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HÔRMONIOS VEGETAIS Hormônio vegetal é um composto orgânico de ocorrência natural, produzido na planta, o qual a baixa concentração promove, inibe ou modifica processos morfológicos e fisiológicos do vegetal. Regulador vegetal possui as mesmas propriedades, sendo porém exógeno. . Principais tipos de hormônios. AIA = IAA = Ácido indolil-3-acetico; AIB = IBA = Ácido indolil-3-butírico; ANA = NAA = Ácido naftalenoacético; 2,4D = Ácido 2,4 diclorofenoxiacético; GA = giberelina; KIN = cinetina; CCC = Cloreto de cloro colina (Cycocel, Tuval); ABA = Ácido abscísico. Auxinas

Hormonios vegetais

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Hormonios

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HÔRMONIOS VEGETAIS

Hormônio vegetal é um composto orgânico de ocorrência natural, produzido na planta, o qual a

baixa concentração promove, inibe ou modifica processos morfológicos e fisiológicos do vegetal.

Regulador vegetal possui as mesmas propriedades, sendo porém exógeno.

. Principais tipos de hormônios. AIA = IAA = Ácido indolil-3-acetico; AIB = IBA = Ácido indolil-3-butírico;

ANA = NAA = Ácido naftalenoacético; 2,4D = Ácido 2,4 diclorofenoxiacético; GA = giberelina; KIN =

cinetina; CCC = Cloreto de cloro colina (Cycocel, Tuval); ABA = Ácido abscísico.

Auxinas

As auxinas são hormônios vegetais produzidos principalmente nas regiões apicais que,

transportados para outros locais da planta, participam do seu crescimento e diferenciação. Darwin, em

1880, foi o precursor da descoberta das auxinas, quando estudou o fototropismo em coleóptiles de alpiste

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(Phalaris canariensis). Somente em 1926 a auxina, responsável pelo fototropismo, foi isolada por Went

dos ápices de coleóptiles de aveia colocados sobre pequenos cubos de ágar. Após algumas horas esses

cubos adquiriram a propriedade de estimular a curvatura de coleóptiles decapitados quando colocados

unilateralmente, no escuro. Went também observou que a curvatura desses coleóptiles era proporcional à

quantidade de auxina presente nos cubos de ágar, estabelecendo em teste biológico de ampla utilização.

A primeira auxina isolada foi o ácido indolilacético (AIA), a mais importante que ocorre nas plantas,

responsável por numerosos processos biológicos em vegetais (fig. 1).

O ácido indolilacético é sintetizado a partir do triptofano, tendo a via mais importante como

principais compostos intermediários o ácido 3-indolilpirúvico e o 3-indolilacetaldeído. As auxinas são

inativadas por enzimas do tipo oxidases (AIA-oxidade e peroxidases), pelo processo de foto-oxidação,

além de combinação com ácido aspártico.

Uma determinada concentração de auxina, capaz de promover o crescimento do caule de uma

planta, poderá inibir o crescimento da raiz dessa mesma planta, requerendo o diferentes órgãos vegetais

diferentes concentrações de auxina para sua máxima alongação. Concentrações acima de um nível ótimo

podem induzir, na planta, a síntese de outro hormônio vegetal, o etileno. O transporte das auxinas

naturais é do tipo polar, em que o movimento ocorre da região apical para a basal. A velocidade de

transporte é da ordem de 5 a 15 mm/hora, sob 20 a 25°C.

Mecanismo de ação das auxinas

O alongamento da parede celular é a resposta inicial dos tecidos vegetais às auxinas. Esta

primeira fase da resposta é extremamente rápida e exclui a síntese de novas proteínas. A segunda fase

do alongamento da parede celular exige a síntese de proteínas (enzimas). A parede celular é constituída

por microfibrilas de celulose unidas por polissacarídeos complexos. Apesar de todos os processos

responsáveis pela alongação celular por ação auxínica não terem sido ainda esclarecidos, alguns deles

podem ser apontados a partir de evidências experimentais.

A rápida resposta em alongamento da parede celular parece estar relacionada com a

acidificação. A auxina poderia estimular uma bomba de prótons que promoveria a secreção de íons

hidrogênio em um compartimento da parede celular causando acidificação. A secreção de prótons poderia

ser compensada por um movimento de cátions para o protoplasma. A acidificação promoveria a ativação

de enzimas preexistentes causadoras do afrouxamento da parede celular. Isso possibilitaria uma

expansão celular por efeito do potencial de pressão do interior da célula.

A síntese de ácidos nucléicos e de proteínas, sob efeito de auxinas, mostra-se importante para o

mecanismo de expansão da parede celular. Uma reserva de glicose e xilose, além de outros carboidratos,

deve estar presente no sistema que dará origem ao material necessário para o processo de alongação.

Uma dessas enzimas, sob efeito de auxinas, poderia ter a propriedade de romper e refazer, após um

deslize, ligações glicosídicas entre polissacarídeos da parede celular, causando afrouxamento da parede

e alongação celular por efeito do potencial de pressão do interior da célula. Outra enzima seria a b-

glucam síntese que se formaria no aparato de Golgi por ação da auxina, assim como um xiloglucam,

sendo ambos os produtos transportados para a parede celular através das vesículas de Golgi, formadas

nas regiões mais maduras do aparato de Golgi. O xiloglucam seria incorporado na parede celular por

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ação da b-glucam sintetase também foi verificada no retículo endoplasmático, de onde seria transportada

para a parede celular, podendo promover a incorporação de celulose originária do protoplasma (fig. 2).

Além disso, as moléculas de hormônio (H) induzem a abertura de canais de Ca2+ na membrana

plasmática, o cálcio é transportado para reservatórios internos (no vacúolo ou retículo endoplasmático)

para a manutenção da homeostase do Ca2+ no citosol. O aumento da concentração de Ca2+ no vacúolo

causa a liberação de H+, o qual diminui o pH citosólico e induz a atividade do transportador de H+

(ATPase), na membrana plasmática. O co-transporte de H+ / K+, com o influxo de ânions orgânicos,

reduz o potencial osmótico do vacúolo e promove a entrada de água, causando turgescência que leva a

alongação celular. Paralelamente, a ligação da auxina ao receptor protéico da membrana, desencadeia

uma série de eventos que amplificam sua atividade, levando a produção de fosfoinositídeos (IP2, IP3).

Esses mensageiros secundários promovem liberação de Ca2+ do retículo endoplasmático, levando à

formação do complexo cálcio-calmodulina (CaM). CaM induz ativação da proteína quinase, resultando na

fosforilação de um fator protéico capaz de combinar-se com a auxina. O complexo auxina-P-proteína,

assim formado, estimula a transcrição de seqüências de RNA responsáveis pela produção de precursores

de b-glucam sintetase, envolvida na síntese de componentes da parede celular (fig. 2).

Auxinas sintéticas

Após ter-se demonstrado que o ácido indolilacético era a auxina de mais comum ocorrência nas

plantas superiores, iniciou-se uma procura de compostos sintéticos de constituição química semelhante e

capazes de promover o crescimento. Em 1936, Zimmerman e colaboradores investigaram numerosos

novos compostos, incluindo o ácido indolbutírico (AIB) e o ácido naftalenacético (ANA), dentre outros (fig.

1).

O ácido indolbutírico, devido à sua capacidade de promover a formação de primórdios

radiculares, tem sido utilizado para provocar e acelerar o enraizamento de estacas na propagação

vegetativa de numerosas espécies vegetais. O ácido naftalenacético tem sido bastante utilizado para o

desbaste de frutos. O ácido 2,4-diclorofenoxiacético é usado principalmente como herbicida seletivo,

sendo capaz de matar as ervas daninhas do grupo das dicotiledôneas sem afetar as monocotiledôneas

(fig. 1).

Giberelinas

No Japão, rizicultores observaram que certas plantas de arroz cresciam muito mais rapidamente

que as outras e deixavam de produzir. O exame dessas plantas levou à conclusão de que as mesmas

estavam infectadas pelo fungo Gibberella fujikuri. Quando este fundo foi cultivado em meio de cultura e

seu extrato aplicado em plantas sadias de arroz, observou-se que essas plantas cresciam mais

rapidamente que as outras. O isolamento do princípio ativo presente no extrato do fungo levou à

identificação das giberelinas (fig.1).

Estes reguladores vegetais têm em comum o esqueleto (isoprenóide) em sua fórmula estrutural.

As diferenças entre as numerosas giberelinas consistem na localização das ligações duplas e dos grupos

hidroxila. Mais de 70 diferentes giberelinas foram identificadas até o momento. Após sua identificação nos

extratos do fungo, constatou-se que as giberelinas são também produzidas pelas plantas e participam da

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regulação do crescimento de órgãos vegetais. O transporte das giberelinas nas plantas é de natureza não

polar, ocorrendo na maioria dos tecidos, incluindo floema e xilema. Na fig. 3 verificamos as diferentes

atividades biológicas da auxina e da giberelina.

Um das casos mais interessantes da participação das giberelinas no controle do crescimento

vegetal, através da síntese de enzimas, ocorre na germinação da semente de cevada. Quando essas

sementes são colocadas para germinar, observa-se, após certo tempo, a produção de giberelinas pelo

embrião. Essas giberelinas são transportadas para a camada de aleuroma, rica em proteínas e adjacente

ao endosperma armazenador de amido. Nas células da camada de aleurona a giberelina induz, após

poucas horas, a síntese de enzimas hidrolíticas, e aumenta a permeabilidade das membranas entre as

células da camada de aleurona e o endosperma. Entre as enzimas produzidas estão a a-amilase, a qual,

transportada até o endosperma, causa a hidrólise do amido e libera açúcares simples que serão utilizados

como fonte de energia e de carbono para o desenvolvimento do embrião. Poderão também promover

redução no potencial osmótico e potencial hídrico das células do embrião, resultando na absorção de

água e no aumento do potencial de pressão necessário para o alongamento celular. As proteases são

outro tipo de enzimas produzidas na camada de aleurona e têm como função liberar aminoácidos a partir

das proteínas da camada de aleurona. Estes aminoácidos serão utilizados na síntese de enzimas e outros

compostos como o ácido indolilacético a partir do triptofano.

As giberelinas também participam do crescimento do caule, possuindo a capacidade de reverter o

nanismo. Plantas anãs de milho e ervilha possuem, portanto, uma deficiência na síntese de giberelinas

endógenas.

A aplicação exógena de giberelinas em plantas de dias longos, mantidas sob dias curtos, substitui o

estímulo fotoperiódico, causando a florescência. A vernalização (uso de baixas temperaturas para

promover a iniciação floral) de plantas ou sementes também pode ser substituída pela aplicação de

giberelinas.

As giberelinas também participam da determinação do sexo de cucurbitáceas monóicas. Quando há

predominância de giberelinas sobre o etileno, nessas plantas, a maioria das flores são masculinas e

precoces. Quando há predominância do etileno, a maioria das flores são femininas e precoces.

A aplicação exógena de giberelinas permite retardar o aparecimento da coloração vermelha em tomate e

a maturação da banana e caqui. As giberelinas promovem o término da dormência em batata para plantio

e aumentam o tamanho das bagas e o comprimento do cacho de uvas de mesa. Na fig. 4 observamos o

controle do crescimento de diferentes espécies vegetais.

Citocininas

As citocininas são reguladores vegetais que participam ativamente dos processos de divisão e

diferenciação celular, particularmente em cultura de tecidos. Durante muito tempo o leite de coco foi

utilizado como ingrediente indispensável em culturas de inúmeros tecidos vegetais. Skoog verificou que o

leite de coco poderia ser substituído por uma mistura de auxinas e adenina, para manter a divisão celular.

Mais tarde descobriu que certos derivados do DNA, obtidos sob altas temperaturas, eram mais ativos que

a adenina na promoção da divisão celular em culturas de tecidos. Posteriormente foi isolado ativo nos

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derivados do DNA e identificado como sendo a furfuriladenina. Devido à sua grande atividade no estímulo

da divisão celular esse composto recebeu a denominação de cinetina (fig. 1).

Além de estimular a divisão celular, a mistura de auxinas e de cinetina induz o início da diferenciação

celular. Variações nas proporções de auxinas e cinetina colocadas em uma cultura de tecidos podem

influenciar fortemente o tipo de diferenciação celular. Quando a proporção do AIA é superior à de cinetina,

certas regiões dos tecidos em cultura formam raízes. Proporções maiores de cinetina resultam no

desenvolvimento de caules. Estes fatos demonstram que a divisão e a diferenciação celular exigem a

ação conjunta e harmônica de dois reguladores vegetais: auxinas e cinetina.

A cinetina não existe em plantas, mas um certo número de compostos presentes nas plantas, conhecidos

como citocininas, apresentam atividades similares à cinetina. A primeira citocinina extraída de vegetal foi

obtida em grãos de milho e denominada zeatina. Outras citocininas obtidas de plantas já foram

identificadas como zeatina ribosídeo e isopentenil adenosina. As citocininas parecem ser compostos

derivados do t-RNA. Na planta, as citocininas são sintetizadas principalmente nas raízes e transportadas,

provavelmente no xilema, para outras partes da planta.

As citocininas promovem um retardamento na senescência foliar. Folhas retiradas da planta mostram um

envelhecimento acelerado, acompanhado pela decomposição de proteínas e da clorofila. Quando folhas

isoladas são tratadas com cinetina, esta aparentemente impede a ação das proteases e RNA-ses da

folha, promotoras da senescência.

As citocininas também participam da quebra na dominância apical; quando em maior disponibilidade,

promovem o desenvolvimento das gemas laterais.

Retardadores

Os retardadores são substâncias sintéticas que retardam o crescimento do meristema subapical. Os

retardadores mais utilizados atualmente são o ácido succínico-2, 2-dimetilidrazida (SADH) e o cloreto (2-

cloroetil) trimetilamônio, conhecido por CCC (fig. 1). O SADH parece afetar a síntese de ácido

indolilacético, e o CCC pode inibir a síntese de giberelina endógena. O SADH também reduz a produção

de etileno endógeno.

O CCC é utilizado em cereais, com a finalidade de evitar o acamamento de cultivares altos por ação do

vento ou da chuva. Cereais adubados com altos níveis de nitrogênio também mostram esta tendência. O

CCC torna as plantas mais compactas e o caule curto, o que impedem o acamamento. Este produto

também tem sido utilizado em algodoeiro, em solos férteis, com a facilidade de reduzir e uniformizar o

crescimento para a diminuição no espaçamento e para facilitar a colheita mecanizada.

Os retardadores têm-se mostrado efetivos para reduzir a altura de plantas ornamentais envasadas e

melhorar a florescência, como no caso da azaléia, crisântemo e outras. Plantas tratadas com estes

compostos apresentam maior resistência às condições desfavoráveis do meio ambiente, tais como déficit

hídrico, salinidade e geada. A restrição no crescimento, induzida pelos retardadores, pode também ser útil

para diminuir a freqüência de poda em árvores de rua, cercas vivas e gramados.

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Inibidores

Os inibidores naturais promovem retardamento no crescimento do meristema apical. Este efeito retarda

efetivamente o alongamento do caule e das raízes, inibindo ainda a germinação das sementes e o

desenvolvimento das gemas. A presença de inibidores de crescimento tem como finalidade proteger a

planta ou suas partes contra condições desfavoráveis do meio ambiente como baixas temperaturas ou

déficit hídrico.

A dormência de gemas em regiões temperadas e frias ocorre com a aproximação do inverno e o declínio

progressivo da temperatura e o comprimento do dia. As plantas decíduas possuem, nas folhas, um

sistema de percepção que promove uma redução progressiva no metabolismo foliar, em resposta à

variação fotoperiódica. Isto resulta na queda das folhas e na indução de dormência das gemas.

Existem evidências de que, no processo de dormência, ocorre um aumento progressivo na concentração

de inibidores nas folhas e gemas. Estes inibidores incluem o ácido abscístico e outros compostos

pertencentes ao grupo dos fenóis (fig. 1).

O ácido abscístico foi isolado quase simultaneamente por Wareing em folhas de Betula e por Addicott em

frutos de algodoeiro. Aplicação exógena de ácido abscístico induz, em muitas plantas, uma dormência

similar àquela promovida por dias curtos. Este efeito pode ser anulado pela aplicação de giberelina. No

processo de dormência induzido por dias curtos, além do aumento progressivo de inibidores na planta,

também ocorre um declínio na concentração de giberelinas endógenas.

Aplicação exógena de citocininas e giberelinas também pode quebrar a dormência em numerosas

espécies vegetais. Sabe-se que a exposição das gemas a baixas temperaturas promove a diminuição no

conteúdo de inibidores. Quando a temperatura ambiente aumenta gradualmente, após o inverno, as

gemas reiniciam seu desenvolvimento, sendo este processo associado a um aumento no nível de

giberelinas e outras substâncias promotoras do crescimento. A dormência das sementes de plantas

decíduas de clima frio é importante para a sobrevivência da espécie. A germinação imediata das

sementes após a maturação do fruto, no outono, resultaria na morte da plântula sob as baixas

temperaturas do inverno.

O término da dormência dessas sementes ocorre geralmente após sua exposição a baixa temperatura e

alta umidade relativa (ABA) e a semente se prepara para a síntese de substâncias promotoras (AG). A

aplicação exógena de giberelinas pode substituir a exposição a baixa temperatura, para quebrar a

dormência de certas sementes (avelã). Este efeito também pode ser causado pelas citocininas em

algumas espécies. A dormência das sementes pode ser induzida por aplicações de ABA; a lavagem

intensiva destas sementes pode efetuar a quebra da dormência.

O ácido abscísico também atua no mecanismo estomático. Quando as folhas apresentam uma perda de

água da ordem de 10% e murcham, ocorre um aumento rápido de ABA, de cerca de 40 vezes, que

promove o fechamento dos estômatos. Esse efeito também ocorre com a aplicação exógena de ABA. Na

fig. 5 notamos a translocação do ABA e de outros hormônios vegetais no interior da planta.

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Etileno

O etileno é o composto orgânico (endógeno ou exógeno) mais simples e, aparentemente, o único gás que

participa de regulação dos processos fisiológicos das plantas. O etileno é considerado um hormônio, já

que é um produto natural do metabolismo, atua em concentrações muito baixas e participa da regulação

de praticamente todos os processos de crescimento, desenvolvimento e senescência das plantas.

A vantagem original do gás etileno como regulador do crescimento reside no fato de que não exige

atividade metabólica para seu transporte e, em certos casos, para sua inativação. A difusão do gás é

suficiente para seu transporte e para diminuir sua concentração. A maior dificuldade dos estudos com o

gás etileno é que ele está geralmente presente na atmosfera, particularmente nas áreas de atividade

industrial ou de trânsito intenso. Além disso, praticamente todos os compostos orgânicos liberam etileno

quando são aquecidos ou oxidados.

Finalmente, as plantas sujeitas à vários tipos de estresse, como o ataque de insetos e microrganismos, o

contato com substâncias tóxicas, a colocação em posição horizontal, a exposição a baixas temperaturas e

à presença de potenciais de água baixos nos tecidos, produzem etileno acima dos níveis esperados em

plantas normais.

Controle de processos fisiológicos

Fototropismo

O fototropismo é um movimento de uma ou várias partes da planta em resposta a uma luz unilateral. Este

processo é o resultado de uma extensão desigual de dois lados do órgão da planta que apresentam a

resposta fototrópica.

Nos coleóptiles, a síntese de auxinas ocorre no ápice. Quando o ápice recebe uma luz unilateral, a auxina

é transportada para o lado não iluminado do ápice. Isto resulta em um maior transporte polar de auxinas

no lado não iluminado, promovendo maior alongamento celular nesse lado e a formação da curvatura

fototrópica do coleóptile em direção à luz unilateral. No lado não iluminado ocorre também, como

resultado da presença de uma maior concentração de auxinas, a produção de etileno, que impede o

transporte transversal de auxinas para o lado iluminado. Os pigmentos riboflavina e b-caroteno são

apontados como receptores prováveis do estímulo fototrópico.

A iluminação unilateral das gemas apicais de plântulas de girassol resultou em uma concentração mais

elevada de giberelinas no lado não iluminado, o que poderia explicar a curvatura fototrópica nessas

plantas, onde também foi detectada a presença de inibidores.

Geotropismo

O geotropismo é um resposta dos órgãos vegetais à força da gravidade. Esta resposta resulta no

crescimento da parte aérea da planta na direção oposta à força da gravidade (geotropismo negativo) e no

crescimento das raízes na direção da força gravitacional (geotropismo positivo). O geotropismo no caule

parece estar de acordo com a teoria de Cholodny-Went.

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Quando a planta é colocada em posição horizontal, o acúmulo de auxinas na parte inferior do caule

provoca um maior crescimento dessa parte, ocorrendo curvatura em uma direção oposta à força da

gravidade, fazendo com que o caule se dirija para cima. Na raiz em posição horizontal ocorre um maior

alongamento na parte superior comparada à inferior, provocando curvatura da raiz na direção da força

gravitacional. Há pouca evidência de que ocorra uma distribuição assimétrica de AIA natural em raízes

colocadas em posição horizontal.

O AIA nas raízes tem como origem a parte aérea da planta, movimenta-se na direção base à ápice e teria

como função principal promover o alongamento uniforme da raiz. Existem indicações de que, em resposta

à posição horizontal da coifa da raiz, poderia ocorrer uma distribuição assimétrica de um inibidor de

crescimento, provocando maior inibição na parte inferior da raiz e consequentemente a curvatura

geotrópica.

O sistema receptor do estímulo geotrópico está normalmente localizado logo abaixo do meristema em

coleóptiles, localizando-se nas raízes, na coifa. Nesta região observa-se, de maneira particular, a

presença de estatólitos (amido-plastídeos), retículo endoplasmático e plasmodesmos. Quando a raiz está

na sua posição natural, os estatólitos se encontram em repouso sobre o retículo endoplasmático

adjacente à parede transversal inferior das células.

A pressão dos estatólitos no retículo endoplasmático poderia fechar a entrada dos plasmodesmos da

parede transversal. Quando a raiz é colocada na posição horizontal, os estatólitos se deslocam e ficam

sobre o retículo endoplasmático situado na parede longitudinal das células. A pressão dos estatólitos no

retículo endoplasmático poderia fechar a entrada dos plasmodesmos na parede longitudinal ao mesmo

tempo que ficaria aberta a entrada dos plasmodesmos da parede transversal. A abertura desta “válvula”

causaria a saída de substâncias inibidoras ou promotoras que, transportadas para a zona de

alongamento, provocariam o alongamento desigual das células superiores e inferiores do córtex,

promovendo a curvatura típica.

Dominância apical

Uma característica de muitas plantas é o desenvolvimento relativamente limitado de muitos meristemas

laterais. Estes meristemas aparentemente permanecem como reserva para o caso de destruição da gema

apical. A gema apical pode exercer um controle forte ou fraco sobre os meristemas laterais. Quando o

controle de gema apical é forte, os ramos mais próximos à gema apical mostram-se pouco desenvolvidos,

formando um pequeno ângulo com caule principal da planta. À medida que aumenta a distância da gema

apical, sua influência sofre uma redução progressiva.

O corte da gema apical resulta em uma rápida retomada da divisão celular e do desenvolvimento dos

meristemas laterais. A aplicação de ácido indolilacético no lugar da gema apical cortada é suficiente para

manter o controle exercido pela gema apical. A aplicação de inibidores do transporte de auxinas (ácido 2,

3, 5 – triiodobenzóico, etileno) nas proximidades da gema apical, exerce um efeito semelhante ao corte

dessa gema. A conclusão natural é que o controle da gema apical sobre os meristemas laterais é

exercido através de uma auxina, possivelmente o ácido indolilacético, sintetizada na região apical e

transportada para os meristemas laterais.

Page 9: Hormonios vegetais

A aplicação de citocininas nos meristemas laterais resulta no desenvolvimento desses meristemas e na

sua liberação do controle apical. Este fato mostra que ocorre uma deficiência de citocininas nos

meristemas inibidores. A utilização da maioria das citocininas produzidas pela raiz no rápido crescimento

da gema apical poderia provocar uma deficiência desse hormônio vegetal nas gemas laterais. A retirada

da gema apical resulta no aumento da disponibilidade de citocininas nos meristemas laterais.

Partenogênese

Na maioria das plantas a polinização e a fecundação resultam no desenvolvimento do óvulo (semente),

ovário (fruto) e dos tecidos associados (receptáculo na maçã, por exemplo). A maior parte do

desenvolvimento do fruto resulta do alongamento celular, que é geralmente controlado pelas auxinas. Nos

frutos partenogenéticos (sem sementes) o desenvolvimento ocorre sem fecundação e às vezes até sem

polinização. Na partenogênese vegetativa o desenvolvimento do ovário ocorre sem polinização nem

fecundação, provavelmente devido ao alto nível de auxinas e outros hormônios vegetais endógenos,

presentes no ovário, que permitem o seu crescimento sem estímulo esterno. Exemplos típicos de

partenogênese vegetativa são as frutas desprovidas de sementes como a banana, o abacaxi e a laranja

baiana.

Na partenogênese estimulativa o desenvolvimento do ovário não necessita de fecundação mas somente

de polinização. O estímulo da polinização poderia ser uma auxina (com liberação de etileno) ou uma

enzima que promoveria a conversão de triptfano em ácido indolilacético, como ocorre no estigma floral de

certas variedades de tabaco. Este estímulo seria suficiente para o desenvolvimento do ovário e a

formação do fruto sem sementes como no caso da uva ‘Black Corinth’. Outras uvas desprovidas de

sementes (‘Thompson Seedless’) resultam do aborto do embrião.

A utilização de inibidos do transporte de auxina (ácido 1, 3, 5 – triiodobenzóico) pode provocar a formação

de frutos par tenocárpicos em plantas de pepino. Isto provavelmente se deve ao fato desses inibidores

impedirem a saída de auxinas do pedúnculo da flor, sendo que o aumento no nível de auxinas no ovário

induz seu desenvolvimento e a formação do fruto. A aplicação exógena de giberelinas induz também a

formação de frutos partenocárpicos, exigindo a partenocarpia de alguns outros frutos a aplicação conjunta

de auxinas e giberelinas.

Abscisão

A queda das folhas de uma planta decídua pode ocorrer em resposta a sinais do meio ambiente, tais

como curtos ou baixas temperaturas no outono, ou devido a condições adversas ao desenvolvimento

vegetal. A folha jovem tem a capacidade de sintetizar níveis de auxinas relativamente altos; durante a

senescência, a síntese de auxinas no limbo foliar diminui consideravelmente, o que promove o

rompimento do pecíolo na camada de abscisão.

Durante a senescência, ao mesmo tempo que diminui o fluxo de auxinas no pecíolo, ocorre um aumento

na produção de etileno na região de abscisão. A queda no nível de auxinas aparentemente torna as

células da região de abscisão mais sensíveis à ação do etileno. O etileno também inibe o transporte de

auxinas no pecíolo e provoca a síntese e o transporte de enzimas que atuam na parede celular

(celulases) e na lamela média (pectinases). A dissolução parcial ou total da parede celular e da lamela

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média torna a região de abscisão enfraquecida, do ponto de vista mecânico. Basta neste momento um

vento moderado para causar a quebra do feixe vascular e completar a separação da folha do restante da

planta.

A abscisão de frutos é muito semelhante à abscisão foliar, somente que nos frutos e em algumas folhas

ocorre, antes da abscisão, um aumento no nível de ácido abscísico. Este hormônio vegetal poderia

promover a síntese de etileno e, possivelmente, a síntese das enzimas que atuam na parede celular e

lamela média.

Senescência

A senescência consiste no conjunto de mudanças que provocam a deterioração e a morte da célula

vegetal. Em plantas multicelulares, a senescência ocorre após a juvenilidade (crescimento vegetativo) e a

maturidade (reprodução) e é rápida em plantas perenes, de acordo com o programa genético

característico de cada tipo de planta. A senescência é também sensível à influência de fatores do meio

ambiente tais como dias curtos, baixa luminosidade, baixas e altas temperaturas, baixos níveis de

nutrientes essenciais e sais tóxicos no solo.

A senescência e a morte podem ocorrer aproximadamente ao mesmo tempo em toda a planta, no caso

de plantas anuais (milho, soja) e algumas plantas perenes (agave, bambu), que florescem uma vez e

morrem logo depois, ou podem ocorrer somente na parte aérea das plantas bianuais e herbáceas

perenes, nas quais as partes subterrâneas se mantêm vivas e servem como reservas para o crescimento

do ano seguinte e podem ocorrer somente nas folhas e frutos de plantas lenhosas perenes. Estas plantas

florescem todo ano e sua senescência total e a morte levam muitos anos.

Em plantas com senescência total, ela se dá logo depois da floração e da frutificação. A retirada de flores

e de frutos adia a senescência e provoca um retorno ao rápido crescimento vegetativo característico da

fase anterior à floração. Nos cereais (milho, trigo) a senescência é facilmente observada, já que acontece

quase simultaneamente em milhões de plantas.

A senescência não ocorre ao acaso e quando ela é total está mais relacionada a fatores internos da

planta que a fatores do meio ambiente. As mudanças que se observam nessa fase são parte de um

mecanismo de transferência de nutrientes de partes da planta como a folha, para outras partes como os

frutos, as sementes e o caule. Freqüentemente, a senescência das folhas e dos frutos é acompanhada de

sua abscisão.

Uma causa possível da senescência da planta poderia ser a grande mobilização de nutrientes e

citocininas na direção dos frutos e das sementes. A morte da parte vegetativa da planta seria a

conseqüência dessa mobilização dirigida pela atividade as auxinas produzidas pelos frutos. A retirada de

flores e de frutos atrasa e pode até evitar a senescência. Essa mobilização poderia também ser

considerada como um efeito e não como uma causa da senescência. A teoria da mobilização não explica

por que a presença de flores masculinas em plantas masculinas provoca o início da senescência

enquanto a retirada dessas flores a retarda.

Page 11: Hormonios vegetais

A aplicação de retardadores do crescimento tem como efeito a aceleração da iniciação floral e da floração

de certas plantas. No abacaxizeiro, as aplicações de etileno, de compostos que liberam etileno em

contato com a planta (ethephon) ou de auxinas que induzem a produção de etileno pela planta, provocam

a iniciação floral e a floração. No repolho, entretanto, a floração está associada a um rápido crescimento

vegetativo. Isto mostra que nem sempre a diminuição da taxa de crescimento está intimamente associada

à iniciação floral, à floração e à frutificação. Na realidade, além do fato de que ela faz parte do programa

genético da planta e que está sujeita, em certos casos, a fatores do meio ambiente, pouco se conhece

sobre as causas profundas da senescência.

Maturação de frutos

Na fase final do desenvolvimento do fruto da planta, ocorre a maturidade fisiológica. A continuação do

desenvolvimento do fruto ou maturação, que o torna comestível para o ser humano, pode ocorrer depois

de sua separação da planta. A senescência ou degradação final é a parte terminal da maturação. Nos

frutos que apresentam, durante a maturação, o padrão climatério de respiração, o pico respiratório ou

climatério separa o fim do desenvolvimento e o início da senescência.

Durante a maturação, iniciam-se mudanças que se tornam mais evidentes durante a senescência. Nos

frutos que apresentam o padrão climatério de respiração (abacate, manga, caqui, pêra, maçã, pêssego)

ocorre, após a colheita do fruto fisiologicamente maduro, uma diminuição gradual da taxa respiratória,

determinada em termos de produção de CO2, até atingir um mínimo denominado mínimo pré-climatérico.

Logo depois, inicia-se um aumento gradual e depois rápido da taxa respiratória, até atingir seu nível mais

alto ou máximo climatérico ou simplesmente climatério. Após este pico de produção de CO2, há um

declínio da taxa respiratória. O ponto em que o fruto se torna apto para o consumo humano coincide

aproximadamente com o início da senescência e se situa no climatério ou imediatamente depois. O

climatério é um excelente ponto de referência fisiológico ao qual podem relacionar-se outras mudanças

que se dão durante a maturação. Outros frutos (uva, frutas cítricas) não possuem este padrão de

respiração, mostram uma taxa respiratória pouco variável e apresentam uma maturação mais lenta, sem

grande aumento no fornecimento de energia metabólica, causa provável do aumento climatérico da

respiração. A energia liberada na respiração é utilizada na síntese de proteínas (enzimas) e outros

produtos que aparecem pela primeira vez durante a maturação (pigmentos, substâncias voláteis).

O gás etileno é um produto normal da maturação de muitos frutos. Nos frutos climatéricos, o etileno

começa a ser produzido ao mesmo tempo ou logo depois do início do aumento climatérico da respiração.

Em seguida, a produção de etileno aumenta rapidamente até um ponto máximo, muito próximo, no tempo,

da ocorrência do climatérico, e declina aceleradamente logo depois. A produção de etileno pelos frutos

climatéricos é considerada essencial à sua maturação. Uma concentração interna de aproximadamente

1ppm é admitida como suficiente para induzir a maturação da maioria dos frutos climatéricos. Em frutos

não climatéricos, a produção de etileno durante a maturação normal é muito reduzida. O etileno é

considerado tanto o hormônio que inicia a maturação como o produto desse processo. O início da

produção de etileno seria parte indispensável do processo de maturação. Após esse início, a produção

autocatalítica do gás teria como objetivo acelerar e tornar mais uniforme a maturação dos frutos

climatéricos.

Page 12: Hormonios vegetais

Mudanças na cor, sabor, aroma e textura, são características importantes da maturação e senescência

dos frutos. Na banana, a cor da casca muda de verde para amarela devido à decomposição da clorofila

pela clorofilase e ao aparecimento da cor amarela já existente. No tomate, a mudança de cor se deve ao

desaparecimento da clorofila e à síntese do licopeno. O sabor doce da maçã e da banana resulta da

hidrólise do amido e da produção de açúcares. A diminuição na quantidade de ácidos orgânicos (ácido

cítrico) é importante no sabor do tomate. O aroma dos frutos se deve principalmente à síntese de ésteres,

aldeídos e cetonas. A mudança de textura o amolecimento do fruto resulta particularmente da atividade

de enzimas hidrolíticas como a celulase, a poligalacturonase e a pectinametilesterase, que atacam a

parede celular (celulose) e a lamela média (pectinas). O amolecimento é uma das características mais

marcantes da maturação e da senescência de frutos como o abacate, o caqui, o figo e o pêssego.

A coloração de frutos em atmosferas com pressões reduzidas (100-200 mm Hg) impede que se formem,

no interior do fruto, concentrações de etileno capazes de iniciar a maturação e retarda consideravelmente

este processo. Também nessas atmosferas a baixa pressão de O2 inibe a produção e ação do etileno. A

colocação de frutos em atmosferas modificadas, com altas concentrações de CO2 (5 a 10%), gás

antagonista do etileno, e baixas concentrações de O2 (3 a 5%), retarda também a maturação de frutos.

Tabela: Alguns efeitos fisiológicos mais importantes causados por hormônios vegetais

Efeito fisiológicoAuxinas

GA Citocininas ABA Etileno

Resposta a tropismos Sim Sim Não Sim Sim

Crescimento de secção de coleóptilo de aveia

Sim* Sim* Sim, Ativa Inibe Inibe*

Aumento de tamanho de células em C.T. Sim Sim Sim Não Não

Controle da diferenciação em C.T. Sim Sim Sim Sim Sim

Estimula enraizamento de estacas Sim Não Variável Sim* Sim

Inibe desenvolvimento radicular Sim NãoNão se sabe

Sim Sim

Estimula divisão de câmbio Sim Sim Sim Inibe* Não

Abscisão de folhas e frutos Sim Não Sim Sim Sim

Ativa crescimento de frutos Sim Sim Sim* Não Não

Afeta crescimento de caules (hastes) Não Ativa Não Inibe Inibe

Interrompe o repouso de gemas vegetativas

Não Sim Sim Inibe Sim*

Favorece a germinação de algumas sementes

Não Sim Não Inibe Sim*

Favorece síntese de amilase em grãos Não Sim Sim Inibe Não

Manutenção da dominância apical Sim Sim NãoNão se sabe

Sim

Inibe a degradação de proteínas e clorofila na senescência

Sim* Sim Sim*Não, acelera

Não, acelera

Ativa o pico climatérico no processo de maturação de frutos

Não se sabe

Não Não Não Sim

Page 13: Hormonios vegetais

O crescimento e o florescimento das plantas são governados pela interação de ritmos biológicos

intrínsecos e pelas variações dos fatores ambientais. Assim, estes ritmos são muito importantes para a

agricultura. O florescimento é determinado, principalmente, pelos períodos de luz e escuridão em certos

estágios do crescimento das plantas. O conhecimento destes fatores nos ajuda a selecionar plantas

adequadas para as várias latitudes e condições climáticas e para compreender a reprodução das plantas.

Foram feitas várias tentativas para alterar os ritmos biológicos das plantas. Flores são exportadas de

Israel para a Europa. Portanto, é desejável que o florescimento ocorra quando a demanda é maior.

Sujeitando as plantas à combinação adequada de temperaturas variadas, o tempo do florescimento pode

ser alterado. Assim, a estrela de Belém (Ornithogalum arabicum) que floresce normalmente em março,

pode ser forçada a florescer em dezembro.

As funções biológicas com periodicidade circadiana são variadas. Por exemplo, três espécies de fungos

luminosos aumentam e diminuem a emissão de luz, tanto na claridade contínua quanto no escuro, num

período de 24 horas. Uma pequena alga marinha unicelular, Gonyaulax, também demonstra variações

diárias nas emissões de luz. Nas plantas superiores, os ritmos diários de vários processos metabólicos,

como a fotossíntese e a respiração, são comuns. As mudas de limão exibem uma periodicidade de

transpiração de 24 horas. Os movimentos diários das folhas e a abertura e fechamento de flores são

especialmente notáveis.

Hormônios vegetais, compostos orgânicos não nutrientes produzidos por plantas, geralmente em um local

diferente daquele onde são usados. Tais hormônios, em baixas concentrações, regulam o crescimento e

as reações fisiológicas das plantas. Recentemente, uma grande quantidade de hormônios vegetais foi

sintetizada e alguns são usados comercialmente para matar ervas daninhas ou cultivar frutas.

As plantas são altamente organizadas tanto em termos de forma, quanto de função. São os hormônios

vegetais que coordenam e integram os processos de crescimento das plantas e que provocam esse nível

de organização. O aspecto do controle do crescimento das plantas fica particularmente evidente no

estudo de tecidos vegetais. Por exemplo, se as células vivas que não perderam a capacidade de se dividir

forem removidas de uma planta, retomarão o crescimento ativo se receberem nutrientes essenciais e

hormônios de crescimento. Entretanto, se o equilíbrio entre os diferentes hormônios não for

extremamente preciso, o resultado será o crescimento de massas tumorais de células vegetais, que

parecerão ter perdido completamente o controle do seu poder de organização e de estruturação. Por

outro lado, ao alterar o equilíbrio e a concentração de hormônios de plantas no meio de cultura, os

cientistas podem desenvolver plantas completas com raiz e copa e todas as suas características típicas a

partir de uma única célula. Muitas das chamadas "plantas de proveta" são produzidas dessa forma.

Ainda não se conhece muito bem o funcionamento dos hormônios vegetais em termos da química celular

das plantas. Entretanto, atualmente, acredita-se que um local de atuação dos hormônios vegetais seja

próximo ao gene, onde promovem a formação de moléculas específicas de ARN-mensageiro. Essas

moléculas, por sua vez, são as mediadoras da síntese de enzimas específicas, isto é, moléculas protéicas

que controlam a bioquímica e a fisiologia do organismo. Ver Ácidos nucléicos; Biologia molecular.

Visto que os hormônios vegetais só foram descobertos na década de 1920, o conhecimento de sua

natureza e ação é bastante recente. Entretanto, a existência de hormônios vegetais foi postulada por

Julius von Sachs e Charles Darwin em torno de 1880. Após ter estudado os efeitos da exposição à luz

Page 14: Hormonios vegetais

sobre o crescimento de plantas, Darwin escreveu no seu livro The Power of Movement in Plants: "Quando

os brotos são expostos livremente à luz lateral, há alguma transmissão de influência da parte superior à

inferior, o que faz com que a última se curve." Ao observar os efeitos da gravidade sobre raízes das

plantas, anotou: "É somente o topo que recebe a ação, e esta parte exerce alguma influência sobre as

partes adjacentes, fazendo com que se curvem para baixo."

Durante as décadas de 1920 e 1930, o hormônio intermediador das reações que Darwin havia percebido

foi isolado e identificado como ácido indolil-3 acético, ou AIA. Esse trabalho foi realizado por Fritz W.

Went, F. Kogl e A. J. Hagen-Smit, na Holanda. Mais ou menos na mesma época, o cientista japonês E.

Kurosawa estudava substâncias isoladas de um fungo que ataca o arroz e que provocam aumentos

marcantes no crescimento dos brotos. Essas substâncias são hoje conhecidas como giberelinas; uma

delas é o ácido giberélico. Mais tarde, outros pesquisadores, ao tentar criar tecidos e órgãos vegetais em

condições assépticas, descobriram que, quando se adicionavam pequenas quantidades de leite de coco

às culturas de tecido vegetal, provocava-se um aumento do crescimento da planta. A busca pelo fator que

induz esse crescimento aumentado levou à descoberta dos hormônios conhecidos como citoquininas.

PRINCIPAIS CLASSES DE HORMÔNIOS VEGETAIS

Os hormônios vegetais podem ser agrupados em diversas classes principais. Essas classes são

determinadas pelas características químicas dos hormônios ou pelos efeitos que exercem sobre as

plantas.

Auxinas: São os compostos que provocam o alongamento nas células dos brotos de plantas. As auxinas

são sintetizadas e apresentam as concentrações mais altas nas áreas meristemáticas do broto e da raiz,

áreas nas quais as células se dividem rapidamente para renovar o seu crescimento. As auxinas são

deslocadas por toda a planta a partir dessas áreas.

Quando aplicada externamente às extremidades de caules incisos, a auxina estimula sua formação. Em

dosagens excessivas, porém, inibe a formação de raízes. Em geral, o tecido da raiz é consideravelmente

mais sensível à auxina do que o tecido do caule. Portanto, as concentrações de auxina mais favoráveis

para o alongamento do caule normalmente resultam na inibição do desenvolvimento da raiz.

Essa sensibilidade diferenciada faz com que as extremidades do broto das plantas apresentem um

geotropismo negativo, isto é, fiquem voltadas para cima, quando colocadas em posição horizontal; nessas

mesmas condições, as extremidades da raiz apresentam um geotropismo positivo, ou seja, ficam voltadas

para baixo, para dentro do solo. Quando a gravidade faz com que a auxina se acumule na parte inferior

do caule, as células mais baixas se alongam mais do que as de cima, fazendo com que a extremidade

que está em crescimento se volte para cima. No caso da raiz, entretanto, a situação é inversa. A

concentração maior de auxina na parte inferior inibe o alongamento das células naquele local, e o

alongamento relativamente maior das células superiores faz com que a extremidade da raiz se volte para

baixo.

Page 15: Hormonios vegetais

A auxina também provoca reações fototrópicas, ou seja, reage à luz. Visto que a luz aparentemente tende

a destruir uma auxina no meristema, a parte do broto que fica distante da luz sofrerá um maior

alongamento celular, e fará com que a extremidade do broto se curve na direção da luz.

A auxina também controla a dominância apical, o fenômeno através do qual o crescimento dos botões

laterais ao longo do caule de uma planta é controlado pela presença de um botão terminal, ou apical. As

pesquisas indicam que as concentrações de auxinas produzidas no botão fazem com que a extremidade

do caule cresça, mas, quando deslocadas para baixo no caule, inibem o crescimento de botões laterais.

As coníferas, árvores nas quais a dominância apical se expressa com força, têm uma verticalidade

diferente da de árvores tais como olmos e bordos maduros.

Após a polinização de uma flor, os tecidos da parede do ovário e um receptáculo crescem rapidamente,

resultando no desenvolvimento de um fruto grande e polpudo. Esse crescimento é gerado pelo

crescimento celular, um processo mediado pela auxina. Sabe-se que algumas frutas podem ser

produzidas sem polinização ao se aplicar auxina artificialmente e no momento certo a um órgão floral,

como, por exemplo, o estigma. Este processo de produção de frutas sem polinização é conhecido como

desenvolvimento partenocárpico e resulta em frutas sem sementes.

À medida em que as frutas ou as folhas amadurecem, elas produzem camadas especializadas de células

nos seus talos, chamadas de zonas de abscisão. Com o tempo, o tecido de ligação entre duas das

camadas dessas células se dissolve, e a fruta ou a folha cai. Essa separação natural das folhas e das

frutas da planta, chamada de abscisão, é acionada por alterações na concentração de auxina em toda a

área de abscisão.

Embora a auxina natural mais amplamente encontrada nas plantas seja o ácido indolil-3 acético, ou AIA,

este é muito menos usado na agricultura que as auxinas sintéticas, tais como o ácido indolbutírico (AIB), o

ácido naftalenacético (ANA) e o ácido 2,4-diclorofenoxiacético (2,4-D). O motivo é que o AIA é

continuamente quebrado por sistemas de enzimas na planta, ao passo que os compostos sintéticos não

são sujeitos a tal degradação. Conseqüentemente, pequenas doses de auxinas sintéticas podem resultar

em efeitos amplos e duradouros.

As auxinas sintéticas têm uma ampla gama de usos. São empregadas para aprimorar a formação de

raízes de brotos de plantas que, de outro modo, teriam dificuldade para criar raízes; para induzir o

desenvolvimento de frutas partenocárpicas, tais como tomates de estufas em baixas condições de

polinização; e para tornar esparsos flores e frutos jovens ao induzir a abscisão no início da época de

crescimento, o que aumenta o tamanho e a qualidade dos frutos restantes. As auxinas sintéticas também

são usadas para evitar a queda de frutos cítricos e de maçãs antes da época da colheita. Outro emprego

comum das auxinas sintéticas é erradicar alguns tipos de ervas daninhas seletivamente.

Giberelinas: são amplamente distribuídas nas plantas e regulam muitas funções importantes. Em 1965,

13 formas moleculares levemente diferentes que se distinguem muito em termos de atividade biológica já

haviam sido descobertas. A giberelina mais produzida comercialmente é o ácido giberélico, conhecido por

AG3.

As giberelinas exercem um papel importante no crescimento das plantas. Por exemplo, o nanismo vegetal

genético resulta em entrenós muito curtos, isto é, em pedaços de caules curtos entre os nódulos onde

Page 16: Hormonios vegetais

surgem as folhas. O crescimento reduzido de caules de plantas geneticamente anãs é provocado pelo

bloqueio genético da produção normal de giberelina pelo metabolismo vegetal. Quando se fornece

giberelina externamente a plantas anãs, a planta cresce e se desenvolve normalmente.

Muitas plantas bienais requerem exposição a um período de baixas temperaturas ou a dias longos, ou a

ambos, para produzir um talo alongado para florescer. Muitas dessas plantas, sob condições que

normalmente provocariam um crescimento vegetativo contínuo, podem ser forçadas a produzir esse talo

com a aplicação de ácido giberélico.

Além disso, demonstrou-se que as giberelinas, assim como as auxinas, são capazes de provocar o

desenvolvimento partenocárpico de frutas. São aplicadas com regularidade e comercialmente na

produção de cachos de uvas maiores e mais bem proporcionados.

Durante a germinação das sementes, as giberelinas e as auxinas interagem de maneira delicada. Depois

que a semente capturou a água, o embrião produz a giberelina, que aciona a síntese de enzimas

responsáveis pela produção da auxina. A giberelina também promove o alongamento da raiz primária ao

mesmo tempo em que os níveis mais altos de auxinas fazem com que o tegumento da semente

enfraqueça e a planta embrionária cresça. Como está um passo à frente no ciclo, a raiz emerge primeiro

da semente, seguida pela copa da planta. Altos níveis de auxina podem provocar a expansão rápida do

caule primário, o que, por fim, faz o topo do broto atravessar a superfície do solo.

Citoquininas ou quininas: grupo de hormônios que promove a divisão celular ao invés do alongamento

celular. As citoquininas surgem nas raízes das plantas e são transportadas para cima até os brotos. É

possível que também se originem em algumas folhas e brotos jovens. A primeira citoquinina a ser

conhecida, a cinetina, foi isolada de um animal (do ADN do sêmen do arenque). Mas outras têm ampla

ocorrência em plantas e já foram isoladas e caracterizadas quimicamente.

As citoquininas parecem ser as grandes "normatizadoras" do crescimento de plantas. Têm um papel

importante no desenvolvimento controlado e organizado da forma e da estrutura das plantas superiores.

Quando adicionadas a culturas assépticas nas concentrações adequadas, as citoquininas provocam a

diferenciação dos grupos de células que formam os tecidos que eventualmente se tornarão as diferentes

partes das plantas. A descoberta desse fato na década de 1940 estabeleceu o arcabouço para sucessos

experimentais posteriores. No início da década de 1960, já se criavam plantas inteiras suspensas em

meios nutritivos artificiais a partir de células únicas e indiferenciadas.

Outra função importante da citoquinina é a inibição da senescência, isto é, do envelhecimento,

principalmente em culturas de vegetais de folhas verdes. Os hormônios aumentam a retenção de algumas

substâncias, tais como aminoácidos, dentro da célula. Conseqüentemente, tais substâncias podem

retornar ao ciclo através da síntese de proteínas, que são essenciais para o crescimento e a reparação de

tecidos. Desse modo, o envelhecimento, o amarelecimento e a conseqüente perda de qualidade

mercadológica dos produtos colhidos é consideravelmente retardada. Uma citoquinina sintética, a

benziladenina, está começando a ser usada experimentalmente como inibidor de senescência em muitos

tipos de plantas verdes, tais como alface, brócolis e aipo.

Hormônios do florescimento: são o florigen e a vernalina. O florigen foi postulado e nomeado pelo

fisiologista de plantas russo M. K. Cajlachjan em 1937. As pesquisas recentes indicam que o florigen

Page 17: Hormonios vegetais

consiste de dois componentes principais: giberelina e outros fatores de formação de flores chamados de

antesinas.

A giberelina parece ser necessária para a formação de flores em plantas de dias longos, isto é, plantas

que precisam de relativamente muitas horas de luz do dia para florescer. O florescimento em plantas de

dias curtos, aquelas que só florescem se houver menos do que uma quantidade máxima de luz do dia,

provavelmente é promovido pelas antesinas. Acredita-se que estas são produzidas nas folhas. Estão

sendo feitos esforços para isolá-las e caracterizá-las.

Venalina: hormônio que se acredita ser essencial para o florescimento em cultivos bienais que requerem

frio, tais como o trigo de inverno. É produzida nos embriões de sementes em fase de germinação ou nas

células que se dividem nos meristemas apicais, ou extremidades em crescimento, de plantas maduras. O

hormônio, nomeado pelo fisiologista Johann G. F. Melchers em 1939, ainda não foi extraído de plantas,

nem mesmo em uma forma rudimentar.

Dorminas: inibem o crescimento de plantas ao fazerem os brotos em crescimento ativo adormecer. Foram

descobertas quase que simultaneamente, em 1963 e 1964, por pesquisadores na Grã-Bretanha e nos

Estados Unidos. O segundo grupo batizou a principal substância isolada de abscisina II.

Vitaminas B: tiamina, niacina e piridoxina (todas vitaminas do complexo B) às vezes são incluídas entre

os hormônios vegetais. Essas substâncias, produzidas nas folhas das plantas, são mais associadas ao

crescimento e à nutrição do que a alterações de forma.

Retardadores sintéticos de crescimento: algumas substâncias de crescimento sintéticas, desenvolvidas

desde 1950, provocam o encurtamento dos entrenós, o endurecimento de caules e o escurecimento da

cor verde na folhagem. Elas também aumentam a resistência das plantas à seca, ao frio e aos poluentes

do ar. Em algumas plantas, como macieiras e azaléias, também encorajam a formação de flores ao

desacelerar o crescimento vegetativo. Duas dessas substâncias químicas, vendidas sob os nomes

Phosphon e Cytocel, são usadas extensamente na produção de frutas e em muitos cultivos de flores de

estufa.

À medida em que o conhecimento de muitos tipos de hormônios reguladores de plantas aumenta, o ser

humano obtém maior controle sobre o crescimento e o desenvolvimento de produtos agrícolas,

aumentando sua capacidade de moldar as características desses produtos às necessidades do

consumidor.

HORMÔNIOS VEGETAIS

Os hormônios vegetais contituem um grupo de substâncias de ocorrência natural que influenciam

processos fisiológicos em baixa concetrações. Os fitohormônios freqüentemente ocorrem em

concentrações internas inferiores a 1mM enquanto que açúcares, aminoácios e outrs metabólitos estão

geralmente presentes em concetrações da ordem de 1 a 50mM.

Page 18: Hormonios vegetais

Os processos influenciados pelos hormônios vegetais consistem principalmente no crescimento,

diferenciação e desenvolvimento, embora outros processos como omovimento estomático também

possam ser afetados.

As primeiras observações experimentais que indicaram a existência de hormônios em plantas foram

realizadas por Charles Darwin e seu filho Francis e descritas no livro The Power of Movement in Plants,

publicado em 1881. Investigando a curvatura fototrópica de coleópteros de plântulas de gramíneas

(alpiste e aveia), os Darwin concluíram que "quando plântulas são expostas a uma luz unilateral, alguma

influência é transmitida da parte superior para inferior, provocando a inclinação desta".

Em 1926, o fisiologista holandês Frits Went demonstrou que esta "influência" era uma substância química

que foi por ele denominada auxina (da palavra grega auxin, aumentar). Utilizando coleóptilos de aveia,

Went desenvolveu o primeiro bioensaio específico para as auxinas, viabilizando desta forma a

determinação da estrutura química e posteriormente a quantificação deste fitohormônio (Figura 1). A

elucidação da identidade química da auxina (ácido 3-indol-acético - AIA) foi conseguida por volta de 1934

embora a confirmação inequívoca de que o AIA estava presente nos tecidos de plantas superiores só

tenha sido obtida por Went em 1941.

São reconhecidos atualmente cinco grupos de fitohormônios, embora existam evidências de que outros

grupos de substâncias possam vir a ser enquadrados como horm^nios vegetais (poliamina, jasmonatos,

ácidos salicílico, brassinosteróides). As cinco categorias de hormônios vegetais incluem as auxinas,

muitas giberelinas (83 até o momento), várias citocianinas, o ácido abscísico e o etileno.

Extração e Quantificação dos Fitohormônios

As pesquisas sobre od fitihormônis até recentemente baseavam-se grandemente na extração e partição

dos hormônios em solventer orgânicos, purificação através de métodos cromatográficos convencionais,

em bioensaios e na observação de respostas fisiológicas em fase da aplicação exógena de fitohormânio

ou reguladores de crescimento. Nos últimos quinze anos houve um avanço espetacular na sensibilidade

dos métodos espectroscópicos de determinação da esrtutura (espectroscopia de massa -MS) e de

purificação dos hormônios vegetais (aprimoramento de técnicas cromatográficas - cromatografia líquida

de alta performace - HPLC e da cromatografia de coluna capilar gás-líquido - GLC). Progressos

significativos também têm sido obtidos utilizando-se métodos imunológicos (imunoensaios) e através do

estudo de plantas trangênicas ou mutantes quento ao teor endógeno e sensibilidade aos horm^nios

vegetais.

Hoje é possível extrair, isolar e quantificar hormônios vegetais rotineiramente utilizando-se uma

quantidade de material vegetal da ordem de alguns miligramas. Mas antes do desenvolvimento deste

instrumento analítico mais avançado, oisolamento e identificação dos fitohormônios envovia a

manipulação de dezenas ou centenas de quilogramas de tecidos vegetais. Em 1963, o isolamento e

purificação da zeatina (uma citocinina do milho), através dos métodos cromatográfico tradicionais,

encolceu a utilização de 60 Kg de material vegetal.

Page 19: Hormonios vegetais

Aspectos Relevantes do Controle Hormonal

A ação fisiológica desencadeada por um determinado fitohormônio depende da combinação de três

fatores básicos: concentração do hormônio no sítio de atuação, sensibilidade das células ou tecidos e

presença de outros hormônios vegetais. Da combinação destes fatores complexos é que resulta a

resposta fisiológica a um fitohormônio. É também a partir daí que se pode compreender a enorme

versatilidade destas substâncias no controle dos mais diversificados processos de crescimento,

difernciação e desenvolvimento ao longo da ontogênese das plantas.

A concetração de um fitohormônio numa determinada célula ou tecido tem um papel importante na

regulação hormonal e depende de sua biossintese, dos mecanismos de degradação, transporte e de

processos de inativação reversível como por exemplo a ligação do hormônio com outras moléculas

orgânicas - AIA-peptídeos; AIA-ácido aspártico, AIA-inositol (conjugação). Em geral, as plantas liberam os

fitohormônios de seus conjugados através de enzimas hidrolíticas.

A sensibilidade de uma célulasa um determinado fitohormônio pode estar associada ao número de

receptores específicos (receptividade), as mudanças de afinidade dos recep´torea (afinidade) ou as

alterações na cadeia subsequente de eventos bioquímicos e biofísicos (capacidade de resposta). A

sensibilidade depende portanto do genótipo, podendo variar com o processo, tecido, idade, estágio do

desenvolvimento, condições fisiológicas da planta e com a presença ou ausência de outros hormônios.

As mudanças nas respostas a uma determinada quantidade de hormônios também podem ser causadas

por alterações nos níveis endógenos de outras substâncias, como por exemplo compostos fenólicos,

capazes de interagir aumentando ou inibindo a resposta ao hormônio.

Os conhecimentos atuais sobre os mecanismos de ação dos horm^nios vegetais sção ainda

fragmentados e incompletos. No entanto já se sabe que a ação reguladora e que o potencial de

amplificação de sinais destas moléculas se dá através da vias de tradução de sinais iniciadas a partir da

ligalção dos fitohormônios aos seus receptores. A ligação do hormônio ao seu receptor inicia uma cadeia

de eventos que leva à formação de mensageiros secundários de vida curta. Existem vários mensageiros

secundários diferentes, mas cada hormônio, atuando num tipo celular específico, desencadeia o

surgimento de mensageiros secundários também específicos. Estes mendageiros secundários incluem o

1,2-diaglicerol, o onositol 1,4,5-trifosfato, o ácido jasmônico e os íons cálcio

Crescimento é um aumento irreversível de tamanho que ocorre nos seres vivos. É conseqüência não

apenas da divisão celular mas, também, da distensão celular.

Já o desenvolvimento, que ocorre ao mesmo tempo que o crescimento, se constituí em uma série de

fenômenos que vão acontecendo enquanto a planta cresce e que culminam com a sua maturidade

sexual.

A soma de ambos os processos, crescimento e desenvolvimento, recebe o nome de ontogênese que é o

conjunto de fenômenos que levam à formação de um indivíduo adulto de um espécie.

Page 20: Hormonios vegetais

Velocidade do crescimento

A velocidade do crescimento de uma espécie pode ser representada por uma curva em forma da letra "S"

(sigmóide).

Fatores que influenciam o crescimento

O crescimento do vegetal pode ser influenciando tanto por fatores do meio, como por substâncias

reguladoras de crescimento denominadas hormônios vegetais ou fitohormônios (fitorreguladores).

Fitohormônios ou reguladores de crescimento

Page 21: Hormonios vegetais

Auxinas

O primeiro grupo de hormônios vegetais descoberto foram as auxinas, que são o resultados de

experiências feitas por diversos fisiologistas, a se iniciar por Darwin, que podem ser resumidos como

mostra a seguinte figura:

Efeitos das auxinas

As auxinas podem produzir diversos efeitos interessantes nos vegetais, tais como:

1- são ativas em quantidades muito pequenas e, quando aplicadas em quantidades muito elevadas,

podem matar o vegetal.

2- como são transportadas da copa para as base, as auxinas tendem a se concentrar nas raízes, onde se

acumulam em ligeiro excesso e retardam o crescimento. No caule, ao contrário, sempre há menos

hormônio do que o ideal para o crescimento. É por isso que um ligeiro acréscimo de auxina retarda o

crescimento das raízes e acelera o do caule.

3 - as auxinas produzidas pelo óvulo fecundado provocam a transformação das paredes do ovário no

fruto.

É por isso que se impedirmos a fecundação do óvulo e aplicarmos uma pequena quantidade de auxina

nas paredes do ovário, obteremos frutos partenogenéticos, sem sementes.

4 - as auxinas, como já vimos das experiências acima, provocam as curvaturas dos vegetais causadas

pela gravidade(geotropismo) e pela luz (fototropismo).

5 - os brotos que ficam na extremidade superior dos caules e dos ramos produzem auxinas que, ao

descerem ao longo do caule, inibem o desenvolvimento da maioria das gemas laterais(dominância

apical), impedindo que se desenvolvam formando ramos.

Se cortarmos o broto terminal do caule, parando de descer auxina, os brotos laterais se desenvolvem

formando novos ramos.

Page 22: Hormonios vegetais

6 -os frutos e as folhas possuem a camada de abscisão, pela qual caem. Esta camada não se forma

enquanto o fruto e a folha são verdes e produzem auxinas. Ao amadurecerem os frutos e as folhas a

auxina deixa de ser produzida e a camada de abscisão se forma e provoca a sua queda.

7 - em doses relativamente pequenas as auxinas provocam o enraizamento de estacas, sendo, por isso,

muito úteis na reprodução assexuada dos vegetais.

8 - associadas a outros produtos, as auxinas são usadas na cultura de células e tecidos vegetais, fazendo

com que haja, não apenas divisão celular, como diferenciação. Este processo, denominado de

"micropropagação", permite que se faça, a partir de algumas células a clonagem de indivíduos.

Auxinas e reguladores de crescimento

O ácido indol-acético é a auxina natural que, produzida pelo vegetal,controla muitos de seus processos

metabólicos.

Existem outros produtos, como os ácidos naftaleno-acético, indol-butírico e indol-propiônico, que têm

efeitos semelhantes e que como não são naturalmente produzidos pelos vegetais não devem ser

chamados de hormônios, mas de reguladores de crescimento.

Giberilinas

Grupo de hormônios descoberto por cientistas japoneses, que têm atuação complementar à das auxinas.

Seus principais efeitos são:

1 - acentuada elongação de caules e ramos, principalmente de plantas anãs, que passam a crescer até o

tamanho que seria o normal da espécie.

2 - provocam a quebra da dormência e aceleram a germinação de muitas sementes.

Page 23: Hormonios vegetais

3 - fazem com que as plantas que só florescem quando os dias são longos floresçam mesmo com dias de

duração mais curta.

4 -provocam a formação de frutos partenocárpicos com a mesma eficiência que as auxinas.

Citocininas

São os hormônios que controlam a divisão celular e quer juntamente com as auxinas controlam, também,

a diferenciação celular.

Etileno

Tem um efeito importante acelerando o amadurecimento dos frutos e controlando, também a sua queda e

envelhecimento (senescência).

Os frutos ao iniciarem o amadurecimento começam a produzir o etileno, o que faz com que o

processosse acelere. É por isso que ao se colocar uma maçã madura perto de outras ainda verdes o

amadurecimento destas se acelera

Vitaminas

Nos vegetais as vitaminas têm papel de hormônios, sendo de se notar que a tiamina, a piridoxina e o

ácido nicotínico têm um papel importante na formação de raízes.

Fatores externos que influenciam o crescimento

Fotoperiodismo

É a influencia da duração do dia no florescimento dos vegetais. A esse respeito as plantas podem ser

classificadas em:

Plantas de dias longos

São plantas que florescem geralmente no fim da primavera e no verão, quando os dias são longos.

Neste caso a duração do dia tem que ser maior do que um período mínimo para que o vegetal possa

florescer.

Page 24: Hormonios vegetais

É interessante notar que, mesmo que o dia seja curto, se interrompermos a noite longa, estas plantas

florescem, o que indica que a duração das horas de escuridão e a duração do período iluminado é que faz

o vegetal florescer.

Plantas de dias curtos

São plantas que florescem geralmente no início da primavera, quando os dias são mais curtos. Neste

caso a duração do dia não deve ultrapassar um período máximo para que a planta possa produzir suas

flores.

Plantas indiferentes

Podem florescer em qualquer época do ano, não dependendo da duração dos dias.

É interessante notar que, se a noite longa for interrompida por alguns momentos, e se logo após a

expusermos a uma luz vermelha com comprimento de onda longo, o efeito da interrupção é anulado.

Mecanismo do fotoperiodismo

O mecanismo do fotoperiodismo é explicado pela existência de um pigmento denominado fitocromo que,

dependendo da duração e da qualidade da luz que o ilumine, se transforma em um produto ativo que, em

quantidades adequadas, provoca o florescimento.

Page 25: Hormonios vegetais

Estiolamento

Quando as plantas são colocadas em um ambiente sombreado, ou no escuro, o seu crescimento é mais

rápido. Nestas condições, no entanto, como não se alimentam ou se alimentam mal, por cair a

intensidade da fotossíntese, suas folhas ficam pequenas e amareladas e o vegetal, fraco e quebradiço

Fotoblastismo

É a influência da luz na germinação das sementes. A esse respeito as plantas podem ser fotoblasticas

positivas (que só germinam na luz) e fotoblásticas negativas (que só germinam no escuro).

Efeitos da temperatura

Toda a planta tem uma temperatura mínima, abaixo da qual não sobrevive; uma temperatura ótima, onde

se crescimento é maior, e uma temperatura máxima, que lhe causa a morte.

O efeito letal do frio nem sempre é provocado pelo congelamento da seiva mas, muitas vezes, pela falta

de água que provoca.

Por outro lado, as altas temperaturas não só provocam uma perda excessiva de água como inativam

enzimas indispensáveis para a manutenção da vida.

Termoperiodismo

É a influência do frio no florescimento dos vegetais. A maioria das plantas necessita atravessar um

período frio, que desperta os seus botões florais, para depois florescer.

O fato de se fazer passar a planta pelo período frio que provoca o seu florescimento chama-se

vernalização, que pode ser natural ou artificial.

Page 26: Hormonios vegetais

Uma planta precisa de diversos fatores, internos e externos, para crescer e se desenvolver, e isto inclui

diferenciar-se e adquirir formas, originando uma variedade de células, tecidos e órgãos, como já vimos

em nosso curso prático de botânica.

Como exemplos de fatores externos que afetam o crescimento e desenvolvimento de vegetais, podemos

citar luz (energia solar), dióxido de carbono, água e minerais, incluindo o nitrogênio atmosférico (fixado

por bactérias fixadoras e cianofíceas), temperatura, comprimento do dia e gravidade.

Os fatores internos são basicamente químicos e serão discutidos neste texto. Os principais fatores

internos são os chamados hormônios vegetais ou fitormônios, substâncias químicas que atuam sobre a

divisão, elongação e diferenciação celular.

Hormônios vegetais são substâncias orgânicas que desempenham uma importante função na regulação

do crescimento. No geral, são substâncias que atuam ou não diretamente sobre os tecidos e órgãos que

os produzem (existem hormônios que são transportados para outros locais, não atuando em seus locais

de síntese) , ativos em quantidades muito pequenas, produzindo respostas fisiológicas especificas

(floração, crescimento, amadurecimento de frutos etc).

A palavra hormônio vem a partir do termo grego horman, que significa "excitar". Entretanto, existem

hormônios inibitórios. Sendo assim, é mais conveniente considerá-los como sendo reguladores químicos.

A atuação dos reguladores químicos depende não apenas de suas composições químicas, mas também

de como eles são " percebidos" pelos respectivos tecidos-alvo, de forma que um mesmo hormônio

vegetal pode causar diferentes efeitos dependendo do local no qual estiver atuando (diferentes tecidos e

órgãos) , da concentração destes hormônios e da época de desenvolvimento de um mesmo tecido.

Os grupos de fitormônios conhecidos atualmente

Cinco grupos ou classes de hormônios vegetais (ou fitormônios) são reconhecidos:

Auxinas

Citocininas

Page 27: Hormonios vegetais

Giberelinas

Acido abscísico

Etileno.

Destes cinco grupos, o das giberelinas será enfocado com maior detalhe uma vez que foi utilizado no Fast

Plants. Os demais grupos serão apresentados sob a forma de tabela.

As giberelinas

A história inicial das giberelinas foi um produto exclusivo dos cientistas japoneses. Em 1926, E.Kurosawa

estudava uma doença de arroz (Oryza sativa) denominada de doença das "plantinhas loucas" , na qual a

planta crescia rapidamente, era alta, com coloração pálida e adoentada, com tendência a cair. Kurosawa

descobriu que a causa de tal doença era uma substância produzida por uma espécie de fungo, Gibberella

fujikuroi, o qual parasitava as plântulas. A giberelina foi assim denominada e isolada em 1934. As

giberelinas estão presentes possivelmente em todas as plantas, por todas as suas partes e em diferentes

concentrações, sendo que as mais altas concentrações estão em sementes ainda imaturas. Mais de 78

giberelinas já foram isoladas e identificadas quimicamente. O grupo mais bem estudado e o GA3

(conhecido por acido giberélico), que é também produzido pelo fungo Gibberella fujikuroi.

As giberelinas têm efeitos drásticos no alongamento dos caules e folhas de plantas intactas, através da

estimulação tanto da divisão celular como do alongamento celular.

Locais de produção das giberelinas no vegetal

As giberelinas são produzidas em tecidos jovens do sistema caulinar e sementes em desenvolvimento. É

incerto se sua síntese ocorre também nas raízes. Após a síntese, as giberelinas são provavelmente

transportadas pelo xilema e floema.

Giberelinas e os mutantes anões

Aplicando giberelina em plantas anãs, verifica-se que elas se tornam indistinguíveis das plantas de altura

normal (plantas não mutantes), indicando que as plantas anãs (mutantes) são incapazes de sintetizar

giberelinas e que o crescimento dos tecidos requer este regulador.

Giberelinas e as sementes

Em muitas espécies de plantas, incluindo o alface, o tabaco e a aveia selvagem, as giberelinas quebram a

dormência das sementes, promovendo o crescimento do embrião e a emergência da plântula.

Especificamente, as giberelinas estimulam o alongamento celular, fazendo com que a radícula rompa o

tegumento da semente.

Page 28: Hormonios vegetais

Giberelinas e desenvolvimento de frutos

Giberelinas, assim como auxinas, podem causar o desenvolvimento de frutos partenocárpicos (sem

sementes), incluindo maçã, abóbora, berinjela e groselha. A maior aplicação comercial das giberelinas é

na produção de uvas para a mesa. O ácido giberélico promove a produção de frutos grandes, sem

sementes, soltos entre si.

Aplicações práticas das giberelinas

Giberelinas podem ser usadas na quebra de dormência de sementes de várias espécies de vegetais,

acelerando a germinação uniforme de plantações. Em sementes de cevada e outras gramíneas, a

giberelina produzida pelo embrião acelera a digestão em reservas nutritivas contidas no endosperma

(região rica em reservas), pois estimula a produção de enzimas hidrolíticas.

Giberelinas podem ser usadas para antecipar a produção de sementes em plantas bienais. Juntamente

com as citocininas, desempenham importante papel no processo de germinação de sementes.

Giberelinas e auxinas são largamente utilizadas para a produção de frutos partenocárpicos (sem

sementes).

Giberelinas estimulam o florescimento de plantas de dia longo (PDL)) e bienais.

Page 29: Hormonios vegetais

Os outros quatro grupos de hormônios vegetais

Hormônio Local de síntese Transporte Efeitos

Auxinas (AIA) Meristema apical (caule), folhas jovens e sementes.

Polarizado (do caule para as raízes), através do parênquima, de célula a célula.

Estimula a elongação do caule e da raiz, atua no fototropismo e no geotropismo, causa a dominância apical sobre as gemas laterais do caule, atua no desenvolvimento dos frutos, induz a formação de raízes adventícias em estacas, inibe a abscisão de folhas e frutos, estimula a síntese de etileno.

Citocininas (cinetina)

No ápice das raízes, principalmente.

Via xilema, das raízes para o sistema.

Afeta o crescimento e a diferenciação das raízes, quebra a dominância apical em gemas laterais (efeito oposto ao da auxina), estimula a divisão e o crescimento celulares, estimula a germinação e a floração, retarda o envelhecimento (cinetina é um tipo de citocinina).

Ácido abscísico(ABA)

Em folhas maduras (velhas), especialmente como resposta a estresse hídrico. Pode ser sintetizado em sementes.

ABA é exportado a partir das folhas pelo floema.

Inibe o crescimento; fecha os estômatos quando falta água; atua na quebra e dormência das sementes.

Etileno (C2H4) Em muitos tecidos em resposta ao estresse, especialmente tecidos submetidos a senescência e abscisão (frutos em amadurecimento, folhas velhas..).

Sendo um gás, o etileno move-se por difusão do seu local de síntese.

Amadurecimento de frutos (especialmente em frutos climatéricos como maçã, bananas e abacates), senescência das folhas e flores; abscisão de folhas e frutos.

Aplicações práticas dos outros quatro grupos de hormônios vegetais (Cesar e Sezar, 1996, modificado)

Na agricultura

Auxinas e giberelinas sintéticas: pulverizadas nas culturas, estas substâncias provocam a floração

simultânea de plantações de abacaxi, evitam a queda prematura de laranjas e permitem a formação de

uvas sem sementes. Aumentam ainda o tempo de armazenamento de batatas, impedindo o brotamento

de suas gemas.

Experimentos para a produção de cultura de tecidos vegetais com auxinas e citocininas em soluções

nutritivivas contendo sais minerais, açúcar, vitaminas e aminoácidos. A partir disso, são produzidas

grandes massas de tecidos (calos) de maçã, pêra, cenoura, batata e outros. Com estes calos, podem ser

obtidas novas plantas, selecionadas e isentas de parasitas. Experimentos clássicos realizados em 1950

Page 30: Hormonios vegetais

foram feitos para obter clones (plantas geneticamente iquais, obtidas a partir de células somáticas de um

único vegetal) de cenouras por cultura de tecidos.

Utilização de hormônios vegetais como herbicidas seletivos: alguns deles, como a 2,4 –D (ácido dicloro-

fenoxiacético, uma auxina sintética) são inócuos para gramíneas como arroz, trigo, centeio, porem matam

ervas daninhas de folhas largas como carrapichos, picões, dentes-de-leão.

Para outras finalidades

Alguns hormônios sintéticos podem ser tóxicos para os animais e o homem; seu uso indiscriminado pode

desencadear efeitos colaterais nocivos as comunidades e aos ecossistemas. E outra auxina sintética, a

2,4,5-T ( ácido tricloro-fenoxiacético), usado como agente desfolhante na guerra do Vietnã. Foi

demonstrado que esta substância é responsável por deformações nos embriões dos mamíferos. Os

efeitos perigosos da substância decorrem de sua contaminação por traços de benzodioxina, substância

que se forma durante a fabricação do hormônio. Pesquisas recentes mostram que apenas cinco partes

por trilhão de dioxina podem aumentar significativamente a probabilidade de ocorrência de cânceres de

vários tipos.

Glossário

Partenocarpia: desenvolvimento de um fruto que não foi fecundado e que portanto não tem sementes.

(parthenon: virgem, não fecundo).

Senescência: envelhecimento.

Abscisão: queda de folhas ou de outras partes da planta.

Endosperma: reserva nutritiva das sementes. Veja a figura abaixo, retirada de

Page 31: Hormonios vegetais

Dominância apical: influência inibitória da gema apical sobre as gemas laterais. Quando a gema apical é

removida, as gemas laterias podem então iniciar seu crescimento. A dominância apical se deve ao

fitormônio auxina produzido principalmente pela gema apical.

Fotoperíodo: relação entre a duração dos dias (período iluminado) e das noites (período de escuro).

Plantas de dia curto (PDC): são aquelas que florescem quando a duração da noite (período escuro) é

igual ou maior que um determiado valor, denominado fotoperíodo crítico. Plantas de dia curto florescem

no fim do verão, no outono e no inverno, como o crisântemo, morangos, prímulas.

Plantas de dia longo (PDL): são aquelas que florescem quando o período de escuro é inferior ao

fotoperíodo crítico. Florescem principalmente no verão, como o espinafre e a alface.

Tropismo: é o nome que se dá ao crescimento de uma planta em resposta a algum estímulo externo.

Assim, fototropismo é o tropismo cujo estímulo é a luz e geotropismo é o tropismo cujo estímulo é a

gravidade.