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Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de Limeira Escola de Aprendizes do Evangelho — 8ª turma 40ª aula: Encerramento da missão planetária Textos complementares GEAEL Aula 40 — Entre muitas, a lição que fica: É nas situações confusas e desesperadoras que a mente humana adquire experiência real, supera limites, fica mais in- teligente e finalmente se transforma no reduto de poderosas forças morais. O Bem e o mal - Dalmo Duque dos Santos PERGUNTA: — E que dizeis da última ceia de Jesus com os seus apóstolos? Realmente aconteceu tudo como expli- cam os evangelistas? RAMATÍS: — A tradicional “santa ceia” comemorada pela Igreja Católica Romana, em verdade, precedia a ceri- mônia do “lava-pés”, habitualmente realizada na sexta-feira, chamada a véspera do “grande sábado” da Páscoa. Era cos- tume tradicional reunirem-se as famílias para essa refeição fraterna, onde se faziam promessas de vida feliz e em comum para o futuro. Nas famílias mais ricas trocavam-se presentes entre os membros da casa ou parentes de fora. Assim, Jesus a instituiu também com os seus apóstolos, pois os conside- rava a sua família itinerante, os seus verdadeiros parentes escolhidos pelo Senhor. Desejando torná-la mais expressiva, decidiu harmonizar a cerimônia da ceia da Páscoa com o lava-pés, que já era um culto ideado por João Batista, com a finalidade de congraçamento entre os discípulos e os seus rabis ou mestres. Em virtude do Mestre ter antecipado a cerimônia do lava-pés para a noite de quarta-feira, pois estava certo de ser preso de um momento para outro, então ambas as cerimônias foram feitas na mesma ocasião. Ao entardecer, os discípu- los reuniram-se no aposento mais espaçoso da residência de Jeziel, o qual comemoraria a sua ceia de Páscoa no dia seguinte, quinta-feira, o dia exato. Após as orações e os cân- ticos de hinos, que eram motivos de alta espiritualidade no movimento cristão, os servos de Jeziel serviram a ceia frugal de Páscoa, com a prodigalidade dos tradicionais pães asmos e o vinho tinto, que Jesus abençoou como era de praxe. Em seguida, aproveitou aquele momento tão expressivo para dirigir-se aos discípulos, referindo-se a motivos íntimos e saudosos. Em linguagem clara, simples e de profunda exatidão, que difere muito dos relatos empolados de certas passagens dos evangelistas, o Mestre Jesus assim resumiu o seu pensamento a todos: “Rendo graças ao Pai que me per- mite estar ainda convosco nesta festividade da Páscoa, pois

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Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de LimeiraEscola de Aprendizes do Evangelho — 8ª turma

40ª aula: Encerramento da missão planetáriaTextos complementares

GEAEL

Aula 40 — Entre muitas, a lição que fica:É nas situações confusas e desesperadoras que a mente humana adquire experiência real, supera limites, fica mais in-teligente e finalmente se transforma no reduto de poderosas forças morais.

O Bem e o mal - Dalmo Duque dos Santos

PERGUNTA: — E que dizeis da última ceia de Jesus com os seus apóstolos? Realmente aconteceu tudo como expli-cam os evangelistas?

RAMATÍS: — A tradicional “santa ceia” comemorada pela Igreja Católica Romana, em verdade, precedia a ceri-mônia do “lava-pés”, habitualmente realizada na sexta-feira, chamada a véspera do “grande sábado” da Páscoa. Era cos-tume tradicional reunirem-se as famílias para essa refeição fraterna, onde se faziam promessas de vida feliz e em comum para o futuro. Nas famílias mais ricas trocavam-se presentes entre os membros da casa ou parentes de fora. Assim, Jesus a instituiu também com os seus apóstolos, pois os conside-rava a sua família itinerante, os seus verdadeiros parentes escolhidos pelo Senhor. Desejando torná-la mais expressiva, decidiu harmonizar a cerimônia da ceia da Páscoa com o lava-pés, que já era um culto ideado por João Batista, com a finalidade de congraçamento entre os discípulos e os seus rabis ou mestres.

Em virtude do Mestre ter antecipado a cerimônia do lava-pés para a noite de quarta-feira, pois estava certo de ser preso de um momento para outro, então ambas as cerimônias foram feitas na mesma ocasião. Ao entardecer, os discípu-los reuniram-se no aposento mais espaçoso da residência de Jeziel, o qual comemoraria a sua ceia de Páscoa no dia seguinte, quinta-feira, o dia exato. Após as orações e os cân-ticos de hinos, que eram motivos de alta espiritualidade no movimento cristão, os servos de Jeziel serviram a ceia frugal de Páscoa, com a prodigalidade dos tradicionais pães asmos e o vinho tinto, que Jesus abençoou como era de praxe.

Em seguida, aproveitou aquele momento tão expressivo para dirigir-se aos discípulos, referindo-se a motivos íntimos e saudosos. Em linguagem clara, simples e de profunda exatidão, que difere muito dos relatos empolados de certas passagens dos evangelistas, o Mestre Jesus assim resumiu o seu pensamento a todos: “Rendo graças ao Pai que me per-mite estar ainda convosco nesta festividade da Páscoa, pois

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sei pela voz do Espírito que não tarda a se iniciar a minha paixão. Não tornarei mais a comer convosco nem me será dado a beber do próximo vinho. No entanto, cumprida será a Vontade de meu Pai que está nos céus, pois minha hora é chegada; mas eu vos precederei na Galiléia e vos esperarei no Reino de Deus”.1

Eram nove horas da noite, quando Jesus, levantando-se da mesa, tirou a túnica que lhe ia aos pés e, “pegando numa toalha, cingiu-a em torno da cintura, lançou água numa bacia, e se pôs a lavar os pés dos seus discípulos, enxugando-os com a toalha com que estava cingido”.2

PERGUNTA: — E que nos dizeis quanto à significação da cerimônia do “lava-pés”, tradicionalmente consagrada pela Igreja Católica Romana na Semana Santa. Há algum fundamento em tal consagração?

RAMATÍS: — João Batista, o profeta solitário, havia instituído algumas cerimônias com a finalidade de incentivar certas forças psíquicas nos seus adeptos através da concen-tração ou reflexão espiritual. Isso impressionava os neófitos e servia para a confirmação da própria responsabilidade dos valores espirituais. Em sua época os símbolos, ritos, talismãs e as cerimônias ainda produziam louváveis dinamizações das forças do espírito ou impunham respeito e temor religioso. Eram recursos que serviam como “detonadores” das forças psíquicas, produzindo profunda influência esotérica nos seus cultores, assim como ainda hoje fazem os sacerdotes para o incentivo da fé e do respeito dos fiéis, como são os cânticos, perfumes, a música e o luxo na igrejas.

Por isso, João Batista instituiu a cerimônia do batismo para os neófitos, cuja imersão nas águas dos rios e dos lagos funcionava como um catalisador das energias espirituais, deixando a convicção íntima e benfeitora da “lavagem dos pecados” e conseqüente renovação do espírito para o futuro. Aquele que se julga realmente purificado de seus pecados, depois vive de modo a não se manchar tão facilmente. Mais tarde, João Batista também organizou a cerimônia do “lava-pés”, que simbolizava um evento fraterno e humilde, como um sentido de igualdade ou denominador comum entre todos os discípulos e o próprio Mestre. O “lava-pés” era a cerimônia que eliminava a condição social, o poder político, a superioridade intelectual ou a diferença entre os adeptos e o Mestre, atuantes sob a mesma bandeira espiritual. No momento simbólico do “lava-pés” o senhor seria o irmão do servo e também o serviria, porque ambos eram herdeiros dos mesmos bens do mundo.

Jesus, humilde e tolerante, aceitou ambas as cerimônias com todo o enlevo de sua alma e deixou-se batizar pelo Batista, no rio Jordão. Mais tarde, e já no limiar da gran-de ceia, ele também deu forma à cerimônia tradicional do “lava-pés” entre os seus próprios discípulos, como um ensejo

1 Nota do Médium: - Cremos que parte do pensamento de Jesus nesse breve discurso aos seus apóstolos, na hora da última ceia, encontra-se referido mais apro-ximadamente em Lucas, (22:14,15,16,18). Neste último versículo, o termo é “não tornarei a beber do fruto da vida”, que é a uva, enquanto Ramatís diz que Jesus se referiu ao vinho.2 João, 13:4,5.

simbólico que deveria evocar os elos de amizade já existentes entre todos. Mas os seus fiéis amigos ficaram bastante preo-cupados com o fato de Jesus antecipar a cerimônia tradicio-nal do “lava-pés” para a quarta-feira, a qual deveria ser feita comumente na sexta-feira da semana da Páscoa.

Mas a verdade é que o Mestre Jesus não guardava dúvi-das quanto à sua situação cada vez mais desfavorável perante o Sinédrio e às autoridades romanas, pois algo lhe dizia que seria sacrificado antes do domingo de Páscoa. Deste modo, ele decidiu-se a proceder a cerimônia do “lava-pés” na quarta-feira, após a grande ceia, em vez de esperar a sexta-feira tra-dicional, pois seria a sua última demonstração de confiança no Pai. Depois de ter enxugado os pés dos seus discípulos, auxiliado por Tiago, Jesus ergueu-se e alçou a voz, exortando-os para que prosseguissem corajosamente na divulgação da “Boa-Nova” e do “Reino de Deus”, e jamais se conturbassem mesmo diante da morte. Relembrou-lhes os motivos fun-damentais de sua amizade e união espiritual, revivendo os ensinamentos de libertação do Evangelho, enquanto recomen-dava o amor incondicional, o auxílio à pobreza, o perdão aos algozes, o afeto aos delinqüentes e a compreensão fraterna às mulheres infelizes. Salientou a força do espírito eterno sobre a carne perecível; exortou para que os seus fiéis amigos jamais tisnassem a beleza do Cristianismo fazendo conluios com os poderes organizados do mundo de César. A mensagem cristã deveria ser divulgada tão pura quanto os lírios dos vales, pois de nada valiam as honras do mundo material ante a vida imortal. Encheu-os de esperanças novas pela breve chegada do “Reino de Deus” e incentivou-os para uma vida heróica em sintonia com os princípios mais elevados da redenção e libertação da humanidade.

Ante a dor, o espanto e a consternação de seus discípu-los, que lhe bebiam as palavras repassadas de melancolia e pesar, Jesus voltou-se para Pedro, cujas faces estavam mar-cadas de profunda angústia e disse-lhe, de modo eloqüente e profético: ‘Pedro, doravante tu serás um pescador de homens, e não de peixes! Sobre tua fé e sinceridade eu fundamento a minha Igreja! Seja-te o dom do bom falar, do bom ouvir e do bom agir para o serviço do Senhor!”

Pedro caiu de joelhos, os olhos marejados de lágrimas perante o Mestre Amado, enquanto os demais apóstolos mal podiam esconder sua comoção. Judas, no entanto, estava cabisbaixo e roído de ciúmes, incapaz de esmagar o orgulho e o amor próprio feridos ante qualquer distinção ou preferên-cia no colégio apostólico.

Jesus encerrou a cerimônia tocante do “lava-pés”, e achegando-se a João, enternecido, fez-lhe amena rogativa:

— João! Minha mãe é tua mãe, porque somos irmãos perante o Senhor! Na minha falta, sê tu o seu filho!

Em seguida, fez menção de sair, enquanto Pedro e João apressaram-se a acompanhá-lo; da porta, voltou-se, dizendo a todos ainda sob profunda emoção espiritual:

— Vós sois meus apóstolos; pregai a palavra do Senhor e anuncia a Boa-Nova do Reino dos Céus sobre a Terra. A von-tade do Pai se manifesta em mim e devo cumpri-la, porque

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a hora do meu testemunho é chegada!

Ante a emoção doloro-sa que anuviou o coração de todos os discípulos, pela pri-meira vez denominados os seus “apóstolos”, Jesus afastou a cortina e o seu vulto majes-toso desapareceu nas sombras da noite estrelada, envolto pela brisa perfumada do jardim de Getsêmani.

PERGUNTA: — Dizem os evangelhos que houve resis-tência de Pedro contra a idéia de Jesus lavar-lhe os pés, pois não se sentia digno de tal dedicação.

RAMATÍS: — Tratava-se de uma cerimônia habitual entre Jesus e seus discípulos desde o tempo de João Batista; por isso, não havia motivo para a recusa de Pedro. Em verda-de, durante o momento do “lava-pés” o Mestre o fazia a cada discípulo, explicando-lhes as razões do ato e o que significava o seu simbolismo para o futuro. E o próprio Jesus, repetin-do a indagação de todos os anos, após a cerimônia, assim se expressa aos discípulos, dizendo: “Sabeis o que vos fiz?” E conforme narram os evangelistas, eis o seu pensamento a respeito do “lava-pés”: “Desde que vós me considerais o Mestre e Senhor, e eu assim o aceito e vos lavo os pés, deveis vós também lavar os pés uns aos outros, porque eu vos dei o exemplo; e assim o fareis aos vossos discípulos quando vos fizer mestres. Perante o pai, o Mestre não é maior do que o servo; nem o servo é maior do que o mestre. Aquele que lava os pés do discípulo ou do servo é então grande perante o Pai, porque por si mesmo se faz o menor”.3

Aliás, afora João, os demais apóstolos ignoravam que a cerimônia do “lava-pés” já fazia parte integrante do rito dos Essênios, como a fase iniciática característica do discí-pulo que deixa o mundo profano para ingressar no “Círculo Interno” do mundo espiritual. Além daquele sentido de humildade explicado por Jesus, como deliberada demons-tração de que o “menor” na Terra é o “maior” no Reino de Deus, ainda existia a significação de que só o Mestre sabia consolar os seus discípulos e servos e aliviar-lhes as dores e as vicissitudes sofridas nos caminhos e nas sendas do mundo transitório da carne. Sobre os pés cansados, empoeirados e feridos, concentravam-se as dores e o sofrimento das longas caminhadas dos discípulos entre as desilusões e hostilidades da vida humana. Então o Mestre os lavava com sua ternura, humildade e paciência, deixando-os limpos e aliviados para nova caminhada.

PERGUNTA: — Ainda com relação à última ceia gosta-ríamos de sanar nossas dúvidas quanto ao fato daquela 3 Nota do Médium: Essa exortação de Jesus descrita por Ramatís pode ser apreciada, em parte, em João, 13:4-17.

acusação de Jesus insinuan-do ser Judas o discípulo que deveria traí-lo.

RAMATÍS: — Entre os diversos acontecimentos nar-rados pelos evangelistas e sumariamente modificados posteriormente pelos exegetas católicos, a cena da acusação indireta de Jesus contra Judas, se fosse verdadeira, seria um dos mais graves e censuráveis desmentidos aos seus profun-dos sentimentos de amor, ter-nura e perdão tão sublimes, que, nos extremos de sua ago-

nia, no ato de sua crucificação, quanto aos seus algozes, o fez dirigir ao Pai aquela rogativa de misericórdia infinita: “Pai! Perdoai-lhes porque eles não sabem o que fazem”.

É quase inacreditável que, depois de se configurar o Amado Mestre como a maior expressão de amor e de renún-cia na Terra, o reduzam ao caráter de um homem comum ressentido e intrigante, pecando pelo julgamento antecipado da “possível” traição de um discípulo.

Conforme narra o evangelista João, (13:21-30), primeira-mente Jesus exclama: “Em verdade, em verdade vos digo que um de vós me há de entregar”. Após os apóstolos recupera-rem-se da angústia daquela acusação velada e, em seguida às indagações aflitivas de Pedro e João, eis que o Mestre, num gesto de delator vingativo responde: “É aquele (o traidor) a quem eu der o pão molhado. E tendo molhado o pão, deu-o a Judas, filho de Simão Iscariotes”. E a narrativa de João acres-centa: “E atrás do bocado de pão entrou em Judas o Satanás.”

Em tal acontecimento tão comprometedor, faltaria ao Mestre, sempre gentil e benevolente, até o resquício da pieda-de comum nas criaturas de relativa formação moral, pois ele teria acusado o seu discípulo em público, por um ato abjeto de que apenas tinha pressentimento. Mateus, (26:21-25), não descreve a cena do pão molhado entregue a Judas como o libelo acusador, mas ainda é mais chocante contra a linha-gem angélica do Mestre, pondo-lhe nos lábios as seguintes palavras acusatórias e da maldição: “O Filho do homem vai, certamente, como está escrito dele; mas ai daquele homem por cuja intervenção há de ser entregue o Filho do homem; melhor fora a tal homem não haver nascido!” E, responden-do Judas, o que o traía, disse: “Sou eu, porventura, Mestre?” Disse-lhe Jesus: “Tu o disseste”. Ora, no caso, Jesus não só desejaria a Judas um fim trágico e abominável, como ainda o acusaria brutalmente diante dos demais discípulos e com-panheiros, confirmando que era ele o traidor! E se “atrás” do bocado de pão molhado entrou Satanás em Judas, conforme narra João, então é óbvio que, até aquele momento, Judas ainda não havia deliberado trair o seu Mestre, e que isso só lhe ocorreu depois que Satanás o tomou no ato da ingestão do bocado de pão molhado e abençoado ali na mesa santa.

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“O mal não merece comentário em tempo algum” . Esse conhecido tema de reflexão é repleto de verdade, mas quando repercute em nosso íntimo geralmente encontra pouco eco, pois a nossa realidade cotidiana ainda é muito influenciada pela negatividade. O mal existe de forma intensa em nosso meio, predomina em nosso psiquismo e conseqüentemente retorna para o ambiente em que vivemos. O círculo é vicioso. A causa principal dessa tendência é a ignorância das leis uni-versais e o materialismo, ou seja, a negação da imortalidade e da vida espiritual futura. Esse bloqueio do ponto de vista espiritual impede o entendimento da diferença entre exis-tir e viver e restringe a perspectiva humana aos seus limites objetivos e biológicos. A negação da vivência psicológica e da subjetividade espiritual enfatiza o mal na sua experiên-cia, dando a impressão inversa de que o Bem é uma uto-pia, muitas vezes fora de cogitação. É desse desvio do ponto de vista que surgem conceitos como “os fins justificam os meios”. Somente a maturidade espiritual, adquirida pelas múltiplas existências, mesmo que o indivíduo não acredite nessa possibilidade de renascimento carnal, é que desperta o senso de justiça e a substituição gradual do mal pelo Bem. Essa substituição acontece silenciosamente nos bastidores da consciência individual, nas inúmeras experiências, simples ou marcantes, negativas ou positivas, nas quais o ser adquire novas formas de pensamento, de sentimentos e de atitudes. O livre arbítrio passa a ser utilizado com maior grau de res-ponsabilidade e as pessoas começam a perceber que trazem consigo não somente o instinto de sobrevivência biológica, mas um algo mais, uma equação existencial para ser solucio-nada num curto espaço de tempo. Uma existência de apenas 70 anos deixa de ser uma simples fonte de satisfação de pra-zeres da carne e dos vícios mentais e torna-se um veículo de

realizações para despertar de novos desafios íntimos. Uma enorme sensação de insatisfação passa a ocupar o mundo íntimo dessas pesso-as e suas cogitações sobre o tempo e as con-quistas mudam totalmente de rumo, caso elas decidam realmente mergulhar em si próprias. Do contrário, frustram-se.

Então, o que fazer para evitar essa predis-posição que temos em valorizar mais as coisas negativas do que as positivas? Como mudar essa crença de que o mal é sempre mais forte do que o bem? Estaríamos sendo incoerentes e hipócritas, num mundo hostil como a Terra, ao negarmos o mal e cultivarmos poeticamen-te o bem?

É senso comum, entre os espiritualistas, que nosso planeta é um típico mundo de expia-ções e provas, onde predomina o mal. Estamos

numa fase de transição para uma categoria superior, de rege-neração, ou seja, o mal ainda existirá por algum tempo, mas não será mais predominante. Os renascimentos traumáticos e as existências tumultuadas ainda serão comuns, mas dimi-nuirão na medida que haja uma expansão do conhecimento superior e da consciência espiritualizada. O mal ainda pre-domina. Tudo bem! Mas também existe a possibilidade de se praticar o bem. Aliás, este é o real significado da categoria do nosso planeta, isto é, um campo de provas, de experiên-cias, de tentativas, portanto de inúmeras possibilidade de se realizar o Bem. Fazer o bem em mundos superiores é fácil e até redundante; pode até ter valor como aprendizagem, mas não mais como fator evolutivo essencial. Nesses lugares se faz o bem por espontaneidade e não por necessidade de recu-perar o tempo perdido ou pelo resgate de faltas. Essa possi-bilidade de fazer o bem num campo onde predomina o mal é uma prerrogativa do livre-arbítrio; ele é o recurso natural no qual o Ser realiza escolhas e toma decisões nas situações de prova, quase sempre contraditórias e confusas. Isso faz parte do jogo evolutivo. Como dizia o filósofo estóico Epicte-to, ninguém progride sem demonstrar equilíbrio diante das coisas contraditórias. É nas situações confusas e desespera-doras que a mente humana adquire experiência real, supera limites, fica mais inteligente e finalmente se transforma no reduto de poderosas forças morais.

Portanto, no planeta Terra, o Bem não é apenas poesia ou ficção. Ele é uma realidade que está ligada às forças natu-rais de transformação que impulsionam os seres e as coisas rumo à perfeição. Já o mal é uma possibilidade momentânea de estagnação, pelas forças retrógradas, que trabalham em sentido contrário, mas sempre funcionando como suporte se-

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“Por isso te lembro despertes o dom de Deus que existe em ti.” - PAULO. (II TimóTeo, 1:6.)

É indispensável muito esforço de vontade para não nos perdermos indefinitamente na sombra dos impulsos primiti-vistas.

À frente dos milênios passados, em nosso campo evo-lutivo, somos suscetíveis de longa permanência nos resvala-douros do erro, cristalizando atitudes em desacordo com as Leis Eternas.

Para que não nos demoremos no fundo dos precipícios, temos ao nosso dispor a luz da Revelação Divina, dádiva do Alto, que, em hipótese alguma, devemos permitir se extinga em nós.

Em face da extensa e pesada bagagem de nossas necessi-dades de regeneração e aperfeiçoamento, as tentações para o desvio surgem com esmagadora percentagem sobre as suges-tões de prosseguimento no caminho reto, dentro da ascensão espiritual.

Nas menores atividades da luta humana, o aprendiz é influenciado a permanecer às escuras.

Nas palestras comuns, cercam-no insinuações calunio-sas e descabidas. Nos pensamentos habituais, recebe mil e um convites desordenados das zonas inferiores. Nas aplica-ções da justiça, é compelido a difíceis recapitulações, em vir-tude do demasiado individualismo do pretérito que procura perpetuar-se. Nas ações de trabalho, em obediência às de-terminações da vida, é, muita vez, levado a buscar descanso indevido. Até mesmo na alimentação do corpo é conduzido a

perigosas convocações ao desequilíbrio.Por essa razão, Paulo aconselhava ao companheiro não

olvidasse a necessidade de acordar o “dom de Deus” no altar do coração.

Que o homem sofrerá tentações, que cairá muitas vezes, que se afligirá com decepções e desânimos, na estrada ilumi-nativa, não padece dúvida para nenhum de nós, irmãos mais velhos em experiência maior; entretanto, é imprescindível marcharmos de alma desperta, na posição de reerguimento e reedificação, sempre que necessário.

Que as sombras do passado nos fustiguem, mas que ja-mais nos esqueçamos de reacender a própria luz.

Vinha de LuzEmmanuel / Chico Xavier

Capítulo 30Retirado do Reformador - Out/2010

cundário de leis superiores. Por isso se diz que Deus escreve certo por linhas tortas. Sendo uma força de transformação, a prática do Bem gera mudanças em nosso mundo interior e no ambiente em que vivemos. Quando não conseguimos essa mudança de forma imediata, ainda assim entramos em processo íntimo de mudança, de ampliação do grau de consciência, mesmo porque o mal sempre nos causa uma incômoda dinâmica de insatisfação e infelicidade. Mesmo aqueles seres maus e intransigentes são marcados por essa insatisfação, feridos pelo espinho constante da consciência. Esse também é o motivo provável pelo qual muitas pessoas boas, inteligentes, cheias de vida e de futuro promissor, mor-rem ainda jovens e repentinamente. Muitos desses casos são pessoas que passam por experiências íntimas imperceptíveis aos olhos alheios e que atingem um grau de transformação suficiente numa existência, não necessitando mais conviver em ambientes atrasados e maléficos, a não ser que queiram, por questões pessoais ou de auxílio ao próximo.

Estando infelizes e insatisfeitos, geralmente procuramos uma mudança que possa alterar esse estado desagradável e

que nos causa sentimentos negativos. Não estando conscien-tes dessa situação de mudança íntima, cedemos aos impulsos inferiores: pensamentos negativos, comentários maldosos, inveja, auto-destruição etc, com se fosse um prazer emocio-nal que nos faz suportar as situações difíceis. Mas é um pra-zer egoísta e solitário, que engana e agrava os sentimentos e emoções e só faz aumentar a insatisfação e sofrimento por estarmos numa condição espiritual inferior. Daí vem o pes-simismo, a descrença no Bem e a supervalorização do mal. Na maioria das vezes só conseguimos reverter positivamen-te essa situação quando sofremos e derramamos lágrimas de reflexão. Afirmam os sábios que é preciso saber chorar e tirar proveito reflexivo das lágrimas. Assim evoluímos. Do contrário, o que sobra depois delas é o desencanto, a revol-ta, a sensação de impotência, fracasso e a estagnação. Aqui também, geralmente, se forma um círculo vicioso.

Dalmo Duque dos SantosO Bem e o mal

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Judas de Kerioth

Desde o dia em que, em Kfarnaum, Jesus foi declarado transgressor da lei e inspirado por Satan, Judas começou, es-piritualmente, a afastar-se d’Ele.

Possuidor de maior cultura que os demais discípulos e dotado de imaginação fértil, porém doentia, meditava profun-damente sobre tudo o quanto via e ouvia, tanto no círculo dos próprios discípulos, como no meio do povo e, por fim, já não mais sabia se Jesus era ou não o Messias esperado.

Penetrou, assim, no terreno tormentoso da dúvida, apro-fundando-se nele, dia por dia, até que, com a entrada auspi-ciosa de Jesus em Jerusalém, naquela Páscoa, vendo o povo confraternizar com os discípulos no caminho da Betânia, can-tando hosanas, encheu-se novamente de esperanças.

Foi um dos que mais depressa estendeu sua capa no chão para que o Messias passasse; um dos que, na sua enorme ale-gria, mais dançou à frente do cortejo; um dos que mais alto gritou: “Hosanas ao Filho de David! Glória ao nosso Rei-Mes-sias”. Quando viu, apavorado, que Jesus, ao chegar ao templo, nada fez para assumir o poder que o povo estava pedindo, des-cendo do jumento silenciosamente e desaparecendo no meio da multidão que enchia o templo, sua decepção foi profunda

e todos os seus sonhos de ambição e glória desmoronaram.Tinha errado mais uma vez. Jesus de Nazareth não podia

ser o salvador de Israel, o rei nacional, sendo simplesmente um profeta do povo humilde. Assim sendo, pensava ele, não tinha sido ludibriado nas suas esperanças, seus esforços, sua dedicação de vários anos? Não perdera todo o seu tempo, fazendo-se discípulo daquele rabi?

Encostado a uma das colunas da galeria do templo, junto à Porta Dourada, um grande desespero apoderou-se dele e maldisse em altas vozes, sem o perceber, a sua infelicidade. Com a exuberância de gestos que lhe era própria, repuxava os cabelos e a barba e batia no peito murmurando: infeliz, infeliz!

Penetrando, assim, no campo da invigilância, nesse mo-mento as forças do mal, das quais já se vinha tornando um alvo vunerável, se apoderaram dele; ficou hirto e frio, um suor viscoso caía-lhe da testa sobre o rosto enquanto espuma ama-relada como fel começou a escorrer pelos cantos dos lábios brancos e cerrados.

Mas estava sendo observado por um sacerdote menor do templo, que o conhecia como discípulo de Jesus e que apro-ximou-se rapidamente, tomou-o por um braço e o levou con-sigo para o interior, onde foi logo posto na presença do Sgan Jochanan, superintendente geral do templo que, a sua vez, o levou discretamente à presença do velho e astuto Hanan.

Da conversa que tiveram e do entendimento que foi fei-to em segredo, resultou a traição nefanda que o Evangelho perpetuou na sua narrativa; mas o canal mediúnico revelou em nossos dias que, na presença de Hanan, e já passada, em parte, a crise nervosa que o envolvera, Judas relutou em trair o Mestre sendo, por fim, convencido por uma série de argu-mentos, dentre eles este de que o próprio Jesus já declarara a seus discípulos que, para cumprir as Escrituras, deveria ser entregue ao Sinhédrio para ser morto; porém o que o Sinhé-drio desejava era retirar o rabi da circulação naqueles dias da Páscoa, para evitar que houvesse tumulto e os romanos chacinassem o povo, como era costume acontecer; e que ele, Judas, receberia umas trinta moedas de prata, para afastar-se logo de Jerusalém. A estes argumentos e com a promessa de que nenhuma referência se faria a ele no processo, que sabia já estar iniciado contra seu Mestre e seus discípulos, Judas aceitou o acordo e passou a estar, daquele momento em dian-te, à disposição do Sinhédrio.

Também se sabe que recebeu o dinheiro, conforme estava também predito nestes termos: “trinta siclos de prata serão o seu preço...”1

1 Um siclo de prata valia 1/7 da atual libra esterlina, Jesus foi vendido por 30 siclos, mais ou menos 4 libras. Siclo era uma das moedas judaicas da época, sendo as outras, algumas delas citadas na Bíblia, as seguintes: denário ou dra-

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Prometeu entregar seu rabi no momento oportuno e, a partir daí, viveu todas as suas horas debaixo de um transe permanente e doloroso, sem poder dormir nem comer, presa fácil de forças tremendas que o dominaram completamente.

Assim, três dias depois, quando Jesus, à ceia pascoal, virando-se para ele disse, num murmúrio que só ele ouviu “o que tens de fazer faze-o logo”, mecanicamente obedeceu, levantando-se em silêncio e saindo.

Com os olhos vermelhos e saltados das órbitas, barba e cabelos revoltos, a capa esvoaçante a se enrolar nas pernas magras, lá se foi ele, o pobre discípulo infeliz, a caminho do templo, para remate de uma tarefa que o transtornava além de toda compreensão.

— Não aguento mais, exclamava, tropeçando pelo cami-nho. Salva-me, Senhor, deste tormento...

E a figura majestosa do velho Hanan estava à sua fren-te, dizendo, untuoso: “nós o prenderemos somente durante os dias de festa”. E o Mestre, severo, na sua voz cansada e triste acrescentava: “o que tens de fazer, faze-o logo; vai depressa...” Mas era o Maligno, compreendeu ele depois, que o estava em-purrando para a desgraça eterna.

cma, valia 8 dinheiros; mina, valia 4 libras; Shekel de prata, valia 2,5 libras; maneh de prata, valia 7 libras; maneh de ouro, valia 103 libras; talento de prata, valia 400 libras, talento de ouro, valia 6.200 libras.

E assim penetrou no templo, dando aos sacerdotes a in-dicação de que o rabi naquela noite estaria com os discípulos no Jardim do Gat Shemen após a ceia.

Como já dissemos, Judas era oleiro e natural de Kerioth, povoação situada a 35 quilometros a sul de Jerusalém. Era o único judeu entre os doze. Moreno, alto, magro, barba grisa-lha, era um indivíduo sempre inquieto, gesticulador, que ca-minhava angulosamente; profundamente místico, visionário, impulsivo e sujeito, como já dissemos, a transes e perturba-ções psíquicas; um tipo bem definido, bem caracterizado de medium descontrolado, como muitos que vemos nos dias de hoje. Dentro do drama crístico, tão cheio de lances dolorosos e heróicos, esta foi a parte que tocou a Judas, o discípulo que mais sofreu durante a vida encarnada de Jesus e aquele que até hoje carrega nas costas a cruz desta fanática e ignara maldição popular, com o peso insuportável dos pensamentos de ódio e vingança que, ano por ano, em toda a cristandade se manifestam.

Segundo o que se sabe, a carga terrível da maldição, de há muito, no plano espiritual, já lhe foi tirada das costas e hoje Judas é um espírito liberto, dotado de imensa humildade, consciente do tremendo erro que cometera.

VIII – Perseverança e seriedade

Acrescentemos que o estudo de uma doutrina, tal como a doutrina espírita, que de repente nos lança numa ordem de coisas tão nova e tão grande, só pode ser efetuado com provei-to por homens sérios, perseverantes, isentos de prevenções e animados por uma vontade firme e sincera de chegar a um re-sultado. Não poderíamos definir assim os que julgam a priori, levianamente e sem ter visto tudo; que não se aplicam aos seus estudos com a continuidade, a regularidade e o recolhimento necessários; muito menos poderíamos qualificar dessa forma determinados indivíduos que, para não prejudicar sua reputa-ção de homens de espírito, esforçam-se por encontrar um lado ridículo nas coisas mais verdadeiras, ou assim consideradas por pessoas cujo saber, cujo caráter e cujas convicções mere-cem o respeito de todos os que se julgam civilizados. Portanto, que aqueles que acham que os fatos não são dignos deles e de sua atenção, se abstenham; ninguém pensa em violentar sua crença, mas que façam o favor de respeitar a dos outros.

O que caracteriza um estudo sério é a continuidade que se imprime a ele. Será que devemos estranhar por não ob-ter, muitas vezes, nenhuma resposta sensata a perguntas, por si só sérias, quando são formuladas ao acaso e lançadas à queima-roupa em meio a uma imensidade de perguntas ab-surdas? Além do mais, às vezes uma pergunta é complexa e, para ser esclarecida, exige outras, anteriores ou complemen-tares. Quem deseja especializar-se em determinada ciência deve fazer um estudo metódico, começar pelo início e seguir o encadeamento e o desenvolvimento das idéias. Quem faz a um sábio uma pergunta aleatória sobre uma ciência cujos pri-

meiros termos ignora, acaso ficará mais instruído? Poderá o próprio sábio, mesmo com a maior boa vontade, dar-lhe uma resposta satisfatória? A resposta isolada será forçosamente incompleta, e, por isso mesmo, muitas vezes ininteligível, ou poderá parecer absurda e contraditória. Acontece exatamente o mesmo nas relações que estabelecemos com os Espíritos. Se quisermos instruir-nos na sua escola, é preciso fazer um curso com eles; mas, como ocorre entre nós, é preciso escolher os professores e trabalhar com assiduidade.

Dissemos que os Espíritos superiores só comparecem às reuniões sérias, e principalmente àquelas em que reina uma perfeita comunhão de pensamentos e de sentimentos volta-dos para o bem. A leviandade e as perguntas supérfluas os afastam, da mesma forma que, entre os homens, afastam as pessoas sensatas, deixando, então, o campo livre para a turba dos Espíritos mentirosos e frívolos, sempre à espreita de opor-tunidades para zombar de nós e divertir-se às nossas custas. Numa reunião como essa, que resultado terá uma pergunta séria? Será respondida; mas por quem? É como se no meio de um bando de alegres foliões formulásseis estas perguntas: Que é a alma? Que é a morte? E outras tão divertidas quanto estas. Se quereis respostas sérias, sede vós próprios sérios em toda a acepção da palavra e colocai-vos dentro das condi-ções exigidas; só assim obtereis grandes coisas. Sede, além do mais, esforçados e perseverantes em vossos estudos, pois sem isso os Espíritos superiores vos abandonarão, como faz um professor com seus alunos negligentes.

O Livro dos Espíritos“Introdução ao estudo da doutrina espírita”

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Auto-avaliação periódicaNey PieTro Peres — Manual Prático do Espírita

GEAEL

(continuação do número anterior)

Até onde chegaremos?Após concluído o ano em curso, podem-se reiniciar os

comentários, de modo semelhante, dentro dos mesmos itens indicados, agora no ano seguinte.

Conseguindo-se a continuidade desse trabalho, por três anos, teremos realizado uma grande mudança em nós mesmos,

e teremos transformado muitos dos nossos gestos e atitudes.

As nossas reações estarão naturalmente educadas pelos bons hábitos, nossos impulsos estarão controlados e possivel-mente automatizados no bem. O agir corretamente e a ação consciente estará

normal e espontaneamente de acordo com os ensinamentos evangélicos, sem que nos custe maiores esforços assim proceder!

Atingindo com razoável sucesso esse primeiro triênio, iremos prosseguir, cada vez melhor, burlando o nosso es-pírito, com resultados sempre proveitosos, embora lentos.

Estaremos aí no Caminho Infinito da evolução, em que as mais profundas alegrias serão vivenciadas nas oportuni-dades de servir. Vamos nos desprendendo de nós mesmos e nos doando cada vez mais, ampliando a nossa capacidade de amar e de integrar à Vontade Maior, Soberana, que tudo preside e governa, Inteligência Suprema, Causa Primária de Todas as Coisas.

Chegaremos um dia a nos identificar tanto com esse Todo Universal Único, que sentiremos e viveremos as pa-lavras do Divino Mestre quando enunciou: “EU E O MEU PAI SOMOS UM...” O Seu EVANGELHO DE AMOR é “O CAMINHO, A VERDADE E A VIDA...” “NINGUÉM VAI AO PAI SENÃO POR MIM”, disse-nos Ele.

Queridos amigos leitores, candidatos a Aprendizes do Evangelho, Aprendizes já em preparação, Servidores de Jesus em treinamento, Discípulos das últimas horas em tarefas: essa é a senda que o Cristianismo Redivivo, a Ter-ceira Revelação, o Consolador Prometido, a Doutrina dos Espíritos codificada pelo mestre Allan Kardec nos ofere-ce. Abracemo-la com todas as nossas forças, tomemos a nossa cruz e sigamos Jesus. É o que temos a fazer neste mundo nebuloso, como uma das poucas oportunidades de nos Salvar e nos Redimir. Que Jesus esteja conosco, animando os corações de boa vontade...

“A oração não nos exime das faltas, o perdão rogado só se obtém mudando de conduta, e são as boas ações a melhor prece”.O Livro dos Espíritos — Pergunta 661

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Técnicas da Mediunidade - Carlos Torres Pastorino

LINHAS DE FORÇA

São as que partem de um pólo, atingindo o seu contrá-rio. Um grupo de linhas de força, forma um tubo de força. A reunião total das linhas de força, forma o:

ESPECTRO MAGNÉTICOConhecemos, na prática, o espectro das linhas de força

do campo magnético de um ímã, colocando-o debaixo de uma folha de papel, sobre a qual espalhamos limalha de ferro. Os pequenos pedaços se imantam, e cada um deles se torna um imã. O pólo norte de cada um desses pequenos ímãs é atraído, pelo pólo sul vizinho, de modo que se formam verdadeiras cadeias de ímãs.

Essas cadeias se dispõem no papel exatamente ao longo das linhas de força. A essa figura chamamos “espectro mag-nético” (veja figura).

BondAdE EfEtivA - Esse é o motivo por que um sofredor, atraído a uma sessão, traz automaticamente consigo muitos outros do mesmo timbre magnético (que sofrem dos mesmos males). E por isso basta atender a um que esteja incorporado, para que todos os outros, que se acham dispostos na mesma linha de força, sejam beneficiados, porque recebem os mesmos influxos magnéticos que o incorporado.

Pelo espectro magnético compreendemos por que Jesus afirmou que ninguém é bom, a não ser o UM, que é deus” (Lucas 18:19). Com efeito, enquanto mergulhados na personalidade, no plano da forma, do espaço e do tempo, todos temos os dois pólos em nós, o positivo (espiritual-deus) e o negativo (material-satânico). E por isso, até o próprio Mestre protestou: “por que me chamais bom”? (id. ib.).

Só quando tivermos abandonado totalmente esta dimensão da matéria, é que poderemos viver integralmente no pólo positivo, onde não haja mistura nem influência do pólo negativo.

Por isso também percebemos por que muitas pessoas, embora

se julguem boas (e isso já é prova evidentíssima de que o não são, por causa da imensa vaidade, pois nem Jesus se julgou tal) sofrem conseqüências tristes e até desastrosas.

Explicam alguns que o mal só atinge a quem com ele sintoniza, e que nenhum trabalho de magia alcança os bons; e se por acaso algum “pegou”, é que a vítima “deu uma brecha”.

Esquecem que todos temos o pólo negativo, pelo qual facilmen-te podem penetrar vibrações baixas. daí o aviso explícito e reiterado de Jesus (Mateus 26:41): “vigiai e orai, para não serdes experimenta-dos, porque o Espírito (o positivo) está pronto, mas a carne é fraca (o pólo negativo, ou seja, satanás)”.

Ainda pelo espectro magnético compreendemos o que significa a luta interna que ruge dentro de cada homem, entre o bem (posi-tivo) e o mal (negativo), um sempre influenciando o outro: o bem influindo para que o mal melhore, e o mal influindo para que o bem não seja total. Essa luta foi, personificada simbolicamente no anjo e no diabo que todos temos em nós mesmos.

Esse espectro demarca o campo magnético total do imã, e forma uma indução ou fluxo magnético que impregna o ambiente. isso explica a razão por que, numa casa em que todos se dedicam ao bem e vivem no pólo positivo, o ambiente é tranqüilo, agradável, leve, limpo. Mas se os elementos são queixosos, irascivos, doentios, o ambiente se torna pesado, irrespirável, irritando a todos os que nele penetram. daí a necessidade de não se alimentarem pensamentos negativos, para que o ambiente se não carregue de fluidos magnéticos pesados.

também aí encontramos a razão de certas pessoas, ao se che-garem a nós irradiarem paz e outras nos trazerem desassossego, à simples presença: é o magnetismo de que estão carregados, positivo ou negativo.

E mais ainda: aí reside a razão de as pessoas gostarem de sentar-se sempre nos mesmos lugares. Cada um deixa impregnado com o próprio magnetismo o “seu canto”, pela constância e insistência de sua presença, e portanto aí se sente melhor que em qualquer outro lugar. Se acaso é obrigado a mudar de lugar à mesa, fica irrequieto, como “peixe fora d’água”.

Muitas coisas podem ser explicadas na vida prática, quando se conhecem as leis de magnetismo, sabendo-as aplicar às criaturas.

FENÔMENOS ELETROMAGNÉTICOS

No setor eletromagnético, há três fenômenos a estudar:

1º FenômenoUma corrente elétrica, passando por um condutor, pro-

duz um campo magnético em redor desse condutor, como se ele fora um imã. No caso de o condutor ser em formato, de circulo, observamos a corrente que forma um campo magné-

Magnetismo (V)

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tico que acompanha todo o círculo.

CorrEntE MEdiúniCA E ConCEntrAção - Esse fenôme-no explica por que em torno de todo o círculo de pessoas sentadas à mesa mediúnica se forma um campo magnético capaz de:

a) atrair desencarnados de qualquer tipo (sofredores, obsessores etc.); e quanto mais forte a corrente, tanto maior a força de atração; e

b) repelir aqueles que não devam ou não convém que penetrem no campo magnético, em vista do magnetismo da corrente.

2º FenômenoUm condutor, percorrido por corrente elétrica, fica sujei-

to a uma força se é colocado num campo magnético.Em outras palavras: a corrente elétrica produz um

campo magnético; dai provêm dois resultados:a) um ímã, colocado próximo dá corrente, fica sujeito às

forças magnéticas da mesma (1º fenômeno); mas, b) o ímã também produz um campo magnético próprio, e

este vai influir sobre a corrente elétrica que lhe está próxima. Então, duas correntes próximas se influenciam mutuamente.

o 2º fenômeno explica-nos por que a constituição da mesa mediúnica em círculo fechado (ou quadrado, ou retângulo, mas sempre circuito fechado) influi sobre os médiuns, da mesma forma que os médiuns influem sobre a corrente. Assim como a corrente exerce poder sobre o médium, fortalecendo-lhe a mediunidade assim uma criatura de forte magnetismo exercerá forças que ampliam a capacidade da cor-rente da mesa mediúnica.

Por aí verificamos que uma criatura de magnetismo fraca (que se distraia facilmente), “quebra” a corrente.

outra dedução é que não deve sentar-se próxima à corrente uma pessoa de forte magnetismo, pois desviaria o curso da cor-rente. Mas, de outro lado, ficamos sabendo que, quando não há outra solução, a criatura

que fica de fora, mas próxima da corrente, permanece protegida e envolvida pela corrente (repare na figura).

o ideal, quando há muita gente, é que se formem duas corren-tes concêntricas, uma incluída na outra, porque assim se fortalecem reciprocamente.

3º FenômenoChamado “auto-indução” ou “self-indução”: o condutor,

que é percorrido por uma corrente, cria um campo magnético que exerce influência no próprio condutor, e produz nele um

fluxo. Se o campo for variável, o fluxo tam-bém o será.

Assim na mediuni-dade. Na concentração, o médium cria um campo magnético em torno de si; esse campo exercerá influência sobre o pró-prio médium, produzin-

do nele um fluxo (de comunicação).Ora, ocorre que a concentração sofre variações pela

condição humana de encarnados. Nessas condições, cada vez que a concentração diminui, também decresce o fluxo da corrente, podendo chegar até a quebra total. E quando volta a aumentar a concentração, torna a crescer o fluxo, reatando a comunicação.

Isso explica os altos e baixos que verificamos em muitas comunicações. E também por que a concentração, mormente em trabalhos de maior responsabilidade, não deva e não possa ser fraca, nem entrecortada de distrações.

Pulsos eletromagnéticos são usados para cortar e furar aço

Engenheiros alemães criaram uma nova forma para fazer furos em placas de aço e outros metais, uti-lizando campos eletromagnéticos.De grande interesse para a in-dústria automobilística, e para a estamparia de metais em geral, a nova técnica é até sete vezes mais eficiente do que os cortes a laser e não deixa rebarbas na chapa.

Cortes e furos em chapas de açoNo caso de um acidente, as chapas de aço que formam a carroceria dos au-tomóveis devem fornecer a proteção adequada e proteger os passageiros o mais possível.Essa exigência de segurança limita a diminuição da espessura das chapas metálicas usadas na fabricação dos automóveis.Por outro lado, chapas mais espessas significam mais trabalho na hora de perfurá-las e cortá-las.Os processos de corte e perfuração tradicionais também deixam rebarbas, sa-liências que se projetam no lado oposto da chapa onde o furo é feito, exigindo etapas adicionais de acabamento. O corte a laser nem sempre é uma opção, por ser caro e consumir muita energia.

Furação com pulsos eletromagnéticosTrabalhando em conjunto com vários parceiros da indústria, incluindo a Volkswagen, os engenheiros do Instituto Fraunhofer agora desenvolveram uma nova forma para fazer furações em chapas metálicas.“O novo método é baseado na tecnologia de pulso eletromagnético [EMPT - ElectroMagnetic Pulse Technology], que é usado principalmente para ex-pandir e criar pescoços em tubos de alumínio. Nós modificamos a técnica para cortar até mesmo os aços mais duros,” conta a dra. Verena Krausel, co-ordenadora da pesquisa.Enquanto um laser leva cerca de 1,4 segundo para fazer um furo, a nova técnica de pulsos eletromagnéticos faz o mesmo trabalho em cerca de 200 milissegundos - até sete vezes mais rápido.Outra vantagem é que a técnica não produz nenhuma rebarba, eliminando a necessidade de etapas adicionais de acabamento.

Geradores de pulsos eletromagnéticosOs geradores de pulsos eletromagnéticos consistem de uma bobina, um capa-citor para armazenar energia, um dispositivo de recarregamento do capacitor e de uma chave de alta corrente.Quando a chave se fecha, os capacitores descarregam toda a sua energia atra-vés da bobina, em uma questão de microssegundos, produzindo uma alta cor-rente pulsada. A bobina converte a energia elétrica armazenada no capacitor em energia magnética.Para utilizar este processo para cortar aço, os pesquisadores tiveram sim-plesmente que modificar a bobina para garantir um campo eletromagnético forte o suficiente: a pressão com que o campo atinge o aço deve ser tão alto que ele expele violentamente o material da folha, deixando o furo preciso e sem rebarbas.“A pressão de impacto sobre o aço é de cerca de 3.500 bar, o que equivale ao peso de três carros pequenos numa área equivalente à ponta de um dedo”, diz Krausel.A nova técnica tem o potencial para aposentar de vez as enormes prensas hidráulicas usadas para cortar e furar folhas metálicas em geral, e não apenas na indústria automobilística.

Fonte: Redação do site Inovação TecnológicaO fenômeno mediúnico de Eusápia Paladino.

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O Evangelho Segundo o EspiritismoCapítulo 1 - “Não vim revogar a lei”

Intruções dos espírItos

9. Moisés foi o espírito que o Deus único enviou em missão à Terra, a fim de torná-Lo conhecido não só entre os hebreus, mas também entre os pagãos. O povo hebreu foi o instrumento de que Deus Se serviu para revelar-Se aos homens, por intermédio de Moisés e dos profetas. Os infortúnios e sofrimentos por que passa-vam os hebreus tinham como objetivo impressionar os homens e, com isso, fazer cair o véu que lhes ocultava a Divindade.

Os mandamentos de Deus transmitidos por Moisés trazem em si a essência da mais ampla moral cristã. E embora os comentários da Bíblia lhes restringissem o sentido, pois, se colocados em prática em toda a sua sin-geleza, não teriam sido compreendidos na época, nem por isso deixaram de ser uma espécie de farol reluzente que deveria guiar a humanidade no caminho da evolução.

A moral ensinada por Moisés era apropriada ao estágio de evolução em que se encontravam os povos chamados à regeneração. Semi-selvagens quanto ao aperfeiçoamento da alma, eles não compreendiam que se pudesse adorar a Deus de outro modo que não fosse sacrificando vítimas, e muito menos que se devesse per-doar um inimigo. Embora notáveis sob o ponto de vis-ta material, e mesmo em relação às artes e às ciências, eram muito atrasados quanto à questão moral e, por-tanto, não tinham condições de entender uma religião inteiramente espiritual. Por isso, precisavam de uma representação semimaterial, como a que lhes oferecia a religião hebraica. Assim, os sacrifícios lhes impres-sionavam os sentidos, ao passo que a idéia de Deus lhes falava ao espírito.

Jesus foi o iniciador da mais pura e mais sublime regra de conduta: a moral evangélico-cristã que deve renovar o mundo, aproximar os homens e torná-los ir-mãos; que deve fazer brotar de todos os corações a ca-ridade e o amor ao próximo, e despertar entre todos a solidariedade. Enfim, de uma moral perfeita que deve transformar a Terra e fazer dela uma morada para es-píritos superiores aos de hoje. É a Lei da Evolução, à qual a natureza está submetida, que se cumpre. E o es-piritismo é a alavanca de que Deus Se serve para fazer a humanidade progredir.

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São chegados os tempos em que as idéias morais devem se fortalecer para que haja o progresso previsto nos desígnios de Deus. Elas devem trilhar o mesmo caminho percorrido pelas idéias de liberdade que lhes antecederam. Não se deve crer, porém, que esse avanço ocorra sem conflitos. Não! Para que amadureçam, elas precisam de muitas discussões, a fim de atrair a atenção das massas. Uma vez desperta a atenção, a beleza e o aprimoramento da moral irão impressionar os es-píritos, que se dedicarão a uma ciência que lhes dará a chave da vida futura e lhes abrirá as portas da felicidade eterna. Foi Moisés quem abriu o caminho; Jesus continuou a obra; o espi-ritismo a concluirá. (Um esPíriTo israeliTa, Mulhouse, 1861).

10. Um dia, em sua caridade inesgotável, Deus permitiu que o homem visse a verdade dissipar as trevas. Esse foi o dia do advento do Cristo. Mas depois de ter conhecido a luz, as trevas voltaram. E o mundo, oscilando entre a verdade e a ignorância, novamente se perdeu. Então, tal como ocorreu aos profetas do Antigo Testamento, os espíritos puseram-se a exclamar e a vos advertir: “O mundo foi abalado em suas bases e o trovão estrondará. Sede firmes!”.

O espiritismo é de origem divina, pois se apóia nas pró-prias leis da natureza. E crede que tudo o que é de índole divina tem um objetivo nobre e útil. Vosso mundo se perdia. A ciência, desenvolvida às custas dos interesses morais, con-duzindo-vos unicamente ao bem-estar material, revertia-se em proveito do espírito das trevas.

Cristãos, vós o sabeis, o coração e o amor devem cami-nhar unidos à ciência. Dezoito séculos depois, apesar do san-gue derramado por tantos mártires, o reino do Cristo infeliz-mente ainda não chegou. Cristãos, voltai-vos para o Mestre que quer vos salvar! Tudo é fácil para aquele que crê e ama, pois o amor enche-o de uma enorme alegria. Sim, meus filhos, o mundo está abalado. Os bons espíritos não se cansam de vos dizer isso. Então, curvai-vos para que o vento que anuncia a tempestade não vos derrubeis. Ou melhor: preparai-vos e não imiteis as virgens insensatas que foram apanhadas de surpre-sa à chegada do esposo.

A revolução que se prepara é mais moral do que mate-rial. Os grandes espíritos, mensageiros divinos, insuflam a fé para que todos vós, obreiros esclarecidos e zelosos, façais ouvir vossa humilde voz, pois sois o grão de areia, mas sem os grãos de areia não haveria montanhas. Portanto, que a expressão “somos pequenos” não tenha mais sentido para vós. Para cada um, sua missão; para cada um, sua tarefa. A formiga não ergue seu formigueiro? E animaizinhos minús-culos não constroem continentes? A nova cruzada começou. Apóstolos da paz universal, e não da guerra, são bernardos modernos, olhai para a frente a avançai, pois a lei dos mun-dos é a Lei da Evolução! (FéNeloN, Poitiers, 1861).

11. Santo Agostinho é um dos maiores divulgadores do

espiritismo. Ele se manifesta em muitos lugares. A razão dis-so se deve à história de vida desse grande filósofo cristão que está ligado à falange dos estudiosos da Igreja, aos quais o cristianismo credita suas sólidas bases. Como tantos ou-tros, ele também foi arrebatado do paganismo, ou melhor, da mais profunda incredulidade, pela luz da verdade. Quando, em meio aos seus excessos, sentiu na alma a estranha vi-bração que o levou a recolher-se intimamente para reflexão e finalmente compreendeu que a felicidade está muito mais além da vida física e dos prazeres passageiros; quando, a caminho de Damasco, ouviu a santa voz: “Saulo, Saulo, por que me persegues?”, então exclamou: “Meu Deus! Meu Deus! Perdoa-me, eu creio, eu sou cristão!”. A partir daí, passou a ser um dos mais firmes sustentáculos do Evangelho.

Nas memoráveis confissões que esse eminente espírito nos deixou, podemos encontrar as seguintes palavras profé-ticas, pronunciadas após a morte de sua mãe, Santa Mônica: “Estou convencido de que minha mãe voltará a me visitar e me dará conselhos, revelando-me o que nos aguarda na vida futura”. Que ensinamento nessas palavras, e que previsão clara da futura doutrina! É por isso que hoje, vendo chegado o momento para a divulgação da verdade que pressentiu ou-trora, Santo Agostinho tornou-se um fervoroso propagador do espiritismo e se multiplica, por assim dizer, para respon-der a todos que o chamam. (erasTo, discípulo de São Paulo, Paris, 1863).

Nota: Santo Agostinho vem derrubar o que construiu? Certamente, não! Porém, como tantos outros, ele vê com os olhos do espírito o que não conseguia enxergar como homem. Livre, sua alma entrevê novas luzes; compreende o que antes não entendia, pois novas idéias lhe revelaram o verdadeiro significado de determinadas palavras. Na Terra, ele julgava as coisas segundo os conhecimentos que possuía, mas, quan-do uma nova luz se fez, ele pôde julgá-las mais corretamente. Foi assim que mudou de idéia sobre sua crença a respeito dos espíritos íncubos e súcubos1 e sobre a condenação lançada contra a teoria dos antípodas.2 Agora que o cristianismo lhe aparece em toda a sua pureza, pode pensar de modo diferen-te com relação a alguns pontos, sem deixar de ser apóstolo cristão. Pode, enfim, sem renegar sua fé, agir como propa-gador do espiritismo, porque vê nele o cumprimento do que foi profetizado. Ao proclamá-lo hoje, o que faz é levar-nos a uma interpretação mais clara e lógica dos textos. O mesmo acontece com outros espíritos que se encontram em posição idêntica.

1 Íncubos e súcubos (incubare e sucubare): Espíritos masculinos (íncubos) e femininos (súcubos) que obssediam sexualmente os encarnados.2 Antípoda: Habitante que, em relação a outro do globo, se encontra em lugar oposto.

É preciso que se dê mais importância à leitura do Evangelho. E, no entanto, abandona-se esta divina obra;faz-se dela uma palavra vazia, uma mensagem cifrada. Relega-se este admirável código moral ao esquecimento.