Anexo B ao Relatório da Mostra Fred Astaire – Um Convite à Dança!

HOMENAGEM A RAUL ROULIEN

1- BREVÍSSIMO ESBOÇO BIOGRÁFICO

Raul Roulien (Raul Pepe Acolti Gil) nasceu em 8 de outubro de 1905, no Rio de

Janeiro e faleceu na capital paulista em 8 de setembro de 2000 (problemas cardíacos), fato

com pouca repercussão na Imprensa o que nos leva prestar-lhe esta singela, porém,

emocionada homenagem. Durante a nossa Mostra, apareceu em papel de destaque no

clássico Voando Para o Rio ( Flying Down To Rio).

Apesar de carioca, fez fama inicialmente na Argentina como cantor, pianista e

compositor e onde deram-lhe o título de O Rei do Tango das Américas. De volta ao

Brasil, trabalhou no teatro de variedades e gravou inúmeros discos de sucesso e um deles

chegou a vender 140 mil cópias, numa época em que nossa população era de 36 milhões de

habitantes. Lançou dois clássicos da música popular brasileira, Guacira e Favela, da

consagrada dupla Heckel Tavares e Joracy Camargo.

Em 1931, viaja para Nova York e consegue ser contratado pela Fox, iniciando uma

carreira de sucesso no Cinema além-mar. Em 1937, voltando ao Brasil, dedicou-se ao

Cinema Brasileiro, até 1950, dirigindo vários filmes e como ator em Grito da Mocidade.

No período final de sua vida , radicou-se na cidade de São Paulo onde colaborou com a

TV e escreveu artigos para vários jornais. Era comum vê-lo na Papelaria Lorge (Rua

Wenceslau Bráz), toda tarde, conversando com amigos.

Eis algumas informações adicionais sobre este grande artista e figura humana: era

monarquista convicto, torcedor apaixonado do Botafogo e afilhado do célebre baiano Ruy

Barbosa. Foi casado por duas vezes e não teve filhos. Sua segunda esposa, Diva Tosca,

também atriz, foi atropelada e morta em Hollywood (1933) por um jovem roteirista

embriagado que, mais tarde, seria um dos maiores diretores do Cinema.

2- UM EPISÓDIO DIVERTIDO (exceto para o Roulien...)

Numa bela manhã de domingo, Raul Roulien trajando-se com o habitual apuro,

dirigiu-se à residência do célebre compositor George Gershwin, para ouvir a canção

Anexo B ao Relatório da Mostra Fred Astaire – Um Convite à Dança!

Delicious que interpretaria no filme de mesmo nome. Na sua discreta elegância havia

como novidade uma linda calça de flanela importada, última moda nos idos de 1931.

Ao chegar à porta notou que, atrás do Gershwin, um feroz cão rosnava para ele.

Amedrontado, exigiu:

“George, por favor, acorrente esta fera!”

“Fique tranqüilo... é só aparência, ele é um cão dócil e inofensivo” , disse o dono

da casa.

“Este cachorro vai me atacar...”

“Não seja medroso, ENTRE!!!”

Como precaução, o apavorado Roulien colocou, somente, o pé na soleira da porta.

Foi o bastante para que o raivoso animal saltasse para mordê-lo. O precavido Raul

conseguiu retroceder um pouco, porém, o cão ainda alcançou a badalada calça e a rasgou

de cima a baixo...

“Minha preciosa e caríssima calça de flanela inglesa...”

Lamentava, quase 40 anos depois, a irada vítima.

O seu ouvinte, o grande João Lepiane (imorredoura saudade...), o consolou com

esta “tirada” fenomenal:

“Ôôô... Raul! Você devia estar orgulhoso... você teve a calça rasgada pelo cão do

lendário George Gershwin. Isto é uma glória!...”

Ambos riram e entraram num bar do Centro da Cidade.

3- UMA PEQUENA AMOSTRAGEM DA CARREIRA DE RAUL ROULIEN