24
DRA. MARIA AUXILIADORA MOTTA BARRETO PROCESSO GRUPAL

Grupos

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Grupos

D R A . M A R I A A U X I L I A D O R A M O T TA B A R R E T O

PROCESSO GRUPAL

Page 2: Grupos

Vida cotidiana = vida em grupo tempo todo nos relacionando com

outras pessoas.

Mesmo sozinhos, a referência são os outros: amigos, próxima atividade

que, provavelmente, envolverá mais de uma pessoa, o namoro, a família.

Raramente uma pessoa vive completamente isolada e mesmo um eremita

levará, para o exílio voluntário, suas lembranças, seu conhecimento, sua

cultura.

Por encontrarmos determinantes sociais em qualquer circunstância

humana, podemos afirmar que toda Psicologia é, no fundo, uma

Psicologia Social.

Page 3: Grupos

As pessoas precisam combinar algumas regras para viverem

juntas se estiver num ponto de ônibus às cinco horas da

tarde, é preciso ter alguma certeza de que ele passará por ali

mais ou menos neste horário, para não perder aula

Dependemos do outro em nosso cotidiano. Um funcionário

precisou abrir o portão da escola, cujas dependências já

estavam devidamente limpas; um professor os espera; ao

chegar à escola, encontra colegas que também têm aulas no

mesmo horário. A esse tipo de regularidade normatizada pela

vida em grupo, chamamos de institucionalização.

Page 4: Grupos

A CONSTRUÇÃO SOCIAL DA REALIDADE

“instituição” = O termo é utilizado, de forma corriqueira, para

designar o local onde se presta um determinado tipo de serviço

— geralmente público, como os serviços de saúde e social.

Freqüentemente ouvimos alguém mencionar que trabalha na

instituição tal, ou somos orientados a procurar determinada

instituição para resolver um tipo de problema - hospitais e

centros de saúde, ou locais que atendem a crianças e

adolescentes.

Outro emprego = determinadas organizações sociais, como a

família —“A família é uma instituição modelar”

# do empregado no texto

Page 5: Grupos

O PROCESSO DE INSTITUCIONALIZAÇÃO

O processo de institucionalização começa com o estabelecimento

de regularidades comportamentais (Berger e Luckmann).

As pessoas vão descobrindo a forma mais rápida, simples e

econômica de desempenhar as tarefas do cotidiano.

homem primitivo: no momento em que começou a ter

consciência da realidade que o cercava, passou a estabelecer

essas regularidades – pesca – formas práticas que garantissem a

maior eficiência possível na realização da tarefa.

Page 6: Grupos

um hábito se estabelece quando uma dessas formas repete-se muitas

vezes. Um hábito estabelecido, com o passar do tempo e das gerações,

transforma-se em tradição

A tradição se impõe porque é uma herança dos antepassados. Se

eles determinaram que essa é a melhor forma, é porque tinham

alguma razão...

Após muitas gerações, a regra estabelecida perde essa referência de

origem (o grupo de antepassados), e pode-se dizer que essa regra

social foi institucionalizada.

Page 7: Grupos

A monogamia pode ser considerada uma dessas instituições.

As sociedades primitivas não a conheciam - casamentos eram poligâmicos.

surge, na Grécia antiga e no Oriente Médio com o estabelecimento da

propriedade privada e a descoberta da paternidade biológica.

Povos primitivos, o papel de pai era atribuído ao irmão materno mais velho;

as famílias eram matrilineares (baseadas na linhagem materna).

O surgimento das cidades, da propriedade privada e a descoberta da

paternidade biológica colocavam o homem da época diante de uma questão: a

herança - os homens que acumulavam riquezas durante sua vida não tinham

para quem deixá-las.

A família paterlinear e o casamento monogâmico foi a forma de organização

encontrada - perpetuar a propriedade através da herança. O filho passou a ser

o herdeiro dos bens paternos os homens proprietários passaram a

estabelecer, como regra, que suas mulheres deveriam manter relações sexuais

somente com eles (em função da descoberta do funcionamento da paternidade

biológica) e, assim, teriam certeza de que o filho lhes pertencia.

Page 8: Grupos

Hoje, se questionada sobre a monogamia, qualquer pessoa de

nossa sociedade dirá que o casamento se dá desta forma

porque “é natural”.

Ainda há culturas, como a muçulmana, que não adotam a monogamia como

regra e, mesmo assim, alguém da cultura ocidental continuará considerando

a monogamia natural.

A este fenômeno chamamos de instituição.

Page 9: Grupos

INSTITUIÇÕES,

ORGANIZAÇÕES E GRUPOS

A instituição é um valor ou regra social reproduzida no cotidiano com

estatuto de verdade, que serve como guia básico de comportamento e de

padrão ético para as pessoas, em geral.

Se a instituição é o corpo de regras e valores, a base concreta da

sociedade é a organização.

As organizações representam o aparato que reproduz o quadro de instituições no

cotidiano da sociedade.

A organização pode ser um complexo organizacional — um Ministério,

como, por exemplo, o Ministério da Saúde; uma Igreja, como a

Católica; uma grande empresa, como a Volkswagen do Brasil; ou pode

estar reduzida a um pequeno estabelecimento, como uma creche de uma

entidade filantrópica.

Page 10: Grupos

As instituições sociais são mantidas e reproduzidas nas

organizações.

A organização é o pólo prático das instituições.

Grupo = elemento que completa a dinâmica de construção

social da realidade — o lugar onde a instituição se realiza.

Se a instituição constitui o campo dos valores e das regras (um

campo abstrato), e se a organização é a forma de materialização

destas regras através da produção social, o grupo, por sua vez,

realiza as regras e promove os valores.

Page 11: Grupos

O grupo é o sujeito que reproduz e que reformula as regras.

É responsável pela produção dentro das organizações e pela

singularidade — ora controlado, submetido de forma acrítica a

essas regras e valores, ora sujeito da transformação, da

rebeldia, da produção do novo.

Page 12: Grupos

A IMPORTÂNCIA DO

ESTUDO DOS GRUPOS

primeiros estudos sobre grupos - final do século 19

Um dos primeiros pesquisadores deste assunto foi Gustav Le

Bon

O que se perguntava no campo da Psicologia era o que levaria

uma multidão a seguir a orientação de um líder mesmo que

fosse preciso colocar em risco a própria vida.

Page 13: Grupos

Hitler – hipnotismo coletivo , Jim Jones – suicídio coletivo

nem sempre os episódios de mobilização popular podem ser

considerados um fenômeno irracional em que as pessoas perdem

momentaneamente sua capacidade de discernir a realidade,

ficando à mercê de um líder carismático que, na verdade,

tenciona manipulá-las em função de interesses particulares ou

políticos.

Page 14: Grupos

em diversas ocasiões, as pessoas se unem e formam massas compactas

muito organizadas e autônomas, com objetivos claros e racionais.

Um exemplo: Diretas Já, episódio importante para a queda da ditadura militar.

Mas com grupos menores, com objetivos claramente definidos é que se

desenvolveu a pesquisa de grupos (a partir de 1930)

Kurt Lewin — professor alemão refugiado do nazismo, nos EUA –

desenvolveu a primeira teoria consistente sobre grupos.

também influenciou o desenvolvimento de uma teoria organizacional

psicológica que, nas empresas, é aplicada no estudo das relações

humanas no trabalho.

Page 15: Grupos

Na década de 30, Elton Mayo realizou uma pesquisa que se tornaria o

paradigma dos estudos motivacionais na área organizacional.

Relevância do fenômeno das relações interpessoais (entre os

operários, entre os operários e a administração) - prioridade ao estudo

da organização social do grupo de trabalho, das relações sociais entre

o supervisor e os subordinados, dos padrões informais que dirigem o

comportamento dos participantes num grupo de trabalho, dos motivos

e das atitudes dos operários no contexto do grupo.

Page 16: Grupos

A DINÂMICA DOS GRUPOS

temas comuns na dinâmica grupal:

coesão do grupo (condições necessárias para a sua manutenção);

pressões e padrão do grupo (argumentos reais ou imaginários,

manifestos ou velados que seus membros utilizam para garantir a

fidelidade dos demais aos objetivos do grupo e ao padrão de conduta

estabelecido);

motivos individuais e objetivos do grupo (elementos que garantem

fidelidade e que estão relacionados com a escolha que cada indivíduo

faz ao decidir participar de um grupo);

liderança e realização do grupo (força de convencimento — carisma —

exercida por um ou mais indivíduos sobre os outros e o tipo de

atividade exercida pelo grupo);

as propriedades estruturais dos grupos (padrões de comunicação,

desempenho de papéis, relações de poder etc.).

Page 17: Grupos

as pessoas vivem, em nossa sociedade, em campos institucionalizados =

moram com suas famílias, vão à escola, ao emprego, à igreja, ao clube;

convivem com grupos informais, como o grupo de amigos da rua, do bar,

do centro acadêmico ou grêmio estudantil etc.

Em alguns casos, a institucionalização nos obriga a conviver com pessoas

que não escolhemos.

Solidariedade mecânica = forma de convívio que independe da nossa

escolha

Solidariedade orgânica = forma de convívio na qual nos afiliamos a um

grupo porque escolhemos nossos pares

Nos grupos em que predomina a solidariedade mecânica, geralmente formam-

se subgrupos que se caracterizam pela solidariedade orgânica, como é o caso

das “panelinhas” em sala de aula ou do grupo de amigos no trabalho

Page 18: Grupos

O grupo

Grupo = um todo dinâmico

o que significa dizer que ele é mais que a simples soma de seus

membros),

a mudança no estado de qualquer subparte modifica o estado do grupo

como um todo.

se caracteriza pela reunião de um número de pessoas com um

determinado objetivo, compartilhado por todos os seus membros, que

podem desempenhar diferentes papéis para a execução desse objetivo.

Quando um grupo se estabelece, os fenômenos grupais passam a

atuar sobre as pessoas individualmente e sobre o grupo, ao que

chamamos de processo grupal.

Page 19: Grupos

A coesão é a forma encontrada pelos grupos para que seus membros sigam as

regras estabelecidas.

É a “certeza” da fidelidade dos membros

Grupos com baixo grau de coesão tendem a se dissolver, como geralmente acontece

com associações de pais em colégios.

Além de reunirem-se eventualmente, poucos membros participam das reuniões

A fidelidade ao grupo dependerá do tipo de pressão exercida pelo grupo em

relação aos novatos e aos outros membros

Os motivos individuais são importantes para a adesão ao grupo.

Alguém que pretenda ingressar num grupo jovem de góticos está se dispondo,

individualmente, a mudar o seu modo de ser.

as diferenças individuais são admitidas desde que não interfiram nos objetivos

centrais do grupo, na sua idéia central ou nas suas características básicas.

Page 20: Grupos

A questão da liderança

Lewin argumentava que o clima democrático, autoritário ou o

laissez-faire dependiam da vocação do grupo e do estabelecimento

de lideranças que os viabilizassem.

os grupos democráticos são, a longo prazo, os mais eficientes.

Já os autoritários têm uma eficiência imediata. Mas são pouco produtivos, pois

funcionam a partir da demanda do líder, e seus membros são, geralmente,

cumpridores de tarefas.

Os grupos democráticos exigem maior participação de todos os membros, que

dividem a responsabilidade da realização da tarefa cora sua liderança.

Page 21: Grupos

GRUPOS OPERATIVOS

Pichon-Rivière, francês radicado na Argentina, desenvolveu uma abordagem de trabalho em grupo - “Grupos Operativos”.

De acordo com o psicólogo Saidon, estudioso da obra de Pichon-Rivière,

“o grupo operativo se caracteriza por estar centrado, de forma explícita, em uma tarefa que pode ser o aprendizado, a cura (no caso da psicoterapia), o diagnóstico de dificuldades etc. Sob essa tarefa, existe outra implícita subjacente à primeira, que aponta para a ruptura das estereotipias que dificultam o aprendizado e a comunicação”

Page 22: Grupos

configura-se como um modo de intervenção, organização e resolução de problemas grupais, baseado em uma teoria consistente, desenvolvida por Pichon-Rivière e conhecida como Teoria do Vínculo.

Tal abordagem transformou-se num poderoso instrumento de intervenção

Page 23: Grupos

Silvia Lane - categorias de produção grupal:

1. Categoria de produção — produção das relações grupais..

2. Categoria de dominação — os grupos tendem a reproduzir as

formas sociais de dominação.

3. Categoria grupo-sujeito — trata-se do nível de resistência à

mudança apresentada pelo grupo. Grupos com capacidade de

crescimento através da mudança, são considerados grupos-sujeitos. Os

grupos que se submetem cegamente às normas institucionais e

apresentam muita dificuldade para a mudança são os grupos-sujeitados

Page 24: Grupos

Finalizando

O conhecimento da dinâmica grupal facilita a adaptação a

qualquer grupo

O trabalho em equipe é mais eficaz quando se respeita a

individualidade dos membros em interface com os

objetivos do grupo