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NAKAYAMA, Marcos A.; GALEMBECK, Paulo de T. Infinitivo flexionado: origem e uso. In Boletim 57 - Revista da Área de Humanas. Londrina: EDUEL, 2009, p. 27-54. ISSN- 0102-6869. INFINITIVO FLEXIONADO: ORIGEM E USO Marcos Antonio Nakayama 1 Paulo de Tarso Galembeck 2 RESUMO: Existem muitos assuntos polêmicos em volta da língua portuguesa, sua história e seu uso. A flexão do infinitivo é um deles, uma vez que para essa questão não é possível buscar soluções em outras línguas, pois elas não demonstram esse fenômeno. Este trabalho objetiva apresentar as teorias que envolvem a origem da infinitivo flexionado e, em seguida, apresentar o uso normativo dele. Como se verá, a relatividade do seu caráter normativo é muito expressiva. PALAVRAS-CHAVE: infinitivo flexionado; origem da flexão infinita; norma padrão. ABSTRACT: There are lots of polemic subjects around the Portuguese language, its history and its use. The inflection of infinitive mode is one of them, since that it’s not possible to search solutions in others languages to this question, because they don’t demonstrate this phenomenon. This work aims to show the theories that involve the origin of inflected infinitive and, afterwards, to present the normative use of it. As we’ll see, the relativity of its normative character is very expressive. KEY-WORDS: inflected infinitive; origin of infinitive inflection; standard norm. Introdução O português é uma das poucas línguas que possuem a forma flexionada do infinitivo. Por um lado, essa peculiaridade faz brotar interesse nos estudiosos; por outro, contudo, ela passa muitas vezes despercebida por linguistas e filólogos, como é possível perceber ao consultar gramáticas da língua portuguesa, das quais muitas nem citam a existência desse fenômeno. Muitos consideram esse idiotismo como uma das belezas peculiares de nossa língua; outros, como Napoleão Mendes de Almeida (1996) acreditam que a flexão do infinitivo faz o português 1 Mestrando em Estudos da Linguagem, da área Linguagem e significação – Estudos do texto/discurso, na Universidade Estadual de Londrina. 2 Professor Doutor da Universidade Estadual de londrina

Infinitivo Flexionado: Origem e Uso

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Existem muitos assuntos polêmicos em volta da língua portuguesa, sua história e seu uso. A flexão do infinitivo é um deles, uma vez que para essa questão não é possível buscar soluções em outras línguas, pois elas não demonstram esse fenômeno. Este trabalho objetiva apresentar as teorias que envolvem a origem da infinitivo flexionado e, em seguida, apresentar o uso normativo dele. Como se verá, a relatividade do seu caráter normativo é muito expressiva.

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NAKAYAMA, Marcos A.; GALEMBECK, Paulo de T. Infinitivo flexionado: origem e uso. In Boletim 57 - Revista da Área de Humanas. Londrina: EDUEL, 2009, p. 27-54. ISSN- 0102-6869.

INFINITIVO FLEXIONADO: ORIGEM E USO

Marcos Antonio Nakayama1

Paulo de Tarso Galembeck2

RESUMO: Existem muitos assuntos polêmicos em volta da língua portuguesa, sua história e seu uso. A flexão do infinitivo é um deles, uma vez que para essa questão não é possível buscar soluções em outras línguas, pois elas não demonstram esse fenômeno. Este trabalho objetiva apresentar as teorias que envolvem a origem da infinitivo flexionado e, em seguida, apresentar o uso normativo dele. Como se verá, a relatividade do seu caráter normativo é muito expressiva.

PALAVRAS-CHAVE: infinitivo flexionado; origem da flexão infinita; norma padrão.

ABSTRACT: There are lots of polemic subjects around the Portuguese language, its history and its use. The inflection of infinitive mode is one of them, since that it’s not possible to search solutions in others languages to this question, because they don’t demonstrate this phenomenon. This work aims to show the theories that involve the origin of inflected infinitive and, afterwards, to present the normative use of it. As we’ll see, the relativity of its normative character is very expressive.

KEY-WORDS: inflected infinitive; origin of infinitive inflection; standard norm.

Introdução

O português é uma das poucas línguas que possuem a forma flexionada do infinitivo. Por um lado, essa peculiaridade faz brotar interesse nos estudiosos; por outro, contudo, ela passa muitas vezes despercebida por linguistas e filólogos, como é possível perceber ao consultar gramáticas da língua portuguesa, das quais muitas nem citam a existência desse fenômeno. Muitos consideram esse idiotismo como uma das belezas peculiares de nossa língua; outros, como Napoleão Mendes de Almeida (1996) acreditam que a flexão do infinitivo faz o português parecer “a última escória do latim” (p. 271).

A maior importância do tema abordado é o fato de ainda existir polêmica a respeito dele. A origem do infinitivo flexionado foi um assunto que fez discutirem filólogos de várias épocas, e até mesmo atualmente ainda se questionam as causas e a raiz desse detalhe galego-português.

Outra polêmica sobre a flexão do infinitivo gira em torno de seu uso. Muitos gramáticos, inclusive estrangeiros, tentaram sistematizar as regras que regeriam o uso dos infinitivos flexionado e invariável. No entanto, até hoje pouco do que foi produzido conseguiu alcançar índices razoáveis de aplicabilidade. É por isso que muitos intelectuais, como Celso Cunha e Lindley Cintra (2001), já desistiram de falar em regras para a flexão do infinitivo, passando a tratar apenas de tendências (p. 485).

Todavia, é sabido que a sociedade em geral, buscando conforto e estabilidade, espera normas fixas e práticas da gramática. A frustração e a insegurança que as pessoas sentem ao se depararem com alternativas ou tendências são bastante conhecidas pelos professores de português e por todos os que trabalham com a norma culta. Nesse fato baseia-se a nossa escolha do tema, pois não raro há insatisfação quando nos perguntam qual a regra da flexão do infinitivo, e somos obrigados a responder que não existe regra segura.

De modo geral, sabe-se que a necessidade de esclarecer a pessoa e o número gramatical é que rege a flexão do infinitivo. Sua origem remonta ao período em que o galego e o português constituíam uma unidade, e em que os povos da Península Ibérica viviam uma época de se enfatizar a linguagem. Nos séculos XV e XVI, os usos do novo infinitivo flexionado tornaram-se ilimitados, como se percebe em

1 Mestrando em Estudos da Linguagem, da área Linguagem e significação – Estudos do texto/discurso, na Universidade Estadual de Londrina.2 Professor Doutor da Universidade Estadual de londrina

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textos até mesmo de posteriores autores consagrados, como Rui Barbosa. Atualmente, há muitas restrições ao uso da flexão, baseadas na necessidade da clareza. Contudo, essa inconstância diacrônica das tendências de uso contribui para as contendas entre os estudiosos e para a sensação de insegurança dos usuários.

As formas nominais do verbo

O verbo possui, em português, três formas nominais: o infinitivo, o gerúndio e o particípio. A classificação se deve ao fato de essas formas verbais se comportarem como nomes (substantivo, advérbio e adjetivo, respectivamente). Celso Pedro Luft (1966) sugere que esse grupo seja chamado de formas verbo-nominais, já que ainda comportam as características de verbo.

Para Cunha & Cintra (2001), a principal característica dessas três formas, que as diferencia das demais, é a sua impossibilidade de exprimir tempo ou modo. Ao contrário dos outros verbos, que se flexionam em desinências modo-temporais, o infinitivo, o gerúndio e o particípio dependem do contexto em que aparecem, sendo que neste é que se buscarão informações de tempo ou modo.

Napoleão Mendes de Almeida (2005) comenta que o infinitivo, em princípio, funciona como a forma impessoal do verbo ― e é essa característica que torna o infinitivo flexionado uma raridade nas línguas de diversas raízes. Uma vez livre de determinações, o infinitivo se atém a significar pura e simplesmente o processo, como se o nomeasse. Por isso, ele é comparado a um substantivo, e não raro aparece substantivado em orações, como no exemplo: “Ele possui um dançar especial”, cujo objeto direto (“um dançar especial”) possui o verbo dançar funcionando como núcleo do sintagma nominal, posição exclusiva de substantivos ou palavras substantivadas. É interessante lembrar que, uma vez substantivado, o infinitivo flexiona-se como um substantivo: “Eles possuem dançares especiais” (convém lembrar, contudo, que essa flexão não é o tema desta análise).

O gerúndio indica o decurso da realização do verbo. Tem função adjetiva ou adverbial; esta, quando indica causa ou meio, como em “Comprando muito, ele gerará mais dívidas”. Nesse exemplo, o gerúndio se comporta como se fosse um advérbio. A função adjetiva é perceptível em: “Ela derrubou água fervendo”, em que o fervendo modifica o sentido do substantivo núcleo água. Contudo, convém ressaltar que o gerúndio não se flexiona em gênero ou número quando ocorre a adjetivação.

E o particípio, quando apresenta a característica de conclusão a um processo, ou aos resultados desse processo, adquire a função de um adjetivo. Com efeito, muitos termos atualmente considerados adjetivos provieram de verbos no particípio, e concordam normalmente ao substantivo que modificam. Veja-se um exemplo de adjetivo derivado de particípio: “Um homem abonado passou por aqui”; o adjetivo pode até mesmo substantivar-se: “Um abonado passou por aqui”.

As formas nominais latinas

Almeida (2005) apresenta o infinitivo como um dos modos verbais latinos. Definindo modo como a “maneira por que se realiza a ação expressa pelo verbo”, o autor posiciona o infinitivo ao lado dos modos indicativo, subjuntivo e imperativo. Acrescenta, em seguida, que existem três infinitivos em latim: presente, passado e futuro.

Mais à frente, o mesmo autor comenta que o gerúndio é um “substantivo verbal”, e apresenta-se como uma variação do infinitivo. Dessa forma, o infinitivo se comporta como a forma nominativa do gerúndio, lembrando que o gerúndio latino não corresponde diretamente ao do português, pois o que chegou a esta língua é a forma do ablativo do gerúndio, isto é, o caso adverbial por excelência. Isso significa que a função durativa do gerúndio português está ligada mais ao caso em que ficou do que à forma verbal.

Besselaar (1960) melhor subdivide o infinitivo, atribuindo a ele seis formas para um verbo não-depoente (três tempos para voz ativa e três para a passiva), e três para um depoente. Em latim, o infinitivo já contava com a função de sujeito ― chamado de infinitivo subjetivo ― e de objeto de uma oração ― o infinitivo objetivo. Além disso, havia os usos com acusativo ou nominativo nas proposições infinitas.

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Com a função subjetiva, o infinitivo emprega-se de modo bastante semelhante ao português, funcionando como um substantivo (no caso, neutro). Veja-se um exemplo: “Vincĕre bonum est” (“É gostoso vencer”); note-se que o adjetivo bonum está no gênero neutro, e que o verbo no infinitivo vincĕre funciona como sujeito da oração.

O infinitivo objetivo funciona como objeto direto de um verbo, que, no português, é considerado muitas vezes como verbo principal de uma locução verbal. Uma frase ilustrativa é: “Ancillae matronas timēre debent” (“As servas devem temer as senhoras”).

Já o acusativo com infinitivo entra no âmbito do período composto do português. A frase portuguesa “Acho que aqui há uvas boas”, em latim, ficaria “Puto bonas uvas hic esse”, literalmente “Acho existirem aqui uvas boas”. Na construção latina, o verbo da oração subordinada fica no infinitivo, e o sujeito vai para o acusativo.

Segundo Besselaar (1960), essa construção é muito comum e ocorre principalmente com verbos: a) que exprimem percepção ou pensamento: “Audio te cantare” (“Escuto tu cantares”); b) verbos que exprimem afeto ou sentimento: “Gaudeo te bene vivĕre” (Alegro-me que vivas bem); c) verbos que exprimem desejo, coação etc.: “Jubeo servam vocari” (Ordeno que a empregada seja chamada) e d) muitos verbos impessoais, ou locuções com o verbo esse. Ainda em português existem construções com estrutura parecida, principalmente com os verbos modais: “Ele deve chegar cedo”.

Por fim, o autor citado apresenta o nominativo com infinitivo, que consiste em aliar o infinitivo a verbos na voz passiva, como no exemplo que o autor apresenta: “Cicero dicitur magnus orator fuisse”, que pode ser traduzido para “Diz-se que Cícero foi um grande orador”, ou em verbos performativos, como em “Jubeo te abire” (“Ordeno-te sair”).

Surgimento do infinitivo flexionado

Entre todas as línguas românicas modernas, apenas o português possui a forma flexionada do infinitivo. Ela se constitui da forma natural do infinitivo acrescida das desinências: eu ― Ø; tu ― “-es”; ele ― Ø; nós “-mos”; vós “-des”; eles “-em”. Sua origem remonta ao século XII, como se comprova n’Os Cancioneiros. Como a língua de Portugal e da Galiza era compartilhada ― o chamado galego-português ―, o fenômeno da flexão do infinitivo é encontrado nessas duas línguas, tanto porque apenas no século XV o português se tornou uma língua individual.

O infinitivo flexionado não foi criado artificialmente pela erudição, mas surgiu espontânea e naturalmente no falar dos galego-portugueses. Além disso, há línguas que adquiriram um infinitivo pessoal, isto é, que conta com um sujeito nominativo, mas elas não encerram essa característica marcada por desinências.

O que se mostra mais curioso em nossa língua é que o nosso infinitivo possui empregos de perfeita pessoalidade, como os verbos finitos, distinguindo-se deles apenas pela capacidade de ser regido por preposição ― característica exclusiva das formas nominais. É claro que, apesar disso, o português conserva ainda o emprego impessoal e, consequentemente, invariável do infinitivo.

Atualmente, muito se tem escrito sobre a origem e as causas desse idiotismo, e várias teorias se contradisseram, cada qual se apoiando em um argumento distinto. Apresentaremos abaixo as duas teorias mais discutidas sobre o surgimento da flexão do infinitivo.

A teoria do imperfeito do subjuntivo

Essa teoria foi escrita por J. M. Rodrigues, em um texto intitulado “O imperfeito do conjuntivo e o infinitivo pessoal no português”3. Apreciada por filólogos importantes, como Carolina Michaëlis e J. J. Nunes, é a teoria adotada pela maioria dos estudiosos, segundo Tersariol (1971).

Como se sabe, a estrutura morfológica latina do tempo imperfeito do modo subjuntivo compreende a forma do infinitivo acrescida das desinências do latim, respectivamente: -m, -s, -t, -mus, -

3 In Boletim de Segunda Classe da Academia de Ciências de Lisboa, 1913/14, vol. VIII, pp. 72-93.

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tis, -nt. Veja-se a tabela a seguir, onde se conjuga o verbo amar no pretérito imperfeito do subjuntivo em latim e se apresenta o infinitivo flexionado:

AmarPret. Imperfeito Inf. Flexionado

Eu Amarem AmarTu Amares AmaresEle Amaret AmarNós Amarēmus AmarmosVós Amarētis AmardesEles Amarent Amarem

É possível apreender pela tabela a semelhança formal entre os dois paradigmas verbais. A evolução fonética da forma latina para a portuguesa segue rigorosamente as leis que regeram as formas regulares do latim para o português.

Analise-se uma forma para exemplificação: amarmos. Primeiramente, houve um hiperbibasmo por sístole, que consiste na mudança da sílaba tônica em direção à sílaba anterior. Dessa forma, a forma verbal primitiva seria pronunciada amarémus. Em seguida, na passagem de imperfeito do subjuntivo para infinitivo flexionado, houve o recuo da sílaba tônica (ressalte-se que a forma amarēmus nada tem a ver com o futuro do presente do indicativo português). Em seguida, nota-se a queda da vogal postônica, devido à sua pronunciação fraca. Então a forma amaremus, cuja sílaba tônica é o “ma”, perde o fonema /e/ por um processo de síncope: amarmus. Esse fenômeno é extremamente comum na evolução do romance, e responsável pela transformação da maioria das palavras proparoxítonas latinas e paroxítonas portuguesas, como em asinu > asno; anima > *alima > alma; calidu > caldo etc. Cabe lembrar que não houve queda de postônica na terceira pessoa do plural: a forma amarent evoluiu para amarem, sofrendo apenas uma apócope da consoante final /t/, pois não houve condições para a síncope do /e/.

Há um exemplo em que um verbo é empregado sem a síncope da postônica. Frei Pantaleão do Aveiro, em seu livro Itinerário à Terra Santa, apresenta a seguinte frase: “Como espantados da nossa vista sem véremos alguns homens” (grifo nosso), onde se encontra a construção mórfica sem a síncope do /e/.

A mudança de /u/ para /o/, tanto gráfica quanto foneticamente, é regra geral quando se trata de terminações verbais ou nominais. Assim como o presente do indicativo amamus evoluiu para amamos, o mesmo ocorreu em todos os outros tempos verbais, e por isso o infinitivo, flexionando-se, não fugiria à regra: amarmus >amarmos.

Maurer Jr. (1968), ao apresentar ― para depois questionar ― a teoria do imperfeito do subjuntivo, sintetiza seus pontos principais. O primeiro argumento de J. M. Rodrigues é o de que o tempo “imperfeito do subjuntivo, que se perdeu na maior parte da România, conservou-se vivo no português, pelo menos até o século XVI e, em alguns casos, mesmo até hoje” (p. 15). Para comprovar essa ideia, Rodrigues teria buscado orações portuguesas em que se percebessem usos do infinitivo em lugar do imperfeito do subjuntivo.

Ora, uma vez comprovado que o infinitivo tenha passado a tomar lugar do tempo verbal imperfeito do subjuntivo, as semelhanças entre ambos se completariam assim que à forma nominal em questão se atribuíssem as desinências número-pessoais. Considerando que o infinitivo e o imperfeito do subjuntivo apenas se diferenciam pela presença de desinências neste último, J. M. Rodrigues assevera que os sufixos foram compartilhados, por um processo de analogia, a qual é bastante comum em todas as línguas.

Carolina Michaëlis, apud Maurer Jr. (1968), acrescenta que o imperfeito e o mais-que-perfeito do subjuntivo do latim coexistiram por séculos, e apenas na metade do séc. XVI é que se percebe a sobreposição total do mais-que-perfeito. Esse tempo é o que ficou no português com o emprego do tempo imperfeito. Por exemplo, o tempo mais-que-perfeito do subjuntivo em latim do verbo amare é amavissem, forma que evoluiu foneticamente para amassem, atual pretérito imperfeito do subjuntivo.

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Para completar a teoria, basta expor que, ainda em latim vulgar, há uma perda de conjunção em determinadas construções com verbo no imperfeito do subjuntivo, o que faz com que a forma seja relacionada ao infinitivo. Na Península Ibérica, o latim cartulário apresenta usos do imperfeito do subjuntivo com funções de infinitivo, primeiramente regido da conjunção ut. Em seguida, percebe-se que houve mudança para a conjunção “pro”, e enfim houve a supressão dessa partícula. Mais tarde, essa construção desapareceu no espanhol, no italiano e no francês, sobrevivendo no galego e no português.

O exemplo apresentado tanto por Maurer Jr. (1968) quanto por Tersariol (1971) é a frase “Placuit nobis facere” ― cuja tradução seria “Agradou-nos fazer” ―, em que aparece o infinitivo simples, impessoal. É possível reestruturar a oração, trocando o infinitivo pelo imperfeito do subjuntivo desde que acrescentando o conectivo adequado: “Placuit nobis ut faceremus”. Concomitantemente, podem-se encontrar construções em que a conjunção não esteja explícita: “Placuit nobis faceremus”.

Com base nisso, o infinitivo flexionado português se formaria a partir de construções desse tipo, como em “prouve nos fazermos”. Tudo isso, incluindo as omissões de conjunções, ainda antes do séc. XIII.

Críticas à teoria do imperfeito do subjuntivo

É fato a semelhança formal entre o imperfeito do subjuntivo e o infinitivo flexionado. Outrossim, a forma nominal e o tempo finito compartilham funções semelhantes na estrutura sintática de muitas orações. Isso é visível em orações finais, por exemplo: “Pugno ut vincerem” e *“Pugno ad vincere” (“Luto para vencer”), e nas substantivas: “Placit ut pugnaret” e “Placit pugnare” (“Agrada-lhe lutar”).

Contudo, há insuficiências ao se afirmar que o infinitivo flexionado seja uma continuação do imperfeito o subjuntivo, e até mesmo de que este tenha sobrevivido tanto na língua portuguesa.

Segundo Maurer Jr. (1968), não se pode inferir espontaneidade linguística popular a partir de diplomas medievais, pois a linguagem escrita, ainda mais a erudita, não ratifica a sobrevivência de uma determinada forma na modalidade oral. Os textos analisados por J. M. Rodrigues estão repletos de latinismos cultos, como superlativos, particípio futuro, além de vocabulário arcaico já para a época em que fora escrito.

Além disso, mesmo textos escritos então em latim, do tipo “Placuit nobis ut vinderemus”, não encontram repercussão vernácula do tipo “Prougue-nos que vendermos”, e ainda menos com o verbo prazer. Se se considerarem indistintamente os escritos, poder-se-á concluir que em outros pontos da România houve a sobrevivência do imperfeito do subjuntivo. Também textos da Gália registram usos da forma antiga do imperfeito.

Mesmo em relação ao português, ao qual se tem referido a conservação do imperfeito do subjuntivo, Maurer Jr. (1968) considera incomum e tardia a ocorrência dessa forma verbal nos textos. O autor considera, ainda, uma “idiossincrasia de alguns escritores, antes de um fenômeno geral da língua portuguesa em sua face mais antiga” (p. 24).

O mesmo autor chega a duvidar da classificação dada ao verbo de muitas orações oferecidas como exemplo. A distância entre a conjunção e o verbo demonstraria que ele é já uma forma de infinitivo, uma vez que o imperfeito do subjuntivo vernáculo (antigo mais-que-perfeito latino ― como já se expôs) encontra-se sempre imediatamente após a conjunção, nos casos em que é usado. Não dependendo de conjunção, a forma nominal é geralmente regida por preposição, como acontece nos exemplos encontrados.

Dessa forma, conclui-se que o suposto imperfeito do subjuntivo não existiu em português. O “pseudo-subjuntivo”, como ele chama, “coordenado a uma forma finita normal da língua, não raro vem expressamente regido de preposição, eliminando toda a dúvida quanto à sua natureza nominal (de infinitivo)”. É o que ocorre na frase “A raĩa... nom quedava de fazer doo por Lançalot que nom dissesse algũa vez...”, em que há o “pseudo-subjuntivo” regido da preposição de e um verbo, este sim, no imperfeito do subjuntivo vernáculo acompanhado da conjunção que.

Ainda assim, muitos dos ques encontrados não passavam de meros expletivos iniciadores de oração. Além disso, em outras línguas é possível encontrar uma construção com um infinitivo (invariável)

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coordenado a uma forma finita.Uma das observações mais graves contra a teoria exposta é que o suposto imperfeito do

subjuntivo não foi encontrado empregando suas funções peculiares, mas apenas nas construções em que a língua admite o uso do infinitivo. Por exemplo, não há registro de construção do tipo “se nós vermos” equivalendo a “se nós víssemos”. Além disso, se por um lado se afirma ter surgido a flexão do infinitivo a partir a omissão da conjunção ut em determinadas construções, por outro esse fenômeno era muito raro.

Não se nega que o imperfeito do subjuntivo tenha perdurado consideravelmente na língua portuguesa, em relação às outras línguas, e, por isso, Maurer Jr. (1968) focaliza sua análise crítica nos casos apresentados pelos defensores da teoria até aqui analisada, isto é, casos em que o imperfeito é posto como análogo ao infinitivo.

Em um capítulo à parte, o autor estuda como a sintaxe do infinitivo flexionado é incompatível com o imperfeito do subjuntivo, dada a dificuldade morfológica de diferenciação. Voltando ao caso da elipse da conjunção ut, o filólogo assegura que os casos em que essa omissão é permitida não correspondem ao emprego do infinitivo flexionado. Aliás, esse fenômeno nem é fruto da língua portuguesa; antes remete ao latim arcaico e se projeta por toda a história. Além de ser comum nas línguas românicas, a omissão ocorre na maioria dos casos em orações substantivas com verbos volitivos, ou seja, construções que não aceitam infinitivo flexionado. Se assim fosse, seriam aceitáveis as seguintes traduções do latim: “Jubeo faceres” para “Ordeno fazeres”, ou “Rogaverunt venirent” para “Pediram virem”. Diga-se de passagem, outras línguas aceitam essa construção, no caso com infinitivo invariável. O autor exemplifica com a frase francesa “Je lui dirai de venir demain” (p. 53).

O infinitivo flexionado corresponderia, no uso, exatamente ao infinitivo invariável, apenas com a diferenciação de contar com um sujeito eminente. Ao contrário, o imperfeito do subjuntivo não compreendia todas as funções do infinitivo, de modo que a substituição se tornasse impossível em alguns casos. Com isso, atualmente, há usos do infinitivo flexionado que não se apoiam nos usos do imperfeito do subjuntivo. Aliás, quanto mais se volta para o passado, mais se torna possível distanciar o subjuntivo da forma nominal. Também as orações adverbiais admitem o infinitivo em muitos casos, enquanto em latim eram raras as possibilidades com o imperfeito.

Finalmente, várias são as ocorrências atuais de flexão do infinitivo que não se encontram na língua antiga, isso em casos em que o infinitivo corresponderia ao subjuntivo, como em: a) oração completiva de verbo de petição, com ou sem a preposição para (“Pediram para tu falares”, “Disse-nos para sairmos”); b) infinitivo ligado a objeto direto ou sujeito dos verbos ver, ouvir, sentir, mandar, fazer, deixar (“Viu-os sair”, “Fê-las calar”, “Deixou-nos comer”); c) verbos transitivos com infinitivo flexionado, como proibir, autorizar, animar, obrigar, impedir, ensinar, convidar, estimular, forçar, coagir, costumar, dispensar etc. (“Animou os alunos a estudar/estudarem”, “Forçou-nos a comer/comermos”, “Ensinou as crianças a falar/falarem”).

Com essas explanações, conclui Maurer Jr. que existem dificuldades muito relevantes de se considerar o infinitivo flexionado português uma extensão do imperfeito do subjuntivo latino. Com isso, faz-se necessário analisar a segunda teoria que permeia a origem desse fenômeno lusitano.

A teoria da flexão do infinitivo

A segunda teoria que explica a origem do infinitivo flexionado português é defendida por muitos romanistas antigos e modernos. Basicamente, essa teoria prega que o próprio infinitivo, outrora invariável, passou a receber índices foneticamente explícitos de sua pessoalidade. Sendo assim, não é em outro paradigma verbal que se encontra a procedência dessa nova forma nominal, como prega a teoria do imperfeito do subjuntivo.

No entanto, antes de entrar em questões morfológicas de desinências, convém comentar o caráter semântico finito ― ou “semifinito”, como propõe Maurer Jr. (1968) ― que o infinitivo passou a ter.

A flexão desse idiotismo português é explicada por muitos por se tratar, antes de tudo, de um infinitivo pessoal. Leia-se a definição para infinitivo extraída do Dicionário Houaiss (2001): “Forma nominal do verbo que nomeia uma ação ou estado, mas que é neutra quanto às suas categorias gramaticais

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tradicionais, ou seja, tempo, modo, aspecto, número, pessoa.” Isso a princípio, pois na evolução da língua o infinitivo perdeu seu caráter neutro em alguns contextos, passando a admitir sujeito próprio no nominativo. Vale lembrar que essa pessoalidade do infinitivo é comum em muitas línguas românicas (embora ela não seja expressa), como nos dialetos italianos do sul, no sardo, no francês medieval, no romeno e no espanhol. Contudo, foi nas línguas portuguesa e galega que essa característica vigorou mais forte.

Inicialmente, houve a teoria de que as desinências começaram na primeira e na segunda pessoa do plural, por uma substituição do pronome pessoal reto pelo sufixo. Assim, a frase com verbo impessoal “Ter saúde é bom” ― citada por Maurer Jr. (1968) e Tersariol (1971) ― poderia ter recebido pessoalidade ao explicitar um sujeito: “Ter eu/ele saúde é bom”. Com isso, estender-se-ia para outras pessoas, de modo que se criassem as construções “Termos nós saúde é bom” e “Terdes vós saúde é bom”. Percebe-se que, por analogia com as formas do futuro do subjuntivo português, a flexão se prolonga às outras pessoas. Dessa teoria, o mais interessante e positivo é notar que o verbo na forma nominal é pessoal.

Para Maurer Jr. (1968), a pessoalidade do infinitivo é a chave, além da origem, também das regras de uso: “Apesar de toda a aparente complexidade de regras do seu emprego, em última instância, tudo se reduz a esta regra simples e transparente: o infinitivo é flexionado quando tem sujeito.”

Difícil de determinar é o marco de origem da flexão. O filólogo supracitado acredita que seja uma criação do latim vulgar, o que explicaria o uso abundante na época medieval. Foi no latim vulgar que houve ascensão do uso do infinitivo regido de preposição, e isso está intimamente ligado com a pessoalidade dessa forma nominal, visto que, por motivo de clareza, o infinitivo preposicionado tem maior necessidade de se explicitar o sujeito. Não é coincidência que, comparado a outras línguas, o português seja bastante tolerável quanto ao leque de preposições permitidas ao lado de um infinitivo, a saber, para ser (finalidade), por ser (causa), com/ apesar de ser (concessão), a ser (condição), até/ antes de/ depois de/ ao ser (tempo) etc.

Enfim, uma vez contendo um sujeito, o infinitivo torna-se pessoal, aproximando-se semanticamente aos verbos finitos. Em seguida, como se “seguindo no embalo”, a aproximação semântica causou também uma aproximação morfológica. É aí que entra em cena o futuro do subjuntivo, pois há total coincidência entre esse tempo verbal e o infinitivo flexionado nos verbos regulares.

Tersariol (1971), ao refutar esta teoria, observa a dificuldade na similitude dos verbos irregulares. O verbo ver, por exemplo, encerra no futuro do subjuntivo as formas vir, vires, vir, virmos, virdes, virem; já seu infinitivo flexionado segue a regra geral: ver, veres, ver, vermos, verdes, verem. O anômalo verbo ser conta com radicais diferentes em cada caso. No futuro do subjuntivo é for, fores, for, formos, fordes, forem; e no infinitivo flexionado, segue a regra: ser, seres, ser, sermos, serdes, serem.

Quanto a tal senão, único apresentado pelo autor para negar a segunda teoria, é certo que ele não a invalida, pois o futuro do subjuntivo é aqui introduzido como uma fonte de influência para a flexão do infinitivo, e não seu tempo primitivo, que lhe emprestaria as formas. Além disso, a abundância da regularidade com suas formas idênticas não poderia ser abalada pelos pouquíssimos casos de exceção.

Afinal, o infinitivo flexionado origina-se do próprio infinitivo. Caso parecido ocorreu com o gerúndio no uso popular de Algarve. Uma vez tornando-se pessoal, até mesmo essa forma nominal recebeu desinências em alguns contextos. Citado por Maurer Jr. (1968), J. J. Nunes4 apresenta a seguinte construção: “Em tu vindos”. Cita ainda a ocorrência de “ganhando-mos” e “saindo-mos”. Essas ocorrências ― ao lado de registros do particípio presente flexionado ― corroboram a flexão como consequência da pessoalidade.

Convém agora analisar um dialeto que apresenta, nos séculos XV e XVI, casos de infinitivo flexionado, o napolitano, do Sul da Itália. Considerando as datas, percebe-se que a flexão ocorreu tardiamente, de modo se torna impossível pensar em influências do extinto imperfeito do subjuntivo do latim. Além disso, observa-se que o infinitivo flexionado não foi regrado em sua limitada existência. As duas formas, flexionadas e invariáveis, ocorrem indistinta e concomitantemente, o que comprova o fato de ser o próprio infinitivo em todos os casos.

4 NUNES, J. J. Digressões Lexicológicas. Lisboa: Livraria Clássica, 1928.

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Resta, então, apenas uma pergunta: por que só o português herdou a forma flexionada do infinitivo? Primeiramente, é sabido que a linguagem é imprevisível e, muitas vezes, torna-se incapaz de explicar certos fenômenos subjetivos de um determinado grupo ou espaço linguístico. Por isso, Maurer Jr. (1968) afirma que essa explicação não pode ser vista como indispensável. Apenas se pode expor que o infinitivo possuiu, na história da evolução, maior vigor na aquisição de pessoalidade. Junte-se a isso as semelhanças com o futuro do subjuntivo, e ― por que não aliar? ― também com o latino imperfeito do subjuntivo. Por fim, o espanhol, que também conta com infinitivo pessoal, mas invariável, pode não ter sofrido essas influências por formas de outros tempos, já que o futuro do subjuntivo nessa língua é diferente do infinitivo.

Usos do infinitivo invariável e do flexionado

Muito se tem escrito a respeito das normas que delimitariam os usos do infinitivo. Cunha & Cintra (2001) acreditam que “o emprego das formas flexionada e não flexionada do infinitivo é uma das questões mais controvertidas da sintaxe portuguesa” (p. 485). Explicam também que os sucessivos fracassos das tentativas de normatização se devem ao fato de os escritores da literatura de língua portuguesa terem se pautado mais na estilística da composição do que na lógica sintática. Por isso, os mesmos gramáticos propõem que não se deva falar em regras para a flexão do infinito, mas antes em tendências.

Vejamos um histórico das tentativas de sistematização dos usos do infinitivo.Em 1803, o gramático Soares Barbosa publica sua obra Gramática Filosófica da Língua

Portuguesa, onde apresenta um esquema para a flexão do infinitivo. Diz o autor que deve se flexionar o infinitivo toda vez que o seu sujeito for distinto do sujeito do verbo regente. Outrossim, infinitivo com mesmo sujeito de seu verbo regente deve permanecer invariável.

Essa regra explica as construções: “Tu queres ir” ou “Nós queremos ir”. O mesmo autor conclui, com isso, que Camões errou ao escrever n’Os Lusíadas: “E folgarás de veres a polícia” e “Não te espantes/ De a Baco nos teus reinos receberes”.

A segunda regra que Barbosa apresenta é a de que o infinitivo deve permanecer não flexionado quando a significação do verbo se aplica a um sujeito qualquer, sem determinação. Nesse caso, o infinito comporta-se como um verdadeiro substantivo, como em “Amar é viver”; ou em “Eles não querem ir”, onde o infinitivo funciona como complemento objetivo de outro verbo; e também em “Entre ir e ficar, preferimos ficar”, onde o infinitivo está precedido de preposição.

O autor ainda completa que, para evitar interpretações indesejáveis, o infinitivo deve flexionar-se, como em “Prefiro irmos embora”, além das situações em que a oração perde seu sentido abstrato e ganha valor pessoal, e apresenta o seguinte exemplo: “O louvares-me tu me causa novidade”.

Maurer Jr. (1968), após admitir os méritos do gramático, contesta pontos considerados obscuros, redundantes ou contraditórios. A expressão do tipo “tu queres ir” não possuiria dois sujeitos, pois para Maurer Jr. trata-se de uma locução verbal. Contra as regras de Soares Barbosa o autor faz outras objeções, que não nos apraz comentar por se tratar de implicâncias secundárias.

Frederico Diez, mais preocupado em descrever do que em criar regras, apresenta um princípio geral de que a flexão só ocorre quando é possível transformar a construção infinita em uma finita. Isso porque, sendo pessoal (e consequentemente flexionado na maioria dos casos), o infinitivo perde sua indefinição, comportando-se como um modo finito. É o caso de “Eles pediram para ficarmos aqui”, que pode ser transformada em “Eles pediram que ficássemos aqui”. O autor justifica que, se o infinitivo pode assumir uma forma analítica, é porque a relação de dependência do infinitivo ao verbo regente se afrouxou, podendo aquele exercer sua pessoalidade.

O problema é que essa regra também não abrange todas as possibilidades da língua, além de, assim como a de Soares Barbosa, não diferenciar os usos obrigatórios dos facultativos.

Emprego obrigatório do infinitivo invariável

Vejamos o que se diz modernamente a respeito dos usos dessa forma nominal.

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Já Dias (1918) afirmou que se podem dividir os usos do infinitivo em três casos: o do infinitivo obrigatoriamente flexionado, o do infinitivo irrefutavelmente invariável e os casos facultativos, pautados estes sempre em questões de estilo, de clareza, ênfase ou eufonia.

Maurer Jr. (1968) apresenta, em seu estudo sobre o infinito flexionado português, três regras básicas para o emprego dessa forma nominal. Também outros autores se empenharam em construir ora quadros de tendências, ora regras fixas, baseados nos usos mais fortes em nossa língua. Basear-nos-emos, além do referido autor, em Abreu (2003), Cunha e Cintra (2001) e Tersariol (1971).

Esquematicamente, podemos afirmar que o infinitivo não flexionado tende a ser usado quando é intensa sua impessoalidade. Com isso, o processo verbal é generalizado. Assim, o infinitivo permanece invariável:

a) quando não se aplica a nenhum sujeito, apresentando-se de modo independente:“Querer é poder.”“Onde encontrar ajuda neste local?”“Praticar esportes faz bem à saúde.”

b) quando tem valor de imperativo:“Se ele ameaçar perigo, prendê-lo.”“Desistir, nunca!”“Não cobiçar a mulher do próximo.”

c) quando corresponde em latim ao supino em -u5 ou ao infinitivo passivo, isto é,quando prende-se a certos adjetivos, substantivos ou verbos, geralmente por preposição, com função de complemento nominal6:

“Estes desenhos são fáceis de pintar.”“Os alunos escreveram textos impossíveis de ler.”“Havia doces a saborear.”“Havia dificuldades que superar.”

Abreu (2003) acrescenta a seguinte regra:d) quando está em uma oração final com mesmo sujeito da oração principal:

“As mulheres aproximaram-se para ver o desfile.”“Pega estas coisas para levar contigo.”“Lutamos muito para vencer.”

Emprego obrigatório do infinitivo flexionado

O emprego da forma flexionada está relacionado ao fato de o infinitivo ser pessoal e contar com um sujeito próprio, idêntico ou não ao do verbo regente. Ele, o sujeito, não necessita vir explícito. Assim, o infinitivo se flexiona:

a) quando possui explícito o sujeito7:

5 Para Almeida (2000), o supino latino em -u “tem significado passivo; indica também finalidade, mas se emprega em certos adjetivos: res facǐlis dictu = coisa fácil para ser dita, coisa fácil de dizer. (...) O significado é sempre passivo” (p. 206).6 Tersariol (1971) apresenta uma regra similar: “Quando, regido da preposição de, equivaler a um adjetivo. Exemplo: ‘Aqui há quadros de admirar (admiráveis)’” (p. 171). Maurer Jr. (1968) acrescenta que, acrescentando-se o verbo ser (com valor passivo) ou uma partícula apassivadora ao infinitivo, ele se pessoaliza, e na maioria das vezes se flexiona: “Estes desenhos são fáceis de se pintarem/serem pintados”, “impossíveis de se lerem/serem lidos”.7 Embora Maurer Jr. não admita, a maior aplicabilidade desta regra se faz com sujeitos diferentes, remetendo a Soares Barbosa. No entanto, há casos em que a presença marcada do sujeito faz flexionar o infinitivo, mesmo sendo

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“Está cedo para vocês irem embora.”“Peço que tu venhas imediatamente.”

b) quando tem um sujeito não expresso no contexto, de modo que a desinência é que o apresentará8:

“Convém chegarmos cedo.”“É preciso acabares logo o serviço.”“Nós ficamos satisfeitos por terem vindo.”

c) quando indetermina o sujeito, assumindo a 3ª pessoa do plural:“Eu vi roubarem sua carteira.”“Apesar de ameaçarem tanto, ele não pagou a conta.”

Emprego preferencial do infinitivo invariável

a) Quando o infinitivo faz parte de uma locução verbal e está próximo de seu auxiliar9:“Eles querem sair imediatamente.”“Tu havias de ser um bom homem.”“Nós acabamos de chegar da feira.”

Nesse caso, apenas há flexão do infinitivo em textos antigos ou quando a ênfase exige devido à distância entre o auxiliar e o infinito. Tirante essas exceções, a flexão é bastante estranha, de modo que aconselhamos o uso indiscriminado da forma não flexionada. Eis alguns casos de flexão tolerada:

“Quiseram os policiais, que haviam capturado com muito esforço o bandido, soltarem o patife.”“Enfim, vamos encontrar os convidados, depois de tanta demora das nossas esposas, e desejarmos a eles as boas-vindas.”

b) O mesmo aplica-se a infinito funcionando como complemento de verbo transitivo com mesmo sujeito:

“Eles creram estar obedecendo às leis de trânsito.”“Folgas de saber a notícia?”“Nós nos orgulhamos de aprender com a senhora.”

o mesmo sujeito do verbo regente, como exemplifica Maurer Jr. (1968, p. 146): “Supúnheis terdes sido vós os maiores beneficiados”. Para contrariar Barbosa, diz o autor do exemplo que é inadmissível a forma invariável do verbo ser nesse caso. Nós, contudo, consideramos natural a ausência de flexão e, consequentemente, admissível.8 Consideramos que esta regra vai ao encontro da teoria de Soares Barbosa, pois neste caso os sujeitos do verbo regente e do infinitivo são essencialmente diferentes. Maurer Jr. (1968, p.149) relembra que é comum o infinito não se flexionar quando vem acompanhado de pronome reflexivo. Nós acreditamos que a explicação desse fenômeno seja a clareza que traz ao verbo o reflexivo, tal quais as desinências. Exemplos: “Convém recolher-nos”, “É bom preparar-te”. No entanto, o próprio autor assume que a presença de pronome reflexivo realça a pessoalidade do verbo, podendo incentivar sua flexão. Exemplo: “Juntos vimos florescer as primeiras ilusões, e juntos vimos dissiparem-se as últimas” (Machado de Assis, apud MAURER Jr., 1968, p. 203). Acreditamos que a clareza explica a flexão quando o reflexivo é de terceira pessoa, visto que ele é essencialmente ambíguo (permanecendo da mesma forma para singular e plural).9 Sempre há confusão ao tentar distinguir de um infinito como complemento verbal um infinito como verbo principal de locução. A sutileza que difere essas duas formas não altera os resultados deste estudo, mas é comum encontrar como traço diferencial o fato de a locução verbal formar, juntando todas as partes, uma unidade expressiva. Segundo Maurer Jr. (1968), formam locuções os verbos: “poder, querer, dever, desejar, saber (em expressões como sabe escrever), parecer, ir (por exemplo: vamos sair), deixar de, cessar de, começar a, acabar de, andar a, haver de, ter de, etc.” (p. 110), além de: esperar, costumar, decidir, ousar, pretender, procurar, tencionar, tentar, estar a, estar para, ter que (p.165). Para Luft (1996), frases como “Quero dormir” não constituem locução verbal, mas período composto.

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A observação aqui é mesma que se faz do item anterior. Exemplos:“Eles prometeram, em uma situação tão pomposa que me comoveu, lutarem pela honra da família.”“Eles mereciam, ao invés das condecorações pelas boas ações atribuídas a eles, sofrerem as punições pelo mal que fizeram.”

c) Quando o infinitivo vem regido das preposições a ou sem, com valor de gerúndio e/ou de adjunto adverbial10:

“Os filhos andavam a gritar uns com os outros.”“As pessoas correm sem cessar durante a semana.”

Nesse item há um caso especial citado por Maurer Jr. (1968) e Cunha & Cintra (2001), o chamado infinitivo narrativo11. Trata-se do uso dessa forma verbal em frases nominais com caráter afetivo, com sentido narrativo ou descritivo.

“Nós aqui estudando. E os políticos a cobrar impostos!”“Anoiteceu e eles sem dar sinal de vida nem mandarem um recado.”12

d) Quando o infinitivo é preposicionado e serve de complemento para um nome, cujo agente é conhecido no contexto ou indicado pelo nome13.

“Nós sentimos a necessidade de ser esforçados.”“Os cães estavam desejosos de receber ração.”“O professor dava gritos de ensurdecer os alunos.”

e) Quando o infinitivo vem subordinado em construções de valor interrogativo-deliberativo14, subordinadas ou independentes, assim como orações com o pronome o seguido de oração adjetiva restritiva com infinitivo, como “ter o que fazer” e semelhantes:

“Eles esqueceram o que falar.”“Disseram-nos por que fazer aquilo.”“Tu não sabes onde buscar água.”

Emprego preferencial do infinitivo flexionado

a) Quando o infinitivo vem anteposto ao verbo regente:“Visto existirem muitas, as uvas caíam ao chão como chuva.”“Ao chegarmos, nós nos apresentamos.”

b) Quando o infinitivo é regido por outra forma nominal do verbo (principalmente gerúndio); visto que ela não exprime pessoalidade, o infinitivo recebe esse cargo:

“Os meninos estavam conversando em voz baixa, para não serem repreendidos pela mãe.”“Imaginando conquistarem os eleitores, os políticos têm certeza de sua eloquência.”

10 Cunha e Cintra (2001) e Abreu (2003) inserem esta regra entre as de uso irrestrito de infinitivo não flexionado. Este autor também reforça o caráter impessoal de orações subordinadas modais, como em: “Eles conversavam sem parar” e “Eles assistiram ao filme sem pestanejar”.11 Vale ressaltar que Cunha e Cintra inserem este caso como regra à parte e entre as de uso irrestrito do infinitivo não flexionado.12 A distância do segundo infinitivo facilitou a flexão neste caso.13 Excetuam-se desta regra os adjetivos do supino latino terminado em -u. A flexão neste item é mais comum do que nos outros.14 Ver nota 3.

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Também a distância entre o infinitivo e seu regente favorece a flexão daquele, como já se viu na primeira regra do emprego preferencial do infinitivo não flexionado. Isso se aplica também quando há mais de um infinitivo subordinado a um único termo15.

“Os pássaros pareciam cantar em homenagem a seu contentamento e voarem a louvor de sua liberdade.”“Vamos, depois que todos tiverem feito suas tarefas, passearmos na avenida.”

c) Quando o infinitivo constitui uma oração adverbial reduzida:“Ele quer que tu fiques, a fim de ajudá-lo.”“Nós terminamos cedo o serviço, por conseguir ajuda de outros.”

Casos especiais

a) Infinito com auxiliares causativos (deixar, ordenar, mandar, fazer e semelhantes) ou sensitivos (ver, ouvir, sentir e semelhantes) e outros modernos como esperar ― há duas possibilidades16:

I. emprega-se o infinitivo invariável quando o complemento do verbo é um pronome, ou quando, sendo um sintagma nominal, vem posposto ao infinitivo.

“Deixou-nos comprar mais livros.”“O padre ordenou sair os coroinhas.”

II. emprega-se o infinitivo flexionado quando o complemento do verbo é um sintagma nominal anteposto ao infinitivo17.

“O rapaz sentiu as pernas tremerem.”“Vi tu entrares na loja.”

b) Na construção com o verbo parecer + infinito, ou quando o verbo regente está na voz passiva sintética, há também duas possibilidades:

I. flexiona-se o verbo parecer ou o regente passivo, ficando invariável o infinitivo:“As crianças parecem renascer toda manhã.”“Viam-se crescer as flores do jardim.”

II. O verbo parecer ou o regente passivo não se flexiona, mas sim o infinitivo:“As crianças parecia renascerem toda manhã.”“Via-se crescerem as flores do jardim.”

c) Quando o infinito vem preposicionado e serve como complemento verbal, referindo-se ao objeto (ou ao sujeito, quando é voz passiva)18, há tênue preferência pela forma invariável quando

15 Isso não significa que faltem na literatura exemplos de infinitivos coordenados, sendo que apenas o primeiro tenha sofrido flexão. Esses fatos é que dificultam a sistematização do uso do infinitivo flexionado, levando cada vez mais à conclusão de que a clareza e o estilo falam muito mais alto do que regras gramaticais.16 Abreu (2003) explica que esse fenômeno se deve a “uma particularidade dos verbos factivos e sensitivos que não exigem, em sua regência, uma preposição, quando há deslocamento do sujeito de uma oração subordinada para a oração principal, ao contrário dos outros verbos, como impedir” (p.192). Se trocarmos o verbo do exemplo acima, surge a preposição: “Impediu-nos de comprar mais livros”. O autor explica que o sujeito de comprar deteve-se à oração principal, o que impede a flexão do infinito.17 Maurer Jr. (1968) relembra que essa construção é moderna, uma vez que na língua arcaica raramente o substantivo precedia o infinitivo, e ainda nesses casos não havia flexão (p. 174). Acreditamos que atualmente o uso está bastante difundido, havendo comumente flexão inclusive quando o sintagma nominal vem posposto ao infinitivo.18 Maurer Jr. (1968) apresenta os seguintes verbos para este caso: “abster-se, acoroçoar, aconselhar, acusar, admoestar, ajudar, animar, autorizar, coagir, concitar, constranger, convidar, convencer, compelir, decidir,

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se prende a um pronome pessoal.“O professor ensinou os alunos a medirem (ou medir) volumes.”“Suas ações nos constrangeram a comentar (ou comentarmos) o ato.”

Esse item vai de encontro às palavras de Abreu (2003), que não aceita a forma flexionada para essas situações. Veja-se a respeito a nota 16 desta análise, ou leiam-se da obra do autor as pp. 191 a 193.

Considerações finais

A língua é um organismo vivo e em constante mutação. Essa característica é responsável pelas divergências diacrônicas da preferência pela flexão ou não do infinitivo. Sem deixar de lado a história da língua, este trabalho objetivou apresentar as tendências atuais do uso do infinitivo, mas sem desconsiderar o que a boa literatura de língua portuguesa nos legou ao longo dos tempos.

Como se viu, a temática abordada neste estudo é ainda muito discutida, e não raro nomes importantes da ciência da linguagem entram em atrito, geralmente porque cada qual observa o mesmo fato por prismas diferentes, de modo que um se sobrepõe às falhas de outro, mas geralmente deixando abertas outras lacunas. É necessário atentar para os diferentes pontos de vista, para que se consiga criar uma visão ampla do objeto de estudo, e assim reformular os conceitos, interligando-os.

Por meio de uma discussão acerca da origem do infinitivo flexionado, puderam-se buscar não apenas as causas dessa existência, mas também as funções que ele desempenha na linguagem, de acordo com as necessidades que incutiram os falantes a modificar, em um acordo tácito, o sistema que utilizavam na comunicação. Além disso, tratando-se de tendências e não de regras, evitaram-se as várias omissões que o radicalismo das normas inevitavelmente comete.

Espera-se que, com esse estudo, tenha-se conseguido construir um quadro geral acerca do idiotismo português que muitas vezes cria insegurança nos usuários da língua, mais pela permissividade dele do que por suas exigências.

Referências

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BESSELAAR, José Van D. Propylaeum latinum. Vol. 1. São Paulo: Herder, 1960.

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HOUAISS, Antônio. Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa. Versão 1.0. Objetiva, 2001.

LUFT, Celso P. Dicionário gramatical da língua portuguesa. Porto Alegre: Globo, 1966.

destinar, encorajar, encarregar, ensinar, estimular, exortar, forçar, habilitar, habituar, impelir, incitar, incumbir, induzir, levar, mover, obrigar, persuadir, privar, dizer, proibir, tolher etc.” (p.185).

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___________. Dicionário prático de regência verbal. São Paulo: Ática, 1996;

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TERSARIOL, Alpheu. Origem da língua portuguesa. 15ª ed. São Paulo: Lisa, 1971.