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Henrique S. Passos ENFOQUE ECOSSISTÊMICO NA SAÚDE - Potencialidades e obstáculos no contexto brasileiro Trabalho apresentado à Universidade Federal de Santa Catarina, como requisito para a conclusão do Curso de Graduação em Medicina. Coordenador do Curso: Prof. Carlos Eduardo Pinheiro Professor Orientador: Prof. Luiz Roberto Agea Cutolo Professor Coorientador: Prof. Paulo Freire Vieira Florianópolis, 2011

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Henrique S. Passos

ENFOQUE ECOSSISTÊMICO NA SAÚDE -

Potencialidades e obstáculos no contexto

brasileiro

Trabalho apresentado à Universidade Federal de Santa Catarina, como requisito para a conclusão do Curso de Graduação em Medicina.

Coordenador do Curso: Prof. Carlos Eduardo Pinheiro

Professor Orientador: Prof. Luiz Roberto Agea Cutolo

Professor Coorientador: Prof. Paulo Freire Vieira

Florianópolis, 2011

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Problemática

Início da década de 1970:

Limites do crescimento material (Meadows et al., 1972) - Tomada de consciência de uma crise socioambiental em escala global.

Volume crescente de pesquisas sobre os efeitos destrutivos das ações antrópicas sobre os ecossistemas.

Alimentando uma nova linha de reflexão sobre o binômio meio ambiente e saúde.

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Problemática

Ao final do séc XX:

- Evidências sobre a magnitude dos impactos ecológicos

gerados pelos modelos dominantes de desenvolvimento.

- Cenário geopolítico hegemonia crescente do capitalismo

global.

Reconhecido o caráter insustentável da civilização industrial-tecnológica, sobretudo em função do agravamento das mudanças climáticas.

Ponto de viragem decisivo no planejamento de novos estilos de desenvolvimento e de novas formas de vida.

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Problemática

No âmbito dos sistemas de saúde:Percepção mais clara das insuficiências do modelo biomédico, ainda hegemônico.

Uma Ambivalência:

- Avanços recentes : conquistas do Movimento pela Reforma Sanitária Brasileira e as garantias constitucionais do SUS, por exemplo.

- Resistência do sistema à introdução de inovações exigidas (tanto pelos movimentos populares quanto pela visão sistêmica associada à percepção da crise ecológica em escala planetária).

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Enfoque analítico adotado:

- Contraposição ao modelo biomédico-curativista através da aplicação do enfoque ecossistêmico ao debate sobre a relação saúde-doença.

- Insiste na necessidade urgente de uma política pública mais elaborada de Atenção Primária (NIELSEN, 2001).

Enfoque analítico adotado:

- Contraposição ao modelo biomédico-curativista através da aplicação do enfoque ecossistêmico ao debate sobre a relação saúde-doença.

- Insiste na necessidade urgente de uma política pública mais elaborada de atenção primária (essencial) (NIELSEN, 2001).

- Foco incide nas implicações socioculturais e sociopolíticas da crise ecológica global.

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CAPíTULO I – DIAGNÓSTICO CURSIVO DA CRISE

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1.1. Evolução do pensamento biológico no século XX

Contexto epistemológico da visão em saúde:

- Tensão recorrente entre as abordagens mecanicista e holista ao longo da

controvertida trajetória de evolução da ciência moderna.

- Predominou a tendência de tratar de forma dualista os conceitos de

substância e forma. Entre a questão “do que é feito?” e a questão “qual é o seu

padrão?”

*A abordagem ecossistêmica emergente é uma nova guinada ao holismo.

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1.2. Limitações dos modelos dominantes

Contexto histórico da visão em saúde:

América Latina (Séc. XX) - influência norteamericana (ALMEIDA, 2004)

- Instrução acadêmica e práticas com enfoque curativo-individual e cultivadas no âmbito hospitalar - Difusão do ideário desenvolvimentista.- Proliferação das faculdades de medicina e fragmentação dos currículos em especialidades. - No Brasil, modificações processadas no INPS durante o período autoritário:→ restrições à participação dos trabalhadores na gestão do sistema→ repasses concedidos à iniciativa privada- Medicina de Grupo estimulando a importação de produtos médico-farmacêuticos.

Resumindo: um ambiente cada vez mais propício ao desenvolvimento de um sistema médico de corte capitalista e centrado no complexo médico hospitalar.

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Resposta ao fortalecimento dessa tendência de mercantilização progressiva (década 1980):

- os trabalhadores do Ministério da Saúde passaram a reivindicar melhores condições de trabalho - rearticulação dos movimentos sociais- o movimento popular em saúde deflagrou uma dinâmica de oposição crítica bem organizada

→ Surgimento do Movimento pela Reforma Sanitária Brasileira!

*Um momento histórico de crise do sistema. Ineficácia, ineficiência, iniqüidades e crises de credibilidade frente à:

- transição demográfico epidemiológica

- medicalização excessiva e explosão de custos e gastos

→ Configura-se um cenário favorável à proposição de novas concepções do processo saúde-doença-cuidado.

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No cenário internacional:

1974 - A new perspective on the health of Canadians mostrou que as intervenções biomédicas não eram primariamente responsáveis pelo bem-estar e pela melhora na qualidade de vida da população (BUSS, 2005).

1977, 30ª Assembléia Mundial de Saúde, foi proposto o lema “Saúde para todos no ano 2.000”.

1978, na Conferência Internacional sobre Atenção Primária à Saúde, foi aprovada a Declaração de Alma-Ata, que sugeria oito elementos essenciais para alcançar a meta de “saúde para todos”

1986, Primeira Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, no Canadá, foi redigida a Carta de Ottawa - atentava para “as condições e os recursos fundamentais para a saúde: paz, habitação, educação, alimentação, renda, ecossistema estável, recursos sustentáveis, justiça social e eqüidade.” (OMS, 1986).

1988, na Austrália, II Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde- Declaração de Adelaide sobre Políticas Públicas Saudáveis.

1991, por ocasião da III Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, na Suécia, foi lançada a Declaração de Sundsval sobre Ambientes Favoráveis à Saúde.

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Voltando ao nosso País:

1986, 8ª CNS:- Bases conceituais e metodológicas para o planejamento do Sistema Único de Saúde (SUS)

Reafirmando a Reforma Sanitária como um processo de democratização da saúde coletiva em todo o País.

1988, Nova Constituição e 1990, Leis Orgânicas:- SUS: Equidade, Integralidade, Universalidade, Controle social e Hierarquização da assistência.

No entanto, o Movimento Sanitário, mesmo com as garantias constitucionais, acabou esbarrando na hegemonia do sistema mercantilista e na sua força de manipulação, gerando incoerências e conflitos estruturais que perduram até os dias de hoje.

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1.2.1. Indicadores e condicionantes da crise socioambiental:

Estudos pioneiros (final da década de 1960 e começo dos anos 1970):

Comprovação da validade dos indicadores de uma crise historicamente inédita: risco à sobrevivência da espécie humana (SACHS, 2007; MORIN e KERN, 2000).

Na virada do milênio:

Consolida-se a representação de que estaríamos nos aproximando do limiar de uma dinâmica irreversível de degradação dos sistemas de suporte da vida em escala planetária (LOVELOCK, 2006; SACHS, 2007; SILVEIRA, 2009):

- Riscos de ultrapassagem dos limites biosféricos pela difusão globalizada do modelo de crescimento material “a qualquer custo”.

Deste ponto de vista, torna-se urgente conceber novas estratégias de ação coletiva visando assegurar o direito à vida das gerações atuais e futuras.

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1.2.2. Implicações no campo da Atenção Primária em Saúde

Implicações das sociedades industriais (Lefreve, 2004):

(i) o aumento tendencial das doenças crônico-degenerativas;

(ii) os problemas de saúde resultantes das transformações sociais e

culturais. A violência, o estresse, o crescente uso de drogas, as depressões,

as insônias, as iatrogenias, etc.

(iii) o aumento do número de mortes em decorrência da obesidade,

ultrapassando as mortes evitáveis pelo uso do tabaco;

(iv) o aumento do número de crianças obesas,

sobretudo em famílias de baixa renda;

(v) os níveis crescentes de desnutrição

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Sobre mudanças climáticas (SILVEIRA, 2009)

O Working Group II: Impacts Assessment of Climate Change (OMS,

2007), assinala:

- As mudanças climáticas já contribuem para o total de doenças e

mortes prematuras - evidência de 'muito alta confiança' (IPCC, 2007)

*Tal perspectiva é compartilhada por diversos outros autores

Impactos demonstrados:

- Mudanças nos níveis de precipitação e de temperatura → alterações na distribuição de vetores de doenças e na distribuição de espécies cujo pólen é alergênico

- Aumento dos índices de mortalidade por ondas de calor

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Impactos prováveis, em perspectiva:

(i) o agravamento da insegurança alimentar (média confiança);

(ii) o aumento do número de morbimortalidade devido a ondas de calor, vendavais, tempestades, incêndios e secas, bem como a ocorrência de estresse pós-traumático (alta confiança);

(iii) o incremento da prevalência de doenças infecciosas endêmicas

(iv) o aumento substancial da demanda por serviços de saúde (surtos, epidemias, sofrimento psíquico, desemprego, violência social)

(v) migração e deslocamentos de pessoas (“refugiados ambientais”)

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Outras repercussões prováveis sobre a saúde, mas não passíveis de quantificação (porém já reconhecidas):

(i) agravamento da poluição atmosférica e da concentração de aero-

alergenos;

(ii) modificações na transmissão de outras enfermidades infecciosas;

(iii) efeitos sobre a produção de alimentos pela influência direta do clima,

das pragas agrícolas, das enfermidades das lavouras, dos fenômenos de

seca e estiagem prolongadas;

(iv) migrações ocasionadas por catástrofes naturais, colheitas perdidas ou

deficiências no abastecimento de água potável;

(v) destruição das infra-estruturas sanitárias causada pela elevação do

nível do mar e maior ocorrência de eventos climáticos extremos;

(vi) conflitos pela reapropriação de territórios e recursos ambientais;

(vii) morbidade direta associada às anomalias de frio e de calor.

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CAPÍTULO II – CARACTERIZAÇÃO DO

ENFOQUE ECOSSISTÊMICO

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2.1. A crise da ciência reducionista e o contexto de surgimento do enfoque ecossistêmico

Ao longo das últimas três décadas:

o declínio progressivo da hegemonia exercida pelo enfoque bio-médico tradicional

A lenta consolidação institucional do enfoque comunitário–sanitarista

Mais recentemente, a conformação do chamado enfoque ecossistêmico da saúde

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A crise do modelo científico:→ Aumento do volume de informação

→ Aumento do número de subáreas do conhecimento

→ Fragmentação do conhecimento, irrelevância social

→ Crise paradigmática do conhecimento, crise dos sistemas educacionais

“A excessiva e frenética fragmentação e disciplinarização do saber científico faz do cientista um ignorante especializado” (SANTOS, 2008)

* Neste contexto, as práticas dominantes de cura constituem indicadores

de uma profunda crise de sentido das formas de vida geradas nas

sociedades industriais contemporâneas (DUPUY, 1980).

.

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Ápice de tal contexto, a situação atual:

- Hipertrofia da qualidade analítica do pensamento

- fragmentação do conhecimento

- concentração de saberes desconexos nas hiper especialidades.

- capacidade integrativo sintética do pensamento perdida nas palavras das teorias disciplinares.

- saberes disciplinados insuficientes para o enfrentamento da problemática contemporânea.

- necessidade do outro paradigma sistêmico, integrativo.

É nesse ponto que se compõe a importância das ciências ecológicas:→ ruptura com o pensamento analítico que não é também sintético, à disciplina que não é transdisciplinar em suas problemáticas e respostas.

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2.2. Sobre os processos de saúde e doença e as modificações ambientais (eixo Ambientes favoráveis)

Há correlações empiricamente testáveis envolvendo o estado do meio ambiente

e as condições de saúde de indivíduos e grupos.

Elaborados sistemas médico filosóficos antigos: → levam em conta a complexidade envolvida nesse tecido interativo

saúde-ambiente→ fundamentam uma abordagem que contrasta com o pensamento

dicotômico típico da racionalidade ocidental (GUATARI, 1990).

A noção de saúde considerada à luz do pensamento sistêmico leva a representação do campo unitário organismo ambiente.

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2.3. Saúde e Resiliência, uma importante associação (eixo Reforço Comunitário):

Resiliência é a capacidade de um sistema ecológico de absorver perturbações externas, sem, contudo, alterar-se

qualitativamente, mesmo que as variáveis não se mantenham constantes e nem se aproximem de um equilíbrio determinado.

* Na ultrapassagem da resiliência, busca-se um outro estado homeostático, de

outra qualidade (GALLOPIN, 1986).

** Há relação diretamente proporcional de resiliência e diversidade.

- Diversidade – quando se trata da biosfera: Bio-diversidade.

- Diversidade – quando se trata da sociedade humana: Cultura local,

autonomia regional, protagonismo cooperativo.

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2.4. A abordagem ecossistêmica em saúde (Eixos: Políticas Públicas Saudáveis e Reorientação dos Sistemas de Saúde)

A relação saúde-doença sob o ângulo do novo paradigma científico sistêmico complexo:

- Reducionismo → complexidade

- Estabilidade → instabilidade (“tornar-se”, “devir”)

- Objetividade → intersubjetividade (sujeito e objeto só existem

relacionalmente)

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Sobre a concepção ecossistêmica do binômio saúde-doença:

Não há um ecossistema pré-definido sobre o qual se possa aplicar uma definição. São os atores que nele atuam que devem assumir a responsabilidade de defini-lo, de acordo com os objetivos de mudança e de intervenção, sempre levando em conta que o espaço delimitado está dentro de sistemas maiores (FORGET e LEBEL, 2001).

- Binômio saúde-doença se constitui como um processo coletivo

- Identificar as relações entre as condições de saúde e seus determinantes

culturais, sociais e ambientais, dentro de ecossistemas modificados pelo

trabalho e pela intervenção humana.

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Pilares de uma abordagem ecossistêmica:

- Transdisciplinaridade:

Exigência epistemológica para lidar com a complexidade da interação dos

vários componentes sociais, econômicos e ambientais do ecossistema.

- Participação:

Necessidades dos atores locais.

Abrange a noção de “participação popular”.

- Equidade:

Participação e atendimento dos interesses de todos os segmentos

envolvidos na pesquisa, independente do gênero ou classe social. Equilíbrio

entre os interesses da academia, população ou gestores. (LEBEL, 2003)

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CAPÍTULO III - CONDIÇÕES GERAIS DE VIABILIDADE

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3.1. Pontos de referência para o planejamento de sistemas experimentais (NIELSEN, 2001)

- Definir, a cada caso, o conceito de Saúde Ecossistêmica como um guia para tomadas de decisão.

- Aliar e articular, os cientistas naturais e os cientistas sociais

- Acabar com o excesso de positivismo.

- Gestão popular para gestão de saúde ecossistêmica.

- Liberação de informação.

- Promoção da saúde humana embutida na saúde “maior” do ecossistema.

- Identificar elos entre a saúde humana e as organizações ecossistêmicas.

- Transdisciplinaridade

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Alguns pressupostos normativos:

- Lógica das necessidades básicas versus lógica do crescimento material

ilimitado.

- Prudência ecológica (relação de “simbiose” co-evolutiva entre sistemas

sociais e sistemas ecológicos).

- Autonomia (“self-reliance”) e empoderamento comunitários. Saúde

comunitária.

- Novo conceito de eficiência econômica. Não linear.

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Transdisciplinaridade:

(Exigência epistemológica do paradigma científico sistêmico)

Pressupõe uma linguagem menos técnica, mais poética e literária.

Apresenta desafios metodológicos:

(i) mudar o enfoque linear;(ii) fazer mais sínteses; (iii) a participação de todos os agentes.

E desafios operacionais (GOMEZ, 2006):

(i) fazer mapeamento histórico das interações que provocam ou provocaram degradação ambiental e danos à saúde;

(ii) delimitar o universo a ser focalizado, delimitar o subsistema;(iii) fazer diagnósticos sincronizados; (iv) elaborar instrumentos práticos.

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Incerteza como ponto de partida:

(humildade nas intervenções)

- A incerteza como ponto de partida para a construção de um saber

“Os descobridores têm a incerteza como raiz de ação, é a incerteza que

gera a a abertura para o descobrir” - Morin.

- Considerar sempre a reformulação da aposta buscando uma estratégia

de ação que nunca esteja pronta.

Um modo cognitivo com menos princípios, mais dilemas.

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Corresponsabilidade inter gerações:

“À frente”:

As gerações passadas junto às contribuições das atuais gerações, colocam

em perigo a própria existência do homem, e em particular, a das gerações

futuras.

“Pra trás”:

O importante entendimento de que “nós já nascemos velhos”, de que não

precisamos, enquanto humanidade, reinventar a roda a cada geração que

passa, (MORIN, 2002)

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3.2. Novas modalidades de formação médica

Temos no campo da formação médica dominante:

* Condicionantes históricos da constituição desses espaços (cap. I)

- Tempo de trabalho demasiado nas enfermarias, em detrimento da presença nos ambulatórios e na ULS.

- Tecnologias pesadas, onerosas - subservientes à coações impostas pelo complexo médico-industrial.

- Ideia distorcida de “Complexidade Crescente”: complexidade entendida pela dureza da tecnologia hospitalar curativista.

A complexidade relaciona-se, de fato, com a SAÚDE.

- Sem reflexão criativa e consistente a respeito dos indicadores e dos condicionantes de saúde.

- Sem propostas consistentes de humanização, de acolhimento, de acessibilidade e, em síntese, de promoção da saúde.

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Resumindo, operamos com um modelo que não correspondendo às necessidades para o SUS.

Torna-se urgente uma prática curricular que contemple de forma sistemática o trabalho do Médico de Família: onde muitas das questões carentes de resposta no modelo atual estariam integradas no cotidiano.

A Estratégia de Saúde de Família e Comunidade aparece como uma território possível tendo em vista a internalização do enfoque ecossistêmico.

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As especialidades clássicas:

- Fortemente atreladas às disciplinas, ao conhecimentos de cunho analítico-reducionista.

- Facilmente associadas à crise paradigmática da ciência contemporânea apontada na introdução deste trabalho.

Especialidades integrativas:

- Reconhecem as fronteiras disciplinares para a conveniência da análise e estrutura.

- Mas concentram-se nas ligações, nas inter relações - em busca de uma compreensão mais profunda da condição humana em sua inserção ecossistêmica

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3.3. No centro do debate: a legitimidade da ética do respeito pela vida

Como criar um novo modelo crítico - instrumentalizar o olhar - para enfrentar

a problemática complexa descrita neste trabalho?

- A resposta pressupõe uma incursão no domínio da ética.

- Uma nova plataforma...

Uma ética que fundamenta um estilo de viver, uma prática centrada no ideal do respeito pela vida (MORIN e KERN, 2000).

Uma ecologia profunda que vê o mundo como uma rede de fenômenos interligados e interdependentes onde o homem é apenas um dos fios.

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CAPÍTULO IV – CONSIDERAÇÕES FINAIS

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Resultados:

- Reafirmamos as limitações do enfoque biomédico para a promoção da

saúde.

- O trabalho trouxe uma caracterização preliminar da alternativa

representada pelo enfoque ecossistêmico emergente.

- Ressaltamos que o enfoque ecossistêmico dispõe de ferramentas de

análise e planejamento mais consistentes e eficazes tendo em vista o

enfrentamento da crise planetária do meio ambiente.

- Pressupomos que esta crise reflete os efeitos gerados pela hegemonia

alcançada pela visão reducionista e por seus reflexos na organização de

todos os sub-sistemas funcionais das modernas sociedades industriais.

- Apontamos ainda alguns desafios metodológicos e operacionais na

busca de superação desses impasses.

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A consolidação da Estratégia de Saúde da Família

(ESF), apoiada numa nova proposta de formação

médica foram consideradas como dois eixos

estruturantes de mudanças condizentes com o

enfrentamento dos desafios de reconceituar o

binômio saúde-doença e gerir sistemas de

atendimento essencial à saúde no nível comunitário.

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“A saúde não é apenas a conjugação do “silêncio dos órgãos” e da experiência de bem estar. Fundamentalmente, diz respeito à capacidade autônoma de cada ser humano de

atualizar seu potencial e de enfrentar - e doar sentido - ao sofrimento inevitável e ao caráter efêmero da sua existência, sempre à luz da história ecológica da

humanidade”

OBRIGADO!