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Ibicaré é só alegria!! Ibicaré é só alegria!!

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Ibicaré é só alegria!!Ibicaré é só alegria!!

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INTER EX Março/20092

EXPEDIENTEASSOCIAÇÃO DOS EX-ALUNOS MSC

Av. Emílio Checchinato, 3699CEP: 13.295-000 – Itupeva-SP

Tel: 0xx11-4591-1192Diretoria: E-mail: [email protected]: E-mail: [email protected]

DIRETORIA EXECUTIVAPresidente:Waldemar Checchinato .... (l1)4591-1192Vice-Pres:João Cardoso....................(l9)3441-6483Secretário:João Baptista Gomes ........(l1)4604-3787Tesoureiro:Rubens Dias Maia ........... (l6)3322-3l83Dir. Espir:Pe. Benedito Ângelo Cortez...(11)3228-9988

CONSELHO FISCALDaniel R Billerbeck Nery (11)6976-5240Augusto Paese ................ (19)3255-6622

REGIONAISIbicaréAndré Mardula ..................(49)522-0840ItajubáJosé Luiz Augusto...........(35)3622-1336São PauloMarcos de Souza ............ (11)3228-5967CampinasJercy Maccari .................. (19)3871-4906PirassunungaRenato Pavão ................... (19)356l-605lBauruGino Crês ......................... (14)3203-3577ItapetiningaSílvio Munhoz Pires .........(15)3272-2145S. José dos CamposNatanael Ribeiro de Campos (l2)3931-4589

COORDENADORIASBol.Inf. Inter ExJoão Baptista Gomes ....... (11)4604-3787 (Cel)9976-1145

CARAVANAMoacyr Peinado Martin....(11)6421-4460João Cardoso...................(19)3441-6483

ATOS RELIGIOSOSDaniel R Billerbeck Nery (11)6976-5240Edgard Parada ................. (16)3242-2406Lásaro A P dos Santos ..... (11)3228-9988

REDATORES DESTA EDIÇÃOAlberto José Antonelli, Alberto Maria da Silva,João Costa Pinto, Nelson Altran, Cláudio Carlosde Oliveira, Carlindo Maziviero, Gino Crês,Antoninho Marchesini, Moacir Dacorégio, JoãoBaptista Gomes, Geraldo Luiz Sigrist eRaimundo José Santana.

DESIGNER GRÁFICOMarcelo Silva Calixto ....... (11)3476-9601

Março

02- José Murad ............................................................... (19) 3561-206703- Ricardo José Rosim ..................................................... (19) 3561-648008- Pe Joaquim José dos Santos .......................................... (19) 3272-535311- Antônio Aparecido Marquetti ......................................... (19) 3571-651113- José Claret da Silva .................................................... (35) 3623-766014- Pe Ildefonso Sigrist ..................................................... (19) 3226-868117- Pe Sírio José Motter ................................................... (19) 471-136720- Gaspar Ribeiro Rebelo ................................................ (12) 262-485521- Olivo Bedin ............................................................... (19) 3869-864921- Pe Manoel F. dos Santos Jr ............................................ (11) 6211-044822- Domingos Luiz Meneguzzi ............................................. (19) 3238-680424- Helias Dezen ............................................................ (65) 461-128426- Gutemberg Rodrigues de Lima ....................................... (11) 3022-718131- Dom Ricardo Pedro Paglia ............................................ (98) 381-1268

Abril

01- Delfim Pinto Carneiro ................................................. (19) 3881-236901- Marcos Aparecido Crepaldi ........................................... (14) 232-684502- Pe Domingos H. Cruz Martins ........................................ (85) 227- 249703- Isaias José de carvalho ............................................... (35) 3645-127604- Renato Pereira Leite ................................................... (11) 5584-794305- José Irineu Baptistela ................................................. (19) 3561-376707- Raimundo José Santana .............................................. (11) 6979-330308- Pe Air José Mendonça ................................................. (39) 6862-206110- Oswaldo Reno Campos ................................................ (35) 3662-132110- Marcos de Jesus Travagin ............................................ (19) 3571-555411- José Aparecido de Godoy ............................................. (19) 3563-012612- Pe Godofredo Scheepers .............................................. (19) 3272-535312- Carlos Hermano Cardoso ............................................. (19) 3239-119012- José Roberto P. Carneiro .............................................. (11) 3872-010317- Berje Luiz Raphaelian ................................................. (11) 4612-659118- Joao Corrêa Filho ...................................................... (35) 3622-492521- Ivo Bottega .............................................................. (67) 321-646422- Pe Ednei Antônio B. Rodrigues ....................................... (14) 3236-491123- Antônio Altafin .......................................................... (19) 3434-759724- Jorge Ferreira da Rosa25- Pe Walter Licklederer ................................................. (85) 377-123426- Ângelo Garbozza Neto .................................................(41) 367-429226- José Carlos Ferreira ................................................... (19) 3541-074430- Adelino Gouveia da Rocha ............................................ (11) 6973-6046

Maio

04- Alexandre Araújo Pereira .............................................. (19) 3232-661905- Amilcar Monteiro Varanda ............................................ (11) 287-371909- Sílvio Munhoz Pires ..................................................... (15) 3272-214509- Delfim Pinto Carneiro Jr ............................................... (11) 6916-728316- Joaquim Rodrigues F Cortez .......................................... (35) 3624-147219- Pe Romeo Bortolotto .................................................... (19) 3561-177519- Mario Ferrarezi .......................................................... (19) 3561-544319- Francisco Levandowski ................................................ (46) 523-200919- Romeu Dias da Silva .................................................... (35) 423-430920- Pe Jorge de O Gonçalves .............................................. (97) 471-130921- Edgard Parada ........................................................... (16) 3242-240624- Moacyr Peinado Martin ................................................. (11) 6421-446025- Pe José Maria Pinto ..................................................... (35) 3621-1522

Junho02- Raul Carraro .............................................................. (19) 3421-203306- Pe Edvaldo Rosa de Mendonça ....................................... (35) 622-074906- Pe Nelson Ribeiro de Andrade ......................................... (35) 3624-110407- Pe Samuel Brandão de Oliveira ....................................... (11) 6674-355908- Paulo Barbosa Mendonça ............................................... (19) 3542-853209- Dimas Begalli de Figueiredo .......................................... (35) 3212-898110- Mauro Pavão ............................................................. (19) 9829-851611- Pe Amadeu Rodrigues Gusmão....................................... (11) 271-044814- José Barbosa Ribeiro ................................................... (35) 3465-476121- Pe Alex Sandro Sudre .................................................. (85) 227-249722- Pe Humberto Capobianco .............................................. (19) 3561-891424- João Negri Sobrinho .................................................... (11) 4612-406425- Pe Ivo Trevisol .......................................................... (92) 471-136729- Edyr Borges da Silva .................................................... (19) 3289-515230- Eliseu Pavão .............................................................. (19) 3561-5742

Aniversariantes

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INTER EX Março/2009 3

osso periódico, o“INTER-EX”, em

sua 110ª edição, há déca-das e sem interrupção,está chegando às mãos detodos os colegas ex-alu-nos MSC. Muitos se lem-bram dos primeiros impres-sos mimeografados, cujostextos datilografados comfita azul copiativa não per-mitiam corrigir erros de le-tras ou vocábulos sem dei-xar marcas e borrões. Issonosso colega e grandecompanheiro João Batista

Gomes, seu idealizador, redator e fiel secretário per-manente, sempre o fez com amor e perfeição, notici-ando os fatos, avisos e prestação de contas, além derevisar e transcrever artigos manuscritos dos colabo-radores da época. Tudo em sua casa, em Mairiporã.

Com o advento da Informática os computadoresfazem milagres e tudo se tornou mais fácil. Nestavida corrida de todos, quem de nós, senão opróprio Gomes, com toda sua contínua abnega-

ção na sua missão, auxiliado pela Internet, sedisporia a viabilizar a publicação. Eis o “INTER-

EX”! Este é um dos principais meios decomunicação além das cartas em geral.

Mas, em minha opinião, o quemais contagia e dá maior sentido

Editorial

N pertencer à nossa Associação dos Ex AlunosMSC, é participar dos tradicionais Encontros. Évivenciar aquele melhor momento de alegria esatisfação, de reencontrar colegas de semi-nário de nosso tempo e outros colegas tão“bacanas” que ao longo dos anos têm com-partilhado desses tradicionais eventos emPirassununga, Itajubá e Ibicaré. Cada vez émais uma oportunidade única de usufruir doinolvidável ambiente de pureza, estudo e ora-ção a nós reservado, privilégio que desfru-tamos na juventude.

O esperado Encontro de Ibicaré, durante oferiadão de 17 a 21 de abril de 2009 está muitopróximo. Nosso querido colega ex-aluno JoãoCardoso, experiente guia turístico, idealizou oplano de viagem imperdível, de custo mínimo,conforme os convites enviados a todos paraadesão, incluindo translado e quatro noites emhotéis de primeira categoria em Treze Tílias.Dois ônibus da Empresa Ouro Verde, já pra-ticamente lotados, levarão os paulistas e sulmineiros para uma viagem inesquecível. Te-mos certeza que este Encontro será muitoproveitoso e agradável, uma festa com mui-ta alegria, confraternização e com redobradaparticipação da regional sul.

Até lá para um grande abraço. Aguardem,preparamos surpresas!

(a) Waldemar ChechinatoPresidente da Associação

Adelar Ponsoni, Ademar Pivetta, Adeval Romano, Afonso Bertazi, Afonso Peres da S. Nogueira, AlbertoJose Antonelli, Alberto Maria da Silva, Alderico Miguel Rosin, Alzemiro Basso, Amaro de Jesus Gomes, AndréMardula Filho, Ângelo Garbozza Neto, Ângelo Osmar Giombelli, Antonio Marchesini, Antonio Altafin, AntonioBrogliatto, Antonio Henriques, Antonio Valmor Junkes, Benedito Antunes Pereira, Benedito Ignácio, BonifácioEufrasiano Barbosa, Carlos Hermano Cardoso,Carlos Magno Antunes Pereira, Carlos Savieto, Cláudio AMagna Bosco, Cláudio Carlos de Oliveira, Côn. Carlos Menegazzi, Daniel Canale, Daniel R Billerbek Nery,Dimas Begalli de Figueiredo, Edgard Parada, Edmundo Vieira Cortez, Edo Galdino Kirsten, Edwardus MMechtilda Van de Groes, Élio Pereira da Silva, Erci Frigo, Francisco de Assis Machado, Francisco Geraldo RFilho, Geraldo Jose de Paiva, Geraldo Majela de Miranda, Gerard Gustav Josef Bannwart, Gervasio Canevari,Guido Giffoni Pinto, Gutemberg Rodrigues de Lima, Helias Dezen, Hernani Oscar de F Rodrigues, Ivo Bottega,Ivo Luiz Bortolazzi, Isaias José de carvalho, João Baptista Gomes, João Cardoso, João Carlos B Nery, JoãoCosta Pinto, Jorge Ferreira da Rosa, Jose Antonio de C R de Souza, José Aparecido Godoy, Jose BarbosaRibeiro, José Benedito Filho, Jose Benedito Ribeiro II, Jose Carlos Ferreira, Jose Manoel Lopes Fo, José Mariade Paiva, Jose Possebon, Jose Quirino dos Santos, Jose Roberto P Carneiro, Jose Valentim Modena, JorgeBrunetta, Laert Costa de Toledo, Licinto Poersch, Luiz Carlindo Maziviero, Luiz Carneloz, Luiz Gonzaga deAlmeida, Luiz Zagonel, Marcos de Souza, Mauro Soares Freitas, Moacir Cristaldo Dacoregio, Natanael RibeiroCampos, Nicodemos Moreira Filho, Odilon Luiz Ascoli, Olivo Bedin, Ortêncio Dalle Laste, Paulo BarbosaMendonça, Paulo Peixoto, Pe Ednei Antônio B Rodrigues, Pedro Tramontina, Raimundo Jose Santana, RaulCarraro, Ricardo Rosin, Rosalimbo Augusto Paese, Rui Ribeiro de Campos, Sérgio José Sfredo, Sergio LuizDall”Acqua, Silvério Albuquerque, Silvio Munhoz Pires, Simão Szymczak, Valdir Luiz Pagnoncelli, Vanderlei deMarque, Vanderlei dos Reis Ribeiro, Vilmar Daleffe, Waldemar Chechinato, William Marinho de Faria, SueliPamplona Sarmento e Therezinha Antonelli.

RELAÇÃO DOS CONTRIBUINTES - 2008

A Diretoria agradece de coração a preciosa colaboração financeira recebida de tantos colegasno ano de 2008. Graças a vocês, pode nossa Associação arcar com todas as despesas adminis-

trativas e com a regularidade da publicação do Inter-Ex, nosso Boletim Informativo.Muito obrigado e que Deus recompense a todos.

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INTER EX Março/20094

azemos um apelo a todos os colegas que recebe-rem este informativo: se já vieram ao Encontro,

voltem! Se nunca vieram, venham! É uma enorme ale-gria para todos quando um novo aparece ou um antigoreaparece. Isto é que compensa todos os esforços fei-tos e mantém viva a chama do encontro, a alegria deconviver de novo com tantos colegas queridos ao cora-ção. Contamos com o apoio e o esforço de cada um. Sóassim nosso Encontro será cada vez maior e melhor. OSérgio Dall’Acqua ([email protected]) tema relação completa dos endereços conhecidos. Aos in-teressados basta pedir que a relação lhes será enviadapermitindo tentarem localizar ou contatar os colegasque conhecem ou de sua região.

Ibicaré nos espera

F

Por que mudamos a data do Encontro. NossoEncontro nem sempre foi na semana do Domingo deRamos. Em algum momento coincidiu. A data aca-bou se tornando definitiva pela significância de nos-sa participação na Missa de Ramos e da procissão,lembranças marcantes de nossa vida monástica. No-tamos que essa escolha acabava excluindo algunscolegas que participam em funções importantes emsuas paróquias e, sem dúvida, excluíam a vinda depadres que tivessem interesse. Assim, a dúvida so-bre a manutenção da data, existia.

Para eliminar de vez a dúvida, pelo menos para 2009,recebemos pedido da Diretoria Central da Associaçãodos ex-Alunos MSC, em São Paulo, que viam no feria-do prolongado de 17 a 21 de abril uma oportunidadepara trazer de volta a esse Encontro um grupo bemsignificativo de ex-seminaristas como era há algunsanos e que vinha decrescendo nos últimos Encontros.Pronto! Estava decidido! O encontro foi mudado paranova data não coincidente com o Domingo de Ramos.Esperamos agora, que a mudança valha a pena e quetenhamos uma presença ainda maior não só dos ir-mãos paulistas e mineiros, mas de todos os demais e,também, com a presença de colegas diáconos e deoutras funções em suas paróquias.

Custo da inscrição no Encontro. Que ninguémdeixe de ir a Ibicaré por causa do custo. No últimoEncontro (2007), foi cobrada a taxa de R$ 30,00.Para 2009 o valor será de, no máximo, R$35,00 porpessoa, incluindo todas as refeições.

Hospedagem. Várias residências de companhei-ros de Ibicaré estarão sendo disponibilizadas parahospedagem, além da viabilidade de pernoite noantigo seminário. Providências nesse sentido es-tão sendo tomadas pelo Pivetta. A idéia é facilitarao máximo a participação daqueles que têm preo-cupação financeira. Os que precisarem devem fa-zer contato com o Ademar Pivetta (0xx49-53801110).

A “Turma de São Paulo”. Alegra-nos sobre-maneira o esforço e a criatividade que os colegas

Extraído do 1º Boletim prévio doEncontro/2009 dos ex-seminaristasde Ibicaré, redigido e distribuído por

Sérgio Dall’Acqua, secretário daDiretoria Regional Sul

Sílvio Munhoz PiresDiretor regional de Itapetininga ao lado

do busto do Pe. Chevalier, emIssoudun (França)

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INTER EX Março/2009 5

epois de várias crônicas escritas e enviadas ao Inter-Ex, re-cordando os idos tempos de seminário de 50 anos passados,

chega um momento em que você diz: “eu já escrevi sobre tudo oque me lembrava”. Pelo menos é assim que este cronista se ex-pressa, uma vez que não tem verve para dissertações sobre as-suntos que não sejam suas vivencias em tempo real. Quisera eu tera verve de muitos redatores que basta um tema qualquer e conse-guem escrever um tratado.

E como não sou afeito a esses temas, faço aqui um apelo aosexcelentes escritores, redatores e poetas que transitaram pelosvários seminários MSC: colaborem com o Gomes para que continuealegrando e agradando centenas de ex-alunos ávidos para recebere ler o Inter-Ex. Alguém já disse, tempos atrás, que se não fosseesse veículo de comunicação e união, talvez nossa associação jánão existisse, há muito tempo.

Mas tenho certeza de que ela não morrerá tão cedo. Para issoatendam meu apelo: enviem suas contribuições literárias. Extrava-sem suas criatividades.

Onde estão os poetas e escritores de antanho? E os mais recen-tes que ainda tem fresco na memória suas vivencias de seminário?Para estes será muito mais fácil relembrar. Não custa insistir:Relembrar é viver!

ApeloAntoninho Marchesini (1956-1966)

D

Ibicaré nos esperade São Paulo estão aplicando para trazer um grande grupo de lácomo faziam em encontros passados. Programa turístico apro-veitando o feriado prolongado, parcelamento da viagem e outrasiniciativas criativas estão sendo feitas pelos coordenadores dogrupo. Torcemos para que haja resultado e que os irmãos“paulistas” voltem a trazer sua alegria e entusiasmo ao encontrode 2009. Também com programa turístico estendido na 2ª e 3ªfeira, eles poderão passar mais tempo conosco em Ibicaré.

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INTER EX Março/20096

Ibicaré MemóriasMoacir Dacorégio (1961-1963)

EstudosO ensino era, sem qualquer dúvida, o ponto cen-

tral da vida no seminário. No primeiro ano de semi-nário concluí o 4º ano primário no Grupo EscolarIrmão Joaquim, de Ibicaré, dirigido pela Irmã ÁureaMaria Melo e, paralelamente, fazia o Curso de Admis-são no seminário. Foi um período bem ameno dosmeus estudos. Nos dois anos que se seguiram, 1ªe 2ª séries do ginásio, a situação foi ficando maiscomplicada dentro do seminário. Eram onze discipli-nas, a saber: Português, Francês, Latim, Inglês, Ma-temática, Ciências, História do Brasil, Geografia, De-senho, Música e Religião. Os professores eram mui-to exigentes, salvo raras exceções e, qualquer des-leixo, tornava-se difícil a recuperação posterior. Con-fesso que eu só tinha bom desempenho em Mate-mática e Desenho e conclui a 2ª série com média 6,lque me deixava classificado em penúltimo lugar naminha turma. Não compartilho com as opiniões demuitos colegas, nos Encontros de Ibicaré, quandodizem que o estudo de lá muito deixava a desejar

Apesar do rigor dos estudos, encontrávamos espa-ço para leitura de livros disponíveis na biblioteca, sen-do muito disputados os de aventuras, como Karl Maye outros. Durante essas leituras, ouvíamos música clás-sica de uma eletrola colocada na frente da sala de es-tudos. Além das clássicas, outras músicas havia e quese tornaram inesquecíveis. Como eu tinha muita difi-culdade em aprender Francês, cujo professor era opadre Germano, eu sonhava ver realizada a mensa-gem inicial de um disco de Francês que dizia algumacoisa como: “sem ter que ler, escrever, trabalhar, es-forçar-se, ficaremos surpresos, pois basta abrir bemos ouvidos e já estaremos falando Francês”.

Bom seria! Certa vez, enquanto, muito compene-trado, eu lia a “Queda de Constantinopla”, na sala deestudos era tocada uma determinada marcha. No meusubconsciente criou-se uma associação tão forte en-tre os dois eventos que, para o resto de minha vida,sempre que ouço aquela marcha lembro-me dos de-talhes lidos e vice-versa.

MúsicasNo seminário de Ibicaré não tínhamos banda e nem

qualquer instrumento musical. Apenas um harmônio

que era utilizado pelos padres. Assim, nosso conhe-cimento de música resumia-se a teoria e participaçãoem coral. A audição era freqüente com discos demúsica clássica, religiosa, canto gregoriano e mar-chas militares. Lembro de algumas músicas ligadas aoEscotismo. O coral dos alunos sempre estava afiado eafinado para as celebrações solenes das missas canta-das que sempre aconteciam na igreja paroquial de CristoRei e eram muito apreciadas pela comunidade local.Cantávamos, também, muitas músicas tradicionais ita-lianas já que a grande maioria dos alunos era de des-cendência italiana, além de alguns pequenos cantosdidáticos oriundos da audição de discos em Francês.Apesar de muitos garotos demonstrarem dons artísti-cos e musicais, não tiveram oportunidade dedesenvolvê-los.

Vida de oraçãoO dia começava, transcorria e terminava com ora-

ções. Mesmo nos momentos de lazer, a visão cons-tante de um padre “devorando” o breviário, não nospermitia esquecer que teríamos uma vida de oração.A missa matutina diária tinha como inconveniente ofato de todos estarem em jejum e ávidos pelo caféda manhã. Na capela repleta com cerca de oitentagarotos famintos era comum acontecerem desmai-os. Algumas orações acabavam sendo cansativas emonótonas, em especial, a reza do terço no final dodia, principalmente pelo cansaço de um dia inteiro deatividades. Naquela fase da vida era um verdadeiromartírio manter-se calado por três longos dias noseventuais retiros.

Certa vez aconteceu ao final de um retiro. Fomosbrindados com uma demonstração de hipnose feitapor um Frade que passava por nosso seminário. Eleconvidou uma dúzia de alunos para subirem ao pal-co do teatro onde seriam hipnotizados na frentedos demais e eu era um deles. Eu estava muitotenso e amedrontado pela possibilidade de serhipnotizado, o que prejudicava o exercício inicial da-quele trabalho do frade. Então, eu e mais algunsfomos devolvidos à platéia porque não tínhamosconcentração suficiente. Apenas três ou quatro per-maneceram no palco, entre eles, o FranciscoLevandowski que, logo de cara, entrou em transejunto com os outros, sob o domínio do Frade. Oque se viu foi fantástico e hilariante. Induzidos pelohipnotizador simularam estar cometendo peralticesàs escondidas. Noutro momento, debatiam-se ten-tando espantar uma nuvem imaginária de mosqui-tos ou ficavam quase nus devido ao imaginário ca-lor sufocante, apesar do frio intenso que reinava nolocal. Muito divertido foi quando o Chico Levandowskipostou-se como goleiro de um lado do palco en-quanto os outros cobravam penaltes com uma bolaque só eles viam. A cada cobrança o Chico projeta-va-se para fazer a defesa de um lado e de outrocom habilidade de fazer inveja ao Rosalimbo Paeseque era o melhor goleiro do seminário.

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SaúdeConforme já comentei ao falar da alimentação, to-

dos os alunos demonstravam ser muito saudáveis eeram raros os casos que exigiam consulta médica oudentária. Sempre trazíamos de casa algumas cartelasde aspirina e pomadas que normalmente soluciona-vam os pequenos problemas. Quando uma febre maisforte ou diarréia persistente aconteciam, acabávamosparando na enfermaria para um cuidado mais especi-alizado do Irmão Pedro. Os poucos que, eventual-mente, precisavam de alguma injeção na enfermaria,faziam relatos tão assustadores que o medo acabavacurando a maior parte dos problemas de saúde. Par-ticularmente, tirando alguns resfriados, dores de bar-riga ou luxações durante jogos, lembro-me de ape-nas duas situações que me ficaram na memória.

Certo dia eu acordei de manhã com febre forte,com ânsia de vômito e não conseguia me manter depé, permanecendo na cama enquanto os outros des-ciam do dormitório para a oração da manhã na salade estudos. Um padre veio até a minha cama e, di-ante de meu estado febril, disse que logo mais al-guém passaria para me medicar. Mais de uma horase passou e ninguém apareceu. Preocupado, come-

cei a tomar as aspirinas que estavam no criado-mudoe, como a febre não cedia, só parei quando o esto-que de aspirinas acabou. Repentinamente, senti umaforte dor de barriga. Desci apressado do dormitóriopara o banheiro que ficava nos fundos da sala deestudos. Ao descer as escadas não consegui segu-rar e ensopei o pijama com um vômito líquidoesverdeado e inodoro. Certamente, a quantidade deaspirinas ingerida tinha sido excessiva Por sorte nãohavia ninguém na sala de estudos. Assustado e te-mendo uma eventual punição, enrolei bem o pijamae escondi-o atrás da caixa de descarga. Após melavar e me vestir. só lá por volta do meio-dia o padreveio me visitar. Como a febre havia passado, volteipara junto dos companheiros não tendo mais pro-blemas no resto do dia. Quanto ao pijama, acho quedeve ter sido encontrado somente anos depois quan-do foi reformado aquele banheiro.

O seguindo caso foi bem mais sério. Como mole-ques adorávamos correr nos dias de chuva, descal-ços e, ao final da corrida, deslizar sobre a lama es-corregadia. Numa dessas um caco de vidro escondi-do na lama provocou um corte na sola do pé direito.Lavei o local com muito cuidado, passei uma das po-madas que possuía e enfaixei. O ferimento inflamoue por vários dias andei com dificuldade. Nessa oca-sião fomos visitar a cidade de Celulose onde o padreLuiz Gardinal atendia. Além da visita à indústria depapel, houve partida de vôlei com a comunidade lo-cal. Não pude participar de nada e com o pé inchadotive a regalia de ir e voltar na cabine do caminhãoque nos transportou. Fui cair na enfermaria do Ir-mão Pedro. Na sola do pé eu tinha um enorme bolsãoenegrecido. Com uma seringa dotada de uma agulhaassustadoramente grossa, o Irmão Pedro perfurouaquele bolsão de onde jorrou um rio de sangue de-teriorado. Em seguida cortou a camada de pele mor-ta com uma tesoura, descobrindo que no centro doferimento ainda havia um caco de vidro alojado. Nãosenti nenhuma dor com todos esses procedimen-tos, mas meu pavor foi tamanho que saí de láencharcado de suor. Após alguns dias de um bomcurativo e eu já estava ótimo e pronto para outra.

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INTER EX Março/20098

xistem palavras que mostram o estado de almade uma pessoa, assim como existem outras que

o ocultam. Por mais que eu procure disfarçar os meussentimentos, as palavras denunciam a alegria queme acompanha quando o assunto é sobre os tem-pos do seminário. Pois, para mim, voltar ao passadoé rever os sonhos, encontrar companheiros de ilu-sões e reciclar as esperanças. Pouco importa se er-ramos ou não, são esses sentimentos que esculpi-ram nossa personalidade. Quem apaga o passadoperde a identidade. É no passado que buscamos anossa sabedoria. Sei que o mais importante é o fu-turo, reconhecer o potencial de mudança, iniciar umprojeto novo e realizar experiências novas, mas nãodevemos reprimir nossas lembranças. As experiênci-as passadas são o tesouro espiritual da vida, a he-rança pessoal de cada um.

Quando falamos do seminário pensamos logo numainstituição, numa casa, numa regra de vida. O Semi-nário era mais do que isso: era um processo de for-mação humana e cristã, uma verdadeira escola, nãoapenas acadêmica, mas de vida, que nos proporcio-nava a sabedoria. Ali vivíamos em comunidade, mo-rávamos, estudávamos e nos divertíamos juntos, nomesmo espaço físico. Aquela intensa vida comunitá-ria e fraterna forjou nosso caráter de solidariedade ede cidadania. Havia muita disciplina, porém a práticadisciplinar a que éramos submetidos, longe de servirde modelagem institucional da nossa subjetividade,formou cidadãos cumpridores dos deveres erespeitadores das leis. Ao contrário do que se pos-sa pensar, desenvolvemos atitudes de autonomia,de independência crítica e de responsabilidade.

A formação intelectual que recebemos deu-nos umamplo conhecimento humanista, incluindo as letras e

RecaidaCarlindo Maziviero (1970-1971)

INTER EX Março/20098

a filosofia, que nos permitem a liberdade de consci-ência e posições críticas na sociedade. Recebemosuma formação integral e harmoniosa. Uma visão doque é o homem e a sociedade. Fazem parte de nossaformação a urbanidade, sentido de justiça, de ami-zade, de liberdade, de responsabilidade e amor aopróximo, valores humanos e cristãos. Juntamos aisto a formação que recebemos de nossos pais etivemos a base sobre a qual pudemos refletir e fazeras escolhas para nossa realização como homens ecristãos.

As alterações sócio-culturais, verificadas na soci-edade, com impacto na Igreja e no modo de ser cris-tão no mundo atual, passaram a exigir umdiscernimento vocacional mais cuidado e adaptado àfisionomia psicológica da juventude, menos condici-onado pelo ambiente sociológico e familiar. Como todojovem, sonhávamos projetos grandiloquentes parao nosso futuro, porém, à medida que o tempo pas-sava, percebíamos que teríamos que revisar algunsprojetos porque não conseguiríamos cumpri-los daforma como os tínhamos concebido.

Às vezes é preciso reconstruir esses nossos so-nhos, pois a realidade nos surpreende e frustra mui-tas dessas nossas idealizações e nos coloca diantede caminhos diferentes dos sonhados, nem melho-res nem piores, apenas diferentes. E seja lá porque caminho, passamos a vida toda correndo atrásda felicidade que parece esquivar-se quando delanos aproximamos. Entretanto, quando a maturida-de nos traz a soma dos anos vividos, descobrimosque os melhores momentos são formados de pe-quenas coisas, pequenos sabores, momentos desuave ou intensa alegria, como aqueles que vive-mos no seminário.

E

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amos falar umpouco a res-

peito do ex-alunoPedro Tramontinaque, em outubro úl-timo, completou oi-tenta anos de idade.Por duas vezes navida ele tentou serpadre Missionário doSagrado Coração enas duas vezes nãoteve chances.

Aos doze anos,em 1941, entrou na

Escola Apostólica de Pirassununga. Desde essa ida-de, já demonstrava sincera piedade e desejo grandede estudar com afinco. Era notório que esse meninochegaria lá. Seu pai, homem rústico e sem nenhumaaparente fé religiosa, achava que esse negócio deseu filho ser padre não estava com nada. Ele tinhaque aprender alguma coisa para ajudar em casa, umaprofissão, isso sim! Foi até o seminário para buscaro filho. O padre Léo, um dos mestres da casa e res-ponsável pela entrada do garoto na Escola Apostóli-ca, conseguiu convencê-lo a dar um tempo, princi-palmente porque o Pedrinho ia indo muito bem nosestudos. A trégua não demorou muito. Um ano de-pois, fazendo valer seu pátrio poder, o pai tirou-o doseminário.

A partir de então, Pedro pouco estudou e come-çou a trabalhar, ora aqui, ora ali e aprendeu a mano-brar todos os tipos de máquinas de terraplenagem.Por vários anos foi tratorista e, engajado numa grandeempreiteira, trabalhou no Brasil Central como encar-regado de peonadas e canteiros de obras. Trabalhodifícil e perigoso. Sob suas ordens estavam dezenasde trabalhadores. de todos os Estados. Uma verda-deira escória da sociedade. Havia bons, maus, vicia-dos, ladrões, criminosos. Correu sério risco de vida,mas suas orações diárias valeram-lhe sair dali ileso.

Novamente em Pirassununga, sua terra natal, ago-ra com vinte e dois anos de idade, independente dopai e dono do seu destino, procurou a mesma Esco-la Apostólica porque ainda queria ser padre. Foi acei-to de braços abertos e voltou aos bancos escolares.

Surgiu, agora, um pequeno problema: ele teria deconviver em igualdade de condições e com o mesmoritmo de vida dos demais seminaristas muito maisjovens do que ele. Eram praticamente crianças, en-quanto ele um adulto já vivido, experimentado, so-frido, conhecedor da vida e de suas ciladas. Tornou-se ele, então, o ídolo da molecada. Nos recreios for-mavam-se rodinhas em torno dele e ele era sabati-nado com mil perguntas. Queriam saber de tudo desua vida passada, como é isto, como é aquilo.

Foi esse o pequeno problema. Agora vem o gran-de: o padre Donato! Quem o conheceu, sabe. A grandemaioria dos alunos “convidados” a voltarem para casadeve essa iniciativa ao padre Donato Nesse assunto

A profecia do padre Léo LeendersJoão Baptista Gomes (42/48)

V ele sempre mandou mais que o Superior da Casa.Muitos anos depois, quando residia na Granja deItajubá, ele foi visitado por um grupo de ex-alunos econfessou estar arrependido de muita coisa que fize-ra em Pirassununga e pediu perdão. Na verdade, pa-dre Donato exercia uma exagerada fiscalização no com-portamento de cada aluno, imaginando coisas, dedu-zindo-as e tirando suas conclusões, que culminavamsempre na exclusão do aluno que, por sua vez, nãotinha nenhuma oportunidade de defesa. Assim, elenão via com bons olhos o entrosamento de um alu-no, homem adulto, com o resto todo de adolescen-tes. Nunca chegou ao Pedro para conversar sobreisso, mas, tanto fez, tanto bochichou, que conven-ceu o padre Superior a convidar o Pedro a ir embora.

Quando já estava na portaria para sair, padre LéoLeenders veio ao seu encontro para se despedir.Ambos tinham os olhos marejados. Ele colocou umamão em cada ombro do Pedro Tramontina e lhe dis-se com a voz embargada; “Case-se, Pedro. Vocêpoderá servir a Igreja de Jesus Cisto mesmocasado e muito bem!”

Casou-se em 1955. Cristão fervoroso e piedoso,recebeu toda colaboração de sua esposa que o acom-panha passo a passo com fé inabalável e foram paisde duas filhas e um filho, hoje todos casados. Traba-lhou 32 anos como Diácono, sendo 29 de ordenaçãopor Dom Claudio Hummes, em 1979 e 3 anos comoanimador de capelânia. É hoje Diácono responsávelpela Capela São Lucas, paróquia de Nossa Senhoradas Dores, em Sto André. Trabalhou 12 anos comomembro da Comissão Nacional de Diáconos junto daCNBB. Eram em 5 diáconos na coordenação doDiaconato no Brasil e na formação dos candidatos nadiocese de São Caetano do Sul. 25 já foram ordena-dos e estão trabalhando muito bem. Nessa diocesehá curso de Teologia dado em 4 anos. Para o 4º ano,ele ministra as aulas de Parapsicologia, em. São Cae-tano, Sto André e São Bernardo. Para este ano deve-rão entrar Diadema. Ribeirão Pires e Mauá.

Há necessidade de se dizer mais alguma coisa so-bre a profecia do padre Léo? Sim. Dentro desse con-texto, como se comporta sua família?

Vamos lá. Uma filha assessora a Diretoria do Co-légio Sagrado Coração de Jesus, em Santo André eseu marido é ex-seminarista e coordenador de Filo-sofia. A outra filha é catequista e seu marido traba-lha na Pastoral Operária. O filho mais novo participada Pastoral da Juventude.

Paralelamente a tudo isso, Pedro Tramontina émassoterapeuta autônomo. Recebeu o título de “Ci-dadão Sulsancaetanense” pelos trabalhos dedicadosao esporte da cidade e também em nível nacionalpela seleção de basquete feminino. Trabalhou comomassagista em vários Campeonatos Sulamericanose um Panamericano, sempre com a seleção feminina,além do VIº Campeonato Mundial de Basquete Femi-nino realizado no Ibirapuera , em São Paulo

Não se pode negar que o Pedro Tramontina reali-zou todos os sonhos e aspirações de sua vida. Fica-mos orgulhosos por tê-lo em nossas fileiras.

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vida no Seminário Me-nor de Pirassununga, o

nosso querido Colégio daRaia, foi uma longa e curtavida de apenas seis anos es-colares. Olhando retrospecti-vamente, aqueles anos foram

muito curtos, dependendo logicamente, do ângulopelo qual se observa. Foram seis anos ininterruptos,doze semestres sequenciais. Além de nossas obri-gações escolares e religiosas, a nossa formação foiassinalada dentro de uma pauta cultural específica, amúsica. E em especial a Música Clássica. Fomos cria-dos e educados sinfonicamente, com harmonia econtraponto adequados. À primeira vista isto parecede somenos importância, mas quando paramos parapensar e “sentir”, sentimos o quanto a Musa Euterpetocou os nossos corações. Claro que não se podeser exclusivista, mas o primeiro amor sempre falaem um coração apaixonado. E Euterpe, como todafemina é sinuosa, serpenteia silenciosamente

Uma das muitas músicas que nos acompanharamnaqueles saudosos anos foi a inesquecível SinfoniaInacabada de Schubert, a Sinfonia in B menor D 759,Unfinished, como é catalogada. Tem uma especialqualidade, uma sua característica inconfundível: éapresentada em apenas dois movimentos, o AllegroModerato e o Andante com Moto (Qualquer alusãocom “motocicleta” é apenas maldade manifesta e re-jeição à Música Erudita!...). Cada um desses “Movi-mentos Musicais” tem o seu encanto. Quanto maisse ouve essa sinfonia, cada vez mais se descobremnovos detalhes, belezas imperceptíveis às primeirasaudições, riquezas que fazem desta obra de arte umajóia especial dentro do panorama da música do sé-culo XIX, o do Romantismo musical.

Os nossos anos de Pirassununga também forammarcados por dois grandes “Movimentos”, o primei-ro e o segundo semestres. Cada qual tinha o seu

Sinfonia InacabadaLupo da Gubbio (1948-1954)

A

encanto, as suas particularidades, as suas riquezas,os seus matizes de cores e sons que deles fizeramuma música especial, com um final brilhante em umacorde de tônica dominante, solene e encantador.

O primeiro semestre de cada ano letivo era mar-cado inicialmente por uma missa especial, na qual sepediam as bênçãos do Céu para o novo ano que seia iniciar. Era o encerramento das Férias de fim deAno que terminavam precisamente em Janeiro, poisas aulas sempre começavam, oficialmente, em Feve-reiro. Era a afinação da orquestra. O acontecimentosubsequente foi sempre a chegada dos novos alu-nos, a introdução da grande sinfonia. Uma expecta-tiva geral, tanto por parte dos padres professorescomo dos alunos “antigos”. Lá não conhecíamos adicotomia de “veteranos e bichos/calouros”. Éramoscivilizados (até certo ponto).

Com a nova safra o Seminário criava outra vida.Os colegas recém-chegados sempre representavamuma nova floração, uma promessa a mais, um futu-ro que se incorporaria ao nosso presente, novosafluentes engrossando o caudal das águas já volu-mosas. “É pau, é pedra, é o “começo” do caminho,é um caco de vida, é a vida é o sol”...

Assim que as aulas se iniciavam as novidades cres-ciam, pois cada um de nós (com raríssimas exce-ções) começava um outro ano em seu currículo es-colar: da Sexta para a Quinta descendoascendentemente, ou então um ascender “descen-dente”, paradoxalmente falando.

Mal esquentávamos as turbinas e a Semana San-ta se nos afigurava no horizonte. Era um aconteci-mento imemorável. Preparativos ansiosos de cantose cerimônias litúrgicos, em especial a expectativa doOfício das Trevas, na igreja Matriz da cidade. Íamostodos de batina preta e cota branca (sobrepeliz) combordados sérios e distintos. Era um acontecimento,uma “prelibação” de um futuro distante. E no Ofíciodas Trevas, no apagar das luzes internas da igreja omomento do “barulho sacro”, em que acertávamoscom o Líber Usualis a cabeça do colega a nossa fren-te. Tudo dentro e em nome da piedade e devida com-postura, pois éramos civilizados até certo ponto.

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A festa da Páscoa marcava o ápice, era um acon-tecimento retumbante. O almoço, todo especial. Atéguaraná nos era servido, e no recreio da tarde, pico-lé. Geralmente, depois da Festa da Páscoa, vinha oaniversário do padre Superior (19 de Maio), o acon-tecimento por excelência na escala das festividadesnão sacras. Ensaio de uma nova peça teatral, ensaiode uma nova Missa Solene, preparativos musicaispara a grande tarde no Salão Nobre onde o home-nageado devia ser homenageado com dignidade efervor depois do almoço de gala em que muita gali-nha (frango) desaparecia em nossas entranhas de-sentranhadas. À noite o ponto alto da festa: gran-des atores escolhidos a dedo, cenários deslumbran-tes que surgiam das mãos do padre José Maria deBeer, uma revelação de novos talentos e a confirma-ção dos já consagrados.

Outro acontecimento muito esperado era também,neste primeiro semestre, a realização dos famosos“Desafios”. Consistiam em torneios futebolísticosentre equipes treinadas com os melhores elemen-tos, destacados azes da pelota. (Como sempre eununca fui escalado e nem escolhido, pois era patentea minha nulidade no campo esportivo. Mas assumi-da...). Os times em disputa tinham nomes pompo-sos, tirados geralmente da História Universal, liga-dos a determinados povos e acontecimentosmarcadamente heróicos: Atenienses versusEspartanos, Curiaços contra Horacios, Burguignonsversus Armagnacs, Guelfos e Guibelinos, Sioux con-tra Iroqueses e assim por diante. Uma identificaçãocom o espírito medieval, a mentalidade das “Compe-tições e Torneios”, a Guerra das Duas Rosas. Nosdois quadros negros na Sala de Estudos, ladeandoo púlpito do Irmão Chico, os times eram apresenta-dos com os respectivos nomes escritos em cores,as letras desenhadas habilmente pelo mesmo padreJosé Maria, com muita arte e requinte nos detalhes.Lembravam mesmo certas Miniaturas medievais.

O mês de Junho era esperado ardentemente porcausa da famosa “Batalha de Fogos” travada entreMaiores e Menores, até o fatídico dia em que o cole-

ga Hugo Arantes se incendiou acidentalmente e defi-nitivamente, salvando-se por milagre. E logo depoisvinham os preparativos nervosos para os examesque antecediam as Férias de Julho, outra batalha defogos,mas que nunca foi extinta.

Por sua vez, o segundo semestre tinha uma ou-tra tonalidade. Era mesmo o segundo Movimento daSinfonia, outros temas, outra sonoridade. Novosacontecimentos já eram esperados e preparados. AsFérias de Julho eram preenchidas com muitos jogosde futebol, campeonatos de Volley e campeonatosde Papagaio (empinagem de pipas e consequente caçaaérea, pois afinal estávamos na terra da futura Aca-demia da Força Aérea). Entre os muitos jogos está-ticos, o Strategos era o mais procurado, além doPingue-Pongue tradicional e jogos de cartas. E mui-tos passeios por Sítios e redondezas dePirassununga, com piqueniques e picolés na volta.(O Irmão Chico abstinha-se do picolé, porque geral-mente vinha meio turbinado, com o andar aceleradopor causa de outra quentura interior).

Reiniciar as aulas no segundo semestre era mes-mo um ofício um tanto moroso. Mas logo a máqui-na-estudantil esquentava pegando o devido embalo.Alguns feriados vinham amenizar a faina de cada dia.Agosto tinha a festa da Transfiguração de NossoSenhor, no dia 6, festa do padroeiro da cidade, sebem que o titular da paróquia era e é ainda o SenhorBom Jesus dos Aflitos, bem ao nosso gosto dentrodas costumeiras aflições estudantis. A festa da As-sunção, no dia 15, era também um feriado respeitá-vel porque nossa Boa Mãe sempre nos elevava comEla, especialmente nas horas dos grandes apertospor ocasião dos exames semestrais.

Setembro era o mês do Retiro dos Padres. Estesvinham das várias paróquias a cargo da Congrega-ção, em diversas cidades de muitos Estados. Essespadres não trabalhavam diretamente nos Seminári-os, mas indiretamente colaboravam de maneira ex-traordinária para a nossa formação. Eram eles queem grande parte movimentavam a Pequena Obra, aqual nos garantia o nosso sustento material e inte-lectual. Eram os “obreiros da primeira hora” que pas-savam o dia na vinha do Senhor, aguentando o solcausticante do dia para que nós pudéssemos traba-lhar na sombra. E nós disputávamos a honra de po-der-lhes servir de acólitos em suas missas, naqueles

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dias de muito movimento litúrgico e muita agitaçãono terreno da espiritualidade.

Mas o ponto alto era mesmo o mês de Outubro.Mal iniciávamos o segundo semestre, nossos olha-res se voltavam para o grande acontecimento a vir, aAcademia Literária. Uma glória suprema poder apre-sentar os nossos trabalhos intelectuais, ser aceitos,julgados e premiados devidamente. Era uma ques-tão de honra fazer com que aqueles brasões afixa-dos na parede do fundo de nossas salas de aula“arqueassem” sob o peso de tantas condecorações,valores indescritíveis para cada turma de sua classede aula. (Per Aspera Ad Astra, Quo non Ascendam,Finis coronat Opus, etcoetera). E o prêmio para aclasse vencedora era o esperado passeio à FazendaSanta Cruz, da Condessa Renata Crespi, em Araras(Elihu Root, mais precisamente). Esperado ainda commaior ardor era poder, depois, na Retórica, sermosalçados ao grau de Acadêmicos Imortais, ostentan-do na lapela de nossos paletós aquela encantadoraflâmula da Academia Pio XI, vibrando ao som do fer-voroso Hino Oficial,

“É Pio XI o nosso patrono, um exemplo de fé evigor; um modelo acabado e perfeito dosincero e fiel lutador.

Mocidade estuante de vida, mocidade de pé pralutar; quem não vence a gloriosa subida, ficará sembrasão conquistar!” (Hino oficial da Academia Pio XI).

Também havia no segundo semestre as nossasalmejadas Olimpíadas, semelhantes às de Pequim,claro: jogos diversos, brincadeiras e corridas especi-ais em que cada um procurava se destacar e ganharos melhores aplausos. Alguns prêmios, tais comocanivetes, fivelas-mosquetão, lápis de cor, canetascom penas de aço ou bloquinhos de notas, pião, eoutras bugigangas que muito nos entretinham.

O mês de novembro – já meio sinistro por causados Finados – agora se revestia de preto ainda maisescuro com aquela sua perspectiva sombria: os exa-mes de final de ano, a decisão última para se passara uma outra série estudantil, passar de turma, gal-gar mais um posto em nossa ascensão intelectualcom a ida para o Noviciado. A gente passava de anomesmo deixando pêlo na cerca.

Dezembro entrava com muita luz de verão, commuita esperança e fé para finalmente ser coroadocom todo o amor: os exames concluídos, a soleneEntrega de Livros encerrando o ano letivo com gló-ria, e o inesquecível Natal com todas aquelas suaspeculiaridades, os enfeites no Salão Nobre, a CeiaFestiva após a Missa Solene cantada com emoção ejúbilo, a peça de teatro cuidadosamente ensaiada, eas férias no Sítio São José do Barrocão. (Mas acon-tecia que muitas dessas férias eram sim, verdadei-ros “barro do cão”, em vista das intermináveis chu-vas de janeiro).

Porém, o mês de dezembro já bastante prenhede muitos acontecimentos, ainda nos oferecia maisatrativos. O dia 6 de Dezembro trazia uma novidadeespecial para nós do hemisfério Sul. Era a festa deSão Nicolau, algo de caráter totalmente europeu, emespecial para aqueles países cobertos de neve. E osnossos preceptores, verdadeiros pedagogos, fazi-am com que nós pudéssemos aquilatar o quanto oCristianismo criou de cultura e folclore no Ocidente.Para muitos países da Europa, a troca de presentes

e lembranças entre amigos e familiares se faz no diade São Nicolau, ao invés do Natal.

Três dos nossos colegas dos Maiores atuavam naencenação da lenda. Com grande expectativa surgiano topo da escada do pátio dos Maiores aquele ma-jestoso bispo envolto em suntuosos paramentos,mitra e báculo. Ladeando-o, dois pajens (pintadosde preto assemelhando-se a africanos), vestidos àmaneira de saltimbancos medievais, sorridentes eprestativos. Fiquei profundamente impressionadoquando presenciei esse acontecimento pela primeiravez. Não acreditava, mas fiquei sabendo posterior-mente que o bispo era o colega Chico Paiva (hojevigário em uma paróquia de Amparo-SP). Seus dois“coadjutores” naquela ocasião eram o Aloísio Pinto(falecido padre Aloísio) e o mais que querido filósofoe latinista Rubens Maia, assíduo freqüentador dosEncontros Anuais da Associação dos Ex-Alunos.

Outro acontecimento de grande importância quefazia parte da dinâmica de nossa vida interna era afesta dos Santos Inocentes, celebrada no dia 28 deDezembro. Como era costume naquele dia, os doiscolegas mais novos do Seminário, os “Benjamins”assumiam o comando da casa. Faziam a vez de “Su-periores” da comunidade estudantil. Qualquer coisaque se desejasse fazer tinha que passar pelo crivode sua aprovação. Apareciam vestidos de batina(como os padres) e de barrete clerical na cabeça.Apesar de já estarmos em férias, aquele dia assumiaum típico dia de feriado, não sei por quê. Só sei queeles mandavam pra valer, exerciam o seu poder comtodo o poder e majestade. E a tarde era esperada,depois de um lauto almoço acrescido da famosa so-bremesa de pudim de chocolate, com o desejadoguaraná e o famoso picolé. No meu tempo, os dois“santos inocentes” foram o Nelson Autran e o GinoCrês (o primeiro, já falecido inesperadamente, des-frutando hoje da inocência almejada e merecida naCasa do Pai. O outro, ainda fazendo companhia anós todos que aqui caminhamos juntos em buscada mansão celeste - segundo fonte fidedigna - con-tinua “mandão”, como naquele saudoso 28 de de-zembro de ..., mas obediente em casa e sem chancede reclamar. Santo Inocente inocente, ora pro nobis).

Inúmeros outros detalhes e mais alguns porme-nores podemos recordar e apreciar naquela Sinfo-nia. Os dois grandes Movimentos desta obra primado nosso viver estudantil repetiam-se anualmente, epor isso mesmo se constituíam numa verdadeira Sin-fonia Inacabada. Como na peça aludida, vale um es-forço nosso em ouvi-la mais vezes, aprofundar noseu conteúdo, saborear sua grandeza de pormeno-res, pois a beleza do todo está na atenção dada aosdetalhes. Vale também rememorar o nosso Passado,porque vivemos um Allegro Moderato e um Andantecom Moto. (Dizem que foi descoberto o TerceiroMovimento dessa obra de Schubert, mas que aindanão foi editado, infelizmente).

E assim chegaremos à conclusão de que o Tercei-ro Movimento desta Sinfonia que um dia se iniciouentre os muros do Colégio da Raia é mesmo esseMomento que estamos vivendo agora, constituindoeste novo Movimento de nossa existência, comple-tando esta Sinfonia que ainda não terminou, a nos-sa vida, e que nós mesmos a dirigimos como maes-tros, mas cujo autor é o Imortal e Inominável Artist

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A oficina manualNelson Altran (1948-1954)

padre Donato, apesar de tudo, ou por isso mes-mo, não tinha parada. Era um idealizador, qua-

se um gênio. Era baixo de estatura, narigudo, cabe-los lisos separados bem ao meio. O que lhe faltavaem estatura sobrava-lhe em genialidade e vitalidade.Não havia naquele nosso seminário professor maissevero e ao mesmo tempo mais compreensivo. Eraum contraste clerical. Suas aulas eram sempre “api-mentadas”, assim como suas provas e exames.

Às vezes, para surpresa geral, debandava a con-tar fatos e histórias quase sempre referentes à fa-zenda Santa Cruz da condessa Renata Crespi, daqual era ele o capelão. A principal matéria que lecio-nava era o Grego clássico do velho Homero, do men-tiroso e vaidoso Xenofonte, do religioso Píndaro, domascarado Sófocles e de tantos outros cujos escri-tos vararam séculos e chegaram até nós.

A língua grega era sua paixão e, principalmente, amitologia grega contida em livros muito bem enca-dernados, cujas páginas repletas de figuras nuas dedeusas e deuses ele nos mostrava fazendo-nos ad-mirar as linhas esbeltas e perfeitas daqueles mármo-res frios que desafiaram o tempo. Seu conhecimen-to de tudo quanto se relacionava com a antiga Gréciaera simplesmente admirável. Traduziu e editou ossermões de São João Crisóstomo, o “Boca de Ouro”.Ainda conservo com carinho um exemplar autogra-fado e com dedicatória em Grego.

Ativo e idealizador como ele era, imaginou criarum Museu de Artes Greco-Romanas. Em baixo doandar térreo havia o Salão Nobre e, em frente a este,do outro lado do longo corredor, outro salão menoronde havia uma mesa de bilhar e era a sala de re-creio dos Irmãos Leigos. Pois não é que o padreDonato resolveu tomar dos pobres Irmãos o únicolugar onde costumavam se divertir? Em apenas umasemana ou, melhor, em duas tardes de futebol per-

O

dido, pusemos abaixo a parede que separava aquelasala de uma outra vazia. Retirado o entulho, foi tudolixado, pintado e foi dado início às obras de arte querolavam na cabeça do padre Donato. O primeiro edifí-cio-miniatura a ser construído foi a Acrópole de Ate-nas, assentada sobre uma laje de pedra penosamentetrazida da poeirenta estrada do sítio numa outra tardede futebol perdido. A seguir, veio a construção do Acam-pamento Romano. Foi surgindo aos poucos no estra-do: uma tenda aqui, outra ali, mais outras lá, todas sealinhando ao redor da tenda vermelha do General porentre os balaustres que circundavam o campo, até maisalém da ponte elevatória, para lá do grande fosso.

Era de se admirar a constância e a animação quereinavam naquele ambiente de trabalho, onde cada umpunha à mostra suas qualidades artísticas de carpintei-ros e pintores, ocupando assim o precioso tempo dosrecreios perdidos, onde só se viam rodinhas em bate-papos inúteis e vazios. Essa era a preocupação maior

do padre ao querer fundar e estabelecer a Oficinade Trabalhos Manuais e o futuro Museu das

Artes Greco-Romanas: acabar de vez comas rodinhas molengas do “dulce fare niente”,onde o diabo do fuxico andava à solta.

Com o passar do tempo e o aumentoconstante das obras manufaturadas, o es-paço da humilde oficina foi se tornandopor demais pequeno. Novas obras iam

surgindo das pontas dos formões e dos dentes dosserrotes, esparramando lascas de pedra e madeiraque forravam o ladrilho branco do piso, grudando nassolas dos sapatos e espalhando sujeira pela casa todacomo conseqüência daquele esforço artístico e cultu-ral. Era necessário encontrar outra sala onde seriamexpostos os frutos do nosso trabalho. Padre Donatoera quem mais trabalhava e também quem mais sedivertia Convenceu o padre Superior a ceder-lhe ogrande salão contíguo ao Salão Nobre e que era orefúgio dos Menores para jogos nos dias de chuva.Mais uma vez, perdendo mais algumas tardes de fu-tebol, fizemos a limpeza geral, a pintura das paredese, com todo cuidado, todo o Museu das Artes Greco-Romanas foi transferido para lá. A inauguração foifestiva e animada pela bandinha “São José”, conduzidapela batuta do padre Henrique Alofs. Foi tocada umamarchinha composta pelo padre Superior, o AdrianoSeelen, especialmente para aquela ocasião.

Ali ficou o Acampamento Romano já terminado, aAcrópole de Atenas, pequenas máquinas de guerra,quadrigas romanas, instrumentos musicais,ampulhetas, o grande Teatro de Dionísio. E, hoje, atodo visitante é dado ver aquela magnífica maqueteda Acrópole em todas as suas minúcias, em sua or-dem dórica, com suas ranhuras, seus fustes, frisos,capitéis, filetes, arquitraves, cornijas, etc.

Ali se revelaram bons escultores. Eu também fiz umaescultura que, para meu próprio espanto, assemelhou-se, quando a julguei terminada, a uma carranca origi-nal de algum faquir oriental ou pertencente a algumpersonagem soturno das tétricas novelas de Dickens.Não fui além. Limitei-me a esse sucesso efêmero e co-loquei minha obra de arte na galeria dos bustos clássi-cos bem ao lado de um perfeitíssimo Demóstenes es-culpido pelo Alfredo Máximo da Silva, esse, sim, umartista de mão cheia. Parece que ainda hoje está lá.

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INTER EX Março/200914

NAUGURAÇÃO do Museu, ou melhor, “Museum quoAntiquitates Graecae et Romanae Ilustrantur”, reali-

zada às 18 horas, mais ou menos, do dia 14 de abrilde 1952. Estiveram presentes 9 padres e 97 alunos,sendo 8 retóricos, l4 poetas, 13 tertianos, 20quartanos, 23 quintanos, 17 sextanos; 2 da tértia es-tavam na enfermaria. O salão está intensamente ilumi-nado. A luz branca e mui clara que enche o recintofestivo combina perfeitamente com a cor suave e deli-cada dos altos paredões que formam no seu conjuntoo salão do Museu. Em frente das janelas de vidro queora estão fechadas, vê-se belas cortinas de cor verde-claro.

Os Menores chegam primeiro e, enquanto passei-am pela sala, admiram os trabalhos, fotografias e es-critos expostos. Acha-se aí também o pequeno mu-seu zoológico rico em espécies de cobras, borbole-tas, besouros e outros insetos, ovos, pedras, moe-das e outros mais. O padre superior, Adriano Seelen,como ainda não pode descer escadas, devido sua ope-ração, faz uma volta enorme por trás da Capela doRosário e entra por uma porta lateral do Museu a qualtem apenas dois degraus. Acompanham-no os pa-dres Cornélio, Leo, Donato (a alma do Museu), Mário,João, Adão, Germano, estando ausentes por causada Semana Santa, os padres José Maria e Amadeu.Uma vez dentro do salão, ou melhor, na parte alta àentrada, sentam-se e olham satisfeitos para o recintoiluminado e cheio de vozes apreciativas dos Menores.

Chega por último a turma dos Maiores, precedidapelo padre Henrique que traz consigo a “Banda SãoJosé” e vários auxiliares chamados de antemão. De-pois que todos entraram, os Maiores cantaram o“Vinde, alegres cantemos”. Em seguida, adiantando-se, o padre Donato que estava em baixo começou afazer o relatório da fundação, vida e estado atual doMuseu. Entre outras coisas, mencionou o importan-te auxílio em dinheiro ofertado pela benfeitora Con-dessa Renata Crespi, o dia em que foram iniciadosos trabalhos, ou melhor, instalada a Oficina sob opatrocínio de São Jose. Enumerou em seguida os

Anais do Seminário14-abril-1952 – Segunda-feira depois da Páscoa

trabalhos gerais e os particulares esclarecendo quetudo foi feito nos minutos esparsos dos recreios.Disse também que tudo é um trabalho unânime eque, graças a Deus, não se pode dizer que foi tal ouqual classe que fez um determinado trabalho porquesempre há outros, um daqui, outro dali, que pres-tam seu auxílio Depois que o padre Donato termi-nou seu relatório, a Banda São José, sob a regênciado padre Henrique, executou a marchinha “Hino dosTrabalhos Manuais” de autoria do padre superior,Adriano Seelen. Ao hino seguiu-se o discurso doautor da música. Falou ele sobre o importantedonativo daquela benfeitora (condessa RenataCrespi), graças ao qual deu-se início aos trabalhos,no dia 4 de julho de 1951. Frisou também que, seantes, em sonho ou em uma visão, tivéssemos vistoo que atualmente está feito, não acreditaríamos ser-mos nós capazes de fazer coisas tão belas e, quiçá,maravilhosas; e ainda que temos em nós muitas coi-sas que ainda não sabemos e que precisamos des-cobrir; aludiu, então, à mui conhecida frase deSócrates “gnoti seauton”. Recordou-nos que deve-mos muitíssimo ao padre Donato já que sem ele nadateríamos e que São José não se sentiu envergonha-do de se incorporar aos nossos trabalhos nem tãopouco menos honrado quando o colocamos nestesalão que antes não merecia o nome de salão massimplesmente quarto de trabalho ou barulhenta ofi-cina. Terminou manifestando o desejo de que o Tra-balho Manual “crescat, vivat, floreat”. Após esse dis-curso, um retórico, o Geraldo José de Paiva, agrade-cendo as palavras do Padre Superior, falou em nomede todos nós da alegria que sentíamos diante detodas aquelas obras de arte. A seguir, cantou-semais uma vez o “Hino dos Trabalhos Manuais” e, ter-minado este, foram tiradas algumas fotografias. Parabem encerrar aquela cerimônia foram distribuídosguaraná e ovos de Páscoa no corredor contíguo aoSalão. E aos poucos foi se esvaziando o Salão e asgarrafas de guaraná e, com a dispersão de todos,findou uma grande e importante data na história daEscola Apostólica dos M.S.C, em Pirassununga.

I

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ntes de mais nada, cabe-me informar que o ZéSantana acima, por coincidência, leva o meu so-

brenome, mas não tem nada a ver comigo, nem pa-rente distante é. Era apenas um conhecido que, nosanos 50, morava lá, no Bairro “Barreirinho”, em Del-fim Moreira(MG), e jogava futebol pelo time“Barreirinho Futebol Clube”.

Ainda como preâmbulo, devo me estender umpouco mais para tentar passar ao leitor algumas ca-racterísticas interessantes desse Bairro, que, nessaépoca, era servido por uma estradinha de terra mui-to mal conservada (praticamente uma trilha detropeiros) e pelo trenzinho “Maria Fumaça” da antigaRede Mineira de Viação ligando os Municípios minei-ros de Itajubá e Delfim Moreira. Esse trenzinho fun-cionou precariamente desde a década de 20 até àdécada de 50, quando, por injunções políticas, foidefinitivamente desativado no Governo de JuscelinoKubitschek. Se o transporte já não era lá grandecoisa com o trem, imagine-se agora a situação da-quela gente só com a opção da estradinha de terra:era o velho lombo de burro, uma ou outra charreteou “bagageira” e, de vez em quando, um daquelesjipinhos americanos, de tração dupla, salvos da 2ª.Grande Guerra.

Pois bem, nessa época, chegou a esse Bairro, vin-do do Rio de Janeiro, um padre da Ordem de SãoBento, Dom Celestino e comprou uma gleba do Sr.Benedito Ferreira, pai do padre Antônio Cortez, paraa construção de um Mosteiro: lá nas montanhas, a1.200 metros de altitude. Evidente que com a che-gada dos Beneditinos houve uma melhora naquelaestradinha de terra. Os monges, antes de iniciar aobra, já começaram por trocar o nome do Bairro de“Barreirinho” para “Serra Clara”. E, em outubro de1957, na mesma data em que começou a corridaespacial, com o lançamento do Sputnik I ( primeirosatélite artificial da Terra), pela antiga União Soviéti-ca, era inaugurado o Mosteiro de Santa Maria deSerra Clara. Nós, alunos do Instituto Padre Nicolaude Itajubá, estávamos todos lá prestigiando o even-to: Zivaldo, Sebastião Amaral, Osvaldo Signoretti etantos outros. Lembro-me bem da data porque nosdiscursos da inauguração só se falava da coragem eousadia daquele monge magrinho, de fala mansa,Dom Celestino, e da coragem e ousadia dos Russosque saíam na frente dos Americanos na corrida pelaconquista do Espaço Sideral. Dos monges que pas-saram por esse Mosteiro, lembro-me bem do abadefundador, Dom Celestino, de Dom José, médico, edo famoso médico e historiador Hélio Silva. Para aliafluía gente do Bairro para as missas dominicais, paraouvir as vozes mansas dos monges nas pregações eno canto gregoriano. Afluía também gente de fora,de outras cidades, sobretudo gente do Rio de Janei-ro. No fundo, no fundo, havia como que uma grandecuriosidade das pessoas em conhecer o “modus

Nem Pelé ... Nem Maradona ... Apenas Zé SantanaRaimundo José Santana (1954-1961)

vivendi”, praticamente medieval, daqueles cenobitasdistantes da civilização. O lema “ora et labora” deSão Bento era uma novidade para os visitantes e,sem dúvida, o Mosteiro não deixava de ser uma atra-ção turística. A gente achava que aquela casa, nofuturo, seria um Patrimônio da Humanidade e atrairiamuitos turistas para o Bairro, como os Mosteiros deMetéora e do Monte Atos, no norte da Grécia. Hoje,infelizmente, Dom Celestino está morto e o Mosteirojá não existe mais. Foi apenas um sonho de, mais oumenos, meio século.

Voltemos agora ao Zé Santana e ao seu time defutebol, cujo campo ficava próximo ao antigo leito daestrada de ferro, no topo de um morro em forma decone, ou seja, os goleiros ficavam bem nas extremi-dades do terreno: qualquer bola chutada com força,se não fosse barrada, rolava morro abaixo e, depen-dendo do resultado do jogo, não havia juiz que con-seguisse evitar a famosa “cera” do goleiro. Na maio-

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ria das vezes, os próprios atacantes adversários éque tinham que sair em desabalada correria para bus-car e repor a bola em jogo. Com isso, podia faltartécnica ao time, mas não preparo físico: o pessoalestava acostumad, com esse sobe-e-desce, a jogar120 minutos ininterruptos. Eram comuns os chutõesdos zagueiros (os famosos beques de roça, comoeram chamados), mas os atacantes “caprichavam napontaria”, pois se chutassem com força e errassemo gol, tinham que sair correndo ladeira abaixo parapegar a bola. Logo, “performance”era o que não fal-tava ao time e, sobretudo, ao Zé Santana, que eraum verdadeiro maratonista.

Nosso professor de Religião, padre Antônio Quirino,de vez em quando, ajudava os vigários das paróqui-as de Piranguçu e de Delfim Moreira e, como estraté-gia catequética, achava por bem motivar as comuni-dades, promovendo partidas de futebol entre os vári-os bairros rurais e o nosso seminário. Certo dia,trouxe ao nosso campo o time do “Barreirinho” parajogar contra o time da “Serra dos Toledos”. Não seise os companheiros da época vão se lembrar desseevento. Foi uma partida incrível! Não pelo futebol emsi, mas pelo fato inusitado ocorrido no finzinho dojogo, que eu, tranqüilamente, faria consignar nosregistros da FIFA, como um dos quatro feitos maissensacionais da história do futebol mundial. Seráexagero meu?

Vamos enumerá-los:1- O Brasil toca bola por mais de um minuto an-

tes de fazer o quarto gol na Argentina, na Copa dasConfederações de 2005, em Berlim. Incrível! Notadez para o melhor jogo da Seleção Brasileira em to-dos os tempos!

2- Pelé dribla meio time do Fluminense, em 1961,antes de fazer aquele seu famoso gol de placa noMaracanã. Incrível! Nota dez para o melhor jogadordo mundo em todos os tempos!

3- Maradona também dribla meio time inglês naCopa de 86, no México. Incrível! Nota dez para osegundo maior jogador do mundo em todos ostempos!

4- E agora, Zé Santana! Se, nessa época, hou-vesse o “Guinness Book”, certamente seu feito láestaria registrado. Incrível! Nota ... não sei que notalhe daria ... julguem vocês:

Os dois times “Barreirinho” e “Serra dos Toledos”entram em campo. O espocar de fogos e a gritariaensandecida das torcidas organizadas fazem tremeras janelas do seminário. Mas o “Barreirinho” só temdez jogadores: está faltando o Zé Santana. O juizespera, espera e nada: o homem não aparece. De-pois de muita confabulação, resolve autorizar o jogoassim mesmo. O “Barreirinho” começa jogando sócom dez homens, mas, heroicamente, resiste, nosprimeiros 45 minutos, à pressão do adversário. Nosegundo tempo, lá pelos vinte minutos, apesar delutar valentemente, sofre o primeiro gol; não desa-nima, porém, continua lutando. Lá pelos 40 minu-tos, chega esbaforido, numa correria louca, ocentroavante Zé Santana. O juiz o autoriza imedia-tamente a entrar em campo.

Ele, primor de preparo físico, esperança do time,homem-gol, saúda a torcida e entra em campo. Naintermediária, recebe a bola do companheiro JoãoCâncio, abaixa a cabeça e sai driblando todo o timeadversário até à grande área. A torcida do“Barreirinho”, já antevendo o empate (num misto degíria com linguagem quinhentista própria lá daqueleenclave montanhoso) grita enlouquecida:

- Pincha a bola na rede, Zé! Pincha! Pincha!Mas o Zé não ouve ninguém. Como diz um mole-

que, ali, da assistência: “Ele engastalha a bola nospés, não tem para ninguém!” Não chuta a gol. Ca-bisbaixo, como um touro enfurecido, continuadriblando, só que, agora, em direção ao próprio gol.Os companheiros param, não entendendo o que elepretende fazer. A torcida pasma, silencia por um bre-ve instante. Ele, olhar fixo na bola, volta driblando,agora, os próprios companheiros. A torcida explo-de: “Estamos perdendo o jogo, Zé! Sem bazófia,sem “firula”! Volta para o gol dos homens, Zé!” Zéestá ou se faz de surdo: dribla seus laterais, seuszagueiros e seu próprio goleiro, entrando com bolae tudo no gol, marcando o mais sensacional “golcontra” que eu já presenciei. Como que saindo deuma catarse, dá um soco no ar e corre para a assis-tência, vibrando com o feito extraordinário.

Por alguns segundos, paira no estádio um silênciosepulcral. Ninguém havia entendido nada! E agora?

2X 0 para o “Serra dos Toledos”!A torcida, então, como uma horda de bárbaros,

invade o campo. O juiz, pressentindo um possível“linchamento” encerra o jogo e Zé Santana, que che-gou atrasado e esbaforido, como herói, agora, maisesbaforido ainda, como vilão, foge, apavorado, emdireção a seu cavalo. E a multidão segue, aos berros,atrás dele: “Vai dar às de vila-diogo, agora, seu tisgo?Tisgo! Tisgo dos diabos”!

Os adversários riam e nós, do seminário, teorica-mente neutros, troçávamos também do infelizcentroavante. Será que aquilo tudo não teria sidofruto de uma “cachacinha” a mais? Ou não teria elesofrido um “surto de megalomania”? Ou, quem sabe,não teria sido “comprado” pelos inimigos?

Nunca soubemos atinar com o que acontecera,como também, até hoje, nunca soubemos o signifi-cado dessa palavra “tisgo”, com que o xingaram.

Realmente ... um mistério que, a meu ver, bemmereceria uma placa!

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Homenagem aos irmãos leigosCláudio Carlos de Oliveira (1959-1965)

o início de nossa vida no Seminário, per-cebíamos a existência de dois grupos de

“padres”: um dos que celebravam missa, da-vam a maioria das aulas e ocupavam os car-gos de direção e outro dos que não celebra-vam missa, davam uma aula ou outra, faziamas tarefas mais simples como atender à por-taria, cuidar da enfermaria, do dormitório, dacozinha e dos recreios.

Com o passar do tempo, fomos informa-dos que havia, na Congregação, os religiososordenados ou padres e os religiosos não or-denados ou Irmãos Leigos, que se dedicavamàs tarefas mais simples, porém indispensáveispara uma convivência minimamente confortá-vel no Seminário. Tivemos o privilégio de con-viver com alguns desses Irmãos, cuja lembran-ça de momentos alegres e exemplos de vidanos inspiram até hoje.

Em Pirassununga, conhecemos o Irmão JoãoPorteiro. Seu nome verdadeiro parece que eraoutro. No livro “Face a face”, de autoria dopadre Henrique Roberto,encontramos o nomedo Irmão Geraldo van den Akker., que acredi-tamos ser o próprio. Recebia os novos alu-nos com um caloroso abraço. Com um largo sorrisonos conduzia à sala de visitas, quando os pais ououtros parentes vinham nos ver. Ao som do sino daportaria, deixava, prontamente, a mesa na hora dasrefeições para atender algum visitante. Dele apren-demos a cultivar sempre o bom humor e o sorrisoacolhedor.

Conhecemos também o Irmão Henrique Bowman ,o “Forgeron”, nosso companheiro de férias no Barrocão.Com carinho preparava as refeições. Tinha estaturaforte e rosto carrancudo, mas coração de menino. Gos-tava de nos assustar enrolando as fartas sobrance-lhas, tornando-as semelhantes a um par de chifres.Era forte como um touro e, por isso, dava conta dastarefas mais pesadas e difíceis como trocar encana-mento, desentupir esgotos ou consertar motores. Deleaprendemos a valorizar o serviço braçal, que deve serexecutado com disposição e boa vontade.

Quando ficávamos doentes, contávamos com apaciência do Irmão João van den Borne. Dedicado,nos recebia na Enfermaria para fazer curativo numferimento qualquer causado por uma traquinagemmais ousada. Com voz rouca e charuto holandêsquase sempre apagado na boca nos atendia pronta-mente em qualquer hora do dia e da noite. Pacientee com espírito quase maternal nos visitava diaria-mente, quando por causa de uma doença mais gra-ve, tínhamos que ficar internados na Enfermaria, lon-ge das aulas e das brincadeiras. Que lições de humil-dade, paciência e dedicação nos ensinou o IrmãoJoão, enfermeiro.

Iniciando os anos de estudo, na sextinha, tive-mos aulas com o Irmão Adriano Lansbergen. Ensi-nava, com dedicação, História Sagrada, Geografia eLiturgia. Com os cabelos brancos e postura arcada,ajudava-nos a armar as traves do gol no campo de

futebol improvisado na rua de terra atrás da chácara,nas tardes de quarta e sábado. Seu quarto ficava nofundo do dormitório, de cuja porta, sentado numavelha cadeira, vigiava-nos. Durante a noite, enquantotodos dormiam, passeava, como um Anjo da Guarda,por entre as camas, observando se dormíamos bem.Muito nos ensinou com seu cuidado e dedicação.

Irmãos brasileiros não havia. Temos lembrança deapenas um: o Irmão Luis. Era mais jovem e bastanteretraído. Gostava de tocar acordeão. Enquanto fazí-amos as tarefas escolares na sala de estudos doCurso Clássico, nossa atenção era distraída pelo somde suas músicas.

Em Itajubá, conhecemos apenas dois irmãos:O inesquecível irmão Francisco Strackx, compa-

nheiro em todos os passeios e viagens. Percebíamossua vigilante presença só pelo cheiro da fumaça deseu cachimbo. Ao menor sinal de sua aproximação,nosso comportamento mudava. Soube nos cativarcom sua amizade e nos ensinar que severidade eamizade podem caminhar juntas.

Havia também o irmão Porteiro, cujo nome pareceque era Francisco van den Akker. Bastante distantedos alunos e com expressão de severidade cumpriahumildemente sua missão diária que era levar nos-sas cartas ao correio numa charrete. Ajudava tam-bém na assistência às crianças da Granja.

Ao lado dos grandes mestres sacerdotes que ti-vemos, esses religiosos que optaram por viver nasimplicidade e na humildade, também nos ensinaramsublimes lições que, mesmo não estando registradasem nenhum caderno ou livro, permanecem iluminan-do nossas vidas até hoje.

A eles podemos homenagear com a seguinte bem-aventurança: “Bem-aventurados os mansos e hu-mildes, porque herdarão a terra.” (Mt, 5, 3)

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Gino Crês (1948 - 1953)

Divagando

confraternização dos ex-alunos MSC e familia-res da região de Bauru aconteceu no dia 18 de

dezembro de 2008, numa quinta-feira à noite, nacasa do padre Ednei Antonio B Rodrigues, pároco naVila Ipiranga, em Bauru.

Apesar de a maioria estar compromissada com ou-tros eventos similares nessa mesma data, o númerode ex-alunos e familiares foi bastante animador. Todosacharam que a confraternização foi bastante animadae salutar, pois, apesar da vida agitada e do corre-corrediário, todos tiveram a oportunidade de se abraçar, deolhar um no olho do outro e poder trocar experiênciasmateriais e espirituais, matar sdaudades e concluir quevale a pena trazer consigo a marca MSC.

Segue foto onde aparecem os seguintes ex-alu-nos e familiares: padre Ednei, Gino Crês, VitorMartinello, Gil Baiano, Clodoaldo Meneguello, JoséBenedito Ribeiro (o Bebé), de Indaiatuba, convidadoespecial e o José Manoel Lopes Fº, ex-aluno de Itajubáe morador nesta cidade. Aproveitamos para cobrar o

Regional de Bauru

Zé Mané, exímio pescador, de que não foi para ascalendas gregas o convite anterior de uma belapeixada em sua residência.

A

A partir desta edição do Inter-Ex, na minha coluna “Divagando”, passarei a incluir um vasto material sobrea Escola Apostólica de Pirassununga, da década de 1950, que foi deixado pelo saudoso Berje Luiz Raphaelian.Tive a gratificante alegria de ser presenteado por ele, algumas semanas antes de seu desenlace, talvezpressentindo o que lhe aconteceria. É um vasto material escrito que resgata pessoas, lugares e acontecimen-tos ocorridos naquele nosso querido seminário. Tal presente que, em sequência, será editado por esta colunaa mim confiada, oferece-nos o ensejo de homenagear aquele que viveu intensamente a nossa Associação,trazendo-nos momentos de alegria e presenteando-nos com inúmeros CDs ricamente trabalhados.

Berje, a sua memória ficará para sempre preservada entre nós. Temos certeza de que os textosextraídos do seu arquivo irão mexer com a sensibilidade de todos os seus colegas que sentirão a razãopor que os pequenos acontecimentos diários fizeram a nossa vida em Pirassununga, tão espetacular.

orão de chão de piso cerâmico, preto e branco,a sapataria era visitada obrigatoriamente todos

os dias. Era a primeira tarefa: engraxar os sapatos.Nas paredes estavam os armários abertos com divi-sórias de madeira e de formato plenamente quadra-do. Cada seminarista tinha um quadrado com seunúmero estampado a graxa. Dentro desses quadra-dos estavam sapatos, chuteiras, graxa, panos paralustrar e o toque infernal: as meias mal cheirosas dofutebol. Alguns mais organizados tinham caixas comdizeres do seu conteúdo. Raramente os seminaris-tas tinham mais que dois pares de sapatos; um paraos dias comuns e outro para os domingos e feria-dos. O “perfume” desse lugar era sui generis...

No salão havia cavaletes baixos para se apoiar ospés e facilitar a engraxada, ou para sentar e colocaras chuteiras. A fileira de cavaletes era enorme e, quan-do tínhamos que lavar a sapataria, eles eram joga-dos janela a fora para dar espaço para as varredurase a água. Janela a fora, pois estas estavam na alturados olhos. Portanto o teto era baixo, o que favoreciaa permanência dos malditos odores de chulé. Quan-do era época de chuva, o barro trazido de fora faziao horror dos coitados que tinham que lavar a sapa-taria. Não havia ralo e toda a água, barro e.meiasvelhas fedidas tinham que ser retiradas na munheca.

A sapataria ou “sataparia”Berje Luiz Raphaelian (50/59)

Entre os armários havia uma porta fechada a setechaves que dava para o jardim da frente do seminá-rio. Nunca vi essa porta aberta. Era a única portaque dava para fora do prédio.

Quando algum seminarista ganhava sapato novotinha que fazer o possível e o impossível para es-capar do batismo. Era um costume muito desagra-dável, o dar uma pisada no sapato novo e deixarsinal de que fora batizado. Cercado pelos colegas,o coitado tinha poucas chances de ver o seu sapa-to passar incólume. Riscos ficavam no preto ver-niz. Era desconsolador. Certa vez, minha tia, freirasalesiana, mandou-me quatro pares de sapatos decor marrom.

Quando minha mãe me deu o pacote fiquei todocontente e ao mesmo tempo apreensivo... o batis-mo! O interessante é que eu queria ficar com osquatro pares. E, para mostrar que eu tinha qua-tro, comecei a usá-los È claro que todos forambatizados. O pior é que os sapatos eram peque-nos para mim, imagine o sofrimento. Dedos e cal-canhares a berrar. Colegas meus usaram-nos de-pois. Certo dia, chegou, vindo de Roma, um Con-selheiro Geral da Congregação em visita ao semi-nário. Disse que não gostou daquele tal lugar, a“sataparia” e o nome pegou.

P

De pé: Clodoaldo, Gino, Victor, Padre Ednei, Gil e BebéSentados: Renata (filha do Bebé), Maria Teresa (esposado Gino), Valentina (esposa do Victor), Joana (mãe doVictor), Nádia (esposa do Gil) e Sônia (esposa do Bebé)

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Alberto Maria (1949 - 1955)

O padre Adão Bombach

oje, quero recordar aqueles padres maravilho-sos que nunca aparecem nas páginas do Inter-

Ex. Os inquilinos do nosso Boletim, todos vocês co-nhecem, mas eu, na minha simplicidade, desejorelembrar os muitos que desapareceram quase to-talmente da memória dos ex-alunos. E ainda pre-tendo contar a vida de todos, nem que seja um decada vez, dentro da ótica e das lembranças é claro,de um insignificante ex-aluno, que sou eu! Se nãoconseguir pelo curto tempo que me resta nesta exis-tência, outros o farão com maior brilho... Um deles éo padre Adão Bombach.

Tinha entre os alunos o apelido de “Conde”, ouseria “Barão”? Só sei que pela classe, pela postura,pelo estilo, era um verdadeiro Lorde. Nunca perdiaa fleuma inglesa, ou melhor, quase nunca! Por duasvezes – apenas por duas - vi-o perder a calma e,confesso arrependido, uma das vezes foi por minhacausa!

Deveria estar na sexta ou, no máximo, no primeirosemestre da quinta; portanto, um bobão! Na minhasimplicidade, cismei de cantar uma música angelicalque, como o próprio adjetivo já diz, versava sobreanjos... E há coisa mais cândida do que isso? Erauma tarde de sábado livre. Enquanto dois alunos jo-gavam dama, alguns ficavam observando, inclusive opadre Adão e eu, que, distraído, comecei a cantaro-lar: “Nesta rua, nesta rua tem um bosque,/ que sechama, que se chama solidão/ dentro dele, dentrodele tem um anjo/ que roubou, que roubou meucoração”. Achei que estava fazendo sucesso e conti-nuei: “Se eu roubei, se eu roubei teu coração.......”

Os artigos que remeto aoInter-Ex são provas cabais queainda continuo pensando naspersonagens, nos fatos, nas

histórias e nas estórias vividasno seminário dos MSC, em

Pirassununga, apesar do longotempo decorrido.

Exasperado, aturdido, escandalizado, o Padre Adãojogou a fleuma na lata do lixo e gritou:- “Pare decantar isso!” Foi como se eu tivesse levado umagongada num programa de calouros. Os colegas abai-xaram a cabeça, emudecidos. De fininho fui sain-do... E o padre Adão voltou à calma habitual, olhoscautelosos sobre os alunos menores que se diverti-am sem grandes preocupações.

A outra vez em que vi o padre Adão nervoso foibem mais séria e vejam se ele não tinha razão. Erauma noite quente e todos os menores brincavam,conversavam ou se mantinham ocupados, conformeprescreviam as normas. Para os que não sabem ounão se lembram, o Irmão Chico tomava conta de nóso tempo todo. Os grandes recreios, no entanto, (al-moço, jantar e noturno), eram supervisionados pe-los padres, em regime de rodízio, em escala pré-confeccionada pelo Superior, acredito eu. Hoje, pos-so imaginar a “felicidade” dos padres quando perdi-am seus recreios, os horário de lazer, os bate-paposcom os confrades para fiscalizarem aquele monte demoleques chatos.

Naquela noite, no recreio após o chá, não sei porque, um grupo de alunos, encabeçados por um agi-tador, resolveu fazer uma greve, não de fome, masde estilo de vida. O líder foi se sentar no chão, per-nas esticadas, perto dos janelões do salão nobre.Logo depois dele, o segundo grevista foi para o seulado e permaneceu de cócoras, encostado na pare-de. Em seguida, o terceiro com as pernas dobradas,o quarto, e assim por diante, até chegar a uns dez.De longe, o padre Adão só observava sem dizer umapalavra. Quando se cansou de ver o movimentoparedista, saiu de onde estava, no lado oposto, per-to da mesa de pingue-pongue, fez um semi círculopela direita e surgiu “de chofre”, ao lado do grevistaque acabava de se sentar Não teve dúvidas: deu umpoderoso e vigoroso pontapé em direção ao aluno.Foi um petardo maravilhoso, digno dos grandes cra-ques de futebol. As pernas fizeram um ângulo per-feito de quase l20 graus. Por segundos, sua pernadireita levantada ficou a mostra por baixo da batina.Como eu observava a cena de longe, fui capaz dedivisar que o padre Adão, com a classe aristocráticaque Deus lhe deu, usava um par de ligas que manti-nham suas meias impecavelmente esticadas e umaespécie de calção, em virtude do forte calor... Des-necessário dizer que não ficou um aluno sentado ouencostado na parede para contar a história. Em unís-sono, todos deram um salto e desapareceram pelopátio. O nome do líder foi anotado a lápis numcaderninho que o padre trazia no bolso e a suamédia de comportamento, na semana,foi lá “probeleléu”. Fazer o quê, né? Quem procura, acha! Eesta foi a primeira e única vez que vi um movimentosubversivo de alunos no seminário. E foi a segundae última vez que vi o padre “barão” – ou seria “con-de” – perder a fleuma britânica que lhe era tão pecu-liar! Nunca mais soube dele. Pela sua idade, compa-rando-a com a minha, deduzo que já resida entre osjustos de Deus.

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o nosso seminário menor, o ambiente eradescontraído e exalava alegria juvenil. A disci-

plina era mais flexível que nas demais casas de for-mação superior. No Instituto Padre Nicolau, emItajubá, éramos mais ou menos 140 adolescentesque exigiam dos formadores, além de espírito jo-vem, muita paciência e serenidade. Os padres desig-nados para o seminário menor, certamente, eramescolhidos com mais rigor pela Província, principal-mente o Superior que tinha a responsabilidade deconduzir a casa. Tínhamos um grupo de formadoresadequado ao perfil do aluno que gosta de questionarnormas e de por a prova a paciência dos professo-res. A adolescência é um período em que a persona-lidade ainda está indefinida e apresenta resistênciaspara se moldar.

O Superior, de minha época, era o padre Cortez,cuja família morava em Delfim Moreira, no alto daserra da Mantiqueira. Cortez tinha espírito alegre,jocoso, provocador, sorriso largo e fraterno e nãoeconomizava gargalhadas sonoras. Cortez parecia tersido moldado para dirigir uma casa de adolescentes.Transformara o seminário num ambiente agradável ealegre. O conteúdo acadêmico era de bom nível e osprofessores muito competentes. Em suas palestrasexigia sempre a disciplina para que tivéssemos umambiente de estudos e de boa formação espiritual.No entanto, quando tudo parecia muito sério, o pró-prio padre Cortez fazia uma das suas..... Gostavade futebol e, quando jogava, cada um que cuidassede suas canelas ou que fosse reclamar ao bispo.

Naquela época, jogava-se futebol todos os dias apóso café da tarde. Formavam-se 14 times de futebol noseminário. Os atletas eram escalados conforme suashabilidades no esporte. Os mais habilidosos eram es-colhidos primeiro e os que tinham menos afinidadecom a bola ficavam nos últimos times. Imaginem oscomponentes do 14° time! Não tinham a mínima ha-bilidade para o tal esporte. Ao contrário, tinham hor-ror à idéia de correr atrás de um pedaço de couro edisputar a sua posse com outros imbecis. Todavia,como era obrigatória a prática do futebol, na horacerta, paramentavam-se conforme o figurino e apre-sentavam-se no campo exibindo a fantasia e as bran-cas canelas. As chuteiras reluzentes sempre novascomo se tivessem saído da loja. Os uniformes limpose sem odor de suor. Reuniam-se no campo emgrupinhos e conversavam sobre os assuntos maisvariados, menos sobre o vulgar futebol . O grupo doAndré Lua, que se tornou um respeitado engenheiroeletrônico, era o mais assediado. Ele montava minús-culos receptores de rádio e outras gerigonças eletrô-nicas. Comentava sobre suas ultimas descobertas eos discípulos boquiabertos davam-lhe toda a aten-ção. De quando em vez uma bola chutada inadverti-damente por alguém vinha importuná-los e logo oautor era repreendido por eles.

Havia três campos de futebol: o principal perto dopátio, onde jogavam os craques; o campo atrás dacapela, coberto de guaxuma, onde pelejavam os per-

Carlindo Maziviero (1970 - 1971)

O alegre padre Cortez

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nas-de-pau e o areão, onde os excedentes jogam“peladas” e no fim do jogo se confundiam com por-cos. Os campos tinham dupla função: durante o diaeram pisoteados pelos digladiantes do futebol e ànoite serviam de pasto para uma égua de proprieda-de do seminário cujo codinome era “cocada”. Tam-bém se refestelava naqueles campos, uma tropa queperambulava pelas ruas, após dia de trabalho inten-so, puxando carroças de aluguel. A “cocada”, apesar de bem tratada e do porte avantajado, erapoupada, mas os cavalinhos que invadiam nosso pátioeram caçados e montados pelos marmanjos.

Em uma dessas montarias, um colega, cavalgan-do um magro e extenuado cavalinho, quando pas-sava por sob uma janela do dormitório, concentradoem sua cavalgadura e atarracado ao animal para nãocair, recebeu, de repente, um bolo de panos molha-dos, na cabeça. Com o susto do animal, o cavaleiro,meio desequilibrado e sem saber quem arremessarao fardo, “sapecou” o último dos palavrõesdesqualificando logo a genitora do ousado. Ninguémviu o “sacana” que estava à espreita do incauto quepor ali passava. Ouviu-se apenas a gargalhada dopadre Cortez, que se escondera janela adentro.

Padre Cortez usava a mesma linguagem dos ado-lescentes e por isso era respeitado e muito queridopor eles.

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Alberto José Antonelli(1944 - 1949)

Decadência da fazenda nova

o número anterior contamos como o ImperadorDom Pedro II, contente com a recepção que ti-

vera em sua primeira viagem a Pirassununga, decidiuvoltar à região. Desta vez trouxe a Imperatriz TerezaCristina e grande comitiva. Imaginava que receberiaas mesmas homenagens. Mas a situação se transfor-mara. O povo e os políticos exigiam mudanças, e asegunda viagem foi um fracasso. “Fortuna vítrea est:tum cum splendet, frangitur”. É o que se constata:nossa sorte assemelha-se a um cristal, que pode sequebrar de um momento para outro. O mesmo acon-teceu com a prosperidade dos fazendeiros.

A euforia com o café, embora durasse meio século,no fim acabou por se revelar fatal. Em inúmeros luga-res no Brasil e em outros países do mundo, ávidaspara participar destas riquezas, as pessoas começa-ram também a plantar café. Alguns países consegui-ram cafés de melhor qualidade que os nossos. O queantes era raro e caro, tornou-se abundante e barato.As superproduções aviltaram os preços. O Brasil so-zinho produzia em torno de vinte milhões de sacas,um pouco menos que o consumo mundial. Conseguiaexportar catorze milhões. O consumo interno naque-les anos era pequeno. Por isto o excedente devia serenviado aos armazéns, na espera de uma improváveldemanda. Esta armazenagem também foi sempredispendiosa. Em poucos anos a cotação despencoutanto, que já não compensava nem mesmo colher osgrãos que estavam maduros no pé.

Havia outros problemas graves. Os países impor-tadores, na América do Norte e Europa, andavamirritados com a desorganização do comércio brasilei-ro. Contratavam e pagavam por um café novo, masfreqüentemente recebiam um produto colhido doisou mais anos atrás. A safra atual dolosamente foraretida, na esperança de uma alta nas cotações. Enão raramente, havia fraudes grosseiras. Quando seabriam as sacas enviadas a outros países, verifica-va-se que continham pedriscos ou gravetos desti-nados a burlar a vigilância. É útil lembrar que aindahoje, no porto de Santos, chegam contêineres, en-viados do outro lado do mundo, com malandragens

semelhantes. Caixas supostamente contendo com-putadores ou aparelhos diversos, estão cheias depedras (às vezes, até com drogas escondidas)!

Numa procura desesperada para restaurar os pre-ços, os fazendeiros tentaram de tudo, inclusive fize-ram o gesto amalucado de queimar em praça públicamontanhas de grãos. Também não adiantou. Semmais alternativas, as fazendas resolveram erradicaros pés de café viçosos, e plantar produtos diferen-tes. Aqui na Fazenda Nova, por exemplo, no tempode um proprietário chamado João Vaselino, nestesmorros recuperados, semearam milho, arroz, feijão,plantaram cana de açúcar e eucaliptos. Tudo davamuito bem, mas no final, na ausência de um comér-cio eficiente, o saldo em dinheiro era pequeno ou atémesmo negativo. Os anos foram transcorrendo des-truidores. Sem capital, sem mão de obra, com ma-nutenção inadequada, a bela mansão que o Sr. Be-nedito Carvalho construíra no início do século, nestedia em nossa frente, ano de 1946, apresentava-setotalmente deteriorada. Víamos uma ruína, com pa-redes desmanteladas, assoalho podre, telhado abertoem buracos. Eu guardo congelada esta visão em umafoto a cores que tirei pouco tempo depois. “Pas grandchose!”, já que as câmaras digitais só iriam aparecermeio século mais tarde. Tenho-a nas mãos.

Involuntariamente invade-me um sentimento pun-gente, como se estivesse revivendo aquela cena.Ressoam em mim as mesmas emoções que ocorre-ram seis décadas atrás: a umidade da manhã chuvo-sa, o cheiro do estábulo, a amizade ingênua que meunia aos companheiros, este sentimento de estarnum período precioso e fugaz da vida. Não vou cho-rar: “les hommes ne pleurent jamais!” Mas a fotosaiu na hora certa. No ano seguinte, tudo foi der-rubado, removido, e a área hoje em dia nem maispode ser identificada, sob um pasto crescido que aíse encontra agora. Em frente ergue-se um bosquede eucaliptos. O último proprietário da fazenda, Sr.Carlos Cabianca, que presenciou, impotente, todo odrama desta deterioração inexorável, e quando mor-reu estava com noventa e dois anos, julgou que

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não lhe sobravam alternativas. Decidiu repartir os480 alqueires da velha propriedade em sítios meno-res, numa média de vinte alqueires cada um. Umaamostra desta divisão é aquela propriedade ondepassáramos uns minutos antes, em que lemos escri-to: Sítio Bela Vista. Negociando com raros comprado-res, o Sr. Carlos conseguiu um preço ínfimo, que era oque valiam estes morros nos anos de depressão.

Foi este um dos motivos que possibilitaram aosnossos padres comprar o sítio do Barrocão, no anode 1933. Os religiosos pagaram pouco, e com esfor-ço. Mas não vamos imaginar que adquiriram estabeleza que aproveitamos em nossos Encontros nosítio. A casa principal, e a senzala anexa estavamdeterioradas, o terreno ao redor abandonado háanos, cheio de mato, sem água potável, nenhumaestrada, sem cerca ao redor. Daremos mais porme-nores sobre o que havia e o que foi preciso retirar,como por exemplo, uma construção grande no localonde hoje se encontra o campo de futebol. Penosostrabalhos foram feitos desde então para construir,aterrar, reformar. Os próprios alunos, eu inclusive, eagrada-me relembrar, trabalhamos e suamos duran-te as férias, removendo terra, gramando, plantandoárvores frutíferas, abrindo caminhos, carregandopedras e madeiras. Algumas fotografias tiradas pela“câmera” manejada habilmente pelo Irmão HenriqueSurtel, mostram a nós, alunos, no meio da mata, láperto de Analândia, junto com o Superior padre An-tonio van Ess, arrastando troncos de árvores, com-pridos e grossos (mais de um metro de diâmetro).Burros e mulas, arriados em parelhas, com corren-tes de ferro, ajudam a puxar.

Ele usava, no início, uma máquina fotográfica dosanos 1920, frente de madeira retangular, aproxima-damente 20 X 30 cm. Tinha no centro a objetivacom larga lente japonesa e seu disparador. O corpoda máquina, coberto por tecido preto dobrado comouma sanfona, se alongava ou comprimia ao rolar deum botão. Com isto, Irmão Henrique focalizava nos-sa imagem invertida num vidro escuro que servia denegativo. Horas depois, trancado no quartinho de-

baixo da escada do dormitório, ele mesmo revelavaas fotos e tirava cópias, dezenas, uma para cadaaluno, mergulhando o papel em cubas de metal chei-as de um líquido com sais apropriados. E eram foto-grafias boas, que se conservam até hoje. Recordo-me claramente de umas árvores grandes, existentesnesta mata que exalavam um cheiro característico.Os alunos chamavam-nas de “pau d´alho”. Lembram-se vocês, como era difícil mover as toras no declivedaquele morro, e levá-las até a estradinha enlameada?O IBAMA com certeza reprovaria. Mas ele não exis-tia ainda. Transcorreriam quatro e meia décadas an-tes que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente fos-se criado por lei do Senado, em 1989. Foi a Consti-tuição Brasileira, promulgada cinco meses antes,quem o inspirou.

Outra fotografia histórica mostra trinta e cinco alu-nos Menores, num dia em que plantavam grama efaziam outros trabalhos no terreno do sítio: cadajovem, sorridente, segura uma ferramenta na mão.(Quantum mutatus!): eu, em meus treze anos, exi-bo uma pá reta. Sei bem aonde ajudei cavar bura-cos. Aí foram plantadas aquelas jabuticabeiras, queaté hoje, no mês de outubro, se enchem de frutos,atrás da capela. Estas fotos, e centenas de outraspreciosidades, foram imortalizadas pelo falecido alu-no Berge Raphaelian, quando as digitalizou, gravan-do em quatro CDRom. Juntamente com músicas, tex-tos, pinturas, é uma Enciclopédia admirável.

Passaram-se já setenta e seis anos de trabalhos,dinheiro gasto, e planejamentos, para adaptar a pro-priedade aos requisitos sempre mutantes da situa-ção vigente. Nas últimas reuniões que temos feito,presenciamos uma transformação e melhoramentosadmiráveis executados no local pelo padre MauroSérgio de Souza. E como sempre, também os ex-alunos colaboraram um pouco, tanto individualmen-te, como pela Associação. Justifica-se a expressãohabitual: “vamos ao NOSSO sítio...”.

Aqui, por conveniência, devemos abandonar a nar-rativa. Mas ela continuará. Aos amigos de todo oBrasil: PAX ET BONUM.

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Notícias da Província de São PauloJoão Costa Pinto (1953 - 1966)

O número de Seminaristas é animador. Vamos encontrá-los nas várias etapas doSeminário, como que subindo os degraus de uma longa escada que segue até a Mesa doAltar. O Estágio Vocacional precede o primeiro degrau, o Propedêutico, e a ordenaçãopresbiteral é o último. Entre o primeiro e o último degrau estão os Pré-Noviços, osPostulantes da Filosofia, que compreende três anos, os Noviços na fase inicial do Novi-ciado e aqueles que já emitiram seus Primeiros Votos. Mais à frente está a turma daTeologia ou Juniorato, do 1º. ao 4º. ano, e os que emitiram Votos Perpétuos. Nestaedição, teremos seminaristas nos vários degraus e um deles, o Francisco Tarcísio, bemadiantado, já agraciado com o Diaconato, o primeiro degrau do Sacramento da Ordem.

As palavras do Pe. Cortez introduzindo as Comunicações do final de ano e do iníciode 2009, trazem uma reflexão sobre a vida a partir do mistério da morte. A luztrêmula do batismo, dos que já foram chamados, passa a brilhar com toda a suabeleza. E diante da agitação e das provocações do mundo atual, com suas crises econtradições, como conservar o essencial da vida religiosa? A genuflexão, a oração e ameditação podem levar cada um descobrir a beleza da graça de Deus que se faz presente em nosso meio. Além dessas reflexões,vejo como os relatos do Provincial sobre os eventos da Província, suas visitas às comunidades, especialmente as do Setor Nordeste,os trabalhos desenvolvidos na condução dos Colégios, os Encontros dos vários setores, a Assembléia Provincial, refletem umaProvíncia viva e atuante. (Ver NR 1)

I N I N I N I N I N T R O D U Ç Ã OT R O D U Ç Ã OT R O D U Ç Ã OT R O D U Ç Ã OT R O D U Ç Ã O

Os 95 anos do Colégio Júlio Chevalier

Fundado em 1913, o Colégio Júlio Chevalier, em Campinas,na Vila Industrial, completou em outubro de 2008 relevantes 95anos de existência. Tudo começou na antiga Capelinha de SãoRoque. O colégio está entre as melhores escolas, no conceito dequalidade de ensino na cidade. A comemoração foi grandiosa econtou com a presença de ex-alunos, alunos, pais, professores e aDireção, além da Comunidade Paroquial da Vila Industrial. Nacelebração da missa de Ação de Graças, o Pe. Valmir Teixeira.representou o Superior Provincial. (Ver NR 2 sobre as origens deCampinas).

Visita ao Setor Nordeste

Ressalta das visitas do Provincial ao Setor Nordeste a açãomissionária dos MSC que conduzem as comunidades locais. Muitotrabalho, muito empenho dos padres João Crisóstomo, Valdecir,Domingos, Nelson, Alfredo, Tomasz (que segue para oEquador), Ludovico, João Schmid, Abimael e Hubert. Felizcom a visita, o Pe. Cortez diz que “ao retornar, trouxemos nabagagem de nosso coração mais alegria e a certeza de que a missão,apesar dos desafios, segue de vento em popa.”

Seminário Pe. Júlio Chevalier - São Luís, 25 anos

O histórico apresentado pelo Pe. Luís Carlos de Araújo Moraesé longo e menciona numerosos Missionários que deram suacontribuição de trabalho, Formação, arrecadação de recursos econdução do Seminário. Vou sintetizar o relato. O Semináriocomeçou em 1983 na Paróquia São Cristóvão com a doação deum terreno e a compra de uma casa. As raízes históricas têm a vercom o espírito missionário dos primeiros MSC italianos quechegaram ao Maranhão em 1946. O trabalho vocacional começouem Pinheiro-MA. Frei José Preziosa, o único remanescente doprimeiro grupo de missionários italianos foi o primeiro Formador.O nome da casa era Seminário São José. Depois dos primeirosanos, os seminaristas iam estudar em Pirassununga. O fundadorPe. Humberto Giungarelli, mais tarde consagrado bispo,retomou em 1970 o trabalho vocacional na cidade de Pinheiro.No início dos anos 80, os MSC italianos decidiram retomar otrabalho das vocações pra valer e iniciaram a construção doseminário em São Luís. Os primeiros que colaboraram nacondução do seminário foram os padres Humberto Giungarelli,Fernando Pânico, mais tarde bispo de Crato, Ceará, LuísFernando Cabral, Antonio Caratelli e Sílvio Savadori.

Os seminaristas mais adiantados estudavam a Teologia emFortaleza. Havia também a possibilidade de cursá-la em BeloHorizonte. No final de 1999, o Seminário passou para a Provínciade São Paulo e daí em diante a Teologia era estuada em SãoPaulo. Diante do aumento das vocações, iniciou-se a ampliaçãodas instalações, numa demorada reforma. Contribuições financeirasforam feitas por fiéis da Áustria e da Alemanha, e uma ajudaconstante foi oferecida, desde 1998, pelas Senhoras Amigas daParóquia São Cristóvão. Houve significativo auxílio do Pe.Ludovico Laaber na manutenção do seminário, além de ele terapresentado o projeto de reforma do seminário a instituiçõesinternacionais. O Pe. Walter Licklederer, hoje dirigindo aProvíncia Áustria-Alemanha do Sul, e o Pe. João Helder muito

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Notícias da Província de São Pauloajudaram nas finanças da casa. Os seminaristas que iniciaram oseminário em São Luís, frutos colhidos depois de tanto esforço etrabalho, hoje missionários, são os seguintes: Luís FernandoCabral, José Dácio de Moraes, Luis Carlos, DomingosHigino Cruz, Samuel Brandão de Oliveira, António Alvesde Sousa, Valdecir Soares Santos e, mais recentemente,Abimael Francisco do Nascimento e Jênisson Lázaro deJesus. Outros estão a caminho.

Festa de N. Senhora Aparecida - Marmelópolis

No dia 11 de outubro, o Pe. Júlio César participou na BasílicaNacional, em Aparecida, de uma concelebração eucarística e seguiupara Marmelópolis. No final da tarde, no alto da serra, divisa deDelfim Moreira com Marmelópolis, houve emocionante acolhidada imagem da Virgem Aparecida pelo povo Marmelopolense(N.R.: “Não deveria ser Marmelopolitano”?), que formou alegre cortejode automóveis, motos, cavalos, bicicletas, etc., num percurso de10 km com muita festa e foguetório. Ao chegarem à cidade, muitomais gente esperava a chegada da imagem peregrina de NossaSenhora Aparecida e lhe prestou emocionante acolhida. No dia12, as comunidades rurais se fizeram presentes e depois da santamissa, organizou-se bela procissão com os andores dos padroeirose queima de fogos. Um superbingão animou a noite. A partir dodia 13, a imagem peregrina foi levada a visitar as comunidadesrurais, com muito calor humano e devoção mariana. Tudo haviacomeçado com uma novena, em 3 de outubro, com a presençade vários sacerdotes da região e que já haviam trabalhado nacomunidade. O tema desenvolvido foi “Com Maria, discípula emissionária, escolhemos a vida!” (Síntese do relato do Pe. Júlio César).

Festa de N. Senhora Aparecida - Itapetininga

Grandiosa festa em louvor à Senhora Aparecida começoucom novena no dia 2 de outubro, participação das comunidadesda paróquia e muita preparação até o dia 12. Foi realizado o VIEvangelizart, festival de músicas católicas, de iniciativa do Pe.Alex Sandro Sudré, desde 2003. Foram recebidas 42 músicas,sendo selecionadas 20 por um equipe de poetas e músicos dacidade e, nas eliminatórias três foram premiadas. Interessantesaber das cidades que participaram: São Paulo, São Carlos,Jundiaí, Carapicuíba, São Manoel, Cubatão, Sarapuí, Angatuba,São Miguel Arcanjo, Capão Bonito, Bauru, Paranapanema eItapetininga. Em 2008 foi introduzido o Primeiro Festival deDanças católicas. Também três apresentações saíram vencedoras.A grande festa foi no dia 12: missa às 8hs para consagração dascrianças; às 10,30hs para os enfermos e idosos, com Benção doSantíssimo Sacramento; às 15hs missa para consagração dosjovens e às 18hs solene Celebração Eucarística presidida pelobispo diocesano, Dom Gorgônio. Nos intervalos, houve carreatapela cidade com a imagem em viatura do Corpo de Bombeirose escolta da PM, benção dos cavaleiros, motos e carros nachegada ao Santuário Diocesano. É sempre aguardada aCoroação de N. Senhora, com longa encenação, preparada desdeo mês de abril, em sigilo absoluto, e encenada por 40 integrantescom duração de 50 minutos. Nem mesmo o pároco fica sabendoantes. Nenhuma bebida alcoólica foi vendida durante asfestividades religiosas. Só elogios e nenhum protesto. (Síntese dorelato do Pe. J.R. Bertasi) (DVD das festas disponível. Consultarpelo tel. [15]-3273-1110)

Ordenação Diaconal - Francisco Tarcísio

O Frater Francisco começou os estudos no seminário deSão Luís. Em fevereiro de 2005, ao término do Noviciado, emitiuos primeiros Votos, renovou-os em 2006 e 2007, como hoje éfeito na Província. Proferiu em janeiro de 2008 os Votos Perpétuose no ano passado esteve cursando o 4º. ano de Teologia. Foiaprovado para a Ordem do Diaconato, que recebeu, em 26 deoutubro passado, das mãos de Dom Paulo Mascarenhas Roxo,Opraem (Ver NR 2), bispo emérito de Mogi das Cruzes-SP. Acelebração eucarística no Santuário de N. Sra. Do SagradoCoração, Vila Formosa, transcorreu num ambiente de oração ealegria e contou com grande participação de familiares, da Sra.Fátima, mãe do novo diácono, parentes, amigos e confrades.Agradecimento especial do Provincial, Pe. Cortez, foi dirigido àSra. Fátima, que entregou seu filho à Igreja, e a Dom Paulo, obispo ordenante. Francisco, já diácono, muito emocionado,agradeceu aos amigos do seminário, aos ex-colegas de formação,aos formadores e a todos os que colaboraram no seu processoformativo.

Votos de Pobreza, Castidade e Obediência.

Primeira Profissão - No Noviciado, em Itajubá, no significativodia 8 de dezembro, na Matriz da Soledade, Ailton Damasceno,Gledson da Costa, Marco Aurélio Michel dos Santos eRenato Júnior Rodrigues (da Província de São Paulo)professaram os Primeiros Votos, junto com João Batista Lopesda Silva (Pró-Província do Rio de Janeiro), Jader Ynácio FloresGonzalez e Sebastian de Jesús Urbina Nurinda, ambos daPró-Província Centro América, abraçando a vida religiosa esimultaneamente ingressando na Congregação. Renovação dos Votos:Um ano mais adiantados, Mauro Fernando, Juliano José,Jackson Douglas e José Saraiva Júnior renovaram seus votosreligiosos, em 5 de dezembro, na Igreja São Benedito das Vitórias.Profissão Perpétua - Lucemir Alves Ribeiro e Reuberson FerreiraRodrigues emitiram votos perpétuos no encerramento daAssembléia Provincial, em Vinhedo, dia 9 de janeiro-09.

Experiência Missionária e Estágio Pastoral

Os Noviços do segundo ano fizeram sua experiênciamissionária encerrada no final de setembro de 2008. Dez noviçosconcluíram o ano canônico. Dois retornaram à Colômbia para

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Notícias da Província de São Pauloos estudos de Teologia e os outros oito foram enviados parauma experiência de fé e pastoral em diversas áreas missionáriasonde trabalham os MSC. (Nota da Redação: Realmente estamos diantede novos tempos e novos métodos. Estudei 2 anos de Filosofia e 2 de Teologiae hoje são 3 anos para a Filosofia e 4 para a Teologia. Vejo também aimportância do amadurecimento da vocação para a vida religiosa e para osacerdócio-missionário. É o que penso, salvo melhor juízo.)

Pré-Noviciado

No dia 2 de fevereiro foi aberto um período de seis meses depreparação para o Noviciado. Nove seminaristas ingressaram noPré-Noviciado, sendo três da Província de São Paulo, Rodrigo,Fernando e Girley, que cursaram ano passado o 3º. ano deFilosofia no Centro Universitário Assunção-UNIFAI, residindono Postulantado N. Sra. do Sagrado Coração, na Ponte Pequena,em São Paulo

Estágio Vocacional

Em dezembro passado mais um Estágio Vocacional foirealizado no Sítio Piraraquara, em Guararema-SP, de 9 a 21 dedezembro, com a presença de seis jovens candidatos aoPropedêutico: Danilo e Sandro de São Paulo, Júnior e Jonas deItajubá, Lucas e Patrick de Alpinópolis-MG. Tiveram assistênciade vários padres e ajuda psicológica. O objetivo do estágio éintroduzir o candidato na vida de seminário, envolvendo-o naoração, nos estudos e trabalhos comunitários e pessoais. Deu-seênfase à vida comunitária, imprescindível na vida religiosa. Houveaté três dias de retiro, orientado pelo Pe. Júlio César, antes doencerramento

IV Assembléia dos Leigos MSC

Representantes leigos das Fraternidade de São Benedito dasVitórias e Santuário de N.Sra. do Sagrado Coração, de São Pauloe das cidades de Itajubá, Marmelópolis, Pirassununga, Itapetininga,Piranguçu e Campinas estiveram reunidos nos 25 e 26 de outubrode 2008, na Vila Formosa, presentes o Provincial, Pe. Cortez, e oPe. Manoel Ferreira e vários outros MSC. O tema desenvolvidona assembléia foi “Carisma, Espiritualidade e Nossa Senhora do SagradoCoração”. A palestrante foi a Irmã Maria da Luz, das Filhas deN. Sra. do Sagrado Coração. À noite houve reflexão sobre osEstatutos das Fraternidades. Com celebração eucarística e aordenação do diácono Francisco Tarcísio foi encerrada aassembléia. A próxima será no mês de outubro, em Pirassununga.

Nomeações e Transferências

A cada ano, o Superior Provincial em Conselho faz asnomeações e eventuais transferências de vários confrades paranovas tarefas e missões, em outras cidades e paróquias, o que écomum na vida religiosa. Alguns permanecem em seus postos.Desta vez, houve mudanças mais significativas. Para nós, Ex-Alunos, é bom sabermos onde encontrar este ou aquele MSC,que conhecemos na infância, na adolescência ou na juventude, etambém rever colegas de Seminário (Escola Apostólica, IPN,Ibicaré, Chapecó, Noviciado e Escolasticado), e para os maisnovos, o Postulantado, o Pré-Noviciado, Noviciado, Filosofia,Teologia ou Juniorato, etc. Essa informação também é útil para

participarmos, quando possível, de homenagens pelos jubileusde profissão religiosa e de sacerdócio e ainda visitar os adoentados.

Santuário das Almas: Pe. Valmir Teixeira, Reitor e Pároco, e oPe. Júlio Cesar Machado, Vigário e colaborador, devendo,quando possível, nos finais de semana, colaborar na Paróquia N.Sra. Aparecida do Sul, em Itapetininga. / Paróquia Santa Rita deCássia: Pe. João José de Almeida, Pároco, e os Padres SírioMotter e Geraldo Alves Cassiano Vigários Paroquiais. / ParóquiaN. Sra. da Soledade: Pe. Edvaldo Rosa de Mendonça, Pároco, eo Pe. Rosário Martins de Azevedo e o Diácono FranciscoTarcísio, Vigários Paroquiais, estando o Dc. Franciscopreparando-se para assumir a Promoção Vocacional do SetorNordeste. / Paróquia Santo Antonio, Piranguçu: Pe. Jênisson LásaroSantos de Jesus, Pároco, e Pe. Agenor Possa, Vigário. / ParóquiaSão Gabriel da Cachoeira: Pe. Gilberto Gonçalves Pinto. / CapelaN. Sra. do Rosário, em Pirassununga: Pe. Humberto Capobianco /Paróquia São José, em Campinas: Pe. Mauro Sérgio de Souza,Pároco. Santuário N. Sra. do Sagrado Coração, Vila Formosa: Pe. AirJosé de Mendonça, Pároco e Reitor, e Pe. Joaquim dos SantosFilho, Vigário. /N. Sra. da Soledade, Delfim Moreira e N. Sra.Aparecida, Marmelópolis: Pe. Manoel Ferreira dos Santos Jr.,Pároco. O Pe. Arlindo Giacomelli, após 53 como Pároco, atuarácomo Vigário em Delfim Moreira. / Propedêutico: O Pe. GeraldoAlves Cassiano será o Formador e contará com a colaboraçãodo Pe. Humberto Capobianco. /Teologado Pe. Hélio Pontes, em SãoPaulo: o Reitor será o Pe. Joaquim dos Santos Filho. / Missão doEquador: a Missão contará com o Pe. Tomasz Kundzicz. / ColégioJohn Kennedy: Pe. Humberto Capobianco, Diretor. / Colégio Pe.Chevalier: Pe. Mauro Sérgio de Souza, Diretor.

Colégio de Bauru - Que pena!

A Província resolveu encerrar as atividades do Colégio deBauru, com folha de bons serviços prestados há mais de cinqüentaanos, e alugar o prédio a uma outra instituição de ensino. Entre osmotivos que levaram a essa decisão está o comércio da educação,favorecido pelas leis do País, as quais “vêm para sufocar as instituiçõesreligiosas que há séculos cuidaram de ir aonde o Estado nunca interessou emir.” (Cf. Comunicações 599). Foram consultados os professoresIves Gandra da Silva Martins e Sérgio Monello.

Cuidando da saúde dos Confrades

As Comunicações de Setembro-Outubro informam que váriospadres estiveram cuidando da saúde, uns fazendo check-up (Pe.João Schmid), outros recuperando-se de cirurgias (PadresArlindo, João José e Ivo). O Irmão Antonio está tratando deseus diversos problemas respiratórios e o Pe. Sírio superou fortepneumonia. Nas Comunicações de Nov-Dez-Jan, foi comunicadoque o Pe. José Maria tinha passado por nova e delicada cirurgiae nos últimos meses se preparava com exames para enfrentar aradioterapia

Reformas & Reformas

Estão de cara nova, em Campinas, a Igreja São José, oSeminário (antiga casa paroquial) e arredores. Na Ponte Pequena,duas casas passaram por obras. Em Pirassununga, a cozinha doSeminário foi reformada, o telhado passou por limpeza geral, foi

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INTER EX Março/200926

Notícias da Província de São Paulo

N OTAS DA REDAÇÃO

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refeito o muro que cerca a horta e a fachada do prédio está depintura nova. A Granja Wenceslau Neto, em Itajubá, continua emobras para abrigar a nova estrutura e parceria para fazer dessaInstituição uma importante obra social. As reformas de Campinase Pirassununga foram realizadas com a participação da Comunidade.

Pe. Ildefonso Sigrist - «14.03.21 - †10.01.09

Natural de Campinas, o menino Ildefonso entrou naEscola Apostólica em 1935, fez a primeira profissão religiosa,

em 1941, por três anos e a profissão perpétua em 1944.Chegou ao Presbiterato em 1946. Deixou informalmente aProvíncia em 1965 e passou a trabalhar de for maindependente na Arquidiocese de Campinas, mas nunca quisoficializar seu pedido para deixar a Congregação. Faleceucom quase 88 anos de idade. O Pe. Nelson Sigrist era irmãodo Pe. Ildefonso. Faleceu em trágico acidente de carro em1971. (Nota da Redação - O Pe. Nelson lecionou Teologia Moralno Escolasticado. Era um padre muito legal, descontraído e nas aulassempre chegava com muitas estórias a contar.)

NR 1 - A fonte principal desta Seção do Inter-Ex foram as Comunicações 598 e 599 (Set-out-nov-dez/08-jan-09) da Província deSão Paulo, com relatos do Provincial e outros autores. Transcrevendo matérias das Comunicações, o objetivo é repassar aos colegasEx-Alunos as principais notícias da Província. A reprodução parcial de algum texto das Comunicações é às vezes inevitável.Aproveito para agradecer ao Lasinho pelos esclarecimentos prestados.

NR 2 - Origens de cidade de Campinas. A área atual de Campinas conta com pouco mais de 260 anos de história colonial/imperial/republicana e milhares de anos de história indígena. A cidade surgiu na 1ª. metade do séc. 18 como um bairro rural daVila de Jundiaí. Localizado às margens de uma trilha aberta por paulistas do Planalto de Piratininga, entre 1721 e 1730, em direçãoàs recém descobertas minas de Goiás), o povoamento do “Bairro Rural do Mato Grosso” começou com um pouso de tropeiros,próximo à “Estrada dos Goiases”. O pouso das “Campinas do Mato Grosso”, em meio a pequenos descampados em umaregião de mata fechada, impulsionou atividades de abastecimento e levou a uma concentração populacional que em 1767 era de185 pessoas. Na 2ª. metade do séc. 18, ganhava forma outra dinâmica econômica, política e social na região, com a chegada defazendeiros procedentes de Itú, Porto Feliz e Taubaté, que buscavam terras para lavouras de cana e engenhos de açúcar, utilizandomão-de-obra escrava. De fato, foi por interesse desses fazendeiros e também do Governo da Capitania de São Paulo que o bairrorural do Mato Grosso foi transformado em Freguesia de N. Sra da Conceição das Campinas do Mato Grosso (1774), depois, emVila de São Carlos (1797) e em cidade, a atual Campinas (1842); nessa época aos poucos crescia a lavoura do café no interior dasfazendas, o que impulsionou em pouco tempo novo ciclo de desenvolvimento da cidade. Campinas passou a concentrar grandecontingente de trabalhadores escravos e livres. Com o café, chegaram os trilhos da Cia. Paulista de Estradas de Ferro (1872) e apartir de 1875, os da Cia . Mogiana. Na 2ª. metade do século 18, a cidade experimentava progressiva “modernização” dos meiosde transporte e da produção. Com a crise do café, a partir da 1930, a cidade “agrária” de Campinas evoluiu para uma fisionomiamais industrial e de serviços. O “Plano Prestes Maia” (1938) orientou amplo conjunto de ações para reordenar a vocação urbanae favoreceu a criação de um pólo tecnológico no interior do Estado. Acorreram para a cidade migrantes e imigrantes procedentesdas mais diversas regiões do estado, do País e do Exterior, atraídos por um novo parque produtivo (fábricas, agro-indústrias, etc.).Campinas é um importante centro manufatureiro, com destaque para indústrias química, eletro-eletrônica, metalúrgica, alimentícia,couros e pneus. Conta com duas universidades, Unicamp e Católica, e o Instituto Agronômico. É centro médico-hospitalar eoftalmológico. Criou-se ao redor estratégico entroncamento rodo-ferroviário valorizado pelo aeroporto internacional de Viracopos.Campinas tem hoje população aproximada de 1 milhão de habitantes. (Cf. Internet)

NR 3 - Breve histórico da Ordem dos PremonstratensesNorberto de Xanten, do Baixo Reno, é um santo cristão alemão. Foi convertido de uma vida mundana para intensa experiência

de fé. Fundou a Ordem Premonstratense em 1120. Tornou-se Arcebispo de Magdeburgo em 1126. Com seu exemplo e suapregação, trabalhou com exímio empenho na reforma religiosa e moral na França e na Alemanha. Sua festa litúrgica é celebrada aos6 de junho. Abadia de Prémontré - A Ordem Premonstratense, dos cónegos regulares Premonstratenses (Em latim: OrdoPræmonstratensis ou Candidus et Canonicus Ordo Præmonstratensis, O. Præm) também conhecidos por Cónegos Brancos ouCônegos de São Norberto, consiste num ramo que derivou dos cónegos regulares de Santo Agostinho, na localidade de Prémontré,um pântano isolado na floresta de Coucy, na diocese de Laon, França, nome do qual deriva a palavra “premonstratense”. AOrdem disseminou-se sem dificuldades. Ainda em vida do seu fundador, já existiam casas premonstratenses na Síria e na Palestina.Como exemplo de um mosteiro premonstratense, pode-se mencionar a Abadia de Easby, na Inglaterra, onde a Ordem seestabeleceu em 1140. (Cf. Wikipedia).

NR. 4 - Conheci o Pe. Ildefonso, ainda criança, em Itajubá, por volta de 1948. Meu pai José Bonifácio, mais conhecido porJóse, do latim “Ióseph” que minha avó paterna ouviu e gostava de repetir) sempre se prontificou a levá-lo de Itajubá até WenceslauBraz onde seria celebrada a santa missa aos domingos. Wenceslau Braz, naquele tempo era distrito de Delfim Moreira e conhecidacomo Usina ou Bicas do Meio e era atendida pela Paróquia da Soledade, de Itajubá. O Pe. Ildefonso era alegre e brincalhão.Minhas irmãs Maria e Cecília, e eu, três crianças, até brigávamos para ver quem iria junto com o padre no Fordinho 29, novo emfolha, mas só com três lugares na cabine apertada, um para o motorista, outro para o padre e só mais um.

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