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Publicação semanal produzida pelos estagiários da Agência Experimental do curso de Comunicação Social da Ulbra/Canoas. Julie Moresco da Silva, Tatiani Maciak (textos) e Pedro Henrique Freitas (fotografia). ANO 5 - NÚMERO 56 12 A 19 DE AGOSTO DE 2013 FOTO RAUL FERNANDES VIEGAS/ARQUIVO PESSOAL De 23 a 28 de julho, a cidade do Rio de Janeiro foi palco da 27ª edição da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), evento católi- co voltado aos jovens de todas as nações do planeta. A JMJ Rio 2013 foi considerada pelas autoridades como o maior evento em número de público já realizado na capital carioca: 3,5 milhões de jovens, que sauda- ram a presença do papa Francisco. Eu tive a alegria de vivenciar essa semana intensa e de renovação de fé. Fui para o Rio de Janeiro com outros 22 jovens das cidades de Canoas, Nova Santa Rita, Esteio e Sapucaia do Sul. O Padre Leo- nardo Reichert, de Canoas, foi quem nos acompanhou. Embarcamos no dia 22 (segun- da-feira) e, ao chegarmos na capital cario- ca, fomos conduzidos à Paróquia São Rafael Arcanjo, no bairro Vista Alegre, Zona Nor- te. Diariamente, nesse local, tínhamos mo- mentos de formação espiritual com bispos pela parte da manhã e, à tarde, participáva- mos de algum evento ofical da JMJ. Nessa semana, tivemos uma experiência única do “ser peregrino”: caminhávamos muito, pegávamos ônibus, metrô, carona, etc. Além disso, tentávamos “arranhar” um inglês com algum outro jovem estrangeiro. Com os “hermanos” (de língua espanhola), era mais fácil e o diálogo fluía mais facil- mente. Na quinta-feira (25), tentei me aproximar da grade onde o papa iria passar, mas tinha muita gente na minha frente e minha estatura não aju- dou muito. No sábado, porém, ti- nha apenas uma baiana na minha frente que, por sorte, era mais bai- xa do que eu. Consegui ver o papa Francisco a cerca de três metros de distância. A experiência do “ser peregri- no” me fez, além de caminhar um percurso de nove quilômetros entre o Aterro do Flamengo e a Praia de Copacabana, pas- sar a noite do dia 27 para o dia 28 na beira da praia. Eu e meu grupo compramos lonas, Um peregrino no Rio O estudante de Comunicação Social, Raul Fernandes Viegas, viajou para participar da Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro, e relata os cinco dias entre 3,5 milhões de jovens de todo o mundo, que saudaram a presença do Papa Francisco num grande ato de renovação da fé. Leia a seguir o seu depoimento. capas de chuva e nos estabelecemos na orla de Copacabana na tarde de sábado (28), dia da Vigília com o Papa, próximo ao Posto 6, a alguns quilômetros de distância do palco. A praia estava, desde cedo, tomada por pe- regrinos. O que nos salvou foi um telão, que fez com que a gente não perdesse nada do que acontecia no palco. Ao término da vigí- lia, à noite, fomos dormir. Acordamos so- mente na manhã do outro dia ao som de aplausos. Ao ver o motivo das palmas, per- cebemos que milhões de peregrinos estavam saudando o sol que acabava de nascer na imensidão do mar. Toda essa semana intensa de atividades me fez refletir sobre o protagonismo dos jovens na busca por um mundo mais hu- mano e justo. Precisamos, como o Papa Francisco diz, ser “revolucionários”, dizendo não a tudo que atente à vida, a tudo o que traz o egoísmo e falta de amor. Precisamos fazer uma decisão radical por uma vida conforme os ensinamentos de Jesus Cristo. Precisamos botar fé, botar esperança e bo- tar amor. O cansaço de longas caminhadas, as longas filas e as dificuldades que passei na JMJ não foram para mim motivo de re- clamação, mas sim ensinamentos de que no mundo atual é preciso mais paciência entre as pessoas, mais mansidão. O silêncio que o papa nos pediu para fazer durante a Missa de Envio, no dia 29, me fez refletir sobre a presença de Deus na vida de cada um: um Deus mansinho no fundo de cada coração e que é preciso, de vez em quando, “desligar- se” do agito do cotidiano e calar-se para escutá-lo. Existe explicação para o fato de 3,5 milhões de jovens ficarem no mais ab- soluto silêncio por cerca de 3 minutos? Para mim, apenas uma: Deus. Ter a oportunidade de conhecer jovens de diversas partes do mundo, poder partilhar experiências com eles, saber como vivem, seus problemas, suas vitórias, é algo indescritível. Muitos questionam se o idio- ma não atrapalha. Respondo que não. A lín- gua é apenas um detalhe. Quando professa- mos, em Jesus Cristo, uma só fé temos to- dos um só desejo, todos nos entendemos e nos identificamos perfeitamente. Foi uma experiência única. Deixou sau- dades. Fiz muitos amigos: pessoas que me ensinaram junto com o papa a botar fé, bo- tar esperança e botar amor. O mundo ainda tem jeito! Em 2016, rumo à Cracóvia. “Precisamos ser “revolucionários”, dizendo não a tudo que atente à vida, a tudo o que traz o egoísmo e falta de amor”

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Publicação semanal produzida pelos estagiários da Agência Experimental de Comunicação Integrada do curso de Comunicação Social da ULBRA Canoas.

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Publicação semanal produzida pelos estagiários daAgência Experimental do curso de Comunicação Social da Ulbra/Canoas.Julie Moresco da Silva, Tatiani Maciak (textos) e Pedro Henrique Freitas (fotografia).

ANO 5 - NÚMERO 56 l 12 A 19 DE AGOSTO DE 2013

FOTO RAUL FERNANDES VIEGAS/ARQUIVO PESSOAL

De 23 a 28 de julho, a cidade do Rio de

Janeiro foi palco da 27ª edição da Jornada

Mundial da Juventude (JMJ), evento católi-

co voltado aos jovens de todas as nações do

planeta. A JMJ Rio 2013 foi considerada

pelas autoridades como o maior evento em

número de público já realizado na capital

carioca: 3,5 milhões de jovens, que sauda-

ram a presença do papa Francisco. Eu tive

a alegria de vivenciar essa semana intensa e

de renovação de fé.

Fui para o Rio de Janeiro com outros 22

jovens das cidades de Canoas, Nova Santa

Rita, Esteio e Sapucaia do Sul. O Padre Leo-

nardo Reichert, de Canoas, foi quem nos

acompanhou. Embarcamos no dia 22 (segun-

da-feira) e, ao chegarmos na capital cario-

ca, fomos conduzidos à Paróquia São Rafael

Arcanjo, no bairro Vista Alegre, Zona Nor-

te. Diariamente, nesse local, tínhamos mo-

mentos de formação espiritual com bispos

pela parte da manhã e, à tarde, participáva-

mos de algum evento ofical da JMJ.

Nessa semana, tivemos uma experiência

única do “ser peregrino”: caminhávamos

muito, pegávamos ônibus, metrô, carona,

etc. Além disso, tentávamos “arranhar” um

inglês com algum outro jovem estrangeiro.

Com os “hermanos” (de língua espanhola),

era mais fácil e o diálogo fluía mais facil-

mente.

Na quinta-feira (25), tentei me aproximar

da grade onde o papa iria passar,

mas tinha muita gente na minha

frente e minha estatura não aju-

dou muito. No sábado, porém, ti-

nha apenas uma baiana na minha

frente que, por sorte, era mais bai-

xa do que eu. Consegui ver o papa

Francisco a cerca de três metros

de distância.

A experiência do “ser peregri-

no” me fez, além de caminhar um

percurso de nove quilômetros entre o Aterro

do Flamengo e a Praia de Copacabana, pas-

sar a noite do dia 27 para o dia 28 na beira

da praia. Eu e meu grupo compramos lonas,

Um peregrino no RioO estudante de Comunicação Social, Raul Fernandes Viegas,

viajou para participar da Jornada Mundial da Juventude, no Rio de

Janeiro, e relata os cinco dias entre 3,5 milhões de jovens de todo o

mundo, que saudaram a presença do Papa Francisco num grande ato

de renovação da fé. Leia a seguir o seu depoimento.

capas de chuva e nos estabelecemos na orla

de Copacabana na tarde de sábado (28), dia

da Vigília com o Papa, próximo ao Posto 6,

a alguns quilômetros de distância do palco.

A praia estava, desde cedo, tomada por pe-

regrinos. O que nos salvou foi um telão, que

fez com que a gente não perdesse nada do

que acontecia no palco. Ao término da vigí-

lia, à noite, fomos dormir. Acordamos so-

mente na manhã do outro dia ao som de

aplausos. Ao ver o motivo das palmas, per-

cebemos que milhões de peregrinos estavam

saudando o sol que acabava de nascer na

imensidão do mar.

Toda essa semana intensa de

atividades me fez refletir sobre

o protagonismo dos jovens na

busca por um mundo mais hu-

mano e justo. Precisamos,

como o Papa Francisco diz, ser

“revolucionários”, dizendo não

a tudo que atente à vida, a tudo

o que traz o egoísmo e falta de

amor. Precisamos fazer uma

decisão radical por uma vida

conforme os ensinamentos de Jesus Cristo.

Precisamos botar fé, botar esperança e bo-

tar amor. O cansaço de longas caminhadas,

as longas filas e as dificuldades que passei

na JMJ não foram para mim motivo de re-

clamação, mas sim ensinamentos de que no

mundo atual é preciso mais paciência entre

as pessoas, mais mansidão. O silêncio que

o papa nos pediu para fazer durante a Missa

de Envio, no dia 29, me fez refletir sobre a

presença de Deus na vida de cada um: um

Deus mansinho no fundo de cada coração e

que é preciso, de vez em quando, “desligar-

se” do agito do cotidiano e calar-se para

escutá-lo. Existe explicação para o fato de

3,5 milhões de jovens ficarem no mais ab-

soluto silêncio por cerca de 3 minutos? Para

mim, apenas uma: Deus.

Ter a oportunidade de conhecer jovens de

diversas partes do mundo, poder partilhar

experiências com eles, saber como vivem,

seus problemas, suas vitórias, é algo

indescritível. Muitos questionam se o idio-

ma não atrapalha. Respondo que não. A lín-

gua é apenas um detalhe. Quando professa-

mos, em Jesus Cristo, uma só fé temos to-

dos um só desejo, todos nos entendemos e

nos identificamos perfeitamente.

Foi uma experiência única. Deixou sau-

dades. Fiz muitos amigos: pessoas que me

ensinaram junto com o papa a botar fé, bo-

tar esperança e botar amor. O mundo ainda

tem jeito! Em 2016, rumo à Cracóvia.

“Precisamos ser

“revolucionários”,

dizendo não a tudo

que atente à vida,

a tudo o que traz

o egoísmo e falta

de amor”