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Cartografias da Edição Independente Caderno de Resumos 23, 24 e 25 de setembro Campus 1 e 2 (Belo Horizonte)

Independente da Edição Cartografias€¦ · e, de certa forma, sobre a literatura que se é produzida e publicada em Moçambique (RIBEIRO; MENESES, 2008) e em Portugal. Alex Dau,

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Cartografias da EdiçãoIndependente

Caderno de Resumos

23, 24 e 25 de setembroCampus 1 e 2 (Belo Horizonte)

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Cartografias da Edição Independente

Dia 23 - 16h30 Sala 329

Trajetórias de Editores e CasasEditoriais Mediação: Mário Gonçalves

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Dia 23 - 16h30 - Sala 329

EDIÇÕES INDEPENDENTES, MOVIMENTOS CULTURAIS E TECNOLOGIAS ALTERNATIVAS: DEGUTENBERG À AURORA DA EDITORAÇÃO ELETRÔNICA Mário Vinicius Ribeiro Gonçalves 

Neste trabalho apresentamos um panorama histórico de modalidades da prática editorial atreladas à qualificadores –como a edição artesanal, alternativa, independente e a autopublicação – que, se apresentam nuances de significado porvezes sutis, não deixam se interseccionarem frequentemente. Em um primeiro momento, dirigiremos o olhar ao contextomais amplo em que surgem esses circuitos editoriais paralelos, possibilitados em sua plenitude pela própria introdução edisseminação da tipografia no Ocidente, a partir do século 15. Ao avançarmos essa narrativa ao longo dos séculos seguintes,o foco começará a recair sobre os traços de recorrência encontrados nesses sistemas editoriais alternativos às estruturasvigentes, direcionando progressivamente nossa atenção para o Brasil no geral e, por fim, para o caso específico de MinasGerais. Nosso recorte temporal é encerrado em meados dos anos 1980, década em que surge a editoração eletrônica,importante mudança de paradigma tecnológico que multiplicará ainda mais exponencialmente as fontes historiográficas deque se serve o pesquisador. Buscando compreender o(s) fenômeno(s) da edição alternativa em movimentos dialéticos decontração/dilatação em relação às técnicas e ao espaço e tempo em que se situam essas edições, bem como guiados pelo oobjetivo de atualizar o olhar dirigido a nossas práticas e relações sociais, defendemos, ao longo deste trabalho, apluralidade epistemológica em detrimento do dogmatismo dicotômico que, em vários momentos no decorrer dos séculos,permeou o debate em questão. Palavras-chave: Edições Independentes; Tecnologias de Impressão; Movimentos Culturais.

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Dia 23 - 16h30 - Sala 329

MASSAO OHNO: EDITOR INDEPENDENTE? Leonardo David de Morais

A trajetória do editor Massao Ohno (1936-2010) esteve voltada predominantemente para a publicação de literatura,especialmente a poesia, gênero esse que, por conta das tiragens reduzidas em relação a outros gêneros, acabou sendofomentado, em parte significativa, por pequenas editoras, as assim chamadas independentes. Além de selecionarpessoalmente os textos que editou, Massao também foi designer da maioria absoluta dos livros por intermédio delepublicados, ademais de ter buscado e empreendido parcerias com outros editores no intuito de ampliar a disseminação desua produção. Nesse sentido, esta investigação propõe pensar se ou como a editora capitaneada por Ohno se configuraria àluz de alguns conceitos relativos à edição e à independência, já consagrados no cenário contemporâneo. O objetivo é o deatualizar, ainda que de maneira incipiente, a travessia editorial de Massao Ohno no campo literário brasileiro. Palavras-chave: Edição; Independência; Massao Ohno.

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Dia 23 - 16h30 - Sala 329

EDITORA E LIVRARIA ITATIAIA: EDIÇÃO, LITERATURA E SOCIABILIDADE EM BELO HORIZONTE (1950-1970) Wemerson Felipe Gomes

A Editora e Livraria Itatiaia foi uma das casas editoriais brasileiras mais importantes da segunda metade do século XX.Desde que fundada em 1954, pelos irmãos Pedro Paulo e Edson Moreira, a editora assumiu um lugar de prestígio eprotagonismo no âmbito do cenário editorial e livreiro de Minas Gerais. Tanto é assim que Laurence Hallewell, no clássicoO livro no Brasil, já destacava a Itatiaia como a mais conhecida editora de Belo Horizonte, lembrando, nesse sentido, váriosdos títulos e coleções publicados pelos irmãos Moreira. No entanto, se a trajetória editorial da Itatiaia já é relativamenteconhecida, o seu impacto na cena intelectual e literária de Minas Gerais - embora sempre lembrado - talvez não tenha sidosuficientemente explorado. Como também aponta Hallewell, embora existisse em Belo Horizonte um forte potencial demercado, só muito tardiamente (na década de 50) uma editora de relevo se consolidou (tendo, entre outras coisas, quelidar ainda com a dificuldade de acesso às vias nacionais de distribuição). A Itatiaia, talvez a primeira dessas editoras derelevo, reunia, nos seus encontros, lançamentos e coquetéis, boa parte da intelectualidade belorizontina e mineira. Assim,seria possível insistir em um olhar mais atento em relação às redes de sociabilidade que se constituíam tendo como pontode encontro livrarias, como a Itatiaia. A partir de notícias, notas e reportagens de alguns jornais mineiros, como O Alterosa,a Folha Mineira e O Repórter, o objetivo da comunicação é apresentar a proposta e os resultados iniciais de uma pesquisaque busca articular a história da Editora e Livraria Itatiaia com um processo de mapeamento de alguns dos eventosrecebidos ou promovidos por ela, destacando os desdobramentos e impactos desses eventos cena intelectual e literária deMinas Gerais.  Palavras-chave: Editora-Livraria Itatiaia; Sociabilidade; Belo Horizonte.

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NAS ENTRELINHAS DOS LIVROS, AS TRAJETÓRIAS DOS EDITORES E DE SUAS EDITORAS: A LOTE 42 ESEU ARQUIVO

Gabriela Costa Limão 

Em O Beijo de Lamourette (2010), Darnton lamenta o fato de os editores tratarem seus arquivos como lixo. Esse não é ocaso da Lote 42 que, desde o início, tem materiais referentes a sua trajetória arquivados pela editora Cecília Arbolave. ALote 42 lançou-se com o livro Já Matei Por Menos, de Juliana Cunha, no final de 2013, em São Paulo. Com a abertura daBanca Tatuí, na Santa Cecília, em 2014, marca presença no mercado editorial independente. Embora na primeira matériaarquivada as linhas escritas localizem como personagens apenas João Varella e Thiago Blumenthal, o próprio ato doarquivo revela a presença de Arbolave desde o início da editora. Ao longo da pesquisa que realizei no ano de 2018,interessada pela formação da Lote 42, essa presença foi percebida não só no arquivo, mas também nas entrevistasconcedidas pelos editores, que também narram a participação de Arbolave nos primeiros projetos editoriais. Nessetrabalho irei apresentar alguns materiais do arquivo da Lote 42, muitos deles organizados e catalogados por CecíliaArbolave e por mim, durante minha Iniciação Científica. Nesse sentido, pretendo explorar a construção de uma narrativa arespeito da trajetória da Lote 42, a gênese do arquivo e sua organização. Proponho uma reflexão partindo do pressupostode que a trajetória da editora e a de seus editores se entrelaçam. Focarei nos primeiros três anos da editora (2013, 2014 e2015), em que eventos como a fundação e os primeiros lançamentos estão localizados. Palavras-chave: Trajetórias; Editoras e Editores; Arquivos.

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A TRAJETÓRIA DA EDITORA LARANJA ORIGINAL: UMA INCENTIVADORA CULTURAL

Joana Gonçalves Coelho Silva

O presente trabalho almeja evidenciar alguns aspectos da trajetória da editora paulista Laranja Original, a partir dos dadoscoletados em uma entrevista no dia dois de agosto de 2019 com o produtor executivo da editora, Gabriel Mayor.Formalizada em 2016 , a casa editorial se autointitula independente por nortear seu trabalho, primordialmente, porquestões ideológicas e não mercadológicas, buscando conjugar projetos gráficos cuidadosos com textos considerados dealta qualidade literária, o que a fez alcançar importantes espaços, como indicações ao Prêmio Jabuti e o Prêmio LiterárioGlória Sant’Anna, em Portugal. Assim, pensando nessa proposta de esmero literário, busca-se examinar o catálogo,salientando suas características e facetas. Também objetiva-se apresentar o processo de produção da editora e mostrar seupapel, destacando como ela se propõe a ser uma incentivadora cultural, ao dar voz a novos artistas e disseminar saberesplurais, publicando gêneros marginais como a poesia, haja vista que esta não é uma líder de vendas no contexto brasileiro.Além disso, baseando nas reflexões de Gilles Colleu (2007), que coloca a importância do editor independente como oagente fundamental para fazer com que o livro chegue até o leitor, procura-se evidenciar os métodos de distribuição evenda dos livros da Laranja Original,  ressaltando seu engajamento em promover a circulação das obras, e também asestratégias utilizadas por ela para manter-se no mercado. Palavras-chave: Editora Independente; Laranja Original; Incentivo Cultural.

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(DES) SEMELHANÇAS DA EDIÇÃO INDEPENDENTE EM MOÇAMBIQUE E EM PORTUGAL: O CASO DOEDITOR ALEX DAU E VASCO SANTOS

Letícia Santana Gomes 

Neste artigo, iremos discutir a edição de livros em Moçambique e em Portugal, a partir de entrevistas realizadas com oeditor e autor moçambicano Alex Dau (Oleba Editores) e com o editor português Vasco Santos (Fenda Edições e VS Editor).Apesar de pouco discutida a questão do mercado editorial e do papel social do editor na realidade moçambicana,conseguimos abarcar alguns entraves e desafios de publicações em um país que ainda busca identidade literária. Alémdisso, refletiremos o papel que Portugal ainda apresenta no país africano. Alguns aspectos do mercado independentepodem ser compartilhados pelos editores, mas os contrastes podem ser significativos, como a dificuldade de distribuiçãodos livros, da falta de mediação de leitura e de uma política de incentivo aos livros e à leitura. Como arcabouço teórico,discutiremos as estratégias do campo editorial de Moçambique e de Portugal a partir de Bourdieu (2014), a postura e osdesafios de ser um editor moçambicano independente em um país africano, amparados pela discussão de Munir Jr. (2016)e, de certa forma, sobre a literatura que se é produzida e publicada em Moçambique (RIBEIRO; MENESES, 2008) e emPortugal. Alex Dau, autor e editor da Oleba Editores, descreve as suas estratégias editoriais – como autor e editor – em umpaís que está para ser independente e busca a sua autonomia. Vasco Santos, da Fenda Edições e VS Editora, apresenta oque é ser independente em um contexto europeu, mostrando as dicotomias desse campo editorial.  Palavras-chave: Edição em Moçambique; Edição em Portugal; Editores Independentes.

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Cartografias da Edição Independente

Dia 23 - 16h30 Sala 331

Literatura Infantil e Juvenil:perspectivas editoriais Mediação: Renata Moreira

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Dia 23 - 16h30 - Sala 331

O PERFIL E A VISÃO DE SI DE AUTORES DE LIVRO INFANTIL EM UMA PLATAFORMA DIGITAL DEAUTOPUBLICAÇÃO BRASILEIRA

Pollyanna de Mattos Moura Vecchio

Com a influência de vertentes como a Teoria Polissistêmica (EVEN-ZOHAR, 2010), atualmente há tendências na críticaliterária a se abrir para o estudo de novos objetos, entendendo que o repertório canônico tende a estagnação se não fordesafiado por uma competição com o repertório não canônico. Assim, marginalidades como a da literatura infantil e daautopublicação podem ser o gatilho para mudanças. Diante dessas tendências, interessa-nos conhecer melhor o autor deautopublicação de livro infantil partindo da hipótese de que, apesar de sofrer duplo preconceito, ele esteja tambémduplamente inserido em territórios de vanguarda da literatura na contemporaneidade. Assim, este trabalho tem como objetivo fazer um levantamento do perfil e da visão de si de autores de livros infantis em uma plataforma digital deautopublicação brasileira. Para tanto, fez-se uma pesquisa qualitativa e exploratória aplicando-se um questionáriosemiestruturado a uma amostra de 36 autores. Os resultados indicaram que a maioria dos respondentes é do sexomasculino (75%), possui ensino superior completo (38,88%) e mora na região Sudeste do país (52,77%). Dentre os motivosque levaram os entrevistados à plataforma de autopublicação, estão a acessibilidade, a impressão sob demanda, aimpossibilidade de publicar por uma editora convencional e o desejo de manter-se independente de imposições domercado. Sobre a visão de si dos autores, 50% se consideram um editor autor e, embora a pesquisa traga indícios quecorroborem com a perspectiva que vê o autor autopublicado como o novo consumidor na cadeia do livro (MÜLLER, 2017),alguns entrevistados apresentaram posições críticas em relação ao mercado editorial e à literatura infantil, estão cientes doreal papel desempenhado pelas plataformas de autopublicação e veem-nas como um dos mecanismos de mudança naindústria editorial na atualidade. Palavras-Chave: Autopublicação; Literatura Infantil; Edição.

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ESCREVO E PUBLICO A MIM MESMA: RELATOS DA AUTOPUBLICAÇÃO NA LITERATURA JOVEM DEAUTORIA FEMININA

Laura Conrado Dias de Oliveira

Em tempos de convergência (JENKINS, 2008), nova forma de consumo representada pelo uso de diferentes mídias somadaà produção cultural participativa e à inteligência coletiva, cada vez mais a internet tem possibilitado a publicação deautores que lançam suas obras sem a chancela de casa editorial, em outras épocas, a maior fonte de credibilidade do livro edo autor. Fenômeno cada vez mais comum entre uma geração que cresceu com a universalidade advinda da internet, aautopublicação tornou-se um meio de colocar um escrito para mundo bem como de encontrar um caminho até umaeditora, alcançando os meios tradicionais de publicação. Entre as autoras que se dedicam ao público jovem, muitasconstruíram seus trabalhos na internet, mantêm e não pensam em sair das plataformas digitais; outras publicaramexemplares físicos de seus livros e hoje são autoras bem posicionadas editoras de grande porte. Assim, pretende-secompreender como as editoras deixaram de ser as maiores fiadoras do livro para irem em busca do que faz sucesso entre opúblico jovem na internet através de relatos de autoras que se publicaram, analisando os meios e as estratégias a querecorreram para tornarem seus títulos conhecidos.  Palavras-chave: Autopublicação; Autoria Feminina; Literatura Jovem.

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LITERATURA JUVENIL BRASILEIRA: UM PROBLEMA DE PESQUISA

Paula Renata Melo Moreira  e Lorrany Mota de Almeida

A literatura juvenil é um nicho controverso, que atrai, ao mesmo tempo, desdém da crítica – por motivos similares aos quelevam à subavaliação da literatura infantil – e o interesse do mercado editorial. Todavia, alguns obstáculos ficam evidentesquando é necessário efetuar uma conceituação de o que é juvenil. Sobre o que falamos quando enunciamos “literaturapara jovens”? A definição, ao levar em conta o público alvo, complexifica-se, na medida em que as várias faixas etáriasagrupadas no conjunto “adolescência” prefiguram consumidores e produtos muito diversos. É possível conceituarmos essaprodução a partir daquilo que atrai a atenção das escolas – livros que abordam temas ditos de interesse para os jovens,como bullying, assédio, amizade, primeiras experiências, entre outros –, com tratamento linguístico apropriado para otrabalho em sala de aula. Por outro lado, crescem os expoentes de uma literatura juvenil de mercado, lotandorotineiramente as prateleiras e lugares de destaque das livrarias – narrativas fluidas, que proporcionam a construção defandoms, mas não necessariamente adequadas para o consumo escolar. Para quais idades se destinam os livros deliteratura juvenil? Como se delimita seu público alvo? Tais considerações serão feitas no âmbito da pesquisa “Mapeamentode autoras negras na literatura juvenil brasileira”, na qual verificamos a presença de mulheres negras escrevendo para opúblico jovem. Neste trabalho, especificamente, inquiriremos a conceituação de literatura juvenil não como gênero, mascomo nicho que se constitui como problema de pesquisa. Palavras-chave: Literatura juvenil; Nicho editorial; Jovem.

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AS POSSIBILIDADES ADVINDAS DA TERCEIRA MARGEM: CONSIDERAÇÕES SOBRE A EDIÇÃO DE LIVROSINFANTIS

Vívian Stefanne Soares Silva

A literatura infantil é associada, desde seu início, a um caráter moralizante e formador. Tal associação é decorrente docontexto histórico e social de seu surgimento e, continuamente, coloca em xeque seu valor estético, tornando oreconhecimento literário uma demanda frequente. Entretanto, as características que inauguram os livros infantis não sãoestáticas e, no decorrer do tempo, mudanças estruturais culminam na ascensão dos livros para crianças ao patamar deliteratura. Dentre essas mudanças destaca-se, sobretudo,  o experimentalismo com a linguagem em suas mais diversasformas. Assim, inaugurada à margem das modalidades literárias de prestígio, os livros para crianças não só sereinventaram, como incorporaram às suas produções características que despertam o interesse de outros públicos alvos,casas editoriais e nichos de mercado. À vista disso, propomos uma leitura dessas novas estratégias sob a perspectiva dolivro Rosa (2017), de Odilon Moraes, uma publicação da  Edições Olho de Vidro, editora contemporânea de livros infantisque propõe “ser reconhecida  pela qualidade literária e estética do seu catálogo”. Constatamos que as novas formas depensar e fazer o livro vêm sendo utilizadas não só para legitimar a literatura infantil, mas também na criação e consolidaçãode novas casas editoriais que partem dessa demanda, promovendo, assim, sua expansão no campo literário. Nossaproposta fundamenta-se, sobretudo, nos apontamentos de Bourdieu (1992) e (1997), Lajolo e Zilberman (2007) e Linden(2011).  Palavras-chave: Literatura Infantil; Campo Literário; Edição.

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LIVROS INFANTIS DIGITAIS E IMPRESSOS: UM HIBRIDISMO TRANSITÓRIO

Amanda Ribeiro Barbosa e Ana Elisa Ribeiro

O caráter intensamente multimodal de grande parte dos livros para crianças possibilita a exploração de ferramentasoferecidas pelo meio digital. Neste formato, Hunt (2010) afirma que a linearidade sai de cena e aquilo que tínhamos comoelementos externos ao texto passa a fazer parte da própria narrativa. Os hipertextos, associados ao tripé composto portexto, ilustração e projeto gráfico (PINHEIRO, 2018), expandem o conceito de narrativa e exigem uma nova forma de ler,sofisticada e habilidosa. Esta leitura demanda um letramento digital mais desenvolvido, que está relacionado, segundoGruszynski (2010), “ao domínio de técnicas e habilidades associadas ao desenvolvimento de múltiplas competências de‘escrita’ e leitura, nas mais variadas mídias”. Sabemos, no entanto, que os livros digitais ainda não alcançaram “os níveisde consumo pretendidos pela indústria ou pela visão otimista de muitos” (RIBEIRO, 2018). Lajolo (2013) aponta umacoexistência híbrida, típica de tempos de transição cultural, em que os traços da cultura digital se manifestam nos livros depapel e as características destes, por sua vez, ainda permanecem nos produtos digitais. Este estudo pretende refletir sobreo modo como a linguagem multimodal dos livros para crianças, digitais ou impressos, condena a superficialidade dasleituras “tradicionais”. Para isso, propõe a análise de quatro livros infantis: o digital Nautilus , adaptação da obra Vinte milléguas submarinas, de Júlio Verne; a versão digital de Amal e a viagem mais importante de sua vida , de CarolinaMontenegro e Ricardo Moriconi; e os impressos Lampião & Lancelote, de Fernando Vilela, e Lulu e o urso , de CarolinaMoreyra e Odilon Moraes. A análise evidencia que vivemos um período em que impresso e digital compartilham linguagense estratégias de interatividade. Reitera-se a imprescindibilidade da busca pela harmonia entre texto, ilustração e projetográfico nas edições de livros infantis. Palavras-chave: Livros Infantis; Hibridismo Transitório; Projeto Gráfico.

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Cartografias da Edição Independente

Dia 23 - 16h30 Sala 433

Iniciativas Marginais eAlternativas de Mercado Mediação: Sabrina Gomes

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Dia 23 - 16h30 - Sala 433

“À LUTA (S), À VOZ(ES)” DA LITERATURA MARGINAL DOS SARAUS PERIFÉRICOS: UM RELATOEDITORIAL DA EXPERIÊNCIA DE PUBLICAÇÃO INDEPENDENTE DA COLETÂNEA POÉTICA DOCOLETIVOZ SARAU DE PERIFERIA E EDITORA VENAS ABIERTAS EM BH

Luiz Eduardo Rodrigues de Almeida Souza, Karine Santos Oliveira e Dione Barbosa Machado

Pretende-se, nessa comunicação, construir um relato da experiência de publicação independente do livro “À luta, à voz –Coletivoz sarau de periferia” que foi publicado em 2018 pela “Venas Abiertas”, uma editora alternativa de Belo Horizonte-MG, por meio de autofinanciamento dos próprios 22 escritores convidados para a 1ª edição dessa coletânea poética decomemoração aos 10 anos de história do Coletivoz que está em sua 2ª tiragem com 700 exemplares em circulação porvárias cidades e países. A importância desse depoimento prático-teórico se dá pela dimensão simbólica e histórica doColetivoz Sarau de Periferia que é o percussor da Literatura Marginal-Periférica na capital mineira e foi fundado no ano de2008, sob a inspiração e contato direto com o Sarau da Cooperifa de São Paulo. Esta obra, talvez, marcaria uma entrada desujeitos, coletivos, periféricos no Campo da Literatura Contemporânea Brasileira, ou no jogo de forças institucionais daprodução literária-cultural de BH, quando apostam editar um livro num suporte tradicional do mercado livresco. Buscou-se, então, um arcabouço teórico que perpassasse os conceitos de “sistema literário” (CANDIDO, 2000), de “campoliterário” (BOURDIEU, 1996), as discussões em torno da Literatura Brasileira Contemporânea (SCHOLLHAMMER, 2009;DALCASTAGNÈ, 2012; ROCHA, 2015; RESENDE, 2017); da Literatura Marginal-Periférica (WALTY, 2014; OLIVEIRA JR., 2016;TENNINA, 2017; COELHO, 2017); e da Voz Poética (ZUMTHOR, 2014). Palavras-chave: Publicação Independente. Literatura; Marginal Periférica; Saraus; Literatura Contemporânea.

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Dia 23 - 16h30 - Sala 433

UMA BORRACHARIA OU UMA BIBLIOTECA? A BORRACHALIOTECA, UMA BIBLIOTECA COMUNITÁRIADIFERENTE

Ricardo Quaresma Chaves

Neste trabalho, apresentaremos a Borrachalioteca, uma biblioteca comunitária localizada em Sabará, cidade da regiãometropolitana de Belo Horizonte, em Minas Gerais, que por algumas características tem chamado a atenção da mídia e dealguns pesquisadores pelas atividades realizadas ao longo da sua existência, desde 2002. A Borrachalioteca tem umarelevância social e o propósito de garantir à comunidade onde atua o acesso ao livro, à leitura e à literatura como umdireito humano. Nasceu dentro de uma borracharia de um bairro de periferia, foi criada por uma pessoa da comunidade,com o apoio dessa comunidade. Segundo Dalcastagnè (2016), a periferia é o espaço dos excluídos, daqueles quedificilmente têm acesso às posições sociais mais privilegiadas, seja no Estado, no mercado ou na mídia. Colocaremos emevidência, para a caracterização da Borrachalioteca, cinco particularidades que distinguem a proposta de uma bibliotecacomunitária como um outro tipo de biblioteca, elaboradas por Elisa Machado (2008). São elas: a forma de constituição: sãobibliotecas criadas efetivamente pela e não para a comunidade, como resultado de uma ação cultural; a perspectivacomum do grupo em torno do combate à exclusão informacional como forma de luta pela igualdade e justiça social; oprocesso de articulação local e o forte vínculo com a comunidade; a referência espacial: estão, em geral, localizadas emregiões periféricas e o fato de não serem instituições governamentais, ou com vinculação direta aos Municípios, Estados ouFederação. (MACHADO, 2008, p. 60-61). Concluímos que a Borrachalioteca, embora tenha sua origem na periferia, comobase em uma cultural marginal, é uma biblioteca comunitária que tem evidência no mercado editorial por meio dasatividades que desenvolvem na comunidade onde atua, em prol do fomento à leitura literária.  Palavras-chave: Biblioteca Comunitária; Borrachalioteca; Periferia.

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DO LIVRO PARA O MUNDO: A INTERMIDIALIDADE NA DRAMATURGIA - UM ESTUDO SOBRE AADAPTAÇÃO DA OBRA LITERÁRIA PRIMEIRAS ESTÓRIAS, DE JOÃO GUIMARÃES ROSA POR JOÃO DASNEVESAna Paula da Costa, Bárbara Lima, Sabrina Gomes 

Primeiras Estórias foi escrito em 1962 por Guimarães Rosa e teve dez dos vinte e um contos adaptados em 1992 por Joãodas Neves no Parque Fazenda Lagoa do Nado, em Belo Horizonte.  Procuramos ressaltar a relação intermidiática em ambasas obras e os recursos utilizados para a transposição da narrativa de Rosa para a encenação teatral, considerando apeculiaridade da construção das peças em um cenário natural, desconstruindo o conceito tradicional do espaço cênico.Nos roteiros de João das Neves os espectadores são instigados a entrar na relação singela dos sertanejos e suas relaçõesfamiliares com o conto A terceira margem do rio. Onde utilizando a lagoa do parque, um ator encena o desaparecimento dojangadeiro e o suplício da família à margem. João das Neves criou vários artifícios de ligação entre uma encenação de umconto ao outro. Quando finda este conto, ele cria uma procissão onde o público caminha ao longo de um trecho do parque,conduzindo-os a um anfiteatro. Neste local encenou-se Sorôco, Sua mãe, Sua Filha, quando esta encenação terminava,acendem-se simultaneamente várias luzes ao mesmo tempo, indicando vários palcos ou locais próximos, instigando aescolha do público acerca da encenação que será vista, pois são simultâneas. A não linearidade das apresentações,segundo Neves, tem a ver com as características dos contos, onde o leitor escolhe ler as estórias aleatoriamente, sem umasequência pré-determinada. Cada espectador pode compor um percurso particular, assim como o leitor escolhe seupercurso de leitura nos contos. Dois contos eram encenados em cada noite apenas para pessoas que eram sorteadas naplateia, pois eram cenas feitas para poucos espectadores, de forma mais intimista. João criou artifícios nos quais o públicointeragia com os atores. Ao final, os espectadores se encontravam no encerramento, em Lua de Mel, Substâncias e VeredasMortas. Palavras-chave: Adaptação; Intermidialidade; Teatro.

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Dia 23 - 16h30 - Sala 433

INDEPENDENTES NO MERCADO EDITORIAL: AS FEIRAS DE PUBLICAÇÕES COMO UMA ESTRATÉGIA DERESISTÊNCIA

Eduarda Duarte Pena

Este trabalho propõe apontar os diversos aspectos que contribuem para que as feiras de publicações se concretizem comoespaços significativos para o crescimento e evolução de editoras independentes. Para isso, serão utilizadas as reflexões deteóricos como John B. Thompson (2011), e Gilles Colleu (2007), e de pesquisadores como José de Souza Muniz Jr (passim).Sabe-se que a noção de “independência” é escorregadia. Por esse motivo, a cena de editoras independentes é marcada porgrandes divergências de práticas e concepções de mundo. Mais do que definir o que é ser independente, interessa pensarem como toda essa diversidade se organiza dentro do caótico mercado editorial. Nos últimos anos, houve um surto defeiras dedicadas à produção e disseminação de projetos editoriais independentes e, assim, esse conjunto de feiras passa aser reconhecido como uma espécie de universo comum de extrema importância para a configuração dessas pequenasgrandes editoras. Eis a questão: por que as feiras de publicações são tão importantes? Com uma proposta única,acolhedora e harmônica, as feiras se sobressaem em uma cena editorial convencional e saturada. Em primeiro lugar, asfeiras cumprem uma função econômica, pois possibilitam o acesso de leitores-consumidores a uma produção que não seencontra nos meios comerciais tradicionais. Além disso, as feiras cumprem uma função ritual, pois representamfisicamente uma identidade específica e proporcionam a formação de vínculos. Desse modo, as feiras se tornamdiretamente ligadas à dinâmica de capitais, abordada por John B. Thompson, o que permite pensá-las como grandesgeradoras de capitais para as editoras independentes. Logo, em meio às inúmeras maneiras alternativas de fazer circularobras independentes, a feira é uma – se não a maior – estratégia de resistência dentro do cenário produtivo de livros. Palavras-chave: Feiras de Publicações; Editoras Independentes; Estratégias de Resistência.

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Dia 23 - 16h30 - Sala 433

CANAIS LITERÁRIOS NO YOUTUBE DÃO ESPAÇO PARA EDITORAS E AUTORES INDEPENDENTES

Elinara Santana Ferreira

O YouTube é uma plataforma de compartilhamento de informação via internet. O foco do website é a exposição de vídeosde vários temas, inclusive sobre material literário, objetivo do presente trabalho. Os canais literários, encontrados naplataforma, promovem a troca de opiniões e o aprofundamento do debate entre leitores e curiosos sobre obras de diversosgêneros literários. Apesar de não estar entre as maiores audiências do YouTube, os canais literários atraem muitosseguidores e, alguns deles, ultrapassam os 300 mil. Grande parte dessa discussão se origina pela iniciativa dos booktubers,influenciadores digitais que falam sobre livros, literatura e leitores em seus canais do Youtube. Eles expandiram suaspublicações (escritas), feitas anteriormente em blogs, para a versão audiovisual. A investigação abordada neste artigo tem oobjetivo de mostrar como canais literários podem contribuir para a divulgação de livros produzidos por editoras, inclusiveindependentes. Para isso, será analisado o quadro “Papo de Editora”, que consiste em entrevistas com editores sobre otrabalho de edição, do canal “Litera Tamy”, conduzido pela booktuber Tamy Ghannam. Ao todo, são seis entrevistas, todasrealizadas com editores da cidade de São Paulo. O Litera Tamy, além das editoras independentes, apresenta tambémautores independentes da literatura nacional contemporânea. O compartilhamento desse tipo de leitura possibilita que osseguidores do canal possam conhecer autores, que estão à margem do cenário literário brasileiro. A divulgação de autoresindependentes na plataforma desperta o interesse de leitores e gera a produção de livros nas editoras. Importante ressaltarque os canais literários do Youtube são meios de divulgação do livro enquanto produto, incentivando, assim, o consumo ea produção editorial para atender um público, cada vez mais, apaixonado e exigente pelo objeto livro. Palavras-chave: Booktubers; Leitura; Editoras.

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Dia 23 - 16h30 - Sala 433

A TORMENTA DA AUTOPUBLICAÇÃO NO BRASIL

Rogério Porto Ribeiro

Vivemos no Brasil um período de crise econômica que atingiu quase todos os mercados existentes, dentre eles, um dosmais prejudicados foi o mercado literário. Tendo em vista esta situação, os autores recorrem às mais variadas formas deconquistar seus espaços no mercado e garantir que suas obras cheguem às mãos dos leitores, dentre estas alternativas,existe a possibilidade de autopublicação por meio do crowdfunding, ou financiamento coletivo, em que autores e/oueditoras independentes buscam financiar seus projetos coletivamente prospectando leitores interessados e arrecadandofundos diretamente entre estes leitores. Dentre estes casos, em 2019 aconteceu a campanha de financiamento doTormenta 20, uma nova versão do jogo brasileiro de RPG que comemora os 20 anos da criação deste universo fantástico, acampanha foi bem sucedida e arrecadou um valor próximo aos dois milhões de reais. Tendo em vista este caso, surgiram osseguintes questionamentos: quais seriam os fatores fundamentais para o sucesso desta campanha? O que outrosautores/editores têm a aprender sobre este caso? Seria o financiamento coletivo sempre a alternativa mais adequada paraa autopublicação? O presente trabalho pretende refletir sobre estas questões com o objetivo de investigar modos defortalecer e preservar o mercado literário independente brasileiro. Palavras-chave: Autopublicação; RPG; Mercado Independente.

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Cartografias da Edição Independente

Dia 24 - 16h30 Sala 423

Periódicos Independentes Mediação: Jéssica Lobato

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Dia 24 - 16h30 - Sala 423

OS IMAGINÁRIOS SOCIAIS E OS JORNAIS  O RADICAL (1891) e O REBATE (1893)

Jéssica Lobato Ferreira

Embora haja muitos e significativos trabalhos referentes à história da imprensa brasileira, há ainda bastante a ser estudado,principalmente se considerarmos as produções do século XIX e do início do século XX realizadas no interior do país.ercebemos a necessidade de estudos mais regionalizados, que englobem pesquisas da área da história da imprensa, emsuas diferentes possibilidades e contextos de desenvolvimento de análises, em aspectos de linguagem, tecnologia e edição.Dessa forma, avaliando a existência de várias produções jornalísticas, que acompanham historicamente o processo dedesenvolvimento de Carangola desde o final do século XIX, ressaltamos a grande potencialidade de estudo dos seusjornais. A partir do entrecruzamento das informações levantadas sobre as condições de produção do discurso e a análisedo texto como produto, levantaremos algumas questões referentes a percepção do destinatário ideal e sobre o lugar daprodução de efeitos esperados. O objetivo deste trabalho é demonstrar, a partir da análise das “colunas sociais” presentesno discurso dos jornais O Radical (1891) e O Rebate (1893), como se configuravam as relações sociais, por meio dasrepresentações dos imaginários sociais nos jornais de Carangola. Trabalhamos com a hipótese de que a imprensa local erao meio de comunicação que se encontrava mais próximo da realidade espacial da comunidade dos leitores no período, o que também se traduzia na realidade de Carangola. Os jornais procuravam estabelecer vínculos entre órgãos de notícia e aelite local. Os leitores eram personagens do discurso do jornal, os quais por sua vez, ajudavam na reprodução deimaginários e estereótipos.  Palavras-chave: Imaginários Sociais; O Radical; O Rebate.

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Dia 24 - 16h30 - Sala 423

REVISTA CIÊNCIA POPULAR: DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA PRODUZIDA FORA DOS ÂMBITOS ACADÊMICOSNO PERÍODO PÓS-GUERRA

William Ferreira Matos

Ciência Popular é uma revista brasileira de divulgação científica e tecnológica publicada entre 1948 e 1960 pela BibliotecaProfissional Brasileira, que pertencia a Ary Maurell Lobo, o diretor geral. Esse periódico foi concebido fora de ambiente deensino e pesquisa e, conforme o editorial da primeira edição publicada em outubro de 1948, Ary Lobo apontou que afinalidade do periódico era mostrar “a verdade científica” e “a verdade técnica”, como uma forma de “servir” ao Brasil.Lobo recebeu auxílio de agências internacionais. Este trabalho analisou as 17 primeiras edições, que estão disponíveis naBiblioteca Pública Estadual de Minas Gerais, em Belo Horizonte (MG), e considerou-se esse número de edições suficientepara a análise das características editoriais. Dessa maneira, estudou-se a organização interna, como artigos, notícias,editoriais, seções, notas e miscelâneas. As seções se relacionam a temas como curiosidades, jogos, questionários,esoterismo e cartas dos leitores. Também foram analisados os elementos gráficos mo aspectos que contribuem paraapresentação de assuntos ao leitor, ou seja, as fontes, as colunas, as imagens e a diagramação em geral, tratados comoaspectos integrados ao conteúdo. Ademais, foram criadas categorias temáticas estabelecidas por meio de leituras eagrupamentos dos assuntos nas 17 primeiras edições. Foram lidos e analisados 889 textos. Esse conjunto foi dividido em 18categorias temáticas, como Ciências da Saúde, Ciências Exatas e da Terra e Engenharia, que são os temas com maiornúmero de textos, e isso vai ao encontro do que se considera ciência moderna na segunda metade do século XX. A revistaapresentou layout similar aos jornais da época e valorizou a divulgação cientifica e tecnológica em âmbito mundial noBrasil, no período pós-guerra. Palavras-chave: Ciência Popular; Características Editoriais; Divulgação Científica e Tecnológica.

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O FEMINISMO DA DÉCADA DE 1970 NA NARRATIVA DO ALTERNATIVO DE FATO SOBRE O ASSASSINATODE ÂNGELA DINIZ

Cândida Emília Borges Lemos e Raphael Resende Duarte

Durante o período da ditadura civil-militar no Brasil (1964-1985), vários jornais alternativos surgiram e tiveram o seu fimdecretado devido a censura prévia e a repressão do período, entre eles, o jornal De Fato, que circulou em Belo Horizonteentre 1976 e 1978 e caracterizou-se por introduzir em suas reportagens e artigos temáticas sociais singulares para o período,tais como a luta feminista e a homossexualidade, distantes das pautas abordadas na imprensa nacional. Entre as pautastrabalhadas em relação aos direitos da mulher e, principalmente, à violência de gênero, destaca-se a edição número dez,acerca do assassinato de Ângela Diniz, em dia 30 de dezembro de 1976, com quatro tiros no rosto por seu companheiro,Doca Street, em Búzios, no Rio de Janeiro. Naquele momento, Ângela foi transformada, nas páginas policiais dos jornais daimprensa tradicional, em vilã, sem direito à defesa resguardado. Dentro deste contexto que De Fato tenta criar uma versãodiferente, em que a protagonista é uma das vítimas da violência masculina, ao dar voz a fontes e testemunhas quedefendiam Ângela. Ela passa a ser a heroína - símbolo inspirador do slogan “quem ama não mata”, que embalou oovimento feminista nos anos 1970. Além disso, De Fato faz a reconstituição da morte e da vida de Ângela, desde os vestidosengomados usados nas missas de domingo em Belo Horizonte até se transformar na ‘Pantera de Minas”. Palavras-chave: Imprensa Alternativa; Movimento Feminista; Fontes Jornalísticas.

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ALMANAQUE HUMORDAZ REVELOU GERAÇÃO DE CARTUNISTAS NOS ANOS 1970

Cândida Emília Borges Lemos

Este artigo apresenta o Almanaque Humordaz, publicação de humor e quadrinhos que circulou na cidade de BeloHorizonte em 1976, durante o regime militar (1964-1985). Circularam apenas duas edições, que reuniram pouco mais de dezcartunistas mineiros que apresentaram em suas charges, tirinhas e cartuns a indignação social e política desses temposobscuros. Humordaz teve vida breve, pois antes da terceira edição, o Departamento de Censura Federal do Ministério daJustiça já enquadrava a publicação na lista daquelas que só poderiam circular após a censura prévia, realizada em Brasília.O almanaque encerrava, assim, sua fugaz existência. A publicação insere-se no conceito de imprensa alternativa queganhou expressão nos anos 1970 no Brasil, geralmente, em oposição ao regime autoritário. A imprensa alternativa não serestringiu ao Brasil, pois se trata de fenômeno mundial, embora em cada país tenha recortes específicos, de acordo com acultura social e política de cada localidade. O Almanaque Humordaz foi um laboratório de uma geração de cartunistas echargistas daquele período, ao reunir os trabalhos de Afo, Aroeira, Benjamin, Clacchi, Dirceu, Ernandez, Lor, Nani, MárioVale, Nilson e Procópio. Irreverentes e criativos, os cartuns, tirinhas e charges remetem às temáticas sociais e políticascaracterísticas daqueles que se opuseram ao Regime Militar. A produção dos jovens cartunistas mineiros é revelada na suaescolha temática que expressa um grito de alerta contra o autoritarismo e a alienação, por meio de metáforas e outrosrecursos discursivos e gráficos usados em tempos de censura e vigilância. Palavras-chave: Censura; História da Mídia; Cartum.

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ENTRE O CAMPO QUADRINÍSTICO E O CAMPO LITERÁRIO: RODOLPHE TÖPFFER, AUTOR PRECURSORDE BANDAS DESENHADAS

Lucas Piter Alves Costa

Nascido em 1799, na cidade de Genebra, o professor Töpffer foi ser conhecido em sua cidade graças a seus romances,poemas e sua posição de docente. Mas ele se tornou conhecido fora dos limites de Genebra justamente por aquilo quefazia sem aspirações literárias ou acadêmicas: foi pelas histoires en estampes que o professor suíço se consagrou Autor emum tipo de domínio discursivo que bem mais tarde, só na década de 1970, seria considerado bande dessinée. Töpfferiniciou sua trajetória de quadrinista em meio à idade de ouro da caricatura inglesa, que abrange o final do século XVIII einício do XIX. Tendo sido fortemente rechaçado por causa de suas histórias em quadrinhos, o autor teve muitas vezes o seutalento quadrinístico julgado dentro de padrões de estética literária, ficando, assim, relegado a uma posição muito poucoprivilegiada. Só depois de certa sistematização de um campo quadrinístico é que Töpffer angariou um posicionamentocentral em relação a outros autores, para quem foi inspiração. Diante desses fatos, o objetivo deste trabalho é descreverpanoramicamente como se deu a formação do campo quadrinístico por meio de relações discursivas de ordens diversas,advindas, principalmente, do embate com a Literatura, com uma tradição da imagem que se formava e com odesenvolvimento de técnicas de impressão.  Palavras-chave: Campo Quadrinístico; Campo Literário; Rodolphe Töpffer.

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Cartografias da Edição Independente

Dia 24 - 16h30 Sala 313

Campo Editorial eRepresentatividade Negra:leituras do contemporâneo Mediação: Luiz Henrique Oliveira

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Dia 24 - 16h30 - Sala 313

QUILOMBISMO EDITORIAL E ETHOS DISCURSIVO

Luiz Henrique Silva de Oliveira

A proposta deste trabalho é analisar os discursos de apresentação contidos nos sites das editoras negras ou quilomboseditoriais (Pallas, Mazza, Nandyala, Malê, Ciclo Contínio Editorial e Ogum’s (Toques Negros). Para tanto, tomaremos duascategorias essenciais: o quilombismo e o ethos discursivo. Os quilombos, segundo Henrique Cunha Jr. (2012), foramarregimentações sociais, constituídas por pessoas escravizadas, em territórios de exploração colonial. A solidariedade e aresistência são características marcantes destes coletivos. Tais características amparam a prática chamada por Abdias doNascimento (1980; 1985) de quilombismo. Nascimento propõe entender o quilombismo como estratégia contemporânea deenfrentamento de diversas ordens promovida pelo coletivo afrodescendente diante das inúmeras formas de discriminaçãoe racismo. O campo editorial, por sua vez, não fica imune às práticas excludentes, conforme atestam trabalhos como osDalcastagnè (2012) e de Oliveira e Rodrigues (2016).  Vale ressaltar que Oliveira (2018) propõe a noção de quilomboseditoriais para classificar as iniciativas responsáveis por grande parcela da produção e circulação intelectual afro-brasileira.Já o ethos discursivo (Maingueneau) é construído em suas múltiplas relações com o outro (sujeitos e discursos) e como elesemergem na articulação entre variados elementos (verbais e não verbais, éticos e estéticos) os quais necessitam daincorporação do interlocutor para apreendê-los em um conjunto complexo de representações sociais e culturais.Acreditamos que a junção entre quilombismo e ethos oferece mecanismos que auxiliam na compreensão do processo decolocação no campo cultural das casas ou quilombos editoriais, justamente porque as imagens que veiculam pressupõem aarticulação solidária e a internalização do discurso pelos interlocutores. Palavras-chave: Quilombos Editoriais; Quilombismo; Ethos Discursivo.

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Dia 24 - 16h30 - Sala 313

POESIA NEGRA/AFRO-BRASILEIRA: DINÂMICAS EDITORIAIS

Fabiane Cristine Rodrigues

A partir da noção de campo literário como o espaço social em que ações individuais e coletivas se influenciammutuamente, envolvendo a produção, a circulação e o consumo do material literário, intrinsecamente relacionada à noçãode valor e modificada de acordo com a posição que os atores ocupam na sociedade e no próprio campo, conformeestabelecido por Pierre Bourdieu, este trabalho investiga algumas das lacunas existentes na história editorial brasileira, nocânone literário brasileiro e no mercado editorial brasileiro para dialogar sobre os espaços ocupados pela literaturanegra/afro-brasileira, focalizando nas produções individuais de poesia negra/afro-brasileira para compreender como se dásua trajetória em um espaço situado, em geral, às margens do campo canônico. Tendo como base o levantamentoestatístico destas produções, foram empreendidas análises organizadas por temas como relação entre autor e quantidadede publicações individuais; períodos e frequência de publicações; quantidade de publicações autorais por casa editorial edistribuição geoespacial de tais publicações pelo Brasil, para estabelecer um panorama da trajetória evolutiva da poesianegra/afro-brasileira e das dinâmicas editoriais e, até mesmo, sociais empreendidas pelos autores, editores e, muitas vezes,autores-editores a fim de fazer circular uma poesia constituída por temática, autoria, ponto de vista enunciativo, linguageme público afrocentrados em uma sociedade pensada a partir de um ideal eurocêntrico. Palavras-chave: Edição; Literatura Negra/Afro-brasileira; Poesia Negra/Afro-brasileira.

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Dia 24 - 16h30 - Sala 313

SILENCIAMENTO, CORPO E IDENTIDADE: MARCAS DA CONTEMPORANEIDADE

Bruna Carla

Este trabalho propõe-se a refletir sobre o conto Ana Davenga, de onceição Evaristo (2018), pelo viés do silenciamentoidentitário e o corpo negro. Veremos como estes elementos são abordados no conto, pois Ana e Davenga são assassinadose o que promove tal ato se caracteriza como uma forma de silenciar, o dizível e indizível, proposições de (Pollak,), ato essecaracterizado como fruto da violência que compõe a contemporaneidade. Outro ponto a ser analisado é a questão daidentidade de Ana, que se constitui, a partir da associação do sobrenome Davenga com o seu pré-nome, pois a partir desteato de junção dos sobrenomes seu elo com Davenga determinará sua posição na vida de Davenga “Ela queria a marca dohomem no seu corpo”. Assim, o corpo de Ana simbolizará sentidos múltiplos no conto, símbolo de vida, morte e espaço,dos quais estes ocupam na história. Contaremos com aporte teórico de Stuart Hall (2014), questões da identidade, ofilósofo Michel Foucault, tratará da questão de vigiar e punir, pois a autora mostrará como este corpo será fruto de puniçãoe silenciamento e Michel Pollak sobre silenciamento (1989), e Achille Mbembe. Palavras-chave: Conceição Evaristo; Silenciamento Identitário; Corpo Negro.

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Dia 24 - 16h30 - Sala 313

EDITORA NANDYALA: EDITORA QUILOMBOLA E SEU PAPEL DE RESISTÊNCIA

Roberta De Bon Silva Mesquita

O presente trabalho investiga a respeito das atividades desenvolvidas pela Editora Nandyala, a qual desempenha funçõesque ultrapassam bastante a produção de livros. Tal iniciativa se deu frente à falta de representatividade do público negro,que se viu inserido em uma cultura cujo discurso dominante é branco e, embora corresponda à metade da populaçãobrasileira, não se via representado nem na literatura e nem no ambiente acadêmico. Diante dessa omissão editorial, surgiua necessidade de trabalhos no campo da edição voltados aos sonhos, anseios e, principalmente, à representação do sujeitonegro na sociedade brasileira e no mundo. A Nandyala, editora quilombola, possui o compromisso, não apenas com aprodução literária e acadêmica afrodescendente, mas com a conscientização e valorização da cultura afro-brasileira. Analiamos a história da editora, seu contexto de surgimento, suas metas e papel social desempenhado. E, através de seucatálogo, buscamos identificar as linhas de produção dessa casa editorial, saber quais são os tipos de obras maispublicadas, conhecer as de viés religioso, as de caráter literário, assim como a relação entre literatura e religião afro-brasileira. Por meio do catálogo, delinearemos a identidade assumida por essa editora quilombola, bem como suas açõesrealizadas enquanto formas de reação frente à hegemonia branca e ao racismo estrutural. Palavras-chave: Ed. Nandyala; Cultura Afro-brasileira; Quilombo Editorial.

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Dia 24 - 16h30 - Sala 313

MAZZA E PALLAS: ANÁLISE COMPARADA DE DUAS EDITORAS “INDEPENDENTES” VOLTADAS ÀSCULTURAS AFRODESCENDENTES

Arthur Matheus Rosa Santos, Priscila Couto Ilha, Rayana Andrade Mendes Dutra, José de Souza Muniz Jr.

Este trabalho analisa as propostas editoriais de duas editoras que se intitulam “independentes” e que expressam a buscapela representatividade das culturas afrodescendentes no Brasil: a Mazza Edições, localizada em Minas Gerais, e a PallasEditora, localizada no Rio de Janeiro. O foco está na análise comparada de seus catálogos, em uma pesquisa quali-quantitativa, com a finalidade de demonstrar as similaridades e diferenças no modo de atuação de ambas no mercadoeditorial brasileiro. O conceito de “editora independente” é discutido a partir de Colleu (2007), de um documento daAliança Internacional dos Editores Independentes (2014) e de Muniz Jr. (2016). Apoiamo- nos, também, no conceito de“quilombos editoriais”, apresentado por Oliveira (2018), e nos estudos sobre o mercado editorial de Thompson (2011) eCoutinho (2018). Com a análise dos dados já coletados, pode-se sustentar que, apesar das semelhanças entre ambas aspropostas editoriais, há especificidades no modo como cada uma das duas editoras dá visibilidade à produção culturalafrodescendente, especificidades que estão relacionadas à trajetória de suas lideranças. Espera-se que, com a finalizaçãoda pesquisa, seja possível chegar a conclusões mais detalhadas sobre a maneira como a Mazza Edições e a Pallas Editoracolocam em ação a ideia de “independência” para publicar autores, títulos e temas que, sendo objeto de estigmatizaçãosecular, permanecem fora do cânone literário e intelectual brasileiro. Palavras-Chave: Edição Independente; Culturas Afro; Catálogos Editoriais.

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Dia 24 - 16h30 - Sala 313

ANALISANDO A EDITORA OGUM’S: DA FALTA À OCUPAÇÃO DO ESPAÇO AFROLITERÁRIO

Isabela Cristina Silva Mesquita

O presente trabalho tem como objetivo apresentar um breve panorama acerca da atuação da Editora Ogum’s ToquesNegros. Considerada um quilombo editorial, sua presença na sociedade brasileira se dá em um contexto de forteassociativismo, como uma ação de visibilidade, promoção e resistência da cultura negra. Os quilombos editoriais operamno campo da publicação e da intervenção cultural, como agentes fomentadores de debate e engajados na formação deleitores críticos e sensíveis ao lugar do sujeito negro na sociedade. São espaços de resgate de tradições religiosas,linguísticas, literárias e culturais dos povos afrodescendentes, e acabam por fazer uma ponte entre passado e presenterecuperando elementos caros à formação da identidade negra. Sua atuação se dá a periferia do mercado editorial, muitasvezes escapando à lógica pautada nos grandes centros financeiros brasileiros. Tomando como base seu funcionamentoenquanto uma iniciativa editorial independente, a pesquisa busca traçar o perfil da casa Ogum’s, investigar sua história,analisar seu catálogo e sua linha de atuação. Através dessa investigação, deseja-se verificar o papel do editor como agentepromotor de resistência ao dispositivo discursivo ideológico vigente, além de entender as estratégias e especificidades daOgum’s Toques Negros como um quilombo editorial e parte da rede de sociabilidade entre afrodescendentes. Palavras-chave: Quilombo Editorial; Iniciativa Independente; Resistência Negra.

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Cartografias da Edição Independente

Dia 24 - 16h30 Sala 334

Práticas Editoriais e InovaçõesLiterárias Mediação: Taynara Irias

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Dia 24 - 16h30 - Sala 334

REPOSICIONAMENTOS DE OBRAS DE HILDA HILST NO CAMPO LITERÁRIO VIA EDIÇÃO:(DES)ARTICULAÇÕES COM O ERÓTICO

Taynara do Nascimento Irias e Andréa Soares Santos

A partir da verificação das estratégias editoriais adotadas nas publicações das obras da escritora Hilda Hilst por trêsdiferentes editoras – Massao Ohno, Globo Livros e Companhia das Letras– este trabalho propõe analisar osreposicionamentos das obras da escritora no campo literário, visando avaliar como se considerou, em cadareposicionamento, o erotismo contido na produção de Hilst e como isso pode ter influenciado na recepção das edições.Isso porque, embora a obra de Hilda contemple, de forma bastante significativa, questões voltadas ao erotismo, nota-se,em muitas de suas edições, certa propensão em se ignorar e/ou diminuir a importância da presença dessas característicasnas obras da escritora, chamando-se atenção a aspectos mais alinhados aos estados do campo, reposicionando-se,também, a imagem de Hilst. Em outros momentos, nota-se a opção por edições que destaquem esse aspecto na produçãoda escritora, mas com um esvaziamento, voltando-se, primordialmente, ao mercado. Nesse sentido, considerando-se que omercado editorial está ligado, também, à estrutura do campo econômico, o qual, muitas ezes, visa o lucro e perpetua, comfrequência, estratégias de conservação, acredita-se que analisar as estratégias editoriais empregadas nas edições das obrasde Hilst, pensando-se, também, na estruturação desse mercado, em linha com Bourdieu (1996), significa entender como aseditoras respondem a certos estados de campo e em que medida são influenciadas pelos campos de poder, o que seconcretizará no reposicionamento das obras no campo literário, com aproximação ou esquecimento do erotismo, adepender do público-alvo e da recepção (inclusive lucro) desejada em relação às obras. Assim, considerando que as trêseditoras supracitadas se estruturam de diferentes maneiras frente ao mercado e, consequentemente, aos campos de poder,a partir da análise de suas edições das obras de Hilst, será possível visualizer como elas se articulam, ou não, ao erotismopresente nesses livros. Palavras-chave: Hilda Hilst; Erotismo; Campo Literário.

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Dia 24 - 16h30 - Sala 334

POESIA LIVRE E AS CHUVAS DE POESIA: A RELAÇÃO ENTRE A POESIA EM SACOS E A POESIA JOGADA AOVENTO – BREVE ANÁLISE DE DOIS PROJETOS EDITORIAIS DE GUILHERME MANSUR

Ana Paula da Costa

Esta comunicação pretende abordar os aspectos editoriais do primeiro projeto editorial desenvolvido por GuilhermeMansur, o Poesia Livre, com o selo da Tipografia do Fundo de Ouro Preto, cuja elaboração artesanal, por meio da tipografia,produziu exemplares de tiragem limitada, colecionáveis, cujo formato e circulação desafiam os padrões editoriais,fomentando não só a circulação da poesia, mas assumindo um caráter ideológico e político, pois cria uma grande rede depessoas envolvidas no fazer poético. Poesia Livre se iniciou na segunda metade dos anos 1970, perdurando até a primeirametade dos anos 1980. Os exemplares circulavam pelos correios para seus destinatários, na era pré-internet, em plenoregime ditatorial no Brasil, ajudando a conectar as pessoas interessadas no fazer poético contra o jugo. Nos anos 1990, apoesia “ensacada” se liberta do seu invólucro, sendo libertada do alto das igrejas de Ouro Preto nas edições das Chuvas dePoesia, que consistiam em ações poético-performáticas que transformavam a cidade em um grande suporte aberto para aleitura. Mansur criava para cada edição das performances das Chuvas de Poesia, um nome diferente. Segundo Mello (2016)essa característica reflete “a contínua reedição do nome, a reinauguração do ato editorial de cada obra”. Os dois projetosse metamorfoseiam e evoluem em um jogo. Pretendemos mapear suas singularidades, apresentar essa cartografia própriano território da expressão do desejo, do fazer poético, da política, que revoluciona com imensa liberdade o campo daedição.  Palavras-chave: Edição; Poesia; Tipografia.

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MANUSCRITOS E MARCAS DO ESCRITOR NOS ACERVOS LITERÁRIOS DA ACADEMIA MINEIRA DE LETRAS

Ana Clara Duarte de Souza e Maira Duarte de Moraes

Relato de experiência de organização dos acervos literários da Academia Mineira de Letras, instituição centenária fundadapor figuras importantes do cenário literário e cultural brasileiro. Mantendo-se fiel à sua missão de agregar cidadãos emtorno das letras, a instituição possui dez bibliotecas que registram um acervo de, aproximadamente, 37.000 livros eperiódicos, além de inúmeros arquivos de correspondências, documentos e objetos pessoais de ilustres personalidades daliteratura e da história do Brasil. Na Biblioteca Eduardo Frieiro, cuja coleção preserva as características originais daformação rica, diversificada e cuidadosa por parte do acadêmico, foram identificados os manuscritos das obras O Club dosGraphomonos (1927), Inquietude e Melancolia (1930) e A Ilusão Literária (1932) que apresentam registros de marcas doautor, anotações para futuras edições e arcas de correções próprias do autor que conduzem o leitor no caminho dagenética literária dos primórdios do movimento modernista brasileiro. Frieiro é considerado um dos mais importantesbibliófilos do estado de Minas Gerais e, segundo Carlos Drummond de Andrade, foi “uma das mais singulares figuras daliteratura brasileira, a se estudar e reverenciar”. Seguindo a orientação de Drummond, o presente artigo pretendeaprofundar o estudo dos manuscritos que compõem a coleção do acadêmico Eduardo Frieiro que além de escritor atuoucomo tipógrafo, redator, crítico literário, professor universitário, editor, fundador e diretor da Biblioteca Pública de MinasGerais. Palavras-chave: Eduardo Frieiro; Manuscritos; Arquivos Literários. 

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CURADORIA TEXTUAL: UM ESTUDO DA CRIAÇÃO DE UMA COLEÇÃO DE TEXTOS LITERÁRIOS

Aline Ferreira de Almeida e Deborah Célia Gomes Rodrigues

A seleção e organização de um conjunto de textos para montar um livro é o trabalho do organizador. Na Belas Artes, existeum termo muito interessante para um processo similar feito com obras de arte: a curadoria. Pensando a figura de umorganizador como a de um curador e nos textos como obras de artes, é possível pensar em uma curadoria textual. Otrabalho busca conhecer como é feita a criação e edição de um livro feito através da curadoria. Para atingir esseconhecimento, serão estudados os conceitos de curadoria e de obra, afim de compreender o significado dessas palavras ecomo esses conceitos podem ser aplicados durante a criação do livro. Sendo assim, o objetivo é observar como é criar,editar e curar um livro, acompanhando na prática essa construção durante a criação de um livro. Para essa análise, foiobservada a criação do primeiro volume de uma coleção que visa publicar textos literários escritos por discentes daFALE/UFMG e que será publicado através do Laboratório de Edição. E como principal referencial teórico, pensando no queé proposto por Groys (2015), em seu texto “Sobre Curadoria” publicado no livro Arte poder. Portanto, iremos observarcomo o conceito de curadoria textual influenciou na criação desta coleção. Palavras chaves: Curadoria; Edição; Criação Textual. 

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ARTISTA- EDITORA: O CAMINHO DE QUEM ESCOLHE O LIVRO COMO SUPORTE

Thyana Hacla

Este é um relato de percurso, como artista e editora  que atua no meio da publicação independente desde 2014, através docoletivo Phonte88, dedicado a criação, publicação e destruição de trabalhos autorais de seus membros. Onde cada artista éresponsável pela criação do conceito do seu trabalho, mas a execução e distribuição é feita de forma coletiva.  Nestacomunicação, pretendo trazer esta experiência  com o coletivo, atrelada aos meus estudos sobre o livro de artista, parapensar os meios de criação e produção desta categoria, bem como discutir como as escolhas gráficas e conceituaisinterferem no produto final , tomando como exemplo alguns títulos do coletivos e suas mutações até a versão final.Pretendo também  pensar sobre essa dupla função entre artista e editor, e como ela  se funde ou divide dentro do fazercoletivo e como isso vai modificar o processo de criação de cada livro. Outro tema trabalhado será a relação que o coletivotem para categorizar sua produção e quais títulos são entendidos como livros de artista, ou seja livro como obra de arte, equais vão se inserir em outras categorias da produção independente, como por exemplo zines de poesia, e como o estudodestas categorias e suas histórias influenciam na produção dos mesmos. Palavras Chaves: Arte; Edição; Independente.

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MANSÃO DO CONDE ARPAD, DE ZUCA SARDAN: UMA PROPOSTA DE EDIÇÃO

Roberta Martins Gomes

Sempre entendi a monografia como uma possibilidade de exercer os saberes adquiridos durante a graduação. Tendoescolhido a habilitação em Estudos sobre Edição, me inspirava a ideia de pôr em prática o que aprendi em disciplinas comoPreparação de Originais, Paratextos Editoriais e Edição de Poesia. Por isso, ser apresentada à obra de Zuca Sardan pelomeu orientador, Sérgio Alcides, e ter a oportunidade de propor uma edição para Mansão do Conde Arpad foram gratassurpresas. Zuca Sardan é dono de uma vasta produção literária, iniciada em meados dos anos 1950 e construída quasesempre à margem do mercado editorial. Ao descobrir no escritório do pai um mimeógrafo, ele enxergou, ali, umaalternativa eficaz e barata à publicação, e começou a produzir seus próprios gibis. Foi assim que, em 1957, sob opseudônimo “Capitão Fantasma”, Zuca lançou, em edição mimeografada, Cadeira de bronze, o primeiro dos mais de 300livretos produzidos pela sua “gráfica” – que, não por acaso, chama-se Gralha – e enviados por correio a um restrito círculode amigos. Anárquico, satírico, irreverente e delirante, Zuca Sardan transita entre diferentes gêneros literários, como apoesia, a prosa, a fábula e a dramaturgia – além de seus trabalhos marcadamente visuais, como caricaturas e colagens. Emseus livretos é possível identificar referências tão diversas como Mallarmé, Apollinaire e Max Ernst, tangos argentinos ejogos de azar, fábulas e o mundo do circo – mistura que resulta em uma obra transgressora, experimental e vanguardista.Editar um livro já existente – ainda que sua edição primeira seja “caseira” – mostrou-se um verdadeiro desafio. Nestacomunicação, descrevo o trajeto percorrido e as decisões editoriais tomadas ao longo deste processo, bem como o produtofinal de minha monografia. Palavras Chaves: Edição de Poesia; Edição Independente; Livro-objeto.

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