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Informativo de Dezembro de 2010

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Boletim Federação Imaculada Conceição dos Mosteiros da OIC no Brasil Dezembro de 2010 – Ano 03 – Número 28

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“VINDE, EXULTEMOS DE ALEGRIA “VINDE, EXULTEMOS DE ALEGRIA “VINDE, EXULTEMOS DE ALEGRIA “VINDE, EXULTEMOS DE ALEGRIA NO SENHOR!”NO SENHOR!”NO SENHOR!”NO SENHOR!” –––– pág. 0pág. 0pág. 0pág. 04444 (Ir. Mª Auxiliadora do Preciosíssimo

Sangue – OIC Presidente da Federação Imaculada Conceição no

Brasil)

O PRIMEIRO E PRINCIPAL DEVER: O PRIMEIRO E PRINCIPAL DEVER: O PRIMEIRO E PRINCIPAL DEVER: O PRIMEIRO E PRINCIPAL DEVER: CONTEMPLAR AS COISAS DE DEUSCONTEMPLAR AS COISAS DE DEUSCONTEMPLAR AS COISAS DE DEUSCONTEMPLAR AS COISAS DE DEUS –––– pág. 0pág. 0pág. 0pág. 05555 FICHA DE REFLEXÃO FICHA DE REFLEXÃO FICHA DE REFLEXÃO FICHA DE REFLEXÃO –––– pápápápág. 0g. 0g. 0g. 08888

(Frei Estêvão Ottenbreit, OFM – Assistente da Federação Imaculada

Conceição no Brasil)

CAMINHANDO COM MARIA (XCAMINHANDO COM MARIA (XCAMINHANDO COM MARIA (XCAMINHANDO COM MARIA (XVVVV) ) ) ) –––– pág. pág. pág. pág. 00009999

(Irmã Maria Imaculada de Jesus Eucarístico - OIC )

CANTINHO DE LEITURACANTINHO DE LEITURACANTINHO DE LEITURACANTINHO DE LEITURA ---- pág. pág. pág. pág. 10101010

IRMÃS CONCEPCIONISTAS DE IRMÃS CONCEPCIONISTAS DE IRMÃS CONCEPCIONISTAS DE IRMÃS CONCEPCIONISTAS DE PPPPIRACICABAIRACICABAIRACICABAIRACICABA ---- pág. 1pág. 1pág. 1pág. 13333

( Irmã Maria Antônia, OIC e Claudinei Pollesel, do I.H.G.P.)

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AS MÁRTIRES DE TOLEDOAS MÁRTIRES DE TOLEDOAS MÁRTIRES DE TOLEDOAS MÁRTIRES DE TOLEDO ---- pág. 1pág. 1pág. 1pág. 15555

Irmã Maria Antônia de Santana Galvão - OIC)

O MOSTEIROO MOSTEIROO MOSTEIROO MOSTEIRO EL PARDOEL PARDOEL PARDOEL PARDO –––– pág. pág. pág. pág. 11116666

(Irmã Maria Antônia de Santana Galvão - OIC)

DOS QUE CONTINUAM BUSCANDO DOS QUE CONTINUAM BUSCANDO DOS QUE CONTINUAM BUSCANDO DOS QUE CONTINUAM BUSCANDO A DEUSA DEUSA DEUSA DEUS –––– pág. 1pág. 1pág. 1pág. 17777 (Frei Almir Ribeiro Guimarães, OFM)

FELIFELIFELIFELICIDADES! (ANIVERSÁRIOS) CIDADES! (ANIVERSÁRIOS) CIDADES! (ANIVERSÁRIOS) CIDADES! (ANIVERSÁRIOS) –––– pág. pág. pág. pág.

22223333

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“VINDE, EXULTEMOS DE ALEGRIA NO SENHOR!”

Com essas palavras,

no Mosteiro, depois de pedir que o Senhor venha em nosso auxilio, damos início ao nosso dia. É o convite para passarmos o dia no louvor e

na ação de graças. Vinde, exultemos de alegria no Senhor é convite que o salmista nos

faz dizendo a seguir o motivo porque devemos fazê-lo: Porque Ele é o nosso Deus, aquele que nos salva, que nos criou, que cuida de nós, como ovelhas de seu rebanho. Ele nos cerca de carinho e proteção, vela por todos os nossos passos, Ele é o Senhor.

Ao aproximar-nos de um novo ano, quero também convidá-los a exultar de alegria no Senhor, revendo os dias do ano que se finda e relembrando os inúmeros benefícios que o Senhor nos concedeu, especialmente o dom da vida. Quantas bênçãos, quantos momentos de alegria ele nos proporcionou, de quantos perigos nos livrou.

Nós costumamos rezar para pedir a Deus por nossas necessidades, mas há também um momento em que necessitamos no silêncio de nosso coração, dizer ao Bom Deus como nos sentimos felizes pelas bênçãos que ele derrama sobre nós, sobre nossos entes queridos.

A exemplo de São Francisco, louvemos o Altíssimo, Onipotente bom Senhor pelo sol, pela lua, pelo fogo, pelo ar que respiramos e por todas as suas criaturas.

“Altíssimo, onipotente, bom Senhor, nós vos louvamos, nós vos glorificamos, nós vos bendizemos e vos damos graças porque só vós sois o Senhor, só vos sois o altíssimo só vós sois bom!”

Irmã Maria Auxiliadora do Preciosíssimo Sangue – OIC

Presidente da Federação Imaculada Conceição

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O PRIMEIRO E PRINCIPAL DEVER: CONTEMPLAR AS COISAS DE DEUS

No mês passado, passando os olhos sobre o capítulo III das Constituições da OIC, percebemos o apelo de “ter sempre o espírito da santa operação de Deus”. Proponho que ainda permaneçamos no capítulo III, dada a sua riqueza e importância para a vida Concepcionista. O primeiro e principal dever para a Irmã Concepcionista é a contemplação das coisas de Deus e a união com Deus (cf. Artigo 74).

Estamos, portanto, convidados a “orar sem cessar”, e não

precisamos repetir muito que isto não se limita apenas à nossa presença no coro, mas se desdobra ao longo do dia e em variadas formas e maneiras de realizar esta contemplação e união com Deus.

Existem, porém, alguns momentos privilegiados que devem e

querem alimentar o “antes” e o “depois”. O capítulo III apresenta-nos estes momentos privilegiados: Em primeiro lugar a celebração da Eucaristia (art. 75): Diariamente (se possível), as irmãs se unem a Deus na celebração

da Eucaristia. Entram assim, em comunhão profunda com Deus em Cristo, que oferece a sua vida com os irmãos e irmãs (próximos e distantes, enfim toda a humanidade com suas alegria e tristezas) e com todas as criaturas (nossos irmãos e irmãs numa visão tipicamente franciscana).

Todo cuidado é pouco. Devemos, portanto preparar bem o ambiente, as alfaias e vasos sagrados, os cantos, etc. Vale a pena sempre de novo recordar: A Igreja celebra a Eucaristia e a Eucaristia constrói e

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alimenta a Igreja. O mesmo certamente vale para a comunidade das irmãs: A Comunidade celebrando a Eucaristia e a Eucaristia construindo e alimentando a Comunidade.

Em segundo lugar lembra a adoração ao Santíssimo (art.

76): Nos mosteiros faça-se a adoração ao Santíssimo Sacramento. A

adoração ao Santíssimo é uma forma especial para mostrar a Deus – que quis habitar no meio de nós – que estamos agradecidos e estamos “em casa” à espera de sua nova vinda.

Creio que devemos reconhecer que esta prática em muitos lugares

deixa a desejar. Creio poder dizer que não encontramos ainda a maneira adequada e condizente para a adoração diária do Santíssimo por causa dos desafios e transtornos do ritmo de vida e das limitações que a idade impõe nos dias de hoje. Por isso valeria a pena refletir expressamente sobre isto e buscar uma forma possível para que “este modo” não seja esquecido.

Depois as Constituições colocam a leitura e meditação do

Evangelho (art. 77 e 80): Hoje fala-se mais em “leitura orante” da Palavra de Deus que não é

uma novidade, mas praticada (principalmente pelos monges) ao longo dos séculos passados. Esta “leitura orante” da Palavra de Deus, principalmente em comunidade e na partilha, traz um clima de primavera à Igreja (e com certeza à comunidade do mosteiro) quando praticada com esmero.

Justamente para a Família Franciscana este convite faz parte da

essência de nossa vocação e missão, já que na profissão um dia prometemos nada mais e nada menos do que “Seguir a Jesus Cristo segundo a forma do Santo Evangelho e a viver em fraternidade” (cf. art. 29). A Fraternidade (comunidade do mosteiro) colocando-se continuamente na escuta de Deus e alimentando-se mutuamente com sua Palavra.

Em seguida as Constituições indicam o Ofício Divino (art.

78): Tarefa (e de certo modo privilégio) da comunidade monacal

Concepcionista é a celebração da “Liturgia das Horas”. A recitação de

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salmos, hinos e cânticos, com toda a Igreja espalhada pelo mundo, expressa o louvor perene de Deus agradecendo por todas as graças com que Deus contemplou e contempla a sua criação.

Também aí devemos fazer uma avaliação sincera para não cairmos

numa rotina inerte e estéril, transformando este momento privilegiado e solene em “ofício penoso e pesado”, numa obrigação diária realizada a todo o custo, com pressa e total falta de criatividade.

Por fim, as Constituições mencionam ainda as Devoções

(art. 83): Entre as devoções são lembradas principalmente o Rosário,

contemplando os mistérios da salvação e de Maria Santíssima e as festas da Ordem Concepcionista e Franciscana. Esta indicação é certamente legítima, porque possibilita uma forma simples de unir-se a Deus e uma forma de celebrar a Deus pelo que fez naqueles e naquelas que nos precederam no mesmo ideal.

Apenas deveríamos cuidar para não reduzir toda a nossa vida

consagrada a estas formas simples e populares. Já São Paulo nos advertia para o fato de que a criança se alimenta com leite, mas, na medida que crescermos, precisamos de alimento adequado e mais forte.

Assim, resta-me desejar a todas as irmãs um Santo e Feliz Natal.

Que o Menino Deus faça renascer em todos nós a vontade de recomeçar na “graça das origens”.

Frei Estêvão Ottenbreit, OFM

Assistente Religioso da Federação Imaculada Conceição

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Graça das Origens – 500 anos da Regra OIC

Tema do ano: “Retomar com alegria a missão confiada por Deus”

Enfoque do mês: O PRIMEIRO E PRINCIPAL DEVER: CONTEMPLAR AS COISAS DE DEUS

1. Após a morte de Santa Beatriz: Assim como Dona Beatriz da Silva em vida buscou unir-se a Deus através dos próprios meios oferecidos por Cristo e sua Igreja, assim também as suas Irmãs de Hábito não procuraram outra coisa do que abraçar estes meios para crescer na união com Deus, e mantê-la acesa e vital. Tudo girava e gira, portanto até hoje, em torno da tríplice presença de Cristo na Eucaristia, na sua Palavra e na sua Comunidade. Cada presença foi e é acolhida com alegria e gratidão. Cada presença preparando e alimentando a outra.

2. Na Palavra de Deus:

- Salmo 8 - Provérbios 16 - Mateus 21,22 - Atos 1,14 e 2,42 - Tiago 5,16

3. Em nossa vida de cada dia:

- Temos consciência de que Jesus Cristo está continuamente presente em nosso mosteiro através da Eucaristia, da sua Palavra e na sua Comunidade (onde dois ou três...)? Como vivemos isto? O que privilegiamos? O que negligenciamos? - O que fazemos para não sucumbir a uma rotina estéril e pesada? - O que podemos e queremos fazer para conferir aos momentos privilegiados (mencionados no capítulo III das Constituições Gerais) toda a dignidade que merecem?

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CAMINHANDO COM MARIA XV

A ORAÇÃO DA ALMA Maria contempla extasiada a grandeza de Deus e, abrasada na

chama do puro amor, o seu “espírito exulta de alegria” e sua alma se eleva jubilosa, entoando o mais belo cântico de louvor. Seu coração, mergulhado no infinito de Deus, canta as maravilhas que Ele realizou em seu favor.

Ao reconhecer sua pequenez diante da grandeza de Deus, Maria

expressa uma profunda humildade e gratidão pelo bem recebido. A sua atitude nos ensina a viver em contínua disposição de servos, reconhecendo a “intervenção divina” em nossa vida e “experimentando o poder da presença do Altíssimo em nosso interior”. Contemplamos no cântico de Maria a oração dos pequeninos que se sentem agraciados por Deus: “Ele olhou para a humildade de sua pobre serva”. Maria glorifica a Deus com todo o seu ser, e sua humildade a faz viver num ocultamento silencioso, meditando em seu coração as maravilhas do Senhor.

Ela encontrou sua verdadeira essência, e por isso descobriu sua

identidade de serva. Assim não vive em função de seus próprios interesses, mas a serviço d’Aquele que a escolheu para si. Ela sabe-se contemplada, amada e desposada por Deus e sente o desejo de corresponder fielmente aos apelos divinos, por isso consagra-se a esse amor com toda a pureza da alma, deixando para nós, com o seu exemplo o precioso tesouro da humildade.

“A Irmã Concepcionista procura viver esse mesmo espírito de

humildade que Maria cultivou por toda a vida, convertendo-se também em sinal especial dos bens celestes.”

Virtude Basilar: Humildade

Irmã Maria Imaculada de Jesus Eucarístico – OIC

Mosteiro Maria Imaculada Rainha da Paz – Joinville/SC

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CANTINHO DE LEITURA

OUVIR A VOZ DA ESPOSA (Final)

Se Israel é continuamente

convidado a ouvir a Palavra do Senhor, é verdade que o Senhor também deseja ouvir a voz da esposa, como se lê na conclusão do cântico dos cânticos:

Ele: - Tu que habitas nos jardins, com companheiros que te ouvem, deixe-me ouvir a tua voz.

Ela: - Foge, meu amado – imitando a gazela ou sua cria – para os montes perfumados. (Ct. 8,13)

No fundo, também Deus deseja ouvir palavras de amor do seu

povo. Ele, com efeito, de acordo com o Salmo 22,3, está sentado “no trono, entre louvores de Israel”. O Senhor quer ouvir Israel Lhe dizer que é feliz por estar para sempre com Ele em um amor sem limites, sem temor, o amor cantado por João da Cruz na Subida do Monte Carmelo:

“ Oh! Noite que me guiaste, oh noite mais amável que a alvorada.

Oh! Noite que juntaste amado com amada, amada já no amado

transformada!

Em meu peito florido que inteiro só para Ele se guardava, quedou-

se adormecido...

E eu, terna o regalava e dos cedros o leque o refrescava.”

Maria, a mulher das escuta As pequenas comunidades da Igreja primitiva se percebiam a si

mesmas contemplando o exemplo de Maria. Assim como ela, haviam ouvido uma boa notícia trazida pelos mensageiros enviados por Jesus Cristo, os Apóstolos. Tal como Maria, também os cristãos tinham enveredado por um caminho de fé que os levara com Jesus Cristo ao Calvário, onde haviam experimentado poder dar a vida inclusive pelos inimigos. A própria vida das pequenas comunidades cristãs, onde se davam

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os sinais de unidade e de amor, era uma boa notícia que alegrava os seres humanos, assim como a escuta da saudação de Maria fizera João Batista estremecer de alegria no útero de Isabel.

Quem tem um coração de pedra, escuta, mas não compreende. O

coração continua endurecido. Ou, pode-se ouvir a Palavra com alegria, mas surge depois o medo

diante da radicalidade da Palavra que põe o ser humano contra correnteza deste mundo.

Pode-se ainda escutar uma palavra portadora de vida, mas que é logo sufocada pela preocupação pelo ter e pelo possuir.

O ato de ouvir, a escuta, significa também obedecer e praticar a

Palavra. São Tiago esclarece este ponto em sua carta: “Sede cumpridores da Palavra e não meros ouvintes, enganando-

vos a vós mesmos.

Pois quem ouve a Palavra e não a pratica é semelhante a alguém

que olha num espelho seu rosto e, mal se viu, vai-se embora para logo

esquecer como era.

Quem se aplica em meditar a lei perfeita da liberdade e nela

persevera, não como ouvinte que facilmente esquece, mas como cumpridor,

este será feliz em seu proceder.” (Tg 1,22-25)

De resto, o próprio Cristo, no final do discurso do Monte, afirma

claramente: “Todo aquele que ouve estas minhas palavras e não as põe em

prática será como um homem tolo, que construiu a sua casa sobre a areia.

Caiu a chuva e vieram as enchentes, sopraram os ventos e deram

contra a casa, e ela desabou e grande foi sua ruina.” (Mt 7,26-27)

A fé vem da escuta Ouçamos o Apóstolo Paulo. Poder sair de si mesmo, do próprio

egoísmo, do próprio medo de perder a vida, é uma consequência do fato de que desabrochou no coração a fé. E esta depende da escuta da pregação, como ele mesmo escreve na carta aos Romanos: A fé procede da escuta da pregação, da escuta da Palavra de Cristo.” (Rm 10,17). E na primeira carta à comunidade de Corinto o mesmo Paulo já afirma que “aprouve a Deus

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servir-se da loucura da pregação para salvar os que creem.” (1 Cor 1,21) A pregação dos Apóstolos, portanto, é uma boa notícia que tem o poder de se realizar toda vez que é proclamada. E realiza o que ela contém: a salvação. Quando a Igreja anuncia a morte e a ressurreição de Jesus Cristo – o Senhor que tem o poder de dar o Espírito - , a pessoa que ouve com coração humilde, tal como Maria de Nazaré, pode ser imersa na águas do amor que o próprio Cristo teve por ela ao expirar na Cruz. E quando torna a emergir dessas águas experimenta estar repleto do mesmo Espírito que animava o Cristo Ressuscitado, mais forte do qualquer medo de morrer.

A escuta do convite derradeiro Toda a Bíblia se encerra ainda uma vez com o convite a ouvir: “E o Espírito e a esposa dizem: `Vem!`.

E quem ouvir, diga: `Vem!`.

E quem tiver sede venha e quem quiser receba de graça a água da

vida.” (Ap 22,17)

A comunidade cristã ouve em cada celebração eucarística este

brado: Maranatha! Vem, Senhor Jesus! Sobretudo as pequenas comunidades religiosas que, indo contra a correnteza, em um mundo todo inclinado para as coisas da terra, mantêm o céu aberto para todos, erguendo uma antena capaz de captar a voz do Esposo, que convida sua Esposa a se unir a Ele em uma festa que não tem fim.

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IRMÃS CONCEPCIONISTAS DE PIRACICABA

“Deixamos o mundo, não para rejeitá-lo, mas para melhor ajudar.”

O Mosteiro da Imaculada Conceição de Piracicaba, das monjas concepcionistas de Santa Beatriz da Silva, é habitado por cinco irmãs. São religiosas que dedicam suas vidas á oração.

Coincidentemente todas são descendentes de imigrantes europeus, portugueses, espanhóis e italianos. São duas paulistanas, duas piracicabanas e uma charqueadense.

- MADRE MARIA CELINA DA IMACULADA CONCEIÇÃO, (Maria da Conceição de Souza), filha de pais portugueses da cidade de Chaves, nasceu em São Paulo, no bairro do Belém, em 13 de fevereiro de 1926. Aos 15 anos começou a trabalhar como pespontadeira de calçados para ajudar nas despesas da casa.

Aos 23 anos entrou para o Mosteiro da Luz. Lá permaneceu até 1956 quando veio para Piracicaba para a fundação do novo Mosteiro. Aqui foi mestra de noviças, restauradora e pintora de imagens sacras e cozinheira. Para ajudar na construção do novo mosteiro trabalhou dois anos para duas lojas de calçados, exercendo sua antiga profissão de pespontadeira. Era ajudada por suas noviças.

Com a morte da primeira Abadessa, Madre Maria Celina, foi eleita para este cargo em 1979 e permaneceu até 1991. Em 2003 foi reeleita como abadessa e exerce o cargo até hoje.

- IRMÃ MARIA ANTONIA DE SANTANA GALVÃO, (Maria das Dores Valente Paraíso), nasceu em 02 de maio de 1935 no bairro de Campos Elíseos, em São Paulo/SP. Estudou o primário com as irmãs vicentinas e o ginásio com as irmãs salesianas, em Guaratinguetá. Entrou para o Mosteiro da Luz com apenas 16 anos em 1952. Não havia ainda professado os votos perpétuos quando foi designada para a fundação do Mosteiro de Piracicaba. Aqui exerceu o ofício de rouperia, isto é, confeccionava o hábito das irmãs e secretária. Escreve muito bem e publica seus artigos no jornal de São Manuel, cidade de origem de sua família e na imprensa católica. Foi abadessa em duas ocasiões: de 1991 a 1993 e de 2000 á 2003. Atualmente é vigária, suplente da abadessa e secretária.

- IRMÃ MARIA LUCIA DA ASSUNÇÃO, (Marilene Vitti Mosna) piracicabana, descendente de tiroleses, nasceu em Santana em 16 de novembro de 1941. Estudou no colégio Assunção das Irmãs de São

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José. Entrou para o Mosteiro com 15 anos de idade. Foi a primeira á ingressar quando o mosteiro ainda estava na rua treze de maio, centro de piracicaba. Cuidava dos canteiros, cultivando flores para a capela, depois foi ajudante da Madre Maria Helena na cozinha. Conserta e pinta imagens sacras com perfeição. É a 2ª. Conselheira do Mosteiro.

- IRMÃ MARIA CELESTE DE SÃO JOSÉ, (Aida Cristina Moretti), nasceu em Piracicaba no dia 12 de novembro de 1935. Estudou no colégio Assunção e formou-se no magistério. Entrou para o mosteiro com 24 anos. Exerceu o cargo de Ostiaria e especializou-se em pintura e bordados.

- IRMÃ MARIA BEATRIZ DE JESUS HÓSTIA, (Conceição Aparecida Davanzo), nasceu em Charqueada em 27 de janeiro de 1955. Descendente de italianos e pelo lado materno, parente do Santo Papa Pio X. Entrou no Mosteiro com 19 anos em 1974. Excelente bordadeira, já fez várias toalhas de altar. Atualmente se dedica á cozinha e á pintura de peças sacras. Foi á primeira á ingressar no mosteiro já instalado em sua sede própria, na Vila Rezende.

Sãs elas que fazem todo o serviço doméstico, costuram e pintam toalhas para as igrejas, restauram imagens sacras e até recentemente faziam as hóstias utilizadas nas celebrações da missa.

O dia das irmãs tem 16 horas úteis, pois levantam ás 5 horas e vão dormir ás 21 horas. Seu dia é bem organizado e repartido entre o trabalho e a oração, de modo que, em média rezam seis horas por dia em comunidade. Mas nas demais horas estão em clima de oração, assim não deixam nunca de rezar.

As informações externas que recebem através da televisão, de cartas, jornais e visitas dão um sentido apostólico e missionário á vida de clausura das irmãs, tornando-as bem informadas.

Não visitam nem mesmo a família mas recebem a visita de familiares, amigos e benfeitores.

Usam hábito longo, branco, com manto azul e véu preto. O branco representa a pureza Imaculada de Nossa Senhora, o azul exprime que sua alma foi sempre um céu habitado por Deus.

São estas cinco irmãs que mantém em ordem a bela construção do Mosteiro e ainda arrumam tempo para orientar, ouvir e aconselhar os que necessitam de auxilio.

(Autoria: Irmã Maria Antônia, OIC e Claudinei Pollesel, do

I.H.G.P.)

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AS MÁRTIRES DE TOLEDO Foi angustiante o ano de 1936 para toda Espanha e nossas Irmãs.

Às 10h30min da manhã do dia 18 de julho, a cidade de Toledo foi bombardeada e se transformou num mar de fogo e destruição. Um cronista nos conta que, com amargura, foram as Irmãs foram obrigadas a deixar o Mosteiro e se instalaram com o Padre Capelão e dois Irmãos numa casa próxima de Alcazar. Mas nem ali tiveram paz. A Madre Maria do Pilar resolveu sair e foi, em companhia do capelão e outra irmã, até o Mosteiro para salvar o Santíssimo Sacramento. Era o dia 24 de julho. Não andaram muito pois uma bala perdida atingiu o capelão no músculo da perna. Tiveram que abandonar a ideia de salvar o Santíssimo Sacramento. A Madre, vendo que suas Irmãs estavam passando muita sede, arriscou-se de novo e foi atingida com uma bala também na perna, mas, arrastando-se até o local em que estavam as relíquias de nossa Mãe Beatriz, aplicou um pouco do azeite que ardia diante do relicário e o sangue estancou. Ajudada por um jovem que se encontrava ali, conseguiu a água desejada e voltou para o esconderijo. A primeira que faleceu foi Irmã Beatriz, que já estava doente, e na sua grande agonia pedia uma gota de água. Como Jesus, ela faleceu no terrível sofrimento da sede. O proprietário da casa onde estavam escondidas, com a ajuda de um vizinho, deram sepultura à primeira mártir de Toledo. Depois que acabou a guerra, procuraram a sepultura dela, mas não encontraram, pois os comunistas haviam queimado tudo naquele lugar. Só no ano de 1950 conseguiram restaurar o Mosteiro. Haviam apenas dez Irmãs sobreviventes.

(Irmã Maria Antônia de Santana Galvão – OIC

Mosteiro da Imaculada Conceição, Piracicaba/SP)

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O MOSTEIRO EL PARDO

No Mosteiro de El Pardo haviam três irmãs de sangue. A Madre

Abadessa, Maria Inês de São José, Irmã Conceição do Coração de Maria e Irmã Carmem da Puríssima Conceição. Madre Inês, no recreio, falava da situação em que viviam. Não queria que falassem mal dos perseguidores, mas que rezassem pela sua conversão. Tinha como uma glória o martírio.

Irmã Maria Carmem se entusiasmava com o martírio e dizia: “Sejamos fortes. Quanto a mim, logo que me derem um tiro pelas costas, lá se foi a mártir.” De fato, no dia 21 de julho, as Monjas de El Pardo abandonaram o Mosteiro escoltadas pelos milicianos. A Madre Inês lhes dizia: “É chegada a hora de Deus. Não esqueçais: somos religiosas.” Passara-se um mês e a Comunidade estava espalhada pelas casas de amigos e benfeitores. No dia 21 de agosto um grupo de vermelhos fez a inspeção na casa onde estavam refugiadas as duas Irmãs, e embora em trajes seculares chamaram a atenção dos soldados que lhes interrogaram: “São Monjas?” Elas responderam uníssonas: “Somos.” Na madrugada de 22 de agosto as duas Irmãs, Inês e Carmem, irmãs de sangue e de martírio, foram fuziladas. No cemitério, o coveiro, homem de bons sentimentos, teve a ideia de fotografá-las e anotou o número de seu túmulo. Foram mortas pela fidelidade a Cristo e à Igreja.

A tormenta havia passado, as Irmãs foram ao cemitério para reconhecer os corpos em 24 de agosto de 1939, e para surpresa de todos os corpos estavam inteiros. Assim as duas Irmãs regressaram ao seu Mosteiro com uma comitiva triunfal de carros e uma multidão de pessoas que aguardavam os corpos das santas mártires Concepcionistas.

(Irmã Maria Antônia de Santana Galvão – OIC)

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DOS QUE CONTINUAM BUSCANDO A DEUS

Deixar aberta a porta do coração 1. Que pena que esteja terminando o tempo das comemorações do

Menino das Palhas. Em nossas retinas estão presentes com certa vida as cenas do tempo do Natal. Os presépios ainda não foram desmontados, nem as árvores de Natal desfeitas. A liturgia eucarística da Igreja na missa de cada dia e os belos textos da liturgia das horas nos pedem que dobremos ainda os joelhos diante do Mistério da Encarnação. Nestes primeiros dias do ano pode ser que venhamos ainda a ficar encantados com essa viagem dos magos, desses “catadores” de Deus, desses homens de garganta seca que buscaram o rosto de Deus e a casa do Altíssimo e bom Senhor. São Bernardo, escrevendo sobre a Epifania, dessa manifestação de Deus, diz: “Da cidade real, onde julgavam encontrar o rei, (os magos) dirigem-se à pequena cidade de Belém. Entram no estábulo e encontram um recém-nascido envolto em panos. Não se aborrecem com o estábulo, não se chocam com os panos, nem se escandalizam com o menino amamentado: prostram-se, veneram-no como rei, adoram-no como Deus. Quem os conduziu, também os instruiu, e quem os avisou exteriormente pela estrela, também os alertou no segredo do coração. Assim, esta manifestação do Senhor tornou glorioso esse dia, e a piedosa veneração dos magos o fez venerável” (Dos sermões de São Bernardo abade, Lecionário Monástico I, p.446).

2. Talvez o Senhor também nos tenha convidado a ir até o presépio do menino, nos alertando no segredo do coração. Os magos tinham vontade de chegar perto de Deus, de conhecer sua casa, de ver seu

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rosto. Tinham sede do rosto de Deus. A sede de Deus me fala da busca do essencial da vida, busca daquilo que fundamenta o sentido da existência humana, o próprio mistério da vida. Por mais que dele nos acerquemos, desse insondável Mistério, nunca conseguiremos compreendê-lo em plenitude. Será que, em nossa sociedade, as pessoas sentem que a resposta para a sede que arde em nossas gargantas é o próprio Deus, ao menos o Deus cristão? O homem não pode morrer sem saciar essa louca sede! Viver sem sede de Deus não é viver. Não podemos negar que em cada pessoa humana há uma sede profunda do essencial, do radical, da verdade. Ansiamos pela beleza, pelo amor, pela felicidade, uma espécie de desejo de infinito no mais profundo de nós mesmos. Intuímos a possibilidade de uma Presença a ser buscada e acolhida, presença de um Outro, de uma outra Ordem, estranha à nossa capacidade limitada e que responderia a tudo o que arde em nós. Os que experimentam esta sede lançam-se na aventura de Deus. Será que muitos ainda acreditam que Deus é água para suas gargantas?

3. Santo Anselmo parece nos mostrar um caminho: “Vamos,

coragem, pobre homem! Foge um pouco de tuas ocupações. Esconde-te um instante do tumulto de teus pensamentos. Põe de parte os cuidados que te absorvem e livra-te das preocupações que te afligem. Dá um pouco de tempo a Deus e repousa nele. Entra no íntimo de tua alma, afasta tudo de ti, exceto Deus ou o que pode ajudar-te a procurá-lo; fecha a porta e põe-te à sua procura. Agora fala, meu coração, abre-te e diz a Deus; Busco a vossa face; Senhor é a vossa face que eu procuro (Sl 26,8) (...) Que pode fazer esse exilado longe de vós? Que pode fazer esse servo sedento de vosso amor, mas tão longe da vossa presença? Aspira ver-vos, mas vossa face se esconde inteiramente dele. Deseja aproximar-se de vós, mas vossa morada é inacessível. Aspira encontrar-vos, mas não sabe onde estais. Tenta procurar-vos, mas desconhece a vossa face” (Liturgia das Horas I, p. 152).

4. No Livro sobre a Virgindade, Santo Ambrósio exorta a alma fiel:

“Eis o que o Cristo deseja de ti, eis que escolheu. Ele entra, já que a porta está aberta; não pode faltar pois prometeu que viria. Abraça aquele que procuravas; aproxima-te dele e serás iluminada; segura-o, roga-lhe que não parta logo, suplica-lhe que não se afaste. Porque o Verbo de Deus corre, não se deixa reter pelo tédio ou por negligência. Que tua alma vá encontrá-lo em sua palavra; segue atentamente a doutrina celeste, porque ele passa depressa” (Liturgia das Horas I, p. 1069).

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5. Temos, por vezes, a impressão que, por um tempo mais ou menos longo, nos satisfazemos com a repetição das coisas de todos os dias e entramos no esquema do mundo e da monotonia. Vivemos bombardeados por imagens e sensações. Estamos aturdidos. Nossa realidade é complexa e muda a todo momento. A vida se passa com muita velocidade, sempre estamos com pressa. Parece que a única coisa que conta são os resultados imediatos que, uma vez conquistados, apelam para outros e assim vivemos sempre na busca de alguma coisa nova que nos faça sentir bem (prazer, diversão, sucesso, dinheiro). Não moramos em nosso interior. “O caminho para a interioridade hoje se dá num tempo de mudanças, tempo rico de muitos sinais e redescoberta da interioridade e do silêncio. A sociedade secularizada vem focada sobre o indivíduo, fragmentado, com uma identidade fluída (...). Confrontamo-nos com o medo de entrar em nós mesmos, com a pobreza de sentimentos, de afetos, de capacidade de amar. No espaço da interioridade, o silêncio pede a escuta de nós mesmos, dos outros e da realidade (...). Na verdade tornamo-nos estranhos a nós mesmos. O percurso para dentro de nossa interioridade não é só terapêutico para a nossa cultura do barulho, mas também vem a ser um caminho voltado para o acolhimento de uma nova civilização do amor. O caminho para dentro de nossa interioridade e para o silêncio torna-se, então, testemunho de uma opção de vida alternativa” (O Caminho que leva ao lugar do coração, Cúria Geral da OFM).

6. Nossa sociedade é uma sociedade individualista e feita de

“picadinhos”, de “pedacinhos”, típica do sistema cultural e econômico. Compramos, vendemos, pregamos, pagamos as contas, presidimos missas de primeira eucaristia, estamos com noivos... tudo picado, tudo como pedaços sem arrumação interior, mandamos o aparelho de som para o técnico e compramos persianas para a sala da Fraternidade. Depois de correr de um lado para o outro temos vontade de que uma luz brilhe de novo diante de nós e que possamos nos organizar, arrumar as coisas completamente desarrumadas que fazemos, quase por fazer, quase sem convicção. Será preciso reencontrar o caminho do coração.

7. Tudo nos faz identificados com as coisas, muito “entretidos”.

Recebemos muitas informações, sofremos impactos e sem nos dar conta tudo vai se colando dentro de nós e se apoderando de nossos sentimentos e de nossa liberdade. Tanta coisa, tanta agitação que não temos mais capacidade de decidir. Estamos tão ocupados e tão distraídos que não há

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mais tempo nem espaço para as perguntas que podem ser feitas a respeito do gênero de vida que escolhemos.

8. Sofremos a influência da cultura pobre que foi se instalando

com uma falta total de ideias e utopias, egocêntrica e narcisista, sem interesse pelo passado e sem grandes planos para o futuro. Vivemos o presente e somente o presente. Cada um faz o que lhe apetece sem levar em conta o bem profundo do outro e sem respeitar as convicções: corrupção, assédio sexual, vida dupla. Tudo isso vai cegando e nada transcende aos nossos interesses. Há pessoas que talvez só possam ser despertadas deste torpor por uma doença ou uma grande contrariedade da vida.

9. Nós, religiosos no verdor de nossos anos, depois de vivermos uma experiência espiritual em grupos e na busca pessoal de Deus, vislumbramos o Senhor como horizonte de nossas vidas. Ele parecia a água que viria dessedentar nossas gargantas. Fizemos nossa profissão, na simplicidade de nossos corações. Não conseguimos deixar de ser envolvidos pela teia de uma sociedade sem transcendência. Nossa consagração, no entanto, não pode ser colocada entre parênteses apesar de todas as dificuldades. Pode acontecer que religiosos continuem em suas Províncias, mas não experimentem gosto pela vida de oração e realizem os ritos que precisam ser realizados, sem o coração.

10. O caminho de volta à fonte é necessário e fundamental. Os

cristãos acreditam que no fundo da realidade há um mistério último que pode saciar nossa sede, ou seja, o Amor. Foi isto que revelou Jesus Cristo, um Deus Pai-Mãe que cria por amor com a única finalidade do bem das criaturas. Deus belo e grande ama o mundo e se entrega a todos no rosto do Menino e no corpo do Torturado do Gólgota. Para poder transmitir esta Presença, para que ela se torne palpável será fundamental experimentar Deus como Pai, sentir sua bondade, sua compaixão, experimentar confiança total em sua compaixão, acolher sua oferta de amor. Para podermos refletir em nosso rosto a beleza desse Deus.

11. Não podemos nos acostumar com a mesmice e com a

mediocridade. Não basta tocar obras para a frente. Será fundamental fazer tudo a partir do interior. Precisamos voltar a ter a coragem de estar no deserto com o Senhor, nessa tentativa firme de meditar e refletir sobre a Palavra do Senhor. A leitura orante da Bíblia não se trata de uma conversa de “padres” que preparam a homilia de domingos e aproveitam a Leitura

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orante para expor sua ideias, mas de corações pobres e sedentos de Deus que, no silêncio e na escuta diária, com seus irmãos, se questionam e alimentam o desejo do Senhor em seus corações. Trata-se de inventar uma nova maneira de viver uns com os outros, num interesse verdadeiro e não apenas numa convivência formal. Somos pobres. Dependemos uns dos outros. Trata-se de ser frade sacerdote com o desejo de tornar o Amado de verdade amado.

12. A experiência profunda do humano com relação ao divino

contribuiria para romper a imagem que as pessoas têm da Igreja que é, antes de tudo, uma moral. A Igreja tem que ser um lugar onde se possa fazer uma experiência mística: um lugar onde se respire esperança e não condenação, um espaço de pertença na igualdade, e não um lugar em que as pessoas se sintam subjugadas, onde há uns que sabem e outros que não sabem.

13. Será que não temos mais sede? Pode ser que tenhamos nos

habituado em nossas rotinas, buscando sentirmo-nos bem, ter uma certa qualidade de vida (um pouco humana demais) e que, pouco a pouco fomos ficando secos por dentro? Onde ficou a paixão que nos movia? Quem sou? Que sentido tem minha vida? Talvez venhamos a tomar consciência do vazio de nossa vida e de que nada nos enche plenamente. Será fundamental buscar interiormente, no centro de minha vida, e me perguntar com amabilidade: O que tenho dentro de mim? Como vivo minha vida religiosa? Que sentido tem a missa para mim? Que sentimentos me habitam? O que há de verdade em mim? Qual é a fonte de minha vida? Talvez seja o momento de fazer silêncio e ouvir o rumor do essencial no fundo do coração.

14. Será importante ouvir com atenção a vida que flui em nós, que

nos habita; o amor que se assenta em nossas entranhas e que procura sair e expressar-se; a vida que busca viver; a plenitude que assoma timidamente na medida das possibilidades de nossa limitada condição, mas que, apesar de tudo, se intui. Parar, ler, conversar, confabular, refletir. Ter coisas para dizer aos outros. Não se servir de chavões gastos. Sempre, esse desejo de buscar a Deus. De sede daquilo que pode nos plenificar.

15. O Documento sobre a Formação Permanente pede que seja

feito um acompanhamento dos tempos de transição e de crise (mudanças de ministério e de lugar, situações de saúde e existências etc.): através de

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um discernimento evangélico, ler e reconhecer as “feridas” dos frades e sustentar cada um em uma leitura e narração da própria história à luz da Palavra de Deus, recorrendo também a diversas formas de acompanhamento pessoal; favorecer encontros informais; partilhar os próprios estados reais de ânimo, as esperanças, os sonhos, as expectativas, n. 43). Nesse contexto é que se insere o tema da sede de Deus.

16. O texto mencionado fala em curar as feridas dos frades. Isaías

escreveu admirável texto falando do Deus que cura a ferida do povo: “Haverá em toda montanha alta e em toda colina elevada arroios de água corrente, num dia em que muitos serão mortos com o desabamento de seus torreões. A lua brilhará como a luz do sol e o sol brilhará sete vezes mais, como a luz de sete dias, o dia em que o Senhor curar a ferida de seu povo e fizer sarar a lesão de sua chaga” ( Is 30, 25-26).

17. Será preciso continuar a busca do rosto de Deus. Não podemos

aceitar que nossa vida religiosa seja deteriorada. Nada e ninguém têm o direito de nos afastar do Amado a quem prometemos todo o amor com a profissão religiosa. Santo Ambrósio, no texto já mencionado, continua: “Aquele que assim busca o Cristo e o encontra pode dizer: Retive-o e não o deixei partir, até que o tenha introduzido na casa da minha mãe, no quarto daquela que me concebeu (Ct 3,4).Qual é a casa de tua mãe e o seu quarto senão a intimidade mais profunda de teu ser?” (Idem, p. 1070).

18. Nesse começo de ano, ainda diante de nossos olhos, o

presépio do menino vem suplicar nosso amor e nosso bem querer. Nós buscamos aquele que antes nos procura. Terminamos nossa reflexão com Santo Anselmo, já citado anteriormente: Ensinai-me a vos procurar e mostrai-vos quando vos procuro; pois não posso procurar-vos se não me ensinais nem encontrar-vos senão vos mostrais. Que desejando eu vos procure, procurando vos deseje, amando vos encontre, e encontrando vos ame (Ibid. p 153).

POR FAVOR, DEIXEM ABERTA A PORTA DO CORAÇÃO!

NB: Algumas destas reflexões se inspiraram no número 96 (2008) da revista espanhola Sal Terrae em torno do tema da sede de Deus.

(Frei Almir Ribeiro Guimarães, OFM)

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FELICIDADES!

Vimos cumprimentar todas as queridas Irmãs que aniversariam nos meses de janeiro e fevereiro, pedindo ao Bom Deus, pela intercessão de nossa Mãe Imaculada que cumule a todas com toda a sorte de bênçãos e graças. Felicidades e Santa Perseverança!

JANEIRO Aniversário de Profissão Religiosa 02- Irmã Maria Eugênia de São José (Rio de Janeiro) 02- Irmã Maria Rita da Paixão (São João del Rei) 06- Irmã Maria Mercedes da Santíssima Trindade (Itu) 07- Madre Maria Celina da Imaculada Conceição (Piracicaba) 08- Irmã Beatriz de Maria Imaculada (São João del Rei) 09- Irmã Maria Antônia de Alencar (Uberaba) 13- Madre Angélica de Maria (Itu) 18- Irmã Esther de Maria (Itu) 21- Irmã Maria Beatrice de Jesus Crucificado (Fortaleza) 24- Irmã Maria Joana Angélica de Jesus (São Paulo)

Aniversário Natalício 01- Irmã Jane do Bom Jesus (São Paulo) 01- Madre Maria das Graças do Divino Amor (Araguari) 03- Madre Maria Isabel da Santíssima Trindade (Sorocaba) 03- Irmã Maria Auxiliadora da Divina Infância (Guaratinguetá) 04- Irmã Maria da Apresentação (São Paulo) 05- Irmã Maria Mercedes da Santíssima Trindade (Itu) 05- Irmã Beatriz Maria de São José (Bauru) 06- Madre Maria do Perpétuo Socorro (Floriano) 07- Irmã Ana Rita Maria de Jesus (Macaúbas) 10- Irmã Maria Madalena da Cruz (Caratinga)

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11- Irmã Maria Luísa da Imaculada Conceição (Rio de Janeiro) 12- Irmã Eleusa Maria do Coração de Jesus (Jataí) 13- Irmã Maria Aparecida Moreira (Caratinga) 14- Irmã Maria Clara de Cristo Rei (Sorocaba) 15- Irmã Beatriz de Maria Imaculada (Macaúbas) 18- Irmã Maria Cristina do Precioso Sangue (Fortaleza) 19- Irmã Inês Maria do Coração de Jesus (Bauru) 20- Irmã Maria Cecília de Jesus (Macaúbas) 26- Irmã Maria Bernadete do Sagrado Coração (Guaratinguetá) 27- Irmã Maria Beatriz de Jesus Hóstia (Piracicaba) 30- Irmã Maria Stella de Jesus Hóstia (Fortaleza) 31- Irmã Ângela Maria da Eucaristia (Fortaleza)

FEVEREIRO Aniversário de Profissão Religiosa 02- Irmã Mariza de Fátima Costa (Macaúbas) 02- Irmã Maria Helena da Silva (Macaúbas) 02- Madre Maria Isabel da Santíssima Trindade (Sorocaba) 02- Irmã Maria José de Jesus (São João del Rei) 02- Irmã Maria Lúcia do Imaculado Coração (Guaratinguetá) 02- Irmã Mª Cecília do Menino Jesus e da S. Face (Guaratinguetá) 02- Irmã Maria Lúcia da Sagrada Família (Fortaleza) 02- Irmã Maria da Paz do Coração de Jesus (Joinville) 11- Madre Maria Imaculada de Jesus Hóstia (Macaúbas) 11- Irmã Maria Aparecida (Macaúbas) 11- Irmã Maria Imaculada da Divina Providência (Macaúbas) 11- Irmã Maria Clara de Cristo Rei (Sorocaba) 11- Irmã Maria Celeste do Sagrado Coração de Jesus (Sorocaba) 11- Irmã Maria Amália da Eucaristia (São João del Rei) 11- Irmã Maria dos Anjos Vieira (Caratinga) 11- Irmã Benedita Luzia de Jesus, Maria e São José (Jataí) 11- Irmã Maria Beatriz da Eucaristia (Guaratinguetá) 11- Irmã Maria Teresinha do Menino Jesus (Fortaleza) 21- Irmã Maria da Conceição Aparecida (Araguari)

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Aniversário Natalício 03- Irmã Maria Celeste do Sagrado Coração de Jesus (Sorocaba) 10- Irmã Maria dos Anjos Vieira (Caratinga) 13- Madre Maria Celina da Imaculada Conceição (Piracicaba) 14- Irmã Filomena de Jesus Maria José (Macaúbas) 17- Irmã Maria Clara Elisabeth de Jesus Eucaristia (Rio de Janeiro) 19- Irmã Ângela de Jesus (Uberaba) 19- Irmã Maria Beatriz da Imaculada (Fortaleza) 21- Irmã Maria Bernadete Bueno (Araguari) 25- Irmã Maria Beatriz do Sagrado Coração (Guaratinguetá) 26- Irmã Maria Tarcísia da Eucaristia (São João del Rei) 27- Irmã Maria Cláudia da Trindade (Itu) 28- Irmã Maria Clara Beatriz do Coração de Jesus (Floriano) 29- Irmã Antônia Natalícia Rodrigues (Macaúbas)