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Pub. SUL FUNDADOR E DIRECTOR: MANUEL MADEIRA PIÇARRA DIRECTORES ADJUNTOS: MARIA DA CONCEIÇÃO PIÇARRA e MANUEL J. PIÇARRA diário do PUBLICAÇÕES PERIÓDICAS PREÇO AVULSO: 0,75 € (75 CÊNTIMOS ) PERIODICIDADE DIÁRIA QUARTA-FEIRA, 24 DE FEVEREIRO DE 2016 ANO: 46.º NÚMERO: 12.717 ENTREVISTA grande Amanhã, 25 Fevereiro Diário do Sul completa 47 anos de publicações. Revitali i zação do Cent ro Históric o é é priori d dade Évora Município acolhe encontro sobre finanças locais no Palácio D. Manuel .... PÁG. 2 .... PÁG. 3 .... PÁG. 11 Marvão Assembleia Municipal decide atribuir gestão do castelo ao Municípi o Mora “Maior feira de Pesca Desportiva do País” arranca no fim-de-semana Ainda há 50 mil alentejanos analfabetos Apesar da taxa ter caído para cerca de metade em dez anos... .... PÁG. 2

Grande Entrevista (DS) - CM Évora - Carlos Pinto Sá

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SULFUNDADOR E DIRECTOR: MANUEL MADEIRA PIÇARRA DIRECTORES ADJUNTOS: MARIA DA CONCEIÇÃO PIÇARRA e MANUEL J. PIÇARRA

diário doPUBLICAÇÕES

PERIÓDICAS

PREÇO AVULSO: 0,75 € (75 CÊNTIMOS )

Rossio - Évora

PERIODICIDADE DIÁRIAQUARTA-FEIRA, 24 DE FEVEREIRO DE 2016

ANO: 46.ºNÚMERO: 12.717

ENTREVISTAgrande

Amanhã, 25 FevereiroDiário do Sul completa 47 anos de publicações.

RevitaliRevitaliRevitalizaçãozaçãozaçãodo Centdo CentroroHistóricHistóricooéé priori prioridadedadedade

.... Leia nas PÁGS. 6 a 8

Évora

Município acolheencontro sobrefi nanças locais noPalácio D. Manuel

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. 2

.... PÁG. 3 .... PÁG. 11

Marvão

AssembleiaMunicipal decideatribuir gestão do castelo ao Municípioo

Mora

“Maior feira dePesca Desportivado País” arrancano fi m-de-semana

Ainda há 50 mil alentejanos analfabetosApesar da taxa ter caído para cerca de metade em dez anos...

.... PÁG. 2Ainda há 50 mil alentejanos analfabetos

.... PÁG. 2Ainda há 50 mil alentejanos analfabetos

Carlos Pinto SáCarlos Pinto Sá,presidente da Câmara

Municipal de Évora

Mais que assinalar a efeméride de três décadas de classificação de Évoracomo Património da Humanidade, o executivo pretende fazer

algo que fique na história no concelho.

M

diário do SUL6 EntrevistaQUARTA-FEIRA , 24 DE FEVEREIRO DE 2016

n Maria Antónia Zacarias

Fotos Exclusivas

Carlos Pinto Sá, presidente

Município querENTREVISTAgrande

com revitalização ais que assinalar a efeméride de três décadas de classifi cação de Évora como Património da Humanidade, o executivo pretende fazer algo que fi que na história no concelho. Em entrevista exclusiva ao “Diário do Sul”, o presidente da

Câmara anuncia que o município preparou uma candidatura ao Alentejo 2020, no âmbito do plano estratégico sustentado, com vista a revitalizar o centro histórico, salientando a recuperação de edifícios municipais, apoio aos proprietários para requalifi cação dos imóveis, centralizar serviços e atrair empresas para a zona intramuralhas, captar habitantes, repensar a mobilidade e ajudar à dinamização do comércio tradicional. Carlos Pinto Sá sublinha que isso só será possível com a aprovação do plano de saneamento fi nanceiro, pela Assembleia Municipal, o que lhe permitirá dispor de algumas verbas para se poder candidatar aos fundos comunitários. A situação económica da edilidade volta a ser um dos motes de conversa, garantindo o autarca que o equilíbrio das contas continua a ser uma das principais prioridades. Entre estas destaca-se também o desenvolvimento do concelho como um todo, considerando que deve haver investimento em vários setores, tanto agrícola, industrial, de serviços e tecnologias de informação e comunicação e inovação. O edil reitera que Évora deve ser o centro do cluster aeronáutico, defendendo a necessidade de atração de mais indústrias que criem postos de trabalho que ajudem a dinamizar a economia. Mais emprego signifi cará mais residentes e sendo o acesso à saúde um dos fatores que pesa na decisão de fi xação, a construção do hospital central de Évora parece ser uma necessidade inequívoca que reúne o consenso de todos e que, segundo Carlos Pinto Sá, poderá ser anunciada muito em breve.

Qual é a situação fi nanceira atual do município? Foi esta semana apresentado um plano de saneamento fi nanceiro para a autarquia. Quais são os objetivos?

Herdámos uma situação fi nanceira muito grave que levou a que a Câmara fi casse em falência técnica. Assumimos uma dívida que somando o valor que apurámos em 2013 ao valor que surgiu em 2014 e ao registado ainda em 2015 está, neste momento, em 88 milhões de euros. O município tinha um prazo de pagamento a fornecedores de 871 dias. Perante isto, uma das prioridades, senão a principal, foi caminhar para o reequilíbrio económico da autarquia. Assim, iniciámos este trabalho procurando reduzir todas as despesas possíveis e aumentar a receita e isso fez com que logo no fi nal de 2014 conseguíssemos obter alguns dados importantes, nomeadamente a redução do prazo médio de pagamento em 112 dias, bem como da dívida em perto de dez milhões de euros e do défi ce em cerca de metade.

Mas isto foi conseguido à custa de quê?

À custa de não termos feito quase investimento. Em 2015 abrandámos esta postura porque precisámos dar resposta a alguns investimentos, sobretudo algumas coisas que vinham de trás. No entanto, continuámos a trabalhar para melhorar a situação fi nanceira do município. Fizemos acordos com praticamente todos os fornecedores e credores e conseguimos que nos perdoassem juros e aumentassem prazos de pagamento, mas não conseguimos resolver o problema das Águas de Portugal. O executivo entendeu que tinha que ir mais além e ganhar capacidade para investir, daí termos avançado com a proposta de um plano de saneamento fi nanceiro. Infelizmente houve um atraso, sobretudo do ponto de vista legislativo, e só em meados do ano passado isso foi defi nido. A Câmara tinha duas hipóteses legais para fazer o saneamento fi nanceiro.

Quais eram? E porquê a escolha pela contração de empréstimo para saneamento fi nanceiro do município?

Podia recorrer ao Fundo de Apoio Municipal que emprestava dinheiro à autarquia com uma taxa de três por cento de juros, mas tinha exigências que iam além daquelas que já tínhamos no Programa de Apoio à Economia Local (PAEL), ou seja, em termos práticos fi cava com a tutela da gestão estratégica da câmara. A outra hipótese, que foi a que escolhemos, é o saneamento

fi nanceiro que não apresenta estas exigências, mas que levou o executivo a procurar junto da banca quem emprestasse dinheiro. Conseguimos 32,5 milhões de euros, para pagar num prazo de 14 anos. Agora, resta que este plano seja aprovado na Assembleia Municipal, mas para isso não bastam os votos da CDU, pois precisamos que pelo menos um deputado de outra força política vote a favor. Como é nossa prática, auscultámos antes as outras forças políticas neste sentido e esperamos que aprovem

este plano que depois de aprovado vai ter que ir ao Tribunal de Contas.

Que vantagem tem a execução deste plano?

O município pretende atingir o reequilíbrio económico e fi nanceiro de forma sustentada, acabando com os pagamentos em atraso até ao fi nal de 2018. Mais ao menos pela mesma altura, esperamos garantir que o nível de endividamento atinja os limites legais e acreditamos que, assim, tenhamos verbas para pôr a

contrapartida nacional que precisamos para concorrer a fundos europeus e fazer investimentos diretos. Este plano permitir-nos-á ter fundos disponíveis à luz da lei dos compromissos dos pagamentos em atraso e ainda fazer alguns ajustes no mapa de pessoal que está muito desequilibrado. Faltam pessoas para a área operacional, por exemplo, só temos um calceteiro na autarquia. De salientar ainda que este empréstimo possibilita liquidar a

dívida existente às Águas do Centro Alentejo, mas não resulta daí a solução para o futuro, uma vez que o contrato com esta sociedade signifi ca um prejuízo de cinco milhões de euros por ano à Câmara. É um montante absolutamente impagável.

Autarca garante que classificação não está em risco

Este ano assinalam-se os 30 anos de Évora como Património da Humanidade. O que está previsto em termos de comemorações?

Quando falamos nesta data não queremos que se olhe apenas para o centro histórico da cidade, importantíssimo e que queremos revitalizar, mas queremos também que estes 30 anos sejam mais abrangentes. Pretendemos que abranjam aquilo que Évora foi, cujos testemunhos do passado estão à vista, mas também do presente. Temos algo que é muito atual e que temos que valorizar que é a Malagueira, obra de Siza Vieira. E devemos olhar para o futuro. Pensamos que, assim, estes 30 anos devem ser comemorados não só pelo município, mas por toda a cidade e instituições e, como tal, vamos fazer um convite público para que todos os que queiram participar nestas comemorações o possam fazer. Mas mais que assinalar queremos que alguma coisa fi que.

diário do SUL8 EntrevistaQUARTA-FEIRA , 24 DE FEVEREIRO DE 2016

Desenvolvimento deve assentar em todos os setores

da economia, valorizando

a localização do cluster aeronáutico

Em termos de desenvolvimento económico, o que precisa o concelho de Évora para tornar-se mais dinâmico?

A nossa visão da economia é alargada, isto é, não podemos olhar a economia assente num só setor. Entendemos que é preciso desenvolver o setor primário em Évora porque temos excelentes condições para o fazer. Pagar para não produzir foi um erro estratégico brutal. Para inverter isso, temos estado a trabalhar com várias empresas a este nível, procurando atrair para Évora investimentos nesta área e, neste momento, temos dois projetos interessantes como a instalação de um secador de milho promovido pela Fundação Eugénio de Almeida e a instalação de uma fábrica de descasque de amêndoa. É importante que apareçam produtos novos na agropecuária. Não esqueçamos que temos mais de 130 mil hectares, o que é uma potencialidade grande. Mas precisamos também de nos reindustrializar.

Atrair mais indústrias para aqui sediar-se o cluster aeronáutico?

Ambicionamos uma economia produtiva porque cria postos de trabalho e raízes nas regiões. A nossa principal aposta é, efetivamente, a criação de um cluster aeronáutico, da defesa e do espaço. Para tal, precisamos de mais empresas que se

complementem umas às outras, atraindo outras empresas para se instalarem junto à Embraer, á Mecachrome e a outras que já estão a investir no concelho. Neste momento, estamos a negociar a vinda de mais indústrias e se conseguirmos, todo o terreno destinado à aeronáutica fica ocupado. Isso significará um investimento de mais de 170 milhões de euros que, no prazo de dois ou três anos, criará perto de mil postos de trabalho. Quero também salientar a Tyco, que está em Évora há 48 anos, e que é uma das maiores empresas portuguesas, produzindo para o mercado mundial. Se conseguirmos trazer para o

Parque de Ciência e Tecnologia do Alentejo (PCTA) o Centro de Excelência e Inovação na Indústria Automóvel poderá potenciar o estabelecimento de pontes com a Tyco.

Como gostaria que Évora estivesse daqui a um ano?

Gostaria que Évora voltasse a ser referenciada como uma cidade do património, da cultura

e em outras áreas onde tem capacidade de inovação, sempre aliada à componente económica. Um estudo recente mostra que a marca Évora é mais conhecida e mais forte que a marca Alentejo em termos internacionais. Esse caminho vai demorar a ser feito, mas daqui a um ano gostaria que essa referência já fosse mais forte e mais visível, que tivéssemos a funcionar aqui um conjunto de empresas com dinâmica e com a criação de postos de

trabalho. Desejo que a ideia de desânimo, deceção no município começasse a ser ultrapassada e que as instituições aprofundassem a colaboração. É isso que garante o futuro.

Decisãode construção

do hospital central parece

estar para breve

A concretizar-se tudo isso e ao crescer a população há necessidade de dar uma resposta adequada também na área da saúde. Acredita que a construção do hospital central vai efetivamente acontecer?

O hospital central faz falta para Évora, para a região e para o país. Seria uma resposta para a população do Alentejo e poderia constituir-se como um modelo de funcionamento de futuro para o Serviço Nacional de Saúde no nosso país. Tive uma reunião com o ministro da Saúde e com o secretário de Estado, na passada semana, na qual tivemos oportunidade de discutir estas questões e fiquei muito satisfeito por ver que partilhamos a mesma visão. Por isso, posso adiantar que a breve trecho teremos novidades e, provavelmente, poderá haver aqui algum anúncio público em que participaremos com o Ministério da Saúde na confirmação da decisão de construção do hospital central. Temos condições únicas, todas as forças políticas estão de acordo, o governo está de acordo com isto. É claro que há o problema de saber onde se vai buscar o financiamento porque a União Europeia não está muito virada para financiar este tipo de investimentos. Não obstante, as perspetivas são positivas, mas contidas.

diário do SUL8 EntrevistaQUARTA-FEIRA , 24 DE FEVEREIRO DE 2016

Desenvolvimento deve assentar em todos os setores

da economia, valorizando

a localização do cluster aeronáutico

Em termos de desenvolvimento económico, o que precisa o concelho de Évora para tornar-se mais dinâmico?

A nossa visão da economia é alargada, isto é, não podemos olhar a economia assente num só setor. Entendemos que é preciso desenvolver o setor primário em Évora porque temos excelentes condições para o fazer. Pagar para não produzir foi um erro estratégico brutal. Para inverter isso, temos estado a trabalhar com várias empresas a este nível, procurando atrair para Évora investimentos nesta área e, neste momento, temos dois projetos interessantes como a instalação de um secador de milho promovido pela Fundação Eugénio de Almeida e a instalação de uma fábrica de descasque de amêndoa. É importante que apareçam produtos novos na agropecuária. Não esqueçamos que temos mais de 130 mil hectares, o que é uma potencialidade grande. Mas precisamos também de nos reindustrializar.

Atrair mais indústrias para aqui sediar-se o cluster aeronáutico?

Ambicionamos uma economia produtiva porque cria postos de trabalho e raízes nas regiões. A nossa principal aposta é, efetivamente, a criação de um cluster aeronáutico, da defesa e do espaço. Para tal, precisamos de mais empresas que se

complementem umas às outras, atraindo outras empresas para se instalarem junto à Embraer, á Mecachrome e a outras que já estão a investir no concelho. Neste momento, estamos a negociar a vinda de mais indústrias e se conseguirmos, todo o terreno destinado à aeronáutica fica ocupado. Isso significará um investimento de mais de 170 milhões de euros que, no prazo de dois ou três anos, criará perto de mil postos de trabalho. Quero também salientar a Tyco, que está em Évora há 48 anos, e que é uma das maiores empresas portuguesas, produzindo para o mercado mundial. Se conseguirmos trazer para o

Parque de Ciência e Tecnologia do Alentejo (PCTA) o Centro de Excelência e Inovação na Indústria Automóvel poderá potenciar o estabelecimento de pontes com a Tyco.

Como gostaria que Évora estivesse daqui a um ano?

Gostaria que Évora voltasse a ser referenciada como uma cidade do património, da cultura

e em outras áreas onde tem capacidade de inovação, sempre aliada à componente económica. Um estudo recente mostra que a marca Évora é mais conhecida e mais forte que a marca Alentejo em termos internacionais. Esse caminho vai demorar a ser feito, mas daqui a um ano gostaria que essa referência já fosse mais forte e mais visível, que tivéssemos a funcionar aqui um conjunto de empresas com dinâmica e com a criação de postos de

trabalho. Desejo que a ideia de desânimo, deceção no município começasse a ser ultrapassada e que as instituições aprofundassem a colaboração. É isso que garante o futuro.

Decisãode construção

do hospital central parece

estar para breve

A concretizar-se tudo isso e ao crescer a população há necessidade de dar uma resposta adequada também na área da saúde. Acredita que a construção do hospital central vai efetivamente acontecer?

O hospital central faz falta para Évora, para a região e para o país. Seria uma resposta para a população do Alentejo e poderia constituir-se como um modelo de funcionamento de futuro para o Serviço Nacional de Saúde no nosso país. Tive uma reunião com o ministro da Saúde e com o secretário de Estado, na passada semana, na qual tivemos oportunidade de discutir estas questões e fiquei muito satisfeito por ver que partilhamos a mesma visão. Por isso, posso adiantar que a breve trecho teremos novidades e, provavelmente, poderá haver aqui algum anúncio público em que participaremos com o Ministério da Saúde na confirmação da decisão de construção do hospital central. Temos condições únicas, todas as forças políticas estão de acordo, o governo está de acordo com isto. É claro que há o problema de saber onde se vai buscar o financiamento porque a União Europeia não está muito virada para financiar este tipo de investimentos. Não obstante, as perspetivas são positivas, mas contidas.