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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO INDICADORES ANTROPOMÉTRICOS APLICADOS NA AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE GESTANTES: Uma Revisão de Literatura ANA CAROLINE RODRIGUES DE OLIVEIRA NATAL-RN 2017

INDICADORES ANTROPOMÉTRICOS APLICADOS NA AVALIAÇÃO …

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Page 1: INDICADORES ANTROPOMÉTRICOS APLICADOS NA AVALIAÇÃO …

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO

INDICADORES ANTROPOMÉTRICOS APLICADOS

NA AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE

GESTANTES:

Uma Revisão de Literatura

ANA CAROLINE RODRIGUES DE OLIVEIRA

NATAL-RN

2017

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ANA CAROLINE RODRIGUES DE OLIVEIRA

INDICADORES ANTROPOMÉTRICOS APLICADOS

NA AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE

GESTANTES:

Uma Revisão de Literatura

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao Curso de Graduação em

Nutrição da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte, como requisito final

para obtenção do grau de Nutricionista.

Orientadora: Prof.ª.Ms. Mayara Santa Rosa Lima

Coorientadora: Prof.ª Dra. Karla Danielly da Silva Ribeiro Rodrigues

NATAL-RN

2017

Page 3: INDICADORES ANTROPOMÉTRICOS APLICADOS NA AVALIAÇÃO …

ANA CAROLINE RODRIGUES DE OLIVEIRA

INDICADORES ANTROPOMÉTRICOS APLICADOS

NA AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE

GESTANTES:

Uma Revisão de Literatura

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Nutrição da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito final para obtenção do grau de

Nutricionista.

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________________________

Orientador – Profa. Ms. Mayara Santa Rosa Lima (DNUT – UFRN)

_____________________________________________________________

2° membro – Profa. Ms. Juliana Fernandes dos Santos Dametto (DNUT – UFRN)

_____________________________________________________________

3° membro – Prof. Ms. Rodrigo Albert Baracho Rüegg (DNUT – UFRN)

Natal, 13 de Novembro de 2017

Page 4: INDICADORES ANTROPOMÉTRICOS APLICADOS NA AVALIAÇÃO …

AGRADECIMENTOS

Agradeço especialmente a Deus por ter me concedido perseverança e determinação para

enfrentar as dificuldades durante a graduação;

Aos meus pais, Aurelita e Reinaldo, por todo amor, cuidado, apoio e por sempre acreditarem

no meu potencial;

Às minhas irmãs, Rayane e Aline, pelo carinho e apoio dado;

Ao meu noivo, Júnior, pela paciência e disposição em ajudar no que fosse preciso;

A todos os professores da graduação, pelo conhecimento repassado e pelas experiências

vivenciadas;

À professora Mayara Lima, pela orientação, dedicação e palavras de incentivo nos momentos

em que me vi apreensiva;

Aos professores Rodrigo Ruegg e Juliana Dametto, pela disposição em comporem a banca

examinadora;

Aos preceptores de estágio, pelo acolhimento e disposição em compartilhar conhecimentos;

Às minhas colegas de classe que dividiram diariamente momentos de alegrias e angústias;

E a todos que de certa forma torceram por mim.

Page 5: INDICADORES ANTROPOMÉTRICOS APLICADOS NA AVALIAÇÃO …

“Leve na sua memória para o resto de sua

vida as coisas boas que surgiram no meio

das dificuldades. Elas serão uma prova de

sua capacidade em vencer as provas e lhe

darão confiança na presença divina, que

nos auxilia em qualquer situação, em

qualquer tempo, diante de qualquer

obstáculo.”

Chico Xavier

Page 6: INDICADORES ANTROPOMÉTRICOS APLICADOS NA AVALIAÇÃO …

OLIVEIRA, Ana Caroline Rodrigues de. Indicadores antropométricos aplicados na

avaliação do estado nutricional de gestantes: uma revisão de literatura. 2017. 45f. Trabalho

de Conclusão de Curso (Graduação em Nutrição) - Curso de Nutrição, Universidade Federal

do Rio Grande do Norte, Natal, 2017.

RESUMO

Durante a gestação, o monitoramento do estado nutricional da mulher é de suma importância.

Dentro deste contexto, a avaliação antropométrica possui papel de destaque, por se rápida,

pouco invasiva e permitir a identificação de desvios ponderais. Este estudo trata-se de uma

revisão de literatura cujo objetivo foi identificar os indicadores antropométricos utilizados na

avaliação do estado nutricional de gestantes no Brasil, assim como avaliar os resultados

obtidos a partir destes. Para isto, foram analisados artigos originais publicados nas principais

bases de dados de Ciências da Saúde entre os anos de 2007 e 2017, pesquisados utilizando os

seguintes descritores em português e inglês: gestante, gestação, avaliação nutricional,

antropometria, ganho de peso, estado nutricional, IMC gestacional, IMC pré-gestacional e

ganho de peso gestacional, isolados ou associados. Foram obtidos 696 resultados, sendo

selecionadas para leitura integral somente as publicações cujo título e/ou resumo mostravam

se tratar de estudos que realizaram avaliação antropométrica de gestantes brasileiras e que se

encaixavam nos critérios de inclusão estabelecidos. A triagem resultou na seleção de 19

publicações, das quais, após a leitura integral, 5 foram excluídas por não se enquadrarem nos

critérios estabelecidos. Assim, fizeram parte desta revisão, 14 publicações, a maior parte

estudos transversais desenvolvidos nas regiões Sudeste e Nordeste. Quanto às medidas usadas

para avaliar o estado antropométrico de gestantes, o peso pré-gestacional, peso gestacional e

altura foram utilizados. Os indicadores aplicados na avaliação antropométrica foram o Índice

de Massa Corporal (IMC) pré-gestacional, o ganho de peso gestacional e o IMC gestacional,

porém nem todos os estudos usaram os três indicadores. As referências utilizadas para

classificar os dois primeiros foram diversas, em sua maioria do Instituto de Medicina

americano; enquanto o IMC gestacional foi classificado conforme a curva de Atalah.

Observou-se que grande parte das mulheres estudadas teve ganho de peso inadequado durante

a gestação, sendo expressivos os percentuais de ganho ponderal excessivo, e que é alta a

prevalência de excesso de peso (sobrepeso e obesidade) pré-gestacional e gestacional. Dessa

maneira, destaca-se a importância da avaliação nutricional pré-gestacional e gestacional, com

orientações nutricionais que favoreçam o estado nutricional adequado, a fim de minimizar os

riscos de intercorrência maternas e do recém-nascido.

Descritores: Gestação. Antropometria. Ganho de peso gestacional. IMC gestacional.

Page 7: INDICADORES ANTROPOMÉTRICOS APLICADOS NA AVALIAÇÃO …

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 7

2. OBJETIVOS .................................................................................................................... 9

2.1 OBJETIVO GERAL ......................................................................................................... 9

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................................ 9

3. REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................... 10

3.1 GESTAÇÃO ................................................................................................................... 10

3.1.1 Aspectos Gerais .............................................................................................................. 10

3.1.2 Alterações hormonais, metabólicas e fisiológicas ....................................................... 10

3.1.3 Alterações anatômicas e estado nutricional materno ................................................. 13

3.2 AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NA GESTAÇÃO ....................................................... 14

3.3 AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA DE GESTANTES ............................................. 16

3.3.1 Importância da avaliação antropométrica de gestantes ............................................ 16

3.3.2 Índice de Massa Corporal (IMC) ................................................................................. 17

3.3.2 Ganho de peso gestacional ............................................................................................ 20

3.4 PERFIL NUTRICIONAL NA GESTAÇÃO .................................................................. 23

4. METODOLOGIA ......................................................................................................... 24

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................. 25

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 37

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 38

APÊNDICE ............................................................................................................................ 44

Page 8: INDICADORES ANTROPOMÉTRICOS APLICADOS NA AVALIAÇÃO …

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1. INTRODUÇÃO

Na gestação, há mudanças consideráveis no organismo da mulher em um

pequeno intervalo de tempo, tanto hormonais quanto fisiológicas e anatômicas (MEIRELES

et al., 2016). O período da gravidez é dividido em três momentos: o primeiro trimestre, que é

caracterizado por pequenas alterações fisiológicas que marcam o início do ganho de peso; o

segundo trimestre, no qual ocorrem mudanças corporais mais evidentes; e o terceiro trimestre,

sendo marcado pelo desenvolvimento mais acelerado do feto e, consequentemente, maior

ganho de peso materno (BRASIL, 2016).

O período gestacional é heterogêneo quanto às suas características. No

primeiro trimestre, a saúde do embrião depende do estado nutricional pré-gestacional da mãe,

tanto em relação às reservas energéticas como de vitaminas, minerais e oligoelementos. Por

isso, é importante o adequado estado nutricional da mulher antes da concepção, o que inclui

um adequado peso pré-gestacional. O segundo e terceiro trimestres, por sua vez, constituem

outra fase para a gestante, na qual o estado nutricional do feto sofre interferência direta das

condições ambientais, sendo fundamentais o adequado estilo de vida e ganho de peso

maternos (JACKSON; ROBINSON, 2001). Assim, o crescimento e o desenvolvimento do

feto e o progresso da gestação são abalados pela qualidade da alimentação e pelo estado

antropométrico da mãe, tanto antes quanto ao longo da gravidez (FAZIO et al., 2011).

As intensas modificações que ocorrem na gestação ocasionam o aumento do

requerimento energético e de micronutrientes da mulher, o que pode torná-la mais vulnerável

a inadequações nutricionais, caso a quantidade e qualidade da alimentação não acompanhe as

necessidades nutricionais (DEMÉTRIO, 2010). Surge daí a importância da avaliação do

estado nutricional da gestante, que possibilita identificar carências nutricionais e desvios

ponderais desde o início do período gestacional. Isso propicia uma atuação correta seguida de

melhoria ou preservação do estado nutricional materno, assim como das condições para o

parto e nascimento. Essa anamnese nutricional da gestante inclui certas avaliações, sendo uma

delas a antropométrica (ROSSI, 2015).

Por meio da avaliação antropométrica da gestante é possível detectar o atual

estado nutricional, algum risco ponderal, além de programar e acompanhar o ganho de peso

até o término da gestação. Entretanto, apesar de a avaliação antropométrica ser de grande

importância e vastamente divulgada, ela ainda não é frequentemente cumprida no período

gestacional, mesmo sendo simples de ser aplicada e de baixo gasto (ROSSI, 2015). Além

disso, muitos países, como o Brasil, ainda não possuem parâmetros próprios, elaborados com

Page 9: INDICADORES ANTROPOMÉTRICOS APLICADOS NA AVALIAÇÃO …

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base em estudos com gestantes brasileiras. Portanto, é importante conhecer os principais

indicadores antropométricos utilizados em estudos que objetivam avaliar o estado nutricional

de gestantes no Brasil, visto que o diagnóstico nutricional antropométrico é essencial para

nortear condutas adequadas e para evitar consequências negativas para a saúde materno-

infantil.

Page 10: INDICADORES ANTROPOMÉTRICOS APLICADOS NA AVALIAÇÃO …

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2. OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Identificar os indicadores antropométricos utilizados na avaliação do estado

nutricional de gestantes no Brasil.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Realizar uma revisão de literatura dos últimos 10 anos sobre os principais indicadores

antropométricos utilizados para avaliação do estado nutricional de gestantes em estudos

brasileiros;

Analisar o perfil nutricional antropométrico de gestantes brasileiras.

Page 11: INDICADORES ANTROPOMÉTRICOS APLICADOS NA AVALIAÇÃO …

10

3. REVISÃO DE LITERATURA

3.1 GESTAÇÃO

3.1.1 Aspectos Gerais

A gravidez é caracterizada pelo crescimento de um ou mais embriões no

interior do útero materno (WATANABE, 2014). Segundo o Ministério da Saúde, a gravidez é

um estágio de enormes transformações para a mulher, para o seu(sua) companheiro(a) e

também para todos os seus familiares. Esse momento único é marcado por fortes vivências e

também por sentimentos divergentes, momentos de indecisão e apreensão maternos

(BRASIL, 2014).

Uma gestação a termo dura cerca de 40 semanas. Segundo o Ministério da

Saúde, o primeiro trimestre de gestação é compreendido entre a concepção e a 13a

semana; o

segundo trimestre, da 14a

a 26a

semana; e o terceiro trimestre, a partir da 27a

semana. Esses

períodos são heterogêneos quanto às características morfofuncionais e metabólicas (BRASIL,

2016).

A gestação gera inúmeras transformações no organismo da mulher, causando

alterações físicas e emocionais. Tais mudanças são justificadas, principalmente, por alterações

hormonais, que têm o propósito de promover ajustes corporais que preparam a mulher para

essa fase especial da vida (CONSTANTINE, 2014).

3.1.2 Alterações hormonais, metabólicas e fisiológicas

Os hormônios produzidos na gestação são responsáveis pelas modificações no

organismo da gestante que vão permitir o desenvolvimento e o amadurecimento fetais, o parto

e a lactação. Eles compreendem esteroides e proteínas e sua produção é induzida pela saúde

geral e também pelo estado nutricional da mulher (LEVENO et al., 2005).

Os principais hormônios envolvidos nos ajustes do organismo materno durante

gestação são: gonadotrofina coriônica humana (hCG), progesterona, estrogênio, lactogênio

placentário humano (hPL), hormônio do crescimento (hCT), tireoxina, insulina, glucagon,

cortisona, aldosterona, renina-angiotensina e calcitonina (MONTENEGRO, 2008;

ACCIOLY, 2009).

Page 12: INDICADORES ANTROPOMÉTRICOS APLICADOS NA AVALIAÇÃO …

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Pela ação hormonal, o organismo da mulher sofre uma série de mudanças

metabólicas. Uma delas é o aumento da Taxa Metabólica Basal (TMB) materna, que fica em

torno de 15% a 20% maior, comparada à de uma mulher não-grávida. Esse aumento é

fundamental para possibilitar o adequado ganho de peso gestacional e desenvolvimento fetal;

desenvolvimento da placenta e dos tecidos maternos; atendimento às demandas metabólicas

aumentadas; conceder energia adicional para preservar o peso materno, a composição

corporal e atividade física durante a gestação e também para possibilitar a constituição da

reserva energética para o período da amamentação (FAO, 2004).

Ocorrem inúmeros ajustes no metabolismo de carboidratos, lipídios e

proteínas, para garantir que o feto adquira todo o suprimento energético e estrutural essencial

para o seu crescimento. Uma média de 50% a 70% das calorias necessárias diariamente ao

feto no último trimestre são provindos da glicose, cerca de 20% provenientes dos

aminoácidos, e o restante oriundo dos lipídios (ACIOLLY, 2009).

O feto requer glicose e aminoácidos para seu crescimento, até mesmo em

situações de jejum materno. Dessa forma, em casos de jejum demorado, o feto permanece a

extrair glicose e aminoácidos da circulação da mãe, com taxas iguais às existentes nos

períodos de alimentação materna, o que significa um real parasitismo. A glicose é

imediatamente transmitida para o feto por meio da difusão facilitada. Com esse consumo

ininterrupto, os níveis de glicemia materna sofrem uma diminuição fisiológica, visto que no

período de jejum esse nível já se torna inferior. Desse modo, para satisfazer às necessidades

de glicose e aminoácidos do feto, sucedem-se ajustes metabólicos no organismo materno,

como menor utilização periférica de glicose relacionada com ineficiência de insulina, por

causa da redução na sensibilidade tecidual da mãe a esse hormônio (MONTENEGRO;

REZENDE FILHO, 2008).

Com o objetivo de preservar a glicose para o consumo fetal e também para o

próprio sistema nervoso materno, há ajustes no metabolismo lipídico da gestante. Assim,

ocorre uma maior concentração da gordura corporal para a produção energética materna, o

que gera elevação dos níveis plasmáticos de triglicerídios, colesterol, ácidos graxos,

lipoproteínas, apoliproteínas, lipídios totais e fosfolipídios. Quanto ao metabolismo proteico,

tanto os aminoácidos quanto a energia são imprescindíveis para a síntese tecidual do feto e

para as estruturas maternas. A síntese proteica é estimulada pela insulina e exerce papel

facilitador do transporte dos aminoácidos para dentro das células. Durante o período

gestacional os níveis séricos de aminoácidos são menores e as proteínas plasmáticas,

Page 13: INDICADORES ANTROPOMÉTRICOS APLICADOS NA AVALIAÇÃO …

12

principalmente a albumina são reduzidas, o que colabora com o surgimento de edema,

principalmente nas extremidades inferiores (MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2008).

Os parâmetros laboratoriais plasmáticos e urinários da gestante também

mostram-se modificados em relação aos de mulheres não grávidas, especialmente no segundo

e no terceiro trimestres. As causas fisiológicas que mais desempenham força perante todas

essas alterações são os níveis elevados de estrogênio e progesterona, além do acréscimo de

50% no volume plasmático e de 20% no conteúdo de hemoglobina (WORTHINGTON-

ROBERTS; WILLIANS, 1997).

O acréscimo de 50% no volume plasmático atinge o topo em torno de 30 a 34

semanas de gestação. No entanto, a elevação dos componentes plasmáticos não é equivalente

à expansão do volume total, o que oportuniza a hemodiluição. Essa diluição fisiológica

provoca queda de 20% na concentração da hemoglobina plasmática e de 15% no hematócrito.

Mesmo assim, o volume corpuscular médio (VCM) e a hemoglobina corpuscular média

(HCM) permanecem estáveis em pacientes não anêmicas (IOM, 2009).

Desde o início da gestação, em função das mudanças no volume plasmático e

das alterações hormonais, o débito cardíaco aumenta de 30% a 50% e permanece aumentado

até o fim do período gestacional. À medida que a gestação avança, ocorre aumento do fluxo

sanguíneo no útero, rins e na pele. Outra adaptação fisiológica é em relação à pressão arterial,

visto que a mesma pode diminuir na primeira metade da gestação, como resultado do aumento

da vasodilatação periférica (IOM, 2009).

Também ocorrem mudanças funcionais nos sistemas urinário, digestório e

respiratório. No primeiro, ocorre retardo do fluxo da urina, pela obstrução mecânica dos

ureteres devido à dilatação das veias ovarianas, o que aumenta a disposição a infecções

urinárias. Quanto ao sistema digestório, ocorrem náuseas, enjoos e vômitos matinais, que

podem ter relação com o aumento dos níveis de estrogênio. Também há aumento do apetite;

diminuição do pH salivar; redução na secreção gástrica; hipotonia do sistema gastrointestinal,

o que retarda o esvaziamento gástrico e o trânsito intestinal; e ptialismo (produção excessiva

de saliva). No sistema respiratório, ocorrem modificações anatômicas que aperfeiçoam o

intercâmbio gasoso nos pulmões, ocorrendo superior movimentação do diafragma e do toráx,

elevando o volume corrente. A expiração ocorre de maneira mais integral e, assim, maior

quantia de ar é expelida (MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2008).

Outra modificação que ocorre no período gestacional é a postural. Com a

gestação, há disposição à lordose resultante da alteração do centro de gravidade da gestante,

uma vez que, com a expansão do volume uterino e para preservar o equilíbrio, a tendência da

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13

gestante é se de estirar o ventre para frente, manifestando a lordose da coluna lombar

(MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2008).

3.1.3 Alterações anatômicas e estado nutricional materno

O primeiro trimestre de gestação é descrito pelas amplas alterações biológicas

da acentuada divisão celular que marca o período. Nessa época, o estado nutricional pré-

gestacional da mãe exerce influência direta na saúde do embrião, tanto no que se refere às

reservas de energia que ela possui, como aos estoques de micronutrientes. Neste trimestre

ocorre hiperplasia celular fetal com velocidade lenta e o peso médio final do feto é de cerca de

300 gramas (VITOLO, 2015). A gestante pode perceber um aumento de suas mamas nesse

período (BRASIL, 2014).

A partir do segundo trimestre, o ambiente externo exerce maior interferência na

situação nutricional do feto. Assim, a disciplina relativa aos hábitos de vida maternos e à

ingestão de energia e nutrientes são decisórios para o crescimento e desenvolvimento regular

do feto (VITOLO, 2015). Neste trimestre há hiperplasia e hipertrofia das células fetais com

velocidade acelerada. Como resultado, há uma mudança corporal repentina na mulher, com

crescimento da barriga, assim como as transformações no quadril e nos seios (BRASIL,

2016). Estes últimos tornam-se dolorosos e intumescidos e aumentam de volume devido à

hiperplasia glandular, com proliferação dos canais lactíferos e também das ramificações dos

ductos mamários. Observa-se também o surgimento de veias delicadas que se encontram logo

abaixo da pele, hiperpigmentação da aréola primária e surgimento da aréola secundária (sinal

de Hunter) (CHAVES NETO, 2004).

No terceiro trimestre, o apropriado ganho de peso, a ingestão energética e de

nutrientes, o aspecto emocional e o estilo de vida são essenciais para o desenvolvimento

adequado do feto. Nesse período há hipertrofia das células com velocidade máxima, e o peso

esperado do feto ao final é de em média de 3000 gramas (VITOLO, 2015). Também é

marcado por um maior desconforto materno, devido ao tamanho do bebê e do menor espaço

que ele tem para se movimentar na barriga. Nessa época pode ocorrer a excreção do leite

colostro (BRASIL, 2014).

Quanto ao ganho de peso materno, este ocorre devido à ação da insulina nos

tecidos e também ao aumento da lipogênese para o acúmulo de gordura, que tem por objetivo

o crescimento normal do feto (VITOLO, 2015). Os elementos compreendidos no ganho de

peso total durante na gestação estão representados na Figura 1.

Page 15: INDICADORES ANTROPOMÉTRICOS APLICADOS NA AVALIAÇÃO …

14

27% (3 - 3,5 kg)

23% (2 - 3kg)12%

(1 -1,5kg)

23% (2 - 3kg)

15% (1 - 2 kg)

Ganho de peso total na gestação

Peso do feto

Membranas fetais elíquidos amnióticos

Aumento das mamas

Edema e aumento dovolume plasmático

Gordura de depósitomaterno

Figura 1. Ganho de peso total na gestação. (FONTE: Elaborado pelo autor,

com base em VITOLO, 2015)

Frente a todas as mudanças características do período gestacional, avaliar o

estado nutricional da gestante é imprescindível, pois é um instrumento de monitoramento para

as principais alterações na gestação e pode ser utilizado para direcionar condutas que

garantam desfechos adequados, como a preservação da saúde materno-infantil.

O estado nutricional da gestante, antes e no decorrer da gestação, é um

importante determinante do desfecho da mesma, tanto em relação à saúde da mãe como do

bebê. A alimentação da gestante tem que fornecer o aporte necessário de nutrientes e energia

para proporcionar nutrição e ganho de peso adequados para a mãe e para o feto

(GIACOMELLO et al., 2008).

3.2 AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NA GESTAÇÃO

Para que carências nutricionais sejam identificadas no estágio inicial, é

fundamental que seja realizada a avaliação nutricional materna. Essa avaliação compreende

aspectos dietéticos, clínicos, bioquímicos e antropométricos. Assim sendo, o diagnóstico

nutricional da gestante abarca uma análise simultânea de todos esses pontos, e da devida

interpretação dos resultados pelo profissional responsável (VITOLO, 2015).

Page 16: INDICADORES ANTROPOMÉTRICOS APLICADOS NA AVALIAÇÃO …

15

Em relação à avaliação dietética, esta serve para identificar falhas alimentares

que precisam ser reparadas por meio de condutas nutricionais direcionadas e empregadas o

mais precoce possível. Os métodos mais aplicados e que proporcionam análise quantitativa e

qualitativa do consumo de alimentos e nutrientes por parte da gestante são o Recordatório 24

horas, a história dietética, o Registro Alimentar e o Questionário de Frequência Alimentar. É

de extrema relevância que a avaliação dietética seja feita de modo cauteloso e de forma que se

investigue o número de refeições, o tamanho das porções, se há consumo exacerbado de

doces, refrigerantes e alimentos gordurosos, consumo reduzido de energia e alimentos fontes

de nutrientes fundamentais na gestação, como cálcio, ácido fólico e ferro. Também é essencial

avaliar a ingestão de bebidas alcoólicas, alergias e mudanças do apetite, preferência ou

repulsa de alimentos, e até mesmo crenças ou tabus alimentares (ROSSI, 2015).

No exame físico, é importante que se investigue os sinais e sintomas de

carências nutricionais peculiares, como carência de vitamina C, iodo, vitaminas do complexo

B, vitamina A e ferro, para que se possa ter o controle prévio e embasamento para uma

conduta nutricional específica e individualizada, objetivando reparar prováveis deficiências.

(ROSSI, 2015).

Já a avaliação bioquímica e dos exames de rotina orienta quanto ao estado

nutricional e de saúde geral da gestante. Os parâmetros laboratoriais normais para gestantes

divergem dos de mulheres adultas, devido aos ajustes fisiológicos da gestação. Assim, existe a

determinação de alguns pontos de corte para normalidade específicos para gestantes

(ACCIOLY, 2009).

Na assistência pré-natal, o Ministério da Saúde recomenda que na primeira

consulta devem ser solicitados os seguintes exames: hemograma, tipagem sanguínea e fator

Rh, coombs indireto (se for Rh negativo), glicemia de jejum, teste rápido de triagem para

sífilis e/ou VDR/RPR, teste rápido diagnóstico anti-HIV, anti-HIV, toxoplasmose IgM e IgG,

Sorologia para hepatite B, exame de urina e urocultura, citopatologia de colo de útero (se

necessário), exame da secreção vaginal (se houver indicação clínica), parasitológico de fezes

(se houver indicação clínica), eletroforese de hemoglobina (se a gestante for negra, tiver

antecedentes familiares de anemia falciforme ou apresentar historia de anemia crônica)

(BRASIL, 2012). A gestante de risco ou aquela com fatores de risco para complicações

clínicas é rotineiramente monitorada quanto aos seus parâmetros bioquímicos (ROSSI, 2015).

A avaliação antropométrica, por sua vez, é considerada o método mais

acessível, rápido e não invasivo indicado para se realizar a avaliação do estado nutricional no

decorrer da gestação (VITOLO, 2015). As ferramentas empregadas nesse tipo de avaliação

Page 17: INDICADORES ANTROPOMÉTRICOS APLICADOS NA AVALIAÇÃO …

16

são baseadas na adequação do peso/altura pré-gestacional e gestacional e ganho ponderal

gestacional (ROSSI, 2015).

3.3 AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA DE GESTANTES

3.3.1 Importância da avaliação antropométrica de gestantes

O período gestacional caracteriza-se como um momento de vulnerabilidade no

que se refere a desvios ponderais, seja por carências ou por excessos, especialmente por

condições socioeconômicas inadequadas (MELO et al., 2011).

É importante que se faça o diagnóstico do estado nutricional antropométrico

materno, pois o estado nutricional gestacional influencia no estado nutricional fetal e também

no da própria mulher após o parto. Por exemplo, o ganho de peso materno excessivo durante

a gestação está associado a um alto risco de neonatos grandes para a idade gestacional.

Quanto à saúde da mãe, o excedente de ganho de peso está correlacionado a irregularidades

como diabetes gestacional, parto cesário, eclampsia, infecções e acúmulo de peso no pós-

parto (SILVA; MACEDO, 2014).

Em contrapartida, em mulheres desnutridas ou com ganho de peso insuficiente

durante a gestação, a expansão do volume plasmático é menor, o que acarreta em diminuição

no fluxo placentário e, consequentemente, em menor transporte de nutrientes e oxigênio para

o feto. Essa situação recai no menor peso e menor tamanho da placenta, assim como no

inferior conteúdo de ácido desoxirribonucleico. O baixo peso ao nascer é uma das mais

relevantes consequências da desnutrição e indica retardo do crescimento intrauterino

(WORTHINGTON-ROBERTS; WILLIAMS, 1997). Além do baixo peso ao nascer, o ganho

de peso insuficiente acarreta parto prematuro e aumento das taxas de morbimortalidade

perinatal (IOM, 1990).

Para a avaliação antropométrica, as medidas mais usadas em estudos

populacionais de investigação antropométrica são a medida de peso, estatura, circunferência

braquial e dobra tricipital (VITOLO, 2015). A partir dessas informações, há a definição do

estado nutricional da gestante, que tem como padrão prioritário a classificação do Índice de

Massa Corporal (IMC) por semana gestacional (BRASIL, 2011). Já para realizar a

programação do ganho de peso, é recomendada a utilização do IMC pré-gestacional

(NOMURA et al., 2012).

Page 18: INDICADORES ANTROPOMÉTRICOS APLICADOS NA AVALIAÇÃO …

17

3.3.2 Índice de Massa Corporal (IMC)

Para realizar a avaliação do estado nutricional da gestante, é primeiro

necessário o diagnóstico pré-gestacional, por meio do estabelecimento do IMC pré-

gestacional, o qual pode ser classificado por diferentes referências, dependendo do avaliador.

Para o diagnóstico do estado nutricional de adultos, o Ministério da Saúde utiliza a

classificação do IMC recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS, 1995)

(Quadro 1).

Para esta obtenção desse indicador, são utilizadas as medidas do peso pré-

gestacional (peso anterior à gravidez, em quilos) e estatura da gestante (em metros). O peso

pré-gestacional é obtido através do relato da gestante, e em casos onde esta informação não é

possível, então se considera o peso pré-gestacional como sendo o peso medido antes da 14a

semana gestacional. Já a estatura deve ser aferida utilizando um instrumento de precisão

(ACCIOLY, 2009). O IMC gestacional, por sua vez, é obtido por meio do peso gestacional

atual (em quilos) e estatura (em metros), ambos aferidos no momento da consulta (BRASIL,

2012).

A fórmula do IMC é mostrada abaixo:

Índice de Massa Corporal (IMC) = Peso (kg)

Altura (m

2)

Quadro 1 – Classificação do estado nutricional segundo o índice de massa corporal.

IMC (Kg/m2) Classificação

< 16 Baixo peso grave

16 a 16,99 Baixo peso moderado

17 a 18,49 Baixo peso leve

18,5 a 24,99 Normal – eutrófico

25 a 29,99 Pré-obeso/sobrepeso

30 a 34,99 Obesidade grau I

35 a 39,99 Obesidade grau II

≥ 40 Obesidade grau III

FONTE: Organização Mundial de Saúde (OMS, 1995)

Page 19: INDICADORES ANTROPOMÉTRICOS APLICADOS NA AVALIAÇÃO …

18

Para definição do estado nutricional gestacional, além do IMC gestacional é

necessário calcular a idade gestacional, a qual é estimada pelo número de dias do intervalo da

data da última menstruação (DUM, que equivale ao primeiro dia de sangramento do último

ciclo menstrual) e a data da consulta, dividindo o total por sete. Dessa maneira, se obtém as

semanas de gestação. Posteriormente a essas informações, é possível classificar o estado

nutricional da gestante, utilizando o IMC atual e a idade gestacional (BRASIL, 2012).

No Brasil, nos últimos 25 anos, três distintas orientações para análise

nutricional na gestação foram aplicadas nos serviços de pré-natal por orientação do Ministério

da Saúde. São eles: o nomograma de Rosso, a curva de Atalah e o gestograma proposto pelo

Centro Latinoamericano de Perinatologia (CLPA) (MELO et al., 2011).

O nomograma de Rosso foi formalmente adotado e utilizado nos serviços de

saúde pelo Ministério da Saúde para avaliação do estado nutricional materno gestacional até o

ano de 2000. O método de Rosso foi desenvolvido no Chile e baseia-se em uma curva de

adequação do peso em relação à altura (BARROS, 2008). Assim para a operacionalização do

nomograma, é necessário ter a medida do peso, altura e idade gestacional. Então, se calcula a

porcentagem do peso em relação ao peso ideal para a altura. Com uma régua, marca-se o

número equivalente à altura (na primeira coluna do nomograma), passando pelo número

equivalente ao peso encontrado (segunda coluna do nomograma), até atingir o percentual de

peso correspondente (terceira coluna). Em seguida, marca-se no gráfico o ponto equivalente

ao percentual identificado a idade gestacional. A localização deste ponto indica o estado

nutricional da gestante (Figura 2) (BRASIL, 1998).

Page 20: INDICADORES ANTROPOMÉTRICOS APLICADOS NA AVALIAÇÃO …

19

Figura 2 – Nomograma de Rosso. (FONTE: BRASIL, 1998)

Atualmente, no entanto, o Ministério da Saúde recomenda a utilização da curva

de IMC proposta por Atalah et al. (1997), que estabelece o estado nutricional ao longo da

gestação avaliando o Índice de Massa Corporal (IMC) de acordo com a semana gestacional,

apontando se a inclinação do traçado é ascendente, horizontal ou descendente. Essa curva foi

desenvolvida no Chile e buscou aperfeiçoar a proposta de Rosso.

O gráfico de Atalah é constituído por um eixo horizontal com os valores de

semana gestacional e por um eixo vertical com os valores IMC (peso (kg)/altura2(m)). O

gráfico também apresenta o desenho de três inclinações, que demarcam as quatro categorias

do estado nutricional: Baixo Peso (BP), Adequado (A), Sobrepeso (S) e Obesidade (O)

(Figura 3) (BRASIL, 2011).

Page 21: INDICADORES ANTROPOMÉTRICOS APLICADOS NA AVALIAÇÃO …

20

Figura 3 – Gráfico de Índice de Massa Corporal (IMC) segundo semana de gestação.

(FONTE: BRASIL, 2011)

3.3.2 Ganho de peso gestacional

É importante que as mulheres, antes de engravidar, regulem o ganho de peso,

para evitar a obesidade após a gravidez, pois nessa fase há maiores chances desta classificação

nutricional se agravar. Até os dias atuais, diferentes recomendações de ganho peso foram

propostas para o período gestacional pelo Instituto de Medicina americano (IOM): (IOM,

1990; IOM, 1992; IOM, 2009).

Atualmente, o Ministério da Saúde do Brasil recomenda as faixas propostas

pelo IOM (2009), que estabeleceu faixas de ganho de peso conforme o IMC pré-gestacional

Page 22: INDICADORES ANTROPOMÉTRICOS APLICADOS NA AVALIAÇÃO …

21

(Quadro 2). De acordo com a condição nutricional inicial que a gestante apresenta (baixo

peso, peso adequado, sobrepeso ou obesidade), há uma faixa de ganho de peso indicada. O

ganho de peso para o primeiro trimestre é conjunto para todo o período, enquanto para o

segundo e terceiro trimestres é calculado por semana (BRASIL, 2011).

Essas informações devem ser repassadas para a gestante na primeira consulta

do pré-natal. Para a previsão deste ganho de peso durante todo período gestacional, é

fundamental realizar o cálculo do quanto de peso a gestante já ganhou e quanto ainda falta

ganhar (BRASIL, 2011).

Quadro 2 – Ganho de peso recomendado de acordo com o IMC materno pré-gestacional.

Estado

Nutricional pré-

gestacional

IMC pré-

gestacional

(kg/m2)

Ganho de peso

recomendado

durante a gestação

(kg)

Ganho de peso

recomendado por

semana no 2° e 3°

trimestres (kg)

Baixo peso <18,5 12,5-18 0,5

Peso adequado 18,5-24,9 11,5-16 0,4

Sobrepeso 25,0-29,9 7-11,5 0,3

Obesidade ≥30,0 5-9 0,2

FONTE: Institute of Medicine (IOM, 2009)

No ano de 2016, o International Fetal and Newborn Growth Consortium for

the 21st Century (21º INTERGROWTH) também publicou tabelas e curvas para classificação

do ganho de peso gestacional para mulheres com IMC normal. Tais curvas foram resultantes

de um estudo realizado entre os anos de 2009 e 2014 com mulheres saudáveis e bem nutridas

de oito regiões urbanas do Brasil, China, Itália, Índia, Quênia, Omã, Reino Unido e Estados

Unidos, gerando padrões sobre a recomendação de ganho de peso gestacional que podem ser

utilizados para gestantes em todo o mundo (CHEIKH ISMAIL et al., 2016).

As curvas de percentil (Figura 4) e escore z (Figura 5) relacionam o ganho de

peso (em kg) ao tempo de gestação (em semanas). A primeira tende a ser mais sensível, ou

seja, mais abrangente, enquanto as medidas de escore-z são específicas, ou seja, revelam

resultados com mais precisão (ROSSI, 2015).

Page 23: INDICADORES ANTROPOMÉTRICOS APLICADOS NA AVALIAÇÃO …

22

Figura 4 - Padrões internacionais de ganho de peso gestacional para mulheres com IMC

normal (percentis). FONTE: CHEIKH ISMAIL et al. (2016)

Figura 5 - Padrões internacionais de ganho de peso gestacional para mulheres com IMC

normal (escores z). FONTE: CHEIKH ISMAIL et al. (2016).

Page 24: INDICADORES ANTROPOMÉTRICOS APLICADOS NA AVALIAÇÃO …

23

Os limites de ganho de peso têm por intuito permitir que a mulher tenha uma

gestação saudável, assim como um adequado resultado obstétrico e neonatal. Porém, mesmo

com essas faixas de recomendação de ganho de peso, é muito comum que as mulheres não

fiquem dentro da faixa de ganho de indicada (COSTA, 2012).

3.4 PERFIL NUTRICIONAL NA GESTAÇÃO

Em diversos países, desenvolvidos e subdesenvolvidos, como Inglaterra,

Estados Unidos e Brasil, verifica-se proporções altas de mulheres em idade fértil com excesso

de peso (BLAKE, 2003; BRASIL, 2008). Isso faz com que muitas mulheres iniciem a

gravidez acima do peso atualmente. Alguns estudos apontaram que no Brasil, o ganho de peso

excessivo durante a gestação também é comum, sendo o excesso de peso no período

gestacional um problema nutricional (STULBACH et al., 2007).

Foi observado em um estudo com 240 gestantes atendidas em um serviço

público de pré-natal da cidade de Recife (PE) que 26% das gestantes apresentavam estado

nutricional de sobrepeso/obesidade e que esse achado se associou com ganho de peso semanal

inadequado (ANDRETO et al.,2006). Em outro estudo, realizado em seis capitais do Brasil,

com um total de 5.564 gestantes, foi detectada uma prevalência de 19,2% de sobrepeso e

5,5% de obesidade, avaliados por meio do Índice de Massa Corporal para a idade gestacional

(FONSECA et al., 2014).

Já em outro estudo, realizado em Campina Grande (PB), foi observado que

23% das mulheres apresentavam estado nutricional gestacional de baixo peso, avaliado pelo

índice de Massa Corporal para idade gestacional (MELO et al, 2007).

Também foi verificado em outro estudo que 12,2% das mulheres apresentavam

estado nutricional pré-gestacional de baixo peso e que do total de mulheres avaliadas no

estudo, 34,6% tiveram ganho de peso insuficiente (FAZIO et al., 2011). Este achado é

semelhante ao estudo de Sato (2012), o qual constatou que 36,4% das mulheres obtiveram

ganho de peso gestacional insuficiente.

Por isso, é importante reunir informações sobre estudos brasileiros que

realizaram a avaliação antropométrica de gestantes, para examinar a presença de desvios

nutricionais e os indicadores antropométricos mais utilizados nos últimos anos para avaliar

mulheres grávidas.

Page 25: INDICADORES ANTROPOMÉTRICOS APLICADOS NA AVALIAÇÃO …

24

4. METODOLOGIA

O trabalho foi de cunho exploratório, sendo realizada uma revisão de literatura

de trabalhos desenvolvidos no Brasil com avaliação nutricional antropométrica de gestantes,

publicados nos últimos 10 anos (2007 a 2017). Foram consultados artigos científicos sobre o

tema em bases bibliográficas disponíveis nos websites: BIREME (www.bireme.com.br), e na

base de dados nela inserida (LILACS), PUBMED (www.pubmedcentral.nih.gov), Periódicos

CAPES (www.periodicos.capes.gov.br) e SCIELO (www.scielo.com.br).

Os descritores utilizados durante a pesquisas foram: gestante, gestação,

avaliação nutricional, antropometria, ganho de peso, estado nutricional, IMC gestacional,

IMC pré-gestacional, ganho de peso gestacional, isolados ou associados, e seus equivalentes

em inglês. Foram considerados apenas estudos originais, desenvolvidos no Brasil e que

objetivaram avaliar o estado nutricional de gestantes por meio de indicadores

antropométricos.

Foi realizada uma leitura prévia do título e, se necessário, resumo, e os estudos

que tratavam da temática de análise foram selecionados para leitura integral. Não foram

incluídos estudos feitos com animais; estudos que tinham como objetivo avaliar o estado

nutricional de mulheres com patologias ou de comparar métodos de avaliação antropométrica;

revisões de literatura, teses e dissertações; artigos sem texto completo disponível.

Os trabalhos selecionados foram organizados por local, tipo de estudo, número

de mulheres, faixa etária, medidas antropométricas, indicadores antropométricos, referências

utilizadas para classificação e principais resultados encontrados sobre o perfil antropométrico

da população estudada.

Page 26: INDICADORES ANTROPOMÉTRICOS APLICADOS NA AVALIAÇÃO …

25

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A pesquisa bibliográfica nas bases de dados, utilizando os descritores

selecionados, gerou 696 resultados de estudos publicados entre os anos de 2007 e 2017. Após

esta triagem conforme os critérios de inclusão e a exclusão das duplicatas, restaram 19

publicações, que foram selecionadas para leitura integral. Destas, foram excluídas 5

publicações, 3 devido ao período de estudo (década de 90) e 2 por não especificarem a

referência utilizada para avaliação do estado nutricional das gestantes. Desse modo, foram

analisadas 14 publicações nesta revisão (Tabela 1 e Apêndice 1). A Figura 6 apresenta o

fluxograma das buscas.

Figura 6. Seleção das publicações para inclusão na revisão de literatura.

696 Resultados

2a

Análise: leitura dos títulos e resumos

19 publicações

3a

Análise: leitura integral dos textos

14 publicações

Page 27: INDICADORES ANTROPOMÉTRICOS APLICADOS NA AVALIAÇÃO …

26

Tabela 1. Estudos encontrados sobre avaliação antropométrica com gestantes brasileiras, no período de 2007 a 2017.

N° Autor Local Tipo de estudo Amostra (n) Faixa etária Medida Indicador Referência Principais resultados

1

ASSUNÇÃO et al.,

2007

São Paulo, SP

e Campina

Grande, PB

Longitudinal

Prospectivo 118

≥18 anos

Peso gestacional

(aferido no

início do 2°

trimestre);

Peso gestacional

(aferido na 36a

semana de

gestação)

Altura (aferida)

IMC

gestacional;

Ganho de peso

Atalah, 1997

IOM, 1990

Estado nutricional

gestacional (no início do 2°

trimestre):

Baixo peso: 23%

Eutrofia: 49%

Excesso de peso: 28%

Ganho de peso:

O ganho ponderal excessivo

foi observado em todas as

categorias do estado

nutricional, concentrando as

maiores prevalências entre as

gestantes com peso normal,

seguidas das gestantes com

sobrepeso/obesidade.

2

FAZIO et al., 2011

Não

informado

Transversal

Retrospectivo 187

≥18 anos

Peso pré-

gestacional

(relato materno/

cartão da

gestante);

Peso gestacional

(aferido);

Altura (aferida)

IMC pré-

gestacional;

Ganho de

peso

IOM, 1990

IOM, 1990

Estado nutricional pré-

gestacional:

Baixo peso: 12,2%

Eutrofia: 45,0%

Excesso de peso: 23,0%

Ganho de peso:

Insuficiente: 34,6%

Adequado: 28,9%

Excessivo: 36,7%

Page 28: INDICADORES ANTROPOMÉTRICOS APLICADOS NA AVALIAÇÃO …

27

3 FONSECA et al.,

2014 Jundiaí,SP Transversal 712

Média etária

de 25,18 ±

6,39

Peso pré-

gestacional

(relato materno/

cartão da

gestante);

Peso

gestacional

(aferido);

Altura (aferida)

IMC pré-

gestacional;

Ganho de

peso

OMS, 1998

IOM, 1990

Estado nutricional pré-

gestacional:

Baixo peso: 6,9%

Eutrofia: 58,4%

Excesso de peso: 34,7%

Ganho de peso:

Insuficiente: 26,5%

Adequado: 36,5%

Excessivo: 36,9%

4 FRAGA; THEME

FILHA, 2014

Rio de

Janeiro, RJ Transversal 1079

13 a 44 anos

Peso pré-

gestacional

(relato materno/

cartão da

gestante);

Peso gestacional

(relato materno/

cartão da

gestante);

Altura

(relato materno/

cartão da

gestante)

IMC pré-

gestacional;

Ganho de peso

SAUNDERS,

2009

IOM, 2009

Estado nutricional pré-

gestacional:

Baixo peso: 11,9%

Eutrofia: 54,1%

Excesso de peso: 34%

Ganho de peso:

Insuficiente: 23,1%

Adequado: 27,5%

Excesso de peso: 48,9%

As mulheres com baixo

peso/eutrofia/sobrepeso pré-

gestacional ganharam mais

peso, em comparação às com

obesidade.

5 MAGALHÃES et

al., 2015

Vitória da

Conquista, BA Transversal 328

Média etária

de 24,0 ± 6,2

Peso pré-

gestacional (não

informado como

foi obtido);

Altura

(aferida);

IMC pré –

gestacional;

Ganho de peso

IOM, 2009

IOM, 2009

Estado nutricional pré-

gestacional:

Baixo peso: 8,95%

Eutrofia: 63,89%

Excesso de peso: 27,16%

Ganho de peso:

Das gestantes com baixo

Page 29: INDICADORES ANTROPOMÉTRICOS APLICADOS NA AVALIAÇÃO …

28

peso/eutrofia pré-gestacional,

38,81% apresentaram ganho

de peso excessivo.

Das com sobreso/obesidade

pré-gestacional,

51,9% apresentaram ganho de

peso excessivo.

6

MARANO et al.,

2012

Queimados e

Petrópolis, RJ

Coorte

Longitudinal 1287

Predominância

de 70% de

mulheres na

faixa etária de

20 e 34 anos

Peso pré-

gestacional

(relato materno/

cartão da

gestante);

Altura (aferida);

Peso gestacional

(relato materno/

cartão da

gestante)

IMC pré-

gestacional;

Ganho de peso

IOM, 2009

IOM, 2009

Estado nutricional pré-

gestacional:

Baixo peso: 11,0%

Eutrofia: 63,0%

Excesso de peso: 27%

Ganho de peso:

Menos de um terço das

mulheres tiverem ganho de

peso adequado.

7 MELO et al., 2007. Campina

Grande, PB Longitudinal 115

≥ 18 anos

Peso pré-

gestacional

(relato

materno);

Peso gestacional

(aferido);

Altura (aferida)

IMC

gestacional;

Ganho de peso

Atalah, 1997;

IOM, 1900

Estado nutricional

gestacional:

Baixo peso: 23%

Eutrofia: 50%

Excesso de peso: 27%

Ganho de peso:

2° trimestre:

Insuficiente: 12%

Adequado : 44%

Excessivo: 44%

3° trimestre:

Insuficiente: 22%

Adequado: 32%

Excessivo: 45%

Page 30: INDICADORES ANTROPOMÉTRICOS APLICADOS NA AVALIAÇÃO …

29

8 NAST et al., 2013

Porto Alegre,

RS

Longitudinal 715

Média etária

de 25,4 ± 6,6

Peso pré-

gestacional

(relato materno/

cartão da

gestante);

Peso gestacional

(cartão da

gestante);

Altura (aferida)

IMC pré-

gestacional

(n=633);

IMC

gestacional

(n=545);

Ganho de peso

OMS, 1998

Atalah, 1997

IOM, 2009

Estado nutricional pré-

gestacional:

Baixo peso: 5,3%

Eutrofia: 58%

Excesso de peso: 36,7%

Estado nutricional

gestacional:

Baixo peso: 10,3%

Eutrofia: 38,4%

Excesso de peso: 51,3%

Ganho de peso:

As mulheres com

eutrofia/sobrepeso pré-

gestacional apresentaram

média de ganho de peso

superior, comparadas aquelas

com obesidade.

9 PADILHA et al.,

2007

Rio de

Janeiro, RJ Transversal 433

n

>

>

>

> 20 anos

Peso pré-

gestacional

(relato materno/

cartão da

gestante);

Peso gestacional

(cartão da

gestante);

Altura

(relato materno /

cartão da

gestante)

IMC pré-

gestacional

Ganho de peso

OMS, 1995

IOM, 1992

Estado nutricional pré-

gestacional:

Baixo peso: 6,2%

Eutrofia: 68,2%

Excesso de peso: 25,4

Ganho de peso:

As mulheres com baixo

peso/eutrofia pré-gestacional

ganharam mais peso, em

comparação às com

sobrepeso/obesidade.

10

ROSA; MOLZ;

PEREIRA et al.,

2014

Taquari, RS

Transversal

60

15 a 41 anos

Peso pré-

gestacional

(cartão da

gestante);

IMC pré-

gestacional;

IOM, 1992;

Atalah, 1997

Estado nutricional pré-

gestacional:

Baixo peso: 11,67%

Eutrofia: 55,0%

Excesso de peso: 33,33%

Page 31: INDICADORES ANTROPOMÉTRICOS APLICADOS NA AVALIAÇÃO …

30

Peso gestacional

(aferido);

Altura

(aferida);

IMC

gestacional;

Estado nutricional

gestacional:

Baixo peso: 8,33%

Eutrofia: 50,0%

Excesso de peso: 41,66%

11 SANTOS et al.,

2014

Porto Alegre,

RS

Transversal

retrospectivo 24

≥ 18 anos

Peso pré-

gestacional

(cartão da

gestante);

Peso gestacional

(última consulta

de pré-natal –

cartão da

gestante)

Altura (cartão

da gestante)

IMC pré-

gestacional;

IMC

gestacional;

Ganho de peso

IOM, 2009

Atalah, 1997

IOM, 2009

Estado nutricional pré-

gestacional:

Baixo peso: 8,3%

Eutrofia: 45,8%

Excesso de peso: 45,3%.

Estado nutricional

gestacional:

Baixo peso: 12,5%

Eutrofia: 20,8%

Excesso de peso: 66,7%

Ganho de peso:

Insuficiente: 12,5%

Adequado: 25%

Excessivo: 62,5%

12 SATO; FUJIMORI

et al., 2012 São Paulo, SP

Transversal

Retrospectivo 228

> 20 anos

Peso gestacional

(até a 13a

semana –

prontuário);

Peso gestacional

(após a 37a

semana-

prontuário);

Altura

(prontuário)

IMC

gestacional

(inicial);

IMC

gestacional

(final);

Ganho de peso

Atalah, 1997;

Atalah, 1997;

IOM, 1992

Estado nutricional

gestacional (até a 13a

semana):

Baixo peso: 12,7%

Eutrofia: 56,6%

Excesso de peso: 30,7%

Estado nutricional

gestacional (após a 37a

semana):

Baixo peso: 12,7%

Eutrofia: 46,5%

Excesso de peso: 40,8%

Page 32: INDICADORES ANTROPOMÉTRICOS APLICADOS NA AVALIAÇÃO …

31

Ganho de peso:

Insuficiente: 36,4%

Adequado: 40,3%

Excesso de peso: 23,2%

13

SILVA; MACEDO,

2014

Aracaju, SE Transversal

Prospectivo 158

20 a 40 anos

Peso pré-

gestacional

(relato materno/

cartão da

gestante);

Peso

gestacional

(cartão da

gestante);

Altura (cartão

da gestante);

IMC pré-

gestacional;

IMC

gestacional;

Ganho de peso

OMS, 1998;

Atalah, 1997;

IOM, 2009

Estado nutricional pré-

gestacional:

Baixo peso: 4,4%

Eutrofia: 65,2%

Excesso de peso: 30,4%

Estado nutricional

gestacional:

Baixo peso: 20%

Eutrofia: 36,8%

Excesso de peso: 43,2%.

Ganho de peso:

Mulheres que iniciaram a

gestação com excesso de peso

apresentaram ganho de peso

excessivo.

Mulheres com baixo peso

pré-gestacional não tiveram

ganho de peso excessivo.

14 TEIXEIRA;

CABRAL, 2016

Belo

Horizonte e

Paula

Cândido, MG

Transversal 240

18 a 40 anos

Peso pré-

gestacional

(relato materno/

cartão da

gestante);

Peso gestacional

(aferido);

Altura (aferida)

Ganho de peso IOM, 1990

O ganho de peso no primeiro

trimestre foi excessivo,

enquanto no segundo e

terceiro trimestres, foi

adequado.

Page 33: INDICADORES ANTROPOMÉTRICOS APLICADOS NA AVALIAÇÃO …

32

Seis estudos ocorreram na região Sudeste, nos Estados de São Paulo, Rio de

Janeiro e Minas Gerais. Outros três estudos foram realizados na região Sul (Rio Grande do

Sul) e três no Nordeste, envolvendo os estados da Bahia, Paraíba e Sergipe. Um estudo foi

feito nas regiões Sudeste e Nordeste, simultaneamente e um deles não informou a localidade

de desenvolvimento da pesquisa. Desse modo, identificaram-se estudos produzidos em três

regiões do território brasileiro. As coletas foram realizadas em atendimentos de pré-natal em

Unidades Básicas de Saúde (UBS), Unidades do Programa Saúde da Família (USF),

Maternidades e Hospitais Universitários.

Do total de estudos, a maioria foi do tipo transversal (n = 10), e os demais do

tipo longitudinal (n = 4). O tamanho amostral dos estudos variou de 24 a 1287 mulheres. Do

total, dois estudos tiveram uma amostra inferior a 100 mulheres, oito estudos avaliaram entre

100 e 500 mulheres, dois estudos entre 500 e 1000 mulheres e dois estudos acima de 1000.

Assim, percebe-se que o número amostral é muito discrepante entre eles e que alguns, como o

de Santos (2014), avaliaram um número pequeno de mulheres, que pode não refletir tão bem a

realidade da população estudada.

Em relação à faixa etária das mulheres, alguns estudos foram realizados com

adultas e adolescentes. Destaca-se que adolescentes gestantes possuem características

específicas da idade, portanto é indispensável que sejam avaliadas com olhar diferenciado e

por meio de parâmetros específicos para esta faixa etária.

A coleta das informações foi feita por meio de relato materno, aferição de

medidas, consulta ao cartão da gestante e ao prontuário. Ressalta-se que algumas coletas

foram feitas no pós parto imediato e outras em visitas domiciliares, pois durante a realização

dos estudos algumas mulheres já eram puérperas, porém as informações utilizadas para a

pesquisa foram referentes ao período gestacional, por meio da consulta das informações

contidas no cartão da gestante e dos prontuários.

A partir da revisão realizada, observou-se que para a avaliação antropométrica

de gestantes brasileiras nos últimos 10 anos, as medidas utilizadas foram o peso pré-

gestacional, peso gestacional e altura. Os indicadores antropométricos mais empregados

foram o IMC pré-gestacional, o IMC gestacional por idade gestacional e o ganho de peso

gestacional.

Em relação aos dados antropométricos, o peso pré-gestacional foi obtido

através de relato materno ou por meio de consulta ao cartão da gestante, quando a mulher não

sabia referir esse dado com convicção. Nove estudos aferiram a altura das mulheres, enquanto

quatro estudos obtiveram esse dado por meio de relato materno ou por busca no cartão da

Page 34: INDICADORES ANTROPOMÉTRICOS APLICADOS NA AVALIAÇÃO …

33

gestante. Quanto ao peso gestacional, seis estudos aferiram esta medida e outros sete estudos

obtiveram por relato materno ou no cartão da gestante/prontuário.

Do total de estudos, dez avaliaram o estado nutricional pré-gestacional, sendo a

maioria pelo IOM, porém de diferentes datas (um pela recomendação de 1990, um pela de

1992, um pela de 1998 e três pela recomendação de 2009). Outros três avaliaram pela

Organização Mundial de Saúde (um pela de 1995 e dois pela de 1998) e um segundo

Saunders (2009). Assim, a falta de padronização nos pontos de corte do IMC para a

classificação do estado nutricional pré-gestacional para gestantes pode gerar diferenças nos

resultados entre os estudos.

Ressalta-se, ainda, que nem todos os estudos tiveram as medidas aferidas por

avaliadores treinados, o que pode representar um Erro Técnico de Medição (ETM). O ETM é

um índice de precisão e representa a dimensão de controle da qualidade da medida, sendo a

forma mais comum de expressar a margem de erro em antropometria (PERINI et al.,2005).

Como sabido, os erros durante a avaliação de medidas antropométricas podem ter como causa

o profissional de saúde, os equipamentos e instrumentos utilizados, o local de medição e até

mesmo o próprio indivíduo avaliado. A falta de sensibilização quanto ao cuidado durante as

medições é um dos principais fatores relacionados ao erro por parte do antropometrista. A

falta de treinamento da técnica de mensuração também é um grande problema, assim como a

pouca sistematização dos procedimentos empregados, a inadequação no manejo dos

equipamentos, no local da coleta e dos erros de leitura nos equipamentos como pressa na

leitura; erro de paralaxe, e registro equivocado dos dados nos formulários (FERREIRA;

SICHIERI, 2007).

Quanto ao ganho de peso, as recomendações preconizadas pelo Instituto de

Medicina são as mais aceitas e têm sido utilizadas como padrão de referência em muitos

estudos. As primeiras recomendações de ganho de peso deste Instituto foram publicadas no

ano de 1990, sendo reformuladas e atualizadas no ano de 2009 (IOM, 2009). Nesta revisão,

percebeu-se que treze estudos avaliaram esse indicador, sendo utilizadas referências do IOM,

mas de distintas datas de publicação: seis deles pelas recomendações de 2009 e as demais as

segundo as recomendações de 1990 e 1992.

Portanto, alguns estudos, apesar de terem sido publicados mais recentemente,

ainda utilizaram referências mais antigas para classificação do ganho de peso, como é o caso

do estudo de Teixeira; Cabral (2016) e Fonseca et al., (2014), que aplicaram como referência

as faixas de ganho de peso propostas pelo IOM em 1990. Dependendo da referência utilizada,

Page 35: INDICADORES ANTROPOMÉTRICOS APLICADOS NA AVALIAÇÃO …

34

pode haver conclusões divergentes sobre o ganho ponderal de gestantes, dificultando a análise

do perfil de ganho de peso gestacional na população.

Além disso, o Instituto de Medicina recomenda faixas de ganho de peso com

numa população de referência de mulheres americanas saudáveis, que podem não representar

mulheres de países em desenvolvimento, como é o caso das mulheres brasileiras, tornando

importante o desenvolvimento de padrões próprios para o Brasil.

Outro ponto levado em consideração é o fato desta recomendação de ganho de

peso ser dependente do peso pré-gestacional, o qual foi obtido nos estudos por meio de relato

da mulher, que muitas vezes pode ser considerado um dado menos confiável, principalmente

em casos de mulheres de baixo nível de escolaridade e instrução, vieses de memória, ausência

no cartão do gestante ou do prontuário (IOM, 1990).

Em virtude disso, a OMS sugere que quando o peso pré-gestacional não é

informado pela gestante, o peso aferido ainda no primeiro trimestre da gestação pode ser

adotado (WHO, 1995). Porém, do total de estudos, observou-se que apenas Teixeira e Cabral

(2016), Fonseca et al. (2014) e Fazio et al. (2011) aferiram o peso pré-gestacional na ausência

desta informação. No entanto, entre esses estudos houve diferença na classificação da última

semana do primeiro trimestre de gestação. Em dois a aferição do peso pré-gestacional foi feita

até a 12a e 13

a, enquanto que no terceiro estudo essa informação não foi relatada.

Quanto ao estado nutricional (EN) gestacional, apenas sete publicações o

avaliaram por meio do IMC por idade gestacional, todas de acordo com Atalah et al. (1997).

Neste caso, também é válido destacar que, apesar de ser adotada pelo Ministério da Saúde do

Brasil para classificação do EN de gestantes brasileiras, a curva de Atalah foi construída com

base em um estudo com mais de 3000 gestantes atendidas na rede pública de saúde do Chile,

sendo igualmente importante a construção de instrumentos baseados e validados para a

população brasileira.

O estado nutricional e o adequado ganho de peso materno são fatores

importantes para o bom resultado da gravidez, bem como para a manutenção da saúde no

decorrer dos anos, tanto para a mãe quanto para o concepto (NOMURA et al., 2012).

Em relação ao perfil nutricional das gestantes brasileiras, observou-se que em

todos os estudos que avaliaram o estado nutricional pré-gestacional, a maior parte das

mulheres iniciaram a gestação eutróficas, mas que existe um percentual muito elevado de

excesso de peso (sobrepeso e obesidade), o que constitui um dado alarmante, devido às

complicações que esse último pode causar para mãe e para a criança.

Page 36: INDICADORES ANTROPOMÉTRICOS APLICADOS NA AVALIAÇÃO …

35

Um estudo de coorte que acompanhou mais de 3.000 mulheres, atendidas em

serviços de pré-natal geral no Sistema Único de Saúde (SUS), constatou que 29% das

mulheres tinham estado pré-nutricional de sobrepeso e obesidade, condição esta que foi

associada a maiores chances de ganho de peso excessivo (NUCCI et al., 2001). Um outro

estudo longitudinal, desenvolvido com gestantes atendidas no Programa de Saúde da Família

de Campina Grande (PB), observou que 28% delas apresentaram sobrepeso e obesidade pré-

gestacional, condição esta associada a hipertensão arterial gestacional e estado nutricional

pós-parto (ASSUNÇÃO et al., 2007).

Quanto ao estado nutricional gestacional, percebeu-se que do total de estudos

que o avaliaram, os maiores resultados foram de IMC adequado e IMC de sobrepeso e

obesidade, o que também merece atenção, tendo em vista que a obesidade materna associa-se

a maiores riscos para diabetes gestacional, macrossomia fetal, distúrbios hipertensivos, pré-

eclâmpsia, morte fetal, parto prematuro e mortalidade peri-natal (GALTIER-DEREURE et

al., 2000; DREHMER et al., 2010).

Esses achados evidenciam ainda mais a importância da atenção nutricional não

apenas no período do pré-natal, mas também no cuidado à saúde da mulher de maneira geral,

seja na época anterior ou posterior a gravidez, ou seja, em todo período de vida fértil. O

objetivo disso é intencionar o estado nutricional adequado, para que no momento que venha a

engravidar, a mulher esteja com o peso apropriado para a altura e que no pós-parto seja

possível receber acompanhamento para prevenção da retenção de peso (CASTRO et al.,

2009).

Também foi observado que grande parte das mulheres tiveram ganho de peso

gestacional inadequado, sendo a maioria excessivo. Um estudo realizado nos Estados Unidos

da América com 120.531 gestantes participantes, de cinco diferentes estados, também revelou

que 42% apresentaram ganho de peso acima do recomendado (SCHIEVE et al., 1998). Outro

estudo, realizado no Brasil e desenvolvido em seis capitais, observou que 29% das gestantes

possuíam ganho de peso excessivo, sendo que 50% iniciaram a gestação com sobrepeso e

38% com obesidade (NUCCI et al., 2001).

Apesar disso, percebeu-se nesta revisão que o ganho de peso foi menor nas

mulheres que iniciaram a gestação com estado nutricional de excesso de peso do que nas com

baixo peso e eutrofia. Este resultado pode indicar que, possivelmente, houve certas

intervenções no controle do ganho de peso, visto que estas mulheres já apresentavam excesso

de peso pré-gestacional.

Page 37: INDICADORES ANTROPOMÉTRICOS APLICADOS NA AVALIAÇÃO …

36

Algumas modificações comportamentais que interferem na saúde materna

como uso de álcool, consumo de alimentos e fast food, uso de drogas ilícitas, são

considerados fatores que contribuem para o excesso de peso gestacional, com impacto direto

para a mãe e para o recém-nascido (BARROS et al, 2008). O ganho de peso acima do

recomendado pode acarretar ao feto maior risco de hemorragias, macrossomia, desproporção

céfalo-pélvica e asfixia, enquanto à mãe pode provocar diabetes mellitus gestacional,

hipertensão arterial, pré-eclâmpsia, eclampsia, elevada retenção de peso no pós-parto e até

mesmo maior retenção de peso após o parto, aumentando o risco de obesidade (BARROS,

2008).

Apesar dos resultados significativos para ganho de peso excessivo nesta

revisão, também observou-se mulheres com ganho de peso insuficiente, mesmo que em

menor proporção. Este também é um dado preocupante, pois o inapropriado ganho de peso

durante o período gestacional é fator de risco para o binômio mãe-filho, podendo causar

restrição de crescimento intrauterino, parto prematuro, baixo peso ao nascer e aumento das

taxas de morbimortalidade perinatal (ROCHA et al., 2005).

Assim, ambos os resultados, de ganho de peso insuficiente e excessivo,

fortalecem a magnitude da importância do monitoramento nutricional gestacional e das

orientações sobre práticas alimentares saudáveis.

Por meio desta revisão, foi fortalecida ainda mais a necessidade de uma maior

atenção aos desvios nutricionais do período pré-gestacional e ao ganho de peso gestacional

inadequado, sendo preciso que os profissionais da saúde, em particular o nutricionista,

monitorem grupos mais vulneráveis do ponto de vista nutricional, como é o caso de gestantes.

Esse monitoramento inclui aplicar estratégias como promoção de práticas alimentares

saudáveis por meio de realização de atividades de educação nutricional e conscientização do

ganho de peso gestacional adequado.

Page 38: INDICADORES ANTROPOMÉTRICOS APLICADOS NA AVALIAÇÃO …

37

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir da revisão realizada foi possível concluir que os indicadores

antropométricos mais aplicados na avaliação do estado nutricional de gestantes brasileiras nos

últimos 10 anos foram o Índice de Massa Corporal (IMC) pré-gestacional, o IMC gestacional

por idade gestacional e o ganho de peso gestacional, e que o perfil nutricional pré-gestacional

e gestacional das brasileiras é predominantemente de eutrofia, mas que é alto o número de

mulheres com estado nutricional de sobrepeso e obesidade pré-gestacional e gestacional,

assim como o ganho de peso excessivo.

Com os resultados obtidos, se fortalece a necessidade de haver maiores

intervenções de saúde em relação ao estado nutricional pré-gestacional e de uma assistência

de pré-natal adequada para o acompanhamento do estado nutricional na saúde da gestante e

assim poder minimizar os riscos de intercorrências, evitando desfechos maternos e perinatais

indesejáveis. Além disso, nota-se a necessidade de haver uma padronização das referências

utilizadas nos estudos para estabelecimento do estado nutricional antropométrico de mulheres

gestantes, assim como de serem conduzidos estudos para estabelecimento de referências

próprias para gestantes brasileiras.

Page 39: INDICADORES ANTROPOMÉTRICOS APLICADOS NA AVALIAÇÃO …

38

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APÊNDICE 1

Tabela 2. Dados das publicações encontradas a partir da pesquisa bibliográfica.

N° Autor Título Fonte

01 ASSUNÇÃO et al., 2007 Ganho ponderal e desfechos gestacionais em mulheres atendidas pelo

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02 FAZIO et al, 2011 Consumo dietético de gestantes e ganho ponderal materno após

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03 FONSECA et al., 2014 Ganho de peso gestacional e peso ao nascer do concepto: estudo

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05 MAGALHÃES et al., 2015 Prevalência e fatores associados ao ganho de peso gestacional

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06 MARANO et al., 2012 Adequação do ganho ponderal de gestantes em dois municípios do

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07 MELO et al., 2007. Estado nutricional materno, ganho de peso gestacional e peso

ao nascer

Rev. Bras Epidemiol. v. 10, n. 2,

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Page 46: INDICADORES ANTROPOMÉTRICOS APLICADOS NA AVALIAÇÃO …

45

08 NAST et al., 2013 Ganho de peso excessivo na gestação é fator de risco para o excesso de

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