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Eixo: Intelectuais e Estudos Biográficos da Educação INDÍCIOS E TRAMAS DE UM ARQUIVO PESSOAL: ODILON ALVES PEDROSA E A CIRCULAÇÃO DA MILITÂNCIA CATÓLICA NO UNIVERSO INSTRUCIONAL LUSO-BRASILEIRO (1926-1927). Ramsés Nunes e Silva 1 Resumo: O chamado bom combate, a que faz alusão Odilon Alves Pedrosa, intelectual e religioso pernambucano, formado na Pia Universidade Gregoriana em Roma, remete a um estado de espírito ou certa tentativa de recatolicização da sociedade brasileira. Quando não, a uma postura combativa imantada àquela geração de estudantes da qual fazia parte. Geração, enviada a Europa em missão, por ocasião de uma ofensiva construída pelos Bispos que assinaram no Brasil, diversas cartas pastorais, a partir de 1890. Cartas que, invariavelmente, propunham a resistência católica a toda e qualquer, assim chamada, disfunção instrucional que pudesse ameaçar o ethos católico, nas mais diversas instâncias. Nossa pesquisa, fruto de uma investigação de pós-doutoramento, junto a Universidade do Minho, realizada no ano de 2015, se lança a descortinar a trajetória de um intelectual brasileiro que teve seu cabedal de referências intelectuais, cimentados a partir de leituras dos clássicos da literatura militante portuguesa. A investigação, lançada sobre sua biblioteca particular, seus diários de viagem e documentos manuscritos, de variada tipologia, proporcionou a possibilidade de descortinar sua trajetória enquanto estudante seminarista em Olinda, correspondente militante em Roma, e finalmente doutor em direito canônico, a atuar como professor em Nazaré da Mata (PE), Campina Grande e João Pessoa(PB). Ao mesmo tempo, nossas inquirições se debruçam sobre pautas combativas, em que imergiu Odilon Alves, instigadas desde a Itália, e na visita realizada a Portugal em 1927, quando da leitura, e fundamentação ultramontana, em língua portuguesa. Ponto nevrálgico na circulação de modelos instrucionais e também na construção de leituras do catolicismo, e da instrução confessional, a serem defendidas e vivenciadas em Pernambuco e na Paraíba dos anos 1920 e 1930. Aspectos identificáveis na massa documental investigada. Sua trajetória de militância, como jornalista, educador e padre, junto a diversos periódicos católicos, em ambos os estados, durante os anos 1920 e 1930, repercutiria como uma das principais ações intelectuais a proporem uma instrução católica que pudesse adequar-se pelo combate, às novas demandas modernizantes. Parte significativas delas, advindas das reformas republicanas, do avanço do protestantismo e de modelos não católicos de instrução. Palavras-chave: Intelectual, Educação confessional, Militância; 1 Ramsés Nunes e Silva, Universidade Estadual da Paraíba, Paraíba, Brasil. E-mail: [email protected]

INDÍCIOS E TRAMAS DE UM ARQUIVO PESSOAL: ODILON … · fenômeno religioso e político, e, de forma contundente, a afirmação do modelo instrucional católico. Naqueles idos de

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Eixo: Intelectuais e Estudos Biográficos da Educação

INDÍCIOS E TRAMAS DE UM ARQUIVO PESSOAL: ODILON

ALVES PEDROSA E A CIRCULAÇÃO DA MILITÂNCIA

CATÓLICA NO UNIVERSO INSTRUCIONAL LUSO-BRASILEIRO

(1926-1927).

Ramsés Nunes e Silva1

Resumo: O chamado bom combate, a que faz alusão Odilon Alves Pedrosa, intelectual e

religioso pernambucano, formado na Pia Universidade Gregoriana em Roma, remete a

um estado de espírito ou certa tentativa de recatolicização da sociedade brasileira.

Quando não, a uma postura combativa imantada àquela geração de estudantes da qual

fazia parte. Geração, enviada a Europa em missão, por ocasião de uma ofensiva construída

pelos Bispos que assinaram no Brasil, diversas cartas pastorais, a partir de 1890. Cartas

que, invariavelmente, propunham a resistência católica a toda e qualquer, assim chamada,

disfunção instrucional que pudesse ameaçar o ethos católico, nas mais diversas

instâncias. Nossa pesquisa, fruto de uma investigação de pós-doutoramento, junto a

Universidade do Minho, realizada no ano de 2015, se lança a descortinar a trajetória de

um intelectual brasileiro que teve seu cabedal de referências intelectuais, cimentados a

partir de leituras dos clássicos da literatura militante portuguesa. A investigação, lançada

sobre sua biblioteca particular, seus diários de viagem e documentos manuscritos, de

variada tipologia, proporcionou a possibilidade de descortinar sua trajetória enquanto

estudante seminarista em Olinda, correspondente militante em Roma, e finalmente doutor

em direito canônico, a atuar como professor em Nazaré da Mata (PE), Campina Grande

e João Pessoa(PB). Ao mesmo tempo, nossas inquirições se debruçam sobre pautas

combativas, em que imergiu Odilon Alves, instigadas desde a Itália, e na visita realizada

a Portugal em 1927, quando da leitura, e fundamentação ultramontana, em língua

portuguesa. Ponto nevrálgico na circulação de modelos instrucionais e também na

construção de leituras do catolicismo, e da instrução confessional, a serem defendidas e

vivenciadas em Pernambuco e na Paraíba dos anos 1920 e 1930. Aspectos identificáveis

na massa documental investigada. Sua trajetória de militância, como jornalista, educador

e padre, junto a diversos periódicos católicos, em ambos os estados, durante os anos 1920

e 1930, repercutiria como uma das principais ações intelectuais a proporem uma instrução

católica que pudesse adequar-se pelo combate, às novas demandas modernizantes. Parte

significativas delas, advindas das reformas republicanas, do avanço do protestantismo e

de modelos não católicos de instrução.

Palavras-chave: Intelectual, Educação confessional, Militância;

1 Ramsés Nunes e Silva, Universidade Estadual da Paraíba, Paraíba, Brasil. E-mail: [email protected]

Introdução

A construção de outros signos, quiçá de sociabilidades, para certo pertencimento ao

mundo escolar, ou para a transmissão nele de capitais culturais específicos, a repercutirem

como trâmite, ou demanda contemporânea na fechadura do Oitocentos, se deu de forma

tensa (MARRAMAO, 1996, p.34). Tanto pela dimensão aparentemente dicotômica dos

universos sagrado e profano, quanto em seu imbricamento ou convergência possíveis.

Tais capitais culturais, nunca é demais lembrar, apresentados no sentido que nos

apresenta Bourdieu (1996, p.34), para pensarmos as querelas discursivas que se

apresentavam em curso, por ocasião da recepção e interpretação dos desígnios assentados

pela Sé romana, para o mundo moderno.

Ainda assim, naquela complexidade de interpretações sobre o devir do progresso,

a atingir a instrução, não foram poucas as resistências, adaptações e as mais profundas

negações recíprocas. Dadas a ler, por uma série de intérpretes da tradição; da

modernidade, do novo e do velho. Todos, dos positivistas franceses aos mais ferrenhos

padres-lentes católicos, a se apresentarem como legítimos benfeitores do tipo de

sociedade que se expandia: laica e dessacralizada (CAMBI, 1997, p-345).

Época na qual, os partícipes do universo cultural escolar se veriam às voltas com outra

dinâmica na tessitura da sociedade. Certamente mais burguesa, cosmopolita e projetora

de discursos modernizantes, a alcançar os dois lados do Atlântico, na faina por seguidores

ou adeptos. Naquela transição, entre os séculos XIX e XX, dimensão cultural e social,

que acabou por produzir toda uma geração de intelectuais católicos (MICELI, 1986,

p.34).

Não foram poucos, os embates constituídos publicamente no trânsito entre os

dois séculos. Naquele que parecia ser um efetivo processo de aceleração modernizante e

no qual setores sociais, os mais diversos, combatiam (NEVES, 2010, p.12-34). Um

diferencial da década de 1910, e nos trinta anos subseqüentes, foi a intensidade dos

postulados missionários orquestrados pelos pontífices. Nos quais se sedimentava certa

necessidade de capacitação de seminaristas, e demais lideranças clericais, para estudarem

na Europa (ZAGHENI,1992, p.12).

É o caso de Odilon Alves Pedrosa, jovem filho das elites pernambucanas 2, a

vivenciar os embates discursivos no Brasil, ainda durante formação inicial no Seminário

de Olinda. Vivenciada entre 1921 e 1925, e na visita pastoral que realizou a Itália e a

Portugal no ano de 1927. Evento que nos desperta o interesse, por ter como consequência

direta o aprofundamento de seu engajamento militante, e a aquisição de uma série de

livros apologéticos, filosóficos e pedagógicos, muitos em língua portuguesa. Parte

considerável deles, usados como fundamento dos embates nos anos seguintes, e que

acabariam em sua biblioteca particular.

De qualquer forma, ainda em Olinda, no início da década de 1920, internado como

seminarista, era leitor assíduo de Jackson de Figueiredo, Senna Freitas e Afonso Amoroso

Lima. É o que atesta a assinatura da revista A Ordem, a principal publicação católica do

centro Dom Vital, e posse de uma série de livros apologéticos, mantidos consigo. Daí

também, a formação de um núcleo de leituras a se fixarem em sua futura biblioteca. Tanto

as que se realizaram na Europa, quanto as que acabaram por formar uma parte de seus

preceitos formativos enquanto seminarista e futuro intelectual engajado.

Especialmente junto a militância, que podemos verificar ter existido naquele

universo -do Seminário de Olinda- a projetar ações, nas quais estavam dísticos pontuais

para estudantes missionários: o alinhamento com os postulados da romanização enquanto

fenômeno religioso e político, e, de forma contundente, a afirmação do modelo

instrucional católico. Naqueles idos de 1927, francamente contrário ao protestante.

2 Nascido em São Vicente Ferrer, Zona da Mata de Pernambuco, no seio de uma família de proprietários,

os Alves Pedrosa, com uma profunda tradição católica, foi encaminhado, desde muito sedo, ao Seminário

de Olinda onde iniciaria seus estudos eclesiásticos.Destacou-se pelo envolvimento nos círculos literários

do seminário e demais atividades discentes, tanto na Europa quanto no Brasil, onde foi editor da Gazeta de

Nazareth e do Jornal A Imprensa. Periódicos católicos de suma importância na militância dos anos 1920 e

1930.

Aspecto marcante na formação do jovem seminarista, e em seus anos de militância

enquanto Padre. Período no qual exerceu liderança, destacando-se no interior de

Pernambuco e Paraíba, como jornalista militante e principalmente educador.

Uma característica, na qual se lançou o jovem Odilon Alves Pedrosa, em comum

acordo com as mentalidades formadas dentro da esfera de leituras, que acumulou nos anos

passados em Roma, imerso na biblioteca do Colégio Pio Latino Americano, e nos dias de

visita a Braga e Porto, na primavera de 1927.

Militância e estudos eclesiásticos

O alistamento, junto à outros jovens estudantes internados no Seminário de Olinda,

para se lançarem a completar os estudos na Europa, acabaria como uma consequência

natural nas pretensões da Cúria para seu “exército eclesiástico”. Exercito formado nos

bancos dos seminários, e também junto às pretensões de realização pessoal.

Particularmente, entre estudantes como Odilon Pedrosa.

Também podemos identificar o clima de missionarismo, que tomava o universo

católico, tanto para a chegada no Brasil de padres estrangeiros e congregações a partir da

patronagem, quanto para a ida de estudantes para junto da Sé romana. Doutrinariamente,

inimigos de confissões não-católicas, passariam a frequentar as instituições educacionais

eclesiásticas do Vaticano (MENOZZI, 1989, p-9). Algumas delas, especializadas na

recepção e instrução de Sul americanos, tais como o Colégio Pio Latino Americano.

Colégio fundado em Roma, no ano de 1862, para congregar religiosos oriundos da

América do Sul, tendo como princípio a ajuda na formação intelectual e política de líderes

eclesiásticos católicos. Parte significativa deles, obedecendo a uma lógica de reação

contínua a todo e qualquer possível ameaça, oriunda dos estratos sociais e setores

intelectuais que se fizessem representar a partir de postulados laicistas. Fosse qual fosse,

as circunstâncias e oportunidades oferecidas. O clima, afinal, se mostraria para Odilon

Pedrosa, disciplinado, e de ânimo renovado, quando de sua chegada à cidade eterna.

Roma, particularmente, vivia um novo momento de combatividade junto à

comunidade católica europeia (MARTINA, 1996, p-23). Era uma cidade, tomada por uma

grande quantidade infindável de documentos, debates, e polêmicas publicados nos órgãos

oficiais do estado eclesiástico. Com o devido patrocínio familiar, Odilon Alves Pedrosa

chegaria à Itália em 1924, exatamente num momento de forte retomada de certa

efervescência, contra o universo sócio cultural de outras matrizes religiosas.

Naqueles anos, a efetiva imersão de um grande grupo de seminaristas brasileiros a

beber na fonte da centralização, e de uma ortodoxia no trato com outras confissões seria

contundente. Odilon Pedrosa era um deles. Em maio do ano de 1927, dentro do

cronograma de estudos universitários de Odilon Pedrosa na Universidade Gregoriana, se

apresentaria uma etapa de suma importância na vivência do jovem seminarista como

militante, e como intelectual pernambucano no Velho Mundo. O mundo se alargaria

naqueles meses de verão. Diria o jovem Pedrosa (1986, p-8).

Notadamente, devido a sua experiência pessoal na passagem por França e Portugal.

Este último, de profundo impacto em sua trajetória, haja vista que mantinha fortes laços

com a produção intelectual portuguesa. Dentro de um plano de visitas, projetado pelas

lideranças da Universidade Gregoriana, atrelado ao desempenho. Conforme divulgado no

Bolettino Degli Studanti (1926, p.4), se previa a qualificação de estudantes fora de Roma.

Sempre a partir de visitas denominadas investigativas.

Odilon Pedrosa, e outros padres foram designados já desde o início da primavera

de 1927 para visitarem a França, Espanha e Portugal. Como é destacado no terceiro

número do Bolletino degli Studanti, particularmente junto a possibilidade de visitarem

Portugal:

(…) irmãos da pátria luso-brasileira, ergam o estandartes da luta pelo

catolicismo! Isso é facto: a luta se estende! Irmãos de armas! Tendes a

pena, o terço e a língua de Camões como pátria. Saudações aos irmãos

Pedrosa, Fragoso, Barreto e Freitas (BOLLETTINO DEGGLI

STUDANTI, 1924, p-2).

Movido por um ideal de peregrinação e missionarismo, o mesmo que o havia levado

a Roma, e incluía visitas a santuários e espaços de convívio e de produção intelectual, o

seminarista pernambucano, e mais quatro estudantes da Universidade Gregoriana, se

deslocaram para Lourdes, na França, a partir de Roma. Como diria Odilon Pedrosa, anos

depois: Navegamos de Gênova a Narbonne e dalí para Lourdes de carro. Uma viagem

difícil, mas que renovou nossas preces. Estávamos na presença de Maria e de seus

defensores (DIÁRIO DE VIAGEM, 1927, p-3).

Após a peregrinação no santuário de Lourdes, a segunda etapa da viagem

missionária, se deslocou pela Espanha em direção a São Tiago de Compostela. Embora

tenham estado ali, pouco tempo, devido a complicações e enfermidades entre os

seminaristas. Eles se encontrariam, rapidamente, em direção a Braga e ao Porto, ao Norte

de Portugal. Um desvio no roteiro original, que teria consequências diretas na construção

da biblioteca de fundo portuguesa de Odilon Pedrosa. Como declararia a guisa de

justificativa:

(...) Espanha. Não pudemos ir a Santiago, devido a enfermidades entre

os nossos. Estava muito frio.Assim, era de suma importância contatar

religiosos em Portugal, ainda recentemente proclamada a República,

para entendermos a experiencia de luta pela instrução católica em um

sistema hostil a instituições confessionais Era sabido os sofrimentos dos

párocos portugueses em tempos de laicismo. Deus nos levou a Portugal!

(DIÁRIO DE VAIGEM, 1927, p-10).

Quando da visita pastoral, por via terrestre, a Braga e depois Porto, viria a se

afirmar, por parte de Odilon Pedrosa, o acesso a todo um repertório de leituras. Parte

significativa delas, seriam adquiridas nas livrarias da cidade e na qual se apresentavam

debates de profunda influência na formação do jovem padre. No Diário de Viagem,

Odilon Pedrosa escreve: Sexta Feira. O frio ainda intenso. Pela via férrea chegamos a

Tuy. Vamos a Braga. Deus queira. Para em seguida, completar. Já é tarde e divisamos o

casario barroco de Braga. Terra dos mias valentes clérigos (DIÁRIO DE VIAGEM,

1927, p-12)

Afinal, desembarcavam -a 4 de maio de 1927- num Portugal ainda convulsionado

pelo avanço dos modelos instrucionais escolanovista e laicizante, respetivamente

(CATROGA, 2010, p-49), (NETO, 2011, p.223). Bem como de uma secularização que,

segundo Pintassilgo (2014, p.16), se apresentava intensa, donde era dado estar a própria

noção de “utopia demopédica”, contendo a ideia de um (não) lugar, uma sociedade

outra, em que vigoram leis, regras e valores que permitem a formação de um “homem

novo”.Neste sentido, aos visitantes que se acercavam de Portugal, a partir de Braga,

encontravam um ambiente de conflito no qual a instrução permeava a projeção

republicana portuguesa, por uma dicotomia entre representações societárias muito bem

distintas. O mundo cultural português, de forte representação clerical, se achava

distendido.

O universo cotidiano se secularizava, embora em ritmos e intensidade, distintas.

Posto que: ainda que em cada país acabassem por ser tingidos com cores próprias, de

acordo com os diferentes contextos nacionais e ideologias de Estado (PINTASSILGO,

2011, p.18). Portugal também estaria sob este crivo, onde a República lidaria com

resistências.

De qualquer forma, o homem novo, a que Pintassilgo (2014, p.15-16) remete, se

apresentava para codificar o surgimento de um ser e estar, naquele âmbito de mudanças

significativas, sob outro escrutínio, a partir de novos signos. Neste caso, os republicanos.

Constava assim em Portugal, entre as metas de uma gama maior de intelectuais,

desde 1870, a implantação de práticas, sentidos e representações, nas quais um dos

principais nichos de ocupação, dos espaços de influência, naquela, nova sociedade

republicana, era a escola.

Desde a sua organização que o movimento republicano em Portugal,

através da fundação de centros republicanos, destacou o lugar privilegiado

e estratégico atribuído à educação no seu projeto político. Os centros

deveriam ter “uma ação predominantemente pedagógica, a par da

militância política determinada pelas necessidades da luta eleitoral

(PINTASSILGO, 2014, p.16-17).

A levar em consideração a sucessão de decretos, dispostos em Portugal após 8 de

outubro de 1910, a ferirem gravemente a instrução confessional, se apresentava de forma

contundente nos espaços instrucionais portugueses, senão uma mudança imediata de

“tutoria” daquela sociedade, cuja a Igreja católica era marco de um imbricamento social

e cultural, ao menos um desconforto que tomaria um crescendo, nos anos posteriores.

De forma semelhante a que ocorreu no Brasil, sob liderança de dom Sebastião

Lemme, produziu-se em Portugal documentos oficiais a se colocarem contrários aos

decretos e ao trato da República perante a Sé. Ambiente já reconhecido por Odilon

Pedrosa, e por seus companheiros, desde Pernambuco, e as demandas da militância

católica locais.

Especialmente, nos assuntos que tangenciavam a monopolização de interstícios de

poder. Entre eles, as escolas laicizadas 3. Também a temática da intromissão em certa

intimidade doméstica que não mais cabia a Igreja intermediar, por lei, em Portugal

(PINTASSILGO, 2014, p.17).

Nos anos 1920, as rivalidades ainda estavam muitíssimo longe de serem finalmente

aplainadas, pois como destaca Azzi (1998, p.23), a grande estratégia passava mesmo pelas

ações de re-cristianização da sociedade na qual a escola também era central, e na qual os

jovens padres e seminaristas possuíam um papel de efetiva importância.

Odilon Pedrosa, considerava ter informação dos embates em Portugal, à medida

que ressaltaria a ansiedade pelo contato com intelectuais e textualidades de um

catolicismo que teria passado por discursos que, segundo acreditava, eram ainda mais

radicais do que aqueles que haviam impelido o protagonismo republicano brasileiro.

Comenta em seu Diário: Sábado. A cidade transpira religiosidade. Não faltam igrejas.

Não faltam ladainhas. Nos apinhamos no dormitório da Arquidiocese. Num prédio

medieval, junto ao paço da cidade (DIÁRIO DE VIAGEM, 1927, p-5).

Aquela re-cristianização, entretanto, passava por uma retomada simbólica e

instrumental dos símbolos capturados pelo republicanismo, na sacralização dos signos

positivistas e republicanos no ceio da escola, mormente as proclamações republicanas, no

Brasil e em Portugal.

Todo um significado de perdas para a Igreja criava uma esfera de cumplicidade e

“comunitarismo”, atrelados a inimigos em comum: a secularização e a laicidade. A Igreja

Católica, parecia entender que prescindia de um maior número de padres em contato não

só com intelectuais catedráticos nas instituições escolares, mas com líderes políticos

atuantes de seus quadros. Aqueles mesmos, que haviam se envolvido diretamente com

querelas a nível de protagonismos e no qual os ajustamentos sócio-culturais daquela

instituição, haviam se manifestado resistentes.

É certo, que pelos anos 1920, em Portugal, o trato era com o uso do catolicismo

cívico-religioso, e de muitos sincretismos, dos quais algumas formas de concordatas

ufanistas e patrióticas, davam margem a ajustamentos do catolicismo dentro da realidade

republicana. Aspecto que Odilon Pedrosa já conhecia, e acreditava ser uma fórmula de

3 Em Portugal, pelo decreto de 22 de outubro, declarava-se extinto o ensino da doutrina cristã nas escolas

primárias e normais primárias.

ajustamento ao Estado, proveitosa e prudente. Como reforçaria, no olhar lançado a Braga:

Quarta-Feira (…) Eis aqui o pavilhão português ao lado do estandarte da Arquidiocese.

Nem tudo está perdido (DIÁRIO DE VIAGEM, 1927, p-8). Trato entre o crivo do Estado,

e as possibilidades de barganha, como constava nos livros de Francesco Ogliati. Este

último intelectual, detalhadamente lido no Pio Latino Americano.

Ao mesmo tempo, não era menos verdade que o catolicismo a que se lançavam os

bispos ao Norte de Portugal, e com o qual Odilon Pedrosa tomava contato direto,

almejasse tão só certo enrijecimento para uma recondução a catolicidade.

Manifestação na qual a educação, e o combate a modelos societários não-católicos,

acabava como objetivo a ser alcançado inclusive em Portugal 4. Desde a proclamação da

República, uma série de lideranças clericais portuguesas se colocaram contrárias a

formação da espécie de lastro intervencionista na ordem societária pelo sistema

republicano, assim como também aos desígnios de liberdade civil de culto em Portugal.

Em que pesem, as leis que garantiam judicialmente tal preceito.

Assim, como a toda carga de expansão e fixação de signos da instrução não católica,

proposto por muitas dessas lideranças ultramontanas, em compasso de convergência com

os desígnios da militância pastoral e arcebispal. No qual era substancial a atuação dos

padres nas Arquidioceses, e junto a sociedade civil portuguesa por uma instrução

confessional.

Entre tantas lideranças, segundo Gomes (2008, p-3), um dos bispos que se

apresentaram dos mais atuantes, como expoentes daquela postura era, justamente o que

estava fixado naquele outono de 1927, na cidade de Braga: Manuel Vieira de Matos.

Aquele último, responsável pela frente geral em 1912, formada por uma parte da

intelectualidade católica portuguesa, contra toda e qualquer transformação advinda da

secularização de costumes. Era já célebre sua carta pastoral, publicada naquele ano,

conclamando as famílias da Guarda contra a laicização do Estado (Lida por Odilon

Pedrosa ainda no Seminário de Olinda) Em 1927, Braga, e seu bispo, mantinha-se como

reduto ultramontano. Não podemos ignorar, que presença dos jovens padres brasileiros,

4 No tocante a divulgação de preceitos católicos, o país, em termos de militância jornalística possuía, por

exemplo, no ano da proclamação, segundo o inventário elaborado por Joaquim Azevedo e José Ramos na

revista Lusitânia Sacra, 50 periódicos de fundamentação católica. Aspecto a se considerar quando da

formação de uma vasta rede de divulgação católica em termos proporcionais ao Estado português.

(Lusitânia Sacra 2ª serie, 3 (1991). p-249.

entre os mais aguerridos intelectuais portugueses, a professar a aliança com Roma, tivesse

consequências razoáveis, quando do retorno ao Brasil.

Odilon Pedrosa, tinha viva lembrança do encontro extra-oficial.

No dia 2 de setembro chegamos a sede da Arquidiocese de Braga.Com

meus irmãos conterrâneos de Pernambuco, vinhamos como que a

peregrinar pela Arquidiocese de um dos principais guerreiros da fé em

Portugal. Arauto contra o mundo profano. Sem Deus. Fomos recebidos

mui ardorosamente pelo senhor Bispo Manuel Vieira de Matos, que nos

presenteou com uma série de livros e jornais. Entre eles, alguns do

grande Padre da Igreja portuguesa Senna Freitas. Facto que nos deixou

felizes pois já o tinhamos em grande conta desde o Pio Latino e nossas

sabatinas (DIÁRIO DE VIAGEM, 1927,p-45) 5.

A dinâmica da visita, todavia, não apresentou maior exposição da presença dos

padres brasileiros na Arquidiocese, fato que passou despercebido no Diário do Minho ao

largo do mês setembro de 1927. Naquele outono, a visita dos estudantes-padres da

Universidade Gregoriana tinha outras motivações, nos quais Odilon Pedrosa era

coadjuvante. A visita às oficinas do Diário do Minho, por exemplo, teria funções

didáticas, haja vista ser aquele semanário um dos mais ativos em língua portuguesa.

Naturalmente, as lideranças da Universidade Gregoriana proporcionavam a

inserção dos padres na condição de simulação participativa, no mesmo ambiente

orgânico que esperavam pudessem vivenciar na América, além da modesta vivência nos

textos que produziam no Bolletino di Studanti. Precisavam entretanto, passarem

despercebidos como agentes e missionários estrangeiros.

Em Braga, visitamos a biblioteca do Seminário e a redação do Diário

do Minho. Não estávamos de hábito. Disseram que não seria

necessário. Era importante evitarmos alardear na imprensa local

nossa presença. Dali, percebemos o cuidado com que sua excelência

o bispo tinha para com a contratação de professores, cousa que

vimos ao assistir uma evocação feita por sua reverendíssima

santidade aos jovens seminaristas, cheia de erudição, como homem

santo, dado pelo espirito dos grandes líderes. Ali, evocou nossa

missão de clérigos, e a necessidade de fibra naqueles tempos.

5 Segundo Odilon Pedrosa, em seu Diário de Estudante em Roma, no adendo Diário de Viagem, cópias da

Carta Pastoral, encaminhada ao jornal A Guarda, pelo Arcebispo Manuel Vieira de Matos, foram estudadas

como modelo de pastoral combativa na Universidade Gregoriana em Roma. Mais especificamente pela

Associação Literária Beato Ignácio de Azevedo.

Ouvimos em silêncio sobre o papel social da Igreja como pedra

angular da nova sociedade. Sentimos orgulho (DIÁRIO DE

VIAGEM, 1927, p.49-50).

Já na publicação do Bolletino Degli Studanti, na seção de notícias do estrangeiro

daquela semana, era fixada entre os pertencentes a seção brasileira do Pio Latino

Americano, bem como os demais estudantes da Pia Universidade Gregoriana, uma

informação relativa a passagem por Portugal daqueles recém ordenados padres:

Na terça-feira passada fomos informados das visitas pastorais

programadas de nossos distintos padres e estudantes Pedrosa,

Albino, Stucdker e Loureiro da Pia Universidade Gregoriana, entre

seus irmãos portugueses. Na ocasião em que estiveram em Braga e

no Porto, foi expedida a designação curial de que não se revelassem

de todo a cousa de serem hostilizados pelos agentes laicistas

republicanos. Ainda é viva a memória das grandes progons contra

nossos companheiros católicos após a proclamação da República

naquele país (BOLETTINO DEGLI STUDANTI, 1927, p-2).

A breve visita, ao longo de duas semanas, tomaria um sentido ainda mais

afirmativo junto ao sentido de catolicidade daqueles visitantes brasileiros. Todos eles,

ávidos pelo combate, como diria Odilon Pedrosa, anos depois, dispostos a entrarem em

debate com estudantes partícipes de ideários do tempo e nas quais palavras se tornavam

espadas, nos escritos de Odilon Pedrosa:

O cansaço da viagem, que quando dirigíamos para Braga no Minho,

foi esquecida quando de nosso mergulho nas livrarias da Almada no

Porto, lugar em que adquirimos ainda outros livros do grandes

padres da língua de Camões. Entre eles, alguns do líder cruzadista

moderno. O Senna Freitas. Alí comprei meu primeiro livro deste

grande herói que levaria comigo, assim como tan tos outros.

Encontramos boa qualidade de livros nos alfarrabistas. Alguns que

não encontraríamos senão na Biblioteca de nosso caríssimo

Seminário de Olinda (DIÁRIO DE VIAGEM, 1927, p-6).

Os padres já haviam saído de Braga, a 10 de maio, conforme informa Pedrosa

(1927, p.13), com o que viria a se tornar a seção portuguesa de sua biblioteca, levada em

duas malas com o religioso até Roma . Há indícios de que levasse, documentos assinados,

por Dom Manuel Vieira de Matos, provavelmente cópia da carta de 1912 de sua autoria

e ofícios. Todos, documentos acessados pelos seminaristas do Pio Americano, e pelos

intelectuais da Universidade Gregoriana, respectivamente.

Entre as publicações, a impressionarem Odilon Pedrosa e que o mesmo levaria

consigo para Roma, e para o Brasil, constava uma cópia do Almanaque Bracarense (1927)

daquele ano. Publicação que expunha as atividades da arquidiocese, nas suas mais

diversas áreas.

Listava, inclusive, as ações pastorais, bem como as instituições católicas da

cidade, associações, escolas, ciclos operários. Expunha livros, artigos e resenhas e

palestras dogmáticas a ocorrerem em Braga. Aspecto que abria espaço para o ativismo

católico da região do Minho. Aspecto que causou profunda impressão em Odilon Pedrosa

Anos depois, já como diretor da Gazeta de Nazaré, em Pernambuco, mencionaria

de forma enfática aquela publicação realizada na cidade minhota como exemplo de ação

social a ser copiada e modelo de organização do jornalismo diocesano.

Façamos como os bracarenses, que se defendem de forma

organizada contra as seitas e vozes do mundo. Escrevamos num

orgam ilibado e moderno, como o Almanaque Bracarense que tenho

comigo. Desde os tempos de visita aos lusitanos. Usemos nossas

penas de forma a ferir de morte o mundo profano, como eles o fazem

(GAZETA DE NAZARÉ, 1931, p-2).

Também cópias do Diário do Minho, entregues diretamente das mãos do bispo de

Braga quando da despedida dos mesmos para o Porto. Em passagem obscura, do Diário

de viagem Odilon Pedrosa expressou satisfação. Quinta-feira. Estávamos então com a

palavra do líder bracarence e seus frutos semanais (DIÁRIO DE VIAGEM, 1927, p-41).

Somaria-se àquela pastoral, uma série de obras que Odilon Pedrosa colecionou junto

a sua biblioteca e que o mesmo, sempre que tinha oportunidade, referenciava em suas

memórias ou na Gazeta de Nazaré. A existência de obras como Crítica a Crítica 6, do

padre português José Joaquim de Senna Freitas, em sua biblioteca, se deve a poucos, mas

intensos dias passados no Porto, antes do retorno a Itália.

Em sua trajetória intelectual, na construção de uma série de postulados que

reproduziria ao longo de sua carreira, estava a percepção muito efetiva dos modelos

6 FREITAS, José Joaquim de Senna. Critica à critica. Porto, Livraria Portuense, 1879, p-10.

instrucionais adversários da escola católica, absolvendo em seu metieu intelectual,

postulados contra o protestantismo. Base religiosa que o padre, jornalista e diretor de

ginásio, considerava uma das maiores ameaças ao modelo de escola católica. Assim leu,

de forma ávida, a partir de Senna Freitas, que trouxe consigo, sobre as polêmicas que

assolavam Portugal e o Porto e na qual bebeu argumentos apologéticos naqueles dias de

estadia na cidade invicta. Em seu Diário, inclusive, faz inúmeras referências ao intelectual

lusitano:

(...) o grande padre dos Açores nos alerta sobre o grande mal de

Winteberg. Nos conforta ao apontar o verdadeiro modelo de

sociedade e que, penso, deve nortear a instrução. A ele devemos o

tacape a brandir sobre a cabeça dos hereges em terras

pernambucanas. Sejamos seus discípulos. Honremos a escola

catholica, combatamos os preceitos heréticos (DIÁRIO DE

VIAGEM 1927, p-47).

Foi mesmo no Porto que Odilon Pedrosa expediria por correio uma cópia de Crítica

a Crítica para a biblioteca da Pia Universidade Gregoriana .Obra que passaria a ser

debatida no Bolletino Degli Studanti como consta na mansão ao intelectual português do

2 de outubro do Bollettino Degli Studanti, (1927, p.3), e nas menções realizadas na

Associação Beato Ignácio de Azevedo 7.

A observar a quantidade de obras daquele intelectual, constantes em sua biblioteca,

podemos mensurar a compreensão da questão da instrução protestante que se fixou em

seu repertório combativo de crivo marcadamente romanizado. Em um dos livros de sua

biblioteca se encontraria grifada, por exemplo, uma passagem marcante do olhar de Senna

Freitas (1879, p.10) para a doutrina:

Felizmente os protestantes são sempre melhores que o seu

protestantismo, aliás, se fossem coerentes, deixavam a perder de

vista as abominações da antiga Roma verberadas pelo chicote de

Juvenal (...) mas esses taes são os protestantes de boa fé, os

heresiachas que crearam a reforma foram os que mais largamente

tiraram as consequências do principio da não necessidade das boas

obras (FREITAS, 1879, p-10-12).

7 Clube literário localizado no Colégio pio latino americano, em que Odilon Alves Pedrosa estava associado

e no qual exercia atividades jornalísticas e intelectuais.

Aquele outono de 1927, se manifestaria profícuo no aprofundamento e no fomento

das posturas missionárias ultramontanas, que Odilon Pedrosa receberia como instrução

para seu retorno ao Colégio Pio Latino Americano. Marcadamente, num Portugal onde o

avanço do ideário protestante de instrução, por exemplo, se apresentava em expansão nos

espaços urbanos (AFONSO, 2009, p-45).

Aspecto que marcaria a lembrança do jovem padre e repercutiria em suas escolhas

na escritura de inúmeros futuros artigos. Queira Deus que tal praga, que corrompe a

alma, não tenha chegado tão forte a Pernambuco, como chegou ao Porto. É facto!

Estamos em perigo. Anotaria a 10 de setembro. Impressão que usaria no combate ao

protestantismo, e sua prática instrucional (DIÁRIO DE VIAGEM, 1927, p.49-50).

Outrossim, a estadia no Porto, onde se instalaram numa pensão, segundo o Diário de

viagem (1927, p.50-53), também serviu de base para incursões pelas praças, confeitarias

e livrarias da cidade onde se manifestavam acalorados debates, e onde Odilon Pedrosa

adquiriu um importante acervo de livros, panfletos e revistas que manteve consigo,

mesmo passados anos da visita.

Entre algumas delas estavam: A Nova Geração de Diogo Pacheco D’Amorim; Do

padre Senna Freitas: No plesbítero e no templo, Dia à dia de um espírito christão, e Os

Nossos bispos do continente; O Christianismo e o progresso de António da Costa; O

Catholico no século de João Bosco; Regras da Igreja na formação do clero de autoria de

António Ferreira Pinto. Entre muitos outros.

Livros que seguiram com Odilon, naquele tórrido ano de 1927. Primeiramente,

rumo a Pia Universidade Gregoriana, e que, em seguida, passaram a ser usados no dia à

dia do intelectual como esteio de seus artigos, crônicas e livros. Afinal, aquelas

referências se tornariam por longos anos, fonte de embasamento para sua polêmicas com

as lideranças intelectuais pernambucanas, logo que retornou ao Brasil.

Somavam-se aquelas obras, ao acervo brasileiro e que seriam forte de consulta e uso

constante na atividade jornalística de Odilon Pedrosa. O padre, aliás, e demais

companheiros de viagem, retornaram a Itália por Lisboa, no dia 13 maio de 1927. Fixava-

se na memória, nesse ítem, o que parecia ser, e era, uma missão cumprida: certa

organicidade, a toda prova, para ser levada a Itália e ao Brasil.

Era preciso, de alguma forma, referendar a passagem por terras portuguesas, que

não fosse apenas a partir de seus escritos de viagem. Em Roma, o Bolletino Degli

Studanti, em sua seção na língua portuguesa, assinalava, um mês depois:

(…) e aqui chegaram, em boa hora, os padres brasileiros das terras

lusas, de volta a Roma, e a Pia Universidade Gregoriana. Trazem

no semblante, o ânimo da juventude combativa. Arautos da boa

nova e da terra de Camões (BOLLETINO DEGLI STUDANTI

1927, p-8).

Em dezembro de 1927, Odilo Alves Pedrosa era nomeado doutor em direito

canônico pela Pia universidade Gregoriana de Roma, e retomava ao Brasil logo em

seguida, para assumir atividades junto a Arquidiocese de Nazareth da Mata. Haviam se

passado quatro anos de longas reflexões e estudo. Era chegado a boa hora. Escreveria

numa das páginas fragmentadas de seu (Diário de Viagem 1927, p.56).

Em Pernambuco, onde estaria vinculado a intelectualidade da cidade de Nazareth da

Mata, repercutiria o tempo de visita a Europa para expandir suas noções de militância.

Levadas à cabo nos anos seguintes, à frente de Ginásios e periódicos, nos quais expunha

o embasamento fixado na Sé Romana e na visita a Portugal.

Referências bibliográficas

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Vozes, 2008, p-34- 50.

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2009.

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Documentos primários:

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BOLLETTINO DEGLI STUDANTI, Colégio Pio Latino Americano, Roma, 1927.

DIÁRIO DE ESTUDANTE EM ROMA, Manuscrito:Roma, 1927.

DIÁRIO DE VIAGEM, Manuscrito:Roma, 1927.

GAZETA DE NAZARÉ, Diário Diocesano, Nazaré da Mata, PE, 1932.

PASTORAL COLETIVA DO EPISCOPADO PORTUGUÊS. Lisboa, A União. 1912.