Upload
others
View
2
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA
3
DECLARAÇÃO
Declaro que esta obra é puramente fictícia, e foi criada
com o intuito de colaborar com a preservação da natureza
e seus segmentos.
A autora.
HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA
4
SUMÁRIO
As lágrimas de Mãe Natureza......................................5
Senhor Jatobá............................................................8
Fred e o Peixe falante..............................................11
Tucanola....................................................................16
A casa de Oncilda......................................................20
Ararina........................................................................23
Luigi e o Pé de Cedro................................................26
O aniversário de Aroeira Brasil da Silva....................30
A solidão de Castanhola............................................33
Jacareína...................................................................36
A festa das Flores......................................................40
HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA
5
As lágrimas de Mãe Natureza
atureza sempre fora uma mãe muito
dedicada a seus filhos. Todos eles são
lindos e diferentes, não existe nenhum igual
ao outro.
Certo dia Natureza descobriu que estava doente e
ficou muito triste com isso. Ela estava cheia de feridas
muito graves. Algumas delas talvez nem tivessem mais
cura. Natureza chorou muito.
N
HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA
6
Ararinha, uma de suas filhas, viu que a mãe chorava
muito, então voou e foi chamar outros animais para
confortá-la.
- Mamãe, porque choras tanto assim? Estamos aqui
com você e não vamos abandoná-la! – disse o Jacaré,
confortando-a. Mas Mãe Natureza não parava de chorar. E
quando viu alí seus filhos todos reunidos, ela então buscou
forças no seu coração e disse:
- Meus filhinhos, não estou chorando por mim e nem
por minhas feridas, eu estou chorando é por causa de
vocês! Pois se eu morrer, vocês também não vão
sobreviver! Isso é muito triste para mim...
Neste momento, o leão ergueu a cabeça com
coragem e disse para sua mãe:
- Olhe mamãe, eu tenho uma idéia! – vamos nos unir
e fazer um apelo aos humanos para que eles nos
socorram. Quem sabe mamãe, eles nos escutem! Eu sei
que suas feridas foram feitas por alguns humanos
inconscientes do mal que estavam fazendo, porque muitos
homens não sabem que não podem maltratar a senhora,
que é a nossa Mãe Natureza! Eu tenho fé de que a senhora
ainda pode ser curada! Não vamos ficar sem você
mamãe... Não vamos...
HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA
7
E todos os filhos de Mãe Natureza ficaram alí,
juntinhos esperando que ela melhorasse um pouco e
voltasse a ter esperanças de que tudo um dia iria mudar.
Os humanos se tornariam mais dedicados e cuidadosos
com a Mãe Natureza e com todos os seus filhinhos.
HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA
8
Senhor Jatobá
m uma pequena reserva de floresta
conservada ainda viva, com um verde
profundo e ar puro, vivia um senhor muito
distinto. Ele era alto e forte, tinha uma aparência
esplendorosa. Seu nome? Jatobá! Ele era uma árvore
notável e muito importante naquele lugar, e já vivia ali há
muitos e muitos anos.
Jatobá todas as noites contemplava as estrelas do
céu. Ele as admirava por tão grande beleza e imenso
brilho.
E
HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA
9
Vivia rodeado de amigos que sentiam proteção
quando a seu lado. Devido ao seu belo porte, todos o
respeitavam muito.
Mas certo dia, de repente, Jatobá ouviu um barulho
muito estranho que ele desconhecia, e sentiu medo, muito
medo mesmo. Tremendo-se todo, questionou-se em
pensamentos – meu Deus, o que está acontecendo
comigo? – E depois de alguns instantes, Jatobá percebeu
que aquele barulho vinha de um pequeno monstrinho cheio
de dentes. Era ele que estava a serrar o seu tronco,
destruindo sua vida de árvore majestosa.
A fraqueza foi tomando conta dele e logo ele começou
a se sentir fraco. Já sentia dificuldade até pata respirar.
Depois de algum tempo, e já quase sem vida, Jatobá
olhou em sua volta para cada árvore, grandes e pequenas,
olhou para cada animal ao seu redor e despediu-se de
todos. Era a última vez que ele comtemplava os seus
amigos e companheiros com olhos de árvore – adeus
amigos! Eu espero que não aconteça o mesmo a vocês. Eu
sei que isso foi obra do homem, mas um dia eles
aprenderão a conservar a natureza, porque saberão a
importância de cada árvore, de cada rio, de tudo que
mantém a terra viva. – E após despedir-se, Jatobá caiu por
HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA
11
Fred e o Peixe Falante
red era um garoto de seis anos de idade que
adorava passear na fazenda de seu pai. Era
chegar às férias do colégio, e ele logo
arrumava a sua mochila. O pai de Fred já sabia que ele
estava pronto para a viagem.
Sempre que chegava na fazenda, a primeira coisa que
Fred fazia era arrumar suas tralhas de pesca, porque
pescar no lago era algo que ele fazia com paixão.
Certa vez ao chegar à fazenda, Fred correu para o
lago e tratou de procurar um bom lugar para se apoiar e
F
HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA
12
praticar a sua pescaria. Porém neste dia, Fred teve uma
grande surpresa.
Depois de alguns minutos que havia atirado o anzol na
água, sentiu puxar a linha com muita força. – Parece um
peixe grande! – pensou ele. Levantou-se e foi ajeitando a
linha para aproximar o peixe. Estava bastante tranquilo,
não queria perder aquele peixão.
O peixe foi se aproximando da margem do lago, e, de
repente, Fred ouviu uma voz que ele não soube identificar
de onde vinha. Olhou a sua volta e não viu ninguém! Um
pensamento lhe veio em mente, mas ele não queria
acreditar – seria possível que aquele peixe estava falando
com ele?! O som daquela voz parecia vir de dentro do lago!
E novamente a voz falou:
– Qual é garoto, me deixa em paz!
Desta vez Fred não teve dúvidas, o peixe estava
mesmo falando com ele! Como poderia ser isso?! Um peixe
falante!
- Quem está aí? Quem está falando comigo? –
perguntou Fred um tanto assustado.
E o peixe então respondeu:
- Ora rapazinho, sou eu mesmo! Dá para tirar este
anzol da minha boca? É esse o nome, não é? Anzol! Já
HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA
13
ouvi muitos pescadores falarem aqui na beira do lago. Isso
está me machucando, sabia? – disse o peixe já nervoso.
Fred estava muito assustado, mesmo assim puxou a
linha um pouco mais, e finalmente pôde ver o peixe.
- Mas o que é isso?! Eu nunca vi um peixe falar! –
disse Fred com assombro.
- Nunca viu é? Pois agora está vendo! Saiba que eu
falo porque sou um peixe diferente. Agora tira logo este
anzol da minha boca, eu não vou fugir de você! Até porque,
eu tenho que mandar um recado para o seu pai – disse o
peixe, dando uma rabanada na água.
- Recado?! – perguntou Fred, retirando o anzol logo
em seguida.
- Sim, um recado! Diga para o seu pai parar de cortar
as árvores em volta do meu lago porque ele está secando!
- Meu Deus, eu nunca vi um bicho falar, e muito
menos um peixe! – disse Fred novamente. E ficou
pensativo por alguns instantes, com os olhos estatelados.
- Garoto?! Garoto?! Cadê você? Não vai falar comigo?
– perguntou o peixe.
- Claro! É que... Eu estou um pouco assustado sabe!
O que você disse mesmo?
HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA
14
- Meu Deus! Esses garotos de hoje andam com a
cabeça não sei aonde! Desta vez vou falar pausadamente
para ver se você entende ok? Eu - disse - para – você –
pedir - para - o – seu – pai – para – não – cortar – mais –
as – árvores - em – volta – do – meu – lago! – Porque –
isso – faz – o - meu – lago - secar! Você entendeu garoto?
Ou quer que eu desenhe? Já aviso logo que falar para mim
que sou um peixe até que é fácil, agora... desenhaaar...
Não dá não sabe, é que eu não tenho mãos assim como as
suas, sabe?
Fred respondeu:
- Mas eu sempre vim aqui, e porque você nunca falou
sobre isso comigo antes? – Fred quis saber.
- Eu esperava que seu pai despertasse a consciência
e percebesse que está destruindo a natureza. Sem falar de
nós aqui do lago, eu e meus amigos, a minha família...
Você não tem idéia de quantos somos nós garoto! Além do
mais, eu não queria ver um garoto assim, com cara de
bobo.
- Como assim? Garoto com cara de bobo?! Quem é
esse garoto? Não está se referindo a mim, não é? – Fred
perguntou para o peixe.
HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA
15
- Não, não. Claro que não... – depois de negar, o
peixe confirmou baixinho para que Fred não o ouvisse,
senão ficaria magoado com ele.
- Ora se não!
- Tudo bem Peixe Falante, eu vou pedir para o meu
pai deixar as árvores vivas em volta do seu lago, pode ficar
tranqüilo. Só não vou dizer a ele que falei com um peixe,
ele nunca vai acreditar! – Fred sorriu junto com o peixe.
Fred e o peixe falante se tornaram grandes amigos. E
nos anos seguintes, Fred continuou visitando o seu amigo
peixe, mas nunca revelou a ninguém que eles
conversavam, pois isso era um segredo somente deles.
HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA
16
Tucanola
rande Tucano, cheio de charme... E o bico
então, nem se fala! É o mais bonito que eu
já vi. – comentou uma tucana chamada
Sarita, com a sua amiga Dadá. Elas estavam a observar
aquele jovem tucano há bastante tempo. Tucanola nem se
deu conta de que estava sendo observado, e ainda, que
estava em cima de uma árvore a ponto de cair! Pois a
coitadinha da árvore estava tão danificada por falta de
G
HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA
17
água, que já estava quase morta. Passava sede há muitos
anos, e por isso foi morrendo aos poucos. No lugar em que
ela vivia já não chovia há tempos! E o clima também era
muito seco.
De repente, um baque! Tucanola se viu sem nenhum
apoio debaixo de seus pés de passarinho. A árvore caiu!
Ele assustou-se tanto, que saiu desnorteado a bater as
asas, à procura de outro abrigo.
Sarita, que ainda estava com sua amiga Dadá ali
numa árvore próxima, viu Tucanola o chamou para a árvore
que estavam ela e sua amiga Sarita. Elas não perceberam,
mas aquela árvore também estava fragilizada.
- Nossa que susto! Quase que meu coração para de
bater! – disse Tucanola.
Sarita se aproximou de Tucanola e começaram a falar
sobre o acontecido.
- Mas porque está acontecendo isso com as nossas
árvores?! – questionou Tucanola a Sarita.
- Você não sabe? Não sabe mesmo?! Pois vou lhe
explicar o que ouvi por aí nas conversas de outros
pássaros. Eles disseram que tudo isso é resultado da ação
dos homens. Eles derrubam as árvores, inclusive as das
margens dos rios, jogam sujeiras químicas em suas águas,
HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA
18
e muitas outras coisas prejudiciais à natureza. Essas
atitudes acabam matando as pobrezinhas das árvores,
matam os peixinhos e os animais, até nós, pássaros,
morremos! Eu tive uma amiga que morreu depois que
bebeu da água de um rio poluído que fica perto daqui. –
após estas palavras Sarita fez uma pausa, e continuou –
que tristeza olhar tanta destruição assim!
- É verdade garotas. Isso é muito triste mesmo. Nem
sabemos quanto tempo ainda vamos resistir a estas ações
desumanas com a natureza. – disse Tucanola, para Sarita
e Dadá.
- Isso sem falar no oxigênio! Precisamos das árvores
para ajudar a produzir e manter o oxigênio que respiramos.
Ah que triste, não é mesmo? – disse Sarita, já com os
olhos cheios de lágrimas. Tucanola aproximou-se dela para
confortá-la.
- Desculpe, mas eu ainda não sei o seu nome! Como
se chama? – perguntou Tucanola.
- Eu me chamo Sarita. E esta é minha amiga Dadá.
- Então Sarita, não chore! Eu tenho certeza que isso
vai mudar. Os homens perceberão que estão prejudicando
a natureza e vão parar de fazer estas coisas ruins. Eles
ainda não têm consciência, que também estão
HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA
19
prejudicando a si mesmos. – disse Tucanola, confortando-
a.
Dadá, que até o momento só prestava atenção na
conversa, chamou os dois para dar uma volta no que
restava daquela floresta.
E daquele dia em diante, Tucanola nunca mais se
separou de Sarita e Dadá. Eles sempre se reuniam com
outros pássaros da floresta para falarem sobre a natureza,
e sobre o lugar onde viviam.
HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA
20
A casa de Oncilda
ncilda era uma onça muito bonita. Ela tinha
o pelo amarelo escuro e pintas negras que
se destacavam, deixando-a mais bonita
ainda. Era muito respeitada na região que vivia, inclusive a
chamavam de – Dona Oncilda!
A toca em que Oncilda morava era muito bem cuidada
por ela. Tinha orgulho de viver naquela floresta. Ali, ela
teve os seus filhotes.
Porém, certo dia, ainda com os filhotes pequenos,
Oncilda ficou desesperada, quando notou que o ar estava
mais quente e uma fumaça esbranquiçada vinha em
O
HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA
21
direção à sua casa. A partir daquele instante, Oncilda viu
sua vida mudar completamente. Num instante, estava sem
lar, e pensou – meu Deus, o que farei? E meus filhotinhos,
tão pequenos ainda, como eu vou salvá-los?! – e o
desespero tomou conta dela. E viu grandes labaredas de
fogo aproximando-se de sua toca.
Oncilda não tinha tempo para pensar, pois precisava
agir muito rápido para salvar os seus filhotes.
Começou a carregá-los para perto de um rio que
ficava um pouco a frente de onde morava. Eram somente
três filhotes, mas ela estava sozinha para socorrê-los, e só
poderia carregar um por vez. Assim, um a um, Oncilda os
carregou até a margem do rio.
Ficou pensativa, sem saber o que fazer. – E agora
meu Deus, o que vou fazer? Meus filhos não podem ficar
sem um lar! - Oncilda passou o resto da noite, triste e sem
esperança.
Finalmente o dia amanheceu. Já tinha amamentado
seus filhos, então ela os escondeu embaixo de alguns
arbustos ao lado do rio e foi em busca de um lugar onde
pudesse formar o seu novo lar.
Oncilda atravessou o rio a nado e caminhou a manhã
inteira. Por sorte, encontrou uma pequena caverna que lhe
HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA
22
transmitiu segurança. Ali seus filhotes e ela estariam
seguros, pelo menos até crescerem e se tornarem adultos,
para que pudessem sobreviver por conta própria.
Oncilda voltou e foi buscar os filhos, trazendo um de
cada vez, com grande esforço e caminhando toda aquela
distância, sem falar do risco que seus filhotes correram em
afogar-se enquanto ela os atravessava pelo rio.
Ao terminar de agasalhar seus filhotes no novo lar,
Oncilda estava tão cansada que se estirou no chão, mal
conseguia movimentar suas patas. Somente seus
pensamentos tinham força, pois ela não parava de pensar
no porquê de os homens terem ateado fogo em sua tão
amada floresta. Perguntava-se – porque estão fazendo
isso?! Eles estão cegos?! Não vêem que estão matando a
vida da natureza através das queimadas! Oh homens, onde
estão suas consciências?! – finalizou.
HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA
23
Ararina
uando Ararina nasceu, era uma bela arara
azul. Naquele tempo sua mãe já sabia que
sua espécie estava em extinção. Sabia
também que deveria cuidar muito bem de sua filha, a única
nascida de sua ninhada de quatro ovinhos.
Sentia-se orgulhosa por ver sua filha a cada dia mais
bela. Prometia a si mesma que cuidaria dela com muita
dedicação e amor, como se isso fosse sua última missão
de pássaro. Parecia até que ela estava adivinhando que o
pior estava por vir.
Q
HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA
24
Não demorou muito, até que um dia, enquanto
observava Ararina praticando seu voo diário, foi atingida
por algo que a deixou desacordada. Quando voltou a si,
percebeu que estava presa em uma gaiola, em um lugar
que nem imaginava existir de tão triste que era.
Quando Ararina viu sua mãe sendo levada embora,
chorou muito e partiu sem direção floresta adentro.
Passaram-se alguns meses e Ararina sempre sozinha.
Agora ela já era uma ave adulta e desejava encontrar um
companheiro, já que não tinha mais ninguém para voar
com ela. Então procurou, e procurou, e nada! Lembrou-se
da sina da mãe que sofrera tanto! A mãe lhe contara que
logo que fez o ninho e botou seus ovos, levaram o
companheiro dela, deixando-a sozinha! Não desejava
sofrer e passar pelas mesmas coisas que sua mãe havia
passado.
Depois de muito procurar, Ararina encontrou um jovem
de sua espécie. Ele também vagava sozinho, não tinha
família. Os dois se uniram e passaram a voar juntos,
fazendo companhia um ao outro.
Tempos depois Ararina foi viver em uma pequena
reserva florestal, onde ainda não havia sido destruído pelo
homem. Ali teve dois filhinhos e viveu por muitos anos
HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA
25
ainda, mas nunca se esquecera de sua mãe. Sabia
também que alguns seres humanos estavam lutando para
proteger sua espécie dos predadores, para que pudessem
continuar a existirem.
HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA
26
Luigi e o Pé de Cedro
uigi nascera na cidade grande, e sempre
convivera em um ambiente barulhento de
pessoas, carros, motos e outros sons próprios
das cidades. Tudo isso para ele era algo muito normal. Não
sabia como era viver em outro ambiente que não tivesse
estas características.
O pai de Luigi sonhava em comprar um sítio, e
durante muitos anos trabalhou duro para juntar dinheiro o
suficiente para que pudesse realizar este sonho.
Por fim, ele conseguiu comprar um pequeno sítio a
alguns quilômetros da cidade em que eles viviam.
L
HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA
27
Luigi já havia completado oito anos de idade, e não
conhecia nada sobre a vida do campo. Seu pai logo quis
levá-lo para conhecer o sítio. Luigi hesitou um pouco, mas
aceitou ir com o pai.
Quando chegaram ao sítio, Luigi não gostou muito,
pois era tudo tão diferente daquilo que ele conhecia! Era
um lugar muito silencioso, tanto que incomodava. E
aqueles bichos?! Vacas, porcos, galinhas... – Ah pai, eu
não estou gostando desse lugar! – disse Luigi, com
fisionomia de insatisfeito.
- Ah filho, você acabou de chegar! Ainda nem viu o
sítio direito! Eu vou levá-lo para dar uma volta, tenho
certeza que você irá se familiarizar com o sítio logo, logo. –
disse o pai com animação.
Assim fizeram, logo depois do almoço, saíram os dois
juntos caminhando pelo sítio. E andaram bastante, pois o
sítio não era tão pequeno. O pai de Luigi desejava muito
que o filho se interessasse pela natureza, pelos animais e
pela vida do campo, então, enquanto caminhavam foi lhe
explicando tudo.
Chegaram a uma pequena reserva de mata virgem, e
uma árvore centenária chamou a atenção de Luigi. Seu
tronco era forte e sua copa muito formosa, desgalhava-se
HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA
28
deslumbrantemente, reinando com seu verde magnífico
naquele espaço onde vivia.
Luigi se encantou com a árvore e perguntou ao pai:
- Pai, que árvore é essa, tão grande?!
- Linda não é filho? Esta árvore tem mais de cem anos
de vida! Isso não é uma maravilha? Chama-se Cedro. Um
pé de Cedro!
- Cem anos pai?! Nunca pensei que uma árvore
pudesse viver cem anos! – disse Luigi com admiração.
- Vive muito mais filho! É que muitos seres humanos
destroem a natureza, cortam as árvores e não deixam que
elas vivam e cresçam. Muitos homens derrubam este tipo
de árvore para usarem sua madeira construindo móveis
com ela. Outros constroem casas, e assim vão derrubando
todas as árvores, acabando com a natureza.
- Que triste não é pai? Vamos pedir a eles para não
fazer mais isso!
- Vamos sim filho. Nós podemos fazer isso. Muita
gente já tem consciência, não destrói e nem polui a
natureza. Um dia chegaremos lá filho, todos serão
conscientes e serão educados a cuidar muito bem da
nossa natureza.
HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA
29
O menino tentou abraçar a árvore, mas não conseguiu
juntar as mãos em torno dela, então convidou o pai para se
darem às mãos e assim, poder abraçar aquela árvore.
Ficaram alguns minutos abraçando a arvore. O pai
percebera que Luigi a partir daquele momento se tornaria
outra criança, pois notara o quanto o filho estava
emocionado.
Depois de alguns minutos o menino falou novamente
com o pai:
- Pai, eu posso ficar com ele, com o pé de Cedro?
Prometo que vou cuidar bem dele. Seremos amigos.
- Pode sim filho! Claro! Com um protetor como você,
este Cedro irá viver ainda muitos anos. – disse o pai com
expressão sorridente.
E assim, todos os anos em suas férias, Luigi ia para o
sítio visitar sua amiga árvore, o pé de Cedro. Mesmo
depois que cresceu, Luigi continuou a ir ao sítio do pai,
dizia que, enquanto ele vivesse, aquela árvore também
viveria, pois cuidaria dela com muito amor.
HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA
30
O aniversário de Aroeira
Brasil da Silva
á oitenta anos nascia Aroeira, em um lugar
onde outrora havia sido uma grande pastagem
que alimentava o gado de um rico fazendeiro.
O proprietário do lugar resolveu na época deixar vivas,
as pequenas árvores que insistiam em crescer ali. Para
Aroeira isso foi uma dádiva do céu, pois a cada dia ela
crescia e se tornava ainda mais robusta.
H
HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA
31
Aos poucos o lugar foi se tornando uma pequena
floresta. O proprietário realmente decidira não mais formar
pastagem naquele pedaço de terra.
***
Aroeira Brasil da Silva celebrava já seus oitenta anos
de idade! Aquele proprietário de antes, já havia partido para
o outro mundo. Agora quem se tornara dono do lugar era
seu filho, um conceituado médico que nem fazia muita
questão de trabalhar a terra. Com isso, Aroeira
contemplava a vida fazendo parte daquela natureza
maravilhosa.
Naquele dia era seu aniversário, e, no entanto
ninguém havia se lembrado. Nenhum de seus amigos e
vizinhos! Aroeira aguardara o dia todo e nada!
Já quase escurecendo, Aroeira já estava desistindo de
acreditar que algum de seus amigos ainda se lembraria de
seu aniversário, no entanto... Háaaa! Gritaram todos de
uma só vez! Seus amigos prepararam-lhe uma bela
surpresa. E todos cantaram parabéns para Aroeira que,
agora, era só felicidade. Estava muito feliz e sentia que
realmente possuía muitos amigos naquele pedaço de
floresta.
Todos comemoraram o aniversário de Aroeira. As
outras árvores balançavam seus galhos, os animais
corriam de um lado para o outro, todos muito felizes.
Também comemoravam o fato de ainda viverem e
contemplarem aquela floresta intocável em dias de muito
HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA
32
perigo, onde o homem destrói a natureza sem dó nem
piedade, sem a mínima consciência de amor a natureza.
HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA
33
A solidão de Castanhola
astanhola nasceu em meio a uma natureza
magnífica e pura, ainda sem os efeitos
devastadores causados pela ação do
homem. Sua família sempre foi muito conhecida pelos seus
frutos, os quais também nós chamamos de “Castanha do
Pará” ou “Castanha do Brasil”, frutos muito saborosos e
ricos em proteínas.
No entanto, os tempos mudaram, e mesmo
permanecendo viva, Castanhola viu sua família sendo
destruída. Suas amigas e vizinhas foram sendo
C
HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA
34
derrubadas, umas para fornecimento de madeiras, outras
para a formação de pastagem para o gado. E muitas
árvores da vizinhança foram devoradas pelo fogo ateado
propositalmente por aqueles que se diziam proprietários
das terras onde elas haviam crescido. Alguns diziam fazer
isso para a plantação de alimentos, outros, para a
formação de pastagem para a criação de bovinos... –
Bem... eu, Castanhola... Eu permaneci. Continuo existindo
solitária, neste mundo transformado pela ação do homem.
Os pássaros, esses também se tornaram escassos por
aqui. Vez ou outra eu recebo a visita de algum passarinho
meio atordoado e perdido. Alguns deles migraram para a
cidade, onde também correm o risco de morrerem por
alguma pedrada de baladeira, ou por comerem alimentos
inadequados para o estômago de um passarinho. Os
poucos pássaros que ainda vivem por aqui, não possuem
mais o encantamento de outros tempos, quando faziam
algazarras festivas, como se tivessem comemorando a
vida. Isso tudo que vem acontecendo, é o resultado de uma
mudança drástica no meio ambiente. Tudo vai mudando, se
tornando algo dividido, sendo meio natural e meio
fabricado, resultados do tal progresso. Penso que o
progresso é bom, mas não deve mudar a essência natural
HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA
35
das coisas. Pergunto a mim mesma – o que será de mim?!
Meus frutos já não são tantos como outrora, quando eram
abundantes e robustos. Hoje, já não tenho força para
produzi-los. Talvez no próximo ano eu já nem esteja mais
de pé... Meu tronco parece estar enfermo, eu tenho uma
ferida causada por um fogo nas queimadas do ano
passado. Sinto-me a balançar quando o vento passa com
um pouco mais de velocidade, parece que vou cair a
qualquer momento... Ah Sr. Fazendeiro, tenha pena de
minha Mãe Natureza! Eu peço. Seja mais amável e
cuidadoso com aquela que tem participação fundamental
na composição da vida.
HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA
36
Jacareína
ois amigos resolveram sair pra caçar numa
pequena floresta que ficava numa região
próxima de onde moravam. Prepararam tudo
e partiram ao entardecer.
Logo que chegaram ao local programado, perto de um
riacho, cuidaram de armar suas barracas e preparar suas
tralhas para a caçada noturna. A noite estava linda, com
uma lua imensa e brilhante no céu. As estrelas cintilavam
na imensidão do universo, enfeitando-o com realeza.
Ao terminar de montar as barracas, os dois amigos
foram preparar algumas armadilhas para pegar algum
animal que passasse por ali.
D
HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA
37
O silêncio foi interrompido por um cântico que ecoava
floresta adentro, e deixou os dois caçadores arrepiados de
medo. Seus cabelos eriçaram e um pavor lhes tomou conta
da mente. Como poderia alguém cantar daquela forma
numa floresta solitária?! Seria alguma assombração?! –
pensou um deles, enquanto olhava para o amigo com os
olhos arregalados.
- Você ouviu? Ouviu isso?
- Psiu! Silêncio! Está cantando novamente!
Os dois permaneceram em silêncio por mais alguns
segundos ouvindo o canto, que parecia se aproximar.
“Eu sou um jacaré, e vivo na floresta,
E a minha vida é uma festa taaaá,
Durmo o dia todo, brinco durante a noite,
E em caçadores dou os meus açoites... La la la ra la,
la la la ra... e em caçadores dou os meus açoites.”
E o canto foi se aproximando... se aproximando...
- Minha nossa, isso é um fantasma! – disse um deles
já querendo correr e ir embora. E o som se aproximando
cada vez mais.
De repente, silêncio total. Nenhum som se ouvia mais.
Nem mesmo os grilos cricrilavam.
Um dos caçadores então disse ao outro:
HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA
38
- Foi embora, Graças a Deus! E nós também vamos.
Pegue suas coisas, rápido!
- Mas, se o fantasma já foi embora, então a gente não
precisa ir! E se isso foi apenas coisa da nossa
imaginação?! Talvez fosse porque estávamos com medo! –
disse o outro caçador ao amigo.
Enquanto isso, algo ou alguém, se aproximava deles
por entre os pequenos arbustos.
- Muito bonito hein! Querendo caçar meus amigos! –
disse aquela voz.
Os dois viraram de repente e um deles focou com a
luz da lanterna na direção da voz e deparou-se com um
grande jacaré.
- O que é isso?! Um Jacaré falando?! Socorro! Vamos
correr!
- Ha ha há haa. Seus medrosos! E eu não sou um
jacaré, eu sou ela, entendeu? Ela! Meu nome é Jacareína.
- Você fala? Como gente? Isso não pode ser desse
mundo! – disse um dos caçadores coçando a cabeça e
com olhos esbugalhados.
- O que há de errado no meu falar? Vocês humanos
tem cada uma viu! Quem disse que bicho não fala? Bicho
fala sim!
HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA
39
Os dois caçadores, pasmados, não conseguiram falar
mais nada, ficaram extremamente admirados com
Jacareína.
Ela continuou falando:
- Então, seus malvados, vão embora daqui! Os meus
amigos animais querem viver. Vamos corram! Eu vou dar
umas rabanadas em vocês se não forem embora agora!
E os dois caçadores começaram a correr. E correram
tanto que até largaram suas tralhas de caça para traz. Não
tiveram nem mesmo a lembrança das coisas que haviam
trazido para a caçada. E aprenderam que não se deve
caçar animais da floresta para matar, usando como
desculpa de que a caça é um esporte porque não é! O
esporte é vida. O esporte não mata, não tira vidas. Matar
animais indefesos apenas por diversão é uma maldade
muito grande. É preciso preservar a vida e a natureza,
porque natureza também gera vida.
HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA
40
A festa das Flores
oi num lindo dia de sol que Mariazinha, uma
borboleta lindamente colorida, saiu para mais
um de seus passeios. Todos os passeios de
Mariazinha eram muito especiais para ela, mas aquele
seria ainda mais especial que os outros. Ela fora convidada
para a Festa das Flores, uma festa organizada para
F
HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA
41
comemorar o nascimento da primeira florzinha de
Orquidina, amiga de Mariazinha.
O lugar em que vivia Orquidina era simplesmente
magnífico. Ali nasceram tantas outras flores de beleza rara
e incomparável!
Mariazinha ajeitou suas asas e partiu logo em seguida
para a Festa das Flores.
Ao chegar no bosque vira todas as flores já reunidas,
cantarolando felizes, exalando seus perfumes e fazendo
com que o vento graciosamente os espalhasse por toda a
área do bosque. Mariazinha então cumprimentou uma a
uma.
Todas as flores aguardavam ansiosas pelo grande
momento do nascimento da pequena flor de Orquidina.
E mais um pouco de tempo, e ela nasceu! Tão linda!
Tão bela! Todas as outras flores ficaram encantadas e
paralisadas com tamanha beleza. Mariazinha não se cabia
de tanta felicidade e quis logo sentir o perfume daquela
maravilha de florzinha que acabara de desabrochar.
Aproximou-se de Orquidina alegre e esvoaçante para beijar
a sua florzinha.
Que dia mais feliz aquele! Quanta emoção! Todas as
flores estavam em festa.
HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA
42
Mariazinha disse para as amigas flores:
- Nunca me esquecerei deste lindo dia! Este momento
foi mágico para mim. Eu peço a Deus que nunca deixe os
seres humanos destruírem o nosso bosque, porque ainda
quero ver nascerem muitas outras flores aqui.
Fim
© Rozilda Euzebio Costa