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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA
JOÃO DAMASCENO
INDICADORES BIOLÓGICOS E SÓCIO-ECONÔMICOS NO NÚCLEO DE DESERTIFICAÇÃO DO SERIDÓ OCIDENTAL DA PARAIBA
Areia, PB 2008
Livros Grátis
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ii
JOÃO DAMASCENO
INDICADORES BIOLÓGICOS E SÓCIO-ECONÔMICOS NO NÚCLEO DE DESERTIFICAÇÃO DO SERIDÓ OCIDENTAL DA PARAÍBA
Tese apresentada ao Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba, como parte das exigências à obtenção do Título de Doutor em Agronomia, Área de Concentração Ecologia Vegetal e Meio Ambiente.
Orientador: Prof. Dr. Jacob Silva Souto
Areia, PB 2008
iii
Ficha Catalográfica Elaborada na Seção de Processos Técnicos da Biblioteca Setorial de Areia - PB, CCA/UFPB.
D155i Damasceno, João.
Indicadores biológicos e sócio-econômicos no Núcleo de Desertificação do Seridó Ocidental da Paraíba./ João Damasceno. – Areia - PB: UFPB/CCA, 2008.
124f. Tese (Doutorado em Agronomia) - Universidade Federal da Paraíba -
Centro de Ciências Agrárias, Areia, 2008.
Bibliografia.
Orientador: Jacob Silva Souto.
1. Desertificação- Caatinga- Paraíba 2. Solo- indicadores biológicos- Paraíba 3. Solo- indicadores sócio-econômicos- Paraíba 4. Núcleo de Desertificação do Seridó Ocidental da Paraíba - indicadores - Paraíba I. Souto, Jacob Silva (Orientador) II. Título.
CDU: 504.123(043.2)(813.3)
iv
v
Dedico este trabalho A minha esposa Edna Lucia companheira de grande jornada, me incentivando
e lutando para atingir o meu projeto de vida: A Educação.
Aos meus filhos Bruna Luiza e Alberto Máximo, que souberam entender e
superaram bem esse período em que seu pai estava atarefado, porém nunca
ausente. Deus há de me iluminar na administração das sequelas.
Aos meus pais João Salustiano Damasceno (in memorian eu te amo, o senhor
sempre esteve certo quando dizia a escola da vida tem muitos obstáculos) e
Luzia Messias Damasceno, que sempre me orientaram a trilhar o caminho da
humildade, honestidade, e, sobretudo, o respeito. Obrigado (a), por
partilharem comigo mais uma superação.
Aos meus queridos irmãos, Jorge, Jamaci e Janaina, queridos sobrinhos,
cunhados e cunhadas e em especial aos meus primos Irmãos Roberta e
Marcondes Medeiros aos meus tios paternos, Drª Ana (neném, irmã genética)
Aos queridos pais adotivos Gilvanete Matias e Edson Barros Dantas e seus
filhos meus irmãos adotivos que sempre acreditaram no meu afeto fraterno e
contínuo.
vi
AGRADECIMENTOS
DEUS, o meu mestre maior, que em momentos de tribulação não me
deixou desistir do projeto de vida, dando-me força e sabedoria para seguir em
frente;
Ao Prof. Dr. José Pires Dantas pelo seu exemplo profissional e
humildade cujo qual me espelho, que Deus lhe abençoe;
À Prof.ª Maria das Graças Veloso Marinho, do laboratório de Botânica
da Unidade Acadêmica de Engenharia Florestal, campus de Patos/UFCG;
Ao Prof. Valdir Mamede de Oliveira da Unidade Acadêmica de
Engenharia Florestal/CSTR/UFCG;
A todos os funcionários da Unidade Acadêmica de Engenharia Florestal
que cordialmente me acolheram;
A Sigismundo Gonçalves Souto Maior Junior e Mário Medeiros
Damasceno pesquisadores técnicos da EMEPA-PB;
Ao corpo docente do Programa de Pós Graduação em Agronomia a vocês
meus sinceros agradecimentos. Prof. Bruno Obrigado pela oportunidade;
Ao corpo técnico administrativo do Programa de Pós Graduação em
Agronomia e do Centro de Ciências Agrárias;
A todos os colegas da Pós-Graduação: Luciene, Lucio, ao casal Claudia
e Ovídio, João Felinto, Hélio Baretta, Cícero, Patrícia Souto, Augusto,
Sebatiana Maely, Valéria, Noelma, Cyntia, Francieldo, Carlos Gantuns, Josely,
Farnésio, Admo, Márcio, Chico Ninha, Lindhiane, Luciene, Hélio, Edson, enfim
todos que de fato são meus amigos e profissional se faltou alguém por
gentileza me cobre;
vii
Ao corpo docente e administrativo da AEB, UPE e da Secretaria de
Educação de Pernambuco;
Aos professores e Amigos de primeira hora: Carlos Roberto Cruz
Ubirajara, Lucivânio Jatobá. (Manoel Correia Oliveira de Andrade, Joaquim
Correia e Milton Santos – in memorian), meus eternos mestres;
A Profª Drª Beatriz Maria Soares Pontes, (Bia você é uma estrela de
quinta grandeza no mundo acadêmico);
Ao Prof. Dr. Patrício Borges Maracajá meu Ir:. E um grande amigo;
Meu mentor acadêmico José Cornélio da Silva (In memorian), brilhas
como um grande Geógrafo e Gigante ser humano;
Aos meus pares da UEPB. A Reitora Profª Marlene Alves, Edilson
Nóbrega de Sousa, José Cristovão Andrade, Agnaldo Barbosa dos Santos,
Ozéas Jordão da Silva, Fátima Araújo, Eli Brandão, Antonio Rangel Júnior,
Pedro César Coelho, Fernanda Mirelle, Fernando Rangel e a todos servidores
técnicos administrativos da UEPB;
Adriana Guimarães e Russo vocês são de fato iluminados;
Os meus amigos do coração e do corpo, Ten. Cel. Med. Edson Nóbrega
aos médicos Cleriston Diniz, Mª de Fátima Ferreira, Benedito Sávio, se estou
vivo devo a vocês;
A José Mario Filho, Candido Damasceno e aos herdeiros do espólio de
Cícero Aprígio Damasceno, proprietários das terras onde foram instalados
meus experimentos;
Ao Prof° Dr° Jacob Silva Souto um verdadeiro batalhador nos estudos de
nossa caatinga, muito obrigado por tudo. Sou a pedra bruta que você ajudou a
polir. Sempre Justo e Perfeito.
QUE A LUZ ESTEJA SEMPRE COM VOCÊS
viii
Minha felicidade só e completa quando estou servindo ao meu próximo. Não
cabem a mim julgar e sim estar próximo a ele para desprender o preceito mais
importante que o Cristo Jesus nos ensinou. Amai-vos uns aos outros como a ti
mesmo. Fé, Amor, Compaixão e Humildade os verdadeiros ensinamentos que
nunca deixarei de lado.
A ciência sem religião é paralitica – a religião sem a ciência é cega
Albert Einstein
ix
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS ......................................................................... xi LISTA DE TABELAS......................................................................... xiv
RESUMO.......................................................................................... 18
.1 NÚCLEO DE DESERTIFICAÇÃO DO SERIDÓ ........................... 28
ESERTIFICAÇÃO DO SERIDÓ .................................................... 35
REFER
DICA ORES BIOLÓGICOS DO NÚCLEO DE DESERTIFICAÇÃO DO ENTAL DA PARAÍBA ..........................................................
49
.1 ESPIRAÇÃO EDÁFICA ................................................................. 55
.1 ESPIRAÇÃO MICROBIANA EM AMBIENTE DE CAATINGA ....... 66
4
EFER NCIAS............................................................................................ 89
REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................... 17 ABSTRACT...................................................................................... 19 1 CARACTERÍSTICAS DA CAATINGA ............................................. 20 2 DESERTIFICAÇÃO ......................................................................... 22 2 O 3 ATIVIDADE MICROBIANA: RESPIRAÇÃO EDÁFICA .................. 31 4 MESOFAUNA E MACROFAUNA DO SOLO .................................. 32 5 LEVANTAMENTO SÓCIO-ECONÔMICO NO NÚCLEO DE
D
ÊNCIAS............................................................................................
38
CAPITULO I 48 IN DSERIDÓ OCID
49
RESUMO........................................................................................... ABSTRACT....................................................................................... 50 1 INTRODUÇÃO ................................................................................. 51 2 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................ 53 2 R2.2 DELINEAMENTO ESTATÍSTICO .................................................... 58 2.3 CARACTERIZAÇÃO DA MESOFAUNA DO SOLO ......................... 59 2.4 DADOS DE TEMPERATURA DO SOLO ......................................... 61 2.5 DADOS PLUVIOMÉTRICOS DAS LOCALIDADES ......................... 63 2.6 MACROFAUNA EDÁFICA ............................................................... 63 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................... 66 3 R3.2 MESOFAUNA DO SOLO ................................................................. 72 3.2.1 Composição total da comunidade do solo, densidade
percentual dos grupos taxonômicos ...........................................
72
CONCLUSÕES ................................................................................
88 R Ê
x
CAPIT LO II
ARACTERIZAÇÃO DEMOGRÁFICA NO NÚCLEO DE ÇÃO DO SERIDÓ OCIDENTAL DA PARAIBA .................. 95
ONTEXTUALIZADOS NO NÚCLEO DE DESERTIFICAÇÃO DO
4
FEITOS DA DESERTIFICAÇÃO ................................................... 106
5 ESERTIFICAÇÃO DO SERIDÓ OCIDENTAL PARAIBANO ....... 110
6 ESERTIFICAÇÃO ......................................................................... 115
7
FER
U95
CDESERTIFICA
RESUMO ......................................................................................... 9 ABSTRACT......................................................................................
697
1 INTRODUÇÃO ................................................................................. 98 2 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................ 99 3 CARACTERIZAÇÃO DEMOGRÁFICA DOS MUNICÍPIOS
CSERIDÓ OCIDENTAL DA PARAIBA .............................................. 9 ESTRUTURA ETÁRIA E EDUCAÇÃO COMO INDICADOR DOS
9
E
RENDA PER CAPITA NO CONTEXTO DO NÚCLEO DE
D
COMPORTAMENTO AGROPECUÁRIO EM AMBIENTE DE
D
CONCLUSÕES.................................................................................
122
RE ÊNCIAS............................................................................................ 123
xi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Esboço ca nicípios abordados neste estudo ...................................................................
53
aio/2006)......................................................................
Figura 4
e cada recipiente, com auxilio de um 60
Figura 6
anta Luzia-A; Várzea-B; São José do Sabugi-64
Figura 7
66
Figura 8
vereiro de 2006 a fevereiro de 2007, no Município
67
Figura 9
vereiro de 2006 a fevereiro de 2007, no Município
68
Figura 10
vereiro de 2006 a fevereiro de 2007, no Município
68
Figura 11
74
rtográfico pontuado os mu
Figura 2 Metodologia utilizada para obtenção da respiração edáfica nos municípios do estudo ..................................
56
Figura 3 Coleta de amostras de solo e anel de aço inoxidável
utilizado na coleta da mesofauna (Período chuvoso –m
59
Extração da mesofauna do solo utilizando equipamento de Berlese-Tullgren modificado.......................................
60
Figura 5 Identificação e contagem em placas Petri das espécies
presentes em cada amostra que compõem o conteúdo dmicroscópio..................................................................... Metodologia PROVID para coleta da macrofauna do solo nos municípios onde instalou-se o experimento
(SC).................................................................................... Evolução mensal de CO
2 (mg CO2 m-2 h-1) nas parcelas estudadas, no período compreendido de fevereiro de 2006 a fevereiro de 2007, nos municípios de Santa Luzia (PB), Várzea (PB) e São José do Sabugi (PB)..................................................................... Evolução mensal de CO
2 (mg CO2 m-2 h-1) nas
parcelas estudadas, no período compreendido de feSanta Luzia (PB)............................................................. Evolução média mensal de CO
2 (mg CO2 m-2 h-1) nas
parcelas estudadas, no período compreendido de feVárzea (PB)..................................................................... Evolução média mensal de CO
2 (mg CO2 m-2 h-1) nas
parcelas estudadas, no período compreendido de feSão José do Sabugi (PB)................................................ Comportamento da mesofauna do município de Santa Luzia (PB), na parcela com vegetação (CV)...................
Figura 12 Comportamento da mesofauna do município de Santa
xii
Luzia (PB), na parcela sem vegetação (SV) .................. 75 Figura 13 Comportamento da mesofauna do Município de Várzea
(PB), na parcela com vegetação (CV) ...........................
75 Figura 14 Comportamento da mesofauna do Município Várzea
(PB), na parcela sem vegetação (SV) ............................
76 Figura 15 Comportamento da mesofauna do município São José
do Sabugi (PB), na parcela com vegetação (CV) ..........
76 Figura 16 Comportamento da mesofauna do município de São
José do Sabugi (PB), na parcela sem vegetação (SV) ..
77 Figura 17 Variação da pluviosidade nas parcelas com vegetação
e sem vegetação, dos municípios de Santa Luzia, Várzea e São José do Sabugi, durante o período de
Figura 18
em vegetação durante o período de março de 2006 a
80
Figura 19
arcela com vegetação no período de realização do 83
Figura 20
arcela sem vegetação no período de realização do
83
Figura 21
arcela com vegetação no período de realização do
84
Figura 22
a parcela sem vegetação no período de realização do
84
Figura 23
B), da parcela com vegetação no período de
85
doze meses (2006-2007)................................................ Valores médios do comportamento taxonômicos da macrofauna, obtidos nas parcelas com vegetação e
78
smarço de 2007 nos município; Santa Luzia (PB), Várzea (PB) e São José do Sabugi (PB) ....................... Porcentagem referente ao comportamento taxonômico, da macrofauna, do Município de Santa Luzia (PB), da
pexperimento .................................................................... Porcentagem referente ao comportamento taxonômico, da macrofauna, do Município de Santa Luzia (PB), da
pexperimento .................................................................... Porcentagem referente ao comportamento taxonômico, da macrofauna, do Município de Várzea (PB), da
pexperimento .................................................................... Porcentagem referente ao comportamento taxonômico, da macrofauna, referente ao Município de Várzea (PB),
dexperimento .................................................................... Porcentagem referente ao comportamento taxonômico, da macrofauna, do município de São José do Sabugi
(Prealização do experimento..............................................
xiii
Figura 24
B), da parcela sem vegetação no período de 85
Figura 25
100
101
101
cidental paraibano ........................................................ 104
Figura 30
bordadosneste estudo...................................................
Figura 31
B) e Várzea (PB) ......................................................... 107
Figura 32
igura 34 tensidade da indigência dos municípios estudados .... 112
igura 35 enda per Capita dos principais resultados do Estado
ltimas décadas segundo os dados dos respectivos 121
Porcentagem referente ao comportamento taxonômico, da macrofauna, do Município de São José do Sabugi (Prealização do experimento ............................................ Esboço cartográfico do recorte territorial definido como núcleo de desertificação do Seridó Ocidental paraibano
Figura 26 Comportamento da população no Censo de 1991, 2000
e 2007 na contagem da população em 2007.................. Figura 27 Evolução da população por domicilio com dados dos
censitários do IBGE .......................................................
Figura 28 Evolução da população com a caracterização do
crescimento urbano ........................................................
102 Figura 29 Taxa média de crescimento urbano nos municípios que
compõem o núcleo de desertificação do Seridó o
Ranking do número de habitantes dos dez primeiros municípios paraibanos e a posição dos municípios
a
105
Comportamento médio do índice de analfabetismo nos municípios de Santa Luzia (PB), São José do Sabugi
(P
Percentual de jovens matriculados nos três municípios.......................................................................
110
Figura 33 Intensidade da pobreza dos municípios estudados .......
111
F In F R
comparando aos municípios estudados.......................... 113 Figura 36 Valores referentes ao Índice de desenvolvimento
humano (IDH).................................................................. 114 Figura 37 Valores referentes ao Índice de Gini dos municípios
estudados ....................................................................... 115 Figura 38 Comportamento da produção dos principais produtos
agrícolas nos municípios estudados ao longo das úcensos agropecuários do IBGE ......................................
xiv
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Nome vulgar e científico das pécies primitivas na região do Seridó ................................................................
58
Tabela 2
egetação (CV) e sem vegetação (SV) na superfície e a 20 62
Tabela 4
egetação (CV) e sem vegetação (SV) na superfície e a 20 62
Tabela 5
egetação (CV) e sem vegetação (SV) na superfície e a 20 62
Tabela 6
ão José do Sabugi (PB) e Várzea (PB) durante os 63
Tabela 7
om vegetação (CV) e sem vegetação (SV), durante os
69
Tabela 8
om vegetação (CV) e sem vegetação (SV), durante os
69
Tabela 9
om vegetação (CV) e sem vegetação (SV), durante os
70
Tabela 10
esofauna edáfica coletados, após um ano de 72
Tabela 11
rupos taxonômicos, da mesofauna, nos períodos de coleta
principais es
Quadro de análise de variância para o experimento.............
58
Tabela 3 Valores de temperaturas (°C) obtidos nas parcelas com
vcm, no período da manhã (M) e da noite (N) durante o decorrer do experimento, no Município de Santa Luzia (PB). Valores de temperaturas (°C) obtidos nas parcelas com
vcm, no período da manhã e da noite durante o decorrer do experimento, no Município de São José do Sabugi (PB)........ Valores de temperaturas obtidos nas parcelas com
vcm, no período da manhã e da noite durante o decorrer do experimento, no Município de Várzea (PB)............................ Dados pluviométricos dos municípios de Santa Luzia (PB),
Speríodos de coleta .................................................................. Valores médios da temperatura, °C obtidos nas parcelas
cperíodos de coletas na superfície e a 20 cm, no município de Santa Luzia (PB) durante a realização do experimento compreendido de fevereiro de 2006 a março de 2007 .......... Valores médios da temperatura °C obtidos nas parcelas
cperíodos de coletas na superfície e a 20 cm, no município de Várzea (PB) durante a realização do experimento compreendido de fevereiro de 2006 a março de 2007 .......... Valores médios da temperatura °C obtidos nas parcelas
cperíodos de coletas na superfície e a 20 cm, no Município de São José do Sabugi (PB) durante a realização do experimento compreendido de fevereiro de 2006 a março de 2007 .................................................................................. População e freqüência relativa (%) de indivíduos da
mexperimentação ..................................................................... Índice de Shannon (H) e Índice de Pielou (e) e referente aos
g
xv
das parcelas com vegetação (CV) e sem vegetação (SV) dos Municípios de Santa Luzia, Várzea e São José do Sabugi .................................................................................... Média do comportamento taxonômico obtidas dos índices
74
Tabela 12
e Shannon e Pielou (e), da macrofauna, obtido nas
80
Tabela 13
e Shannon e Pielou (e), da macrofauna, obtido nas
81
Tabela 14
e Shannon e Pielou (e), da macrofauna, obtido nas
81 Tabela 15
unicípios de Santa Luzia (PB), Várzea PB) e São José do
82 Tabela 16
tal; U= Urbano; R= (Rural) .................................................. 103
Tabela 17 000 da contagem de população de 2007 .......................... 105
Tabela 18 B), São José do Sabugi (PB) e Várzea (PB), por grupo de
106 Tabela 19
anta Luzia (PB), São José do Sabugi (PB) e Várzea (PB) 108
Tabela 20
elhor se posicionam no ranking da Paraíba ........................ 114
Tabela 21 rodutiva ................................................................................ 116
Tabela 22 anta Luzia (PB), São José do Sabugi (PB) e Várzea (PB),
117
dparcelas com vegetação (CV) e sem vegetação (SV), durante o período de março de 2006 a março de 2007 no Município de Santa Luzia (PB) .............................................. Média do comportamento taxonômico obtidos dos índices
dparcelas com vegetação (CV) e sem vegetação (SV), durante o período de março de 2006 a março de 2007 no Município de Várzea (PB)....................................................... Média do comportamento taxonômico obtidos dos índices
dparcelas com vegetação (CV) e sem vegetação (SV), durante o período de março de 2006 a março de 2007 no Município de São José do Sabugi (PB).................................. Valores médios do comportamento taxonômico, nos
MSabugi (PB), nas parcelas com vegetação arbórea (CV) e sem vegetação (SV), no período de 12 meses ...................... População por situação de domicílio, 1991, 2000 e 2007 (T=
to
Habitantes por km² a partir dos dados dos censos de 1991 e
2
População da Paraíba e dos municípios de Santa Luzia
(Pidade, segundo os censos de 1991 e 2000 ........................... Nível Educacional da População Jovem dos municípios de
Ssegundo os censos 1991 e 2000 ........................................... IDH dos municípios deste estudo comparados aos que
m
Comportamento do uso da terra avaliando a dinâmica
p
Levantamento agropecuário referentes aos municípios de Sreferentes ao censo 1985 ......................................................
xvi
Tabela 23
anta Luzia (PB), São José do Sabugi (PB) e Várzea (PB), 117
Tabela 24
anta Luzia (PB), São José do Sabugi (PB) e Várzea (PB), 118
Tabela 25
uzia (PB), São José do Sabugi (PB) e Várzea (PB), 118
Tabela 26
uzia (PB), São José do Sabugi (PB) e Várzea (PB), 119
Tabela 27
996, 2006 ........................................................................ 120
Levantamento agropecuário referentes aos municípios de
Sreferentes ao censo 1996 ...................................................... Levantamento agropecuário referentes aos municípios de
Sreferentes ao censo 2006 ...................................................... Levantamento rural referentes aos municípios de Santa
Lreferentes ao censo 1985 ...................................................... Levantamento rural referentes aos municípios de Santa
Lreferentes ao censo 1996 ...................................................... Atividade Agropecuária com dados censitários de 1985,
1
17
INDICADORES BIOLÓGICOS E SÓCIO-ECONÔMICOS NO NÚCLEO DE
DESERTIFICAÇÃO DO SERIDÓ OCIDENTAL DA PARAIBA
RESUMO: O Seridó Ocidental da Paraíba tem se caracterizado nos últimos anos por uma intensa degradação de suas terras agrícolas como resultado dos efeitos dos eventos históricos de pressão sobre este recorte territorial, agravado com prolongados períodos de seca. A abordagem em questão trata de uma avaliação dos indicadores biológicos e sócio-econômicos no Núcleo de Desertificação do Seridó Ocidental da Paraíba. A área estudada foi classificada com o índice muito grave pelo Programa Nacional do Meio Ambiente, sendo considerada como um “núcleo de desertificação”. Bimestralmente, nesse processo, foram avaliadas a atividade microbiana, a influência das condições edafoclimáticas para se conhecer as flutuações das comunidades de microrganismos e da mesofauna do solo em área de caatinga. A composição e comportamento da macrofauna edáfica e, por último, analisados os indicadores sócio ambientais de três diferentes municípios que compõem o Seridó Ocidental da Paraíba. A pesquisa de campo foi desenvolvida em parcelas de 20 m x 40 m, sendo duas parcelas para áreas com cobertura vegetal e duas para áreas sem cobertura arbórea-arbustiva, distribuídas em três propriedades rurais, em cada município, no período compreendido entre fevereiro/2006 a fevereiro/2007. Foram avaliados os teores de dióxido de carbono (CO2) liberados por uma área do solo, absorvidos por uma solução de hidróxido de potássio a 0,5N e sua dosagem obtida por titulação com ácido clorídrico a 0,1 N. A medida da respiração edáfica foi realizada nos turnos diurno e noturno. Para a mesofauna do solo foram coletadas amostras de solo, bimestralmente, com início no mês de março de 2006 e término em março de 2007, empregando-se anéis metálicos, através do método Berlese-Tullgren. A amostragem da fauna edáfica foi realizada a cada 60 dias, entre os anos de 2006 a 2007, utilizando armadilhas do tipo Provid (garrafas PET) distribuídas aleatoriamente nas parcelas. Na avaliação sócio-econômica foram utilizados dados estatísticos do IBGE, entrevistas e questionários quali-quantitativos. Durante o período de estudo foram constatados os períodos de maior atividade biológica, os principais grupos taxonômicos da meso e macro fauna edáfica bem como o comportamento sócio econômico das áreas envolvidas. Palavras-chave: indicadores biológicos, organismos do solo, caatinga, solo
degradado
18
BIOLOGICAL AND SOCIO-ECONOMIC INDICATORS IN THE DESERTIFICATION NUCLEUS OF “SERIDÓ”, IN THE PARAIBA STATE, BRAZIL
ABSTRACT: The “Seridó” Western of the Paraíba has been characterized in recent years by intense degradation of their farmland as a result of the effects of historical events of pressure on this crop planning, compounded by prolonged drought. The approach in question is an assessment of biological and socio-economic indicators in the Desertification Nucleus of “Seridó”, Paraíba State. The study area was classified as very serious the index by the National Program on the Environment, is considered a "core of desertification. Bimonthly, we analyzed the microbial activity, the influence of environmental conditions to meet fluctuations in microbial communities in the mesofauna and macrofauna soil in caatinga forest. The composition and behavior of the macrofauna and, finally, analyzed the socio-environmental indicators of three different counties that make up the Western “Seridó” of Paraíba. Field research was conducted in plots of 20 m x 40 m, two plots for areas with vegetation cover and for two areas without tree cover, shrub, distributed in three farms in each municipality in the period between the February/2006 to February/2007. The concentrations of carbon dioxide (CO2) released by an area of soil, absorbed by a solution of potassium hydroxide 0.5 N and its dose obtained by titration with chloridic acid acid 0.1 N. The measurement of soil respiration was performed in day and night periods. For the soil mesofauna were collected soil samples every two months starting in March/2006 and ending in March/2007, using metal rings through the Berlese-Tullgren method. The sampling of soil fauna was performed every 60 days, between the years 2006 to 2007, using traps Provid (PET bottles) distributed randomly in the plots. In assessing socio-economic statistical data were used by IBGE, interviews and qualitative and quantitative questionnaires. During the study period were identified periods of increased biological activity, the main taxonomic groups of meso and macrofauna soil as well as the socio-economic behavior of the involved areas.
Keywords: biological indicators, soil organisms, caatinga, degraded soil
19
REFERENCIAL TEÓRICO
20
1 CARACTERÍSTICAS DA CAATINGA
A Caatinga é tida como uma ecorregião do semi-árido no mundo, ocupando
uma área de 748.600 km². No Brasil, a Caatinga encontra-se como a região mais
ameaçada e transformada pela ação antrópica. Essa região caracteriza-se como um
mosaico de coberturas vegetais que formam uma linha divisória entre a Floresta
Amazônica (ao noroeste) e a Mata Atlântica (a leste), além de apresentar plantas e
animais que se permitem viver nas condições desfavoráveis dessa região (ROSS,
2005).
A região da caatinga estende-se por grande parte do Nordeste brasileiro. O
clima nessa região é semi-árido, quente e com baixos índices pluviométricos
compreendidos entre 250 e 800 mm. É nessa região de clima quente que se
encontra o “Polígono das Secas” (MAIA, 2004).
É importante ressaltar que o Sertão nordestino é uma das regiões semi-áridas
mais povoadas do mundo (AB´SABER, 1977). Sendo assim, a diferença da região
da caatinga e as áreas com as mesmas características em outros países encontra-
se associada a localização da população em locais com disponibilidade de água.
A caatinga, na língua indígena, significa mata branca ou floresta clara. Este
bioma é, portanto, caracterizado por apresentar um grande número de formações e
associações de vegetais, fisionômica e florísticamente diferente, como por exemplo,
árvores baixas, muitas cactáceas e arbustos que, em geral, perdem as folhas na
estação das secas (VASCONCELOS SOBRINHO, 2005). Por esse motivo, as
plantas dessa região estão adaptadas às condições climáticas e possuem vários
mecanismos para sobreviverem ao fenômeno da seca (ROSS, 2005). As áreas mais
favoráveis dessa região encontram-se rodeadas por cercas de pedra, de pau-a-
pique, de varas, de ramagens e às vezes até de arame farpado e cultivada com
milho, mandioca, feijão, fava e algodão (ANDRADE, 2005).
De acordo com o levantamento da fauna da caatinga, existem cerca de 40
espécies de lagartos, 07 espécies de anfibenídeos (lagartos sem patas), 45 espécies
de serpentes, 04 espécies de quelônios, 01 espécie de crocodiliano e 44 espécies
de anfíbios (BRASIL, 1998).
O Seridó Ocidental paraibano é uma das microrregiões do Estado da Paraíba,
inclusa na mesorregião da Borborema. Apresenta uma área de 1.738 km2, sendo
21
constituída por seis municípios: Junco do Seridó, Salgadinho, Santa Luzia, São José
do Sabugi, São Mamede e Várzea (IBGE, 2000).
Na área Piloto do Núcleo de Desertificação do Seridó, que envolve os
Municípios de Santa Luzia, São José do Sabugi e Várzea, predomina a formação
vegetal denominada caatinga hiperxerófila arbóreo-arbustiva aberta, que se
apresenta densa em pequenas áreas isoladas, encaixado no pé de plano sertanejo
com drenagem intermitente sazonal exorreica representada pela bacia hidrográfica
do Rio Piranhas com a caatinga adaptada à carência hídrica. No chamado Seridó, a
Caatinga atinge um elevado grau de empobrecimento, constituindo-se, praticamente,
de um estrato herbáceo quase contínuo de Panasco (Aristida, sp) com esparsas
touceiras de xique-xique, e mirrados indivíduos bem separados entre si, de
Caatingueira e Jurema (CARVALHO, 1982).
Segundo o IBGE (2007), a população do Seridó Ocidental foi estimada em
38.370 habitantes, apresentando uma densidade demográfica em torno de 22,07
hab/km2.. Encravada no Nordeste semi-árido, apresenta um clima quente e seco do
tipo BSh, segundo a classificação de Köppen e Geiger (apud JATOBÁ; LINS, 2008),
cujas precipitações médias anuais ficam em torno dos 400-600 mm, podendo o
período seco perdurar onze meses (BRASIL, 2004). E devido as suas características
climáticas o semi-árido foi delimitado em 1949 pelo Conselho Nacional de Geografia
e designado pela denominação de Polígono das Secas (DUQUE,1980).
Seus solos são rasos, arenosos, pedregosos e de pouca fertilidade, com
domínios dos Neossolos Eutróficos e Luvissolos apresentando, contudo, um
potencial mineralógico (PARAÍBA, 2002).
As condições climáticas favoreceram o desenvolvimento de uma vegetação
típica denominada caatinga, cujas espécies desenvolveram mecanismos peculiares,
indispensáveis a sua presença marcante na paisagem do semi-árido brasileiro.
Destacando-se a redução da superfície foliar, sistema radicular profundo, cobertura
de cera (PEREIRA, 2000). A caatinga é o tipo de vegetação predominante no
Nordeste, podendo ser caracterizada pela presença de formações xerófilas,
lenhosas, decíduas, geralmente espinhosas, suculentas de estrato herbáceo e
grande variação florística (FIGUEIREDO, 1983).
A caatinga ao longo de vários anos foi explorada, primeiramente pelos
indígenas, mas sem trazer impactos agravantes ao ecossistema. Todavia, o marco
exploratório se fez com a ocupação da região do Seridó pelos colonizadores
22
portugueses que retiraram a vegetação nativa para o desenvolvimento da prática
agrícola, principalmente a cultura do algodão e a prática pecuarista de caráter
extensivo, além da retirada do extrato arbóreo da caatinga na intenção de obter
energia através da combustão da madeira. Assim, esta exploração se tornou
indevida e irracional, já que proporcionou profundas alterações condicionadoras de
impactos ambientais, por vezes também, modificadores da paisagem. E dentre as
alterações, o processo de desertificação que se instala e se agrava é o mais
emergente na região (AB’SABER, 1977). Sendo assim, a instabilidade se mantém
como um traço marcante no processo de desenvolvimento do Seridó, cabendo as
conseqüências desastrosas ao meio ambiente e ao próprio homem, pois as
potencialidades locais não estão condicionadas ao desenvolvimento sustentável.
2 DESERTIFICAÇÃO
O processo de ocorrência concreta de desertificação é questionado por
diferentes correntes de opinião. Do ponto de vista prático, essa polêmica foi
resolvida quando da negociação do documento da Agenda 21 e a Convenção da
Desertificação pelas Nações Unidas. Conforme acordos firmados pelos governos
dos países reunidos para a discussão dos mencionados acordos, os processos de
desertificação foram atribuídos simultaneamente a atividades humanas (manejo
inadequado dos recursos naturais) e a fatores climáticos, como é o caso da seca.
Segundo Conti (1995) a “desertificação não é um problema recente”. De fato
este fenômeno vem sendo estudado com mais ênfase pela comunidade científica
desde a década de 30, estimulada por uma tempestade de areia ocorrida no Meio-
Oeste Norte Americano, conhecida como Dust Bowl. Para Aubreville, o termo
desertificação recebeu uma descrição científica em 1949, associando-o aos
processos de mudança no potencial produtivo apresentados pelas terras degradadas
a partir do desenvolvimento de processos erosivos, especialmente aqueles
desencadeados por atividades antrópicas.
A partir da Eco 92, a população rural deixou de ser considerada a principal
causadora do problema e passa a ser compreendida como principal prejudicada,
23
dado que as desfavoráveis e deterioradas condições na esfera sócio-econômica,
influem sobre a degradação do campo e destruição dos recursos das zonas áridas.
Os mesmos agricultores das regiões são vítimas deste estrago econômico e sua luta
por sobreviver os força a um ciclo contínuo e ininterrupto de destruição ecológica.
(NIMER, 1988).
A região Nordeste encontra-se situada abaixo da linha do Equador, ocupando
a posiçao norte-oriental do país, entre 1° e 18°30' de latitude Sul e 34°20' e 48°30'
de longitude Oeste de Greenwich (ANDRADE, 2005).
De acordo com o IBGE (2007), a população da região Nordeste é de
51.535.782 habitantes ocupando uma área de 1.561.177,8 km², o que corresponde a
18,3% do território brasileiro e abrangendo 1.793 municípios distribuídos em 09
Estados.
Segundo o Ministério do Meio Ambiente, as áreas afetadas pela desertificação
na Região Nordeste abrangem cerca de 181.000 km2 e as perdas econômicas
podem chegar a 100 milhões de dólares anuais. São dados preocupantes, sobretudo
quando se considera a fragilidade econômica e ambiental da região.
A ocupação dessa região sempre ocorreu em uma perspectiva de exploração
excessiva, levando em alguns casos à exaustão de parte dos recursos naturais.
Deve-se considerar ainda que, aliada a essa exploração predatória, estabeleceu-se
uma estrutura social que concentra renda e poder, responsável, pela relativa
estagnação e baixos índices sócio-econômicos registrados na região (SOUZA,
1995).
Na organização social, destaca-se uma importante peculiaridade do Nordeste,
a alta densidade demográfica da região, especialmente na mancha semi-árida uma
das mais altas do mundo para esse tipo de ambiente (AB'SABER, 1977).
Desta forma, a pressão da população sobre os recursos naturais, já
naturalmente frágeis, leva à deterioração ambiental, gerando um ciclo de pobreza e
miséria, tornando a região cada vez mais vulnerável. Em uma análise mais acurada
sobre essas relações no Nordeste, especialmente no semi-árido (AB'SABER, 1977)
faz-se a seguinte observação: "A especificidade dos problemas humanos e sociais
do Nordeste seco está diretamente relacionada ao balanço entre o quanto a
população da região precisa para alimentar e manter as potencialidades efetivas do
meio físico rural, dentro dos padrões culturais de sua população e dos limites
impostos pelas relações dominantes de produção".
24
“A grande mancha de terra morta que se espalha pelo Sertão já corresponde
a 18 mil quilômetros quadrados, quase o tamanho do estado de Sergipe, e uma área
dez vezes maior segue pelo mesmo caminho” (CAMPELLO; GODOY, 2004).
De acordo com Conti (1995) os primeiros trabalhos nos quais aparecem o
conceito de desertificação como a degradação das terras produtivas no semi-árido,
foram conduzidos na região Nordeste por José Vasconcelos Sobrinho da
Universidade Federal de Pernambuco. A ele é creditado o mérito do pioneirismo nos
estudos de desertificação no Brasil.
Durante a década de 70, o referido pesquisador publicou diversos trabalhos
sobre desertificação, contribuindo para a divulgação e compreensão do fenômeno e
da sua importância na organização espacial no Nordeste.
As abordagens feitas por Vasconcelos Sobrinho (2005) são fundamentadas
principalmente na metodologia dos indicadores da desertificação, sob a orientação
geral da Conferência das Nações Unidas sobre Desertificação de 1977. O autor
discute o que considera ser a vocação pré-desértica do polígono das secas
condicionada por "um equilíbrio ecológico instável decorrente do regime
pluviométrico de baixo índice de precipitações e extrema irregularidade, dos solos
rasos com limitada capacidade de retenção de água, amplo fotoperiodismo e ventos
secos e quentes com forte poder de desidratação".
Vasconcelos Sobrinho (2005) define núcleos de desertificação como "áreas
onde a degradação da cobertura vegetal e do solo alcançou uma condição de
irreversibilidade, apresentando-se como pequenos desertos já definitivamente
implantados dentro do ecossistema primitivo". Indica os núcleos já existentes do
Nordeste, dentre eles o Seridó do Rio Grande do Norte e da Paraíba, além dos
Cariris Velhos, na Paraíba. Relaciona como indicadores mais importantes para o
estudo da desertificação, os fatores físicos, biológico-agrícolas, sócio-econômicos
(relacionados ao uso da terra), parâmetros biológico-humanos, processos sociais,
tipos de assentamentos.
O supra citado autor estabelece ainda o conceito de áreas-parâmetro como
recobertas de vegetação primitiva, contíguas às que sofrem desertificação, áreas-
piloto, o que permite comparar a evolução do fenômeno.
Ab'saber (1977) publicou a “Problemática da desertificação e da savanização
no Brasil intertropical”, no ano que se realizava a Conferência das Nações Unidas
sobre Desertificação em Nairobi, Quênia. Este geógrafo define como "processos
25
parciais de desertificação, todos aqueles fatos pontuais ou areolares,
suficientemente radicais para criar degradações irreversíveis da paisagem e dos
tecidos ecológicos naturais". Mesmo reconhecendo que as áreas úmidas e faixas de
transição sofreram mais degradação ambiental, "é no Nordeste seco que aparecem
feições de degradação pontuais facilmente reconhecíveis".
Desta forma, partindo da base conceitual preconizada nos estudos
geoambientais, Ab’saber (op. cit), descreve as áreas suscetíveis aos processos de
desertificação, considerando sua predisposição geoecológica, quase sempre
acentuada por ações antrópicas diretas ou indiretas.
Rodrigues (1992) por ocasião da ICID (Conferência Internacional sobre
Impactos de Variações Climáticas e Desenvolvimento Sustentável em Regiões
Semi-Áridas), trata da avaliação do quadro da desertificação no Nordeste do Brasil:
Diagnóstico e Perspectiva. Atualizado e reapresentado por Ferreira, (1994), na
CONSLD (Conferência Nacional e Seminário Latino-Americano da Desertificação), o
estudo destaca uma caracterização da região, por alguns aspectos ligados à
desertificação, como: seca, irrigação etc., partindo de uma metodologia baseada em
indicadores sócio-econômicos e suscetibilidade climática, determinada pelo índice
de aridez como razão entre a precipitação e a evapotranspiração, proposto pela
PNUMA (1991), que indica as áreas do Nordeste já afetadas.
A partir da Carta de Susceptibilidade à Desertificação no Nordeste do Brasil
de 1992, foram plotadas as áreas que apresentam índice de aridez estabelecidos
pelo PNUMA de até 0,65, correspondente aos climas sub-úmidos secos. Elaborada
uma matriz foram cruzados os indicadores sócio-econômicos levando em
consideração a presença ou ausência dos índices de aridez. Os indicadores sócio-
econômicos inventariados e analisados foram: densidade demográfica, sistema
fundiário, tempo de ocupação, erosão, perda de fertilidade, mineração,
pecuarização, estagnação econômica, níveis de mecanização, estágios de
salinização, área de preservação, suscetibilidade climática, uso de defensivos
agrícolas, qualidade da água de levantamento da área agrícola. Constata-se que
não houve, portanto, uma avaliação quantitativa da ocorrência desses indicadores
mas sim, qualitativa. As áreas consideradas muito graves registraram a presença de
mais da metade dos indicadores mencionados.
Na Paraíba, segundo o Gestor Ambiental, João Ferreira Filho, o processo de
desertificação já está ocorrendo em 72% do seu território, e não para por aí. Nos
26
próximos 30 anos a semi aridez vai chegar no Litoral e a região que hoje é
conhecida como semi-árida vai se tornar completamente árida.
Por enquanto a região mais afetada no Estado da Paraíba é a do Seridó, que
compreende cidades como Junco do Seridó, Santa Luzia, São João do Sabugi, São
Mamede, Várzea, Cubatí, Frei Martinho, Juazeirinho, Nova Palmeira, Pedra Lavrada,
Picuí e Seridó. Mas a região do Cariri também corre sério risco, já que apresenta os
mesmos sinais que fizeram do Seridó um núcleo de desertificação, desmatamento,
mineração predatória, exaurimento das bacias hidrográficas e crescimento
desordenado da população. Além dos fatores antrópicos, um fator natural contribui
para esse processo, o da redução gradativa da precipitação de chuvas.
A Paraíba possui cerca de 70% do seu território sujeito ao processo de
desertificação, 70,3% dos 56.372 km2 de suas terras são classificadas como
susceptíveis à desertificação, apresentando 29,03% dessa área com ocorrência
muito grave, 15,28% com ocorrência grave e 26,03% com ocorrência moderada. Os
dados de ocorrência muito grave fazem da Paraíba destaque nessa categoria,
quando comparada com outros estados nordestinos (SOUZA, 1999).
Já se torna possível identificar a ocorrência do fenômeno em algumas áreas
do estado, tais como: a depressão do Alto Piranhas, os Cariris Velhos, o Agreste da
Borborema, o Curimataú e o Seridó.
Souza (1999) apresenta por meio do estudo da desertificação da bacia do rio
Taperoá, situado no Estado da Paraíba, uma contribuição metodológica importante
para o estudo de áreas desertificadas, sobretudo quando relaciona dados de
tendências de precipitação com o nível de degradação de vegetação nativa e o ritmo
de recuperação da mesma. No entanto, toda a região semi-árida, principalmente os
Cariris e o Curimataú, são regiões sujeitas à desertificação.
Santos (2002) afirma que estudar a desertificação, significa trabalhar com
uma série de variáveis: ambientais, sociais, econômicas, políticas e culturais. Devido
a complexidade do tema e diante dos indicadores apontados por vários estudiosos
da questão, faz-se necessário utilizar uma metodologia de estudo, que seja bastante
prática e objetiva. Essa problemática é alvo de várias controvérsias, quanto ao seu
próprio conceito e aplicações, tendo em vista que o processo é passível de
ocorrência em ambientes que são previstos oficialmente pelo PNUMA (Programa
das Nações Unidas Para o Meio Ambiente).
27
Neste contexto o autor acima citado busca desenvolver um estudo sobre a
desertificação numa perspectiva interdisciplinar, tendo como foco principal à relação
sociedade-natureza e o uso de uma metodologia de estudo que seja clara e objetiva
na identificação de áreas que se encontram em processo de desertificação e na
detecção dos seus indicadores, em particular, na microrregião do Seridó Paraibano,
mais especificamente no município do Seridó/PB, que, possui uma área de 227,7
km2, fazendo limite com os municípios de Juazeirinho/PB (30km); Soledade/PB (15
km); Olivedos/PB (20 Km); Cubati/PB (8km); Pedra Lavrada/PB (27km) e
Equador/RN (8 Km).
Silva (2002) apresenta que “a vegetação nativa dos municípios afetados por
este processo está quase extinta, sendo encontrados isoladamente alguns
remanescentes, testemunhos do que foi a cobertura vegetal em épocas pré-
coloniais. O manejo inadequado, as constantes queimadas, a retirada da lenha, a
garimpagem e a pecuária extensiva, agravados pelas mudanças climáticas, foram,
entre outros, os principais atores da construção social dos riscos ao longo dos anos
que sucederam o início da colonização exploratória, resultando na degradação e
extermínio da vegetação nativa. Os resultados destas atividades são impactos
ambientais alarmantes que refletem a atual situação socioeconômica dos
agricultores. De um modo geral a degradação ambiental no município é grave”.
O mesmo autor afirma que nas áreas onde o índice de degradação ambiental
se encontra muito grave, pode-se encontrar verdadeiros núcleos de desertificação,
sendo agravada ainda mais nos anos de El Niño.
Conti (1995) destaca que informações ambientais e sócio-econômicas são a
constatação da existência do fenômeno da desertificação, além da verificação de
sua extensão, seu grau de evolução ou retração.
A ineficiência do IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais) na região é criticada até pelo representante da instituição no Geds (Grupo
de Estudos de Desertificação no Seridó), o geógrafo Alvamar Queiroz. Licenciado do
órgão para coordenar o grupo, afirma que a fiscalização é tão precária que não há
mais estímulo em denunciar os desmatamentos pois, "o IBAMA sabe que essa é
uma das maiores causas da desertificação no Seridó, mas não toma nenhuma
providência" (MELO, 2002).
O desmatamento é o principal, mas não o único fator responsável pela
ocorrência do fenômeno na região nordeste. Com o fim do ciclo do algodão, as
28
terras viraram áreas de pastagem e foram ocupadas por grandes rebanhos. O
problema é que os produtores costumam colocar um número de cabeças de gado
maior do que o ecossistema pode agüentar o que, tecnicamente, é chamado de
sobrepastoreio. "Os animais pisoteiam o solo, matando a vegetação rasteira e
dificultando a infiltração da água na época das chuvas" (MEDEIROS, 2004).
Esta interpretação inicial do quadro natural identificado no nordeste brasileiro,
correlacionando evidentemente ao Seridó paraibano como recorte do conjunto
identificado nesta realidade geográfica, alicerça a compreensão da dinâmica das
paisagens naturais em toda sua magnitude, contemplando não apenas o contexto da
morfoclimatologia bem como os componentes dinâmicos que inserem a dimensão
espacial do fenômeno em questão.
Sabe-se que o relevo é citado como o principal elemento no processo de
ocupação do espaço, cabendo a ação do homem que se apropria dos conjuntos de
paisagens, para chegar ao ápice de seu avanço sobre a superfície terrestre a tarefa
de compreender profundamente os efeitos desta apropriação (DAMASCENO, 2001).
O desenvolvimento de estudos dirigidos ao semi-árido no tocante à questão
ambiental, principalmente ao quadro de desertificação, está se balizando pela
definição estabelecida no documento “Agenda 21” (cap.12) que trata da seguinte
forma o tema: “A degradação da terra nas regiões áridas, semi-áridas e sub-úmidas
secas, é resultante de vários fatores, entre eles as variações climáticas e as
atividades humanas”. O termo “degradação da terra” é entendido como a
degradação dos solos, dos recursos hídricos, da vegetação e a redução da
qualidade de vida das populações afetadas (BRASIL, 1998).
O grau de degradação provocado tanto pelos fenômenos naturais como pela
ação antrópica estabelece ainda outros níveis de degradação, particularizando a
natureza diferente entre estes (BARBIERI, 1997). É preponderante avaliar o estágio
do fenômeno de desertificação na Paraíba, acrescentando que os “níveis de
degradação ambiental contribuem ainda mais para gerar mais problemas sociais que
significativamente agravam o desequilíbrio regional” (BECKER, 1997).
2.1 O NÚCLEO DE DESERTIFICAÇÃO DO SERIDÓ
29
A Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação conceitua
a desertificação como o processo de degradação das terras das regiões áridas,
semi-áridas e sub-úmidas secas, resultante de fatores diversos tais como as
variações climáticas e as ações antrópicas. Encontram-se ainda ligadas a essa
conceituação as degradações do solo, da fauna, da flora e dos recursos hídricos.
(BRASIL, 2004).
A degradação do solo é o resultado de processos naturais que podem ser
induzidos ou acelerados pelo homem. O processo de degradação dos solos produz
a deterioração da cobertura vegetal, do solo e dos recursos hídricos, através de uma
série de processos físicos, químicos, biológicos e hidrológicos. Essas deteriorações
provocam a destruição tanto do potencial biológico das terras quanto da sua
capacidade de uso em sustentar a população a ela ligada (ACCIOLY, 2001).
Nos municípios do Seridó do Rio Grande do Norte e da Paraíba, o agricultor
de áreas sujeitas as variações pluviométricas estão comercializando o que resta de
solo fértil para as indústrias de cerâmica da região. Com isso, camadas de solo
arável são extraídas e usadas como matéria prima em olarias e o que sobra da terra
vem servindo apenas para aumentar a área de mancha desertificada que já cobre
2.341km2 do Seridó. A essa situação, soma-se um quadro ainda mais grave. Por
ano, cerca de 10% da área verde do estado potiguar e de igual dimensão na
Paraíba, vêm sendo desmatados para virar lenha e alimentar os fornos do pólo
ceramista da região e produção de carvão para uso doméstico (DANTAS, 2001).
Quando se refere à degradação ambiental de matas, tem-se a compreensão
que este fenômeno está intrinsecamente ligado a um problema social (BLAIKIE;
BROOKFIELD, 1987).
O Plano Nacional de Combate à Desertificação (PNCD), acordo de
cooperação técnica entre o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
(PNUD) e o Governo Brasileiro, classifica que a grande maioria das terras com
níveis de susceptibilidade à desertificação de moderada a muito alta se encontram
nas áreas semi-áridas e subúmidas do Nordeste. (BRASIL, 2004).
Essas áreas atingem cerca de 181.000 Km², correspondendo a
aproximadamente 20 % das terras semi-áridas da região Nordeste, que se
encontram em processo de desertificação com níveis grave a muito grave, com um
universo de mais 10 milhões de pessoas. Na maior parte dessa área predomina
30
solos rasos e uma cobertura vegetal esparsa de caatinga hiperxerófila (SAMPAIO;
YONY, 2002).
As áreas onde o problema da desertificação é mais acentuado são chamadas
pelo Ministério do Meio Ambiente de Núcleos de Desertificação, assim identificados:
a) Núcleo do Seridó, localizado na região centro-sul do Rio Grande do Norte e
centro-norte da Paraíba, com uma área de aproximada de 2.341 Km2, orbitando
vários municípios em torno do município de Parelhas - RN; b) Núcleo de Irauçuba
noroeste do Estado do Ceará compreendendo uma área de 4.000 Km2 incluindo os
municípios de Irauçuba, Forquilha e Sobral; c) Núcleo de Gilbués, Piauí, com área
de 6.131 Km2 compreendendo os municípios de Gilbués e Monte Alegre; d) Núcleo
de Cabrobó - PE, área de 5.960 Km2 atingindo os municípios de Cabrobó, Belém de
São Francisco e Floresta (BRASIL, 1998).
A erosão hídrica é o principal fator das perdas de solo nos núcleos de
desertificação de Irauçuba, Cabrobó e Seridó enquanto que no núcleo de Gilbués,
além dessa, a erosão eólica tem relevância nos meses de agosto a novembro
(ACCIOLY, 2001).
A complexidade dos ambientes naturais neste panorama permite observar
que a composição da flora, da fauna, das formas de relevo e da presença da ação
humana nas áreas dos núcleos de desertificação abordadas não se diferencia das
demais áreas da região. E dentro dessa perspectiva, fica evidente a importância do
entendimento da dinâmica local. Para tanto, “a avaliação ambiental de uma região
permite que se identifiquem suas potencialidades de uso (inclusive o não uso), de
ocupação, suas vulnerabilidades e seu desempenho futuro estimado. Dessa
maneira, ela possibilita que se otimizem decisões ligadas à sua preservação,
conservação e ecodesenvolvimento” (MACEDO apud TAUK,1995).
Como as atividades de exploração dos recursos naturais no contexto do semi-
árido são crescentes, as ações antrópicas dirigidas para o bioma desta região
impõem uma pressão determinante no avanço dos níveis de degradação. Tal
afirmação é reforçada por Bressan (1996), que afirma: “para a análise dos
ecossistemas segundo o enfoque da multiplicidade de usos, é decisivo agregar
determinados elementos como os conceitos de recurso natural e de capacidade de
utilização dos sistemas naturais”.
Na Microrregião Seridó Ocidental, dadas as suas condições edafoclimáticas
(solos rasos pedregosos, clima quente com baixos índices pluviométricos e períodos
31
chuvosos quase ausentes) que dificultam o manejo agrícola, encontra-se excelente
potencial para exploração da caprinovinocultura, associado às culturas alternativas e
de subsistência como o algodão e a mandioca (IICA, 2004). Vale salientar que a
vegetação tem sofrido um processo contínuo e renovado de degradação de sua área
original, sendo uma boa parte da caatinga substituída ao longo dos séculos, por
plantações de algodão, palma, pastagem e outros plantios agrícolas (GALVÃO,
1991).
3 ATIVIDADE MICROBIANA: RESPIRAÇÃO EDÁFICA
Na região nordestina a atividade antrópica tem contribuído demasiadamente
para a devastação da Caatinga e com isso, tem contribuído para uma redução da
produção da biomassa, fato que favorece a exposição direta do solo e o torna com
baixo índice de fertilidade caracterizando assim, a degradação dessa área (SOUTO
et al, 1999).
A matéria orgânica do solo é resultante, principalmente, da decomposição de
resíduos de origem animal e vegetal encontrando-se em estreita associação com a
fração argila do solo caracterizando assim, a manutenção e a produtividade dos
ecossistemas. Nessa perspectiva, a biomassa microbiana do solo comporta-se como
um reservatório de nutrientes os quais são essenciais às plantas (GRISI; GRAY,
1986).
Segundo Tauk-Tornisielo (1997 apud SOUTO, 2006), o conhecimento da
comunidade edáfica fornece subsídios que auxiliam na escolha do melhor manejo
para o ecossistema. O ciclo dos nutrientes depende, de maneira geral, da atividade
microbiana do solo. No entanto, quanto mais preservada for a área de plantio, maior
será a abundância e a diversidade das espécies presentes nesse ecossistema.
Souto (2006), comenta que qualquer alteração no ambiente resultará em mudanças
nessas comunidades e alterará os ciclos dos nutrientes.
A ação humana crescente sobre o planeta afeta não apenas o solo, mas sim
todos os seus constituintes orgânicos e inorgânicos, de modo que na atualidade o
reconhecimento da dinâmica dos organismos que habitam o solo e o manejo deste
subsistema são importantes no combate às calamidades (EPPO, 2003).
32
4 MESOFAUNA E MACROFAUNA DO SOLO
Um indicador biológico é freqüentemente definido como a presença ou
ausência de certa espécie, de planta ou animal, em dada área, associada a
determinada condição ambiental. Em muitos casos, uma espécie representativa é
selecionada e as alterações observadas na população são indicativas das condições
dos outros componentes biológicos do ecossistema (TURCO; BLUME, 1999 apud
ZILLI et al, 2003). Essa estratégia é bastante útil, uma vez que elimina a
necessidade de se estudar todos os indivíduos da comunidade biológica (ZILLI et al
2003).
Souto et al (1999) descrevem que “na região Nordeste a produção de
biomassa depende da precipitação anual e de sua distribuição. Com a intensa
devastação da Caatinga, essa produção sofreu uma redução drástica, favorecendo a
exposição direta do solo, deixando-o com baixos níveis de fertilidade, tornando
essas áreas degradadas”.
Segundo Grisi e Gray (1986), a dinâmica e a produtividade de ecossistemas e
de diversos agrossistemas estão sujeitos, em sua maioria, o processo de
decomposição da matéria orgânica no solo, e por conseguinte, mineralização dos
nutrientes.
Souto (2006) destaca que a biomassa microbiana do solo funciona como
importante reservatório de nutrientes essenciais às plantas. O conhecimento da
estrutura da comunidade edáfica é muito importante, pois oferece subsídios para a
escolha de melhor manejo para o ecossistema, ou seja, aquele que afetará em
menor escala o equilíbrio do mesmo.
Os invertebrados do solo realizam a degradação e a decomposição do
material orgânico mantendo o fornecimento eficiente dos nutrientes no ambiente.
Quanto mais conservada for a vegetação, a abundância e diversidade de espécies
desses grupos será mais elevada. No entanto, qualquer alteração no ambiente
resultará em mudanças nessas comunidades, promovendo alterações nos ciclos dos
elementos (SOUTO, 2006).
Os microartrópodos são importantes componentes da fauna edáfica,
participando ativamente dos processos de decomposição da matéria orgânica e
33
mineralização dos nutrientes, influenciando a estabilidade, a fertilidade e a
estruturação do solo (HARTE et al, 1996).
Seastedt (1984) relata que 95 % dos microartrópodos do solo sejam
constituídos por Acari e Collembola e suas populações são consideradas como
bastante sensíveis às alterações do ambiente. Em decorrência dessas
características, essa mesofauna tem sido utilizada como indicadora de impactos
ambientais em agroecossistemas.
Werner e Dindal (1987) afirmam que ácaros e colêmbolos têm distribuição
agregada no solo, em virtude de fatores edafoambientais, destacando-se umidade e
alimento, os quais também influenciam sua migração vertical em busca de condições
favoráveis.
Lavelle (2000) classifica os organismos do solo pelo tamanho, sendo os
pertencentes à mesofauna mensurados numa magnitude compreendida entre 2,0 a
4,0 mm, composta basicamente por ácaros (Acari) e colêmbolos (Collembola), além
de coleópteros, dípteros, hymenópteros, isópteros (Insecta). Os mais numerosos são
os Oribatei (Acari: Cryptostigmata) e os Collembola (Insecta), juntos, eles constituem
de 72% a 97%, em números de indivíduos, da fauna total de artrópodes do solo.
Swift et al (1979) consideram, dentre as atividades tróficas deste grupo da
mesofauna, sua contribuição significativa na regulação da população microbiana,
sendo sua contribuição insignificante na fragmentação dos resíduos vegetais.
Merlim (2005) afirma que, os organismos do solo alimentam-se de detritos e
utilizam a energia e os nutrientes para seu próprio crescimento. No metabolismo dos
recursos orgânicos, diversos elementos são convertidos de sua forma orgânica para
inorgânica no processo chamado mineralização. Estes recursos, uma vez
mineralizados, são reaproveitados pelos organismos do solo, juntamente com a
energia liberada para a manutenção de suas atividades metabólicas, tornando-se
imobilizados na biomassa do solo. À medida que o sistema perde carbono como
CO2, o balanço entre estes processos termina por disponibilizar nutrientes para os
vegetais.
Swift et al (1979) apresentaram que os invertebrados do solo podem ser
classificados de acordo com seu comprimento em três grupos: a microfauna (< 0,2
mm), que inclui nematódeos e rotíferos (em áreas mais alagadas); mesofauna (0,2 –
2 mm), que inclui ácaros, alguns insetos e enquitrídeos; e a macrofauna (> 2 mm),
composta por miriápodes, insetos e oligoquetos.
34
De acordo com Brandão (1992) “as bactérias do solo formam o grupo que
apresenta maior abundância e diversidade entre as espécies; sua comunidade é
estimada em cerca de 108 a 109 organismos por grama de solo. Este grupo
apresenta alta capacidade de decomposição dos diferentes substratos contidos no
solo, exercendo importante papel na decomposição da matéria orgânica e ciclagem
dos elementos.
A diversidade de microrganismos é tão extensa embora desconhecida em sua
plenitude. Uma porção de 1g (grama) de solo pode conter um universo que orbita os
10 bilhões de microrganismos, representando milhares de espécies. No entanto, só
foram nomeadas menos de 0,1% e no máximo 10% das espécies microbianas,
conforme o habitat estudado (ZILLI et al, 2003).
As condições do ambiente edáfico são indicadas pela densidade e a
composição desses organismos no solo (KAISER; LUSSENHOP, 1991). As
influências ambientais interferem no microclima do solo afetando a mesofauna
edáfica, que têm uma grande capacidade de modificar ecossistemas terrestres
(HARTE et al, 1996).
Qualquer que seja a abordagem de estudo da comunidade do solo é
necessário que se utilizem duas ferramentas básicas: a abundância e a variedade de
espécies ou grupos presentes. No entanto, pode-se retratar parcelas desta
comunidade, escolhendo-se determinados grupos taxonômicos de um ecossistema
(LAVELE et al 1994 apud SOUTO, 2006).
A diversidade de espécies está associada ao seu número (opulência de
espécies) e à distribuição do número de indivíduos entre as espécies, ou seja, a
eqüitabilidade, (WALKER, 1989). Esta definição está explicitada nos índices de
diversidade de Shannon e de Pielou, que conjugam esses dois parâmetros (ODUM,
1988; COLINVAUX, 1996 apud SOUTO, 2006).
A atividade de escavação do solo realizada principalmente por minhocas e
cupins determina, em grande parte, a estrutura do solo, densidade e retenção de
água (LAVELLE et al, 1993). A matéria orgânica influencia positivamente a
população de Oligochaeta edáficos, aumentando a biomassa e a quantidade de
espécies e indivíduos, resultando em aumento da incorporação de compostos
orgânicos (JACOMINE, 1996).
É fato que as práticas agrícolas acarretam inúmeras modificações na
composição e diversidade dos organismos do solo, em diferentes graus de
35
intensidade em função de mudanças de habitat, do fornecimento de alimento, da
criação de microclimas e da competição intra e interespecífica (ASSAD, 1997).
A biota do solo, especialmente os representantes da meso e macrofauna, têm
papel determinante em processos edáficos, tais como: ciclagem de nutrientes,
funcionamento biológico, decomposição da matéria orgânica e melhoria de atributos
físicos como agregação, porosidade, infiltração de água (SANGINGA et al. 1992).
Nesse sentido, observa-se que a influência do manejo do solo sobre esses
componentes biológicos apresenta normalmente, resposta mais rápida do que outros
atributos pedológicos, servindo como indicadores das alterações ecológicas nos
agroecossistemas.
Desse modo, o conhecimento da fauna e do seu comportamento ecológico é
importante, tanto para a avaliação da qualidade do solo, quanto para o
conhecimento da dinâmica dos sistemas de produção (PAOLETTI; BRESSAN,
1996).
5 LEVANTAMENTO SÓCIO- ECONÔMICO DO NÚCLEO DE DESERTIFICAÇÃO DO SERIDÓ
Segundo Braga et al. (2002), todo ecossistema procura um estado de
equilíbrio dinâmico por meio de mecanismos de autocontrole e auto regulação que
entram em ação assim que ocorre qualquer mudança. Devido à complexidade das
interações dos recursos naturais, torna-se importante a questão ambiental para a
própria sobrevivência humana.
A deterioração de terras em zonas áridas, semi-áridas e subúmidas secas,
nas quais os recursos solo e água são escassos, resulta de vários fatores, incluindo
variações climáticas e atividades antrópicas. Os estudos realizados em zonas áridas
mostram que muitas das soluções propostas criaram mais problemas que benefícios
(AGUIRE, 1976).
No Nordeste brasileiro, a penúria da cobertura vegetal nativa, a escassez e
má qualidade das águas para abastecimento humano e o uso agrícola são os pontos
mais fortes dessas dificuldades (SILVA et al, 1984). A Paraíba não é exceção, pois
36
se encontram várias áreas completamente degradadas pelo mau uso dos recursos
naturais, algumas delas de inexeqüível recuperação.
É fundamental observar que a deterioração ambiental não se manifesta
apenas pela vulnerabilidade do solo à erosão, mas, sobretudo, pelo uso a ele
imposto (SÁ, 2002).
Desde o começo da industrialização, a exploração da natureza cresceu mais
de cem vezes e o agravamento desse quadro com a mundialização do acelerado
processo produtivo aumentou a necessidade de um cuidado especial com o futuro
da terra. A humanidade tem se deparado com um avanço tecnológico nunca visto.
Certamente, as últimas décadas marcaram profundas transformações de ordem
estrutural e funcional na economia mundial. Todos esses reflexos na agricultura são
traduzidos por uma homogeneização dos sistemas produtivos agrícolas, culminando
naquilo que se denominou de "modernidade dolorosa" para a agricultura dos países
subdesenvolvidos (LIRA, 2006).
Segundo Francelino (2000), o Brasil é um país historicamente reconhecido
pela injustiça social, retratada no campo por um sistema agrário altamente
concentrado, em que menos de 3% dos proprietários de terra possuem mais da
metade das terras agricultáveis.
Barreiro Neto e Carvalho (1988) destacam que o Nordeste, por razões de
natureza ambiental, caracteriza-se pela concentração da produção em um número
reduzido de lavouras: algodão, milho e feijão, sendo o algodão a mais importante
fonte de renda, e o milho, o feijão e a mandioca são as fontes básicas de alimentos
para os agricultores.
Em razão da grande pressão antrópica à qual é submetida, as áreas de
vegetação nativa da caatinga vêm sofrendo, ao longo do tempo, um sério processo
de empobrecimento, em termos de raleamento, diminuição da altura média, número
de espécies e abundância relativa (SAMPAIO et al. 1994).
De acordo com os levantamentos do PNUD/FAO/IBAMA (1993), o maior
consumidor da vegetação do semi-árido e contrariando todas as expectativas, é o
setor residencial (doméstico), superando inclusive o setor industrial, onde é
consumido principalmente na forma de lenha e estacas. O consumo anual do
conjunto de todos os setores no Nordeste é cerca de 5.300.000m³ de lenha,
correspondente a um desmatamento de uma área de 100.000ha (HOFFMANN et al,
2005).
37
A exploração ambiental está diretamente ligada ao avanço do complexo
desenvolvimento tecnológico, científico e econômico que, muitas vezes, tem alterado
de modo irreversível o cenário do planeta e levado a processos degenerativos
profundos da natureza (RAMPASSO, 1997). Ehlers (1998) destaca como processos
degenerativos profundos da natureza a erosão, a perda da fertilidade dos solos; a
destruição florestal; a dilapidação do patrimônio genético e da biodiversidade; a
contaminação dos solos, da água, dos animais silvestres, do homem do campo e
dos alimentos.
No Brasil, a história agrícola está ligada à história do processo de colonização
no qual a dominação social, política e econômica da grande propriedade foram
privilegiadas. Assim, a grande propriedade se impôs como modelo socialmente
reconhecido e recebeu estímulos expressos na política agrícola que procurou
modernizar e assegurar sua reprodução, podendo-se concluir que a agricultura
familiar sempre ocupou um lugar secundário e subalterno na sociedade brasileira
(WANDERLEY, 1995).
Na concepção de Huberman (1973), a ação antrópica de forma implementada
e causadora de impactos profundos evidencia um comportamento que identifica os
agentes humanos estruturando no tempo e no espaço uma prática eminentemente
capitalista. Este fato revela-se como o comportamento da própria história da riqueza
do homem sob o enfoque da produção permanente de novas formas de acumulação.
Segundo o GTDN (Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento do Nordeste)
(1997), as condições sociais e econômicas das áreas caracterizadas de semi-áridas,
possuem certo grau de fragilidade, em que a prática agrícola na área é ineficiente
para atender todo o seu contingente humano. Almeida (1988) reafirma que, a
inadequação do sistema produtivo leva a formas incorretas de manejo da terra que,
por conseguinte, provoca a degradação do solo arável, seguindo a degradação da
vegetação e comprometimento de toda biodiversidade, finalizando com efeitos
diretos às populações das áreas afetadas.
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CCAAPPÍÍTTUULLOO II
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INDICADORES BIOLÓGICOS DO NÚCLEO DE DESERTIFICAÇÃO DO SERIDÓ OCIDENTAL DA PARAIBA
RESUMO: As atividades biológicas que ocorrem no solo são responsáveis pelas transformações físicas e químicas dos resíduos orgânicos, permitindo assim, a sustentabilidade dos ambientes. Considerando os limitados trabalhos sobre o comportamento da atividade microbiana, da mesofauna e macrofauna em área de Caatinga, o presente estudo objetivou avaliar a atividade e o comportamento da comunidade microbiana e as espécies que compõem a população da mesofauna e macrofauna edáfica. O trabalho foi realizado em parcelas experimentais no período compreendido entre fevereiro/2006 e fevereiro/2007, nos municípios de Santa Luzia, São José do Sabugi e Várzea, localizados no semi-árido da Paraíba, microrregião do Seridó Ocidental, compreendendo o Núcleo de Desertificação do Seridó paraibano. A atividade microbiana foi determinada bimestralmente através da liberação de CO2, de uma determinada área de solo, utilizando-se KOH 0,5N. Observou-se que a maior liberação de CO2 ocorreu no período da estação chuvosa e durante a noite, indicando período favorável à atividade dos microrganismos, e ocorrendo decréscimos na liberação de CO2 na estação seca. Para determinação da população de mesofauna do solo foram coletadas amostras de solo na profundidade de 0-15 cm, a extração da mesofauna foi feita através do método de Berlese-Tullgren modificado. O índice de Shannon e o índice de Pielou variaram de acordo com a época de coleta. Na coleta da macrofauna foram utilizadas armadilhas tipo PROVID, distribuídas aleatoriamente nas parcelas, totalizando 420 coletas, que também indicaram variabilidade em função da estação do ano e do período do dia. A análise dos dados mostrou a influência da estação do ano na atividade microbiana. Palavras-chave: Respiração Edáfica, Mesofauna Edáfica, Macrofauna Edáfica
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BIOLOGICAL INDICATORS IN THE DESERTIFICATION NUCLEUS
OF “SERIDÓ”, PARAIBA STATE, BRAZIL
ABSTRACT: The biological activities that occur in the soil are responsible for the physical and chemical changes of organic matter, thus, the sustainability of environments. Considering the limited work on the behavior of microbial activity, mesofauna and macrofauna in caatinga forest, this study aimed to evaluate the activity and behavior of the microbial community and species that make up the population of mesofauna and macrofauna soil. The work was carried out on experimental plots in the period February/2006 at February/2007, in Santa Luzia, Sao Jose do Sabugi and Várzea, Paraíba State, including the “Desertification Nucleus of Seridó” of the Paraiba State. Microbial activity was measured every two months through the release of CO2 in a given area of soil, using KOH 0.5 N. It was observed that the greater release of CO2 occurred during the rainy season and during the night, indicating activity period in favourable of micro-organisms, and decreases occurred in the release of CO2 in the dry season. To determine the population of mesofauna soil samples were collected at depth of 0-15,0 cm, the extraction of mesofauna was done using the Berlese-Tullgren modified. The Shannon and Pielou index varied according to the time of collection. Macrofauna soil in the collection traps PROVID were randomly distributed plots, totaling 420 samples, which also showed variation depending on season and time of day. Data analysis showed the influence of season on microbial activity. Keywords: soil respiration, mesofauna soil, macrofauna soil
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1 INTRODUÇÃO O solo é considerado um dos importantes componentes no processo da
manutenção da vida, ou seja, como suporte físico e como reserva de nutrientes às
plantas. Dentre as funções promove a dinâmica e a armazenagem da água, mantém
as cadeias alimentares, as funções reguladoras do ambiente, a ciclagem de
nutrientes, e a diversidade de macro e microrganismos que representam o principal
elemento de regulação da vida (MOREIRA, 2006).
Os indicadores biológicos se consolidam numa recente conscientização de
que o solo é um recurso essencial tanto para a produção de alimentos quanto para o
funcionamento global dos ecossistemas. As constatações de processos de
degradação têm afetado uma porção considerável dos ambientes sensíveis às
mudanças globais. Conhecer a qualidade e a dinâmica do solo possibilita manejá-lo
com sustentabilidade para que no caso do processo de desertificação haja um
quadro de compreensão que atue no combate ao avanço intenso deste processo.
(CORSON, 1996).
Muñoz et al (2007) consideram que o intenso uso do solo sem um manejo
racional resulta em diminuição de sua qualidade, iniciando processos que podem
alterar suas propriedades, tais como densidade, fertilidade e atividade biológica.
O componente biológico presente no solo possui maior sensibilidade em
responder rapidamente às modificações que ocorrem no ambiente por isso os
microrganismos são facilmente prejudicados por distúrbios causados pelas
atividades antrópicas (MARINARI et al, 2006).
Segundo Sparling (1997), para avaliar a qualidade do solo além dos atributos
físicos e químicos é necessário se utilizar dos seguintes indicadores biológicos: a
biomassa e a respiração basal do solo. A biomassa microbiana é definida como
sendo “o maior componente vivo e ativo da matéria orgânica, compreendendo de 2 a
5% do carbono orgânico do solo” (JENKINSON; LADD, 1981). A respiração basal do
solo, avaliada através da liberação de CO2, é a medida mais utilizada para se avaliar
a sua atividade microbiana (ALEF, 1995); dessa forma a quantidade de dióxido de
carbono (CO2) liberado é indicativo prontamente metabolizável do solo (DORAN;
PARKIN, 1994).
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O método da respiração basal é extensamente usado em estudos do solo,
permitindo estimar a atividade microbiana total, sendo de fácil execução e custos
relativamente baixos. De acordo com Savin et al (2001 apud SOUTO, 2000), a taxa
de respiração edáfica medida no campo reflete a emissão real do CO2 no solo e
estas informações são usadas, por exemplo, para calcular o estoque de carbono do
ecossistema.
Os microartrópodos são importantes componentes da fauna edáfica,
participam ativamente dos processos de decomposição da matéria orgânica, da
mineralização dos nutrientes além de influenciar na estabilidade, na fertilidade e na
estruturação do solo (BARRIOS et al, 2006). Considera-se que 95 % dos
microartrópodos presentes no solo sejam constituídos por Acari e Collembola
(SEASTEDT, 1984) e suas populações são consideradas sensíveis à alterações do
ambiente. Em decorrência dessas características, a mesofauna tem sido utilizada
como indicadora de impactos ambientais em agroecossistemas, embora em
ambiente de caatinga estes indicadores ainda sejam muito pouco avaliados.
A densidade populacional de organismos do solo está na dependência direta
dos fatores ambientais e, quando essas são mais favoráveis a população aumenta;
quando as condições ambientais são desfavoráveis, essa população diminui
(SILVEIRA et al, 2006). Seguindo este princípio, as populações da fauna edáfica
manifestam, através das características das suas comunidades, as condições do
ambiente, podendo servir como indicadores da qualidade do solo (SAUTTER, 1998).
Modificações ocorridas a nível da biota, geralmente, influenciam a diversidade
e a densidade populacionais, que também são características utilizadas como
indicadores das condições do solo. Um dos grupos da fauna edáfica que tem
merecido destaque como indicador biológico é a Ordem Collembola. Isto porque
colêmbolos são indivíduos extremamente sensíveis, o que permite que manifestem
rapidamente as conseqüências às variações ambientais em suas populações
(COLEMAN; HENDRIX, 2000).
Pela importância da fauna edáfica como componente do ecossistema edáfico,
e pela necessidade de maiores informações sobre as condições dos solos em
ambiente identificado com grau severo de desertificação no Seridó Ocidental
paraibano, no que se refere à manutenção ou recuperação de seus níveis de
qualidade, o presente trabalho objetivou avaliar os indicadores biológicos do solo,
sua abundância e diversidade.
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2 MATERIAL E MÉTODOS
2.1 LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-GEOGRÁFICA DO ESPAÇO INVESTIGADO
A área objeto de estudo situa-se integralmente na Mesorregião da Borborema,
Microrregião do Seridó Ocidental no Estado da Paraíba, destacado na figura 1 , mais
especificamente nos municípios de Várzea no sítio São Porfírio (6º 48’ 32,1” S; 36º
57’, 17,4” W), altitude de 271 m com 58 hectares; no município de Santa Luzia, Sítio
Tapuio (6° 55’ 33,8” S; 36° 53’ 28,1” W), 350 m de altitude com 180 hectares e no
município de São José do Sabugi no Sítio Água Fria (6º 47’ 16,6“ S; 36° 52’, 12,1”
W) 287 m de altitude e 80 hectares
Várzea
Santa Luzia
São José do Sabugi
6°67’83”
37°0
6’97
”
7°04’46”
36°7
3’01
”
Figura 1. Esboço cartográfico pontuando os municípios abordados no estudo.
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Trata-se de um espaço contido numa região que engloba terrenos cristalinos
do pré-cambriano, relevo pediplanados, com maciços e feições residuais e o domínio
de um clima que, segundo a classificação de Koppen, pode ser definido como
BShw’.
Os terrenos cristalinos, em que se destacam as litomassas, se estruturaram
muito remotamente no Pré-Cambriano. São terrenos que, em face das prolongadas
fases erosivas, particularmente operadas ao longo do Cenozóico, foram exumados,
exumação essa que implicou no afloramento de litologias variadas que acarretaram,
muitas vezes, relevos de desníveis diferentes em decorrência da erosão diferencial,
e solos variados.
O relevo da área estudada é dominantemente composto por amplas
superfícies de erosão do tipo pediplano e pedimentos, revelando assim extensas
fases de pedimentação que abriram vales e deixaram como que “emersas” na
planura regional inselbergues, cristas residuais e maciços residuais. O relevo é,
portanto jovem, pois a idade é plio-pleistocênica, desenvolvido, em estrutura
litológica por demais velha.
Do ponto de vista hipsométrico, a área apresenta altitudes que permeiam os
270 metros. As áreas mais elevadas, cujas cotas atingem 360 m, localizam-se nas
porções fronteiriças do Estado da Paraíba com o Rio Grande do Norte, mais
especificamente na porção setentrional do Estado.
O quadro climático, que exerce, direta ou indiretamente, notáveis influências
sobre a gênese e a evolução dos solos regionais, se destaca pela certa
homogeneidade espacial do quadro térmico e uma heterogeneidade pluviométrica
no tempo e no espaço com apenas duas estações definidas, inverno e verão. O
quadro térmico revela nitidamente as características consagradas de um espaço
geográfico submetido à semi-áridez, ou seja, temperaturas bastante elevadas
durante o dia e mínimas consideráveis à noite, durante a madrugada, em face da
baixa umidade atmosférica que dá o seu límpido, situação típica de atmosfera
estável.
O quadro pluviométrico é influenciado por dois sistemas atmosféricos
distintos, tropicais, contudo, que agem paradoxalmente. Um deles acarreta as
chuvas de verão retardadas para outono; o outro é o responsável pela instalação da
semi-áridez nordestina. O primeiro é a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT),
um sistema exclusivamente tropical, formado pela convergência dos fluxos dos
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alísios de Nordeste e de Sudeste numa faixa de baixas pressões equatoriais, ou
doldums. A ZCIT, de acordo com a marcha do Sol na eclíptica, migra para o sul,
provocando, quando de sua passagem, pesados aguaceiros convectivos, sempre
acompanhados de relâmpagos e trovões. A ZCIT atinge a área estudada, sobretudo
no início do outono do hemisfério sul, mas, ocasionalmente, pode ser antecipada a
sua passagem pelo espaço paraibano. O outro sistema atmosférico operante na
área é um centro de altas pressões-anticiclone que se forma sobre o Atlântico sul,
nas proximidades das latitudes de 30ºS. Há autores ( ANDRDADE e LINS apud
JATOBÁ, 2008) que consideram esse sistema uma massa de ar Tépida que se
originaria na periferia oriental do Anticiclone do Atlântico sul, mais especificamente
sobre o deserto de Kalaari. Esses autores resolveram, com muita propriedade,
denominar tal sistema de massa Tépida Kalaariana. É uma massa de ar estável, de
altas pressões e límpido, que projeta no saliente nordestino as condições climáticas
do sudoeste africano, que são condições climáticas secas.
2.2 RESPIRAÇÃO EDÁFICA
A respiração edáfica foi estimada a cada 60 dias, utilizando o método
proposto em Grisi (1978). Neste método o dióxido de carbono (CO2) liberado por
uma área de solo foi absorvido por uma solução de hidróxido de potássio (KOH) a
0,5N e sua dosagem obtida por titulação com ácido clorídrico (HCl) a 0,1 N,
utilizando indicadores químicos a fenolftaleína e o alaranjado de metila
(metilorange), preparados seguindo metodologia utilizada por Morita e Assumpção
(1993) apud SOUTO, (2006).
Para realizar a medição foram utilizados recipientes de vidro com 10 mL de
solução de KOH 0,5 N, sendo distribuídos 05 (cinco) vidros em cada unidade
experimental (05 repetições) em duas parcelas com cobertura vegetal arbórea e
arbustiva e em duas parcelas sem vegetação arbórea distribuídas em cada bloco
nos municípios de Santa Luzia, São José do Sabugi e Várzea, totalizando 20 leituras
a cada 12 horas em cada bloco. Esses recipientes, depois de destampados, eram
cobertos imediatamente com baldes de PVC, sendo as bordas dos mesmos
enterradas cerca de 3,0 cm no solo de modo a evitar as trocas gasosas diretamente
com a atmosfera, conforme indicado na figura 2.
56
Após o período de 12 horas os recipientes contendo a solução eram trocados,
transportados hermeticamente fechados e lacrados com fita adesiva e transportados
para o Laboratório de Nutrição Mineral de Plantas/CSTR/UFCG. A cada medição, foi
utilizado um frasco controle ou testemunha que permanecia hermeticamente fechado
no Laboratório.
BA
C D
FE
Figura 2. Metodologia utilizada para obtenção da respiração edáfica nos municípios objeto de estudo.
57
A quantificação do CO2 desprendido do solo foi através da titulação do KOH
remanescente nos recipientes, com a solução de HCl a 0,1N. O frasco controle ou
testemunha também foi submetido a esse processo durante todas as etapas do
ensaio. A massa de CO2 desprendida por unidade de área e tempo, foi obtida
considerando a massa total desprendida no período de permanência na área (obtida
por titulação) e a área do balde. Utilizou-se a seguinte equação:
mCO2 = 352. (∆VA - ∆VB) .NA .NB . 104
3 . P . AB
Onde:
mco2 = massa de CO2 em mg.m-2.h-1;
∆VA = diferença de volume de HCl gasto na primeira e segunda etapa da
titulação da amostra (mL);
∆VB = diferença de volume HCl gastos na primeira e segunda etapa da
titulação do controle (mL);
NA = concentração de HCl, em meq/L;
NB = concentração de KOH, em meq/L;
P = período de permanência da amostra no solo (horas);
AB = área de abrangência do balde (cm²).
Os experimentos foram executados em parcelas de 20m x 40m, dispondo de
áreas com vegetação arbórea e arbustiva (CV) e áreas sem vegetação (SV), estas
ultimas com poucos arbustos e cactáceas e poucas gramíneas no período chuvoso.
As coletas foram realizadas no período de fevereiro de 2006 a fevereiro de
2007.
Nas parcelas estudadas a composição florística das espécies vegetais
descritas na tabela 1. Observando que as áreas referentes as parcelas com
vegetação (CV) apresentaram seu estrato arbóreo e arbustivo composto pelas
espécies descritas na referida tabela. Nas parcelas sem vegetação (SV) a
composição florística compunha-se de algumas cactáceas, capim panasco (Aristida
sp) e malva (Sida sp) que se agrupavam no período chuvoso.
58
Tabela 1. Nome vulgar e científico das principais espécies primitivas na região do Seridó, segundo SILVA et al 2002.
Nome Vulgar Nome Científico Nome Vulgar Nome Científico Mofumbo Combretum leprosum Pinhão bravo Jatropha pohliana Jurema preta Mimosa hodtilis Velame Croton spp Marmeleiro Cróton sincorensis Jucá Caesalpinia ferrea Mororó Bauhinia heterandera Sabiá Mimosa
caesalpiniaefolia* Catingueira Caesalpinia
pyramidalis Mandacaru Cereus jamacaru
Umburana-de-cambão Bursera leptophloeus Facheiro Pilosocereus piauhinensis
Umburana-de-cheiro Torresia cearensis Xique-xique Pilosocereus gounellei Juazeiro Ziziphus joazeiro Macambira Bromelia laciniosa Aroeira Astronium urundeuva* Capim Panasco Aristida sp
2.2 DELINEAMENTO ESTATÍSTICO
Para a análise da atividade microbiana, o delineamento experimental utilizado
foi em blocos casualizados com dez repetições em cada bloco (município). O
esquema de análise de variância encontra-se na tabela 2.
Tabela 2. Quadro de análise de variância para o experimento.
GL SQ QM F p-valor Vegetação (V) 1 1024 1024 1.7623 0.184734 ns Tempo (Te) 6 1047972 174662 300.5389 < 2.2 x 10-16 *** Turno (Tu) 1 9060 9060 15.5893 8.605 x 10-05 *** Locais (L) 2 86259 43130 74.2126 < 2.2 x 10-16 *** V x Te 6 19931 3322 5.7157 7.939 x 10-06 *** V x Tu 1 4020 4020 6.9170 0.008712 ** Te x Tu 6 233211 38868 66.8804 < 2.2 x 10-16 *** V x L 2 2649 1324 2.2789 0.103101 ns Te x L 12 562009 46834 80.5868 < 2.2 x 10-16 *** Tu x L 2 347 173 0.2984 0.742057 ns V x Te x Tu 6 5182 864 1.4861 0.179991 ns V x Te x L 12 14161 1180 2.0306 0.019464 * V x Tu x L 2 5882 2941 5.0608 0.006557 ** Te x Tu x L 12 32535 2711 4.6652 2.355 x 10-07 *** V x Te x Tu x L 12 33216 2768 4.7628 1.498 x 10-07 *** RESIDUO 756 439359 581 Total 839 2496817
ns, não significativo; * e ** significativo a 5% e *** altamente significativo a 1%
59
2.3 CARACTERIZAÇÃO DA MESOFAUNA DO SOLO
Para a obtenção mesofauna do solo foram coletadas, bimestralmente, a partir
do mês de março de 2006 e com término em março de 2007 resultando em 05
amostras por parcela com o emprego de anéis metálicos (diâmetro = 4,8cm e altura
= 5,2 cm), conforme mostra a figura 3, totalizando 60 amostras a cada bimestre e
totalizando, ao fim dos períodos de coletas, 420 amostras.
Os anéis foram introduzidos no solo com sucessivos golpes de martelo em
uma tábua resistente sobreposta na base superior do anel, até que o mesmo fosse
totalmente preenchido. Para retirar o anel do solo, utilizou-se espátula e martelo
pedológico que eram introduzidos lateralmente; o excedente de terra foi retirado e as
amostras foram cuidadosamente acondicionadas em sacos plásticos visando à
minimização de perdas de umidade e de material e, em seguida colocadas em caixa
de isopor, protegidas do sol e do calor.
A
BA
Figuras 3. Coleta de amostras de solo e anel de aço inoxidável utilizado na coleta da mesofauna. Período chuvoso (maio/ 2006).
Na ausência de informações sobre o período e condição de armazenamento
para a mesofauna e o armazenamento superior a 24 horas, o que provavelmente
causaria a morte de indivíduos mais sensíveis (MELO, 2002 apud SOUTO, 2006),
procedeu-se, no mesmo dia das coletas, a extração das populações constituintes da
mesofauna através de equipamento do tipo Berlese-Tullgren modificado.
O equipamento é composto por tábuas retangulares, conforme mostra a figura
4, contendo em três módulos com lâmpadas de 25W, dividida em dois
compartimentos. O compartimento superior continha os anéis com as amostras e as
lâmpadas, enquanto no compartimento inferior continha os funis e os frascos de
60
vidro com a solução de álcool etílico a 80% para o recolhimento dos organismos, ao
todo a capacidade era para acondicionar 40 anéis. As amostras foram mantidas no
extrator por 96 horas expostas à luz e calor, com a temperatura na parte superior do
anel atingindo 42°C.
A B
Figuras 4. Extração da mesofauna do solo utilizando equipamento de Berlese-Tullgren modificado.
As radiações produzidas pelas lâmpadas, com o tempo, fizeram com que o
solo fosse secando progressivamente de cima para baixo, tornando-se desfavorável
à presença dos organismos. Com isto eles migraram para as camadas mais
profundas do solo da amostra e acabaram caindo nos funis, que os direcionaram
para os frascos receptores, devidamente identificados, contendo a solução. Como as
luzes dos extratores atraiam também outros insetos noturnos que poderiam
mascarar as amostras finais (frascos), a bateria de extratores foi vedada
completamente com telas de náilon (tipo véu).
Posteriormente, foi feita a transferência do conteúdo de cada frasco para as
placas de Petri onde, com o auxílio de um microscópio, foi feita a contagem e
identificação dos espécimes presentes em cada amostra, conforme a figura 5.
A B
Figuras 5. Identificação e contagem em placas de Petri das espécies presentes em cada amostra, que compõem o conteúdo de cada recipiente, com o auxílio de um microscópio.
61
Na avaliação do comportamento ecológico da mesofauna, mensurou-se o
número total de indivíduos (abundância) e foram feitas comparações das
comunidades nos meses estudados utilizando os seguintes índices de
biodiversidade: o índice de diversidade de Shanon e o índice de eqüitabilidade de
Pielou (U).
O índice de diversidade de Shannon (H) foi definido pela equação:
H= -∑ pi . log pi .
Onde pi = ni/N; ni = densidade de cada grupo; N = ∑ da densidade de todos
os grupos.
Esse índice assume valores que podem variar de 0 a 5, sendo que o declínio
de seus valores é o resultado de uma maior dominância de grupos em detrimento de
outros (Begon et al., 1996).
O Índice de Uniformidade de Pielou (e) é um índice de eqüitabilidade, sendo
definido por: e = H/log S. Onde H= índice de Shannon; S = Número de espécies ou grupos.
Na discussão dos dados, utilizou-se o termo “Grupo” para identificar os
invertebrados de uma mesma ordem.
2.4 DADOS DE TEMPERATURA DO SOLO
Durante as coletas no solo, foram registrados dados de temperatura obtida
com termômetro digital portátil tipo espeto Display de Cristal Líquido (LCD).
Os valores da temperatura (°C) foram obtidos no início da manhã e inicio da
noite, cujos resultados encontram-se expostos nas tabelas 3, 4 e 5.
62
Tabela 3. Valores de temperaturas (°C) obtidos nas parcelas com vegetação (CV) e sem vegetação (SV) na superfície e a 20 cm, no período da manhã (M) e da noite (N) durante o decorrer do experimento, no Município de Santa Luzia (PB).
fev/ abril/ jun/ ago/ out/ dez/ fev/ Mar
2006 2006 2006 2006 2006 2006 2007 /2007
Parcelas Período leitura
CV SV CV SV CV SV CV SV CV SV CV SV CV SV CV SV
S 28,0 27,6 30,4 29,7 26,7 29,7 45,6 47,0 46,7 48,9 48,3 56,6 39,2 32,8 39,1 41,8 M
20 cm 31,5 30,9 30,0 31,2 29,3 29,5 41,9 44,6 43,7 45,2 35,3 39,2 30,9 30,9 32,6 39,3
S 33,8 30,5 27,4 7,0 34,4 32,1 31,4 31,9 41,9 42,6 39,9 38,6 36,7 31,6 30,6 32,4 N
20 cm 38,5 35,9 29,6 31,6 35,8 32,3 29,6 31,6 34,9 35,7 32,9 30,9 31,0 29,8 34,5 33,9
Tabela 4. Valores de temperaturas (°C) obtidos nas parcelas com vegetação (CV) e
sem vegetação (SV) na superfície e a 20 cm, no período da manhã e da noite durante o decorrer do experimento, no Município de São José do Sabugi (PB).
fev/ abril/ jun/ ago/ out/ dez/ fev/ Mar
2006 2006 2006 2006 2006 2006 2007 /2007
Parcelas Período leitura
CV SV CV SV CV SV CV SV CV SV CV SV CV SV CV SV
S 26,5 32,8 28,0 26,4 27,7 29,9 55,4 51,3 47,7 49,9 49,3 51,2 44,1 43,2 47,1 49,8 M
20 cm 29,2 30,5 28,0 26,4 26,3 26,5 40,5 32,3 43,9 46,2 44,3 45,7 32,3 31,5 36,6 39,3
S 27,6 27,0 27,7 29,0 25,8 25,9 41,4 39,9 40,9 39,8 40,9 38,3 35,7 33,6 32,6 34,4 N
20 cm 34,5 33,9 29,6 32,2 24,7 23,9 35,6 34,7 36,9 35,0 31,9 33,9 32,5 31,3 30,5 31,9
Tabela 5. Valores de temperaturas obtidos nas parcelas com vegetação (CV) e sem
vegetação (SV) na superfície e a 20 cm, no período da manhã e da noite durante o decorrer do experimento, no Município de Várzea (PB).
fev/ abril/ jun/ ago/ out/ dez/ fev/ Mar
2006 2006 2006 2006 2006 2006 2007 /2007
Parcelas Período leitura
CV SV CV SV CV SV CV SV CV SV CV SV CV SV CV SV
S 27,9 27,3 28,4 28,7 25,7 30,9 44,2 47,3 45,7 48,6 47,3 49,8 34,3 34,9 36,7 39,4 M
20 cm 28,7 29,2 32,3 31,2 26,3 26,7 43,9 46,6 44,9 47,2 43,3 47,7 30,1 32,1 32,6 39,0
S 34,7 36,7 32,0 28,9 30,8 25,2 41,4 44,3 42,6 43,6 39,6 36,3 33,7 29,6 30,9 35,9 N
20 cm 37,5 37,2 33,8 31,8 27,3 25,6 39,6 40,8 36,9 38,7 30,9 29,9 32,9 31,8 29,9 36,1
63
2.5 DADOS PLUVIOMÉTRICOS DAS LOCALIDADES
Durante os períodos secos, conforme mostra a tabela 6, antes da retirada das
amostras com o anel, a área foi umedecida com 30 mL de água, de modo a evitar
que a amostra se desprendesse, prejudicando a extração dos organismos e
favorecendo a compactação da amostra nos anéis. Em seguida, as amostras
coletadas foram transportadas até as instalações do Laboratório de Nutrição Mineral
de Plantas, da Unidade Acadêmica de Engenharia Florestal, da Universidade
Federal de Campina Grande, Campus de Patos.
Tabela 6. Dados pluviométricos dos municípios de Santa Luzia, São José do Sabugi e Várzea durante os períodos de coleta.
Ano/Mês 2006
Santa Luzia 2006 2007
São José do Sabugi 2006 2007
Várzea 2006 2007
Jan 0,0 12,2 0,0 1,5 0,0 7,5 Fev 61,0 102,7 127,3 156,0 134,9 202,3 Mar 131,6 77,6 257,8 92,5 130,1 172,6 Abr 238,8 136,7 314,5 Mai 134,4 92,9 144,9 Jun 66,0 75,3 61,8 Jul - 0,0 0,0 Ago 0,0 0,0 0,0 Set 0,0 0,0 0,0 Out 0,0 14,8 0,0 Nov 0,0 20,1 0,0 Dez 0,0 6,3 0,0 Total 631,8 192,5 731,2 250,0 786,2 382,4
Fonte: Governo do Estado da Paraíba; Secretaria de Estado da Ciência e Tecnologia e do Meio Ambiente; Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba (AESA), 2007.
2.6 MACROFAUNA EDÁFICA
A amostragem da fauna edáfica foi realizada a cada 60 dias, nos meses de
março, maio, julho, setembro, novembro de 2006 e janeiro e março de 2007. As
parcelas foram localizadas com distância máxima de 200m, medindo 20m x 40m, os
blocos de municípios são distantes aproximadamente 30 km. Foram utilizadas 20
64
armadilhas distribuídas aleatoriamente nas parcelas, totalizando 420 coletas. Para a
coleta dos organismos edáficos utilizou-se armadilhas do tipo Provid (CONCEIÇÃO
et al, 2001) que consistem de garrafas plásticas do tipo pet com quatro aberturas de
5 cm x 5 cm, localizadas a 17,0 cm da base da garrafa, ficando suas aberturas ao
nível do solo para permitir a entrada de artrópodes, conforme mostra a figura 6.
BA
DC
FE
Figura 6. Metodologia PROVID para coleta da macrofauna do solo nos municípios onde instalou-se o experimento (Santa Luzia-A;Várzea-B;São José do Sabugi-C).
No interior da garrafa foi adicionado 200 mL de uma solução de detergente
neutro (15%). Em seguida, foram enterradas 05 armadilhas em cada parcela. Após
quatro dias da instalação, as armadilhas foram retiradas e levadas ao Laboratório
65
para proceder à quantificação e identificação ao nível de classe ou ordem dos
organismos, conforme Gallo et al (1988).
A fauna do solo foi avaliada quantitativamente através do número de
espécimes e qualitativamente pela diversidade. Os totais coletados foram analisados
pelo Teste t de Student para populações independentes, ao nível de 5%. Para a
avaliação da diversidade utilizou-se o Índice de Diversidade de Shannon (H)
(BEGON et al, 1990), comparado entre os tratamentos também através do Teste t de
Student, a 5%. Este índice associa a riqueza de organismos com a eqüitabilidade
entre as ordens para determinar qual o tratamento que apresenta maior diversidade
de ordens. Para o cálculo dos índices foi utilizada a média entre as três épocas de
coleta dos valores de riqueza. Neste trabalho, a riqueza refere-se ao número de
ordens encontradas dentro de cada solo.
Na avaliação do comportamento ecológico da macrofauna, também
mensurou-se o número total de indivíduos (abundância) e foram feitas comparações
das comunidades nos meses estudados utilizando o índice de diversidade de
Shannon (H) e o índice de eqüitabilidade de Pielou (U).
O índice de diversidade de Shannon (H) é definido pela equação:
H= -∑ pi . log pi .
Sendo pi = ni/N; ni = densidade de cada grupo; N = ∑ da densidade de todos
os grupos.
O índice de Shannon adota valores que podem variar de 0 a 5, indicando que
o declínio de seus valores é o resultado de uma maior dominância de grupos em
detrimento de outros (Begon et al., 1996).
O Índice de Uniformidade de Pielou (e) é um índice de eqüitabilidade, definido
por: e = H/log S. onde H= índice de Shannon; S = Número de espécies ou grupos.
Na discussão dos dados, utilizou-se o termo “Grupo” para identificar os
invertebrados de uma mesma ordem.
66
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 RESPIRAÇÃO MICROBIANA EM AMBIENTE DE CAATINGA
A respiração microbiana do solo resulta da atividade biológica dos diversos
microorganismos responsáveis pela mineralização dos resíduos orgânicos
depositados no solo. A partir dos dados obtidos das parcelas estudadas (com
vegetação dia - CVD, com vegetação noite - CVN, sem vegetação dia SVD - e sem
vegetação noite SVN), esboçou-se o comportamento deste processo durante doze
meses de coletas, nas parcelas dos municípios estudados conforme indicado na
figura 7.
Com o resultado da atividade respiratória, optou-se por agrupar os valores
das médias nos três blocos dos municípios estudados, Santa Luzia, São José do
Sabugi, realizando a análise das parcelas e seu comportamento, já que os
resultados refletiram uma tendência de decréscimo nos meses avaliados ao longo do
período do experimento. Desse modo, nos dados abaixo apresentados, ao invés de
se ter dados de cada bloco individualmente nos doze meses, têm-se valores da
respiração diurna e noturna registrados no período em todos os blocos.
020406080
100120140160180
fev/06 abr/06 jun/06 ago/06 out/06 dez/06 fev/07
Meses Coleta
Con
c. d
e G
ás C
arbô
nico
(m
g.C
O2.
m-2
h-1)
CVD (com vegetação diurno)
CVN (com vegetação noturno)
SVD (sem vegetação diurno)
SVN (sem vegetação noturno)
Figura 7. Evolução mensal de CO2 (mg CO2 m-2 h-1) nas parcelas estudadas, no período
compreendido de fevereiro de 2006 a fevereiro de 2007, nos municípios de Santa Luzia (PB, Várzea (PB) e São José do Sabugi (PB).
67
BLEY Jr., (1999) afirma que situando-se na faixa de 30 ºC a 35 ºC, o consumo de
‘alimentos’ pela atividade microbiana na superfície do solo atinge o máximo e em
seguida entra em colapso, pelo excesso de temperatura
Ao analisar graficamente os resultados, verificou-se que as áreas sem
cobertura vegetal (SV) arbórea, no período dia, apresentou uma atividade
microbiana no tocante a liberação de CO2 superior a parcela com cobertura (CV)
arbórea e arbustiva tanto para o período diurno como noturno durante estação
chuvosa as três primeiras coletas, e o maior nível de liberação tenha ocorrido na
coleta de fevereiro de 2006. Destacando que durante o período de coleta, na
estação seca a atividade microbiana se comportou com menor nível de liberação de
CO2 ocorrendo uma maior atividade durante o turno da noite, e ocorrendo diferença
entre os períodos em todas as épocas de amostragem. Verifica-se nas figuras 8, 9 e
10 o comportamento da atividade microbiana nos municípios estudados. E esta
variação é corroborada quando Dilustro et al (2004) identificou que o efluxo de CO2 é
influenciado pela umidade, temperatura e textura do solo. Fang e Monerieff (1999)
também afirmam que a temperatura exerce forte influência sobre esse parâmetro.
0
50
100
150
200
250
fev/06 abr/06 jun/06 ago/06 out/06 dez/06 fev/07
Período de Coleta
Con
c. d
e G
ás C
arbô
nico
(m
g.C
O2.
m-2
.h-1
)
CVD (com vegetação diurno)
CVN (com vegetação noturno)SVD (sem vegetação diurno)
SVN (sem vegetação noturno)
Figura 8. Evolução mensal de CO2 (mg CO2 m-2 h-1) nas parcelas estudadas, no período
compreendido de fevereiro de 2006 a fevereiro de 2007, no Município Santa Luzia (PB).
68
0
20
40
60
80
100
120
140
160
fev/06 abr/06 jun/06 ago/06 out/06 dez/06 fev/07
Período Coleta
Con
c. d
e G
ás C
arbô
nico
(mg.
CO
2.m
-2.h
-1)
CVD (com vegetação diurno)
CVN (com vegetação noturno)SVD (sem vegetação diurno)SVN (sem vegetação noturno)
Figura 9. Evolução média mensal de CO2 (mg CO2 m-2 h-1) nas parcelas estudadas, no período
compreendido de fevereiro de 2006 a fevereiro de 2007, no Município Várzea (PB).
0
50
100
150
200
fev/06 abr/06 jun/06 ago/06 out/06 dez/06 fev/07
Período Coleta
Con
c. d
e G
ás C
arbô
nico
(m
g.C
O2.
m-2
.h-1
)
CVD (com vegetação diurno)CVN (com vegetação noturno)SVD (sem vegetação diurno)SVN (sem vegetação noturno)
Figura 10. Evolução média mensal de CO2 (mg CO2 m-2 h-1) nas parcelas estudadas, no
período compreendido de fevereiro de 2006 a fevereiro de 2007, no Município São José do Sabugi (PB).
69
Processando os dados no Programa Estatístico R versão 2.6.1, o resultado
mostra significância para os fatores tempo, turno e parcela. Esse fato significa que
existe diferença nos resultados inerentes aos períodos de coletas, ao turno e em
relação aos Municípios estudados. Já nas áreas com cobertura ou sem cobertura os
dados não mostraram diferença significativa.
É provável que, durante a noite, a temperatura do solo nas camadas
superficiais, estando mais baixas do que no período da manhã, conforme mostram
as tabelas 7, 8 e 9, tenha favorecido a atividade microbiana, resultando em maior
liberação de CO2. EKBLAD et al, (2005) constataram o fato de que a temperatura e
umidade do ar também têm influencia sobre a respiração do solo.
Tabela 7. Valores médios da temperatura, °C obtidos nas parcelas com vegetação (CV) e sem vegetação (SV), durante os períodos de coletas na superfície e a 20 cm, no município de Santa Luzia (PB), durante a realização do experimento compreendido de fevereiro de 2006 a março de 2007.
Período Profundidade CV SV
Superfície 38 39,2 Manhã 6:00 20 cm 34,4 36,4
Superfície 34,5 33,3 Noite 18:00
20 cm 33,4 32,7
Tabela 8. Valores médios da temperatura, °C obtidos nas parcelas com vegetação
(CV) e sem vegetação (SV), durante os períodos de coletas na superfície e a 20 cm, no município de Várzea (PB), durante a realização do experimento compreendido de fevereiro de 2006 a março de 2007.
Período Profundidade CV SV
Superfície 39,8 38,4 Manhã 6:00
20 cm 35,3 37,5
Superfície 35,7 30,1 Noite 18:00
20 cm 33,6 34,0
70
Tabela 9. Valores médios da temperatura °C obtidos nas parcelas com vegetação (CV) e sem vegetação (SV), durante os períodos de coletas na superfície e a 20 cm, no Município de São José do Sabugi (PB), durante a realização do experimento compreendido de fevereiro de 2006 a março de 2007.
Período Profundidade CV SV
Superfície 40,7 41,8 Manhã
20 cm 35,1 34,8
Superfície 34,0 33,4 Noite
20 cm 32,0 32,1
Como a determinação da respiração edáfica foi feita na superfície do solo, a
atividade microbiana nas camadas superficiais sofre influências mais intensas dos
fatores abióticos, e as condições de estresse limitaram a atividade dos
microrganismos. Nessa perspectiva Araújo (2005), afirma que a variação no teor de
carbono orgânico (C-CO2) pode estar associada às flutuações sazonais do clima,
que influencia na atividade microbiana do solo.
Resultados semelhantes foram obtidos por Souto et al (2002) ao avaliarem a
liberação de CO2 em área de Caatinga, após a incorporação de estercos e relataram
que, devido às variações térmicas encontradas, o solo funciona como estabilizador
térmico. Bakke et al (2001), trabalhando em duas áreas distintas na Caatinga,
observaram que as altas temperaturas inibiram a atividade microbiana.
No entanto, Araújo (2005), ao avaliar os efeitos da variabilidade climática e
perdas de CO2 durante 12 horas no Cariri paraibano, observou maior liberação de
CO2 durante a manhã. Esses resultados foram semelhantes aos obtidos por Silva
(2000) quando avaliou a atividade microbiana em agroecossistemas distintos no
município de Areia (PB).
Quanto à liberação de CO2, mensalmente, durante o período de doze meses
em que foi conduzido o experimento, observou-se que a liberação foi um maior na
área sem vegetação no período da manhã quando comparado à parcela com
vegetação, no mesmo período. Os valores totais da concentração de gás carbônico
apresentados foram em média, respectivamente, de 40,78 mg CO2.m-2.h-1 e 50,1
mgCO2.m-2.h-1 .
71
Os maiores valores médios da atividade biológica, ou seja, a liberação de CO2
foi detectada nas parcelas com vegetação e sem vegetação, ambas no período da
manhã fato, também relacionado aos meses com maiores índices pluviométricos.
Isso, provavelmente, pode ser atribuído ao acréscimo do conteúdo de água no solo e
temperaturas amenas, o que proporcionou um crescimento substancial do estrato
herbáceo e, conseqüentemente, maior atividade dos microrganismos na rizosfera,
contribuindo para o aumento do CO2 nesses meses.
Apesar da preocupação de quantificar a liberação de CO2, não devemos ter
na biomassa a única fonte de carbono orgânico para o solo, sendo importante
ressaltar a influência da respiração das raízes, conforme afirmam Rocha e Minhoni
(1999).
Com relação às parcelas com vegetação é possível observar que o conteúdo
de água no solo ajuda a umedecê-lo rapidamente, fato que não acontece nas áreas
sem vegetação. Souto (2002) identificou uma variação no teor de umidade do solo
em área degrada no semi-árido paraibano e relata que essas variações poderão
influenciar no acréscimo e no declínio da população microbiana do solo.
Os menores valores médios de CO2 liberado foram registrados nas parcelas
com vegetação e sem vegetação no período da noite numa média, respectivamente,
de 42,54 mg CO2.m-2.h-1 e 40,88 mg CO2.m-2.h-1.
Os valores obtidos nas parcelas coletadas, durante o período da realização do
experimento, confirmam a influência das condições climáticas no processo de
liberação de CO2, principalmente a pluviosidade, a qual regula o teor de umidade e a
temperatura do solo. Provavelmente, esse fato deve estar relacionado à presença de
uma maior quantidade de substâncias orgânicas de difícil absorção, como é o caso
da celulose e da lignina quando se fazem presentes; substâncias essas que são de
difícil decomposição e que favorecem ao decréscimo da atividade microbiana.
É importante observar que a liberação de CO2 em função da região propicia
as variações quanto à adaptabilidade dos microrganismos em relação à temperatura
ideal, como também o conteúdo de água no solo satisfatório para incrementos ou
não da atividade microbiana.
Após analisados os dados obtidos, percebeu-se que a magnitude das
alterações na atividade microbiana, expressa pela liberação de CO2, provavelmente
esteve relacionada com as variações climáticas.
72
3.2 MESOFAUNA DO SOLO
3.2.1 Composição total da comunidade do solo, densidade percentual dos grupos taxonômicos
Durante o período experimental de um ano foram coletadas 420 amostras de
solo, onde delas foram extraídos 730 indivíduos no total, distribuídos em grupo de 04
indivíduos.
O número e porcentagem de indivíduos coletados na área experimental, por
grupo taxonômico, são apresentados na tabela 10.
Tabela 10. População e freqüência relativa (%) de indivíduos da mesofauna edáfica
coletados, após um ano de experimentação.
Grupos Collembola
População 307
% 42
Ácarine 255 35 Díptera 151 21 Isoptera 17 2,0 TOTAL 730 100
Os grupos Acarine, Collembola e Dípetera estiveram representados em todas
as amostras oriundas dos três Municípios, nos períodos de coletas nas parcelas com
vegetação (CV) e sem vegetação (SV), porém com maior ênfase na parcela CV no
município de Várzea. Com relação ao grupo de Isoptera não foi quantificado no
Município de Várzea em nenhuma das parcelas, estando presentes nos demais
municípios.
Observa-se um predomínio do grupo Collembola (42%) seguido do grupo
Acarine com expressiva participação de 35% e Díptera com 21% e o menos
expressivo Isoptera com apenas 2%.
Vale salientar que os grupos de maior representatividade (Acarine,
Collembola e Dípetera) estiveram presentes nas parcelas com vegetação arbórea.
73
Segundo Damé et al (1996), a presença dos grupos Acarine e Collembolos
serve como indicadores da condição biológica do solo, pela sua sensibilidade às
alterações ambientais.
Rovedder et al. (2004), relatam que, devido à alta sensibilidade as alterações
ambientais, a fauna edáfica vem sendo utilizada como indicador da qualidade do
solo e, constataram que em área degradada houve um menor número total de
organismos e um menor índice de diversidade, além de um menor número de
collembolos, evidenciando as características de solo degradado pela arenização.
Nesse sentido, Steffen et al. (2004), reafirmam a eficiência dos collembolos como
bioindicadores da qualidade do solo.
Dentre os grupos o de menor representatividade nas áreas exploradas foi o
grupo de Isoptera. Contudo, os cupins são bastante utilizados como indicadores de
contaminação química, devido à acumulação de metais pesados (FILHO, 1995). Em
florestas contínuas, cupins geófagos e subterrâneos são dominantes por serem
sensíveis a variações microclimáticas, já em fragmentos florestais são importantes
como decompositores de serapilheira e intermediários de geófagos e xilófagos
(SOUZA e BROWN, 1994).
Observa-se que a não identificação de outras espécies não sinaliza para um
entendimento de comprometimento das áreas estudadas. Souto (2006), em estudo
na Caatinga, afirma que a não identificação de outros grupos e/ou espécies não
deixa de ser relevante, pois pouco se conhece sobre os organismos que habitam o
solo sob a Caatinga e seu papel na dinâmica da natureza local.
Nota-se no presente estudo que é a presença mais elevada de indivíduos nos
grupos (Acarine, Collembola e Diptera), não sendo identificados nestas coletas
outros grupos, fato este relacionado ao comportamento característico de climas
tropicais com estações bem definidas; sendo uma seca e outra úmida, conforme
afirmam Colinaux (1986) e Begon et al. (1996 apud TOLEDO, 2003). Ainda nessa
perspectiva, Martins e Santos (1999) destacam que, numa comunidade, cada
espécie tem uma abundância diferenciada, sendo algumas abundantes, outras
intermediárias e ainda outras, raras.
Observa-se na tabela 11 que uma menor diversidade de indivíduos quanto
comparados ao Índice de Uniformidade de Shannon e Pielou, registrando que a
presença de uma certa quantidade de um grupo, pode refletir em uma reduzida
diversidade.
74
Tabela 11. Índice de Shannon (H) e Índice de Pielou (e) e referente aos grupos taxonômicos, da mesofauna, nos períodos de coleta das parcelas com vegetação (CV) e sem vegetação (SV) dos Municípios de Santa Luzia (PB), Várzea (PB) e São José do Sabugi (PB).
Área com vegetação (CV) Área sem vegetação (SV)
Santa Luzia Santa Luzia
Indices A B C D A B C D H 0,1194 0,1498 0,1530 NE 0,1593 0,1512 0,1477 NE e 0,1983 0,2488 0,2541 NE 0,2646 0,2511 0,2453 NE
Área com vegetação (CV) Área sem vegetação (SV) Várzea Várzea
Índices A B C D A B C D H 0,1262 0,1279 0,1425 0,1505 0,1598 0,1597 0,1553 0,1505 e 0,2096 0,2124 0,2367 0,2500 0,2654 0,2652 0,2579 0,2500
Área com vegetação (CV) Área sem vegetação (SV) São José do Sabugi São José do Sabugi
Indices A B C D A B C D H 0,1263 0,1309 0,1362 0,1436 0,1598 0,1595 0,1588 0,1557 e 0,2098 0,2174 0,2262 0,2385 0,2654 0,2649 0,2637 0,2586
Legenda: A: Acarine; B: Collembola; C: Díptera; D: Isoptera; NE: Não Encontrado.
Verifica-se nas figuras 11 e 12 que, não foram encontradas espécies do grupo
de Isoptera em nenhuma das parcelas. Já com relação aos demais grupos, observa-
se um acentuado aumento nos índices com relação aos indivíduos Acarine,
Collembola e Díptera na área com vegetação. Já nas áreas sem vegetação,
observa-se um decréscimo nos índices das mesmas espécies.
0123456789
101112131415
mar/06 mai/06 jul/06 set/06 nov/06 jan/07 mar/07
meses de leitura
n° d
e In
vidi
duos
Ácarine Collembola Díptera Isoptera
Figura 11. Comportamento da mesofauna do município de Santa Luzia (PB), na parcela com
vegetação (CV).
75
0123456789
101112131415
mar/06 mai/06 jul/06 set/06 nov/06 jan/07 mar/07
meses de leitura
n° d
e In
divi
duos
Ácarine Collembola Díptera Isoptera
Figura 12. Comportamento da mesofauna do município de Santa Luzia (PB), na parcela sem
vegetação (SV).
Nas figuras 13 e 14, observa-se uma representação de todos os indivíduos,
ressaltando que nas áreas com vegetação a um aumento gradativo com relação ao
índice de Shannon e ao de Pielou. Já com relação aos resultados das áreas sem
vegetação, observa-se para os índices uma redução nos indivíduos coletados.
0123456789
101112131415
mar/06 mai/06 jul/06 set/06 nov/06 jan/07 mar/07
meses coletas
n° In
divi
duos
Ácarine Collembola Díptera Isoptera
Figura 13. Comportamento da mesofauna do Município de Várzea (PB), na parcela com
vegetação (CV).
76
0123456789
101112131415
mar/06 mai/06 jul/06 set/06 nov/06 jan/07 mar/07
meses coletas
n° In
divi
duos
Ácarine Collembola Díptera Isoptera
Figura 14. Comportamento da mesofauna do Município Várzea (PB), na parcela sem vegetação
(SV).
Nota-se nas figuras 15 e 16 um comportamento semelhante aos índices de
Shannon e Pielou comparado com o Município de Santa Luzia (PB) nas áreas com
vegetação. Fato que não ocorreu para as áreas sem vegetação, as quais obtiveram
um decréscimo nos grupos e, conseqüentemente, nos índices mencionados.
0123456789
101112131415
mar/06 mai/06 jul/06 set/06 nov/06 jan/07 mar/07meses de leitura
n° d
e In
divi
duos
Ácarine Collembola Díptera Isoptera
Figura 15. Comportamento da mesofauna do Município de São José do Sabugi (PB), na parcela
com vegetação (CV).
77
0123456789
101112131415
mar/06 mai/06 jul/06 set/06 nov/06 jan/07 mar/07
meses de leitura
n° d
e In
divi
duos
Ácarine Collembola Díptera Isoptera
Figura 16. Comportamento taxonômico da mesofauna do Município de São José do Sabugi (PB),
na parcela sem vegetação (SV).
Percebe-se ainda que a presença dos grupos Acarine, Collembola e Díptera
em todas as áreas estudadas dos municípios, fato provocado, provavelmente, a
resistência e adaptação dos mesmos às condições dos ambientes onde foram
desenvolvidos os estudos. No entanto, a presença do grupo dos Isopteras em todos
os municípios não é um fator excludente, pois o mesmo pode possuir um papel
importante na regulação interna de energia desse ecossistema.
Ressalta-se que a presença dos grupos avaliados pelos índices de Shannon e
Pielou sugere que estes sofreram influência sazonal quando comparados aos dados
pluviométricos obtidos das áreas estudadas, conforme mostram a tabela 6 (p.69) e a
figura 17. A mesma apresenta uma irregularidade nos índices pluviométricos obtidos
pela AESA durante o período da pesquisa.
78
0
50
100
150
200
250
300
350
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan fev mar
Meses
Pluv
iosi
dade
Santa Luzia S.J. Sabugi Várzea
Figura 17. Variação da pluviosidade nas parcelas com vegetação e sem vegetação, dos
municípios de Santa Luzia (PB), Várzea (PB) e São José do Sabugi (PB), durante o período de doze meses (2006-2007).
É importante ressaltar que o estudo das parcelas se deu, também, em período
chuvoso, sendo necessário enfocar a variação de temperatura do solo na superfície
e a 20 cm de profundidade a qual pode influenciar na maior atividade da fauna
edáfica. Contudo, é importante enfocar que a área estudada se trata de uma região
semi-árida e com taxa de evaporação elevada e, por esse motivo, estudos mais
prolongados podem aferir o grau de adaptação deste ecossistema às variações de
temperatura conforme estudos que estabelecem algumas bases de dados para o
comportamento da fauna edáfica em função da temperatura. (ENTRY; BACKMAN,
1995 apud SOUTO, 2006).
No município de Santa Luzia (PB), os valores médios da temperatura na
superfície e a 20 cm de profundidade no período da manhã, na parcela com
vegetação foram, respectivamente, 38cC e 34,4oC. E no período da noite os valores
foram, respectivamente, 34,5oC e 33,4cC. Na parcela sem vegetação, os valores
médios obtidos foram, respectivamente, 39,2cC e 36,4oC. E no período da noite,
foram, respectivamente, 33,3 cC e 32,7 cC.
No município de Várzea (PB), nas parcelas com vegetação, os valores médios
de temperatura na superfície e a 20 cm no período da manhã foram,
respectivamente, 39,8cC e 35,3cC. E no período da noite, foram respectivamente,
35,7 cC e 33,6 cC. Na parcela sem vegetação, no período da manhã e nas mesmas
79
condições foram, respectivamente, 38,4 cC e 37,5cC. Já no período da noite a média
encontrada foi em torno de 30,1 cC e 34 cC .
No município de São José do Sabugi (PB), os valores médios da temperatura
na superfície e a 20 cm de profundidade no período da manhã, na parcela com
vegetação foram, respectivamente, 40,7 cC e 35,1oC. E no período da noite os
valores foram, respectivamente, 34oC e 32cC. Na parcela sem vegetação, no período
da manhã, os valores médios obtidos foram, respectivamente, 41,8cC e 34,8oC. E no
período da noite, foram, respectivamente, 33,4 cC e 32,1 cC.
Nos períodos cujas temperaturas foram elevadas e conseqüentemente,
coincidiu com ausência de pluviosidade, a atividade biológica da fauna edáfica foi
limitada, causando uma insuficiência na incorporação de nutrientes necessária a
manutenção vegetal. A compreensão de Witkamp (1996 apud SOUTO, 2006) é que
temperaturas elevadas influência na atividade de certos microrganismos, ao mesmo
passo que aumenta o desencadeamento no solo de material como folhas
consistentes e de difícil umidificação, como é o caso das folhas da vegetação que
constitui a caatinga.
Contudo, denota-se a influência dos elementos climáticos: pluviosidade e
temperatura na atividade de elementos decompositores do solo. Portanto, faz
sentido reforçar que a atividade biológica da mesofauna encontra-se influenciada
não apenas pela qualidade do substrato, mas também pelas condições do ambiente
(GAMA-RODRIGUES, 1997).
Percebe-se, portanto, que a falta de estabilidade referente à pluviosidade,
presente na região dos municípios estudados é um fator importante na avaliação da
atividade biológica da fauna edáfica como também, na presença dos mesmos no
solo do bioma caatinga como se encontra exposto na figura 18.
80
050
100150200250
300350400
Con
cent
raçã
o de
Indi
vidu
os
STCV STSV SJCV SJSV VCV VSV
Pontos de Captura
Anelídeo Araneae Coleóptera Corrodentia Diptera EmbiopteraHomoptera Hymennoptera Isoptera Phasmatodea Scorpionidae
Figura 18. Valores médios do comportamento taxonômico da macrofauna, obtidos nas
parcelas com vegetação (CV) e sem vegetação (SV), durante o período de março de 2006 a março de 2007, nos município: Santa Luzia (PB), Várzea (PB) e São José do Sabugi (PB).
Um ponto de extrema importância para o experimento encontra-se
relacionado ao desenvolvimento taxonômico da macrofauna edáfica, para os
Municípios de Santa Luzia, Várzea e São José do Sabugi, nas parcelas com
vegetação (CV) e sem vegetação (SV) conforme mostra a tabela 12. Já nas Tabelas
13, 14 e 15 encontram-se os valores médios dos índices de diversidade de Shannon
(H) e do Índice de Pielou (e), obtidos mediante a aplicabilidade do Programa
Estatístico DivEs v2.0.
Tabela 12. Média do comportamento taxonômico obtidas dos índices de Shannon e
Pielou, da macrofauna, obtido nas parcelas com vegetação (CV) e sem vegetação (SV), durante o período de março de 2006 a março de 2007 no Município de Santa Luzia (PB).
Área com vegetação(CV)
Indíce ANE ARA COL COR DIP EMB HOM HYM ISO PHAS SCORPH 0,60 0,66 0,81 0,48 0,71 0,41 0,48 0,83 0,30 0,45 0 e 1,00 0,86 0,84 1,00 0,83 0,70 1,00 0,86 1,00 0,83 0,92 Área sem vegetação(SV)
Indíce ANE ARA COL COR DIP EMB HOM HYM ISO PHAS SCORPH 0,30 0,63 0,77 0,46 0,80 0,68 0,00 0,83 0,00 0,60 0,00 e 1,00 0,80 0,81 0,80 0,84 0,93 0,00 0,86 0,00 1,00 0,94
LEGENDA: ANE (Anelídeo); ARA (Araneae) COL (Coleóptera); COR (Corrodentia); DIP (Díptera); EMB (Embioptera); HOM (Homóptera); HYM (Hymennoptera); ISO (Isoptera); PHAS (Phasmatodea); SCOR (Scorpionidae).
81
Tabela 13. Média do comportamento taxonômico obtidos dos índices de Shannon e Pielou, da macrofauna, obtido nas parcelas com vegetação (CV) e sem vegetação (SV), durante o período de março de 2006 a março de 2007 no Município de Várzea (PB).
Área com vegetação(CV)
Indíce ANE ARA COL COR DIP EMB HOM HYM ISO PHAS SCORPH 0,60 0,64 0,81 0,70 0,69 0,41 0,58 0,80 0,45 0,30 0,80 e 1,00 0,86 0,85 1,00 0,81 0,70 0,87 0,84 0,83 1,00 0,96 Área sem vegetação(SV)
Indíce ANE ARA COL COR DIP EMB HOM HYM ISO PHAS SCORPH 0,00 0,64 0,78 0,45 0,70 0,75 0,71 0,83 0,45 0,00 0,80 e 0,00 0,86 0,81 0,83 0,78 0,92 0,85 0,85 0,83 0,00 0,94
LEGENDA: ANE (Anelídeo); ARA (Araneae) COL (Coleóptera); COR (Corrodentia); DIP (Díptera); EMB (Embioptera); HOM (Homóptera); HYM (Hymennoptera); ISO (Isoptera); PHAS (Phasmatodea); SCOR (Scorpionidae).
Tabela 14. Média do comportamento taxonômico obtidos dos índices de Shannon e
Pielou, da macrofauna, obtido nas parcelas com vegetação (CV) e sem vegetação (SV), durante o período de março de 2006 a março de 2007 no Município de São José do Sabugi (PB).
Área com vegetação(CV)
Indíce ANE ARA COL COR DIP EMB HOM HYM ISO PHAS SCORPH 0,00 0,60 0,83 0,48 0,71 0,58 0,45 0,74 0,53 0,00 0,58 e 0,00 1,00 0,85 1,00 0,86 0,90 0,83 0,81 0,73 0,00 0,90 Área sem vegetação(SV)
Indíce ANE ARA COL COR DIP EMB HOM HYM ISO PHAS SCORPH 0,00 0,63 0,82 0,30 0,61 0,60 0,48 0,82 0,48 0,00 0,68 e 0,00 0,80 0,86 1,00 0,74 1,00 1,00 0,86 1,00 0,00 0,96
LEGENDA: ANE (Anelídeo); ARA (Araneae) COL (Coleóptera); COR (Corrodentia); DIP (Díptera); EMB (Embioptera); HOM (Homóptera); HYM (Hymennoptera); ISO (Isoptera); PHAS (Phasmatodea); SCOR (Scorpionidae).
Os índices de Diversidade de Shannon obtidos nas parcelas com vegetação,
dos três Municípios, mantiveram-se superior em relação aos obtidos nas parcelas
sem vegetação. O mesmo comportamento foi observado em relação ao índice de
Pielou. Em termos médios os valores obtidos foram, respectivamente, em torno de:
0,56 e 0,48 para os índices de Shannon e de 0,87 e 0,69, para os índices de Pielou.
Todas as parcelas dos municípios estudados apresentaram as mesmas 12
classes de indivíduos. No município de Santa Luzia, observou-se que a área sem
82
vegetação apresentou um menor número de indivíduos, fato também verificado para
o município de São José do Sabugi. Já para o de Várzea, o menor número de
indivíduos foi observado nas parcelas com vegetação, conforme mostram os dados
expostos na tabela 15.
Tabela 15. Valores médios do comportamento taxonômico, nos Municípios de Santa
Luzia (PB), Várzea (PB) e São José do Sabugi (PB), nas parcelas com vegetação arbórea (CV) e sem vegetação (SV), no período de 12 meses.
Santa Luzia
Parcelas Ane Ara Col Cor Dip Emb Hom Hym Iso Phas Scorp3 CV
SV 4 2
9 12
372 206 5
20 63
5 6
3 1
119 91
2 0
4 4
1 1
Várzea Parcelas Ane Ara Col Cor Dip Emb Hom Hym Iso Phas Scorp
CV SV
4 1
7 7
66 237
5 4
19 72
8 9
6 11
77 137
4 4
2 0
2 2
São José do Sabugi
Parcelas Ane Ara Col Cor Dip Emb Hom Hym Iso Phas Scorp
CV SV
1 0
4 12
108 51
3 2
10 25
5 4
4 3
76 52
10 3
1 0
5 6
LEGENDA: ANE (Anelídeo); ARA (Araneae) COL (Coleóptera); COR (Corrodentia); DIP (Díptera); EMB Embioptera); HOM (Homóptera); HYM (Hymennoptera); ISO (Isoptera); PHAS (Phasmatodea); SCOR (Scorpionidae).
Nas parcelas com vegetação (CV), somando-se as 7 coletas, destacaram-se
Coleóptera e Hymennoptera, com um total de 330 e 272 organismos,
respectivamente. Coleóptera e Hymenoptera foram as ordens de maior ocorrência
também nas parcelas sem cobertura arbórea (SV). A ordem Coleóptera se destacou
em todas as coletas em ambas as parcelas, com um total de 1040 indivíduos
coletados, enquanto Hymenoptera apresentou um total de 552 indivíduos.
Nas figuras 19, e 20; 21, e 22, 23 e 24, está exposto distribuição dos
indivíduos taxonômicos da mesofauna edáfica com um valor percentual obtido
durante todo o período de coleta.
83
1%2%2%
5%
2%1%
15%
71%
1%
AnelídeoAraneaeColeópteraCorrodentiaDipteraEmbiopteraHomopteraHymennopteraIsopteraPhasmatodea
Figura 19. Porcentagem referente ao comportamento taxonômico, da macrofauna, do Município de
Santa Luzia (PB), da parcela com vegetação no período de realização do experimento.
1%1%1%
4%
60%
1%
15%
1%
14%
2%
AnelídeoAraneaeColeópteraCorrodentiaDipteraEmbiopteraHomopteraHymennopteraIsopteraPhasmatodeaScorpionidae
Figura 20. Porcentagem referente ao comportamento taxonômico, da macrofauna, do Município de
Santa Luzia (PB), da parcela sem vegetação no período de realização do experimento.
84
2% 6%
31%
2%2%
4%
34%
11%2%
4%
2%
AnelídeoAraneaeColeópteraCorrodentiaDipteraEmbiopteraHomopteraHymennopteraIsopteraPhasmatodeaScorpionidae
Figura 21. Porcentagem referente ao comportamento taxonômico, da macrofauna, do Município de
Várzea (PB), da parcela com vegetação no período de realização do experimento.
7%1% 3%
38%
2%2%
5%0%
3%3%
37%
Anelídeo
Araneae
ColeópteraCorrodentia
Diptera
Embioptera
Homoptera
Hymennoptera
IsopteraPhasmatodea
Scorpionidae
Figura 22. Porcentagem referente ao comportamento taxonômico, da macrofauna, referente ao
Município de Várzea (PB), da parcela sem vegetação no período de realização do experimento.
85
7%1% 3%
38%
2%2%
5%0%
3%3%
37%
Anelídeo
Araneae
ColeópteraCorrodentia
DipteraEmbioptera
Homoptera
Hymennoptera
IsopteraPhasmatodea
Scorpionidae
Figura 23. Porcentagem referente ao comportamento taxonômico, da macrofauna, do município de
São José do Sabugi (PB), da parcela com vegetação no período de realização do experimento.
10%
3%
20%
3%
27%
3%3%
28%
3%
AnelídeoAraneaeColeópteraCorrodentiaDipteraEmbiopteraHomopteraHymennopteraIsopteraPhasmatodeaScorpionidae
Figura 24. Porcentagem referente ao comportamento taxonômico, da macrofauna, do Município de
São José do Sabugi (PB), da parcela sem vegetação no período de realização do experimento.
86
A diversidade e densidade da fauna edáfica em áreas agrícolas podem ser
influenciadas pelo método de preparo do solo, do sistema de cultivo e das condições
edafoclimáticas.
No caso específico para o Núcleo de Desertificação do Seridó Ocidental
paraibano constata-se que os valores encontrados indicam que nos períodos de
coleta o comportamento da fauna edáfica caracteriza-se com a sazonalidade dos
fluxos dos indivíduos que compõem a macrofauna edáfica da região sob influência
dos períodos de chuvas.
A explicação para esta redução pode estar relacionada a comportamentos
inerentes aos grupos taxonômicos. De acordo com Lee (1994), os organismos da
fauna edáfica apresentam comportamento sazonal ou são ativos apenas em
determinados períodos do ano. Além disso, apresentam caráter oportunista,
explorando condições favoráveis do solo para aumentarem rapidamente suas
populações, as quais podem, logo em seguida, ser diminuídas novamente (LEE,
1994).
Segundo Assad (1997), a sazonalidade pluviométrica também afeta estas
populações, visto que estes têm na água o principal fator limitante da sua atividade.
Coleóptera, por exemplo, é extremamente dependente da umidade, sendo
encontrado com maior freqüência durante os períodos mais úmidos.
É importante destacar que em todas as áreas estudadas as práticas de
manejo utilizadas no sistema de produção, se ocorressem, poderia afetar de forma
direta e indireta a fauna do solo. Os impactos diretos correspondem a prática da
atividade criatória no sistema extensivo. Os efeitos indiretos estão relacionados à
modificação da estrutura do habitat e dos recursos alimentares. Desta forma, a
retirada acentuada da cobertura vegetal, bem como a compactação do solo
decorrente da atividade criatória e monoculturas, provocam uma simplificação do
habitat, tendo como conseqüência uma diminuição em diversidade da comunidade
do solo (ASSAD, 1997).
A população de indivíduos da macrofauna edáfica, capturada pelas
armadilhas, variou de 96 a 0 indivíduos nas áreas com vegetação e sem vegetação
para os três municípios. Em termos de diversidade biológica, foram obtidos com as
armadilhas de 0 a 12 grupos taxonômicos, com pouca variação entre os tratamentos,
como também evidenciado pelos índices de diversidade de Shannon e de
equitabilidade de Pielou, conforme mostram as tabelas 13, 14 e 15. Este fato,
87
demonstra maior concentração dos organismos nas proximidades da superfície do
solo, que é a camada mais exposta aos resultados às ações antrópicas.
88
4 CONCLUSÕES
A variação da umidade do solo e da temperatura promoveu oscilação na
população microbiana;
Os grupos predominantes da mesofauna foram Collembola, Acarine e Díptera;
A população e a diversidade da fauna edáfica foi influenciada pelos índices
pluviométricos registrados nos municípios de Santa Luzia, São José do Sabugi e
Várzea;
A variação de diversidade de organismos em relação às parcelas com
vegetação e sem vegetação indica uma dinâmica estabelecida com os períodos de
chuvas e de estiagem, caracterizando uma adaptação ao contexto de semi-aridez;
As parcelas que se apresentam sem vegetação arbórea e arbustiva
expressaram um número total de organismos juntamente com o índice de
diversidade, sempre próximo ao das parcelas com presença de vegetação arbórea
arbustiva.
89
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95
CCAAPPIITTUULLOO IIII
96
CARACTERIZAÇÃO DEMOGRÁFICA NO NÚCLEO DE DESERTIFICAÇÃO DO
ESUMO: A investigação foi aplicada em um recorte territorial, constituindo
alavras chaves: Semi-árido, Êxodo Rural, Indicadores econômicos e sociais
SERIDÓ OCIDENTAL DA PARAIBA
Rmunicípios do seridó ocidental paraibano (São José do Sabugi, Santa Luzia e Várzea), limitando-se ao norte com Rio Grande do Norte, ao Sul com o cariri Ocidental, a leste com o Seridó Oriental Paraibano e a oeste com a mesorregião Sertão Paraibano, compondo a meso região da Borborema. Esta abrange uma área de 1.758,03 km², correspondendo a 3,106% do território Estadual, totalizando 06 municípios. Tratou-se de uma pesquisa qualitativa e quantitativa, desenvolvida através da observação participante, utilizando algumas ferramentas, destacando-se: observação in loco nas propriedades (feita no período de fevereiro de 2006 a março de 2007 pelo período de vivência e aplicação das entrevistas não estruturadas); entrevistas abertas (aplicadas entre o meses de julho a novembro de 2006, enfocando as mudanças sociais, econômicas e ambientais a partir do surgimento dos empreendimentos); entrevistas fechadas (aplicadas entre os meses de agosto a outubro de 2006, sobre o perfil sócio-econômico dos grupos), além de registros de dados censitários e das revisões bibliográficas para aprofundamento do tema em ambientes de risco. Utilizou-se bancos de dados de órgãos municipais, estaduais e federais, além dos trabalhos da UNESCO. No que diz respeito às mudanças no perfil da população nos municípios estudados, verificou-se que todos estão passando por processo relativamente rápido de urbanização. Ao longo do processo deverão se avolumar as dimensões de alguns dos graves problemas sociais com os quais já se defronta a região. No que se refere à educação apesar do recuo no número de analfabetos nos três municípios envolvidos neste trabalho, as disparidades em termos regionais na educação continuam. P
97
DEMOGRAPHIC CHARACTERISTICS IN THE DESERTIFICATION NUCLEUS OF “SERIDÓ”, PARAIBA STATE, BRAZIL
ABSTRACT: The research was applied to a area territorial municipalities constituting the “Seridó” western of the Paraiba State (Sao Jose do Sabugi, Santa Luzia and Várzea), limiting to the north of Rio Grande do Norte State, in the south with “Cariri” West, east to the eastern region and western Paraiba with mesoregion “Sertão Paraibano”, forming the “Borborema” mesoregion. It covers an area of 1758.03 km², corresponding to 3.106% of the Paraíba State, totaling 06 municipalities. This was a qualitative and quantitative research, conducted through participant observation, using some tools, including: on-site observation in the properties (made from February 2006 to March 2007 for a period of experience and application of the interviews were structured); open interviews (applied between the months of July to November 2006, focusing on the social, economic, environmental and from the emergence of new developments); closed interviews (applied between the months of August to October 2006 on the socioeconomic-economic groups), and records of census data and references for further review of the topic in hazardous environments. We used databases of municipal, state and federal, as well as the work of UNESCO. With respect to changes in the profile of the population in the cities studied, it appeared that everyone is experiencing relatively rapid process of urbanization. Throughout the process must be laughing all the dimensions of some of the serious social problems with which already facing the region. As regard to education despite the decrease in the number of illiterates in the three municipalities involved in this work, the regional disparities in education remain. Keywords: semiarid area, agricultural exodus, economic and social indicators.
98
1 INTRODUÇÃO
e forma genérica, observa-se que os danos causados pela desertificação
são cr
a é preocupante, pois coincide com a
área o
ios abordados Santa Luzia, São José do Sabugi
e Várz
to, a necessidade deste estudo foi levantada, a princípio, pela
cresce
quebra acentuada da produtividade dos
ecossi
rais,
além d
D
escentes e onerosos, o que implica em grandes perdas econômicas, além de
vultosas quantidades de investimentos para recuperar quando é reversível e as
perdas incalculáveis ao ambiente quando é irreversível, causando um
comprometimento com as gerações presentes e futuras colocando em xeque a
sustentabilidade regional. Tal situação decorre do modelo de produção em
detrimento do uso racional dos recursos naturais comprometendo os ecossistemas e
por extensão a sociedade (FERREIRA, 1994).
A ocorrência da desertificação na Paraíb
nde a pobreza e a miséria são partes integrantes da realidade do seu povo,
impulsionada por inúmeros fatores de ordem política, social, cultural; todavia, requer
certa atenção nos dados quali-quantitativos, pois esses dados podem indicar, as
tendências atuais (BRASIL, 1998)
A população dos três municíp
ea, ao longo das últimas décadas vem apresentando uma dinâmica muito
acentuada no tocante ao crescimento urbano. São perceptíveis os resultados do
processo de urbanização em um ambiente pontuado em um núcleo de
desertificação.
No entan
nte difusão da temática indicadores de desertificação. Com base na
experiência cotidiana pontua-se constantemente, as situações precárias de
condições de trabalho a qual estavam submetidos os trabalhadores rurais e a
população urbana deste recorte territorial.
Nesse contexto se evidenciou uma
stemas, traduzindo-se numa diminuição dos rendimentos agrícolas, pecuários
que do ponto de vista social, a população é afetada, com indicativos de significativos
processos de empobrecimento, migrações e deterioração da qualidade de vida.
Utilizou-se dos bancos de dados de órgãos municipais, estaduais e fede
os trabalhos da UNESCO.
99
2 MATERIAL E MÉTODOS
presente estudo foi desenvolvido no Núcleo de Desertificação do Seridó
ociden
tiva, desenvolvida através da
observ
3 CARACTERIZAÇÃO DEMOGRÁFICA DOS MUNICÍPIOS CONTEXTUALIZADOS
investigação foi aplicada em um recorte territorial, constituindo municípios
do Se
O
tal da Paraíba englobando os municípios de Santa Luzia, São José do Sabugi
e Várzea, (englobando zona urbana e rural), abrangendo as composições de
distribuição da população e segmentos produtivos.
Trata-se de uma pesquisa quali-quantita
ação participante, utilizando algumas ferramentas, dentre as quais estão: a
observação in loco nas propriedades (feita no período de fevereiro de 2006 a março
de 2007, pelo período de vivência e aplicação das entrevistas não estruturadas; as
entrevistas abertas (aplicadas entre os meses de julho a novembro de 2006),
enfocando as mudanças sociais, econômicas e ambientais a partir do surgimento
dos empreendimentos), as entrevistas fechadas (aplicadas entre o mês de agosto a
outubro de 2006, sobre o perfil sócio-econômico dos grupos); além de registros de
dados censitários e das revisões bibliográficas para aprofundamento do tema de
sócio-economia em ambientes de risco.
NO NÚCLEO DE DESERTIFICAÇÃO DO SERIDÓ OCIDENTAL DA PARAIBA
A
ridó ocidental paraibano (São José do Sabugi, Santa Luzia e Várzea),
limitando-se ao norte com Rio Grande do Norte, ao Sul com o cariri Ocidental, a
leste com o Seridó Oriental Paraibano e a oeste com a mesorregião do Sertão
Paraibano, compondo a meso região da Borborema. Esta região abrange uma área
de 1.758,03 km², correspondendo a 3,106% do território Estadual, totalizando 06
municípios dos quais 03 foram objeto de estudo (Figura 25).
100
Figura 25. Esboço cartográfico do recorte territorial definido como núcleo de desertificação do
Seridó Ocidental paraibano.
A população de Santa Luzia no período que compreendeu as décadas de
1991 a 2000 teve uma taxa média de crescimento anual de 0,83%, passando os
13.040 hab. em 1991 para 14.012 hab em 2000. A taxa de urbanização cresceu
7,41%, passando de 82.85% em 1991, atingindo 88.99% em 2000. Segundo os
dados da contagem de população (IBGE 2007), o município nesse momento supera
a faixa dos 90% de urbanização. Na figura 26, constata-se o comportamento da
população nos últimos dezesseis anos.
101
Figura 26. Comportamento da população no Censo de 91, 2000 e 07 na contagem da
população em 2007.
Em São José do Sabugi no mesmo período, de 1991 a 2000, a população
teve uma taxa média de crescimento anual negativa -0.29%, recuando de 4.001 hab
em 1991 para 3.903 hab em 2000. A taxa de urbanização cresceu 41.72%,
passando de 39.99% na década de 90 para 56.67% em 2000. Na contagem da
população em 2007 atingiu 63.07%, fato que pode ser observado na figura 27 que
reúne o comportamento da população.
Figura 27. Evolução da população por domicilio com dados dos censitários do IBGE.
102
Entre 1991 e 2000, a população de Várzea teve uma taxa média de
crescimento anual negativa de -0.86%, passando de 2.211 em 1991 para 2.051 em
2000, configurando-se retração em seu crescimento demográfico. Entretanto, a taxa
de urbanização saltou de 38,76%, para 49,30% em 1991 e para 68.41% em 2000.
Na contagem da população em 2007, foi alcançado o percentual de 77,01%. Na
figura 28 esta dinâmica fica perceptível e constata-se o significativo crescimento
urbano de Várzea.
A economia em tese se beneficiaria da integração vertical da produção urbana,
através de insumos partilháveis (condições privadas de armazenamento, oficinas de
manutenção, comércio e serviços, centros de treinamento de trabalhadores etc.)
(KATZMAN, 1986). As vantagens aglomerativas típicas de ambientes urbanos bem
equipados de infra-estrutura pública, dotados de comércio e uma certa infra-estrutura,
podem contrabalançar os riscos de avanço na pressão sobre as áreas rurais, em face
de um mercado geralmente consumista de produtos industrializados, pela perspectiva
irradiadora que as atividades urbanas costumam imprimir.
Figura 28. Evolução da população com a caracterização do crescimento urbano.
103
Na tabela 16, contextualiza-se o comportamento da população dos municípios
abordados neste estudo, acompanhando a dinâmica da população através dos
dados censitários de 1991, 2000 e a contagem da população de 2007. Matallo Junior
(2001), no documento que trata dos indicadores de desertificação identifica diversas
formulações que tratam dos indicadores, entretanto os dados aqui expostos
remetem a uma compreensão complexa, em função dos estudos dos fenômenos de
concentração e desconcentração da população no espaço, que requer a introdução de
algumas questões teóricas acerca das transformações que sociedades urbano-rurais-
industriais vêm experimentando, questões estas que ultrapassam o âmbito
demográfico mais estrito (DINIZ; LEMOS, 1990).
Tabela 16. População por situação de domicílio, 1991, 2000 e 2007 (T= total; U=
urbano; R= rural)
1991 2000 2007
Município T
U
Rur
Tx.U
T
U
R
Tx.U
T
U
R
Tx.U
Stª Luzia 13040
10803
2237
82.85 %
14012
12469
1543
89,99 %
14292
12896
1396
90.24%
S.J.do Sabugi
4001
1600
2401
39.99
%
3903
2212
1691
56,67
%
3986
2514
1472
63.07
%
Várzea 2211
1090
1121
49.30 %
2051
1403
648
68.41 %
2457
1892
565
77.1 %
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e estatística, censo 1991, 2000 e contagem da população 2007.
No que diz respeito às mudanças no perfil da população nos municípios
estudados, verificou-se que todos estão passando por processo relativamente rápido
de urbanização. Ao longo do processo deverão se avolumar as dimensões de alguns
dos graves problemas sociais com os quais já se defronta a região. Dentre eles
deverá continuar avultando a questão do emprego, com todas as suas
conseqüências. A perda da matriz agrícola pressiona os saturados mercados de
trabalho nas zonas urbanas que vem sofrendo a pressão da crescente oferta de
mão-de-obra, do acréscimo do desemprego e do subemprego, da desqualificação da
força de trabalho, dos baixos níveis educacionais e culturais da população. Entre
outras, contribuirão para agravar toda a problemática social já existente, dando
ensejo a perspectivas não muito otimistas quanto à tendência de agravamento da
104
atual qualidade de vida nas cidades da região. Na figura 29, constata-se as médias
de urbanização para os três municípios estudados.
87,36%
51,53%
64,91%
StªLuzia S.J.do Sabugi Várzea
Figura 29. Taxa média de crescimento urbano nos municípios que compõem o
núcleo de desertificação do Seridó ocidental paraibano.
Estudos, com o objetivo de analisar ao máximo o crescimento populacional
em áreas urbanas, foram implementadas a partir da construção da nova visão de
dominação do espaço, impulsionados pelas diversas crises e fenômenos de
estiagens que fluxos migratórios alimentaram o processo de concentração urbana e
esvaziamento das zonas rurais nos sertões do nordeste brasileiro (GOMES e
MAGALHÃES, 1995).
É necessário que haja critérios bem definidos para avaliar que as áreas que
apresentam uma densidade demográfica baixa e que se caracterizam por uma
relação diferenciada de sua população com o meio natural não estão condenadas ao
abandono e à desertificação. Entende-se que as sociedades rurais têm certa relação
com o mundo natural que é diferente da relação que envolve as cidades. Os
resultados da pressão imposta às áreas rurais requerem adoção de estratégias que
envolvam mudanças substanciais na abordagem da desertificação.
Em relação ao Estado da Paraíba como um todo, a posição demográfica dos
três municípios abordados por este estudo, comparando-se com os dez primeiros no
Ranking dos 223 municípios que compõem a malha territorial paraibana, o que
melhor se posiciona em relação aos demais é o município de Santa Luzia ocupando
o 54ª lugar em número de habitantes, dados expressos na figura 30.
105
0
200000
400000
600000
800000N
° hab
itant
es
1° João Pessoa 2° Campina Grande 3° Santa Rita4° Patos 5° Bayeux 6° Sousa7° Cajazeiras 8° Guarabira 9° Cabedelo10° Sapé 54° Santa Luzia 172° São José do Sabugi216° Várzea
Figura 30. Ranking do número de habitantes dos dez primeiros municípios paraibanos e a
posição dos municípios abordados neste estudo.
Segundo o documento sobre Desertificação, apresentado na IV Reunião
Regional da América Latina e Caribe para a implementação da Convenção, dentre
os diversos grupos de indicadores, a Densidade Demográfica possui um papel
destacado no estabelecimento do quadro de desertificação. Neste documento leva-
se em consideração a pressão sobre o meio ambiente, que é exercida pela
densidade demográfica com número igual ou superior a 20 hab/km². Só no município
de Santa Luzia esse índice foi superior a 30 hab/km². Na tabela 17, pode-se
confirmar este levantamento.
Tabela 17. Habitantes por km² a partir dos dados dos censos de 1991 e 2000 da
contagem de população de 2007.
1991 2000 2007 Município
Área km²
Total
População Hab/ km²
Total População
Hab/ km²
Total População
Hab/Km²
Stª Luzia 456 13.040 28.6 14.012 30.73 14.292 31.35S.J. do Sabugi 207 4.001 19.33 3.903 18.86
3.986 19.26
Várzea 190 2.211 11.64 2.051 10.8 2.457 12.94
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e estatística, censo 1991, 2000 e contagem da população 2007.
A relação que uma sociedade mantém com suas áreas rurais é um termômetro das
relações entre sociedade e natureza. Nas áreas rurais existe uma interrelação entre
as pessoas, fato cada vez mais valorizado nas sociedades contemporâneas. A
característica da rede rural, é que ela não se define e não pode se desenvolver sem
106
uma relação intensa com as regiões urbanas. Com educação a nova dinâmica das
regiões rurais contemporâneas indica que é cada vez menos pela agricultura
comercial de grande escala e cada vez mais pela sua biodiversidade, sua estrutura
paisagística e as possibilidades de sustentabilidade da vida social que existem.
4 ESTRUTURA ETÁRIA E EDUCAÇÃO COMO INDICADOR DOS EFEITOS DA DESERTIFICAÇÃO
Para compreender melhor a distribuição da população por faixa etária nos três
municípios estudados, trabalhou-se com os dados censitários de 1991 e 2000, que
estão disponibilizados para compreensão das alterações registradas nas últimas
décadas.
Pode-se verificar, na tabela 18, que a estrutura etária da população residente
em Santa Luzia, São José do Sabugi e Várzea, têm sofrido grandes alterações ao
longo das últimas décadas.
Tabela 18. População da Paraíba e dos municípios de Santa Luzia, São José do
Sabugi e Várzea, por grupo de idade, segundo os censos de 1991 e 2000.
Grupos de idade 1991
Municípios Total 0 a 4 5 a 9 10 a 19 20 a 29 30 a 39 40 a 49 50 a 59 60 anos +
Total Paraíba 3.201.114 393.573 412.218 868.893 517.625 352.796 269.197 197.055 289.756
Santa Luzia 13.042 1.404 1.635 3.034 2.085 1.456 1.121 864 1.443
São José do Sabugi 4.001 445 469 983 650 438 360 263 393
Várzea 2.211 223 274 547 295 199 230 183 260
Grupos de idade 2000
Municípios Total 0 a 4 5 a 9 10 a 19 20 a 29 30 a 39 40 a 49 50 a 59 60 anos +
Total Paraíba 3.443.825 338.321 355.392 778.686 583.879 461.385 328.003 247.593 350.566
Santa Luzia 14.012 1.290 1.310 3.028 2.362 1.845 1.342 1.071 1.764
São José do Sabugi 3.903 369 359 850 668 522 384 322 429
Várzea 2.051 167 142 466 319 271 200 204 282 Fonte: IBGE, Censos Demográficos 1991 e 2000.
Nos três municípios, no período de 1991 a 2000, a taxa de mortalidade infantil
diminuiu em média 47,34%, e a esperança de vida ao nascer cresceu 7 para 11
anos.
O que fica constatado é um claro envelhecimento da população nos três
municípios. As últimas décadas têm sido caracterizadas por importantes
107
transformações na organização do território. As variações demográficas apresentam
certas regularidades temporais e geográficas, a partir das quais se podem
individualizar “áreas marginais” (zonas em desertificação) ou em processo de
“valorização” (zonas em desenvolvimento) (BARBIER, 2000).
A concentração urbana poderia potencialmente facilitar a resolução de
problemas ambientais, pois aumenta a disponibilidade total de terra, permite
supostamente menos pressão sobre a produtividade agrícola e facilita a preservação
de florestas e outros ecossistemas naturais. A densidade urbana mostra-se
favorável ao crescimento econômico, ao desenvolvimento social e à redução da
fecundidade, além de favorecer um uso mais eficiente dos recursos.
No que se refere à educação, apesar do recuo no número de analfabetos nos
três municípios envolvidos neste trabalho, as disparidades em termos regionais na
educação continuam. Mais da metade dos analfabetos estão no Nordeste, onde a
taxa atinge 18,9%, mais que o dobro da média nacional e o triplo da região Sul
(5,2%). Na figura 31, visualiza-se o comportamento médio dos resultados da
diminuição do analfabetismo nos municípios que compreendem o Núcleo de
Desertificação do seridó ocidental paraibano.
34,87
15,67
23,87
9,14
20,2
5,1
21,4
9,9
05
101520253035404550
méd
ia %
7 a 14 10 a 14 15 a 17 18 a 24
Faixa etária
19912000
Figura 31. Comportamento médio do índice de analfabetismo nos municípios de
Santa Luzia (PB), São José do Sabugi (PB) e Várzea (PB).
Para a UNESCO, o Nordeste deveria ser “objeto de um recorte educacional
específico” por parte do Governo Federal. É uma região historicamente
comprometida, embora, os índices de analfabetismo tenham reduzido na região,
comparativamente, continuam altos em relação ao Sul e Sudeste.
108
O índice de analfabetismo na faixa etária de 10 a 14 anos no Nordeste é de
6,4%. A média que envolve os municípios de Santa Luzia, São José do Sabugi e
Várzea caiu de 23,87% para 9,14% entre os censos de 1991 e 2000. Em
comparação com as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, esses dados estão na
faixa de 1%. É uma diferença significativa quando comparada ao chamado
analfabetismo absoluto, que atinge uma média no Nordeste de 19%, enquanto o Sul
e o Sudeste estão na faixa de 5%. Na tabela 19 identifica-se o comportamento do
nível educacional da população jovem, pelos dados censitários de 1991 e 2000.
TABELA 19. Nível Educacional da População Jovem dos municípios de Santa
Luzia (PB), São José do Sabugi (PB) e Várzea (PB) segundo os censos 1991 e 2000.
FONTE: PNDU,2003.
Santa Luzia
Taxa de analfabetismo
% < de 4 anos de estudo
% < 8 anos de estudo
% freqüentando a escola Faixa etária
1991 2000 1999 2000 1999 2000 1999 2000
7 a 14 42 18.8 - - - - 80.9 95.3
10 a 14 29.7 11.6 74.9 54.5 - - 81.6 95.1 15 a 17 22.9 5.6 38.5 18.3 90.9 71.5 70.1 74.1 18 a 24 23.8 10.8 34.9 22.4 63.1 60.4 - -
São José do Sabugi
Taxa de analfabetismo
% < de 4 anos de estudo
% < 8 anos de estudo
% freqüentando a escola Faixa etária
1991 2000 1999 2000 1999 2000 1999 2000 7 a 14 36.3 20.1 - - - - 76.5 96.8 10 a 14 27 11.9 81.8 57.2 - - 76.1 95.9 15 a 17 27.6 7.1 51.3 22.5 93.3 79.6 50.6 78.3 18 a 24 26.6 13.6 46.6 32.9 78.3 69.8 - -
Várzea Taxa de
analfabetismo % < de 4 anos
de estudo % < 8 anos de
estudo % freqüentando
a escola Faixa etária 1991 2000 1999 2000 1999 2000 1999 2000
7 a 14 26.3 8.1 - - - - 87.5 97.8
10 a 14 14.9 3.9 71.5 38.5 - - 88.1 97.4
15 a 17 10.1 2.6 33.1 11.8 91.1 59.5 71.8 81.7 18 a 24 13.8 5.3 29.9 14.6 65.2 47.6 - -
O índice de analfabetismo na faixa dos 10 aos 14 anos tem demonstrado uma
queda. Contudo isso significa que ainda tem-se um gargalo no tocante a
109
analfabetos, sobretudo na região Nordeste, onde o percentual de analfabetos e de
6,4%.
De uma maneira geral, os números do PNAD analisados para contemplar os
indicadores do Núcleo de Desertificação do Seridó ocidental paraibano inferem,
mesmo com diferenças a nível estadual e regional que, nos últimos dez anos houve
um aumento substancial de freqüência escolar. O que revela que a política de
inclusão está funcionando no país e na região. No entanto, uma meta importante é
melhorar a qualidade do ensino.
O aumento na taxa de munícipes freqüentando a escola entre 1991 e 2000
não foi suficiente para tirar este recorte territorial do ranking de baixos índices que o
Nordeste se encontra. Segundo dados do IBGE o percentual de brasileiros que não
sabem ler e escrever é inferior apenas ao da Bolívia, onde a taxa de analfabetismo
foi de 19,7% em 2000. Em relação a todos os países latino-americanos e
caribenhos, o Brasil ocupa o 9º pior índice do grupo.
A taxa de analfabetismo, com pior índice, ficou para o município de São José
do Sabugi (7,1%) entre os maiores de 15 anos, em 2000, acima da média do grupo,
que foi 5,1%. O número divulgado pelo IBGE, referente a 2000, refere-se a uma
projeção de 10,4%. O contingente de analfabetos no Brasil acima de 15 anos, 14
milhões de pessoas, coloca o país no grupo das 11 nações com mais de 10 milhões
de não-alfabetizados, ao lado do Egito, Marrocos, China, Indonésia, Bangladesh,
Índia, Irã, Paquistão, Etiópia e Nigéria.
Os números apresentados na figura 32 constatam que os índices médios que
envolvem as faixas etárias que estão freqüentando escolas nos municípios de Santa
Luzia, São José do Sabugi e Várzea demonstram uma reação positiva para um
recorte que enquadra-se em um Núcleo de Desertificação. Salienta-se que estes
dados não computam os resultados pós programas sociais que condicionam a
freqüência escolar.
110
7 a 14 10 a 14 15 a 17
96.6 96.14
78.0481.64 81.94
64.17
0102030405060708090
100M
édia
%
Faixa etária
19912000
Figura 32. Percentual de jovens matriculados nos três municípios.
A UNESCO que criou programa de metas de erradicação de analfabetismo
até 2015, compreende que qualquer número positivo nestes indicadores é de fato
uma grande expectativa na qualidade de vida das pessoas.
5 RENDA PER CAPITA NO CONTEXTO DO NÚCLEO DE DESERTIFICAÇÃO DO SERIDÓ OCIDENTAL PARAIBANO
A renda per capita é um indicador que ajuda a saber o grau de
desenvolvimento de um país ou região e constituido na divisão da renda nacional,
que é o produto nacional bruto menos os gastos de depreciação do capital e os
impostos indiretos, pela sua população. Embora seja um índice muito útil, por se
tratar de uma média, esconde várias disparidades na distribuição de renda. Um país
ou município pode ter uma boa renda per capita, mas pode camuflar um alto índice
de concentração de renda e que gera uma grande desigualdade social. É possível
que uma pais, estado, região ou município tenha uma baixa renda per capita mas
não haja muita concentração de renda, não existindo assim grande desigualdade
entre ricos e pobres. Os dados estatísticos de renda per capita são usados para se
ter uma base superficial do nível de vida dos habitantes dos estados e municípios,
identificando o estado da produtividade industrial desses mesmos, quando existe.
111
Em geral, a desertificação termina sendo o resultado de duas formas mais
simultâneas do que independentes: as depredações humanas que costumam
agravar as causas naturais e os ciclos naturais de secas e inundações, por escassez
ou excesso de chuvas, em períodos de estiagem ou de tormentas atmosféricas. Em
ambos os casos, os processos de desertificação atingem o ser humano, com
freqüência. As conseqüências econômicas ocorrem quando o Produto Interno Bruto
per capita é inferior à metade do valor médio nacional e no semi-árido brasileiro,
onde ocorre com mais intensidade o fenômeno da seca e da desertificação, por
conseqüência, estes valores indicam o grau de comprometimento que atinge os
ambientes degradados.
Análise da correlação entre desertificação e pobreza entre os municípios
estudados neste trabalho, destaca que as populações mais pobres, tem apresentado
uma conseqüente diminuição. Embora o crescimento da pobreza urbana devido às
migrações, para a cidade de maior expressividade gera uma desorganização da
cidade, e provoca desequilíbrio e problemas ambientais urbanos, como pode ser
visualizado na figura 33, que comprova o crescimento do nível de pobreza no
município de Santa Luzia conforme os dados censitários do IBGE.
53,72 53,45
45,55
49,4348,4145
1015202530354045505560
Várzea São José do Sabugi Santa Luzia
Municípios
Per
cent
ual d
e pr
obre
sa
1991 2000
Figura 33. Intensidade da pobreza dos municípios estudados.
A linha de pobreza sempre é acompanhada pela linha de indigência que,
segundo o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), “contabiliza o montante
financeiro necessário para um indivíduo adquirir uma cesta de consumo calórico
112
mínimo. As particularidades de cada localidade deste estudo, portanto, reflete certa
aproximação entre os percentuais, como pode ser avaliado pela figura 34.
39,539,26
38,47
45,27
49,3
42,39
0
10
20
30
40
50
60
Inte
nsid
ade
de
Indi
genc
ia e
m %
1991 2000
Censos Avaliados
Várzea Santa Luzia São José do Sabugi
Figura 34. Intensidade da indigência dos municípios estudados
Analisando o desenvolvimento diferenciado entre sete municípios que
compõem o Estado da Paraíba, para fins de comparação, entre as décadas de 1990
e 2000. Entende-se que os municípios experimentam, a partir da década de 2000,
uma redefinição em sua forma de inserção na economia estadual. Essa redefinição
se detém naquelas relacionadas às políticas sociais (educação, saúde, habitação,
assistência social e trabalho), pois entende que as mesmas foram essenciais para
redefinir as perspectivas de desenvolvimento para os referidos municípios e para a
região como um todo. Na análise dos dados buscou-se estabelecer possíveis
relações entre as opções feitas e os investimentos realizados com resultados obtidos
nos indicadores de renda per capita. Na figura 35, a retração deste fato é claramente
perceptível.
113
0
100
200
300
400
500
1991 2000Décadas comparadas
Valo
r Ren
da P
er C
apita
João Pessoa Campina Grande Cabedelo Patos Santa Luzia Várzea São José do Sabugi
Figura 35. Renda per Capita dos principais resultados do Estado comparando aos
municípios estudados O Brasil é a nação que mais evoluiu em relação ao Índice de
Desenvolvimento Humano nas últimas décadas. Em 26 anos, o país subiu 16
posições e agora ocupa a 65ª posição. O avanço não é maior por causa,
principalmente, do baixo crescimento da expectativa de vida da população. Ganhou
muito em termos de educação e de renda, mas em termos de longevidade (saúde)
não progrediu tanto (ROCHA, 1997). Na tabela 20 e na figura 36, analisando estas
abordagens, percebe-se a compreensão dos mecanismos compensatórios com base
em serviços sociais de educação, habitação, saúde e assistência. Esses serviços
contribuiriam para que as pessoas buscassem a inclusão em novas etapas da
concorrência, superando a situação anterior.
114
Tabela 20. IDH dos municípios deste estudo comparados aos que melhor se posicionam no ranking da Paraíba.
MUNICÍPIOS 1991 2000
São José do Sabugi 0.540 0.656 Santa Luzia 0.586 0.676 Várzea 0.592 0.697 Patos 0.597 0.678 Bayeux 0.600 0.689 Boa Vista 0.604 0.688 Cajazeiras 0.614 0.685 Cabedelo 0.646 0.757 Campina Grande 0.647 0.721 João Pessoa 0.719 0.783
Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil.
0,0000,1000,2000,3000,4000,5000,6000,7000,8000,9001,000
São Jo
sé do
Sabug
i
Santa
Luzia
Várzea
Patos
Bayeu
x
Boa V
ista
Cajaze
iras
Cabed
elo
Campin
a Gran
de
João
Pesso
a
Indi
ce ID
H
1991 2000
Figura 36. Valores referentes ao Índice de desenvolvimento humano (IDH).
Os responsáveis para a melhora dos números são os jovens matriculados na
escola, eqüidade de oportunidades a homens e mulheres e no aumento da
expectativa de vida. Os dados evidenciam que a população dos municípios têm uma
115
expectativa que ultrapassa os 60 anos embora a renda per capita tenha aumentado
muito pouco atingindo, no máximo R$ 117,54.
O índice de Gini mede o grau de desigualdade existente na distribuição de
indivíduos segundo a renda domiciliar per capita. Seu valor varia de 0, quando não
há desigualdade (a renda de todos os indivíduos possuem o mesmo valor), a 1,
quando a desigualdade é máxima (apenas um indivíduo detém toda a renda da
sociedade e a renda de todos os outros indivíduos é nula).
Nos três municípios estudados o índice de Gini, para a distribuição de renda,
representado na figura 37, constata-se que temos um perfil na distribuição da renda.
Interpretando-os observa-se uma exceção nos resultados cruzados nos dados de
2000, os municípios de São José do Sabugi e Várzea se igualaram em seus valores
para este índice, embora destacando que ele caiu em São José do Sabugi de 0,43
para 0,48.
Dos municípios estudados, os mais desiguais foram São José do Sabugi e
Várzea, cujo índice de Gini se igualou em 0,48.
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
São José do Sabugi Várzea Santa Luzia
Municípios
Indi
ce d
e G
ini
1991 2000
Figura 37. Valores referentes ao Índice de Gini dos municípios estudados.
6 COMPORTAMENTO AGROPECUÁRIO EM AMBIENTE DE DESERTIFICAÇÃO
A atentar agropecuária e o uso do solo caracterizam-se como uma atividade
econômica que não possui somente seus aspectos negativos ao ambiente; pelo
116
contrário, estabelece-se um quadro complexo que envolve a intervenção humana na
sua dinâmica e o manejo dos recursos naturais. Questões analisadas avaliando o
avanço e recuo das atividades ligadas à agricultura é o principal ponto de partida
para uma intervenção positiva em favor da atividade.
Ao atentarmos para a paralisação temporária da atividade agropecuária ou
diminuição de seu ritmo, pode-se observar que o estágio atual das áreas estudadas
pode evidenciar as condições de como se comportam as áreas após períodos de
longas estiagens e principalmente perda da principal matriz agrícola da região, no
caso a cotonicultura. Não só o aspecto paisagístico como as condições ambientais
de uma forma geral se inserem no âmbito área de estudo.
Na tabela 21 constata-se o comportamento do uso da terra avaliando a
dinâmica a partir dos censos agropecuários de 1985, 1996 e os dados preliminares
de 2006.
Tabela 21: Comportamento do uso da terra avaliando a dinâmica produtiva
Total Lavoura Pastagens Naturais Mata e Florestas
Municípios Censo Estabeleci
mentos Área (ha)
Estabelecimentos
Área (ha)
Estabelecimentos
Área (ha)
Estabelecimentos
Área (ha)
1985
598
40 108 545 7 978 173 14 932 249 6 891
1995
411 33 332 237 1 328 282 12 655 119 4 551
Santa Luzia
2006 481 34 765 425 1009 399 27 928 50 2 271
1985
451 24 371 447 6 583 173 7 820 172 4 403
1995
399 20 877 353 2 172 244 7 565 100 2 592
São José do Sabugi
2006 388 14 384 456 773
333
7 259
160
5
1985
246 21 339 229 1 458 233 12 850 92 3 301
1995
189 19 567 41 242 172 10 952 118 5 812 Várzea
2006 253 16 552 232 953 118 4 630 129 9 870
Fontes: IBGE - Censos Agropecuários 1985, 1995 e 2006 (dados preliminares).
A sustentabilidade da agricultura deve ser proposta através dos recursos
disponíveis e do comportamento da produção agropecuária bem como a forma e os
padrões dimensionais que as terras se encontram dentro de um contexto de
fragilidade ambiental.
117
O Nordeste, por razões de natureza ambiental, caracteriza-se pela
concentração da produção em um número reduzido de lavouras: algodão, milho e
feijão, sendo o algodão a mais importante fonte de renda, e o milho, o feijão e a
mandioca são as fontes básicas de alimentos para os agricultores (BARREIRO
NETO; CARVALHO, 1988). Salienta-se que a principal cultura o (algodão) não
possui espaço produtivo em atividade. Nas tabelas 22, 23 e 24, pode-se ter um
acompanhamento dos dados provenientes dos Censos agropecuários de 1985, 1996
e os dados preliminares de 2006.
Tabela 22. Levantamento agropecuário referentes aos municípios de Santa Luzia
(PB), São José do Sabugi (PB) e Várzea (PB), referentes ao censo 1985.
Total Geral Agricultura Pecuária Agrop Horticul Avicul Extração
Vegetal Município
TE A (ha) TE A
(ha) TE A (ha) TE A
(ha) TE A (ha) TE A
(ha) T E A (ha)
Santa Luzia 598 40.108 494 30.041 83 6.858 15 3.133 1 0 3 11 2 64
São José do Sabugi 451 24.371 398 20.953 35 1.769 13 1.445 1 22 1 1 3 180
Várzea 246 21.339 139 7.396 90 12.149 17 1.793 - - - - - -
Fonte: IBGE. Censo Agropecuário 1985. (Total Estabelecimento), A (área).
Tabela 23. Levantamento agropecuário referentes aos municípios de Santa Luzia (PB), São José do Sabugi (PB) e Várzea (PB), referentes ao censo 1996.
Total Geral Agricultura Pecuária Agrop Horticul Avicul Extração
Vegetal Município
TE A (ha) TE A
(ha) TE A (ha) TE A
(ha) TE A (ha) TE A
(ha) T E A (ha)
Santa Luzia 513 40.108 420 26.149 73 7.858 11 2.832 0 0 8 19 1 44
São José do Sabugi 421 24.371 236 16.453 29 1.769 13 1.005 2 4 3 6 4 120
Várzea 226 15.349 122 6.322 87 10.149 14 1.893 1 5 2 3 1 20
Fonte: IBGE. Censo Agropecuário 1996. (Total Estabelecimento), A (área).
118
Tabelas 24. Levantamento agropecuário referentes aos municípios de Santa Luzia (PB), São José do Sabugi (PB) e Várzea (PB), referentes ao censo 2006.
Total Geral Agricultura Pecuária Agrop Horticul Avicul Extração
Vegetal Município
TE A (ha) TE A
(ha) TE A (ha) TE A
(ha) TE A (ha) TE A
(ha) T E A (ha)
Santa Luzia 544 41.108 498 27.149 53 6.348 9 2.434 2 3 5 14 1 28
São José do Sabugi 403 21.322 244 14.453 23 1.345 15 1.135 3 6 6 9 6 87
Várzea 212 13.766 122 6.672 79 9.209 17 1.980 2 4 3 5 2 17
Fonte: IBGE. 2006. (Total Estabelecimento), A (área).
Almeida (1998), em estudo sobre o estado do Rio Grande do Norte observou
que “diante da falta de investimento, os trabalhadores rurais buscam a sobrevivência
no extrativismo e, em épocas de estiagem prolongadas, há um intenso processo
exploratório. É necessário garantir a preservação dos recursos e a própria
permanência dos assentados nas áreas. Este fato pode ser agravante quando se
trata da diminuição dos módulos rurais destinados a produção, como pode se
acompanhado nas tabelas 25 e 26, onde pode ser acompanhada o a dimensão dos
módulos rurais ao longo das três últimas décadas.
Tabela 25. Levantamento rural referentes aos municípios de Santa Luzia (PB), São
José do Sabugi (PB) e Várzea (PB), referentes ao censo 1985.
Total Estabelecimento / Total Área
Est Área Est Área Est Área
598 40.105 451 24.366 246 21.337 Municípios
Santa Luzia S.J. do Sabugi Várzea Grupo de Áreas Est Área Est Área Est Área
< 1 9 3 1 0 - - 1 < 5 120 325 75 197 23 57 5<10 83 569 61 415 26 198
10<50 211 5.027 182 4.143 113 2.682 50<200 126 11.886 105 9.616 60 5.960
200<500 33 9.607 21 6.120 18 5.109 500<1000 13 8.552 6 3.875 3 2.193
1000<2000 3 4.136 - - 2 2.550 2000<5000 - - - - 1 2.588
Fonte: INCRA - Sistema Nacional de Cadastro Rural - SNCR (Total Estabelecimento), A (área).
119
Tabela 26. Levantamento rural referentes aos municípios de Santa Luzia(PB), São José do Sabugi (PB) e Várzea (PB), referentes ao censo 1996.
Total Estabelecimento / Total Área
Est Área Est Área Est Área
425 32.680.7 473 19.342.1 218 16.053.6 Municípios
Santa Luzia S.J. do Sabugi Várzea Grupo de Áreas Est Área Est Área Est Área
< 1 - - - - - - 1 < 5 32 99.5 107 323.8 14 37.4 5<10 55 454.2 90 694.7 31 256.6
10<50 174 4.753.5 158 4.004.6 99 2.615.6 50<200 80 6.008.8 49 3.574.4 33 2.387.5
200<500 75 15.878.0 48 9.423.6 36 7.469.3 500<1000 4 2.343.4 2 1.321.0 3 1.796.0
1000<2000 - - - - - - 2000<5000 2 3.143.0 - - 1 1.491.2
Fonte: INCRA - Sistema Nacional de Cadastro Rural - SNCR (Total Estabelecimento), A (área).
Quando se analisa a situação das áreas rurais com as quais trabalhou-se,
entende-se que sejam percebidas as mudanças que ocorreram nas últimas décadas,
a situação econômica e social do mundo rural, e, sobretudo, reconhecer os
territoriais sobre forte pressão antrópica. Ao partir da suposição de que a situação de
subordinação que se encontram dentro da estrutura econômica global é um “fato
natural”, um arranjo “harmônico” a que as famílias chegam para melhor se
organizarem ( e não perceber que, muitas vezes, existem conflitos latentes, e que os
mais velhos e, sobretudo os jovens – estão buscando saídas para superar essa
situação).
Nas últimas décadas a agricultura não foi suficiente para cobrir os custos da
produção e manutenção da maioria das propriedades rurais. A baixa remuneração
fez com que as áreas plantadas nos municípios em tela reduzissem
significativamente.
Durante entrevistas com os moradores rurais, as informações prestadas foram
praticamente no sentido de afirmar que a ação dos órgãos federais, estaduais e
municipais, em um primeiro momento, é de dotar os produtores de condições de
superar as longas estiagens, embora tenha-se levantado que praticamente todos os
entrevistados possuem aposentadorias rurais e alguns estejam cadastrados nos
programas sociais do Governo Federal. Questionou-se aos entrevistados se tais
120
auxílios eram suficientes para diminuir e realizar o controle do desmatamento. As
respostas sempre se apresentaram como uma dependência de caráter vicioso.
Para Sampaio et al (1994), em razão da grande pressão antrópica à qual é
submetida, as áreas de vegetação nativa da caatinga vêm sofrendo, ao longo do
tempo, um sério processo de empobrecimento, em termos de raleamento,
diminuição da altura média, número de espécies e abundância relativa.
Conforme levantamento do PNUD/FAO/IBAMA (1995) citado por Francelino
(2000), o maior consumidor da vegetação do semi-árido, contrariando todas as
expectativas, é o setor residencial (doméstico), superando inclusive o setor
industrial, onde é consumido principalmente na forma de lenha e estacas. O
consumo anual do conjunto de todos os setores no Nordeste é cerca de
5.300.000m3 de lenha, correspondente a um desmatamento de uma área de
100.000ha. Nos dados levantados por entrevistas aos moradores das propriedades
rurais que se avizinham das áreas onde foram implantadas as parcelas observou-se
que quase todos fazem o consumo da lenha como fonte energética para uso
doméstico.
Para compreender numericamente o comportamento do setor agropecuário
das áreas envolvidas neste estudo, pode-se constatar que os indicadores
agropecuários apresentam de modo geral, um grau de homogeneidade nos três
municípios, o grau homogeneidade durante as décadas, não sendo registrados
grandes discrepâncias, embora a produção de leite de caprino no município de
Várzea não apresentou dados para a contagem de 2006. Na tabela 27 fez-se o
cruzamento destas informações para uma melhor tradução do comportamento no
tocante a esta temática.
Tabela 27. Atividade Agropecuária com dados censitários de 1985, 1996, 2006.
Santa Luzia São José do Sabugi Várzea Municípios
1985 1996 2006 1985 1996 2006 1985 1996 2006
Bovino 5 627 5 394 7 364 3 604 3 676 4 073 4 152 4 333 3 638
Suino 210 129 604 187 88 301 474 117 209
Caprino 1.623 1 998 2 993 1 024 970 301 1 273 1434 2 514
Ovino 1 582 972 2 264 1 024 1 078 1 630 2 652 1 887 3 184
Aves 7 330 6 053 14 858 7 209 6 256 7 216 4 618 5 150 7 234
Leite Vaca 878 850 2 181 906 850 1.092 875 808 951
Leite Caprino 5 3 6 1 23 41 85 48 ni
Ovos Galinha 25 16 28 12 17 26 5 12 36
Fonte: IBGE.
121
Pode ser constatado pelas entrevistas que a necessidade crescente de
aumentar a produtividade e a escala de produção para se manterem com algumas
explorações e as dimensões reduzidas da terra, estão relacionadas ao número de
herdeiros. Outro aspecto é que muito possuem parcos recursos disponíveis para
investir na produção. Fatores que têm levado os produtores a reproduzirem ou
adaptarem regras desiguais na retirada da renda da terra, estão relacionadas ao
número de faltas. A esse respeito, Sant'ana et al (2003) observam que: Os
produtores familiares se organizam com diversos tipos de estratégias visando a
ampliação ou manutenção da terra e ao mesmo tempo procuram bloquear ou
eliminar os fatores que identificam como capazes de aumentar os riscos de perda
desses bens. Na figura 38, pode-se avaliar o comportamento da produção dos
principais produtos agrícolas dos municípios estudados ao longo das últimas
décadas
0
50
100
150
200
250
300
350
400
1985 1996 2001 1985 1996 2001 1985 1996 2001
Tone
lada
AlgodãoFeijãoMilhoBatata doce
Santa Luzia S.J.do Sabugi Várzea
Figura 38. Comportamento da produção dos principais produtos agrícolas nos municípios estudados ao longo das últimas décadas segundo os dados dos respectivos censos agropecuários do IBGE.
122
7 CONCLUSÕES
Constatou-se decréscimo na produção agrícola, fato que indica uma relação
com à desertificação de áreas agrícolas na região do Semi-Árido, nos municípios
estudados;
Dentre os fatores responsáveis para recuperação das propriedades, estão o
preparo da área para plantio e a realização dos tratos culturais adequados à
dinâmica geoambiental destas áreas, que desempenham uma nova dinâmica no
contexto urbano e rural;
As três áreas de estudo abordadas, efetivamente não possuem, ações diretas
em favor ao meio ambiente que assumem um papel de novas redefinições para
áreas de sensíveis não só no aspecto ambiental, mas, sobretudo, nas questões
sociais futuras, principalmente para as zonas rurais;
As atividades agrícolas, a produção sem manejo, a atividade criatória
extensiva e a mineração provocam um desequilíbrio ambiental do semi-árido
paraibano que requer adoção de técnicas e práticas que possuam implicações
menos impactantes tanto para o meio ambiente como para o homem ali
estabelecido.
123
REFERÊNCIAS
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