Upload
truongthuy
View
215
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
HISTÓRIA DO PARANÁ: UMA ABORDAGEM DA HISTÓRIA REGIONAL;
INFLUENCIA RELIGIOSA DO MONGE JOÃO MARIA DE JESUS NO VALE
DO IVAÍ/PR.
RODRIGO CORREA BARBOZA
UEM- UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
Esse trabalho visa discutir e analisar a metodologia de trabalho, utilizada
em atividade com o 9º ano do ensino fundamental do Colégio Estadual Antônio
Diniz Pereira, na cidade de Ivaiporã-PR, pelo Programa Institucional de Bolsa
de Iniciação a Docência(PIBID), tal atividade apresentou o objetivo de resgatar
o próprio conteúdo de História do Paraná, onde tivemos a necessidade de
estudar algumas temáticas, entre elas a que colocamos como destaque nesse
artigo é a influencia religiosa exercida pelo monge João Maria de Jesus, com
relação pré-Contestado, sendo mais específico trabalhando com a cidade de
Faxinal/PR onde algumas fontes mostram que o monge João Maria de Jesus
passou pela região. a proposta desse trabalho se deu em função da Lei
13.381/01 que torna no ensino fundamental e médio a obrigatoriedade dos
conteúdos de História do Paraná nas escolas estaduais. Atendendo a esta Lei
nos preocupamos em trazer os conteúdos trabalhados o mais próximo da
realidade dos alunos, essa atividade apresentou o objetivo de resgatar a
história do Vale do Ivaí. Desse modo, procuramos trazer além dos conteúdos
trabalhados curiosidades que despertaram o interesse dos alunos tornando a
aula mais produtiva e mostrando resultados positivos.
Palavras-chave: História do Paraná. História Regional; Ensino; Pibid.
Agência financiadora: CAPES/Pibid.
Introdução;
No ambiente acadêmico podemos perceber debates frequentes voltados
para pauta da formação de professores, a que se tem mostrado uma área
muito frágil, devido a sua formação já que uma vez tem transparecido sua
capacidade adequada de tais futuros docentes, perdendo o interesse no seu
ato de atuar como profissional. Podendo refletir na eficácia do ensino que se
tem atualmente na educação básica pública, surge o Programa Institucional de
Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) que tem como principal objetivo a busca
da união do ensino superior e da educação básica, por meio de ações didáticas
voltadas para o aprendizado, levando também os estudantes de licenciaturas a
estar envolvidos no cotidiano das escolas. Em face esse projeto também leva a
História do Paraná, visando uma ressignificação do ensino de história nas
escolas.
Com essa aproximação de dois mundos, ensino superior e educação
básica o projeto foi desenvolvido com proposta diferente do ensino tradicional
de história, tendo como sujeito ativos no processo de construção do
conhecimento histórico alunos do 9º ano do colégio Antônio Diniz na cidade de
Ivaiporã. Os trabalhos desenvolvidos ocorreram em período de contra turno
onde era oferecido aulas de Paraná para os alunos que se interesse pelos
temas abordado, visando a melhor compreensão da história do Estado. Em
especial o artigo será desenvolvido a partir dos estudos de Paraná no período
colonial, imperial e as políticas de emancipação da Província, uma vez que
devido ao pouco tempo esse acaba sendo um tema pouco discutido em sala.
O projeto proporciona atividades que tem como objetivo promover a
construção do conhecimento do aluno dentro do próprio espaço de ensino-
aprendizagem, levando a ver a formação do espaço atual.
É por meio dessas experiências que podemos refletir sobre a construção
do conhecimento, durante o andamento da aprendizagem, pois essa
construção se dá por meio da interação entre o sujeito.
[...] o conhecimento não é dado nem na bagagem
hereditária nem nas estruturas dos objetos: é construído,
na sua forma e no seu conteúdo, por um processo de
interação radical entre o sujeito e o meio, processo
ativado pela ação do sujeito, mas de forma nenhuma
independente da estimulação do meio. O que se quer
dizer é que o meio, por si só, não constitui estímulo. E o
sujeito, por si só, não se constitui sujeito sem mediação
do meio; meio físico e social. É nesta direção que vai a
concepção piagetiana de aprendizagem: sem
aprendizagem o desenvolvimento é bloqueado, mas só a
aprendizagem não faz o desenvolvimento. O
desenvolvimento é a condição prévia da aprendizagem; a
aprendizagem, por sua vez, é a condição do avanço do
desenvolvimento (BECKER, 1993, p. 25).
Construímos o conhecimento com a prática pedagógica na sala de aula,
pois com a experiência que podemos perceber os aspectos positivos
desenvolvidos durante a proposta, percebendo a construção do conhecimento
dos alunos que participam do projeto, que foram significativas.
Para que esse conhecimento seja possível é preciso uma compreensão
do passado, com as evidencias disponíveis que se encontra de tal período
estudado, sejam elas cartas, imagens, musicas e etc. Uma orientação temporal
que vise entender o passado compreendido, o atual presente que esta
problematizada e a perspectiva do futuro, são partes fundamentais para a
construção do conhecimento do sujeito.
Objetivos;
Proporcionar aos alunos parte do conhecimento que lhes é
garantido pela lei já citada, em relação ao ensino de História do
Paraná.
O ensino de História do Paraná se tornou obrigatório a partir da Lei Nº.
13.381/01 18 de dezembro de 2001, mas com o projeto do PIBID, pode ser
percebida a dificuldade que os professores possuem de trabalhar este
conteúdo no decorrer do período de aula regular.
Um dos motivos que impedem que a História do Paraná seja trabalhada
é a carga horária reduzida da disciplina de História que foi relatada pelo
professor Geraldo José Bueno; outro ponto é a importância atribuída a outros
conteúdos da disciplina que acaba limitando e até mesmo na maioria das vezes
impedindo que a História do Paraná seja trabalhada.
Essa deficiência de ensino da história do Estado do Paraná é a principal
causa da escolha do tema que é desenvolvido no projeto, sendo então o
projeto procura não suprir totalmente essa carência de ensino, mas
proporcionar aos alunos parte do conhecimento que lhes é garantido pela lei já
citada.
A aula dada sobre o conteúdo abordado tem importância fundamental
para avaliar qual o conhecimento que alunos possuíam sobre o tema e também
para proporcionar a eles mais conhecimento em relação à história do seu
próprio Estado.
Expor os dados para os alunos é fundamental para que possa se
localizar no período e entender as transformações que o Paraná sofreu.
O trabalho visa analisar a metodologia de trabalho, utilizada em sala de
aula com a turma do o 9º ano do ensino fundamental do Colégio Estadual
Antônio Diniz Pereira, na cidade de Ivaiporã-PR onde abordamos a história do
Paraná fazendo ligação com a história regional do vale do Ivaí, trabalhemos
com o tema Guerra do Contestado, em especial a influencia religiosa no norte
do Estado, fizemos relação ao Pré- contestado. Desse modo abordando a
figura dos “monges” e também em especial a do segundo monge, João Maria
de Jesus, mostrando sua influencia religiosa.
Conteúdo trabalhado
Especificamente trabalharemos com a cidade de Faxinal-PR, em uma
região conhecida pela população como Bufadeira da Fonte, que fica cerca de
8Km da cidade, que nos dias atuais é ponto de peregrinação para os que
acreditam que o monge João Maria de Jesus é um santo. Pode se notar que
esse monge não só esteve na cidade estudada, mas nota diferentes aparições
desse personagem por uma grande parte do território paranaense.
Entre o final do século XIX, e inicio do XX, temos o aparecimento da
figura do monge João Maria de Jesus, na região da Bufadeira, nome esse
devido ao ruído de uma queda d´agua,( SAC- PALOTINOS) que se localiza
hoje na cidade de Faxinal-PR, a onde sua aparição, se deu devido a
necessidade de padre pela região, fator que contribui-o, Brasil com vasta
proporção territorial possuía apenas 07 Dioceses no final do Século XVIII, sem
contar as Dioceses que ficavam vacantes por vários anos(Leva, 1984),
pensando que naquele momento havia se uma grande necessidade da
evangelização para a povo entre os séculos XVIII e XIX que residia em
pequenos bairros surge então o monge levando o nome de Deus para esses
povos.
Século XIX e XX, Bufadeira foi um bairro que ficava entre a rota de
comercio, que ligava o Sul ao Norte do estado, que conhecemos hoje como
Paraná, desse modo sendo como paradas para aqueles que utilizavam do
caminho.
Com a falta de padres para evangelizar percebemos a necessidade de
alguém para levar a palavra de Deus ao povo sertanejo, e também realizar
batismo e casamento, nesse contexto surge o monge que chega até o local.
Segundo o que temos relatos através de fontes orais de algumas pessoas; é
que ele apareceu sozinho sentado, local onde é atual capelinha, realizou
alguns milagres e entre esses a cura de uma mulher que tinha paralisia. Para
a cura utilizava de um vegetal a couve e também barro e agua a onde na
região que estava, tinha em abundancia, após a realização de sue milagre fez
um pedido para as pessoas sertanejas que ali moravam, o pedindo pera que
construísse uma capelinha em seu nome.
Com isso temos o surgimento de uma ambiente, religioso um catolicismo
popular que tem atravessado algumas gerações, porem como todo a história
que não se estudada perde sua memoria, o intuito e resgatar.
O surgimento da figura dos monges
A figura dos “monges” da inicio com João de Maria d´Agostini que surge
com o italiano Giovanni D´ Agostini, que percorreu um continente inteiro para
viver sua missão, levar o evangelho aos povos, para que desta forma
conseguissem a salvação de suas almas, Agostini nasceu em 1801 na comuna
de Sizzano, região do Piemonte italiano. Após a morte de sua mãe começa sua
peregrinação passando por alguns países Roma, França e Espanha onde
tentou se tornar monge, porem não consegue adequar-se à reclusão dos
mosteiros, devido a isso cruzou o oceano para trabalhar como mensageiro
religioso na américa, desembarcando em Caracas na Venezuela. No Brasil ele
viveu um período de nove anos entre 1843 a 1852. Vestia abito religioso e
calçava sandálias rusticas, carregava alguns objetos, usava barba longa o que
deixava com aparência de profeta bíblico, conforme relata KARSBURG:
Parecia-se fisicamente com seus conterrâneos capuchinhos pelas longas barbas que os deixavam com a aparência dos profetas bíblicos. Embora leigo Agostini vestia hábito religioso e calçava sandálias rústicas, carregando objetos como bíblia, medalhas de Nossa Senhora e cajado. Seus sermões também eram comparáveis aos dos capuchinhos da época: em linguagem severa e apocalíptica, gestos teatralizados, falavam do fim do mundo, das penas do inferno e das possibilidades para a salvação da alma, condenado o luxo e a avareza. (KARSBURG, 2012, pag.25)
Para poder dar continuação em sua peregrinação, trocava rosários e
crucifixos de madeira por alimentos e dinheiro já que tinha habilidades manuais
nas construções destes objetos, aprendeu a combinar ervas raízes e folhas
com aguas de certas fontes, para ajudar na cura das pessoas enfermas, é
relatado pelo povo como um santo que realiza milagres, até mesmo alguns
jornais do período afirmam que o monge estrangeiro havia descoberto aguas
santas que curava tudo e a todos, ele ajudava a população dava conselhos aos
aflitos, receitava ervas como remédio a quem solicitasse, e no caminho de sua
trajetória fincavam cruzes no chão.
Agostini acaba seguindo seu trajeto de evangelização, não avisando o
povo sertanejo de sua partida, porem os caboclos atribuíam-lhe milagres, pois
segundo eles as orações e as receitas dele curavam, tendo então uma
perspectiva de santo. O povo cria um ambiente de retorno, esse retorno era
do monge, eis que surge o segundo monge, Anastás Marcaf que seria
conhecido como João de Maria de Jesus a qual imitou-o em tudo Agostini.
Neste ambiente de expectativa, surgiu o segundo monge, na pessoa de Anastás Marcaf, o qual chegou à cidade da Lapa com as tropas de Gumercindo Saraiva durante a Revolução Federalista, em 1894. Conheceu pessoalmente João Maria d´Agostini e ouvia suas pregações. Imitou-o em tudo: no traje, no barrete, no modo de vida etc. Intitulava-se João de Maria Jesus. Era de índole pacífica e nunca fez mal a ninguém, nem procurou afastar qualquer pessoa do catolicismo, porém seguia sua própria orientação. (WACHOWISCZ, 2002, pag. 200)
João de Maria Jesus desprezava as coisas materiais, criticava o regime
republicano e fazia terríveis profecias: “Jesus disse a São Pedro que o mundo
havia de existir mil anos, mas não outros mil.” “A Monarquia era a ‘lei de Deus’
e a República era a ‘lei do Diabo’.”
Havia uma oposição entre o catolicismo oficial do período contra o
rustico praticado pelos sertanejos, isso fica nítido no dialogo de frei Rogério
Neuhaus e João de Maria de Jesus , pois o frei queria trazer de volta aos
camponeses à velha ortodoxia católica, do mesmo modo o caboclo acabava
tomando partido ao monge pelo fato de fazer parte da vida social do sertanejo.
João de Maria de Jesus é considerado “santo” por algumas pessoas,
pode se perceber bem isso na cidade de Faxinal, como a capela de João Maria
de Jesus. Pessoas de todos os lugares vão até o local para buscar água e a
argila, acreditando que a agua e o barro são milagrosos, também fazem
orações, nelas inclui, pedindo por saúde, por seus familiares , curas, etc. Se
leva também fotos de família para agradecer milagres recebidos, onde é
colocado em uma caixa igual a que ele carregava, como citado a cima pelo
Mocellin.
O local também é utilizado para a realização de batismos, seguindo um
ritual que foi deixado pelo próprio João, esse batismo se dava pelo fato que ele
estava em contato com o povo sertanejo, vivia entre eles, tendo a mesma
linguagem, além disso dava conselhos e não se cobrava, diferente da igreja
católica que cobrava o batismo em tal período. A figura do monge, deste modo
tem um papel equivalente a de um padre.
É bom acrescentar ainda que os padres cobravam para rezar missas, fazia batizados etc., enquanto o “monge” fazia suas orações curas e dava seus conselhos gratuitamente. Saliente-se também que a mensagem do “monge” era facilmente compreendida pelo sertanejos, o que na maioria das vezes não ocorria com o discurso do padre. (MOCELLIN.1958, pag13.).
João Maria de Jesus desprezava as coisas materiais e fazia fortes
profecias e também criticava o regime republicano.
“Jesus disse a São Pedro que o mundo havia de existir mil anos, mas
não outros mil.” (MOCELLIN, pag,11. 1958)
“A monarquia era a ‘lei de Deus’ e a republica era a ‘lei do Diabo’.”
(MOCELLIN, pag,11. 1958)
O João Maria “genérico”, encarnado por vários homens era descrito como um rezador andarilho magro, de barbas brancas, que portava um cajado de madeira e usava um gorro de pele de jaguatirica. Aconselhava as pessoas a levar uma vida de correção e justiça e recomendava a proteção de vertentes de “água santas”. (Machado, 2012, pag.26)
Há uma grande necessidade em pesquisar e abordar mais temas do
messianismo e da religiosidade popular.
Invocando a necessidade de se vir a discutir mais os
temas regionais do misticismo, do messianismo e da
religiosidade popular, para que a herança cultural de
“João Maria” não se perca no terceiro milênio; ao
contrario que ganhe novos subsídios e que entre no
século XXI mais enriquecida, pois ainda há muito que
descobrir e achar sobre as personagem aqui enfocadas.
(Thomé, 1997,pag.13.)
É de suma importância também compreender os conceitos presentes na
obra: “O Sagrado e o Profano” do historiador Mircea Eliade, com esse conceito
de sagrado nos direcionamos no meio popular faxinalense. Entender essa
sagrado presente nessa comunidade fez nos pensarmos como o povo cultuava
o Monge João Maria, existia uma conduta que eles utilizavam nessa capela a
crença nesse sagrado ainda não institucionalizado pela doutrina católica é algo
encontrado nessa pesquisa.
Como podemos entender esse choque entre o catolicismo ortodoxo e o
catolicismo rústico utilizado pelo Monge, essa oposição é encontrada nas
doutrinas. O catolicismo oficial cultivava as doutrinas institucionalizadas no
Vaticano, já o rústico utilizava uma doutrina que se voltaria no acolhimento dos
humildes aqueles menosprezados pela população que detinha posses.
Deixamos bem claro aqui as diferenças entre catolicismo oficial e o
catolicismo rústico, o primeiro condenava esse catolicismo dos Monges, tanto
que até hoje não reconheceu o Monge João Maria como santo. Já o
catolicismo rústico praticado pelos monges exercia um papel diferenciado, além
de acolher os humildes os Monges não cobravam nada por suas missas,
batizados ou casamentos eles diziam que era dever deles anunciar a palavra
de Deus, para isso não cobrariam nada pelo que faziam.
O Monge acolheria essa parte da população humilde sua doutrina era
comum entre os camponeses, sua missa era rezada em português ao contrário
dos freis que ainda rezavam em latim dificultando o entendimento de todos,
havia toda uma maneira de incluir a população simples em sua doutrina. Essa
população se sentia acolhida neste campo, assim eles passaram a cultivar um
afeto pela figura do Monge João Maria.
É importante entender que a igreja católica não reconhecia a doutrina do
Monge, porque diferentemente dos padres que rezavam as missas em latim o
Monge não fazia o mesmo. Com isso a própria população conseguia
acompanhar o então catolicismo rústico do Monge, outra característica desse
catolicismo é que ele também não cobrava qualquer valor algum para realizar
batizados e casamentos como já disse anteriormente.
Com isso suas celebrações eram bem aceitas por boa parte da
população humilde, esses mesmo que buscavam curas na figura dele, tudo era
bem estruturado os desprezados eram as pessoas que sempre ficavam ao seu
lado. Ele sempre priorizou esse apego aos que eram deixados de lado pela
população.
O contato com a cultura faxinalense possibilitou um ganho gradativo,
pois nessa importante busca na temática da história cultural conseguimos
entender as representações nessa sociedade. Os devotos de Monge João
Maria acreditam que sua doutrina e os seus mecanismos, a água e argila
possibilitam a cura á males que afetam a saúde humana, por isso conseguimos
entender a busca por milagres nesses religiosos.
Buscamos a história cultural como alicerce para se entender essas
relações e representações na cidade de Faxinal. A rotina dos moradores
mudou, eles começaram a expressar sua fé no Monge João Maria havia uma
peregrinação dos concebidos como desprezados na capela do Monge, tanto
que na Guerra do Contestado os camponeses viam ele como um auxiliador.
Outro ponto que chama atenção é o ex-voto, onde umas grandes partes
de pessoas levam algum objeto, agradecendo por alguma cura recebida em
sua família, os mais comuns são quadros e pequenas imagens do próprio João
de Maria. Esses ex-votos são os objetos que são levados pelas pessoas á
pedido de uma graça, ou então de algo que lhe foi concebido.
Os ex-votos ofertados mostram os modos de
construção das subjetividades, visto que os devotos
encomendam o objeto de acordo com suas
características particulares, enfatizando os traços
próprios do seu sofrimento e da graça alcançada,
realçando aspectos culturais norteadores das
representações sociais de saúde, sofrimento, fé, religião
e sociedade (Benjamin, 2002.)
As práticas religiosas diferem daquilo que o catolicismo oficial defende,
os Monges se utilizam de um caminho fácil para que todos entendam o que
eles queriam dizer em suas missas. Esse fato era uma diferença crucial destas
formas religiosas, as pessoas buscavam o apoio do Monge para cura de males
que afetavam sua saúde.
Essa então busca pela cura foi outro fator encontrado nessa religião dos
Monges no período do Pré-Contestado, eles utilizavam de uma doutrina própria
de fácil entendimento priorizavam os humildes os desprezados pela população.
A capela construída como uma forma de representar a devoção pelo Monge
João Maria nos mostra realmente essa situação que se encontra em Faxinal,
há um diferença dentro daquilo que Chartier nos fala o que representado é a
figura do Monge João Maria e o que representa é a capela que seus devotos
construíram para manifestar sua fé.
No primeiro sentido, a representação é instrumento de
conhecimento mediato que faz ver um objeto ausente através
de sua substituição por uma “imagem” capaz de reconstruir em
memória e de o figurar tal como ele é. (CHARTIER, 2002, p.
20.)
É importante distinguir a relação que Chartier nos fala dessa então
representação da fé que as pessoas adquiriram no Monge João Maria é uma
prática religiosa, mas como entender essa prática religiosa que não era
reconhecida pela igreja católica. Bem devemos lembrar que foram as pessoas
em si os devotos do Monge que instituíram essa relação a figura do Monge,
essa mesma figura que acolheu muita gente entre esses os camponeses que
sofriam as consequências neste período do Pré-Contestado eles mesmos
aderiram a doutrina do Monge.
Resultados;
Com experiência no conteúdo trabalhado vemos a necessidade que se tem
em trabalhar com o conteúdo referente a História do Paraná, podemos
perceber que houve uma aceitação por parte dos alunos com relação ao
conteúdo trabalhado. O PIBID é uma grande oportunidade para quem participa
de cursos de licenciatura, pois esta no cotidiano das escolas, e vendo como
acontece realmente.
Considerações finais;
O projeto Pibid tentou levar com o tema Pré-Contestado além da História
do Paraná mas também levar ao alunos um pouco de sua História Regional,
mostrando a figura de um religioso que contribuí-o fortemente para a cultura
paranaense. Percebendo o interesse por partes dos alunos ao levantar a
questão, de alguém como o monge João Maria ter passado pelo Vale do Ivaí.
Referências;
BARCA, I. Aula Oficina: do Projeto à Avaliação. In. BARCA, I. (Org.) Para uma
educação de qualidade: Atas da Quarta Jornada de Educação Histórica. Braga,
Centro de Investigação em Educação (CIED)/ Instituto de Educação e
Psicologia, Universidade do Minho, 2004, p. 131 – 144.
BECKER, Fernando. A epistemologia do professor. Petrópolis: Vozes, 1993.
BENJAMIN, R. (2002). Devoções populares não-canônicas na América Latina:
uma proposta de pesquisa. Trabalho apresentado no VI Congresso Latino-
americano de Ciências da Comunicação. Ciência, Filosofia e Religião. Acesso
em 20 de setembro, 2006, em www.cafeesaude.com.br/cafeesaude/
ciencia_filosofia_religiao.htm.
CHARTIER, Roger. A História Cultural: Entre Práticas e Representações. Rio
de Janeiro: Editora Bertrand Brasil, 2002.
ELIADE, Mircea. O Sagrado e o Profano. São Paulo: Martins Fontes, 1992.
CHRISTOVAN, Ruy. História do Paraná. Paraná: Imprensa Oficial do Paraná,
2001.
KARSBURG Alexandre, Assim caminhou João Maria. Revista de História
Biblioteca Nacional, n.85, p. 23-25, out., 2012.
MACHADO Paulo, João Maria: Muitos homens em um só santo. Revista de
História Biblioteca Nacional, n.85, p. 23-25, out., 2012.
MOCELLIN, Renato. Os Guerrilheiros do Contestado. São Paulo: Editora do
Brasil, 1989.
QUEIROZ, Maria Isaura Pereira. O messianismo no Brasil e no mundo. São
Paulo: Dominus Editora, 1965. _____. D. Sebastião no Brasil: o imaginário em
movimentos messiânicos nacionais. Disponível em:
http://www.usp.br/revistausp/20/02-mariaisaura.pdf. Acesso em 04/09/2007
QUEIROZ, Maurício Vinhas de. Messianismo e conflito social: a guerra
sertaneja do Contestado 1912-1916. São Paulo: Ática, 1981.
THOMÉ, Nilson. São João Maria na História do contestado. Unc/Universal:
livraria Arte Viva, 1997.