6
MADALENA MANZONI PALMEIRIM A INTER TEXTUALIDADE EM HEART OF DARKNESS E APOCALYPSE NOW REDUX MADALENA MANZONI PALMEIRIM

HEART OF DARKNESS E APOCALYPSE NOW REDUX - …repositorio.ul.pt/bitstream/10451/7890/1/1647-4198_2009-000-000... · Heart of Darkness de Joseph Conrad e a adaptação cinematográfica,

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MA

DA

LE

NA

MA

NZ

ON

I P

AL

ME

IRIM

A I

NT

ER

TE

XT

UA

LID

AD

E

EM HE

AR

T

OF

DA

RK

NE

SS

E A

PO

CA

LY

PS

E

NO

W R

ED

UX

MA

DA

LE

NA

MA

NZ

ON

I P

AL

ME

IRIM

Est

a é,

com

o se

sab

e, a

pre

mis

sa q

ue a

trav

essa

o

prin

cípi

o da

inte

rtex

tual

idad

e.U

ma

anál

ise

inte

rtex

tual

pr

ocur

a,

port

anto

, os

di

scur

sos

que

emer

gem

da

in

ters

ecçã

o de

di

fere

ntes

tex

tos,

sen

do q

ue s

e co

nsid

era

text

o qu

alqu

er c

onst

ruçã

o, q

ualq

uer

obje

cto

de s

igni

fi-ca

ção

enqu

adra

do e

m d

eter

min

ado

cont

exto

. Ele

re

laci

ona-

se c

om o

utro

s te

xtos

de

dive

rsas

form

as:

man

ifes

tand

o ci

taçõ

es,

frag

men

tos,

alu

dind

o a

outr

os te

xtos

ou

sim

ples

men

te a

dapt

ando

clic

hés

e as

sum

indo

det

erm

inad

as in

fluên

cias

. No

fund

o,

todo

e q

ualq

uer

text

o é

com

post

o po

r di

fere

ntes

di

scur

sos

que

se e

ntre

cruz

am. P

or d

iver

sos

traç

os

que

se e

ntre

tece

m p

or p

onto

s de

qui

asm

a, u

m

pouc

o co

mo

nos

cadavre

exq

uis

, on

de o

s in

terv

e-ni

ente

s vã

o in

scre

vend

o di

fere

ntes

pad

rões

. Uns

a

part

ir d

os o

utro

s. U

ns c

om o

utro

s.N

ão s

e pr

eten

de, n

o en

tant

o, r

eduz

ir a

apl

icaç

ão

do s

iste

ma

inte

rtex

tual

a u

ma

sim

ples

iden

tific

a-çã

o da

s fo

ntes

e a

lusõ

es e

stab

elec

idas

ent

re d

ifer

-en

tes

text

os. E

co, K

rist

eva,

Gen

ette

, Tod

orov

e

mui

tos

outr

os,

inde

pend

ente

men

te

do

cam

po

de c

ríti

ca l

iter

ária

em

que

se

insc

reve

m, j

á ap

re-

sent

aram

, de

um

a fo

rma

ou d

e ou

tra,

a p

ropo

sta

de B

akht

in a

o de

finir

o t

exto

lit

erár

io e

nqua

nto

mos

aic

o de

cita

ções

, ist

o é,

apr

opri

ando

-se

e tr

ans-

form

ando

out

ros

text

os.

ma

da

len

a m

an

zo

ni

pa

lme

irim

Foi

Bak

htin

que

m c

once

beu

o te

rmo

dial

ogis

mo

com

o pr

incí

pio

cara

cter

ísti

co e

nec

essá

rio

da li

n-gu

agem

, oc

upan

do d

ois

espa

ços

dist

into

s. E

m

prim

eiro

lug

ar,

na i

nter

acçã

o qu

e oc

orre

ent

re

enun

ciad

or e

des

tina

tári

o e,

em

seg

undo

, a

in-

tert

extu

alid

ade

que

se e

stab

elec

e no

int

erio

r do

di

scur

so. O

dia

logi

smo

ocor

re, p

orta

nto,

no

espa

-ço

do

text

o e

no e

spaç

o en

tre

os d

iver

sos

text

os

apro

pria

dos.

*A

inte

rtex

tual

idad

e é

entã

o um

con

tínu

o pr

oces

-so

dia

lógi

co.

No

seu

limit

e, a

int

erte

xtua

lidad

e re

fere

-se

à ca

deia

ilim

itad

a de

pos

sibi

lidad

es q

ue

dete

rmin

ada

prát

ica

disc

ursi

va a

dmit

e, p

oden

do

esta

bele

cer r

elaç

ões

com

dif

eren

tes

med

ia e

com

di

fere

ntes

art

es, t

anto

eru

dita

s co

mo

popu

lare

s.É

nes

te c

onte

xto

que

se e

xplo

ra a

pro

blem

átic

a da

ada

ptaç

ão d

e H

eart

of

Dark

nes

s em

Apoc

aly

pse

Now

R

edux,

apr

opri

ando

um

a ab

orda

gem

que

o pr

ivile

gia

o te

xto

liter

ário

, m

as q

ue p

rocu

ra

ligaç

ões

com

dif

eren

tes

text

os,

incl

usiv

amen

te,

de d

ifer

ente

s m

edia

. C

once

ntra

ndo-

se,

sobr

etu-

do,

na i

nter

acçã

o e

no d

iálo

go e

ntre

os

text

os,

a ad

apta

ção

deix

a de

ser

com

pree

ndid

a a

um n

ível

lin

ear

e pa

ssa

a se

r m

ulti

dire

ccio

nal.

As

sim

co

mo

no

do

mín

io l

ite

rári

o o

s l

ivro

s s

e

cru

za

m, c

om

en

tam

e c

on

tra

ria

m, n

ão

se

en

tão

es

tra

nh

o a

firm

ar

qu

e n

ão

ex

iste

ne

nh

um

a

pro

po

siç

ão

is

ola

da

e a

utó

no

ma

, ou

alg

um

te

xto

de

sli

ga

do

do

s q

ue

o p

rec

ed

era

m.

12

34

35

“No

t in

fre

qu

en

tly

bo

ok

s s

pe

ak

of

bo

ok

s”u

mber

to

eco

36

37

Com

o R

ober

t St

am e

scla

rece

:...t

here

is

no

such

tra

nsf

erabl

e co

re: a s

ingl

e nov

elis

tic

text

com

-

pri

ses

a s

erie

s of

ver

bal

sign

als

tha

t ca

n g

ener

ate

a p

leth

ora o

f

pos

sibl

e re

adin

gs, in

cludin

g ev

en r

eadin

gs o

f narr

ati

ve

itse

lf...

The

tex

t fe

eds

and is

fed into

an infinit

ely

per

muta

ting

inte

rtex

t,

whi

ch i

s se

en t

hrou

gh e

ver

– s

hift

ing

grid

s of

inte

rpre

tati

on.

STA

M, 1

992

p. 5

7

Nes

ta l

inha

de

refle

xão

uma

preo

cupa

ção

dem

onst

rou-

-se

prio

ritá

ria:

exp

ulsa

r o

fant

asm

a da

fide

lidad

e na

adap

taçã

o. N

esta

per

spec

tiva

, ao

cont

rári

o de

um

a an

á-

lise

com

para

tist

a, o

jul

gam

ento

crí

tico

irá

rec

air

sobr

e o

acto

cri

ativ

o e

inte

rpre

tati

vo d

o au

tor.

A ê

nfas

e se

rá c

o-

loca

da n

a di

fere

nça,

na

capa

cida

de d

a in

tert

extu

alid

ade

gera

r di

fere

ntes

tex

tos.

A n

oção

de

dial

ogis

mo

inte

rtex

tual

de

Bak

htin

é, a

ssim

,

uma

das

form

as d

e ul

trap

assa

r o

deba

te à

vol

ta d

o gr

au

de fi

delid

ade

da a

dapt

ação

em

rela

ção

ao o

rigi

nal.

Des

te

mod

o, p

rete

nde-

se r

efor

çar,

em

par

ticu

lar,

a e

scol

ha e

utili

zaçã

o de

alg

uns

elem

ento

s in

tert

extu

ais

que

surg

em

entr

e H

eart

of

Dark

nes

s de

Jos

eph

Con

rad

e a

adap

taçã

o

cine

mat

ográ

fica,

Apoc

aly

pse

Now

Red

ux

de F

ranc

is F

ord

Cop

pola

.

Nes

te s

enti

do, a

dmit

e-se

que

, na

inte

racç

ão e

no

diál

ogo

entr

e os

doi

s te

xtos

, vá

rios

esp

aços

de

sign

ifica

ção

irão

surg

ir (e

m c

ada

text

o e

entr

e os

text

os) –

ain

da q

ue c

ada

um d

eles

sej

a um

dif

eren

te c

onst

ruct

o, c

onst

ituí

do p

or

um s

iste

ma

de s

igno

s pr

ópri

o. P

ropo

ndo

iden

tific

ar e

evid

enci

ar d

ifer

ente

s fo

rmas

de

repr

esen

tar u

ma

mes

ma

inte

nção

, em

dom

ínio

s ar

tíst

icos

de

natu

reza

dif

eren

tes

e em

dua

s ob

ras

dist

inta

s, m

ostr

ou-s

e ne

cess

ário

cir

cuns

-

crev

er-m

e a

um t

ema

ou u

ma

inte

nção

que

apr

oxim

a os

dois

aut

ores

: a e

xplo

raçã

o do

vaz

io, a

hol

low

nes

s.

Rep

rese

ntan

do d

esde

o v

azio

da

guer

ra a

o va

zio

da

próp

ria

lingu

agem

, nos

doi

s ca

sos,

o m

otiv

o da

hol

low

nes

s

é ex

plor

ado

em d

ifer

ente

s ní

veis

. Pre

tend

endo

traç

ar a

l-

gum

as d

as li

nhas

que

se

prol

onga

m e

ntre

as

duas

obr

as,

proc

ura-

se u

ma

poss

ível

sis

tem

atiz

ação

da

pres

ença

da

hollo

wne

ss e

m d

ifer

ente

s do

mín

ios.

Par

a is

so,

reco

rdo

um m

ecan

ism

o co

nhec

ido

por

leit

mot

iv.

Ain

da q

ue s

eja,

ori

gina

lmen

te,

uma

técn

ica

de c

om-

posi

ção

mus

ical

, a

sua

utili

zaçã

o é

aplic

ável

a t

odos

os

dom

ínio

s ar

tíst

icos

. T

rata

-se

de u

ma

fras

e qu

e de

sign

a

um m

otiv

o (p

or e

xem

plo,

a h

ollo

wnes

s) q

ue é

defi

nido

form

alm

ente

. É

, po

rtan

to,

um i

nstr

umen

to a

uto-

refle

-

xivo

que

acc

iona

os

mec

anis

mos

de

mem

ória

dos

esp

e-

ctad

ores

, en

volv

endo

-os

acti

vam

ente

, ta

l co

mo

a ab

or-

dage

m in

tert

extu

al.

Aci

ma

de t

udo,

o l

eitm

otiv

per

mit

e a

iden

tific

ação

de

qual

quer

com

pone

nte

da a

cção

dra

mát

ica:

per

sona

gem

,

obje

cto,

lug

ar,

idei

a, e

stad

o de

esp

írit

o, e

tc.

A u

tiliz

a-

ção

de l

eitm

otiv

en,

sobr

etud

o pe

la s

ua i

nten

cion

alid

ade

dram

átic

a,

form

a um

a co

mpl

exa

rede

in

tert

extu

al

atra

vés

da q

ual

se p

rocu

ra e

xpre

ssar

o i

nefá

vel,

com

o é

o ca

so d

a ho

llow

nes

s.

Com

pree

nden

do o

sig

nific

ado

e o

cont

eúdo

ref

eren

cial

de c

ada

leit

mot

iv, p

oder

-se-

á, e

ntão

, del

inea

r dif

eren

tes

teia

s de

lei

tmot

iven

de

cada

obr

a, a

quilo

que

Wag

ner

cunh

ou d

e “m

elod

ia in

finit

a”. E

ssa

obra

apr

esen

tar-

se-á

com

o um

a re

de c

ombi

nató

ria

dess

es d

ifer

ente

s m

otiv

os

e da

s su

as s

uces

siva

s va

riaç

ões

onde

cad

a fr

ase

(mus

i-

cal,

liter

ária

ou

cine

mat

ográ

fica)

se

torn

a po

rtad

ora

de

info

rmaç

ão e

cad

a m

omen

to a

dqui

re u

ma

sign

ifica

ção

dram

átic

a.

Ant

es d

e m

ais,

é n

eces

sári

o di

stin

guir

a l

iter

atur

a e

o

cine

ma

com

o du

as f

orm

as d

e ve

r di

stin

tas.

Não

a

natu

reza

de

cada

med

ium

é d

ifer

ente

, m

as a

s té

cnic

as

que

lhes

são

pró

pria

s ta

mbé

m. N

o fu

ndo,

am

bas

se o

rga-

niza

m e

m t

orno

de

uma

narr

ativ

a, m

as a

plic

ando

for

mas

de e

nunc

iaçã

o e

inst

rum

ento

s re

tóri

cos

com

plet

amen

te

dife

rent

es.

O c

aso

de A

poc

aly

pse

Now

Red

ux,

enq

uant

o ad

apta

ção

“liv

re”,

ser

ve p

ara

ilust

rar

aqui

lo q

ue n

uma

adap

taçã

o

pode

ser

tra

nspo

níve

l, is

to é

, a

narr

ativ

a. O

rea

lizad

or

Fra

ncis

For

d C

oppo

la o

pta

por

man

ter

a id

eia

de v

ia-

gem

, com

Mar

low

sub

indo

um

rio

em

bus

ca d

e um

a ou

-

tra

pers

onag

em, K

urtz

. Ain

da q

ue o

cen

ário

Con

radi

ano,

o C

ongo

, te

nha

sido

tra

nspo

rtad

o pa

ra o

Vie

tnam

e, é

inev

itáv

el a

firm

ar-s

e qu

e H

eart

of

Dark

nes

s pr

opor

cion

a

a es

trut

ura

de u

ma

viag

em e

xter

ior/

inte

rior

que

é c

on-

trol

ada

pela

imag

em d

o ri

o, u

m r

io th

at

snake

d t

hrou

gh t

he

war

like

a m

ain

cir

cuit

cabl

e, p

lugg

ed i

n s

traig

ht i

nto

Kurt

z.

Par

a ap

rese

ntar

ess

a vi

agem

o c

inem

a in

corp

ora

dife

r-

ente

s si

stem

as d

e si

gnos

, ap

ropr

iand

o-se

del

es e

rel

a-

cion

ando

-os.

O e

nqua

dram

ento

da

foto

grafi

a, a

vis

u-

alid

ade

das

arte

s pl

ásti

cas,

a r

epre

sent

ação

do

teat

ro,

a

expr

essi

vida

de d

a m

úsic

a, o

mov

imen

to d

a da

nça

e o

cená

rio

da a

rqui

tect

ura.

A d

escr

ição

e n

arra

ção

liter

ária

de C

onra

d po

dem

, ass

im, s

er t

radu

zida

s pa

ra d

ifer

ente

s

códi

gos,

na

form

a de

acç

ão,

eloc

ução

, so

m,

mús

ica

e

imag

ens

visu

ais.

Em

Hea

rt o

f D

ark

nes

s de

Con

rad,

im

edia

tam

ente

nas

prim

eira

s pá

gina

s se

evi

denc

ia u

m d

os le

itm

otiv

en q

ue,

enqu

anto

mec

anis

mo

auto

-refl

exiv

o, a

trai

ate

nção

par

a

si m

esm

o:

mou

rnfu

l gl

oom

, br

oodin

g m

otio

nle

ss //

P.1

5

wit

hin t

he b

rood

ing

gloo

m. /

/ P.1

5

Only

the

glo

om t

o th

e w

est,

bro

odin

g ov

er t

he u

pper

rea

ches

...

// p.

16

the

touch

of

that

gloo

m b

rood

ing

over

a c

row

d o

f m

en. /

/ P.1

6

a b

rood

ing

gloo

m i

n s

unsh

ine

// P

.18

CO

NR

AD

// 1

995

// pp

. 15-

18

Nes

te e

xem

plo,

ond

e é

evid

ente

a r

epet

ição

da

pala

vra

broo

din

g se

mpr

e as

soci

ada

a gl

oom

, o

inte

ress

e co

ncen

-

tra-

se n

as p

alav

ras

que,

ao

sere

m id

enti

ficad

as c

omo

re-

pres

enta

ção,

com

o ré

plic

a, v

ão p

erde

ndo

o se

u si

gnifi

-

cado

. É, n

o fu

ndo,

est

a a

funç

ão d

a re

peti

ção,

a d

e ge

rar

a ho

llow

ness

, des

gast

ando

e e

sgot

ando

o s

igni

ficad

o da

s

pala

vras

, até

sob

rar

só s

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fican

te, f

orm

a, s

om.

O c

inem

a, p

or o

utro

lad

o, p

ossu

i ou

tros

sup

orte

s pa

ra

expr

essa

r a

holl

ownes

s, c

omo

é o

caso

do

mon

ólog

o de

Mar

lon

Bra

ndon

que

um p

oem

a de

T.S

. E

liot,

The

Hol

low

Men

, rem

eten

do i

med

iata

men

te p

ara

Kur

tz q

ue

era

holl

ow a

t th

e co

re (

CO

NR

AD

, p. 9

5).

Est

e ex

empl

o é,

na

verd

ade,

aqu

ele

que

man

ifes

ta-

men

te d

emon

stra

a i

nter

text

ualid

ade

entr

e di

fere

ntes

auto

res.

Não

Cop

pola

uti

liza

T.S

. Elio

t co

mo

este

se

serv

e de

Con

rad.

Mas

tam

bém

no

poem

a ut

iliza

do p

or

Cop

pola

par

a o

mon

ólog

o de

Mar

lon

Bra

ndo

em A

poc

a-

lypse

N

ow R

edux,

exi

stem

ref

erên

cias

a C

onra

d, u

ma

fort

e in

fluên

cia

no t

raba

lho

de T

.S.

Elio

t on

de,

por

e-

xem

plo,

sob

a f

orm

a de

epí

graf

e, M

ista

h K

urt

z – h

e dea

d,

Elio

t ci

ta H

eart

of

Dark

nes

s. C

onst

rói-

se d

e um

a fo

rma

decl

arad

a e

assu

mid

a, u

m t

riân

gulo

de

inte

r-re

laçõ

es

entr

e os

três

aut

ores

. Con

tudo

, a in

tert

extu

alid

ade

pode

dar-

se a

um

nív

el m

enos

exp

lícit

o, is

to é

, na

mon

tage

m

e na

art

icul

ação

de

dife

rent

es e

lem

ento

s.

Rec

onhe

ça-s

e qu

e a

prin

cipa

l pr

eocu

paçã

o de

tod

a a

teor

ia c

inem

atog

ráfic

a te

m s

ido

a im

agem

. Par

a es

te e

le-

men

to, c

onsi

dera

do f

unda

men

tal e

m q

ualq

uer

film

e, já

fora

m d

esen

volv

idas

com

plex

as t

erm

inol

ogia

s e

dife

-

rent

es t

eses

. O

mes

mo

não

se p

ode

dize

r pa

ra o

som

.

Mas

ape

sar d

esta

com

pone

nte

ser e

sque

cida

ou

rele

gada

para

um

seg

undo

pla

no,

trat

a-se

de

um e

lem

ento

nar

-

rati

vo t

ão im

port

ante

qua

nto

a pa

lavr

a.

O e

xem

plo

que

se e

voca

ilu

stra

rá a

cap

acid

ade

dest

a

com

pone

nte,

a m

úsic

a, e

xpre

ssar

sen

tim

ento

s ou

est

a-

dos

inte

rior

es e

, no

seu

limit

e, d

e ex

pres

sar

o in

dizí

vel.

“Ac

ima

de

tu

do

, o l

eit

mo

tiv

p

erm

ite

a i

de

nti

fic

ão

de

q

ua

lqu

er

co

mp

on

en

te d

a

ac

çã

o d

ram

áti

ca

[..

.]”

Na

cena

do

ataq

ue d

os h

elic

ópte

ros

orqu

estr

ado

ao s

om

de A

C

avalg

ada das

Valq

uír

ias,

o fi

lme

é su

bsti

tuíd

o

por

um e

spec

tácu

lo o

perá

tico

. U

m a

cto

que

faz

part

e

da p

rim

eira

jor

nada

da

Tet

ralo

gia d

o A

nel

do

Nib

elungo

de W

agne

r e

que

rem

ete

mai

s es

peci

ficam

ente

par

a

o 3º

act

o, s

itua

do n

uma

mon

tanh

a se

lvát

ica,

o c

enár

io

natu

ral

das

Val

quír

ias,

sem

elha

nte

à se

lva

viet

nam

ita.

Uti

lizan

do m

itol

ogia

do

Nor

te d

a E

urop

a qu

e re

met

e

para

tem

pos

arca

icos

e p

rim

itiv

os, e

sta

prim

eira

jorn

ada

cont

a a

hist

ória

da

Val

quír

ia m

ais

céle

bre

entr

e as

tre

ze.

As

Val

quír

ias,

vir

gens

gue

rrei

ras

apar

ente

men

te c

ruéi

s

e be

licos

as, s

ão q

uem

ele

gem

os

heró

is q

ue v

ão m

orre

r

no c

ampo

de

bata

lha

e qu

em o

s co

lhem

e o

s in

trod

uzem

nas

delíc

ias

do p

araí

so.

Nes

te t

erce

iro

acto

, Brü

nnhi

lde,

a g

uerr

eira

que

det

ém

o tí

tulo

de

Val

quír

ia, é

esc

olhi

da p

ara

reco

lher

Sie

gfri

ed,

o he

rói

da ó

pera

, do

cam

po d

e ba

talh

a e

levá

-lo

para

o

salã

o do

s m

orto

s. M

as p

or d

esob

edec

er à

ord

em d

o pa

i e

tent

ar i

nter

cede

r a

favo

r de

Sie

gfri

ed d

uran

te a

bat

alha

é ca

stig

ada:

é p

riva

da d

a su

a es

sênc

ia d

ivin

a e

exila

da.

Nes

te s

enti

do,

Brü

nnhi

lde

apro

xim

a-se

e l

embr

a M

ar-

low

, pel

o fa

cto

de a

mbo

s te

rem

de

leva

r a c

abo

uma

mis

-

são

que

part

e de

les

resi

ste

e de

seja

tra

nsgr

edir

.

O p

rópr

io W

agne

r con

side

rava

est

a se

cção

da

sua

trilo

gia

a m

ais

negr

a e

a m

ais

trág

ica.

Aqu

ela

que

nos

faz

sen-

tir

mai

s pr

ofun

dam

ente

os

horr

ores

da

guer

ra,

confl

ito

esse

que

é r

ealç

ado

pela

mús

ica.

Na

verd

ade,

est

e é

um

caso

ond

e a

mús

ica

diz

mai

s qu

e as

pal

avra

s pr

ofer

idas

por

Br'

nnhi

lde

que

cant

a e

repe

te: H

ojot

oho!

Hoj

otoh

o!

Hei

aha

! H

eiaha

!. A

uti

lizaç

ão d

este

exc

erto

, ao

mes

mo

tem

po q

ue s

ublin

ha u

m e

stad

o de

inte

mpe

ranç

a, r

efor

-

ça o

cep

tici

smo

em r

elaç

ão à

pal

avra

que

ape

nas

refe

re

(est

a qu

e já

nem

seq

uer

nom

eia)

e q

ue, s

obre

tudo

, não

é ca

paz

de r

evel

ar.

38

39

A s

equê

ncia

do

ataq

ue a

éreo

no

film

e de

Cop

pola

que

inco

rpor

a A

C

avalg

ada

das

Valq

uír

ias

é ap

rese

ntad

a

atra

vés

de u

ma

mon

tage

m p

aral

ela.

Est

a té

cnic

a, q

ue é

reco

rren

te a

o lo

ngo

do fi

lme

(por

exe

mpl

o, n

a ce

na d

a

mor

te d

e K

urtz

), a

lter

na d

uas

linha

s de

acç

ão d

isti

ntas

.

De

um l

ado

é fil

mad

a a

pers

pect

iva

aére

a do

s am

eric

a-

nos

e, p

or o

utro

lado

, em

terr

a, o

pon

to d

e vi

sta

dos

viet

-

nam

itas

. Ao

mes

mo

tem

po q

ue p

arti

cipa

mos

no

ataq

ue

aére

o, d

entr

o do

hel

icóp

tero

e a

o la

do d

os a

mer

ican

os,

som

os p

arad

oxal

men

te c

oloc

ados

no

luga

r dos

vie

tnam

i-

tas,

par

tici

pand

o no

seu

ter

ror

e na

ret

alia

ção

cont

ra o

s

amer

ican

os. E

sta

sens

ação

de

absu

rdo

e de

con

trad

ição

é ta

mbé

m r

efor

çada

pel

o fa

cto

do a

taqu

e aé

reo

não

ser

just

ifica

do c

om u

m p

ropó

sito

mili

tar.

O a

taqu

e é

leva

do

a ca

bo p

elos

sol

dado

s am

eric

anos

par

a qu

e po

ssam

sur

-

far n

as m

elho

res

onda

s da

cos

ta v

ietn

amit

a e,

por

tant

o, a

sua

mot

ivaç

ão é

mer

amen

te lú

dica

e r

ecre

ativ

a.

A i

ncon

gruê

ncia

ent

re o

s do

is p

lano

s (o

pon

to d

e vi

sta

amer

ican

o e

o po

nto

de v

ista

vie

tnam

ita)

cri

a no

s ob

-

serv

ador

es a

sen

saçã

o de

esv

azia

men

to e

con

voca

, mai

s

uma

vez,

a i

ncap

acid

ade

da l

ingu

agem

. D

a m

esm

a

form

a, t

ambé

m C

onra

d, a

trav

és d

a si

leps

e se

mân

tica

,

isto

é,

da c

onflu

ênci

a en

tre

dois

com

plem

ento

s de

va-

lore

s se

mân

tico

s dí

spar

es, d

emon

stra

est

e de

sfas

amen

to

entr

e do

is p

lano

s tã

o co

ntra

stan

tes

e a

falt

a de

coe

rên-

cia

entr

e si

: w

hite

d s

epulc

hre

(CO

NR

AD

, p.

24),

bli

ndin

g

sunsh

ine

(CO

NR

AD

, p.3

4) e

bli

nd w

hite

nes

s (C

ON

RA

D,

p.72

) sã

o ap

enas

alg

uns

exem

plos

.

O u

so d

este

tip

o de

lei

tmot

iven

, is

to é

, da

mon

tage

m

para

lela

ou

da s

ileps

e se

mân

tica

, pe

la i

ntru

são

delib

e-

rada

de

elem

ento

s co

ntra

stan

tes

real

ça a

fut

ilida

de d

a

lingu

agem

, a

hollo

wne

ss d

a lin

guag

em,

à qu

al e

scap

a

a es

sênc

ia e

a v

erda

de d

o qu

e nã

o no

s é

fam

iliar

. N

as

pala

vras

de

Con

rad:

...i

t is

im

po

ss

ible

to

co

nve

y t

he

lif

e-s

en

sa

tio

n

of

an

y g

ive

n e

po

ch

of

on

e’s

ex

iste

nc

e –

th

at

wh

ich

ma

ke

s i

ts t

ruth

, its

me

an

ing

– i

ts s

ub

tle

an

d

pe

ne

tra

tin

g e

ss

en

ce

. It

is

imp

os

sib

le.

CO

NR

AD

// 1

995

// p.

50

Con

rad

serv

e-se

ai

nda

de

outr

os

mét

odos

pa

ra

de-

nunc

iar

o se

u ce

ptic

ism

o em

rel

ação

à l

ingu

agem

. A

o

utili

zar

uma

lingu

agem

sofi

stic

ada

de p

alav

ras

polis

-

silá

bica

s, c

om q

uatr

o e

cinc

o sí

laba

s, c

omo

ines

cruta

ble

(CO

NR

AD

, pp

.18,

60)

, in

exor

abl

e (C

ON

RA

D,

p.71

),

inco

nce

ivabl

e (C

ON

RA

D, p

.73)

e im

pla

cabl

e (C

ON

RA

D,

p.60

), C

onra

d ac

entu

a ai

nda

mai

s fo

rtem

ente

o c

arác

ter

arti

ficia

l de

uma

lingu

agem

que

se

enco

ntra

tão

dist

ante

de u

ma

real

idad

e qu

e, n

o fu

ndo,

é e

ser

á se

mpr

e im

-

palp

ável

.

Nes

te s

enti

do,

não

só a

lin

guag

em l

iter

ária

de

Con

rad

mas

qua

lque

r sis

tem

a de

repr

esen

taçã

o, e

nqua

nto

ficçã

o,

esta

rá s

empr

e al

head

o da

rea

lidad

e, o

u m

elho

r, c

omo

diz

Pla

tão,

trê

s po

ntos

afa

stad

o da

rea

lidad

e. U

m e

x-

empl

o el

ucid

ativ

o de

sta

mes

ma

cond

ição

da

lingu

agem

cine

mat

ográ

fica

é o

da u

tiliz

ação

do

fora

-de-

cam

po n

o

film

e A

poc

aly

pse

Now

Red

ux.

Est

a té

cnic

a ci

nem

atog

rá-

fica,

enq

uant

o co

rte

de d

eter

min

ado

espa

ço,

trab

alha

atra

vés

da s

uges

tão,

ind

uzin

do o

s es

pect

ador

es n

um

proc

esso

de

reco

nsti

tuiç

ão d

o qu

e nã

o é

visí

vel.

É o

que

faz

Cop

pola

ao

ocul

tar K

urtz

dur

ante

qua

se to

do o

film

e,

ofer

ecen

do-n

os a

pena

s fo

togr

afias

, um

a gr

avaç

ão d

a su

a

voz

e o

seu

doss

ier

mili

tar,

des

taca

ndo,

des

ta f

orm

a, u

m

espa

ço o

nde

a lin

guag

em n

ão c

onse

gue

pene

trar

e q

ue é

inca

paz

de e

xpri

mir

por

inte

iro.

Mai

s um

a ve

z, é

nes

tes

vazi

os (

horr

ores

) co

m q

ue n

ós

nos

conf

ront

amos

enq

uant

o su

bim

os o

rio

que

o l

eito

r/

obse

rvad

or é

cha

mad

o a

coop

erar

. Atr

avés

de

mei

os d

e

expr

essã

o m

uito

esp

ecífi

cos

e po

limór

ficos

, est

as o

bras

,

delib

erad

amen

te a

mbí

guas

, abr

em-s

e à

inte

rpre

taçã

o.

Na

verd

ade,

um

tex

to t

raz

sem

pre

cons

igo

uma

preo

cu-

paçã

o pa

ra c

om o

lei

tor

ao d

elin

ear,

des

de o

mom

ento

inic

ial

da s

ua c

once

pção

, de

term

inad

as e

stra

tégi

as d

e

enun

ciaç

ão.

Des

ta f

orm

a, o

lei

tor

rela

cion

a-se

com

o

text

o de

dua

s fo

rmas

. Pri

mei

ro, e

nqua

nto

suje

ito

que

é

med

iado

pel

os i

nstr

umen

tos

retó

rico

s qu

e sã

o el

eito

s e

aplic

ados

e,

segu

ndo,

enq

uant

o su

jeit

o qu

e ac

tual

iza

o

sign

ifica

do d

o te

xto

no p

rópr

io a

cto

de le

itur

a.

O t

exto

é,

segu

ndo

Eco

, um

a po

tenc

ialid

ade

sign

ifica

-

tiva

, que

pos

sui

lacu

nas,

esp

aços

vaz

ios

que

têm

de

ser

pree

nchi

dos

pelo

s le

itor

es.

Nes

ta e

stét

ica

da r

ecep

ção,

que

não

se l

imit

a ao

cam

po l

iter

ário

, o

text

o (t

ambé

m

ele

liter

ário

ou

não)

pos

sui

uma

estr

utur

a fix

a da

qua

l

o le

itor

é c

ompl

emen

to a

o pr

eenc

her

os e

spaç

os e

m

vazi

o, a

bert

os à

sua

inte

rpre

taçã

o. É

nes

tas

aber

tura

s ou

espa

ços

“vaz

ios”

que

con

voca

m a

par

tici

paçã

o do

leit

or/

obse

rvad

or,

que

a in

tera

cção

de

dife

rent

es t

exto

s se

esta

bele

ce.

Sobr

etud

o, é

nes

te e

spaç

o qu

e a

natu

reza

inte

rdis

curs

iva

e in

tera

ctiv

a se

mos

tra

mai

s vi

síve

l.

É,

port

anto

, um

a es

trut

ura

polif

ónic

a e

ambí

gua

que

prop

orci

ona

a pr

oduç

ão

de

dife

rent

es

sent

idos

pe

la

inte

rsec

ção

de d

ifer

ente

s te

xtos

. P

or i

sto,

um

a an

ális

e

inte

rtex

tual

dep

ende

, de

fact

o, d

as c

ompe

tênc

ias

e da

s

capa

cida

des

do l

eito

r de

tect

ar a

s ci

taçõ

es q

ue d

eter

mi-

nado

aut

or e

voca

, co

nsci

ente

ou

inco

nsci

ente

men

te.

Des

ta f

orm

a, o

aut

or s

impl

esm

ente

cri

a um

mod

elo

de

leit

ura,

um

a es

trut

ura

onde

im

plan

ta m

últi

plas

voz

es e

níve

is d

e in

terp

reta

ção

para

pos

síve

is e

inde

term

inad

os

leit

ores

, tam

bém

ele

s m

últi

plos

.

Nes

ta d

imen

são

inte

rtex

tual

, es

tas

asso

ciaç

ões

func

io-

nam

com

o in

stru

men

tos

auto

-refl

exiv

os, p

or d

etrá

s do

s

quai

s o

leit

or/o

bser

vado

r pr

esse

nte

a pr

esen

ça d

e um

auto

r qu

e te

ce d

iver

sos

disc

urso

s e

mot

ivos

.

O q

ue s

e ap

rese

nta

é ap

enas

um

esb

oço,

um

peq

ueno

frag

men

to d

a re

de i

nfini

ta d

e re

laçõ

es q

ue p

oder

á se

r

traç

ada

entr

e os

doi

s au

tore

s. N

este

esq

uem

a gr

áfico

,

faz-

se c

orre

spon

der

nas

duas

obr

as p

roce

ssos

equ

iva-

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mot

iven

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s e

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sep

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te,

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dos

no s

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nto

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ança

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arte

tot

al.

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ção

da e

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ta e

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anto

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ão,

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é,

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ntre

int

erlo

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res,

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-

guag

em e

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o e

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tura

s se

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ma-

se, p

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nto,

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tual

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a

inte

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e in

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de d

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o te

xto

o di

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ido,

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é,

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e um

a fo

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rtex

tual

idad

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xper

ienc

iada

enq

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es-

to,

o au

tor,

no

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tar,

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scre

ve s

obre

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roce

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de r

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ndo

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42