Howard Hendricks - Ensinando Para Trans for Mar Vidas

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    Ttulo do original em ingls:Teaching to Change Lives

    Copyright 1987 by Multnomah PressPortland, Oregon 97266

    Traduo de Myrian Talitha Lins

    Primeira edio, 1991

    Todos os direitos reservados pela Editora Betnia S/CCaixa Postal 5010 31611Venda Nova, MG

    proibida a reproduo total ou parcialsem permisso escrita dos editores.

    Composto e impresso nas oficinas da

    Editora Betnia S/CRua Padre Pedro Pinto, 2435Belo Horizonte (Venda Nova), MG

    Printed in Brazil

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    Para meus alunos,

    os mestres mais exigentes,

    o desafio mais constante,

    o senso de realizao mais duradouro."Recordando-nos, diante do nosso Deus e Pai,

    da operosidade da vossa f,

    da abnegao do vosso amor, e

    da firmeza da vossa esperana

    em nosso Senhor Jesus Cristo."

    (1 Tessalonicenses 1.3.)

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    ndice

    Prefcio 7

    Um Profundo Amor Pelo Ensino 10

    1. A Lei do Professor 14

    2. A Lei do Ensino 37

    3. A Lei da Atividade 55

    4. A Lei da Comunicao 70

    A Lei do Corao 86

    A Lei da Motivao 99

    A Lei da Preparao Prvia 118

    O Investimento 133

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    Cultive um profundo amor pelo ensino

    da Palavra de Deus, a adultos ou a crianas,

    na igreja, em casa, em grupos

    de estudo bblico, ou nas escolas.

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    Prefcio

    Howard Hendricks.

    Nos crculos evanglicos internacionais, esse nome j sinnimo de"educao crist".

    O Dr. Hendricks no apenas um dos principais nomes da modernaeducao crist, mas tambm um dinmico e eficiente professor dedisciplinas bblicas, cujo ministrio tem transformado muitas vidas. Paramim, particularmente, ele ainda mais que isso: um amigo querido e ummestre que muito me inspira.

    Conheci-o quando estudava no seminrio, e me senti cativado pelasdinmicas experincias de aprendizagem que vivenciamos em suas aulas.Para dizer a verdade, eu me "formei" em Howard Hendricks.

    Por que ser que eu e tantos outros estudantes procurvamos cursartodas as matrias que ele lecionava? Porque o prof. Hendricks demonstraforte interesse em tudo. Interessava-se pessoalmente por ns, seus alunos,como indivduos e futuros comunicadores. Aprofundava-se ao mximo nosassuntos que ensinava, e estava sempre buscando aperfeioar o processo dacomunicao. Mas sobretudo ele nos amava. Isso era evidente em cadapalavra que dizia, em cada gesto seu. Na realidade, no estava ali dando umcurso, estava ministrando aos alunos.

    Todas as aulas dele a que assistimos no seminrio foram muitssimo proveitosas e interessantes. Ao chegar ao ltimo ano, ns os alunosachvamos que mais dia menos dia ele se tornaria cansativo.

    " hoje que ele vai ter seu 'primeiro deslize", dizamos brincando.

    Ainda estamos esperando que esse dia chegue.

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    Certo dia, j quase ao final do ltimo ano, resolvi submeter oprofessor a uma prova. Entrei na sala de aula e sentei-me na ltima fila,decidido a no prestar ateno em nada. Fiquei s olhando l para fora. Iamarcar o tempo e ver at onde ele aguentaria ter na sala um alunodesatento.

    O Prof. Hendricks sempre iniciava as aulas da mesma forma.Chegava e sentava-se mesa. Uns trs minutos antes de a aula comear,punha-se a balanar Uma perna, como que fazendo uma espcie de aque-cimento. Logo que a sineta tocava, ele principiava a falar. E l amos ns.Durante uns oito minutos, continuava dando a aula sentado, mas, passadoesse tempo, levantava-se, dirigia-se ao quadro e riscava um diagrama. Emseguida contava uma anedota relacionada com o assunto e depoisprosseguia com a matria.

    Mas nesse dia fiquei olhando para fora. Com menos de um minutoele se levantou da mesa, e passou a fazer ilustraes sensacionais noquadro. Tive que fazer um esforo enorme para no anotar nada. Emseguida, ps-se a contar piadas, contou diversas piadas. Continueiesforando-me para no rir. Ento ele se posicionou num dos cantos dasala, diretamente no meu ngulo de viso, fazendo gestos largos. Permaneciolhando para fora.

    Exatamente aos trs minutos e trinta e sete segundos, ele veio emminha direo, bradando:

    "Wilkinson, afinal o que voc tanto olha l para fora?"

    Pedi desculpas rapidamente c passei a acompanhar a aula. S algunsanos depois foi que lhe narrei o experimento que fizera.

    A questo que o Dr. Hendricks estava sempre to preocupado emque seus alunos aprendessem que, se percebesse que no estava atingindoesse objetivo, sentia-se totalmente desorientado. Se um estudante estivessecom dificuldades para aprender, ele faria o que fosse necessrio paracoloc-lo dentro do processo de aprendizagem. Isso dedicao. No; isso ensinar de fato. Para sermos sinceros, temos de reconhecer que novemos muito desse tipo de ensino atualmente.

    O que se v hoje seja em escolas, igrejas, templos, seminrios no ensino, mas apenas apresentao de um contedo programtico. Por

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    causa disso, os alunos se acham desmotivados. Em vez de estaremtotalmente envolvidos pela aula, apenas a suportam, quando suportam. Noesto nem um rouco interessados em saber que mudanas o conhecimentoque esto adquirindo pode operar neles.

    Mas voc, que est lendo este livro, demonstra com isso que o tipode professor que deseja continuar aperfeioando-se para levar seus alunos adesenvolver-se e frutificar segundo o plano de Deus.

    Sendo assim, ento quero dizer-lhe que pegou o livro indicado. O Dr.Hendricks expe aqui "As sete leis do professor", sete princpios prticosque ele elaborou em sua larga experincia pedaggica. Eles foram preparados pra voc, para ensin-lo a produzir maior impacto juntoqueles a quem leciona. Em suma, esta obra para quem deseja aprimorar

    suas tcnicas pedaggicas.Posso assegurar ao leitor que, se aplicar os princpios aqui

    apresentados, ver sua prtica de ensino tornar-semuito mais interessante egratificante, pois presenciargrandes transformaes em seus educandos.

    Foi o que sucedeu comigo quando fui aluno do Dr. Hendricks noseminrio. E pode suceder ao leitor tambm, se estudar com ateno amensagem deste livro. Amigo, voc obter resultados revolucionrios.

    Bruce H. Wilkinson

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    Um Forte Amor Pelo Ensino

    Pelo modo como minha vida iniciou, eu poderia ter morrido e idopara o inferno que ningum iria importar-se nem um pouco. Quando nasci,meus pais j estavam separados. A nica vez em que os vi juntos foi no diaem que prestei depoimento no julgamento do seu processo de divrcio, e jestava com dezoito anos.

    Quando garoto, morava num bairro de Filadlfia que era meioresistente ao evangelho. Dizia-se que era impossvel fundar uma igreja

    evanglica ali. Mas parece que Deus tem um extraordinrio senso de humorcom relao afirmao de que isso ou aquilo impossvel. Ele inspirouum pequeno grupo de crentes para que se reunissem, comprassem uma casaali e fundassem uma igreja.

    Nela havia um homem de nome Walt, que cursara apenas at a sextasrie. Certo dia ele disse ao superintendente da escola dominical que queriaensinar uma classe. O outro replicou:

    timo, mas no momento no temos uma classe para voc.

    Como Walt insistisse, o superintendente disse:

    Bom, ento voc ter que sair por a e arranjar alunos. Todos osque voc convidar e trouxer aqui sero seus alunos.

    E Walt saiu pelo bairro. Na primeira vez em que se aproximou demim, eu estava jogando bolinhas de gude na calada.

    Garoto, disse ele, gostaria de ir a uma escola dominical?

    No me interessei nem um pouco. Se tinha nome de escola nopoderia ser coisa boa. E ele continuou:

    Que tal um joguinho, ns dois?

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    Ah, a a conversa j era outra. Pusemo-nos a jogar e passamos unstimos momentos ali, embora ele tivesse ganhado tudo de mim. Mas quelaaltura, eu seria capaz de segui-lo aonde me levasse.

    Walt conseguiu reunir treze garotos do bairro para formar sua classe

    de escola dominical. Nove deles eram filhos de casais separados. Hoje,onze desses meninos acham-se engajados no servio cristo em tempointegral.

    Para ser sincero, no seria capaz de citar muita coisa do que ele nosdisse, mas dele prprio posso dizer muita coisa porque aquele homem meamou por amor a Cristo. Amou-me mais que meus pais.

    Ele costumava dar longos passeios conosco, e aqueles belosmomentos ficaram gravados em minha mente. No tenho dvida de quens lhe demos muito trabalho, agravando ainda mais o problema cardacoque o afligia. Mas ele andava por aqueles lugares com a gente porque nosamava.

    No era o homem mais inteligente do mundo, mas era sincero. Viviao que pregava. Percebi isso claramente, e tenho certeza de que os outrosgarotos tambm o notaram.

    Conto isso para mostrar que meu interesse pelo magistrio no

    meramente profissional. bastante pessoal, alis uma espcie de paixo,pois se tenho um ministrio hoje devo-o unicamente ao fato de Deus tercolocado em meu caminho um professor dedicado.

    Neste livro vamos abordar sete conceitos acerca do ensino, quedenominamos "leis" princpios ou regras.

    A lei do professor

    A lei do ensino

    A lei da atividade

    A lei da comunicao

    A lei do corao

    A lei da motivao

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    A lei da preparao prvia

    Se analisarmos bem os termos que definem essas sete leis, veremosque eles se resumem basicamente numa ideia: oamor pelo ensino.

    Faz alguns anos eu estava participando de um congresso de escolasdominicais na Igreja Memorial Moody, em Chicago. Certo dia, hora doalmoo, eu e mais dois preletores fomos a uma lanchonete que ficava dooutro lado da rua. Estava lotada, mas instantes depois vagou uma mesa paraquatro pessoas, e para l nos dirigimos. Vimos ento uma senhora idosa,que tinha nas mos uma pasta do congresso, e a chamamos para sentar-seconosco.

    Em meio conversa, ficamos sabendo que era de Michigan, tinhaoitenta e trs anos, e lecionava para uma classe de garotos de 12 a 14 anos.Tinha treze alunos, e o total de matriculados na escola era de 65 pessoas.Viera para Chicago de nibus, tendo viajado a noite toda. Por qu? Elaexplicou:

    Para aprender mais e melhorar meu ensino.

    Nesse momento, pensei: Acho que a maioria das pessoas que tmuma classe de adolescentes com 13 alunos, numa escola dominical de 65,estaria toda orgulhosa, vangloriando-se interiormente. "Quem, eu? Ir a um

    congresso para professores de escola dominical? S se for para ser um dospreletores!"Mas aquela senhora, no.

    Atualmente oitenta e quatro ex-alunos dela se encontram no serviocristo em tempo integral. E vinte e dois deles formaram-se no seminrioonde leciono.

    Se hoje algum me perguntasse como se explica o impacto que oensino dessa professora produz, eu lhe daria uma resposta totalmentediferente da que teria dado vinte e dois anos atrs. Naquela poca, teria

    atribudo seu sucesso ao mtodo empregado. Hoje estou convencido de quetudo se deve ao seu amor pelo ensino.

    E meu grande objetivo, meu interesse em relao a todos os que meleem que Deus lhes d um amor assim, e que esse amor nunca se acabe.Espero que nunca se extinga em ns a vibrao que sentimos ao saber quealgum nos ouve e est aprendendo conosco.

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    "O professor deve conhecer muito

    bem o assunto que est ensinando.

    Um fraco domnio do contedo

    resulta num ensino deficiente."

    John Milton Gregory

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    A Lei do Professor

    O professor eficiente aquele que baseia seu ensino em uma ricaexperincia de vida.

    Resumindo a lei do professor, poderamos dizer que quem pra de"crescer"hoje, pra de ensinar amanh.

    Esse princpio fundamental e no h nada que o substitua, nem

    mesmo uma personalidade cativante ou mtodo excepcional. Ningumconsegue ser um bom comunicador a partir de um arquivo intelectualvazio. No podemos passar a outros aquilo que no possumos. Se noconhecemos determinado contedo, isto , se no o dominamos de fato,no podemos transmiti-lo a ningum.

    A ideia implcita nessa lei a de que, antes de ser professor, sou umaprendiz, um "estudante" ensinando estudantes. Estou dando continuidadeao processo de aprendizagem. Ainda estou a caminho de minha meta. E,

    vendo-me como estudante ao desempenhar meu papel de mestre, vouencarar o processo didtico por um ngulo totalmente novo e pessoal.

    Temos que estar sempre crescendo, sempre em transformao. claro que a Palavra de Deus no muda, mas nossa compreenso dela, sim,porque estamos em constante crescimento. por isso que o apstolo Pedro,ao final de sua segunda carta, diz o seguinte: "Antes crescei na graa e noconhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo."

    Para termos essa mentalidade precisamos adotar a atitude de que

    ainda no chegamos l. Quem aplica esse princpio didtico na prtica estsempre se perguntando: "Como posso melhorar meu ensino?"

    Encaremos esse fato da seguinte maneira: enquanto estivermos vivosestaremos aprendendo; e enquanto estivermos aprendendo estaremos vivos.

    Quando eu estava na faculdade muitos e muitos anos atrs trabalhava no refeitrio da escola. E todos os dias, quando ia para o

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    servio, s 5:30 da manh, passava perto da casa de um dos nossosprofessores. E todos os dias, invariavelmente, via o claro de sua lmpadade mesa acesa. E nas muitas vezes em que eu fiquei na biblioteca,aproveitando as horas da noite para estudar, ao voltar para casa por volta de22:30 e 23:00, sempre via a lmpada acesa. Ele estava constantementedebruado sobre os livros.

    Certo dia, esse professor convidou-me para almoar em sua casa, enessa ocasio, indaguei:

    O senhor se importaria se eu lhe fizesse uma pergunta?

    Claro que no, respondeu.

    Por que est sempre estudando? Parece que no pra nunca.

    A resposta que me deu foi, como descobri mais tarde, uma citao deoutra pessoa, cujas palavras ele j tornara suas:

    Rapaz, quero que meus alunos bebam as guas correntes de um rio,no a gua estagnada de uma lagoa.

    Foi um dos melhores professores que tive, e marcou profundamentea minha personalidade.

    E seus alunos, que tipo de gua esto bebendo?

    Gostaria de lanar um desafio ao leitor, com base em Lucas 6.40, altima parte do versculo: "Todo aquele, porm, que for bem instrudo sercomo seu mestre."

    Algumas pessoas dizem que nem sabiam que Jesus tinha dito isso.Vm lendo o evangelho h anos e anos, e nunca notaram essa passagemnele. Mas depois que a descobrem, sentem-se mais motivadas a pedir aDeus que, pela sua graa, opere uma transformao radical neles. E voc?

    Esse princpio citado em Lucas 6.40 constitui um desafio para voc ou odeixa apreensivo?

    Independente da reao que ele provoca em ns, se quisermosensinar a outros, precisamos primeiro pedir a Deus que ele nos ensine. Eledeseja abenoar outros por nosso intermdio, mas antes necessrio quenos abenoe, que opere em ns. Quer usar-nos como instrumentos seus,

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    mas primeiro precisa purificar-nos, e afiar-nos para que sejamos umaferramenta til nas mos dele.

    A razo disso que o veculo do ensino eficiente apessoa humana.

    No me peam para explicar por qu. S posso agradecer a Deus porvivenciar essa experincia. Tenho certeza de que ele poderia usar meiosmais eficientes que ns, seres humanos, para realizar essa tarefa. Contudo,resolveu operar por nosso intermdio. S podemos entender essa realidade pela f. Mas verdade. O milagre do ministrio cristo o fato de queDeus nos escolheu a dedo para sermos seus representantes perante nossagerao. Ele deseja operar mudanas no mundo e quer usar-nos para atingiresse objetivo, para que sejamos um dos seus principais instrumentos. Comovoc se sente diante desse fato?

    Portanto, se algum deseja melhorar sua prtica pedaggica eprovavelmente foi por isso que pegou este livro para ler deve esforar-se para melhorar sua prpria pessoa. E meu objetivo auxili-lo nessepropsito.

    A Demanda por Professores

    Alguns anos atrs vi um interessante cartum de dois quadrinhos. Em

    ambos, os personagens eram os mesmos: um senhor de nome Brownconversando com uma jovem na sala dele. No primeiro, o Sr. Brown diretor de uma escola pblica e diz o seguinte moa:

    Sinto muito, senhorita, mas examinei bem o currculo anexo suasolicitao para lecionar em nossa escola, e conclu que no podemosaceit-la. Precisamos de professores com pelo menos cinco anos deexperincia, e se possvel com mestrado em educao.

    No segundo quadrinho, o Sr. Brown superintendente da escoladominical, e diz o seguinte mesma jovem:

    Voc ser uma tima professora, senhorita. Sei que crente hpouco tempo, e acha que no conhece a Bblia muito bem, mas o melhormeio de se conhecer a Palavra ensin-la. Diz que no tem experinciacom crianas dessa idade, mas tenho certeza de que vai aprender a entend-

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    las, a lidar com elas, e a gostar delas. O nico requisito bsico que estejadesejando lecionar.

    Que triste crtica sobre a forma como encaramos o ensino da Palavrade Deus! Exige-se um mnimo de cinco anos de preparo para uma pessoa

    ensinar as crianas que dois mais dois so quatro. Mas quando se trata deensinar as insondveis riquezas de Jesus Cristo, qualquer um serve... e por isso que muitas vezes esse ensino desce ao nvel da mediocridade.

    Ao fazer a seleo dos professores, sempre procuro pessoas quesejam fiis a seus compromissos, tenham disponibilidade e humildade paraaprender.

    Nessa obra, o fator determinante no o conhecimento intelectualque possuem. A principal exigncia que sejam fiis e constantes, quetenham tempo disponvel para ensinar sem que seja necessrio insistirdemais para que aceitem o cargo, e que estejam predispostas a aprendertambm.

    Em muitas de nossas escolas dominicais, temos aprendido que amelhor maneira de formarmos professores dedicados levar pessoas a seenvolverem pouco a pouco no trabalho. Elas gostam e ficam. Algumprocura conhecer o trabalho que a escola desenvolve com os adolescentes, por exemplo. E na convivncia com eles convence-se de que poderia

    auxiliar esses jovens e de que tal ministrio altamente gratificante.

    A maioria dos adultos, no incio, tem receio de envolver-se nomagistrio por faltar-lhes autoconfiana. Nossa tarefa ento auxili-losnesse aspecto, o que pode ser feito com um pouco de tempo e interesse.

    E a propsito, gostaria de comentar que, se tivesse de recrutar professores para uma escola dominical, imediatamente eliminaria trsprticas adotadas hoje em dia. Primeiro, no faria avisos do seguinte tipo:

    " Amados irmos, por favor, venham assumir uma classe de nossaescola. H vrios domingos estamos tentando arranjar mais professores, eningum ainda se apresentou para nos ajudar."

    Segundo, no insistiria com ningum.

    "Que tal mudar de ideia e vir lecionar numa de nossas classes? Novai precisar ter muito tempo de preparao, no. Temos o manual do

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    professor. Voc sabe ler, no sabe? Ento s ler e ensinar. Faa umaexperincia, v!"

    Terceiro: no faria indicaes de ltima hora. Faltou um professor para uma classe de juniores. Apavorado, o superintendente entra numa

    classe de adultos e pega quem estiver sentado mais perto da porta, e onomeia para o cargo vitalcio de professor de juniores. Moral da histria:no se sente perto da porta.

    Efetuar Mudanas

    Gostaria agora que o leitor pegasse um lpis e respondesse a mesmono livro as seguintes perguntas: sente que mudou em alguma coisa

    ultimamente? Digamos, na semana passada ou no ms passado ou no anopassado?

    Saberia citarespecificamente essas mudanas? Ou s pode dar umaresposta vaga?

    Talvez algum diga que sente que est crescendo espiritualmente.Muito bem. Como?

    "Bem", responde essa pessoa, "em todos os aspectos."

    Maravilhoso! Cite um.

    O fato que para haver ensino eficiente necessrio que o professorseja uma pessoa transformada. Quanto mais nossa vida for transformadamais transformaes se efetuaro nos outros por nosso intermdio. Sequisermos promover transformaes em outros, temos que experiment-lasprimeiro em ns.

    Quero dar aqui uma ilustrao por meio de desenhos. Se os interesses

    bsicos de nossa vida nossa energia mental, nossas indagaes, nossoshorizontes puderem ser ilustrados com essas setas apontando paradentro, ...

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    estamos morrendo. Mas apontam para fora...

    ento estamos nos desenvolvendo, crescendo.

    E a propsito, isso no tem nada a ver com a idade cronolgica: scom a atitude de cada um.

    Que tristeza ouvir as pessoas dizerem:

    Ah, irmo Hendricks, estou ficando muito velho.

    E muito velho quantos anos, irmo? Pergunto. Voc j morreu?

    Claro que no. Estou vivo.

    timo. Ento comece a estudar alguma coisa, seno comear amorrer aos poucos, intelectualmente. Depois s deitar que ns o

    colocaremos num caixo.Os mais velhos podem aprender muita coisa, e bem. Mas a maioria

    tem preconceitos contra a ideia de estudar. Parece que se convenceram deque um idoso no consegue apreender novidades. Isso verdade no que dizrespeito a meras novidades. Mas aqui atamos trabalhando com verdades,estamos preparando indivduos para ensinar verdades espirituais.

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    Sei de pessoas idosas que resolveram noparar de estudar, e so dasmais alegres e entusisticas que conheo. Por outro lado, h estudantes devinte e poucos anos que j esto mortos intelectualmente, enquantoindivduos com sessenta e cinco, setenta e cinco e at oitenta e cinco anosesto muito vivos.

    No faz muito tempo, convidei para falar minha turma doseminrio um senhor de noventa e trs anos, que crente h oitenta equatro, e que serviu fielmente a Cristo todos esses anos. Ele deu uma brevepalavra classe e comentou:

    "Minha nica tristeza ter apenas uma vida para "consagrar aoservio de Cristo."

    A turma aplaudiu-o de p durante seis minutos.

    Recentemente faleceu uma senhora de oitenta e seis anos, uma boaamiga nossa, a professora mais fantstica que conheci.

    A ltima vez em que a vi com vida, estvamos numa dessas festinhassociais, muito sem graa, todos muito quietos e "espirituais". Instantesdepois ela entrou e disse:

    Ol, Hendricks, no o vejo h muito tempo. Cite-me os cincomelhores livros que leu no ano passado.

    Ela tinha o dom de modificar a dinmica de um grupo. Parecia queseu lema era: "No vamos aborrecer uns aos outros; vamos conversarseriamente, e se no tivermos assunto para uma conversa sria, entovamos arrumar uma boa discusso."

    Na ltima viagem que fez terra santa, aos oitenta e trs anos, foicomo guia de um grupo de jogadores de futebol americano. Ainda guardouma lembrana muito vvida dela, frente do grupo, dizendo para eles:

    "Vamos l, rapazes! Vamos em frente!

    Morreu durante o sono, na casa de sua filha, em Dallas. A filhacontou-me que pouco antes de falecer ela estivera elaborando suas metas pessoais para os prximos dez anos. Quem dera houvesse mais pessoasiguais a ela!

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    Outro exemplo semelhante o apstolo Paulo. J no final da vida,quando a maioria das pessoas est de olho numa cadeira de balano, eledisse o seguinte: Esquecendo-me das cousas que para trs ficam eavanando para as que diante de mim esto, prossigopara o alvo, para oprmio da soberana vocao de Deus em Cristo Jesus!' (Fp 3.13,14.)

    Analisando essa passagem atentamente, veremos que ele encara opassado da maneira certa no se mostra extasiado com seus triunfos nemfrustrado com suas derrotas. O passado existe para aprendermos com ele,no para vivermos nele.

    Alm disso, ele olha o futuro corretamente. Nele esto suas metas,suas esperanas.

    E por fim, v o presente tambm de maneira correta. Com relao aele, Paulo diz: "Prossigo." Estava aceitando os desafios da vida.

    Quantos crentes h hoje em nossas igrejas que se icham numa idadeem que deveriam estar revirando o mundo de cabea para baixo, mas vivemacomodados em casa?

    claro que quando estamos envelhecendo, o que o meu caso,temos dificuldade de reter na lembrana certos fatos, devido s deficinciasprprias da idade. Eu e Jeanne estamos decorando todos os salmos. De vez

    em quando, eu digo a ela:Recite a para mim o Salmo 40. Ela o recita e depois eu digo.

    timo, meu bem. S que voc esqueceu o versculo sete.

    Depois ela me pede para recit-lo, e, quando termino, ela comenta:

    Howie, voc est indo muito bem, s que esqueceu os versos dequatro a dezesseis.

    Crescimento: Uma Viso Mais Ampla

    O lado mais interessante do trabalho com novos convertidos quealguns, assim que aprendem uma verdade nova na Palavra de Deus, voimediatamente coloc-la em prtica.

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    que eles ainda no aprenderam as velhas manias que ns, crentesmais antigos, estamos cultivando. Quando nos deparamos com certasverdades, damos um jeito de passar de largo por elas. Sempre queencontramos algum ensino que nos desafia a modificar aspectos de nossavida que no queremos mudar, arranjamos uma explicao qualquer; comopor exemplo: "Ah, isso se aplica aos judeus!" incrvel a quantidade decoisas que jogamos em cima desse amado povo.

    Lembremo-nos de que at Jesus cresceu. Isso devia levar-nos a buscar desenvolver-nos e crescer espiritualmente. Em Lucas 2.52,encontramos a descrio do seu processo de desenvolvimento. Diz a Bbliaque "crescia Jesus" em quatro reas.

    Ele crescia "em sabedoria": desenvolvimento intelectual.

    Crescia em "estatura": desenvolvimento fsico.

    Crescia em "graa, diante de Deus": desenvolvimento espiritual.

    E crescia em graa diante "dos homens" referncia ao crescimentosocial e emocional.

    Observemos que o crescimento espiritual apenas uma parte de um processo amplo. No podemos enxergar somente esse aspecto dodesenvolvimento humano; no podemos destac-lo dos outros, mas integr-

    lo aos outros aspectos da vida.

    nesse ponto que temos errado.

    Como professor de seminrio, leciono para os estudantes maismotivados e sinceros do mundo; eles so jovens, rapazes e moas, queenfrentam os desafios com dedicao. que se engajaram numa missomuito sria.

    E, no entanto, por mais estranho que parea, muitos deles ainda no

    entenderam que s obtero um pleno desenvolvimento espiritual se oassociarem ao crescimento intelectual, fsico, social e emocional. Senegligenciarmos uma dessas reas, estaremos pondo em risco odesenvolvimento das outras. E, por outro lado, sempre que conseguirmosalgum avano numa delas, isso ter efeito sobre as outras.

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    Ento, no limitemos nossa experincia crist, confinando o SenhorJesus num compartimento religioso, crendo que: "Um pouquinho de Bbliadiariamente suficiente para 'manter o diabo afastado'." Entendamos que acada dia devemos ir dando ao Senhor maior controle sobre todos osaspectos de nosso ser. isso que torna a vida crist dinmica, em vez deesttica, e evita que nosso fervor espiritual se arrefea.

    Observemos, porm, que o processo todo altamenteindividualizado. Cada um de ns recebeu uma formao diferente da dosoutros, e cada um se encontra numa fase prpria de desenvolvimento espi-ritual. Essa a razo por que fazer comparaes uma atitude carnal. Nofiquemos a nos comparar com esse ou aquele crente. Voc voc.

    Ento coloquemo-nos diante do Senhor e perguntemos: "Senhor,

    como estou nessa e naquela rea de minha vida?" Provavelmente, emalgumas dessas frentes de batalha do desenvolvimento, estejamos dandopassos gigantescos, crescendo a olhos vistos. Em outras, talvez estejamosmarcando passo, tendo ainda um longo caminho a percorrer.

    Veremos tambm que, com relao aos nossos valores e prticashabituais, alguns teremos que conservar, outros precisaremos apurar eoutros ainda talvez tenhamos que rejeitar. Mas todos ns nos encontramosno mesmo barco, pois nos achamos todos noprocesso de crescimento.

    E vez por outra bom dar uma parada para nos perguntar: "Ser queestou fazendo tudo certo?"

    Um dos grandes temores que tenho com relao a meus alunos no o de que fracassem no ministrio, aps formarem-se no seminrio. Meureceio que obtenham grande sucesso trabalhando onde no era paraestarem; que cheguem ao fim da linha e acabem descobrindo que no eraaquele o destino que queriam tomar, e que aquilo no os satisfez.

    Tenho estado colaborando num ministrio junto a atletasprofissionais, e uma coisa que lhes tenho dito que h um fato que todoseles tm que encarar. o seguinte: eles podem ganhar rios de dinheiro, tertodas as mulheres que quiserem a seus ps, e uma enorme presena nasociedade, e mesmo assim nunca entender bem o porqu de sua existncia.E depois que acabar seu futebol, o que ir fazer? Vai terminar apenas com

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    alguns trofus e medalhas e um belo lbum de recortes de jornal? No hpessoa mais aborrecida do que um ex-atleta.

    OAspecto Intelectual

    Gostaria de dar aqui trs sugestes para o nosso crescimentointelectual.

    1. Manter um disciplinado programa de leitura e estudo. Lembremo-nos de que todas as pessoas que ocupam posio de liderana so gente quel muito.

    Muitas pessoas me dizem:

    "Dr. Hendricks, tenho lido muito, mas no estou vendo muitamudana e crescimento em mim, no."

    Eis uma soluo. Se algum l durante uma hora deve fazer oseguinte: leia apenas durante meia hora, e depois passe a outra meia horameditando sobre o que leu. Observe como isso muda tudo. Quem nomedita no que l, no sabe ler corretamente.

    Outra coisa a se fazer "ler" as pessoas tambm. Os dois fatores quemais nos influenciam so os livros que lemos e as pessoas com quem

    convivemos.

    O ser humano fascinante, e quanto mais nos interessamos por ele,mais facilidade teremos para nos aproximar dele.

    Uma das maiores lies que meu pai me ensinou foi a seguinte:sempre que voc estiver perto de uma pessoa importante, fique calado.Abra a boca s para fazer perguntas oportunas. Sempre que estiver emcompanhia de gente que sabe mais que voc, procure aprender com eles o

    mximo que puder, e aproveitar-se bem do conhecimento que possuem.Deixe que eles falem e lhe passem tudo que sabem.

    Fico muito admirado ao ver o quanto aproveitamos pouco do contatocom pessoas bem dotadas. Eu mesmo j fui convidado para dar assessoria acertos grupos, recebi a passagem e honorrios para ir l, mas acabei ficandosentado, vendo-os discutirem entre si.

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    2. Fazer cursos de atualizao, no apenas para melhorar nossoconhecimento, mas tambm nossa habilidade intelectual. Hoje existemmais oportunidades para se desenvolver a mente e cultivar as habilidadesnaturais do que havia antes.

    Mas o curso mais importante que se pode fazer o estudo da Bbliaem particular. Todos os professores e pregadores leigos que j conheci, quedesempenham um bom ministrio, so indivduos que estudam avidamentea Palavra de Deus.

    Muitos de ns, crentes, que ouvimos a pregao e o ensino daPalavra, no buscamos conhec-la por ns mesmos. No a exploramos,nem deixamos que ela penetre em ns.

    Certa vez uma senhora me disse:

    Dr. Hendricks, j li a Bblia vinte e nove vezes.

    timo, minha irm, respondi, e quantas vezes a Bblia j "leu" oseu corao?

    impossvel calcular o impacto que o ensino da Palavra de Deus pode ter sobre os homens. Em 2 Timteo 2.2, Paulo nos comunica umavigorosa verdade a respeito disso. O que ele diz a Timteo a o seguinte:"Eu lhe transmiti um conjunto de verdades que recebi por revelao e que

    introduzi em sua vida. Agora estou encarregando-o de passar essas mesmasverdades a outros, a pessoas idneas, instruindo-as de tal maneira quetambm elas sejam capazes de instruir outros, que por sua vez instruiro aoutros, que instruiro a outros!'

    um ministrio de multiplicao. Cada vez que instrumos algum,damos incio a um processo que no se interromper, que passar de umagerao a outra.

    3. Conhecer bem os alunos. Precisamos estar bem inteirados dascaractersticas gerais da faixa etria deles, dos seus problemas, etc. Masno s isso. Precisamos conhecer os alunos individualmente, saber omximo que pudermos sobre a vida de cada um.

    Alguns anos atrs, quando eu trabalhava numa igreja de Dallas,estava tendo muita dificuldade para arranjar um professor para uma classe

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    de garotos adolescentes. Na lista de provveis candidatos ao cargo s haviaum nome, e quando o vi, espantei-me.

    "Vocs devem estar brincando, no ?" comentei.

    Mas enganei-me redondamente com relao ao rapaz. Ele assumiu aclasse e revolucionou-a.

    Senti-me to impressionado com o sucesso que o convidei paraalmoar um dia em minha casa e pedi-lhe que me revelasse o segredo. Eletirou do bolso uma cadernetinha de capa preta. Cada pgina continhainformaes sobre um aluno. No alto, estava um retratinho do menino, como nome embaixo, e em seguida sucintos comentrios a seu respeito, taiscomo: "tem problema com matemtica", "os pais no querem que ele venha igreja", "quer ser missionrio quando crescer, mas acha que no estapto", etc.

    "Oro por eles todos os dias, pgina a pgina", explicou. "E nodomingo no vejo a hora de ir igreja e ver o que Deus realizou na vida decada um."

    Gostaria de desafiar os professores a orarem por seus alunos dessamaneira, quer sejam do berrio ou da classe de idosos. Mas desejo fazer, aesse respeito, uma advertncia calcada nos meus muitos anos de

    experincia: rotular as pessoas "marc-las". Quantas vezes colocamosrtulos em nossos alunos! "No diz nada." "Problemtico." E lhesimpingimos outras "marcas" desse tipo. No coloquemos rtulos assim emningum.

    Quando eu estava na 5.a srie tive uma professora chamada Srt.aSimon. Nunca me esqueci dela, e acredito que ela nunca se esqueceu demim. Quando lhe disse meu nome no primeiro dia de aula, ela exclamou:

    "Ah, Howard Hendricks. J ouvi falar muito sobre voc. Disseram-

    me que o pior aluno desta escola!' Que belo desafio!pensei. Se ela achaque sou o pior aluno o que vou continuar sendo! E de fato, nunca a"decepcionei"!

    s vezes pergunto s professoras:

    Qual o aluno de que voc mais gosta?

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    E elas respondem:

    Ah, daquela menininha linda de cabelos longos, que fica semprequietinha, e nunca me d o menor trabalho.

    Bom, possvel que daqui a vinte anos ela continue issim, bemquietinha. Mas o garoto que hoje s falta subir pelas paredes, no futuropode ser um pastor ou missionrio. Geralmente as crianas que possuemenergia bastante para estar criando problemas, so as mais propensas alevarem uma vida consagrada a Deus, ao crescer. s vezes esse tipo decriana chega nossa escola dominical cheia de energia, de curiosidade, deentusiasmo, e o que fazemos? Procuramos reprimi-la. "Hei, vamos parar.Isso aqui uma escola dominical!"

    O Aspecto Fsico

    Existe alguma rea de sua vida fsica sobre a qual voc no exercepleno controle?

    Ah! O aspecto fsico o que os crentes evanglicos mais ignoram. Ea razo disso que temos a tendncia de renegar nosso lado humano. Eassim estamos sempre agredindo nosso corpo, embora, na verdade, asalvao se aplique tanto ao corpo como alma. A Bblia discorre bastante

    sobre isso, e no entendo por que no enxergamos esse ensino nela. E apropsito: quem quiser descobrir quais so as reas mais falhas de suavida, procure na Bblia os versculos que nosublinhou.

    Fala-se muito em ser cheio do Esprito Santo. Pois muitointeressante ver a que aspectos de nossa vida no estamos aplicando esseconceito e quais as reas que sempre evitamos analisar.

    D-me licena para fazer algumas especificaes. Seu dinheiro est

    sob controle? A maioria dos conselheiros financeiros evanglicos poderdizer-nos que nosso povo no tem nenhum conhecimento acerca disso.Sabia que a maioria das pessoas gasta mais do que recebe? E algumasrecebem muito dinheiro! Alguns crentes vo ter de prestar contas a Deusquando chegarem diante do seu trono, pois a quem muito foi dado, muitolhe ser exigido.

    E quanto aos bens materiais?

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    Certa vez eu e minha esposa fomos jantar em casa de um ricohomem de Boston, que pertencia a uma famlia bem aristocrtica. A certaaltura, perguntei-lhe:

    Como que voc, que foi criado em meio a tanta riqueza, no se

    deixou dominar pelo materialismo?

    Meus pais nos ensinaram, respondeu ele, que tudo que havia nacasa ou podia ser um objeto til ou um dolo para ns.

    E voc, leitor, como encara seus bens?

    E quanto ao emprego do tempo? Ser que est exercendo umadequado controle dele? A verdade que se ns no pegarmos as rdeas denosso tempo, outros pegaro, e pode ser que eles no tenham o mesmo

    senso de prioridades que ns. Estou sempre encontrando pessoas que tm"planos maravilhosos" para mim, e geralmente dizem que so a vontade deDeus.

    E como est sua vida sexual, j que vivemos em meio a umasociedade que um verdadeiro poo de imundcie? H crentes que nuncadeixam Jesus dirigir esse aspecto de sua vida. Depois, quando percebemque esto com alguns problemas, passam a buscar desesperadamente novastcnicas. O fato que negligenciaram esse lado de seu relacionamento

    conjugal. E depois no permitem que Jesus Cristo os liberte de si mesmos,para que possam viver bem com seu cnjuge essa forma de relacionamentoque a mais ntima que um ser humano pode ter.

    E como est a vida mental dos crentes? Estou sempre encontrandojovens, no s no seminrio mas nos lugares aonde vou pregar, que enchema cabea lixo e depois perguntam:

    "Por que ser que no consigo viver em santidade?"

    Tempos atrs eu estava conversando com um rapaz que leitorassduo das revistas Playboy e enthouse, e lhe perguntei: "Acha que essaleitura vai fazer de voc um homem de Deus?"

    E quanto nossa forma de alimentar? Se eu fosse dar um seminriode estudos em uma igreja qualquer, e no dia marcado aparecesse por lcompletamente bbado, eles me dispensariam na hora. Mas se eu chegassemuito gordo, com uns trinta quilos acima do meu peso normal, ningum

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    diria nada, e ainda iriam querer servir-me refresco com bolachas no final.Afinal, no se pode ter uma reunio dessas sem um lanchezinho depois,no ? Como ser que a igreja primitiva deve ter-se arranjado naqueletempo, sem os nossos refrigerantes e biscoitos? Eu sei: eles tinham algomuito mais eficiente para manter o grupo unido: perseguio. Isso nosuniria mais, e bem rapidamente. Mas talvez esse assunto possa deixaralguns com complexo de culpa. Passemos a outro.

    E que tal o exercitamento fsico? O conhecido Dr. Kenneth Cooper,que deu tanta divulgao aos exerccios aerbicos, crente. Certa vez elefez uma palestra para cerca de trezentos ou quatrocentos alunos de nossoseminrio. Entre outras coisas disse que, se eles adotassem um planoregular e sistemtico de exercitamento fsico, poderiam ampliar seu tempode ministrio de cinco at quinze anos. Pensemos s nas implicaes que

    isso teria para a obra de Cristo.

    Alm disso, precisamos tambm de descanso, no apenas de dormir,mas de modificar nosso ritmo de atividades. O diagrama abaixo tem meajudado muito a buscar um maior equilbrio na distribuio do tempo.

    Quanto tempopasso em

    companhia defamiliares?

    Quanto tempo

    passo a ss?

    Quanto tempo

    dedico ao

    trabalho?

    Quanto tempodedico ao

    entretenimento?

    A maioria das pessoa tende a didicar um tempo excessivo a umadessas reas.

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    Certa ocasio fui visitar um ex-aluno meu, para realizarmos umasemana de trabalhos especiais em sua igreja. Assim que ali cheguei, suaesposa chamou-me parte e disse:

    Pastor, ser que o senhor poderia ter uma conversa com meu

    marido? Ele tem dormido uma mdia de apenas cinco horas por noite, eest baixando para quatro. Sinceramente no estamos suportando-o. Temestado muito irritado com as crianas.

    Quase ao final da semana, certo dia, estvamos rodando de carro, eele guiava. De repente indaguei-lhe:

    rapaz, por que no fuma?

    Por pouco ele no joga o carro fora da estrada.

    Professor, disse ele afinal, eu no fumo.

    , respondi, nunca vi mesmo voc acender um cigarro.

    A essa altura, ele me dirigia olhares de espanto, como se estivessepensando que eu estava ficando louco.

    Por que voc no fuma? insisti.

    Professor, replicou ele, meu corpo o templo do Esprito Santo.

    , concordei. mesmo. timo! Escelente argumento, disse, edepois acrescentei: por isso ento que tem dormido uma mdia de cincohoras por noite, e est baixando para quatro, e deixando sua famlia louca?

    Acho que se tivesse dado uma paulada na cabea dele no teriaconseguido melhor resultado.

    O Aspecto Social

    Como est o aspecto social de sua vida? Como so seus amigos?Tem amizade s com as pessoas de sua igreja, de sua denominao?(Afinal, eles so o povo escolhido de Deus, no ? Os outros, ah, os outrosso "osoutros".)

    Tem amizade com pessoas no-crentes?

  • 8/3/2019 Howard Hendricks - Ensinando Para Trans for Mar Vidas

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    Os estudos que efetuamos a respeito de evangelizao de amigos tmrevelado que a mdia das pessoas que recebem a Cristo mantmrelacionamento com os amigos s por mais dois anos. Depois disso,abandona-os, ou ento eles se afastam dela. Na maioria dos casos o crentequem se afasta.

    Voc conhece alguns no-crentes? Mas talvez algum diga:

    "Ora, eu sou pastor."

    Isso no significa que est isento de ser cristo. Experimentemos vezpor outra ser diferentes daquilo que nossa posio social determina: e nodeixemos que ela atrapalhe isso. Tentemos ser apenas um ser humano, devez em quando.

    No sei se com todo mundo acontece o mesmo que conosco, mas eue minha esposa sentimos que muito difcil participar construtivamente deum grupo social constitudo de crentes. Algumas de nossas conversas soto vazias que constituem um insulto nossa inteligncia.

    Eu gostaria de aconselhar o leitor a pensar um pouco em comopoderia tornar mais criativo esse relacionamento com amigos e conhecidos,e ver o que Deus poder operar a.

    Que tal ter amizade com pessoas de outra faixa etria? Conhece

    algumas crianas? Quero dizer, conhece realmente, e elas o chamam de"tio", e acham que voc a pessoa mais "legal" do mundo? Conhece algumadolescente? A maioria dos adultos "morre" de medo dos adolescentes.Quando nossos quatro filhos eram adolescentes e convidvamos amigospara virem nossa casa, eu gostava de avisar-lhes antecipadamente:

    Olhe aqui, bom voc ir sabendo logo que vo encontrar l emcasa quatro pares de olhos de adolescentes a observ-lo. Se isso lhe dmedo, acho melhor desistir agora.

    No, no, diziam. Tudo bem. Eles mordem?

    No tenho muita certeza, no. Vamos l e ficaremos sabendo.

    Ampliemos nosso crculo de amigos. E j que estamos tratando doassunto, gostaria de apresentar aqui um teste para se saber quem amigo defato.

  • 8/3/2019 Howard Hendricks - Ensinando Para Trans for Mar Vidas

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    O verdadeiro amigo aquele que

    ... sabe tudo a nosso respeito, e mesmo assim nos aceita;

    ... ouve-nos expor nossas ideias mais absurdas, sem nos rejeitar;

    ... sabe criticar-nos de forma to sbia que o ouvimos com ateno.

    Levei dez anos para deixar que minha esposa Jeanne se tornasse umaboa amiga, pois tinha medo que ela viesse a saber como eu era de fato, equais eram meus temores e apreenses. Se ela descobrir essas coisas,pensava eu, na certa ir rejeitar-me.

    Um dia, finalmente, ocorreu-me que ela j sabia, e no me haviarejeitado. Isso me libertou.

    Como estou me saindo?

    Por ltimo, vamos lembrar-nos de que uma vida que no submetidaa provas, no vale a pena ser vivida.

    Em nossa casa tnhamos o hbito de verificar o crescimento dascrianas. Marcvamos a altura delas na face interna da porta do armrioembutido. Alis, quando vendemos a casa e nos mudamos, arranquei

    aquela porta, coloquei outra no lugar, e levei-a para a casa nova.Certa vez, quando Bev, minha segunda filha, era ainda bem pequena,

    ela me prometeu que iria crescer um pouco nos dias em que eu estaria fora,em viagem. Quando voltei, assim que saltei do avio, ela me abraou edisse:

    "Papai, vamos para casa depressa. Temos que ver quanto eu cresci."

    Fomos para casa, ela encostou-se porta do armrio e a medimos.

    Havia crescido apenas alguns milmetros, mas ficou dando pulos de alegria."Eu no disse, papai, eu cresci."

    Depois disso fomos para a sala, para conversar um pouco, e ela fezuma daquelas perguntas que eu gostaria que as crianas nunca fizessem.Disse:

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    "Papai, por que que as pessoas grandes param de crescer?"

    No me lembro exatamente o que foi que respondi mas devo ter dadouma resposta bem superficial.

    "Ah, filha, voc tem de compreender uma coisa; elas param decrescer para cima, mas comeam a erescer para os lados."

    Passado aquele momento de conversa com ela, Deus me levou ameditar nas palavras que dissera: "Por que que as pessoas grandes paramde crescer?" Como o meu caso, por exemplo? Por que um professor deseminrio pra de crescer? Eles param mesmo, sabia? Como qualquer outrapessoa. Por qu?

    Isso danoso para qualquer professor. s vezes as pessoas me

    dizem:

    Irmo Hendricks, leciono essa classe h vinte e trs anos.

    E o que que isso significa? Eu sei. Significa que a graa de Deus osusteve; s isso. Faz muito tempo j que aprendi que se multiplicarmosqualquer nmero por zero o resultado sempre zero.

    Na verdade, a experincia, por si s, no significa aprimoramento.Pelo contrrio, podemos at regredir. O que nos aprimora a experincia

    que submetemos a avaliaes,A maior ameaa ao desempenho de um bom professor estar

    satisfeito com seu trabalho; no estar sempre se perguntando: "Comoposso melhorar meu ensino?" A maior ameaa ao nosso ministrio nossoministrio.

    Portanto, no nos deixemos dominar por excesso de atividades aponto de isso impedir que nos tornemos bons professores. No hesitemosem dar periodicamente uma parada e voltar mesa de planejamento, com

    esprito de orao: "Senhor, como estou-me saindo nesse trabalho, emrelao ao plano que tu tens para mim?"

    Como qualquer tipo de avaliao, esse auto-exame tem por base trs perguntas: (1) quais so meus pontos fortes? (2) quais os meus pontosfracos? (3) o que preciso modificar?

  • 8/3/2019 Howard Hendricks - Ensinando Para Trans for Mar Vidas

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    Lembremos uma coisa: esse processo de mudana basicamenteimplica em alterar condutas habituais. Quem pratica um ato uma vez, podepratic-lo uma segunda. Se o faz duas vezes, pode faz-lo trs. E a partir daterceira vez, ele j est se tornando um hbito.

    Pedestais sem Heris

    Recentemente, eu estava numa barbearia, e me pus a conversar comum garotinho que j vira ali antes. Aps alguns instantes, perguntei-lhe:

    Com quem voc gostaria de se parecer quando crescer?

    Sabe de uma coisa, senhor, respondeu ele, ainda no encontreiningum com quem eu gostaria de me parecer.

    E esse garoto no o nico. Quem est labutando nesse campo debatalha que o mundo sabe muito bem do que estou falando. As crianasno esto procura de um professor perfeito. S querem um que sejasincero, que esteja crescendo. E, no entanto, muitas delas esto diante depedestais sem heris.

    Em nossa terra, hoje, h muitos jovens e adultos tambm quese encontram desorientados. No tm a mnima ideia da razo de JesusCristo ter vindo ao mundo, e no sabem que a Bblia tem solues para osseus problemas.

    A grande necessidade deles ter contato com homens e mulheresque conheam a Palavra viva de Deus, que estudem esse livroconstantemente, permitindo que sua mensagem permeie a vida deles de talmodo que passem a odiar o que Deus odeia, e a amar o que ele ama. E namedida em que forem aplicando as verdades dela sua vida, e estascomearem a Transform-los, produziro forte impacto em outros.

    Para Pensar

    (Algumas perguntas para cada um fazer uma avaliao de seudesempenho pessoal, ou utilizar como base para debates com outrosprofessores.)

    1.Que aprimoramentos voc sente que obteve nos ltimos meses, e queesto mais patentes para os alunos?

    2.De que maneira sente que melhorou com relao s suas atitudes para

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    com o ensino, e sua maneira de encar-lo?3.Faa uma auto-avaliao com base nas trs principais qualidades de um

    bom professor fidelidade, disponibilidade e humildade para aprender respondendo s seguintes perguntas:

    a) Quais so seus pontos fortes?b) Quais os seus pontos fracos?

    c) Que mudanas precisa fazer em sua maneira de ser e agir?

    4. Como nosso crescimento (ou no-crescimento) nas reas intelectual esocial e o trato adequado ao nosso corpo pode afetar nosso crescimentoespiritual? D exemplos:

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    "A verdadeira juno do professor

    criar condies para que o aluno

    aprenda sozinho. (...) Ensinar defato no passar conhecimento,

    mas estimular o aluno a busc-lo.

    Poderamos at dizer que ensina

    melhor quem menos ensina."

    John Milton Gregory

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    A Lei do Ensino

    Para ser um professor eficiente, no basta dominarmos o contedo aser ministrado; precisamos conhecer tambm aqueles a quem ensinamos. Nosso interesse principal no deve ser s passar-lhes princpios; masinfluenci-los. Por conseguinte, a maneira como os alunos aprendem devedeterminar a forma como ensinamos. a lei do ensino.

    O conceito contido nessa lei o que, em seu clssico sobre o ensinoThe Seven Laws of Teaching(As sete leis do ensino), John Milton Gregory

    chama de "lei do processo de ensino". Consiste em estimular e dirigirosatos de aprendizagem esse o ponto-chave.

    Alis podemos enunciar essa lei do seguinte modo: o professor deveestimular e dirigir os atos de aprendizagem, e, de modo geral, no devedizer nem fazer para o aluno nada que ele possa fazer por si mesmo (a noser pelas excees que citarei mais adiante). Portanto, o importante no oque ns, professores, fazemos, mas o que o aluno faz depois de recebernosso ensino.

    Essa definio demarca muito bem o papel do professor e do aluno.O mestre antes de tudo um estimulador e motivador; no o jogador, maso treinador que estimula e dirige os jogadores em ao. O aprendiz uminvestigador, aquele que descobre as novidades; o que age.

    Assim sendo, a melhor avaliao do ensino no o que fazemos,nem se o fazemos bem, mas o que o aprendiz faz e como o faz.

    Minha filha mais velha, Barbara, estudou violino com o violinista

    spalla da orquestra sinfnica de Dallas. (E por sinal me custou uma nota!)Mas quando chegou o dia do recital, quem foi que tocou? Foi ela; no ele. Nunca o ouvi tocar nos recitais dos alunos. Seria o caso de um dia eledizer: "Senhoras e senhores, vou lhes mostrar agora como sou bomviolinista!" Mas no; eu no lhe pagava para que tocasse, e, sim, para queensinasse minha filha a tocar, e o que queria saber era se ela estava tocandobem, se ele a estava ensinando bem.

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    No se avalia a eficincia de um professor pelo que ele faz, mas combase no que seus alunos fazem.

    Plato disse algo que todos ns devemos guardar na memria:"Aquilo que um povo valoriza, cultiva." O que estamos valorizando em

    nossos alunos? Ser que nos contentaremos com o fato de que sabemresponder corretamente todas as perguntas, que sabem enunciar bem todasas verdades crists? Voc se contenta com isso?

    Alguns dos meus alunos do seminrio ficam meio chateados porqueno me mostro muito impressionado com o volume de conhecimentos querevelam. Esto sempre citando um termo grego ou hebraico para tentar"fazer bonito", mas limito-me a comentar:

    "Grande coisa! O que quero saber como est aplicando isso em suavida!'

    Mas, hoje em dia, no essa a tnica de nosso sistema educacional.Quem ensina limita-se a falar; dar uma prova basicamente avaliar ovolume de conhecimentos do aluno. Os professores esto mais interessados em ver que volume de contedo o aluno pode armazenar na mente paradepois "vomit-lo" no papel.

    Certa vez, quando caminhava pelo corredor do seminrio, encontrei

    um aluno que se dirigia a uma sala onde iria fazer uma prova. Parecia atestar em transe, de to concentrado. Passei o brao por seu ombro e me pusa conversar com ele. Mas replicou: "No encoste em mim, professor", dissebrincando, "seno tudo que estudei pode descarregar."

    Isso no ensino.

    Existem muitas pessoas por a que nunca entraram numa sala de aulade uma faculdade, e no entanto possuem tima formao. So indivduos,homens e mulheres sbios, que sempre estiveram dispostos a aprender e

    ainda esto. provvel que no saibam tudo, mas o pouco que sabempraticam, e por isso Deus est usando-os para realizar seus planos.

    A Tenso

  • 8/3/2019 Howard Hendricks - Ensinando Para Trans for Mar Vidas

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    O psiclogo Abraham Maslow aponta quatro nveis deaprendizagem.

    O ponto inicial, o nvel mais baixo, onde todos comeam oaprendizado, chamado de ignorncia inconsciente, isto , no temos

    conhecimento de nada, mas estamos inconscientes disso.

    O segundo nvel chama-se ignorncia consciente, aquele em quesabemos que no sabemos. E como se chega a ter essa conscincia? Emalguns casos, chegamos a ela por informao de terceiros; em outros, nsmesmos a descobrimos.

    O terceiro nvel o do conhecimento consciente, aquele em quetemos sempre na mente um conhecimento adquirido. Quando estamosaprendendo a digirir, por exemplo, dirigimos sempre pensando nosmovimentos que temos de fazer.

    O ltimo nvel o do conhecimento inconsciente, no qualdominamos to bem certo conhecimento que nem pensamos mais nele.Depois de algum tempo de volante, entramos no carro, ligamos o motor,soltamos o freio, engrenamos as marchas e praticamos todos os atosnecessrios para rodar com o veculo sem pensar muito neles. Alis, amaior parte do tempo em que dirigimos, pensamos em outras coisas, e nona direo.

    A arte de ensinar e o aspecto mais difcil da aprendizagem levar o aprendiz iniciar esse ciclo colocando-se no primeiro nvel, paraque possa desencadear-se o processo de aprendizagem. No fcil, nem para o professor nem para o aluno. Mas sem essa tenso no ocorrer ocrescimento, nem o desenvolvimento, nem a aprendizagem. A tenso umrequisito indispensvel ao processo.

    Mas ela deve ser dosada. Uma tenso excessiva gera sentimentos defrustrao, ansiedade estress. Ao passo que pouca tenso gera desinteresse.

    por isso que Deus, em seus desgnios, permite que experimentemos perturbaes que geram o desequilbrio. assim que ele opera nossocrescimento.

    Muitas vezes oramos assim: "Senhor, torna-me semelhante ao teuFilho." Depois samos dali, e tudo comea a ficar tumultuado. "O que

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    aconteceu, Senhor?" perguntamos. O que aconteceu que ele estatendendo nossa orao. Lembremo-nos de que embora Jesus fosse Filho,aprendeu a obedincia pelas coisas que sofreu.

    Qual a sensao que passamos nossa classe? Deixamo-los muito

    vontade ou vez por outra perturbamos seu equilbrio para que pensem: ", preciso estudar mais a Palavra de Deus e meditar mais; preciso tentaraplicar isso minha vida."?

    Um expediente de que gosto de lanar mo dramatizar um pouco oensino. Quando eu e Jeanne estvamos dando um estudo para as esposas deseminaristas, certa vez, utilizamos esse recurso. Ns lecionvamosalternadamente; cada um dava uma pequena palestra sobre o assunto emdebate. A determinada altura, Jeanne levantou-se para falar e assim que

    principiou olhei-a muito srio e disse: Jeanne, ns combinamos de no entrar nesse ponto.

    Mas Howie, respondeu ela asperamente, ns combinamosexatamente o contrrio.

    E nos pusemos a discutir. Imediatamente um pesado silnciodominou o auditrio. Criou-se um clima tenso em todo o salo; mais um pouco e poderia haver ali uma exploso. Afinal, interrompemos a

    discusso; todos compreenderam que aquilo fora planejado e irromperamem aplausos. No tivramos receio de nos expor; foi uma confisso clara deque ns tambm tnhamos discusses. E a tenso provocada pela encenaointensificou o grau de aprendizagem.

    E, a propsito, uma simples encenao pode gerar um profundoenvolvimento do aluno.

    Certa ocasio, um aluno do seminrio experimentou usar esserecurso num curso sobre comunicao conjugal que estava ministrando

    numa igreja batista. Combinou com um casal, que a igreja no conhecia,para que fosse assistir aula. No meio da palestra, os dois comearam acochichar rispidamente.

    Para que voc me fez vir aqui? Indagou o marido.

    Fique quieto! Replicou a mulher.

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    Eu falei que no estava interessado em ouvir esse papo religioso,retrucou ele.

    De repente, um homem que estava atrs deles inclinou-se para afrente e disse ao marido:

    D duro nela, cara! S que isso no estava programado!

    Mas afinal, aonde voc est querendo chegar?

    Certa vez fui pregar em uma igreja, e assim que subi ao plpito vi aliuma placa com os dizeres: "Afinal, aonde voc est querendo chegar?"Quase arrasou minha mensagem.

    Aps o culto, perguntei ao pastor da igreja a razo de ser da placa eele me explicou.

    "Fazia uns doze anos que eu vinha pregando sem objetivo. Um diame dei conta de que se eu no sabia aonde queria chegar, possivelmenteeles tambm no estavam sabendo o que deviam fazer. Dali para c. passeia elaborar objetivos bem definidos para todas as pregaes.

    E voc, tem objetivos bem definidos quando ensina? Sabe ensinarrealmente?

    Quero sugerir aqui trs metas bsicas. Se o leitor no as aceitar

    imediatamente, aconselho-o a que medite nelas durante algum tempo. Sedepois de estud-las bem resolver adot-las, saiba que nas prximasgeraes pessoas se levantaro e lhe chamaro ditoso.

    Primeira meta: ensinar os outros a pensar.

    Quando desejamos que um aluno adquira novas atitudes, isto , que ocontedo aprendido permanea, temos que modificar sua maneira depensar. Se conseguirmos modificar apenas sua conduta, ele no entender

    por que se modificou. A mudana ocorrida superficial; no permanece. Nossa tarefa como mestres distender a mente do aluno, que, por

    sinal, como uma tira de borracha: depois que esticada uma vez nuncamais volta exatamente forma original que tinha antes.

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    Tenho me deparado com estudantes que receiam forar demais ocrebro, com temor de desgast-lo. Pois ouam o que vou-lhes dizer. Certavez em conversa com um amigo patologista, indaguei:

    Voc j viu muitos crebros humanos?

    Centenas, respondeu.

    J viu algum que estivesse desgastado demais?

    Nunca vi nenhum que estivesse nem ligeiramente gasto, replicou.

    Portanto, amigos, no precisam ter medo.

    Bom, mas quando falo em distender a mente, no me refirosimplesmente a uma reformulao de preconceitos. A maioria das pessoas

    acha que pensar isso. No; refiro-me a um processo trabalhoso de plantarsementes que iro germinar, e, o que mais interessante, vo dar fruto.Quando? Nunca se sabe. E essa a parte mais fascinante de todo oprocesso de ensino.

    Tenho-me encontrado vez por outra com ex-alunos meus que dizem:

    Professor, o senhor revolucionou minha vida.

    Eu? Ah, muito bom ouvir esse tipo de coisa, respondo. O que

    foi que eu disse que mudou sua vida?A eles citam algum pensamento profundo, e digo:

    Nem me lembrava mais de haver dito isso, mas e timo. Espere aque quero anotar.

    Se pensarmos um pouco veremos que os professores queconsideramos os melhores so aqueles que plantaram em nossa mentesementes, cujos frutos ainda estamos colhendo.

    No devemos nunca ficar preocupados demais com o contedo aponto de esquecermos o seguinte fato: o bom ensino, o verdadeiro ensino,consiste de uma srie de momentos em que o aprendiz se mostrapredisposto a aprender. Ocorre a uma dinmica especial, em momentosimprevisveis, quando conseguimos chegar mente e ao corao do alunoque possui essa predisposio.

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    Um exemplo clssico disso a parbola do semeador, em Marcos 4.Lendo-a, notamos que a situao descrita por Jesus apresenta apenas umavarivel. O semeador sempre o mesmo, e a semente tambm. Mas noscasos citados, o solo a reao do indivduo varia de um para outro.Portanto, tudo depende da receptividade do ouvinte.

    Seja o que for que ensinarmos, estejamos sempre preparados paraaproveitar bem os momentos em que o aluno se encontra predisposto aaprender, para lev-lo a pensar. Mas ateno: ensinar outrem a pensarpressupe que o professor sabe pensar.

    Quando estudava na faculdade e depois no seminrio, mudei muitominha maneira de ser e agir, por influncia de alguns professores. E, emvrios casos, essas mudanas no tiveram nada a ver com o contedo por

    eles ministrado. que eu estava em contato com homens que sabiampensar e estavam plenamente cnscios de que podiam ensinar-me a fazer omesmo.

    O cristianismo, e principalmente o cristianismo evanglico, tem sidoacusado de pobreza intelectual. Muitas pessoas o veem como um substitutopara gente que no deseja pensar por si, mas isso no verdade. Achamque para nos tornarmos cristos temos que cometer suicdio intelectual.(Essa opinio discrimina principalmente as mulheres. Mas em algumas

    comunidades evanglicas isso fato. Se eu fosse mulher "explodiria" poissei que se fosse a uma igreja e perguntasse: "O que posso fazer para servir aJesus?" eles me mandariam ir ajudar na cozinha.)

    Jesus nos ensina que temos de amar ao Senhor Deus de todo ocorao, de toda a alma e de todo o entendimento. Ento quem quer seguira Cristo no pode colocar a mente em ponto morto.

    A segunda meta ensinar os outros a aprender. Isso significa formaraprendizes que reproduziro o processo de aprendizagem pelo resto da

    vida.Pensemos um pouco no que significa aprender. Trata-se de um

    processo contnuo, sempre em andamento. Estamos constantementeaprendendo em todos os momentos de nossa vida. Enquanto estivermosaprendendo estamos vivos. Se paramos de aprender hoje, de certa formaparamos de viver amanh.

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    por isso que cumprimento o leitor pela iniciativa de ler este livro.Para mim, esse o maior elogio que pode fazer a si mesmo. Muitas vezes,em nossas igrejas, aqueles que mais precisam aprender so os queraramente se empenham nisso. No incrvel? Mas voc, no. Parabns!Est envolvido nesse fascinante processo, e ele ir mant-lo vivo.

    E ele no apenas fascinante, mas tambm lgico. O ideal que elese processe em trs etapas. Vai do todo para a parte, e depois da parte parao todo. o que chamamos de sntese. Comea com o todo, com o quadrogeral, e depois passa a uma anlise das partes, em que as desmembramospara descobrir o sentido delas, luz do todo, e depois as reunimos de novo.Assim, o aluno sai dali pensando: agora eu compreendo aquilo e possoaplic-lo na prtica.

    Ento, para levarmos algum a entrar no processo de aprendizagem,temos que fornecer-lhe primeiro o quadro geral. Infelizmente ns nos preocupamos mais com a segunda etapa, a diviso em partes. Por causaAsso existem crentes em nossas igrejas pessoas negligentes, capazes ebem lcidas intelectualmente que at hoje ainda no entenderam aondequeremos chegar.

    Certa vez fui convidado para pregar em uma igreja e os diconos medisseram:

    Hendricks, quer fazer-nos um favor? Promete que no vai pregarsobre Efsios?

    Resolvi fazer uma pequena brincadeira com eles.

    Sabe de uma coisa? Disse. No gosto de pregar em igrejas ondeme dizem o que posso ou no posso pregar.

    No, no, no, voc no entendeu, replicaram. Sabe o que ? Faztrs anos que estamos em Efsios e s agora foi que passamos para o

    segundo captulo.

    Essa demais! por isso que a maioria das pessoas das igrejas saicom apenas doze cestos cheios de pedaos! Porque no visualizaram oquadro geral.

    Mas o processo de aprendizagem no somente maravilhoso elgico, mas tambm implica em fazer descobertas. O conceito aprendido se

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    torna bem mais proveitoso e benfico quando o enxergamos por nsmesmos.

    H cerca de trinta e cinco anos venho dando um curso no seminriode Dallas sobre "como estudar a Bblia sozinho". o curso mais agradvel

    de todos os que j tive o privilgio de lecionar. Geralmente, dou comotarefa para os alunos textos bblicos para estudarem sozinhos e depoisexporem em sala de aula o que descobriram. O tempo nunca d parafalarem tudo que aprenderam.

    Vez por outra um deles me diz:

    Professor Hendricks, aposto que o senhor ainda no viu issoaqui...

    E explica a revelao que recebeu naquele texto. Pensa at que nemCalvino nem Lutero enxergaram aquilo que ele acaba de ver. Mas assimque ele me fala da verdade divina que recolhera na passagem, mostro-mebastante entusiasmado. Mas o que fazem algumas pessoas nessa situao?Replicam:

    , Bill, muito bom. Alis, quando eu conheci o Senhor Jesuscomo meu Salvador, h cinquenta e trs anos, tambm aprendi essa verdadea.

    Por causa disso, a maioria dos que ouvem nossas pregaes no semostram entusiasmados com as verdades bblicas: elas se achamdesgastadas demais. Alis os programas de educao crist em nossasigrejas so um insulto inteligncia dos alunos. Estamos lhes oferecendoflores murchas, em vez de lev-los a crescer atravs do estudo da Palavraviva de Deus. Assim eles esto sendo privados de experimentar aaprendizagem pela descoberta das verdades da Bblia, e da alegria deafirmar por si mesmos:

    "Deus me ensinou isso e isso. Quer que eu faa isso e isso. Tenhoque falar a outros, a fim de que eles tambm experimentem a mesmatransformao de vida por que estou passando."

    Terceira meta: ensinar os outros a trabalhar.

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    Aqui camos no princpio pedaggico de no fazer para o alunoaquilo que ele pode fazer por si mesmo. Se o fizermos corremos o risco deformar "paraplgicos" e "deficientes" intelectuais.

    Todo mundo que entra no Parque Nacional de Yellowstone nos

    Estados Unidos recebe, entrada, uma folha de instrues com os dizeres:"No d comida aos ursos." Mas assim que chegamos bem no corao dafloresta encontramos pessoas dando comida para os ursos. Na primeira vezem que vi isso, fui conversar com um dos guardas do parque a respeito doproblema, e ele me disse:

    "E o senhor est vendo apenas um lado do problema!"

    Em seguida ps-se a falar de como no outono e inverno elesencontram muitos desses animais mortos, por no saberem mais caar oalimento por si mesmos.

    o que est acontecendo conosco.

    Quero dirigir uma pergunta ao leitor. Mas prepare-se porque podereiestar tocando numa falha sua.

    Voc comete esse erro, ou est procurando modificar essa forma deagir?

    Lembremo-nos sempre de que nossa tarefa levar as pessoas a pensar por si mesmas, a ser disciplinadas e a agir por uma deliberaoprpria. por isso que sugiro que nos empenhemos mais em questionar asrespostas do que em responder perguntas. Nossa funo no fornecerrespostas rpidas e prontas, nem solues tipo "alvio imediato", que naprtica no resolvem nada. melhor que os alunos saiam da classe coandoa cabea, cheios de perguntas sobre as quais tenham de pensar e conversardurante a semana. S assim podemos ter certeza de que a aprendizagemest-se processando, sem os bocejos reprimidos que presenciamos vez por

    outra.

    E antes de darmos por encerrado esse ponto, lembremo-nos de quelevar as pessoas a trabalhar d muito trabalho.

    Habilidades Bsicas

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    Se quisermos ensinar os alunos a pensar, aprender e trabalhar, temosque lev-los a dominar bem quatro habilidades bsicas: ler, escrever, ouvire falar.

    Hoje em dia nas igrejas evanglicas h uma sria deficincia de

    pessoas que saibam ler. E quero at fazer uma profecia: ao final destesculo, muitas de nossas igrejas precisaro dar aulas particulares de leiturapara seus membros.

    Certa vez, durante uma aula para uma turma do seminrio, afirmei oseguinte:

    "O problema da maioria dos formandos de nossas universidades que eles no sabem ler, no sabem escrever e no sabem pensar. E quandono se sabe ler, nem escrever, nem pensar, o que que se pode fazer?"

    E algum respondeu:

    "Assistir televiso"

    E verdade. A televiso est anulando a nossa capacidade mental. Sevoc leciona na igreja, e principalmente se pai, precisa conscientizar-sede que nossos jovens esto viciados nessa droga eletrnica. Uma dasmelhores bnos que podemos dar-lhes ajud-los a se desligarem dela. Atev destri no apenas sua capacidade de ler, mas tambm de pensar e

    criar, que so justamente as habilidades que ns, professores, desejamoscultivar neles.

    Infelizmente, na prtica educacional moderna existe muita coisa quetambm impede o desenvolvimento dessas habilidades. Lembro-me dequando meu filho mais velho, Bob, entrou para a escola. Estava todoentusiasmado, dizendo:

    Papai, vou aprender a ler.

    No primeiro dia, ele voltou para casa meio desanimado.

    Papai, no aprendi a ler. Procurei tranquiliz-lo.

    Calma, filho, isso leva algum tempo. Fique calmo, companheiro.

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    Mas os meses foram passando, e ele sem aprender a ler. Ento eufiquei preocupado, e resolvi ir conversar com a professora dele, uma jovemmuito bonita, recm-formada num curso de magistrio.

    Ah, Sr. Hendricks, disse ela, o senhor precisa entender uma coisa.

    O que interessa no que ele saiba ler, mas que se sinta feliz.

    Ah, no,pensei, ela uma dessas que cultuam a felicidade acima detudo.

    Fomos tolerando a coisa at o final do ano. Mas a tive que conversaroutra vez com a professora, e lhe perguntei:

    "Minha senhora j pensou que ele seria mais feliz se soubesse ler?"

    Ao que parece, isso nunca lhe ocorrera. Tive que gastar seiscentosdlares em aulas de reforo na leitura para ele, mas foi o dinheiro mais bemempregado que j gastei. Hoje ele l mais rpido do que eu (e eu leio muitorpido). E sempre que nos encontramos travamos timas conversas sobreos livros que estamos lendo no momento.

    a capacidade de ler que leva algum a se tornar escritor. Devemos proporcionar aos alunos a oportunidade de se expressarem por escrito.Alguns deles talvez venham a escrever to bem que nos surpreendero.

    Das duas outras habilidades restantes ouvir e falar a maisdifcil ouvir. Dessas artes, saber ouvir a maior; e a mais penosa de secultivar. E, no entanto, raramente ensinamos nossos alunos a ouvir; e opior: no damos o exemplo nisso.

    A grande maioria dos executivos, no desempenho de sua funo, obrigada a passar 70% do seu tempo ouvindo outros. Mas no recebenenhum preparo para isso. Quase todas as faculdades hoje tm em seu programa um curso de oratria; mas no h nenhuma que oferea aulassobre a arte de ouvir.

    Ensinei oratria durante muitos anos, e sei que relativamente fcilensinar outros a falar; mas v ensinar algum a ouvir.

    Temos a Homiltica no currculo de nossos seminrios a cinciade preparar e entregar sermes. O objetivo dessa disciplina ensinar a

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    novamente, e cai, e assim por diante. E quanto mais anda, menos cai,embora nunca atinja um estado em que seja impossvel cair.

    Vamos imaginar uma situao. Jesus mandou seus discpulos irempregar de dois em dois, e eles tiveram enorme sucesso. Ao voltar, diziam

    para o Senhor:

    "Senhor, os prprios demnios se nos submetem".

    Certo dia, porm, se defrontam com um caso muito difcil. H umgaroto endemoninhado que no conseguem curar. O pai da criana,desesperado, recorre a Jesus, dizendo: "Pedi a teus discpulos, mas eles noconseguiram!' Ento Jesus expulsa o demnio.

    Obviamente, os discpulos chamaram Jesus de lado e lhe

    perguntaram:

    O que aconteceu, Senhor?

    Vou explicar, respondeu ele. Essa casta s sai com jejum eorao.

    E foi assim que, como acontece tantas vezes, o insucessoexperimentado pelos discpulos constituiu uma oportunidade para elesaprenderem uma grande lio.

    Um de meus ex-alunos, um dos mais inteligentes, leciona atualmentenuma das nossas principais universidades. Muito breve ele se tornar amaior autoridade mundial em seu ramo de trabalho. Mas foi reprovado emminha disciplina. Contudo at hoje ele afirma que essa foi a melhorexperincia de aprendizagem por que passou.

    Casos Especiais

    Ensinar ao mesmo tempo uma cincia e uma arte. Sendo umacincia, fundamenta-se em princpios bsicos. E, como arte, exige que seconheam as excees a esses princpios.

    Existem algumas excees para aquela regra que diz que no se devedizer aos alunos nem fazer por eles aquilo que podem descobrir porsi mesmos. Precisamos estar a par delas para evitar algumas frustraes.

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    Uma exceo diz respeito simplesmente questo de economizartempo. Na verdade, no precisamos ficar horas e horas a quebrar a cabeapara "inventar" a roda. Se houver um incndio no prdio onde estamos, porexemplo, no vamos reunir o pessoal para discutir quais so as medidas atomar. preciso apenas que algum diga: "A sada por ali." A mesmaideia se aplica ao bom ensino.

    Outra exceo a dos alunos que demonstram maior dificuldade noaprendizado, e precisam de maior incentivo e auxlio. Por diversas razes,quando esse estudante inicia o processo de aprendizagem, que altamentedesafiante e por si s j implica na possibilidade de experimentarinsucessos ser tentado a desistir. Sempre que for reprovado, fatalmentedir: "No vou conseguir terminar o curso".

    Certa ocasio, fui entrevistado em um programa de televiso, e meperguntaram qual a maior lio que aprendera, aps lecionar trinta e cincoanos num seminrio. Respondi que aprendera que minha principal tarefa aliera dizer sinceramente aos alunos:

    "Eu acredito em voc. Voc vai conseguir fazer o curso."

    Existem hoje muitos seminaristas homens e mulheres queconstituem o que poderia ser considerado a nata da comunidade evanglica,e que no entanto se acham dominados por sentimentos de inferioridade.

    Portanto, ao ensinar, precisamos ser sensveis para com o aluno quenos diz: "Acho que no tenho nenhum valor para a obra de Deus", ou entocom aquele que afirma: "Gostaria de ser advogado (ou missionrio, etc),mas acho que no tenho capacidade para isso." muito fcil destruir oesprito de tal pessoa.

    Outra situao em que se pode abrir exceo aquela em que osalunos se acham to motivados e interessados que absorvero tudo que lhesdissermos, e querero mais; nos momentos em que se mostram todesejosos de aprender que quase no conseguem conter-se.

    Certa vez dei um Novo Testamento para um ex-jogador de futebolamericano que havia-se convertido, e cuja vida fora radicalmentetransformada. Uma semana depois encontramo-nos de novo e ele me disse:

    J o li.

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    timo, repliquei, continue lendo at terminar o todo o livro.

    No, explicou o homem, j li tudo, inclusive os salmos que h nofinal dele. Parece que h uma outra parte, no ?

    Ento presenteei-lhe com a Bblia toda, e cerca de um ms depoissoube que j lera tambm o Velho Testamento. (Conheo diconos deigrejas evanglicas que nunca leram toda a Bblia nem uma vez!)

    Quando o aluno demonstra esse tipo de interesse, devemos dizer-lhetudo que pudermos.

    No H Regresso

    Por ltimo, quero deixar aqui uma palavra de aviso. Embora essaforma de aprendizagem tome algum tempo, depois que ultrapassamos comos alunos a barreira das prticas antigas e eles conhecem as alegrias dadescoberta e do aprendizado, nunca mais se contentam com outra tcnicade ensino, que no lhes proporcione essa satisfao. S aceitaro esseprocesso de aprendizagem que lhes permite um profundo envolvimento.

    Para Pensar

    (Algumas perguntas para cada um fazer uma avaliao de seudesempenho pessoal ou utilizar como tema de debates com outrosprofessores.)

    1.Qual o tipo de professor que voc mais aprecia?

    Por qu?

    2.Pense em trs de seus alunos, e analise as diferenas que h entre eles.

    Que diferenas revelam na maneira como aprendem e como pensam?Como cada um deles entende a Bblia, e em que nvel de experinciacrist se encontram? Que outras diferenas existem entre eles no que dizrespeito sua famlia, lugar de origem, cultura, grau de instruo, aoaspecto econmico, e etc? Quais as diferenas mais aparentes no seumodo de vida atual? (Alis, bom aplicar essas perguntas a todos osalunos.)

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    3.Quais so suas metas mais importantes, como professor?

    4. De que maneira seus insucessos tm contribudo para seu desenvolvi-mento pessoal?

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    "No podemos transferirconhecimentos de nossa mente para

    a de outrem como se eles fossemconstitudos de matria slida, poisos pensamentos no so objetos quepodem ser tocados, manuseados...As idias tm que ser pensadas na

    outra mente; as experincias,revividas pela outra pessoa."

    John Milton Gregory

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    A Lei da Atividade

    Nossa tarefa como comunicadores no tentar deixar os outros

    deslumbrados conosco, mas causar um impacto. Tambm no apenasconvenc-los, transforma- los.

    A prtica da educao crist hoje em dia tem sido por demais passiva. E isso uma incongruncia, pois o cristianismo a maisrevolucionria fora do planeta; ele transforma vidas. E no entanto, aotrabalhar com essa fora revolucionria, ns a colocamos numa firma,emconcreto. A atitude da mdia dos crentes muito bem expressa no hino quediz: "Como era no princpio, assim hoje, e sempre ser." As prprias

    igrejas muitas vezes opem certa resistncia s mudanas que elas mesmasdeveriam promover.

    Lemos em Romanos 8 que todos os crentes esto predestinados paraserem conformes imagem de Jesus Cristo. Se isso fato, ento temos quever e operar profundas mudanas.

    Envolvimento Mximo Mxima Aprendizagem

    Se ensinar fosse simplesmente dizer coisas para o aprendiz, meusfilhos saberiam tudo. J lhes disse tudo que eles precisam saber.Provavelmente todos os pais fazem o mesmo. At imagino um pai berrandocom o filho adolescente:

    Menino, quantas vezes eu j lhe disse isso? Ao que o garotoresponde com ar indiferente:

    Sei no, pai, o computador estragou.

    Mas o processo ensinar-aprender no se resume nisso; vai muitoalm.

    A lei da atividade a seguinte: Quanto maior o nvel deenvolvimento no processo de aprendizagem, maior o volume do contedoapreendido. Isso verdade, mas com uma condio: a atividade em que oaprendiz est envolvido deve fazer sentido para ele. Disso se deduz um

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    importante princpio do ensino: a atividade desenvolvida na aprendizagemnunca um fim em si mesma, mas sempre um meio para se atingir um fim.

    Uma professora pode dizer toda orgulhosa:

    Finalmente, conseguimos que todos os alunos estejam ativos. Fazendo o qu? indaga um observador.

    Nada de importante; mas eles esto gostando muito.

    Nunca percamos de vista nosso objetivo. ele que ir determinar oproduto final. Ns s obtemos aquilo que estabelecemos como meta.

    Durante alguns anos participei de uma organizao que no possuaum objetivo definido, e j existia havia vinte e cinco anos. Por fim, um dia,

    comecei a pensar:Afinal, qual a razo de ser disso aqui?

    Numa das reunies da junta diretora, indaguei:

    Irmos, qual o propsito desta organizao?

    uma boa pergunta, irmo Hendricks, disse algum. IrmoBrown, o senhor que j est aqui h mais tempo, saberia dizer qual oobjetivo desta organizao?

    Indagamos uma por uma das pessoas que se encontravam mesa eningum soube dar uma resposta clara, convincente. Enfim, falei:

    Posso fazer uma proposta?

    Ah, claro. Estamos sempre abertos a propostas.

    Proponho que enterremos essa coisa.

    Mas irmo Hendricks, j estamos funcionando h vinte e cincoanos.

    Pois essa a melhor razo para a sepultarmos. Abandonei aorganizao, mas eles ainda esto l, que objetivo, no sei, e nunca vousaber.

    Quando falamos em atividades com objetivos definidos referimo-nosa atividades adequadamente programadas. Pensemos um instante nas trsafirmaes abaixo, e vejamos como podemos melhor-las.

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    1. O exercitamento leva ao aperfeioamento.

    2. A experincia nosso melhor mestre.

    3. fazendo que se aprende.

    Para comear, a afirmao n. 1 falsa. Na verdade, o constanteexercitamento numa atividade no produz necessariamente oaperfeioamento; ele forma um hbito. Se uma pessoa joga tnis ou peteca, por exemplo, mas exercita-se de maneira errada, pode praticar aqueleesporte anos a fio e nunca ir melhorar sua tcnica. Ela precisa daorientao de um tcnico para mostrar-lhe como deve girar pulso ousegurar a raquete, etc. S assim poder aperfeioar-se. Portanto, aquelaafirmao seria mais exata se expressasse o seguinte: o exercitamentoadequadamente orientado leva ao aperfeioamento.

    Quanto afirmao de n. 2, tambm incorreta, fato que aexperincia o melhor mestre, mas no necessrio que uma pessoaexperimente drogar-se cocana para se conscientizar de seu poderdestrutivo. Alis, muitos dos viciados nessa droga no esto convencidosdos perigos dela. Assim, a melhor maneira de se dizer isso seria: umaexperincia adequadamente avaliada nosso melhor mestre.

    At onde estou informado, a primeira pessoa a fazer a afirmao do

    n. 3 foi Plato. E verdade; fazendo que se aprende. Mas aprende-setambm a fazer coisas erradas. Ento, esse pensamento seria mais bemexpresso da seguinte maneira: fazendo as coisas certas que aprendemos oque certo. Na realidade, s vezes aprendemos tambm fazendo as coisaserradas, mas esse tipo de aprendizado mais destrutivo do que construtivo.

    Existe de fato uma relao direta entre fazer e aprender. Quantomaior for o envolvimento pessoal do aprendiz, mais possibilidade ele temde aprender. Aprende mais quem participa mais. Participa aquele que nose limita a assistir ao jogo da arquibancada, mas se envolve nele de corpo ealma. E acima de tudo aprecia-o muito mais do que quem est de fora.

    Suponhamos que eu me proponha a ensinar algum acerca da TerraSanta, e lhe oferea trs opes. Primeiro, assistir a uma palestra sobre olugar. No; no rejeitemos essa possibilidade logo de sada. Sou autoridadeno assunto, que estudo h muitos anos. Posso oferecer-lhe informaeshistricas e arqueolgicas que poderiam deixar o aluno deslumbrado.

  • 8/3/2019 Howard Hendricks - Ensinando Para Trans for Mar Vidas

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    A segunda opo seria apresentar-lhe uma srie de slides sobre aterra. Tenho algumas fotos maravilhosas que, acompanhadas de umbelssimo fundo musical, o deixariam encantado. E a mostra iria encerrar-se com uma vista de um pr-de-sol no Mediterrneo.

    A terceira opo seria fazer uma viagem terra santa em minhacompanhia, e ver todos os lugares por si mesmo.

    Acho que sei qual dessas opes todos prefeririam

    Fao, e Tudo Muda

    Essa "lei da atividade" confirmada por muitas pesquisas modernasna rea de psicologia educacional, e tambm por um velho provrbiochins que diz o seguinte:

    "Ouo, e esqueo;

    vejo, e guardo na memria;

    fao, e compreendo."

    Eu ainda acrescentaria mais uma coisa a esse provrbio. Na minhaopinio, quando ns fazemos alguma coisa, o resultado no apenascompreender no; ns mudamos tambm.

    Dizem os psiclogos que podemos reter at 10% do que ouvimos.Esse percentual aponta s o potencial, no o que retemos de fato. Naverdade, quem consegue reter 10% de tudo que ouve pode ser includo nacategoria dos gnios.

    Infelizmente, grande parte do ensino cristo utiliza o mtodoauditivo. por isso que tantas vezes se mostra ineficiente.

    Mas, segundo a psicologia, se alm de ouvir tambm vemos,podemos reter at 50% daquilo que presenciamos. por isso que o mtodo

    audio-visual to importante. Nossa sociedade toda dirigida paraconhecer atravs da viso. A mdia dos meus alunos do seminrio, em seusanos escolares, passou mais tempo assistindo televiso do que estudando,numa sala de aula. uma superdose de televiso, que pode ser mortal, poisinstila seu veneno de forma sutil e abrangente. E como a unio do udiocom o visual tem forte poder de penetrao na mente, quem assiste

  • 8/3/2019 Howard Hendricks - Ensinando Para Trans for Mar Vidas

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    televiso por longo tempo, pode ir sofrendo lentamente uma lavagemcerebral e acabar se convencendo de que tudo que dito ali verdade.

    Vamos acrescentar o ato de fazeraos de ver e ouvir. A psicologiaensina que a aplicao conjunta dos trs eleva a porcentagem de reteno

    para 90%. E depois de haver ensinado durante vrias dcadas emcursos degraduao, estou convencido de que isso e fato.

    Nesses trinta e cinco anos em que leciono no seminrio o curso sobre"como estudar a Bblia sozinho" nunca dei uma prova. Os outrosprofessores no compreendem como algum pode trabalhar assim. Afinal,como possvel ministrar um curso sem ivaliar por meio de exames? Muitosimples: s conseguir que os alunos se envolvam ativamente no processode aprendizagem.

    Logo no incio, percebi que no difcil para eles decorar o contedodado, e depois coloc-lo perfeitamente no papel. E a lhe damos a notamxima. Maravilha! Mas se aplicarmos a mesma prova trs dias depois, jtero esquecido tudo, e no sero aprovados, nem mesmo se a vida delesdepender disso.

    Mas com o processo de envolvimento diferente. Tive ocasio detestar esses alunos vinte e cinco anos depois e descobri que ainda estoutilizando os mesmos princpios de estudo bblico que aprenderam em

    minhas aulas, e que nunca tiveram de memorizar. Aprenderam na prtica,pelo processo da atividade.

    O mesmo princpio se aplica a outros aspectos da vida crist. Amelhor maneira de se aprender a