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Homeopatia e Circunstância
Ítalo Astoni
A Importância das Circunstâncias
• § 245: “...temos visto a atenção que convém prestar...às principais diferenças das doenças e as circunstâncias peculiares a elas relacionadas...”
• Kent: “Não pode haver homeopatia se não houver regular e legítima valorização da circunstância.”
• A Homeopatia é medicina de circunstância.
Circunstância e Definições
• Situação, estado ou condição de coisas ou pessoas, em determinado momento.
• Fato, aspecto, ocorrência passível de observação, portanto, um fenômeno.
• Particularidade.
• Causa, motivo.
• Circu(m) + Instância.
• Circu(m): Em redor, em volta de; Perto de.
Movimento ou situação em torno.
• Círculo: Movimento circular.
• Circular: Redondo, esférico, que tem a forma perfeita.
Que tem a forma curva e portanto torna, retorna ao ponto de partida.
• Circunda: Envolve
• Instância: Instante.
• Instante: Momento; Ocasião, hora.
• Momento: Espaço pequeniníssimo, mas indeterminado, de tempo.
Oportunidade.
• Circu(m) + Instância => Círculo + Instante => Redondo, esférico + Momento => Curva e retorna + Momento => Ao retornar, reflete, volta sobre si mesmo e pondera + Momento => Modera + Momento => Renova + Momento => É tempo, é tempo presente, que presenteia; É oportunidade de renovação.
O Ser Emanando a Própria Circunstância
• A Circunstância é emanação, é a expansão da Unidade que a produz e supõe.
• É continuidade, é o próprio Ser desdobrando-se em multiplicidade, em diversidade.
• É revelação, é o espelhamento da singularidade de cada Um, seu enfoque particular.
• Toda PES e toda DOENÇA originam-se dentro do sujeito, saindo dele => Nenhum organismo, portanto, é vítima das circunstâncias.
Circunstância e Círculo
• A Circunstância é manifestação circular, dependente da natureza do Ser, que interage enredando, envolvendo.
Circunstância e Corpo
• A Circunstância é o corpo, a cobertura, é o envoltório do Ser que protege a vida e promove a saúde.
Circunstância e Totalidade
• A Circunstância é inseparável do Ser, fazendo parte de sua totalidade.
• Ela integra tanto a representação de doença quanto a escolha do meio de cura, devendo, portanto, ser incluída no tratamento homeopático.
Circunstância e Sintoma
• Sim-toma é toda manifestação do Ser.
• Toda Circunstância é reconhecida exteriormente através dos sentidos, como um sim-toma.
• A Circunstância, compondo a totalidade orgânica ou sintomática, é um sim-toma representativo da natureza do Ser e de seu estado de morbidez.
Circunstância e Medicação
• A Circunstância, sendo um sim-toma, como totalidade, pode ser medicada, semelhantemente, podendo-se curá-la ou dela se curar.
• A Circunstância pode funcionar como um remédio para sua respectiva morbidez, sendo, portanto, capaz de curar.
A Circunstância Como Fator
Desencadeante do Adoecimento
• A Psora é a causa pré-existente, interna, ativa, de terreno e eficiente dos transtornos de saúde e das doenças existentes.
• As Circunstâncias do corpo e da alma despertam, desencadeiam e desenvolvem a psora interna adormecida, o estado de adoecimento, podendo mesmo cronificá-lo.
• A Circunstância, portanto, é ocorrência de relação.
As Circunstâncias “Adversas”
• As Circunstâncias do corpo e da alma que desencadeiam a doença são chamadas “adversas”, “desfavoráveis”.
• As Circunstâncias “adversas”, se forem excessivas e habituais, têm o poder de arruinar a saúde.
• Algumas vezes, a cura só é possível evitando-se as circunstâncias “adversas”.
As Circunstâncias “Favoráveis”
• As Circunstâncias do corpo e da alma que produzem, ocasionalmente, uma pausa, maior ou menor, na doença, aparentando haver saúde, são ditas “favoráveis”.
• Elas podem ser interpostas para moderar a doença ou mesmo restabelecer a saúde, se a psora não estiver muito desenvolvida.
• Entretanto, para a recuperação completa da saúde, é importante um tratamento anti-psórico.
Circunstância e Semelhança
• A Circunstância deve ser abordada e tratada em base à semelhança, à inclusão, à auto-implicação.
• A Semelhança supõe a contradição da circunstância, moderando-a, neutralizando-a e promovendo a saúde.
• O experimentador produz e atualiza em si, por semelhança, o medicamento circunstancial necessário à cura.
A Circunstância Como Enantiose da Individualidade
• A Circunstância espelha a individualidade produzindo oponência, enantiose.
Circunstância e Susceptibilidade
• O Ser manifesta-se na multiplicidade através de sua susceptibilidade.
• As Circunstâncias desenvolvem a susceptibilidade, sendo capaz de torná-la idiossincrásica.
Circunstância e Idiossincrasia
• A Circunstância espelha a individualidade do Ser como um enfoque da idiossincrasia.
• A Circunstância e a idiossincrasia implicam-se contraditória e simbolicamente.
• A Circunstância e a idiossincrasia devem relacionar-se confraternizando, e não guerreando.
Circunstância e Denúncia
• A Circunstância, ao espelhar a individualidade, denuncia a idiossincrasia do Ser.
• Devemos acolher a denúncia da circunstância como elemento indutor de auto-conhecimento e promotor de saúde.
Circunstância e Obstáculo
• As Circunstâncias e seu abuso podem funcionar como obstáculos, como mantenedores do estado de adoecimento, dificultando ou mesmo impedindo a cura, devendo, neste caso, ser simplificadas, evitadas, afastadas.
Circunstância, Simplificação e Comunhão
• A suposição do Um simplifica a circunstância.
• A Circunstância, simplificada, propicia a comunhão com o Um suposto da individualidade, ressignificando os sujeitos.
• Devemos tornar-nos comuns com a circunstância, sujeitando-nos a ela em comunhão.
• Promover saúde é trabalhar a simplificação e a comunhão da circunstância.
Circunstância, Moderação e Neutralização
• As Circunstâncias, muitas vezes, não podem ser excluídas => A sua morbidez, entretanto, sempre pode, através da moderação.
• A dor circunstancial recobra a moderação e esta neutraliza e simplifica a circunstância.
• É preciso, portanto, se moderar na circunstância para moderar e neutralizar a circunstância.
• A moderação em todas as coisas supera a instintividade transformando-se em saúde.
Circunstância e Lei
• Kent: “Não pode haver homeopatia se não houver regular e legítima valorização da circunstância.”
• A Circunstância é colheita compulsória que nos reforma corrigindo.
• Ela manifesta o mérito suposto da lei que ordena oculta.
Circunstância e Amor
• A lei manifesta-se na circunstância como realização do amor da vida.
• Devemos amar a circunstância, que nos ama, em toda a sua singularidade e diversidade.
• A “conspiração” da circunstância é ato de amor que nos evolui, promovendo saúde.
Circunstância e Tempo
• A Circunstância, passageira, é domínio temporal.
• Incluir a fugidia circunstância qualifica as horas, o tempo.
• Só o tempo “chegado” é capaz de curar as circunstâncias idiossincrásicas do corpo e da alma.
Circunstância e Memória
• A experiência dolorosa da circunstância evoca re-mini-scências, recupera a memória ideal, modificando a trajetória individual.
Circunstância e Sensação
• A Circunstância compõe nosso mundo sensível e revela sua suposição através da sensação.
Circunstância e Auto-conhecimento
• A vivência da Circunstância é fonte de auto-conhecimento.
• O auto-conhecimento, plástico, re-forma todo o organismo, criticamente, curando-o e libertando-o do domínio temporal da circunstância.
Circunstância, Reflexão e Consciência
• A Circunstância produz reflexão e promove consciência, ressubjetivando o Ser.
• Hahnemann considerava a conscienciosa investigação criteriosa das circunstâncias de cada doente em particular e a cura das pessoas especialmente nelas baseada, a atividade mais reflexiva de todas.
Circunstância, Modo, Dieta e Regime de Vida
• As Circunstâncias e o modo de vida responsabilizam-se pela infinita contingência psórica.
• A psora pode permanecer adormecida, frente a circunstâncias “adversas”, se o indivíduo tiver modos.
• O médico deve guiar-se pelas descobertas de auto-conhecimento oriundas das circunstâncias ao prescrever em relação ao modo, à dieta, ao regime de vida.
• O homeopata inclui-se na circunstância do doente através do seu próprio regime de vida, o que o habilita na ordenação do processo de saúde.
Circunstância e Cura
• A Cura baseia-se na conscienciosa investigação criteriosa das circunstâncias de cada doente em particular.
• A Cura é a perda da sensação de morbidez presente na essência das circunstâncias.
Circunstância, Renovação e Conveniência
• A Circunstância, possibilitando moderação e consciência, nos reforma e renova segundo sua própria conveniência, promovendo saúde.
Circunstância e Suficiência
• As Circunstâncias contêm a revelação essencial suficiente a ser apreendida.
• Tudo o que envolve cada Um é medida exata para sua própria recuperação se processar, nada sendo, pois, demasiado ou deficitário.
Circunstância e Preconceito
• Devemos acolher o sintoma ou circunstância sem juízo prévio ou pré-juízo.
• Não excluas os sintomas ou circunstâncias familiares e recorrentes. Interrogue-os.
O Outro Como Circunstância
• Na homeopatia, o outro é representação da circunstância.
Circunstância e Paz
• Mantenha-se sempre em paz em sua relação com a circunstância.
Circunstância e Experimentação
• A Circunstância, sendo um fenômeno, é objeto de experimentação.
A Superação da Circunstância
• Superar a Circunstância é aceitar-lhe o aguilhão, acolhendo sua denúncia idiossincrásica.
• É retirar dela sua conotação de morbidez, modificando-se interiormente, promovendo, assim, a própria saúde.
Circunstância e Divindade
• Toda realidade circunstancial, embora corrupta e diversa, é divina.
Um rei ,que não acreditava na bondade de DEUS, tinha um
servo que em todas as situações lhe dizia: “Meu rei, não desanime porque tudo
que Deus faz é perfeito , Ele não erra!”
Um dia, eles saíram para caçar e uma fera atacou o rei. O seu servo conseguiu matar o animal, mas não pôde evitar que sua majestade perdesse
um dedo da mão.
Furioso e sem mostrar gratidão por ter sido salvo, o monarca perguntou: “Deus é bom? Se
Ele fosse bom eu não teria sido atacado e perdido o meu dedo.”
O servo apenas respondeu: “Meu rei, apesar de todas essas coisas, só posso dizer-lhe que Deus é bom; e ele sabe o por
quê de todas as coisas!
O que Deus faz é perfeito. Ele nunca erra!” Indignado com a
resposta, o rei mandou prender o seu servo . Tempos depois,
saiu para uma outra caçada e foi capturado por selvagens que faziam sacrifícios humanos.
Já no altar, prontos para sacrificar o nobre, os selvagens perceberam que a vítima não
tinha um dos dedos e soltaram-na: ele não era perfeito para ser
oferecido aos deuses.
Ao voltar ao palácio, o rei mandou soltar o seu servo e recebeu -o
afetuosamente: “Meu caro, Deus foi realmente bom comigo! Escapei de
ser sacrificado pelos selvagens justamente por não ter um dedo!
Mas tenho uma dúvida: se Deus é tão bom, por que permitiu que você, que tanto o defende, fosse preso?”
“Meu rei, se eu tivesse ido com o senhor nessa caçada, teria sido sacrificado em seu lugar, pois não me falta dedo
algum.”
Obrigado!