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Mai/Jun’12 Maio mês da Mãe pág. 6

Godzine 08 (Maio / Junho 2012)

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A Revista da juventude que acredita - www.cristojovem.com

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Page 1: Godzine 08 (Maio / Junho 2012)

Mai/Jun’12Maio

mês da Mãepág. 6

Page 2: Godzine 08 (Maio / Junho 2012)

Indíce

1Notade abertura

2Youcat

4Parábolas

85 minutoscom o Mestre

10Folhados santos

18JMJ Rio2013

20Juventudeque acredita

13A tuapalavra

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NOTA DE ABERTURA 1

Olá juventude que acredita!

Deus feito Homem ressuscitou de entre os mortos tal como nos tinha prometido, para nossa salvação. É a festa do Ágape, é o renovar a cada dia da nossa fé, do nosso amor por Aquele que nos fez sentir amados e prediletos por um Pai que é todo Ele: Amor, Amor misericordioso. Dentro de pouco tempo receberemos o Espírito Paráclito, o Senhor, o Ruah da Vida, aquele que em si congrega todos os carismas, toda a Igreja Universal.Enraizados em Jesus e firmes nesta fé que nos leva avante unidos, vivamos este tempo, estas promessas, esta doação, guardando tudo no nosso coração, como juventude que acredita.

Abraço em Cristo jovem, Santa Páscoa!

Nuno SousaSara Amaral

4Parábolas

6Dialetosda Palavra

16Cristo JovemBrasil

É tempode Páscoa

13A tuapalavra

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Youcat e a NovaEvangelização

Na Nota com Indicações Pastorais para o Ano da Fé, proposta pelo Vaticano, há um pedido para que o YOUCAT seja utili-zado como um instrumento catequético privilegiado «para oferecer aos jovens católicos um testemunho vivo do Senhor e para cultivar a sua fé». Esse pedido, as-sim como o próprio Ano da Fé, insere-se no contexto da Nova Evangelização, um projeto atual e necessário principalmen-te para os países europeus que veem a fé cristã ser ameaçada e oprimida pelo secularismo e a indiferença.De facto, o YOUCAT pode ser um exce-lente subsídio para a Nova Evangeliza-ção. Na apresentação oficial do YOUCAT em Roma, em Abril de 2011, o próprio presidente do Pontifício Conselho para a Nova Evangelização, D. Rino Fisichela, afirmou que o YOUCAT «corresponde a uma exigência do momento presente em que se deve saber apresentar numa linguagem simples, completa e sobretu-do acessível aos jovens, o património de fé que desde sempre e em todos os lu-gares os cristãos professam. […] O YOU-CAT é um catecismo autêntico e como

tal é um instrumento válido para a nova evangelização no mundo juvenil. Talvez não agrade a todos a proposta de um novo catecismo; todavia, na urgência formativa em que nos encontramos, um instrumento como este corresponde às

expectativas de muitos formadores que têm consciência e direta experiência da debilidade cultural a respeito dos con-teúdos fundamentais da fé.»Segundo D. Fisichela, a Nova Evangeli-zação, embora se dirija a toda a Igreja, encontra no mundo juvenil um interlo-cutor privilegiado, consciente de que o futuro passa também através do seu

Ir. Darlei Zanon | Religioso paulista, editor do YOUCAT para a língua portuguesa

O YOUCAT é um catecismo

autêntico e como tal é um instrumento

válido para a nova evangelização

no mundo juvenil.

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YOUCAT 2 / 3

testemunho. Precisamente por isso, «a catequese torna-se parte integran-te e essencial do projeto de uma nova evangelização, sobretudo para aqueles jovens que, vivendo em países cuja cul-tura está enraizada na tradição cristã, verificam um afastamento de tantos coetâneos da fé, da comunidade e da própria religião», afirmou. Ao criar o Pontifício Conselho, convocar um Sínodo dos bispos (programado para Outubro próximo) e incentivar imensos projetos sobre a Nova Evangelização, o Papa Bento XVI quer dar uma nova força ao espírito missionário da Igreja, sobre-tudo naqueles lugares onde a fé parece ter-se enfraquecido sob o cavalgar do secularismo. Não se trata de transmitir uma mensagem nova, ou diferente, mas anunciar a preciosa mensagem evangé-lica de maneira nova, atualizada, contex-tualizada e adaptada principalmente às novas gerações.

Sim, os jovens são os destinatários prin-cipais da Nova Evangelização, pois já não vivem numa “cultura cristã”, onde os ideais da Igreja eram recebidos na-turalmente. Os jovens de hoje precisam saber em que creem. Como afirma o Papa no prefácio do YOUCAT: «Tendes de estar enraizados na fé ainda mais profundamente que as gerações dos vossos pais, para enfrentar os desafios e as tentações deste tempo com força e determinação». Muitas iniciativas baseadas na leitura e reflexão do conteúdo do YOUCAT já sur-giram em várias dioceses e paróquias, mas certamente muitas mais podem surgir a partir da criatividade própria da juventude. Para utilizar as palavra de D. Rino Fisichela: «Que este catecismo se torne um verdadeiro instrumento de es-tudo e de formação para muitos jovens, de tal sorte que possam viver a fé com maior consciência e responsabilidade.»

Sugestões de navegação:www.youcat.org | www.paulus.pt | www.cristojovem.com/youcat

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Esta parábola é uma das mais conhecidas e emblemáticas das parábolas de Jesus. Não é preciso muito para descobrir que não se trata de uns conselhos agrícolas de Jesus.Sempre que me deparo com esta parábola não posso deixar de perguntar será que, nas nossas comunidades cristãs, a Palavra de Jesus é a referência fundamental, à vol-ta do qual se constrói a vida?

Há dias, quando estou a celebrar, em que a minha vontade era de pegar num espe-lho e mostrar a cara com que estamos nas celebrações. E não, não me interessa sim-plesmente procurar “culpados”. O proble-ma é bem mais profundo, trata-se de um problema de “terreno”. No fundo, diante da Palavra de Jesus, há várias atitudes… A semente que caiu em terrenos duros, de terra batida, faz-me pensar nos corações

“Jesus falou-lhes de muitas coisas em parábolas: “O semeador saiu a semear. Enquanto semeava, algumas

sementes caíram à beira do caminho: e vieram as aves e comeram-nas. Outras caíram em sítios pedregosos,

onde não havia muita terra: e logo brotaram, porque a terra era pouco profunda; mas, logo que o sol se ergueu,

foram queimadas e, como não tinha raízes, secaram. Outras caíram entre espinhos: e os espinhos cresceram e sufocaram-nas. Outras caíram em terra boa e deram

fruto: umas cem; outras sessenta; e outras, trinta.Aquele que tiver ouvidos, oiça!”

“Aquele que tiverouvidos, oiça“Texto: Pe. Ricardo José, scjIlustração: Solange Costa

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PARÁBOLAS 4 / 5

orgulhosos, onde não há lugar para Jesus e a sua mensagem. É a realidade de tantos homens e mulheres que vêem no Evange-lho um caminho para fracos e vencidos.A semente que caiu em terrenos pedre-gosos, que brota nessa pequena camada de terra que aí há, mas que morre rapi-damente por falta de raízes profundas,

andam ao sabor do vento, das modas... É a realidade de tantos homens e mulheres que vêem em Jesus uma verdadeira pro-posta de salvação e que a ela aderem, mas que rapidamente perdem a coragem.A semente que caiu entre os espinhos e que foi sufocada por eles, faz-nos pensar em corações instalados, para quem a pro-posta de Jesus não é a prioridade. É a rea-lidade de tantos homens e mulheres que, sem rejeitarem a proposta de Jesus (mui-

tas vezes são “muito religiosos”) fazem do poder, da fama, do êxito profissional ou social o seu deus a que tudo sacrificam.Mas não podemos desanimar pois há também semente que caiu em boa terra e que deu fruto abundante. Este terreno faz-nos pensar nos corações capazes de aderirem às propostas de Jesus e de em-

barcarem nesta aventura. É a realidade de tantos homens e mulheres que encon-traram na proposta de Jesus um caminho de libertação e de vida plena e que, como Jesus, aceitam fazer da sua vida uma en-trega a Deus e um dom aos homens. É que ser cristão não se trata apenas de acolher a palavra... trata-se de ser semente que dá fruto, que dá vida, que dá alegria e que sabe ser nova semente no coração dos outros irmãos.

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“Faça-se”

Ao chegar ao mês de Maio, somos con-vidados a olhar para Maria, a jovem de Nazaré que ajudou, pelo seu sim, a revolucionar para sempre a história da humanidade.Isso mesmo lembra-nos o Concílio Va-ticano II, agora que passam os seus 50 anos, quando nos dizia que Maria teve uma especial cooperação na obra salví-fica: foi “na terra a nobre Mãe do Divino Redentor, a Sua mais generosa coopera-

dora” (Lumen Gentium, 61).A sua colaboração tomou-se motivo de admiração. Ela mesmo profetizou que todos, glorificando o Senhor, haviam de enaltecê-la: «Todas as gerações me pro-clamarão bem-aventurada» (Lc 1,48). Na realidade, Maria foi sempre exaltada ao longo da história da Igreja, a começar pelos Evangelhos, cumprindo-se assim as suas palavras proféticas. O arcanjo Gabriel chama-a de «cheia de graça»;

Pe. Nuno Westwood

“O anjo respondeu-lhe: «O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo estenderá sobre ti a sua sombra. Por isso, aquele que vai nascer é Santo e será chamado Filho de Deus. Também a tua parente Isabel concebeu

um filho na sua velhice e já está no sexto mês, ela, a quem chamavam estéril, porque nada é impossível a Deus.» Maria disse, então: «Eis a serva do Senhor, faça-se em

mim segundo a tua palavra»” (Jo 1,35-36)

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DIALETOS DA PALAVRA

sua prima Isabel exclama: «bendita és Tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre» (Lc 1,42) e «feliz és Tu por-que acreditaste» (Lc 1.45). As multidões que seguiam Jesus, iniciando o louvor que o povo cristão havia de perpetuar na história, também elas reconhecem (a grandeza de Maria: «bem-aventurado o ventre que te trouxe e os seios que te amamentaram» (Lc 11,27). O próprio Jesus enaltece Sua Santa Mãe, dizendo: «bem-aventurados antes os que ouvem a Palavra de Deus e a guardam» (Lc 11,28). Maria guardava todas as pala-vras, meditando-as em Seu coração (cf. Lc 2,19). Quem melhor que Maria soube cumprir plenamente a vontade de Deus: «Eis a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a Tua Palavra» (Lc 1,38)?Todos estes louvores à Mãe de Deus foram eternizados na história do povo de Deus e cantam a glória da primeira e mais perfeita discípula de Cristo. To-davia, Maria não é apenas um modelo a exaltar, um simples motivo para gran-diosas obras de arte. Ela é reconhecida e honrada como verdadeira Mãe de Deus Redentor (cf. Gal 4,4-5) e também nossa

mãe (cf. Jo 19,26-27). “Depois de eleva-da ao Céu, Maria não abandonou esta missão salvadora, mas, pela Sua múlti-pla intercessão, continua a obter-nos os dons da salvação eterna. Com o Seu amor de Mãe, cuida dos irmãos de Seu Filho” (Lumen Gentium, 62).Assim, Maria ocupa na Igreja, depois de

Cristo, o lugar mais elevado e também o mais próximo (Cf.Lumen Gentium, 54). A este propósito dizia Santa Teresa do Me-nino Jesus: “Oh! Quanto amo a Virgem Maria! Se fosse padre, como apregoaria as suas grandezas! Pintam-na de uma santidade inacessível, quando no-la deviam apresentar como imitável, pois mais do que rainha é mãe!”

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“Ela é reconhecida e honrada como

verdadeira Mãe de Deus Redentor (cf. Gal 4,4-5) e

também nossa mãe (cf. Jo 19,26-27).”

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Cruzamentode Olhares

Todos conhecemos a passagem da Sa-grada Escritura que relata o encontro de Zaqueu com Jesus ( Lc 19,1-10).No meu modo de ver muito simples e hu-milde, existe um momento crucial neste episódio, que é o momento em que Cristo cruza o seu olhar com o de Zaqueu. Isto, porque a partir desse momento tudo se modifica, tudo se transforma. Jesus ao olhar Zaqueu que estava em cima de um sicómoro diz-lhe: «Zaqueu desce depres-

sa, pois hoje tenho de ficar em tua casa.» Esta foi uma ordem de Jesus, porque ele afirma que tem de ficar em casa de Za-queu. Assim, ele ao admitir que é de facto pecador, desce da árvore com uma alegria imensa e “enlouquece” de alegria ao ver o grande amor de Deus manifestado nesta ordem, pois com certeza, este homem co-brador de impostos, não se achava digno de receber Jesus em sua casa, ele que era um grande pecador.

Adriano Batista

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5 MINUTOS COM O MESTRE 8 / 9

Hoje, o convite que Jesus fez a Zaqueu, torna-se presente. Jesus pede-nos para descermos da árvore da soberba, do egoísmo, da falsidade, da mentira, de todas as árvores que nos impedem de amar, e pede para ficar em casa de cada um de nós, isto é, habitar o nosso ser. Je-sus quer cruzar o seu olhar com o nosso e quer deixar-nos “loucos” com o seu amor. Contudo, para que se dê este verdadeiro encontro entre a minha pessoa e a pes-soa de Jesus, tal como aconteceu com Zaqueu, é necessário nos libertarmos dos nossos vícios, dos nossos comodismos e até mesmo daquilo que possuímos. Quando não possuirmos nada, seremos capazes de nos entregar por completo para que se dê o verdadeiro encontro com Deus que não permite posse nem comodismo.

Jesus pede-nos para descermos da árvore da soberba, do egoísmo, da

falsidade, da mentira, de todas as árvores que nos impedem de amar, e pede para ficar em casa

de cada um de nós, isto é, habitar o nosso ser.

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Santa Clara de Assis

Nesse tempo, nem a própria mãe

profundamente religiosa, poderia

adivinhar o futuro daquela filha que viria

influenciar toda a família.

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FOLHA DOS SANTOS

Nasceu em 1194 numa família nobre de fidalgos guerreiros, na cidade de Assis. Pos-suíam um castelo e consideráveis proprie-dades. Clara foi baptizada na mesma igreja em que Francisco de Assis fora e as vidas dos dois ficaram sempre ligadas.

Era a mais velha de cinco irmãos. A sua in-fância e juventude foram a de uma menina fidalga. Aos doze anos era considerada uma jovem muito bela e os seus dotes artísticos eram o orgulho da mãe e do pai. Os pais prometeram-na em casamento a grandes senhores feudais. Clara foi dizendo que não estava preparada. Recusou-se devido à sua vocação religiosa e mais tarde optou por vi-ver em absoluta pobreza. Nesse tempo, nem a própria mãe profunda-mente religiosa, poderia adivinhar o futuro daquela filha que viria influenciar toda a família.

Clara teria pouco mais de treze anos quan-do S. Francisco, filho de um rico fabricante e mercador de tecidos resolveu seguir Cristo, começando por dar os seus ricos fatos e o seu cavalo a um pobre e depois saiu de casa para se refugiar numa ermida abandonada a um quilómetro da cidade, recolhido em

oração. Roubou peças de tecido ao pai que vendeu para com o dinheiro reconstruir a capela de São Damião. Mais tarde a sua co-munidade mudou-se para Santa Maria dos Anjos. Com o tempo, outros jovens ricos juntaram-se a Francisco e formaram uma nova comunidade religiosa a quem o papa Inocêncio III, autorizou a pregação.

Durante um ano, Clara vai à Capela de Santa Maria dos Anjos ouvir a pregação de Fran-cisco e conversa com ele. Vai vestida de ma-neira discreta. Põe um manto pesado sobre a cabeça para não ser reconhecida e faz-se acompanhar de uma amiga de confiança.

Clara nunca esqueceu essas conversas nem a forma humilde como S. Francisco se ves-tia: descalço, uma túnica de pano grosseiro, apanhada na cintura com uma corda e um cajado encimado de uma cruz e aquele olhar sereno e feliz. A felicidade que só os verdadeiros seguidores de Cristo podem sentir.

Durante quatro anos, sem dizer nada à famí-lia, Clara meditou na sua vida. Aos dezoito anos, no dia 18 de Maio de 1212, fugiu de noite de casa, acompanhada de uma amiga

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fiel, Filipa de Guelfuccio. Francisco, outros frades e freiras de outros mosteiros já as es-peravam.Na cerimónia de profissão de fé de Clara,

é o próprio S. Francisco quem lhe corta os belos cabelos louros. Diz-se que ao ver cair aqueles fios doirados no chão, o santo terá deixado cair uma lágrima. O tio, Monaldo, descobre que ela se juntou à comunidade de Francisco e vai buscá-la. Mas quando chega ao mosteiro vê a so-brinha descalça, vestida pobremente. Ela diz-lhe que não voltará mais para casa dos pais, porque é aquela a vida que escolheu e mostra-lhe a cabeça rapada. Perante isto, a família teve de respeitar a decisão de Clara, por ser algo mais forte que eles. Inês, irmã de Clara, fará o mesmo e a própria mãe, mais tarde, já viúva, vai também entrar num convento.

Em pouco tempo, com outras jovens da ci-dade e de Perúsia, Santa Clara e a sua irmã Santa Inês formam a primeira comunidade

das Irmãs Pobres de São Damião, que passa-ram a chamar-se Clarissas, após a morte de Santa Clara, ocorrida a 2 de Agosto de 1253. Foi canonizada dois anos depois.São-lhe atribuídos bastantes milagres quer em vida, quer depois da sua morte.Santa Clara de Assis é pouco conhecida fora de Itália. No entanto, ela foi, o rosto femini-no do franciscanismo, na sua mais absoluta pobreza.

Os franciscanos e as clarissas fizeram uma profunda reforma nos costumes cristãos do seu tempo. Defendiam uma vida de despo-jamento de bens materiais e uma verdadei-ra recusa ao dinheiro e ao luxo.

É difícil, nos nossos dias, compreendermos o que é este espírito de pobreza de Francisco e Clara. Hoje, fala-se da pobreza como fruto de calamidades naturais e da responsabili-dade dos governos de países, exclusivamen-te preocupados com o progresso material. Mesmo assim, os pobres são marginalizados e vivem dependentes da caridade alheia.

As Irmãs Clarissas chegaram a Portugal pou-co depois da morte de Santa Clara, em 1254. A primeira comunidade instalou-se em La-mego, passando em 1259 para Santarém. Actualmente são 10 os Mosteiros constituí-dos e 1 em fase de aprovação.

“No entanto, ela foi, o rosto feminino do

franciscanismo, na sua mais absoluta pobreza.”

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12 / 13A TUA PALAVRA

Maria, caminho para JesusRicardo Falcato

Maria, uma humilde jovem de Nazaré, foi escolhida por Deus para ser a mãe de Jesus, Pelo seu «Sim», Maria toma, desta forma, um lugar especial no plano salvífico do Se-nhor, tornando-se Mãe do Deus encarnado e de todos os crentes.«Eis a escrava do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra.» (Lc 1,38) Ao longo de anos de alianças com o Seu Povo, muitas vezes falhadas por parte dos homens, Deus sela uma Aliança definitiva com a Humanidade, ao enviar o Seu Filho, como já antes profetizara Isaías: «A jovem concebeu e dará à luz um filho, e chamá-lo--á Emanuel [Deus-connosco].» (Is 7,14) Ao enviar o Seu Filho, Deus pretende dar a sal-vação a todos os homens e torná-los livres do pecado. Se fizermos uma leitura atenta da Bíblia ve-rificamos que, ao longo da História, Deus age sempre de forma surpreendente ou inesperada. Desta mesma forma age com o nascimento de Seu Filho. Ao invés de esco-lher uma mulher rica para conceber Jesus, escolhe Maria, uma jovem pobre e humilde de Nazaré. Maria encontrava-se noiva de

José, sendo ainda virgem, quando o anjo lhe anuncia que vai ser mãe: «Alegra-te, cheia de graça! O Senhor está contigo! […] Eis que vais ficar grávida, terás um Filho e dar-Lhe--ás o nome de Jesus. Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo.» (LC 1,28-32)

Apesar do medo que sente, pois era jovem e não se encontrava ainda casada, Maria faz a maior profissão de fé de toda a História, aceitando tornar-se instrumento do plano salvífico de Deus, diz sem hesitações: «Eis a escrava do Senhor. Faça-se em mim segun-do a tua palavra.» (LC 1,38)

“Apesar do medo que sente, pois era jovem e

não se encontrava ainda casada, Maria faz a maior

profissão de fé de toda a História, aceitando

tornar-se instrumento do plano salvífico de Deus...”

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Sem saber o que o futuro lhe reserva, ape-nas confiando na Palavra de Deus, com o seu «Sim» Maria torna-se modelo de fé, Mãe do Salvador e parte do plano de salva-ção de Deus. Como vemos no Magnificat, Maria glorifica a Deus por tê-la escolhido, por ter olhado para a sua humildade e pela bondade que o Senhor demonstra: «A mi-nha alma proclama a grandeza do Senhor / e o meu espírito se alegra em Deus, meu Sal-vador, / porque olhou para a humilhação da sua serva. / […] / o Todo-poderoso realizou grandes obras em meu favor: / o seu Nome é santo.» (LC 1,46-49)«Eis que este Menino vai ser causa de queda e elevação de muitos em Israel […] sua mãe conservava no coração todas estas coisas.» (LC 2,34.51)A partir do momento da Anunciação do nas-cimento, e até à Sua Paixão e Ascensão aos Céus, Maria esteve sempre presente na vida de Jesus. Maria, pelo seu exemplo de hu-mildade e de fé, torna-se, para nós cristãos, modelo e exemplo a seguir. Podemos ver que, apesar do sofrimento pelo qual Maria vai ter de passar: «Quanto a Ti, uma espada há-de atravessar-te a alma.» (LC 2,35), pela sua «obediência na fé» (RM 1,32), entrega--se por inteiro à obra de Jesus e à vontade divina de salvação. Ao longo dos evangelhos observamos Maria sempre ao lado de Jesus, em episódios nos quais, a mãe do Salvador, apesar de pare-cer não compreender bem o que se passa, graças à sua fé, aceita sem questionar as atitudes de seu Filho. É o caso do episódio das Bodas de Caná, no início do ministério

público de Jesus, em que Maria pede ao Fi-lho auxílio porque o vinho acabou: «Faltou o vinho e a Mãe de Jesus disse-Lhe: “Eles já não têm vinho!” Jesus respondeu: “Mulher, que existe entre nós? A minha hora ainda não chegou.”» (JO 2,3-4) Ou quando Maria, preocupada que algo de mau aconteça a seu Filho, O procura e Jesus usa palavras duras: «Quem é a minha Mãe e meus irmãos? […] Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe.» (MC 3,33.35)Estas palavras de Jesus, no nosso contexto actual, podem parecer-nos algo rígidas e até mesmo severas, no entanto só um coração como o de Nossa Senhora, Maria, a «toda Santa» (LC 1,32), consegue, dentro do plano de salvação de Deus, escutá-las e compreen-dê-las, tornando-se assim parte do plano de Deus, ao lado de seu Filho.Deste plano de Deus para com os homens, faz parte também Maria tornar-se Mãe da Igreja e de toda a Humanidade. Maria rece-be esta missão de seu Filho, quando este Se encontra na Cruz: «A Mãe de Jesus, a irmã de sua Mãe, Maria de Cléofas, e Maria Madale-na estavam junto à cruz. Jesus viu sua Mãe e, ao lado d’Ela, o discípulo que Ele amava. Então disse a sua Mãe: “Mulher, eis aí o teu filho.” Depois disse ao discípulo: “Eis aí a tua Mãe.” E, dessa hora em diante, o discípulo recebeu-A em sua casa.» (JO 19,25-27)De acordo com o que nos diz o artigo n.º 100 do Catecismo da Igreja Católica, Com-pêndio (2005: Coimbra, Gráfica de Coimbra 2): «Maria tem um único Filho, Jesus, mas, n’Ele, a sua maternidade espiritual estende-

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A TUA PALAVRA 14 / 15

-se a todos os homens que Ele veio salvar. Obediente, ao lado do novo Adão, a Virgem é a nova Eva, a verdadeira mãe dos vivos, que coopera com amor de mãe no seu nas-cimento e na sua formação na ordem da graça. Virgem e Mãe, Maria é a figura da Igreja e a sua realização mais perfeita.»«Bendita és Tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre!» (LC 1,42)Nós os crentes, desde crianças, somos ensina-dos a rezar em casa, na escola, na catequese. Depois de aprendermos o Pai Nosso, a Ave--Maria é uma das primeiras orações que nos é ensinada. É-nos também ensinada a oração do Rosário, na qual, através dos vários misté-rios contemplamos episódios e situações da vida de Nosso Senhor Jesus Cristo.Em Portugal sempre houve uma grande de-voção a Nossa Senhora, tendo há séculos atrás sido o país consagrado ao Imaculado Coração de Maria. Devemos também ter em conta as aparições de Fátima, em 1917, nas quais Nossa Senhora pediu à irmã Lúcia e aos beatos Jacinta e Francisco a oração diá-ria do Rosário, para a reparação dos pecados que tanto ferem o Sagrado Coração de Jesus. A devoção do Rosário tornou-se entre nós muito querida, sendo que milhares de pere-grinos visitam Fátima, santuário do mundo, todos os anos em oração, recomendando-se ao coração da Mãe. Também é de realçar os meses de Maio e Outubro, meses em que se comemoram a primeira e a última aparição de Nossa Senhora aos pastorinhos. Nesses meses, muitas igrejas abrem as portas para que, em comunidade, os fiéis rezem a Nossa Senhora e se consagrem a ela.

São Luís Maria de Monfort, presbítero e grande devoto de Nossa Senhora, autor do Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem, expõe no seu livro e na sua vida o quão belo é a devoção a Nossa Senhora e como devemos pautar a nossa vida por tão bela devoção. No entanto, no livro acima citado diz-nos: «Foi pela Virgem Santíssima que Jesus veio ao mundo e por ela também deverá Jesus reinar no mundo.» Nunca es-queçamos este ensinamento que São Luís de Montfort nos quer ensinar a que entre-guemos as nossas orações e preces à Mãe, não esquecendo nunca que ela é caminho que nos conduz a Deus Pai, Filho e Espírito Santo.Em oração, caminhemos com Maria nossa mãe muito querida para o nosso fim último que é Jesus.

Para reflectir:Como vejo Maria e qual a importância da Mãe na minha vida?Quando estou com a Mãe tenho como meta Jesus?Para agir:Em silêncio, faço a oração do Rosário e medi-to com a mãe nos mistérios da vida de Jesus.Para aprofundar:MONTFORT, L. M. (2009), Tratado da verda-deira devoção à Santíssima Virgem, Lisboa: PAULUS Editora.PAULUS Editora (2008), Oração do Rosário, Lisboa: PAULUS Editora.ZANON, D. (2009), Devoções a Nossa Senho-ra, Lisboa: PAULUS Editora.

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E aí juventude que acredita, tudo em paz com vocês?

Hoje inicio a nossa conversa de uma forma diferente: te convido a erguer os braços, olhar para o céu ou fechar os olhos e dizer comigo “seja bem-vindo aqui Senhor, Glo-rioso Salvador! Seja bem-vindo em meu coração, em minha vida, em minha casa e em minha família... amém!”

E por que comecei nossa conversa com esta pequena oração? Simples, em nosso cotidiano geralmente esquecemos de nos entregar nas mãos Daquele que se doou por nós, esquecemos de adorar e celebrar a fidelidade Daquele que prometeu que entre nós sempre estará a cuidar e a olhar por nossa vida! Então juventude, hoje ve-

nho te convidar a dar aquele mesmo brado de exaltação que o povo em Jerusálem deu ao receber Jesus no domingo de Ramos. Hosana, hosana, hosana! Bendito é aquele que vem em nome do Senhor! (Mt 21, 9).Seja bem-vindo aqui, ó Cristo, em minha vida e eu Te prometo que todos os dias escolherei te louvar, escolherei ser melhor, escolherei ser um jovem em Ti! Hosana Senhor! e eu terei um coração repleto do Teu amor e da Tua misericórdia. Hosana Se-nhor! e eu serei capaz de Teadorar mesmo na dificuldade...

Que o nosso coração aprenda a receber Je-sus não apenas enquanto nos dedicamos a esta leitura ou em outros momentos propí-cios para oração. O desafio agora é transmi-tir de forma silenciosa e através de atos que o Cristo Glorioso habita em nós. O desafio é refletir esse brado de exaltação, repetido tantas vezes aqui nesse texto, em nosso co-tidiano e mostrar a diferença em Deus no dia a dia de nossa vida.

Topam o desafio? Vamos juntos!

Hosana, hosana, hosana!Roberto Alves

O desafio é refletir esse brado de exaltação, ... e mostrar a diferença em

Deus no dia a dia de nossa vida.

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CRISTO JOVEM BRASIL 16 / 17

Todo mundo sabe que a oração é uma conversa com Deus, o que muitos de nós não percebemos é como essa con-versa se dá.

Veja, se é uma conversa é porque um fala e o outro escuta e assim vice-versa. Sim, por incrível que pareça Deus te escuta e fala com você e se você não escuta tá na hora de limpar as orelhas!

Deus foi o “Cara” que te criou e como um ótimo Criador, Ele sabe como você é por dentro e por fora, sabe das tuas necessidades, dos seus sonhos e seus desejos. Sabe das dificuldades que ma-chucam teu coração, teus sofrimentos, mas também compartilha contigo os momentos alegres, suas qualidades e

lhe dá dons para você viver cada dia de sua vida. Mas, qual é o segredo de toda oração? É ser verdadeiro com Deus!

Muitas vezes rezamos por rezar, fala-mos as coisas pra Deus e nem pensa-mos naquilo que estamos falando. Fa-zemos o sinal da cruz de qualquer jeito e participamos da Santa Missa só para cumprir obrigação e sinto muito te di-zer, isso não adianta muito, só te livrou um peso na consciência por realizar suas obrigações.

Quando for conversar com Deus seja verdadeiro. Ele é teu Pai. Ele sabe aqui-lo que você precisa. Fale o que você sente: tristeza, alegria, decepção, raiva, ansiedade e por aí vai e Ele acolherá e falará ao teu coração!

Muitas vezes não conseguimos graças das mãos de Deus porque pedimos aquilo que queremos e não o que real-mente precisamos.

Oração: umaconversa de verdade

Fernando Mininelli

Quando for conversar com Deus seja verdadeiro.

Ele é teu Pai. Ele sabe aquilo que você precisa.

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Mochileiros, peregrinos e tropeiros: Boas novas do Brasil!

Estamos chegando a menos de 1 ano para a JMJ acontecer aqui no Brasil.Os prazos estão muito corridos, os símbolos estão peregrinando pelo país (agora estão na região Centro-Oeste). E pelas dioceses que já passaram, os símbolos marcaram.Passaram por hospitais, presídios, asilos, casas de recuperação de pessoas depen-dentes químicas.Não tem explicação para o que está aconte-cendo no Brasil nesse período pré-JMJ.

Aliás, nesse ponto que eu gostaria de entrar:Uma semana antes da JMJ, quando aconte-cem os Dias nas Dioceses, onde vocês terão a oportunidade de conhecer as realidades de uma diocese brasileira, foi proposto ao Vaticano para que acontecesse uma sema-na que, de certa forma, congregasse a to-dos os jovens, motivando-os cada vez mais para o que acontecerá no Rio de Janeiro.Essa semana, portanto, foi denominada de Semana Missionária.Vocês viverão tempos de missionariedade

no Brasil. Não imaginem que irão para luga-res totalmente isolados, aliás, isso depende apenas de vocês! Vocês podem ser missio-nários nas nossas cidades, e levar essa ex-periência para as suas dioceses.

Eu tenho esperança de que a JMJ, como já está cativando a todos os brasileiros, cativa-rá vocês. No olhar, no abraço, no trabalho, no dia-a-dia vivido em comunidade. Vocês se tornarão um de nós, e nós de vocês, cor-pos da mesma Igreja.

Também acontecerá aqui o Bote Fé na Vida! Reuniremos um grupo (uma galera - gíria brasileira), para promovermos uma corrida simultânea em várias cidades bra-sileiras.Com isso, queremos promover a vida em todos os sentidos, mostrar que a juventude precisa ser saudável e utilizar a idade e a ca-pacidade física para dar exemplos a outros jovens!

Quando vierem ao Brasil, tragam a alegria e a disposição de vocês! Façam parte conos-co dessa festa!

Boas novasdo Brasil!Lucas Monteiro

JMJ RIO 2013 18 / 19

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Maria...minha mãe

Maio é o mês de Maria, das peregrinações, de Fátima… Maio é um mês que aos não católicos faz muita confusão, causando desdém e incompreensão. No entanto também para nós católicos, é importante refletir sobre este sentimento que nos une à mãe d’Aquele que deu a vida por nós. O título deste artigo reflete o meu ponto de partida para esta análise.

Maria, minha mãe, 50 anos de vida (nem sempre fácil), um olhar doce como há pou-cos, uma compreensão maior que o mundo, e um abraço… Ah o abraço! Um abraço ca-paz de fazer desaparecer todos os proble-mas, dúvidas e angústias que no quotidiano insistem em aparecer. Nas minhas visitas a

casa dos meus pais, os abraços são constan-tes… É a minha forma de ganhar energias, não fosse também, Maria, minha mãe,

dona de uma força e de uma coragem que a poucos reconheço e que lhe vem da sua Fé muito própria, muito especial e muito firme. Maria, minha mãe, nunca julgou, condenou,

Miguel Mendes

“Milhões de peregrinos procuram em Fátima

(...) o conforto, o mimo e aquele amor terno que os

reconforta na sua dor e nas suas angústias.”

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JUVENTUDE QUE ACREDITA 20 / 21

ou recusou… Claro que ainda fugi à frente dela para não levar com o chinelo, claro que levei uns castigos (os castigos eram o pior), e claro que muitas vezes me fez ver que as coi-sas não podiam ser como eu queria ou de-sejava. Maria, minha mãe, tal como Maria, mãe de Jesus, é mãe e as mães são sempre seres muito especiais.

Ao tentarmos analisar esta relação dos ca-tólicos com Maria, olharmos para a nossa própria família acaba por ser a melhor for-ma de o fazer. Milhões de peregrinos pro-curam em Fátima e noutros santuários ma-rianos o conforto, o mimo e aquele amor terno que os reconforta na sua dor e nas suas angústias. Sabem que é Deus quem

tudo pode, mas tal como na vida real, é à mãe que muitas vezes fazem “aquele” pedido, embora saibamos que a última palavra pertence ao pai. A Maria pedimos intercessão junto de Deus.

Maria por si só é um exemplo, não só para as mães, como para todos nós pela sua for-ça, determinação e coragem, mas acima de tudo pelo Amor, pureza e Fé em Deus, características que fizeram com que fosse a escolhida.

Assim, olhemos como Maria como mãe de Jesus e de todos nós, mas também como mulher que soube dizer um SIM forte e de-terminado a Deus.

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