GRAMÁTICA Emergente e Gramaticalizacão

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  • 7/23/2019 GRAMTICA Emergente e Gramaticalizaco

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    GRAMTICA EMERGENTE: A GRAMATICALIZAO DOA, S QUE E QUE NEMAutor: : lvaro Cordeiro

    Do que t!t! o te"to#Do comportamento lingustico dos itens !$, %& quee que 'e( em contextos funcionais diversos.A emergncia deles resulta de um processo de (u)!'*! +'-u$%t.!denominada -!(!t.!+/!*0o.

    Qu!+ ! 1e%1e.t2! te&.!#3u'.o'!+%(o= considera a lngua um sistema adaptvel de equilrio instvel !D"#$%&' ()*+ apud

    ,--&' /00/1.

    Qu!+ o o45et2o 6)o !uto7 )! 1e%qu%!#%dentificar as 8u'*9e%que essas estruturas !!$, %& quee que 'e(1 desempen2am em situa34esde uso real da lngua.

    3o.o )! 1e%qu%!:Discutir as transforma34es sinttico5sem6nticas !gramaticali7a38o1 que sofrem !$,%& que e que 'e(. %sto 9' mostrar o tr6nsito de fun34es menos gramaticais para fun34es maisgramaticais.

    Corpus!'!+%!)o:(. #anco de dados do rograma de -studos sore o "so da ;ngua < -";>?@/. #anco de dados do roeto da ,orma "rana $ral Culta do >io de ?aneiro < ,">C>?@B. rec2os de msicas nacionais.

    O que G!(!t.!+/!*0o# E um dos processos de (u)!'*!do sistema lingustico' cuo falante molda a gramtica a sua

    lngua !inten38o1' sendo motivado pela necessidade de expressar5se.

    E um conunto de processos pelo qual uma palavra gan2a novas propriedades que podem sersintticas' morfolFgicas' fonolFgicas eou sem6nticas' e' em certos casos' a palavra pode at9desaparecer.

    Garcusc2i !())*1: HA +$'-u! '0o u( %%te(! !ut;'o(o' nem se esgota no cFdigo lingustico'I...J 9 um fenKmeno .u+tu!+e (.!constituda por estruturaslingusticas cristali7adas ou em processo de cristali7a38o que acontece sincrKnica ediacronicamente' disposta em susistemas: fonologia' morfologia e sintaxe.

    ,eves !())L1: A -!(=t.! 8u'.o'!+ 9 uma teoria da organi7a38o gramatical das lnguasnaturais que procura integrar5se em uma teoria gloal da intera38o social pressionada pelosusos.

    Moper !/00*1: Nramtica 9 um conunto de regras din6micas que surgem do discurso. &euestatuto vai sendo constantemente negociado na fala e n8o pode ser separada das estrat9giasde constru38o do discurso.

    ;e2mann !())+I()*/J1: Nramaticali7a38o 9 um processo de morfologi7a38o.

    M consenso na defini38o de gramaticali7a38o = 1o.e%%o )e e.!te-o/!*0o que (1+.!-!'

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    /. C!te-o!% -!(!t.!% te')e( ! %e o-'! )!% .!te-o!% +e".!%' ou sea' no Hestgiooriginal' a lngua teria mais concretude' logo os itens astratos seriam derivados de itensconcretos@

    -strutura lingustica em processo de gramaticali7a38o segue um clinede mudan3a:O Hitem de contedo O Hpalavra gramatical O Hcltico O Hafixo flexional

    Qu!% o% 1'.$1o%, (e.!'%(o% e 1!(eto% )! -!(!t.!+/!*0o#B? U')e.o'!+)!)e = continuum de desli7amentos entre classes de palavras < de adv9rios a

    conectivos oracionais e entre categorias sem6nticas < de um valor temporal a um valor causal@ ransforma34es ocorrem das categorias cognitivas mais prFximas do indivduo para as mais

    distantes =essoa O $eto O rocesso O -spa3o O empo O Pualidade-xemplo: HCae3a O HCae3a do ando

    ? Met=8o! e Meto'$(! rodu7em modifica34es sem6nticas@ >egem5se por uma escala crescente de astratati7ac8o = conceitos de domnios lexicais !mais

    concretos1 passam a ser compreendidos como conceitos gramaticais !menos concretos1. Met=8o! = reali7a uma transferncia conceptual e se relaciona com diferentes domnios

    cognitivos@ Meto'$(! = fa7 uma reinterpreta38o indu7ida pelo contexto que resulta em conceitosinterseccionados@

    Co(o )e't8.! ! -!(!t.!+/!*0o#$s estudos lingusticos uscam identificar o N>A" de gramaticali7a38o de um item@@!(eto% )e Le'.!: a forma fonte pode manter5se como item autKnomo' conservando suas propriedades

    originais' podendo sumeter5se novamente a outra transforma38o.c1 E%1e.!+/!*0o: 9 o estreitamento das op34es de codifica38o de determinada fun38o.d1 @e%%t>'.!: s8o tra3os sem6nticos compartil2ados pela forma5fonte e a forma5alvo.e1 De%.!te-o/!*0o: 9 a perda de categorialidade e da autonomia discursiva.

    E"e(1+o: adv9rio comparativo latino (!-% F(!%a conun38o adversativa em portugus@

    O C!%o )o !$ Gultifuncional' sendo:a1 .o'e.to= conun38o1 )>t.o +o.!t2o= identifica o local de uma pessoa ou coisa no espa3o que deriva o anafFrico

    locativo' apontado para um lugar no mundo externo' fora do texto@-x.: A moblia de madeira daquelas antigas, pesadas, mas sem, absolutamente sem nadatorneado, retinhas, tpica moblia de fazenda. Quando ns casamos, ns no pudemos comprarnossa moblia, ento mandamos vir da fazenda e at hoje continua conosco. st! a?!,">C>?1

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    Qa7 um deslocamento de um domnio mais concreto' que 9 o mundo exterior ' para o amientemais astrato do texto.

    -x.: " outro irmo... enquanto o outro do sprito #anto liga todo final de semana, esse apassa mesessem ver os pais e acha que sabe tudo, n$ !-";>?1

    c1 U%o% e8ee'.!% do item e o percurso espa3o O tempo' o H!$ +o.!t2o d origem ao !$!'!8&.o te(1o!+' que codifica uma informa38o mais astrata

    -x.: "lha, eu moro aqui em %acarepagu! praticamente desde, quer dizer, desde que eu nasci que meupai comprou essa !rea aqui, mas eu morava no &raja depois quando ele faleceu eu tava com tr's pra

    quatro anos, aminha me veio mor! aqui.!-";>?1

    d1 G!(!t.!+/!*0o .o( e%2!/!(e'to %e('t.odo !$conector' sequenciador de partes dotexto' derivado do anafFrico temporal.-x.: (om, come)ou realmente a chover porque estava amea)ando a chover e um vento, sabe dessascoisas de cinema, aquele *+orro dos entos -ivantes*, o vento batendo, as janelas batendo, aquelacoisa toda. Ans ficamos meio assim, vamos esperar passar a chuva, no sei mais o qu'. st! bomAsentamos no cho, ficamos contando histria pras crian)as, brincando. /e repente, ns escutamosum barulho, mas uma coisa assim, ns nos olhamos, nos entreolhamos e fo... Algum tem que saber oque que est! havendo, n, porque o barulho no normal. Afomos ver, as tr's juntas de mos dadas,p!lidas, brancas, s faltava os cabelos estarem eri)ados, disfar)ando pras crian)as.!,">C>?1

    e1 A$ .o'e.to 'to)uto )e e8eto que (!.! ! %equ>'.! +&-.oH)%.u%2! ' conectando doiseventos que se sucedem no discurso' sendo um dos eventos a causa e o outro a consequncia.-x.: am9m nunca tin2a ... -u ouvi um 7umido' um pouco assim muita gente traal2ando' aquilo meatraiu e eu fui espiar' !$eu vi quando eles' e2' a' a rain2a saiu de dentro da colmeia e voou e o' os7ang4es foram todos atrs dela' mas assim uma disparada' mas mesmo aquele arul2o como se fosseassim uma frica traal2ando: vu vu vu vu vu vu' tudo em disparada' e !$ perde de vista' n9R!,">C>?1

    -x.: 0o t! faltando. 0o, j! faltava h! muito tempo, s que a bomba 1come2... 1vai2... vai come)ar ae3plodir agora. Que eu j! t4 sabendo de v!rias coisa. A, todo mundo sabe n$!-";>?1

    Assim' o item !$ transita de usos adveriais para usos mais gramaticais' passando porcategorias intermedirias.

    @e$8!%e% %& que e que 'e(

    rata5se de uma estrat9gias de renova38o da lngua: a comina38o de material lingustico com apartcula multifuncional que. -xemplos: H que' Hainda que.Mu+t8u'.o'!+)!)e )o que:

    a1 @o'o(e e+!t2o: refere anaforicamente a termo anterior posto na cadeia frasal e exercefun38o sustantiva.-x.: -sse 9 o livro queperdi.

    1 Co'5u'*0o Coo)e'!t2!:conecta termos ou ora34es independentes de mesmo nvel sinttico.

    T1o%: aditiva' explicativa e adversativa.-x.: Dan3a quedan3a at9 cansar. != He1-x.: amos saindo quea festa acaou. != Hpois1-x.: $utro quen8o eu' pra suir naquela escada. != Hmas1

    c1 Co'5u'*0o Su4o)'!t2!:introdu7 ora38o suordinada %u4%t!'t2!.-x.: arece quea crian3a est em. != sustantivo com a fun38o sueito1%ntrodu7 ora38o suordinada!)2e4!+: causais' finais' comparativas ou concessivas.-x.: Comi ontem' quese demorasse mais podia estragar. !Causa1-x.: Qe7 muita canica' quetodo mundo comesse. !Qinalidade1-x.: Ganga 9 mel2or quegoiaa. !Compara38o1-x.: Queme caiam todos os dentes' n8o volto naquele dentista. !concess8o1

    d1 @o'o(e ')e8')o %u4%t!'t2o 'teo-!t2o:significa Hque coisa.

    -x.: Queadianta c2orarRe1 @o'o(e ')e8')o !)5et2o 'teo-!t2o:acompan2a o sustantivo em frases interrogativas

    e tem fun38o sinttica de adunto adnominal-x.: Quecores pretendem usarR

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    f1 Su4%t!'t2o: vem precedido de artigo' pronome' adetivo' torna5se tKnico e pode exercerqualquer fun38o sinttica sustantiva.-x.: -le tem um qu>de culpado.

    g1 A)24o: modifica o adetivo e tem fun38o sinttica de adunto adverial de intensidade.E".: Queonita essa msicaS

    21 @e1o%*0o: conecta' em uma locu38o veral' o vero auxiliar TterU com o vero principal != TdeU1.E".: oc tem quecome3ar a ogar.

    O .!%o )o S& que 1e$8!%e .o'5u'.o'!+ .oo)e'!t2!

    -x.: HQala que me ama %& que9 da oca pra fora. = adversidade !enin2a' &o7in2o1

    G!(=t.! T!).o'!+c2ama de palavra denotativa e pode indicar exclus8o ou figurar comoum expletivo.

    -x. : S&a televis8o foi vendida. !exclus8o1-x.: $l2a %& quelegalS !expletivo1

    ,a G!(=t.! )e u%o do ortugus' %& que J(!%K:-x.: -u queria te dar a lua S& quepintada de verde !?o8o Donato' Doralinda1(*

    -x.: ,os amamos' meu em' %& queem pistas opostas !Garina ;ima' Deixa estar1

    S& que +u/ )o% @!(eto% )e Le'.!5 parte do significado do multifuncional TsFU' permanece no TsF queU' admitindo5se'

    Vs ve7es' a parfrase' como em:-x.: Canta em' %& n8o fa7 sucesso.Canta em' %& quen8o fa7 sucesso. De%.!te-o/!*0o 5 perda do privil9gio sinttico da forma5fonte HsF' que possui ampla

    moilidade. Ao se gramaticali7ar' a perfrase HsF que perde moilidade e passa a ter posi38ofixa.

    A aplica38o de tais crit9rios reafirma o processo de gramaticali7a38o do H&F que@

    O .!%o )e Que 'e(NEM= adv9rio de nega38o com fun38o sinttica aditiva.-x.: -le n8o traal2a 'e(estuda.-x.: Ne(voc' 'e(ningu9m sai daqui 2oe.

    A uni8o dos itens Hque e Hnem 9 um caso de gramaticali7a38o por codificar uma circunst6ncialingustica mais astrata e gramatical e funciona como conector de dois componentesinformacionais' vinculando5o comparativamente.

    -x.: Carcar ; no sert8o E um ic2o que avoa que 'e(avi8o E um pssaro malvado em o ico volteado que 'e(gavi8o !C2ico #uarque' Carcar1

    Constru34es comparativas s8o fruto de um coteo sem6ntico de dois elementos' que dependemum do outro' do ponto de vista sinttico.

    (. $ comportamento sinttico5sem6ntico do que 'e(se assemel2a ao comportamento dessasconun34es comparativas de igualdade:

    -x.: H$ nosso eio 9 doce que 'e(rapadura. !>aul &eixas' Puero mais1 $ nosso eio 9 doce .o(ot!+ qu!+rapadura.

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    -x.: H&audade assim fa7 roer e amarga que 'e(ilF. !;ui7 Non7aga' Pue nem ilF1 &audade assim fa7 roer e amarga .o(ot!'to qu!'toilF.

    Que 'e( +u/ )o% @!(eto% )e Le