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Revista Caminhando v. 19, n. 1, p. 27-40, jan./jun. 2014 DOI: http://dx.doi.org/10.15603/2176-3828/caminhando.v19n1p27-40 27 Hermenêuticas no Novo Testamento: olhares, experiências e temporalidades Hermeneutics in the New Testament: perspectives, experiences and temporalities Las hermenéuticas en el Nuevo Testamento: miradas, experiencias y temporalidades Ailton de Souza Gonçalves Gonçaves Danilo Dourado Guerra Érika Rejane Rodrigues de Souza Fideles RESUMO A pluralidade de olhares sob determinada mensagem de certa forma a torna refém do mundo e das subjetividades dos sujeitos interpretantes. No caso neo- testamentário, a realidade hermenêutica começa muito antes da história escrita, na experiência de indivíduos e comunidades com o Cristo. A partir de pesquisas bibliográficas procurar-se-á nesse artigo estabelecer análises que evidenciam tanto as hermenêuticas dos autores bíblicos, ligadas as suas compreensões e versões de Cristo em seu mundo, quanto à pluralidade interpretativa dos leitores dessas obras que atravessam os tempos até os dias atuais. Palavras-chave: Hermenêutica; cristianismo; conflito; gênero. ABSTRACT The plurality of views under certain message somehow makes the world hostage and subjectivities of interpreting individuals. In the New Testament case, herme- neutics reality begins before written history in the experience of individuals and communities with the Christ. Through literature review will seek in this article evidentiate that both biblical authors hermeneutic, related to their comprehensions and versions of Christ in their world, as to interpretive plurality of their readers that cross time until current days. Keywords: Hermeneutics; christianities; conflict; gender. RESUMEN La pluralidad de puntos de vista en virtud de cierto mensaje de alguna manera hace el mensaje rehén de lo mundo e de las subjetividades del sujeto interpre- tante. En el caso del Nuevo Testamento, la realidad hermenéutica comienza mucho antes de que la historia escrita, en la experiencia de los individuos y las comunidades con el Cristo. A través de búsquedas bibliográficas se recabará en este artículo establecer análisis que destacan tanto la hermenéutica de los autores bíblicos vinculado sus entendimientos y versiones de Cristo en su mundo, como la pluralidad interpretativa de los lectores de estas obras que cruzan el tiempo hasta la actualidad. Palabras-clave: Hermenéutica; cristianismos; conflito; género.

Hermenêuticas no Novo Testamento: olhares, experiências e temporalidades

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Hermenêuticas no Novo Testamento: olhares, experiências e temporalidades

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  • Revista Caminhando v. 19, n. 1, p. 27-40, jan./jun. 2014DOI: http://dx.doi.org/10.15603/2176-3828/caminhando.v19n1p27-40

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    Hermenuticas no Novo Testamento: olhares, experincias e temporalidades

    Hermeneutics in the New Testament: perspectives, experiences and temporalities

    Las hermenuticas en el Nuevo Testamento: miradas, experiencias y temporalidades

    Ailton de Souza Gonalves Gonaves Danilo Dourado Guerra rika Rejane Rodrigues de Souza Fideles

    ResumoA pluralidade de olhares sob determinada mensagem de certa forma a torna refm do mundo e das subjetividades dos sujeitos interpretantes. No caso neo-testamentrio, a realidade hermenutica comea muito antes da histria escrita, na experincia de indivduos e comunidades com o Cristo. A partir de pesquisas bibliogrficas procurar-se- nesse artigo estabelecer anlises que evidenciam tanto as hermenuticas dos autores bblicos, ligadas as suas compreenses e verses de Cristo em seu mundo, quanto pluralidade interpretativa dos leitores dessas obras que atravessam os tempos at os dias atuais.Palavras-chave: Hermenutica; cristianismo; conflito; gnero.

    ABsTRACTThe plurality of views under certain message somehow makes the world hostage and subjectivities of interpreting individuals. In the New Testament case, herme-neutics reality begins before written history in the experience of individuals and communities with the Christ. Through literature review will seek in this article evidentiate that both biblical authors hermeneutic, related to their comprehensions and versions of Christ in their world, as to interpretive plurality of their readers that cross time until current days. Keywords: Hermeneutics; christianities; conflict; gender.

    ResumeNLa pluralidad de puntos de vista en virtud de cierto mensaje de alguna manera hace el mensaje rehn de lo mundo e de las subjetividades del sujeto interpre-tante. En el caso del Nuevo Testamento, la realidad hermenutica comienza mucho antes de que la historia escrita, en la experiencia de los individuos y las comunidades con el Cristo. A travs de bsquedas bibliogrficas se recabar en este artculo establecer anlisis que destacan tanto la hermenutica de los autores bblicos vinculado sus entendimientos y versiones de Cristo en su mundo, como la pluralidad interpretativa de los lectores de estas obras que cruzan el tiempo hasta la actualidad.Palabras-clave: Hermenutica; cristianismos; conflito; gnero.

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    IntroduoPodemos conceituar hermenutica como sendo a arte e a cincia

    da interpretao. Arte porque pressupe a capacidade de virtuosismo do sujeito interpretante, e cincia porque engloba o conjunto de reflexes tericas para a interpretao. Porm dentro desse processo performtico e cientfico, aonde se encontram as veredas da verdade?

    Observando o que vem a ser hermenutica sobre o prisma terico de Heidegger vemos um sistema complexo de reflexes sobre o ser, sua existncia e seu mundo. Segundo Weischedel (2006) em obra Ser e Tempo Heidegger questionava o sentido do ser. Para ele, o ser se torna acessvel ao homem pelo entendimento do ser e esse entendimento se expressa na linguagem e no cotidiano humano.

    Falar em hermenutica discursar sobre elaboraes e interpreta-es do pensamento humano. Weischedel (2006, p. 306) diz que para Heidegger o pensamento no deve permanecer meramente em si mesmo, mas tem que intervir na existncia, particular e pblica, transformando-a. A hermenutica se relaciona com a capacidade de percepo, de instin-tividade a partir do que subjetivo dentro de cada ser-no-mundo. Nesse sentido, devido pluralidade de olhares preferimos tratar de hermenuti-cas. Compreendemos que todo e meio de comunicao possui um produto hermenutico que engloba tanto o sujeito portador da mensagem quanto o seu receptor, pois no processo hermenutico, mesmo que em momentos distintos ambos so sujeitos interpretantes. O que conta ou escreve a mensagem o primeiro a configur-la segundo a sua prpria interpretao de si mesmo e de seu mundo. Da mesma forma o receptor da mensagem a reinterpreta segundo sua vida e seu tempo. O que pretendemos nesse artigo compreender como a pluralidade hermenutica influenciou e continua influenciando histrias e pessoas ao longo dos tempos. Partindo do panorama neotestamentrio, especificamente das anlises sobre os Evangelhos de Mateus e Joo e da 1 Epstola Timteo, observaremos nas mltiplas comunidades e, portanto, nas vrias verses de Jesus, o reflexo hermenutico desses documentos em nossos dias.

    1. A comunidade de Mateus sob a tica do conflitoPor meio do vis hermenutico da leitura conflitual, a partir da per-

    cope de Mateus 5.20, ser apresentada uma justia que extrapola aque-la vivida por fariseus e escribas, que aponta para uma prtica efetiva, caracterstica do verdadeiro discpulo que se orienta em vista e para o Reino dos Cus.

    Os conflitos so expresso do poder desigual dos vrios setores da diviso do trabalho (FERREIRA, 2009, p. 49). Ao utilizar esse modelo de leitura sociolgica da Bblia, que busca compreender o texto segundo

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    as relaes, instituies e conflitos sociais pressupostos no momento em que foi escrito (LARA, 2009, p. 57); tem-se uma (re) leitura que ajuda a comunidade marginalizada perceber a presena de Deus junto aos pobres, excludos e marginalizados, os preferidos do Pai. Isso mostra a contradio entre excluso e incluso como palavras opostas, embora determinadas pelo contexto social em que so mencionadas. Dessa forma, o texto sagrado incentiva e fortalece a caminhada dos marginalizados ao longo dos sculos, pessoas que tm fome e sede de justia (Mt 5.6). Para uma compreenso da percope, necessrio apresentar alguns dados da comunidade de Mateus: Quais os conflitos daquela poca? Como era a vida econmica? Como se organiza a poltica? Quem so os marginalizados?

    A histria da comunidade de Mateus est concomitantemente ligada e influenciada pelo evento e movimento Jesus. A partir da vida, histria e feitos desse profeta que se originaram diversos grupos, que surgiram com o intuito de propagar as palavras, aes e feitos desse profeta. Des-de o incio, o movimento no foi algo uniforme e estava inserido em um contexto maior que coexistia uma variedade de grupos judaicos, que se divergiam entre si. Porm, o Templo de Jerusalm servia como elemento unificador da identidade judaica. Com a destruio do Templo durante a Guerra Judaica (66-70 d.C.), houve mudanas no cenrio religioso dessa comunidade que passou a buscar um novo marco referencial para unificar a vida cotidiana.

    Com isso, surgem alguns conflitos, entre os que estavam frente da comunidade. A liderana comea entrar em choque com grupos de base (nas margens). Esse o cenrio que compe a comunidade que escreveu o evangelho de Mateus, marginalizada pelo judasmo formativo1.

    O texto de Mateus foi elaborado por uma maioria de participantes pertencentes a da comunidade mateana e provenientes do judasmo for-mativo. O grupo de Mateus faz parte daqueles que foram expulsos, depois da reorganizao de Jabne. A comunidade Mateana tem como propsito demostrar que Jesus de Nazar o Messias prometido no Antigo Tes-tamento, e ansiosamente esperado pelo povo judeu (SCHMID, 1973, p. 43). Assim, insiste que a essncia da revelao a Israel, especificamente a Lei continua plenamente vlida (KOESTER, 2005, p. 191). Porm, sua validade plena, est na intepretao e nos ensinamentos de Jesus, que apontam para a vivncia da prtica da justia maior, que extrapola a dos outros rabinos. O conflito entre os dois grupos pode estar possivelmente situado na regio da Sria.

    1 Konings (2000) fala desse novo judasmo que surge ps-destruio do Templo de Jeru-salm em 70 d.C, formado por rabinos da tendncia farisaica de Hillel que reconstituem a comunidade judaica em torno da Tor, em Jabne/Jmnia, perto da atual Tel-Aviv.

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    H um conflito entre esses dois grupos que se encontram exilados e buscam elaborar uma identidade, todos buscam fazer uma releitura da sua prtica de f, a justia ento um tema controverso entre os dois grupos.

    Por volta do ano de 80 a.C., o judasmo se reuniu na cidade de Jabne, no sendo somente este evento uma reunio, esse momento foi considerado um divisor de guas na histria do judasmo, pelo fato de ter estabelecido os rabinos como o corpo autorizado e de ter marcado o surgimento do judasmo rabnico como a forma normativa do judasmo (OVERMAN, 1997, p. 48). Esse acontecimento de Jabne teve por objetivo unificar os vrios grupos do judasmo formativo. Nessa unificao, todos os grupos que no se adequaram foram expulsos da comunidade.

    Os fariseus pertenciam classe intermediria da sociedade judaica, antes da destruio do Templo, seriam servidores como grupo religioso e como uma fora poltica que interagia com a classe governante, influen-ciava muitas vezes a sociedade e s vezes obtinha o poder (SALDARINI, 2005, p. 53). Embora esse grupo fosse formado por famlias que gozavam de certa tradio e de poder financeiro considervel, eram leigos e go-zavam de grande prestgio pelo povo, do qual eram verdadeiros lderes religiosos (FRAINE, 1987, p. 558). Eles na maioria das vezes esto em conflito com os saduceus e o sindrio.

    No tempo de Jesus, os fariseus, possivelmente seria um dos grupos com prestgio religioso-poltico, pois estava inserido na vida cotidiana das aldeias e povoados. E em relao a Jesus, existe uma oposio irreconcilivel, manifestada nas palavras escritas nos evangelhos. Na reorganizao do judasmo ps-70, os fariseus tiveram ascenso por que eles j possuam um programa abrangente de identidade social e religiosa que no exigia a presena do Templo (OVERMAN, 1997, p. 45). Na tutela dos fariseus, o judasmo desenvolveu um sistema centrado na aplicao das Leis de pureza no lar e mesa. O dzimo, a observncia do sbado e o estudo da Torah, que eram caratersticas marcantes na existncia do grupo farisaico mesmo antes da destruio do Templo. As-sim, proeminncia que foi dada aos fariseus, reflete o conflito polmico entre a comunidade mateana e a comunidade judaica ps-70, que eram dominadas por fariseus que se tornaram rabis (SALDARINI, 2005, p. 171).

    Na reorganizao do Judasmo, os rabinos passaram a ser liderana e tinham a seguintes funes: o estabelecimento das normas legais e sua derivao da Escritura, a conscincia e administrao da justia (ECHE-GARY, 2000, p. 333), tornam-se assim, os responsveis pela unificao da comunidade do judasmo formativo.

    Outro grupo que estava em conflito com a comunidade de Mateus era o do escriba, era chamado assim, todo aquele que entendido na Lei, conhecido tambm como legis-perito ou doutore da Lei. Os escribas

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    eram educadores e oficiais maiores e menores e pertenciam assim ao estamento intermedirio da organizao social da poca. A comunidade est num momento em conflito de autenticidade. A comunidade judaica, que passa a se formar no judasmo formativo, e a comunidade judeu--crist, ambas buscam elaborar uma nova identidade, frente tragdia vivida pela destruio do templo de Jerusalm.

    O problema enfrentado por esses grupos a falta de sua ptria, pois perderam a sua terra e vivem em dispora. Como estrangeiros, no gozam de uma estabilidade que favorecesse a eles um desenvolvimento digno. A economia no sculo primeiro gravitava em torno da agricultura, por isso um grande bem era a terra. A terra fundamentalmente co-munitria e um bem de herana familiar. As famlias (hebraico: bet ad) eram unidades de produo e reproduo basicamente autossuficientes (RICHTER REIMER; REIMER, 2010, p. 182-183). As duas comunidades se encontram em terras estrangeiras, a comunidade de Mateus era pobre e o judasmo formativo era formado em sua maioria em ricos comerciantes de famlias tradicionais, seria a elite. Essa oposio entre os que tm e os outros faz com que os primeiros vivam marginalizados.

    Outro ponto que favoreceu a marginalizao da comunidade de Ma-teus foi questo doutrinal, pois para ela, Jesus superior a Moiss, mediador da revelao do Sinai, com o qual, por outro lado tem em comum um destino de perseguies (BARBAGLIO; MAGGIONI, FABRIS, 2002, p. 55). A melhor maneira de compreender a comunidade mateana seria como um movimento reformador dentro do Judasmo que se tornou uma seita como reao sua rejeio (STEGEMANN, E.; STEGEMANN, W., 2004, p. 258). J a comunidade foi excluda do judasmo em formao e sentiu-se obrigada a se reorganizar e criar uma identidade nova.

    A acolhida da Lei e sua aplicao nos atos de Justia e misericr-dia sero o grande fator que identificaro a comunidade (ANDERSON; et al., 2005, p. 62). Este o diferencial ou a identidade da comunidade mateana, o texto de Mateus nos oferece um vis, da justia como pro-posta do reino dos Cus. No qualquer justia, mas uma que possibilita a concretizao de toda a justia divina, que consiste na fidelidade de Deus sua Palavra, ou seja, em seu objetivo de ser-para as pessoas (ZEILINGER, 2008, p. 15). Aquilo foi vivido, testemunhado e ensinado por Jesus, proclamado no evangelho escrito por esta comunidade.

    Um dado deste escrito e que a justia bem enfatizada, pois este valor est ausente na vida da comunidade judeu crist, que vive excluda e marginalizada, pelo judasmo formativo. Assim, a sua esperana est no modo de vida em que o amor e a justia norteiam a vida: essas so atitudes de Deus, ensinadas e vividas por Jesus. A justia um programa de vida que iguala todo mundo, no uma prtica individual que garante

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    uma vida santa. Partir dos pobres dos fracos, que vo dar vez o novo tipo de sociedade e ajuda a dar eco s palavras dos excludos, os quais so os primeiros do Reino dos Cus, uma vez que carecem de ateno por parte da comunidade humana.

    2. Comunidade joanina: mensagens e interpretaes sob o prisma de seu tempo

    Devido complexidade, a amplitude e ao carter no conclusivo das pesquisas sobre o Evangelho de Joo e sua comunidade, o presente artigo no pretende situar de forma normativa os contextos de formao e construo tanto da comunidade quanto do Evangelho joanino. De forma introdutria adotamos a reconstruo histrica da comunidade joanina dentro das quatro fases apresentadas por Brown2 (2004). Apesar de algu-mas similaridades encontradas na relao entre os evangelhos sinticos e a literatura joanina, a realidade simblica e o contexto de formao dos escritos joaninos os tornam um caso hermenutico singular.

    De acordo com Eco (2005), a interpretao consiste em um processo de indefinies e deslocamentos de significados, a partir de uma relao dialtica entre as intenes de autor, texto e leitor; sendo aberta a busca de sentidos do leitor modelo, porm, devendo estar ancorada no pano de fundo cultural e lingustico da obra. No caso dos escritos joaninos faremos o exerccio de tentar compreender a inteno da obra a partir da busca pelo olhar interpretativo da comunidade joanina sobre a histria oral do Cristo e por consequncia a redao do quarto evangelho.

    Dentro do panorama de interpretao entendemos que a hermenu-tica joanina produto do seu tempo e de experincias que envolveram a comunidade joanina e sua f em Jesus Cristo. Nesse sentido, para com-preendermos tais documentos, antes de utilizarmos prismas interpretativos que envolvem nosso tempo e nossas experincias, devemos considerar o olhar da comunidade produtora desse evangelho. Nesse caso, o olhar da comunidade joanina sobre sua histria, sobre si mesma e o mundo ao seu redor e sobre sua f cada dia reafirmada pelas circunstncias. Alguns dados contextuais podem ser considerados na tentativa de uma reconstruo do olhar e da inteno autoral da comunidade joanina: a destruio do templo (70 d.C.), os conflitos com o judasmo formativo,

    2 Segundo Brown (2004), a primeira fase precede o evangelho escrito, mas j modela o seu pensamento. Esta marcada por conflitos e expulso dos judeus cristos da sinagoga (at os anos 70 ou 80). A segunda fase seria o momento onde o texto bsico foi escrito, provavelmente na regio de feso, sob a luz de uma atmosfera helenista. A terceira fase a da redao das epstolas de 1 e 2 Joo (por volta do ano 100 d.C.), um perodo em que a comunidade dividiu-se em duas. J a quarta fase engloba a redao da Epstola de 3 Joo e a insero do captulo. 21 no evangelho de Joo. Estas seriam tentativas de insero na Igreja Catlica.

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    a expulso sinagogal, a perseguio romana, os conflitos internos em relao interpretao cristolgica e a tradio eclesiolgica apostli-ca. Nesse sentido, entendemos que a alta cristologia joanina fruto de sua interpretao sobre o prprio Cristo e seu relacionamento com ele mediante a f dentro de sua prpria histria, bem como a expulso da sinagoga como consequncia de um conflito hermenutico em relao figura de Jesus.

    Segundo Tepedino (1993), ser expulso da sinagoga era ser excludo da convivncia religiosa o que acarretava consequncias polticas, eco-nmicas e sociais. A partir do momento que a sinagoga judaica expulsa os cristos de seu meio, estes no so mais tidos como judeus. O que acarretou vrios problemas externos. De acordo com Maia (2002, p. 235), o judasmo era uma religio tolerada e, em princpio, os judeus no eram forados a tomar parte em atos pblicos de cultos praticados no Imprio Romano. Assim, ao perder o respaldo da religio lcita judaica, a comunidade joanina se abre a tenses e possveis perseguies vindas da parte do Csar. Segundo BROWN (apud MAIA, 2002, p. 235), a no--adeso dos cristos aos costumes pagos e a no participao do culto ao Imperador criavam-lhes problemas legais. Dessa forma, expulsos de seu espao-mundo, se viam em conflito com o mundo romano. Tendo em vista essa realidade contextual, sob a perspectiva terica do processo interpretativo propomos analisar ao uso hermenutico das expresses reino e mundo empregadas dentro do evangelho de Joo.

    O quarto evangelho foi concebido como fonte escrita aps a destruio do Templo em Jerusalm nos anos 70 d.C. Esse um dado importante no que se refere expectativa de uma comunidade em relao s estruturas institudas pela religio judaica, como o templo e a pregao sobre o reino de Deus frente a um suposto fracasso de um Messias crucificado e judasmo que esperavam um rei de Israel que governasse sobre os Csares. Nesse sentido, dentro de um cenrio em que as expectativas materiais e palpveis sobre um templo e um reino na terra haviam sido silenciadas por Roma, como a comunidade joanina concebia o chamado reino de Deus? Nesse sentido, o significado de um reino divino estava em um ambiente no qual o que lhes restava era a f em algum que eles no viram, porm creram.

    Um dado interessante que na literatura sintica fala-se muito em reino de Deus e pouco sobre o mundo dos seres humanos, em contraparti-da, nos escritos joaninos fala-se muito sobre o mundo dos seres humanos e pouco sobre o reino de Deus. Segundo Tui e Alegre (1999), enquanto o vocbulo cosmos aparece 8 vezes em Mateus, 2 vezes em Marcos, 3 vezes em Lucas, aparece 78 vezes em Joo. Enquanto a palavra Basileia aparece 57 vezes em Mateus, 20 vezes em Marcos, 46 vezes em Lucas, aparece somente 5 vezes em Joo.

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    Mas por que se falou to pouco em Reino de Deus no Evangelho joanino em relao aos evangelhos sinticos? Em contrapartida porque se falou tanto em mundo na literatura joanina? Seria a intensidade das expresses em Reino e mundo em Joo fruto de uma hermenutica da-quela comunidade sobre seu tempo?

    Segundo Richter Reimer (2003) panorama contextual do Novo Tes-tamento aponta para o cenrio histrico de um Imprio Romano forjado em uma estrutura ideolgica quiriarcal-patrimonial. No evangelho de Joo, para Mateos e Barreto (1989), o Reino de Deus uma criao terminada e estruturada pela capacidade de amar, em mundo visto como um siste-ma pecaminoso e injusto de violncia e de morte, uma ordem opressora com base no poder do dinheiro, e o chefe desta ordem personificao do crculo de poder que o rege. Segundo Konings (2000) o mundo visto como mbito destinatrio da salvao e mbito que recusa a salvao oferecida. o ambiente incrdulo que rejeita a Cristo, contudo, o proble-ma no o mundo, mas aquele quem o domina, em um contexto de dois poderes opostos, o de c de baixo e o l de cima. A realeza de Cristo vista dentro do eon vindouro, no mbito escatolgico, porem no justifica fuga e alienao poltica, mas sim demanda foco em uma poltica superior gerada pelo reino da verdade. Para Brown (2004) mundo tornou-se o reino do mal pelo fato de rejeitar a Cristo, que no rei de um reinado poltico.

    Para Heidegger a matriz de toda interpretao est no compreen-der. Mas o que vem a ser o compreender? Segundo Heidegger (2006, p. 203-204), compreender o ser existencial do prprio poder-ser da persena de tal maneira que, em si mesma, esse ser abre e mostra a quantas anda seu prprio ser. Na relao entre presena e compreender, o compreender sempre diz respeito a toda a abertura da presena como ser-no-mundo. dentro dessa esfera ontolgica que podemos vislumbrar a arte da interpretao, a partir dessa relao fenmica entre o ser humano e a realidade em sua volta. Em Joo vemos um exerccio de compresso sobre o Cristo e a transmisso dessa compresso na forma kerigmtica de seus escritos. Segundo Schleiermacher (apud REIMER, 2010, p. 5) a hermenutica deve constituir-se como a arte do compreender em geral. Dilthey (apud REIMER, 2010, p. 8) definiu hermenutica como arte de compreender as expresses da vida deixadas por escrito. Vemos em ambos os tericos a nfase no compreender relacionado prxis her-menutica. A compreenso envolve em si a assimilao da mensagem e a capacidade de transmisso da mesma.

    No panorama joanino vemos um processo hermenutico de cons-truo que culmina na confeco de sua realidade textual que envolve a inteno autoral de uma comunidade em relao aos destinatrios de sua obra. Nesse aspecto percebemos a comunidade joanina como porta-

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    dora de uma mensagem de f e sujeito interpretante de sua f e de seu mundo. Dessa forma, a configurao contextual do sujeito interpretante influencia de alguma forma em sua compreenso de si mesmo e em sua cosmoviso. No caso joanino, vemos tanto seus conflitos externos com o judasmo formativo sinagogal e as perseguies do Imprio Romano, quanto suas disputas hermenuticas internas em relao s concepes cristolgicas e a estrutura tradicional apostlica da igreja foram circuns-tncias que ativaram, reafirmaram e ressignificaram tanto sua memria quanto sua f em Jesus Cristo.

    3. um olhar feminista sobre 1 Timteo 2.9-15A epstola pastoral, 1 Timteo 2.9-15 indica como destinatrio Timteo

    em feso, lder da igreja, responsvel pela organizao e superviso da vida de comunidades crists (KOESTER, 2005, p. 317).

    9Que do mesmo modo as mulheres se ataviem em traje honesto, com pudor e modstia, no com tranas, ou com ouro, ou prolas, ou vestidos preciosos,10Mas (como convm a mulheres que fazem profisso de ser-vir a Deus) com boas obras.11A mulher aprenda em silncio, com toda a sujeio.12No permito, porm, que a mulher ensine, nem use de autoridade sobre o marido, mas que esteja em silncio.13Porque primeiro foi formado Ado, depois Eva.14E Ado no foi enganado, mas a mulher, sendo engana-da, caiu em transgresso.15Salvar-se-, porm, dando luz filhos, se perma-necer com modstia na f, no amor e na santificao (1TIMTEO 2, 9-15).

    A interpretao histrica da passagem determina que as mulheres crentes de feso aprendam a doutrina crist em silncio, submetendo--se autoridade dos que ensinam segundo o texto sagrado os homens (v.11). Deixando transparece como mensagem no texto, que as mulhe-res jamais poderiam assumir uma posio de autoridade. A justificativa apresentada pelo apstolo na referida carta que: Deus primeiro criou o homem, e depois a mulher (v.13). E a mulher foi iludida por Satans e pecou (v.14).

    No referido texto sagrado, a hierarquia sexual assume contornos definidos ao nvel das tarefas sociais, religiosas e das relaes de poder do homem e da mulher, tudo isso fundamentado no mito da Criao: No permito mulher que ensine nem que se arrogue autoridade sobre o homem; convm que permanea em silncio, pois Ado foi formado primeiro e depois, Eva (1Tm 2.13). Ideia segundo sexo.

    Dessa forma a hierarquia sexual instalada em muitas esferas da nossa sociedade, bem como nas atitudes e prticas familiares, uma consequncia direta da narrativa da Criao utilizada por muitos como fundamento de interpretao teolgica.

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    Para Stegemann (2004, p. 448-449), fica evidente que assim como muitas outras passagens bblicas, 1 Timteo 2 ss deve ser entendido como um mandamento amplo para mulheres: aprenderem em silncio e subordinao. Ambos decorrem, da fundamentao da posposio das mulheres (depois dos homens) e sua suposta suscetibilidade tentao.

    Esses discursos legitimam a ordem estabelecida, justificam a hierar-quizao dos homens e do masculino e das mulheres e do feminino em cada sociedade determinada. So sistemas de crenas que especificam o que caracterstico de um e outro sexo, relao de gnero. E, a partir da, determinam os direitos, os espaos, as atividades e as condutas prprias de cada sexo (SALZSMAN, 1992).

    Na viso de Scott (1987), este aspecto relacional vem da preo-cupao de alguns de que os estudos femininos se centravam sobre as mulheres de maneira demasiado estreita, assim a noo de gnero daria conta de que as mulheres e os homens eram definidos em termos recprocos e no poderiam ser entendidos separadamente. A anlise das relaes de gnero tambm implica a anlise das relaes de poder; e neste sentido, ressalta que essa relao permite a apreenso de duas dimenses, a saber:

    O gnero como elemento constitutivo das relaes sociais, baseado nas diferenas perceptveis entre os sexos e o gnero como forma bsica de representar relaes de poder em que as representaes dominantes so apresentadas como naturais e inquestionveis (SCOTT, 1987, p. 106).

    De acordo com Lemos (2005), gnero a primeira forma de signifi-car as relaes de poder, o primeiro campo no qual o poder articulado, o conceito de gnero estrutura a percepo e a organizao concreta e simblica de toda a vida social (LEMOS, 2005, p. 97).

    Gebara (2007) afirma que na leitura de um texto bblico, a funo da hermenutica procurar o sentido que o texto faz para quem o l. A teoria feminista prope uma leitura hermenutica da Bblia, especialmente dos textos j calcificados por interpretaes teologicamente conservadoras e opressoras, para explorar a reserva de sentido que o texto tem e que s se revela quando interpretado a partir de mtodos especficos.

    Ainda apoiando-se em Gebara (2007) a respeito de interpretao, a autora afirma que uma forma de revelao do ser humano para si mes-mo, uma forma de mostrar a compreenso que ele tem em si, utilizando os textos como mediao. Segundo a autora por meio do entendimento e da interpretao de um texto, que manifestamos a compreenso que temos de ns mesmos e do nosso mundo. O texto torna-se, de certa forma, um pretexto para falarmos da nossa prpria realidade histrica.

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    Gebara (2000) buscou reconfigurar posies teolgicas acerca dos smbolos, a imagem de Deus, corporeidade, transcendncias e tais ex-perincias que resultam dessa interao, a partir de uma tica feminista inclusiva que leva em considerao o respeito igualdade entre os seres, e o repudio a qualquer forma de discriminao, opresso e dominao sobre a mulher vinculada pelo sistema patriarcal adotado poca. Dessa forma, segundo a autora:

    [...] o feminismo trouxe a subjetividade feminina como lugar de saber e lu-gar de poder. Comear a contar sua histria reconhec-Ia como caminho importante e absolutamente imprescindvel na construo de novas relaes sociais (GEBARA, 2000, p. 108-109).

    Para Fiorenza (1992, p. 26), os textos bblicos no so revelaes verbalmente inspiradas nem princpios doutrinais. So formulaes his-tricas surgidas no contexto de determinada comunidade religiosa. necessrio, segundo a autora, questionar a neutralidade da interpretao da Bblia, chamada por Fiorenza de hermenutica de suspeita.

    Ao falar da teologia feminista, Rosado Nunes (2000) procura mostrar que da herana das mulheres vem o reconhecimento de que nossa luta vem de longe, desmistificando o discurso da submisso e passividade, acrescente-se da impotncia resignada. Mas a autora tambm retrata a dominao de que foram e de que continuam a serem, sem dvida, vtimas. Pensar os discursos da teologia feminista significa incorporar a palavra das mulheres nas relaes sociais de poder que se tecem entre os sexos

    [...] dizem respeito a toda a sociedade e a todas as suas instituies, in-clusive as religiosas. Desvend-las, deixando aparecer resistncia das mulheres, tanto quanto o jogo de sua opresso, resgatar essa nossa preciosa herana e fazer dela incentivo para a luta hoje (ROSADO NUNES, 2000, p. 22 - 26).

    Na viso de Richter Reimer, a Teologia Feminista ,

    [...] interao dialgica que o presente mantm com o passado, a Teologia Feminista visibiliza histria de personagens bblicos, sujeitos histricos silenciados durante milnios em suas experincias de opresso, mas tambm de resistncia, protagonismo, libertao e transformao em suas relaes culturais, ideolgicas, sociopolticas e econmicas (RICHTER REIMER, 2005, p. 12).

    Para ressaltar a importncia da leitura feminista da Bblia, Richter Reimer destaca dois aspectos:

  • 38 Gonalves; Guerra; Fideles: Hermenuticas no novo Testamento

    1- Ela se torna importante porque evidencia que a teologia precisa apro-fundar sua reflexo e ao feministas, questionando e rompendo com os parmetros patriarcais e androcntricos das cincias sociais e teolgico--pastorais. Pois neles a mulher, alm de ser desqualificada na sua humani-dade e capacidade, tambm desapropriada de sua dignidade e silenciada em sua experincia e resistncia. O sistema patriarcal e, portanto as cincias que trabalham com paradigmas patriarcais - dualista, sexista e hierrquico, no qual o homem poderoso/branco o princpio organizativo e normativo de todas as coisas. 2- A categoria de gnero possibilita que nossas experincias cotidianas sejam levadas a srio como fonte e reflexo teolgicas, como processo de conhecimento e como autoridade nos processos decisrios de exerccio de cidadania. Nosso cotidiano como uma rede ou como um tecido, no qual se cruzam diversos mecanismos de desigualdades de gnero, sociais, econmicas, culturais, religiosas, tnicas e de idade. Partir desse cotidiano de nossos corpos significa romper com o silenciamento e invisibilizao de mulheres como agentes em processos fundantes e fundamentais da vida humana e social, desmascarando e denunciando prticas e discursos que desconsideram as diferenas ou fazem delas elementos fundantes e legitimadores de desigualdades definidas ento como naturais (RICHTER REIMER, 2000, p. 20-23).

    Nesse sentido, compreendemos que a Teologia Feminista tem a fun-o no s de criticar o passado e buscar histrias perdidas de mulheres, mas tambm de reconstruir a teologia recriando e revisando categorias teolgicas, usando as experincias de opresso e as lutas de libertao das mulheres como articuladoras de saber.

    ConclusoA realidade interpretativa neotestamentria est ligada a uma co-

    nexo de olhares e temporalidades que envolvem autores/autoras e leitores/leitoras da obra. No que se refere esfera interpretativa, esta se vincula as subjetividades do indivduo ou da comunidade interpretante a partir de sua experincia relacionada mensagem comunicada. Sob a perspectiva neotestamentria interpretam-se os documentos a partir de vrios referenciais tericos que articulam seus olhares a partir de suas prprias convices. Nesse sentido temos a pluralidade hermenutica, que nos aponta tanto para as possibilidades hermenuticas utilizadas pelas prprias comunidades nos cristianismos originrios, como exemplo de Mateus e Joo, quanto para a multiplicidade hermenutica do/da leitor/leitora intrprete das Escrituras Sagradas. No caso das comunidades crists, sua hermenutica sobre o Cristo reflexo de seu tempo, seus anseios, seu cotidiano. Ao compreender na figura de Jesus sua prpria realidade interpreta-se a histria oral e o passado em detrimento das cir-

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    cunstncias e conflitos de sua vida presente. No caso dos nossos dias, o sujeito interpretante tem a sua disposio diversos olhares sob um mesmo foco Escriturstico. Nesse sentido a hermenutica do conflito e a feminista so alternativas para novos horizontes capazes de modificar pressupostos e criticar dogmas estabelecidos por opinies corretas de interpretao.

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