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Idylla Silva Tavares

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Idylla Silva Tavares

OBTENÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE NANOPARTÍCULAS DE QUITOSANA

Dissertação apresentada a Universidade Federal do

Rio Grande do Norte, como parte integrante das

exigências do Programa de Pós-graduação em

Química, para obtenção do título de Mestre.

Orientador: Prof. Dr. José Luís Cardozo Fonseca

Co-orientadora: Dra Ana Luiza Porpino Fernandes

Caroni

NATAL

2011

Page 3: Idylla Silva Tavares

Divisão de Serviços Técnicos

Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial de Química

Tavares, Idylla Silva.

Obtenção e caracterização de nanopartículas de quitosana / Idylla Silva Tavares. Natal,

RN, 2011

54 f.

Orientador: José Luís Cardozo Fonseca

Co-Orientadora: . Ana Luiza Porpino Fernandes Caroni.

.

Dissertação (Mestrado em Química) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Centro de Ciências Exatas e da Terra. Programa de Pós-Graduação em Química.

1. Quitosana – Dissertação. 2. Potencial Zeta – Dissertação. 3. SAXS – Dissertação. 4.

Nanopartículas – Dissertação. 5. Coacervação – Dissertação. I. Fonseca José Luís Cardozo.

II.Caroni, Ana Luiza Porpino Fernandes. III. Universidade Federal do Rio Grande do

Norte. III. Título.

RN/UFRN/BSE- Química CDU 547.995(043.3)

Page 4: Idylla Silva Tavares
Page 5: Idylla Silva Tavares

A Deus, meus familiares e aos

meus amigos...

companheiros de todas as horas...

Page 6: Idylla Silva Tavares

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus.

Aos meus pais, familiares e amigos, pelo carinho e apoio.

Ao meu orientador Prof. Dr. José Luis Cardozo Fonseca pela orientação, dedicação e

principalmente pela compreensão e paciência que teve comigo no decorrer desse trabalho.

A minha co-orientadora Dra. Ana Luiza Porpino Fernandes Caroni, que além de me

orientar, me ajudou e incentivou a construir esse trabalho.

Aos meus colegas do Laboratório de Membranas e Colóides (LAMECO) que muito

me ajudaram e ao Núcleo em Pesquisa de Petróleo e Gás (NUPEG) pela permissão ao uso de

seus equipamentos.

Aos meus colegas do Ministério da Saúde pelo companheirismo e compreensão nos

momentos de ausência ao trabalho.

Page 7: Idylla Silva Tavares

RESUMO

Nanopartículas de quitosana têm sido utilizadas em vários sistemas destinados a

liberação controlada de fármacos. O objetivo desse trabalho foi a obtenção e caracterização de

nanopartículas de quitosana através do método de coacervação/precipitação utilizando o

sulfato de sódio em diferentes concentrações como agente reticulante. A caracterização foi

feita utilizando potencial zeta e espalhamento de pequenos ângulos, SAXS. As dispersões de

quitosana foram obtidas a pH=1 e pH=3. Os resultados do potencial zeta variaram no pH = 1

de +64,8 a +29,27 mV e no pH = 3 de +72,4 a +23,48 mV, indicando que a cadeia de

quitosana fica carregada positivamente em pH ácido e que comportamento das nanopartículas

em termos de carga superficial foi independente do pH. Entretanto, os resultados indicaram

dependência do tamanho de partícula em relação ao pH. Essa diferença em termos de

comportamento foi explicada pela influência dos componentes entálpicos e entrópicos.

Palavras-chave: Quitosana. Potencial Zeta. SAXS. Nanopartículas. Coacervação.

Page 8: Idylla Silva Tavares

ABSTRACT

Chitosan nanoparticles have been used in several systems for the controlled release of

drugs. The aim of this study was to obtain and characterize chitosan nanoparticles prepared by

the method of coacervation / precipitation using sodium sulfate at different concentrations as

the crosslinking agent. The characterization was done using zeta potential and small angle X-

ray scattering, SAXS. The dispersions of chitosan were obtained at pH 1 and pH = 3. The

results of zeta potential at pH = 1 ranged from +64.8 to +29.27 mV and for pH = 3 they varied

from +72.4 to +23.48 mV, indicating that the chain of chitosan is positively charged in acidic

pH and the behavior of nanoparticles in terms of surface charge was independent of pH.

However, the results indicated a dependence of particle size in relation to pH. This difference

in behavior was explained by the influence of enthalpic and entropic components.

Keywords: Chitosan. Zeta Potential. SAXS. Nanoparticles. Coacervation.

Page 9: Idylla Silva Tavares

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Estrutura básica da quitina e quitosana. Se m ≥ 40%, será quitosana;

se m < 40%, será quitina..................................................................................................

14

Figura 2: Relação entre pH da solução e solubilidade da quitosana...................... 15

Figura 3: Método de coacervação/precipitação...................................................... 21

Figura 4: Potencial Zeta.......................................................................................... 24

Figura 5: Esquema do SAXS ................................................................................. 26

Figura 6: Raio de Giração em função de I(q) ........................................................ 33

Figura 7: Processo de obtenção das nanopartículas ............................................... 34

Figura 8: Análise do potencial zeta até 4h: a) Solução de quitosana em pH = 1 e

b) pH=3 ..................................................................................................

36

Figura 9: Potencial zeta das 2 soluções de quitosana após 4h................................ 38

Figura 10: Efeito entálpico e entrópico..................................................................... 39

Figura 11: Raio de Giração representado por Rg.................................................... 41

Figura 12: Espalhamento da função de I(q) em função do espalhamento do vetor

q. a) pH 1: quadrado, rsa = 2,0; círculos , rsa = 1,8; triângulo para baixo

rsa = 1,6; triângulo para cima , rsa = 0,08. b) pH 3: quadrado, rsa = 1,0;

círculos , rsa = 0,8; triângulo para baixo rsa = 0,6; triângulo para cima,

rsa = 0,01..................................................................................................

42

Figura 13: Análise do tamanho de partícula pelo SAXS: a) pH = 1 e b) pH= 3...... 43

Figura 14: Frasco da esquerda nanopartículas colapsadas (turbidez) e da direita

em solução...............................................................................................

44

Figura 15 Comportamento do raio de giração com o aumento da concentração do

Na2SO4 ...................................................................................................

46

Tabela 1: Parâmetros do ZetaPlus .......................................................................... 33

Page 10: Idylla Silva Tavares

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

PLA Poli (ácido lático)

PLGA Poli (ácido glicolático)

PCL Poli(caprolactona)

PEO Poli (óxido de etileno)

PPO Poli (óxido de propileno)

TPP Tripoli (fosfato de sódio)

Page 11: Idylla Silva Tavares

LISTAS DE SÍM BOLOS

ζ Potencial Zeta

θ Metade do ângulo de espalhamento

λ Comprimento de onda da radiação espalhada

mq Massa de quitosana purificada

mc Massa de quitosana constante

TS Teor de sólidos

mq Massa de quitosana

xD Grau de desacetilação

MD Massa molar da quitosana desacetilada

MA Massa molar da quitosana acetilada

I(q) Intensidade de espalhamento

n Densidade numérica de partículas

q Vetor de espalhamento

P(q) Fator de forma da partícula

S(q) Função de interferência entre partículas

Rg Raio de giração

α Fração de grupamentos amino protonados

Page 12: Idylla Silva Tavares

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 12

2 OBJETIVOS ............................................................................................... 13

2.1 OBJETIVOS GERAIS ................................................................................. 13

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ....................................................................... 13

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................. 14

3.1 QUITOSANA .............................................................................................. 14

3.2 AÇÕES FARMACOLÓGICAS DA QUITOSANA ................................... 16

3.3 OBTENÇÃO DE SISTEMAS PARTÍCULADOS DE QUITOSANA ....... 19

4 TÉCNICAS ................................................................................................. 24

4.1 POTENCIAL ZETA .................................................................................... 24

4.2 SAXS (ESPALHAMENTO DE RAIOS-X A BAIXOS ÂNGULOS).….. 26

5 METODOLOGIA ……………………………………………………….. 28

5.1 MATERIAIS ……………………………………………………………… 28

5.2 PURIFICAÇÃO DA QUITOSANA ……………………………………… 28

5.3 CARACTERIZAÇÃO DA QUITOSANA ……………………………….. 28

5.4 OBTENÇÃO DE NANOPÁRTÍCULAS DE QUITOSANA ...................... 29

5.5 PREPARAÇÃO DA SOLUÇÃO DE QUITOSANA................................... 29

5.6 PREPARAÇÃO DAS SOLUÇÕES DE Na2SO4 ......................................... 29

5.7 CARACTERIZAÇÃO DAS NANOPARTÍCULAS DE QUITOSANA .... 31

5.7.1 Potencial Zeta ……………………………………………………………. 31

5.7.2 SAXS ……………………………………………...………………………. 32

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO ………………………………………... 34

6.1 OBTENÇÃO DAS NANOPARTÍCULAS ……………………………….. 34

6.2 ANÁLISE DO POTENCIAL ZETA ……………………………………... 35

6.3 ANÁLISE DO TAMANHO DE PARTÍCULA ........................................... 40

Page 13: Idylla Silva Tavares

7 CONCLUSÃO ............................................................................................ 47

REFERÊNCIAS ......................................................................................... 48

Page 14: Idylla Silva Tavares

12

1 INTRODUÇÃO

A nanotecnologia é frequentemente aplicada na indústria têxtil, agricultura,

eletrônicos, ciências forenses, indústria farmacêutica, dentre outros. Na indústria

farmacêutica, as nanopartículas são utilizadas como sistemas de liberação controlada de

fármacos e no desenvolvimento de tratamentos para uma variedade de doenças, como câncer,

AIDS, diabetes, malária e tuberculose. 1

As nanopartículas podem ser compostas por polímeros naturais, sintéticos ou semi-

sintéticos. Polímeros biodegradáveis têm sido estudados nas últimas duas décadas para a

fabricação de medicamentos por serem estáveis no sangue, por apresentarem baixa toxicidade,

não atuarem como agentes trombogênicos, imunogênicos, inflamatórios e nem como

ativadores de neutrófilos. São veículos adequados para várias substâncias, proteínas,

peptídeos e ácidos nucléicos. Os polímeros naturais não são amplamente utilizados (proteínas

e polissacarídeos), pois variam no grau de pureza e frequentemente requerem reticulação, um

processo de ligação covalente das cadeias poliméricas, o que pode desnaturar o fármaco

incorporado. Consequentemente os polímeros sintéticos, como poli ácido lático (PLA) e poli

(ácido glicolático) (PLGA), têm recebido mais atenção nessa área. Eles são reabsorvidos por

vias naturais e podem ser manipulados para melhorar a liberação do fármaco ou seu tempo de

ação.2-4

Os polímeros mais estudados e aprovados pelo FDA para administração em humanos

são: poli ácido lático (PLA), poli (ácido glicolático) (PLGA), policaprolactona (PCL),

quitosana, gelatina e poli (acril-cianacrilato). 2, 5

A quitosana tem sido extensamente estudada pela indústria farmacêutica por ser um

polímero biodegradável, não ser tóxica, ser carregada positivamente e ter propriedades

mucoadesivas. A quitosana tem sido de muito interesse no encapsulamento de fármacos

devido a sua biocompatibilidade. Os benefícios desse encapsulamento na matriz polimérica

são proteção do fármaco do meio e sua capacidade de liberação controlada. 6-8

Page 15: Idylla Silva Tavares

13

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVOS GERAIS

O objetivo desse trabalho foi à obtenção e a caracterização de nanopartículas de

quitosana com potencial de utilização em sistemas de liberação controlada de fármacos,

estudando a influência do grau de reticulação iônica dos sistemas particulados obtidos e a

caracterização da dispersão resultante.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Análise do potencial zeta e do tamanho das nanopartículas de quitosana obtidas a

partir da reticulação iônica da quitosana com sulfato de sódio em diferentes

concentrações, de acordo com a razão sulfato/amino, sar .

Caracterizar os processos de obtenção das nanopartículas como processos dirigidos

por componentes entálpicos e entrópicos.

Page 16: Idylla Silva Tavares

14

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 QUITOSANA

A história da quitosana remonta ao século 19, quando Rouget discutia as formas da

desacetilação de um polímero natural denominado quitina em 1859. Durante as últimas duas

décadas, uma grande quantidade de trabalho tem se reportado à quitosana e sua potencial

utilização nas bioaplicações. 9

A quitosana é um polissacarídeo semi-sintético formado por copolímeros de

glucosamina (2-amino-2-desoxi-d-glucose) e N-acetilglucosamina (2-acetamido-2-desoxi-d-

glucose) unidos por ligações glicosídicas do tipo β(1→4), conforme Figura 1. Após a

purificação, a quitosana apresenta uma rígida estrutura cristalina com ligações de hidrogênio

intra e inter-molecular. A quitosana é conhecida por outros nomes como poliglusam, quitina

desacetilada e poli-d-glucosamina. O termo quitosana se refere a um grande número de

polímeros, os quais diferem do grau de N-desacetilação (40-98%), massa molecular (50 kD –

2.000 kDa) e viscosidade (solução de quitosana 1% dissolvida em ácido acético 1%, <2000

mPaS). 5, 6

Figura1 - Estrutura básica da quitina e quitosana. Se m ≥ 40%, será quitosana; se m < 40%, será quitina.

Fonte: Própria

A quitosana pode ser encontrada na parede celular de alguns fungos como Mucorales

strains, entretanto é mais comumente obtida pela desacetilação parcial da quitina em

condições alcalinas ou por hidrólise enzimática na presença da quitina desacetilase. Seu

principal precursor, a quitina, é o mais abundante polissacarídeo natural depois da celulose, e

por possuir estrutura semelhante a esta, não é digerida pelas enzimas do trato gastrointestinal

humano, apenas pode ser susceptível a hidrólise por enzimas microbianas do cólon. A quitina

Page 17: Idylla Silva Tavares

15

ocorre na natureza como microfibrilas cristalinas ordenadas formando componentes

estruturais do exoesqueleto de artrópodes ou paredes celulares de fungos e leveduras. 10-12

Apesar de quimicamente semelhantes, quitina e quitosana são diferentes no grau de

desacetilação, o que modifica suas propriedades físico-químicas, biológicas, biomédicas,

dentre outras. Para alguns autores, o termo quitosana significa que o grau de desacetilação é

igual ou maior que 0,5, ou seja, ocorre a predominância de grupos 2-amino-2-desoxi-d-

glucose, enquanto a quitina contém maior proporção de 2-acetamido-2-desoxi-d-glucose. Para

outros, o grau de desacetilação da quitosana é igual ou maior que 0,7. 5, 13

Essa diferença no grau de desacetilação é facilmente observada na solubilidade. A

quitina é insolúvel em água e na maioria dos solventes orgânicos e a quitosana consegue ser

solúvel em ácidos fracos, como o ácido acético e ácido fórmico. Essa solubilidade em pH

menor que 6,5 ocorre devido à protonação do grupamento amino (NH2) em amínio (NH3+),

que é solúvel. O grau de desacetilação pode ser medido por várias técnicas como

infravermelho e ressonância magnética, para a quitina; e titulações potenciométricas e

condutimétrica, ressonância magnética, infravermelho e ultravioleta para a quitosana. A

Figura 2 mostra a relação entre o pH da solução e a solubilidade da quitosana.14-20

Figura 2- Relação entre pH da solução e solubilidade da quitosana

Fonte: Própria

Diferentes graus de desacetilação influenciam a conformação da molécula de

quitosana em solução aquosa, levando por sua vez, a uma variação na viscosidade. Com alto

grau de desacetilação, a cadeia fica mais expandida, pois ocorre repulsão entre as cargas das

moléculas, aumentando a viscosidade. O contrário acontece quando o grau de desacetilação é

baixo, pois diminui a densidade da carga e o polímero fica mais enovelado.21

A quitosana é uma base fraca, com pKa que varia de 6,2 a 7,0 e insolúvel em pH

neutro e alcalino. Entretanto, forma sais com ácidos orgânicos ou inorgânicos, pois os grupos

amino do polímero são protonados resultando em um polissacarídeo solúvel carregado

Page 18: Idylla Silva Tavares

16

positivamente. Seus sais são solúveis em água dependendo do grau de desacetilação e do pH

da solução. Se o percentual de desacetilação for baixo (<40%), são solúveis até pH 9,

enquanto que as com alto grau de desacetilação (>85%) são solúveis apenas até pH 6,5.6, 22

3.2 AÇÕES FARMACOLÓGICAS DA QUITOSANA

Nos últimos anos, a quitosana tem sido introduzida como material de suplemento

nutricional, especialmente para a perda de peso e “agente redutor de colesterol”. O

mecanismo sugerido tem sido do efeito da quitosana no transporte de lipídios no intestino,

onde ácidos graxos livres, colesterol, sais biliares e outros componentes formam micelas que

compreende etapa essencial no processo de absorção dessas gorduras. Aparentemente a

quitosana carregada positivamente consegue unir os ácidos graxos livres e sais biliares e,

portanto, limitar a absorção desses lipídios. 23

Alguns estudos têm demonstrado que a quitosana tem sido eficaz no tratamento de

hemorragias e utilizada como componente em ataduras. A carga positiva dos grupos amino

interage com as membranas dos eritrócitos e plaquetas carregadas negativamente, ativando a

cascata de coagulação. 5

Desde 1970, estudos reportam a quitina e a quitosana como agentes aceleradores de

cicatrização, por induzirem a formação de fibras de colágeno. Outros estudos também

demonstraram que a quitina aumenta a síntese de colágeno do tipo I, III e IV e que a quitina e

quitosana estimulam a síntese de colágeno medindo a atividade da enzima prolihidroxilase,

atividade necessária para a síntese de colágeno em ratos. 24

Devido ao fato da quitosana ter alta massa molar, carga positiva e demonstrar

habilidade de formar filmes e géis, ela tem sido extensamente utilizada na indústria química,

principalmente como agente floculante na clarificação das águas residuais e agente quelante

de metais pesados para desintoxicação de resíduos nocivos. Os metais pesados que são mais

comumente adsorvidos são Cu²+, Zn²

+, Ni²

+, Cd²

+ e Pb²

+. Estudos têm revelado que o Cu²

+ é o

metal com maior capacidade de ser adsorvido pela quitosana, enquanto o Ni²+ tem a menor

capacidade de adsorção. Ligações cruzadas ou substituições na cadeia da quitosana levam a

um significativo decréscimo na capacidade de adsorção. Existe a possibilidade de aumentar a

eficiência de adsorção através da complexação da quitosana com agentes que contém grupos

como hidroxila (OH), carboxila (COOH) e amino (NH2). Um exemplo disso é o aumento em

duas vezes, na adsorção do Pb²+ quando a quitosana é ligada a poliacrilamida.

6, 10

Page 19: Idylla Silva Tavares

17

Uma variedade de outros efeitos podem ser atribuídos a quitosana como ação anti-

ulcerosa, antimicrobiana, antitumoral, protetora renal, “modificação imunológica” e ações

osteogênicas, uso na “engenharia de tecidos” como bio-suporte para permitir o crescimento da

pele e dos ossos. 6

A quitosana tem sido produto de escolha no desenvolvimento de fármacos de liberação

controlada. Sua capacidade de ficar carregada positivamente faz com que tenha característica

mucoadesiva, permitindo um aumento no tempo residual do fármaco no local de absorção. É

um polímero compatível com tecidos vivos, uma vez que não causa reações alérgicas e

rejeição no ser humano. A quitosana é degradada a metabólitos (amino açúcares) que são

completamente absorvidos pelo corpo humano. 25

A incorporação de fármacos nos sistemas particulados pode ser feita durante a

obtenção das partículas ou depois de sua formação, ficando o fármaco adsorvido na matriz ou

na superfície da partícula. Os fármacos hidrossolúveis são geralmente misturados em solução

de quitosana para formar uma mistura homogênea, e em seguida as nanopartículas são

obtidas, enquanto que os lipossolúveis precisam ser incubados em partículas pré-formadas

para que a incorporação ocorra de forma eficiente. Foi incorporarada tetraciclina pelos dois

métodos anteriormente citados. Observou-se que quando o fármaco foi adicionado à solução

de quitosana, apenas 8% do fármaco foi incorporado, enquanto que quando adicionado a

partículas pré-formadas, obteve-se 69% de eficiência.26, 27

Várias aplicações terapêuticas têm se desenvolvidas para a liberação controlada de

fármacos em sistemas nanoparticulados, principalmente, para administração parenteral, oral e

oftálmica. 22, 28

Uma das áreas mais promissoras na utilização das nanopartículas é a administração

parenteral. A biodistribuição das nanopartículas varia de acordo com o tamanho, carga

superficial e hidrofobicidade das partículas administradas. Partículas maiores que 100 nm de

diâmetro são rapidamente removidas pelas células de defesa presentes no fígado, baço,

pulmões e medula óssea; enquanto partículas menores permanecem mais tempo na corrente

sanguínea. Essas células de defesa reconhecem partículas sólidas como corpos estranhos ao

organismo humano e as destrói. Partículas carregadas negativamente são mais rapidamente

eliminadas do que partículas neutras ou de carga positiva. E por último, opsoninas (proteínas

séricas que se ligam ao substrato para que seja eliminado pelo sistema retículoendotelial)

preferem superfícies hidrofóbicas à hidrofílicas. As nanopartículas de quitosana são de

escolha para administração parenteral porque tem capacidade de formar partículas menores

que 100 nm, são carregadas positivamente e apresentam superfícies hidrofílicas. 29

Page 20: Idylla Silva Tavares

18

A vetorização de fármacos anticancerígenos em nanopartículas de quitosana exibe

uma tendência de se acumular nos tumores devido à propriedade mucoadesiva da quitosana e

pela capacidade de penetração nos vasos tumorais. 30

As nanopartículas oferecem efeito adjuvante na liberação parenteral de vacinas. O seu

tamanho permite que sejam captadas pelas células linfáticas presente nas mucosas iniciando

uma vigorosa resposta imunológica. Existem duas vias de administração para vacinas de

liberação de mucosas, oral e nasal. O principal alvo da liberação oral são os nódulos do tecido

linfático encontrados no intestino, denominadas placas de Peyer. Os sistemas

nanoparticulados protegem as vacinas contra degradação enzimática e são captados

efetivamente pelas células de defesa. Em contraste com a administração oral, as vacinas

administradas pela mucosa nasal são transportadas por pequenas distâncias, permanecendo

por apenas quinze minutos, e não são expostas a valores baixos de pH e degradação

enzimática. Entre os polímeros utilizados, a quitosana é o polímero mais recentemente

explorado como carreador de vacinas, pois melhora a resposta imunológica das mucosas

através da ativação das células de defesa e melhora o transporte dos fármacos através das

mucosas. 31

Com relação à administração oral de nanopartículas, as pesquisas têm sido

direcionadas especialmente à: a) diminuição dos efeitos colaterais de certos fármacos,

destacando-se os antiinflamatórios não-esteróides (diclofenaco, indometacina), os quais

causam frequentemente irritação à mucosa gastrintestinal e b) proteção de fármacos

degradáveis no trato gastrointestinal, como peptídeos, proteínas e hormônios, aumentando a

biodisponibilidade dos mesmos. Além da atividade enzimática, a camada mucosa e a barreira

epitelial do trato gastrointestinal são as principais barreiras que impedem a absorção do

fármaco. Uma das maneiras de vencer essa barreira é limitar o tamanho dessas partículas em

500 nm, permitindo assim a passagem pelo mecanismo de endocitose. As propriedades

mucoadesivas da quitosana, ou seja, a interação entre a carga positiva da quitosana e a

negativa do ácido siálico da mucina, substância liberada pelas mucosas, promove um

prolongamento no tempo de contato do fármaco com a superfície absortiva, promovendo

então a sua absorção pelas mucosas. 29, 30

Embora substâncias hidrofóbicas passem com mais facilidade pela barreira epitelial, já

que esta é formada por uma dupla camada lipídica, as substâncias hidrofílicas também

conseguem. A habilidade de melhorar o transporte de substâncias hidrofílicas pela mucosa

epitelial depende da composição química e da massa molar da quitosana. O aumento no grau

de desacetilação e a alta massa aumentam a permeabilidade epitelial. 29

Page 21: Idylla Silva Tavares

19

Outras mucosas, como a pulmonar e a nasal, são rotas promissoras na liberação de

peptídeos e proteínas uma vez que tem grandes áreas de superfícies e menores degradações

enzimáticas intra e extracelular. Portanto, não é necessária proteção contra degradação

enzimática nessas formulações. Alguns estudos têm demonstrado que a insulina incorporada

às nanopartículas de quitosana, é melhor absorvida em ratos e ovelhas. 29, 32

Outro grande interesse nas nanopartículas de quitosana é a sua administração

oftálmica, visando o controle da liberação, o aumento da biodisponibilidade ocular e/ou a

diminuição dos efeitos colaterais devido à absorção de certos fármacos. Foi investigado o

potencial das nanopartículas de quitosana como veículo para melhorar a liberação de

fármacos na mucosa ocular. O resultado do prolongado tempo de permanência das

nanopartículas ocasiona diminuição da eliminação quando comparada com formulações

convencionais, melhorando assim a biodisponibilidade dos fármacos. Foi incorporada a

ciclosporina A, um agente imunossupressor, nas nanopartículas de quitosana através do

método da gelificação iônica, que será explicado posteriormente. Estudos in vitro

demonstraram uma liberação rápida na primeira hora seguida de uma liberação gradual

durante 24 horas. Os experimentos em coelhos mostraram que após a aplicação tópica, a

concentração da droga nos tecidos externos como córnea e conjuntiva, atingiram os níveis

terapêuticos; enquanto que nas estruturas oculares internas como íris, corpo ciliar e humor

aquoso, e no sangue e no plasma, as concentrações foram insignificantes. Isso indica que as

nanopartículas de quitosana podem ser utilizadas como veículos para melhorar ação de

fármacos para a aplicação extraocular. 30, 33

3.3 OBTENÇÃO DE SISTEMAS PARTICULADOS DE QUITOSANA

Diferentes métodos têm sido utilizados na preparação de sistemas particulados de

quitosana. A seleção do método depende de fatores como a exigência do tamanho da

partícula, estabilidade térmica e química da substância ativa, reprodutibilidade dos perfis

cinéticos, estabilidade e toxicidade do produto final. As preparações das nanopartículas de

quitosana têm sido desenvolvidas baseadas nas tecnologias de obtenção de micropartículas. 25

A gelificação iônica é baseada na interação eletrostática entre o grupamento amino da

quitosana e as cargas negativas do poliânion formando um líquido-gel. É uma técnica simples

e requer pouco tempo. Essa técnica tem sido de interesse pelo fato de formar ligações

eletrostáticas reversíveis evitando possível toxicidade de reagentes ou outros efeitos

indesejáveis. A quitosana é dissolvida em ácido na presença ou ausência de estabilizador, para

Page 22: Idylla Silva Tavares

20

que ocorra a protonação do grupo amina e à ela, é adicionada gota a gota de uma solução de

poliânion sob agitação constante à temperatura ambiente. Devido a complexação das cargas

opostas, a quitosana sofre gelificação iônica e precipita formando partículas esféricas. O

tamanho e a carga superficial das partículas podem ser modificados pela variação da

concentração da quitosana ou do estabilizador. Apesar de atualmente ser o método mais

descrito na literatura, essa técnica tem uso limitado para liberação controlada de fármacos

pois as partículas apresentam baixa resistência mecânica. 2, 29, 34

Essa técnica foi utilizada preparando uma solução de quitosana dissolvida em ácido

acético 1% junto com copolímero de poli (óxido de etileno), PEO e poli (óxido de propileno),

PPO, e outra contendo tripolifosfato de sódio, TPP. A vantagem dessa técnica é que não

utiliza glutaraldeído, um agente reticulante altamente tóxico, a incorporação do PEO melhora

a compatibilidade sanguínea e é compatível com a adsorção de proteínas. Nanopartículas de

quitosana foram preparadas com tripolifosfato incorporadas com insulina e doxorrubicina

foram incorporadas em nanopartículas complexadas com sulfato de dextrano. 35-37

Complexação polieletrolítica são complexos formados pela neutralização entre a carga

positiva do polímero de quitosana e um outro composto de carga oposta. Estudos de obtenção

de partículas através da complexação polieletrolítica da solução de quitosana em ácido acético

2% com uma solução de poli (ácido metacrílico). Foi observado que o aumento do peso

molecular do poli (ácido metacrílico) aumentou a solubilidade com complexo devido a

presença do grupamento carboxila, e que o aumento da força iônica tem dois efeitos na

formação desses complexos. À baixas concentrações, a formação desses complexos é

favorecida devido a diminuição da densidade das moléculas polieletrolítica (aumento da

densidade da carga de superfície); e à altas concentrações, a formação dos complexos é

inibida pela atração eletrostática entre o COO- e NH3

+.

38, 39

A coacervação/precipitação pode ser utilizada por duas técnicas. A primeira utiliza a

propriedade da quitosana de ser insolúvel em pH alcalino. As partículas são produzidas pela

adição de solução alcalina como NaOH, NaOH/metanol ou etanodiamida na solução da

quitosana através de um bico de ar comprimido formando gotículas. O tamanho das partículas

varia com a pressão do ar ou com o diâmetro do bico de pulverização. 40

A segunda técnica, consiste na adição de um sal e solução ácida de quitosana contendo

surfactante, sob agitação constante. Eles prepararam uma solução aquosa de quitosana em

ácido acético contendo polissobato 80 e a essa solução, foi adicionada uma solução de sulfato

de sódio, gota-a-gota, sob agitação constante e ultrasom. A formação das partículas foi

demonstrada pela turbidez, indicando que o ânion sulfato reagiu com a amina protonada da

Page 23: Idylla Silva Tavares

21

quitosana, precipitando-a, como mostra a Figura 3. O método descrito apresenta vantagens

como simplicidade, uma vez que não utiliza equipamentos complexos, não utiliza solventes

orgânicos, são necessárias poucas etapas de purificação e alta capacidade de incorporação de

fármacos associada a liberação sustentada deles. Estudos com Interleucina Humana 2 (IL-2) e

DNA demonstraram a formação da partícula sem a necessidade de um agente reticulante. 7, 41

Figura 3- Método de coacervação/precipitação

Fonte: Própria

As nanopartículas são formadas espontaneamente depois da adição da solução de

DNA na solução de ácido acético dissolvido, sob agitação mecânica à temperatura ambiente.

O tamanho dos complexos pode variar de 50 a 700 nm. Essa mesma técnica foi utilizada

através da interação eletrostática entre a carga positiva da quitosana e a carga negativa do

sulfato de dextrana, junto com o sulfato de zinco atuando como agente reticulante. 42, 43

Método de emulsificação/difusão do solvente é baseado na miscibilidade parcial do

solvente orgânico em água. Uma emulsão óleo/água é obtida pela injeção de fase orgânica na

solução de quitosana contendo estabilizador sob agitação mecânica, seguida de uma

homogeneização de alta pressão. A emulsão é diluída em grande quantidade de água para

superar a miscibilidade do solvente em água. A precipitação do solvente ocorre como

resultado da difusão do solvente orgânico para água, levando a formação das nanopartículas.

O método é adequado para substâncias hidrofóbicas e apresenta alto percentual de

incorporação. Os maiores inconvenientes desses métodos incluem condições severas de

processamento, como uso de solventes orgânicos, e altas força de cisalhamento durante a

preparação das nanopartículas. 29

O método de emulsão reticulação consiste na ligação cruzada do grupo amino da

quitosana com o grupo funcional aldeído do agente reticulante que pode ser o glutaraldeído ou

Page 24: Idylla Silva Tavares

22

o formaldeído. A quitosana em solução aquosa é colocada em grande volume de uma fase

oleosa onde será formada a emulsão. O agente reticulante é adicionado e sob agitação as

partículas são formadas. O tamanho da partícula vai depender da extensão da ligação e da

velocidade de agitação. O uso desse método envolve alguns inconvenientes como a

possibilidade de reações químicas com o fármaco e a dificuldade de retirada do agente

reticulante remanescente. Esse método foi utilizado na preparação de microesferas de

quitosana adsorvida com pentazocina. Os parâmetros de formulação como liberação do

fármaco, concentração do polímero, velocidade de agitação durante a reticulação e a fase

oleosa, foram modificados para melhorar o desempenho do fármaco. Estudos in vivo

indicaram uma melhora na biodisponibilidade da pentazocina. Outros fármacos como

diclofenaco sódico, fenobarbital e 5-fluoruracil também já foram incorporados por esse

método. 24, 44, 45

Um novo método de coalescência foi desenvolvido utilizando a combinação dos

métodos de emulsão-reticulação e de precipitação. Nesse método, ao invés da reticulação das

gotas, a precipitação é induzida permitindo a coalescência das gotas de quitosana com as

gotas de NaOH. Primeiramente são preparadas duas emulsões estáveis, uma contendo solução

aquosa de quitosana e fármaco e outra de solução aquosa quitosana com NaOH. As duas são

misturadas sob alta velocidade de agitação. As gotas de cada uma das emulsões colidem, se

agregam e formam partículas pequenas.46

O método da microemulsão é baseado na formação de nanopartículas de quitosana no

núcleo das micelas reversas e subseqüente reticulação com glutaraldeído. Nesse método, o

surfactante foi dissolvido no n-hexano. Em seguida a quitosana em solução de ácido acético

junto com o glutaraldeído são adicionados na mistura do surfactante/hexano sob agitação

constante à temperatura ambiente. Nanopartículas são formadas na presença do surfactante. O

sistema foi agitado por um tempo para que o processo de reticulação fosse completo, para que

o grupo amino livre da quitosana conjugasse com o glutaraldeído. O solvente orgânico é então

removido por evaporação sob pressão reduzida. O excesso do surfactante foi precipitado com

o cloreto de cálcio (CaCl2) e removido por centrifugação. A suspensão das nanopartículas foi

dialisada antes da liofilização. Essa técnica oferece estreito tamanho de distribuição menor

que 100 nm e o tamanho das nanopartículas pode ser controlado pela variação da

concentração do glutaraldeído. 29

A microemulsão reversa é uma combinação dos métodos de gelificação iônica e

reticulação obtendo tamanhos uniformes de nanopartículas consideravelmente menores que

esses métodos obteriam isoladamente. O material utilizado foi água, Triton X-100 (surfactante

Page 25: Idylla Silva Tavares

23

não-iônico), octanol (co-surfactante) e ciclohexano (fase oleosa). Esse processo é constituído

pela quitosana solubilizada em água formando gotículas dispersas em uma fase contínua de

óleo estabilizadas por surfactantes. Essas gotículas atuam como microreatores na formação de

partículas ultrafinas, inibem a excessiva agregação das nanopartículas e formam um meio de

reação confinada que controla a forma e o tamanho delas. 29

No método de peneiramento as partículas são preparadas pela dissolução da quitosana

em solução de ácido acético a 4% formando uma espessa massa gelatinosa que é então

reticulada pela adição de glutaraldeído. Essa massa passa por uma peneira formando as

partículas que são lavadas com NaOH 0,1 N para remover o excesso de glutaraldeído e são

secas por 12 horas em uma estufa a 40ºC. 25

A formação de sistemas particulados de quitosana também pode ocorrer por uma

técnica conhecida por spray-drying. Ela se baseia na secagem de partículas por um fluxo de ar

quente. É bastante conhecida por produzir pó, grânulos ou aglomerados a partir da mistura de

soluções ou suspensões de drogas e excipientes. A quitosana dissolvida em ácido acético é

adicionada a substância a ser incorporada e o agente reticulante. Em seguida é introduzido um

fluxo de ar quente formando pequenas gotas. O tamanho das partículas depende da vazão do

bico, da pressão, temperatura do ar e extensão da ligação. Substâncias como cimetidina,

metoclopramida, vitamina D2 e ampicilina já foram incorporadas por essa técnica. 25, 47, 48

Page 26: Idylla Silva Tavares

24

4. TÉCNICAS

4.1 POTENCIAL ZETA

Quase todos os materiais macroscópicos ou particulados em contato com um líquido

adquirem uma carga elétrica em sua superfície. Essa carga pode aparecer pela dissociação de

grupos ionogênicos na superfície da partícula ou pela adsorção diferencial de íons da solução

na superfície da partícula. Assim, forma-se uma dupla camada elétrica na interface da

partícula com o líquido. Essa dupla camada divide-se em uma região interna, fortemente

ligada a superfície da partícula e uma externa onde a distribuição de íons é determinada pelo

equilíbrio entre forças eletrostáticas e movimento térmico. Em um campo elétrico, cada

partícula e os íons mais fortemente ligados, se movem como uma unidade, e o potencial

medido entre essa unidade e o meio circundante, local chamado de plano de cisalhamento, é

denominado potencial zeta. Seu valor está intimamente relacionado com a estabilidade da

suspensão e com a morfologia da superfície das partículas e é representado pela letra grega ζ.

A figura 4 ilustra o esquema do potencial zeta. 49

Figura 4-Potencial Zeta

Fonte: Collois Applications – Zeta Potential60

O potencial zeta de nanopartículas depende principalmente da natureza química do

polímero, do estabilizador e em alguns casos do pH do meio. Estudos sugerem que ele não

apresenta dependência com a natureza da substância ativa, com a concentração do polímero

ou do estabilizador.50

Page 27: Idylla Silva Tavares

25

Um exemplo da influência da natureza do polímero é quando nanopartículas são

preparadas a partir de polímeros de poliéster ou derivados de metacrilatos, usando

estabilizantes não-iônicos. Neste caso, valores negativos de potencial zeta são obtidos devido

a presença de grupos carboxila na parte terminal do polímero. Do mesmo modo, valores

positivos de potencial zeta são obtidos quando polímeros catiônicos e estabilizantes não-

iônicos são utilizados 50

Por outro lado, a interferência da natureza do estabilizador ocorre quando

nanopartículas são preparadas com polímeros carregados negativamente e estabilizantes

aniônicos. Neste caso, o potencial zeta adquire valores mais altos quando comparado aos não-

iônicos. O mesmo vale para os de carga positiva. Esse comportamento é devido à adsorção do

estabilizador na superfície das nanopartículas. 50

E por último, o potencial zeta pode depender do pH da dispersão independentemente

da natureza do estabilizador. A literatura não reporta valores específicos, pois na maioria das

vezes, ocorreu uma diluição da dispersão em água. No caso da quitosana, em alguns casos,

valores mais baixos de pH tornam a molécula mais protonada, ou seja, com maiores valores

de potencial zeta. 30

O potencial zeta está diretamente ligado à estabilidade dos colóides. Em módulo, um

valor de potencial zeta relativamente alto (em torno de 30 mV) é importante para uma boa

estabilidade físico-química da suspensão coloidal, pois grandes forças repulsivas tendem a

evitar a agregação em função das colisões ocasionais com partículas adjacentes. Variações na

concentração de sais, de íons (pH) e surfactante, podem variar o valor do potencial zeta. 35

A identificação do potencial zeta é útil na associação de fármacos às nanopartículas.

Um exemplo disso foi a determinação do potencial zeta de nanoesferas de poli(cianoacrilato

de butila) para inferir sobre o mecanismo de interação do fármaco, sulfato de amicacina com

o polímero. Foi verificado que quando esse fármaco era adicionado as nanopartículas de

forma crescente, a redução, em módulo, do potencial zeta foi concordante com o aumento da

taxa de associação do fármaco. Os autores sugeriram a ocorrência de uma interação

eletrostática entre o fármaco e o polímero. 28

4.2 SAXS (ESPALHAMENTO DE RAIOS-X A BAIXO ÂNGULO)

O SAXS é um método analítico que consiste no espalhamento elástico dos raios-X

(comprimento de onda 0,1... 0,2 nm) através de uma amostra, medindo a variação da

distribuição da densidade eletrônica. São registradas pequenas variações angulares (0,1-10°),

Page 28: Idylla Silva Tavares

26

as quais determinam a estrutura de sistemas particulados através da média do tamanho das

partículas ou de sua forma, do tamanho de poros, da distribuição e da razão entre superfície e

volume. Diferentemente de outros métodos que usam raios-X, o espalhamento a baixo ângulo

é útil para a determinação estrutural em baixa resolução para sistemas que não apresentem

ordem cristalina de longo alcance. 51

O SAXS mede a intensidade do espalhamento versus o vetor de espalhamento, q, que

é definido pela Equação 1:

4q sen

Eq. 1

onde θ é a metade do ângulo em que a radiação é espalhada e λ é o comprimento de onda da

radiação incidente.

Os componentes básicos do SAXS são: fonte de raios-X, sistema de colimação,

amostra, beam stop (anteparo para o feixe) e sistema de detecção. 52

A fonte irradia a amostra e o detector mede a radiação proveniente da amostra em um

determinado intervalo de ângulos, como mostra a Figura 5.52

Figura 5- Esquema do SAXS

Fonte: X-ray-Lab 61

O sistema de colimação faz com que o feixe de raios-X seja convergido a apenas um

ponto ou uma linha, definindo a posição do ângulo zero. Se não existir esse direcionamento,

Page 29: Idylla Silva Tavares

27

fica difícil distinguir entre a variação angular do espalhamento padrão da amostra e o feixe de

raios-X emitido. 52

O beam stop impede que a luz incida diretamente sobre detector, o que poderia ofuscar

o espalhamento da amostra que é relativamente fraco ou causar a destruição do detector. Essa

barreira pode ser constituída por materiais densos como chumbo ou tungstênio, que bloqueia

completamente a passagem do feixe; ou pode ser feita por um material transparente que

atenua a intensidade do feixe ficando segura para o detector. 52

Os materiais a serem analisados por esse equipamento podem ser sólidos ou líquidos e

eles podem conter domínios sólidos, líquidos ou gasosos (assim chamadas partículas) do

mesmo ou de outro material em qualquer combinação. Não apenas partículas, como também

lamelas e materiais com estrutura fractal. 51

O SAXS é um método exato, não destrutivo e normalmente requer o mínimo de

amostra. Essa metodologia pode ser aplicada a análise de colóides, metais, cimentos, óleos,

polímeros plásticos, proteínas e na indústria farmacêutica. 52

Page 30: Idylla Silva Tavares

28

5. METODOLOGIA

5.1. MATERIAIS

A quitosana (Polymar Ltda., Brasil) usada neste trabalho apresenta grau de

desacetilação médio de 88% (xD = 0,88) e massa molar média (Mv = 2,9 x 105 Daltons) foi

determinada pelo método de viscometria, utilizando a equação de Mark-Howink-Sakurada. O

ácido acético, HAc (P. A., Cromato Produtos Químicos Ltda., Brasil), o ácido clorídrico,

HCl (P. A., Cromato Produtos Químicos Ltda., Brasil), o sulfato de sódio, 2 4Na SO

(Cromoline Química Fina, LTDA, Brasil), e o hidróxido de sódio, NaOH (Cromoline

Química Fina, LTDA, Brasil), foram usados como recebidos. Em todos os experimentos, a

água utilizada sofreu dupla destilação e imediata utilização. 53

5.2. PURIFICAÇÃO DA QUITOSANA

As nanopartículas foram formadas a partir de quitosana (Polymar, Ltda, Brasil), a qual

sofreu um processo de purificação. Inicialmente neste processo, uma massa de quitosana foi

dissolvida em solução de ácido acético 20 g L-1

sob agitação, durante 24 horas, a uma

temperatura ambiente de (25 ± 2) ºC. Após este período, a solução foi filtrada com o objetivo

de eliminar resíduos sólidos derivados do processo de obtenção da quitosana (principalmente

impurezas e quitina insuficientemente desacetilada). Este procedimento foi realizado em duas

etapas: na primeira, foi utilizado um filtro com tela de nylon; e na segunda etapa, um filtro

Millex Millipore® com diâmetro de poros de 41 µm. À solução filtrada, um volume de

solução aquosa de NaOH 50 g L-1

, foi adicionado lentamente e sob agitação, provocando a

precipitação de toda a quitosana. O precipitado foi separado do sobrenadante por filtração

(filtro com tela de nylon) e, então, lavado com água (destilada e bidestilada) várias vezes até

pH neutro. Em seguida, foi submetido a uma secagem em estufa com circulação forçada de ar

a uma temperatura em torno de 40 ºC, obtendo-se a quitosana utilizada neste trabalho.

5.3. CARACTERIZAÇÃO DA QUITOSANA PURIFICADA

A caracterização da quitosana purificada foi feita através da análise do teor de sólidos.

O conteúdo de sólidos foi determinado através da pesagem exata de uma massa de quitosana

Page 31: Idylla Silva Tavares

29

purificada (mqp). Em seguida, esse material foi levado a uma estufa a 100 - 105 C até ser

alcançada uma massa constante (mc). O teor de sólidos (TS) foi calculado de acordo com a

seguinte equação:

100.mc

TSmqp

Eq. 2

5.4 PREPARAÇÃO DAS NANOPARTÍCULAS DE QUITOSANA

As nanopartículas foram obtidas através da adição de um volume fixo de solução de

Na2SO4 (2 4Na SOV = 100 mL em diferentes concentrações) à um volume fixo de solução de

quitosana (V = 100 mL e concentração fixa de 2,5 g L-1

), durante 4 horas, sob agitação

constante. Essa obtenção ocorreu de acordo com a metodologia originária do método de

coacervação/precipitação, que resultou na precipitação da quitosana na forma de

nanopartículas através da reticulação iônica do SO42-

com o grupamento amino protonado,

NH3+, presente na cadeia de quitosana. Essa metodologia foi descrita no Capítulo 3.

5.5 PREPARAÇÃO DA SOLUÇÃO DE QUITOSANA

Foram preparadas duas soluções com quitosana utilizando-se ácido acético 20 g L-1

(pH = 3) e ácido clorídrico 1,8 g L-1

(pH = 1), ambas sob agitação constante, durante 24 horas,

a fim de se obter soluções com concentração de 2,5 g L-1

.

5.6 PREPARAÇÃO DAS SOLUÇÕES DE Na2SO4

As soluções de Na2SO4 foram preparadas com água bidestilada e suas concentrações

determinadas de acordo com a razão entre os ânions sulfato originados do Na2SO4 e os grupos

amino da quitosana. Essa razão foi definida como sar :

4 2 4 2 4

2 42 . 2

.SO Na SO Na SO

sa

Na SO

n V Cr

nNH M nNH Eq.3

onde nNH2 é o número de mols de grupamentos amino na solução de quitosana e 2 4Na SOM é a

massa molar da solução de sulfato de sódio. O parâmetro rsa foi controlado pela variação da

Page 32: Idylla Silva Tavares

30

concentração da solução de Na2SO4, 2 4Na SOC . Para isso, a relação entre essa concentração e os

parâmetros relacionados precisam ser explicadas.

O número de mols de grupamento amino por massa de quitosana é dado pela equação:

2 2

. (1 )q q d a

nNH nNH xD

mq C V xD M xD M

Eq.4

onde qC é a concentração da solução de quitosana e

qV é o seu volume; xD é o grau de

desacetilação da quitosana, dM = 161,1558 g mol-1

é a massa molar da unidade desacetilada e

Ma = 203,1925 g mol-1

da unidade acetilada.

Substituindo as equações e reorganizando seus termos, temos que:

2 4

2 4

2 4

. .. (1 )

q q Na SO

Na SO sa

Na SO d a

C V M xDC r

V xD M xD M

Eq. 5

Substituindo os valores de 2 4Na SOM ,

2 4Na SOV , xD , qC , Vq , dM , aM resulta em

2 4

1( . ) 1,88.Na SO saC g L r Eq. 6

Os valores de sar variam de acordo com o ácido em que foi dissolvida a quitosana.

Para as soluções de quitosana em pH = 1 foram preparadas soluções de Na2SO4 nas razões

de: 0,2, 0,4, 0,8, 1,0, 1,2, 1,4, 1,6, 1,8 e 2,0 enquanto as solubilizadas em pH = 3 foram

preparadas nas razões de: 0,01, 0,02, 0,04, 0,08, 0,1, 0,2, 0,4, 0,6, 0,8 e 1,0.

Em virtude das concentrações das soluções de Na2SO4 serem muito baixas, preparou-

se uma solução padrão de Na2SO4 0,5 g L-1

, para que fosse diluída e então preparada a

solução na concentração desejada. Utilizou-se a equação abaixo para calcular o volume

necessário de solução padrão de Na2SO4, sabendo que o volume final era de 0,1 L.

2 4

2 4

2 4

( )

( )

.Na SO final

Na SO padrão

Na SO final

C VV

C Eq.7

2 4 2 4.2Na SO Na SOV C Eq. 8

Page 33: Idylla Silva Tavares

31

O volume a ser diluído pode se calculado substituindo Eq 6 em 8,

2 43,76.Na SO saV r Eq. 9

Entretanto, esse volume a ser diluído ainda é baixo, de difícil medição. Para facilitar

essa diluição e sabendo que a densidade da solução padrão de Na2SO4 é de aproximadamente

1 mg/mL, o volume foi convertido em massa. A solução padrão de Na2SO4 foi então pesada e

seu volume completado com água bidestilada até 0,1L.

5.7 CARACTERIZAÇÃO DAS NANOPARTÍCULAS DE QUITOSANA

5.7.1 Potencial Zeta

O potencial zeta é uma ferramenta importante e útil indicador da carga da partícula. As

medidas de potencial zeta foram realizadas usando um equipamento ZetaPlus (Brookhaven

Instruments Corporation, EUA).

O potencial zeta não pode ser medido diretamente sendo necessário algum tipo de

medida indireta. Nesse caso foi utilizada a mobilidade eletroforética, na qual a dispersão de

quitosana foi introduzida em uma cuba com dois eletrodos de cargas opostas e a ela foi

aplicado um potencial elétrico. As partículas com cargas elétricas se moveram na direção do

eletrodo de carga contrária, diretamente proporcional à quantidade da carga e a intensidade do

campo elétrico. 30

Os parâmetros utilizados para análise do potencial zeta estão demonstrados conforme

Tabela 1.

Tabela 1- Parâmetros do ZetaPlus

Volume (mL) 1 a 1,5

Ciclos x minuto 5 x 3

Material da cubeta Plástico

Temperatura (°C) 25

pH 1 e 3

Fonte: Própria

Page 34: Idylla Silva Tavares

32

A carga da partícula medida pelo potencial zeta foi analisada em duplicata variando

três parâmetros:

Concentração do sal – A solução do sal Na2SO4 foi preparada em 10 concentrações

diferentes de acordo com a razão sulfato/amino, rsa, para cada uma das duas soluções

de quitosana preparadas.

pH – O pH da solução de quitosana foi de 1 e 3.

Tempo – As análises de potencial zeta foram feitas nos tempo 0h, 1h, 2h, 3h e 4h. O

tempo de contagem foi a partir da mistura da solução de quitosana com a solução do

sulfato de sódio sob agitação constante.

5.7.2 SAXS

A análise estrutural das nanopartículas de quitosana foi feita pela técnica de

espalhamento de raios-X a baixo ângulo (SAXS). A leitura no equipamento foi feita em

duplicata, 4h após a mistura da solução de quitosana com a de sulfato de sódio.

O tamanho da nanopartícula foi determinado variando-se apenas a concentração de sal

e pH.

Para as medidas de SAXS utilizou-se uma câmera conectada a um gerador de raios X,

de comprimento de onda de 0,1542 nm. Este gerador foi operado a uma voltagem de 40 kV e

uma corrente de 50 mA. As amostras foram fechadas a vácuo em um capilar de quartzo. As

medidas de intensidade de espalhamento foram realizadas em uma placa de imagem (IP) com

sistema de detecção de ciclone (Perkin Elmer, EUA) e convertidas através do software

SAXSquant 3.50 (Anton Paar GmbH, Áustria) para intensidade unidimensional. Os

experimentos foram realizados aplicando uma exposição ao feixe por um período de tempo de

30 minutos para todas as amostras. Também foram realizados ensaios em branco nas duas

soluções de quitosana para determinação das curvas experimentais de espalhamento. A

distância entre a amostra e o detector foi fixada em 700 mm, o que permitiu realizar os

experimentos com ângulo de espalhamento que foi descrito pela Equação 1, citada na Página

28.

A partir do vetor de espalhamento q, obtém-se a intensidade de espalhamento I(q).

A.Guinier mostrou que a intensidade espalhada na vizinhança do feixe direto, I(q) está

relacionada com o raio de giração, Rg, segundo a aproximação conhecida por lei de Guinier:

Page 35: Idylla Silva Tavares

33

2 2

( ) 0 exp( )3

Gq

q RI I

Eq.9

22

( ) 0ln ln3

q G

qI I R Eq. 10

A figura 6 ilustra o raio de giração, Rg, em função a intensidade de espalhamento,

I(q).

Figura 6 - Raio de Giração em função de I(q)

Fonte: Própria

Page 36: Idylla Silva Tavares

34

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO

6.1 OBTENÇÃO DAS NANOPARTÍCULAS

O processo de obtenção de nanopartículas foi baseado no método de

coavervação/precipitação. Essa técnica consiste na reticulação iônica entre grupamentos

amino protonados da quitosana com o ânion sulfato. A quitosana foi dissolvida em meio ácido

para poder ser solubilizada em água devido à protonação do grupamento amino. O ânion ao

entrar em contato com a carga positiva do polímero forma uma ligação iônica, neutralizando a

carga e obtendo assim a nanopartícula que uma vez formada precipita, como mostra Figura 7.

7

Figura 7- Processo de obtenção das nanopartículas

a)

b)

Fonte: Própria

Page 37: Idylla Silva Tavares

35

A solubilidade da quitosana dependente da presença de outros íons em solução. Na

presença de acetato, lactato ou glutamato, a quitosana apresenta boa solubilidade enquanto na

presença de fosfato, polifosfato e sulfato, a solubilidade diminui. O sulfato forma um derivado

pouco solúvel por isso é possível a formação de nanopartículas.7

Neste trabalho, a quitosana foi utilizada na concentração de 2,5 g L-1

. Altas

concentrações de quitosana não são utilizadas porque aumentam a viscosidade da solução e

consequentemente dificultam a distribuição homogênea do sulfato de sódio, podendo levar a

formação de aglomerados. Como a quitosana foi purificada e durante esse processo houve

várias lavagens, e por isso foi necessário calcular o teor de sólidos. A média do teor de sólidos

foi de 85%. 7

6.2 ANÁLISE DO POTENCIAL ZETA

Antes de realizar os experimentos em termos de razão sulfato/amino, sar , foi

determinado se o sistema estava termodinamicamente equilibrado. Essa determinação foi feita

através da análise do potencial zeta, nas condições descritas no item 5.7.1, como mostra a

Figura 8.

Page 38: Idylla Silva Tavares

36

Figura 8 - Análise do potencial zeta até 4h

a) Solução de quitosana em pH =1

b) Solução de quitosana em pH=3

Fonte: Própria

0 1 2

0

27

54

0 1 2

0

27

54

0 1 2

0

27

54

0 1 2

0

27

54

0 1 2

0

27

54

rsa

(mV)

0h

1h

2h

3h

4h

0 1 2

0

27

54

0 1 2

0

27

54

0 1 2

0

27

54

0 1 2

0

27

54

0 1 2

0

27

54

rsa

(mV)

0h

1h

2h

3h

4h

Page 39: Idylla Silva Tavares

37

O potencial zeta das nanopartículas de quitosana apresentou resultados positivos. No

pH = 1 variou de 64,8 a 29,27 mV e no pH = 3 de 72,4 a 23,48 mV. Esse valor positivo se

deve a cadeia de quitosana que fica positiva pela protonação do ácido e por sua vez as

nanopartículas formadas continuam com essa carga, embora íons sulfatos tenham sido

utilizados como precipitante. Isso indica que apenas parte dos grupamentos amino foram

neutralizados durante a formação das nanopartículas, e os remanescentes foram responsáveis

pelo potencial zeta positivo. 7

Nanopartículas de quitosana foram obtidas reticuladas com tripolifosfato (TPP)

adsorvidas com gentamicina e ácido salicílico. Eles prepararam a solução de quitosana com

ácido acético e o potencial zeta encontrado foi de 42,18 mV, o qual diminuiu a medida que a

razão entre o sal e a quitosana aumentou. Eles explicaram que isso ocorreu devido a

diminuição da quantidade de grupamentos amino residuais. Também foram obtidas

nanopartículas de quitosana de maneira semelhante e o potencial zeta encontrado foi de 49,3

mV, devido a presença de grupamentos amino protonados na superfície das nanopartículas.54,

55

De acordo com a Figura 8, após 4h, observou-se que os valores do potencial zeta das

duas soluções diminuíram à medida que rsa aumentou. Isso acontece porque o ânion sulfato

tem duas cargas negativas e reticula com dois grupamentos amino da cadeia de quitosana

formando a nanopartícula, como já mostrado na Figura 7. Quanto maior for a quantidade

desse ânion em solução, menor será a quantidade de cargas positivas na superfície da partícula

e consequentemente menor será o valor do potencial zeta.

A Figura 9 mostra a dependência entre o potencial zeta e a razão de sulfato/amino, sar ,

para as dispersões em equilíbrio.

Page 40: Idylla Silva Tavares

38

Figura 9- Potencial zeta das duas soluções de quitosana após 4h

Fonte: Própria

A diminuição do potencial zeta com o aumento da concentração de sulfato indica a

formação das nanopartículas pelo mecanismo de reticulação iônica e essa reticulação é regida

pela diminuição da energia livre de Gibbs:

G H T S Eq. 11

que tem dois componentes:

0 1

0

27

54

rsa

(mV)

pH = 1

pH = 3

Page 41: Idylla Silva Tavares

39

Componente entálpico (ΔH): íons sulfato divalentes interagem eletronicamente com

NH3+ da quitosana, resultando na aproximação das cargas positivas, diminuindo a

entalpia do sistema, de acordo com a Figura 10.

Componente entrópico (ΔS): Cada NH3+ da cadeia de quitosana apresenta uma

atmosfera iônica ao redor formada por contra-íons monovalentes carregados

negativamente oriundos do ácido utilizado para protonar a quitosana. Esses contra-

íons tem sua mobilidade restrita, embora a pressão osmótica leve parte deles para fora

do novelo. A Figura 10 mostra a reação que ocorre quando é adicionado um íon

sulfato no sistema, substituindo dois contra-íons que vão para solução aumentando a

entropia. Outro fator que também aumenta a entropia do sistema é o efeito

hidrofóbico. Os novelos macromoleculares apresentam regiões apolares responsáveis

pela repulsão das moléculas de água. Essa repulsão faz com que as moléculas fiquem

organizadas ao redor da cadeia. Quando as regiões apolares se aproximam, liberam as

moléculas de água para o sistema, aumentando a entropia. 56

Figura 10 - Efeito entálpico e entrópico

Fonte: Própria

Page 42: Idylla Silva Tavares

40

6.3 ANÁLISE DO TAMANHO DE PARTÍCULA (SAXS)

As nanopartículas de quitosana foram obtidas pelas interações eletrostáticas dos NH3+

presentes na cadeia de quitosana com as cargas negativas do ânion sulfato, SO4-2

. Essa

interação pode ser afetada por suaves variações nas condições de temperatura e pH. O

tamanho da nanopartícula pode ser controlado pela variação da massa molar da quitosana, da

razão sal/quitosana, e do pH. 57

A molécula de quitosana apresenta ampla variação na sua massa molar que vai de 50

kD a 2000 KD, e sabe-se que moléculas com alta massa molar, produzem nanopartículas

maiores, quando comparadas com as de baixa massa molar. Alguns estudos tem demonstrado

que qualquer influência no meio que altere o tamanho da massa molar da quitosana irá alterar

o tamanho da nanopartícula. 58

Tsai et al (2011) observaram que fatores como ultrasonicação, alto tempo de radiação

e aumento na temperatura da solução, levaram a uma diminuição na massa molar da quitosana

acarretando formação de nanopartículas menores. Eles observaram também que quando a

solução de quitosana era mais concentrada, as nanopartículas obtidas tinham tamanhos

maiores, quando comparadas a soluções mais diluídas. 58

O tamanho que um polímero assume em solução diluída é denominado volume

hidrodinâmico e os principais parâmetros que o definem são a distância entre os extremos da

cadeia para polímeros lineares e o raio de giração, Rg. Para a análise do tamanho de partícula

variou-se a razão sal/quitosana e o pH da solução. Através do espalhamento de luz, o volume

hidrodinâmico das nanopartículas que foi convertido em raio de giração. O raio de giração

corresponde à distância entre o centro de gravidade e a superfície da esfera em que se

encontra o novelo, como mostra Figura 11.

Page 43: Idylla Silva Tavares

41

Figura 11- Raio de Giração representado por GR 59

Fonte: Característica de Polímeros

Com relação à variação da concentração de sulfato de sódio, Na2SO4, os resultados

demonstraram que nas duas soluções de quitosana, a medida que sar aumenta, o tamanho das

nanopartículas diminui. Essa diminuição no tamanho da partícula se deve ao fato de que com

o aumento da razão do sal, aumenta-se a quantidade de ânion sulfato na solução, o qual reage

com a carga positiva da quitosana neutralizando-a. Essa neutralização impede a repulsão entre

as cargas positivas da quitosana, diminuindo o volume hidrodinâmico da nanopartícula.

Os dados do espalhamento de luz de algumas amostras se encontram na Figura 12 que

mostra a relação entre a intensidade de espalhamento I(q) e o módulo do vetor de

espalhamento, q. É observado que com o aumento de rsa, o espalhamento se torna mais

intenso, evidenciando a importância da reticulação iônica no processo de formação das

nanopartículas.

Page 44: Idylla Silva Tavares

42

Figura 12- Espalhamento da função de I(q) em função do espalhamento do vetor q. a) pH = 1: quadrado,

sar = 2,0; círculos , sar = 1,8; triângulo para cima sar a = 1,6; triângulo para baixo, sar = 0,08. b) pH =

3: quadrado, sar = 1,0; círculos, sar = 0,8; triângulo para cima, sar = 0,6; triângulo para baixo, sar =

0,01.

Fonte: Própria

De fato, o aumento de I(q) é mais pronunciado quando q → 0 e o melhor parâmetro

que expressa as dimensões das nanopartículas é o raio de giração, que pode ser calculado dos

dados da região de Guinier ( GqR << 1) usando a equação de Guinier, que foi mostrada pela

Equação 11 da Página 35.

Os resultados da equação estão exibidos na Figura 13. As curvas em ambos os casos

podem ser descritas por duas regiões:

Região de baixa sar : nessa região, as dimensões das nanopartículas decrescem com o

aumento da razão sulfato/amino, rsa, em consequência do aumento da blindagem

eletrostática

Page 45: Idylla Silva Tavares

43

Região de alta sar : nessa região, as nanopartículas atingem sua dimensão mínima que

colapsam. Partículas secundárias são formadas e por terem dimensões maiores, o raio

de giração aumenta drasticamente.

Figura 13- Raio de giração em função de sar : a) pH = 1 e b) pH = 3

Fonte: Própria

A variação do pH de 1 para 3, também levou a diminuição do tamanho das

nanopartículas ainda que de forma pouco significativa. Também observaram esse

comportamento quando submeteram uma solução de quitosana a diferentes valores de pH.

Esse fenômeno é devido as propriedades catiônicas da quitosana. Em baixos valores de pH, a

molécula de quitosana se torna mais expandida devido a alta protonação da cadeia levando a

um aumento no volume hidrodinâmico nas nanopartículas. O contrário acontece quando o

valor do pH aumenta, a molécula de quitosana encolhe devido a baixa protonação ou forma

mais interações intramoleculares, diminuindo assim o volume hidrodinâmico na

nanopartícula. 58

Page 46: Idylla Silva Tavares

44

Em ambas as soluções de quitosana, observou-se uma turvação em alguns valores de

sar em que o GR apresentou uma estranha descontinuidade, indicando colapso das

nanopartículas nesses valores. Essa turvação aconteceu para valores diferentes de acordo com

pH, podendo ser visualizada de acordo com a Figura 14.

Figura 14- Frasco da esquerda nanopartículas precipitaram e da direita estão em solução

Fonte: Própria

A explicação para que a turvação das soluções ocorra em razões diferentes, é dada

tendo em mente o equilíbrio que ocorre nos grupamentos aminos da cadeia de quitosana:

3 2Chit NH Chit NH H Eq. 12

neste caso, a constante de equilíbrio (assumindo comportamento de solução ideal) será, como

mostra a Equação 13:

2

3

(1 )A

Chit NH H HK

Chit NH

, Eq. 13

onde é a fração de grupamentos amino que estão protonados. Rearranjando a Equação 13,

tem-se a Equação 14:

Page 47: Idylla Silva Tavares

45

A

H

K H

. Eq. 14

Como já citado, os pHs utilizados foram 1 e 3. O pKa da quitosana está em torno de 6-

6,5, então AK << [H+], portanto α ≈ 1 e independente do pH. Como consequência, a diferença

em termos de formação de nanopartículas para os dois casos não pode ser explicada pela

diferença em termos de componente entálpico, que seria explicado pela alta possibilidade de

interações eletrostáticas para o componente mais protonado. Além disso, o comportamento

similar para os dois sistemas em termos de potencial zeta confirma esse ponto de vista.

A explicação para o colapso das nanopartículas serem em razões diferentes é, portanto,

a variação do componente entrópico. A alta quantidade de contra-íons é a chave para

interpretar essa variação: o sistema com mais baixo pH é também o que contém maior

quantidade de contra-íons, que minimizam o aumento da entropia devido ao espalhamento de

contra-íons na fase aquosa, como consequência do colapso das nanopartículas. Em virtude

disso, o colapso no sistema de pH 1 ocorre em altos valores de rsa.

A Figura 15 resume o comportamento do raio de giração das nanopartículas. A medida

que vai aumentando a concentração de NaaSO4 em solução, o raio de giração diminui

indicando que o efeito polieletrolítico está aproximando as cadeias e diminuindo o volume

hidrodinâmico da cadeia de quitosana. Com o aumento da quantidade de ânions em solução,

as nanopartículas colapsam formando agregados com dimensões maiores que podem ser

observados tanto na turvação da solução quanto no tamanho do raio de giração.

Page 48: Idylla Silva Tavares

46

Figura 15- Comportamento do raio de giração com o aumento da concentração de Na2SO4

Fonte: Própria

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47

7 CONCLUSÃO

O processo de obtenção de nanopartículas pelo método de coacervação/precipitação

foi caracterizado pela análise da carga superficial e do tamanho das nanopartículas formadas,

variando o pH e a concentração do agente reticulante. Os valores da carga superficial e do

tamanho de partícula foram dependentes da concentração do agente, entretanto apenas o

tamanho dependeu do pH. Esse processo foi dividido em duas etapas: a) uma vez o íon

polivalente adicionado, ocorreu a contração da cadeia de quitosana devido ao efeito

polieletrolítico e b) a contração das cadeias atingiu uma dimensão mínima e à medida que foi

adicionado o íon polivalente, resultou em colapso dos complexos solubilizados. Esse colapso

foi comprovado pela descontinuidade do Rg determinado pelo SAXS e pelo desenvolvimento

de turbidez. Todos os processos de coacervação foram favorecidos pela entropia do sistema.

Page 50: Idylla Silva Tavares

48

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