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INFLUÊNCIA DA IRRIGAÇÃO NA PRODUÇÃO DE MATÉRIA SECA E VALOR NUTRITIVO DAS FORRAGEIRAS Panicum maximum, JACQ. E Pennisetum
purpureum, SCHUM. E NO GANHO DE PESO DE NOVILHOS EUROPEU-ZEBU
ENILSON GERALDO RIBEIRO
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE
CAMPOS DOS GOYTACAZES
JUNHO DE 2004
FICHA CATALOGRÁFICA
Preparada pela Biblioteca do CCTA / UENF 033/2004
Ribeiro, Enilson Geraldo
Influência da irrigação na produção de matéria seca e valor nutritivo das forrageiras Panicum maximum Jacq. e Penisetum purpureum, Schum. e no ganho de peso de novilhos europeu-zebu / Enilson Geraldo Ribeiro. – 2004. 33 f.
Orientador: Carlos Augusto de Alencar Fontes Tese (Doutorado em Produção Animal) – Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias. Campos dos Goytacazes, RJ, 2004. Inclui bibliografia.
1. Capim mombaça 2. Capim elefante 3. Pastejo rotacionado 4. Irrigação de pastagem 5. Bovino de corte 6. Nutrição animal I. Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro. Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias. II. Título.
CDD – 636.20845 633.2
ii
INFLUÊNCIA DA IRRIGAÇÃO NA PRODUÇÃO DE MATÉRIA SECA E VALOR NUTRITIVO DAS FORRAGEIRAS Panicum maximum, JACQ. E Pennisetum
purpureum, SCHUM. E NO GANHO DE PESO DE NOVILHOS EUROPEU-ZEBU
ENILSON GERALDO RIBEIRO
Tese apresentada ao Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias da Universidade Estadual do Norte Fluminense, como parte das exigências para a obtenção do título de Doutor em Produção Animal.
Orientador: Prof. Carlos Augusto de Alencar Fontes
CAMPOS DOS GOYTACAZES
JUNHO DE 2004
i
INFLUÊNCIA DA IRRIGAÇÃO NA PRODUÇÃO DE MATÉRIA SECA E VALOR NUTRITIVO DAS FORRAGEIRAS Panicum maximum, JACQ. E Pennisetum
purpureum, SCHUM. E NO GANHO DE PESO DE NOVILHOS EUROPEU-ZEBU
ENILSON GERALDO RIBEIRO
Tese apresentada ao Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias da Universidade Estadual do Norte Fluminense, como parte das exigências para a obtenção do título de Doutor em Produção Animal.
Aprovada em 09 de junho de 2004 Comissão examinadora:
Antônio Carlos Cóser (D.Sc. Zootecnia ) – Embrapa Gado de Leite
Conselheiro
Carlos Eugênio Martins (D.Sc. Solos e Nutrição de Plantas ) – Embrapa Gado de Leite
Conselheiro
Prof. Alberto Magno Fernandes ( D.Sc., Zootecnia) - UENF
Prof. Carlos Augusto de Alencar Fontes (PhD., Nutrição de Ruminantes) - UENF Orientador
ii
A Deus, aos meus pais, José e Ângela, aos meus irmãos, Evandro e Elenice,
ao meu cunhado, Zé Roberto e à minha Jovana.
Dedico.
iii
AGRADECIMENTOS
À Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), por oferecer
condições para a realização deste curso.
Ao professor Carlos Augusto de Alencar Fontes, pela orientação,
ensinamentos e dedicação fundamentais para a realização deste trabalho.
Ao professor José Brandão Fonseca, pelos ensinamentos, e a toda a família,
pela inesgotável amizade.
Aos pesquisadores Carlos Eugênio Marins e Antônio Carlos Cóser, da Embrapa – Gado de Leite, pela orientação e grande auxílio na realização deste trabalho. Aos professores do Laboratório de Zootecnia e Nutrição Animal (LZNA), pelo
imprescindível aprendizado adquirido em suas aulas.
Aos colegas de experimento Jorge, João e Ana Paula pela grande ajuda na
condução deste trabalho.
Aos técnicos do LZNA Cláudio, Beatriz, Rogério e Sérgio, por auxiliarem
nesta pesquisa.
À Prof. Célia Raquel Quirino, pela amizade, companheirismo e boa
convivência profissional.
Aos motoristas Vilarinho e Noel , pelas viagens tranqüilas.
A todos os funcionários da Unidade de Pesquisa em Zootecnia,
principalmente, Cristiano, Eliziel e Edmilson, pela grande ajuda prestada.
Aos amigos e ex-funcionários Luiz, Serginho, Charles, Alicio, Pardinho e
Dirlei, pela amizade e grande ajuda na realização desta pesquisa.
iv
Aos funcionários das secretarias Etiene, Dil, Marcelo, Elenita e Angela e às
funcionárias da biblioteca Luciane, Magda, Conceição e Vângela pela eficiência.
Aos estudantes bolsistas Roberto, Joicecleide, Alice, Manuela e Carlos
Eduardo, pela participação e colaboração na condução desta pesquisa.
Ao casal Lara e Emanoel e à adorável Júlia, pela amizade e por ter dedicado
tanto na realização deste trabalho.
Aos amigos Ralph, Cleuber, Arnaldo e Hebert pelo convívio, companheirismo
e amizade.
Às amigas Renata, Roberta, Bianca, Ana Bárbara e Alessa, pela ajuda e a
todas as colegas de Pós-Graduação, pela convivência adorável e divertida.
Aos amigos Guilherme, Mirton, Ismail, Afonso, Laélio, Fabinho, Antônio e
demais colegas de Pós-Graduação, pela amizade, companherismo e diversões,
fundamentais à vida.
Aos produtores rurais Omero, Wilson, Manoel e José Roberto, pelo os animais
fornecidos ao experimento.
Aos estagiários Ricardo e Roseane, pelo grande desempenho e ajuda
prestada.
À minha família, pelo amor, dedicação, ensinamentos de vida e por
acreditarem em mim.
À Jovana, por ser a minha vida, e à sua família, Sr. Jovanil, D. Clarice e Ana
Luíza, por tudo que fazem por mim..
A todas as pessoas que, de alguma forma, contribuíram para a realização
deste trabalho.
v
BIOGRAFIA
Enilson Geraldo Ribeiro nasceu em 19 de setembro de 1970, em Piedade do
Rio Grande, Estado de Minas Gerais.
Em novembro de 1988, formou-se em Técnico em Agropecuária pela Escola
Agrotécnica Federal de Barbacena, Barbacena - MG.
Em setembro de 1996, graduou-se em Zootecnia pela Universidade Federal
de Viçosa , Viçosa - MG.
No período de outubro de 1996 a agosto de 1997, foi bolsista de
aperfeiçoamento (CNPq) pela EMBRAPA - GADO DE LEITE, Juiz de Fora - MG.
Em março de 2000, tornou-se Mestre em Produção Animal, pela Universidade
Estadual do Norte Fluminense.
Em abril de 2000, iniciou o Doutorado em Produção Animal, nesta
Universidade.
vi
SUMÁRIO
página
RESUMO......................................................................................... vii
ABSTRACT...................................................................................... x
1.INTRODUÇÃO.............................................................................. 1
2. REVISÃO DE LITERATURA........................................................ 4
2.1 – Forrageiras tropicais sob pastejo ................................ 4
2.2 – Forrageiras tropicais irrigadas...................................... 9
2.1.1 – Produção de biomassa................................... 9
2.2.2 – Qualidade da forragem.................................. 12
2.2.2.1 – Valor nutritivo.................................... 12
2.2.2.2 – Consumo de forragem...................... 15
2.3 – Produção animal em pastagens irrigadas..................... 16
2.3.1 – Taxa de lotação............................................... 16
2.3.2 – Ganho de peso individual................................ 17
2.3.3 – Ganho de peso por área.................................. 17
2.4 – Valor nutritivo da forragem em função do dia de pastejo 18
3. REFERÊNCIAS BLIOGRÁFICAS ................................................ 19
4. TRABALHOS. ............................................................................... 29
5. CONCLUSÕES GERAIS............................................................... 89
vii
RESUMO
RIBEIRO, Enilson Geraldo Ribeiro, D.S., Universidade Estadual do Norte
Fluminense; Junho de 2004; Influência da irrigação na produção de matéria seca e
valor nutritivo das forrageiras Panicum maximum, jacq. e Pennisetum purpureum,
schum., e no ganho de peso de novilhos europeu-zebu; Professor orientador: Carlos
Augusto de Alencar Fontes. Professores conselheiros: Antônio Carlos Cóser e
Carlos Eugênio Martins
O experimento foi conduzido na UENF, em Campos dos Goytacazes, RJ.
Avaliou-se a influência da irrigação sobre: disponibilidades de matéria seca total
(DMST), matéria seca verde (DMSV), matéria seca foliar (MSF), matéria seca
residual (DMSR), altura e densidade da forragem, composição química da lâmina
foliar, taxa de lotação (TL), consumo de forragem, digestibilidade in vivo e ganho de
peso por animal e por área, em novilhos pastejando os capins Napier e Mombaça.
Os tratamentos foram as combinações das duas forrageiras com dois níveis de
irrigação (com e sem) num arranjo fatorial. Irrigou-se, repondo 100 % da
evapotranspiração (ET0) média diária observada em dez anos. Adotou-se pastejo
rotacionado, com novilhos, com quatro dias de ocupação e 32 de descanso, carga
animal variável e pressão de pastejo de 4 kg de matéria seca foliar/100kg de peso
vivo. Na determinação da disponibilidade, a forragem contida em um quadro de 1
m2, lançado 24 vezes por ha, foi cortada a 30 cm do solo, pesada e separada em
folha, caule e material senescente. O consumo de forragem dos animais fixos foi
determinado, utilizando-se óxido crômico com marcador externo. A digestibilidade
estimada a partir do consumo de matéria seca (MS) e seus constituintes e da
excreção e composição da MS fecal. O ganho de peso dos novilhos foi avaliado a
viii
cada 28 dias, após jejum de 16 horas. Na obtenção da forragem potencialmente
consumida pelos animais, utilizaram-se 4 novilhos, providos de fístulas esofágicas.
Foram analisados, separadamente, resultados referentes às épocas seca e chuvosa.
Verificaram-se, nas forrageiras irrigadas, maiores DMST, DMSV e MSR, nas duas
épocas do ano, tendo o Capim Napier apresentado, sempre, maiores
disponibilidades. Maiores respostas à irrigação nas DMST e DMSV, foram
observadas no Capim Mombaça. A irrigação resultou em DMSF 34,0 e 78,0 % na
época seca e 18,4 e 39,0 % na época chuvosa, para os capins Napier e Mombaça,
respectivamente. Na época seca, a irrigação proporcionou às forrageiras maior
percentagem de folhas, altura e densidade de forragem. Verificou-se nesta época,
no capim Napier, menor percentagem de folhas e maior altura e densidade de
forragem que no capim Mombaça. Na época chuvosa, as forrageiras irrigadas
apresentaram maior altura e densidade de forragem, mas percentagem de folhas
semelhantes às não irrigadas. Nesta época, o capim Napier teve menor
percentagem de folha e maior altura, não diferindo do Mombaça quanto à densidade
de forragem. A irrigação não influenciou nos teores de matéria orgânica, proteína
bruta e FDN das forragens. O capim Napier, irrigado ou não, apresentou maior teor
de PB e menores teores de MO e FDN, nas duas épocas. Na época seca, a irrigação
aumentou em 25,6 e 67,6 % a TL dos capins Napier e Mombaça, respectivamente, e
na época chuvosa os aumentos foram de 21,5 e 50, 0 %. O consumo de forragem
não foi influenciado pela irrigação e espécie forrageira, na época seca. Na época
chuvosa, verificou-se maior consumo total de MS nas forrageiras não irrigadas, não
se verificando diferença no consumo em percentagem de peso vivo e por unidade de
tamanho metabólico. Na época seca, verificaram-se, nas forrageiras irrigadas,
maiores digestibilidades “in vivo” da MS, MO e FDN e menor da PB. Na época
chuvosa, as forrageiras irrigadas apresentaram menor digestibilidade da MS.
Verificaram-se maiores digestibilidades da MS, MO e FDN e menor da PB no capim
Napier. As forrageiras não irrigadas proporcionaram maiores ganhos de peso por
animal na época seca. Na época chuvosa, verificou-se menor ganho por animal no
capim Mombaça irrigado. O capim Napier proporcionou maior ganho que o
Mombaça. A irrigação promoveu aumentos de 23,0 e 22,7 % no ganho por área,
nas épocas seca e chuvosa, respectivamente, nas duas forrageiras. Verificaram-se
quedas lineares nos teores de MS, PB, e na DVMS da extrusa, com avançar do
período de ocupação do piquete, que corresponderam a 4,0 % no teor de MS, a 12,0
ix
% no teor de PB e a 2,0 % na DIVMS por dia de pastejo. Por outro lado, ocorreram
aumentos lineares (P<0,05) nos teores FDN, FDA e lignina, que corresponderam,
respectivamente, a 2,0; 4,0 e 7,0 % , por dia de ocupação do piquete.
Palavras-chave: capacidade de suporte, composição química, forrageiras tropicais, forrageiras tropicais, pastagens irrigadas
x
ABSTRACT
RIBEIRO, Enilson Geraldo. Influence of the irrigation on dry matter production and
nutritive value of the forages Panicum maximum, Jacq. and Pennisetum purpureum,
Schum. and on weight gain of crossbred European-Zebu steers. Adivisor: Carlos
Augusto de Alencar Fontes. Committe members: Antônio Carlos Coser and Carlos
Eugênio Martis.
The research was carried out at UENF, in Campos dos Goytacazes, state of
Rio de Janeiro, aiming to evaluate the influence of irrigation on availabilities of total
dry matter (TDMA), green dry matter (GDMA) and leaf dry matter (LDMA) and on
residual dry matter (RDM), forage height (FH), forage density, chemical composition
of leaf blades, stocking rate (SR), forage intake, “in vivo” digestibility and weight gain,
per animal e per area, of steers grazing Napier-grass and Mombaça-grass. The
treatments were the combinations of the two grasses and two irrigations levels (with
and without), in factorial arrangement. The irrigation supplied the previous ten-year
mean evapotranpiration (ET0). It was adopted the rotational grazing, with grazing
period of four days, rest period of 32 days and variable stocking, with grazing
pressure of four kg of leaf dry matter per 100 kg live weight. To determine forage
availability, 24 samples/hectare were taken, using a 1m X 1m quadrate. The forage
was cut 30 cm above the ground and separated into blades, stems and senescent
material. The forage intake of the test animals was determined utilizing cromic oxide
as external marker. Digestibility was estimated based on intake and composition of
forage dry matter and on fecal dry matter output and composition. The weight gain of
steer was evaluated each 28 days, after a fasting period of 16 hours. To obtain
representative samples of the forage potentially eaten by the animals, four steers
xi
fistulated in the esophagus were used. Results regarding to dry season and rainy
season were analyzed separately. Irrigated forages showed higher TDMA, GDMA
and RDM in both seasons of the year and higher yields were observed in Napier-
grass. Hower, Mombaça-grass showed higher response to irrigation in TDMA and
GDMA than Napier-grass. Irrigation resulted in LDMA 34.0 and 78.0 % higher, in dry
season, and 18.4 and 39.0 % higher, in rainy season, for Napier-grass and
Mombaça-grass, respectively. During the dry season, irrigation increased forage
percent of leaves, forage height and forage density, and Napier-grass was taller
showed lower proportion of leaves and higher density than Mombaça-grass. During
the rainy season, irrigated forages were taller and more dense, but did not differ from
the non irrigated ones regarding to percent of leaves, and Napier-grass was taller
and had lower percent of leaves, but did not differ from Mombaça-grass regarding to
density. Irrigation had no influence on organic matter (OM), crude protein (CP) and
neutral detergent fiber (NDF) content of forages. Napier-grass, irrigated or not, had
higher CP and lower OM and NDF contents than Mombaça-grass in both seasons.
Irrigated increased by 25.6 and 67.6 % Napier-grass and Mombaça-grass stocking
rate, respectively, in dry season, and by 21.5 and 50.0, in rainy season. Forage
intake was not affected by irrigation and forage species, in dry season. In rainy
season, it was observed higher total dry matter (DM) intake in non irrigated forages,
but there was no difference when DM intake was expressed as percent of live weight
or by unit methabolic size. In dry season, it was observed in irrigated forages higher
“in vivo” digestibility of DM, OM and NDF and lower digestibility of CP. In rainy
season, the irrigated forages showed lower DM digestibility. Higher digestibility of
DM, OM and NDF and lower digestibility of CP were observed in Napier-grass.
Higher weight gain per animal was observed in non irrigated forages in dry season. In
rainy season, it was observed lower weight gain per animal in irrigated Mombaça-
grass. Napier-grass provided higher weight gains than Mombaça-grass. Irrigation
Increased by 23.0 and 22.7 % weight gain per area in dry and rainy season,
respectively. Regression analyses revealed linear decrease in the content of DM, CP
and “in vitro” digestibility of extrusa DM (IVDMD) as the occupation period of the plot
advanced, which corresponded to 4.0 %, a day, in protein content and to 2.0 %, a
day, in IVDMD. By the other hand, the contents of NDF and acid detergent fiber and
lignin increased by 2.0; 4.0 and 7.0 %, respectively, each grazing day.
Key words: caring capacity, chemical composition, forage intake, irrigated grass, tropical grass
1
1. INTRODUÇÃO
O aumento da população brasileira e do poder aquisitivo de parcelas da
população de baixa renda elevam o consumo interno de produtos de origem bovina,
que, juntamente com o aumento das exportações de carne, a substituição de áreas
de pecuária por áreas agrícolas, as pressões contra o desmatamento e o aumento
de áreas de preservação, nos últimos anos, geram a necessidade da intensificação
dos sistemas de produção de bovinos. O Brasil destaca-se, dentre os maiores
produtores mundiais, por ter potencial para elevar, em muito, o nível atual de
produção. Necessita, para isso, modernizar a atividade pecuária, visando a
aumentar a produção por animal e por área, o que poderá ser alcançado utilizando-
se alimentos concentrados (com preços elevados em muitas regiões brasileiras) ou
por meio da intensificação do uso de pastagens.
A produção e a qualidade da biomassa de uma espécie forrageira são
conseqüência da transformação de energia solar e CO2 atmosférico em compostos
orgânicos, condicionada por fatores climáticos, como temperatura, luminosidade,
pluviosidade (influenciando na umidade do solo), fatores ligados à planta, ao solo
(disponibilidade de nutrientes), à presença do animal e às interações que ocorrem
entre todos estes fatores. Alguns dos fatores fortemente limitantes, como nutrientes
e água, podem ser supridos pelo homem, por meio do emprego de fertilizantes e
irrigação. Entretanto, conforme salienta Euclides (2002), para se ter melhor relação
benefícios:custo, há necessidade da maximização dos benefícios, pois os custos
dificilmente podem ser alterados com uso de certo nível de insumo. Desta forma, há
necessidade de se buscar aumento em produtividade, o que pode ser alcançado
2
pelo incremento da capacidade de suporte das pastagens e/ou pela melhoria do
ganho de peso individual.
Em décadas passadas, o objetivo principal, ao se implantar o sistema de
irrigação de pastagens, era reduzir a estacionalidade de produção forrageira no
período “seco”. No entanto, as pesquisas evidenciaram que a irrigação podia reduzir,
mas não eliminava a estacionalidade de produção de forrageiras tropicais,
verificando-se menor produção no inverno, sugerindo que outros fatores climáticos
possam limitar a produção de matéria seca. Dentre os fatores climáticos envolvidos,
precipitação pluviométrica (relacionada com a umidade do solo), luminosidade,
fotoperíodo e temperatura, a irrigação irá interferir apenas na umidade do solo.
Desta forma, o sucesso de seu uso pode ser influenciado pelos níveis dos outros
fatores.
A temperatura ótima para o desenvolvimento das gramíneas tropicais está
em torno de 30 a 35 0C (COOPER e TAITON, 1968; GOMIDE, 1994). Em muitas
regiões, a temperatura média, em alguns meses, na época seca, atinge valores
abaixo de 15 0C. Segundo COOPER e TAINTON (1968), as forrageiras tropicais têm
crescimento limitado abaixo desta temperatura.
Em se tratando de Brasil, não se pode generalizar a respeito das limitações
climáticas para o crescimento das forrageiras, apenas em função da região. O mais
correto, para fins de irrigação de pastagens, é analisar os dados climáticos do local,
principalmente o comportamento das temperaturas mínimas e a precipitação durante
o ano, para verificar que tipo de resposta se pode esperar com o uso da irrigação,
quanto ao aumento de produção e à redução da estacionalidade.
Maya (2003) relata que os incrementos no acúmulo de matéria seca, durante
a época chuvosa, em decorrência da irrigação, indicam potencial de utilização da
irrigação de pastagens o ano todo, desde que as condições de temperatura e
fotoperíodo não sejam limitantes, a fertilidade do solo seja corrigida, explorando-se
principalmente os períodos de déficit hídrico ou “veranicos”.
Dados obtidos na Estação Evapotranspirométrica da PESAGRO/UENF, em
Campos dos Goytacazes – RJ., de julho de 1996 a dezembro de 2003, indicam que
as temperaturas médias mensais mantiveram-se, durante todos os meses do ano,
acima de 20 0C. Nos meses mais frios, maio, junho, julho e agosto, observaram-se
as médias das mínimas de 17,9; 16,8; 15,9 e 16,6 0C e médias das máximas de
28,3; 28,0; 26,6 e 27,1 0C, respectivamente. Nos demais meses do ano, as médias
3
das mínimas situaram-se acima de 19,0 0C. A precipitação pluviométrica anual
média no período foi inferior a 800 mm, com ocorrência de veranicos nos meses de
janeiro e fevereiro. Essas condições climáticas sugerem que a região seja propícia
ao uso da irrigação em pastagens.
Na produção de bovinos de corte a pasto, a irrigação só se justifica quando
outras tecnologias, como a adubação de pastagens, o pastejo rotacionado, o uso de
animais especializados e de forrageiras com alta capacidade de produção possam
ser utilizadas em conjunto.
A quantidade de produto animal por área é função da taxa de lotação, que é
determinada pela disponibilidade de forragem e do desempenho individual do
animal, determinado pela quantidade e qualidade da forragem consumida e por
características do animal sob a influência do ambiente.
O aumento na taxa de lotação, até certo nível, eleva a produção por área, no
entanto, a produção por animal pode ser diminuída. Enquanto a produção por área é
importante para o produtor, pelo aumento da produtividade, o baixo desempenho
animal pode ter como conseqüência maior idade de abate, diminuindo a taxa de
desfrute da propriedade. Também a alta taxa de lotação pode influenciar
negativamente na persistência da forrageira. Com isto torna-se necessário buscar a
capacidade de suporte ótima para cada sistema de produção de bovinos a pasto,
tentando maximizar a produção por área, sem comprometer o desempenho
individual.
O desempenho animal é determinado pela quantidade de forragem consumida e
pelo valor nutritivo da forragem. Com isso, em estudos em que se avalia a produção
animal em pastejo, há a necessidade de se avaliar, juntamente com a quantidade de
forragem produzida e o desempenho animal, o consumo forrageiro e a qualidade da
forragem consumida.
Objetivou-se, com este trabalho, verificar a eficácia da irrigação, dos capins Napier e
Mombaça, em aumentar a produção de forragem, o desempenho animal e a
produtividade por área e a influência da irrigação sobre as características das
pastagens: altura, densidade volumétrica, consumo, composição química e outras
características nutritivas da forragem consumida.
4
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 – Forrageiras tropicais sob pastejo As gramíneas tropicais, predominantemente do tipo C4, possuem elevada
taxa fotossintética, com produtividade muito superior à das plantas forrageiras de
clima temperado (CORRÊA, 2000). Geralmente, as gramíneas forrageiras tropicais
não possibilitam ganho diário por animal tão elevado quanto os proporcionados
pelas forrageiras de clima temperado, em função dos níveis mais baixos de consumo
e digestibilidade. Entretanto, o ganho de peso por área pode ser mais elevado,
devido ao seu alto potencial produtivo no período das águas, que lhes confere
elevada capacidade de suporte.
Dentre as gramíneas forrageiras tropicais, destacam-se, pela produtividade e
valor nutritivo, o capim-elefante (Pennisetum purpurium), com diversas cultivares de
interesse, e várias cultivares da espécie Panicum maximum. O capim-elefante é
considerado a espécie com maior potencial de produção, encontrando-se na
literatura referência de produção de até 80 toneladas de matéria seca por ha, por
ano (SANTOS, 1995). Esta forrageira, tradicionalmente utilizada para corte, tem tido
emprego crescente sob pastejo intensivo, na produção de leite e carne. Entretanto,
devido a seu hábito de crescimento, cespitoso e de grande porte, com rápida
elevação dos pontos de crescimento, requer cuidados especiais de manejo para
permitir coleta de alta proporção do material produzido, preservar a qualidade do
pasto disponível e possibilitar a persistência da pastagem.
5
A espécie Panicum maximum tem sido, ao longo dos anos, uma das
gramíneas mais importantes para produção de gado de corte no Brasil. A cultivar
Colonião foi a mais explorada durante décadas. Novas cultivares têm sido lançadas
nos últimos anos, destacando-se a Tobiatã, Tanzânia e Mombaça. Esta última
destaca-se pelo grande vigor, alta produção de massa e bom valor nutritivo. Dados
da Embrapa Gado de Corte revelam nessa cultivar produção de 41 toneladas de
matéria seca por hectare, por ano, apresentando, em média, 81,9% de folhas, 13,4%
de proteína bruta nas folhas e 9,7% nos colmos (SANTOS et al., 1999).
As recomendações para manejo de pastagens têm se baseado em
características fisiológicas das plantas, destacando-se o acúmulo de carboidratos
não estruturais, elevação/eliminação do meristema apical, área foliar remanescente
pós-pastejo e senecência das folhas e eficiência de colheita da forragem disponível.
Os carboidratos não estruturais são armazenados nas raízes, estolões,
rizomas e base das plantas, nos momentos em que a fotossíntese supera a
respiração. Esses carboidratos são mobilizados, após a desfolha, para os pontos de
crescimento. Nas forrageiras de clima temperado, o nível de carboidratos não
estruturais na planta tem, aparentemente, maior relação com a produção de
forragem da rebrota, 20 a 30 dias após a desfolha, que nas plantas tropicais
(RODRIGUES e REIS, 1995). De acordo com GOMIDE (1997), esses carboidratos
são mobilizados após a desfolha para atender, principalmente, à respiração, com a
supressão da fotossíntese, e seu nível somente apresenta correlação com a rebrota
antes do aparecimento da primeira folha.
O sistema de pastejo deve possibilitar à planta recuperação de suas reservas
de carboidratos não estruturais, sem os quais ela pode debilitar-se e não resistir à
concorrência das plantas invasoras (RODRIGUES e REIS, 1995). A recuperação
das reservas, em sistema de exploração intensiva, em pastagens tropicais, ocorre
mais facilmente quando se adota o pastejo rotacionado, verificando-se o
estabelecimento das reservas num período de 21 a 35 dias após a desfolha (CORSI,
1988).
A rebrota da pastagem ocorrerá de forma rápida quando na desfolha há
preservação de alta proporção de meristemas apicais. Em condições de pressões de
pastejo relativamente baixas, que têm prevalecido historicamente no Brasil, com
baixos níveis de adubação, tem sido recomendado o manejo de pastagens de forma
a preservar a maior proporção possível de meristemas apicais e garantir maior
6
rapidez das rebrotas e maior produção de forragem. Em espécies cespitosas de
grande porte, isto pressupõe pastejo leve e maior altura do resíduo em pastejos
sucessivos. No caso do capim-elefante, a planta quando submetida a pastejo severo
apresenta rebrota a partir de gemas basilares e, em condições de pastejo alto ou
leve, ocorre perfilhamento lateral, que seria desejável (HILLESHEIM, 1995). O
Panicum maximum apresenta pequena rebrota lateral, estando sua produção
baseada em perfilhos basais (SANTOS, 1995).
As duas espécies têm comportamento semelhante quanto à época de
aparecimento dos perfilhos. No capim-elefante, o crescimento de todos os perfilhos
inicia-se nos primeiros sete dias após o corte (SANTOS, 1995). De forma
semelhante, no Panicum maximum o desenvolvimento dos perfilhos ocorre até oito
dias após o corte, sendo o perfilhamento após dezesseis dias insignificante (CORSI,
1988). Disto, resulta que todos os perfilhos terão a mesma idade. Quando se adota o
pastejo rotacionado, que é o mais indicado para forrageiras cespitosas e de ritmo de
crescimento acelerado (CORSI, 1986; MARASCHIN, 1986), o período de ocupação
deve ser suficientemente curto de forma a não permitir dano à rebrota. Tem sido
recomendado período de ocupação para ambas as espécies não superior a cinco
dias (SANTOS, 1995).
O período de descanso deve ter duração que permita boa produção de
massa e recuperação das reservas de carboidratos não estruturais, mas não deve
ser longo demais, de forma a possibilitar ao animal consumo de forragem de bom
valor nutritivo. Têm sido recomendado para o capim-elefante e o Panicum maximum
períodos de descanso de 28 a 45 dias.
De forma a possibilitar a coleta de alta proporção da massa produzida (até o
nível de 60%), tem-se estabelecido a duração do período de descanso em função do
número médio de folhas que permanecem em um perfilho e do intervalo de dias para
o aparecimento de duas folhas sucessivas (filocrono). Atingido esse número, ocorre
senescência e perda da folha mais velha, com o surgimento de uma nova folha. Isto
significa que, quando uma folha não é colhida, ela senesce e morre (SANTOS et al.,
1998). Desse modo, para reduzir as perdas por senescência, é necessário conhecer
o tempo de vida das folhas e planejar o período de descanso das pastagens de
forma que a maior parte das folhas tenha chance de ser colhida (CORSI et al., 1994;
AGUIAR, 2000).
7
A velocidade de rebrota de uma pastagem é também influenciada pelo
índice de área foliar (IAF) remanescente após a desfolha. A rebrota de uma
pastagem com IAF remanescente zero ou próximo deste valor é altamente
dependente de carboidratos de reserva e por isso é lenta. A partir da formação das
primeiras folhas, a planta passa a independer de suas reservas orgânicas e a
crescer às custas da fotossíntese. O acúmulo de forragem é acelerado até o ponto
em que há interceptação de cerca de 95% da luz incidente (AGUIAR, 2000). Com o
aumento posterior do IAF, ocorre diminuição da produção.
No sistema de pastejo baseado em índice de área foliar remanescente e
preservação dos meristemas apicais, normalmente a altura de pastejo é mais
elevada e os níveis de perda são altos, tornando-se necessária a elevação
progressiva da altura de pastejo, o que provoca pastejo leve e pequeno
aproveitamento da forragem disponível. Esse tipo de manejo só é possível quando a
taxa de lotação é baixa, em torno de 1,5 a 2,0 UA/ha (SANTOS, 1993).
Quando o objetivo é explorar intensivamente a pastagem, há necessidade
de aplicação de altos níveis de adubação nitrogenada, ocorrendo, em conseqüência,
rápido alongamento das hastes e eliminação acentuada dos meristemas apicais,
sendo necessário explorar a capacidade de perfilhamento basal da forrageira, como
característica fisiológica de alta produtividade pós-pastejo (CORSI, 1988).
Segundo AGUIAR (2000), em condições de exploração intensiva da
pastagem, com aplicação de nitrogênio acima de 300 kg/ha, associado à alta
eficiência de colheita da forragem disponível (acima de 60%), é recomendável
adotar-se pressão de pastejo de 4% (4 kg de MS de forragem por 100kg de peso
vivo animal) e trabalhar com resíduos baixos, próximo a 20 cm de altura e 1000 a
1500 kg de matéria seca residual, no caso do Panicum maximum . Em sistemas
médios de adubação, podem ser usadas pressões de pastejo de 5 a 6 % (40 a 50%
de aproveitamento). Já em sistemas sem adubação ou com baixos níveis de
adubação devem ser mantidos resíduos pós-pastejo de 2000 a 2500 kg/ha e altura
de resíduo de 30 a 40 cm.
As gramíneas tropicais respondem, com grande intensidade, à adubação
nitrogenada até o nível de 1800 kg/ha/ano de N, com respostas lineares até 400
kg/ha/ano de N, dependendo do solo, da espécie e do manejo. Entretanto, as
melhores respostas e a maior eficiência de utilização do nitrogênio somente
8
ocorrerão quando os demais nutrientes estiverem em níveis adequados (CORREA,
2000).
Tem sido recomendada a calagem para elevar o pH do solo para valores
acima de 5,5 e o nível de saturação de bases, no caso das forragens exploradas
intensivamente para 60 a 70% (CORSI e NUSSIO, 1993). Quanto ao potássio, tem
se recomendado elevar o nível no solo para 2 a 2,5% da capacidade troca catiônica
(CTC) e para o fósforo, têm sido considerado como adequados níveis de 10 ppm
(WERNER, 1977) e 20 ppm (MONTEIRO, 1994).
O principal fator que reduz a produtividade de leite e carne, em regime
exclusivo de pasto, no Brasil Central, é a sazonalidade da produção forrageira,
determinada pela ocorrência de duas estações climáticas distintas, ao longo do ano.
Na época das águas, a umidade, a temperatura e a luminosidade são favoráveis à
grande produção forrageira, enquanto, na época seca, a insuficiência de chuvas e,
em grau variável, a temperatura e luminosidade restringem a produção. Revisão
bibliográfica efetuada por CARVALHO (1985) evidencia que de 70 a 80% da
produção do capim-elefante ocorre na época das águas. Trabalhos revisados por
GOMIDE (1994) apontam produção ainda mais baixa desta forrageira na seca, de 10
a 15% do total. A grande estacionalidade da produção tem sido igualmente
verificada no Panicum maximum. PEDREIRA (1972) concluiu que era necessária
uma variação muito ampla na taxa de lotação, de 0,2 para 5,3 UA/ha, para ajustar o
consumo de forragem à taxa de crescimento do capim colonião durante o ano.
2.2 – Forrageiras tropicais irrigadas
2.2.1 – Produção de biomassa
A água é a principal constituinte das células vegetais. Em forrageiras tem
participação fundamental nos processos: assimilação e alocação de carbono,
assimilação e alocação de nutrientes, principalmente nitrogênio, e evapotranspiração
(RASSINI, 2002). Este mesmo autor relata que a aplicação de doses de nitrogênio
isoladas promovia pequenos aumentos na produção de pastagens. A aplicação de
água dobrava a produção e a associação de água e nitrogênio aumentava de cinco
a oito vezes a produção de matéria seca das pastagens, enfatizando a importância
da água no aumento da produção e no transporte de nutrientes. Em função dos
9
inúmeros processos em que a água está envolvida, pode-se crer que ela influencia a
quantidade de biomassa acumulada e a sua composição bromatológica.
BALSALOBRE el al. (2003) salientam que a produção de forragem depende
de fatores ligados ao clima, ao solo, à planta e ao animal, além das interações entre
eles. Os fatores climáticos envolvidos são precipitação pluviométrica (relacionada
com a umidade do solo), luminosidade (quantidade e qualidade de luz), fotoperíodo
e temperatura. Como a irrigação irá interferir apenas na umidade do solo, o sucesso
de seu uso pode ser influenciado pelos outros fatores acima relacionados.
As vias metabólicas são catalisadas por enzimas, que têm sua ação afetada
pela temperatura, todavia, parece que a temperatura tem maior influência no
crescimento da planta que na taxa fotossintética. ROCHA (2001) comenta que a
temperatura afeta o crescimento através do seu efeito sobre o processo de divisão
(mitose) e expansão celular, sendo que NABINGER (2002) relata que a taxa de
aparecimento de folhas (filocromo) é termo-dependente, sendo também influenciada
pela temperatura, pela taxa de expansão foliar e pela duração de vida das folhas.
COOPER e TAINTON (1968) e GOMIDE (1994) acrescentam que a temperatura
ótima para o crescimento de forrageiras tropicais está entre 30 e 35 oC e que o
crescimento fica limitado quando a temperatura está abaixo de 15 oC. Com a
elevação da temperatura irá ocorrer um aumento na evapotranspiração e na
abertura dos estômatos, aumentando, conseqüentemente, a entrada de CO2 para
síntese de biomassa.
A radiação é a principal forma de troca de energia entre plantas e o
ambiente aéreo. Parte da energia solar absorvida pelos pigmentos é utilizada na
formação de ligações químicas ricas em energia e na síntese de compostos
reduzidos durante o processo de fotossíntese (RODRIGUES et al., 1993), sendo
estes compostos utilizados para o crescimento da planta. Ocorrendo diminuição na
quantidade de luz, amplia-se a fase escura da planta, aumentando a respiração,
diminuindo o período de fixação de carbono.
O aumento da radiação eleva a síntese de açúcares solúveis e ácidos
orgânicos com redução na proporção de parede celular, levando a um aumento da
digestibilidade.
Em condições de déficit hídrico, a produção de biomassa pode ser limitada,
por baixa taxa fotossintética, causada pela falta de água, nutrientes e CO2 e pela
distribuição dos assimilados dentro da plantas. Para KAISER (1987), o principal fator
10
limitante é a severa inibição da fotossíntese, causada pela falta de CO2 em
conseqüência do fechamento dos estômatos, artifício que a planta usa para evitar
perdas de água. CORSI e NASCIMENTO JR (1994) citam, em revisão, que o
crescimento em extensão, como, por exemplo, a expansão foliar, é mais sensível ao
déficit hídrico que ao fechamento dos estômatos. Assim, antes da ocorrência do
fechamento dos estômatos, o crescimento da planta estaria prejudicado. Por sua
vez, ROSA (2001) relata que plantas sob condições de déficit hídrico promovem a
redistribuição dos produtos assimilados, fazendo com que haja maior distribuição a
favor do sistema radicular em relação à parte aérea da planta, motivada pelo maior
desenvolvimento das raízes, para conseguirem absorver água em camadas mais
profundas do solo.
LADEIRA et al.(1966), em pastagens de capim pangola (Digitaria
decumbens Stent), sempre verde (Panicum maximum, Jacq.) e capim gordura
(Melinis minutiflora, Beauv.), adubados, verificaram um aumento médio de 84 % na
produção de forragem verde, durante a seca,quando estes capins foram irrigados,
porém a produção foi muito baixa em relação à produção do período das águas
(23%). GHELFI FILHO (1976), trabalhando com capim colonião (Panicum maximum,
Jacq.), verificou que a irrigação proporcionou incrementos de 44 % na época seca e
22% na época das águas, a irrigação também não diminuiu a estacionalidade de
produção. MATSUMOTO et al. (2002), trabalhando com 5 cultivares de Panicum
maximum, encontrou resposta positiva à irrigação na produção de matéria seca
(40% no ano), porém as respostas aconteciam no período de outubro a junho, pois
nos meses de julho, agosto e setembro a produção foi a mesma das parcelas não
irrigadas. Outros autores, trabalhando com diversas espécies forrageiras, também
encontraram resposta à irrigação, sem redução na estacionalidade de produção
(CARVALHO et al., 1975; ALVIM et al., 1986; BOTREL et al., 1991; ALVIM et al.,
1993). Todos estes autores destacaram que outros fatores estão envolvidos na
redução de produção de forrageiras tropicais, sendo os principais a luminosidade e a
temperatura.
LOPES et al. (2002a), trabalhando com capim elefante, irrigado ou em
sequeiro, adubado com 4 combinações de doses nitrogênio e potássio (400 N +300
K; 300 N + 240 K; 200 N + 160 K; 100 N+ 80 K kg/ha/ano), no período de abril de
2000 a março de 2001, não verificaram efeito significativo da irrigação, em todas as
dosagens de adubação utilizadas, no período de abril a setembro de 2000, sendo a
11
falta de resposta atribuída à baixa temperatura mínima (média de 12 oC) observada
no período. Quando foi considerado todo o período experimental (abril de 2000 a
março de 2001), observaram efeito da irrigação em três das quatro doses de
adubação estudada, sendo que quanto maior a quantidade de fertilizante maior foi a
resposta.
PALIERAQUI (2004), em Campos dos Goytacazes, observou aumentos de 68,6 %
na disponibilidade de matéria seca no capim Mombaça e de 26,5 % no capim
Napier, durante a época seca, em resposta à irrigação. RIBEIRO et al. (2003),
também em Campos dos Goytacazes e na mesma época do ano, verificaram
aumentos, em resposta à irrigação, de 25,7 e 68,7 % na disponibilidade de matéria
seca de lâmina foliar e de 21,8 e 61,4 % na taxa de lotação para os capins Napier e
Mombaça, respectivamente.
SORIA (2002), avaliando o capim Tanzânia, com cinco lâminas de irrigação
(0; 30; 70; 100 150 % da capacidade de campo) e cinco doses de nitrogênio (0; 100;
275; 756; 2079 kg N/ha/ano), durante um ano, não verificou efeito da irrigação sobre
a produção de matéria seca de lâmina foliar e de hastes para todas as doses de N
estudadas, quando os cortes foram feitos a 20 cm do solo.
2.2.2 – Qualidade da forragem
A qualidade de uma planta forrageira é determinada pela associação do seu
valor nutritivo, que é função da sua composição química e digestebilidade, com o
consumo de forragem pelos animais.
2.2.2.1 – Valor nutritivo
A expressão do valor nutritivo de uma planta forrageira é resultante da
interação de sua carga genética e estádio fisiológico com os fatores ambientais.
Elevadas temperaturas aceleram a atividade metabólica das células, promovendo
rápida conversão de produtos fotossintéticos em componentes de parede celular,
rápida lignificação desta parede e decréscimo do pool de metabólitos no conteúdo
celular (VAN SOEST, 1994). Com aumento da luminosidade, ocorre aumento da
síntese de açúcares solúveis e ácidos orgânicos e redução da proporção de parede
celular (HEATH et al., 1985) e, como conseqüência, aumento da digestibilidade,
12
mas, aparentemente, os feitos de alta temperatura são mais decisivos sobre a
qualidade das pastagens (DIAS 1997).
Em uma revisão, BALSALOBRE et al. (2003) comentam que o estresse
hídrico de curto período, ou menos severo, pode promover melhoria na qualidade da
forragem, pois aumenta a digestibilidade e reduz a relação haste/folha. Isto ocorre
devido à diminuição do crescimento foliar, aumentando a quantidade de assimilados
solúveis dentro da célula. Por outro lado, estresse severo pode trazer queda na
qualidade por aumentar a espessura da parede das células parenquimáticas. Este
efeito de concentração de soluto foi, também, abordado por CORSI e NASCIMENTO
JR (1994), que não admitem que o crescimento limitado pelo déficit hídrico possa
trazer aumento na concentração de N.
Quando forrageiras passam por período prolongado de estresse hídrico,
ocorre aumento na espessura da parede celular PACIULLO (1999), o que reduz o
ataque de microorganismo no rúmen, com reflexos na digestibilidade (WILSON e
MERTENS, 1995).
CARVALHO et al. (1975), trabalhando com duas variedades de capim
elefante (Mineiro e Gigante de Pinda) e duas formas de fertilização (mineral e
orgânica), irrigados ou não, na época da seca, não verificaram efeito dos
tratamentos sobre os teores de proteína e fibra bruta.
BOTREL et al. (1991), avaliando o efeito da irrigação sobre a produção de
forragem, teor de proteína bruta (PB), digestibilidade da matéria orgânica (DIVMO) e
perfilhamento, em sete cultivares de capim elefante, no período de março de 1988 a
abril de 1989, não verificaram efeito da irrigação no teor de PB nem na DIVMO,
embora tenha havido uma tendência de superioridade de 30% no teor de PB nos
tratamentos não irrigados. Esta tendência foi atribuída ao fato de que as forrageiras
irrigadas teriam melhores condições de crescimento e que isto levaria uma diluição
nos teores de PB.
AVEIRO et al. (1991) avaliaram os efeitos da irrigação e de duas formas de
adubação (mineral e orgânica) sobre o teor de PB do capim elefante cv. Cameroom,
no período de março a dezembro de 1988. A irrigação elevou, em cerca de 10 %, o
teor de PB, independente do tipo de adubação. O maior teor de PB nos tratamentos
irrigados está , provavelmente, ligado mais ao manejo que ao efeito da irrigação. A
forragem foi amostrada a uma altura da pastagem de 1,5m. Com isto, ocorreu, em
13
média, uma diferença de cinco dias no corte (40 dias para as irrigadas e 45 dias para
as não irrigadas).
LOPES et al. (2002b), trabalhando com capim elefante, irrigado ou em
sequeiro, adubado com 4 combinações de doses nitrogênio e potássio (400 N
+300K; 300 N + 240 K; 200 N + 160 K; 100 N+ 80 K kg/ha/ano), no período de abril
de 2000 a março de 2001, não observaram efeito da irrigação na composição das
lâminas foliares (teores de FDN, FDA, PB). Todavia, ao se considerar todo o ano, as
três maiores doses de fertilizantes resultaram em menores teores de PB e maiores
teores de FDN e FDA nos capins irrigados. Resultados semelhantes foram
observados por ANDRADE et al (2002), que verificaram menor teor de PB e a
maiores teores de FDN e FDA, quando se irrigou capim-elefante.cv. Napier,
utilizando-se as mesmas doses de fertilizantes dos autores anteriormente citados.
Em ambos os trabalhos, o menor teor de PB das forrageiras irrigadas foi atribuído ao
efeito de diluição, devido à sua maior produção de matéria seca. Os maiores teores
de FDN e FDA foram atribuídos ao maior crescimento da forrageira acompanhado
de maturação mais precoce estimulados pela irrigação, sem a limitação de nutrientes
no solo, luz e temperatura.
SORIA (2002), trabalhando com capim Tanzânia, submetido a cinco lâminas
de irrigação (0; 30; 70; 100 e 150 % da capacidade de campo) e cinco doses de
nitrogênio (0; 100; 275; 756 e 2079 kg/ha/ano de N), durante um ano, não observou
efeito da irrigação, em todas as doses de N estudadas, sobre os teores de PB, FDN,
FDA e lignina e digestibilidade in vitro.
2.2.2.2 – Consumo de forragem
Em revisão, MERTENS (1992) esclarece que, se a densidade energética do
alimento é alta (baixa concentração de fibra), em relação às exigências do animal, o
consumo será limitado pela demanda energética e o rúmen não ficará repleto.
Entretanto, se o alimento possui baixa densidade energética (alta quantidade de
fibra), o consumo será limitado pelo enchimento do rúmen. Se a disponibilidade de
alimento é limitada, nem o enchimento nem a densidade energética teriam influência
na quantidade de alimento consumida. GOMIDE e GOMIDE (2001) citam que, em
condições de pastagem, os principais fatores condicionantes do consumo de
forragem são: o valor nutritivo da forrageira (composição química e digestibilidade),
14
estrutura do relvado (altura, população de perfilhos, densidade de biomassa, relação
folha:caule) e oferta de forragem.
EUCLIDES et al. (1999b), estudando cultivares de Panicum maximum
encontraram correlação positiva do consumo com o ganho de peso. As
características estruturais das pastagens como disponibilidade de folhas e a relação
material verde/material morto correlacionaram-se positivamente com consumo e
ganho de peso e negativamente com o tempo de pastejo. O teor de FDN
correlacionou-se negativamente com o consumo e ganho de peso.
ERBESDOBLER et al. (2002), trabalhando com o capim-elefante na época
chuvosa, utilizaram novilhos europeu-zebu com peso vivo médio inicial de 332 kg e
encontraram consumo médio diário de MS de 8,18 kg e consumo de MS por 100 kg
de peso vivo de 2,16 kg
EUCLIDES et al. (1999b) encontraram consumo de 2,51; 2,34 e 2,46 kg de
MS/100 kg de peso vivo para os capins Colonião, Tobiatã e Tanzânia,
respectivamente. Estes resultados são concordantes com os valores de 2,42 e 2,37
kg de MS/100 kg de peso vivo, verificados no presente trabalho, no capim
Mombaça, para as épocas seca e chuvosa, respectivamente.
DERESZ e MOZZER (1994) citam, em revisão, valores de consumo médio
diário de MS variando de 1,65 a 2,86 kg/100 kg de peso vivo, em pastagens de
gramíneas tropicais.
2.3 – Produção animal em pastagens irrigadas
A quantidade de produto animal por área é função da taxa de lotação, que é
determinada pela disponibilidade de forragem e do desempenho animal,
determinado pela quantidade e qualidade da forragem consumida e por
características do animal sob a influência do ambiente.
2.3.1 – Taxa de lotação
EUCLIDES (2002) ressalta que o aumento na taxa de lotação eleva a
produção por área. No entanto, a produção por animal pode ser diminuída. Enquanto
a produção por área é importante para o produtor, pelo aumento da produtividade, o
baixo desempenho animal pode ter como conseqüência uma maior idade de abate,
15
diminuindo a taxa de desfrute da propriedade. Também a alta taxa de lotação pode
influenciar negativamente na persistência da forrageira.
MAYA (2003), no capim Tanzânia, irrigado ou não, respectivamente,
verificou taxas de lotação de 1,9 e 2,1 UA/ha, no período de junho a agosto, de 5,5 e
2,5 UA/ha de agosto a novembro e de 7,4 e 7,8 UA/ha de novembro a junho,
havendo diferença significativa somente no período de agosto a novembro. A baixa
resposta à irrigação observada no período de junho a agosto foi atribuída à
ocorrência de baixas temperaturas e ao fotoperíodo. Em sistemas de produção em
que se usa o capim-elefante sob condições de irrigação, tem-se conseguido
produções diárias de leite superiores a 100 kg/ha e taxas de lotação acima de 7,5
vacas/ha/dia (MARTINS et al., 2000).
ALENCAR (2001) cita que, para produção de bovinos nos trópicos, em
pastagens adubadas, a potencialidade é de 2,5 a 5,0 UA/ha, e com pastagens
adubadas e irrigadas, esta potencialidade passa a ser de 6,0 a 9,9 UA/ha.
2.3.2 – Ganho de peso individual
MAYA (2003) verificou menor ganho de peso em animais pastejando capim
Tanzânia irrigado, na época seca, atribuindo isto ao menor valor nutritivo
apresentado em relação ao capim em sequeiro. Na época chuvosa, este autor não
encontrou diferença no ganho de peso de animais pastejando capim Tanzânia com
ou sem irrigação. Os ganhos observados foram de 0,49 e 0,76 kg/animal/dia, na
época seca, e de 0,49 e 0,58 kg/animal/dia, na época chuvosa, para o capim com e
sem irrigação, respectivamente. Já EUCLIDES et al (1999a) encontraram ganho de
peso de 0,57 kg/animal/dia, em animais pastejando capim Mombaça, sem irrigação
na época chuvosa.
AITA e RESTLE (1999), trabalhando com capim-elefante cv. Taiwan A-146,
em pastejo contínuo, na estação quente (dezembro a abril), encontraram ganho de
peso médio diário de 928,0 gramas. ERBESDOBLER et al (2002), avaliando o capim
Napier,, sob pastejo rotacionado, no período chuvoso, encontraram ganho de peso
de corpo vazio diário médio de 516 gramas/animal/dia.
ZIMMER e EUCLIDES FILHO (1997) recomendam que, para que os animais
possam ser abatidos antes dos 30 meses de idade, há necessidade de ganho médio
mínimo, ao longo do ano, de 400 g/animal/dia.
16
2.3.3 – Ganho de Peso por Área
MAYA (2003) verificou ganhos de peso por área de 1.628 e 1.672 kg/ha/ano,
para o capim Tanzânia com e sem irrigação, respectivamente. Na época seca, os
ganhos por área foram de 380 e 381 kg/ha. Já AGUIAR et al (2002) verificaram no
capim Mombaça, sem irrigação, na época chuvosa (novembro a março), taxa de
lotação de 7 UA/ha, ganho de peso de 0,65 kg/animal/dia e ganho por área de 1.410
kg/ha/ano
ERBESDOBLER et al. (2002), em pastagem de capim Napier, na época
chuvosa, encontraram ganhos de 432,5 kg/ha, enquanto AITA e RESTLE (1999)
verificaram, no capim Taiwan A-146, ganho de 774,4 kg/ha, no período de 143 dias,
na época quente do ano.
2.4 - Composição Química da Extrusa em Função do Dia de Pastejo
As características do pasto não representam, muitas vezes, as
características da forragem realmente consumida pelos animais, devido ao seu
comportamento seletivo. Os animais preferem determinadas plantas e partes desta
e, de acordo com VAN SOEST (1982), os animais selecionam as partes da
forrageira mais palatáveis e digestíveis.
BLASER (1994) observou que, num sistema de pastejo rotacionado com
mais de um dia de ocupação do piquete, a qualidade nutricional da forragem é mais
alta no primeiro dia e mais baixa no último dia. Verificou, ainda, que, em vacas
pastejando um piquete com período de ocupação de 8 a 9 dias, a produção de leite
aumentava até um platô, declinando no início de ocupação de um novo piquete. Esta
oscilação está associada com o pastejo seletivo, em que, nos primeiros dias de
pastejo, foram observadas maiores percentagens de matéria seca digestível e maior
consumo de matéria seca. PALIERAQUI (2004) verificou nos capins Napier e
Mombaça, em pastejo rotacionado com 4 dias de ocupação e 32 de descanso,
diferenças nas composições químicas das extrusas destas duas forrageiras com o
avançar do período de ocupação do piquete, ocorrendo queda no teor de PB e
aumento nos constituintes de parede celular. Já CLIPES (2003) e LISTA (2003),
manejando gramíneas tropicais com 3 dias de pastejo, não encontraram diferença
na composição química da extrusa de capim-elefante com o avançar de dia de
17
pastejo. No entanto, observaram queda na qualidade do capim Mombaça ao longo
dos dias de pastejo, especialmente aumento nos constituintes da parede celular.
18
3. RERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA
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19
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27
4. TRABALHOS
Os trabalhos a seguir foram elaborados segundo as normas da Revista Brasileira de
Zootecnia
28
INFLUÊNCIA DA IRRIGAÇÃO SOBRE A PRODUÇÃO E A COMPOSIÇÃO
QUÍMICA DA BIOMASSA DOS CAPINS ELEFANTE (Pennisetum purpureum
Schum.) CV. NAPIER E MOMBAÇA (Panicum maximum Jacq.), MANEJADOS
SOB PASTEJO ROTACIONADO
RESUMO
O experimento foi conduzido na UENF, em Campos dos Goytacazes, RJ, com o
objetivo de se avaliar a influência da irrigação sobre as disponibilidades de matéria seca
total (DMST), matéria seca verde (DMSV) e matéria seca residual (DMSR), altura e
densidade da forragem e composição química da lâmina foliar dos capins Napier e
Mombaça. Os tratamentos foram as combinações das duas forrageiras com dois níveis
de irrigação (com e sem). Irrigou-se repondo 100 % da evapotranspiração (ET0) média
diária observada em dez anos. Adotou-se o pastejo rotacionado, com novilhos, com
quatro dias de ocupação e 32 de descanso, carga animal variável e pressão de pastejo de
4 kg de MSF /100kg de peso vivo. Na determinação da disponibilidade, a forragem
contida em um quadro de 1 m2, lançado 24 vezes por ha, foi cortada a 30 cm do solo,
pesada e separada em folha, caule e material senescente. Foram analisados
separadamente resultados referentes às épocas seca e chuvosa. Verificaram-se nas
forrageiras irrigadas maiores DMST, DMSV e DMSR, nas duas épocas do ano, tendo o
capim Napier apresentado, sempre, maiores disponibilidades. Maiores respostas à
irrigação nas DMST e DMSV foram observadas no capim Mombaça. Na época seca, a
irrigação proporcionou às forrageiras maior percentagem de folhas, altura e densidade
de forragem. Verificou-se, nesta época, no capim Napier, menor percentagem de folhas
e maior altura e densidade de forragem que no capim Mombaça. Na época chuvosa, as
forrageiras irrigadas apresentaram maior altura e densidade de forragem, mas
percentagem de folhas semelhantes às não irrigadas. Nesta época, o capim Napier teve
menor percentagem de folha e maior altura, não diferindo do Mombaça quanto à
densidade de forragem. A irrigação não influenciou os teores de matéria orgânica,
proteína bruta e FDN. O capim Napier, irrigado ou não, apresentou maior teor de PB e
menores teores de MO e FDN, nas duas épocas.
Palavras-chave: Bovinos, pastagem irrigada, forragem, Napier, Mombaça.
29
INFLUENCE OF IRRIGATION ON ELEPHANT-GRASS (Pennisetum
purpureum SCHUM.) cv. NAPIER AND MOMBAÇA-GRAS (Panicum maximum,
JACQ.) BIOMASS PRODUCTION AND COMPOSITION, UNDER
ROTATIONAL GRAZING
ABSTRACT
The research was carried out at UENF, in Campos dos Goytacazes, State of Rio de
Janeiro, aiming to evaluate the influence of irrigation on availabilities of total dry matter
(TDMA) and green dry matter (GDMA) and on residual dry matter (RDM), forage
height, forage density and chemical composition of leaf blades of the Napier-grass and
Mombaça-grass. The treatments were the combinations of the two grasses and two
irrigations levels (with and without). The irrigation supplied the previous ten-year mean
evapotranspiration (ET0). It was adopted the rotational grazing, with grazing period of
four days, rest period of 32 days and variable stocking, with grazing pressure of four kg
of leaf dry matter per 100 kg live weight. To determine forage availability, 24
samples/hectare were taken, using a 1m X 1m quadrate. The forage was cut 30 cm
above the ground and separated into blades, stems and senescent material. Results
regarding to dry season and rainy season were analyzed separately. Irrigated forages
showed higher TDMA, GDMA and RDM in both seasons of the year and higher yields
were observed in Napier-grass. The Mombaça-grass showed higher response to
irrigation in TDMA and GDMA than Napier-grass. During the dry season, irrigation
increased forage percent of leaves, forage height and forage density and Napier-grass
was taller, showed lower proportion of leaves and higher density than Mombaça-grass.
During the rainy season, irrigated forages were taller and more dense but did not differ
from the non irrigated ones regarding to percent of leaves, and Napier-grass was taller
and had lower percent of leaves, but did not differ from Mombaça-grass regarding to
density. Irrigation had no influence on organic matter (OM), crude protein (CP) and
neutral detergent fiber (NDF) content of forages. Napier-grass, irrigated or not, had
higher CP and lower OM and NDF than Mombaça-grass in both seasons.
Key words: Cattle, forage, irrigated pasture, Mombaça-grass, Napier-grass
30
INTRODUÇÃO:
O aumento da população brasileira e do poder aquisitivo de parcelas da
população de baixa renda elevam o consumo interno de produtos de origem bovina, que,
juntamente com o aumento das exportações de carne, a substituição de áreas de pecuária
por áreas agrícolas, as pressões contra desmatamento e o aumento de áreas de
preservação, nos últimos anos, geram a necessidade da intensificação dos sistemas de
produção de bovinos.
Várias tecnologias têm sido adotadas, isoladas ou em conjunto, para incrementar
a produção de bovinos a pasto, podendo-se mencionar, dentre elas, o uso de pastejo
rotacionado, adubação, irrigação, suplementação protéica, energética e mineral, pastejo
diferido, além disso, muitas vezes, utiliza-se a terminação em confinamento.
Em décadas passadas, o objetivo principal, ao se implantar o sistema de
irrigação de pastagens, era reduzir a estacionalidade de produção forrageira na época
seca. No entanto, trabalhos de vários autores (Carvalho et al., 1975; Ghelfi Filho, 1976;
Alvim et al., 1986; Botrel et al. 1991; Alvim et al., 1993; Marcelino et al., 2001) não
evidenciam que a irrigação possa suprimir a estacionalidade de produção de forrageiras
tropicais, verificando-se menor produção no inverno, o que sugere que outros fatores
climáticos, como a temperatura e o fotoperíodo, possam limitar a produção de matéria
seca. Balsalobre el al. (2003) salientam que a produção de forragem depende de fatores
ligados ao clima, ao solo, à planta e ao animal, além das interações entre eles. Os fatores
climáticos envolvidos são precipitação pluviométrica (relacionada com a umidade do
solo), luminosidade (quantidade e qualidade de luz), fotoperíodo e temperatura. Como a
irrigação irá interferir apenas na umidade do solo, o sucesso de seu uso pode ser
influenciado pelos outros fatores acima relacionados.
A temperatura ótima para o desenvolvimento das gramíneas tropicais está por
volta de 30 a 35 0C (Gomide, 1994). Em muitas regiões, a temperatura média, em
alguns meses na época seca, atinge valores abaixo de 15 0C. Segundo Cooper e Tainton
(1968), as forrageiras tropicais têm crescimento limitado abaixo desta temperatura.
Em se tratando de Brasil, não se pode generalizar a respeito das limitações
climáticas para o crescimento das forrageiras apenas em função da região. O mais
correto, para fins de irrigação de pastagens, é analisar os dados climáticos do local,
principalmente o comportamento das temperaturas mínimas e a precipitação durante o
31
ano, para verificar que tipo de resposta se pode esperar com o uso da irrigação, quanto
ao aumento de produção e à redução da estacionalidade (Andrade, 2000).
Os incrementos no acúmulo de matéria seca, durante a época chuvosa, em
decorrência da irrigação, indicam potencial de utilização da irrigação de pastagens o ano
todo, desde que as condições de temperatura e fotoperíodo não sejam limitantes, a
fertilidade do solo seja corrigida, explorando-se principalmente os períodos de déficit
hídrico ou “veranicos” (Maya 2003).
Dados obtidos na Estação Evapotranspirométrica PESAGRO/UENF, em
Campos dos Goytacazes – RJ, de julho de 1996 a dezembro de 2003, indicam que as
temperaturas médias mensais mantiveram-se, durante todos os meses do ano, acima de
20 0C. Nos meses mais frios, maio, junho, julho e agosto, observaram-se médias das
mínimas de 17,9; 16,8; 15,9 e 16,6 0C e médias das máximas de 28,3; 28,0; 26,6 e 27,06
0C, respectivamente. Nos demais meses do ano, as médias das mínimas se situaram
acima de 19,0 0C. A precipitação pluviométrica anual média no período foi inferior a
800 mm, com ocorrência de veranicos nos meses de janeiro e fevereiro. Essas condições
climáticas sugerem que a região seja propícia ao uso da irrigação em pastagens.
Informações referentes ao efeito da irrigação na Região Norte Fluminense são escassas.
Entretanto, resultados de Palieraqui (2004) e Ribeiro et al. (2003b), referentes à época
seca do ano, indicam que a prática tem grande potencial na região.
Na produção de bovinos de corte a pasto, a irrigação só é justificada quando
outras tecnologias, como a adubação de pastagens, o pastejo rotacionado, o uso de
animais especializados e o uso de forrageiras com alta capacidade de produção, possam
ser utilizados em conjunto.
Dentre as gramíneas forrageiras tropicais, destacam-se pela produtividade e
valor nutritivo, o capim-elefante (Pennisetum purpureum), com diversas cultivares de
interesse, e várias cultivares da espécie Panicum maximum. O capim-elefante é
considerado a espécie com maior potencial de produção, encontrando-se na literatura
referência de produção de até 80 t/ha/ano de matéria seca (Santos, 1995). A espécie
Panicum maximum tem sido, ao longo dos anos, uma das gramíneas mais importantes
para produção de gado de corte, no Brasil. A cultivar Colonião foi a mais explorada
durante décadas. Novas cultivares têm sido lançadas nos últimos anos, destacando-se a
Tobiatã, Tanzânia e Mombaça. Esta última destaca-se pelo grande vigor, alta produção
de massa e bom valor nutritivo. Dados da Embrapa Gado de Corte revelam nessa
32
cultivar produção de 41 t/ha/ano de matéria seca, apresentando, em média, 81,9% de
folhas, 13,4% de proteína bruta nas folhas e 9,7% nos colmos (Santos et al., 1999).
Objetivou-se, com a presente pesquisa verificar a influência da irrigação sobre as
disponibilidades de matéria seca total, matéria verde seca, matéria seca residual, altura e
densidade volumétrica de forragem (DVF) e composição química da lâmina foliar dos
capins Napier e Mombaça.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no Núcleo de Pesquisa em Zootecnia da UENF,
em Campos dos Goytacazes, RJ. Foram estudadas as respostas dos capins elefante cv.
Napier (Pennisetum purpureum) e mombaça (Panicum maximum) a dois níveis de
irrigação, durante as épocas seca e chuvosa. O município de Campos tem coordenadas
geográficas de 210 44’ 47” de Latitude Sul e 410 18’ 24” de Longitude Oeste e altitude
de 12 m, situando-se no Norte do Estado do Rio de Janeiro. O padrão climático da
região é descrito como Aw, tropical quente úmido, com período seco no inverno e
chuvoso no verão, segundo a classificação de Köppen (1948). Na Tabela 1 são
apresentados dados climáticos do município.
O experimento compreendeu duas épocas de seca (junho a outubro 2002 e maio
a outubro de 2003) e uma época chuvosa (novembro de 2002 a abril de 2003), tendo
compreendido cada época quatro ciclos de pastejo.
O delineamento experimental foi o de blocos completos casualizados (três
blocos, com três hectares cada), com parcelas subdivididas no tempo e espaço, com
mais de uma unidade experimental por sub-classe. Cada bloco, com nível de fertilidade
diferente, foi subdividido em duas parcelas de 1,5 ha, nas quais foram alocadas, ao
acaso, as duas forrageiras. Cada parcela (em cada bloco) foi dividida em seis sub-
parcelas de 0,25 ha, distribuídas, aleatoriamente, entre dois níveis de irrigação, com três
repetições. Os níveis de irrigação foram: 1 – Testemunha, sem irrigação; 2 – Irrigação,
repondo-se 100 % da evapotranspiração obtida a partir de média histórica de 10 anos
(UFRRJ). Os efeitos de época, bloco, forrageira e nível de irrigação foram considerados
fixos e o efeito de repetição, dentro de bloco, forrageira e nível de irrigação, aleatórios.
As forrageiras foram avaliadas em regime de pastejo rotacionado, com períodos
de ocupação de quatro dias e de descanso de 32 dias.
O sistema utilizado foi por aspersão em malha com baixa pressão, utilizando-se
33
turno de rega de sete dias.
Antes da implantação das forrageiras, foi aplicado calcário dolomítico, nas
quantidades necessárias para elevar a saturação de bases para 60 %. A adubação com
fósforo foi feita no plantio, utilizando-se superfosfato simples, na dosagem de 500 kg/ha
(100 kg/ha de P2O5).
Tabela 1: Valores médios mensais de evapotranspiração de referência (ET0), precipitação pluviométrica, temperatura média (TM), temperatura máxima (TMX) e temperatura mínimas (TMN), lâmina de irrigação estimada e lâmina aplicada durante o período experimental
Meses
Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set Out Nov Dez 2002
ET0 (mm) 5,3 4,7 5,2 4,1 3,4 2,9 2,6 3,9 3,4 5,5 5,6 5,0 PP (mm) 82,7 62,8 9,7 15,4 3,9 35,1 24,1 19,8 146,5 15,9 61,5 114,8 TM (0C) 25,3 25,2 26,3 24,7 23,3 22,0 20,3 22,3 20,6 24,0 24,7 25,5 TMX (0C) 31,3 31,3 33,3 31,7 29,6 28,5 25,7 28,5 25,1 30,3 30,6 31,1 TMN (0C) 21,4 21,4 21,5 20,1 19,3 17,7 16,4 17,8 17,0 19,7 20,9 22,0 2003 ET0 (mm) 5,1 6,1 4,9 3,8 3,0 3,0 3,0 3,3 3,5 4,3 4,4 4,7 PP (mm) 226,8 15,5 153,3 82,1 88,4 0,4 35,2 50,3 39,3 66,9 65,9 135,8 TM (0C) 26,0 26,9 26,2 24,4 21,8 21,7 20,3 19,9 --- --- --- 25,0 TMX (0C) 32,4 33,7 33,1 30,6 27,6 28,9 26,8 25,4 27,4 28,7 30,7 30,7 TMN (0C) 22,3 21,8 21,9 20,3 17,4 16,9 15,5 15,7 18,5 19,4 21,7 21,5 Lâmina Mensal de Irrigação Estimada (mm)1
137,0 124,0 123,8 94,6 75,1 64,5 70,7 84,0 90,3 114,9 120,4 128,2 Lâmina Mensal Irrigada (mm)2 2002 74,5 58,7 66,7 80,7 65,9 112,3 110,2 109,1 2003 99,2 121,4 98,3 80,9 60,4 64,4 64,8 75,6 83,8 103,8 109,4 105,6 1 – Lâmina de irrigação estimada a partir de valores de média histórica (10 anos) de evapotranspiração
(ET0), fornecida pela UFRRJ/Campus Avançado de Campos dos Goytacazes, RJ. 2 - Lâmina irrigada mensalmente, durante o período experimental, diminuída da
precipitação pluviométrica observada durante cada mês.
Trinta dias após o plantio, foi feita adubação em cobertura com nitrogênio e
potássio, aplicando-se 50 kg/ha de N e 40 kg/ha de K2O. Foram feitas adubações de
manutenção de nitrogênio e potássio, aplicando-se em cobertura 400 e 200 kg /ha/ano
de N e K2O, respectivamente, parceladas após o fim de cada período de ocupação dos
piquetes.
Foram medidas diretamente no pasto, a cada ciclo de pastejo, disponibilidades
de matéria seca total e matéria verde seca, matéria seca residual da forragem, proporção
de lâmina foliar, altura da forragem, densidade volumétrica do capim e composição
químico-bromatológica da lâmina foliar.
No pastejo, foram utilizados novilhos mestiços F1 europeu-zebu, com peso vivo
inicial em torno de 260 kg, os quais foram alocados, ao acaso, nos tratamentos. No
34
início de cada época os animais foram substituídos por outros do mesmo grupo genético
e peso semelhante.
A carga animal foi variável com o tratamento, de forma a se manter pressão de
pastejo constante de 4 kg de matéria seca foliar disponível (acima de 30 cm) por 100 kg
de peso vivo, por dia. Para isso, foram usados animais experimentais, em número de 10
por tratamento, nas águas, e 4 por tratamento, na seca, e animais adicionais
(reguladores), que foram introduzidos ou retirados dos piquetes, de acordo com a
disponibilidade de forragem, determinada antes de cada período de pastejo.
Na determinação da disponibilidade de forragem, antes do pastejo, e da matéria
seca residual, após o pastejo de cada piquete, foi utilizado um quadro metálico de 1 m
de lado e a altura da forragem, antes do pastejo, foi determinada com o auxilio de uma
régua de madeira de 2 m, graduada com intervalos de 5 cm. Foram feitas
simultaneamente as medidas de altura e as amostragens para determinação da
disponibilidade, sendo as amostragens feitas sistematicamente ao longo da diagonal do
piquete. Com auxílio da régua, fazia-se, a cada quatro metros, uma leitura de altura e na
terceira leitura o quadrado era colocado, e a forragem nele contida cortada a 30 cm do
solo. Foram feitas, por piquete, 18 mensurações de altura (correspondente a 72/ha) e 6
cortes de forragem (correspondentes a 24/ha),
Da biomassa contida nos quadros, após cortada e pesada, foi retirada uma sub-
amostra da forrageira, efetuando-se a separação em folhas (lâmina) e bainha + caule.
Após a separação, cada componente foi pesado e, em seguida, picado e dividido em
duas sub-amostras. Uma sub-amostra de cada fração, de cada tratamento, foi pré-seca
em estufa a 55oC, por 72 horas, a outra foi utilizada para determinação da matéria seca
em microondas. A porção restante da forrageira obtida nos diferentes quadros foi picada
em picadeira, tomando-se duas amostras de 300 a 400 gramas, sendo uma pré-seca em
estufa a 55oC por 72 horas. A outra sub-amostra, juntamente com as sub-amostras das
frações, foram secas em forno microondas, segundo metodologia descrita por Ribeiro et
al. (2003a), de forma a se obter rápida estimativa da matéria seca disponível, de forma a
orientar o ajuste da carga animal (número de animais reguladores a serem usados).
Para a determinação da matéria seca residual, foram feitos seis cortes, por
piquete, imediatamente após a saída dos animais, seguindo a mesma metodologia usada
na determinação da disponibilidade de forragem.
A densidade volumétrica da forrageira (DVF) foi determinada dividindo-se a
DMSV (kg/ha) pela altura da forragem (cm).
35
No laboratório, utilizando-se as sub-amostras pré-secas das forrageiras e suas
respectivas frações (lâmina foliar, colmo e material morto), após serem moídas em
moinho tipo facas, com peneira de 30 “mesh”, foram determinados os teores matéria
seca (MS), matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB) e fibra insolúvel em detergente
neutro, segundo metodologia recomendada por Silva (1990).
Na análise estatística foram consideradas, separadamente, as épocas seca e
chuvosa, segundo o modelo:
Yijklm = µ + Ai + Bj + Fk + Il + EBij + EFik+ EIil + BFjk + BIjl + FIkl + EBFijk + EBIijl
+ EFIikl + BFIjkl + EBFI ijkl + R (BjFkIl)m + eijklm, em que:
Yijklm = informações referentes à repetição m, nível de irrigação l, forrageira k, bloco j,
na época i;
µ = Média geral;
Ai = efeito do ano i, sendo i= 1 e 2;
Bj = efeito do bloco j, sendo j = 1, 2 e 3;
Fk = efeito da forrageira k, sendo k = 1, mombaça e 2, capim-elefante;
Il = efeito do nível de irrigação l, sendo l = 1, 2;
ABij = efeito da interação do ano i e o bloco j ;
AFik = efeito da interação do ano i e a forrageira k ;
AIil = efeito da interação do ano i e o nível de irrigação l;
BFjk = efeito da interação do bloco j e a forrageira k ;
BIjl = efeito da interação do bloco j e o nível de irrigação l ;
FIkl= efeito da interação da forrageira k e o nível de irrigação l ;
ABFijk = efeito da interação do ano i, bloco j, e forrageira k ;
ABIijl = efeito da interação do ano i, bloco j e nível de irrigação l ;
AFIikl = efeito da interação do ano i, forrageira k e nível de irrigação l ;
BFIjkl = efeito da interação do bloco j, forrageira k e nível de irrigação l ;
EBFIijkl = efeito da interação da época i, do bloco j, forrageira k e nível de irrigação l;
Rm (BjFkIl) = efeito da repetição m dentro de bloco, forrageira e nível de irrigação,
sendo m =1, 2 e 3;
eijklm = erro aleatório, associado a cada observação, pressuposto normal e
independentemente distribuído, com média zero e variância σ 2.
Como só foi avaliada uma época chuvosa, retirou-se do modelo, para essa época,
o efeito de ano e as interações em que a variável ano participa. Os resultados foram
submetidos à análise de variância, pelo procedimento PROC GLM do SAS.
36
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 2 são apresentados os resultados médios de DMST e DMSV, DMSR,
porcentagem de folha, altura da planta e densidade volumétrica da forragem referente às
épocas seca e chuvosa, dos capins Napier e Mombaça, irrigados ou não.
Ao se avaliar a DMST, não se verificou efeito de interação de (P>0,05) de
forrageira e irrigação, nas duas épocas estudadas, tendo o capim Napier superado o
Mombaça, e os capins irrigados superado os não irrigados, nas duas épocas.
As maiores DMST apresentadas pelo capim Napier devem-se às maiores
proporções de caule verificadas nesta forrageira, sendo que na época seca o capim
Napier apresentou 57,1 % de caule e o capim Mombaça 4,4 %. Na época chuvosa, os
valores foram de 58,9 e 31,96 % para os capins Napier e Mombaça, respectivamente.
Os valores de DMST dos capins Napier e Mombaça irrigados superaram,
respectivamente, os dos mesmos capins não irrigados em 18,0 e 67,0 %, na época seca e
em 15,0 e 29,0 %, na época chuvosa. Estes resultados permitem inferir que o déficit
hídrico, na época seca, seria provavelmente o principal limitante do crescimento do
Mombaça, na região, enquanto para o Napier outros fatores, tais como temperatura
ambiente e luminosidade poderiam ser igualmente importantes.
Os incrementos devidos à irrigação na DMST encontrados, no presente trabalho,
para capim Napier são menores que os citados por Ghelfi Filho (1972) de 26,0 % para
as duas épocas do ano. O menor efeito encontrado na presente pesquisa pode ser devido
ao bom desempenho do capim Napier, sem irrigação, na época seca, que correspondeu a
73,0 % da DMST do período das águas e a 42,0 % da produção total das duas épocas.
Ghelfi Filho (1972) verificou que a produção de forragem na época seca corresponde a
24 % da produção anual.
Matsumoto et al. (2002), avaliando cinco cultivares de Panicum maximum
encontraram resposta positiva à irrigação na produção de matéria seca (40% no ano),
porém a resposta ocorreu no período de outubro a junho. Nos meses de julho, agosto e
setembro não houve efeito de irrigação.
Lopes et al. (2002a), trabalhando com capim elefante, irrigado ou em sequeiro,
adubado com 4 combinações de doses nitrogênio e potássio (400N +300K; 300N +
240K; 200N + 160K; 100 N+ 80K kg/ha/ano), não verificaram efeito da irrigação, em
todos níveis de adubação, no período de abril a setembro de 2000, e atribuíram a
ausência de resposta à baixa temperatura mínima (média de 12 oC) observada no
37
período. Quando considerado todo o período experimental (abril de 2000 a março de
2001), houve resposta à irrigação em três dos quatro níveis de adubação estudados,
proporcional à quantidade de fertilizante utilizada. Aveiro et al. (1991), no Paraguai,
trabalhando com capim elefante cv. Cameroon, encontraram, no período de março a
dezembro aumento de 42 % na DMST em resposta à irrigação, semelhante ao verificado
no presente trabalho ao se considerar todo o ano.
Trabalhando com a cultivar de capim elefante Cameroon e as duas cultivares de
Panicum maximum BRA 8761 e BRA 8826, irrigados na época seca, Leal e
Nascimento (2002) encontram DMST de 4.594,0; 3.096,0 e 2721,0 para as três
forrageiras, respectivamente. Os maiores valores encontrados no presente trabalho
podem ser devidos à maior dose de adubação nitrogenada utilizada e ao maior período
de descanso (32 vs 27 dias no trabalho de Leal e Nascimento), possibilitando maior
acúmulo de forragem.
Em Campos dos Goytacazes, Maldonado et al. (1997) encontraram, nas épocas
seca e chuvosa, produções de 5.836,5 e 6.027,7 kg/ha de MS, respectivamente, no
capim Napier irrigado, repondo-se 100 % da evaporação, medida em tanque classe A.
Os valores foram calculados a partir das equações de regressão apresentadas por estes
autores, e foram inferiores ao do presente trabalho, possivelmente em função de
características do solo, ou condições climáticas diferentes nas épocas experimentais,
embora os cortes tenham sido feitos a intervalos de 56 dias, com maior período de
crescimento.
Ao se avaliar a DMSV não se verificou efeito de interação (P>0,05) de
forrageira e irrigação nas duas épocas, seca e chuvosa. Houve efeito significativo
(P<0,05) de forragem e de irrigação, tendo o capim Napier superado o Mombaça e os
tratamentos irrigados superado os não irrigados, nas duas épocas.
A DMSV do capim Napier superou em 99,6 e 17,6 % a do capim Mombaça, nas
épocas seca e chuvosa, respectivamente. A maior DMSV, na época seca, no capim
Napier, deve-se à sua maior proporção de caule e à sua menor proporção de material
senescente (9,8 % no Napier e 27,4 % no Mombaça). Na época chuvosa, a proporção de
material senescente das duas forrageiras foi semelhante (10,3 % no Napier e 9,7 % no
Mombaça), sendo o fator responsável pela maior DMSV do capim Napier a sua maior
produção de caule.
Penati (2002), avaliando o capim Tanzânia irrigado sob três resíduos pós-pastejo
(1.000, 2.500 e 4.000 kg/ha de MSV), durante todo o ano, encontrou valores médios de
38
2.194 a 6.484 kg/ha de MSV, tendo os maiores valores ocorrido no verão. Destaca-se
que o citado autor realizou os cortes ao nível do solo e efetuou a adubação com NPK
(24 – 04 –24), aplicando 334 kg/ha, após cada pastejo. Com isto, aplicaram-se 880, 147
e 880 kg/ha/ano de N, P2O5 e K2O, respectivamente, e a saturação de bases foi elevada
para 80 %. Na presente pesquisa, no capim Mombaça, gramínea da mesma espécie e
produção semelhante, quando irrigado, observaram-se DMSV médias superiores, nas
duas épocas, mesmo usando-se uma adubação menor e efetuando-se o corte a 30 cm do
solo. Um dos fatores que contribuíram para a maior DMSV do capim Mombaça, no
presente trabalho, foram os menores valores de material senescente verificados (35 vs
54 %, na seca e 12,6 vs 19 %, nas águas), uma vez que as DMST observadas para as
duas forrageiras foram semelhantes.
Não se verificou efeito de interação de forrageira e irrigação (P>0,05), nas
épocas seca e chuvosa, ao se avaliar a DMSR, tendo-se observado maior DMSR no
capim Napier e nos capins irrigados.
As maiores DMSR observadas no capim Napier estão ligadas à sua maior
proporção de caule, em relação ao capim Mombaça. As maiores DMSR observadas nas
forrageiras irrigadas, embora estas tenham apresentado maiores proporções de folhas,
podem estar relacionadas com uma possível ocorrência de maior quantidade de perda de
forragem, em conseqüência da maior altura e densidade da forragem no piquete e ao
maior numero de animais por área, fatores que poderiam causar maior tombamento e
perdas por pisoteio.
Aguiar et al (2002) encontraram resíduos médios pós-pastejo, para o capim
Mombaça com e sem irrigação, de 2.356,0 e 1.918,0 kg/ha de MS, na seca, e de 3.875,0
e 2.957,0, na época chuvosa, respectivamente. Os menores valores encontrados no
presente trabalho podem ser justificados pela forma de amostragem, para determinar a
matéria seca residual, tendo Aguiar et al. (2002) efetuado corte rente ao solo e no
presente trabalho o corte foi feito a 30 cm do solo. Aguiar et al. (2000) recomendam
que, ao manejar forrageiras do gênero Panicum intensivamente, o resíduo pós-pastejo
não deve ser superior a 1.500 kg/ha de MS, por dificultar a penetração de luz, o que traz
prejuízos na brotação basal, que é fundamental para a exploração intensiva de
gramíneas deste gênero.
39
Tabela 2: Disponibilidades médias de matéria seca total (DMST), matéria seca verde (DMSV), matéria seca residual (DMSR) e respectivos erros padrão dos capins Napier e Mombaça, irrigados e não irrigados1, nas épocas seca e chuvosa
Nível de Irrigação Forrageiras Irrigado Não Irrigado
Médias
ÉPOCA SECA DMST (kg/ha)
Napier 6.556,1 ± 166,9 5.332,1 ± 166,9 5.944,1 ± 118,0 a Mombaça 4.426,5 ± 166,9 2.975,7 ± 1 66,9 3.701,0 ± 118,0 b Média 5.491,3 ± 118,0 A 4.153,9 ± 118,0 B
DMSV (kg/ha)
Napier 5.929,8 ± 141,1 4.795,6 ± 141,1 5.362.7 ± 99,8 a
Mombaça 3.271,4 ± 141,1 2.101,3 ± 141,1 2.686,3 ± 99,8 b
Média 4.600,6 ± 99,8 A 3.448,5 ± 99,8 B
DMSR (kg/ha)
Napier 3.388,1 ± 85,4 2.867,9 ± 85,4 3.128,0 ± 60,4 a
Mombaça 2.015,9 ± 85,4 1.678,8 ± 85,4 1.847,4 ± 60,4 b
Média 2.702,0 ± 60,36 A 2.273,4 ± 60,4 B
ÉPOCA CHUVOSA DMST (kg/ha)
Napier 8.458,9 ± 325,0 7.335,5 ± 325,0 7.897,2 ± 229,8 a Mombaça 7.596,0 ± 325,0 5.898,4 ± 325,0 6.747,2 ± 229,8 b Média 8.027,5 ± 229,8 A 6.617,0 ± 229,8 B
DMSV (kg/ha) Napier 7.663,5 ± 298,9 6.650,1 ± 298,9 7.156,8 ± 211,3 a
Mombaça 6.746,2 ± 298,9 5.427,9 ± 298,9 6.087,1 ± 211,3 b
Média 7.204,9 ± 211,3 A 6.039,0 ± 211,3 B
DMSR (kg/ha) Napier 3.728,6 ± 140,4 3.537,3 ± 140,4 3.633,0 ± 99,3 a
Mombaça 3.142,7 ± 140,4 2.496,0 ± 140,4 2.819,4 ± 99,3 b
Média 3.453,6 ± 99,3 A 3.016,7 ± 99,3 B 1 - Médias referentes a duas épocas secas e uma época chuvosa, cada uma envolvendo 4
cicloS de pastejo com 4 dias pastejo e 32 dias de descanso - Médias seguidas de letras maiúsculas diferentes nas linhas e minúsculas nas colunas
diferem-se pelo teste de F.
Ao se avaliar a percentagem de folhas, não se verificou efeito de interação
(P>0,05) de forrageira e irrigação, na época chuvosa, tendo ocorrido efeito (P<0,05) de
40
forrageira e não ocorrido efeito de irrigação. Na época seca, embora ocorrendo efeito de
interação de forrageira e irrigação (P<0,05), verificaram-se os efeitos médios de
forrageira e de irrigação (P<0,05).
Na época seca, as forrageiras irrigadas apresentaram mais folhas (P<0,05) que
as não irrigadas (8,5 %), não ocorrendo diferença (P>0,05) na época chuvosa. O capim
Mombaça apresentou, nas duas épocas, maior proporção de folhas (P<0,05) que o
capim Napier, tendo suas proporções de folhas superado as do capim Napier em 108,6
%, na época seca, e em 89,3 % na época chuvosa (Tabela 3).
As maiores proporções de folhas observadas no capim Mombaça estão
relacionadas ao hábito de perfilhamento diferente das duas forrageiras: o Mombaça
apresenta maior perfilhamento basal, com pouca elongação do caule, ao contrário do
capim elefante, que tende a elevar o caule, com predominância do perfilhamento axilar.
Com isto, ao se realizar o corte a 30 cm do solo, no capim Mombaça é colhida maior
proporção de folhas, diferentemente do que ocorre no capim Napier, onde uma grande
proporção de caule é colhida.
A maior proporção de folhas promovida pela irrigação, na seca, está de acordo
com Corsi e Nascimento Jr. (1994), de que o déficit hídrico limita a expansão foliar. Na
época chuvosa, as proporções foram semelhantes, o que pode ser explicado pelo fato do
déficit hídrico ter sido menor ou não ter ocorrido.
As proporções de folhas no capim Napier, irrigado ou não, mantiveram-se
constantes nas duas épocas, o mesmo acontecendo com as proporções de material
senescente e de caule, sugerindo que, nesta forrageira, os efeitos da água e outros
fatores climáticos ocorrem na planta como um todo.
A queda de 17,0 % na proporção de folhas, observada no capim Mombaça na
época chuvosa em relação à época seca, é reflexo da proporção de caule, ocasionada
pelo alongamento das hastes, principalmente a partir de março, quando as plantas
iniciam o florescimento.
Mistura et al. (2003) encontraram efeito significativo da irrigação sobre a
percentagem de lâmina foliar do capim-elefante, na época seca, verificando os valores
de 42,3 % para o capim Napier irrigado e 26,9 % para o não irrigado. Os valores
superiores aos observados no presente trabalho, no capim-elefante irrigado, podem ser
atribuídos à diferença na forma de amostragem, uma vez que os citados autores
efetuaram o corte a 80 cm do solo, o que possibilitou coletar maiores proporções de
folhas. Quanto ao valor mais baixo na percentagem de folhas, referente ao capim Napier
41
não irrigado, este pode ser atribuído a diferenças climáticas, principalmente, na
temperatura mínima, que foi, no presente trabalho, maior que 15 0C, oferecendo
melhores condições para a expansão foliar.
Ao se avaliar a altura da forragem, não se verificou efeito de interação de
(P>0,05) de forrageira e irrigação, nas duas épocas estudadas, sendo maior no capim
Napier (P<0,05) que no Mombaça e sendo as maiores alturas (P<0,05) verificadas nos
capins irrigados.
As maiores alturas observadas nas pastagens irrigadas, na época seca, são
conseqüência de uma maior crescimento da planta, que resultou em aumento da
proporção de folha. Na época chuvosa, a maior altura observada nas pastagens irrigadas
pode ser devida ao maior crescimento do caule, principalmente na fase reprodutiva.
As maiores alturas observadas no capim Napier são conseqüência do hábito de
perfilhamento axial e de uma posição mais elevada do meristema apical, enquanto no
capim Mombaça, o perfilhamento, na sua maioria, ocorre a partir de gemas basilares,
resultando em altura inferior.
Pesquisando a influência da irrigação sobre a altura da forrageira, Aguiar et al.
(2002) encontraram para o capim Mombaça, com e sem irrigação, alturas de 80,0 e 60,7
cm, na época seca, e 128,0 e 119,8 cm na época chuvosa, respectivamente. Por sua vez,
para o capim Napier irrigado ou não, respectivamente, Lopes et al. (2002b) encontraram
valores de 157,0 e 147,0 cm, na época seca e de 183, 0 e 184,0 cm na época chuvosa.
As diferenças observadas entre os valores apresentados por estes autores e os do
presente trabalho podem ser em função dos citados autores terem utilizado a altura do
capim (170 cm) como critério para determinar o momento de entrada dos animais no
piquete, não citando a idade média do capim em que esta altura era atingida.
Não se verificou efeito de interação (P>0,05) de forrageira e irrigação na DVF
dos capins Napier e Mombaça, nas duas épocas estudadas. No entanto, observou-se
maior DVF média (P<0,05) nas duas forrageiras quando irrigadas, e maior DVF média
(P<0,05) no capim Napier, em relação ao Mombaça, nas duas épocas. O comportamento
da DVF frente à irrigação foi semelhante ao comportamento da DMSV e altura da
forrageira, o mesmo ocorrendo em relação à espécie forrageira.
Silva (1993), trabalhando com capim-elefante anão cv. Mott, encontrou DVF
média de 60 kg/ha/cm de MSV na época chuvosa. A diferença entre o trabalho de Silva
(1993) e o presente pode ser devido à menor altura do capim-elefante anão, que
apresenta menor tamanho de entrenós.
42
Tabela 3: Porcentagem de folha, altura da planta, densidade volumétrica da forragem (DVF) e respectivos erros padrão dos capins Napier e Mombaça, irrigados e não irrigados, nas épocas seca e chuvosa1
Nível de Irrigação Forrageiras Irrigado Não Irrigado
Médias
Época Seca Folhas (%)
Napier 34,0 ± 1,05 Ab 31,5 ± 1,05 Ab 32,7 ± 0,75 b Mombaça 71,0 ± 1,05 Aa 65,4 ± 1,05 Ba 68,2 ± 0,75 a Média 52,5 ± 0,75 A 48,5 ± 0,75 B
Altura (cm)
Napier 128,0 ± 1,95 124,3 ± 1,95 126,1 ± 1,38 a Mombaça 90,3 ± 1,95 78,5 ± 1,95 84,4 ± 1,38 b Média 109,2 ± 1,38 A 101,4 ± 1,38 B
Densidade (kg/cm)
Napier 48,1 ± 1,23 39,9 ± 1,23 44,0 ± 0,86 a Mombaça 35,4 ± 1,23 25,8 ± 1,23 30,6 ± 0,86 b Média 41,3 ± 0,86 A 32,8 ± 0,86 B
Época Chuvosa Folhas (%)
Napier 31,2 ± 2,41 30,5 ± 2,41 30,8 ± 1,70 b Mombaça 59,3 ± 2,41 57,4 ± 2,41 58,3 ± 1,70 a Média 45,2 ± 1,70 A 43,9 ± 1,70 A
Altura (cm) Napier 148,1 ± 3,41 142,7 ± 3,41 145,4 ± 2,41 a Mombaça 138,8 ± 3,41 121,6 ± 3,41 130,2 ± 2,41 b Média 143,4 ± 2,41 A 132,1 ± 2,41 B
Densidade (kg/cm) Napier 51,7 ± 2,20 47,2 ± 2,20 49,4 ± 1,56 a Mombaça 48,4 ± 2,20 43,7 ± 2,20 46,3 ± 1,56 a Média 50,3 ± 1,56 A 45,4 ± 1,56 B 1 - Médias referentes a duas épocas secas e uma época chuvosa, cada uma envolvendo 4
ciclos de pastejo com 4 dias pastejo e 32 dias de descanso. - Médias seguidas de letras maiúsculas diferentes nas linhas e minúsculas nas colunas
diferem-se pelo teste t.
Penati (2002) encontrou DVF de 94, 102 e 99 kg /ha/cm de MS em capim
Tanzânia irrigado, para os tratamentos com 1.000, 2.500 e 4.000 kg/ha de MSV
residual, respectivamente, não tendo verificado diferença entre os tratamentos. Esses
valores altos podem estar relacionados ao fato da DVF ter sido determinada a partir da
DMST e não da DMSV e à menor altura observada no capim Tanzânia.
43
Stobbs (1973) comenta que a DVF está diretamente relacionada com o consumo
de forragem, por aumentar o tamanho do bocado, todavia, não foi encontrada na
literatura qual a melhor DVF para cada espécie forrageira.
Os resultados referentes à composição química das duas forrageiras são
apresentados na Tabela 4. Não se verificou efeito de interação de forrageira e nível de
irrigação (P>0,05), com relação aos teores de MS, na época seca, e de MO e PB, nas
épocas seca e chuvosa. Com relação aos teores de MS na época chuvosa, embora tenha
ocorrido efeito de interação de forrageira e nível de irrigação, verificaram-se efeitos
médios (P<0,05) de forragem e de nível de irrigação. Observaram-se no capim
Mombaça, comparado ao Napier, maiores teores (P<0,05) de MS e de MO e menores
teores de PB, nas duas épocas do ano. A irrigação promoveu redução (P<0,05) no teor
de MS das duas forrageiras, nas épocas seca chuvosa, e no teor de MO, na época
chuvosa, não tendo influência (P>0,05) sobre os teores de PB, nas duas épocas, e no
teor de MO na época seca. Quanto aos teores de FDN, verificou-se efeito de interação
de forrageira e irrigação (P<0,05) e efeito médio de forrageira, nas épocas seca e
chuvosa. O capim Mombaça apresentou, nas duas épocas, teor de FDN mais elevado
(P<0,05) que o capim Napier. O capim Napier não irrigado teve menor teor de FDN
(P<0,05) que o irrigado, na época chuvosa, embora a irrigação tenha tido pequena
influência sobre o teor de FDN das duas forrageiras, nas duas épocas.
Lopes et al. (2002b) também não verificaram efeito da irrigação nos teores de
PB e FDN em lâmina foliar de capim Napier, na época seca do ano, tendo encontrado
maiores teores de FDN e menores teores de PB no capim irrigado quando se considerou
todo o ano, o que foi atribuído ao efeito de diluição do N, ocasionado pelo aumento da
parede celular, devido ao maior crescimento das plantas no período quente do ano. No
presente trabalho, este efeito pode ter ocorrido nas duas forrageiras. Apesar das duas
épocas terem sido avaliadas isoladamente, observou-se queda de 19,4 e 29,4 % nos
teores de PB e aumento de 12,6 e 8,2 % nos teores de FDN, para os capins Napier e
Mombaça, respectivamente, quando passou da época seca para a época chuvosa.
Os maiores teores de MS, MO e FDN e os menores teores de PB (pelo efeito de
diluição) no capim Mombaça podem ser conseqüência da maior DMSF apresentada por
esta forrageira, que traria maior capacidade de fixação de carbono quando as condições
climáticas não são limitantes. A queda na qualidade nutritiva desta forrageira, na época
chuvosa no ano, traz à tona a necessidade de se avaliar melhor o período ideal de
44
descanso, principalmente em regiões com temperaturas mais elevadas e com o uso de
irrigação.
Tabela 4: Teores médios de matéria seca, matéria orgânica, proteína bruta e fibra
insolúvel em detergente neutro (FDN) e erros padrão dos capins Napier e Mombaça, irrigados e não irrigados, nas épocas seca e chuvosa1
Nível de Irrigação Forrageiras Irrigado Não Irrigado
Médias
Época Seca Materia Seca (%)
Napier 16,8 ± 0,31 19,1± 0,31 17,9 ± 0,23 b Mombaça 20,5 ± 0,31 23,5 ± 0,31 22,0 ± 0,23 a MEDIA 18,6 ± 0,23 B 21,3 ± 0,23 A
Matéria Orgânica (%na MS) Napier 83,5 ± 0,27 83,9 ± 0,27 83,7 ± 0,19 b Mombaça 85,8 ± 0,27 86,2 ± 0,27 86,0 ± 0,19 a MEDIA 84,6 ± 0,19 A 85,0 ± 0,19 A
Proteína Bruta (%na MS) Napier 13,9 ± 0,21 13,8 ± 0,21 13,9 ± 0,15 a Mombaça 12,2 ± 0,21 12,2 ± 0,21 12,2 ± 0,15 b MEDIA 13,1 ± 0,15 A 13,0 ± 0,15 A
FDN (%na MS) Napier 63,0 ± 0,57Aa 64,8 ± 0,57 Aa 63,9 ± 0,40 b Mombaça 70,8 ± 0,57 Ab 70,3 ± 0,57 Ab 70,5 ± 0,40 a MEDIA 66,9 ± 0,40 A 67,5 ± 0,40 A
Época Chuvosa Materia Seca (%)
Napier 18,7 ± 0,41 Ab 19,9 ± 0,41 Ab 19,2 ± 0,29 b Mombaça 20,9 ± 0,41 Ba 23,6 ± 0,41 Aa 22,2 ± 0,29 a MEDIA 19,8 ± 0,29 B 21,6 ± 0,29 A
Matéria Orgânica (%na MS) Napier 84,6 ± 0,75 86,2 ± 0,75 85,4 ± 0,53 b Mombaça 86,8 ± 0,75 89,0 ± 0,75 87,9 ± 0,53 a MEDIA 85,7 ± 0,53 B 87,6 ± 0,5 3A
Proteína Bruta (%na MS) Napier 11,5 ± 0,34 10,9 ± 0,34 11,2 ± 0,24 a Mombaça 8,9 ± 0,34 8,4 ± 0,34 8,6 ± 0,24 b MEDIA 10,2 ± 0,24 A 9,6 ± 0,24 A
FDN (%na MS) Napier 70,3 ± 0,98 Bb 73,4 ± 0,98 Aa 71,9 ± 0,70 b Mombaça 77,4 ± 0,98 Aa 75,3 ± 0,98 Aa 76,4 ± 0,70 a MEDIA 73,8 ± 0,70 A 74,4 ± 0,70 A
1 - Médias referentes a duas épocas secas e uma época chuvosa, cada uma envolvendo 4 ciclo de pastejo com 4 dias pastejo e 32 dias de descanso
- Médias seguidas de letras maiúsculas diferentes nas linhas e minúsculas nas colunas
diferem-se pelo teste t.
45
Soria (2002), trabalhando com capim Tanzânia com cinco lâminas de irrigação
(0; 30; 70; 100 150 % da capacidade de campo) e cinco doses de nitrogênio (0; 100;
275; 756; 2079 kg/ha/ano de N), durante um ano, não observou efeito da irrigação,
dentro de todas as doses de N estudadas, sobre os teores de PB, FDN, FDA, lignina e
digestibilidade in vitro.
CONCLUSÕES
- As forrageiras responderam bem à irrigação, ao longo ano, com maior produção
de biomassa, proporção de folhas, altura e densidade volumétrica;
- O capim Napier produziu maior quantidade de biomassa; no entanto, o capim
Mombaça apresentou maior proporção de folhas;
- A irrigação aumentou a quantidade de folhas, mas não teve influência sobre a
composição química das folhas;
- Nas condições de manejo impostas, o capim Napier apresentou melhor
composição química.
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50
TAXA DE LOTAÇÃO E DESEMPENHO DE NOVILHOS EUROPEU-ZEBU EM PASTAGENS IRRIGADAS DE CAPIM-ELEFANTE (PENNISETUM
PURPUREUM, SCHUM.) CV. NAPIER E MOMBAÇA (PANICUM MAXIMUM, JACQ.), SOB PASTEJO ROTACIONADO
RESUMO
O experimento foi conduzido na UENF, em Campos dos Goytacazes, RJ, com o
objetivo de se avaliar a influência da irrigação na disponibilidade de matéria seca foliar
(DMSF), taxa de lotação (TL), consumo de forragem, digestibilidade “in vivo” e ganho
de peso por animal e por área, em novilhos pastejando os capins Napier e Mombaça. Os
tratamentos foram as combinações das duas forrageiras, com dois níveis de irrigação
(com e sem). Irrigou-se repondo 100 % da evapotranspiração (ETo) média diária de dez
anos. Adotou-se pastejo rotacionado, com quatro dias de ocupação e 32 de descanso e
carga animal variável, com pressão de pastejo de 4 kg de matéria seca foliar /100kg de
peso vivo. O consumo de forragem foi determinado nos animais fixos, utilizando-se o
indicador externo óxido crômico. Foram analisadas, separadamente, as épocas seca e
chuvosa. A irrigação resultou em DMSF superiores em 34,0 e 78,0 % na época seca e
em 18,4 e 39,0 % na época chuvosa, para os capins Napier e Mombaça,
respectivamente. A irrigação aumentou, na época seca, em 25,6 e 67,6 % a TL dos
capins Napier e Mombaça, respectivamente e, na época chuvosa, os aumentos foram de
21,5 e 50, 0 %. O consumo de forragem não foi influenciado pela irrigação e espécie
forrageira, na época seca. Na época chuvosa, verificou-se maior consumo de MS nas
forrageiras não irrigadas, não se verificando diferença no consumo em percentagem de
peso vivo e por unidade de tamanho metabólico. Na época seca, verificaram-se, nas
forrageiras irrigadas, maiores digestibilidades “in vivo” da MS, MO e FDN e menor da
proteína bruta (PB). Na época chuvosa, as forrageiras irrigadas apresentaram menor
digestibilidade da MS. Verificaram-se maiores digestibilidades da MS, MO e FDN e
menor da PB no capim Napier. As forrageiras não irrigadas proporcionaram maiores
ganhos de peso por animal na época seca. Na época chuvosa, verificou-se menor ganho
por animal no capim Mombaça irrigado. O capim Napier proporcionou maior ganho
que o Mombaça. A irrigação promoveu aumentos de 23,0 % e 22,7 % no ganho de peso
por área, na época seca e chuvosa, respectivamente.
Palavras-chave: capacidade de suporte, consumo a pasto, digestibilidade in vivo, ganho
de peso.
51
STOCKING RATE AND PERFORMANCE OF CROSSBRED EUROPEAN-ZEBU STEERS ROTATIONALLY GRAZING IRRIGATED PASTURES OF ELEPHANT-GRASS (PENNISETUM PURPUREUM, SCHUM.) CV. NAPIER
AND MOMBAÇA-GRASS (PANICUM MAXIMUM,JACQ.)
ABSTRACT The research was carried out at UENF, in Campos dos Goytacazes, State of Rio
de Janeiro, aiming to evaluate the influence of irrigation on availability of leaf dry
matter (LDMA), stocking rate (SR), forage intake and in vivo digestibility and weight
gain, per animal and per area, of steers grazing Napier-grass and Mombaça-grass. The
treatments were the combinations of the two grasses and two irrigation levels (with and
without). The irrigation supplied the previous ten-year mean evapotranspiration (ET0).
It was adopted the rotational grazing, with grazing period of four days, rest period of 32
days and variable stocking, with grazing pressure of four kg of leaf dry matter per 100
kg live weight. The forage intake of the test animals was determined utilizing cromic
oxide as external marker. Results regarding to dry season and rainy season were
analyzed separately. Irrigation resulted in LDMA 34.0 and 78.0 % higher, in dry season,
and 18.4 and 39.0 % higher, in rainy season, for Napier-grass and Mombaça-grass,
respectively. Irrigation increased by 25.6 and 67.6 % Napier-grass and Mombaça-grass
SR, respectively, in dry season, and by 21.5 and 50.0 %, in rainy season. Forage intake
was not affected by irrigation and forage species, in dry season. In rainy season, it was
observed higher total dry matter (DM) intake in non-irrigated forages, but there was no
difference when DM intake was expressed as percent of live weight or per unit
methabolic size. In dry season, irrigated forages showed higher “in vivo” digestibility of
DM, OM and NDF and lower digestibility of crude protein (CP). In rainy season, the
irrigated forages showed lower DM digestibility. Higher digestibilities of DM, OM and
NDF and lower digestibility of CP were observed in Napier-grass. Higher weight gain
per animal was observed in non-irrigated forages in dry season. In rainy season, it was
observed lower weight gain per animal in irrigated Mombaça-grass. Napier-grass
provided higher weight gains than Mombaça-grass. Irrigation Increased by 23.0 and
22.7 % weight gain per area in dry and rainy season, respectively.
Key words: carring capacity, forage intake, in vivo digestibility, weight gain
52
INTRODUÇÃO
É crescente a demanda dos mercados interno e internacional por carne bovina e
seus derivados, e o Brasil destaca-se dentre os maiores produtores, por ter potencial para
elevar, em muito, o nível atual de produção. Necessita, para isso, modernizar a atividade
pecuária, visando a aumentar a produção por animal e por área, o que poderá ser
alcançado utilizando-se alimentos concentrados (com preços elevados em muitas
regiões brasileiras) ou por meio da intensificação do uso de pastagens.
A produção de forragem é função do meio, onde se incluem fatores climáticos
como temperatura, radiação e precipitação, fatores ligados ao solo e fatores biológicos.
Alguns dos fatores fortemente limitantes como nutrientes e água podem ser supridos
pelo homem, por meio do emprego de fertilizantes e irrigação. Entretanto, conforme
salienta Euclides (2002), para se ter melhor relação de benefício:custo, há necessidade
da maximização dos benefícios, pois os custos dificilmente podem ser alterados com
uso de certo nível de insumo. Desta forma, há necessidade de se buscar aumento em
produtividade, o que pode ser alcançado pelo incremento da capacidade de suporte das
pastagens e/ou pela melhoria do ganho de peso individual.
A quantidade de produto animal por área é função da taxa de lotação, que é
determinada pela disponibilidade de forragem e do desempenho animal, determinado
pela quantidade e qualidade da forragem consumida e por características do animal sob
a influência do ambiente.
Euclides (2002) ressalta que o aumento na taxa de lotação eleva a produção por
área. No entanto, a produção por animal pode ser diminuída. Enquanto a produção por
área é importante para o produtor, pelo aumento da produtividade, o baixo desempenho
animal pode ter como conseqüência maior idade de abate diminuindo a taxa de desfrute
da propriedade. Também a alta taxa de lotação pode influenciar negativamente na
persistência da forrageira. Com isto, torna-se necessário buscar uma capacidade de
suporte ótima para cada tipo de sistema de produção de bovinos a pasto, tentando
maximizar a produção por área sem comprometer o desempenho individual.
O desempenho animal é determinado pela sua carga genética e estado
fisiológico, pela quantidade de forragem consumida e pelo valor nutritivo da forragem e
pela interação de todos estes fatores e o ambiente. Com isso, em estudos em que se
avalia a produção animal em pastejo, há necessidade de se avaliar, juntamente com as
53
características da planta e o desempenho animal, o consumo forrageiro e a qualidade da
forragem consumida.
Em revisão, Mertens (1992) esclarece que se a densidade energética do alimento
é alta (baixa concentração de fibra) em relação às exigências do animal, o consumo será
limitado pela demanda energética do animal e o rúmen não ficará repleto. Entretanto, se
o alimento possui baixa densidade energética (alta quantidade de fibra), o consumo será
limitado pelo enchimento do rúmen. Se a disponibilidade de alimento é limitada, nem o
enchimento nem a densidade energética teriam influência na quantidade de alimento
consumida. Gomide e Gomide (2001) citam que, em condições de pastagem, os
principais fatores condicionantes do consumo de forragem são: o valor nutritivo da
forrageira (composição química e digestibilidade), estrutura do relvado (altura,
população de perfilhos, densidade de biomassa, relação folha:caule) e oferta de
forragem.
Euclides et al. (1999b), estudando cultivares de Panicum maximum, encontraram
correlação positiva do consumo com o ganho de peso. As características estruturais das
pastagens, como disponibilidade de folhas e a relação material verde/material morto
correlacionaram-se positivamente com consumo e ganho de peso e negativamente com
o tempo de pastejo. O teor de FDN correlacionou-se negativamente com o consumo e o
ganho de peso.
Na literatura, trabalhos com animais em pastejo, onde foram avaliados, em
conjunto, taxa de lotação, consumo e ganho de peso, são escassos, principalmente em
pastagens irrigadas. Neste sentido, objetivou-se, com este trabalho avaliar a influência
da irrigação de pastagens dos capins Napier e Mombaça, submetidos a pastejo
rotacionado, sobre a disponibilidade de folhas, taxa de lotação, consumo de forragem,
digestibilidade in vivo e desempenho de novilhos Europeu-zebu.
MATERIAL E MÉTODOS
O local de realização da pesquisa, o período experimental, o manejo da
pastagem, da irrigação e dos animais e a metodologia de amostragens das forrageiras a
campo são apresentados no artigo 1.
A disponibilidade de matéria seca foliar (DMSF) foi calculada a partir da
disponibilidade de matéria seca total e da percentagem de folhas, ambas apresentadas no
artigo 1. A taxa de lotação foi estabelecida a partir da DMSF. No cálculo da taxa de
lotação foram incluídos os animais fixos e os animais reguladores (com peso
54
semelhante aos animais fixos), que permaneceram nos piquetes nos quatro dias de
pastejo. Na época seca utilizaram-se quatro animais fixos por tratamento e na época
chuvosa, dez animais. Para determinar a quantidade de animais a serem incluídos no
piquete utilizou-se a fórmula abaixo:
CRdCFdDMSFd
NA−= , onde
NA = numero de animais;
DMSFd = disponibilidade de MS foliar diária;
CFd = consumo diário de MS estimado para todos os animais fixos, calculado a partir
dos pesos médios dos animais e do número de animais fixos, considerando uma
pressão de pastejo de 4 kg de DMSF por 100 kg de peso vivo ;
CRd = consumo de MS estimado para cada animal regulador, considerando o peso
médio dos animais reguladores, e a mesma pressão de pastejo.
Nas análises estatísticas da DMSF e taxa de lotação adotou-se o mesmo modelo
utilizado no artigo 1.
O consumo de forragem pelos animais experimentais foi estimado duas vezes
em cada época experimental, perfazendo um total de seis ensaios. Foi adotado o método
de produção fecal/indigestibilidade.
Para a determinação da produção fecal e cálculo do consumo, utilizaram-se,
somente, os animais fixos, sendo que na época seca foram utilizados todos os animais
nos respectivos tratamentos e na época chuvosa foram sorteados quatro animais por
tratamento.
A produção fecal diária foi estimada utilizando-se o indicador óxido crômico
(Cr2O3). Cinco gramas de Cr2O3 foram ministrados, oralmente, duas vezes ao dia, às
8:00 e 15:00 horas, em cartucho de papel, a cada animal, durante 15 dias (sete dias de
estabilização e oito dias de coleta). Amostras fecais individuais foram obtidas no reto
dos novilhos, no momento de fornecimento do Cr2O3. Ao final do período de coleta, foi
constituída uma amostra composta por animal, dos oito dias de coleta, retirando-se 100
gramas de cada amostra. As amostras compostas foram secas em estufas a 60 0C, por 72
horas, posteriormente moídas e acondicionadas em vidro. Determinou-se o cromo pelo
método colorimétrico, fazendo-se digestão nitro-perclórica e utilizando-se o
espectrofotômetro UV visível a 440 nm (aparelho SPECOL UV visível).
A excreção fecal foi estimada utilizando-se a fórmula abaixo:
55
Produção fecal (kg) =MS) de (g/g fezes nas cromo de ãoConcentraç
(g/dia) fornecido Cromo
Para a obtenção de amostras representativas das dietas dos animais em pastejo
(extrusa), foram utilizados, na primeira época seca, quatro novilhos semelhantes aos
animais experimentais, fistulados no esôfago, segundo a técnica descrita por Bishop e
Froseth (1970). Na época chuvosa e na segunda época seca foram utilizados somente
dois animais, pois ocorreu a morte de um animal e outro apresentou problemas na
coleta. As bolsas de coleta foram confeccionadas de lona impermeável, dotadas de
malha de “nylon” no fundo, para drenagem do excesso de saliva. Nos dias de coleta, os
animais foram contidos e privados de alimento durante 12 horas, após o que foram
removidas as cânulas e colocadas as bolsas de coleta, deixando-se os animais pastarem
por 30 a 40 minutos.
As coletas de extrusa foram feitas no mesmo período de coleta de fezes, durante
oitos dias consecutivos. Cada animal fistulado foi utilizado em rodízio, pastejando cada
dia em um piquete correspondente a um tratamento diferente, junto com os animais
experimentais. Desta forma, cada um dos quatro animais foi usado em dois dias
diferentes na coleta de amostras referentes a cada tratamento. Quando se passou a
utilizar dois animais, cada animal pastejava dois piquetes por dia, com alternância de
forrageira, nível de irrigação e dia de pastejo. As amostras diárias foram acondicionadas
em sacos plásticos e armazenadas em congelador a -15 0C. No fim de cada período de
coleta, foram secas a 60 0C, moídas e acondicionadas em frascos para posteriores
análises laboratoriais.
A digestibilidade “in vitro” (DIVMS) da forragem (extrusa) foi determinada pelo método “in vitro” (Tilley e Terry, 19 63). No cálculo do consumo diário de matéria seca (CMS) foi utilizada a fórmula:
Consumo diário de MS (kg) =MS da idadedigestibil - 100
100 x diária fecal Produção
Nas amostras de fezes, além da determinação da concentração de cromo foram
analisados os teores de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB) e
fibra insolúvel em detergente neutro (FDN). Nas amostras de extrusa, determinou-se a
DIVMS e foram avaliados os teores de MS MO, PB, FDN, fibra insolúvel em
detergente ácido (FDA) e lignina. As análises laboratoriais foram realizadas de acordo
com as metodologias descritas por Silva (1990).
56
Após a determinação da quantidade de fezes, por animal, e dos teores de MO,
PB e FDN nas fezes, estimou-se a quantidade de cada nutriente excretado. Conhecendo-
se a quantidade de matéria seca consumida por animal por dia e a composição química
da extrusa, foram estimados os consumos de MO, PB e FDN. A partir destes valores
estimados por animal, estimou-se a digestibilidade in vivo de cada nutriente, utilizando-
se a fórmula:
DIV (%) = QNI
QNE−100x 100, onde:
DIV = digestibilidade “in vivo” de cada nutriente em percentagem;
QNE = Quantidade de nutrientes excretado, em kg/animal/dia;
QNI = Quantidade de nutrientes ingerido, em kg/animal/dia.
Todos os animais depois de castrados entraram na área experimental 21 dias
antes da primeira pesagem, para adaptação prévia. As pesagens foram feitas a cada 28
dias, após jejum de 16 horas. Os ganhos de pesos foram avaliados somente nos animais
fixos. O ganho de peso por área foi determinado pelo produto da taxa de lotação média
pelo ganho médio diário dos animais fixos multiplicados por 144 (dias de duração de
cada época). No início de cada época todos os animais foram substituídos por animais
de peso semelhantes os do início da época anterior.
Foram analisadas, separadamente, as épocas da seca e chuvosa. Nas análises de
consumo alimentar, digestibilidade “in vivo” e ganho de peso por animal, utilizou -se o
modelo estatístico abaixo:
Yijkl = µ + Ai + Fj + Ik + AFij+ AIik + FIjk + AFIijk + eijkl, em que:
Yijkl = informações referentes ao animal l, no ano i, pastejando a forrageira j, submetida
ao nível de irrigação k.
µ = Média geral;
Ai = efeito do ano i, sendo i= 1, 2002 e 2, 2003;
Fj = efeito da forrageira j, sendo j = 1, mombaça e 2, capim-elefante;
Ik = efeito do nível de irrigação k, sendo k = 1 e 2;
AFij = efeito da interação do ano i e a forrageira j ;
AIik = efeito da interação do ano i e o nível de irrigação k;
FIjk = efeito da interação da forrageira j e o nível de irrigação k ;
AFIijk = efeito da interação do ano i, forrageira j, e nível de irrigação k;
eijkl = erro aleatório associado a cada observação, pressuposto normal e
independentemente distribuído, com média zero e variância σσ 2.
57
Como só ocorreu uma época chuvosa, foram retirados do modelo, para esta
época, o efeito de ano e as interações em que a variável ano participa.
Os resultados foram submetidos à análise de variância, pelo procedimento
PROC GLM do SAS.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados referentes às disponibilidades de matéria seca foliar (DMSF) são
apresentados na Tabela 1. Verificou-se efeito de interação de forrageira e irrigação nas
épocas estudadas, sobre a DMSF (P<0,05). Na época seca, a irrigação proporcionou
maior DMSF nas duas forrageiras (P<0,05), tendo o capim Mombaça irrigado
apresentado maior DMSF (P<0,05) que o capim Napier irrigado. No entanto, ao não se
irrigar, verificou-se maior DMSF (P<0,05) no capim Napier que no capim Mombaça.
Na época chuvosa, verificou-se no capim Mombaça irrigado maior DMSF que no capim
Napier irrigado e que no capim Mombaça sem irrigação (P<0,05). Não se verificou
efeito da irrigação, nessa época, sobre capim Napier, não tendo ocorrido diferença
(P>0,05) quanto à DMSF entre o capim Napier irrigado e não irrigado e tendo a DMSF
do capim Mombaça não irrigado superado (P>0,05) aquela do capim Napier não
irrigado.
As maiores DMSF apresentadas pelo capim Mombaça são devidas à sua maior
proporção de folhas, observando-se, na época seca, os valores de 68,2 e 32,7 % e na
época chuvosa, os valores de 58,34 e 30,82 % para capim Mombaça e Napier,
respectivamente.
Houve efeito da irrigação na DMSF, na época seca, pois as plantas irrigadas,
além de terem apresentado maiores proporções de folhas que as não irrigadas,
apresentaram maiores produções de matéria seca verde nas duas gramíneas. Na época
chuvosa, as proporções de folhas foram semelhantes entre forrageiras irrigadas e não
irrigadas, todavia, a produção de matéria seca verde foi maior nas forrageiras irrigadas,
o que resultou na maior DMSF verificada nas forrageiras irrigadas.
Lopes et al. (2002) encontraram DMSF 27,0 % superior quando o capim
elefante foi irrigado. Este valor é próximo ao aumento de 30,0 % encontrado no
presente trabalho, quando se irrigou o capim Napier. Quando consideraram o ano todo,
Lopes et al. (2002) encontraram DMSF 43,0 % superior no capim elefante irrigado,
enquanto no presente trabalho, considerando-se o ano todo (média das épocas seca e
chuvosa), o capim Napier apresentou DMSF 38 % superior quando irrigado.
58
Ferreira (2001), trabalhando com capim Napier com 30 dias de descanso e cinco
níveis de adubação (100, 300, 500 e 700 kg/ha/ano de N), na época chuvosa, verificou
aumento linear da DMSF com o nível de adubação, no intervalo de 1.955,1 a 2.486,8
kg/ha/ciclo, valores estes muito próximos aos encontrados no presente trabalho.
Penati (2002),verificou em capim Tanzânia irrigado via pivô central valores de
DMSF que variaram de 769, 0 a 3.493,0 kg/ha/ciclo, com 33 dias de descanso. As
variações ocorreram em função da época do ano e das disponibilidades de matéria seca
residual (MSR) no ciclo anterior, que foram pré-determinadas em 1.000, 2.500, 4.000
kg/ha pós pastejo. Considerando-se somente a disponibilidade de 2.500 kg/ha de MSR,
valor este próximo ao valor médio observado no capim Mombaça no presente
experimento (2.333,4 kg/ha de MSR), este autor observou que variaram de 975 a 3185
kg DMSF/ha, em função da época do ano, sendo os menores valores verificados no
período de junho a agosto e os maiores valores no período de outubro a fevereiro. No
presente trabalho, as DMSF do capim Mombaça irrigado foram de 2.466,2 kg/ha na
época da seca e 4.149,7 kg/ha na época das águas. Os valores mais elevados
encontrados no presente trabalho podem estar relacionados com os períodos de
amostragem, que no presente trabalho foram bem definidos (época seca e chuvosa). No
trabalho do citado autor isto não ocorreu, havendo períodos de amostragem que
continham meses das épocas seca e chuvosa.
Tabela 1: Disponibilidades médias de matéria seca foliar (DMSF) e seus respectivos
erros padrão dos capins Napier e Mombaça, irrigados e não irrigados
Nível de Irrigação Forrageiras
Irrigado Não Irrigado Médias
DMSF (kg/ha)1
Época Seca Napier 2.173,5 ± 77,6 Ab 1.662,0 ± 77,6 Ba 1.917,8 ± 54,8 a Mombaça 2.466,2 ± 77,6 Aa 1.374,7 ± 77,6 Bb 1.920,1 ± 54,8 a Média 2.319,8 ± 54,8 A 1.518,3 ± 54,5 B
Época Chuvosa
Napier 2.610,8 ± 176,1 Ab 2.205,6 ± 176,1 Ab 2.408,2 ± 211,3 b Mombaça 4.149,7 ± 176,1 Aa 2.982,6 ± 176,1 Ba 3.566,1 ± 211,3 a Média 3.308,0 ± 124,1 A 2.594,1 ± 124,1 B
1 - Médias referentes a duas épocas secas e uma época chuvosa, cada uma envolvendo 4 ciclos de pastejo com 4 dias pastejo e 32 dias de descanso
- Médias seguidas de letras maiúsculas diferentes nas linhas e minúsculas nas colunas diferem-se pelo teste t.
Ao se avaliar a taxa de lotação, verificou-se efeito de interação de forrageira e
irrigação nas duas épocas estudadas (P<0,05), sendo os resultados apresentados na
59
Tabela 2. Nas duas épocas, a irrigação proporcionou maior taxa de lotação (P<0,05) nas
duas forrageiras, tendo o capim Mombaça apresentado maior resposta que o capim
Napier. A irrigação aumentou, na época seca, em 25,6 % e 67,6 % a taxa de lotação dos
capins Napier e Mombaça, respectivamente. Na época chuvosa, os aumentos foram,
respectivamente, de 21,5 e 50, 0 %. Sem irrigação, as forrageiras apresentaram taxa de
lotação semelhante na época seca (P>0,05). No entanto, na época chuvosa, obteve-se
maior taxa de lotação no capim Mombaça (P<0,05). As maiores taxas de lotação
observadas no Mombaça são reflexo de sua maior resposta na DMSF, atingindo 79,0 vs
30,0 % do capim Napier na época seca e 40,0 vs 18% na época chuvosa.
Tabela 2: Taxa de lotação média e erros padrão dos capins Napier e Mombaça,
irrigados e não irrigados1
Nível de Irrigação Forrageiras
Irrigado Não Irrigado Médias
Taxa de lotação (animal/ha)2
Época Seca Napier 4,9 ± 0,15 Ab 3,9 ± 0,15 Ba 4,3 ± 0,11 a Mombaça 5,7 ± 0,15 Aa 3,4 ± 0,15 Ba 4,5 ± 0,11 a Média 5,3 ± 0,11 A 3,6 ± 0,11 B
Época Chuvosa
Napier 6,2 ± 0,22 Ab 5,1 ± 0,22 Bb 5,6 ± 0,16 b Mombaça 9,6 ± 0,22 Aa 6,4 ± 0,22 Ba 8,0 ± 0,16 a Média 7,9 ± 0,16 A 5,7 ± 0,16 B
1 - Médias referentes a duas épocas secas e uma época chuvosa, cada uma envolvendo 4 ciclos de pastejo com 4 dias pastejo e 32 dias de descanso;
2 – Animais com peso vivo médio de 315 kg; - Médias seguidas de letras maiúsculas diferentes nas linhas e minúsculas nas colunas
diferem-se pelo teste t.
Maya (2003), no capim Tanzânia irrigado ou não, respectivamente, verificou
taxas de lotação de 1,9 e 2,1 UA/ha, no período de junho a agosto, de 5,5 e 2,5 UA/ha
de agosto a novembro e de 7,4 e 7,8 UA/ha de novembro a junho, havendo diferença
(P<0,05) somente no período de agosto a novembro. A baixa resposta à irrigação
observada no período de junho a agosto foi atribuída à ocorrência de baixas
temperaturas e ao fotoperíodo. Caso fosse considerado o período de junho a novembro
como época seca, a taxa de lotação média seria de 3,6 UA/ha para a forrageira irrigada e
2,3 UA/ha para a não irrigada, com uma resposta de 56,5 % à irrigação. No presente
trabalho a resposta à irrigação foi de 67 % na época seca, superior à observada por
Maya (2003), provavelmente devido à ocorrência de temperaturas mais levadas, além de
possíveis diferenças na luminosidade. As altas taxas de lotação verificadas por Maya
60
(2003), na época chuvosa, podem estar relacionadas com a maior quantidade de
adubação nitrogenada utilizada por este autor (500 e 430 kg/ha de N, para Tanzânia com
e sem irrigação, respectivamente).
Alencar (2001) cita que, para produção de bovinos nos trópicos, em pastagens
adubadas, a potencialidade é de 2,5 a 5,0 UA/ha, e com pastagens adubadas e irrigadas,
esta potencialidade passa a ser de 6,0 a 9,9 UA/ha. No presente experimento, na época
chuvosa, estas potencialidades foram atingidas e nas duas épocas, ao não se irrigar,
conseguiram-se taxas de lotação acima de 2,5 UA/ha.
Ao se avaliar os consumos diários de matéria seca (CMS), proteína bruta (CPB),
fibra insolúvel em detergente neutro (CFDN) e matéria orgânica (CMO), consumo de
MS/100 kg de peso vivo (CPV) e consumo de MS por unidade de tamanho metabólico
(CTM), não se verificou efeito de interação de forrageira e irrigação (P>0,05) nas duas
épocas estudas.
Os resultados referentes à época seca são apresentados na tabela 3 e os referentes
à época chuvosa na Tabela 4.
Não se verificou, na época seca, influência da irrigação sobre o consumo dos
vários constituintes estudados, o mesmo acontecendo em relação ao CPV e CTM
(P>0,05), o que é justificável, uma vez que os animais dos diferentes tratamentos
tiveram a mesma disponibilidade de matéria seca foliar, além de não se observarem
diferenças entre os valores nutritivos das forragens dos dois tratamentos que
justificassem diferenças no consumo. Não se verificaram, nessa época, diferenças entre
forrageiras quanto ao CMS, CMO, CPV, CTM, entretanto, verificou-se maior (P<0,05)
CPB e CFDN no capim Mombaça.
Houve efeito de ano (P<0,05) para CMS, CMO, CFDN e CPB, observando-se,
respectivamente, os valores médios para as duas forrageiras de 8,9; 7,8; 6,7 e 1,1
kg/animal/dia para o primeiro ano, e de 7,5; 6,3; 5,3 e 0,9 kg/animal/dia para o segundo.
Os maiores valores de consumo observados no primeiro ano podem ser conseqüência da
roçada, ao nível do solo, em toda a área experimental antes do início do período de
coleta, realizada apenas no referido ano, resultando em maiores disponibilidades de
folhas e, praticamente, ausência de material senescente nos primeiros pastejos. Neste
ano, além de maior CMS, verificaram-se maiores teores de MO e FDN, que, juntamente
com o maior CMS, resultaram em maiores valores de consumo destes componentes.
Nos dois anos, os teores de PB da forragem foram semelhantes, mas ocorreu maior
consumo de MS no primeiro ano, justificando o maior consumo de PB. Outro fato que
61
pode ter prejudicado o consumo médio no segundo ano, foi a ocorrência de uma
infecção bacteriana aguda generalizada nos animais experimentais, ocasionando diarréia
e perda de peso em um dos períodos de pesagem.
Tabela 3: Consumo médio diário de matéria seca (CMS), proteína bruta (CPB), fibra
insolúvel em detergente neutro (CFDN) e matéria orgânica (CMO), consumo de MS em percentagem de peso vivo (CPV) e em gramas por kg de tamanho metabólico (CTM) e seus respectivos erros padrão, de novilhos pastejando os capins Napier e Mombaça, irrigados ou não, na época seca.1
Nível de Irrigação Forrageiras
Irrigado Não Irrigado Médias
CMS (kg/animal/dia) Napier 7,7 ± 0,26 8,4 ± 0,26 8,1 ± 0,19 a Mombaça 8,5 ± 0,26 8,2 ± 0,26 8,3 ± 0,19 a Média 8,1 ± 0,19 A 8,3 ± 0,19 A
CPB (kg/animal/dia)
Napier 0,9 ± 0,04 1,0 ± 0,04 1,0 ± 0,03 b Mombaça 1,0 ± 0,04 1,1 ± 0,04 1,2 ± 0,03 a Média 1,0 ± 0,03 A 1,1 ± 0,03 A
CFDN (kg/animal/dia)
Napier 5,5 ± 0,20 6,1 ± 0,20 5,8 ± 0,14 b Mombaça 6,4 ± 0,20 6,0 ± 0,20 6,2 ± 0,14 a Média 6,0 ± 0,14 A 6,1 ± 0,14 A
CMO (kg/animal/dia)
Napier 6,6 ± 0,22 7,2 ± 0,22 6,9 ± 0,16 a Mombaça 7,2 ± 0,22 7,1 ± 0,22 7,2 ± 0,16 a Média 6,9 ± 0,16 A 7,2 ± 0,16 A
CPV (% PV/dia)
Napier 2,3 ± 0,09 2,4 ± 0,09 2,4 ± 0,06 a Mombaça 2,4 ± 0,09 2,4 ± 0,09 2,4 ± 0,06 a Média 2,4 ± 0,06 A 2,4 ± 0,06 A
CTM (g/kg PV0,75) Napier 99,7 ± 3,15 103,3 ± 3,15 101,5 ± 2,23 a Mombaça 105,3 ± 3,15 102,5 ± 3,15 103,9 ± 2,23 a Média 102,5 ± 2,23 A 102,9 ± 2,23 A
1 - Médias referentes a duas épocas secas e uma época chuvosa, cada uma envolvendo 4 ciclos de pastejo com 4 dias pastejo e 32 dias de descanso
- Médias seguidas de letras maiúsculas diferentes nas linhas e minúsculas nas colunas diferem-se pelo teste F.
Na época chuvosa (Tabela 4), verificaram-se menores (P<0,05) CMS, CMO e
CFDN das duas forrageiras, quando irrigadas, não se verificando efeito de irrigação
sobre o CPB, CPV e CTM. Nesta época, observaram-se maiores CMS, CPB, CMO,
CPV e CTM no capim Napier (P<0,05), não ocorrendo diferença no CFDN entre as
duas forrageiras (P>0,05).
62
Os maiores CMS observados, nas forrageiras não irrigadas, na época chuvosa,
podem estar, em parte, relacionados com a sua maior digestibilidade “in vivo” da MS,
embora não se observasse efeito de irrigação na digestibilidade “in vitro” e na
composição química e as forrageiras irrigadas apresentassem maior disponibilidade de
folhas e maior densidade volumétrica. Além disso, o consumo pode, também, ter sido
influenciado pela carga animal, uma vez que nos tratamentos irrigados, especialmente
no capim Mombaça, na época chuvosa, ocorria alta disponibilidade de matéria seca
foliar. Em função disso, colocava-se no piquete um grande número de animais
reguladores, aumentando as perdas por tombamento das forrageiras, resultando em
maior disponibilidade de MS residual nas forrageiras irrigadas. Além disso, o maior
número de animais por área ocasionava disputas para o estabelecimento de hierarquia, o
que pode ter reduzido o tempo de pastejo e o consumo alimentar.
Pode-se observar pela Tabela 4 que, na época chuvosa, verificaram-se maiores
CMS, CPB, CMO, CPV e CTM para os animais que pastejaram o capim Napier, em
conseqüência das melhores características nutritivas desta forrageira. O capim Napier
apresentou maiores coeficientes de digestibilidade “in vitro” da MS e “in vivo” da MS,
MO e FDN. A altura também foi superior nesta forrageira, o que pode ter contribuído
para o maior consumo, concordando com as afirmações de Gomide e Gomide (2001).
Na literatura, são poucos os trabalhos em que se avaliou o consumo a pasto em
pastagens irrigadas de Napier e Mombaça, e os poucos existentes são
predominantemente com vacas leiteiras. Esta escassez de trabalhos pode estar
relacionada com as dificuldades de determinação do consumo a pasto.
Erbesdobler et al. (2002), trabalhando com capim elefante na época chuvosa,
utilizaram novilhos europeu-zebu com peso vivo médio inicial de 332 kg e encontraram
consumo médio diário de MS de 8,18 kg e consumo de MS por 100 kg de peso vivo de
2,16 kg. No presente trabalho, os CMS e CPV , na época chuvosa, foram superiores aos
observados pelos citados autores, o que pode ser devido a diferenças no valor nutritivo
da forrageira, condição animal e disponibilidade de forragem. Deresz & Mozzer (1994)
citam, em revisão, valores de consumo médio diário de MS variando de 1,65 a 2,86
kg/100 kg de peso vivo, em pastagens de gramíneas tropicais.
Euclides et al. (1999b) encontraram consumos de 2,51; 2,34 e 2,46 kg de
MS/100 kg de peso vivo, para os capins Colonião, Tobiatã e Tanzânia, respectivamente.
Estes resultados são concordantes com os valores de 2,42 e 2,37 kg de MS/100 kg de
63
peso vivo verificados no presente trabalho, no capim Mombaça, para as épocas seca e
chuvosa, respectivamente.
Tabela 4: Consumo médio diário de matéria seca (CMS), proteína bruta (CPB), fibra
insolúvel em detergente neutro (CFDN) e matéria orgânica (CMO), consumo em percentagem de peso vivo (CPV), gramas por kg de tamanho metabólico (CTM) e erros padrão, com novilhos pastejando os capins Napier e Mombaça, irrigados ou não, na época chuvosa.1
Nível de Irrigação Forrageiras
Irrigado Não Irrigado Médias
CMS (kg/animal/dia) Napier 8,3 ± 0,34 8,9 ± 0,34 8,6 ± 0,24 a Mombaça 7,3 ± 0,34 8,3 ± 0,34 7,8 ± 0,24 b Média 7,8 ± 0,24 B 8,7 ± 0,24 A
CPB (kg/animal/dia)
Napier 0,9 ± 0,03 0,8 ± 0,03 0,9 ± 0,02 a Mombaça 0,7 ± 0,03 0,8 ± 0,03 0,8 ± 0,02 b Média 0,8 ± 0,02 A 0,8 ± 0,02 A
CFDN (kg/animal/dia)
Napier 6,1 ± 0,27 6,7 ± 0,27 6,4 ± 0,19 a Mombaça 5,8 ± 0,27 6,4 ± 0,27 6,1 ± 0,19 a Média 5,9 ± 0,19 B 6,6 ± 0,19 A
CMO (kg/animal/dia)
Napier 6,9 ± 0,28 7,5 ± 0,28 7,2 ± 0,20 a Mombaça 6,2 ± 0,28 7,0 ± 0,28 6,6 ± 0,20 b Média 6,5 ± 0,20 B 7,2 ± 0,20 A
CPV (% PV/dia)
Napier 2,6 ± 0,08 2,5 ± 0,08 2,6 ± 0,05 a Mombaça 2,3 ± 0,8 2,4 ± 0,08 2,4 ± 0,05 b Média 2,4 ± 0,05 A 2,5 ± 0,05 A
CTM (g/kg PV0,75) Napier 108,8 ± 3,28 109,5 ± 3,28 109,2 ± 2,32 a Mombaça 97,8 ± 3,28 104,1 ± 3,28 100,9 ± 2,32 b Média 103,3 ± 2,32 A 106,8 ± 2,32 A
1 - Médias referentes a duas épocas secas e uma época chuvosa, cada uma envolvendo 4 ciclos de pastejo com 4 dias pastejo e 32 dias de descanso
- Médias seguidas de letras maiúsculas diferentes nas linhas e minúsculas nas colunas diferem-se pelo teste F.
Ao se analisarem as digestibilidades “in vivo” da MS (DMS), proteína bruta
(DPB), fibra insolúvel em detergente neutro (DFDN) e matéria orgânica (DMO), não se
verificou efeito de interação de forrageira e irrigação (P>0,05), na época seca, tendo
sido observados efeitos médios de forrageira e irrigação (P<0,05). O capim Napier
apresentou maiores (P<0,05) DMS, DFDN e DMO e menor DPB que o Mombaça.
Verificaram-se, nas forrageiras irrigadas, maiores (P<0,05) DMS, DFDN e DMO, mas
64
não foi verificado efeito de irrigação (P<0,05) sobre a DPB, nesta época. Os resultados
referentes às digestibilidades “i n vivo” dos capins Napier e Mombaça, na época seca,
são apresentados na tabela 5.
As maiores DMS e DMO observadas na época seca, nas forrageiras irrigadas,
refletem as suas maiores DFDN. As menores DFDN observadas nas pastagens não
irrigadas podem ser devidas a um possível aumento na espessura da parede celular, que
segundo Paciullo (1999), quando forrageiras passam por período prolongado de estresse
hídrico, ocorre aumento na espessura da parede celular e, de acordo com Wilson e
Mertens (1995), este aumento reduz o ataque de microorganismo no rúmen, com
reflexos na digestibilidade.
As maiores DMS e DMO verificadas no capim Napier também refletiram a
maior DFDN observada nesta forrageira, neste caso, possivelmente influenciada pelos
menores teores FDA e lignina nela verificadas.
Tabela 5: Digestibilidade “in vivo” da matéria seca (DMS), proteína bruta (DPB), fibra insolúvel em detergente neutro (DFDN) e matéria orgânica (DMO), e seus erros padrão dos capins Napier e Mombaça, irrigados ou não, na época seca.1
Nível de Irrigação Forrageiras
Irrigado Não Irrigado Médias
DMS (%)
Napier 55,7 ± 0,62 53,6 ± 0,62 54,6 ± 0,44 a Mombaça 52,8 ± 0,62 51,8 ± 0,62 52,3 ± 0,44 b Média 54,2 ± 0,44 A 52,7 ± 0,44 B
DPB (%)
Napier 61,8 ± 0,85 61,7 ± 0,85 61,8 ± 0,60 b Mombaça 65,2 ± 0,85 67,1 ± 0,85 66,2± 0,60 a Média 63,5 ± 0,60 A 64,4 ± 0,60 A
DFDN (%)
Napier 56,8 ± 0,82 53,3 ± 0,82 550 ± 0,58 a Mombaça 54,2 ± 0,82 51,4 ± 0,82 52,8 ± 0,58 b Média 55,5 ± 0,58 A 52,4 ± 0,58 B
DMO (%)
Napier 62,6 ± 0,57 60,3 ± 0,57 61,5 ± 0,40 a Mombaça 57,8 ± 0,57 56,7 ± 0,57 57,2 ± 0,40 b Média 60,6 ± 0,40 A 58,5 ± 0,40 B
1 - Médias referentes a duas épocas secas, envolvendo 4 ciclos de pastejo com 4 dias pastejo e 32 dias de descanso
- Médias seguidas de letras maiúsculas diferentes nas linhas e minúsculas nas colunas diferem-se pelo teste F.
Na Tabela 6 são mostrados os resultados de digestibilidade “in vivo” referentes
à época chuvosa. Não foi observado efeito de interação de forrageira e irrigação para
65
DMS, DFDN e DMO (P>0,05). Quando se irrigou, verificou-se nas duas gramíneas
menor DMS (P<0,05), não sendo observado efeito da irrigação sobre as DFDN e DMO
(P>0,05). Verificaram-se maiores (P<0,05) DMS, DFDN e DMO no capim Napier que
no capim Mombaça.
Houve efeito de interação de forrageira e irrigação sobre a DPB (P<0,05), sendo
que o capim Napier não irrigado apresentou menor DPB que o Napier irrigado e
Mombaça não irrigado (P<0,05). O capim Mombaça irrigado não diferiu (P>0,05) do
Mombaça não irrigado e do capim Napier irrigado.
Tabela 6: Digestibilidade “in vivo” da matéria seca (DMS), proteína bruta (DPB), fibra
insolúvel em detergente neutro (DFDN) e matéria orgânica (DMO) dos capins capins Napier e Mombaça, irrigados ou não, na época chuvosa.1
Nível de Irrigação Forrageiras
Irrigado Não Irrigado Médias
DMS (%)
Napier 56,2 ± 0,95 58,2 ± 0,95 57,2 ± 0,67 a Mombaça 51,0 ± 0,95 53,9 ± 0,95 52,4 ± 0,67 b Média 53,6 ± 0,67 B 56,0 ± 0,67 A
DPB (%)
Napier 60,4 ± 1,48 Aa 55,3 ± 1,48 Bb 57,9 ± 1,05 b Mombaça 60,2± 1,48 Aa 64,3 ± 1,48 Aa 62,3 ± 1,05 a Média 60,3 ± 1,05 A 59,8 ± 1,05 A
DFDN (%)
Napier 55,9 ± 1,43 59,2 ± 1,43 57,6 ± 1,01 a Mombaça 53,2 ± 1,43 54,5 ± 1,43 53,8 ± 1,01 b Média 54,6 ± 1,01 A 56,8 ± 1,01 A
DMO (%)
Napier 62,2 ± 0,97 63,5 ± 0,97 62,8 ± 0,69 a Mombaça 55,0 ± 0,97 57,2 ± 0,97 56,1 ± 0,69 b Média 58,6 ± 0,69 A 60,3 ± 0,69 A
1 - Médias referentes a uma época chuvosa, envolvendo 4 ciclo de pastejo com 4 dias pastejo e 32 dias de descanso
- Médias seguidas de letras maiúsculas diferentes nas linhas e minúsculas nas colunas diferem-se pelo teste t.
As forrageiras não irrigadas tenderam a apresentar menores teores de FDA e
lignina que as irrigadas. Este pode ser um dos fatores que contribuíram para a menor
DMS.
As maiores DMS e DMO observadas no capim Napier refletem a sua maior
DFDN. Essa gramínea apresentou menor (P<0,05) teor de lignina que o capim
Mombaça (6,2 vs 7,6 %), o que foi, provavelmente, o principal fator responsável pela
66
maior DFDN. O capim Napier teve, ainda, teores mais baixos (P<0,05) de FDN e FDA
que o Mombaça.
Não foi encontrada justificativa, utilizando-se somente os dados disponíveis no
presente experimento, para as diferenças na DPB. Para se tentar explicar estas
diferenças haveria a necessidade de se conhecer melhor esta proteína bruta, o que
poderia ser feito pelo seu fracionamento, como recomendado por Sniffen et al. (1992).
Ao se avaliar ganho de peso diário dos animais (Tabela 7), observou-se efeito de
interação de forragem e irrigação (P<0,05), na época chuvosa, o que não ocorreu na
época seca.
Na época seca, as forrageiras irrigadas proporcionaram menor (P<0,05) ganho
diário (P<0,05) que as não irrigadas, não ocorrendo diferenças (P>0,05) entre
gramíneas. O menor GPV verificado nas forrageiras irrigadas, na época seca, deve-se ao
fato de que, na segunda época seca avaliada, ocorreu, nos animais destes tratamentos,
uma infecção generalizada, ocasionando diarréia que levou à perda de peso dos animais.
Na época chuvosa, o capim Mombaça irrigado proporcionou menor ganho
(P<0,05) que o Mombaça não irrigado e que o Napier irrigado. O capim Napier não
irrigado não diferiu (P>0,05), quanto ao ganho de peso, do capim Mombaça não
irrigado e do capim Napier irrigado.
O menor ganho de peso verificado no capim Mombaça pode ser explicado pelos
seus menores valores de consumo de MS, PB e MO, na época chuvosa, e pelo pior valor
nutritivo da MS consumida, uma vez que o capim Mombaça irrigado apresentou
maiores teores de FDN, FDA, lignina e menor DVMS e menores digestibilidades “in
vivo” da MS, FDN e MO.
Verificou-se efeito de ano (P<0,05) sobre o ganho de peso diário, sendo
observados ganhos médios diários de 0,88 e 0,44 g/animal/dia, para ano 1 e 2
respectivamente, estando o maior ganho no primeiro ano associado aos maiores
consumos de forragem (CMS, CMO e CPB). Outro fator que concorreu para o menor
ganho de peso no segundo ano foi, conforme anteriormente referido, a ocorrência de
uma infecção bacteriana aguda generalizada nos animais experimentais, ocasionando
diarréia e perda de peso dos animais de todos os tratamentos, em um dos períodos de
pesagem, e que reduziu o ganho em outros dois.
Mesmo tendo sido avaliadas separadamente, as épocas secas e chuvosas, podem
ser observadas diferenças nas respostas das duas forrageiras dependendo da época. O
capim Napier irrigado proporcionou ganhos de peso semelhantes nas duas épocas. O
67
capim Mombaça irrigado proporcionou ganhos de peso na seca 50 % superiores à época
chuvosa e no capim Mombaça não irrigado, esta superioridade foi de 24 %. Estas
diferenças podem ser atribuídas à queda no consumo e na qualidade nutritiva das
forrageiras, principalmente no capim Mombaça irrigado, no qual se observaram quedas
nos consumos de matéria seca digestível, proteína digestível e matéria orgânica
digestível de 20,0, 52,0 e 21,0 %, respectivamente, na época chuvosa em relação à seca.
Tabela 7: Ganho de peso individual médio e ganho de peso por área erros padrão em
novilhos pastejando os capins Napier e Mombaça, irrigados e não irrigados, nas época seca e chuvosa1
Nível de Irrigação Forrageiras
Irrigado Não Irrigado Médias
Ganho de peso (kg/animal/dia)1
Época Seca Elefante 0,63 ± 0,05 0,77 ± 0,05 0,70 ± 0,03 a Mombaça 0,60 ± 0,05 0,67 ± 0,05 0,63 ± 0,03 a MEDIA 0,61 ± 0,03 A 0,72 ± 0,03 B
Época Chuvosa Elefante 0,65 ± 0,03 Aa 0,58 ± 0,03 Aa 0,62 ± 0,02 a Mombaça 0,40 ± 0,03 Bb 0,54 ± 0,03 Aa 0,47 ± 0,02 b MEDIA 0,52 ± 0,02 A 0,56 ± 0,02 A
Ganho de Peso por Área (kg/ha)2 Época Seca
Elefante 444,5 432,4 438,5 Mombaça 492,5 328,0 410,3 MEDIA 468,5 380,2
Época Chuvosa Elefante 580,3 425,85 503,1 Mombaça 553,0 497,66 525,3 MEDIA 566,7 461.75
1 – Animais com peso vivo médio de 315,0 kg; 2 – ganho de peso total em um período de 144 dias em cada época; - Médias seguidas de letras maiúsculas diferentes, nas linhas, e minúsculas, na coluna,
diferem-se pelo teste t.
Maya (2003) verificou menor ganho de peso em animais pastejando capim
Tanzânia irrigado, na época seca, atribuindo isto ao menor valor nutritivo apresentado
em relação ao capim Tanzânia em sequeiro. Na época chuvosa, este autor não encontrou
diferença no ganho de peso de animais pastejando capim Tanzânia com ou sem
irrigação. Os ganhos observados foram de 0,49 e 0,76 kg/animal/dia, para época seca, e
0,49 e 0,58 kg/animal/dia, para a época chuvosa, para Tanzânia com e sem irrigação,
respectivamente. Euclides et al. (1999a) encontraram ganho de peso de 0,57
68
kg/animal/dia em animais pastejando capim Mombaça sem irrigação, na época chuvosa,
muito próximo ao observado no presente trabalho, que foi de 0,54 kg/animal/dia para o
capim Mombaça sem irrigação.
Aita e Restle (1999), trabalhando com capim-elefante cv. Taiwan A-146, em
pastejo contínuo na estação quente (dezembro de abril), encontraram ganho de peso
médio diário de 928,0. Estes autores não informaram o consumo nem se referiram ao
valor nutritivo da forragem, somente relataram que houve disponibilidade de forragem
para o ganho máximo. Erbesdobler et al (2002), avaliando o capim Napier sob pastejo
rotacionado, no período chuvoso, encontraram ganho de peso de corpo vazio diário
médio de 516 gramas/animal/dia. Vale salientar que todos os ganhos do presente
trabalho, em todas as épocas, estão acima de 400 g/animal/dia que, para Zimmer e
Euclides Filho (1997), é o ganho mínimo, ao longo do ano, que permite abate dos
animais antes dos 30 meses de idade.
Nas forrageiras irrigadas, houve aumento de 23,0 % e 22,7 % no ganho por área,
na época seca e chuvosa, respectivamente. Na época seca, observou-se maior resposta
no capim Mombaça, que foi 50 % superior ao Mombaça sem irrigação. Na época
chuvosa, a irrigação possibilitou maior ganho de peso ao capim Napier, sendo 36,2 %
superior ao Napier não irrigado. Em média, na época chuvosa, a irrigação proporcionou
ganhos por área 20,0 % superiores aos da época seca. Quando não se irrigou, o ganho
foi 21,4 % superior na época chuvosa. Os maiores ganhos por área, na época chuvosa,
foram determinados pelas maiores taxas de lotação, pois os ganhos por animal foram
mais baixos nesta época.
Ao se considerarem, em conjunto, os ganhos médios nas épocas seca e chuvosa
verificaram-se, respectivamente, para Napier irrigado, Napier sem irrigação, Mombaça
irrigado e Mombaça sem irrigação, os ganhos de 1.025; 930; 1046 e 826 kg/ha, em 288
dias, equivalente a ganhos de 1.299; 1.179; 1.325 e 1.046 kg/ha/ano, respectivamente.
Erbesdobler et al. (2002), em pastagem de capim Napier, na época chuvosa,
encontraram ganhos de 432,5 kg/ha, enquanto Aita e Restle (1999) verificaram, no
capim Taiwan A-146, ganho de 774,4 kg/ha, num período de 143 dias, na época quente
do ano, em conseqüência do elevado ganho por animal por dia.
Maya (2003) verificou ganhos de peso por área de 1.628 e 1.672 kg/ha/ano, para
o capim Tanzânia com e sem irrigação, respectivamente, devidos às maiores taxas de
lotação verificadas, principalmente na época chuvosa do ano. Na época seca, os ganhos
por área foram de 380 e 381 kg/ha, menores que os observados no presente trabalho.
69
Aguiar et al. (2002) verificaram no capim Mombaça, na época chuvosa
(novembro a março), taxa de lotação de 7 UA/ha, ganho de peso de 0,65 kg/animal/dia e
ganho por área de 1.410 kg/ha/ano. Estes maiores ganhos foram proporcionados por
maiores doses de fertilizantes (533 kg/ha de N, 235 kg/ha de K2O e 49,0 kg/ha de S).
Outro fator que pode ter contribuído para este alto desempenho foi o período de
descanso menor, que pode ter refletido positivamente sobre o valor nutritivo da
forrageira. Estes autores observaram valores de PB de 11,40 % e FDN de 67,0 % na
forragem cortada acima de 40 cm do solo, enquanto no presente trabalho foram
verificados valores de PB de 8,6 % e FDN de 76,4 %, nas lâminas foliares.
CONCLUSÕES
- A irrigação aumentou a quantidade de forragem disponível refletindo-se em
maior taxa de lotação;
- A irrigação teve efeito desprezível sobre o consumo e sobre a digestibilidade da
forragem. Os animais que pastejaram o capim Napier consumiram mais
forragem e esta apresentou melhor qualidade;
- Os animais que pastejaram as forrageiras irrigadas, na época seca, ganharam
menos peso; mesmo comportamento tiveram os que pastejaram o capim
Mombaça irrigado na época chuvosa;
- O ganho de peso por área teve influência direta das maiores taxas de lotação
verificadas nas pastagens irrigadas.
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INFLUÊNCIA DA IRRIGAÇÃO E DO DIA DE PASTEJO NO VALOR NUTRITIVO DOS CAPINS ELEFANTE (PENNISETUM PURPUREUM,
SHUM.) CV. NAPIER E MOMBAÇA (PANICUM MAXIMUM, JACQ.), SOB PASTEJO ROTACIONADO
RESUMO
A pesquisa foi conduzida na UENF, em Campos dos Goytacazes, RJ, com o
objetivo de se avaliar a influência da irrigação e do dia de ocupação do piquete sobre a
composição química e digestibilidade “in vitro” da forragem selecionada por novilhos
pastejando os capins Napier e Mombaça. Os tratamentos foram as combinações das
duas forrageiras com dois níveis de irrigação (com e sem). Irrigou-se repondo 100 % da
evapotranspiração (ET0) média diária observada em dez anos. Adotou-se pastejo
rotacionado, com novilhos, com quatro dias de ocupação e 32 de descanso, carga animal
variável e pressão de pastejo de 4 kg de matéria seca foliar /100kg de peso vivo. Na
obtenção da forragem potencialmente consumida pelos animais, utilizaram-se quatro
novilhos providos de fístula esofágica. Foram realizados seis ensaios de amostragem,
dois em cada uma de duas épocas secas e dois ensaios em uma época chuvosa. Em cada
ensaio, foram amostrados dois piquetes diferentes, coletando-se extrusa durante oito
dias seguidos, correspondente aos quatro dias de ocupação de cada piquete. Na época
seca, não se verificou efeito de irrigação sobre os teores MS, PB, FDN, FDA e lignina e
DIVMO da extrusa. No entanto, observaram-se maiores teores de MO nas extrusas
correspondentes às forrageiras irrigadas. Não houve ainda, na época seca, diferença
entre forrageiras quanto aos teores de MO, PB, FDA e lignina, entretanto, o capim
Napier apresentou maior teor de FDN e maior DIVMS. Na época chuvosa, não se
verificou efeito de irrigação sobre os teores dos componentes químicos e sobre a
DIVMS. Nessa época, o capim Napier apresentou menores teores de FDN, FDA e
lignina e teores semelhantes de MS, MO e PB e DIVMS. A análise de regressão revelou
quedas lineares nos teores de MS, PB, e na DVMS da extrusa, com avançar do período
de ocupação do piquete, que corresponderam a 4,0 % no teor de MS, 12,0 % no teor de
PB e 2,0 % na DIVMS por dia de pastejo. Por outro lado, ocorreram aumentos lineares
(P<0,05) nos teores de FDN, FDA e lignina, que corresponderam, respectivamente, a
2,0; 4,0 e 7,0 % , por dia de ocupação do piquete.
Palavras-chave: Composição química, digestibilidade in vitro, novilhos, forrageira
tropical
74
INFLUENCE OF IRRIGATION AND OF SEQUENTIAL GRAZING DAY ON
NUTRITIVE VALUE OF ELEPHANT-GRASS (Pennisetum purpureum, Schum.)
CV. NAPIER AND MOMBAÇA-GRASS (Panicum maximum, Jacq.), UNDER
ROTATIONAL GRAZING.
ABSTRACT
The research was carried out at UENF, in Campos dos Goytacazes, State of Rio
de Janeiro, aiming to evaluate the influence of irrigation and of sequential grazing day
on chemical composition and “in vitro” digestibility of the forage selected by steers,
rotationally grazing Napier-grass and Mombaça-grass. The treatments were the
combinations of the two grasses and two irrigations levels (with and without). The
irrigation supplied the previous ten-year mean evapotranpiration (ET0). It was adopted
the rotational grazing, with grazing period of four days, rest period of 32 days and
variable stocking, with grazing pressure of four kg of leaf dry matter per 100 kg live
weight. To obtain representative samples of the forage potentially eaten by the animals,
four steers fistulated in the esophagus were used. Six sampling trials were performed,
two in each one of two dry seasons and one rainy season. In each trial, two plots were
sampled, and extrusa was collected, during eight sequential days, corresponding to the
four days of occupation of each plot. In dry season, it was not observed influence of
irrigation on dry matter (DM), crude protein (CP), neutral detergent fiber (NDF), acid
detergent fiber (ADF) and lignin content, and on “in vitro” digestibility of extrusa DM
(IVDMD), but it was observed higher organic matter (OM) content in extrusa from
irrigated forages. In dry season, forages did not differ regarding to OM, CP, ADF and
lignin contents. However, Napier-grass showed higher NDF content and IVDMD. In
rainy season, irrigation had no influence on chemical composition or IVDMD and
Napier-grass showed lower contents of NDF, ADF and lignin than Mombaça-grass and
similar contents of DM, OM and CP and IVDMD. Regression analysis revealed linear
decrease in the content of DM, CP and “in vitro” digestibility of extrusa DM (IVDMD)
as the occupation period of the plot advanced, which corresponded to 4.0 % a day in
protein content and to 2.0 % a day in IVDMD. By the other hand, the contents of NDF
and acid detergent fiber and lignin increased by 2.0; 4.0 and 7.0 % each grazing day.
Key words: Chemical composition, in vitro digestibility, steers, tropical grass
75
INTRODUÇÃO
Na produção de bovinos a pasto, a quantidade de forragem produzida é
importante, porém, incrementos na produção de forragem não implicam,
necessariamente, em aumento no desempenho animal (Veiga, 1994). Quando o objetivo
é aumentar a quantidade de produto por área (carne ou leite) deve-se ter como propósito
aumentar a quantidade de forragem, sem comprometer a sua qualidade.
A produção e a qualidade da biomassa de uma espécie forrageira são
conseqüência da transformação de energia solar e CO2 atmosférico em compostos
orgânicos, condicionada por fatores climáticos, como: temperatura, luminosidade,
pluviosidade (influenciando na umidade do solo), fatores ligados à planta, ao solo
(disponibilidade de nutrientes), a presença do animal e as interações que ocorrem entre
estes fatores. Uma vez definida a espécie forrageira e corrigida a fertilidade do solo, a
qualidade forrageira, ao longo do ano será definida, principalmente, pelo estádio de
crescimento e pelas condições climáticas locais.
Elevadas temperaturas aceleram a atividade metabólica das células, promovendo
rápida conversão de produtos fotossintéticos em componentes da parede celular, rápida
lignificação desta parede e decréscimo da concentração de metabólitos no conteúdo
celular (Van Soest, 1994). Com o aumento da luminosidade ocorre aumento na síntese
de açúcares solúveis e ácidos orgânicos, redução na proporção de parede celular e,
como conseqüência, aumento na digestibilidade, mas parece que, aparentemente, os
efeitos de alta temperatura são mais decisivos sobre a qualidade das pastagens.
Quanto à influência da água no valor nutritivo das plantas, pouco se sabe, e na
maioria dos trabalhos existentes, não foram observadas diferenças no valor nutritivo das
forrageiras quando a variável testada era a quantidade de água no solo.
Em uma revisão, Balsalobre et al. (2003) comentam que o estresse hídrico de
curto período, ou menos severo, pode promover melhoria na qualidade da forragem,
pois aumenta a digestibilidade e reduz a relação haste/folha, aumentando a quantidade
de assimilados solúveis dentro da célula. Por outro lado, estresse severo pode trazer
queda na qualidade por aumentar a espessura da parede das células parenquimáticas.
Abordando o assunto, Corsi e Nascimento Jr. (1994) não admitem que, na planta sob
estresse hídrico, o crescimento limitado possa trazer aumento na concentração de N.
As características do pasto não representam, muitas vezes, as características da
forragem realmente consumida pelos animais, devido ao seu comportamento seletivo.
76
0s animais preferem determinadas plantas e partes desta e selecionam as partes da
forrageira mais palatáveis e digestíveis (Van Soest, 1982).
Blaser (1994) observou que, num sistema de pastejo rotacionado com mais de
um dia de ocupação do piquete, a qualidade nutricional da forragem é mais alta no
primeiro dia e mais baixa no último dia. Verificou, ainda, que, em vacas pastejando um
piquete com período de ocupação de 8 a 9 dias, a produção de leite aumentava até um
platô, declinando no início de ocupação de um novo piquete. Esta oscilação está
associada com o pastejo seletivo, em que, nos primeiros dias de pastejo, foram
observadas maiores percentagens de matéria secas digestível e maiores consumo de
matéria seca. Palieraqui (2004) verificou, nos capins Napier e Mombaça em pastejo
rotacionado, com 4 dias de ocupação e 32 de descanso, diferenças nas composições
químicas das extrusas destas duas forrageiras ao se avançar o período de ocupação do
piquete, com queda no teor de PB e aumento nos constituintes de parede celular. Já
Clipes (2003) e Lista (2003), manejando gramíneas tropicais com 3 dias de pastejo, não
encontraram diferença na composição química na extrusa de capim-elefante com o
avançar do dia de pastejo. No entanto, observaram queda na qualidade do capim
mombaça ao longo dos dias de pastejo, sendo a principal causa os aumentos nos
constituintes de parede celular.
Objetivou-se, com esta pesquisa, avaliar a influencia da irrigação e do dia
ocupação do piquete na composição química dos capins Napier e Mombaça manejados
sob pastejo rotacionado.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no Núcleo de Pesquisa em Zootecnia da UENF,
em Campos dos Goytacazes, RJ. Foram estudadas as respostas dos capins elefante
(Pennisetum purpureum. Schum.) cv. Napier e Mombaça (Panicum maximum, Jacq.), a
dois níveis de irrigação. durante as épocas seca e chuvosa. O município de Campos tem
coordenadas geográficas de 210 44’ 47” de Latitude Sul e 41 0 18’ 24” de Longitude
Oeste e Altitude de 12 m, situando-se no Norte do Estado do Rio de Janeiro. O padrão
climático da região é descrito como Aw, tropical quente úmido, com período seco no
inverno e chuvoso no verão, segundo o sistema de classificação de Koppen. Dados
obtidos na Estação Evapotranspirométrica da PESAGRO/UENF, localizada em Campos
dos Goytacazes,RJ, próxima ao local do experimento, referentes ao período de julho de
77
1996 a dezembro de 2003, indicam que as temperaturas médias mensais mantiveram-se,
durante todos os meses do ano, acima de 20 0C, com médias das mínimas nos meses de
maio, junho, julho e agosto de 17,9; 16,81; 15,9 e 16,6 0C, respectivamente, e acima de
19,0 0C nos demais meses. Mesmo nos meses mais frios, maio, junho, julho e agosto, as
médias das máximas foram 28,3; 28,0; 26,6 e 27,1 0C, respectivamente. A precipitação
pluviométrica anual média no período foi inferior a 800 mm. O experimento
compreendeu duas épocas de seca (de junho a outubro 2002 e de maio a outubro de
2003) e uma época chuvosa (de novembro de 2002 a abril de 2003), tendo, durante cada
época, ocorrido quatro ciclos de pastejo.
O delineamento experimental foi o de blocos completos casualizados (três
blocos, com três ha cada), com parcelas subdivididas no tempo e espaço, com mais de
uma unidade experimental por sub-classe. Cada bloco, com nível de fertilidade
diferente, foi subdividido em duas parcelas de 1,5 ha, nas quais foram alocadas, ao
acaso, as duas forrageiras. Cada parcela (em cada bloco) foi dividida em 6 sub-parcelas
de 0,25 ha, distribuídas, aleatoriamente, entre os dois níveis de irrigação, com três
repetições. Os níveis de irrigação foram: 1 – testemunha, sem irrigação; 2 – irrigação,
repondo-se 100 % da evapotranspiração obtida a partir de média histórica de 10 anos
(UFRRJ). O sistema utilizado foi por aspersão em malha com baixa pressão, utilizando-
se turno de rega de sete dias.
Foram utilizados novilhos mestiços F1 europeu-zebu, com peso vivo inicial em
torno de 260 kg, alocados, ao acaso, nos tratamentos, sendo substituídos por outros do
mesmo grupo genético e peso semelhantes, no início de cada época seguinte.
A carga animal foi variável, mantendo-se em todos os tratamentos pressão de
pastejo constante de 4 kg de matéria seca foliar disponível (acima de 30 cm) por 100 kg
de peso vivo por dia. Para isso, foram usados animais experimentais, em número de 10
por tratamento, na época chuvosa, e 4 por tratamento, na época seca, e animais
adicionais (reguladores ou “put and take”), que foram introduzidos ou retirados dos
piquetes, de acordo com a disponibilidade de forrageira, determinada antes de cada
período de pastejo.
Na determinação da disponibilidade de forragem, antes do pastejo, foi utilizado
um quadrado metálico de 1 metro de lado, sendo as amostragens realizadas
sistematicamente ao longo da diagonal do piquete. A cada 12 metros, o quadrado era
colocado e a forragem nele contida cortada a 30 cm do solo. Foram feitos seis cortes de
forragem, por piquete (correspondentes a 24/hectare). A biomassa contida nos
78
quadrados foi cortada e pesada, retirando-se uma amostra, que foi separada em folhas
(lâmina), bainha + caule. Após a separação, cada componente foi pesado e, em seguida,
picado e dividido em duas sub-amostras. Uma sub-amostra de cada fração, por
tratamento, foi pré-seca em estufa a 55oC, por 72 h, a outra utilizada para determinação
da matéria seca em microondas.
A disponibilidade de matéria seca foliar (DMSF) foi calculada a partir da
disponibilidade de matéria seca total e da percentagem de folhas. A taxa de lotação foi
estabelecida em função da DMSF, considerando-se os animais fixos e reguladores (com
peso semelhante aos animais fixos), que permaneceram nos piquetes nos quatro dias de
pastejo.
Para a obtenção de amostras representativas das dietas dos animais em pastejo
(extrusa), foram realizados seis ensaios (dois em cada época), sendo utilizados quatro
novilhos semelhantes aos animais experimentais, fistulados no esôfago, segundo a
técnica descrita por Bishop e Froseth (1970). Na época chuvosa e na segunda época
seca foram utilizados somente dois animais, pois ocorreu a morte de um animal e outro
apresentou problemas na coleta. As bolsas de coleta foram confeccionadas em lona
impermeável, dotadas de malha de “nylon” no fundo, para drenagem do excesso de
saliva. Nos dias de coleta os animais foram contidos e privados de alimento durante 12
horas, e após removidas as cânulas, eram colocadas as bolsas de coleta, deixando-se os
animais pastejarem por 30 a 40 minutos.
As coletas foram feitas durante oitos dias consecutivos. Cada animal fistulado
foi utilizado em rodízio, pastejando cada dia em um piquete correspondente a um
tratamento diferente, junto com os animais experimentais. Desta forma, cada um dos
quatro animais foi usado em dois dias diferentes na coleta de amostras referentes a cada
tratamento. Quando se passou a utilizar dois animais, cada animal pastejava dois
piquetes por dia, com alternância de forrageira, nível de irrigação e dia de pastejo. As
amostras diárias foram acondicionadas em sacos plásticos e armazenadas em congelador
a -15 0C. No fim de cada período de coleta, foram secas a 60 0C, moídas e
acondicionadas em frascos para posteriores análises laboratoriais.
A digestibilidade in vitro (DIVMS) da extrusa foi determinada pelo método in
vitro (Tilley e Terry, 1963). Além da determinação da DIVMS foram avaliados os
teores de MS, MO, PB, FDN, fibra insolúvel em detergente ácido (FDA) e lignina. As
analises laboratoriais foram feitas de acordo com as metodologias descritas por Silva
(1990).
79
Foram analisadas, separadamente, as informações obtidas nas épocas seca e
chuvosa. O modelo utilizado nas análises de digestibilidade “in vivo” e composição
química da extrusa é apresentado abaixo:
Yijkl = µ + Ai + Fj + Ik + EFij+ EIik + FIjk + EFIijk + eijkl, em que:
Yijkl = informações referentes ao animal l, no ano i, pastejando a forrageira j, submetida
ao nível de irrigação k.
µ = Média geral;
Ai = efeito do ano i, sendo i= 1, 2002 e 2, 2003;
Fj = efeito da forrageira j, sendo j = 1, mombaça e 2, capim-elefante;
Ik = efeito do nível de irrigação k, sendo k = 1 e 2;
AFij = efeito da interação do ano i e a forrageira j ;
AIik = efeito da interação do ano i e o nível de irrigação k;
FIjk = efeito da interação da forrageira j e o nível de irrigação k ;
AFIijk = efeito da interação do ano i, forrageira j, e nível de irrigação k;
eijkl = erro aleatório, associado a cada observação, pressuposto normal e
independentemente distribuído, com média zero e variância ó2.
Como só incluiu uma época chuvosa, foram retirados do modelo, para esta
época, o efeito de ano e as interações em que a variável ano participa.
Os resultados foram submetidos à análise de variância, usando-se o
procedimento computacional PROC GLM do SAS.
Na avaliação da influência do dia de pastejo sobre a composição química e
digestibilidade in vitro da forragem, referente aos quatro tratamentos (2 forrageiras X 2
níveis de irrigação), utilizou-se a análise de regressão, conforme modelo abaixo:
Yijk = µ + biXijk + eijk em que,
Yijk = Teor do constituinte ou digestibilidade “in vitro” da amostra k, correspondente ao
dia de pastejo j, para o tratamento i;
µ = Efeito da média (intercepto)
bi = Coeficiente de regressão do teor do constituinte ou digestibilidade “in vitro”, em
função do dia de pastejo j para o tratamento i;
Xijk = Dia de pastejo j, associado a amostra k, referente ao tratamento i;
eijk = Erro aleatório, associado a cada observação, pressuposto normal e
independentemente distribuído, com média zero e variância ó2.
Na comparação de modelos para os diferentes tratamentos utilizou-se o teste de
identidae de modelo (Graybill, 1979).
80
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 1 estão os resultados referentes à composição química e
digestibilidade “ in vitro” dos capins Napier e Mombaça, na época seca, e na Tabela 2,
os resultados referentes à época chuvosa.
Não se verificou, nas duas épocas, efeito de interação de irrigação e forragem
(P>0,05), desta forma os dois fatores foram considerados independentemente.
Na época seca, não se verificou efeito de irrigação (P>0,05) sobre os teores MS,
PB, FDN, FDA e lignina e DIVMS. No entanto, observaram-se maiores teores de MO
nas forrageiras irrigadas. Não houve ainda na época seca, diferença entre forrageiras,
quanto aos teores de MO, PB, FDA e lignina e DIVMS (P>0,05); entretanto, o capim
Napier apresentou menores teores de MS e de FDN que o Mombaça (P<0,05).
Houve efeito de ano sobre os teores de MS, MO e FDN (P<0,05), verificando-se,
respectivamente, os valores de 13,8; 87,3 e 75,2 % na primeira época seca e de 11,7,
83,5 e 70,9 %, na segunda, não ocorrendo efeito de ano sobre os teores de PB, FDA e
lignina e sobre a DIVMS (P>0,05).
Os menores teores de MO, nas forrageiras irrigadas, podem ser resultado de
maior transporte de minerais do solo para planta, em virtude de maior quantidade de
água disponível. Como não foi feita análise de minerais, não se pode inferir sobre quais
minerais teriam sido transportados em maior quantidade.
O valor mais elevado de DIVMS observado no capim Napier, na época seca,
pode ser explicado pela sua menor quantidade de fibra, evidenciada pelo menor teor
(P<0,05) de FDN e menores valores numéricos de FDA e de lignina.
Na época chuvosa, não se verificou efeito de irrigação (P>0,05) sobre os teores
dos componentes químicos e sobre a DIVMS. Nessa época, o capim Napier apresentou
menores teores (P<0,05) de FDN, FDA e lignina e teores semelhantes (P>0,05) de MS,
MO e PB. Apesar dos menores teores de FDN, FDA e lignina do capim Napier, não se
verificou diferença (P<0,05) na DIVMS entre forrageiras, embora tenha sido observada
uma superioridade de 8,1 % na DIVMS do Napier. Esta diferença pode ter influenciado
o maior consumo observado nesta forrageira nesta época do ano.
Não foram encontrados, na literatura consultada, trabalhos que avaliassem o
efeito da irrigação sobre a composição química de forrageiras tropicais, utilizando-se a
extrusa como método de amostragem da forrageira potencialmente consumível pelos
81
animais. As informações referentes a pastagens irrigadas, citados a seguir, basearam-se
em amostras de lâminas foliares.
Tabela 1: Médias referentes aos teores de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), lignina e a digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS) e erros padrão da extrusa dos capins Napier e Mombaça, irrigados ou não, na época seca1
Nível de Irrigação Forrageiras
Irrigado Não Irrigado Médias
MS (%) Napier 11,9 ± 0,44 12,0 ± 0,44 11,9 ± 0,32 b Mombaça 13,5 ± 0,44 13,7 ± 0,44 13,6 ± 0,32 a Média 12,7 ± 0,32 A 12,9 ± 0,32 A
MO (% na MS)
Napier 84,4 ± 0,90 85,6 ± 0,90 85,0 ± 0,65 a Mombaça 84,4 ± 0,90 87,1 ± 0,90 85,7 ± 0,65 a Média 84,4 ± 0,65 B 86,4 ± 0,65 A
PB (% na MS)
Napier 12,4 ± 0,83 11,9 ± 0,83 12,1 ± 0,60 a Mombaça 12,7 ± 0,83 12,9 ± 0,83 12,8 ± 0,60 a Média 12,5 ± 0,60 A 12,4 ± 0,60 A
FDN (%MS)
Napier 70,6 ± 1,07 72,6 ± 1,07 71,6 ± 0,77 b Mombaça 74,6 ± 1,07 74,6 ± 1,07 74,6 ± 0,77 a Média 72,6 ± 0,77 A 73,6 ± 0,77 A
FDA (% na MS)
Napier 37,1 ± 1,12 38,9 ± 1,12 37,9 ± 0,80 a Mombaça 39,2 ± 1,12 38,9 ± 1,12 39,0 ± 0,80 a Média 38,1 ± 0,80 A 38,9 ± 0,80 A
LIGNINA (% na MS) Napier 5,3 ± 0,73 5,5 ± 0,73 5,4 ± 0,52 a Mombaça 6,4 ± 0,73 6,3 ± 0,73 6,3 ± 0,52 a Média 5,8 ± 0,52 A 5,9 ± 0,52 A
DIVMS (%) Napier 56,1 ± 1,43 54,9 ± 1,43 55,5 ± 1,03 a Mombaça 52,2 ± 1,43 51,5 ± 1,43 51,9 ± 1,03 a Média 54,2 ± 1,03 A 53,2 ± 1,03 A
1 – médias referentes a duas épocas secas, cada uma envolvendo 4 ciclos de pastejo com 4 dias de ocupação e 32 dias de descanso.
- Médias seguidas de letras maiúsculas nas linhas e minúscula na coluna , diferem-se pelo teste F .
82
Tabela 2: Médias referentes aos teores de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), lignina e à digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS) e erros padrão da extrusa dos capins Napier e Mombaça, irrigados ou não, na época chuvosa1
Nível de Irrigação Forrageiras
Irrigado Não Irrigado Médias
MS (%) Napier 11,1 ± 0,74 12,3 ± 0,74 11,7 ± 0,52 a Mombaça 12,8 ± 0,74 12,2 ± 0,74 12,5 ± 0,52 a Média 11,9 ± 0,52 A 12,2 ± 0,52 A
MO (% na MS)
Napier 83,6 ± 1,08 84,4 ± 1,08 84,0 ± 0,86 a Mombaça 84,4 ± 1,08 84,0 ± 1,08 84,2 ± 0,86 a Média 84,0 ± 0,86 A 84,2 ± ,86 A
PB (% na MS)
Napier 10,7 ± 0,55 9,6 ± 0,55 10,1 ± 0,39 a Mombaça 10,0 ± 0,55 10,4 ± 0,55 10,2 ± 0,39 a Média 10,3 ± 0,39 A 10,0 ± 0,39 A
FDN (% na MS)
Napier 74,1 ± 1,02 75,4 ± 1,02 74,7 ± 0,72 b Mombaça 78,3 ± 1,02 77,2 ± 1,02 77,7 ± 0,72 a Média 76,2 ± 0,72 A 76,3 ± 0,72 A
FDA (% na MS)
Napier 40,5 ± 0,63 39,3 ± 0,63 39,9 ± 0,45 b Mombaça 43,5 ± 0,63 42,2 ± 0,63 42,9 ± 0,45 a Média 42,0 ± 0,45 A 40,7 ± 0,45 A
LIGNINA (% na MS) Napier 6,7 ± 0,24 5,8 ± 0,24 6,2 ± 0,17 b Mombaça 7,5 ± 0,24 7,6 ± 0,24 7,6 ± 0,17 a Média 7,1 ± 0,17 A 6,7 ± 0,17 A
DIVMS (%) Napier 55,9 ± 2,07 57,5 ± 2,07 56,7 ± 1,46 a Mombaça 51,0 ± 2,07 53,9 ± 2,07 52,4 ± 1,46 a Média 53,4 ± 1,46 A 55,7 ± 1,46 A
1 – médias referentes a duas épocas secas, cada uma envolvendo 4 ciclos de pastejo com 4 dias de ocupação e 32 dias de descanso.
- Médias seguidas de letras maiúsculas nas linhas e minúscula na coluna , diferem-se pelo teste F.
Carvalho et al. (1975), trabalhando com duas variedades de capim elefante
(Mineiro e Gigante de Pinda) e duas formas de fertilização (mineral e orgânica),
irrigados ou não, não verificaram diferença significativa nos teores de proteína e fibra
bruta, em nenhuma das variáveis estudadas. Botrel et al. (1991), ao avaliarem o efeito
da irrigação sobre a produção de forragem, teor de proteína bruta (PB), digestibilidade
da matéria orgânica (DVMO) e perfilhamento em sete cultivares de capim-elefante, não
83
verificaram efeito da irrigação no teor de PB e na DVMO. Soria (2002), trabalhando
com capim Tanzânia, com cinco lâminas de irrigação e cinco doses de nitrogênio,
durante um ano, não observou efeito da irrigação, dentro de todas as doses de N
utilizadas, sobre os teores de PB, FDN, FDA, lignina e digestibilidade in vitro
corroborando os resultados obtidos no presente trabalho.
Já Lopes et al. (2002), trabalhando com capim-elefante, irrigado ou não,
adubado com 4 combinações de doses nitrogênio e potássio, não observaram efeito da
irrigação na composição (teores de FDN, FDA e PB) das lâminas foliares, na época seca
do ano. Todavia, ao considerar todo o ano, observaram menores teores de PB e maiores
teores de FDN nos tratamentos que receberam as maiores doses de fertilizantes e
irrigação. Os maiores teores de FDA foram verificados nos tratamentos irrigados. De
forma semelhante, Andrade et al. (2002) verificaram menor teor de PB e maiores teores
de FDN e FDA no capim Napier irrigado, recebendo as mesmas doses de fertilizantes
utilizadas por Lopes et al. (2002). Em ambos os trabalhos, o menor teor de PB foi
atribuído ao efeito de diluição, promovido pelo maior acúmulo de parede celular,
associado com a maior produção de matéria seca, nos tratamentos irrigados. Os maiores
teores de FDN e FDA foram atribuídos ao maior crescimento da forrageira
acompanhado de maturação mais precoce, em resposta à irrigação e a outros fatores que
não teriam sido limitantes, como adubação, luz e temperatura.
Soares et al. (1999) verificaram, no período da seca, em extrusa de capim-lefante
cv. Napier, adubado com 300 ou 700 kg/ha de N, sem irrigação e sob pastejo
rotacionado com 3 dias de ocupação e 30 dias de descanso, valores médios de 11,9;
15,3; 65,6; 34,9, 4,6 e 67,5 % para MS, PB, FDN, FDA, lignina e DIVMS,
respectivamente. As diferenças na composição química, em relação ao presente
trabalho, podem estar relacionadas com a interação de menor período de descanso,
maior nível de adubação utilizada e condições climáticas do local em que o experimento
foi desenvolvido. Local caracterizado por inverno com temperaturas amenas que,
possivelmente, limitariam o crescimento da planta, ocorrendo menor desenvolvimento
da parede celular e maior proporção relativa de conteúdo celular. As menores
quantidades de constituintes de parede celular explicariam a maior DIVMS observada.
Também na época seca, Clipes (2003) verificou, respectivamente , nos capins Napier e
Mombaça, valores de 13,4 e 14,5; 11,8 e 12,2; 64,9 e 64,3; 38,9 e 39,6; 4,3 e 4,4 e 64,8
e 63,6 % respectivamente para MS, PB, FDN, FDA, lignina e DIVMS. Os teores de
FDN mais baixos verificados por este autor têm duas causas: a primeira é que o autor
84
deduziu dos teores de FDN as quantidades de cinzas, obtidas por queima em mufla, e as
quantidades de nitrogênio insolúvel em detergente neutro, o que não foi feito no
presente trabalho. A segunda causa está relacionada com o nível de adubação de
manutenção utilizada, de 150 kg/ha de N, contra 400 kg/ha ano no presente trabalho. A
adubação mais pesada, promovendo maior crescimento foliar, traria a necessidade de
maior desenvolvimento de órgãos de estrutura, resultando em aumento nos constituintes
de parede celular. Este último efeito explicaria também as maiores concentrações de
FDA e lignina. As maiores concentrações de constituintes de parede celular verificados
no presente trabalho explicam as menores DIVMS observadas.
Na época chuvosa, Erbesdobler (1999) verificou, para o capim-elefante cv.
Napier, valores de 12,6; 10,2; 73,8; 52,7 % para MS, PB, FDN e DIVMS,
respectivamente, valores próximos ao do presente trabalho. Já Lista (2003), trabalhando
com os capins Napier e Mombaça, verificou valores de MS, MO, PB, FDN, FDA,
lignina e DVMS, respectivamente, de 12,6; 90,0; 10,6; 69,9; 29,1; 4,35 e 53,7 no capim
Napier e de 14,4; 88,1; 11,3; 67,8; 34,2; 4,3 e 65,9 no capim Mombaça. Tais resultados
são semelhantes aos encontrados por Clipes (2003) e as razões das diferenças, em
relação ao presente trabalho são as mesmas citadas para o trabalho de Clipes (2003).
Na Tabela 3, são apresentadas as médias e as equações de regressão, bem como
seus coeficientes de variação (CV) e de determinação (R2), referentes à composição
química e DIVMS, em função do dia de ocupação dos piquetes.
O teste de identidade de modelos (Graybill, 1976) indicou não haver diferença
entre as equações de regressão dos teores dos vários constituintes e da DIVMS da
extrusa, em função do dia de pastejo, ajustadas para os quatro tratamentos. Desta forma,
adotou-se equação única para os quatro tratamentos, para cada componente da forragem
e para a DIVMS, as quais são apresentadas na Tabela 3.
Não houve efeito de regressão da concentração de MO na forragem em função
do dia de ocupação do piquete, indicando que o teor deste constituinte não foi afetado
pelo dia de pastejo. Verificaram-se quedas lineares (P<0,05) dos teores de MS, PB e na
DVMS da extrusa, com o avançar do período de ocupação do piquete, que
corresponderam a 4,0 % no teor de MS, 12,0 % no teor de PB e 2,0 % na DIVMS, por
dia de pastejo. Por outro lado, ocorreram aumentos lineares (P<0,05) nos teores FDN,
FDA e lignina, que corresponderam, respectivamente, a 2,0; 4,0 e 7,0 % , por dia de
ocupação do piquete.
85
A queda na qualidade de forragem consumida pode ser atribuída, segundo Blaser
(1994), à seletividade dos animais, que tendem a consumir primeiro as forragens mais
nutritivas (ricas em proteína e carboidratos solúveis e pobres em fibra), como pequenos
perfilhos, lâminas foliares e, por último, folhas mais velhas e pequenos caules, que são
ricos em constituintes de parede celular.
Lista (2003) verificou queda de 4,0 e 6,3 % nos teores de MS do capim Napier e
Mombaça, respectivamente, por dia de ocupação de piquete, em pastejo rotacionado
com três dias de ocupação. Este mesmo autor verificou queda de 14,0 % no teor de PB
do primeiro para o último dia de pastejo, não verificando efeito do dia de pastejo sobre
os teores de FDN e FDA para os capins Napier e Mombaça. No entanto, no capim
Mombaça verificou queda linear no teor de lignina e efeito quadrático do dia de pastejo
sobre a DIVMS. Clipes (2003), trabalhando, com as mesmas forrageiras utilizadas por
Lista (2003), no mesmo local e mesmo manejo, porém em época do ano diferente, não
verificou efeito do dia de ocupação sobre a composição química e DVIMS do capim
Napier. No entanto, observou efeito do dia de pastejo no capim Mombaça, com queda
linear no teor de proteína e incrementos lineares nos teores de FDN, FDA e celulose,
concordando com os resultados do presente trabalho. A ausência de efeito de dia de
pastejo, na composição química e DIVMS do capim Napier, foi atribuída, pelo autor, à
grande quantidade de folhas presente na pastagem ao final do terceiro dia de pastejo.
Tabela 3: Teores estimados de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), proteína
bruta (PB), fibra insolúvel em detergente neutro (FDN), fibra insolúvel em detergente ácido (FDA), lignina e digestibilidade “in vitro” da matéria seca (DIVMS), em função do dia de pastejo e respectivas equações de regressão e coeficiente de variação (CV) e de determinação (R2)
Dias de Pastejo Item
1 2 3 4 Equações de regressão CV
(%) R2
MS 13,3 12,8 12,3 11,7 Y = 13,82 – 0,5225 X 13,2 0,31 MO (%MS) 84,9 84,7 85,5 84,3 ns1 PB (%MS) 15,3 13,7 12,1 10,5 Y = 16,86 – 1,6002 X 15,8 0,51 FDN (%MS) 70,2 71,5 72,8 74,1 Y = 68,92 + 1,2863 X 3,6 0,59 FDA (%MS) 35,4 36,8 38,1 39,5 Y = 34,04 + 1,3572 X 7,6 0,40 Lignina (%MS) 5,6 6,1 6,5 6,9 Y = 5,21 + 0,4214 X 25,1 0,21 DIVMS (%) 53,7 52,6 51,5 50,5 Y = 54,72 – 1,0582 X 7,3 0,24
1 – não significativo para P > 0,05.
86
CONCLUSÕES
- A irrigação não afetou a composição química e DIVMS dos capins Napier e
Mombaça.
- O capim-elefante cv. Napier apresentou composição bromatológica e
digestibilidade da matéria seca mais satisfatórias que o capim Mombaça.
- Com o avanço do período de ocupação do piquete houve queda na qualidade da
forragem consumida, ao considerar a composição química e a digestibilidade da
matéria seca.
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89
5. CONCLUSÕES GERAIS
- As forrageiras responderam bem à irrigação, ao longo do ano, com maior
produção de biomassa, proporção de folhas, altura e densidade volumétrica,
refletindo-se em maior quantidade de forragem disponível aos animais,
permitindo maior taxa de lotação;
- O capim Napier foi mais eficiente na produção de biomassa, no entanto, o
capim Mombaça apresentou maior proporção de folhas, o que permitiu maior
taxa de lotação.
- A irrigação aumentou a quantidade de folhas, mas não teve influência sobre a
composição química das folhas;
- O consumo de forragem e a digestibilidade da forragem consumida foram
pouco afetados pela irrigação. Os animais que pastejaram o capim Napier
consumiram mais forragem e esta de melhor qualidade;
- Os animais que pastejaram as forrageiras irrigadas, na época seca, ganharam
menos peso. Mesmo comportamento tiveram aqueles que pastejaram o capim
Mombaça irrigado, na época chuvosa;
- A irrigação elevou o ganho de peso por área em conseqüência das maiores
taxas de lotação;
- Com o avanço do período de ocupação do piquete houve queda na qualidade
da forragem consumida.