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Glossário sobre termos de
Espiritualidade Maia da Guatemala Por Julio David Menchú Cruz
Tradução de Maristela Zancan
Ajaw:
Deus, que é Criador e Formador, que é
dualidade e dividiu seu coração em dois para
estar conosco, os humanos: Uk'u'x kaj (Coração
do Céu), Uk'u'k Ulew (Coração da Terra).
Ajq’ij:
Guia espiritual maia, literalmente o que leva a
conta dos dias. No plural, Ajq’ijab’.
É a pessoa que serve como intermediária entre
Ajaw, a natureza e a pessoa, que exerce sua
função como tal, de maneira nata e inata, em
benefício da coletividade.
Altar Sagrado:
O espaço ou circunscrição física onde se realiza
o ato cerimonial como manifestação de fé e
espiritual do ser humano, localizado nos lugares
sagrados
Cacau (Theobroma cacao L):
Bebida cerimonial que se prepara tostando em
uma chapa ou frigideira as amêndoas de cacau,
em seguida moendo-as na pedra, e logo se
prepara uma infusão. Se deve esclarecer que
não é chocolate, mas uma bebida muito forte e
amarga. Também se usou o cacau como moeda,
e cada Cidade-Estado mantinha o monopólio
sobre a produção do mesmo. Nas cerimônias se
usa para queimar no Nahual Toj para pagar as
multas e fazer oferendas.
Cerimônia Maia ou Xukulem:
Forma de aproximar-se de Ajaw Criador e
Formador, constitui o rito litúrgico por
excelência dos maias. Pode ser por meio da
queima de resinas, velas e oferendas em poços
naturais ou rios. Estas podem ir acompanhadas
ao som de marimba, de tun (espécie de
tumbadora escavada em um tronco de árvore),
de chirimía (flauta doce típica da região maia) ,
de caracol (grande concha usada como
instrumento de sopro que produz um assovio),
de tambor, de harpa e de violino, por ser parte
integral das cerimônias.
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Cholq’ij ou Tzolkín:
Este calendário Cerimonial ou sagrado
relacionado com os movimentos da Lua, tem um
ciclo de 9 meses, ou 260 días. É usado
atualmente pelos Ajq’ijab’, para fazer a
recontagem dos dias sagrados com base nos 20
Nahuales ou energias combinadas com os
numerais de 1 a 13.
Chol’ab ou Ab:
Ano solar de 365 dias, composto por 18 meses de
20 dias, mais um último mês de 5 dias chamado
Wayeb. Este calendário está ligado às atividades
agrícolas, que traz a conta dos períodos das
estações, os ciclos de chuva, a época de
semeadura e colheita do milho sagrado como
alimento dado pelo coração do céu e da terra;
os ciclos de caça, pesca. Também para fazer o
controle de pragas e doenças nas colheitas.
Choltun ou Conta Larga (Conta Grande?)
Sistema que conta o passar do tempo
continuamente desde uma data de início. Os
maias clássicos, nossos antepassados,
mantinham uma perfeita contagem do tempo,
usando seu sistema da conta larga, combinando
os dois diferentes calendários acima
mencionados. A Conta Larga iniciou
aproximadamente há 5.000 anos, na data de 4
Ajpu, 8 Kumku, equivalente a 11 de agosto de
3114 A.E.C, e que se repetirá em 21 de
dezembro de 2012, que marca o fim de um
grande ciclo e o começo de outro.
É composto por:
Qi’j : 1 Dia (24.017 horas)
Winaq ou Uinal: 20 Q’ij (20 dias ou 1 mês
Maia)
Tun: 18 winaq (360 dias ou cerca de 1
ano [menos 5 dias de um dos nossos])
Katún: 20 Tuns (7.200 dias ou cerca de
20 anos [19.73 dos nossos])
B’aqtun: 20 katuns (144.000 dias ou
cerca de 400 anos [394,52 dos nossos])
Cosmovisão maia:
Forma de ver o mundo a partir da perspectiva
dos maias, e o traço mais importante da
mesma, pois tudo está relacionado e
amplamente unido no universo; tudo depende de
tudo, e portanto merece respeito.
Chuch-ajaw:
É a pessoa que é o pilar da comunidade, ele é
Ajq’ij dos Ajq’ijab’, é eleito pela comunidade
para ser o seu guia espiritual , ainda que hajam
outros Ajq’ijab’, este constitui a autoridade
legítima.
Ixim:
Milho sagrado (zea mays), do qual fomos feitos.
São 4 cores que temos presentes no nosso corpo:
Vermelho no nosso sangue; Negro em nossos
olhos e cabelos; Amarelo em nosso sistema
linfático e gordura corporal; Branco nos nossos
ossos e dentes. Também representa as cores dos
quatro povos do mundo.
Jun-Winaq:
Ser humano integral
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Kamal be’:
Ajq’ij ou Guia espiritual, normalmente é o
ancião principal de uma comunidad que
comanda e enche de sabedoria as novas
gerações, é digno da confiança da comunidade.
Em geral são os presidentes das associações
e/ou agrupações.
Lugar Sagrado:
Os sítios, monumentos, parques, complexos ou
centros arqueológicos, que constituem espaço e
fonte de energia cósmica e natural, de vida e
sabedoria, para a comunicação espiritual do ser
humano com o Ser Supremo ou Ajaw, e sua
convivência com a natureza, para o
fortalecimento e articulação do presente com
passado e futuro.
Mam:
Avô.
Mam ou carregador (sustentador?) do ano:
Nahual que tem a responsabilidade de trazer e
conduzir o ano sobre seus ombros. Conhecido
como Avô, autoridade, Mam, B'acab’,
Administrador, Governador (não no sentido
ocidental), o Carregador (Sustentador?), e no dia
em que cai o Nahual se celebra o primeiro dia
do ano. Na maioria dos povos na Guatemala são
quatro os Nahuales ou carregadores , que se
sucedem um a cada ano, e coincide com a
energía de quatro Nahuales: E (caminho), Noj
(sabedoria), Iq’ (vento), Kej (Veado).
O dia no calendário gregoriano se irá
modificando na medida em que se tenha que
fazê-lo para coincidir com a energía do Nahual,
porque não existe ano bissexto no calendário
maia. O dia do Nahual carregador em 2012 foi
22 de fevereiro, nos próximos anos será no dia
21 de fevereiro, 20 e assim sucessivamente.
Sempre deve coincidir com a ordem dos
Nahuales indicados. Este dia começa em Zero
Pop, ou primeiro dia do ano. (ver meses maias)
Meses maias
Os meses no calendário maia são constituídos
por 20 dias, um por cada dia do calendário
cerimonial, quer dizer, o mês tem 20 dias e cada
mês tem somente um dia com o mesmo nome.
Cada nome do mês corresponde a uma
característica própria de cada mês. O ano tem
18 meses de 20 dias, o que equivale a 360 dias;
mais um mês de 5 dias para completar o ciclo de
365 dias. Se conta de zero a 19 para completar
os 20 dias. Os dias dos meses se contam assim:
0 Kumku, 1 Kumku, 2 Kumku, 3 Kumku, 4
Kumku, 5 Kumku, 6 Kumku, 7 Kumku, 8 Kumku,
9 Kumku, 10 Kumku, 11 Kumku, 12 Kumku, 13
Kumku, 14 Kumku, 15 Kumku, 16 Kumku, 17
Kumku, 18 Kumku, 19 Kumku, 0 Wayeb’, 1
Wayeb’, 2 Wayeb’, 3 Wayeb’, 4 Wayeb’.
Os nomes dos meses do calendário em maia
yucateco são: Pop, Uo, Zip, Zotz, Zec, Xul,
Yaxkin, Mol, Chen, Yax, Zac, Ceh, Mac, Kankin,
Muan, Pax, Kayab’, kumku e Wayeb’. Este é o
sistema menos usado.
Milpa:
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Sistema de agricultura que é usado para não
desgastar a terra, semeando milho, que
consome muito nitrogênio, feijão (leguminosa)
que devolve o nitrogênio à terra e a moranga
verde, que nivela o potencial de hidrogênio da
terra; pode-se semear também na milpa a
pimenta, que funciona como fumigante natural.
Isso constitui a dieta básica na Mesoamérica.
Nahual, Nawal, Q’ij alaxïk, wäch q’ij:
O Nahual é o Espírito ou a Energia que
acompanha os dias do calendário Cerimonial
Cholq´ij. Tem representações nos elementos da
natureza, animais ou elementos. Vai
acompanhado de um número que precede o
Nahual e este indica a quantidade de energia ou
força que acompanha a pessoa nascida neste
dia. Por exemplo: •| Aj (6 junco). Pode buscar
seu Nahual ou informação em:
www.losnahuales.org
Pixab’ em k’iche’ e pxa´ em kaqchikel:
Reunião de aconselhamento que se pratica nas
comunidades, onde se transmitem
conhecimentos das avós e avôs, as anciãs e
anciãos, e as mães e pais de família, os quais
baseados em sua experiência e sabedoria
fundamentam os princípios e valores da
comunidade. Nela normalmente participam os
maiores de 52 anos, devido ao compromisso que
se adquire com esta idade nos âmbitos pessoal,
familiar e comunitário. O pixab’ também se usa
quando há decisões comunitárias a tomar.
Popol Wuj
Livro Sagrado da Espiritualidade Maia. Traduzido
literalmente significa “Livro do Conselho”,
“Livro da Sabedoria” e é conhecido como o Livro
das antigas histórias dos K’iche’s. As melhores
traduções já realizadas são: “Pop Uuj” de Don
Adrian Ines Chavez e “Popol Wuj”, tradução ao
espanhol e notas de Sam Colop, de FyG Editores.
Rabinal Achí ou Xajooj tun (Baile do Tun):
Dança-drama prehispânica que conserva seu
sentido original sem a mistura própria do
catolicismo, ainda que seja encenada em uma
festa cristã, entre 12 e 25 de janeiro, em
Rabinal,no dia da Conversão de São Paulo. É
dançada no átrio da Igreja. O relato na obra se
situa em um momento de conflito entre os
Rabinaleb e os K’iché, duas entidades políticas
importantes dentro da região e época.
Rijlaj Mam ou Maximón (-O Grande Avô)
Divindade ancestral, tão antigo como a
existência dos povos originários. O Grande Avô
foi criado pelo Coração do Céu, pelo Coração da
Terra, pelos Criadores e os Formadores, em um
momento singular da criação do universo, da
humanidade. Comumente é chamado de São
Simão, e este foi um método de resistência,
para poder seguir invocando sua proteção. Se
acredita que foi torturado e queimado vivo pelos
espanhóis no início da invasão espanhola em
Santiago Atitlán
Tuj, Chuj ou Tamascal:
Instalação na casa onde se pratica um banho ou
ducha de tipo ritual para a purificação. É um
banho necessário para as mulheres gestantes e é
praticado pelas terapeutas maias parteiras.
Wayeb´ (maia iucateco), Tz´api´q´ij (maia
k´iche´), Tz´apinq´ij (maia kaqchikel):
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Mês de 5 dias do calendário maia solar. Estes
dias são complementares para o tempo
astronômico, e para complementar o ciclo de
365 dias. São 5 días de reflexão, retiro e
meditação onde se pede perdão pelas faltas
cometidas no ano que termina e para pedir
sabedoria e proteção para o ano que começa.
Julio David Menchu