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Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação
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Hipertexto e Metadados: o Twitter como ferramenta de gestão do conhecimento
Clara Maria Abdo Guimarães1 (UERJ) Antonio Luiz de Medina Filho2 (UERJ)
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo geral analisar o uso do Twitter
como ferramenta de gestão do conhecimento. A priori, a Internet, a partir do conceito de Web Semântica, é abordada como plataforma participativa que permite o armazenamento do conhecimento em linguagem própria. Esses novos formatos de escrita para a Internet são expostos através da explanação do conceito de hipertexto. Posteriormente, o Twitter é apresentado de modo a descrever o processo que justifica esta rede social como ferramenta que possibilita a gestão do conhecimento. A análise final se baseia em pesquisa quantitativa realizada para entender como o Twitter é utilizado na gestão do conhecimento online. Palavras-chave: Twitter, Hipertexto, Web Semântica Abstract, Resumen ou Resumé: The present paper has as main goal analyse the use of Twitter as a knowledge management tool. At first, the Internet, from the concept of Web Semantic is discussed as broad participatory platform, which allow the storage of knowledge in an own language. Those new formats of
written to Internet are exposed through of explanation of hypertext concept. Posteriorly, Twitter is introduced so as to describe the process that justifies this social network as a tool that enable the knowledge management. The final analyses are based in a quantitative research conducted to understand how Twitter is used in the online knowledge management. Palavras-chave: Twitter, Hypertext, Web Semantic
1 Clara MARIA ABDO GUIMARÃES, bacharel em Jornalismo, pós-graduanda em Pesquisa de Mercado e Opinião
Pública Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) [email protected] 2 Antônio LUIZ MEDINA FILHO, Dr.
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Professor Visitante da Faculdade de Comunicação Social [email protected]
Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação
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Introdução
A presença da Internet nos meios sociais gerou diversas mudanças no processo
da construção relacional em âmbitos linguístico e cultural. A constante preocupação
com a quantidade de informação armazenada e o aperfeiçoamento dos mecanismos
de busca e das linguagens de programação, transformaram o meio virtual em campo
participativo. Diante do crescimento da geração de conteúdo online, o presente
artigo tem como objetivo geral abordar as razões que fazem do Twitter uma
ferramenta que permite o auxílio na gestão do conhecimento.
A metodologia utilizada vai consistir de pesquisa bibliográfica feita por meio de
materiais já publicados, como livros, artigos e periódicos, os quais contribuíram para
o aprofundamento do tema escolhido. Será empregada também a pesquisa
quantitativa, cuja implementação de questionário online servirá para avaliar como
os usuários utilizam a rede social Twitter. Consequentemente, a pesquisa analítica e
descritiva serão implementadas, de modo a promover observação, classificação e
interpretação das respostas advindas do questionário correlacionadas ao tema
proposto.
Em um primeiro momento, serão abordados aspectos da linguagem de
programação (FREITAS, 2003; WINOGRAD 1975), responsáveis por adaptar e
transformar a usabilidade da rede. Neste âmbito, o hipertexto será exposto (BERNES-
LEE, 1990), dando início às possibilidades participativas presentes na Web, as quais
serão conectadas ao conceito de Web Semântica (BERNERS-LEE, HENDLER e LASSILA,
2002).
O segundo capítulo esboça, a partir de seis princípios, características do
hipertexto (LÉVY, 1993; CASTELLS, 2005;). Diante desta apresentação, uma breve
explanação sobre os metadados será realizada (MILLER, 2006), dando início ao
conceito de hipermídia (SANTAELLA, 2005). Dentro deste âmbito, o tempo e o espaço
(LEMOS, 2008) e a ciberdemocracia (LÉVY, 2005) serão pontuados como fatores que
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constituem e dinamizam o meio virtual. A partir das possibilidades presentes, alguns
suportes online, como as redes sociais (RECUERO, 2009), os wikis, os blogs e a
folksonomia (ERCILIA; GRAEFF, 2008) serão apresentados à nível de exemplificação.
Em um momento seguinte, a questão da gestão do conhecimento será
explanada, expondo pontos referentes à adaptabilidade das gerações aos suportes
tecnológicos (LÉVY, 1993; TAPSCOTT, 2010) e o processo que gerou o
desenvolvimento da inteligência artificial (LÉVY, 1993; SANTAELLA, 2004;
SANTAELLA, 2005). O letramento digital (XAVIER, 2009) é brevemente apresentado,
expressando a importância da alfabetização no meio virtual.
A partir da introdução do Twitter como microblogging (RECUERO, 2009) e
ferramenta opt-in medium (O’REILLY, MILSTEIN, 2009), o quarto e último capítulo
apresenta a análise das respostas obtidas com o questionário aplicado online. Alguns
aspectos observados, como a relação do usuário com a notícia (FERRARI, 2004) e a
hipervelocidade (MORAES, 2001) são destacados, de modo a justificar questões do
gerenciamento do conhecimento no nível subjetivo (LÉVY, 1993).
Web Semântica: A evolução da Internet em campo participativo
O histórico de utilização da Internet como plataforma informacional e, ao
longo de sua inserção nos processos sociais, como meio de comunicação
colaborativo, é marcado principalmente pela valorização do seu potencial
distribuído e interdependente. Percebe-se que, desde o princípio, as
características atribuídas ao seu funcionamento transformaram-se na prerrogativa
para que estudos começassem a ser desenvolvidos, ocasionando em
aperfeiçoamentos na sua estrutura e potencialização do seu uso.
Levando em consideração a maneira separatista de se pensar técnica,
enquanto programação imperativa, e funcionalidade, enquanto programação
lógica, durante os primórdios do desenvolvimento de sistemas de computador
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(FREITAS, 2003), será feita uma referência ao estudo desenvolvido por Terry
Winograd (1975), sobre as variações do uso das linguagens de programação, de
modo a correlacionar o advento do hipertexto, com o surgimento da ideologia
defendida na Web Semântica.
Winograd pontua a presença de dois contrapontos, classificados como
abordagem procedimental e abordagem declarativa. Ligada ao tipo de programação
matemática (imperativa), a primeira caracteriza-se pela generalização das funções
expressas em saber como a resolução de um problema é dada. E a segunda, diante
de uma perspectiva lógica que abarca tanto generalidade quanto especificidade,
defende o conhecimento aplicado ao computador, não de forma limitada ao
procedimento, mas de maneira que possa existir dados específicos que descrevam o
que constitui parte do conhecimento.
A possibilidade apresentada pelo autor de introduzir a modularidade, como
fator que permite a decomposição do conhecimento em partes distintas, sem que
elas interfiram umas as outras, e a interatividade, como característica que pode
fortalecer as ações de comando quando assim programadas, faz uma analogia entre
as linguagens desenvolvidas separativamente e a necessidade de uma síntese entre
ambas.
Declarativists and proceduralists differ in their approach to the duality between modularity and interaction [...]. In viewing system this way, we must keep an eye on both sides of the duality -- we must worry about finding the right decomposition in order to reduce the apparent complexity, but we must also remember that "the interactions among subsystems are weak but not negligible". In representational terms, this forces us to have representations which facilitate "the weak interactions". (WINOGRAD, 1975, p. 191-192) Declarativistas e procedimentalistas diferem em sua aproximação com a dualidade entre modularidade e interatividade [...]. Vendo o sistema dessa maneira, nós devemos manter um olho em ambos os lados da dualidade --
nós devemos nos preocupar em encontrar a decomposição correta com o intuito de reduzir a aparente complexidade, mas também devemos nos lembrar que "a interação entre os subsistemas são frágeis, mas não insignificantes". Em termos representacionais, isso nos força a ter representações que facilitem "as frágeis interações" (WINOGRAD, 1975, p. 191-192)
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Perante a percepção das possibilidades interativas e modulares que a rede
poderia abranger e as necessidades de otimização do uso que foram surgindo ao
longo das décadas seguintes, pode-se observar um progressivo aprimoramento do
uso da Internet, quando esta passou a utilizar sistemas abertos. A implementação
colaborativa e a valorização da representação do conhecimento são vislumbradas,
de forma ainda mais enfática, como possibilidades aplicáveis à Web. Segundo
Frederico Freitas,
A chegada da Internet e dos sistemas abertos - ambientes desorganizados e ricos, que requerem a existência de agentes inteligentes com forte orientação à cooperação e consequentemente à comunicação -, têm demonstrado a necessidade massiva de expressividade e de reuso flexível de
conhecimento, provocando uma premente revisão de conceitos. (2003, p. 2).
Todas essas mudanças ocasionaram um crescente acúmulo de conteúdo no
espaço virtual, mesmo que ainda sob limitação do uso de computadores e sistemas
nos ambientes universitários e de pesquisa. A popularização da rede, de fato,
acontece quando o programa W3 (World Wide Web), um projeto baseado no
sistema de hipertexto, é concluído em 1990 por Tim Bernes-Lee e é disseminado
entre grupos de programadores. Segundo a definição do próprio Bernes-Lee,
exposta na primeira proposta de projeto que introduzia este conceito,
HiperText is a way to link and access information of various kinds as a web of nodes in which the user can browse at will. Potentially, HyperText provides a single user-interface to many large classes of stored information such as reports, notes, data-bases, computer documentation and on-line systems help. (1990) Hipertexto é uma forma de conectar e acessar vários tipos de informação, como uma teia de nós no qual o usuário pode navegar à vontade. Potencialmente, o Hipertexto fornece uma interface única de usuário para muitas grandes classes de informação armazenada, tais como relatórios, notas, base de dados, documentação de computadores e sistemas de ajuda on-line. (1990)
A partir do pressuposto de que os avanços tecnológicos geraram uma nova
perspectiva no processo utilitário da Internet, e de que esta evolução ocasionou
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modificações nos contextos sociais e na maneira como as relações passaram a ser
construídas, pode-se observar uma ascensão na estruturação da Web em campo
participativo.
Em 1994 é lançado o projeto W3C (World Wide Web Consortium), cuja
proposta seria o de padronizar a linguagem utilizada entre os softwares, de modo a
possibilitar uma maior abrangência no acesso e leitura de conteúdos presentes na
rede. Dentro deste projeto, o conceito de Web Semântica começa a ser discutido e
desenvolvido em níveis aplicáveis de usabilidade na rede.
The Semantic Web is not a separate Web but an extension of the current one, in which information is given well-defined meaning, better enabling computers and people to work in cooperation. The first steps in weaving the Semantic Web into the structure of the existing Web are already under way. In the near future, these developments will usher in significant new functionality as machines become much better able to process and "understand" the data that they merely display at present. (BERNERS-LEE, HENDLER e LASSILA, 2002, p. 3). A Web Semântica não é uma Web separada, mas uma extensão da atual, onde a informação é dada com significado bem definido,
permitindo que computadores e pessoas trabalhem em cooperação. Os primeiros passos da tecelagem da Web Semântica dentro da estrutura já existente da Web já estão em curso. Em um futuro próximo, esses desenvolvimentos vão dar início em uma significante funcionalidade, na medida em que máquinas se tornem mais capazes de processar e entender os dados que eles meramente mostram no presente (BERNERS-LEE, HENDLER e LASSILA, 2002, p. 3).
Para que exista um entendimento da sua dinâmica de aplicabilidade e
funcionamento, é válido uma explanação da ótica sob os três princípios que a Web
Semântica está fundamentada. O primeiro diz respeito à Representação do
Conhecimento. A crítica feita por Bernes-Lee, Hendler e Lassila, em artigo
publicado na revista Scientific American, ao tipo de representação tradicional é de
que ela é moldada, contribuindo para que o compartilhamento de conteúdos seja
feito através de bases de dados limitadas quanto à identificação de linguagens
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diferentes. Eles defendem na Web Semântica, que esta capacidade de
identificação esteja correlacionada ao propósito da versatilidade.
"The challenge of the Semantic Web, therefore, is to provide a language that expresses both data and rules for reasoning about the data and that allows rules from any existing knowledge-representation system to be exported onto Web." (BERNES-LEE, HENDLER e LASSILA, 2001, p. 4). "O desafio da Web Semântica, portanto, é o de fornecer uma linguagem que expresse dados e regras para o raciocínio sobre os dados e que permita regras de qualquer sistema de representação do conhecimento existente a ser exportado para Web" (BERNES-LEE, HENDLER e LASSILA, 2001, p. 4).
O segundo princípio refere-se aos Agentes, ou comumente referido como
softwares ou programas. A Web semântica trabalha com a possibilidade de agentes
inteligentes, que possam simplificar e convergir o uso da rede à necessidades
programadas do usuário. "An important facet of agent's functioning will be the
exchange of 'proofs' written in the Semantic Web's unifying language"3 (BERNES-LEE,
HENDLER e LASSILA, 2001, p. 8).
É considerável ressaltar que, alguns aspectos da Web Semântica ainda não
foram alcançados. No entanto, o terceiro princípio, a Ontologia, pode ser
classificada como um dos mais importantes para a possibilidade de concretização
da Web do futuro. Ela representa a coleção de informações que, interconectadas
dentro de um sistema padronizado de linguagem e softwares, é capaz de acarretar
os significados de acordo com os contextos desejados em uma pesquisa. Ela é
constituída por uma taxonomia, que é responsável por definir classes de objetos e
a relação entre eles, e pelas regras de inferência, que são fatores de correlação
entre expressões e seus significados.
Ontologies can enhance the functioning of the Web in many ways. They can be used in a simple fashion to improve the accuracy of Web searches - the search program can look for only those pages that refer to a precise concept
3 Tradução: "Uma importante faceta do funcionamento dos agentes será a troca de 'demonstrações' escritas na linguagem
unificada da Web Semântica" (BERNES-LEE, HENDLER e LASSILA, 2001, p. 8).
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instead of all the ones using ambiguous keywords (BERNES-LEE, HENDLER e LASSILA, 2001, p. 7). Ontologias podem melhorar o funcionamento da Web em muitas maneiras. Elas podem ser usadas de uma forma simples para melhorar a precisão das pesquisas na Web - o programa de pesquisa pode buscar por apenas aquelas páginas referentes ao conceito preciso, ao invés de todos aqueles que utilizam palavras ambíguas (BERNES-LEE, HENDLER e LASSILA, 2001, p. 7).
A partir da apresentação introdutória ao conceito da Web Semântica como
campo participativo, será dado início a como a transformação dos processos de
disseminação da informação, com base na estruturação permitida pelo Hipertexto,
acontece no ambiente virtual, de modo a perpassar pela questão do gerenciamento
do conhecimento.
Hipertexto e Metadados: Novas maneiras de produzir e disseminar a
informação
Como mencionado no capítulo anterior, o hipertexto foi o sistema
responsável por apresentar fatores decisórios na maneira como a Internet passou a
ser utilizada. Levando em consideração o processo da transformação da rede em
campo participativo, seis princípios do hipertexto, trabalhados por Pierre Lêvy
(1993) em As Tecnologias da Inteligência, serão correlacionados com as construções
sociais originadas na Web, permeadas a partir da dinâmica entre novos suportes
comunicativos da Internet e a semântica contextual da gestão do conhecimento.
Tendo em vista o próprio histórico de criação de um sistema que visasse, a
princípio, facilitar o armazenamento de dados e a expressividade desses dados na
plataforma virtual e, posteriormente, a compreensão entre computadores e seres
humanos, pode-se notar que constantes mudanças foram necessárias para que isso
acontecesse. Dentro deste âmbito, introduz-se o princípio da metamorfose, cuja
expressabilidade faz menção às diversas mutações, advindas não apenas da
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estrutura do sistema, mas, também, da própria construção de novos sentidos
gerados pelos atores da rede.
Os produtores da tecnologia da Internet foram fundamentalmente seus usuários, ou seja, houve uma relação direta entre produção da tecnologia por parte dos inovadores e, depois, uma modificação constante de aplicações de novos desenvolvimentos tecnológicos por parte dos usuários, em um processo de feedback, de retroação constante, que está na base do dinamismo e do desenvolvimento da Internet (CASTELLS, 2005, p. 259).
Toda a semântica construída por nós e conexões abrange o princípio da
heterogeneidade. Lêvy (1993) aborda o processo sociotécnico, sob o qual é possível
observar a inserção das diversidades na Web. Ainda sob a mesma perspectiva,
pode-se afirmar que dentro de ideias que divergem e da abrangência democrática
que se preza neste meio, surge a questão das diferentes interpretações. Esta
característica é atrelada pelo autor ao fato de o hipertexto ser fractal, fazendo
assim, parte do princípio da multiplicidade e de encaixe das escalas.
Referindo-se diretamente ao primeiro princípio apresentado, encontra-se o
princípio da exterioridade. Como já fora falado, a rede mantem-se em constante
modificação. No entanto, para que isso aconteça é fundamental que fatores
externos movimentem-se gerando novas dinâmicas de procedimentos sociotécnicos.
Dentro deste âmbito percebe-se a correlação existente entre as conexões
presentes na Web. Parte-se, então, para o princípio de topologia, cuja proximidade
entre elementos acontece consequentemente ao funcionamento natural da rede.
Com base nos procedimentos empregados para a fomentação da cultura
participativa na Internet, é possível observar que todo este conjunto de princípios
expostos até o momento permite, assim como já havia sugerido Paul Baran
(RECUERO, 2009) nos primórdios do desenvolvimento da rede, a distribuição dos
centros. Tendo este fator como prerrogativa, o princípio da mobilidade dos centros
apresenta-se como característica adaptada ao contexto atual da Web, na esfera
que abrange "diversos centros que são como pontas luminosas perpetuamente
móveis, saltando de um nó a outro" (LÉVY, 1993, p. 16).
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Vale expor, a nível meramente explicativo e contextual, que o conceito de
metadados se refere aos procedimentos empregados no reconhecimento de
recursos digitais. De modo comparativo, o catálogo de uma biblioteca que descreve
os registros bibliográficos seria esta construção dos metadados na plataforma
virtual. Segundo Paul Miller (1996), metadados são dados sobre dados, responsáveis
por disponibilizar informações padronizadas que guiem o usuário no momento da
navegação.
Nota-se, desta forma, que o próprio hipertexto, nas nuances já expostas, faz-
se composto por metadados que, unificados de forma funcional, geram o que, de
acordo com Lúcia Santaella, passa a ser denominada de hipermídia. A mesma é
vista como a linguagem digitalizada no âmbito sociocultural.
A acelerada expansão da hipermídia nos últimos anos permite prever o papel que ela deverá desempenhar na cultura emergente e futura dos ambientes virtuais, principalmente no momento em que a tecnologia das redes puder absorver com mais precisão e rapidez as múltiplas linguagens
que coexistem na hipermídia (2005, p. 390)
Observa-se, a partir de modificações nas estruturações da programabilidade
e, consequentemente, na fomentação de uma nova linguagem que permite a
evolução do processo de navegação e acesso do usuário à rede, mudanças em
aspectos que vão além do ambiente meramente virtual. "A virtualização submete a
narrativa clássica a uma prova rude: unidade de tempo sem unidade de lugar"
(LÉVY, 1996, p. 21).
Os primeiros aspectos que recebem destaque são o tempo e o espaço. Ambos
são drasticamente modificados quando há a presença da rede atuante. Para André
Lemos,
o ciberespaço proporciona aos usuários uma forma de tempo e espaço diferenciados através de artefatos tecnológicos digitais. Com os computadores experimentamos, na banalidade do quotidiano, o uso de uma máquina imagética, escriturística e hiperconectada, desempenhando uma forma lúdica e espetacular (2008, p. 133).
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Diversas são as consequências destas mudanças no plano evolutivo que
estabelece as relações sociais. Dentro dessa perspectiva, percebe-se o aspecto
ciberdemocrático da rede que remete ao fato de o usuário ser tanto produtor
quanto consumidor de informação e conteúdo. "A Internet propõe um espaço de
comunicação inclusivo, transparente e universal, que dá margem à renovação
profunda das condições da vida público no sentido de uma liberdade e de uma
responsabilidade maior dos cidadãos" (LÉVY, 2005, p. 367).
Tendo em vista a presença de suportes online que permitem esta conjunção
dos aspectos ressaltados, de modo a contribuir no presente estudo, ressaltar-se-á,
em primeiro plano, as redes sociais. Sendo o próprio Twitter uma rede social, nota-
se sua importância enquanto ferramenta que engloba usuários, geração, consumo e
compartilhamento de conteúdo. "A abordagem da rede tem, assim, seu foco na
estrutura social, onde não é possível isolar atores sociais e nem suas conexões"
(RECUERO, 2009, p. 24).
Diante deste potencial não apenas participativo, mas, também colaborativo,
os wikis, sites que possibilitam a transformação de um leitor em editor de
conteúdo, encontram-se neste patamar. Dando seguimento a este mesmo formato,
encontram-se os blogs que, além de permitir a edição à nível conteudístico e
estético (layouts, fonte, cores e tamanho), traz a cronologia fortemente
demarcada em sua característica estrutural. Dentro de ambos - wikis e blogs - o
uso de tags, ou a folksonomia, como auxiliador em conectar palavras a outros links
operam e facilitam as associações entre conceitos e as buscas (ERCILIA; GRAEFF,
2008).
Gerenciamento do Conhecimento
Tendo por base todos os conceitos apresentados até o momento, pode-se
observar que o comportamento humano, de forma geral, é diretamente
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influenciado pelas descobertas tecnológicas que passam a fazer parte do cotidiano
social. Dessa forma, evidencia-se que a inserção da Internet no processo evolutivo
da sociedade transformou a capacidade de apreensão da informação e das
possibilidades de ampliação do conhecimento.
À nível de contextualização, no livro A hora da geração digital, Don Tapscott
(2010) cita uma experiência feita por um colega de faculdade, que pesquisava
sobre a reflexão visual entre pessoas com deficiência auditiva e pessoas que
escutavam. A sua hipótese era de que alguém surdo conseguiria identificar uma
imagem, em uma tela visualmente poluída, 50% das vezes a mais do que uma
pessoa comum conseguiria.
Em seus dois primeiros testes, feitos com pessoas que escutavam
normalmente, houve um acerto de 100% com ambos os participantes. Apenas na
terceira tentativa, realizada com um terceiro elemento também com audição
perfeita, que a sua hipótese de 50% de acertos foi confirmada. Após algumas
observações, ele percebeu que o fato das primeiras duas pessoas serem adeptas
dos jogos de vídeo game, fizeram com que a percepção visual delas fosse melhor
do que aquela que não jogava.
O ponto onde se pretende chegar é de que, a cada nova tecnologia
inventada, existe um processo de adaptação por parte de grupos sociais. A gestão
do conhecimento constitui não apenas em como a Internet é estruturada, mas,
principalmente, à relatividade de como cada tecnologia é apropriada por
diferentes tipos de gerações. "As relações entre os homens, o trabalho, a própria
inteligência dependem, na verdade, da metamorfose incessante de dispositivos
informacionais de todos os tipos." (LÉVY, 1993, p. 4)
Além deste ponto, leva-se também em consideração a questão da
programabilidade empregada no desenvolvimento de uma tecnologia
artificialmente inteligente. Segundo Lúcia Santaella (2005), existe uma
transdisplinaridade que permeia pelo cenário das ciências cognitivas e que,
consequentemente, constitui todo o processo de gestão do conhecimento. O
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crescente questionamento sobre como as máquinas poderiam simular o
processamento de informação realizado pela mente foi primordial para desenvolver
e aplicar, de fato, teorias ligadas à conectividade, correlação e assimilação mental
no meio online.
Foi dessa ideia de que o computador poderia ser um bom modelo para entender o funcionamento do cérebro humano que brotou a inteligência artificial, cuja expansão interdisplinar deu origem àquilo que passou a ser chamado de ciências cognitivas ou ciência cognitiva (SANTAELLA, 2004, p.75).
Outra ciência complementar faz alusão à linguística como forma de
expressabilidade e representação dos formatos comunicacionais. A congruência
entre signos já existentes e a criação de símbolos que passaram a compor
exclusivamente o ambiente virtual, resultaram em uma nova perspectiva de
materialização do conhecimento e o surgimento de um leitor característico do
ambiente virtual, o leitor imersivo que é um
leitor em estado de prontidão, conectando-se entre nós e nexos, num roteiro multilinear, multissequencial e labiríntico que ele próprio ajudou a construir ao interagir com os nós entre palavras, imagens, documentação, músicas, vídeo etc (SANTAELLA, 2004, p. 33).
Diante desses fatores, fazendo uma referência à psicologia cognitiva, alguns
desafios no âmbito de apreensão sistêmica são empregados aos usuários. As
dúvidas, por exemplo, do que é e de que como funciona a navegação são
presentes quando os primeiros passos no mundo virtual são dados. Leva-se em
consideração que "dois processos fundamentais em que se funda a navegação são: a
compreensão do estado das coisas e a busca para se chegar a um alvo" (SANTAELLA,
2004, p. 66).
Deve-se pontuar que a maneira como a mente processa a informação é
subjetiva e a atividade realizada pela interação dos atores virtuais proporciona
interpretações diferenciadas, responsáveis pela construção de padrões mutáveis de
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comportamentos. "Ao desfazer e refazer as ecologias cognitivas, as tecnologias
intelectuais contribuem para fazer derivar as fundações culturais que comandam
nossa apreensão do real." (LÉVY, 1993, p. 5).
No âmago da questão, a preocupação dentre quais as fórmulas utilizar para
melhor apreender o sistema informacional da rede urge em meio a constantes
evoluções no processo sociocultural. Percebe-se, por parte da sociedade
constituída pelas diversas gerações, um reposicionamento e criação de técnicas, as
quais não se pretende abordar no presente trabalho, diante do processo de
alfabetização.
O Letramento digital implica realizar práticas de leitura e escrita diferentes das formas tradicionais de letramento e alfabetização. Ser letrado digital pressupõe assumir mudanças nos modos de ler e escrever os códigos e sinais verbais e não-verbais, como imagens e desenhos, se compararmos às formas
de leitura e escrita feitas no livro, até porque o suporte sobre o qual estão os textos digitais é a tela, também digital. (XAVIER, 2009).
Em vista da pesquisa realizada para este artigo, o Twitter será apresentado
de modo a justificar como ele pode ser uma ferramenta de gestão do
conhecimento. Deve-se levar em consideração que os procedimentos que
direcionam a este gerenciamento partem das bases subjetivas de cada usuário, do
interesse do mesmo pela prática virtual e de como a ciência cognitiva, delineada
pela inteligência artificial expressada na Web Semântica, influenciam neste
processo.
É possível gerenciar o conhecimento através do Twitter?
Partindo do embasamento teórico exposto até então, o Twitter será
brevemente apresentado e analisado de modo a pontuar as possibilidades de gestão
do conhecimento realizadas com o auxílio dessa ferramenta. A rede social em
questão foi criada em 2006 e traz em sua funcionalidade, características marcantes
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como mobilidade, adaptabilidade, instantaneidade e praticidade. Os dois primeiros
pontos destacados referem-se ao fato de existirem diversos aplicativos que
permitem a utilização do Twitter em aparelhos móveis, o que possibilita,
atrelando-se ao fator de instantaneidade, o acesso à rede social em qualquer lugar
que tenha conexão à Internet e, consequentemente, a produção de conteúdo
imediata.
Classificado como microblogging (RECUERO, 2009, p. 174), o Twitter dispõe
ao usuário um serviço de postagem (ou também chamado de tweet) que limita o
uso de até 140 caracteres. Isso converte as publicações em mensagens curtas, o
que reduz o tempo de leitura e o transforma em uma ferramenta prática para
informações expostas em tamanhos menores.
Vale ressaltar que o Twitter é independente quanto às conexões geradas
pelas relações entre perfis. Ao criar uma conta na rede social o usuário opta por
seguir perfis que sejam de seu interesse e está apto a ser seguido por quem tiver
interesse pelo conteúdo que for compartilhado por ele. Supõe-se que, desta forma,
existe uma busca e uma preocupação em atingir um nível de status com relação ao
que é exposto, o que faz da ferramenta um opt-in medium, ou seja, o usuário é
inteiramente responsável por sua participação na rede. "Se você não for
interessante, as pessoas não o seguirão. Este arranjo significa que o Twitter premia
a credibilidade" (O’REILLY, MILSTEIN, 2009, p. 33).
Partindo deste ponto e do que já fora ressaltado quanto à subjetividade de
navegação de cada usuário, pode ser observado que a estrutura física passa a ser
secundária no processo que a gestão do conhecimento acontece. No entanto, a
forma como as opções de funções estão posicionadas são, de fato, um diferencial
neste processo. Antes de explanar algumas dessas funções, será introduzido como
decorreu as fases da pesquisa proposta para compreender como o uso desta rede
social, com relação à gestão do conhecimento, desenvolve-se.
A pesquisa foi realizada virtualmente, entre as datas 19 de setembro de 2013
e 06 de novembro de 2013, por meio de questionário disparado no Twitter e no
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Facebook, onde foi bastante disseminada em um grupo de Social Medias. A amostra
proposta foi de alcançar 100 respondentes, sendo que, apenas 95 respostas foram
obtidas. A quantidade de retorno conseguido foi dada por satisfeita, de modo que a
grande maioria das pessoas que participaram, estão envolvidas diariamente com
redes sociais.
O questionário continha 20 perguntas, das quais uma parte buscou observar o
tempo de frequência do usuário no Twitter, o potencial da ferramenta enquanto
disseminadora de informação e quais as opções presentes na rede social que são
consideradas relevantes para se informar. A pesquisa não buscou avaliar estes
pontos por gênero ou idade.
Em um primeiro momento, notou-se uma grande diferença entre dois grupos
de respondentes. O primeiro configurou-se por aqueles que afirmaram checar a
conta do Twitter pelo menos uma vez ao dia (47%). E o outro grupo, com a segunda
maior porcentagem (21%), afirmou conferir o perfil da rede social mais de oito
vezes ao dia. Nota-se uma enorme distinção daqueles que se contentam em checar
a conta pelo menos uma vez ao dia e daqueles que estão na rede a maior parte do
tempo, o que pode indicar pessoas no primeiro caso mais propensas a serem mais
participativas e, no segundo caso, usuários interessados em captar conteúdo e, não
necessariamente, gerar informação.
Dentre todos os participantes, 74% alegaram utilizar aplicativos que
facilitem o acesso ao Twitter. No entanto, apenas 38% afirmaram ter a conta do
Twitter conectada a outras redes sociais, sendo o Facebook e o Instagram as redes
com as quais as pessoas mais se preocupam em manter o Twitter conectado. Um
dado interessante é que a maior parte de usuários de aplicativos contêm os
mesmos em aparelhos celulares.
Dentre as opções referentes às razões de escolha para se criar uma conta no
Twitter, os três pontos mais ressaltados foram a Curiosidade, a Interação com
Amigos e a Leitura de Notícias. Dentre as escolhas, foi colocada como opcional a
Procura de Emprego, que teve um percentual de 0%. Observou-se, a partir da
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questão sobre os 5 perfis essenciais para seguir, que ao deparar-se com a dinâmica
do Twitter, os usuários passam a compreender outras importâncias contidas em sua
abrangência. Dentre 19 opções apresentadas, os 5 perfis melhor classificados
foram, exatamente, perfis profissionais (11%), de emprego (8%), de universidades
(6%), cultura (15%) e tecnologia (10%).
Fazendo uma retomada à disposição de como algumas funções estão
posicionadas estruturalmente, encontra-se localizado à esquerda os Trends, ou as
Tendências, que são uma listagem dos dez tópicos mais comentados pelos usuários
na rede. Os mesmos foram avaliados, segundo o questionário aplicado, como
função mais relevante para se informar dentre as outras opções dispostas na
pesquisa. As listas, localizadas no menu de Configurações e Ajuda no topo da
página e oferecidas como opcional a cada usuário que julgue necessário separar os
perfis que segue por listas, e o #Discover, aba localizada também no topo da
página, sendo um guia de novas fontes de informação as quais os usuários podem
vir a se interessar e seguir, foram avaliadas entre elas igualitariamente, mas com
um percentual muito abaixo dos Trends.
Fazendo uma correlação a estas questões, a grande maioria, 74%, afirmou
buscar outras fontes após ler algum fato no Twitter. Estes resultados permitem
avaliar que, apesar de os respondentes ainda restringem-se a utilizar os Trends
como ferramenta que está disposta na página principal dos perfis, eles asseguram
que buscam outras fontes. Isto recai em dois pontos: o fator temporal e a
subjetividade.
O relato do fato mais importante de uma notícia na Internet é a própria notícia. Se o leitor quiser aprofunda-se, precisará utilizar os recursos da hipermídia e avançar sobre o tema em outros links correlatos, o que normalmente não ocorre, em função do curto espaço de tempo (FERRARI, 2004, p. 52)
A rapidez e a facilidade de produção de conteúdo podem transformar o
usuário em 1) superficial, pois este contenta-se com apenas uma única fonte, 2)
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segmentado, pois o mesmo irá em busca apenas de informações que sejam de seu
interesse. “A hipervelocidade reconfigura irreversivelmente os campos da
comunicação e da cultura” (MORAES, 2001, p. 67).
Quando perguntado sobre a eficiência de informação do Twitter, 67%
afirmaram considerar a rede eficiente neste ponto. E quando questionado sobre a
utilidade da ferramenta para conhecer novos conteúdos e informações, 74%
responderam positivamente quanto a usabilidade informacional oferecida pelo
Twitter. Observa-se que a maior parte dos usuários já encontram-se adaptados ao
fator temporal com que conteúdos são produzidos na Web, pois delineou-se uma
reestruturação dessa produção. No entanto, como pontuado acima, existe um
processo de maturação referente à questão pessoal de como essa gestão acontece.
A flexibilidade não está relacionada apenas com os processos de produção e os circuitos de distribuição. A exigência de reorganização em tempo real visa também os agenciamentos cognitivos pessoais. Por outro lado, graças aos sistemas especialistas e a diferentes programas de simulação ou de
ajuda à modelagem, os conhecimentos podem ser separados das pessoas e coletividades que os haviam secretado, depois recompostos, modularizados, multiplicados, difundidos, modificados, mobilizados à vontade (LÉVY, 1993, p. 72)
Dois pontos curiosos sobre as respostas obtidas foi que 92% dos participantes
afirmaram já ter sabido de algum fato primeiro pelo Twitter, o que demonstra a
vivência do imediatismo proporcionado pela rede, sem necessariamente se tratar
de usuário assíduo, e, apenas 11% declararam recordar de assuntos vistos no
Twitter.
Considerações Finais
Diante da análise construída a partir das respostas obtidas na pesquisa e do
embasamento teórico utilizados, é possível afirmar que o Twitter é uma
ferramenta de gestão do conhecimento. No entanto, a afirmativa perpassa,
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principalmente, pelo ponto da subjetividade, levando em consideração que cada
ser humano carrega consigo uma bagagem cultural que irá interferir nas rotas
delineadas por ele ao navegar na Web.
Esta subjetividade sofre influência direta do que é acessado pelo sujeito e
da forma como o mesmo apreende a informação e transforma isso em
conhecimento. Considera-se também, o fato de o Twitter poder ser vislumbrado
como uma ferramenta de fontes primárias, tendo em vista a correlatividade do
número de usuários que buscam outras fontes ao se informar de algo, em um
primeiro momento, por meio da rede.
Nota-se que, diante de um terreno relativamente novo, devido a constante
mutabilidade incrustada à funcionalidade hipertextual, os usuários precisam
manter-se atualizados e encontram-se em processo de amadurecimento quanto às
melhores maneiras de utilização da rede social em questão.
A prática, neste âmbito, torna-se necessária, não apenas pelo entendimento
em si do que venha a ser uma rede social, mas pelas possibilidades que ela pode
trazer ao atrelar o uso de uma ferramenta gratuita, a informação que é contida e
gerada nela e as questões de letramento digital com a coletividade, a colaboração
e a participação vigentes no aspecto democrático da Internet.
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