emissor ao receptor.
f) contexto (ou referente): é o objeto ou a
situação a que a mensagem se refere.
Veja em forma de esquema os seis fatores que integram o ato de comunicação verbal:
Partindo desses seis elementos Roman Jakobson, linguista russo, elaborou estudos
acerca das funções da linguagem, os quais são muito úteis para a análise e produção de textos. As seis funções são:
1. Função referencial (ou informativa): referente é o objeto ou situação de que a
mensagem trata. A função referencial privilegia justamente o referente da mensagem, buscando transmitir informações objetivas sobre ele. Essa função predomina nos textos de caráter científico e é privilegiado nos textos jornalísticos.
Em 1665¸ Londres é assolada pela peste negra (peste bubônica) que dizimou grande
parte de sua população, provocando a quase total paralisação da cidade e acarretando o fechamento de repartições públicas, colégios etc. Como conseqüências desta catástrofe, Newton retornou a sua cidade natal, refugiando-se na tranqüila fazenda de sua família, onde permaneceu durante dezoito
meses, até que os males da peste fossem afastados, permitindo seu regresso a Cambridge. Este período passado no ambiente sereno e calmo do campo foi, segundo as palavras do próprio Newton, o mais importante de sua
vida. Entregando-se totalmente ao estudo e à meditação, quando tinha apenas 23 a 24
anos de idade, ele conseguiu, nesta época, realizar muitas descobertas, desenvolvendo as bases de praticamente toda a sua obra.
(Antônio Máximo e Beatriz Alvarenga. In. Curso de Física. São Paulo: Harbra, 1992. v. 1, p. 196.)
2. Função emotiva (ou expressiva): através dessa função, o emissor imprime no texto as marcas de sua atitude pessoal: emoções, avaliações, opiniões. O leitor sente no texto a presença do emissor.
Estou tendo agora uma vertigem. Tenho um pouco de medo. A que me levará minha liberdade? O que é isto que estou te escrevendo? Isto me deixa solitária.
(Clarice Lispector)
3. Função conativa (ou apelativa): essa função
procura organizar o texto de forma a que se imponha sobre o receptor da mensagem, persuadindo-o, seduzindo-o. Nas mensagens em que predomina essa função, busca-se envolver o leitor com o conteúdo transmitido, levando-o a adotar este ou aquele comportamento.
O Gordo e o Magro
A vida pode ter o peso que você quiser.
O São Pedro SPA Médico é o cenário ideal para quem busca melhorar sua qualidade de
vida. O espaço de 30 mil metros quadrados ao ar livre, abriga um parque ecológico e ambientes propícios ao relaxamento e às atividades terapêuticas: quadras poliesportivas, piscinas, clínica de estética, entre outros. Nossa marca registrada a prevenção e o tratamento holístico
do ser humano no combate ao estresse e à obesidade. No São Pedro SPA Médico, um grupo seleto de médicos, nutricionistas, professores e terapeutas compõem a equipe que observa os aspectos individuais de cada paciente, prescreve e aplica tratamentos personalizados.
Venha nos visitar.
Com a sua determinação o final feliz é por nossa conta.
O texto desse anúncio quer convencer o leitor a visitar um spa. A chamada lembrando ―o gordo e o magro‖, seguida da frase ―a vida pode ter o peso que você quiser‖, é bastante apelativa.
4. Função fática: a palavra fático significa ―ruído, rumor‖. Foi utilizada inicialmente para designar certas formas que se usam para chamar a atenção (ruídos como psiu, ahn, ei). Essa função ocorre quando a mensagem se orienta sobre o
canal de comunicação ou contato, buscando verificar e fortalecer sua eficiência.
— Como vai, Maria?
— Vou bem. E você?
— Você vai bem, Maria?
— Já disse que sim!
— Eu também. Está tão bonita!‖
— Ah, bem, é que eu...
— Ah, é.
(Dalton Trevisan)
5. Função metalinguística: quando a linguagem se volta sobre si mesma, transformando-se em
seu próprio referente, ocorre a função metalinguística.
Assim eu quereria o meu último poema Que fosse terno dizendo as coisas mais
simples e menos intencionais
Que fosse ardente como um soluço sem
lágrimas
Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume
A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidos
A paixão dos suicidas que se matam sem explicação.
(Manuel Bandeira)
6. Função poética: quando a mensagem é elaborada de forma inovadora e imprevista, utilizando combinações sonoras ou rítmicas,
jogos de imagem ou de ideias, temos a manifestação da função poética da linguagem. Essa função é capaz de despertar no leitor
prazer estético e surpresa. É explorado na poesia e em textos publicitários.
Não sinto o espaço que encerro Nem as linhas que projeto
Se me olho a um espelho, erro —
Não me acho no que projeto
(Mário de Sá-Carneiro)
Observação:
As funções da linguagem relacionam-se aos elementos envolvidos na comunicação, pois cada
função dá ênfase a um deles. O quadro abaixo resume essa relação.
Essas funções não são exploradas isoladamente, de modo geral, ocorre a superposição de várias delas. Há, no entanto, aquela que se sobressai, assim podemos identificar a finalidade principal
do texto.
EXERCÍCIOS
01. Reconheça nos textos a seguir, as funções da linguagem predominantes:
a) "O risco maior que as instituições
republicanas hoje correm não é o de se romperem, ou serem rompidas, mas o de não funcionarem e de desmoralizarem de vez, paralisadas pela sem-vergonhice, pelo hábito covarde de acomodação e da complacência. Diante do povo, diante do
mundo e diante de nós mesmos, o que é
preciso agora é fazer funcionar corajosamente as instituições para lhes devolver a credibilidade desgastada. O que é preciso (e já não há como voltar atrás sem avacalhar e emporcalhar ainda mais o conceito que o Brasil faz de si mesmo) é
apurar tudo o que houver a ser apurado, doa a quem doer." (O Estado de São Paulo)
b) O verbo infinitivo Ser criado, gerar-se, transformar O amor em carne e a carne em amor; nascer Respirar, e chorar, e adormecer E se nutrir para poder chorar
Para poder nutrir-se; e despertar Um dia à luz e ver, ao mundo e ouvir
E começar a amar e então ouvir E então sorrir para poder chorar.
E crescer, e saber, e ser, e haver E perder, e sofrer, e ter horror De ser e amar, e se sentir maldito E esquecer tudo ao vir um novo amor E viver esse amor até morrer E ir conjugar o verbo no infinito...
(Vinícius de Morais)
a) "Para fins de linguagem a humanidade se serve, desde os tempos pré-históricos, de
sons a que se dá o nome genérico de voz, determinados pela corrente de ar expelida dos pulmões no fenômeno vital da
respiração, quando, de uma ou outra maneira, é modificada no seu trajeto até a parte exterior da boca." (Matoso Câmara Jr.)
d) " - Que coisa, né?
- É. Puxa vida! - Ora, droga! - Bolas! - Que troço! - Coisa de louco! - É!"
e) "Fique afinado com seu tempo. Mude para Col. Ultra Lights."
f) "Sentia um medo horrível e ao mesmo tempo
desejava que um grito me anunciasse qualquer acontecimento extraordinário. Aquele silêncio, aqueles rumores comuns, espantavam-me. Seria tudo ilusão? Findei a tarefa, ergui-me, desci os degraus e fui espalhar no quintal os fios da gravata. Seria tudo ilusão?... Estava doente, ia piorar, e isto me alegrava. Deitar-me, dormir, o
pensamento embaralhar-se longe daquelas porcarias. Senti uma sede horrível... Quis ver-me no espelho. Tive preguiça, fiquei pregado à janela, olhando as pernas dos transeuntes." (Graciliano Ramos)
g) " - Que quer dizer pitosga?
- Pitosga significa míope.
- E o que é míope? - Míope é o que vê pouco."
02. Identifique a função da linguagem que prevalece nos textos a seguir:
a) ―É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de
colocá-los a salvo de toda forma de
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.‖
(Const. da República Federativa do Brasil, art. 227.)
b)
José Antônio da Silva, Revista Galeria.
c) ―fuzuê. S. m. Brás. Gir. 1. Festa, função. 2. Barulho, confusão, conflito‖
(Novo Aurélio século XXI.)
d) Agenda
Noite profunda. Sono profundo.
Esperança rasa.
(Cacaso. In: Poesia jovem... cit. P. 66.)
e) ―Ah! esse cara tem
me consumido
A mim e a tudo que eu quis
Com seus olhinhos infantis
Como os olhos de um bandido
[...]
Ele é quem quer
Ele é o homem
Eu sou apenas
Uma mulher.‖
(Caetano Veloso. CD Prenda minha.
Polygram, 1999.)
03. Leia este anúncio e responda à questão proposta:
a) Que tipo de linguagem é utilizado na construção do texto: a verbal, a visual ou as linguagens verbal e visual?
b) Leia apenas a frase situada na parte inferior
do anúncio. Qual é o seu sentido?
c) Observe a figura central do anúncio: a roupa, os cabelos, o meio-sorriso da pessoa fotografada e o cenário de fundo. Por esse conjunto de elementos, notamos que não se trata de um anúncio comum, pois há nele a voz de outro texto bastante conhecido. Que
texto é esse?
d) Fazendo o cruzamento entre a parte verbal e a parte visual do texto, notamos que há entre as duas linguagens um ponto em comum, que as aproxima e amplia o sentido de cada uma. Qual é ele?
04. Leia os textos a seguir para responder à questão seguinte.
Texto 1 – Pintura de Mona Lisa
Mona Lisa (1503 – 1506), também
conhecida como La Gioconda, é a mais notável e conhecida obra do pintor italiano Leonardo da Vinci.
Disponível no sítio<http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/ franca/museu-do-louvre.php>. Acesso em: 14 de março de 2011.
Texto 2 – Peça publicitária de uma marca de produtos de limpeza
―Mon bijou deixa sua roupa uma perfeita obra-prima.‖
Disponível no sítio http://direitobemfeito.wordpress.com/2010/11/17/ bombril-e-mona-lisa/. Acesso em: 14 de março de 2011.
A partir da leitura dos textos não verbais e
verbais, assinale a alternativa INCORRETA: a) A função de persuadir é reforçada através
do jogo intertextual, presente na peça publicitária.
b) A Mona Lisa representada na peça publicitária parodia a obra de Leonardo da Vinci, considerada perfeita pelos críticos de
arte, com o objetivo principal de criticá-la. c) A ideia da peça publicitária é provocar no
consumidor o desejo de ter suas roupas perfeitas, limpas e perfumadas.
d) Elementos da obra de Leonardo da Vinci foram incorporados na peça publicitária: cabelos
compridos, sorriso indefinido e a posição das mãos, provocando comicidade no leitor.
e) A obra de Leonardo da Vinci serviu de paródia para a peça publicitária, ressaltando um jogo cômico. É uma forma diferente de convencimento, cuja intenção é vender o produto.
Leia os textos abaixo para responder à próxima
questão. Texto 1
Com Tim Liberty, você navega e fala ilimitado, local e DDD com 41, para qualquer Tim do Brasil. Veja, ano 44, nº 11, 16 de março de 2011.
Texto 2
O Japão é um dos países mais castigados pelos desastres naturais. A solução para atenuar seus efeitos está na alta tecnologia e no treinamento da
população. Veja, ano 44, nº 11, 16 de março de 2011.
Texto 3
Na Carta ao Leitor ―Tempo de homens partidos‖ (9 de março), senti que ainda existe um jornalismo vigilante em nosso país, trazendo a esperança de dias melhores. Parabéns aos editores de VEJA. Veja, ano 44, nº 11, 16 de março de 2011.
Texto 4 Língua: sistema de signos que permite a comunicação entre os indivíduos de uma comunidade linguística.
Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa.
05. Considere as assertivas abaixo referentes às funções de linguagem. I. Os elementos necessários para a
comunicação envolvem emissor, receptor, código, canal e mensagem. No texto 1, a ênfase está no emissor; no texto 2, na
mensagem; no texto 3, no receptor e no texto 4, no próprio código.
II. O predomínio de uma determinada função pode ser identificado por marcas linguísticas, como, por exemplo, o uso de terceira pessoa, encontrado no texto 2, no qual predomina a função referencial.
III. Na função apelativa, o objetivo é de influenciar, convencer o receptor de alguma coisa por meio
de uma ordem, sugestão, convite ou apelo. Os verbos podem ser conjugados na segunda ou terceira pessoas. Esse tipo de função é a que predomina no texto 1.
Assinale a alternativa CORRETA:
a) Apenas a I está correta. b) Apenas a II está correta. c) Apenas I e II estão corretas. d) Apenas I e III estão corretas. e) Apenas II e III estão corretas.
06. Leia o trecho da música a seguir para responder à questão que segue.
Vô Imbolá
Zeca Baleiro
Composição: Zeca Baleiro
Imbola vô imbolá
Eu quero ver rebola bola
Você diz que dá na bola
Na bola você não dá
Quando eu nasci era um dia amarelo
Já fui pedindo chinelo
Rede café caramelo
O meu pai cuspiu farelo
Minha mãe quis enjoar
Meu pai falou mais um bezerro desmamido
Meu Deus que será bandido
Soldado doido varrido
Milionário desvalido
Padre ou cantor popular
Nem Frank Zappa nem Jackson do pandeiro
Lobo bom e mau cordeiro
Mais metade que inteiro
Me chamei Zeca Baleiro
Pra melhor me apresentar
Nasci danado pra prender vida com clips
Ver a lua além do eclipse
Já passei por bad trips
Mas agora o que eu quero
É o escuro afugentar
Faz uma cara que se deu essa empreitada
Hoje a vida é embolada
Bola pra arquibancada
Rebolei bolei e nada
Da vida desimbolá
[...].
Texto na íntegra disponível no sítio <http://letras.terra.com.br/zeca-baleiro/91981/>.
Acesso em: 14 de março de 2011.
A embolada é um gênero musical simples que
teve origem no Nordeste brasileiro e significa ―forma poético-musical, improvisada ou não, em compasso binário, cuja melodia é declamatória, em valores rápidos e intervalos curtos [...]‖ (Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa).
Leia as afirmações a seguir: I. O compositor da música, Zeca Baleiro,
emprega a função metalinguística no texto. Isto quer dizer que ele se utiliza do gênero
musical embolada para falar dela mesma, como podemos ver no trecho: ―Hoje a vida é embolada / Bola pra arquibancada / Rebolei bolei e nada / Da vida desimbolá.‖
II. Os versos ―Imbola vô imbolá‖ e ―Da vida
desimbolá‖ estão na variedade não padrão
do português brasileiro, sendo que, na variedade padrão, podem ser transcritos da seguinte forma: ―Embola vou embolar‖ e ―Da vida desembolar‖.
III. A palavra ‗imbolá‘ apresenta algumas características específicas da língua falada, tais como: a troca do fonema /e/ pelo
fonema /i/ na posição de sílaba átona inicial, como acontece em ‗espelho‘ e ‗enchente‘.
IV. O ritmo melódico da música sugerido pelos fonemas utilizados pelo compositor expressa uma das características do gênero musical embolada: melodia em compasso de declamação, que pode ser representada
pelos versos: ―Quando eu nasci era um dia
amarelo / Já fui pedindo chinelo / Rede café caramelo / O meu pai cuspiu farelo / Minha mãe quis enjoar‖.
Assinale a alternativa CORRETA:
a) Apenas II e IV estão corretas.
b) Apenas I, II e III estão corretas. c) Apenas I, II e IV estão corretas. d) Apenas II, III e IV estão corretas. e) Todas as afirmações estão corretas.
07. Leia os textos abaixo e responda à questão proposta.
TEXTO 1
Nossa cultura valoriza a consciência crítica dos indivíduos. As decisões coletivas nos parecem fadadas ao erro por serem paixões da massa manipulada ou médias estatísticas,
consensos numéricos sem argumentação e sem complexidade.
CALLIGARIS, C. Elogio das eleições. "Folha de S. Paulo", São Paulo, 30 set. 2004, p. E8.
TEXTO 2
Qualquer estagiário de publicidade sabe que não se deve conjugar os verbos no plural. O certo é dizer: "compre", "veja", "experimente"; nunca "comprem", "vejam", "experimentem".
Cada consumidor quer ser tratado como indivíduo, e não como rebanho. Teoricamente, os anúncios apelam para a liberdade de quem os lê: apresentam-se como um esforço de
persuasão pessoal, e não de mobilização coletiva.
COELHO, M. Por que era tão moderno usar chapéu.
"Folha de S. Paulo", São Paulo, 8 jun. 2005, p. E10.
Considerando a idéia de que a linguagem tem funções que dependem das intenções do autor em relação ao leitor e, ainda, a leitura atenta dos textos 1 e 2, analise as seguintes proposições:
I. O propósito predominante do Texto 1 é discutir conceitos culturais de forma direta e
objetiva, o que caracteriza a função referencial da linguagem.
II. Predomina, no Texto 2, a função apelativa da
linguagem, fato percebido no uso das palavras "consumidor", "anúncios" e "persuasão", termos típicos do gênero publicitário.
III. O Texto 2 utiliza a metalinguagem ao
explicar que o uso de verbos na terceira pessoa do imperativo singular produz um forte efeito persuasivo no consumidor, pois o individualiza e o faz sentir-se único.
IV. Nos dois textos predomina a função emotiva porque ambos pretendem expressar
sentimentos de insatisfação com a valorização da consciência crítica do indivíduo pela massa manipulada.
Marque a alternativa CORRETA:
a) Apenas a proposição I é verdadeira.
b) Apenas a proposição II é verdadeira.
c) Apenas a proposição III é verdadeira.
d) Apenas as proposições II e III são
verdadeiras.
e) Apenas as proposições III e IV são verdadeiras.
08. Utilize o texto abaixo para responder ao teste seguinte.
Sobre os efeitos de sentido decorrentes da associação entre a imagem e a frase ―Amor eterno a partir de R$1,00‖, considere as seguintes afirmações:
I. A imagem aponta para a futilidade dos cerimoniais de casamento e o valor exorbitante de que se necessita para financiá-los.
II. Há um paralelismo explícito entre o desnível de beleza e idade dos parceiros e dos valores do bilhete e do prêmio.
III. O anúncio associa o preconceito que norteia as opiniões sobre alguns relacionamentos amorosos ao preço ínfimo do bilhete de loteria e à possibilidade de se ganhar um prêmio de alto valor.
Está(ão) correta(s) apenas
a) I. b) II. c) III.
d) I e II. e) II e III.
09. Leia os quadrinhos abaixo e responda à questão
proposta.
(http://www2.uol.com.br/laerte/tiras/index-overman.html)
A função de linguagem predominante no quadrinho aparece em:
a) ―Sentia um medo horrível e ao mesmo tempo desejava que um grito me anunciasse qualquer acontecimento extraordinário.
Aquele silêncio, aqueles rumores comuns,
espantavam-me.‖ (Graciliano Ramos)
b) ―a luta branca sobre o papel que o poeta evita, luta branca onde corre o sangue de suas veias de água salgada.‖ (João Cabral de Melo Neto)
c) ―Olá, como vai?/ Eu vou indo e você, tudo
bem?/ Tudo bem, eu vou indo pegar um lugar no futuro e você? ‖ (Paulinho da Viola)
d) ―Se um dia você for embora/ Ria se teu coração pedir/ Chore se teu coração mandar.‖ (Danilo Caymmi & Ana Terra)
e) ―Alô, alô continuas a não responder/E o telefone cada vez chamando mais‖ (André
Filho, com O Grupo do Canhoto)
10. "Com esta história eu vou me sensibilizar, e bem sei que cada dia é um dia roubado da morte. Eu não sou um intelectual, escrevo com o corpo. E o que escrevo é uma névoa úmida. As palavras são sons transfundidos de sombras que se
entrecruzam desiguais, estalactites, renda, música transfigurada de órgão. Mal ouso clamar palavras a essa rede vibrante e rica, mórbida e obscura tendo como contratom o baixo grosso da dor. Alegro com brio. Tentarei tirar ouro do carvão. Sei que estou adiando a história e que
brinco de bola sem bola. O fato é um ato? Juro que este livro é feito sem palavras. É uma fotografia muda. Este livro é um silêncio. Este
livro é uma pergunta."
(Clarice Lispector)
A obra de Clarice Lispector, além de se apresentar introspectiva, marcada pela
sondagem de fluxo de consciência (monólogo interior), reflete, também, uma preocupação com a escritura do texto literário.
Observe o trecho em questão e aponte os elementos que comprovam tal preocupação.
QUESTÃO 11 (UFG 2012/2)
Uma propaganda a respeito das facilidades oferecidas por um estabelecimento bancário traz a seguinte recomendação:
Nesse texto, observa-se um exercício de natureza metalinguística. Explique como esse recurso auxilia a construção do
sentido pretendido para persuadir o leitor.
QUESTÃO 12 (UNICAMP)
É sabido que as histórias de Chico Bento são situadas no universo rural brasileiro.
a) Explique o recurso utilizado para caracterizar o modo de falar das personagens na tira.
b) É possível afirmar que esse modo de falar caracterizado na tira é exclusivo do universo rural brasileiro? Justifique.
QUESTÃO 13 (UFMG)
Leia estes textos:
TEXTO 1
TEXTO 2 Código
É um sistema de símbolos que, por convenção estabelecida, se destina a representar e transmitir uma mensagem
entre a fonte [o autor] e o ponto de destino [o leitor].
PIGNATARI, Décio. Informação. Linguagem. Comunicação. São Paulo: Perspectiva, 1971. p.19.
A partir dessa leitura, redija um parágrafo dissertativo, demonstrando que a “tirinha” apresentada põe em evidência o
código das histórias em quadrinhos.
QUESTÃO 14 (UFBA)
Contemple a tira:
Normalmente, o gênero de um texto é que vai determinar a variedade de linguagem que deve ser empregada como
suporte na escrita. O autor, através da tirinha, recria o ambiente do bate-papo virtual. Faça um comentário sobre a
linguagem característica do espaço virtual — presente na tirinha — focalizando, principalmente, a ortografia utilizada,
sua aceitabilidade e o seu entendimento como um novo meio de interação.
QUESTÃO 15 Leia a tira a seguir.
QUESTÃO 16
Contemple:
QUESTÃO 17 (UEG)
Leia os quadrinhos abaixo.
Nos quadrinhos, o sentido do texto é produzido com base na polissemia de duas expressões linguísticas.
a) Quais expressões produzem esse efeito?
b) Explique quais os sentidos de cada uma das expressões envolvidas na polissemia mencionada.
QUESTÃO 18 (UFG)
A frase abaixo foi extraída de um anúncio que "vende" produto hidratante para pele.
a) Discorra sobre a função de linguagem predominante.
b) Explicite o jogo metafórico construído no texto, cujo objetivo centra-se no convencimento do interlocutor.
QUESTÃO 19 (ENEM)
Ferreira Gullar, um dos grandes poetas brasileiros da atualidade, é autor de “Bicho urbano”, poema sobre a sua relação com as pequenas e grandes cidades.
BICHO URBANO Se disser que prefiro morar em Pirapemas
ou em outra qualquer pequena cidade do país
estou mentindo ainda que lá se possa de manhã
lavar o rosto no orvalho e o pão preserve aquele branco
sabor de alvorada. ..................................................................... A natureza me assusta.
Com seus matos sombrios suas águas suas aves que são como aparições
me assusta quase tanto quanto esse abismo
de gases e de estrelas
aberto sob minha cabeça.
(GULLAR, Ferreira. Toda poesia. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1991)
Embora não opte por viver numa pequena cidade, o poeta reconhece elementos de valor no cotidiano das pequenas comunidades. Para expressar a relação do homem com alguns desses elementos, ele recorre à sinestesia, construção
de linguagem em que se mesclam impressões sensoriais diversas. Assinale a opção em que se observa esse recurso.
(A) "e o pão preserve aquele branco / sabor de alvorada."
(B) "ainda que lá se possa de manhã / lavar o rosto no orvalho"
(C) "A natureza me assusta. / Com seus matos sombrios suas águas"
(D) "suas aves que são como aparições / me assusta quase tanto quanto"
(E) "me assusta quase tanto quanto / esse abismo / de gases e de estrelas"
QUESTÃO 20
Observe as propagandas publicadas na revista Veja/São Paulo:
A função da linguagem predominante nos textos acima é:
(A) Fática, pois a linguagem utilizada atinge somente o público jovem mantendo o canal aberto com esse público
restrito.
(B) Expressiva, pois o emissor da mensagem chama muita atenção para sua arte e, dessa forma, prende a
atenção do leitor.
(C) Conativa, pois o texto publicitário, intencionalmente repleto de releituras de obras famosas, envolve e
influencia o receptor.
(D) Metalinguística, pois o que mais chama a atenção, não é o produto em si, e sim, a linguagem utilizada pelo
emissor.
(E) Poética, pois a criatividade das imagens promove um impacto tão acentuado no texto, que a mensagem
fica em destaque.
QUESTÃO 21 (ENEM)
Leia o poema abaixo.
Cidade grande
Que beleza, Montes Claros. Como cresceu Montes Claros.
Quanta indústria em Montes Claros. Montes Claros cresceu tanto, ficou urbe tão notória,
prima-rica do Rio de Janeiro, que já tem cinco favelas
por enquanto, e mais promete.
(Carlos Drummond de Andrade)
Entre os recursos expressivos empregados no texto, destaca-se a
(A) metalinguagem, que consiste em fazer a linguagem referir-se à própria linguagem.
(B) intertextualidade, na qual o texto retoma e reelabora outros textos.
(C) ironia, que consiste em se dizer o contrário do que se pensa, com intenção crítica.
(D) denotação, caracterizada pelo uso das palavras em seu sentido próprio e objetivo.
(E) prosopopeia, que consiste em personificar coisas inanimadas, atribuindo-lhes vida.
QUESTÃO 22 (ENEM) Cândido Portinari (1903-1962), em seu livro Retalhos de Minha Vida de Infância, descreve os pés dos
trabalhadores.
Pés disformes. Pés que podem contar uma história. Confundiam-se com as pedras e os espinhos. Pés semelhantes aos mapas: com montes e vales, vincos como rios. (...) Pés sofridos com muitos e muitos quilômetros de marcha. Pés que só os santos têm. Sobre a terra, difícil era distingui-los. Agarrados ao solo, eram como alicerces, muitas vezes
suportavam apenas um corpo franzino e doente. (Cândido Portinari, Retrospectiva, Catálogo MASP)
As fantasias sobre o Novo Mundo, a diversidade da natureza e do homem americano e a crítica social foram temas
que inspiraram muitos artistas ao longo de nossa História. Dentre estas imagens, a que melhor caracteriza a crítica
social contida no texto de Portinari é
QUESTÃO 23 (ENEM)
MAURÍCIO E O LEÃO CHAMADO MILLÔR Livro de Flavia Maria ilustrado por cartunista nasce como um dos grandes títulos do gênero infantil
Um livro infantil ilustrado por Millôr há de ter alguma grandeza natural, um viço qualquer que o destaque de um gênero que invade as livrarias (2 mil títulos novos, todo ano) nem sempre com qualidade. Uma pegada que o afaste do risco de fazer sombra ao fato de ser ilustrado por Millôr: Maurício - O Leão de Menino (CosacNaify, 24 páginas, R$ 35), de Flavia Maria, tem essa pegada.
Disponível em: http://www.revistalingua.com.br. Acesso em: 30 abr. 2010 (fragmento).
Como qualquer outra variedade linguística, a norma padrão tem suas especificidades. No texto, observam-se marcas
da norma padrão que são determinadas pelo veículo em que ele circula, que é a Revista Língua Portuguesa. Entre essas marcas, evidencia-se
(A) a obediência às normas gramaticais, como a concordância em “um gênero que invade as livrarias”.
(B) a presença de vocabulário arcaico, como em “há de ter alguma grandeza natural”.
(C) o predomínio de linguagem figurada, como em “um viço qualquer que o destaque”.
(D) o emprego de expressões regionais, como em “tem essa pegada”.
(E) o uso de termos técnicos, como em “grandes títulos do gênero infantil”.
A norma padrão da língua portuguesa está respeitada, na interpretação do gráfico, em:
(A) Durante o ano de 2008, foi em geral
decrescente a taxa de desocupação no Brasil.
(B) Nos primeiros meses de 2009, houveram
acréscimos na taxa de desocupação.
(C) Em 12/2008, por ocasião das festas, a taxa
de desempregados foram reduzidos.
(D) A taxa de pessoas desempregadas em 04/08
e 02/09 é estatisticamente igual: 8,5.
(E) Em março de 2009 as taxas tenderam à
piorar: 9 entre 100 pessoas desempregadas.
QUESTÃO 24 (ENEM)
Motivadas ou não historicamente, normas prestigiadas ou estigmatizadas pela comunidade sobrepõem-se ao
longo do território, seja numa relação de oposição, seja de complementaridade, sem, contudo, anular a interseção de
usos que configuram uma norma nacional distinta da do português europeu. Ao focalizar essa questão, que opõe não
só as normas do português de Portugal às normas do português brasileiro, mas também as chamadas normas cultas
locais às populares ou vernáculas, deve-se insistir na ideia de que essas normas se consolidaram em diferentes
momentos da nossa história e que só a partir do século XVIII se pode começar a pensar na bifurcação das variantes
continentais, ora em consequência de mudanças ocorridas no Brasil, ora em Portugal, ora, ainda, em ambos os
territórios.
CALLOU, D. Gramática, variação e normas. In: VIEIRA, S. R.; BRANDÃO, S. (orgs).Ensino de gramática: descrição e uso. São Paulo: Contexto.
O português do Brasil não é uma língua uniforme. A variação linguística é um fenômeno natural, ao qual todas as
línguas estão sujeitas. Ao considerar as variedades linguísticas, o texto mostra que as normas podem ser aprovadas
ou condenadas socialmente, chamando a atenção do leitor para a
(A) desconsideração da existência das normas populares pelos falantes da norma culta.
(B) difusão do português de Portugal em todas as regiões do Brasil só a partir do século XVIII.
(C) existência de usos da língua que caracterizam uma norma nacional do Brasil, distinta da de Portugal.
(D) inexistência de normas cultas locais e populares ou vernáculas em um determinado país.
(E) necessidade de se rejeitar a ideia de que os usos frequentes de uma língua devem ser aceitos.
QUESTÃO 25 (ENEM)
A figura a seguir trata da “taxa de desocupação” no Brasil, ou seja, a proporção de pessoas desocupadas em relação
à população economicamente ativa de uma determinada região em um recorte de tempo.
Disponível em: http://www.ibge.gov.br. Acesso em: abr. 2009 (adaptado).
QUESTÃO 26 (ENEM)
Há certos usos consagrados na fala, e até mesmo na escrita, que, a depender do estrato social e do nível de
escolaridade do falante, são, sem dúvida, previsíveis. Ocorrem até mesmo em falantes que dominam a variedade
padrão, pois, na verdade, revelam tendências existentes na língua em seu processo de mudança que não podem ser
bloqueadas em nome de um “ideal linguístico” que estaria representado pelas regras da gramática normativa. Usos
como ter por haver em construções existentes (tem muitos livros na estante), o do pronome objeto na posição de
sujeito (para mim fazer o trabalho), a não concordância das passivas com se (aluga-se casas) são indícios da
existência, não de uma norma única, mas de uma pluralidade de normas, entendida, mais uma vez, norma como
conjunto de hábitos linguísticos, sem implicar juízo de valor.
CALLOU, D. Gramática, variação e normas. In: VIEIRA, S. R.; BRANDÃO, S. (orgs). Ensino de gramática: descrição e uso. São Paulo: Contexto.
Considerando a reflexão trazida no texto a respeito da multiplicidade do discurso, verifica-se que
(A) estudantes que não conhecem as diferenças entre língua escrita e língua falada empregam, indistintamente,
usos aceitos na conversa com amigos quando vão elaborar um texto escrito.
(B) falantes que dominam a variedade padrão do português do Brasil demonstram usos que confirmam a
diferença entre a norma idealizada e a efetivamente praticada, mesmo por falantes mais escolarizados.
(C) moradores de diversas regiões do país que enfrentam dificuldades ao se expressarem na escrita revelam a
constante modificação das regras de emprego de pronomes e os casos especiais de concordância.
(D) pessoas que se julgam no direito de contrariar a gramática ensinada na escola gostam de apresentar usos
não aceitos socialmente para esconderem seu desconhecimento da norma padrão.
(E) usuários que desvendam os mistérios e sutilezas da língua portuguesa empregam formas do verbo ter
quando, na verdade, deveriam usar formas do verbo haver, contrariando as regras gramaticais.