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Giselle Medeiros da Costa One Adriana Gomes Cézar Carvalho

(Organizadores)

Nutrição & : os

desafios da interdisciplinaridade nos ciclos da vida humana

1

IBEA

Campina Grande - PB 2017

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Instituto Bioeducação - IBEA

Editor Chefe Giselle Medeiros da Costa One

Corpo Editorial

Beatriz Susana Ovruski de Ceballos Ednice Fideles Cavalcante Anízio Giselle Medeiros da Costa One Helder Neves de Albuquerque Roseanne da Cunha Uchôa

Revisão Final

Ednice Fideles Cavalcante Anízio

FICHA CATALOGRÁFICA Dados de Acordo com AACR2, CDU e CUTTER

Laureno Marques Sales, Bibliotecário especialista. CRB -15/121

Direitos desta Edição reservados ao Instituto Bioeducação www.institutobioeducacao.org.br

Impresso no Brasil / Printed in Brazil

One, Giselle Medeiros da Costa. O59n Nutrição e saúde: os desafios da interdisciplinaridade

nos ciclos da vida humana, 1./ Organizadores: Giselle Medeiros da Costa One; Adriana Gomes Cézar Carvalho. – Campina Grande –

PB, 2017 594 fls. Prefixo editorial: 92522 ISBN: 978-85-92522-08-7 (on-line) Modelo de acesso: Word Wibe Web <http://www.cinasama.com.br> Instituto Bioeducação – IBEA - Campina Grande - PB

1. Nutrição 2. Nutrição clínica 3. Alergia alimentar I. Giselle Medeiros da Costa One II. Adriana Gomes Cézar Carvalho III. Nutrição e saúde: os desafios da interdisciplinaridade nos ciclos da vida humana, 1

CDU: 612.3

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IBEA INSTITUTO BIOEDUCAÇÃO

Proibida a reprodução, total ou parcial, por qualquer

meio ou processo, seja reprográfico, fotográfico, gráfico, microfilmagem, entre outros. Estas proibições aplicam-se também às características gráficas e/ou

editoriais. A violação dos direitos autorais é punível como Crime

(Código Penal art. 184 e §§; Lei 9.895/80), com busca e apreensão e indenizações diversas (Lei

9.610/98 – Lei dos Direitos Autorais - arts. 122, 123, 124 e 126)

Todas as opiniões e textos presentes neste livro são de inteira responsabilidade

de seus autores, ficando o organizador isento dos crimes de plágios e

informações enganosas.

IBEA - Instituo Bioeducação

Rua,Eng. Lourival de Andrade, 1405- Bodocongó – Campina

Grande – PB. CEP: 58.430-030 / (0xx83) 3321 4575 / www.institutobioeducacao.org.br

Impresso no Brasil

2017

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Aos participantes do CINASAMA pela

dedicação que executam suas

atividades e pelo amor que escrevem os

capítulos que compõem esse livro.

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" Enquanto ensino continuo buscando, reprocurando. Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para para constatar, contatando intervenho, intervindo educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade."

Paulo Freire

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PREFÁCIO

Os livros “NUTRIÇÃO E SAÚDE: os desafios da

interdisciplinaridade nos ciclos da vida humana 1, 2 e 3” tem conteúdo interdisciplinar, contribuindo para o

aprendizado e compreensão de varias temáticas dentro da área em estudo. Esta obra é uma coletânea de pesquisas de

campo e bibliográfica, fruto dos trabalhos apresentados no Simpósio Nacional de Saúde e Meio Ambiente realizado entre os dias 2 e 3 de dezembro de 2016 na cidade de João Pessoa-

PB. O CINASAMA é um evento que tem como objetivo

proporcionar subsídios para que os participantes tenham acesso às novas exigências do mercado e da educação. E ao mesmo tempo, reiterar o intuito Educacional, Biológico,

Nutricional e Ambiental de direcionar todos que formam a Comunidade acadêmica para uma Saúde Humana e

Educação socioambiental para a Vida. Os eixos temáticos abordados no Simpósio Nacional de

Saúde e Meio Ambiente e nos livros garantem uma ampla

discussão, incentivando, promovendo e apoiando a pesquisa. Os organizadores objetivaram incentivar, promover, e apoiar

a pesquisa em geral para que os leitores aproveitem cada capítulo como uma leitura prazerosa e com a competência, eficiência e profissionalismo da equipe de autores que muito

se dedicaram a escrever trabalhos de excelente qualidade direcionados a um público vasto.

Esta publicação pode ser destinada aos diversos leitores que se interessem pelos temas debatidos.

Espera-se que este trabalho desperte novas ações, estimule novas percepções e desenvolva novos humanos cidadãos.

Aproveitem a oportunidade e boa leitura.

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SUMÁRIO

ALERGIA ALIMENTAR .................................................................. 14

CAPÍTULO 1 ................................................................................ 15

ALERGIAS ALIMENTARES E A GARANTIA DA SAÚDE E SEGURANÇA DO

CONSUMIDOR: REVISÃO ................................................................... 15

NUTRIÇÃO CLÍNICA ..................................................................... 35

CAPÍTULO 2 ................................................................................ 36

ESTADO NUTRICIONAL E CONSUMO ALIMENTAR DE UMA CRIANÇA

PORTADORA DE LEUCEMIA LINFOBLÁSTICA AGUDA EM

QUIMIOTERAPIA: UM ESTUDO DE CASO........................................... 36

CAPITULO 3 ................................................................................ 56

AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE IDOSOS PRATICANTES DE

HIDROGINÁSTICA .............................................................................. 56

CAPÍTULO 4 ................................................................................ 76

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE CRIANÇAS ASSISTIDAS POR UMA

CRECHE EM UM MUNICÍPIO DE PEQUENO PORTE ............................ 76

CAPÍTULO 5 ................................................................................ 90

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AVALIAÇÃO DO CONSUMO DE SUPLEMENTOS POR PRATICANTES DE

MUSCULAÇÃO E SEUS POSSIÍVEIS EFEITOS SOBRE A FUNÇÃO RENAL

.......................................................................................................... 90

CAPÍTULO 6 ............................................................................... 107

OBESIDADE COMO UMA DOENÇA: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA DAS

PRINCIPAIS IMPLICAÇÕES NA SAÚDE GERAL DO INDIVÍDUO,

DECORRENTE DO ACÚMULO EXCESSIVO DE GORDURA CORPORAL.

........................................................................................................ 107

CAPÍTULO 7 ............................................................................... 128

A ETIOLOGIA DA OBESIDADE E O PAPEL DA MICROBIOTA INTESTINAL:

UM ESTUDO DE REVISÃO ................................................................ 128

CAPÍTULO 8 ............................................................................... 143

MECANISMOS EPIGENÉTICOS E SUA RELAÇÃO COM A OBESIDADE

HUMANA: UMA REVISÃO DA LITERATURA ..................................... 143

CAPÍTULO 9 ............................................................................... 158

NUTRIÇÃO E EPIGENÉTICA: UMA RELAÇÃO DIRETA COM A

HEREDITARIEDADE .......................................................................... 158

CAPÍTULO 10 ............................................................................. 178

INFLUÊNCIA DA INTERVENÇÃO DIETETICA NO MECANISMO

EPIGENÉTICO: UM ESTUDO DE REVISÃO ......................................... 178

CAPÍTULO 11 ............................................................................. 193

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POLIMORFISMO C677T NO GENE MTHFR E DOENÇA

CARDIOVASCULAR .......................................................................... 193

CAPÍTULO 12 ............................................................................. 209

RELAÇÃO ENTRE NÍVEIS DE ADIPOSIDADE ABDOMINAL E VALORES DE

VITAMINA D EM ADULTOS: UMA REVISÃO DA LITERATURA ........... 209

CAPÍTULO 13 ............................................................................. 224

NÍVEL DE CONHECIMENTO DAS LACTANTES SOBRE OS BENEFÍCIOS DO

ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO ............................................ 224

CAPÍTULO 14 ............................................................................. 239

ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL A INDIVIDUOS SOROPOSITIVO ........... 239

CAPÍTULO 15 ............................................................................. 254

PERFIL NUTRICIONAL DE CRIANÇAS PORTADORAS DE SÍNDROME DE

DOWN ............................................................................................. 254

CAPÍTULO 16 ............................................................................. 274

TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL EM PACIENTE DIABÉTICO

HOSPITALIZADO COM SEQUELA DE ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO

........................................................................................................ 274

CAPÍTULO 17 ............................................................................. 291

EFEITOS TERAPÊUTICOS DA DIETA CETOGÊNICA NO CÂNCER: UMA

REVISÃO DA LITERATURA ................................................................ 291

CAPÍTULO 18 ............................................................................. 307

PARALISIA CEREBRAL E DESNUTRIÇÃO GRAVE: UM ESTUDO DE CASO

COM FOCO NA NUTRIÇÃO .............................................................. 307

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CAPÍTULO 19 ............................................................................. 326

SÍNDROME DE BUDD CHIARI: UM ESTUDO DE CASO SOB O OLHAR DA

NUTRIÇÃO ....................................................................................... 326

CAPÍTULO 20 ............................................................................. 345

MECANISMOS FISIOLÓGICOS DESENCADEADOS PELA INGESTÃO DO

GLÚTEN ........................................................................................... 345

CAPÍTULO 21 ............................................................................. 365

PREVALÊNCIA DE INADEQUAÇÃO DO CONSUMO DE VITAMINA B12

EM CRIANÇAS, ADOLESCENTES, ADULTOS E IDOSOS DE UMA MESMA

POPULAÇÃO .................................................................................... 365

CAPÍTULO 22 ............................................................................. 383

AVALIÇÃO NUTRICIONAL EM CRIANÇAS ASSISTIDAS PELA CRECHE

MUNICIPAL NOSSA SENHORA DOS MILAGRES, NO MUNICÍPIO DE

BREJO DO CRUZ, PB ......................................................................... 383

CAPÍTULO 23 ............................................................................. 398

O PAPEL DOS MICRONUTRIENTES NA NUTRIÇÃO E SISTEMA IMUNE

........................................................................................................ 398

CAPÍTULO 24 ............................................................................. 422

A CONTRIBUIÇÃO DOS ALIMENTOS FUNCIONAIS PARA A IMUNIDADE

DOS PACIENTES ONCOLÓGICOS ...................................................... 422

CAPÍTULO 25 ............................................................................. 442

EFETIVIDADE DO BALÃO INTRAGÁSTRICO EM PACIENTES COM

OBESIDADE: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................ 442

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CAPÍTULO 26 ............................................................................. 456

INFLUÊNCIA DA MÍDIA EM INDIVÍDUOS OBESOS E COM OS

TRANSTORNOS ALIMENTARES NA ADOÇÃO DE DIETAS PARA

EMAGRECIMENTO E SUAS IMPLICAÇÕES À SAÚDE: UMA REVISÃO 456

CAPÍTULO 27 ............................................................................. 472

ANÁLISE DA COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL DE DIETAS VEICULADAS NA

INTERNET E EM REVISTAS POPULARES ........................................... 472

CAPÍTULO 28 ............................................................................. 492

IMPORTÂNCIA DO NUTRICIONISTA PARA O SEGUIMENTO DIETÉTICO E

MELHOR ADESÃO DA DIETA ............................................................ 492

CAPÍTULO 29 ............................................................................. 508

ANÁLISE CRITICA DA ROTULAGEM DE PRODUTOS DIET E LIGHT E SEUS

IMPACTOS À SAÚDE HUMANA: UMA REVISÃO DA LITERATURA .... 508

CAPÍTULO 30 ............................................................................. 526

AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE CONHECIMENTO E PERFIL DE

CONSUMIDORES DE PRODUTOS DIET E LIGHT EM SUPERMERCADOS

DE CAMPINA GRANDE/PB ............................................................... 526

CAPÍTULO 31 ............................................................................. 546

AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DA SUPLEMENTAÇÃO DE ÓLEO DE

AMENDOIM (ARACHIS HYPOGAEA L.) SOBRE OS PARÂMETROS

MURINOMÉTRICOS E BIOQUÍMICOS DE RATOS WISTAR ................ 546

CAPÍTULO 32 ............................................................................. 561

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EDUCAÇÃO NUTRICIONAL COMO ESTRATÉGIA NO TRATAMENTO DA

LITÍASE RENAL ................................................................................. 561

CAPÍTULO 33 ............................................................................. 579

PERCEPÇÃO DOS DISCENTES DO CURSO DE NUTRIÇÃO SOBRE

ALIMENTOS FUNCIONAIS ................................................................ 579

CAPÍTULO 34 ............................................................................. 594

DESNUTRIÇÃO ENERGÉTICO-PROTEÍCA COMO IMPORTANTE

PREDITOR DE MORBIMORTALIDADE EM PACIENTES COM DOENÇA

RENAL CRÔNICA EM HEMODIÁLISE ................................................ 594

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ALERGIA

ALIMENTAR

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ALERGIAS ALIMENTARES E A GARANTIA DA SAÚDE E SEGURANÇA DO CONSUMIDOR: REVISÃO

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CAPÍTULO 1

ALERGIAS ALIMENTARES E A GARANTIA DA SAÚDE E SEGURANÇA DO CONSUMIDOR: REVISÃO

Jéssica Moreira de CARVALHO 1

Leila Moreira de CARVALHO 2 Martiniano da Silva LIMA 1

1 Pós-Graduandos em de Nutrição Desportiva, FIP; 2 Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos, UFPB.

[email protected]

RESUMO: Alergias alimentares são reações adversas à saúde desencadeadas por uma resposta imunológica específica que ocorre em indivíduos sensíveis após o consumo de determinado alimento. As alergias, por sua vez, podem ser induzidas por uma grande variedade de alimentos, contudo, são atribuídas a uma classe restrita de alimentos conhecidos como the big 8, que correspondem ao grupo de oito alimentos que causam mais de 90% de todas as reações alérgicas alimentares. Esse grupo é constituído pelo leite, ovos, peixes, crustáceos, amendoim, trigo, soja e frutos de casca rija (amêndoa, noz, avelã, noz-pecã, noz de macadâmia, pistácios, castanha de caju e noz do Brasil). Devido as reações adversas provenientes de alimentos alergênicos, podendo em alguns casos levar o indivíduo à óbito, faz-se necessária a restrição no consumo desses alimentos e adequada informação na rotulagem dos alimentos industrializados. O presente estudo teve como objetivo desenvolver um trabalho de revisão da literatura de forma a abordar os principais alergênicos alimentares e a legislação brasileira que regulamenta e fornece disposições legais para a rotulagem adequada desses produtos. Portanto, o controle de alimentos alergênicos deve ter um enfoque preventivo mediante a identificação das fontes potenciais de substâncias alergênicas na rotulagem de

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ALERGIAS ALIMENTARES E A GARANTIA DA SAÚDE E SEGURANÇA DO CONSUMIDOR: REVISÃO

16

alimentos, de forma a garantir que essa informação chegue de forma adequada ao consumidor garantindo sua saúde a integridade. Palavras-chave: The big 8. Alergia alimentar. Rotulagem de

alimentos alergênicos.

1 INTRODUÇÃO

As reações adversas aos alimentos têm se tornado mais

prevalentes na atualidade do que no passado, com um aumento

em termos de gravidade e de extensão (MAHAN; STUMP;

RAYMOND, 2012). Modificações da dieta e interferências do

meio ambiente associadas a predisposição genética têm sido

implicadas na ampliação dessas reações.

As alergias alimentares têm sido consideradas um

problema procedente de saúde pública. Estudos estimam que

a prevalência dessas alergias tende a aumentar e pode afetar

cerca de 2 a 4% da população mundial (COSTA; OLIVEIRA;

MAFRA, 2012).

A alergia alimentar pode ser induzida por uma grande

variedade de alimentos, contudo, estudos relatam que cerca de

90% das reações alérgicas são atribuídas a uma classe restrita

de alimentos conhecidos como the big 8. Esse grupo

compreende: leite, ovos, peixes, crustáceos, amendoim, trigo,

soja e frutos de casca rija (amêndoa, noz, avelã, noz-pecã, noz

de macadâmia, pistácios, castanha de caju e noz do Brasil)

(COSTA; OLIVEIRA; MAFRA, 2012).

Devido as reações adversas provenientes de alimentos

alergênicos, a restrição no consumo desses alimentos é a

principal alternativa para prevenir o aparecimento de

complicações clínicas. Por consequência, o acesso a

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ALERGIAS ALIMENTARES E A GARANTIA DA SAÚDE E SEGURANÇA DO CONSUMIDOR: REVISÃO

17

informações corretas sobre a composição dos alimentos é

essencial para proteger a saúde de indivíduos com alergias

alimentares.

No Brasil, a RDC Nº 26, de 02 de Julho de 2015, da

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) estabelece

requisitos para rotulagem obrigatória dos principais alimentos

que causam alergias (BRASIL, 2015). Desta forma, as

empresas que processam e embalam os alimentos possuem a

responsabilidade legal de informar corretamente a composição

de seus produtos, e adotar as medidas para evitar a

contaminação cruzada com alérgenos alimentares.

Diante do exposto, o presente estudo teve como objetivo

desenvolver um trabalho de revisão bibliográfica que aborde os

principais alimentos alergênicos e a legislação brasileira de

rotulagem desses.

2 MATERIAIS E MÉTODO

A pesquisa constituiu-se de uma revisão bibliográfica

através de buscas de dados em livros de nutrição e nas bases

eletrônicas ScienceDirect, Pubmed, LILACS, Web of Science e

Periódicos CAPES.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

ALERGIAS ALIMENTARES

As alergias alimentares mediadas por IgE, são as mais

importantes classes de sensibilidades alimentares, por serem

potencialmente graves e até fatais, especialmente se uma

quantidade significativa do alimento nocivo for ingerido, e pelo

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ALERGIAS ALIMENTARES E A GARANTIA DA SAÚDE E SEGURANÇA DO CONSUMIDOR: REVISÃO

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fato dos indivíduos com esse tipo de alergia apresentarem baixo

grau de tolerância para o alimento (IANR, 2014).

As reações de alergia alimentar IgE-mediadas

geralmente são de início rápido, ocorrendo dentro de minutos a

algumas horas após a exposição. Os métodos de exposição

incluem a inalação, o contato com a pele e a ingestão. São

atribuídos diversos sintomas a esse tipo de alergia alimentar;

envolvendo os sistemas cutâneo, gastrointestinal ou

respiratório, podendo variar de uma urticária até uma anafilaxia

com risco de vida (MAHAN; STUMP; RAYMOND, 2012).

Conforme Vickery, Chin e Burks (2011), na alergia

alimentar, o sistema imune estimula mediadores inflamatórios

em resposta ao alimento, este por sua vez não deveria causar

uma resposta. O sistema imune identifica de modo errado o

alimento como uma ameaça e monta um ataque contra ele. A

sensibilização ocorre na primeira exposição do alérgeno ás

células imunes, nessa fase não há nenhum sintoma de reação.

Durante a sensibilização, a IgE específica para alérgenos se

liga à superfície de mastócitos em vários tecidos e basófilos no

sangue. Após a sensibilização, sempre que o alérgeno entra no

corpo, o sistema imunológico responde da mesma maneira a

essa ameaça.

A combinação de um alérgeno com IgE específico ao

alérgeno fixado aos mastócitos do tecido ou basófilos

circulantes leva à liberação de mediadores químicos, incluindo

histamina, enzimas, prostaglandinas derivadas de lipídios,

interleucinas e outros. Quando liberados, esses mediadores

inflamatórios causam as reações adversas.

A predisposição genética, a potência antigênica de

alguns alimentos e alterações a nível do intestino

desempenham um importante papel nos fatores envolvidos na

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ALERGIAS ALIMENTARES E A GARANTIA DA SAÚDE E SEGURANÇA DO CONSUMIDOR: REVISÃO

19

alergia alimentar. Existem mecanismos de defesa

principalmente a nível do trato gastrintestinal que impedem a

penetração do alérgeno alimentar e consequente

sensibilização. Estudos indicam que cerca de 50 a 70% dos

pacientes com alergias alimentares possuem histórico familiar

de alergia (ASBAI, 2009).

ALIMENTOS ALERGÊNICOS

Leite e derivados de leite

Segundo Wood (2003), o leite é uma causa muito comum

de alergia em todo o mundo e representa o maior episódio de

alergia alimentar na infância. Exl e Fritsche (2001), Garcia-Ara

et al. (2004) e Host et al. (2002) afirmam que a dominância

relatada nos cinco primeiros anos de vida varia entre 2 a 6 %,

porém, em 90% dos casos é superada aos seis anos de vida e

afeta em quantidade mínima adultos.

Alergia às proteínas do leite geralmente resultam em

uma combinação de diferentes sintomas, na maioria das vezes

cutâneos (dermatite atópica, eczema em flexão, urticária), no

trato gastrointestinal (vômitos, diarreia, constipação, dor

abdominal), e em vias aéreas (febre do feno, sonoridade) dentro

da primeira hora após o consumo (IANR, 2014).

Caseínas e beta-lactoglobulina são consideradas como

os alérgenos mais importantes no leite. Estas proteínas

presentes no leite são encontradas em várias espécies de

mamíferos. Bernard et al. (1998) afirmam que indivíduos

alérgicos ao leite de vaca, muito provavelmente, reagem ao leite

de ovelha e/ou cabra, porém o leite de outras espécies pode,

algumas vezes, ser tolerado.

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ALERGIAS ALIMENTARES E A GARANTIA DA SAÚDE E SEGURANÇA DO CONSUMIDOR: REVISÃO

20

Ovos e produtos à base de ovos

Ovos são amplamente introduzidos na dieta da

população devido ao seu fácil acesso e sua qualidade

nutricional. O ovo é um dos alimentos que mais causa alergia

alimentar na infância, sendo observado uma alta prevalência de

alergia nessa fase (IANR, 2014). As principais proteínas

envolvidas na alergia são: albumina, ovalbumina, ovomucóide,

ovotransferrina, ovomucina, lisozima, presentes na clara, e

grânulo, lipovitelina, fosvitina, lipoproteína de baixa densidade

e plasma, presentes na gema (DISTRITO FEDERAL, 2009).

Segundo MAHSC (2006), a ingestão de ovos em

indivíduos com alergia desencadeia uma reação alérgica

imediata com diferentes sintomas, na maioria das vezes

apresentando pruridos na boca e faringe, vômitos,

rinoconjuntivite, asma e até mesmo anafilaxia.

Peixes e produtos à base de peixes

Conforme IANR (2014), o consumo de peixes têm

aumentado consideravelmente nos últimos anos, e isso vem

desencadeando o número de indivíduos com alergias ao peixe,

principalmente em regiões de alto consumo.

Os sintomas que resultam da reação alérgica aos

peixes, que são na maioria das vezes cutâneos (urticária e

angiodema, dermatite atópica e dermatite herpetiforme) e

gastrointestinais (hipersensibilidade imediata, sindrome da

alergia oral, esofagite e gastrite eosinofílica alérgica,

enteropatia, proctite e enterocolite induzida por proteina

alimentar), que aparecem logo após sua ingestão. Raramente

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ALERGIAS ALIMENTARES E A GARANTIA DA SAÚDE E SEGURANÇA DO CONSUMIDOR: REVISÃO

21

também se observam reações mais graves, incluindo o choque

anafilático.

Segundo IANR (2014), apesar da variedade de

diferentes espécies de peixes, a maioria das reações alérgicas

são causadas pela proteína do músculo do peixe parvalbumina.

Índivíduos com reações alérgicas a uma espécie de peixe,

tendem a ser sensíveis a outros também.

A proteína parvalbumina controla o fluxo de cálcio no

sarcoplasma muscular, sendo assim resistente a temperaturas

elevadas e à digestão enzimática, mantendo sua alergenicidade

mesmo após o aquecimento. (POULSEN et al., 2001;

BORREGO; CUEVAS; GARCÍA, 2003). A reatividade cruzada

entre diferentes espécies de peixes tem comumente

importância clínica. Segundo Carrapatoso (2004),

aproximadamente 50% dos alérgicos a uma espécie de peixe

apresentam risco de alergia alimentar a uma segunda espécie.

A alergia ao peixe é frequente em crianças, e em 75%

dos casos, ocorrem com a introdução dele na dieta, durante o

primeiro ano de vida. Ja em adultos,é frequente a sensibilização

através do contato ou da inalação (CARRAPATOSO, 2004).

Crustáceos e produtos à base de crustáceos

Segundo Wild e Lehrer (2005), os crustáceos mais

relevantes na dieta humana são os camarões, caranguejos e a

lagostas. A alergia produzida por crustáceos é uma das

principais causadoras de alimentares. De acordo com Jeebhay

et al. (2001) e Ramírez e Bahna (2009) o aumento do consumo

de crustáceos, está associado a reações adversas relatadas

tanto alérgicas como tóxicas. Essas reações incluem as

respostas imunológicas mediadas por IgE, induzidas pela

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ingestão do crustáceo, pelo contato através da inalação do

alérgeno ou pela manipulação do mesmo. O principal alérgeno

nos crustáceos é a tropomiosina, uma proteína fundamental à

contração muscular.

Um indivíduo alérgico a um determinado crustáceos, tem

grande probabilidade de apresentar alergia a outros crustáceos,

uma vez que a tropomiosina encontra-se em diversas espécies.

Carrapatoso (2004) destaca que o risco de reação a uma

segunda espécie é de aproximadamente 75%.

Os sintomas mais comuns de alergia a crustáceos

incluem desde reações na cavidade oral (síndrome da alergia

oral) a reações sistêmicas (anafilaxia) que podem ser fatais

(IANR, 2014). Contudo, Lehrer, Ayuso e Reese (2003) afirmam

que sensibilizações assintomáticas são também frequentes.

Eventualmente ocorrem reações respiratórias (rinite alérgica,

asma, asma crônica prévia e síndrome de Heiner) e

gastrointestinais.

Segundo IANR (2014), assim como o peixe, os

crustáceos mantém sua alergenicidade mesmo com o

aquecimento.

Cereais (Trigo, centeio, cevada, aveia e suas estirpes

hibridizadas)

A alergia a cereais tem assumido grande relevância nas

últimas décadas. Segundo Blanco (2001), os alérgenos

presentes no cereais mais relevantes são: CM16, Hor v1, Sec

c1, RAP. Reações alérgicas a cereais são habitualmente

percebidos em lactentes e comumente aparecem nos primeiros

anos de vida (IANR, 2014). As reações adversas imediatas

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mediadas por IgE aos cereais variam de reaçõs leves a reações

mais graves, como anafilaxia, potencialmente fatal.

Segundo Soares et al. (2014) e Comissão do Codex

Alimentarius (2008), a doença celíaca é uma reação específica

a uma fração de proteína, o glúten, este pode ser encontrado

no trigo e cereais relacionados, como centeio, cevada e aveia.

A doença é caracterizada por uma reação inflamatória crônica,

autoimune, que muda a mucosa do intestino delgado,

dificultando a absorção de macro e micro nutrientes. O glúten,

por sua vez, é classificado como prolaminas e gluteminas.

A alergia aos cereais é muito frequente na infância. Entre

os cereais, a alergia ao trigo é a mais frequente. Mansouri et al.

(2012), afirmam que nas crianças, a manifestação clínica mais

frequente é a dermatite atópica, enquanto no adulto predomina

o choque anafilático, angiodema e esofagite. De acordo com

Husain e Schwartz (2013) ocasionalmente pode ocorrer alergia

cruzada entre os cereais. Um estudo mostrou que 21% dos

alérgicos apresentaram reatividade cruzada a mais de um

cereal.

O trigo, pertencente à família das gramíneas (Poaceae),

devido a seus atributos próprios e pela frequência com que é

aproveitado em todo o mundo, encontra-se no grupo de

alimentos que, em conjunto, são responsáveis pela maioria de

reações alérgicas alimentares (ARSHAD, 2001; ALMEIDA et

al., 1999; SICHERER et al., 2003; JAMES et al., 1997).

Segundo James et al. (1997), geralmente, os alérgicos

ao trigo sensibilizam-se durante o primeiro ano de vida,

evoluindo para a tolerância imunológica cerca de 1 a 3 anos

mais tarde.

A composição proteica do trigo mais comumente

responsabilizadas pela alergia alimentar são: albumina

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hidrossolúvel, globulinas solúveis, prolaminas, gliadinas,

glutelinas e gluteninas. (DISTRITO FEDERAL, 2009). De

acordo com James et al. (1997), as albuminas e as globulinas

são as proteínas mais relevantes nas reações de

hipersensibilidade mediadas por anticorpos específicos da

classe IgE.

As reações adversas imediatas através da ingestão de

trigo são características típicas na infância. Geralmente, essas

reações ocorrem durante a primeira hora após a ingestão do

trigo e incluem manifestações cutâneas e/ou gastrintestinais

e/ou respiratórias (asma, rinite), acontecendo, embora

raramente, a anafilaxia; geralmente as queixas são breves,

porém, notáveis os casos que se estendem à idade adulta

(SILVA et al., 2005).

Leguminosas

As leguminosas são pertencentes a família

Leguminosae, esta por sua vez contém cerca de 30 espécies

diferentes que incluem: feijão, ervilha, lentilha, soja e

amendoim. As leguminosas caracterizam-se por proteínas de

alto valor biológico e formam parte fundamental da dieta

humana em muitos países (PEREIRA et al., 2002).

Segundo Carrapatoso (2004), as proteínas alergênicas

dos legumes são resistentes à desnaturação química, térmica

e proteolítica, podendo até aumentar seu potencial da

antigenecidade dessas proteínas.

Entre as leguminosas, o amendoim e a soja são os que

mais determinam reações alérgicas e ambos são

extensamentes consumidos. As reações adversas da alergia a

legumes incluem a síndrome de alergia oral, urticária e

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angiodema, rinoconjuntivite, asma e anafilaxia, sendo

manifestações respiratórias mais comuns (PEREIRA et al.,

2002; WENSING et al., 2003).

O amendoim (Arachis hypogaea) é uma leguminosa rica

em óleo e proteínas, elevando seu valor nutricional. De acordo

com Fávero (2004), ele é o maior causador de reações alérgicas

fatais relacionadas com alimentos. As proteínas associadas à

sua alergenicidade são: albuminas, aglutinas, glicoproteínas

lecitino reativas, inibidores de protease, inibidores de alfa

amilase, fosfolipases, globulinas, araquina e conaraquina.

As vias comprovadas de sensibilização pelo amendoim

são várias e podem contribuir para o desenvolvimento de

tolerância ou alergia a este alimento. Cerca de 75% dos

alérgicos ao amendoim referem manifestação já na primeira

ingestão conhecida (DESROCHES et al., 2010).

Os sintomas mais comuns apresentados em indivíduos

alérgicos ao amendoim são reações cutâneas como urticária ou

angiodema, embora eles variam desde sintomas leves como a

síndrome da alergia oral a sintomas mais graves como asma,

falta de ar, queda da pressão arterial. A ingestão acidental do

alérgeno resulta, frequentemente, em reações anafiláticas, e

casos fatais ja foram relatados (MACDOUGALL; CANT;

COLVER, 2002; LE et al., 2008). Além da ingestão, podem

ocorrer reações adversas ao contato com a pele e inalação.

A soja (Glycine max) é uma leguminosa que passou a ser

mais utilizada na dieta humana, por ser fonte de proteínas de

elevado valor biológico e apresentar baixo teor de gorduras, e

na indústria de alimentos, por apresentarem excelentes

propriedades funcionais tecnológicas (BISHOP; HILL;

HOSKING, 1990).

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De acordo com Distrito Federal (2009), os alérgenos da

soja são: globulinas, 7S (beta conglicina), beta amilase,

lipoxigenase, lecitina, 11S (glicina), proteínas do soro,

hemaglutinina, inibidor de tripsina e urease. Conforme Besler,

Helm e Ogawa (2000), alergia à soja está associada às suas

proteínas de estoque, constituídas principalmente pelas frações

protéicas 7S e 11S.

De acordo com MAHSC (2006), os sintomas de

indivíduos alérgicos após a ingestão de soja variam desde a

coceira e inchaço da boca e da garganta (angiodema), sintomas

na pele (dermatite atópica ou eczema e urticária) reações

gastrointestinais (náuseas, cólica e diarréia), sintomas

respiratórios (febre do feno e asma), reações cutâneas

(urticária) a reações potencialmente graves, podendo até serem

fatais, incluindo choque anafilático.

Frutas de casca rija

Os frutos de casca rija desempenham um papel

importante na saúde e nutrição humana, dado que estes frutos

são muito rico em ácidos graxos monoinsaturados. Este tipo de

ácidos graxos têm sido associados a efeitos benéficos para a

saúde, tais como, prevenção da ocorrência de acidentes

cardiovasculares, aterosclerose e artrite. Por este motivo, os

frutos de casca rija foram reconhecidos pela FDA como

alimentos “protetores do coração” (ALASALVAR et al., 2003;

AMARAL et al., 2006; KÖKSAL et al., 2006; OLIVEIRA et al.,

2008).

Dentre esse frutos, a castanha de caju, a noz pecã, a noz

e a amêndoa são os que possuem maior capacidade

alergizante. Segundo Husain e Schwartz (2013) e Noorbakhsh

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et al. (2011), os alérgenos principais dos frutos de casca rija

são: albuminas 2S, leguminas e vicilinas.

No Reino Unido e nos Estados Unidos, estima-se que a

prevalência de alergia a nozes (Juglans spp.) seja entre 0,2 e

0,5%, em adultos e crianças. Existe a probabilidade de que um

percentual de alérgicos à nozes possa vir a ser tolerante após

anos de abstenção (MAHSC, 2006). A gravidade das reações

alérgicas induzidas por nozes variam desde a síndrome de

alergia oral até mesmo reações sistêmicas graves e

potencialmente fatais. A gravidade das reações depende da

quantidade ingerida do alimento e da proteína alergênica.

De acordo com o MAHSC (2006), indivíduos alérgicos a

noz-pecã (Carya illinoinensis) tem reações alérgicas

desencandeadas pelas principais proteínas encontradas nas

nozes.

Devido as suas características sensoriais, a avelã

(Corylus avellana) é utilizada como matéria prima na

formulação de diversos produtos alimentícios com o intuito de

adicionar sabor e textura (AMARAL et al., 2006; PIKNOVÁ;

PANGALLO; KUCHTA, 2008), porém vestígios de avelã em

produtos alimentícios, podem originar da contaminação

cruzada durante alguma etapa do processo produtivo,

desencadeando reações adversas em indivíduos alérgicos.

Os alérgenos alimentares associados à avelã são: PR-

10, Profilinas, nsL TP, Globulinas 11S, Globulinas 7S,

Oleosinas e Albuminas 2S (JEDRYCHOWSKI et al., 2010;

WHO, s.d).

Segundo MAHSC (2006), as reações adversas mais

frequentes são cutâneas (urticária e angiodema),

gastrointestinais (síndrome de alergia oral, vômitos, diarréia),

respiratórias (asma) e sistêmicas (anafilaxia). Os alérgenos de

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avelã que provocam reações sistêmicas, pertecem a mesma

família de proteínas que os alérgenos nos amendoins.

A alergia ao pinoli (Pinus pinea) tem sido relatada com

menos frequência do que alergia à castanhas. Embora não se

tenha muitos estudos sobre alergia ao Pinoli, reações adversas

graves, como anafilaxia, foram detectadas em indivíduos

(MAHSC, 2006).

Casos de alergia à macadâmia (macadamia integrifolia e

macadamia tetrophylla) eventualmente tem sido relatados na

literatura (LERCH; EGGER; BIRCHER, 2005; KNOTT et al.,

2008), podendo causar reações alérgicas graves, como a

anafilaxia (SUTHERLAND et al., 1999; PALLARES, 2000;

HABERLE; HAUSEN, 2002; SENTI; BALLMER-WEBER;

WÜTHRICH, 2000).

A amêndoa (Pronus dulcis) é rica em nutrientes, como:

vitamina E, manganês, magnésio, cobre, fósforo, fibra,

riboflavina, ácidos graxos monoinsaturados e proteínas.

Embora as amêndoas tenham alto valor nutritivo, a reação

adversa em indivíduos alérgicos pode apresentar um risco em

potencial (CHEN; LAPSLEY; BLUMBERG, 2006). A reatividade

cruzada da amêndoa é comum em alérgenos de outros frutos

de casca rija e do pêssego. As reações adversas varia desde

sintomas leves (síndrome de alergia oral ou urticária) à

sintomas sistêmicos (anafilaxia).

Latex natural

O látex natural é extraído da seiva da Seringueira (Hevea

Braziliensis). Seus principais alérgenos são: heveína b1 e b3

(YEANG et al., 1996; ALENIUS et al.,1996).

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Segundo Weiss e Halsey (1996) e Monreal et al. (1996),

estudos associam a alergia ao látex com alergia alimentares. A

hipersensibilidade ao látex ocorre após ingestão,

principalmente de frutas, que sofreram contaminações

cruzadas, sendo conhecida como síndrome látex-frutos.

Os sintomas variam desde a síndrome de alergia ora,

anafilaxia e até reações sistêmicas graves (GASPAR; FARIA,

2012).

LEGISLAÇÃO BRASILEIRA DE ALÉRGENOS ALIMENTARES

Em 2015, a ANVISA vendo ausência de uma legislação

que protegesse o consumidor de reações adversas decorrentes

da ingestão de alimentos potencialmente alergênicos, criou a

RDC 26, de 2 de julho de 2015, que estabelece os requisitos

para rotulagem obrigatória dos principais grupos de alimentos

que causam alergias.

Esta resolução aplica-se aos rótulos de alimentos,

bebidas, ingredientes, aditivos alimentares e coadjuvantes de

tecnologia destinados aos consumidores (desde que

embalados em sua ausência), ao processamento industrial e

aos serviços de alimentação.

Segundo Brasil (2015) os alimentos, ingredientes,

aditivos e coadjuvantes que contenham ou sejam derivados dos

seguintes alimentos: trigo, centeio, cevada, aveia, crustáceos,

ovos, peixes, amendoim, soja, leite, amêndoa, avelã, castanha-

de-cajú, castanha-do-pará, macadâmia, nozes, pecãs,

pistache, pinole, castanhas e látex natural, devem apresentar

em desqueque no rótulo a advertência de alérgicos.

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4 CONCLUSÕES

Diante dos diferentes níveis de reações adversas

provocadas por alimentos alérgenos conclui-se que é

necessário que a legislação vigente sobre rotulagem nutricional

dos principais alimentos que causam alergias alimentares seja

cumprida na íntegra a fim de proteger a saúde do consumidor.

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NUTRIÇÃO

CLÍNICA

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ESTADO NUTRICIONAL E CONSUMO ALIMENTAR DE UMA CRIANÇA PORTADORA DE LEUCEMIA LINFOBLÁSTICA AGUDA EM QUIMIOTERAPIA:

UM ESTUDO DE CASO

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CAPÍTULO 2

ESTADO NUTRICIONAL E CONSUMO ALIMENTAR DE UMA CRIANÇA PORTADORA DE LEUCEMIA

LINFOBLÁSTICA AGUDA EM QUIMIOTERAPIA: UM ESTUDO DE CASO

Débora Ellen Oliveira de ANDRADE¹

Mylena Ferreira MORAIS¹ Mônica de Almeida Lima ALVES²

¹Graduandas do curso de Nutrição, FPB; ²Orientadora/Professora da FPB. [email protected]

RESUMO: Dois terços dos casos de câncer infanto-juvenil podem ser curados se a terapêutica instituída for adequada, com diagnóstico precoce e acompanhamento nutricional iniciado imediatamente, pois, aproximadamente 50% dos portadores reportam redução no apetite e alterações gastrintestinais causadas pela quimioterapia. O estudo objetivou avaliar o estado nutricional e consumo alimentar de uma criança portadora de Leucemia Linfoblástica Aguda em quimioterapia. Tratou-se de estudo de caso, de natureza qualiquantitativa, exploratória e descritiva. Utilizou-se entrevista padronizada com aplicação de formulários, coletando-se informações sobre consumo alimentar, antropometria, sinais/sintomas, características socioeconômicas e história clínica. A quimioterapia ocasionou efeitos colaterais como, diarreia, náusea, vômito, anorexia e emagrecimento. Quanto ao diagnóstico nutricional, a menor foi caracterizada com magreza; a ingestão habitual diária atendia as recomendações. Observou-se que os fármacos utilizados poderiam reduzir a absorção de cálcio, fósforo, vitamina B12 e D, além de

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UM ESTUDO DE CASO

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aumentarem a excreção de zinco e vitamina C. Fica evidenciada a necessidade de acompanhamento nutricional no caso estudado, já que o tratamento quimioterápico interfere desde a ingestão até a excreção de nutrientes, levando a um risco elevado de deficiências nutricionais. Palavras-chave: Consumo Alimentar. Estado Nutricional. Leucemia Linfoblástica Aguda.

1 INTRODUÇÃO

O câncer constitui um grupo de doenças vasto e

heterogêneo, caracterizado pelo progressivo crescimento

celular anormal e por mutações intracelulares (genoma). Essas

alterações podem transformar a célula normal, desregulando

sua função de proliferação, diferenciação e morte

(WAITZBERG, 2004; DUNCAN; SCHMIDT; GIUGLIANI, 2004).

A incidência das neoplasias pediátricas difere de acordo

com o tipo de tumor, idade, sexo e etnia; mas, em geral, a

incidência total de tumores malignos na infância é ligeiramente

maior no sexo masculino (BRAGA; LATORRE; CURADO;

2002). As neoplasias mais frequentes na infância são

leucemias, tumores do Sistema Nervoso Central (SNC) e

linfomas (BRAGA; LATORRE; CURADO, 2002).

A Leucemia Linfoblástica Aguda (LLA) caracteriza-se

pelo acúmulo de células imaturas da linhagem linfoide, na

medula óssea, sangue periférico e órgãos linfoides, sendo seu

pico de incidência por volta dos 5 anos de idade. O prognóstico

da LLA é determinado pela idade, pelo imunofenótipo (LLA pró-

B, B comum, pré-B, B madura ou de linhagem T) e pelas

alterações citogenéticas (KEBRIAEI; ANASTASI; LARSON,

2002).

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UM ESTUDO DE CASO

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As formas mais comuns de tratamento antineoplásico

incluem quimioterapia, radioterapia, cirurgia e transplante de

medula óssea (GARÓFOLO; LOPEZ, 2002).

Os quimioterápicos, devido a seus efeitos colaterais,

diminuem a ingestão de alimentos, pois causam alteração do

paladar, ressecamento da boca, provocam náuseas e/ou

vômitos (BIANCHI; ANTUNES, 2008).

Levantamentos demonstram que de 6% a 50% dos

pacientes pediátricos com câncer já apresentam algum grau de

desnutrição no momento do diagnóstico (GARÓFOLO, 2006).

Segundo Dornelles et al. (2009), a atuação do

nutricionista é ampla e deve estar presente em ambas as fases

do tratamento: tanto a curativa quanto a paliativa, focando na

recuperação do estado nutricional e na promoção da saúde.

O objetivo deste estudo foi avaliar o estado nutricional e

o consumo alimentar de uma criança portadora de Leucemia

Linfoblástica Aguda em quimioterapia.

2 MATERIAIS E MÉTODO

Foi realizado um estudo de caso, de natureza

qualiquantitativa, com caráter exploratório e descritivo, no qual

foi avaliada uma criança do gênero feminino, de seis anos de

idade, portadora de Leucemia Linfoblástica Aguda, em

tratamento quimioterápico, internada no Hospital Napoleão

Laureano, em João Pessoa-PB, no período de agosto a outubro

de 2016.

A coleta de dados foi realizada no próprio hospital, com

participação da responsável pela criança (mãe), após

assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e

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UM ESTUDO DE CASO

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do Termo de Assentimento. Foi realizada uma entrevista

padronizada, com aplicação de formulários para coleta de

informações sobre condições socioeconômicas, história clínica,

avaliação antropométrica, avaliação do consumo alimentar,

fármacos em uso, sinais e sintomas.

Para realização da avaliação antropométrica, foram

aferidos o peso corporal e a altura, seguindo as técnicas

recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS,

2006; OMS, 2007). Após aferição das medidas

antropométricas, foi calculado o Índice de Massa Corporal e, o

estado nutricional foi diagnosticado pelos indicadores

antropométricos: peso para idade, altura para idade e Índice de

Massa Corpórea (IMC) para idade.

O consumo alimentar foi avaliado por meio do

Recordatório de 24 horas e pelo Questionário de Frequência

Alimentar elaborado pela pesquisadora acadêmica. Após coleta

das informações, realizou-se análise do consumo alimentar

diário quanto a calorias, carboidratos, proteínas e lipídios,

utilizando-se a Tabela de Medidas Caseiras (PINHO, 2004). As

informações sobre porções alimentares e frequência de

consumo foram avaliadas de acordo com as recomendações da

Pirâmide Alimentar Brasileira Infantil, por grupos alimentares.

Realizou-se também análise da interação droga-

nutriente, de acordo com as informações sobre os fármacos em

uso no tratamento da criança participante da pesquisa, a partir

das bulas dos medicamentos descritos no prontuário.

O banco de dados foi realizado em Microsoft Office

Excel2007 e, posteriormente, transportado para o pacote

estatístico Epinfo 6.0, onde os dados foram avaliados por meio

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de distribuição de frequências, percentagens e médias das

variáveis.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A pesquisa foi realizada com uma criança portadora de

Leucemia Linfoblástica Aguda, com 6 anos de idade,

diagnosticada há 4 anos, em uso de tratamento quimioterápico

na fase de manutenção, residente na zona rural da cidade de

Santa Rita-PB, filha de agricultores, com renda familiar mensal

de até 2 salários mínimos (Tabela 1).

Tabela 1. Características sociodemográficas da participante da pesquisa.

Idade Sexo Raça Renda Familiar Residência

6 anos Feminino Parda Até 2 salários mínimos

Zona Rural

Fonte: Dados da pesquisa. 2016

Segundo relato materno, o diagnóstico aconteceu após

quadro crônico de dor no joelho e febre intensa. A etiologia da

LLA ainda é discutível, embora seja enfatizado como possíveis

causas os efeitos de irradiação, exposição a alguns tipos de

drogas, fatores genéticos, fatores imunológicos e exposições a

alguns vírus (ABRALE, 2016).

Atenção especial deve ser voltada ao fato de a criança

ser filha de agricultores, que normalmente estão expostos a

radiações solares e agrotóxicos.

A radiação UV, particularmente a UV-B, é um potente

carcinógeno, que provoca danos ao ácido desoxirribonucleico

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UM ESTUDO DE CASO

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(DNA) diretamente ou por meio da formação de radicais livres.

Podendo assim aumentar as chances de adquirir um câncer

(HILDESHEIM; AWWAD; FORNACE, 2004).

Alguns agrotóxicos como o DDT são considerados

carcinógenos humanos em potencial além de promotores

tumorais e são incluídos no grupo B1 (substâncias

provavelmente carcinogênicas) da Agência Internacional de

Pesquisa do Câncer. O dichlorodiphenyl-trichoroethane - DDT

assim como as bifenilas policloradas (PCBs), as dioxinas, o

hexaclorociclohexano (HCH) e o hexaclorobenzeno constituem

um grupo diverso de substâncias químicas sintéticas

denominadas agrotóxicos organoclorados (CALLE et al., 2002).

De acordo com Baracat et al. (2000), a LLA é o tipo de

câncer mais frequente na infância, com uma maior incidência

em crianças entre três e cinco anos. Seu pico ocorro por volta

dos quatro anos de idade, sendo quase duas vezes mais

comum em caucasianos (brancos) (BUSATO et al., 2003) do

que em não-caucasianos e um pouco mais frequente em

meninos do que em meninas (MEDEIROS et al., 2004;

CORNACCHIONI et al., 2004).

Na Fig. 1, é possível observar o estado nutricional da

paciente avaliada de acordo com o Índice de Massa Corporal

(IMC), demostrando que no mês de janeiro a mesma foi

considerada, através da classificação segundo as

recomendações do SISVAN e pela OMS (2007), com magreza

para sua idade, isso ocorreu devido à sua saúde debilitada por

causa do tratamento da LLA, podendo causar vários problemas

decorrentes da deficiência de energia e proteínas,

representando uma síndrome de carências que reúne diversas

manifestações clínicas, antropométricas e metabólicas, em

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UM ESTUDO DE CASO

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função da intensidade e duração da deficiência alimentar. Em

outra avaliação antropométrica, no mês de junho, o estado

nutricional foi caracterizado como sobrepeso, podendo ser

explicado pelo fato de ter sido um momento em que a paciente

se encontrava com um quadro clínico mais estável, menos

doses quimioterápicas e redução das alterações

gastrintestinais. Uma última avaliação antropométrica foi

realizada no mês de outubro, onde a menor foi diagnosticada

com IMC adequado para idade. Neste período, a responsável

pela criança informou que a mesma mudou os hábitos

alimentares e aumento das atividades diárias.

Figura 1. Análise das Medidas Antropométricas

Fonte: Dados da pesquisa. 2016

Na Tabela (2), podem-se observar os sinais e sintomas

relatados pela menor e por sua responsável e registrados em

prontuário por equipe médica, sendo os mais frequentes e

intensos, em ordem decrescente, a dor, o vômito, a náusea, a

diarreia, o emagrecimento e a febre, sendo estas

consequências clínicas comuns da quimioterapia e da própria

13,59

18,74 17,1

0,85

0,90

0,95

1,00

1,05

0

5

10

15

20

Altu

ra e

m c

m

Mês

Pe

so

/IM

C

Peso IMC Altura

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patologia. Além dos sinais e sintomas, observamos na tab. (2)

as consequências clínicas decorrentes destes fatores, que

podem ocasionar deficiências nutricionais específicas e déficits

ponderais.

Tabela 2. Sinais e sintomas e consequências clínicas associadas.

Sinais/Sintomas Consequências Clínicas

Dor Redução do apetite, afeta a qualidade do sono, pode causar anorexia.

Emagrecimento Mau funcionamento intestinal, baixa imunidade, pele, cabelos e unhas frágeis, atrofia muscular, atraso no desenvolvimento corporal e intelectual em crianças, debilidade, maior risco de infecções, baixa resposta a tratamentos.

Febre Aumento da taxa metabólica basal, desidratação.

Vômito/Diarreia Desidratação, desequilíbrio de eletrólitos. Náusea Perda de apetite, vômito. Vertigem Sensação de desequilíbrio, vômito,

náusea, sensação de desmaio, falta de força, perda de apetite, dor de cabeça.

Fonte: Dados da pesquisa. 2016

Os quimioterápicos em uso clínico, geralmente, são bem

tolerados pelos pacientes e os efeitos colaterais moderados são

bem controlados com dosagens apropriadas e uso criterioso de

outros fármacos, como os antieméticos (SAWADA et al., 2009).

As consequências clínicas da quimioterapia são: a

indução de náuseas e vômitos, lesão de esôfago, fraturas, má

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nutrição, desequilíbrio hidroeletrolítico e acidobásico,

diminuindo a sua qualidade de vida relacionada à saúde e

comprometendo a eficácia do tratamento (BALLATORI; ROILA,

2003).

Algumas drogas produzem alterações de trato alimentar,

portanto, são importantes as orientações dietéticas que visam

minimizar o desconforto do paciente (DIAS et al., 2006).

O resultado da diminuição da ingestão de alimentos e de

anormalidades hormonais e metabólicas decorrentes da

interação tumor-hospedeiro é conhecido como a caquexia do

câncer, que se manifesta como desnutrição grave (NOVAES;

PANTALEÃO, 2004).

Uma pesquisa realizada em um hospital de referência em

oncologia na cidade de Belém-PA, com 60 pacientes portadores

de câncer em tratamento quimioterápico, identificou que 88,3%

dos pacientes apresentavam pelo menos um efeito colateral

decorrente do tratamento. Dentre os sintomas relatados pelos

pacientes estavam náuseas (65%), disgeusia (60%), fadiga

(55%), inapetência (53,3%), xerostomia (50%) e vômito (45%),

podendo afetar significativamente o estado nutricional e a

qualidade de vida do paciente oncológico (MIRANDA et al.,

2013).

Realizar uma avaliação do estado nutricional e

determinar o diagnóstico nutricional do paciente, no momento

da admissão hospitalar, é imprescindível para execução de uma

triagem nutricional e estabelecimento de condutas efetivas

sobre a evolução clínica dos pacientes hospitalizados,

principalmente aqueles com neoplasias malignas (NEHME et

al., 2006).

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Na Tabela (3) encontram-se os dados obtidos após

realização de uma comparação entre os itens dietéticos

consumidos habitualmente pela criança participante do estudo

e as recomendações nutricionais para paciente oncológico

pediátrico submetido à quimioterapia e à radioterapia.

Observou-se que a criança consumia diariamente uma média

de 2407,05 kcal, estando este valor além das recomendações

calóricas propostas pelas DRIs (2006). Quanto ao consumo de

micronutrientes, os carboidratos (56%) e lipídios (29%) estavam

dentro da faixa de normalidade segundo as DRIs (2006), porém,

a proteína (1,6g/kg/dia) estava aquém da recomendação

(2,0g/kg/dia), segundo valor preconizado pela Aspen (2002).

Tabela 3. Consumo Alimentar x Recomendação Nutricional

Itens dietéticos Consumo Habitual Recomendação DRI’s (2006) /Aspen (2002)

Calorias (kcal/dia) 2407,05 1196,68 Carboidratos (%)

56%

45% a 65%

Proteínas (g/kg/dia)

1,6

2,0

Lipídeo (%) 29% 20% a 35%

Fonte: Dados da pesquisa. 2016

A alimentação da criança foi avaliada durante a

internação da mesma, podendo este fato ter interferido no

consumo alimentar adequado, já que no hospital as refeições

são oferecidas preconizando-se a qualidade e a quantidade

adequadas. Todas as refeições eram realizadas por via oral,

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UM ESTUDO DE CASO

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sem adição de suplementos ou polivitamínicos. Provavelmente,

o consumo calórico estava além da recomendação pelo fato de

a menor encontrar-se desnutrida.

A determinação das necessidades nutricionais pode ser

obtida por meio de várias equações, não havendo, na literatura,

recomendação específica estabelecida para crianças

submetidas à quimioterapia e à radioterapia. Por essa razão,

com base na prática clínica, foi consenso adotar, para cálculo

das necessidades calóricas, a equação da Dietary Reference

Intake (DRIs, 2006), e as recomendações proteicas da Aspen

(2002).

Além da avaliação da composição química dos

macronutrientes da dieta habitual, realizou-se análise da

frequência de consumo alimentar com base nos grupos

alimentares propostos pela Pirâmide Alimentar Infantil

Brasileira, podendo-se observar que os grupos de

cereais/raízes/pães/massas, frutas/sucos, verduras/legumes,

carnes/ovos e derivados, leguminosas, gorduras e açúcares

estavam todos dentro das recomendações, apenas o grupo de

leite e derivados ficou abaixo das recomendações de consumo

diário (Tabela 4).

Tabela 4. Frequência de consumo alimentar com base nos grupos alimentares propostos pela Pirâmide Alimentar Infantil Brasileira.

Grupos Alimentares Frequência de Consumo

Vegetais/legumes Consome diariamente, duas vezes por dia.

Frutas/sucos Consome diariamente, três vezes ao dia.

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Leite e Derivados Consome diariamente, uma vez ao dia.

Carnes/ovos e derivados Consome diariamente, duas vezes ao dia.

Leguminosas Consome diariamente, uma vez ao dia.

Cereais, raízes, pães, massas Consome diariamente, 8 porções ao dia.

Gorduras Consome diariamente, duas vezes ao dia.

Açúcares Consome diariamente, uma vez ao dia.

Fonte: Dados da pesquisa. 2016

Analisando de uma forma geral a alimentação da criança,

a frequência de consumo alimentar foi satisfatória. Porém,

deve-se considerar a necessidade de variedade na

alimentação, principalmente de frutas, verduras e legumes que

são fontes excelentes de antioxidantes.

A utilização de nutrientes imunomoduladores em

pacientes oncológicos, associada a nutrientes antioxidantes,

com a finalidade de estabilizar o catabolismo e reduzir os danos

peroxidativos, tem demonstrado resultados promissores

(GARÓFOLO; PETRILLI, 2006).

Na Tabela (5), encontram-se as drogas utilizadas no

tratamento da criança estudada, com suas respectivas

interações nutricionais, efeitos clínicos e recomendações

gerais.

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Tabela 5. Interação Droga-Nutriente, efeitos clínicos e recomendações gerais dos fármacos em uso.

Medicamentos Interação

Efeito Clínico

Recomendação

CEFEPIME Sódio ↑ risco de nefrotoxicidade ↑ TGO ↑ TGP ↑ Fosfatasse Alcalina ↑ Ureia ↑ Creatinina

Na conduta dietoterápica devemos minimizar as alterações das funções renal e hepática.

CLORETO DE POTÁSSIO

Cálcio ↑ risco de hipercalcemia ↑ níveis plasmáticos de potássio

Monitorar níveis plasmáticos de cálcio e sinais e sintomas de hipercalcemia

RANITIDINA Tem o potencial de afetar a absorção, o metaboli

Pode provocar náuseas, vômitos, dor abdominal, cefaleia,

Pode ser administrado com ou sem alimentos, aguardar 30-60min

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smo e a excreção renal de outros medicamentos

constipação, proteinúria e diminuição da absorção de vitamina A, B1 e B12.

da administração de alimentos que causem azia.

SULFAMETAZOL/TRIMETOPRIM

Diminui a glicose, e ocorre depleção do ácido fólico.

Pode ocorrer estomatite, glossite, diarreia, náuseas, vômitos, reações alérgicas, erupções cutâneas, fotossensibilidade, cansaço, vertigem, cefaleia, edema, insônia, icterícia e pancreatite.

A conduta nutricional deve assegurar uma ingestão hiper-hidrica e suplementação de micronutrientes.

DECADRON Sódio Retenção de sódio, retenção de liquido, perda de potássio e

Ofertar mais líquidos na dieta, reduzir o sódio da

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UM ESTUDO DE CASO

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hipertensão.

alimentação e adicionar uma suplementação de potássio.

METHOTREXATO ↓a absorção da vitamina B12, vitamina C, vitamina D, folacina, cálcio e gorduras.

Pode provocar náuseas, vômitos, anorexia, gengivite, alteração no paladar, estomatite, úlcera gástrica, diarreia, esteatorrei, depressão, diminuição de leucócitos, anemia, aumento de ácido úrico, ureia, creatinina, TGO e TGP.

A dieta tem como objetivo a regularização das alterações do trato gastrointestinal, das funções hepáticas e renal.

HIDROCORTISONA O fármaco ↓a absorção

Pode provocar esofagite, náuseas,

O fármaco deve ser ingerido com a

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de cálcio e fósforo. ↑excreção de nitrogênio, potássio, cálcio, zinco, vitamina C, ácido úrico e glicose.

vômitos, dispepsia, gastrite ou úlcera péptica gástrica, flatulências, entre outros.

alimentação para diminuir as alterações do TGI.

CEFTRIAXONA Cálcio Tratamento de infecções do trato respiratório, otite média aguda bacteriana, infecções da pele e da estrutura da pele.

Não administrar com alimentos que tenham cálcio, pois pode haver diminuição da absorção do fármaco.

Fonte: Dados da pesquisa. 2016

A associação entre os fármacos e nutrientes possibilita a

ocorrência de interações indesejáveis, permitindo um aumento

ou diminuição da eficácia da droga, bem como do nutriente.

Considera-se interação entre alimentos e medicamentos

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quando um alimento ou um nutriente altera a eficácia de um

medicamento, ou quando há interferência sobre o estado

nutricional do indivíduo. Portanto, não só os fármacos podem

interferir sobre a absorção e o aproveitamento dos nutrientes,

como alguns alimentos e nutrientes também podem interferir

sobre a ação destes (GOMEZ; VENTURINI, 2009).

Além dos sintomas relacionados ao tratamento

quimioterápico que reduzem a ingestão alimentar e podem

alterar o metabolismo dos nutrientes, reduzindo sua utilização

corporal, os medicamentos utilizados no caso estudado

reduzem a absorção e/ou aumentam a excreção de muitas

vitaminas e minerais, como vitamina A, D, C, B1, B12, cálcio e

zinco. Este fato é relevante e deve ser observado pela equipe

de nutrição no intuito de oferecer na dieta fontes alimentares

destes nutrientes, inclusive a possibilidade de suplementação,

no intuito de evitar as deficiências de micronutrientes que são

tão comuns.

4 CONCLUSÕES

Os resultados deste estudo de caso demonstraram a

necessidade de uma avaliação clínica e nutricional completa,

identificando-se as alterações gastrintestinais que podem ser

ocasionadas pela neoplasia e pelo tratamento quimioterápico.

Quanto à presença de sinais e sintomas foram

observados dor, vômito, náusea, diarreia, emagrecimento e

febre, todos relacionados ao comprometimento do estado

nutricional, por interferirem na ingestão alimentar, digestão,

absorção, metabolismo e excreção de nutrientes.

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No que diz respeito ao consumo alimentar, os

macronutrientes carboidratos e lipídios encontraram-se dentro

do recomendado, e apenas a proteína apresentou valor abaixo

da recomendação, podendo reduzir a competência

imunológica, aumentar os riscos de desnutrição energético-

proteica, intensificar o catabolismo e dificultar a resposta ao

tratamento.

De acordo com a análise da interação droga-nutriente,

percebe-se o risco de inadequação de micronutrientes, já que

as drogas utilizadas no tratamento reduzem a absorção e/ou

aumentam a excreção de vitaminas e minerais, como: vitamina

C, A, D, B1, B12, cálcio e zinco. Assim, faz-se necessário um

acompanhamento nutricional com essa paciente de maneira a

evitar que haja um déficit maior de micronutrientes essenciais

para o crescimento e desenvolvimento nesta faixa etária.

O diagnóstico e a intervenção nutricional precoces

devem ser metas prioritárias das equipes que tratam pacientes

com câncer, na tentativa de solucionar, pelo menos parte do

problema, em curto prazo.

Assim, a implantação de protocolos de terapia

nutricional, adaptados à realidade da nossa população, deve

ser efetuada para que, no mínimo, esses pacientes tenham a

chance de receber o tratamento planejado, evitando-se a

redução na dose das drogas, o atraso dos ciclos de

quimioterapia ou da cirurgia, e o aumento do risco de

toxicidades, infecções e morte.

Os resultados apresentados neste estudo são limitados,

considerando o fato de ser um estudo de caso com uma única

criança envolvida. Entretanto, esses dados podem ser

utilizados para estimular e justificar a necessidade do

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desenvolvimento de mais pesquisas que contribuam para o

conhecimento das condições nutricionais de crianças tratadas

por câncer em nosso país.

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AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE IDOSOS PRATICANTES DE HIDROGINÁSTICA

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CAPITULO 3

AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE IDOSOS PRATICANTES DE HIDROGINÁSTICA

Karlla Jane S. MARTINS1

Janilson Avelino da SILVA2

1Graduada do curso de nutrição, FIP/ 2 Professor,Orientador das FIP

[email protected]

RESUMO: A antropometria é um meio abrangente usado na avaliação nutricional de idosos, principalmente por se tratar de um meio de baixo custo, não invasivo. A avaliação nutricional tem como objetivo detectar as alterações e riscos nutricionais, além de avaliar a magnitude desses problemas, para elaborar condutas nutricionais que proporcionem a recuperação ou manutenção adequada do estado nutricional do indivíduo Esse estudo tem como objetivo geral avaliar o estado nutricional dos idosos praticantes de hidroginástica. A amostra é constituída por 15 idosos praticantes de hidroginástica, sendo que 14 eram do sexo feminino e 01 do sexo masculino. Foram utilizados como instrumentos para coleta de dados um questionário em que continham questões sociodemográficas, questões relacionadas a prática de atividade física, histórico familiar de doenças crônicas não transmissíveis e histórico clínico, além disso espaço para registro das variáveis antropométricas. Peso e estatura. Índice de Massa Corporal (IMC). Circunferências da cintura (CC), quadril (CQ) e panturrilha (CP). Dobra cutânea bicipital (DCB), tricipital (DCT), subescapular (DCSE) e suprailíaca (DCSI). A partir dos resultados obtidos, pode-se inferir que os idosos avaliados apresentaram excesso de peso corporal, que é reflexo de um IMC inadequado. A avaliação nutricional assim como as orientações nutricionais são

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maneiras de incentivar a adoção de uma alimentação. Palavras - chave: Idosos. Avaliação Nutricional. Atividade Física. 1 INTRODUÇÃO

O envelhecimento é um processo que ocorre de forma

natural que pode se manifestar através da redução das funções

de diferentes órgãos em função do tempo. Não se pode

determinar um ponto certo dessa transição, como nas outras

fases da vida.O envelhecimento ocasiona mudanças e

desgastes em muitos sistemas funcionais, de forma progressiva

e irreversível. O momento em que estas transformações

aparecem, quando passam a serem notadas e como crescem,

diverge de uma pessoa para outra (OLIVEIRA et al, 2010).

A Organização Mundial da Saúde reconhece como

idoso, nos países em desenvolvimento, aqueles que chegarem

à idade de 60 anos, assim como também a legislação brasileira

(lei no 8.842/94, em seu artigo 2º, parágrafo único) entende que

são considerados idosos as pessoas com mais de 60 anos, de

ambos os sexos, sem diferenciação de cor, etnia e ideologia

(CAVALCANTI et al, 2011).

A partir dos registros de envelhecimento populacional,

gerou-se uma necessidade de aprofundamento e entendimento

a respeito do papel do nutricionista no estímulo e manutenção

da autonomia dos idosos. Durante essa fase, o nutricionista

poderá contribuir para o reconhecimento dos indivíduos em

risco de desenvolvimento de doenças crônicas não

transmissíveis (DCNT) e realizar uma intervenção alimentar

para prevenção e controle dessas patologias (SAMPAIO, 2004).

O envelhecimento pode reduzir as capacidades físicas,

psicológicas e comportamentais de forma irreversível, tornando

as pessoas mais suscetíveis as agressões interiores e

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exteriores, desta forma caracteriza-se por uma maior

suscetibilidade, celular, tecidual, orgânica e nos aparelhos e

sistemas. As mudanças na formação corporal de um indivíduo

ao decorrer dos anos são um processo habitual que acontece

em função da idade, ainda que o nível diferencie entre os

indivíduos (CAVALCANTI et al, 2011).

O desenvolvimento econômico dos últimos anos vem

aumentando a expectativa de vida da população, porém esse

aumento está ligado ao desenvolvimento das doenças crônicas

não transmissíveis que geralmente se manifestam em

indivíduos com idade mais avançada. Essas patologias ocupam

os primeiros lugares nas estatísticas de mortalidades mundiais

(OLIVEIRA et al., 2013).

Em menos de 40 anos passamos de um contexto de

mortalidade respectivo de uma população jovem para um

quadro de patologias complexas, típicas dos idosos, qualificado

por enfermidades que se estendem por anos, que exigem

cuidados progressivos. O aumento da expectativa de vida é um

aspecto positivo, porém é necessário considerar que a

longevidade só será um fator benéfico se integrar qualidade aos

anos a mais de vida (VERAS, 2011).

Um terço da população adulta brasileira é atingido pelo

excesso de peso, tendência que vem aumentando nos últimos

anos. Há uma predominância maior de casos de obesidade

entre as mulheres, incluindo as idosas. Em ambos os gêneros,

o auge acontece entre 45 e 64 anos. O excesso de peso

corporal tem uma importância ainda maior entre os idosos,

tendo em vista que entre estes se observa uma regularidade

mais elevada de patologias (CAVALCANTI et al., 2011).

O crescimento dos casos das DCNT’s é um efeito direto

da urbanização acelerada, o aumento da expectativa de vida,

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as modificações dos padrões alimentares, o crescimento do

tabagismo, a inatividade física, dentre outros fatores (ISER et

al., 2012).

O aumento das DCNT’s na morbimortalidade da

população nos últimos anos causou uma preocupação mundial,

em relação ao impacto destas enfermidades na qualidade de

vida e no desenvolvimento econômico dos países (ISER et al.,

2012).

A estratégia global da Organização Mundial da Saúde

(OMS) foi aprovada em maio de 2004 pela 57º assembleia

mundial, sobre saúde, alimentação saudável e atividade física.

A estratégia global reconhece o problema que representa as

doenças crônicas não transmissíveis, a prevenção dessas

doenças é um desafio importante para a saúde pública.

Segundo a OMS os fatores de risco mais consideráveis para

essas patologias são a hipertensão arterial, hipercolesterolêmia

o baixo consumo de frutas, verduras e legumes, a inatividade

física e o tabagismo (CAVALCANTI et al., 2011).

Um estilo de vida inapropriado aumenta a ineficácia

metabólica, que colabora basicamente para a quebra da

homeostasia corporal. Esse fato, aos poucos, torna o indivíduo

mais vulnerável a lesões orgânicas, favorecendo o

desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis

(DCNT) (GOTTLIEB et al., 2011).

Os idosos apresentam mudanças no perfil

antropométrico, como o aumento nas reservas de gordura

corporal, redução da massa muscular magra, diminuição da

altura pelo comprometimento da densidade óssea vertebral,

diminuição do percentual de água corpórea, entre outras

(WACHHOLZ et al, 2011).

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Com o envelhecimento, o estado nutricional dos

indivíduos é diretamente afetado, seja por questões patológicas

ou fisiológicas. Diferentes alterações que acontecem de forma

natural no organismo quando se está envelhecendo são

capazes de mudar o estado nutricional, desde as mudanças nas

primeiras fases do processo, como alterações na mastigação,

seja pela ausência de dentes ou mesmo pela diminuição da

saliva, até problemas como a redução da eficácia dos

processos de absorção e eliminação (WACHHOLZ et al, 2011).

Almeida et al. (2010), relata que a prática de atividade

física é um dos fatores que contribuem para um envelhecimento

saudável e ativo. Praticar exercícios, como por exemplo, a

hidroginástica, frequentemente ajuda a diminuir os riscos das

DCNT e doenças degenerativas. Somado a isso existe o fato de

a maioria dos idosos preferir esse tipo de exercício.

A pressão tranquilizante que se tem quando está na

agua, ajuda a aliviar os edemas e dores nas articulações caso

estejam presentes, e contribuem para o aumento da

flexibilidade. A prática de exercícios aquáticos ajuda a diminuir

a autocritica que os idosos têm sobre si mesmo, já que quando

estão submersos não podem ver seus próprios movimentos. A

hidroginástica contribui para a melhoria de todos os

componentes: aeróbicos, força muscular, resistência muscular,

flexibilidade, assim como a composição corpórea (ALMEIDA et

al, 2010).

Diversos autores mencionam os efeitos hipotensores

que acontecem pós-exercício, sejam esses aeróbicos ou de

resistência. Dessa forma, pode-se ter nos exercícios uma

provável maneira de tratamento ou de prevenção não

farmacológica. Existem diversos benefícios incorporados, tais

como melhoria da qualidade de vida fornecida pelo treinamento

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físico, o que diminui as mudanças fisiológicas prejudiciais que

ocorrem com o aumento da idade (CANUTO et al, 2011).

O exercício físico regular estabelece uma intervenção

capaz de retardar a diminuição da aptidão aeróbica que ocorre

juntamente com o envelhecimento. Pessoas que envelhecem

praticando exercício físico demostram menores reduções nas

habilidades aeróbicas quando relacionadas às pessoas

fisicamente inativas. Os exercícios resistidos são vistos como

importantes para acréscimos na massa e força muscular,

diminuindo a progressão da sarcopenia e repercutindo em um

melhor desempenho dos idosos nas atividades (GUIDO et al,

2010).

A avaliação nutricional em idosos é um meio para a

identificação dos indivíduos em risco nutricional. A avaliação

deve incluir exames bioquímicos e exames antropométricos

para um melhor diagnóstico do estado nutricional do indivíduo;

é o primeiro passo para a recuperação de qualquer alteração

nutricional (DUARTE, 2007).

A avaliação nutricional tem como objetivo detectar as

alterações e riscos nutricionais, além de avaliar a magnitude

desses problemas, para elaborar condutas nutricionais que

proporcionem a recuperação ou manutenção adequada do

estado nutricional do indivíduo. A avaliação nutricional é um

mecanismo utilizado para diagnóstico, que verifica a partir de

diferentes ângulos o estado nutricional, definidos pelos

processos de ingestão, absorção, utilização e excreção dos

nutrientes (MUSSOI, 2015).

O estado nutricional é resultante da associação entre

consumo alimentar e necessidades nutricionais, sua avaliação

tem como objetivo reconhecer os indivíduos em risco, e auxiliar

na recuperação e promoção da saúde. Os parâmetros utilizados

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de uma forma isolada não são considerados confiáveis para

determinar as condições nutricionais de uma forma geral, sendo

necessário utilizar a associação de diversos indicadores do

estado nutricional para ampliar a precisão do diagnóstico

(FISBERG et al, 2009).

A intervenção dietética é reconhecida como um

tratamento isolado ou associado de diversas doenças como,

obesidade, doenças cardiovasculares, hipertensão, dentre

outros, porém para que o tratamento nutricional seja válido deve

ser realizado um diagnóstico adequado. A avaliação dietética é

usada para fornecer auxilio para o desenvolvimento de planos

nutricionais, para estimar a ingestão alimentar, se estar

adequada, inadequada se há consumo excessivo ou carências

(FISBERG et al, 2009).

A antropometria é um método de avaliação muito

importante para determinar o estado nutricional dos indivíduos.

É a partir dela que se pode verificar o crescimento e composição

corpórea. Com relação à composição corporal podem-se avaliar

os dois principais compartimentos de massa corpórea total:

tecido adiposo e massa livre de gordura. São utilizados diversos

indicadores que podem ser usados para avaliação, de maneira

isolada ou associados (DUARTE, 2007).

A antropometria é um meio não invasivo que tem como

objetivo definir e controlar a composição corpórea e classificar

a distribuição de gordura corporal, correlacionando com o

desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis. As

principais alterações referem-se a diminuição de massa magra

e a distribuição dos padrões de gordura, a altura tende a

diminuir cerca de 1-2 cm a cada dez anos, sendo essa redução

mais intensa em idosos (MASTROENI et al, 2010).

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Considerado o meio mais usado em avaliação nutricional

em idosos, os elementos antropométricos constantemente

usados para este grupo etário compreendem peso, altura,

dobras cutâneas e circunferências do braço, da cintura, quadril

e panturrilha que é considerada a medida mais sensível e eficaz

de massa magra (MASTROENI et al., 2010).

Com base no peso e altura, calcula-se o Índice de Massa

Corpórea (IMC), que pode ser usado em associação a outras

variáveis antropométricas na avaliação do estado nutricional no

caso dos idosos devido as alterações fisiológicas que ocorrem

com a idade o IMC é diferenciado.

A avaliação da habilidade funcional em idosos é

importante também, pois pode identificar riscos de dependência

futuras quedas, morbidade e são adequadas para conduzir

estratégias terapêuticas nos idosos, visando que tais

informações complementem a avaliação nutricional (VILAÇA et

al, 2011).

A antropometria é um meio abrangente usado na

avaliação nutricional de idosos, principalmente por se tratar de

um meio de baixo custo, não invasivo, e aplicado

universalmente e com uma boa aceitação pelos indivíduos

(MENEZES, MARUCCI, 2010).

Esse estudo tem como objetivo geral avaliar o estado

nutricional dos idosos praticantes de hidroginástica.

2 MATERIAL E MÉTODOS

Trata-se de um estudo quantitativo, de caráter descritivo

e transversal. A amostra é constituída por 15 idosos, sendo que

14 eram do sexo feminino e 01 indivíduo do sexo masculino

participantes do Projeto Vida Ativa, praticantes de

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hidroginástica, vinculado as Faculdades Integradas de Patos-

FIP. Foram selecionados indivíduos com idade igual ou superior

a 60 anos que fossem participantes dessa modalidade.

A amostragem utilizada foi do tipo não probalística por

conveniência em que os indivíduos foram escolhidos pela

disponibilidade de participação da pesquisa.

Foram utilizados como instrumentos para coleta de

dados um questionário em que continham questões

sociodemográficas, questões relacionadas à prática de

atividade física, histórico familiar de doenças crônicas não

transmissíveis e histórico clínico, além disso espaço para

registro das variáveis antropométricas.

Foram avaliadas as medidas antropométricas de peso e

estatura. Posteriormente obteve-se o Índice de Massa Corporal

(IMC) para que assim se conseguisse classificar o estado

nutricional. Em relação às circunferências, coletaram-se as:

circunferências da cintura (CC), quadril (CQ) e panturrilha (CP).

O peso foi aferido utilizando uma balança antropométrica

Filizola® com capacidade para 150 kg e precisão de 100

gramas, estando o idoso usando roupas leves e descalço. A

estatura foi verificada com antropômetro vertical fixo à balança

com o indivíduo ereto, descalço e utilizando roupas adequadas,

de acordo com a técnica de Frisancho (1984).

O Índice de massa corpórea (IMC) foi obtido através da

divisão do peso em quilos (kg), pela estatura em metros (m) e

elevado ao quadrado, o resultado é obtido em kg/m². E sua

classificação de acordo com o IMC específico para a população

idosa: (<22 km/m² magreza) (22 km/m² eutrofia,) (> 27 km/m²

excesso de peso) e o estado nutricional foi classificado segundo

valores críticos propostos por Lipschitz (1994).

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65

A identificação do risco de doenças cardiovasculares foi

realizada utilizando-se a relação cintura-quadril (RCQ) e

classificada segundo Lohmanet al.(1988), que considera: risco

baixo – RCQ (< 0,91), risco moderado entre (0,91-0,99) e risco

alto entre (1,00-1,03) para indivíduos do sexo masculino. E para

mulheres, risco baixo (< 0,76), risco moderado entre (0,76-

0,84), risco alto (0,85- 0,90).

A CC foi utilizada ainda de forma isolada para avaliar o

acúmulo de gordura abdominal e o risco de doenças

cardiometabólicas. Os valores foram classificados de acordo

com (NIH, 2000) (CC:> 80cm elevada) (> 88 muito elevada)

para mulheres e (>94cm elevada) ( > 102 muito elevada) para

homens.

O risco para desnutrição foi avaliado a partir da CP, em

que valores inferiores a 31 cm são considerados marcadores

de desnutrição segundo Chumelea (1995).

A CP avalia o estoque muscular na perna e é muito

usada como parâmetro de desnutrição e perda de massa

muscular em idosos (VALDUGA, ALVES 2014).

Todas as circunferências foram avaliadas utilizando

uma fita métrica inelástica Macrolife® conforme Callawayet al.

(1998)

Todas as dobras foram aferidas utilizando-se um

adipômetro da marca Cescorf® estando o individuo de pé,

usando roupas leves, adequadas e posicionados de acordo

com Harrison et al. (1988).

O protocolo para determinação do percentual de gordura

foi o de quatro dobras compostas pelas: dobra cutânea bicipital

(DCB), tricipital (DCT), subescapular (DCSE) e suprailíaca

(DCSI) e analisados a partir de uma tabela que contém o

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66

respectivo percentual de acordo com a idade e o sexo

(DURNIN, WOMERSLEY, 1974).

Para determinar o percentual de gordura corporal (G%)

nos idosos obesos foram utilizadas fórmulas específicas

descritas abaixo, visto que não é adequado o uso de

adipômetro:

Mulheres: G% = 0.11077 x (circunf. abdominal) –

0.17666 x (estatura) + 0.14354 x (massa corporal) + 51.03301.

Homens: G% = 0.31457 x (circunf. abdominal) – 0.10969 x

(massa corporal) + 10.8336 (GUEDES, GUEDES, 1998). Todas

as medidas foram realizadas antes da prática da hidroginástica.

Os dados foram tabulados no Microsoft Excel, versão 2010, e

analisados através do software Stastistical Package for the

Social Sciences versão 22.0 (SPSS®). Realizaram-se

estatísticas descritivas para caracterização da amostra.

Esse estudo foi aprovado pelo comitê de ética e pesquisa

das Faculdades Integradas de Patos-FIP, obtendo o número de

protocolo nº 1.364.02, em 11 de dezembro de 2015.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A amostra foi constituída por 14 idosas do sexo feminino

(93,3%) e 01 idoso do sexo masculino (6,7 %), totalizando 15

participantes. A partir dos resultados observou-se uma maior

participação das mulheres na prática de hidroginástica. No

estudo de Valduga e Alves (2014), também foi possível

observar uma maior predominância de idosas na prática de

atividade física em que 94,1% da amostra eram do sexo

feminino e apenas 5,8% eram do sexo masculino.

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67

As mulheres são mais participativas em atividades

voltadas para a promoção da saúde, por consequência de suas

experiências e exposições nos serviços de saúde em outras

fases da vida (CERVATTO, 2005). Além disso, toda a amostra

classificou a saúde como principal motivo para a prática de

hidroginástica.

A partir da análise do histórico familiar dos idosos, foi

possível identificar que 20 % da amostra relatou histórico

familiar de doenças cardiovasculares e 26,6 % para

hipertensão. Em relação a história clínica dos participantes,

demonstrou-se que 53,3 % dos idosos sofrem de algum tipo de

doença crônica não transmissível.

A média de idade encontrada no presente estudo (Tabela

1) é semelhante à pesquisa de Freitas et al. (2008), em que os

idosos apresentaram uma média de idade de 67,7 anos. Nos

dois estudos é notável a prevalência dos idosos jovens (60 a

69,9 anos) praticando atividade física, o que pode ser

considerado um ponto positivo tendo em vista que, quanto mais

cedo o idoso for inserido na prática de atividade física, melhor

será para melhoria e manutenção do estado de saúde (Valduga

e Alves 2014).

A partir da média de peso corporal identificada (Tabela

1) pode-se observar similaridade com o estudo de Valduga e

Alves (2014), em que os idosos apresentaram peso corporal

médio de 80, 51 kg e também eram praticantes de

hidroginástica.

O excesso de peso foi identificado em outro estudo com

idosos, em que apresentaram prevalência de obesidade

superior a 50%, similarmente ao presente estudo. Apesar do

excesso de peso ser algo preocupante, principalmente quando

se fala em idosos, tendo em vista todos os riscos que esse

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excesso e massa corporal poderá causar, é sabido que a

prática de atividade física contribui para a manutenção/melhoria

do estado nutricional (MATSUDO, 2002).

A avaliação da gordura corporal (Tabela 2) demonstrou

que todos os idosos estudados apresentaram elevado

percentual (%) de gordura corpórea, conforme WHO (1998). A

alta quantidade de gordura corporal exerce efeitos negativos no

desenvolvimento de DCNT, por isso a quantificá-las em idosos

é importante, pois poderá garantir intervenções direcionadas à

adequação dos compartimentos corporais (LACOURT,

MARINI, 2006).

Com o aumento da idade há uma perda progressiva da

massa magra, representada pelo processo de sarcopenia e um

aumento da proporção de gordura corpórea. Além disso, ocorre

uma diminuição da estatura e relaxamento da musculatura

abdominal.

O elevado percentual de gordura corporal na terceira

idade é um fator que merece atenção. A adoção de uma

alimentação saudável e a prática de atividade física regular são

meios de minimizar os prejuízos causados pelas patologias

ligadas ao sobrepeso e obesidade.

Tabela 1. Caracterização dos idosos praticantes de

hidroginástica.

Variáveis N Mínimo Máximo Média

Idade (anos) 15 60,00 71,00 63,80

Peso Atual

(Kg) 15 50,00 92,50 76,58

Estatura (m) 15 1,47 1,78 1,79

G % 15 26,50 75,80 58,02

*G % = Percentual de gordura corporal

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Grande parte dos idosos avaliados apresentou

obesidade, como pode-se observar na (Tabela 2), coincidindo

com um estudo realizado na cidade de Maringá (PR), em que

61,11% dos idosos avaliados apresentaram obesidade e

também praticavam hidroginástica (ELIAS et al, 2012). O

excesso de peso encontrado nesses estudos pode estar ligado

a diferentes causas, como má alimentação, redução da

frequência nas aulas de hidroginástica, intensidade e volume da

prática (VALLE, 2007).

Tabela 2. Avaliação do estado nutricional de idosos praticantes

de hidroginástica

Classificação do IMC Percentual ( %) Frequência (n)

Eutrófico 6,7 % 1

Sobrepeso 33,3% 5

Obesidade 60,0 % 9

*IMC = Índice de massa corpórea

A Tabela 3 apresenta a distribuição dos idosos em

níveis de classificação da circunferência da cintura (CC), em

que se pode observar que 26,7 % dos idosos apresentaram

circunferência da cintura elevada e 66,7% muito elevada o que

aponta riscos para o desenvolvimento de doenças

cardiovasculares (NIH 2000).

A alta predominância do risco de desenvolvimento de

doenças cardiovasculares nos idosos do presente estudo

(Tabela 3) é similar com os resultados da pesquisa de Menezes

et al. (2013), em que 50% dos idosos avaliados apresentaram

valores superiores a 87,5 cm da circunferência da cintura.

Os resultados obtidos para a CC é algo preocupante,

tendo em vista que a obesidade localizada na região abdominal

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pode desencadear sérios problemas de saúde que relacionada

as doenças cardiovasculares, hipertensão e resistência a

insulina podem ser contabilizados como fatores de risco para a

síndrome metabólica (GRAVINA et al. 2010).

Tabela 3. Classificação da circunferência da cintura em idosos

praticantes de hidroginástica

Circunferência da

Cintura

Percentual ( %) Frequência (n)

Elevado 26,7 4

Muito Elevado 66,7 10

A Relação Cintura-quadril (RCQ) apresentou elevadas

proporções de risco cardiovascular em toda a amostra avaliada.

Resultados similares foram encontrados na pesquisa de Felix e

Sousa (2009), em que 98,5 % da amostra apresentou risco de

doenças cardiovasculares. A RCQ é relacionada a gordura

visceral, através dela é possível classificar a obesidade em

ginecóide e andróide quando os seus valores apresentam–se

superiores a 1,0 para os homens e 0,85 para a mulheres

(ACUNÃ, 2004).

De acordo com a avaliação da Circunferência da

panturrilha (CP) foi possível observar que toda a amostra

(100%) apresentou resultados superiores a 31 cm da CP,

indicando um improvável processo de sarcopenia, visto que

essa é região bem sensível a perdas de massa magra (NAJAS,

2011). A CP estima a reserva muscular na perna, e é muito

utilizada como indicador de desnutrição e como perda de massa

muscular em idosos (MASTROENI, 2010).

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71

A amostra avaliada expõe um inadequado estado

nutricional, apesar de os mesmos serem praticantes de uma

atividade física, mas que por causas desconhecidas e

multifatoriais não demonstram um estado nutricional compatível

com o gasto energético, perfil antropométrico e de composição

corporal que esperaria ser encontrado.

O presente estudo apresentou diversas dificuldades, em

relação à disponibilidade de participantes para a pesquisa,

podendo-se observar o limitado número de voluntários,

principalmente do sexo masculino.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir dos resultados obtidos, pode-se inferir que os

idosos avaliados apresentaram excesso de peso corporal, que

é reflexo de um IMC inadequado. O percentual de gordura

apresentou-se elevado e requer uma associação ao IMC para

um melhor diagnóstico do estado nutricional desses idosos da

hidroginástica.

Percebe-se assim, uma necessidade da

presença/acompanhamento do profissional nutricionista nos

grupos de idosos durante a prática de exercício físico, tendo em

vista a importância da manutenção de um adequado estado

nutricional na terceira idade.

A avaliação nutricional assim como as orientações

nutricionais são maneiras de incentivar a adoção de uma

alimentação saudável que unida à prática de atividade física

podem garantir uma melhor qualidade de vida para esses

idosos.

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AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE IDOSOS PRATICANTES DE HIDROGINÁSTICA

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AVALIÇÃO NUTRICIONAL DE CRIANÇAS ASSISTIDAS POR UMA CRECHE EM UM MUNICÍPIO DE PEQUENO PORTE

76

CAPÍTULO 4

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE CRIANÇAS ASSISTIDAS POR UMA CRECHE EM UM MUNICÍPIO DE PEQUENO

PORTE

Juliana Késsia Barbosa SOARES¹ Larissa Maria Gomes DUTRA ²

Viviane Priscila Barros de MEDEIROS³

Rita de Cássia de Araújo BIDÔ³

Maria Juliete da Silva OLIVEIRA³

¹ Docente da UFCG/Docente PPGCTA-UFPB ²; Especialista em Nutrição Clínica pela Estácio de Sá; ³Pós-graduandos em Ciência e Tecnologia de Alimentos, UFPB.

[email protected]

RESUMO: A realização de ações de vigilância nutricional e de educação alimentar de forma contínua é essencial para o público infantil, sendo a creche um ambiente estratégico no desenvolvimento desses tipos de intervenções. Assim o objetivo do presente trabalho foi avaliar o estado nutricional de crianças matriculadas em uma creche pública do município de Picuí/PB. Para tanto realizou-se a avaliação antropométrica de 67 pré-escolares. Com relação ao indicador peso para a idade foram identificadas crianças desnutridas 3 (4,5%), com baixo peso 8 (11,4%), eutróficas 39 (58,2%), com sobrepeso 12 (17,9%) e obesidade 5 (7,5%). De acordo com o indicador estatura para a idade encontrou-se baixa estatura para a idade 5 (7,5%), risco de baixa estatura para idade 8 (11,4%), estatura adequada para a idade 48 (71,6%), risco de estatura elevada para idade 1 (1,5%) estatura elevada para idade 5 (7,5%). No tocante ao indicador peso para a estatura foram detectadas crianças desnutridas 2 (4,2%), com baixo peso 5 (10,1%), eutróficas 27 (56,3%), com sobrepeso 10 (20,8%) e obesidade 4 (8,3%). Quanto ao indicador IMC para a idade foram identificadas crianças desnutridas 2 (3%), com baixo peso 9

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(13,4%), eutróficas 39 (58,2%), com sobrepeso 11 (16,4%) e obesidade 6 (9%), observou-se também que 33 (60%) crianças estavam com sobrepeso e 22 (40%) com baixo peso. Palavras-chave: Creche; Avaliação Nutricional; Educação

Nutricional.

1 NTRODUÇÃO

A situação nutricional do público infantil reflete as condições

de saúde e de vida da população, na qual está intimamente

relacionada ao atendimento as necessidades básicas como

alimentação, saneamento, acesso aos serviços de saúde,

educação, dentre outros. (TUMA; COSTA; SCHMITZ, 2005).

No Brasil, um número crescente de crianças dos estratos

sócio-econômicos menos favorecidos dos centros urbanos vem

sendo atendidas em creches gratuitas. A demanda por estes

serviços é grande e tende a aumentar com a participação

crescente da mulher no mercado de trabalho (FISBERG;

MARCHIONI; CARDOSO, 2004), fazendo com que haja menor

tempo disponível para o cuidado com a alimentação da família,

o que favorece a adoção de hábitos de vida não saudáveis.

Além disso pode-se citar outros fatores causais como a

ampliação e diversidade da oferta de alimentos industrializados

e a crescente comercialização de produtos alimentícios em

grandes redes de supermercados (GARCIA, 2003).

A creche é um ambiente especial, criado para oferecer

condições para o desenvolvimento integral e harmonioso da

criança, estimulando-as nas esferas biológica, psicossocial,

cognitiva e espiritual, onde vários profissionais respondem pela

implementação dos cuidados integrais e necessários à criança

nesse espaço (ARAÚJO; LEMOS; CHAVES, 2006).

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Pesquisas mostram que crianças que frequentam

creches apresentam maior risco de desenvolver diarréia e

doenças infecciosas respiratórias. Em contrapartida, várias

investigações destacam a importância das creches como fator

positivona melhoria do estado nutricional das crianças, em

especial para aquelas de menor renda familiar (COSTA et al,

2008).

Outro estudos elencam que os benefícios da assistência

a pré-escolares nas creches estão diretamente relacionados à

melhor oferta nutricional, bem como aos processos de

socialização e estímulo psicomotor, além do apoio à família

para a guarda segura de seus filhos (ROCHA et al, 2008).

O estado nutricional do indivíduo é resultante da

disponibilidade, do consumo, da absorção e das necessidades

individuais de nutrientes, dentre outros fatores, ficando evidente

a influência que o ambiente exerce sobre a saúde e bem estar

geral das pessoas. Para tanto faz-se necessário a realização

constante de ações de vigilância nutricional, em virtude da alta

prevalência de distúrbios nutricionais, como a desnutrição

energético-protéica, a anemia ferropriva e obesidade em

crianças (MACHADO et al, 2005).

Assim, o objetivo do presente estudo foi avaliar o estado

nutricional de crianças matriculadas em uma creche pública do

município de Picuí/PB que recebem merenda escolar planejada

dentro dos princípios e normas estabelecidas pelo Programa

Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).

2 MATERIAIS E MÉTODO

Trata-se de um estudo do tipo transversal, realizado por

meio da avaliação antropométrico de 67 pré-escolares (76,14%

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dos alunos) na faixa etária de 2 a 6 anos de idade, regulamente

matriculados em uma Creche Municipal do município de

Picuí/PB nos turnos matutino e vespertino, sendo 34 sexo

feminino e 33 do sexo masculino. A avaliação nutricional foi feita

com auxílio das curvas da Organização Mundial de Saúde

(OMS), para tanto foram utilizadas as tabelas de percentis de

peso/idade, estatura/idade, peso/estatura e IMC/idade.

Além disso, foram realizadas atividades de Educação

Alimentar e Nutricional de forma lúdica. A pesquisa

compreendeu o período de 31 de março a 10 de abril do ano de

2014.

O instrumento utilizado para a coleta de dados foi um

prontuário, no qual continha espaços para coleta de dados

pessoais, antropométricos (peso e altura) e o Índice de Massa

Corporal (IMC), calculado pela fórmula: peso/(altura)². Ao final

da pesquisa, todos os prontuários foram arquivados no

ambiente de creche para intervenções futuras pela equipe de

nutriciconistas do munípio e pela equipe de saúde da família

através do programa saúde na escola.

A ficha de matrícula da criança foi utilizada para a

obtenção de dados pessoas. Para a aferição do peso, foram

usadas balanças digitais com capacidade máxima de 150 Kg e

graduação de 100 g. Para avaliação da massa corporal, o aluno

ficou em pé, descalço e foi orientado a se posicionar na balança

de forma ereta, com o peso distribuído igualmente nas duas

pernas, braços estendidos ao longo do corpo e o olhar para o

horizonte, segundo o Plano de Frankfort. Para a aferição da

altura, o aluno foi posicionado junto à fita métrica de modo que

sua cabeça, nádegas e calcanhares estivessem encostados na

parede, em posição ereta, com o peso distribuído igualmente

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nas duas pernas, braços estendidos ao longo do corpo e o olhar

para o horizonte de acordo com o Plano de Frankfort

Para a análise dos índices Peso por Idade, Peso por

Estatura e IMC por Idade foram utilizados as seguintes

classificações: desnutrição para percentil <3, baixo peso para

percentil ≥3 e <15, normalidade ou eutrofia para percentis no

intervalo entre 15 e 85, sobrepeso para percentis no intervalo

≥85 e <97, e obesidade para percentil ≥97. Em relação a

Estatura por Idade os índices foram avaliados da seguinte

forma: Baixa Estatura para a Idade para percentis <3, risco de

Baixa Estatura para a Idade para percentis ≥3 e <15, Estatura

Adequada para Idade para percentis no intervalo entre 15 e 85,

risco de Estatura Elevada para Idade para percentis no intervalo

≥85 e <97 e Estatura Elevada para a Idade para percentis ≥97.

Figura (1) – Avaliação antropométrica das crianças: aferição do

peso

Fonte: própria

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Figura (2) – Avaliação antropométrica das crianças: aferição da

altura

Fonte: própria

Figura (3) – Atividade Lúdico pedagógica

Fonte: própria

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Figura 4, mostra a distribuição do indicador peso para

a idade em escala de percentis, onde foram identificadas

crianças desnutridas, com baixo peso, eutróficas, com

sobrepeso e obesidade, 3 (4,5%), 8 (11,4%), 39 (58,2%), 12

(17,9%) e 5 (7,5%), respectivamente.

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Figura 4 – Estado Nutricional de Pré-escolares: percentil Peso

por Idade

Fonte: Pesquisa direta, 2014

A Figura 5 mostra a distribuição do indicador estatura

para a idade em escala de percentis, onde foram detectadas

crianças com baixa estatura para a idade, risco de baixa

estatura para idade, estatura adequada para a idade, risco de

estatura elevada para idade, 5 (7,5%), 8 (11,4%), 48 (71,6%), 1

(1,5%) e 5 (7,5%), respectivamente.

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Figura 5- Estado Nutricional de Pré-escolares: percentil

Estatura por Idade

Fonte: Pesquisa direta, 2014

A Figura 6 mostra a distribuição do indicador peso para

a estatura em escala de percentis, onde foram detectadas

crianças desnutridas, com baixo peso, eutrófica, com

sobrepeso e obesidade, 2 (4,2%), 5 (10,1%), 27 (56,3%), 10

(20,8%) e 4 (8,3%), respectivamente.

Figura 6– Estado Nutricional de pré-escolares: percentil Peso

por Estatura

Fonte: Pesquisa direta, 2014

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84

A Figura 7 mostra a distribuição do indicador IMC para a

idade em escala de percentis, onde foram detectadas crianças

desnutridas, com baixo peso, eutrófica, com sobrepeso e

obesidade, 2 (3%),9 (13,4%), 39 (58,2%), 11 (16,4%) e 6 (9%),

respectivamente.

Figura 7- Estado Nutricional de pré-escolares: percentil IMC por

Idade

Fonte: Pesquisa direta, 2014

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85

A Figura 8 mostra um aumento de peso em crianças,

onde foram detectadas 33 (60%) crianças com sobrepeso e 22

(40%) escolares com baixo peso.

Figura 8 Distribuição em porcentagens de Baixo peso e

Sobrepeso em pré-escolares

Fonte: Pesquisa direta, 2014

O grupo avaliado apresentou distribuição homogênea

entre os sexos, tendo todas as crianças idade acima de 24

meses, corroborando com o perfil de acesso das crianças

brasileiras às creches, no qual há maior abrangência de

atendimento a pré-escolares acima de dois anos (SILVA, et al.

2000).

O perfil do grupo antropométrico em estudo, quando

comparados aos percentis de referência apresentados nas

curvas da OMS, indica que há maior prevalência de crianças

com sobrepeso nos percentis peso/idade (17,9%),

peso/estatura (20,8%) e IMC/idade (16,4%) quando se compara

com as crianças de baixo peso, (11,4%), (10,1%) e (13,4%),

respectivamente. Silva et al. (2001), estudando a demanda de

crianças atendidas em ambulatório, concluíram que as

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86

prevalências de sobrepeso e obesidade foram elevadas entre

pré-escolares. O estudo supracitado, que foi realizado em

crianças de famílias de classe socioeconômica baixa, reforça os

resultados encontrados em Mogi-Guaçú (FERNANDES;

GALLO; ADVÍNCULA; 2006), porém com crianças de família

com abrangência socioeconômica maior. Os achados

endossam a ideia de que a obesidade infantil vem se tornando

um problema de saúde pública independente da classe

econômica social.

Pesquisas elucidam que a diminuição das taxas de

desnutrição e aumento nos percentuais de obesidade tem

ocorrido em curto intervalo de tempo, agregando uma nova

preocupação no âmbito das políticas públicas que envolvem os

cuidados alimentares e nutricionais com as crianças. É

importante destacar que a obesidade infantil traz riscos a saúde

principalmente na vida adulta, que estão relacionados com o

desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis

(FERNANDES; GALLO; ADVÍNCULA, 2006). O crescente

aumento do número de indivíduos obesos pode ser atribuído às

mudanças no estilo de vida, em em especial dos hábitos

alimentares.

Não obstante, o Brasil vem passando por um processo

de transição nutricional caracterizado por uma redução

marcante na prevalência da desnutrição infantil e um aumento

do sobrepeso e obesidade (COUTINHO; GENTIL; TORAL,

2008), corrobando assim com os dados apresentados no

presente estudo, onde foi identificado que 33 (60%) dos pré-

escolares apresentam-se com sobrepeso e 22 (40%) das

crianças com baixo peso.

Em estudo realizado por Oliveira, Costa e Rocha (2011),

onde analisou-se o nível de conhecimento de escolares em

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87

relação aos hábitos alimentares, por meio de um questionário

de múltipla escolha, foi demonstrado 41,21% (n=29) de acertos,

no entanto, após a intervenção lúdica, em um segundo

momento, a média de acertos foi aumentada 67,83% (n=47).

Gaglianoneetal (2006) e Freitas (2009), comprovaram em suas

pesquisas que ações de educação nutricional nas escolas

apresentam importância fundamental para o desenvolvimento

de hábitos de vida saudáveis.

Sendo assim pode-se notar a importância de ações de

Educação Alimentar e Nutricional no empoderamente sobre o

conhecimento de hábitos de vida saudáveis, principalmente na

faixa etária infantil, onde ocorre o desenvolvimento de diversos

aspectos relacionados à criança em toda sua dimensão, tais

como, comportamento, caráter, desenvolvimento psicomotor e

não obstante o hábito alimentar. No tocante à subjetividade dos

resultados da atividade lúdica realizada após a avaliação

nutricional dos escolares, percebeu-se em diálogo com as

crianças, que o resultado da intervenção foi positivo e produtivo,

pois as mesmas mostraram ter absrovido os conhecimentos

transmitidos durante o decorrer da atividade.

4 CONCLUSÕES

A idade infantil se configura como uma fase onde são

necessárias diversas intervenções, sendo essencial uma

atenção especial nessa estapa da vida, pois é exatamente

nesse momento que inúmeros hábitos da vida da criança são

formados. Dentre essas possíveis intervenções, o

acompanhamento do desenvolvimento por meio da avaliação

antropométrica, bem como a promoção de ações de Educação

Alimentar e Nutricional, são de importância relevante, pois

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contribuem para o empoderamente do conhecimento

relacionado a alimentação adequada e saudável nessa fase

crítica da vida. Dessa forma, o trabalho realizado mostra-se

importante, uma vez que contribui de forma positiva no

acompanhamento do estado nutricional e promoção de hábitos

alimentares saudáveis e abre portas para que os temas,

desenvolvimento de crianças de creche e alimentação saudável

sejam trabalhados em momentos futuros no embiente escolar.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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AVALIÇÃO NUTRICIONAL DE CRIANÇAS ASSISTIDAS POR UMA CRECHE EM UM MUNICÍPIO DE PEQUENO PORTE

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AVALIAÇÃO DO CONSUMO DE SUPLEMENTOS POR PRATICANTES DE MUSCULAÇÃO E SEUS POSSÍVEÍS EFEITOS SOBRE A FUNÇÃO RENAL

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CAPÍTULO 5

AVALIAÇÃO DO CONSUMO DE SUPLEMENTOS POR PRATICANTES DE MUSCULAÇÃO E SEUS POSSIÍVEIS

EFEITOS SOBRE A FUNÇÃO RENAL

Ewelen Natchara Alves MENDES1

Luciana Maria Martinez VAZ2

1 Graduanda do curso de Nutrição, FPB; 2Orientadora/Professora da FPB. [email protected]

RESUMO:Comumente encontramos pessoas que conhecem ou possuem alguma alteração a nível renal, podendo torna-se irreverssível. Dentre os principais fatores que contribuem para esse índice destaca-se hábitos alimentares em dietas hiperproteicas. Apesar de sua função anabólica, não existe nenhuma vantagem na ingestão excessiva de proteínas, tendo em vista a impossibilidade de seu armazenamento pelo organismo. O consumo excessivo de proteína pode sobrecarregar a função renal e implicar em disfunções do metabolismo. Portanto, a referida pesquisa trata-se de uma pesquisa de campo, que possui natureza qualitativa, com caráter descritivo e tem como objetivo avaliar o consumo de suplementos por praticantes de musculação e seu possível efeito sobre a função renal. Dentre os indivíduos avaliados 92% apresentavam estado nutricional eutrófico, enquanto que 8% encontrava-se com sobrepeso. Quanto ao consumo proteico apenas 16% da amostra estava ingerindo a quantidade ideal e 84% estava ingerindo acima da quantidade recomendada pela literatura. No que se refere a indicação de uso de suplementos, verificou-se que 34% consomem por iniciativa própria, 52% consome por indicação do Educador Físico, 10% possuem acompanhamento com Nutricionista e 4% por indicação de amigos. Portanto, conclui-se que uma porcentagem relevante

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AVALIAÇÃO DO CONSUMO DE SUPLEMENTOS POR PRATICANTES DE MUSCULAÇÃO E SEUS POSSÍVEÍS EFEITOS SOBRE A FUNÇÃO RENAL

91

da amostra possui hábitos alimentares em dietas hiperproteicas podendo vir a apresentar alterações na função e fisiologia renal em decorrencia de uma alimentação desequilibrada. Palavras-chaves:Sistema Renal. Excesso. Proteínas.

1 INTRODUÇÃO

De acordo com a Sociedade Brasileira de Nefrologia

(2013), um a cada dez brasileiros sofrem de doenças renais, a

qual afeta 5 a 10% da população mundial. Dentre os fatores que

contribuem para esse índice, destaca-se pressão alta, diabetes,

obesidade e hábitos alimentares em dietas hiperproteicas.

Vive-se em uma época em que as pessoas, buscam o

corpo “esteticamente perfeito”, recorrendo a vários tipos de

dietas e suplementos, na esperança de atingir um novo nível de

bem-estar ou desempenho físico. Os praticantes de

musculação muitas vezes colocam em risco sua saúde,

apostando em dietas hiperproteicas, fazendo uso de

suplementos de maneira totalmente inadequada, tentando

melhorar a aparência física.

Acredita-se que o uso excessivo e indevido de dietas

hiperproteicas possa causar algum dano ao Sistema Renal,

modificando assim, o seu funcionamento normal, de uma forma

que possa afetar a homeostase corpórea e manutenção do

órgão. Os efeitos causados pelo consumo excessivo de

proteínas podem ser irreversíveis para a saúde humana.

O Sistema renal é formado por dois órgãos denominados

de rins, os quais realizam a maior parte das funções de

excreção, filtrando o sangue e recolhendo deste, os resíduos

metabólicos de todas as células do nosso corpo (MOORE,

2007).

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AVALIAÇÃO DO CONSUMO DE SUPLEMENTOS POR PRATICANTES DE MUSCULAÇÃO E SEUS POSSÍVEÍS EFEITOS SOBRE A FUNÇÃO RENAL

92

Os rins são órgãos importantes para manter o equilíbrio

do corpo. Sua função é eliminar através da urina os restos e

excessos da alimentação que o corpo não pode usar.

Normalmente, realiza sua função pela filtração, secreção e

reabsorção contínua de sangue (ZAMBRA; HUTH, 2010).

Fermi (2003) enfatiza que sua função básica é limpar o

plasma sanguíneo de substâncias indesejáveis ao organismo,

como as proteínas finais do metabolismo, ureia, creatinina,

ácido úrico e uratos, através da filtração.

Quando os rins não funcionam direito as substancias não

excretadas começam a se acumular em nosso organismo,

causando um desequilíbrio na homeostase corpórea. Segundo

Dangelo e Fanttini (2007), o rim é capaz de prover a função

adequada se o rim oposto estiver lesionado ou afuncional.

Mendes e Bregman (2010) relata que, o aumento na

ingestão proteica pode ter relação direta ou indireta com o

diagnostico de proteinúria, uma vez que esse aumento promove

maior oferta de produtos metabólicos e das próprias proteínas

disponíveis no organismo, no caso, na urina.

A uremia é outra patologia renal que tem suas causas

ligadas ao metabolismo proteico e consequentemente a dieta.

Os nitrogênios não proteicos, que incluem a ureia, o ácido úrico

e a creatinina são diretamente responsáveis pela mesma. A

uremia se refere ao nível elevado de ureia existente no sangue.

As concentrações de alguns compostos, em particular a ureia,

podem aumentar por ate 10 vezes o normal durante 1 a 2

semanas de insuficiência renal (GUYTON; HALL, 2002).

Dentre os diversos fatores que afetam o treinamento de

força, um dos mais frequentemente associados ao aumento de

força muscular é o aspecto nutricional, mais especificamente, a

ingestão de proteínas. As proteínas são moléculas formadas

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por longas cadeias lineares de seus elementos constitutivos

próprios: os aminoácidos (TRAMONTE, 2003).

A ingestão proteica acima das necessidades orgânicas

leva ao aumento das reações catabólicas de seus aminoácidos,

desencadeando a produção de subprodutos como ureia

(H2NCONH2), trifosfato de adenosina (ATP), gás carbônico

(CO2), glicose (C6H12O6); acetil coenzima A e corpos

cetônicos. Alguns destes subprodutos podem resultar em

efeitos adversos ao organismo (MARCHIONI et al., 2004).

Outra hipótese pela qual as dietas hiperproteicas podem

ser deletérias a nível renal é devido ao seu conteúdo dietético

excessivo de produtos finais de glicosilação avançada (AGE)

que têm uma ação nefrotóxica direta (BOHLENDER, 2005).

Apesar de sua função anabólica, não existe nenhuma

vantagem na ingestão excessiva de proteínas, tendo em vista a

impossibilidade de seu armazenamento pelo organismo. Todo

o excesso calórico na forma de proteína deverá ser

transformado em gordura, assim como o nitrogênio adicional

advindo da maior ingestão proteica deverá ser eliminado pelo

sistema urinário. O consumo excessivo de proteína pode

sobrecarregar a função renal e implicar em disfunções do

metabolismo. O consumo adicional de suplementos proteicos

acima das necessidades diárias (1,7g/Kg/dia) não determina

ganho de massa muscular adicional, nem promove aumento de

desempenho (TALES, 2003).

A Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte (2009)

recomenda que praticantes de atividade física tenham um

consumo máximo de 1,7g/kg de proteínas.

Geralmente pessoas que iniciam ou vivem no meio da

musculação em academias costumam associar o ganho de

massa muscular ao consumo “extra” de proteínas, assim, é

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disseminado a um alto consumo de alimentos e suplementos

proteicos por tais indivíduos (PEREIRA e CABRAL, 2007).

No que se diz respeito á atividade física, a alimentação é

considerada um dos principais fatores determinantes para a

otimização do desempenho, pois a capacidade de rendimento

do organismo melhora através de uma nutrição adequada, com

a ingestão equilibrada de todos os nutrientes (CORTEZ, 2011).

Contudo, essa compreensão pode ser erroneamente aplicada,

quando a ganância por obter um corpo idealizado pela

sociedade, faz com que haja uma acessão do mercado voltado

à suplementação dietética (SABINO; MADEL; CARVALHO,

2010).

Paralelo á prática de atividade física, a utilização de

suplementos alimentares vem crescendo constantemente, pois

muitos destes produtos apresentam promessas de hipertrofia

muscular, diminuição de excesso de gordura corpórea e

melhoria do desempenho esportivo (HISRSCHBRUCH, 2008).

Suplementos Nutricionais são definidos como substâncias

adicionais á dieta principalmente: vitaminas, minerais, ervas e

botânicos, aminoácidos, metabólicos, constituintes, extratos ou

combinações de qualquer desses ingredientes (Willians, 2004).

De acordo com Santos e Barros (2002), é consenso, na

comunidade científica, que a dieta pode fornecer todos os

nutrientes necessários a uma vida saudável. Sendo assim, a

suplementação da dieta é recomendada apenas em situações

específicas.

Segundo Hernandes e Nahas (2009), os suplementos

alimentares, se bem empregados, melhoram o rendimento nas

atividades físicas, além de garantir maior disposição para

realizar tarefas cotidianas. No entanto, o uso indiscriminado e

sem orientação de um profissional capacitado pode causar

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danos á saúde como problemas hepáticos, sobrecarga renal,

aumento da gordura corporal e desidratação (WAGNER, 2011).

Assim sendo, esse estudo investiga o consumo de

suplementos por praticantes de musculção e seus possíveís

efeitos sobre a função renal, analisando as repostas negativas

desse tipo de dieta, que podem acometer a fisiologia e função

do Sistema Renal. O principal objetivo deste trabalho é

descrever a função do Sistema Renal, bem como explicar os

efeitos do excesso de proteína para a fisiologia renal.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

O referido trabalho se trata de uma pesquisa transversal,

de campo, qualitativa, e quanto aos objetivos caracteriza-se

como exploratória, tendo em vista que os dados observados

nos permitirão definir estes objetivos; e descritiva, pois

permitirão avaliar o consumo de suplementos por praticantes de

musculção e seus possíveis efeitos sobre a função renal.

Segundo GIL 2008, uma pesquisa é exploratória

proporciona maior familiaridade com o problema, tornando-o

explícito. Pode envolver levantamento bibliográfico, entrevistas

com pessoas experientes no problema pesquisado.

Geralmente, assume a forma de pesquisa bibliográfica e estudo

de caso.

Pesquisa descritiva é usada para descrever as

características de determinadas populações ou fenômenos.

Algumas hipóteses podem ser formuladas com base em

conhecimentos prévios, procurando confirmá-las ou negá-las.

Nesse tipo de estudo é extremamente importante a exatidão e

precisão dos dados coletados (GIL, 2008).

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96

A pesquisa foi realizada em uma academia de musculação,

em João Pessoa, com 50 alunos, de ambos os sexos, maiores

de 18 anos e que fazem uso de suplementos alimentares.

Quanto a coleta de dados, foram aplicados questionários de

consumo alimentar, contendo questões abertas e fechadas,

para avaliar os hábitos alimentares de cada indivíduo envolvido

na pesquisa. O questionário foi composto por questões como

uso de suplemento, freqüência de consumo, quantidade a ser

consumida, indicação de uso, alimentos proteicos mais

consumidos ao longo do dia, alem de, outras questões relativas

ao perfil de freqüentadores de academias.

Os intrumentos utilizados para realizar a avaliação

nutricional, constituem-se de uma balança de marca g tech,

com capacidade de 150kg, que tem como intuito o peso da

massa corpórea, estadiômetro da marca sanny com capacidade

de medição de 115 a 210cm, equipamento que é necessário

para verificação da estatura, e com esses dois resultados o

cálculo do IMC.

O IMC foi obtido através da fórmula (IMC = peso corporal/

estatura²). Para classificar o estado nutricional da amostra foi

utilizado o valor proposto pela organização mundial de saúde

(OMS, 1995), que tem no seu índice as seguintes

classificações: abaixo do peso, peso normal, excesso de peso,

obesidade I, obesidade II e obesidade III (ver tabela abaixo).

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FONTE: OMS, 1995.

A análise dos dados foi realizada através dos programas

do Microsoft Office 2007, Word e Excel, através de planilhas de

dados, bem como, do aplicativo Tecnonutri, para analise dos

alimentos. Todos os dados recolhidos foram avaliados e as

respostas foram transcritas e discutidas com base em análise

quantitativa, qualitativa e descritiva, juntamente com a

fundamentação teórica dos resultados obtidos.

Os participantes da pesquisa foram devidamente

esclarecidos a respeito dos objetivos, métodos, riscos e

benefícios da pesquisa, para a qual foram seguidas todas as

normas éticas vigentes, os que concordaram em participar,

assinarão o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

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98

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Figura 1. Distribuição dos indivíduos segundo o gênero.

FONTE: Dados de pesquisa, 2016.

Quanto ao gênero, 28 (56%) eram do sexo feminino e 22

(44%) do sexo masculino. Resultados bem parecidos com o de

Adam e colaboradores (2013), onde a prevalência era do

gênero feminino 62,9% e 37,1% do gênero masculino. A média

de faixa etária da população estudada ficou entre 18 a 42 anos,

similar ao aos encontrados por Fontes e colaboradores (2010),

onde as idades dos entrevistados variam entre 18 a 40 anos.

44% Masculino

56%Feminino

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99

Figura 2. Distribuição do Estado Nutricional dos participantes.

FONTE: Dados de pesquisa, 2016.

De acordo com a IMC, foi possível avaliar o estado

nutricional dos participantes da pesquisa, dentre eles, 92%

encontra-se em estado eutrófico e 8% dos entrevistados

encontram-se com sobrepeso. Estes resultados são coerentes

aos encontrados por Hallak (2007) e Colaboradores que

identificaram em seus estudos que de acordo com IMC a maior

parte dos participantes (81,4%) apresentavam peso adequado

a altura, enquanto que um pequeno percentual (18,6%)

encontravam-se acima do peso.

92%Eutrófico

8%Sobrepeso

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100

Figura 3. Distribuição quanto á quantidade de suplementos consumida pelos participantes.

FONTE: Dados de pesquisa, 2016.

Demonstrou-se que 32% dos participantes fazem uso de

apenas 1 tipo de suplemento, 36% fazem uso de 2 tipos de

suplementos, 14% utilizam 3 tipos de suplementos e 18% fazem

uso de 4 tipos de suplemento.

O uso indiscriminado dos suplementos bem como a

associação de vários deles, oferece sérios riscos á saúde

humana. Segundo Linhares e Lima (2006), um estudo realizado

no Laboratório Antidoping da Colômbia pela comissão médica

da COI (Comitê Olímpico Internacional) ao analisar 634

suplementos alimentares provenientes de 13 países, verificou a

presença de substâncias não declaradas em seus rótulos.

Dentre elas, esteroides, precursores de hormônios e

estimulantes do sistema nervoso central. Estas substâncias

podem causar aumento da pressão arterial, alterações

cardíacas, distúrbios do sono, efeitos tóxicos, dependência

psicológica e risco de morte por insuficiência cardíaca.

32%

36%

14%

18%

1 Suplemento

2 Suplementos

3 Suplementos

4 Suplementos

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101

Figura 4. Distribuição quanto á indicação de uso dos suplementos.

FONTE: Dados de pesquisa, 2016.

No que se refere a indicação de uso dos suplementos,

verificou-se que, 34% tomam por iniciativa própria e nunca

tiveram acompanhamento com um profissional da área, a

grande maioria 52% consome por indicação do Educador

Físico, que na maioria das vezes atua com comércio na própria

academia, apenas 10% relatam possuir acompanhamento com

Nutricionista e 4% fazem uso por indicação de amigos, ou seja,

a grande maioria dos participantes em questão não possuem

um acompanhamento com um profissional especializado na

área e por muitas vezes acabam consumindo de forma

equivocada, sem que haja um esclarecimento sobre a

necessidade de consumo.

A grande variedade de suplementos alimentares

lançados no mercado e a influência produzida pela mídia tem

incentivado o aumento do consumo desses produtos nos

últimos anos. Em diversos estudos verificou-se que educadores

físicos, treinadores e a mídia influenciam e estimulam o

34%

52%

10% 4%

Iniciativa PrópriaEducador FísicoNutricionistaAmigos

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102

consumo de suplementos para praticantes de atividade física

de diversas modalidades (CANTORI, 2009; FONTES E

NAVARRO, 2010).

Entretanto, de acordo com a Resolução CFN n°390

(Brasil, 2006), o nutricionista é o profissional habilitado para

realizar a prescrição de suplementos alimentares, devendo

respeitar os níveis máximos de segurança regulamentados pela

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Tabela 1. Distribuição quanto ao tipo de suplemento mais consumido pelos participantes.

N %

Hipercalórico 8 16

BCAA 36 72

Creatina 13 26

Whey Protein 42 84

Albulmina 7 14

Glutamina 5 10

Maltodextrina 8 16

FONTE: Dados de pesquisa, 2016.

Dentre os suplementos mais consumidos pelos

entrevistados, seja por associação dos mesmos ou não,

destaca-se, Whey Protein 84%, BCAA consumido por 72%,

Creatina 26%, Hipercalórico sendo consumido por 16%,

Maltodextrina 16%, Albumina 14% e Glutamina 10%. Resultado

parecido ao encontrado por Silveira (2013), onde o Whey

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103

Protein era o mais consumido (54%) entre os alunos em

questão.

No que se diz respeito á prática de associação dos

mesmos, foi possível observar que 61% dos entrevistados

fazem uso de Whey Protein e BCAA juntos.

Tabela 2. Consumo de proteína em gramas por quilo de peso dos indivíduos avaliados.

FONTE: Dados de pesquisa, 2016.

Analisando os dados da tabela 2, observa-se que 68%

dos avaliados estão ingerido proteínas a mais do que o

recomendado pela Sociedade Brasileira de Medicina do

Esporte (2009). Segundo Marchione, 2004 a ingestão proteica

acima das necessidades orgânicas leva ao aumento das

reações catabólicas de seus aminoácidos, desencadeando a

produção de subprodutos como ureia (H2NCONH2), trifosfato

de adenosina (ATP), gás carbônico (CO2), glicose (C6H12O6);

acetil coenzima A e corpos cetônicos. Alguns destes

subprodutos podem resultar em efeitos adversos ao organismo,

sobretudo a nível renal já que muitos subprodutos do

metabolismo proteico têm sua síntese e excreção nesse órgão.

PTN/g/kg/peso N (%)

1g 3 (6%)

1 - 1,8g 13 (26%)

> 1,8g 34 (68%)

Total 50 (100%)

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104

4 CONCLUSÕES

Diante dos resultados obtidos com o referido estudo,

percebe-se que 68%, uma porcentagem relevante dos

indivíduos entrevistados fazem uso exagerado de maneira leiga

e equivocada de suplementos alimentares. Dentre os

suplementos mais consumido por eles desctaca-se Whey

Protein 84% e BCAA 72%, sobretudo com associação dos

mesmos.

Sabe-se que uma alimentação balanceada associada a

musculção é de extrema importância para o desenvolvimento e

desempenho físico, entretanto o aumento na ingestão proteica

sem necessidade não irá ecelerar todo esse processo, quanto

a essa prática percebe-se que os praticantes de musculção

estão cada vez mais adeptos ao uso incessante e equivocado

de suplementos alimentares, principalmente a base de

proteínas, podendo vir a afetar a homeostase corpórea,

sobretudo, a fisiologia renal. Pode-se perceber que apenas 10%

dos indivíduos possuem acompanhamento com profissional

Nutricionista.

Por isso faz-se necessário um acompanhamento com um

profissional nutricionista, para que o mesmo possa identificar a

necessidade calórica de cada individuo, considerando todos os

aspectos fisiológicos e especificidades individual para que não

haja excessos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL, Conselho Federal de Nutricionista. Resolução CFN no 390/2006. Regulamenta a prescrição dietética de suplementos nutricionais pelo nutricionista e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, 27/10/2006, Seção 1, p. 104-105.

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AVALIAÇÃO DO CONSUMO DE SUPLEMENTOS POR PRATICANTES DE MUSCULAÇÃO E SEUS POSSÍVEÍS EFEITOS SOBRE A FUNÇÃO RENAL

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OBESIDADE COMO UMA DOENÇA: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA DAS PRINCIPAIS IMPLICAÇÕES NA SAÚDE GERAL DO INDIVÍDUO, DECORRENTE

DO ACÚMULO EXCESSIVO DE GORDURA CORPORAL.

107

CAPÍTULO 6

OBESIDADE COMO UMA DOENÇA: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA DAS PRINCIPAIS IMPLICAÇÕES NA

SAÚDE GERAL DO INDIVÍDUO, DECORRENTE DO ACÚMULO EXCESSIVO DE GORDURA CORPORAL.

Faglanya Emanuelle Henrique AMANCIO 1

Pamela Rodrigues Martins LINS 1 1 Graduanda do curso de Nutrição, UFPB; 2 Orientadora/Professora do CCS/UFPB.

[email protected]

RESUMO: A Obesidade, antes considerada como símbolo de nobreza e riqueza é atualmente categorizada como doença desde 1985 pela Organização Mundial de Saúde. Entretanto ainda não temos esse conceito completamente entendido pela sociedade, visto que uma pessoa obesa dificilmente terá essa consciência de que está doente. Todavia a obesidade desencadeia diversas alterações sistêmicas na dinâmica corporal, em virtude do papel ativo do tecido adiposo como excretor de adipocinas inflamatórias e não inflamatórias, que provocam no corpo o surgimento de um completo desarranjo metabólico. Diante disso, é possível perceber que a obesidade, por retirar o estado de saúde do indivíduo, provocar desequilíbrio endócrino e metabólico, aumentar sua taxa de mortalidade e aumentar o risco de surgimento das mais diversas doenças é considerada uma doença, fato confirmado pela conclusão de que é possível de regressão com a perda do excesso de tecido adiposo corporal. Dessa forma, entendendo o conceito de doença como uma desordem no estado de saúde do indivíduo, analisando algumas das implicações endócrinas e o potencial inflamatório do tecido adiposo, as comorbidades associadas à obesidade expostas conclui-se que a obesidade

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OBESIDADE COMO UMA DOENÇA: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA DAS PRINCIPAIS IMPLICAÇÕES NA SAÚDE GERAL DO INDIVÍDUO, DECORRENTE

DO ACÚMULO EXCESSIVO DE GORDURA CORPORAL.

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pode ser considerada uma doença multifatorial, de alto potencial de mortalidade e que por isso deve ser prevenida o mais cedo possível. Palavras-chave: Obesidade. Comorbidades. Adipocinas.

1 INTRODUÇÃO

A Obesidade, antes considerada como símbolo de

nobreza e riqueza é categorizada como doença desde 1985

pela Organização Mundial de Saúde. Entretanto uma pessoa

obesa dificilmente terá essa consciência de que está doente,

embora já tenha ouvido falar dos riscos a que está sujeita de

desenvolver doenças como diabetes, hipertensão,

dislipidemias, sobrecargas articulares, etc.

Segundo Dâmaso (2001), a obesidade é caracterizada

não só pelo aumento do peso corporal, mas também pelo

aumento excessivo da massa adiposa depositada em vários

compartimentos corporais. A mensuração do estado nutricional

do individuo para fins de estudos populacionais é o Índice de

Massa Corporal (IMC) calculada através da relação peso

dividida pela altura ao quadrado, onde se o resultado alcançado

for superior a 30 o individuo já estaria enquadrado no primeiro

grau de obesidade. Embora o IMC possua limitações de

avaliação, para análise do panorama nutricional de populações

é ainda o método mais acessível de análise.

As associações que as pesquisas recentes têm realizado

entre a obesidade e o surgimento de diversas comorbidades

tem chamado a atenção dos pesquisadores ao estudo do papel

do tecido adiposo como um tecido não apenas de reserva de

energia, mas sim como um tecido metabolicamente ativo e com

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elevada produção hormonal capaz de modificar o

funcionamento normal do corpo humano, trazendo consigo a

possibilidade de desencadear uma série de doenças.

Diante da relevância do tema e dos fatos acima

expostos, esse estudo de revisão bibliográfica fornecerá uma

melhor compreensão do conceito de obesidade como uma

doença, em virtude das inúmeras implicações que o excesso de

peso e gordura corporal são capazes de ocasionar na saúde do

individuo. Sendo assim fica a pergunta a ser respondida através

dessa revisão: As implicações sistêmicas na saúde do indivíduo

são suficientemente relevantes para o estado de saúde ao

ponto de enquadrar a obesidade como doença?

2 MATERIAIS E MÉTODO

Essa pesquisa será realizada através de uma revisão

bibliográfica da literatura a cerca das comorbidades

relacionadas à obesidade e relevância do tecido adiposo nesse

papel de obesidade como doença.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Dificilmente fazemos associação do excesso de gordura

ao fato do pessoa ser doente, entretanto a obesidade é a uma

doença causada por fatores diversos tais como fator genético,

psicológicos, culturais, além de nutricionais e de estilo de vida

que atuam diretamente na sua causa e manutenção.

Cuppari (2014, p. 186) define a obesidade como uma

enfermidade crônica, que se caracteriza pelo acúmulo

excessivo de gordura comprometendo a saúde do indivíduo. A

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partir desse conceito é perceptível que a o excesso de peso já

se consolida como uma desordem crônica instalada que

compromete a qualidade de vida de quem é portador.

Vários são os estudos que fazem a associação da

obesidade ao risco de morte assim como nos elucida Krause

(2012, p. 471) ao trazer os dados científicos de um estudo de

coorte:

Um grande estudo, com mais de 100.000 homens e

mulheres norte-americanos com 50 anos ou mais que

participaram do estudo de coorte Cancer Prevention Study II

Nutrition Cohart, com duração de 9 anos, descobriu que a

obesidade está relacionada à morte. Os indivíduos com

cintura mais larga (pelo menos 119 cm em homens e 109 cm

em mulheres) tinham o dobro de risco de mortalidade quando

comparados àqueles com cinturas estreitas (89 cm ou menos

em homens e 76 cm ou menos em mulheres). Isto era verdade

em todos os IMC, mas era mais forte em mulheres de peso

normal, indicando o perigo da gordura visceral, da linha da

cintura ou abdominal. (Grifo do autor)

O tecido adiposo é muito irrigado vascularmente e com

potencial de refletir alterações endócrinas a nível plasmático,

tendo relevante função excretora. Conforme apresenta Leite et

al (2009, p.3), o tecido adiposo é considerado atualmente um

importante órgão endócrino metabolicamente ativo e que reflete

diretamente no controle, reversão e implicações clínicas do

excesso de peso.

Segundo Prado (2009, p.2), adipocina é um termo

universal adotado para descrever a proteína que é secretada (e

sintetizada) pelo tecido adiposo. Estas proteínas liberadas, tem

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os mais diversos papéis, já tendo sido catalogadas segundo

Leite et al (2009, p.3) 50 destas, agrupadas em categorias

funcionais distintas. Essa intensa atividade metabólica é capaz

de alterar o funcionamento perfeito dos mais diversos sistemas

corporais como endócrino, de equilíbrio energético, sexual,

imunizante, cardíaco, etc.

A literatura sugere ainda, que a obesidade seja um fator

de propensão a um estado de inflamação corporal, conforme

explica Leite et al (2009, p.5):

Acredita-se que o ganho de peso e hipertrofia dos

adipócitos haja compreensão dos vasos sanguíneos no tecido

adiposo branco, impedindo um suprimento adequado de

oxigênio. Ocorreria, então, hipóxia local e morte de alguns

adipócitos. Esse quadro desencadearia a cascata da resposta

inflamatória e também o processo de angiogênese, para

formação de novos vasos. Portanto, a condição de hipóxia por

si já seria suficiente para estimular a quimiotaxia de

macrófagos e induzir a expressão de genes pró-inflamatórios.

Segundo Sippel et al. (2014, p. 2), a resposta inflamatória

da obesidade leva não somente à elevação da expressão de

adipocinas não inflamatórias, mas também à redução de

adipocinas com propriedades anti-inflamatórias. Entre as

adipocinas anti-inflamatórias é possível citar a Interleucina 10

(IL-10), adiponcetina (adipoQ) e SFRP5

Além destas, também são conhecidas as adipocinas pró-

inflamatórias, ou seja, que promovem a inflamação.

Essa correlação se deve à análise dos níveis destas

adipocinas estarem alteradas em pacientes obeso, levando a

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crê, portanto que seja o tecido adiposo o responsável pelo

estado inflamatório, justificando o porquê de tantos

pesquisadores associarem à obesidade a um quadro de

inflamação crônica.

Vejamos, portanto, algumas das adipocinas que influem

nos quadros de inflamações do Tecido Adiposo e suas

implicações locais e sistêmicas:

TNF-α:

O fator de necrose tumoral alfa, encontra-se aumentado na obesidade e consegue ser diminuído com a adequação do peso. Conforme GENTIL (2012, p.55, apud, Ruan et al., 2002), é possível visualizar a ação do TNF-α:

A expressão gênica do TNF-α influencia tecidos

metabolicamente importantes, tais como tecido adiposo e

fígado. No tecido adiposo, o TNF-α inibe genes envolvidos na

captação e no armazenamento da glicose e de ácidos graxos

não esterificados (NEFAs) suprime genes para os fatores de

transcrição envolvidos na adipogênese e lipogênese e

promove mudanças na expressão de várias adipocinas,

incluindo adiponectina e IL-6. No fígado, o TNF-α suprime a

expressão de genes envolvidos na captação e no

metabolismo da glicose, na oxidação dos ácidos graxos e

aumenta a expressão dos genes envolvidos na síntese do

colesterol e ácidos graxos.

IL-6

A Interleucina 6 são também produzidas pelo tecido adiposo, contudo sua maior produção é proveniente de células não gordurosas. Porém, segundo GENTIL (2012, p.57, apud Bastard et al., 2000; Bastard et al., 2002; Fernandez-Real & Ricart, 2003), os níveis plasmáticos de IL-6 são altamente

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correlacionados à massa corporal. Logo quanto maior o sobrepeso, maior será a concentração plasmática de IL-6, que segundo o referido autor estimulam a liberação de gordura pelo fígado, o que pode contribuir para a hiperlipidimia associada à obesidade.

Ademais Sippel et al. (2014, p. 51) ainda traz em seu

artigo que há indicativos do papel da Interleucina 6 com o

desenvolvimento da diabetes:

Há indícios recentes de que a IL-6 exerça ação direta

sobre a sensibilidade à insulina, alterando a sinalização

insulínica em hepatócitos mediante a inibição do receptor de

insulina dependente de auto fosforilação, promovendo, desse

modo, resistência à ação do hormônio no tecido.

Conforme Sippel et al. (2014, p. 50), a IL-6 e o TNF-α,

são adipocinas com função imunológica, e são produzidas

pelos adipócitos em respostas a estímulos infecciosos ou

inflamatórios. Logo as mesmas favorecem o processo

inflamatório que se observa em quadros de obesidade, capazes

de refletir na qualidade de vida e saúde geral dos indivíduos.

CRP ou PCR

A Proteína C Reativa também produzida pelo tecido adiposo e considerada um marcador que favorece a inflamação corporal é relacionado, segundo GENTIL (2012, p. 58 apud, Hermsdorff & Monteiro, 2004) ao risco aumentado de doenças cardiovasculares. Para provar esse risco aumentado, GENTIL (2012, p. 58 apud, Rexrode et al., 2003) apresenta os dados de uma pesquisa que elucidam essa questão:

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Em um estudo envolvendo 773 mulheres, Rexrode et

al. (2003), verificaram uma estreita relação entre IMC e níveis

de CRP. A comparação entre os quartis com maior (>28,3

kg/m2) e menor (<22,4 kg/m2) IMC mostrou que os níveis d

CRP eram 4 vezes mais altos em mulheres com IMC elevado.

De acordo com os resultados, mulheres com IMC maior que

28,3 kg/m2 possuíam risco 12 vezes maior de apresentar altos

níveis de CRP, o que equivaleria a um risco 4 vezes maior de

doenças cardiovasculares e diabetes.

MCP-1

A proteína quimiotática de monócitos 1 segundo GENTIL (2012, p.60 apud, Sartipy & Loskutoff, 2003), é um potente atrator de monócitos, cuja expressão é aumentada na obesidade.

Leptina

Foi o primeiro hormônio associado à obesidade a partir de estudos realizados com ratos. É uma proteína secretada pelo tecido adiposo, tendo papel hormonal de regular o apetite e o metabolismo, ou como bem sintetiza Krause (2012, p.465), contribui para a plenitude em longo prazo, pela estimulação dos depósitos de energia de todo o corpo.

Segundo Gentil (2012, p.48 apud, Khan & Joseph, 2004),

a leptina influencia em outros mecanismos, conforme descrito:

Especificamente, a leptina parece inibir a liberação do

neuropeptídio Y (NPY), ácido gama-aminoburítico (GABA) e

estimular a de proopiomelanocortina (PMC). Como NPY e

GABA são orexígenos e POMC é anorexígeno, a leptina

promoveria a sensação de saciedade e aumentaria o gasto

energético.

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Além de efeitos sistêmicos a leptina é capaz de promover

alterações locais, tais como seu efeito no tecido adiposo de

oxidar gorduras, efeitos protetores nas funções cardíacas,

auxiliando na resistência à hipertensão, trombose e alterações

na fibrinólise. (GENTIL, 2012, p.49)

Outra referência científica se dá por Sippel (2014, p.52

apud, Fruhbeck G, 2001), onde relata que a leptina está

envolvida no aumento da oxidação lipídica e redução da síntese

de triglicerídeos e também possua efeitos sobre a fertilidade,

angiogênese, controle da pressão arterial e na osteogênese.

Há evidências científicas de que um aumento no tecido

adiposo provoca um aumento nos níveis de leptina, entendendo

ser uma resposta do corpo a esse aumento de peso, como

tentativa de controlar o apetite e adequar o metabolismo para

manter a homeostase do peso corpóreo. Entretanto na

realidade o que se percebe são os feitos opostos: quanto maior

o peso, maior o apetite, o acúmulo de gordura corporal. Uma

das hipóteses levantadas segundo GENTIL (2012, p.49, apud

Mattei et al., 2002; Huan et al. 2003), é que devido a defeitos

nos mecanismos de sinalização nos níveis receptores e pós-

receptores esses sinais não cheguem ao SNC.

Resistina

A resistina também secretada pelo tecido adiposo é capaz de promover a inflamação, além de afetar outros mecanismos corporais, conforme nos traz GENTIL (2012, p.53, apud, Gomez-Ambrosi & Fruhbeck, 2001; Shaffler et al., 2003), que argumenta que além do papel de resistência à insulina, a resistina também pode estar ligada a processos inflamatórios, como artrite.

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Esta adipocina também diminui a gliconeogênese

hepática e tem ação regulatória da adipogênese devido a sua

alta expressão nos pré-adipócitos. (Sippel, et al., p.52 apud,

Mcternan PG et al., 2002).

Adiponectina

Diferentes das outras adipocinas citadas, a adiponectina é menor em pacientes obesos e vai subindo à medida que se perde peso, em contra partida sabe-se que a mesma possui um efeito benfeitor para o corpo. Isso por que conforme nos apresenta Krause (2012, p.466), a adiponectina modula a regulação da glicose e o catabolismo dos ácidos graxos, atuando em diversos distúrbios metabólicos como obesidade e diabetes, por exemplo. Sendo, portanto considerada auxiliadora da saúde.

Segundo GENTIL (2012, p. 54, apud, Ouchi et al., 1999;

Hotta et al., 2000; Weyer et al., 2001; Okkola & Santaniemi,

2002; Beltowski, 2203; Ouchi et al., 2003: Frystyk et al., 2007),

sua concentração tem relação inversa com patologias como

diabetes, hipertensão e problemas cardiovasculares,

demonstrando que a obesidade atrapalha essa proteção.

Devido a essa atuação diferenciada, como adipocina

anti-inflamatória, Sippel (2014, p. 53 apud Fonseca-Alaniz MH,

2006; Berg AH, 2002), conclui que ela é considerada protetora

para doenças cardiovasculares, aterosclerose, resistência

insulínica, além de aumentar a oxidação lipídica. Entretanto,

Sippel (2014, p.53) nos traz uma realidade cruel, onde os

indivíduos obesos possuem baixos níveis plasmáticos quando

comparados a indivíduos eutróficos, além do que sua

expressão é reduzida pela presença de gordura visceral.

Angiotensina I

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A angiotensina I é um dos componentes do sistema renina-angiotensina, responsável pelo controle hídrico corporal.

Conforme descreve GENTIL (2012, p.49 apud Kershaw

& flieer, 2004), podemos conhecer o caminho desse sistema:

A renina cliva o angiotensinogênio, formando a

angiotensina I. Em seguida, a enzima conversora de

angiotensina (ECA) converte a angiotensina I em angiotensina

II, a qual tem uma série de efeitos sistêmicos e renais.

A concentração aumentada de angiotensina II

promove reabsorção de sódio nos túbulos renais e tem

potente efeito vasoconstritor, o que induz aumento da pressão

arterial e do volume vascular e estimula a secreção de

aldosterona pela glândula adrenal.

Ademais o angiotensinogênio, precursor da angiotensina

I e II, segundo Sippel et al. (2014, p.52), vem sendo relacionada

ao acúmulo de gordura corporal e sua participação estaria na

diferenciação de adipócitos, sugerindo maior secreção no

tecido adiposo visceral. O referido autor ainda menciona

relação da Angiotensina II como estimulador da lipogênese e

secreção de adipocinas promotoras de inflamações.

Ainda tem o agravante de que segundo Krause, (2012,

p.180) esse sistema controla a ingestão de líquidos e sensação

de sede. Essa sensação de sede é muitas vezes confundida

com o sinal da fome, provocando episódios de consumo

alimentar excessivos desnecessários.

PAI-1

Também conhecida como Inibidor do ativador de

plasminogênio, o mesmo inibe que o organismo converta

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118

plasminogênio em plasmina, uma enzima que digere os

coágulos dos vasos, portanto níveis aumentados devido à

liberação via tecido adiposo, tem participação nas complicações

cardiovasculares da obesidade.

Para GENTIL (2012, p.51, apud 51, apud Raji et al.,

2001; Schafer et al., 2001), além dos efeitos cardiovasculares,

estudos em ratos e humanos sugerem que o PAI-1 também tem

importante papel na resistência à insulina. Entretanto, nem

todas as adipocinas contribuem com o processo inflamatório,

existem outras que estão relacionadas às comorbidades

atribuídas à obesidade, sem participar do fenômeno

inflamatório, como a vistafina, apelina, vaspina e omentina.

Vistafina

Também chamada de fator estimulador das células pré-B ou nicotinamida, possui função análoga a da insulina, tendo, portanto seu desequilíbrio relacionado às desordens metabólicas como a obesidade, síndrome metabólica e diabetes.

Segundo Krause (2012, p.467 apud, Stevens e Vidal-

Puig, 2006), a vistafina tem suas concentrações plasmáticas

aumentadas com o incremento da adiposidade e resistência à

insulina. Ou seja, a obesidade favorece seu aumento

plasmático e consequentemente as desordens a ela

associadas, como os citados por Sippel (2014, p.52 apud,

Romacho, 2009; Adya R, 2009), no papel de inflamatório

vascular e na aterosclerose e os citados por Sippel (2014, p.52

apud Fukurana et al., 2005), na regulação da homeostase

glicêmica por sua ligação ao receptor de insulina.

Apelina

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119

Sua expressão aumenta com o ganho de peso e segundo estudos apresentados por Leite LD et al. (2009, p. 88) esse aumento está associado à hiperinsulinemia e possuir ação angiogênica.

Vaspina

Também com expressão aumentada na obesidade é uma adipocina recém-descoberta e com poucos estudos esclarecedores quanto aos seus efeitos deletérios.

Omentina

Igualmente recentemente descoberta, expressa preferencialmente no tecido visceral segundo Leite LD et al. (2009, p. 89), que está associada com resistência insulínica.

Diante da exposição acima elencada a cerca do papel do

tecido adiposo como órgão metabolicamente ativo, é possível

concluir que os indivíduos com excesso de peso apresentam

um nível superior de secreção de adipocinas que promovem a

inflamação e um nível diminuídos das adipocinas que conferem

o papel protetor da saúde, que faz com que o corpo do indivíduo

obeso tenha um metabolismo prejudicado pela existência de

excessivo tecido adiposo, em virtude do seu papel endócrino e

efeitos sistêmicos.

Tal como foi debatido, a obesidade altera as funções

sistêmicas, que ao longo do tempo refletirão no surgimento dos

sintomas e manifestação das mais diversas desordens

metabólicas e doenças.

Não é difícil de com essas informações já citadas,

entender o porquê a obesidade é considerada um fator de risco

para inúmeras patologias cada vez mais prevalentes na

sociedade contemporânea

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Os reflexos da obesidade não se limitam a alterações na

saúde física. Há também impactos na saúde mental de grande

impacto psicológico, já que a sociedade ainda tem um

comportamento de preconceito e exclusão para as pessoas que

fogem aos padrões de beleza estabelecidos pela coletividade.

A indústria seja ela de cosméticos, de roupas e até mesmo de

bebidas alcoólicas e automobilística endeusam a magreza e a

perfeição inatingível que frustra as pessoas que mais se

encontram distantes deles, como é o caso do obeso. Por esses

motivos é frequente encontrar obesos com depressão, baixa

autoestima e uma tendência ao isolamento da sociedade.

Diante de tantas desordens provocadas pela obesidade,

é natural que a mortalidade das pessoas obesas também seja

mais alta. Krause (2012, p.471) traz dados de uma grande

pesquisa norte-americana:

Um grande estudo, com mais de 100.000 homens e

mulheres norte americanos com 50 anos ou mais que

participaram do estudo de coorte Cancer Prevention Study II

Nutrition Cohort, com duração de 9 anos, descobriu que a

obesidade está relacionada à morte. Os indivíduos com

cintura muito larga (pelo menos 119 cm em homens e 109 cm

em mulheres) tinham o dobro de risco de mortalidade quando

comparados àqueles com cinturas estreitas (89 cm ou menos

em homens e 76 cm ou menos em mulheres).

A literatura já é consolidada no sentido de associar a

obesidade com o desenvolvimento da hipertensão arterial,

Pollock (1993, p.57), já dizia que a hipertensão mostra-se

claramente relacionada à obesidade, impondo um risco

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121

considerável para a ocorrência de um acidente vascular

cerebral e para o desenvolvimento de um quadro de

insuficiência cardíaca congestiva. Isso se dá pela necessidade

de irrigação de uma maior área corporal, que requer aumento

do volume de sangue para tal, conforme elucida Dâmaso (2001,

p.232), quando relata que ocorre aumento do volume

sanguíneo e consequentemente do débito cardíaco. Tudo isso

associado ao fato de que o próprio volume ocupado pela massa

gordurosa confira resistência à passagem do fluxo sanguíneo,

aumentando a pressão para o fluxo do sangue e

consequentemente se refletindo no quadro de hipertensão.

Em decorrência do aumento da pressão arterial ocorre

sobrecarga cardíaca que refletirá em doenças

cardiovasculares. Dâmaso (2001, p.234), traz um dado

interessante a cerca do ganho de peso e o reflexo no

surgimento de doenças cardiovasculares, quando refere que

um aumento de 10% no peso está associado ao aumento de

13% e 8% nas chances de desenvolvimento das doenças

cardiovasculares para homens e mulheres, respectivamente.

Assim como em relação à hipertensão, desde a década

passada Pollock (1993, p.57 apud, Van Ittalie, 1985),

associava-se a existência da obesidade com o surgimento da

diabetes mellitus, quando traz dados da mesma pesquisa

americana já mencionada que demonstram um risco 3,8 vezes

de desenvolver diabetes nestes indivíduos. Conforme nos

apresenta Cuppari (2014, p.197), a partir de estudos mais

recentes apresentados pela Comissão Nacional de Diabetes

dos Estados Unidos, o risco do desenvolvimento da doença é 2

vezes maior em obesos leves, 5 vezes maior em obesos

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122

moderados e 10 vezes maiores em indivíduos com obesidade

grave.

Esse fato não se restringe aos EUA, segundo Mariath et

al. (2007, p.898 apud Sartorelle DS et al, 2003), a diabetes vem

aumentado de forma exponencial em vários países, inclusive no

Brasil. Mariath et al. (2007, p.898 apud Ministério da Saúde,

2002), ainda traz dados oficiais de que o diabetes responde por

cerca de 25 mil óbitos anuais e que 75% dos diabetes não

dependentes de insulina estão acima do peso desejável.

Diante de um excesso de gordura corporal, é natural o

interesse pela pesquisa acerca desse esse incremento como

fator que afetaria o perfil de gorduras a nível plasmático. Para

elucidar essa temática Dâmaso (2001, p.232) descreve:

A obesidade central está associada, também, a

mudanças no perfil de lipoproteínas plasmáticas, as quais

predispõem a doenças cardiovasculares, até mesmo em

mulheres na pré-menopausa, as quais apresentam menor

risco para o desenvolvimento destas doenças. (Apud, Despres

JP, p. 1991).

A atividade da enzima lipase lipoprotéica (LPL),

principal enzima no fígado a hidrolisar triglicerídeos (TG), está

intimamente associada à quantidade de gordura central

tornando-se mais acentuada em indivíduos com tais

características. A LPL pode remover moléculas de

lipoproteínas de alta densidade (HDL) da circulação, além de,

em situação de excesso no consumo alimentar, metabolizar

os TG, liberando partículas de lipoproteínas de muito baixa

densidade (VLDL). As VLDL também irão sofrer a ação da LPL

tornando-se, em segunda instância, lipoproteínas de

densidade intermediária (IDL). Estas sofrem a ação de outra

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importante lipase existente na superfície dos hepatócitos, a

lipase hepática (LH), que as transforma em lipoproteínas de

baixa densidade (LDL, lipoproteínas com altas concentrações

de colesterol), as quais tem íntima relação com doenças

cardiovasculares. (Apud, Ferrannini E, 1996; Giannini SD,

1998).

Embora ao se pensar em câncer dificilmente se faça a

associação com o fator obesidade, estudos demonstram a

associação do excesso de peso com o surgimento das

neoplasias. Prado et al. (2009, p. 381 apud, Lihn AS, 2005;

Ishikawa, 2005; Goktas S. 2005; Tilg H, 2006) estabelecem a

relação do câncer e da obesidade através da liberação das

adipocinas inflamatórias já mencionadas:

A presença de gordura corporal excessiva na região do

pescoço está associada às disfunções relacionadas à apneia,

como as paradas respiratórias e ronco, em virtude da gordura

imprensar as estruturas da face, faringe, vias respiratórias, etc.

Segundo Cuppari (2014, p.198), 70% das pessoas portadoras

da síndrome da apneia obstrutiva do sono são obesos, e entre

os obesos graves, a incidência é de 15 vezes mais do que na

população em geral.

A Doença Hepática Não-Gordurosa caracteriza-se pelo

acúmulo de gordura nos hepatócitos, que pode evoluir para

uma neoplasia hepática se não controlada. Cuppari (2014,

p.198) afirma que a prevalência aumenta significativamente em

obesos, variando de 50 a 75% dos casos. O referido autor

esclarece a relação, atribuindo à influência das adipocinas

excretadas pelo tecido adiposo, conforme descrito:

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Na obesidade, pode ocorrer, também, resistência à

leptina. Há estudos sugerindo que esse hormônio promove

esteatose hepática e esteato-hepatite, e outros mostrando que

suas concentrações se correlacionam com esteatose, mas

não com inflamação e fibrose. Na ausência de terapêutica

específica para a Doença Hepática Não Gordurosa, o

tratamento é direcionado à correção dos fatores de risco.

Esta associação se confirma quando pensamos que a

primeira indicação médica para regressão da esteatose

hepática se dá pela perda de peso e modificação dos hábitos

alimentares e estilo de vida. E ainda quando ao acompanhar

pacientes de bariátrica, percebe-se a regressão da esteatose,

o que facilmente podemos ligar ao excesso de gordura corporal

anteriormente presente.

A Síndrome Metabólica refere-se a uma associação de

doenças combinadas à obesidade, como a diabetes/resistência

insulínica, dislipidemia e hipertensão, que representarão um

risco maior de desenvolver as doenças cardiovasculares e

aumenta o risco de mortalidade também.

Segundo Krause (2012, p.471) o diagnóstico da

síndrome metabólica se dá pela análise de alguns dados

bioquímicos e antropométricos:

Os indivíduos diagnosticados com síndrome

metabólica (SM) têm três ou mais das seguintes alterações:

circunferência da cintura maior que 102 cm (40 polegadas) em

homens e maior de 88cm (35 polegadas) em mulheres

triglicerídeos séricos de pelo menos 150 mg/dL, concentração

de lipoproteína de alta densidade (HDL) menor que 40 mg/dL

em homens e menor que 50 mg/dL em mulheres, pressão

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arterial de 135/85 mmHg ou superior ou glicemia de jejum de

100 mg/dL ou superior.

Não podemos esquecer da Osteoartrose, decorrente da

sobrecarga de peso que o paciente obeso carrega e aumenta

as chances de desenvolver complicações principalmente de

coluna, joelho e quadril, pois o peso extra, acaba pressionando

as vértebras e desgastando as articulações. Essa sobrecarga,

dores e incômodos são minimizados logo que o paciente perde

peso, isso nos faz fazer essa associação facilmente.

A obesidade ainda aumenta tanto a gravidade quanto a

mortalidade dos casos de pancreatite aguda.

Diante de tantas doenças diretamente relacionadas à

obesidade o reflexo se dá nos custos de saúde pública

aumentados diretamente por este fator em todo o mundo.

Krause (2012, p.471), traz dados levantados por

economistas de saúde nos EUA, de que os custos com

sobrepeso e obesidade são responsáveis por quase 10% do

total de gastos anuais com serviços médicos.

4 CONCLUSÕES

Dessa forma, entendendo doença como uma desordem

no estado de saúde do indivíduo, analisando todas as

implicações endócrinas e o potencial inflamatório do tecido

adiposo, as comorbidades associadas à obesidade já exposta

ao longo desse trabalho, conclui-se que a obesidade pode ser

considerada uma doença multifatorial, de alto potencial de

mortalidade e que por isso deve ser prevenida o mais cedo

possível. Requerendo ainda, cada vez mais estudos a fim de

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compreender todos os meios e mecanismos etiológicos e

preventivos, a fim de minimizar esse problema de saúde pública

do mundo contemporâneo.

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CAPÍTULO 7

A ETIOLOGIA DA OBESIDADE E O PAPEL DA MICROBIOTA INTESTINAL: UM ESTUDO DE REVISÃO

Raquel Patricia Ataide LIMA 1

Marina Ramalho RIBEIRO 2

Jessica Vanessa de Carvalho LISBOA 2 Keylha Querino de FARIAS LIMA 2

Maria José de Carvalho COSTA3

1 Doutoranda do Programa de Pós Graduação em Ciências da Nutrição/UFPB; 2Mestranda do Programa de Pós Graduação em Ciências da Nutrição/UFPB; 5 Doutora e Coordenadora do

Programa de Pos Graduação em Ciencias da nutrição. [email protected]

RESUMO: A etiologia da obesidade tem sido atribuída a vários

fatores (ambiental, dietético, estilo de vida, hospedeiro e fatores

genéticos). Microbiota intestinal localizada na interface do

hospedeiro e do ambiente no intestino é uma nova área de

pesquisa sendo explorada para explicar o excesso de acumulo

de energia em indivíduos obesos e pode ser um alvo potencial

para a manipulação terapêutica para reduzir o armazenamento

de energia do hospedeiro. Vários mecanismos têm sido

sugeridos para explicar o papel da microbiota intestinal na

etiologia da obesidade, como a produção de ácidos graxos de

cadeia curta, estimulação de hormônios, inflamação crônica de

baixo grau, lipoproteína e metabolismo dos ácidos biliares e

aumento do tom do sistema receptor endocanabinóide. No

entanto, as evidências de estudos com animais e humanos

indicam claramente controvérsias na determinação da relação

de causa e efeito entre a microbiota intestinal e a obesidade.

Estudos baseados em metagenómica indicam que a

funcionalidade em vez da composição da microbiota intestinal

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pode ser importante. As intervenções nutricionais, restrição

calórica e probióticos, pode ser um possível alvo para

intervenção, uma vez que a composição microbiana do intestino

e as modificações epigenéticas são reversíveis. No entanto, o

conhecimento de efeitos dietéticos específicos é limitado, como

combinações complexas e interações entre os nutrientes e

comensais intestino têm que ser envolvidos.

Palavras-chave: Microbiota Intestinal. Obesidade. Nutrição.

1 INTRODUÇÃO

O aumento mundial da obesidade levou aos pesquisadores

investigarem sua etiologia multifatorial, envolvendo fatores

ambientais, dietéticos, de estilo de vida, genéticos e

patológicos. Sabe-se que a microbiota intestinal difere entre os

seres humanos de acordo com o estilo de vida, nutrição e

diferentes doenças. A análise da diversidade da microbiota

intestinal e da composição de suas subpopulações são de

especial interesse em pesquisa (CANI,

2014;REMELY;HALSBERGE, 2016).

Embora a microbiota intestinal já estivesse estabelecida

como um órgão metabólico capaz de fermentar componentes

dietéticos não digeríveis (particularmente os carboidratos não

digeridos) para gerar ácidos graxos de cadeia curta (SCFA),

seu papel como fator ambiental significativo afetando a

adiposidade do hospedeiro através de uma via de sinalização

foi explorado no ano de 2004 por Bäckhed et al.

Bäckhed et al., (2004) sugeriram em seu estudo evidencias

inovadoras, que a microbiota intestinal induz a adiposidade por

estimulação da lipogénese hepática e armazenamento de

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130

triglicéridos através da proteína de ligação ao elemento de

resposta a carboidratos (ChREBP) e da proteína de ligação ao

elemento de resposta esterolica 1 (SREBP1) e pela supressão

do fator de adipocito induzido em jejum. Este mesmo estudo,

propos ainda, que este "biorreator" de alta eficiência intestinal

em certos indivíduos poderia promover armazenamento de

energia (obesidade), enquanto que um reator de baixa

eficiência nao promoveria este armazenamento devido à menor

captação de energia da fermentação de carboidratos. As

diferenças na microbiota do intestino entre pessoas obesas e

magras foram, portanto, merecedoras de uma maior

exploração.

Estudos subseqüentes conduzidos pelo mesmo grupo

sugeriram que, embora as comunidades de microbiota intestinal

fossem compartilhadas entre mães e descendentes,

observaram em microbiotas de ratos que, independente do

parentesco dos ratos a proporção maior entre Bacteroidetes e

Firmicutes estava associada com o aumento do

armazenamento de energia a partir de alimentos facilitados pela

microbiota intestinal. No entanto, nenhuma evidência foi

apresentada para mostrar o aumento da expressão de genes

relacionados à atividade metabólica bacteriana e como isso

poderia ser afetado pela dieta e estilo de vida, nem se essas

mudanças também poderiam ser observadas em seres

humanos.

Estudos com humanos, iniciou em 2006 com a equipe de

Ley et al. Onde distribuiram aleatoriamente os adultos obesos

com dietas com restrição de carboidratos e gordura

acompanhados por um ano. Apesar das variações

interpessoais na diversidade da microbiota intestinal, as

pessoas obesas tiveram uma menor abundância de

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Bacteroidetes e uma maior abundância relativa de Firmicutes

antes da ingestão calórica restrita. No entanto, ao longo do

período de seguimento, a abundância relativa de Bacteroidetes

aumentou significativamente enquanto que a de Firmicutes

reduziu significativamente.

O aumento de Bacteroidetes foi significativamente

correlacionado positivamente com o percentual de perda de

peso e não com o teor calórico da dieta. Isso sugeriu que a

microbiota intestinal reestruturou, mudando suas prioridades

metabólicas para apoiar a coexistência em um ambiente

alterado. No entanto, este estudo não explorou a mesma

relação em um grupo paralelo de eutroficos para ver se este

fenótipo teve a mesma resposta à intervenção dietética.

Diante deste contexto, relacionado entre a alteração da

microbiota intestinal e obesidade, este trabalho objetivou

realizar um estudo de revisao do que é encontrado na literatura

referente a esta alteração.

2 MATERIAIS E MÉTODO

O estudo em questão trata-se de uma revisão integrativa

da literatura visando testar a hipótese de que as alterações na

microbiota intestinal altera o armazenamento de energia nos

individuos obesos, a revisão de literatura foi realizada no

período de agosto a outubro de 2016, considerando como

critério de inclusão: estudos correlacionando a microbiota com

a etiologia da obesidade em humanos, e critérios de exclusão

estudos com ratos e microbiota intestinal e obesidade.

Para tanto, foram selecionados 26 artigos científicos do

ano de 2004 até 2016, que abordam a problemática em

questão. A busca dos artigos na literatura consultada foi

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realizada através dos descritores (em inglês): gut microbiot and

obesity. Os artigos foram obtidos em diversas bases de dados,

como PUBMED, Periódicos Capes e American Society for

Nutrition.

2 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Mecanismos da microbiota intestinal

A microbiota intestinal pode ser considerada como um

"órgão microbiano" que contribui para uma variedade de

processos metabólicos do hospedeiro, desde a digestão até a

modulação da expressão gênica. As diferenças na microbiota

intestinal entre animais magros e obesos ou seres humanos

sugerem uma ligação entre a microbiota intestinal e a

homeostase energética, embora ainda haja algum debate sobre

se essas diferenças para saber se estão causalmente

relacionadas a um fenótipo obeso ou magro.

A dieta desempenha um papel importante na formação da

estrutura e função da microbiota intestinal. Os micróbios e os

produtos microbianos, por sua vez, podem influenciar vários

aspectos da fisiologia do hospedeiro. Uma rota promissora para

afetar a função do hospedeiro e restaurar a saúde é alterando

o microbioma intestinal usando a intervenção dietética (SMITS

et al., 2016).

O papel da microbiota intestinal em manter a saúde e

causar doenças é agora bem reconhecido e, no entanto, as

operações desta componente vital da nossa biologia e os

factores que conduzem à sua função são mal compreendidas

devido à sua complexidade e individualidade. Os nutrientes

dietéticos podem ter um impacto significativo na abundância de

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táxons microbianos específicos (ROGOWSKI et al.,2015).

Alguns dos recursos mais prevalentes que suportam a

microbiota intestinal são os carboidratos acessíveis por

microbiota (MACs), a porção de carboidratos complexos da

fibra alimentar que podem ser metabolizada por micróbios

intestinais.

Os MACs provaram ser um poderoso modulador da

microbiota, e as formas purificadas destes hidratos de carbono

(ex. prebióticos) estão a ser cada vez mais investigadas quanto

ao potencial terapêutico.

Vários mecanismos têm sido sugeridos para ligar a

microbiota intestinal com a obesidade-gênese e outros

distúrbios metabólicos. No entanto, ainda não está claro como

esses mecanismos interagem para influenciar o estado

metabólico global de um indivíduo (RIDAURA et al.,2013).

3.2 Armazenamento de energia a partir da dieta

Os polissacáridos dietéticos e as proteínas que escapam à

digestão no intestino delgado são fermentados no cólon pela

microbiota intestinal em SCFA (ácidos graxos de cadeia curta)

principalmente acetato, propionato e butirato. Para a

quantidade de energia armazenada, existe uma hipótese de ser

influenciado pela composição da microbiota intestinal. Estima-

se que até 10% da necessidade diária de energia e até 70% da

energia para a respiração celular para o epitélio colônico pode

ser derivada do SCFA. O armazenamento de energia crônica

em excesso pode causar aumento de gordura no corpo a longo

prazo (PAYNE et al., 2012).

Em grande medida, existe um acordo geral de muitos

estudos de que o fenótipo obeso está associado ao

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armazenamento do SCFA em excesso, sendo observados em

estudos com animais e humanos em comparação com os não

obesos.

O aumento da produção do SCFA resulta em um aumento

do armazenamento de energia da dieta em fenótipos obesos e

depende de vários fatores, como disponibilidade de substrato,

trânsito intestinal, absorção mucosa, saúde intestinal, produção

pela microbiota intestinal e relações simbióticas entre diferentes

grupos de microbiota intestinal.

O fenótipo obeso em animais está associado com a maior

produção do SCFA, acetato e butirato e maior expressão de

genes bacterianos responsáveis pelo metabolismo de

polissacarídeos (TURNBAUG et al.,2006).

A absorção destes SCFA, juntamente com outros fatores de

estilo de vida e ambientais pode resultar em excesso de

armazenamento de energia e obesidade. Não está claro se este

é um efeito do substrato (ex: hidratos de carbono) ou da

população de microbiota intestinal específica associada com

aumento da produção, absorção e armazenamento do SCFA

em tecidos adiposos e fígado. Os resultados são em grande

parte confusos pelas configurações do estudo, estilo de vida e

fatores ambientais dos sujeitos do estudo.

3.3 Estudos com humanos relacionando a microbiota

intestinal com obesidade

Evidências que ligam a microbiota intestinal à obesidade

em seres humanos são até agora inconclusivas e controversas.

Isto pode ser parcialmente devido a variações interindividuais

acentuadas na microbiota intestinal e atividade metabólica em

seres humanos com a idade, a dieta, a utilização de antibióticos,

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a genética, e outros fatores ambientais (DELZENNE et al.,

2011).

A primeira evidência mostrando firmicutes e bacteroidetes

mais baixos em adultos obesos versus magros antes do início

da intervenção dietética foi apresentada por LEY et al. (2006).

Além disso, vários microorganismos intestinais têm sido

associados à obesidade ou a eutrofia (MILLION et al., 2013).

A capacidade de armazenamento de energia da microbiota

intestinal em indivíduos obesos é pensado para ser

estabelecido em um limiar mais elevado do que no individuo

não obeso com ou sem diferenças na abundância relativa da

microbiota intestinal. Os adultos obesos apresentaram SCFA

individual e total maior do que os adultos magros na ausência

de qualquer diferença na abundância relativa dos principais

filamentos bacterianos intestinais (FERNANDES et al.,2014).

Porem, evidências sugerem que a dieta desempenha um

papel importante na alteração da proporção da microbiota

intestinal em indivíduos, porque a quantidade e o tipo de

bactérias mudam significativamente com a dieta (WALKER et

al., 2011). Isso varia entre os indivíduos e pode ser devido à

colonização microbiota distinta durante o início da vida,

alterando a capacidade de armazenamento de energia da

dieta.

A composição e conteúdo calórico da dieta alteram

significativamente a abundância relativa da microbiota intestinal

(WALKER et al., 2011). Um aumento da ingestão de amido

resistente foi associado a um aumento de ~ 10% de

Eubacterium rectale (uma bactéria produtor de butirato) e a ~

17% Ruminococcus bromii (um produtor de acetato) e em

comparação com voluntários consumindo polissacarídeos não

amidos. Estas alterações foram revertidas com dietas de perda

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136

de peso. Isso mostra o efeito substancial da dieta sobre a

microbiota intestinal e sua capacidade de armazenar energia

(SANTACRUZ et al.,2010).

Da mesma forma, a produção do SCFA é afetada pela

carga de nutrientes e carboidrato dietético disponível para

fermentação. Dietas de perda de peso geralmente têm baixo

teor de carboidratos e alto teor de proteína e reduz a população

de butirato produzindo Roseburia e Eubacterium rectale (KHAN

et al.,2016)

Mudanças a longo prazo na microbiota intestinal (como

contagens menores de Bifidobactérias e Bacteroides maiores)

têm sido observadas em crianças que foram expostas a

antibióticos na primeira infância (ARBOLEYA et al.,2014). A

modulação da microbiota intestinal com antibióticos (por

exemplo, norfloxacina e ampicilina) altera a expressão de genes

hepáticos e intestinais envolvidos na inflamação e no

metabolismo, alterando assim o ambiente hormonal,

inflamatório e metabólico do hospedeiro (MEMBREZ et

al.,2008).

Essas mudanças induzidas por antibióticos podem

predispor crianças a sobrepeso e obesidade promovendo

"crescimento obesogênico-bacteriano" . O desenvolvimento da

microbiota intestinal em lactentes e a sua tendência para o

excesso de peso e a obesidade na infância posterior estão

ligados ao IMC pré-gravidez da mãe e à microbiota intestinal

com números significativamente menores de Bifidobactérias

fecais e Bacteroides e significativamente maiores de E. coli e

Staph. Aureus em sobrepeso e obesidade em relação ao peso

normal de mulheres grávidas (KHAN et al.,2016).

Um estudo recente de Cottilard et al., (2013) observou uma

alta riqueza bacteriana com o aumento do consumo de frutas e

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137

verdura, de acordo com Wu et al., (2011) a relação entre os

hábitos alimentares a longo prazo e a estrutura da microbiota

intestinal sugere que uma mudança permanente da microbiota

pode ser alcançado por uma dieta adequada.

Probióticos (como L. paracasei estirpe F19) podem afetar

benéficamente a curto prazo a homeostase energetica em

recém-nascidos (CHORELL et al., 2013).

Neste contexto, os fatores que afetam a colonização da

microbiota intestinal no recém-nascido, desde antes do

nascimento até a infância precoce e tardia, podem

desempenhar um papel importante. No entanto, o papel desses

fatores no estabelecimento de uma microbiota intestinal com

tendência à obesidade ou distúrbios alérgicos na vida futura é

controverso. Por exemplo, maior número de Bifidobactérias e

menor número de Staphylococci em crianças com 6 a 12 meses

de idade apresentaram correlação negativa com sobrepeso e

obesidade aos 7 anos.

Do mesmo modo, o estudo populacional de uma Coorte

Nacional de Nascimento Dinamarquesa não mostrou

associação de cesariana com o desenvolvimento de sobrepeso

e obesidade em mais de 10.000 crianças do sexo masculino.

No entanto, apesar de uma coorte maior, os dados não foram

ajustados para outros fatores de confusão, como status

socioeconômico e fatores antropométricos e comportamentais.

Por outro lado, um estudo brasileiro recente, realizado em

crianças nascidas por cesariana (n = 5914) com idade de 4, 7,

15 e 23 anos, mostrou que, embora as crianças nascidas com

cesariana tivessem uma taxa de prevalência de obesidade ~

50% maior, esse efeito foi perdido quando ajustado para fatores

socioeconômicos, demográficos, maternos, antropométricos e

comportamentais (BARROS et al.,2012).

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3.4 Microbiota Intestinal e Sindrome Metabolica

A síndrome metabólica, é um distúrbio multifatorial, que

resulta de um desequilíbrio a longo prazo da dieta, atividade

física, predisposição genética e de uma microbiota intestinal

desequilibrada que influencia várias vias metabólicas, incluindo

a regulação epigenética.

Alterações na microbiota intestinal por fenótipo obeso

induzem alterações metabólicas (CONTERNO et al., 2011). Os

mecanismos possíveis são a sinalização mediada por

componentes bacterianos através de receptores de

reconhecimento de padrões: o receptor toll-like 2 (TLR2) e

TLR4 (REMELY et al., 2014) incluindo NF-KB ou a sinalização

de SCFAS (ácidos gordos de cadeia curta) produzidos por a

microbiota através de GPRS (receptores acoplados à proteína

G) (REMELY et al., 2013) e via HDAC (histona desacetilases)

(LIU et al, 2012 e VINOLO et al, 2011).

4 CONCLUSÕES

Existem controvérsias sobre se os indivíduos obesos e não

obesos hospedam um tipo particular de filamento bacteriano ou

enterótipo e se a resposta da microbiota intestinal à dieta é

diferente. A correlação do IMC com Bacteroides em indivíduos

obesos e não obesos em diferentes regimes alimentares não é

clara, uma relação inversa também tem sido observada, o que

aumenta a complexidade da relação entre dieta, microbiota

intestinal e obesidade.

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A ETIOLOGIA DA OBESIDADE E O PAPEL DA MICROBIOTA INTESTINAL: UM ESTUDO DE REVISÃO

139

A ecologia microbiana do intestino tem um impacto

importante na extração da energia / controle de peso e estado

inflamatório. Especialmente os produtos finais de fermentação

(SCFAs), mas também os componentes da parede celular,

influenciam o metabolismo do hospedeiro regulando as funções

neurais, hormonais e imunológicas.

A população de microorganismos intestinais no intestino

humano é afetada por uma variedade de fatores desde o

nascimento até a idade adulta, dos quais alguns são

conhecidos e outros são amplamente desconhecidos.

Adicionalmente, grandes variações interindividuais foram

observadas em todos os estudos humanos sugerindo interação

da dieta hospedeira em nível individual.

As intervenções nutricionais, restrição calórica e probióticos,

pode ser um possível alvo para intervenção, uma vez que a

composição microbiana do intestino e as modificações

epigenéticas são reversíveis. No entanto, o conhecimento de

efeitos dietéticos específicos é limitado, como combinações

complexas e interações entre os nutrientes e comensais do

intestino devem ser envolvido.

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MECANISMOS EPIGENÉTICOS E SUA RELAÇÃO COM A OBESIDADE HUMANA: UMA REVISÃO DA LITERATURA

143

CAPÍTULO 8

MECANISMOS EPIGENÉTICOS E SUA RELAÇÃO COM A OBESIDADE HUMANA: UMA REVISÃO DA LITERATURA

Yohanna de OLIVEIRA 1

Jéssica Vanessa de Carvalho LISBOA 1 Keylha Querino de Farias LIMA 1

Nadjeanny Ingrid Galdino GOMES 2 Jéssica Vicky Bernardo de OLIVEIRA 3

1 Mestrandas do Programa de Pós Graduação em Ciências da Nutrição/UFPB; 2 Graduada em Nutrição/ UFPB; 3 Pós-Graduanda em Nutrição Clínica/Estácio de Sá.

[email protected]

RESUMO: A obesidade é uma doença metabólica multifatorial, sendo uma das principais doenças associadas com outras comorbidades, no entanto, os mecanismos epigenéticos da obesidade ainda não são totalmente compreendidos. Portanto, objetivou-se com este trabalho apresentar o atual papel da epigenética como uma nova perspectiva para o tratamento de doenças crônicas como a obesidade. Constituiu-se de uma revisão bibliográfica através de buscas nas bases Sciencedirect, Pubmed, Web of Science e Periódicos CAPES, no intervalo de tempo de 6 anos, idioma inglês, e os termos indexados foram epigenetic mechanisms, DNA methylation, obesity, nutrients. Evidências demonstram que as interações gene-ambiente podem ser responsáveis pela modificação da expressão de genes que regulam traços da obesidade e mecanismos epigenéticos, levando à obesidade e complicações associadas. Além disso, a metilação do DNA também pode alterar vários estímulos ambientais para a obesidade, por ser uma doença programável no âmbito das modificações epigenéticas quando expostos a agressões ambientais desfavoráveis, como estresse oxidativo, dieta rica em gordura e álcool. Como os padrões epigenéticos são

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MECANISMOS EPIGENÉTICOS E SUA RELAÇÃO COM A OBESIDADE HUMANA: UMA REVISÃO DA LITERATURA

144

estabelecidos durante o período embrionário, os mecanismos epigenéticos são importantes no desenvolvimento fetal e na transmissão transgeracional de doenças crônicas não transmissíveis, como a obesidade, síndrome metabólica e diabetes mellitus. Concluiu-se que os diversos mecanismos epigenéticos são relevantes para o desenvolvimento, modificação e prevenção da obesidade e que devem ser considerados. Palavras-chave: Mecanismos epigenéticos. Obesidade

humana. Metilação do DNA.

1 INTRODUÇÃO

A obesidade é uma condição multifatorial complexa, e

entre os principais fatores que contribuem para esta condição,

o componente genético é um fator importante. Recentemente,

grandes avanços na pesquisa da obesidade surgiram sobre os

mecanismos moleculares que contribuem para a condição de

obesidade (ALBUQUERQUE et al., 2015).

A epigenética é definida como o estudo de alterações

hereditárias na expressão do gene ou fenótipo celular. O termo

epigenética foi originalmente criado por Conrad Waddington em

1940, sendo referida como os genes e seus produtos herdados

no fenótipo do ser humano. A definição exata dos princípios da

epigenética é tanto para as alterações meioticamente como

mitoticamente herdadas na expressão do gene que não são

codificados na sequência do DNA (WHAYNE, 2015).

A epigenética envolve mudanças nas marcas do genoma

que são copiados a partir de uma geração de células para a

próxima (MATHERS, 2008). Essas marcas envolvem a

metilação do DNA e modificações pós-tradução das caudas das

histonas que se projetam a partir de núcleos de nucleossomos.

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MECANISMOS EPIGENÉTICOS E SUA RELAÇÃO COM A OBESIDADE HUMANA: UMA REVISÃO DA LITERATURA

145

Estas modificações incluem a acetilação, fosforilação e

ubiquitinação. Uma hipótese é que a alteração da marca

epigenética é mediada através dos efeitos ambientais, incluindo

a nutrição, dieta e exercício, e como esses fatores são

recebidos e gravados pelo genoma (ELIA; CONDORELLI,

2015).

A metilação do DNA é o mecanismo epigenético mais

estudado, que influencia na expressão do gene, alterando a

capacidade de fatores nucleares diferentes de interagir com a

cromatina e em alguns casos, a sua compactação, também

proporcionando um contexto que permite ou bloqueia o

recrutamento de fatores de transcrição e diferentes proteínas

ao DNA (RODRÍGUEZ-CORTEZ et al., 2016).

A metilação do DNA consiste na adição de um grupo

metil na posição 5' de citosinas adjacentes a guaninas,

localizadas em dinucleotídeos CpG, pela ação de uma família

de enzimas específicas denominadas de DNA metiltransferases

(DNMTs). Os CpGs estão agrupados em regiões estratégicas

chamadas ilhas CpG, muitos dos quais se sobrepõem com as

regiões promotoras dos genes. Promotores e potenciadores

são pontos de acesso comuns para as alterações de metilação

do DNA que são funcionalmente relevantes. Assim, a metilação

do DNA tem um papel importante em diferentes processos

celulares, incluindo a capacidade de conduzir e estabilizar

estados de atividade do gene durante a diferenciação celular

(VINSON; CHATTERJEE, 2012).

No geral, os baixos níveis de metilação do DNA

(hipometilação) estão associados com o aumento da atividade

do gene, e altos níveis de metilação (hipermetilação) estão

associados com as alterações de repressão ou silenciamento

do gene (LORENZEN; MARTINO; THUM, 2012).

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MECANISMOS EPIGENÉTICOS E SUA RELAÇÃO COM A OBESIDADE HUMANA: UMA REVISÃO DA LITERATURA

146

Portanto, objetivou-se com este trabalho apresentar o

atual papel da epigenética como uma nova perspectiva para o

tratamento de doenças crônicas não transmissíveis, com

destaque para a obesidade.

2 MATERIAIS E MÉTODO

Constituiu-se de uma pesquisa de natureza qualitativa

descritiva, exploratória e transversal, realizada através de uma

revisão da literatura, que envolve a recolha e análise de vários

artigos científicos relativos ao tema escolhido. Para o

levantamento bibliográfico, realizou-se buscas de dados nas

bases eletrônicas Sciencedirect, Pubmed, Web Of Science e

Periódicos CAPES, no intervalo de tempo de 6 anos, utilizando

os termos indexadores: epigenetic mechanisms, DNA

methylation, obesity, nutrients.

Dos 55 artigos pesquisados, 26 foram selecionados.

Como critérios de inclusão, foram considerados artigos no

idioma inglês, no intervalo temporal de 2010 a 2016, que

contemplassem dentre os mecanismos epigenéticos, a

metilação do DNA, e que abordassem genes relacionados com

a obesidade. Como critérios de exclusão, foram descartados os

artigos que não pertenciam ao intervalo de tempo de 2010 a

2016, os que apresentavam mecanismos epigenéticos

diferentes da metilação do DNA e estudos experimentais.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Figura (1), encontram-se os principais mecanismos

epigenéticos, que podem ser influenciados pela nutrição. A

epigenética é o estudo de alterações hereditárias na função do

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MECANISMOS EPIGENÉTICOS E SUA RELAÇÃO COM A OBESIDADE HUMANA: UMA REVISÃO DA LITERATURA

147

gene sem alterações na sequência de DNA. Portanto, as

modificações do DNA podem incluir mudanças em todo o

organismo ou podem operar em um nível específico do tecido

(HERNÁNDEZ-AGUILERA et al., 2016).

Figura 1. Principais mecanismos epigenéticos.

Fonte: Hernández-Aguilera et al. (2016).

A epigenética é um campo de pesquisa relativamente

novo e os primeiros passos estão agora sendo tomados para

identificar potenciais biomarcadores visando prever o risco de

obesidade/diabetes de um indivíduo perante os fenótipos

desenvolvidos. Também é evidente que várias marcas

epigenética são modificáveis, o que implica que existe o

potencial para intervenções para transformar ou modificar de

maneira benéfica os perfis epigenômicos desfavoráveis

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148

(KIRCHNER et al., 2013; CHENG; ALMEIDA, 2014; DE MELLO

et al., 2014; VAN DIJK et al., 2015).

A nutrição tem uma importância a longo prazo que pode

afetar uma geração posterior, com o desenvolvimento

acelerado de doenças crônicas e, evidentemente, afetar a

duração da vida humana. Dessa forma, a restrição calórica

benéfica desempenha um papel nutricional importante na

contribuição para a longevidade em modular de maneira

favorável os mecanismos epigenéticos, tais como a metilação

do DNA e a modificação de histonas (RIBARIC, 2012).

Evidências crescentes têm revelado que as interações

complexas entre os componentes alimentares e as

modificações de histonas, metilação do DNA, regulação de

RNAs não-codificantes e a remodelação da cromatina são

fatores que influenciam o fenótipo da inflamação e, como tal,

podem proteger ou predispor um indivíduo a várias doenças

relacionadas à idade (VEL SZIC et al., 2015).

Portanto, os mecanismos epigenéticos podem agravar a

epidemia da doença metabólica, contribuindo primeiramente

para as modificações e desenvolvimento da obesidade e

diabetes mellitus tipo 2 e, em seguida, passando para a próxima

geração através da herança transgeracional (EINSTEIN, 2014).

Na Figura (2), os mecanismos de interações gene x

ambiente feitos em estudos epidemiológicos (ou interações de

genes x ensaios clínicos), provavelmente envolvem uma

combinação de modificações epigenéticas e transcricionais.

Embora as exposições ambientais possam ser os principais

gatilhos dessas perturbações, os próprios fenótipos podem

também retroalimentar para desencadear eventos epigenéticos

e transcriptômicos, modulando assim a expressão dos fenótipos

da doença (FRANKS; LING, 2010).

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149

Figura 2. Os mecanismos de interação gene-ambiente.

Fonte: Franks; Ling (2010).

Segundo Martino et al. (2016), o desequilíbrio alimentar

materno, inadequado para enfrentar as necessidades

nutricionais do feto, pode levar a um retardo do crescimento

intra-uterino, diminuição da idade gestacional, baixo peso ao

nascer, crescimento pós-natal excessivo e alterações

metabólicas, com subsequente aparecimento de fatores de

risco para as doenças cardiovasculares (DCV). A exposição

fetal à níveis elevados de colesterol, diabetes e a obesidade

materna estão associados com o aumento do risco de

progressão de aterosclerose. Além disso, o tabagismo materno

durante a gravidez e exposição a vários poluentes ambientais

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150

induzem alterações epigenéticas da expressão de genes

relevantes para o início ou a progressão de DCV.

O papel da programação gestacional da população tem

mudado para a obesidade e síndrome metabólica. As mães de

peso normal geralmente dão à luz a bebês de peso normal.

Estes descendentes desenvolvem-se como adultos normais

com percentual de gordura corporal e perfil metabólico

adequados. O aumento da incidência de prematuridade e de

restrição do crescimento intra-uterino, resultante da

desnutrição, entre outros fatores, combinada com a melhora da

sobrevida neonatal, fórmulas alimentares e exposição a uma

dieta pós-natal ocidental resultou no aumento da obesidade e

síndrome metabólica. Um pequeno percentual de mães obesas

dão à luz a recém-nascidos com peso corporal aumentada,

como resultado da subnutrição (consumo de uma dieta rica em

gordura). Esses processos podem contribuir para a mudança

da população para um fenótipo obeso, com mulheres obesas

de segunda geração com maior risco de dar à luz recém-

nascidos com maior teor de gordura corporal e que, por sua vez,

correm risco de desenvolver obesidade e síndrome metabólica

(DESAI; JELLYMAN; ROSS, 2015).

A epigenética depende da presença de enzimas e

nutrientes dietéticos, e pode ocorrer isolada ou de forma global,

específica para o gene (ANDERSON; SANT; DOLINOY, 2012).

O S-adenosilmetionina (SAM) é o doador universal de metil

para todas as metiltransferases para a metilação do DNA e

histonas. A disponibilidade de SAM pode ser diminuída em

algumas circunstâncias por disponibilidade insuficiente de ácido

fólico, vitamina B12, vitamina B6, vitamina B2, colina, betaína e

metionina, tanto devido ao baixo consumo como por

vulnerabilidades genéticas individuais. Logo, a

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MECANISMOS EPIGENÉTICOS E SUA RELAÇÃO COM A OBESIDADE HUMANA: UMA REVISÃO DA LITERATURA

151

biodisponibilidade destes nutrientes é um fator limitante para o

estabelecimento e a manutenção adequada das marcas

epigenéticas (FERGUSON et al., 2016).

Em um estudo realizado com homens obesos e a

utilização de uma dieta hipocalórica para perder peso, foram

encontradas diferenças nos padrões de metilação do DNA entre

os indivíduos com perda de peso elevada em comparação com

aqueles com pouca perda de peso (MILAGRO et al., 2011).

Indivíduos susceptíveis ao ganho de peso excessivo

podem, portanto, levar variantes genéticas que influenciam no

controle do apetite (CNR1, NPY, POMC, MC4R), mecanismos

reguladores nucleares e do citoplasma (FTO, TFAPB2,

TCF7L2, SCAP, DRD2), adipogênese e metabolismo lipídico

(ADRB3, PPAR, APOs, PLIN), despesa energética (UCPs),

sinalização de insulina (ISR-2, INSIG2, GIPR), e inflamação

(ADIPOQ, IL-6, RESISTINA) (MARTÍNEZ, 2014).

Em um estudo para avaliar a associação potencial entre

os nutrientes alimentares e alterações na metilação do DNA em

um conjunto de cinco genes (CD14, Et-1, iNOS, HERV-w e

TNF-α), em uma população de indivíduos com sobrepeso/

obesidade, associações positivas foram observadas entre a

metilação do TNF-α e níveis de colesterol séricos, bem como

entre a metilação do HERV-w e a ingestão dietética de β-

caroteno e carotenóides. A metilação do TNF-α mostrou

associações negativas com a ingestão dietética de colesterol,

ácido fólico, β-caroteno, carotenóides e retinol. Estes resultados

sugerem uma relação complexa entre a ingestão de nutrientes,

estresse oxidativo e metilação de DNA na epigenética da

obesidade (BOLLATI et al., 2014).

Além disso, a associação da epigenética com níveis de

colesterol e homeostase da glicose têm sido mostrados que

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MECANISMOS EPIGENÉTICOS E SUA RELAÇÃO COM A OBESIDADE HUMANA: UMA REVISÃO DA LITERATURA

152

desempenham um papel importante na susceptibilidade, no

desenvolvimento e progressão de morbidades complexas, tais

como diabetes mellitus tipo 2, obesidade, síndrome metabólica

e doença hepática gordurosa não-alcoólica (ZHANG; REN,

2016).

As mudanças relacionadas com a metilação do DNA em

genes relacionados com o metabolismo do colesterol podem

servir como uma ligação molecular entre obesidade, inflamação

e certos tipos de fenótipos diabéticos tipo 2 (DING et al., 2015).

Além disso, a metilação do DNA de adipocinas, incluindo a

leptina e a adiponectina no tecido adiposo e no sangue estão

ligados à adiposidade e massa corporal. Uma correlação

positiva foi identificada entre a metilação do DNA no gene da

adiponectina no tecido adiposo e índice de massa corporal

(IMC), circunferência da cintura (CC) e níveis de LDL. Por outro

lado, a metilação do DNA da leptina no sangue e no tecido

adiposo foi negativamente e positivamente associada com os

níveis de IMC e LDL, respectivamente (HOUDE et al., 2015).

Os maiores estudos de associação em todo o genoma

(EWAS) publicados até agora, incluindo um total de 5.465

indivíduos, identificou 37 locais de metilação no sangue que

foram associados com o IMC, incluindo sítios em CPT1A,

ABCG1 e SREBF1 (DEMERATH et al., 2015). Outro estudo em

grande escala mostrou associações consistentes entre IMC e

metilação do gene HIF3A no sangue e tecido adiposo (DICK et

al., 2014).

Os fatores genéticos que predispõem o ganho de peso e

o desenvolvimento da obesidade em seres humanos também

podem influenciar na resposta à intervenção da perda de peso.

Por exemplo, indivíduos com mutações genéticas nos genes

MC4R ou POMC parecem responder a uma dieta calórica

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MECANISMOS EPIGENÉTICOS E SUA RELAÇÃO COM A OBESIDADE HUMANA: UMA REVISÃO DA LITERATURA

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reduzida, porém aqueles com mutações no MC4R não

conseguem manter o peso perdido após a intervenção.

Portanto, a interação gene-ambiente precisa ser considerada

quando se trata de pessoas com obesidade (BUTLER, 2016).

A inflamação induzida pela obesidade promovida pela

disfunção do tecido adiposo pode ser uma importante ligação

entre a obesidade e câncer. A inflamação induz um aumento de

radicais livres e subsequentemente promove o estresse

oxidativo, que por sua vez, pode criar um microambiente

favorável para o desenvolvimento de tumores em pessoas

obesas. Assim, o estresse oxidativo relacionado com a

obesidade pode ser um causa direta de transformação

neoplásica associada com a obesidade e diabetes tipo 2 em

células de câncer de mama (CRUJEIRAS et al., 2013; TOUBAL

et al., 2013).

A relação causal entre as marcas epigenéticas e a

obesidade ainda não foi elucidada, e outros fatores como

nutrição ou atividade física, que correlacionam tanto com a

metilação do DNA como com o aumento da adiposidade devem

ser consideradas para esse fim (FRANKS; LING, 2010).

Diferenças genéticas entre indivíduos também podem

influenciar a regulação epigenética e as variantes genéticas

poderiam explicar o local específico de variância nos estados

epigenéticos (FEIL; FRAGA, 2011).

Neste contexto, o campo de nutrigenética oferece novas

ferramentas para elucidar os papéis dos genes relacionados

com a obesidade e entender como modulá-los através da

nutrição personalizada. Os avanços na nutrigenética são

baseados no entendimento de que a composição genética

determina necessidades nutricionais únicas e contam com o

sequenciamento do genoma humano e análises subsequentes

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154

da variação genética humana, bem como estudos que

associam variantes genéticas com doenças (FENECH et al.,

2011).

No geral, progressos significativos foram iniciados no

campo da epigenética e obesidade e do potencial de

marcadores epigenéticos para a obesidade que podem ser

detectados no nascimento também foram identificados.

Eventualmente, isso pode ajudar na previsão do risco de

obesidade do indivíduo em idade jovem e abre possibilidades

para a introdução de estratégias de prevenção direcionados.

Tornou-se também claro que várias marcas epigenéticas são

modificáveis, alterando a exposição no útero, mas também por

mudanças de estilo de vida na vida adulta, o que implica que

existe o potencial para intervenções que podem ser

introduzidos na vida pós-natal para modificar o perfil

epigenômico desfavorável (VAN DIJK et al., 2015).

4 CONCLUSÕES

Os componentes da dieta podem modificar diretamente

a expressão do gene, no entanto, muitos dos efeitos da dieta e

do estado nutricional sobre a expressão e regulação gênica são

mediadas através de mecanismos epigenéticos. A

desregulação das marcas epigenéticas desempenham um

papel importante nas doenças crônicas.

Esses mecanismos epigenéticos podem ser

influenciados especialmente durante o período vulnerável de

desenvolvimento embrionário, e um desequilíbrio pode conduzir

a expressão alterada do gene, e assim, a obesidade.

Somente com uma compreensão completa dos fatores e

mecanismos que contribuem para a obesidade, será possível

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155

proporcionar e permitir o desenvolvimento de novas

abordagens terapêuticas para esta condição.

Portanto, compreender as ligações entre esses

mecanismos epigenéticos e a nutrição podem permitir

intervenções dietéticas mais eficazes para lidar com o

desenvolvimento e progressão da obesidade. A capacidade da

nutrição personalizada ou da precisão baseada em evidências

por meio de intervenção dietética é uma meta de saúde com um

potencial significativo.

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NUTRIÇÃO E EPIGENÉTICA: UMA RELAÇÃO DIRETA COM A HEREDITARIEDADE

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CAPÍTULO 9

NUTRIÇÃO E EPIGENÉTICA: UMA RELAÇÃO DIRETA COM A HEREDITARIEDADE

Maria Betânia Vanderlei de CARVALHO1

Rejane Freitas da SILVA2

Juliana Paiva Góes RAMALHO3

1 Nutricionista, professora da Escola Técnica da FPB; 2 Nutricionista; 3 Mestre em Enfermagem, enfermeira, professora da Escola da Saúde da Faculdade Internacional da

Paraíba – FPB, orientadora. [email protected]

RESUMO: A partir da junção da Genética com a nutrição, surge a epigenética. Essa interação gene - nutriente é ponto de partida para muitas pesquisas na comunidade científica e tem estimulado as investigações nos principais centros de pesquisas do mundo, inclusive no Brasil. O que a Epigenética busca é a comprovação do poder dos alimentos na transmissão genética. Este estudo teve por objetivo demonstrar a importância dessa ciência, destacando o papel da Nutrição como recurso indispensável na melhora da qualidade de vida dos indivíduos. Este estudo consiste em uma revisão bibliográfica, que abordou a relação entre Epigenética e Nutrição. Utilizou-se a produção científica sobre o tema abordado em revistas científicas, em periódicos indexados nos bancos de dados eletrônicos (Scielo, Medline) e livros que abordam o tema. A finalidade do presente trabalho é abordar a epigenética como ciência emergente, que surgiu após a conclusão do Projeto Genoma, importante marco da área científica. Com base nas pesquisas, a epigenética possibilita a prescrição de dietas personalizadas a partir da manipulação genética e permite ampliar ainda mais a importância da nutrição na saúde das gerações futuras. Dessa forma, é de suma

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159

importância, estimular pesquisas nessa área para divulgação e desenvolvimento sobre a temática, para que seja possível realizar ações voltadas para prevenção de doenças e promoção da saúde. Palavras-chave: Genética. Nutrição personalizada.

Hereditariedade.

1 INTRODUÇÃO

O conceito tradicional de herança genética vem sofrendo

modificações nas últimas décadas. Pensava-se que os genes

eram determinantes do nosso destino e que a carga hereditária

que recebemos com a concepção era irreversível e inalterável.

Porém, tudo começou a mudar a partir do estudo do Genoma

Humano, dando origem a várias ciências como a Nutrigenoma,

Nutrigenética e a Epigenética, que podem contribuir para

manutenção da saúde, minimizando o risco do surgimento de

doenças não transmissíveis.

Francis (2015) conceitua Epigenética como um campo

da genética que investiga de que maneira os genes são

acordados ou silenciados, em combinação com fatores

ambientais, alimentares e emocionais. Podemos ver a

epigenética como uma nova maneira de enxergar o DNA, que

vais além da sequência de bases. A nutrição passa a ter o seu

papel potencializado dentro desta ciência.

A epigenética é uma ciência que amplia o estudo dos

genes na unidimensionalidade para a tridimensionalidade.

Essas dimensões adicionais são de particular importância para

o entendimento da regulação gênica, que é onde se dá a ação

epigenética (FRANCIS, 2015)

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160

Existem algumas características que distinguem a

epigenética dos mecanismos da genética convencional: a

reversibilidade, os efeitos de posicionamento, a habilidade de

agir em distâncias não esperadas maiores do que um único

gene. Existem dois mecanismos principais envolvidos na

epigenética: alterações nas histonas e padrão de metilação do

DNA, que envolve modificações na estrutura das ligações

covalentes do DNA.

Pode-se afirmar que alguns compostos bioativos

presentes na alimentação são capazes de intervir na

hereditariedade genética transmitida de pai para filho, ou até de

avó para neto. E que as experiências nutricionais podem

influenciar no destino biológico do ser humano (FRANCIS,

2015).

Os alimentos possuem inúmeros benefícios ainda a ser

descobertos é unânime entre os estudiosos. O que a

Epigenética busca é a comprovação do poder dos alimentos na

transmissão genética. Conhecer a ação dos nutrientes nos

permitirá saber como ocorre essa influência e como podem ser

modificados pelo que ingerimos.

Já é de conhecimento que questões nutricionais estão

inter-relacionadas com a vida intrauterina e /ou a materna

podendo refletir em longo prazo na saúde do indivíduo. Portanto

nossas escolhas alimentares podem determinar a qualidade de

vida das gerações vindouras.

Dessa forma, considerando a importância do estudo da

Epigenética para a Nutrição, este estudo teve como objetivos:

enfatizar a importância dessa ciência, destacando o papel da

Nutrição como recurso indispensável na melhora da qualidade

de vida dos indivíduos. Este estudo visou ainda trazer uma

contribuição para a sociedade, fomentando o conhecimento e a

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161

importância de uma alimentação nutricionalmente adequada,

principalmente em alguns períodos mais críticos da vida, como,

por exemplo, a vida intrauterina.

2 MATERIAIS E MÉTODO

Este estudo consiste em uma revisão bibliográfica, que

abordou a relação entre Epigenética e Nutrição. Como objeto

de estudo, utilizou-se a produção científica sobre o tema

abordado em revistas científicas, em periódicos indexados nos

bancos de dados eletrônicos (Scielo, Medline) e livros que

abordam o tema a base desta pesquisa devido a pequena

quantidade de publicações existentes. Os descritores

empregados neste estudo foram: Epigenética, Nutrição,

Metilação do DNA.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Durante a última década, tem se realizado avanços

importantes a respeito da compreensão da expressão gênica e

da regulação das funções dos genes. Uma descoberta quase

inesperada foi que os fatores externos podem ter um impacto

importante sobre a expressão dos genes, com consequências

em longo prazo, embora sem modificar o código genético do

DNA (FRANK, 2012).

Os avanços científicos no campo epigenético têm

enriquecido o conhecimento acerca da influência da dieta na

informação genética que herdamos dos nossos pais, avós etc.

A ação dos alimentos desde a concepção, ou até mesmo antes

mesmo dela, pode acarretar mudanças no comportamento

celular por influencias dentro do núcleo da célula.

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162

O que ocorre de muito importante com os marcadores

epigenéticos é que ao contrário dos poliformismos genéticos,

eles não são permanentes. Diversos fatores ambientais como o

estresse, a dieta, o exercício físico e outros fatores relacionados

com a obesidade, a hiperglicemia, e o estresse oxidativo

modulam as mudanças epigenéticas e contribuem com sua

platicidade ao longo da vida (FERMIN et al., 2013)

As mudanças epigenéticas acontecem em resposta ao

ambiente, a alimentação, aos poluentes a que somos impostos

ao e até as interações sociais Os processos epigenéticos

ocorrem na interação entre ambiente e gene. Para muitos, pode

ser uma surpresa descobrir que o ambiente externo afeta os

genes, modulando sua atividade. O efeito gênico do ambiente

não é direto. As influências ambientais são mediadas por

alterações nas células em que os genes residem. Diferentes

tipos de células reagem de forma diversa ao mesmo (FRANCIS,

2015).

Nas últimas décadas o padrão alimentar das populações

tem passado transformações que provocaram o

desenvolvimento de hábitos alimentares impróprios, o que é

influenciado por diversos fatores, dentre os quais se destacam

o modismo da alimentação fast-food e de uma alimentação

industrializada. Como também estimula a valorização da

imagem corporal, representando a contestação dos padrões

alimentares em benefício da estética, e não da saúde.

Os genes epigeneticamente regulados podem ser

identificados por marcações características que aparecem sob

a forma de apêndices químicos específicos. O tipo mais comum

desses apêndices envolve o grupo metila, constiuído por um

átomo de carbono ligado a três átomos de hidrogênio (CH³).

Quando um gene está ligado a um grupo metila, diz-se que ele

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163

está metilado. Em geral quanto mais metilado, menos ativo é o

gene (FRANCIS, 2015).

O silenciamento epigenético por hipermetilação ocorre

tão frequentemente quanto mutações e deleções e, isso pode

ocasionar silenciamento de genes supressores tumoral em

câncer. Além disso, tem sido observado um aumento da

metilação em promotores de genes específicos durante os

processos de envelhecimento e da carcinogênese (GONZALO,

2010).

Os benefícios e malefícios dos alimentos ingeridos não

são iguais para todo mundo. O grau de influência da dieta na

saúde pode depender da constituição genética. A escolha dos

alimentos e o apetite certamente são influenciados pela

constituição genética. Sabe-se, de fato, que as necessidades

de alimentos, nutrientes e compostos bioativos variam de um

indivíduo para o outro e influenciam o risco individual de

doenças ao longo da vida.

Os nutrientes podem regular a expressão gênica através

de proteínas específicas que interagem com o DNA e/o através

de modificações transcritas ou traduzidas. A regulação pode ser

produzida a nível do RNA durante esse processamento. Estes

efeitos regulatórios resultariam nas interações destas

moléculas com diferentes nutrientes, cuja ação final pode ser

potencialmente preventiva e/o terapêutica. (HERNANDEZ,

2008)

De acordo com Martinez (2008) o maior descobrimento

dos últimos 15 anos dentro da teratología foi conhecer as

deficiências na alimentação materna que originavam maior

risco de malformações no feto, como a do ácido fólico, e dos

defeitos do tubo neural. Além do que, o consumo desta vitamina

antes e durante a gestação poderia prevenir até 85% dos

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164

defeitos. A programação na etapa inicial da vida tem um efeito

potencialmente amplo na saúde do indivíduo.

De acordo com Francis (2015), a famosa fome

Holandesa, na segunda guerra mundial, impulsionou os

estudos da Epigenética. A Holanda passou por uma terrível

fome, como resultado da ocupação Alemã, em 1944 e 1945. A

dieta da população caiu para mil calorias diárias. As mulheres

continuaram a ter filhos nesses tempos difíceis, e essas

crianças são hoje adultos com mais de 70 anos. Os holandeses

conservaram e mantiveram os registros meticulosos sobre a

saúde dos seus cidadãos.

Estudos recentes revelaram que estes indivíduos –

expostos a restrições calóricas no útero materno – têm uma

taxa mais elevada de doenças crônicas, como diabetes, doença

cardiovascular e obesidade, que os seus irmãos. Smith, da

Harvard Medical Scholl, viu naquela tragédia uma oportunidade

para melhorar nossa compreensão acerca dos efeitos da

nutrição materna sobre o desenvolvimento fetal e suas

consequências por toda a vida do indivíduo.

A quantidade e a qualidade dos nutrientes disponíveis

para o feto pode estar relacionado com enfermidades nos

adultos, determinando assim os efeitos provocados pela

alimentação que contribuem.

Não é possível precisar todas as alterações

epigenéticas, e nem como elas ocorrem, mas se sabe que

pessoas expostas a fome no útero materno tem um menor grau

de metilação de determinados genes e que modificações

sucedidas durante o desenvolvimento embrionário podem

prosseguir na idade adulta, e até por gerações, afetando os

netos das mulheres expostas à fome (FRANCIS, 2015).

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165

Cabe notar que os efeitos adversos da fome não se

limitaram àqueles que a viveram. Os filhos dos que passaram

pela fome no ventre materno são mais suscetíveis a apresentar

problemas de saúde que os filhos de mães não expostas à fome

(FRANCIS, 2015).

Atualmente muitas áreas de investigações comprovam

que as conseqüências vão além da vida adulta do indivíduo

afetado, podendo perpetuar até as próximas gerações.

Um estudo muito interessante cruzou entre si ratas pai e

mãe que haviam sofrido ou não o diabetes gestacional e

analisou a intolerância a glicose durante três gerações assim

como a expressão dos genes impressos, o imprintin (um tipo

particular de regulação epigenética que depende do sexo do

progenitor). O peso ao nascer foi significativamente maior dos

descendentes da linha materna do que na descendência

através de da linha paterna, com intolerância a glicose, e em 3

deles apareceu uma maior intolerância a glicose. Igualmente, a

impressão dos genes impressos foi menor na descendência

direta da mãe, o que sugere que as mudanças nas células

germinais contribuem com a transmissão transgeracional

(CORDERO, 2010).

Segundo Garcia (2015) as alterações epigenéticas

acontecem em momentos específicos da vida e são reversíveis,

o que as difere das mutações genéticas, podendo mesmo assim

ser passada para outras gerações, sem alterar a sequência

básica do DNA.

Um desses processos chama-se metilação do DNA, que

define quais genes são ativos e quais não são. Desta forma, a

célula pode usar somente uma parte dos genes para produzir

proteínas que precisa e não usar o restante, O conjunto dessas

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166

marcações do DNA é chamado de código epigenético

(FRANCIS, 2015).

O mais interessante disso é que a metilação do DNA

sofre influência da alimentação, do comportamento, dos

aspectos psicológico, do estilo de vida e do ambiente. Essa

influência ocorre por meio de sinais dentro da célula, gerados

por receptores que ficam em sua superfície, em resposta a

diversos estímulos (GALPERIN, 2011).

A epigenética também está envolvida em alguns

segredos da hereditariedade. Nossos pais dão separadamente,

contribuições genéticas iguais para sermos quem somos. Suas

contribuições epigenéticas, porém são desiguais. Faz diferença

herdar alguns genes do pai ou da mãe. Esses genes são

ativados quando recebidos por via materna e inativados quando

nos chegam pela via paterna (e vice-versa). Outros estados

epigenéticos podem ser desencadeados por fatores

ambientais, e podem ser transmitidos de avós para netos

(VILLALOBOS et al., 2015).

Entre os fatores ambientais que parecem afetar os

marcadores epigenéticos se encontram a dieta. Uma nutrição

inadequada pode originar modificações epigenéticas que

poderiam estar implicadas em um incremento de risco a sofrer

enfermidades metabólicas. Entretanto, ao mesmo tempo, existe

a esperança de que uma nutrição adequada, com um aporte

adequado de compostos que ajudam a manter o nível de

metilação do DNA, possa ajudar a reverter os marcadores

epigenéticas de risco, ou prevenir as mudanças de metilação

que ocorrem com a idade ou por efeito de outros fatores

ambientais (FERMIN et al., 2013).

Os efeitos da dieta alimentar durante os primeiros

estágios de vida são também claramente visíveis entre as

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167

abelhas. O que diferencia abelhas obreiras, estéreis, da rainha,

fértil, não é a genética, mas sim a dieta no estado larvar. As

larvas destinadas a rainha são alimentadas exclusivamente de

geléia real, uma substância segregada pelas abelhas obreiras,

que ativa o programa genético responsável pela fertilidade da

rainha (SANCHES et al., 2011).

O conceito da interação entre gene e dieta descreve o

efeito de um componente do alimento sobre um determinado

fenótipo, que pode variar devido ao polimorfismo genético. Isto

é, a variação genética faz com que os nutrientes e outros

compostos dos alimentos tenham interações distintas e por

isso, produzem um fenótipo diferente (YAMADA et al., 2010)

A nutrição depende não somente da composição do

alimento em si, mas também do gasto energético como a taxa

metabólica basal, atividade física, composição corporal e

condições metabólicas de cada um, pois as diferenças

nutricionais existem entre os indivíduos devido à raça, idade,

estilo de vida e composição dos alimentos que são consumidos

(YAMADA et al., 2010). Intervenções dietéticas baseada nos

conhecimentos nutricionais serão úteis para prevenir, minimizar

ou curar as enfermidades crônicas.

O câncer é um processo em que erros genéticos e

epigenéticos se acumulam e transformam uma célula normal

em células invasivas ou em células tumorais metastáticas. As

alterações nos padrões de metilação do DNA mudam a

expressão de genes associados ao câncer, entre esses, os

genes supressores tumorais e os oncogenes.

O risco de câncer está arrolado com a taxa de dano de

DNA detectada em células somáticas. Agravos ao material

genético podem ocorrer espontaneamente, ou podem estar

aumentados em algumas situações, como déficits nutricionais,

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168

e exposição exagerada a agentes mutagênicos. Sendo assim,

o entendimento dos fatores que induzem ao aumento do agravo

de DNA pode trazer importantes avanços na área da prevenção

do câncer.

Estudos apontam que a dieta é um dos fatores

determinantes no prognóstico da neoplasia. Atualmente, pode-

se afirmar que compostos bioativos da dieta como a curcumina,

a genisteína, o resveratrol, o ácido ursólico, o licopeno, a

capsaisina, a silimarina, as catequinas, as isoflavonas, o indol-

3-carbinol, as saponinas, os fitoesteróis, a luteína, a vitamina C,

o folato, o beta caroteno, a vitamina E, os flavonóides, o selênio

e as fibras dietéticas atuam como agentes protetores contra o

câncer (YAMADA et al., 2010).

A qualidade dos alimentos ingeridos pode influenciar no

estado oxidativo das células. A ingestão de frutas e vegetais,

ricos em vitaminas, aumenta o potencial antioxidante,

principalmente no sangue (2). A vitamina C é um dos principais

antioxidantes oriundos da dieta. Os níveis de ingestão

recomendados para a dieta são de 75 a 125 mg por dia,

dependendo de características individuais, como idade, peso e

sexo. O consumo exagerado de vitamina C é desnecessário, já

que o máximo de absorção é de aproximadamente 200 mg por

dia (3). Entre os alimentos ricos em vitamina C estão a goiaba,

o caju, a laranja, a manga, entre outros (SILVA, 2014).

Fatores ambientais podem regular diretamente

mecanismos epigenéticos. O folato, importante substrato para

reações de metilação (incluindo a do DNA), deve ser adquirido

pela alimentação, já que nossas células não o sintetizam.

(SILVA, 2014).

Os antioxidantes são alvo de estudo terapêutico na

prevenção e cura do câncer, apesar de não haver ainda um

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169

completo consenso sobre seu uso. A inter-relação do estresse

oxidativo com a epigenética também é de grande interesse, já

que ambos parecem estar intimamente conectados com

processos de progressão tumoral (SILVA, 2014).

Há muitas evidências de que a variação lipídica no

plasma provocada por mudanças no consumo de lipídios e de

colesterol tenha um componente genético envolvido. Desde

então, a identificação desses fatores genéticos permitiu

pesquisar os genes e seus produtos que estão, de alguma

maneira, envolvidos com o metabolismo das lipoproteínas

(YAMADA et al., 2010

De acordo com Anhueza (2012) as vitaminas

lipossolúveis como as vitaminas A, D, E se unem ao RNA

modulando de forma específicaa expressão de genes

vinculados com o metabolismo energético.

Os minerais também podem afetar a transcrição dos

genes. Entre eles o selênio que tem efeitos importantes na

fisiologia orgânica, devido ao fato de ter várias proteínas que

interagem com ele,e porque certos genes são regulados por

este mineral. No câncer de próstata tem-se observado que de

um total de 12.000 genes encontrados, 2.500 respondem ao

selênio e são afetados por ele. Podendo, assim, de alguma

forma modular o avanço ou o retardo do câncer (ANHUEZA,

2012).

Muitos componentes dos alimentos têm a capacidade de

causar modificações epigenéticas em seres humanos. Por

exemplo, Brassica oleracea var. itálica, conhecido vulgarmente

como brocólis e outros vegetais crucíferos contêm

isotiocianatos, que podem aumentar a acetilação de histonas.

A Glycine Max, nome popular da soja, por outro lado, é uma

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170

fonte da isoflavonagenisteína, que, afirmam, diminuir a

metilação de DNA em certos genes.

O alho é conhecido por possuir diversos compostos

antioxidantes e já foi relacionado com a prevenção do câncer.

Seus componentes podem afetar diversos processos celulares,

como proliferação e diferenciação. O tratamento de células

tumorais com alguns desses compostos, incluindo o próprio

selênio, foi eficaz em inibir seu crescimento e ainda aumentar

sua taxa de apoptose. O chá verde também é utilizado pela

medicina popular para diversos fins terapêuticos. Dentre seus

compostos, há antioxidantes que podem proteger a pele contra

danos causados por radiação ultravioleta quando aplicados

topicamente, ou seja, sobre a pele. Foi proposto que tais efeitos

fotoprotetores são mediados por interações com moléculas

envolvidas em respostas inflamatórias (SILVA, 2014).

É de extrema importância o avanço nessas pesquisas,

porque conhecer o perfil genético individual posibilitará saber

quais pacientes responderão melhor à uma dieta personalizada

que influirá tanto na prevenção, quanto no tratamento das

doenças.

Estudos epidemiológicos sugerem que populações que

consomem elevadas quantidades de alguns destes alimentos

parecem ser menos propensas a certas doenças. Mas muitos

destes compostos têm outras funções biológicas além dos

efeitos epigenéticos. Um alimento pode conter múltiplas

moléculas biologicamente ativas, tornando difícil estabelecer

uma correlação direta entre atividade epigenética e efeito global

no organismo. (FLOREAN, 2014).

Para os cientistas, um argumento potencializa de forma

contundente a importância da Epigenética. Gêmeos idênticos

podem exibir diferente susceptibilidade a doenças se a única

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171

variável é o código genético. Para esses profissionais, a

resposta apóia-se na inferência de que, ao contrário do

genoma, o epigenoma desses gêmeos não é idêntico.

Argumentam que, mesmo dentro do útero, o epigenoma de um

e de outro poderia sofrer influências ambientais distintas como,

por exemplo, fluxo sanguíneo placentário desigual. O que, em

última análise, poderia levar a um diferente aporte de nutrientes

(FRANCIS, 2015).

Outro exemplo muito importante vem da própria

natureza. Retrata muito bem a estreita relação entre nutrição e

epigenética. É o caso das abelhas. As abelhas operárias,

apesar de ser geneticamente igual a abelha rainha, não

desenvolve características que possam se tornarem como ela.

A chave de todo esse mistério está na alimentação.

Diversamente das operárias, a rainha se alimenta de

forma exclusiva de geléia real, proteína bastante rica e muito

complexa secretada na cabeça das abelhas operárias, através

das glândulas. Será sua alimentação para o resta da vida Em

conseqüência dessa mudança alimentar, a abelha rainha

desenvolve órgãos diferentes das demais. Um ovário e um

amplo abdômem para comportar os ovos. As abelhas operárias

continuam estéreis. A abelha rainha mata suas rivais, produz

zumbidos diferentes.

Atualmente com o progresso na indústria alimentar e no

estudo das ciências da nutrição, surge uma nova abordagem

nutricional que pretende enquadrar os conhecimentos da

genética, da biologia molecular e da bioquímica, com vista a um

aconselhamento mais personalizado (NORHEIM et al., 2012;

RONTELTAP et al., 2013; TROVATO, 2012). Os fatores

ambientais em conjunto com o estilo de vida parecem

apresentar impacto na carga genética individual e

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172

consequentemente no estado de saúde dos indivíduos. As

evidências científicas apontam para que fatores ambientais e

comportamentos do estilo de vida, nos quais se incluem a

alimentação e a prática de atividade física, podem influenciar os

mecanismos epigenéticos.

4 CONCLUSÕES

Não resta dúvida que as novas perspectivas trazidas

pela epigenética influenciarão de forma irreversível a nutrição,

produzindo um impacto positivo na saúde dos indivíduos.

Na contemporaneidade, a Nutrição está focada em

contribuir com a prevenção de doenças e manutenção da saúde

através de mudanças de comportamento alimentar.

Compreender com ocorre essa interação entre gene e

alimentos pode ser a chave que abrirá os segredos de uma vida

longa e com saúde. Confirmando o que Hípocrátes já afirmava,

há 500 anos, “que somos aquilo que comemos”. Com um

acréscimo, somos também o resultado do que nossos pais e

avós comeram.

Este é um tema que exerce um grande fascínio nos

estudiosos. É complexo e pouco conhecido, porém chega

carregado de promessas. Questões nutricionais estão inter-

relacionadas com a vida intrauterina e /ou a materna podendo

refletir em longo prazo na saúde do indivíduo. Portanto, nossas

escolhas alimentares podem determinar a qualidade de vida

das gerações vindouras.

As alterações epigenéticas que marcam o genoma são a

chave para a exposição nutricional noútero e sua influência na

expressão dos genes e do fenótipo. A nutrição noúteroé capaz

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173

de mudar a estrutura da cromatina, alterar a expressão gênica

e modificar a saúde durante toda la vida.

A funcionalidade de muitos alimentos consumidos por

uma gestante está pautada diretamente com as condições de

saúde do feto. Podem afetar a cognição, o desenvolvimento

físico, como também influenciar no surgimento de doenças

crônicas não transmissíveis.

Já existe um consenso entre os especialistas de que uma

alimentação nutricionalmente adequada nos traz enormes

benefícios, porém não se resume apenas a isso. As implicações

na saúde, na prevenção de doenças e na qualidade de vida do

indivíduo são muito mais contundentes.

Entre os processos patológicos em que já foi descrita a

participação do estresse oxidativo estão as doenças

cardiovasculares, neurológicas, o diabetes e o câncer. Diversos

tumores humanos, incluindo melanoma, leucemias, carcinomas

gástrico, prostático, mamário e de cólon, apresentam níveis

elevados de estresse oxidativo. Células tumorais estão

comumente expostas a condições de estresse, como hipóxia

(baixos níveis de oxigênio), perda de adesão célula-célula e

célula-matriz extracelular, desbalanço no metabolismo

oxidativo e diversos fatores ambientais.

Trabalhos científicos têm mostrado diversos benefícios

do uso de terapias antioxidantes para o tratamento de doenças

como Alzheimer, diabetes e câncer. Grande parte desses

estudos mostra a importância de nutrientes oriundos da

alimentação. O selênio, por exemplo, pode ser incorporado em

algumas proteínas evitando sua oxidação, ou seja, possui

função antioxidante. Estudos mostram que o selênio tem efeitos

antitumorais, prevenindo angiogênese e metástase em câncer

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174

de mama, próstata, colorretal, melanoma, fígado, pulmão, entre

outros.

Nos próximos anos, a melhora de técnicas analíticas

nesta área resolverá muitas incógnitas que permeia a

epigenética, podendo então integrar a nutrição a essa nova

ciência, mediante uma intervenção específica para um

determinado indivíduo ou como nova ferramenta para prever o

efeito de uma resposta a um tratamento dietético, dependendo

do padrão epigenético prévio.

Com as análises epigenéticas é possível avaliar os

fatores de risco cardiovascular, tais como nutrição, tabagismo,

poluição, estresse, e o ritmo circadiano, isso por haver

evidências crescentes de que as vias epigenéticas controlam a

expressão genética do endotélio vascular e modulam

susceptibilidade de doença cardiovascular. É de fundamental

importância a avaliação das apoliproteinas para diminuir a ação

do colesterol sobre o desenvolvimento de doenças

cardiovasculares. A partir do estudo da epigenética é possível

identificar as variações genéticas associadas aos diferentes

tipos de nutrientes, sendo assim uma ferramenta para

desenvolver dietas que sejam mais adequadas para indivíduos

segundo o seu padrão genético, melhorando a qualidade de

vida para alcançar o envelhecimento saudável.

A partir das pesquisas da epigenéticas será possível

identificar as alterações genéticas associadas aos diferentes

tipos de nutrientes, possibilitando assim criar ferramentas que

desenvolvam dietas mais adequadas para as pessoas de forma

individualizada, propiciando melhor qualidade de vida e um

envelhecimento muito mais autônomo. Será um cuidado

nutricional preventivo e personalizado que trará muitos

benefícios a humanidade. Portanto, antes de eleger sua

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175

alimentação, reflita na sua responsabilidade sobre a saúde dos

seus descentes e até da espécie humana.

Provavelmente em alguns anos, será possível que o

nutricionista possa prescrever uma dieta personalizada, através

do mapeamento genético de cada indivíduo, podendo prevenir

determinadas doenças imprintadas nos marcadores

epigenéticos de cada um. Sendo assim, poderão ser produzidos

produtos nutricionais que impactem de forma eficiente nas

doenças.

Após a finalização do Projeto do Genoma Humano no

ano de 2001, deu-se início o Projeto Epigenoma Humano

(HEP), de iniciativa pública-privada. Tendo como objetivo

identificar, catalogar e interpretar a importância gênica dos

padrões de metilação em todos os genes, na maioria dos

tecidos.

O projeto Epigenoma já está em andamento e promete

revolucionar a nossa forma de pensar a nutrição e modificar a

maneira que conduzimos a saúde humana. Sem dúvida, será

bastante impactante nas práticas de nutrição clínica e de saúde

pública, seja através do surgimento de guias alimentares que

terão como base o genoma de cada um ou intervenções

nutricionais para grupos, como é o caso da suplementação de

ácido fólico que ocorre através de políticas públicas de saúde

no Brasil.

Dessa forma, é de suma importância, estimular

pesquisas nessa área para divulgação e desenvolvimento sobre

a temática, para que seja possível realizar ações voltadas para

prevenção de doenças e promoção da saúde.

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NUTRIÇÃO E EPIGENÉTICA: UMA RELAÇÃO DIRETA COM A HEREDITARIEDADE

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INFLUÊNCIA DA INTERVENÇÃO DIETETICA NO MECANISMO EPIGENÉTICO:

UM ESTUDO DE REVISÃO

178

CAPÍTULO 10

INFLUÊNCIA DA INTERVENÇÃO DIETETICA NO MECANISMO EPIGENÉTICO: UM ESTUDO DE REVISÃO

Maria José de Carvalho COSTA 1

Keylha Querino de Farias LIMA2

Tainá Gomes DINIZ 3

Caroline Severo de ASSIS 4

Raquel Patricia Ataíde LIMA5

1 Doutora e Coordenadora do Programa de Pos Graduação em Ciencias da nutrição; 2Mestranda do Programa de Pós Graduação em Ciências da Nutrição/UFPB; 3,4 Nutricionista,

Especialista em Nutrição; 5 Doutoranda do Programa de Pós Graduação em Ciências da Nutrição/UFPB.

[email protected]

RESUMO: Entende-se por epigenética um mecanismo associado a mudanças hereditárias na expressão do gene, que não envolvem alterações na sequência do DNA, são reversíveis e ainda podem ser herdadas entre gerações. A epigenética envolve mudanças, a partir de marcas no genoma que são copiadas de uma geração de células para a próxima. Essas marcas envolvem a metilação do DNA. Uma hipótese é que a alteração da marca epigenética é a forma como os efeitos ambientais, incluindo a nutrição, dieta e exercício, são recebidas e registradas pelo genoma. A promessa da epigenética nutricional é que ele vai ajudar a elucidar a forma como a nutrição podera manter um individuo saudavel e contribuir na prevenção de doenças, como diabetes mellitus tipo 2, obesidade, inflamação e distúrbios cognitivos através dos efeitos dos nutrientes sobre o epigenoma. O atual conhecimento sobre as influências dietéticas no mecanismo epigenético é de expansão, e certamente é uma abordagem promissora para melhorar a saude da população.

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INFLUÊNCIA DA INTERVENÇÃO DIETETICA NO MECANISMO EPIGENÉTICO:

UM ESTUDO DE REVISÃO

179

Palavras-chave: Mecanismo Epigenético. Intervenção Dietética. Folato

1 INTRODUÇÃO

Dadas as implicações médicas e de saúde pública,

alguns estudos têm examinado o potencial da herança

epigenética no risco metabólico nutricional em populações

humanas (HEARD; MARTIENSSEN, 2014).

E, pouco se conhece sobre a influência do metabolismo

dos nutrientes no controle epigenético. Porém, sabe-se que

genes envolvidos no metabolismo podem contribuir para

diferenças entres os indivíduos em relação as necessidades de

nutrientes e susceptibilidade a doença (MILAGRO et al.,2009).

Foi proposto, que as alterações na (dietas ricas em

gordura ou de baixa proteína) dieta paterna ou então uma

história prévia de exposição intra-uterina a restrição calórica

materna pode resultar em aumento do risco metabólico na prole

(também conhecido como teoria de Barker. As condições

nutricionais durante o desenvolvimento uterino pode ter efeitos

mais tarde na vida, e influenciar a ocorrência de alterações no

metabolismo e doenças durante a fase adulta

(HALES;BARKER,2013).

Quanto aos tipos de gordura o destaque é para o ômega

-3, de acordo com HUANG et al., (2011), em sua meta-análise

concluiu que o alto consumo, desta gordura, foi associado com

uma diminuição significativa na homocisteína plasmática. Além

disso, o ômega-3 tem sido relacionado por regular

positivamente a expressão de genes envolvidos na via de

metabolismo de um carbono aumentando potencialmente a

remetilação de homocisteína a metionina (HUANG et al., 2011).

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INFLUÊNCIA DA INTERVENÇÃO DIETETICA NO MECANISMO EPIGENÉTICO:

UM ESTUDO DE REVISÃO

180

Portanto, este trabalho objetivou realizar um

levantamento dos artigos publicados onde relatam a influência

da intervenção dietética no mecanismo epigenético.

2 MATERIAIS E MÉTODO

O estudo em questão trata de uma revisão integrativa da

literatura visando testar a hipótese sobre a influência da

intervenção dietética no mecanismo epigenetico com base na

literatura.

Para tanto, foram selecionados artigos científicos que

abordam a problemática em questão. A busca dos artigos na

literatura consultada foi realizada através dos descritores:

epigenetic mechanism, folic acid intervention and epigenetic. Os

artigos foram obtidos em diversas bases de dados, como

PUBMED, Periódicos Capes e American Society for Nutrition.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A. MECANISMOS EPIGENÉTICOS

A epigenética é definida como o estudo de alterações na

expressão do gene hereditários, sem alterar a sequência do

DNA, ou fenótipo celular, mas afetam a expressão genica. O

termo epigenética foi criado por Conrad Waddington em 1940.

Originalmente, a epigenética refere-se à forma como os genes

e seus produtos trouxeram o fenótipo (JABLONKA; LAMB,

2002). Uma definição precisa dos princípios da epigenética é

meioticamente todas as mudanças e mitoticamente herdadas

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INFLUÊNCIA DA INTERVENÇÃO DIETETICA NO MECANISMO EPIGENÉTICO:

UM ESTUDO DE REVISÃO

181

na expressão de genes que não são codificados na sequência

do próprio ácido desoxirribonucleico (DNA).

Os principais processos epigenéticos em células de

mamífero são a metilação de carbono 5 de resíduos de citosina

no nucleótidos CpG; modificações covalentes de histonas, tais

como a metilação, acetilação, fosforilação, e ubiquitinação; e as

atividades de pequenos RNAs interferentes.

Estudos pré-clínicos e clínicos têm demonstrado que a

exposição aos desafios ambientais, modificam as marcas

epigenéticas, e que a maioria das pesquisas tem se

concentrado em metilação do DNA (ORDOVÁS; SMITH, 2010).

Investigações prospectivas são necessárias para determinar

se os indivíduos que estão expostos a vários desafios

ambientais e desenvolvem fatores de risco podem acumular

alterações epigenéticas ao longo do tempo, e se essas

alterações aumentam a incidência de doenças

cardiovasculares ou doenças crônicas não transmissíveis, em

geral.

B. EPIGENETICA E DIETA ANTIOXIDANTE

Entende-se por epigenética um mecanismo associado a

mudanças hereditárias na expressão do gene, que não

envolvem alterações na sequência do DNA, são reversíveis e

ainda podem ser herdadas entre gerações (MARTINEZ et al.,

2014). Embora a definição de epigenética esteja

constantemente sendo atualizada, três características

principais são preservadas, ou seja, alterações na sequência

de DNA, hereditariedade e plasticidade e reversibilidade.

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UM ESTUDO DE REVISÃO

182

O conceito biológico de antioxidante refere-se a qualquer

composto que, quando presente a uma concentração mais

baixa comparada com a de um substrato oxidável, é capaz de

atrasar ou evitar a oxidação do substrato (GODIC et al., 2014).

Funções antioxidantes implicam em redução do estresse

oxidativo, mutações de DNA, transformações malignas, assim

como outros parâmetros de danos celulares.

Em estudos epidemiológicos observa-se que a capacidade

dos antioxidantes para conter os efeitos da atividade de

espécies reativas de oxigênio (ROS), e diminuir a incidência de

câncer e outras doenças degenerativas. No entanto,

principalmente, no que se refere, a ação de radicais livres

sustentado, a capacidade do sistema de defesa contra ROS

pode ser sobrecarregado, levando à ocorrência da doença

(GODIC et al., 2014).

O consumo de frutas e vegetais tem sido associado com a

diminuição da incidência e mortalidade por uma variedade de

doenças relacionadas com a obesidade, incluindo diabetes tipo

2 e as doenças cardiovasculares (COOPER et al, 2012;

HERMSDORFF et al., 2010), que são condições de estresse

oxidativo e inflamação crônica (KIZHAKEKUTTU;

WIDLANSKY, 2010). Estas associações têm sido atribuídas ou

a uma interação entre micro e macronutrientes, ou aos

nutrientes isolados.

Alguns fatores nutricionais, como ácido fólico e vitaminas

B1, B2 e B12, pode mudar de metilação do DNA. A restrição do

ácido retinóico e de proteínas na dieta podem causar

modificação da histona, e alimentos com compostos bioativos,

como curcumina, genisteína e ácido retinóico, podem diminuir

a expressão carcinogénica por miARN (BERNI CANANI; DI

COSTANZO, 2010).

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UM ESTUDO DE REVISÃO

183

Alternativamente, fatores dietéticos podem influenciar a

regulação epigenética da expressão do gene através de um

mecanismo indireto mediado por uma modulação da microbiota

intestinal. Os principais metabolitos produzidos pela microbiota

intestinal são os ácidos graxos de cadeia curta (SCFA), tais

como o butirato, que têm múltiplos efeitos benéficos ao nível

intestinal e extra-intestinal (BERNI CANANI; DI COSTANZO,

2012) nesse sentido, o aumento no consumo de fibra dietetica

ocorre aumento da produçao do SCFA.

Os micronutrientes modulam o sistema imunológico e

exercem uma ação protetora ao reduzir a oxidação de LDL-

colesterol através da indução de enzimas antioxidantes

(BEYDOUN et al., 2011).

Os benefícios relatados pelo consumo de frutas e vegetais

na saúde são, em parte, dependente de seu conteúdo de

antioxidantes naturais como vitaminas A, C e E, pois, combatem

o estresse oxidativo (NÚÑEZ-CÓRDOBA; MARTÍNEZ-

GONZÁLEZ, 2011).

Estudos em modelos animais e humanos forneceram

evidências sobre as vias pelas quais micronutrientes podem

induzir efeitos cardiometabólicos de proteção (HENRIKSEN et

al., 2011). Desequilíbrio entre a produção de radicais livres e

enzimas antioxidantes causam danos de vários componentes

celulares e até mesmo a morte (LANDETE, 2013), e esperar o

restabelecimento do equilíbrio redox poderia atenuar o risco de

doenças como a diabetes tipo 2 e aterosclerose (RAIN; JAIN,

2011).

No entanto, a suplementação de multivitaminas em estudos

randomizados não demonstraram reduzir a morbidade e

mortalidade cardiovascular. Considerando-se que altas doses

de certas vitaminas podem afetar adversamente as

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UM ESTUDO DE REVISÃO

184

concentrações de lipídeos, e a divisão celular, para tanto, a

ingestão natural através de uma dieta saudável tem sido

recomendada (LANDETE, 2013).

Nos últimos anos, uma série de estudos estão sendo

realizados para entender a influência de diferentes compostos

nutricionais (macronutrientes, micronutrientes, fitoquímicos,

antioxidantes, etc.) sobre a alteração de marcas epigenéticas e,

conseqüentemente, na regulação da expressão gênica e a

probabilidade de desenvolver ou prevenir doenças (MARTINEZ

et al.,2014).

Para Jones, (2012) um fator importante para se estudar

a metilação do DNA, é poder ser modificada regulamente e ser

influenciada por fatores ambientais e externos.

A dieta é um fator muito influente na origem da doença

metabólica, e ambos os componentes dietéticos específicos,

bem como mudanças de regimes alimentares globais podem

afetar os níveis de metilação do DNA (JACOBSEN et al., 2012).

Switzeny et al., (2012) concluíram que uma dieta rica em

antioxidantes e vitaminas, especialmente o folato, foi capaz de

alterar a metilação do DNA, e compensar lesões epigenéticas

induzidas por ROS (espécies reativas de oxigênio), em

indivíduos idosos diabéticos tipo 2. Essas lesões dizem respeito

à desmetilação ocasionada pelo aumento de ROS como

resultado da hiperglicemia crônica. A intervenção resultou em

metilação significativamente mais alta em duas particulares

regiões promotoras, MLH1 e MGMT, que geram enzimas de

reparo do DNA. Os autores consideram que a intervenção

nutricional pode ter levado a uma menor carga de ROS e, dessa

forma, diminuído os efeitos da desmetilação, a metilação do

DNA foi associado com maior consumo de frutas / vegetais

(ZHANG et al., 2011).

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INFLUÊNCIA DA INTERVENÇÃO DIETETICA NO MECANISMO EPIGENÉTICO:

UM ESTUDO DE REVISÃO

185

Ainda referente as vitaminas, Van Wijk et al., (2012)

sugeriu em seu estudo que o ácido fólico na dieta, pode

influenciar o perfil de ácidos graxos, particularmente o ácido

docosa-hexaenóico (DHA), um importante ácido graxo do

omega-3, por influenciar a síntese de fosfolípidos tais como

fosfatidilcolina (FD) e fosfatidiletanolamina (FE).

Alterações epigenéticas tornaram-se mais

significativamente associada com o gene-dieta e interações

gene-ambiente, resultando em metabolismo alterado de

lipídeos, inflamação e outros desequilíbrios metabólicos que

levam a doenças cardiovasculares e obesidade (ORDOVAS et

al., 2011). O acúmulo de homocisteína no sangue leva a um

aumento intracelular de S-adenosilhomocisteina (AdoHcy), que

é um potente inibidor da metiltransferase competitiva

(INGROSSO; PERNA, 2009).

A homocisteína é um fator de risco para doença

cardiovascular e parece haver uma ligação com a epigenética.

A administração do folato resulta na redução da homocisteína,

mas, infelizmente, a prova de subsequente redução do risco de

doença cardiovascular não foi estabelecida e há ainda a

sugestão de um efeito nocivo a partir de tratamento com

suplementos de vitamina B combinado com o ácido fólico,

vitamina B6 e vitamina B12 (BONAA et al., 2006). Um conceito

terapêutico importante é que nutrientes e medicamentos podem

ser capazes de reverter os padrões epigenéticos anormais e

que programação epigenética, ou reprogramação quando

indicado, pode tornar-se mecanismos eficazes que conduzem à

melhoria da saúde através da intervenção dietética em pontos

específicos de desenvolvimento (HANLEY et al., 2010).

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UM ESTUDO DE REVISÃO

186

c. EPIGENETICA E ÁCIDO FÓLICO

Entre os micronutrientes, o ácido fólico é bem conhecido,

como doador de carbono para metilação e síntese de DNA

(CLAYCOMBE et al., 2015). Nutrientes anti-inflamatórios tal

como o ácido fólico pode ser benéfico na prevenção a resposta

inflamatória (KINOSHITA et al., 2012). Estudos in vitro,

demonstraram que as condições de deficiência em ácido fólico,

aumentou a expressão de mediadores inflamatórios, tais como

Il-b, IL-6 e TNF-α nos ratos da linha celular RAW 264.7

(KOLB;PETRIE, 2013), em humanos, ainda não foi encontrada,

na literatura, se existe essa relação, até o atual momento.

Os componentes dietéticos que aumentam o nível de

componentes da via de doadores de metilo incluem ácido fólico,

cobalamina (vitamina B12), colina, betaína / trimetilglicina

(TMG), e l-metionina. O metabolismo da metionina é regulado

pela ingestão de nutrientes de B12, piridoxina (vitamina B6), e

riboflavina (vitamina B2) uma vez que estas vitaminas B são co-

fatores para hormônios que regulam o metabolismo da

metionina (KALHAN; MARCZEWSKI, 2012).

Dieta deficiente em doadores de grupos metilo e co-

factores do ciclo da metionina-homocisteína (por exemplo,

ácido fólico, metionina, colina, betaína) reduzem a metilação e

a regulação da expressão de genes envolvidos na absorção de

ácidos graxos livres e na síntese dos triglicérideos, promovendo

doença do fígado gordo e, presumivelmente, a obesidade

(POGRIBNY et al., 2009)

Um dos nutrientes alimentares mais intensamente

investigados é o folato, derivado de alimentos ricos em ácido

fólico, como vegetais, legumes e grãos integrais. O folato

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UM ESTUDO DE REVISÃO

187

participa tanto da metilação de DNA e de reações de

nucleótidos de biossíntese e está envolvido, ainda, na

formação de grupos de metilo, que serve como um doador de

metilo na metilação de DNA (JENNINGS, 1995) e desempenha

também um papel importante na novo síntese de purinas e

pirimidinas, os quais são necessários durante a replicação e

reparação de DNA (BOTTIGLIERE, 1996).

A via metabólica do folato leva à síntese de purina e de

síntese de 5-metiltetrahidrofolato (5-MTHF) utilizando a enzima

5-metilenotetrahidrofolato redutase (5-MTHFR) que é um

cofator da vitamina B2 (Fig. 1). A metionina é então produzido

com a ajuda de vitamina B12 e metionina sintase (MS). A

metionina é convertida em S-adenosilmetionina (SAM), a

molécula de doador de metilo. SAM doa um grupo metilo,

enquanto enzimas metiltransferase adicionam o grupo metilo no

DNA, RNA, proteínas, e lipídeos (SHORTER et al., 2015).

Figura 1. Via de Metabolismo do Folato.

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UM ESTUDO DE REVISÃO

188

O ácido fólico (folato) é metabolizado eventualmente a

metionina, a qual é depois convertida em S-adenosilmetionina

(SAM), o doador da mólecula metil. SAM doa um grupo metilo

para DNA, RNA, proteínas e lipideos.Vitamins B2 e B12 são

necessários para este processo. Metileno tetra hidrofolato

redutase (MTHFR) é em grande parte responsável por este

processo, bem como, as mutações no gene que codifica esta

enzima são ligadas à homocisteína que pode também ser

convertida em metionina (SHORTER et al., 2015).

A deficiência de folato pode ocorrer, por consumo

inadequado, além da interação com medicamentos e com

consumo do álcool por interferirem na sua absorção. A má

absorção também pode estar relacionada, mais raramente, aos

defeitos enzimáticos congênitos. A deficiência de cobalamina

acarreta captação reduzida de folato através do intestino e de

outras paredes celulares, além de retenção celular reduzida de

folato.

Os fármacos podem interferir de diversas formas na

absorção, metabolização e utilização do folato no organismo. A

principal droga antagonista do folato é o metotrexato, uma

droga com propriedades antineoplásicas e imunossupressoras,

desempenhando a função de potente inibidor da dihidrofolato

redutase. A inibição dessa enzima leva a defeitos de metilação

que comprometem a síntese de DNA, acarretando eritropoiese

ineficaz.

Outros inibidores da dihidrofolato redutase são a

pentamidina, o trimetropim, o triantereno e a pirimetamina. Os

anticonvulsivantes, tais como fenitoína, fenobarbital e

primidona, competem com o folato por receptores intestinais,

cerebrais e de outras superfícies celulares, estando associados

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INFLUÊNCIA DA INTERVENÇÃO DIETETICA NO MECANISMO EPIGENÉTICO:

UM ESTUDO DE REVISÃO

189

ao desenvolvimento de macrocitose em até 40% dos pacientes

em uso dessas drogas (VANNUCCHI; MONTEIRO, 2010).

4 CONCLUSÕES

Estudos com mecanismos epigenéticos e a influência da

intervenção dietética em humanos ainda são escasso, sabe-se

que o consumo de gordura acima das recomendações alteram

as marcas epigenéticas e o aumento de doenças crônica não

transmissíveis assim como o consumo de folato, abaixo das

recomendações, pode levar ao silenciamento do gene MTHFR

o qual desempenha um papel importante na novo síntese de

purinas e pirimidinas, os quais são necessários durante a

replicação e reparação de DNA.

Portanto, estudos em humanos são necessários para

melhor elucidar as vias que o consumo dos macronutrientes e

micronutrientes podem alterar o mecanismo epigenético.

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POLIMORFISMO C677T NO GENE MTHFR E DOENÇA CARDIOVASCULAR

193

CAPÍTULO 11

POLIMORFISMO C677T NO GENE MTHFR E DOENÇA CARDIOVASCULAR

Marina Ramalho RIBEIRO 1

Jessica Vanessa de Carvalho LISBOA 1 Thamires Ribeiro CHAVES 2

Raquel Patrícia Ataíde LIMA 3

Maria José de Carvalho COSTA 4

1 Mestranda em Ciências da Nutrição, UFPB; 2 TMestre em Ciências da Nutrição; 3 Doutoranda em Ciências da Nutrição, UFPB; 4 PhD em Nutrition et Alimentation, Université de

Bourgogne . [email protected]

RESUMO: Polimorfismos são variações genéticas que resultam em alterações na expressão do gene, cuja análise possibilita a definição de uma dieta ideal, tendo em vista a influência que podem exercer sobre a absorção, metabolismo e transporte de nutrientes em todo o corpo. O polimorfismo C677T, localizado no gene da metilenotetrahidrofolato redutase (MTHFR), está associado com níveis alterados de marcadores inflamatórios e no perfil lipídico, hiperhomocisteinemia, levando a um risco elevado do surgi-me nto de doenças cardiovasculares (DCV), que caracteriza-se como sendo a causa principal de morte em todo o mundo. Por este motivo, o conhecimento dos níveis de marcadores bioquímicos possui grande relevância, pois é sabido que os seus valores, quando alterados, geralmente acompanham as síndromes coronárias agudas. A presença do polimorfismo C677T no gene MTHFR torna este conhecimento ainda mais importante, especialmente naqueles portadores do genótipo TT devido a menor atividade enzimática resultante desta mutação. Portanto, devido a relação que os níveis elevados de marcadores inflamatórios e de perfil lipídico

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POLIMORFISMO C677T NO GENE MTHFR E DOENÇA CARDIOVASCULAR

194

exercem sobre o surgimento de doenças cardiovasculares,são necessárias investigações acerca da influência do polimorfismo C677T da MTHFR sobre estes parâmetros bioquímicos. Palavras-chave: Polimorfismo Genético. Doenças

Cardiovasculares. Inflamação.

1 INTRODUÇÃO

Com a atualização do projeto Genoma Humano o uso de

diagnósticos moleculares clínicos tem crescido

consideravelmente, inclusive no âmbito da nutrição. A partir

deste projeto, puderam-se conhecer diversos polimorfismos,

que implicam em uma variação genética num local designado,

resultando em alterações no grau de expressão do gene. Esta

expressão gênica possui interação com diversos fatores

ambientais, especialmente a ingestão alimentar que pode levar

a aumento do risco de desenvolvimento de doenças, como a

obesidade, diabetes mellitus, certos tipos de câncer e as

doenças cardiovasculares (DCV) (TUCKER et al., 2013).

A análise do polimorfismo oferece uma ferramenta

molecular poderosa para investigar o papel da nutrição na

saúde humana e na doença, e sua consideração em clínica e

estudos epidemiológicos possui grande relevância para a

definição de uma dieta ideal. Portanto, a presença dos

polimorfismos tem de ser reconhecida antes de serem feitas

recomendações dietéticas para melhorar a saúde, tendo em

vista a influência que podem exercer sobre a absorção, o

metabolismo e o transporte de nutrientes em todo o corpo

(MUTCH; WAHLI; WILLIAMSON, 2005).

Dentre estes polimorfismos que interferem no

metabolismo dos nutrientes está o C677T presente no gene da

metilenotetrahidrofolato redutase (MTHFR). A MTHFR é a

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POLIMORFISMO C677T NO GENE MTHFR E DOENÇA CARDIOVASCULAR

195

enzima chave no metabolismo do folato e metionina,

influenciando assim o metabolismo do DNA e mantendo os

níveis de homocisteína adequados.

O polimorfismo C677T no gene MTHFR está associado

com alterações nas concentrações séricas de homocisteína,

ácido fólico, perfil lipídico, marcadores do estresse oxidativo,

dentre outros (CHMURZYNSKA et al., 2013; ABD-ELMAWLA

et al., 2016; GUPTA et al., 2016), especialmente naqueles

portadores do alelo T em homozigose (TT). Portanto, o

conhecimento destes parâmetros bioquímicos possui grande

relevância, pois é sabido que os seus valores, quando

alterados, geralmente aumentam o risco de desenvolvimento de

síndromes coronárias agudas (LIBBY; RIDKER; MASERI,

2002).

Assim, este artigo tem como objetivo fazer uma revisão

a respeito das relações existentes entre o polimorfismo C677T

no gene MTHFR e marcadores bioquímicos no aumento do

risco de surgimento de doenças cardiovasculares.

2 MATERIAIS E MÉTODO

O estudo em questão trata-se de uma revisão integrativa

da literatura visando testar a hipótese de que as alterações nos

marcadores bioquímicos induzidas pela presença do

polimorfismo C677T no gene MTHFR estão relacionadas com

um aumento do risco de surgimento de doenças

cardiovasculares.

Para tanto, foram selecionados artigos científicos que

abordam a problemática em questão. A busca dos artigos na

literatura consultada foi realizada através dos descritores:

inflammatory markers, lipid profile e polymorphism C677T

MTHFR. Os artigos foram obtidos em diversas bases de dados,

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POLIMORFISMO C677T NO GENE MTHFR E DOENÇA CARDIOVASCULAR

196

como PUBMED, Periódicos Capes e American Society for

Nutrition.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Características do polimorfismo C677T no gene MTHFR

O sequenciamento completo do genoma humano

permitiu a identificação de diversos polimorfismos, dentre eles

os polimorfismos de nucleotídeo único (SNP) que ditam

diferenças fenotípicas individuais entre a população, podendo a

tecnologia atual identificar um número superior a 500.000

polimorfismos por pessoa. Os SNP são um tipo comum de

polimorfismo em evidência na literatura que representam a

diferença em um nucleotídeo e caracteriza-se pela substituição

de uma base de nucleotídeos por outra (FERGUSON et al.,

2016) (Figura 1).

O termo “polimorfismo” implica em uma variação

genética que ocorre na sequência de alelos, na sequência de

bases nucleotídicas ou na estrutura cromossômica, que ocorre

em pelo menos 1% de qualquer população distinta, resultando

em alterações no grau de expressão do gene onde ocorre a

mutação, e podem surgir através de mutação envolvendo a

alteração em uma base de nucleotídeo, ou por perda ou por

inserção.

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POLIMORFISMO C677T NO GENE MTHFR E DOENÇA CARDIOVASCULAR

197

Figura 1. Representação do Polimorfismo de Nucleotídeo

Único

Fonte: FERGUSON et al., 2016

A metilenotetrahidrofolato redutase (MTHFR) é uma

enzima presente especialmente no fígado e que age

catalisando a desmetilação de 5,10-metilenotetrahidrofolato a

5-metilenotetrahidrofolato, que fornece metilo para remetilação

de homocisteína e transformação em metionina. Ela é, portanto,

a enzima chave no metabolismo da homocisteína, metionina e

folato (sendo responsável por sua forma circulante) e também

influencia o metabolismo do DNA (DEDOUSSIS et al., 2005; LI,

2012).

Dois polimorfismos comuns que podem contribuir para a

hiperhomocisteinemia foram relatados no gene MTHFR

(HANSON et al., 2001). Dentre eles está o polimorfismo C677T,

que é o tipo mais comum de mutação na via de metabolismo da

homocisteína; tendo sido descrito pela primeira vez por Frosst

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POLIMORFISMO C677T NO GENE MTHFR E DOENÇA CARDIOVASCULAR

198

et al. (1995), como sendo responsável pela síntese de uma

forma de MTHFR termolábil.

O polimorfismo C677T que ocorre na MTHFR é

responsável pela síntese de uma forma de MTHFR termolábil.

Este polimorfismo está localizado na região do gene da

MTHFR-catalisador e surge quando a timina (base T) é

substituída por citosina (base C) no nucleotídeo 677 do gene da

MTHFR, fazendo com que aja uma conversão de alanina para

um resíduo de valina na enzima (DEDOUSSIS et al., 2005; LI,

2012).

Quando comparada ao genótipo normal (CC) do C677T

na MTHFR, observa-se que a atividade específica desta enzima

é reduzida em 35% na presença de genótipo em heterozigose

(CT) e em 70% quando em homozigose (TT) (HOBBS et al.,

2000). A presença deste polimorfismo está associada com a

elevação dos níveis séricos de homocisteína por contribuir para

a inatividade da MTHFR, o que dificulta a conversão deste

marcador em metionina, fazendo com que o nível sérico de

folato diminua e o de homocisteína aumente, levando a um

maior risco de DCV; havendo, também, uma hipometilação do

DNA (HANSON et al., 2001; IMAMURA et al, 2010).

Polimorfismo C677T no gene MTHFR e marcadores

bioquímicos

O conhecimento dos níveis de marcadores pró e anti-

inflamatórios possui grande relevância, pois é sabido que os

seus valores, quando elevados, geralmente acompanham as

síndromes coronárias agudas (LIBBY; RIDKER; MASERI,

2002). A presença do polimorfismo C677T na MTHFR torna

este conhecimento ainda mais importante, pois os portadores

desta marca genética apresentam níveis mais elevados de

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POLIMORFISMO C677T NO GENE MTHFR E DOENÇA CARDIOVASCULAR

199

vários marcadores inflamatórios, especialmente se este possuir

homozigose para o alelo T (DEDOUSSI et al., 2005).

Dentre os marcadores inflamatórios e e do estresse

oxidativo que possuem relação com o polimorfismo em questão

estão a homocisteína, proteína C-reativa (PCR), alfa 1

glicoproteína ácida, malondealdeído (MDA), capacidade

antioxidante total (CAT) e Fator de Necrose Tumoral - α (TNF-

α).

A CAT considera a ação cumulativa de todos os

antioxidantes presentes nos fluidos corporais e plasmáticos,

proporcionando um parâmetro integrado, e não apenas a

simples soma de antioxidantes mensuráveis. Existem várias

evidências indicando a importância da CAT no plasma e nos

tecidos e a sua modificação durante o desenvolvimento do

estresse oxidativo, bem como sua viabilidade como uma

ferramenta para investigar a associação entre a dieta e o

estresse oxidativo.

Além disto, ela está inversamente relacionada com o

surgimento de doenças cardiovasculares, tendo o processo

inflamatório como papel chave em sua iniciação e progressão

(SERAFINI; DEL RIO, 2013; BOEKHOLDT; KASTELEIN,

2010).

No que diz respeito aos níveis de MDA, alguns

estudiosos demonstram que, na presença desta polimorfismo,

há um aumento nas concentrações séricas de MDA, havendo

influência ainda maior naqueles que possuem o alelo T (RAHIMI

et al., 2013; ASEFI et al., 2014; DHANANJAYAN et al., 2015;

ABD-ELMAWLA et al., 2016). O MDA é um biomarcador

utilizado para a peroxidação lipídica, sendo um dos mais

populares e confiáveis para a determinação do estresse

oxidativo em situações clínicas e bastante relevante para a

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POLIMORFISMO C677T NO GENE MTHFR E DOENÇA CARDIOVASCULAR

200

comunidade de investigação biomédica (AYALA; MUÑOZ;

ARGUELLES, 2014).

No que diz respeito a PCR, ela é classificada como um

marcador geral de inflamação sistêmica, cujo valor é importante

para quantificar a eficácia das intervenções e prevenção da

DCV (BOEKHOLDT; KASTELEIN, 2010). A presença do

polimorfismo C677T está associado com um aumento das

concentrações deste marcador, especialmente naqueles

indivíduos portadores do alelo TT (homozigotos) ou CT

(heterozigotos) (DEDOUSSIS et al., 2005).

Valores elevados de homocisteína surgem a partir da

baixa disponibilidade de vitaminas B6, B12 e ácido fólico no

organismo, o que leva a risco de inflamação vascular e doença

arterial coronariana (HYDERALI; MALA et al., 2015). Os níveis

séricos de homocisteína encontram-se mais elevados nos

portadores do alelo TT do que naqueles com CC ou CT

(DEDOUSSIS et al., 2005).

O metabolismo lipídico tem sua via alterada na presença

deste polimorfismo, especialmente naqueles portadores do

alelo T (CHMURZYNSKA et al., 2013). Em estudo realizado por

Zhang et al. (2010), pôde-se observar que os níveis de

colesterol total e LDL-colesterol sofreram alterações devido a

presença do referido polimorfismo; Afirmando, ainda, que os

portadores do alelo T apresentavam níveis séricos mais

elevados de CT e LDL-colesterol do que os não portadores

deste alelo.

Em outro estudo observou-se que os níveis de

triglicerídeos séricos encontravam-se elevados frente a

presença do polimorfismo C677T da MTHFR (MIKAEL et al.,

2009). Alterações no perfil lipídico também foram verificadas em

um estudo realizado por Massa et al., (2016); no entanto os

valores observados foram estatisticamente semelhantes para

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POLIMORFISMO C677T NO GENE MTHFR E DOENÇA CARDIOVASCULAR

201

os portadores do alelo 677T e 677C, o mesmo não foi

encontrado por Abd-Elmawla et al., (2016).

Indivíduos com sobrepeso ou obesidade tendem a

possuir maiores alterações nestes parâmetros bioquímicos

citados, devido ao fato de que a excessiva deposição de

gordura está relacionada com aumento de biomarcadores

inflamatórios e de estresse oxidativo, sendo observado, em

alguns estudos a influência desta condição nutricional com

níveis diminuídos de CAT ao mesmo tempo em que se elevam

os de MDA, homocisteína, e alguns marcadores do perfil lipídico

(HERMSDORFF; PUCHAU; VOLP, 2011).

Fazendo com que seja necessário, portanto, uma

atenção maior naqueles que possuem o polimorfismo C677T no

gene MTHFR por este já ser conhecido por favorecer

alterações nestes marcadores (SINGH; SINGH, 2015).

Relação entre doença cardiovascular e o polimorfismo

C677T no gene MTHFR

As mutações nas sequências do DNA são responsáveis

por cerca de 90% de variação genética humana, podendo

alterar o risco de desenvolvimento de diversas doenças (MEAD,

2007). Estas doenças podem ser classificadas como

monogênica, quando possui o surgimento influenciado por um

único gene, ou multifatorial que, como o próprio nome já diz, é

determinada pela combinação de diversos outros fatores além

do genético.

Apesar de distintas, ambos os tipos são beneficiados

pela genômica nutricional que fornece as evidências capazes

de modular a expressão fenotípica provocada pelas patologias,

sendo necessários mais progressos nesta área para identificar

os genes-chave envolvidos na etiologia das patologias e no

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POLIMORFISMO C677T NO GENE MTHFR E DOENÇA CARDIOVASCULAR

202

entendimento a cerca do impacto da sua variação no processo

saúde-doença (ORDOVAS, CORELLA, 2004).

Portanto, torna-se de grande importância a identificação

dos genes variantes que podem modular os níveis de lipídios e

de marcadores inflamatórios, visando a compreensão do

desenvolvimento e da gravidade de doenças relacionadas a

estes parâmetros bioquímicos (MERINO; MA; MUTCH, 2010).

Na literatura, as patologias multifaroriais mais

comumente relacionadas com a presença de polimorfismos

genéticos são diabetes, doença cardiovascular, hipertensão,

obesidade, dislipidemia e câncer. Já as monogênicas mais

comuns são fenilcetonúria, galactosemia, intolerância a lactose

e doença celíaca (STEEBURGO; AZEVEDO; MARTÍNEZ,

2009; SIMOPOULOS, 2010; LI, 2012; NASSEREDDINE et al.,

2015; SONG et al., 2016).

A doença cardiovascular (DCV) é a principal causa de

morte e incapacidade em todo o mundo, representando cerca

de 50% das mortes por doenças crônicas não transmissíveis

(ALJEFREE; AHMED, 2015; SMIDOWICZ; REGULA, 2015).

Inúmeros estudos evidenciam a relação entre diversos

polimorfismos e o surgimendo de doença cardiovascular (DCV),

seja por alterações em marcadores bioquímicos que antecedem

e aumentam o risco de desenvolvimento desta doença, ou por

ligação direta com o seu surgimento.

Na literatura são descritas diversas alterações induzidas

por este polimorfismo, sendo de ordem patológica, metabólica

ou bioquímica. Dentre as patologias estão a Doença Arterial

Coronariana (DAC); doenças cerebrovasculares, incluindo

infarto isquêmico e hemorrágico; e hipertensão (LI, 2012;

ZHANG et al., 2014; WU et al., 2014; YANG et al., 2014; HOU;

CHEN; SHI, 2015; NASSEREDDINE et al., 2015; SONG et al.,

2015). Estando também relacionado com alguns parâmetros

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POLIMORFISMO C677T NO GENE MTHFR E DOENÇA CARDIOVASCULAR

203

bioquímicos, incluindo perfil lipídico, vitamina B12 e marcadores

do estresse oxidativo. Portadores do

genótipo TT deste polimorfismo tendem a ser mais propensos

a desenvolver DAC do que os portadores do genótipo CC,

sugerindo que o alelo T é o gene de predisposição para a

patologia em questão, também sendo observado que aqueles

que possuem o genótipo homozigoto alterado (TT) apresentam

maiores casos de doenças cardiovasculares em sua família (LI,

2012; NASSEREDDINE et al., 2015). No entanto, resultados

controversos a respeito da influência positiva deste

polimorfismo sobre o surgimento da DAC também são

encontrados na literatura (IBRAHIM; DESSOKIY, 2009).

A inflamação é uma resposta necessária do sistema

imunológico para a infecção aguda ou trauma; no entanto, um

estado inflamatório prolongado tem efeitos prejudiciais à saúde,

ocasionando, especialmente, danos cardiovasculares, pois se

sabe que níveis elevados de citocinas pró-inflamatórias levam

a alteração do perfil sérico dos marcadores inflamatórios,

considerados preditores de doenças cardiovasculares futuras

(BASU; DEVARAJ; JIALAL, 2006; BEAVERS et al., 2015). Os

indivíduos com o polimorfismo C677T da MTHFR apresentaram

níveis elevados destes marcadores bioquímicos, indicando,

assim, um maior risco de surgimento de DCV (DEDOUSSIS et

al., 2005).

A relação entre o polimorfismo C677T na MTHFR e o

surgimento de doença cardiovascular é descrita em diversos

estudos e tem sido observado que os portadores do genótipo

TT deste polimorfismo foram mais propensos a desenvolver

doença arterial coronariana do que os portadores do genótipo

CC, sugerindo que o alelo T é o gene de predisposição para a

patologia em questão (LI, 2012). Sua associação com o

aumento do risco de doenças cerebrovasculares, incluindo

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POLIMORFISMO C677T NO GENE MTHFR E DOENÇA CARDIOVASCULAR

204

acidente vascular cerebral isquêmico e hemorrágico, bem como

também para hipertensão, é observada em algumas meta-

análises (WU et al., 2014; ZHANG et al., 2014).

4 CONCLUSÕES

A partir da literatura consultada pôde-se observar que as

alterações clínicas e metabólicas induzidas pela presença do

polimorfismo C677T da MTHFR, especialmente naqueles

indivíduos portadores dos alelos CT e TT, estão relacionadas

com um aumento do risco de desenvolver algum tipo de doença

cardiovascular, sendo devido as alterações provocadas nos

marcadores inflamatórios, elevando suas concentrações

séricas. O conhecimento desta relação torna ainda mais

relevante a identificação do gene variante, a fim de minimizar

os danos provocados por sua presença.

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RELAÇÃO ENTRE NÍVEIS DE ADIPOSIDADE ABDOMINAL E VALORES DE VITAMINA D EM ADULTOS: UMA REVISÃO DA LITERATURA

209

CAPÍTULO 12

RELAÇÃO ENTRE NÍVEIS DE ADIPOSIDADE ABDOMINAL E VALORES DE VITAMINA D EM ADULTOS: UMA

REVISÃO DA LITERATURA

Laís Kisly Costa SILVA 1

Yohanna de OLIVEIRA 2

Camila Cândida de Lima MARTINS 2 Matheus Silveira da COSTA3

Cássia Surama Oliveira da SILVA4

1 Pós-Graduada em Nutrição Clínica/Estácio de Sá; 2 Mestrandas do Programa de Pós Graduação em Ciências da Nutrição/UFPB; 3 Pós-Graduando em Fitoterapia e Nutrição

Esportiva/Faculdade Integrada de Patos; 4 Mestre em Ciências da Nutrição/UFPB. [email protected]

RESUMO: Nos últimos anos, a vitamina D têm ocupado destaque na comunidade científica, através de evidências abordando a estreita relação entre a obesidade e a deficiência de vitamina D, que pode ser ocasionada pela biodisponibilidade reduzida devido a um sequestro da vitamina D pelo tecido adiposo. Neste sentido, objetivou-se avaliar a relação entre os diferentes níveis de adiposidade abdominal e os valores de vitamina D em adultos, além dos possíveis fatores bioquímicos afetados, a fim de prevenir sua deficiência. Foi realizada uma revisão bibliográfica, através de buscas nas bases eletrônicas Sciencedirect, Pubmed, Web Of Science e Periódicos CAPES, no idioma inglês, utilizando a literatura dos últimos 5 anos. Observou-se que as concentrações séricas de vitamina D estavam inversamente correlacionadas com CC, RCQ, RCA e IMC, mesmo esta última sendo uma medida de obesidade generalizada. Além disso, a prevalência de hiperglicemia e hipertrigliceridemia aumentou com os percentuais de gordura abdominal em ambos sexos, estando estreitamente relacionadas com doenças cardiometabólicas. Tomados em

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210

conjunto, este panorama de indicadores fornecem evidências convincentes para uma correlação entre as concentrações séricas de vitamina D e fenótipos de adiposidade, sugerindo fortemente que a vitamina D é alterada no sistema de indivíduos obesos e isto pode ter implicações tanto para o desenvolvimento da própria obesidade e de co-morbidades. Palavras-chave: Vitamina D. Obesidade visceral.

Antropometria.

1 INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, a vitamina D tem ocupado uma

posição de destaque na comunidade científica devido ao

aumento de evidências abordando diversos fatores associados

com a deficiência/ insuficiência de vitamina D (CASHMAN et al.,

2016).

A vitamina D, solúvel em gordura, é um composto

essencial para a manutenção da mineralização óssea, além de

desempenhar papéis importantes em diversos processos

metabólicos. É sintetizada na pele através da ação solar dos

raios ultravioleta B (UVB) ou obtida a partir da dieta (por

exemplo, óleo de fígado de bacalhau e peixes gordos), ou

suplementação nutricional (HOSSEIN-NEZHAD; HOLICK,

2013).

O conhecimento da distribuição dos níveis séricos de 25

(OH) D em populações, levando em consideração inúmeros

fatores como gênero, região geográfica residente,

sazonalidade, exposição inadequada à luz solar, pele escura,

uso de protetor solar, tabagismo, obesidade, sedentarismo,

fatores genéticos, doenças renais e hepáticas, e certos agentes

farmacológicos, faz-se importante para a elaboração de

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211

estratégias eficazes para a sua prevenção (JAKOBSEN;

KNUTHSEN, 2014).

De acordo com o critério adotado pela última diretriz da

Endocrine Society (HOLICK et al., 2011), para concentrações

séricas de 25-hidroxivitamina D abaixo de 20 ng/mL (50 nmol/L)

são classificadas como deficiência, entre 20 e 29 ng/mL (50 e

74 nmol/L) como insuficiência e entre 30 e 100 ng/mL (75 e 250

nmol/L) como suficiência, sendo sugerida como ideal a

manutenção das concentrações de 25(OH)D entre 40 e 60

ng/Ml (HOLICK et al., 2011).

No Brasil, Eloi et al. (2016), analisaram 39.004 indivíduos

brasileiros em São Paulo, de ambos os sexos com idade entre

2 a 95 anos, e constataram que no geral, 33,9% tinham

concentrações séricas de 25 (OH) D inferiores a 20 ng / mL, de

acordo com os critérios de corte estabelecidos pelo Institute of

Medicine (IOM, 2011). Já utilizando o corte da Endocrine

Society, a maioria (70,7%) foram considerados deficientes (< 20

ng/ mL) ou insuficientes em vitamina D (<30 ng / mL), não

diferindo entre os sexos. A prevalência de deficiência de

vitamina D foi significativamente mais elevada durante o

inverno, em comparação com o verão.

Tem sido relatado que a deficiência de vitamina D está

associada com a síndrome metabólica (SM), doença arterial

coronariana (DAC), diabetes mellitus tipo 2 (DM2) e doença

hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) (KHAN et al., 2013).

Na verdade, existe agora uma associação recíproca bem

estabelecida entre a adiposidade e a vitamina D, que pode ser

ocasionada pela biodisponibilidade reduzida devido a um

sequestro da vitamina D afetada por inflamação devido ao

excesso de tecido adiposo e hipertrofia dos adipócitos

(FERDER et al., 2013).

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212

De acordo com os dados da Organização Mundial de

Saúde (WHO, 2016), a obesidade tem sido apontada como um

dos maiores problemas de saúde pública no mundo. A projeção

é que, em 2025, cerca de 2,3 bilhões de adultos estejam com

sobrepeso, e mais de 700 milhões, obesos. No Brasil, alguns

levantamentos apontam que mais de 50% da população está

acima do peso, ou seja, na faixa de sobrepeso e obesidade, e

na Região Nordeste, o excesso de peso já foi diagnosticado em

44,45% da população de adultos (ABESO, 2016).

Nos últimos anos, vários estudos têm demonstrado que

indivíduos obesos apresentam menores concentrações séricas

de vitamina D do que os indivíduos não-obesos (SANEEI;

SALEHI-ABARGOUEI; ESMAILLZADEH, 2013). Na prática

clínica, a maneira mais fácil e conveniente para avaliar a

obesidade e o excesso de peso é pela determinação do índice

de massa corporal (IMC) e circunferência da cintura (CC). No

entanto, estas medidas são limitadas sobre a distribuição de

gordura (KHOURY; MANLHIOT; MCCRINDLE, 2013).

Neste sentido, o presentre estudo objetivou avaliar a

relação entre os diferentes níveis de adiposidade abdominal e

os valores de vitamina D em adultos, além dos possíveis fatores

bioquímicos afetados, a fim de prevenir sua deficiência.

2 MATERIAIS E MÉTODO

Trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa

descritiva, exploratória e transversal, realizada através da

revisão sistemática da literatura, que envolve a recolha e

análise de vários artigos científicos relativos ao tema escolhido.

Para o levantamento bibliográfico, realizou-se buscas de dados

nas bases eletrônicas Sciencedirect, Pubmed, Web Of Science

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213

e Periódicos CAPES, utilizando literatura dos útimos 5 anos,

com os termos indexadores: vitamin D deficiency, abdominal

obesity, waist-to-height ratio, obesity indices and adults.

Dos 33 artigos pesquisados, 22 foram selecionados.

Como critérios de inclusão, foram considerados artigos no

idioma inglês, no intervalo temporal de 2011 a 2016, que

contemplassem a deficiência de vitamina D abordando a

utilização de indicadores antropométricos, como Índice de

Massa Corporal (IMC), Circunferência da Cintura (CC), Relação

Cintura/Quadril (RCQ) e Relação Cintura/Altura (RCA), na faixa

etária adulta e idosa, e com as variáveis bioquímicas

interferentes em ambos os sexos. Como critérios de exclusão,

foram descartados os artigos que não pertenciam ao intervalo

de tempo de 2011 a 2016, com evidências científicas em jovens

e estudos experimentais.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Zhang et al. (2016) na China, analisaram as

concentrações de 25(OH)D de 1.277 indivíduos, de ambos os

sexos, com idades entre 20 e 82 anos. Na análise de regressão

múltipla, os níveis séricos de 25 (OH)D estavam inversamente

relacionados para circunferência da cintura (CC) e relação

cintura/quadril (RCQ) (p< 0,05), porém não houve correlação

com o IMC (p> 0,05). Além disso, cálcio sérico e atividade física

ao ar livre foram fatores significativos associados aos níveis

mais elevados de vitamina D.

Em Porto Rico, 797 adultos tiveram as concentrações de

25 (OH) D dosadas. Foi detectada uma alta prevalência de

sobrepeso (35,6%) e obesidade (43,7%) na amostra. A maioria

dos participantes (79%) tiveram níveis insuficientes de vitamina

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214

D (níveis < 30 ng / mL), de acordo com a Endocrine Society.

Contudo, ao utilizar os pontos de corte do Institute of Medicine

(IOM, 2011), apenas 35,9% da amostra tinha um estado

inadequado de vitamina D (<20 ng / mL). Com relação às co-

morbidades, diabetes, hipertensão e hiperlipidemia foram

significativamente (p< 0,05) mais comuns em homens do que

em mulheres. Os níveis séricos de 25 (OH) D estavam

inversamente correlacionados com o IMC, CC e RCA (p< 0,001)

e foram mais fortes para os homens do que as mulheres

(GONZÁLEZ et al., 2015).

Karonova et al. (2016) na Rússia, examinaram 1.544

adultos com idades entre 18 e 75 anos, de ambos os sexos, e

demonstraram que baixos níveis séricos de 25 (OH) D foram

mais frequentes em mulheres com sobrepeso e obesidade.

Porém, correlações negativas entre níveis séricos de 25 (OH) D

e IMC e CC foram encontrados para ambos os gêneros. Não

houve associação entre os níveis de vitamina D e idade. A

ingestão regular de peixe (no mínimo uma vez por semana) foi

associada com níveis de 25 (OH) D mais elevados, enquanto

que a ingestão de produtos lácteos não interferiu no status de

vitamina D. Entretanto, os produtos lácteos não são fortificados

com vitamina D na Rússia, podendo ser a razão pela qual a

ingestão desses produtos não ter sido associada com os níveis

de vitamina D.

Em um estudo realizado por Hannemann et al. (2015) a

partir de três estudos de coorte em populações adultas com

média de 50 anos, no nordeste da Alemanha e Dinamarca,

observaram que as medidas de adiposidade IMC, CC, RCQ e

RCA e as concentrações de 25(OH) D foram inversamente

associadas, sendo semelhantes em ambas as coortes, e

portanto, reforçando-se mutuamente.

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215

Vários mecanismos subjacentes à relação entre

obesidade e deficiência de vitamina D têm sido propostos. Uma

teoria sugere um efeito de diluição volumétrica (DRINCIC et al.,

2012). A molécula de vitamina D3 pode ser armazenada no

tecido adiposo, conduzindo a uma redução na

biodisponibilidade (BARCHETTA et al., 2013). Com o aumento

da massa de gordura, a vitamina D3 é distribuída numa massa

crescente de tecido adiposo e assim a biodisponibilidade do

soro é reduzida (WAMBERG et al., 2013).

Zhang et al. (2015), em um estudo transversal com 1.105

adultos chineses com idades entre 20 e 70 anos, realizaram a

medição do acúmulo de gordura visceral utilizando a

bioimpedância elétrica para estimar IMC, CC, RQC, massa

gorda, massa livre de gordura e percentual de gordura corporal

para explorar a associação dos níveis de obesidade visceral

com a insuficiência/deficiência de vitamina D na população. Os

resultados revelaram uma tendência crescente na obesidade

visceral que acompanhou o aumento de todos os indicadores e

triglicerídeos em ambos os sexos, diminuindo

significativamente as concentrações de 25 (OH) D3 em homens

e mulheres na pré-menopausa (ambos p< 0,05), mas não em

mulheres na pós-menopausa. Além disso, a prevalência de

hiperglicemia e hipertrigliceridemia aumentou com os

percentuais de gordura abdominal em ambos sexos.

Esteghamati et al. (2014), avaliaram as diferenças nas

concentrações séricas de vitamina D entre a obesidade

metabolicamente saudável e obesidade metabolicamente

insalubre em 4.391 adultos obesos. Os níveis séricos de 25

(OH) D mais baixos foram encontrados em indivíduos com

obesidade insalubre, associada com marcadores

cardiometabólicos e inflamatórios, resistência à insulina, perfil

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216

lipídico anormal, danos hepáticos, aumento das enzimas

hepáticas (homocisteína) e um estado inflamatório crônico, em

comparação com indivíduos obesos saudáveis. No entanto, o

fenótipo de obeso saudável é claramente mais frequente entre

indivíduos obesos que vivem em países asiáticos, em

comparação com os países ocidentais. Este grupo de

indivíduos obesos apresentaram pressão arterial normal,

melhores índices glicêmicos e menor resistência à insulina,

marcadores inflamatórios inferiores, como a proteína C-reativa

(PCR), triglicerídeos e LDL inferiores e HDL mais elevado, além

de das enzimas hepáticas na faixa normal.

Em um recente estudo realizado com 4.771 adultos

coreanos, a concentração de 25 (OH) D foi significativamente

maior em homens do que em mulheres, correlacionando-se

positivamente com a ingestão energética e negativamente

correlacionada com o teor de gordura corporal total e percentual

de gordura corporal. Os níveis séricos de 25 (OH) D foram

inversamente associados com o percentual total de gordura

corporal após ajuste para idade, IMC, educação, região,

tabagismo, consumo de álcool, atividade física e ingestão

energética apenas em homens. No entanto, a concentração de

25 (OH) D não foi associada com os indicadores IMC e CC em

ambos os sexos para estimar adiposidade (KIM; KIM, 2016).

Pannu et al. (2016) examinaram a associação entre os

níveis séricos de 25 (OH) D, ingestão de cálcio com a presença

de síndrome metabólica em 3.404 adultos australianos com

idade entre 18 e 75 anos, sem diabetes do tipo 1 ou tipo 2.

Verificaram que cada aumento de 10 nmol / L nas

concentrações de 25 (OH) D foi significativamente associada

com a diminuição da probabilidade de síndrome metabólica.

Uma alta ingestão de cálcio também pode ter um desfecho

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217

favorável para a modulação das concentrações de 25 (OH) D

em circulação e na redução do risco de síndrome metabólica.

Já no recente estudo prospectivo com idosos realizado

por Vitezova et al. (2015), também encontrou uma associação

inversa entre síndrome metabólica e altas concentrações de 25

(OH) D (≥75 nmol / L). No geral, apesar das diferenças entre

esses estudos em tamanhos da amostra, desenho do estudo

(transversal x prospectivo), idade dos indivíduos e variáveis de

confusão utilizadas, o efeito protetor da vitamina D na redução

das chances de ter síndrome metabólica aparece consistente.

Mao et al. (2016), examinaram as relações entre os

níveis séricos das vitaminas D2 e D3 em 9.254 pacientes de

ambos os sexos com idade entre 31 a 104 anos com diabetes

mellitus tipo 2 (9,07%), hipertensão arterial (5,30%) ou doença

cardiovascular (85,64%) em Xangai, na China. Verificaram que

os níveis séricos de vitamina D3 estavam baixos em pacientes

com DM2, que é consistente com as constatações de estudos

semelhantes realizados em países ocidentais. Além disso, os

níveis de vitamina D2 foram elevados em pacientes com

doença cardiovascular ou hipertensão, apresentando uma

correlação negativa significativa entre as concentrações de

vitaminas D2 e D3 em pacientes acima de 85 anos de idade.

Miettinen et al. (2014), na Finlândia, analisaram as

concentração de 25(OH)D em 2.822 indivíduos de ambos os

sexos, com idades entre 45 e 74 anos. Constataram que o valor

médio da vitamina D foi de 58,2 nmol/l em homens (n = 1.348)

e 57,1 nmol/ em mulheres (n = 1.474), destacando que as

concentrações de 25(OH)D foi mais baixa nos grupos etários

mais jovens. A inatividade física e o tabagismo, tanto em

homens como em mulheres, e o IMC elevado em mulheres

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218

foram fatores que se associaram de forma independente aos

baixos valores de vitamina D.

Krivosíková; Gajdos; Sebeková (2015), analisaram a

associação do status de vitamina D3 com diversos fatores de

risco cardiometabólicos em 411 indivíduos com idade entre 18

a 81 anos. Os indivíduos livres de fatores de risco

cardiometabólico apresentaram níveis significativamente

superiores de 25 (OH) D3 (35,5 ng / mL) em comparação com

os grupos que tinham fatores de risco aumentado (32,6 ng / mL)

e elevado (31,0 ng / mL). A presença de resistência à insulina,

pressão arterial elevada, obesidade central e índice aterogênico

elevado foi refletido apenas com tendências para níveis mais

baixos de 25 (OH) D3.

Peterson et al. (2014), examinaram o status de vitamina

D de 112 adultos de ambos os sexos com paralisia cerebral, e

avaliaram a associação entre vitamina D e nível funcional,

idade, raça, e indicadores antropométricos de adiposidade. A

partir dos resultados, 52% dos pacientes estavam com

sobrepeso ou obesidade, e desses, 23,5% foram classificados

como obesos. O status de vitamina D foi inversamente

correlacionado com os valores de paratormônio e circunferência

da cintura, mas não se correlacionou com a idade, IMC, relação

cintura/quadril, ou circunferência do quadril, revelando que a

maior adiposidade central está associada com menor nível de

vitamina D, independente da deficiência motora.

Há uma crescente evidência que demonstra que a

deficiência/insuficiência de vitamina D estão associados com o

aumento da incidência de severidade/atividade das desordens

imuno-inflamatórias. A vitamina D possui propriedades

imunomodulatórias capaz de reduzir os níveis de inflamação,

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219

como dos marcadores interleucina 6 (IL-6) e proteína C reativa

(PCR) (GRZANKA et al., 2014).

No entanto, a variação entre os dados dos estudos pode

ser explicada pelo fato de que diferenças raciais podem

influenciar os níveis de vitamina D em grupos étnicos. Os

asiáticos tipicamente apresentam níveis mais baixos de 25 (OH)

D do que os caucasianos, como resultado da pigmentação da

pele mais escura, o que diminui a quantidade de radiação

ultravioleta B (UVB) que penetra na pele para produzir vitamina

D. Além das diferenças no estilo de vida dos diferentes métodos

de quantificação de tecido adiposo (HE et al., 2013).

Entretanto, em indivíduos saudáveis adultos, baixo teor

dos níveis de 25 (OH) D3 são associados com maior IMC e

gordura de massa corporal (KAYANIYIL et al., 2011). Estudos

recentes sugerem que os principais componentes do sistema

renina-angiotensina são evidentes no tecido adiposo, e que a

vitamina D pode estar envolvida na inibição da adipogênese

(OCHS-BALCOM et al., 2011).

Com a hipertrofia dos adipócitos na obesidade, há um

aumento considerável da síntese e liberação de mediadores

pró-inflamatórios (por exemplo, TNF-α, IL-6, IL-8 e MCP-1), e

estas contribuem para os níveis circulantes elevados, bem

como para a inflamação do tecido adiposo, caracterizado por

um aumento da infiltração de macrófagos e outras células do

sistema imunológico, que é um processo patológico central na

disfunção do tecido adiposo (LOLMEDE et al., 2011).

Dada a importância do tecido no balanço de energia,

metabolismo de lípidos e na inflamação na obesidade, o

entendimento dos mecanismos de ação da vitamina D nos

adipócitos pode ter um impacto significativo na manutenção da

saúde metabólica (DING et al., 2012).

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4 CONCLUSÕES

Tomados em conjunto, este panorama de resultados

fornecem evidências convincentes para uma correlação entre

as concentrações séricas de vitamina D e fenótipos de

adiposidade, sugerindo fortemente que a vitamina D é alterada

no sistema de indivíduos obesos e isto pode ter implicações

tanto para o desenvolvimento da própria obesidade e de co-

morbidades.

O estudo destaca que a gordura visceral abdominal

também pode ser um índice simples e sensível no uso rotineiro

de triagem para o diagnóstico do risco de deficiência de

vitamina D relacionada com doenças cardiometabólicas no

geral, sendo a circunferência da cintura e relação cintura/altura

fortes preditores independentes para os baixos níveis de

vitamina D.

Conclui-se então, que adultos com medidas elevadas de

adiposidade abdominal estão em maior risco para a

desregulação metabólica e deficiência de vitamina D do que

indivíduos com obesidade geral, e que os indicadores de

adiposidade central são superiores ao IMC para determinação

do risco. Assim, os profissionais de saúde devem estar cientes

da adequação da CC, específica para gênero, raça e etnia,

assim como dos demais marcadores de adiposidade abdominal

como RCA e RCQ, recomendado limites de circunferência para

a obesidade abdominal.

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221

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NIVEL DE CONHECIMENTO DAS LACTANTES SOBRE OS BENEFÍCIOS DO ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO

224

CAPÍTULO 13

NÍVEL DE CONHECIMENTO DAS LACTANTES SOBRE OS BENEFÍCIOS DO ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO

Emyle da Silva MOURA¹

Luciana Maria Martinez VAZ ² ¹ Graduanda do curso de Nutrição da FPB; ² Orientadora/Professora da FPB

[email protected]

RESUMO: O aleitamento materno exclusivo (AME) é de fundamental importância à criança, fornece tudo o que ela precisa para que haja bom crescimento e desenvolvimento. Ao contrário do que se pensa, o leite materno supre todas as necessidades da criança até o sexto mês, sem necessidade de complementação, protege contra inúmeras patologias. Este trabalho tem por objetivo saber o quanto as mães sabem sobre amamentação exclusiva, quais os mitos e verdades que ainda existem para as que amamentam. Observa-se que muitas mães desconhecem a importância do aleitamento materno exclusivo, algumas acham que a complementação à alimentação, supre mais as necessidades da criança do que o próprio leite materno. Este trabalho se trata de uma pesquisa transversal, de campo, quantitativa, e quanto aos objetivos caracteriza-se como exploratória, tendo em vista que os dados observados nos permitirão definir estes objetivos; e descritiva, pois permitirão descrever o quanto as lactantes conhecem sobre os benefícios do aleitamento materno exclusivo. É necessário um acompanhamento como forma de orientação tanto do nutricionista quanto de uma equipe multidisciplinar. O profissional de saúde deve apoiar e incentivar a lactante a colocar em prática o aleitamento materno, preparando-a psicologicamente, informando-a sobre a fisiologia da lactação, seus benefícios, como cuidar das mamas, o posicionamento

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225

dela e do bebê durante a amamentação, sendo que este preparo deve ser iniciado durante o pré-natal. Palavras-chave: Aleitamento Materno Exclusivo. Nível de Conhecimento. Benefícios.

1 INTRODUÇÃO

O aleitamento materno exclusivo (AME) é de

fundamental importância para a saúde da criança, pois fornece

tudo o que ela precisa para que haja um bom crescimento e

desenvolvimento. Ao contrário do que muitas vezes se pensa,

o leite materno supre todas as necessidades da criança até o

sexto mês de vida, sem necessidade de complementação,

protege contra inúmeras patologias. Funciona como um tipo de

prevenção prevenção para a criança, não corre o risco de

contaminação e quanto mais a criança mamar, mais leite a mãe

vai produzir (COSTA et al. 2013).

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), uma

criança é considerada amamentada, fazendo a ingestão de leite

materno diária, sem necessidade de qualquer outro tipo de

alimento nos primeiros seis meses de vida.

A amamentação é essencial para que a criança tenha

uma boa qualidade de vida no primeiro ano de vida, pois o leite

materno é composto de todos os nutrientes necessários para o

crescimento e desenvolvimento da criança como também a

prevenção de diversas patologias (VANNUCHI et al. 2005 apud

MORAIS; FREITAS; NEVES, 2010).

O aleitamento materno (AM) é a estratégia que mais

previne mortes infantis, além de promover a saúde física,

mental e psíquica da criança. Estima-se que a amamentação

tem o potencial de reduzir em 13% as mortes em crianças

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226

menores de 5 anos, assim como em 19 a 22% as mortes

neonatais, se praticada na primeira hora de vida (COSTA et al.

2013).

A amamentação é uma prática milenar com benefícios

nutricionais, imunológicos, cognitivos, econômicos e sociais.

Tais benefícios são aproveitados quando a amamentação é

praticada de uma forma completa por pelo menos 2 anos, sendo

oferecida como forma exclusiva de alimentação do bebe até o

sexto mês de vida. Estudos nacionais mostram que, apesar da

tendência de melhoria, os índices de aleitamento materno no

Brasil estão muito abaixo dos considerados ideais pela

organização mundial de saúde (OMS) (CHAVES; LAMOUNIER;

CÉSAR, 2007).

O aleitamento materno depende de fatores que podem

influir positiva ou negativamente no seu sucesso. Entre eles,

alguns estão relacionados à mãe, como as características de

sua personalidade e sua atitude diante da situação amamentar,

outros referem-se à criança e ao ambiente, como, por exemplo,

as suas condições de nascimento e o período pós-parto

havendo, também, fatores circunstanciais, como o trabalho

materno e hábitos de vida (FALEIROS; TREZZA; CARANDINA,

2006).

A prática do aleitamento materno é permeada por fatores

a favor e contra o seu sucesso. Como fatores protetores a esta

prática tem-se o conceito materno sobre o tempo ideal de

amamentação, o recebimento de leite exclusivamente materno

na maternidade e a permanência em hospedagem na

maternidade. Como fatores que contribuem para o desmame

precoce aponta-se o baixo peso da criança ao nascer, o fato de

a mãe trabalhar fora de casa e as dificuldades encontradas pela

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227

mãe para amamentar no puerpério imediato (AZEVEDO et al.

2010).

Podemos considerar como obstáculos para o

aleitamento materno as dificuldades do bebe em conseguir

sugar ou ter sucção deficiente, não conseguir pegar a auréola

ou manter a pega adequada e a recusa de uma das mamas ou

dificuldade das mães, quando ocorre a demora da descida do

leite, do mamilar, mamilos planos ou invertidos, ingurgitamento

mamário, candidíase, reflexo de ejeção exagerado do leite,

eliminação de sangue no leite, bloqueio de ductos lactíferos,

mastite, abscesso mamário, galactocele, baixa produção de

leite, cirurgia da redução das mamas ou implante mamário

(GIUGLIANE 2006, apud CALEGARI 2009).

Amamentar é um ato que se aprende. Muitos fatores

podem contribuir para que a amamentação se torne efetiva ou

não, seja eles, experiências negativas, o desconhecimento ou

falta de apoio. Desse modo, é essencial que haja

esclarecimento a respeito da amamentação e seus benefícios,

já que se trata de um momento onda há muitas dúvidas

preocupações e ansiedade (GRANDO; ZUSE, 2011).

Muitas são as dúvidas das mulheres no que diz respeito

à amamentação e seus benefícios. Por isso, é muito importante

que o profissional que presta atendimento a esse grupo de

pacientes, disponha de informações úteis referentes à

amamentação, bem como dicas para que as mesmas

enfrentem e aceite o período pós-parto de maneira tranquila

para que possam cuidar bem de seus bebês (GRANDO; ZUSE,

2011).

Ressalta-se, ainda, a importância de que estes

profissionais estejam imersos na realidade materna, de maneira

a conhecer o cotidiano a qual estão inseridas, bem como sua

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228

“bagagem cultural”, já que o ato de amamentar envolve muitas

crenças, tabus e, por vezes, experiências não satisfatórias para

a efetivação da amamentação (GRANDO; ZUSE, 2011 apud

MARQUES; COTTA; ARAUJO, 2009).

Levando em consideração as dificuldades e a falta de

conhecimento que muitas lactantes tem a respeito do

Aleitamento Materno Exclusivo (AME), surge um

questionamento: O quanto e até onde vai o conhecimento de

cada mãe sobre os benefícios da amamentação exclusiva?

Observa-se que muitas mães desconhecem a importância do

aleitamento materno exclusivo, muitas acham que a

complementação à alimentação, supre muito mais as

necessidades da criança do que só o próprio leite materno.

Esse trabalho se constitui em um relato das mães que

amamentam, com a intenção de demonstrar a importância da

amamentação exclusiva, já que muitas mães desconhecem os

benefícios. As informações colhidas servirão para melhora do

entendimento de cada mãe sobre a importância do aleitamento

materno exclusivo para a saúde da criança.

O principal objetivo desse trabalho foi avaliar o nível de

conhecimento das lactantes sobre os benefícios do aleitamento

materno exclusivo, bem como descrever a importância da

amamentação exclusiva, demonstrando os benefícios da

amamentação para a mãe e para o bebe, bem como os fatores

que influenciam a não adesão do aleitamento materno.

2 MATERIAIS E MÉTODO

O referido trabalho se trata de uma pesquisa transversal,

de campo, quantitativa, e quanto aos objetivos caracteriza-se

como exploratória, tendo em vista que os dados observados

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229

nos permitirão definir estes objetivos; e descritiva, pois

permitirão descrever o quanto as lactantes conhecem sobre os

benefícios do aleitamento materno exclusivo.

Segundo GIL 2008, uma pesquisa é exploratória

proporciona maior familiaridade com o problema, tornando-o

explícito. Pode envolver levantamento bibliográfico, entrevistas

com pessoas experientes no problema pesquisado.

Geralmente, assume a forma de pesquisa bibliográfica e estudo

de caso.

Pesquisa descritiva é usada para descrever as

características de determinadas populações ou fenômenos.

Algumas hipóteses podem ser formuladas com base em

conhecimentos prévios, procurando confirmá-las ou negá-las.

Nesse tipo de estudo é extremamente importante a exatidão e

precisão dos dados coletados (GIL, 2008).

Foi desenvolvida uma pesquisa com lactantes assistidas

na Maternidade Frei Damião, a qual fica localizada na cidade

de João Pessoa, tendo como amostra 50 lactantes, de qualquer

faixa etária. Teve como instrumento de coleta de dados um

questionário, o qual, com perguntas sucintas e objetivas, busca

saber o conhecimento de cada lactante sobre aleitamento

materno exclusivo. Participaram da amostra todas as mulheres

que estavam em período de lactação e que quiseram participar

do estudo.

Todas as mulheres foram informadas sobre as

características do estudo e assinaram termo de consentimento.

Os dados foram trabalhados por meio de estatística descritiva

e os resultados são apresentados através de frequência dos

dados em números absolutos e relativos.

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230

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O leite materno é o alimento mais eficaz e protetor

quando se diz respeito a criança. Com base na pesquisa, foi

possível observar que muitas mães ainda sentem dificuldade

quando o assunto é aleitamento materno.

A maternidade tem um fluxo grande de atendimento, são

atendidas em média 5 mil puérperas mensalmente.Dentre as

lactantes que participaram da pesquisa, 48% apresentaram o

ensino médio completo, porém ainda pôde-se observar que

ainda existe um baixo nível de escolaridade entre as mesmas,

14% apresentaram o ensino fundamental completo e 16%

incompleto. A maioria das entrevistadas apresentaram renda

igual ou inferior a um salário mínimo. 98% das mesmas

realizaram o pré-natal, porém apenas 58% receberam

orientação sobre o aleitamento materno durante o pré-natal. Já

na maternidade 88% receberam orientação para amamentar.

Sobre a dificuldade de amamentar pós-parto, 44% relataram

que sentiram dificuldade e 56% não tiveram esse problema.

Um dos questionamentos feito foi se há benefícios no

leite materno, 98% tinham consciência dos benefícios que o

leite materno trazia para a criança e para a mãe, e 2%

responderam que não há benefícios.

Ao serem questionadas sobre a resistência a doenças

com o aleitamento materno, 94% declararam que o aleitamento

materno deixa a criança resistente, equanto 2% relataram não

saber responder, 2% afirmaram que só ás vezes e 2%

desconhecem essa afirmação.

Quando perguntadas a respeito da idade que uma

criança deve ser amamentada, a maioria delas responderam os

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231

6 meses como mostra a figura 1, sendo essa idade para a

amamentação exclusiva.

Figura 1. Distribuição percentual em relação ao tempo em que

uma criança deve ser amamentada.

FONTE: Dados da pesquisa.

Sobre o aleitamento materno exclusivo, a maioria delas

tinham consciência da idade certa para amamentar seu bebê

de forma exclusiva, porém grande quantidade das mesmas não

sabiam ao certo a idade ou ainda desconheciam essa

informação como mostra a figura 2.

6 Meses;

44%

12 Meses ; 30%

24 Meses;

24%

Não Sei; 2%

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232

Figura 2. Distribuição percentual em relação a idade que o

aleitamento materno exclusivo é recomendado.

FONTE: Dados da pesquisa.

Um estudo realizado com 206 lactantes no município de

Juazeiro do Norte em 2003 monstou que 24% das mães

entrevistadas não sabiam até que idade o aleitamento materno

exclusivo era recomentado, isso demonstrou preocupação.

Outro questionamento acerca do aleitamento materno

exclusivo foi sobre o uso de chupeta e mamadeira durante o

mesmo, grande maioria da mães sabiam que não é

aconselhado o uso, porém 2% disseram não saber e 2%

responderam que é aconselhado o uso de chupeta, já no que

diz respeito ao uso de mamadeira, 4% responderam não saber

e 4% afirmaram que é aconselhado sim, o uso, alegando que o

estimulo para a mamada e pega do bebê. Foram também

questionadas sobre ofertar água ao bebê a partir do segundo

mês, e a maioria reponderam que não é necessário, mas ainda

20% vê a necessidade de ofertar.

Ao serem indagadas sobre a quantidade de leite que

produzem e se é suficiente para suprir as necessidades do

bebê, uma maioria, totalizando 82% responderam que sua

produção é sufuciente sim, já 18 % responderam não ter leite

6 Meses;

76%

12 Meses;

18%

Não Sei ; 6%

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233

sufuciente para suprir as necessidades do filho como pode ser

observado na figura 3.

Figura 3. Distribuição percentual destinada a verificar se a

quantidade de leite que as mães produzem é suficiente para

suprir as necessidades dos seus bebês.

FONTE: Dados da pesquisa.

Algumas mães ainda acreditam ter o leite fraco, a maioria

delas relataram não ter o leite fraco e algumas chegaram a

confirmar que não existe leite fraco. Os resultados desse

questionamento pode ser observado na figura 4.

Figura 4. Distribuição percentual do quesito leite fraco.

FONTE: Dados da pesquisa.

Sim; 82%

Não; 18%

Sim; 18%

Não; 78%

Às Vezes;

2%Não Sei ; 2%

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234

Sobre questões relacionadas a alimentação materna

interferir no leite, 44% responderam que pode sim interferir,

42% responderam que não interfere, 8% disseram que so

interfere as vezes e 6% relataram não saber.

Outro questionamento importante foi saber das mães se

elas acham que o leite em pó tem os mesmos benefícios que o

leite materno e como mostra a figura 5, grande parte

responderam que não porém 10% disseram que pode ser

substituído sim e que não há problema algum nisso.

Figura 5. Distribuição percentual do seguinte questionamento:

O leite em pó tem os mesmos benefícios que o leite materno e

pode ser substituído sem que haja problema algum?

FONTE: Dados da pesquisa.

A dificuldade de amamentar a criança exclusivamente

até os seis meses de vida é comum entre as mulheres.

Começa-se a dificuldade do momento em que algumas não são

orientadas desde o pré-natal.

Sim; 10%

Não; 84%

Às Vezes;

4%

Não Sei ; 2%

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Um estudo realizado com 35 lactantes em uma

maternidade no Rio de Janeiro no ano 2000, demosntrou

preocupação, pois apenas 53 % das mulheres haviam recebido

informação sobre o aleitamento materno durante o pré-natal.

Outro fato preocupante é que 2% das mulheres disseram que

não há benefícios no aleitamento materno, número pequeno

mas não deixa de ser preocupante, já que é uma questão que

todas deveriam ter consciência disso.

Um dos questionamentos mais importantes era saber ser

realmente as lactantes sabem a idade correta de amamentar

seu filho e até quando deve ser a amanetação exclusiva,

podemos observaro quanto muitas ainda não sabem a idade

correta para isso, o que é um dado preocupante, pois é o

mínimo que as mesmas devem saber para que cumpram a

realização do AME.

Algumas também acham que pode ser ofertado chupeta

e mamadeira ao bebê durante o aleitamento materno exclusivo

pois é uma forma de estimular a sucção do bebê. Também foi

possível observar que algumas confirmaram a oferta de água

ao bebê a partir do segundo mês de vida, o que não se torna

necessário, pois uma criança alimentada apenas com

aleitamento materno até os seis meses está suprida e livre de

qualquer outra necessidade alimentar.

O que é mais comum ouvir entre as mães é que o leite é

fraco e que a quantidade de leite que a mesma produz não é

suficiente para amamentar seu filho. Sabe-se que isso não

existe. Todo leite materno é capaz de sustentar e suprir as

necessidades de um bebê, o que se deve ser feito é estimular

a sucção e pega correta para que o leite seja abundante no seio

da mãe.

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236

Outro questionamento preocupante foi o fato de algumas

mulheres terem respondido que o leite em pó tem os mesmos

benefícios que o leite materno, fórmulas infantis tem benefícios

sim mas não tão quanto o leite materno, fato que as mães

deveriam ser conscientes disso.

4 CONCLUSÕES

Há muito tempo já se houve falar sobre a dificuldade que

as mães tem de amamentar seus filhos exclusivamente até os

seis meses, para a reversão desta situação e para que as mães

desejem amamentar seus filhos de forma exclusiva até o sexto

mês e amamentação com complementação até os dois anos de

idade, é necessário um acompanhamento de uma equipe

multidisciplinar para auxiliar na hora das informações e

incentivos para as mesmas.

Vale ressaltar a importância desse acompanhamento

desde o momento do pré-natal. A pesquisa constatou que nem

todas as mães recebem essa informação no período do pré-

natal.

Pode-se observar com o resultado da pesquisa que a

maioria das mães entrevistadas tem conhecimento sobre o

aleitamento materno exclusivo, tempo de amamentação,

benefifios do leite, etc. Mas não podemos deixar de ressaltar a

quantidade de lactantes que ainda desconhecem esses fatos,

os quais são importantes e precisam ser conhecidos e

colocados em prática, tornando esse desconhecimento um

caso preocupante.

O aleitamento materno é importante tanto para a mãe

quanto para a criança, precisa ser reconhecido e colocado em

prática.

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NIVEL DE CONHECIMENTO DAS LACTANTES SOBRE OS BENEFÍCIOS DO ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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NIVEL DE CONHECIMENTO DAS LACTANTES SOBRE OS BENEFÍCIOS DO ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO

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ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL A INDIVIDUOS SOROPOSITIVO

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CAPÍTULO 14

ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL A INDIVIDUOS SOROPOSITIVO

Jacyara Santos da Silva1

Luciana Mª Martinez VAZ 2 1 Graduanda do curso de Nutrição, FPB; 2 Orientadora/Docente da FPB.

[email protected]

RESUMO: A assistência nutricional, quando bem realizada, fornece elementos para a elaboração do diagnóstico nutricional em indivíduos soropositivo, por sua condição de imunodeficiência, encontram-se mais vulneráveis aos agravos à saúde. O conhecimento do estado nutricional permite ao profissional de saúde compreender algumas condições físicas do organismo para o enfrentamento da doença e possibilita uma terapia nutricional mais apropriada, visando a recuperação e a manutenção da saúde. A referida pesquisa teve como objetivo investigar a luz da literatura, aspectos da assistência nutricional, bem como relação entre nutrição e terapia antirretroviral e terapia nutricional. Este estudo tratou-se de uma pesquisa bibliográfica de artigos publicados, dissertações e da Biblioteca Virtual em saúde (BVS). Conclui-se que, a relação da terapia antirretroviral junto com a terapia nutricional, favorece significante melhora do estado de saúde das pessoas que vivem com HIV/AIDS, diminuindo a taxa de mortalidade. Palavras-chave: Assistência Nutricional. Terapia Nutricional. Soropositivo.

1 INTRODUÇÃO

A AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) como

também é chamada, é causada pelo HIV. Esse vírus ataca as células de defesa do nosso corpo, as mais atingidas são os

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linfócitos T CD4+, onde o organismo fica mais vulnerável a diversas doenças, de um simples resfriado a infecções mais graves como tuberculose ou câncer (BRASIL, 2013).

Segundo Krause e Mahan (2005), alguns medicamentos TARV e drogas para tratamento das doenças oportunistas, também podem provocar efeitos colaterais que interferem na ingestão, digestão e absorção dos nutrientes, com possível prejuízo ao estado nutricional do indivíduo.O estado nutricional expressa o grau pelo qual as necessidades fisiológicas de nutrientes do indivíduo estão sendo atendidas. As alterações nutricionais têm origem multifatorial e envolve redução na ingestão alimentar, comprometimento dos processos de digestão e absorção dos nutrientes, acelerado catabolismo proteico, doenças oportunistas e efeitos adversos dos medicamentos. Por isso, a avaliação do estado nutricional de pacientes portadores de HIV/AIDS deve ser realizada precocemente e periodicamente.

O quadro de imunodeficiência que os pacientes com AIDS apresentam frequentemente, acomete o trato gastrointestinal e suas funções. Outros fatores, como anorexia, disfagia, náuseas e vômitos, febre, lesões orais e esofagianas, doenças neurológicas relacionadas à AIDS, efeitos colaterais dos medicamentos, recursos financeiros escassos e dificuldade física para preparar seu próprio alimento estão relacionados com perda de apetite e/ou inadequado consumo de alimentos, o que contribui ainda mais para a desnutrição nesses pacientes. Observa-se que deficiências de micronutrientes, principalmente as vitaminas A, C, E, e minerais como o Selênio, estão associadas à desnutrição e são comuns em pacientes infectados pelo HIV. A carência desses elementos compromete ainda mais o funcionamento do sistema imunológico (RIBEIRO, 2010).

De acordo com Duarte (2007), todo paciente que possuir o vírus HIV deve ser avaliado por inteiro para determinar o seu estado nutricional, considerando o estágio da doença. Uma abordagem dietética para a manutenção do estado nutricional

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do individuo precisa estar voltada para empregar a dietoterapia na melhoria da absorção dos nutrientes e no favorecimento a tolerância à medicação (MARIA, 2012).

A ingestão nutricional adequada ajuda o sistema imunitário a produzir uma resposta efetiva na prevenção e recuperação do estado imunológico destes pacientes apesar da perda de peso existente (MARGALHO, PEREIRA et al. 2011).

Ao decorrer desta pesquisa, verificamos a importância do profissional nutricionista como promotor de saúde, mediante a assistência nutricional adequada aos portadores do HIV. Acredita-se que, devido ao comprometimento nutricional de indivíduos soropositivo, um bom acompanhamento pode influenciar de maneira positiva, promovendo melhoria do seu estado nutricional.

O tema escolhido tem grande relevância, devido ao comprometimento nutricional de portadores do HIV. Assim, a observação dos aspectos da assistência nutricional, exercem grande importância para determinação das necessidades nutricionais dos pacientes, podendo influenciar de maneira positiva a melhoria do seu estado nutricional.

Portanto, o objetivo geral dessa pesquisa é investigar à luz da literatura, aspectos da assistência nutricional; e como objetivos específicos, descrever a relação entre nutrição e terapia antirretroviral, e investigar na literatura a terapia nutricional.

2 MATERIAIS E MÉTODO

Gil (2008), define pesquisa como o procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos. A pesquisa desenvolve-se por um processo constituído de várias fases, desde a formação do problema até a apresentação e discussão dos resultados.

Possui caráter descritivo, na qual já se tem uma base teórica e hipóteses constituídas a partir da teoria a ser

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abordada. Gil (2008) descreve a pesquisa descritiva como sendo a que tem o objetivo de descrever as características de determinada população, ou de um fenômeno, ou ainda estabelecer relações entre as variáveis que compõem tais.

Trata-se de uma pesquisa bibliográfica desenvolvida a partir de pesquisas publicadas em livros, artigos, dissertações e teses. Tal pesquisa pode ser realizada independentemente ou pode constituir parte de uma pesquisa descritiva ou experimental. De acordo com Cervo, Bervian e da Silva (2007), a pesquisa bibliográfica é um procedimento básico para os estudos, pelo qual busca-se o domínio do estado da arte sobre determinado tema. Portanto, é de fundamental importância realizar uma pesquisa blibliográfica antes de todo e qualquer trabalho científico. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1 CONCEITO E HISTÓRICO DA DOENÇA

A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) foi

descoberta nos Estados Unidos no ano de 1981, onde houve o primeiro caso de infecção pelo vírus. Referiram esse caso a homossexuais masculinos que viviam no estado. Após sua descoberta o número de indivíduos infectados veio aumentando ao longo do tempo (MARIA, 2012).

A AIDS é o estágio mais avançado da doença que ataca o sistema imunológico. A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, como também é chamada, é causada pelo HIV. Esse vírus ataca as células de defesa do nosso corpo, as mais atingidas são os linfócitos T CD4+, onde o organismo fica mais vulnerável a diversas doenças, de um simples resfriado a infecções mais graves como tuberculose ou câncer. HIV é a sigla em inglês do vírus da imunodeficiência humana. Causador da aids, ataca o sistema imunológico, responsável por defender o organismo de doenças. Ter o HIV não é a mesma coisa que ter a AIDS. Há muitos soropositivos que vivem anos sem

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apresentar sintomas e sem desenvolver a doença. Mas, podem transmitir o vírus a outros pelas relações sexuais desprotegidas, pelo compartilhamento de seringas contaminadas ou de mãe para filho durante a gravidez e a amamentação. Em indivíduos não tratados, estima-se que o tempo médio entre o contágio e o aparecimento da doença esteja em torno de dez anos. (BRASIL, 2013)

Segundo Brasil (2013), os primeiros casos descobertos e definidos como AIDS, foram em meados 1977 e 1978 nos EUA, Haiti e África Central. Logo, o primeiro caso no Brasil foi em São Paulo, também só classificado em 1982. No começo da epidemia, pelo fato da aids atingir, principalmente, os homens homossexuais, os usuários de drogas injetáveis e os hemofílicos, eles eram, à época, considerados grupos de risco. Atualmente, fala-se em comportamento de risco e não mais em grupo de risco, pois o vírus passou a se espalhar de forma geral, não mais se concentrando apenas nesses grupos específicos. Até o começo da década de 1990, a aids era considerada uma doença que levava à morte em um prazo relativamente curto. Porém, com o surgimento do coquetel as pessoas infectadas passaram a viver mais. Esse coquetel é capaz de manter a carga viral do sangue baixa, o que diminui os danos causados pelo HIV no organismo e aumenta o tempo de vida da pessoa infectada. 3.2 FISIOPATOLOGIA DA AIDS

De acordo com o Protocolo Clinico e Diretrizes do Ministério da Saúde (2013), a infecção pelo vírus da imunodeficiência humana o HIV, Causador da aids, ataca o sistema imunológico, responsável por defender o organismo de doenças. As células mais atingidas são os linfócitos T CD4+. E é alterando o DNA dessa célula que o HIV faz cópias de si mesmo. Depois de se multiplicar, rompe os linfócitos em busca de outros para continuar a infecção. Os primeiros sintomas são muito parecidos com os de uma gripe, como febre e mal-estar.

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Por isso, a maioria dos casos passa despercebido. Em indivíduos não tratados, estima-se que o tempo médio entre o contágio e o aparecimento da doença esteja em torno de dez anos.

O período de identificação do contágio pelo vírus depende do tipo de exame e da reação do organismo do indivíduo. Na maioria dos casos, a sorologia positiva é constatada de 30 a 60 dias após a exposição ao HIV. Porém, existem casos em que esse tempo é maior: o teste realizado 120 dias após a relação de risco serve apenas para detectar os casos raros de soroconversão – quando há mudança no resultado. Se um teste de HIV é feito durante o período da janela imunológica, há a possibilidade de apresentar um falso resultado negativo. Portanto, é recomendado esperar mais 30 dias e fazer o teste novamente. Janela imunológica é o intervalo de tempo entre a infecção pelo vírus da aids e a produção de anticorpos anti-HIV no sangue (BRASIL, 2013). 3.3 RELAÇÃO ENTRE NUTRIÇÃO E TERAPIA

ANTIRRETROVIRAL

A intervenção nutricional no HIV é personalizada, depende do fármaco utilizado e do estado nutricional do doente sendo também valorizada a interação do fármaco-nutriente. A terapia HAART causa alterações morfológicas e metabólicas tais como dislipidemia, síndrome da lipodistrofia, resistência à insulina, entre outras (BRAGA AND SILVA 2010; MARRONE, SILVA et al. 2010; RAITEN 2011).

As doenças oportunistas e patologias infecciosas que ocorrem neste estado imunológico deprimido, provocam perda de peso nestes doentes, incluindo perda de massa magra. A ingestão nutricional adequada ajuda o sistema imunitário a produzir uma resposta efetiva na prevenção e recuperação do estado imunológico destes pacientes apesar da perda de peso existente (MARGALHO, PEREIRA et al. 2011).

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A OMS destaca também a importância de uma correta ingestão alimentar, em macro e micronutrientes, antes e durante o tratamento para prevenir comorbidades associadas à doença e alcançar um bom estado nutricional (RAITEN 2011). Em contrapartida, alguns nutrientes ao serem ingeridos com estas drogas, podem comprometer a eficácia da terapêutica, sendo importante conhecer os horários dos medicamentos, pois alguns necessitam de serem ingeridos com a alimentação, outros não e, alguns a alimentação não interfere (SANTOS, 2006).

São fatores relevantes os processos de alimentação (ingestão, digestão, absorção, metabolismo, utilização do fármaco, sua ativação e excreção) na interação do fármaco com o organismo para constatar a sua reação ao medicamento/terapia (RAITEN, 2011). A ingestão de alimentos pode interferir na toma da medicação, influenciando a sua absorção e eficácia. Por este motivo o profissional de saúde deve informar e aconselhar o doente na prescrição da toma do medicamento, nomeadamente se a toma deve ser feita com ou sem alimentos, e ser cuidadoso na constituição das refeições de modo a que estas sejam variadas e equilibradas.

Para minimizar estas interações entre fármacos e nutrientes devem ser concebidos programas de prevenção, cuidados e tratamento (CASTRO AND AMADA 2009; RAITEN 2011).

É relevante ter em atenção as interações alimentares específicas de cada fármaco e ainda qualquer alteração que possa aparecer devido à combinação de fármacos. Deve ser feita uma abordagem nutricional que contemple a ingestão alimentar, consumo de suplementos ou prática de medicinas alternativas (CASTRO AND AMADA 2009; RAITEN 2011).

As terapias complementares e/ou alternativas são utilizadas em elevada percentagem e as técnicas mais utilizadas são as massagens terapêuticas, acupuntura e ervas terapêuticas. Os doentes optam por esta terapia para reduzir os sintomas associados à doença. No entanto as terapias

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complementares e/ou alternativas apresentam alguns riscos tais como nefrotoxicidade e interação entre o fármaco e a planta, (ADA 2010; ARELLANO ET AL. 2009) afetando o uso, a eficácia e a segurança da terapia antirretroviral (RAITEN 2011).

Esta terapia não se cinge apenas a um único produto mas também à combinação de vários (ADA 2010; ARELLANO, DELGADO ET AL. 2009). 3.4 TERAPIA NUTRICIONAL

De acordo com Coppini and Jesus (2011) e Polo,

Gomes-Candela et al (2007) nos portadores de HIV a terapia nutricional tem os seguintes objetivos:

Melhorar a qualidade de vida dos doentes;

Reduzir e / ou retardar complicações associadas à doença;

Reduzir efeitos colaterais da terapia antirretroviral, controlando alterações metabólicas e morfológicas associadas;

Prevenir o aparecimento de desnutrição, principalmente a perda de peso;

Manter o peso ideal do doente;

Melhorar o estado imunológico decorrente da infecção, garantindo um adequado aporte de nutrientes (PAULA, NERES et al. 2010);

Minimizar consequências dos distúrbios gastrointestinais decorrentes de infeções oportunistas e da HAART;

Atrasar o aparecimento do vírus da SIDA (OMS 2009). É importante ter em conta que os objetivos da terapia nutricional devem ser sempre ajustados a cada caso (POLO, GOMES-CANDELA et al. 2007). 3.4.1 Recomendações alimentares

Em doentes com falta de apetite, um maior aporte de gordura nos alimentos traz maior palatibilidade à refeição, o que pode ser uma forma de estimular o apetite (OMS 2009).

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Beber grandes quantidades de água diariamente principalmente em períodos de diarreia, vómitos ou febre. O consumo de chá e café deve ser evitado pois diminuem a assimilação de ferro. Também o consumo de álcool deve ser limitado pelas suas propriedades diuréticas, além de poderem interagir com a medicação (OMS 2009);

Se possível ingerir leguminosas todos os dias, ingerir com regularidade produtos lácteos e animais, bem como consumir diariamente frutas e vegetais, fontes de vitaminas e minerais, sendo aconselhado a variedade neste grupo (OMS 2009).No caso de o doente apresentar colesterol elevado: os alimentos devem ser preparados de forma cozida, assada ou grelhada evitando frituras; (PAULA, NERES et al. 2010); consumir preferencialmente leite e derivados sob a forma magra; preferir o azeite como gordura de confecção e tempero e se o doente apresentar hipertrigliceridemia deve aumentar o consumo de ácidos gordos ómega 3 (POLO et al. 2009); Caso o doente apresente hiperglicemia: diminuição da ingestão calórica total; a ingestão de sacarose deve ser inferior a 10% da energia total; o consumo de fibra deve ser de 30 –35g/dia (preferencialmente fibra solúvel); os alimentos que contenham hidratos de carbono ou ricos em fibra (pão, cereais, batata, arroz, legumes, leite, frutas e iogurte) devem ser distribuídos pelas várias refeições do dia (POLO, GALINDO et al. 2009).

Em doentes com alterações ósseas deve ser recomendado a ingestão de alimentos ricos em cálcio, evitar o consumo de quantidades excessivas de proteínas, cafeína, fósforo e sódio pois podem potenciar perdas de cálcio. Não só o cálcio mas também um adequado aporte de vitamina D ajuda a assegurar uma ótima densidade óssea. Doses diárias recomendadas de vitamina D podem ser atingidas pela exposição solar, bem como através de fontes alimentares (POLO, GALINDO et al. 2009).

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3.4.2 Nutrição artificial

A nutrição artificial melhora a qualidade de vida dos doentes e reduz as taxas de mortalidade e morbilidade. Consoante as necessidades nutricionais e o estado clínico do doente, pode recorrer-se à suplementação oral, nutrição entérica e nutrição parentérica. A nutrição artificial deve ser o último escalão da abordagem nutricional, e quando o seu uso é necessário, esta terapia deve ser prescrita precocemente (POLO, GALINDO et al. 2009).

Esta é indicada a todos os doentes desnutridos ou em risco de desnutrição que não podem ou não conseguem alimentar-se corretamente ou quando a alimentação é insuficiente (POLO, GOMES-CANDELA et al. 2007). Doentes com as seguintes características são selecionados para suplementação oral e nutrição entérica (POLO, GOMES-CANDELA et al. 2007):

Doentes que se encontrem levemente desnutridos ou em risco de desnutrição e disfagia (POLO, GALINDO et al. 2009; POLO, GOMES-CANDELA et al. 2007); Doentes com capacidade funcional digestiva suficiente mas com ingestão oral escassa (< 1000kcal e 30g de proteína) (POLO, GALINDO et al. 2009; POLO, GOMES-CANDELA et al. 2007); doentes com infeções oportunistas e tumores, doentes com fraca adesão ao tratamento antirretroviral (POLO, GALINDO et al. 2009); doentes que apresentem má absorção e má digestão. 3.4.3 Suplementação oral

A suplementação oral é recomendada quando a ingestão alimentar per os não é suficiente para suprir as necessidades nutricionais e com a condicionante de um trato gastrointestinal funcional. Existem fórmulas eficazes de multinutrientes que são capazes de aumentar a oferta de macro e micronutrientes e

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melhorar a resposta à terapia (POLO, GOMES-CANDELA et al. 2007).

Alguns estudos mostram vantagens no uso de suplementos de micronutrientes. Existem diversos tipos de suplementos de vitaminas/minerais como as vitaminas A, B, C, E, ferro, zinco, selénio e ácido fólico. Estes retardam a doença de VIH para a SIDA, melhoram a função imunológica e a contagem de linfócitos TCD4+ (FAWZI et al. 2013).

Por outro lado, a suplementação de micronutrientes em doses elevadas e a longo prazo pode trazer efeitos adversos pois aumentam o risco de morte por cancro e doenças cardiovasculares, logo estes suplementos apresentam vantagens apenas a curto prazo (FORRESTER AND SZTAM , 2011).

Foram demonstrados benefícios da suplementação com probióticos no aumento do número de linfócitos TCD4+, na prevenção da diarreia e melhoria da imunidade da mucosa intestinal (COPPINI AND JESUS 2011; FALCO et al. 2012; HEMSWORTH et al. 2012).

Também o uso de vitamina B1e B2 em doses superiores a 5 vezes ou mais do que a ingestão diária recomendada foi associado a uma redução de 40% na mortalidade. Já abaixos níveis de vitamina A estão associados uma progressão mais rápida da doença. Relativamente à suplementação com vitamina C e E parece reduzira carga viral (FAWZI, MSAMANGA et al. 2013).

Estudos dedicados aos níveis de selénio e zinco concluíram que baixos níveis de selénio foram aliados ao aumento do aparecimento de doenças associadas ao VIH. Assim como altos níveis de zinco foram associados à progressão da doença e aumento da mortalidade (FAWZI, MSAMANGA et al. 2013).

Quanto à vitamina D em níveis dentro dos recomendados parece ter um papel importante no atraso da progressão da doença e na prevenção da mortalidade (OCKENGA et al. 2006) .A suplementação com ómega 3 foi comprovada em vários

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estudos que reduz as complicações metabólicas associadas à doença, na redução dos triglicerídeos e aumento do colesterol HDL, reduzindo assim o risco de lipodistrofia e dislipidemias (ADA 2010; COPPINI AND JESUS 2011).

GROBLER et al.(2013), demonstrou que a suplementação com fórmulas de macronutrientes dadas para fornecer energia e/ou proteínas e enriquecidos com micronutrientes, juntamente com aconselhamento nutricional melhorou o consumo de energia e proteína em adultos com perda de peso e portadores de VIH (GROBLER et al. 2013).

Em suma, o uso da suplementação oral em doentes portadores de VIH reduz a perda de peso, melhora a sintomatologia e a qualidade de vida dos doentes (GROBLER, SIEGFRIED et al. 2013). 3.4.4 Nutrição entérica

A nutrição entérica é indicada para doentes que apresentem anorexia grave, desnutrição grave, disfagia, tumores e efeitos colaterais da quimioterapia e radioterapia (POLO, GOMES-CANDELA et al. 2007). A via de acesso e a duração da nutrição entérica dependem da situação clínica do doente. Em doentes que não apresentam disfagia a via oral é a mais indicada. Também a via nasogástrica é aconselhada a doentes com disfagia, em caso de desnutrição que necessitam de quantidades extra e não possa ingerir pela via oral. A escolha da fórmula entérica deve ter em consideração o grau de catabolismo do doente, desordens metabólicas e a função digestiva (COPPINI AND JESUS 2011; POLO, GOMES-CANDELA et al. 2007). É importante salientar que a nutrição entérica pode ser combinada com a alimentação normal e é apropriada em muitos dos casos para otimizar o estado nutricional (OCKENGA, GRIMBLE et al. 2006)

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3.4.5 Nutrição parentérica

A nutrição parentérica é recomendada em doentes que não preenchem os requisitos da nutrição entérica. Em doentes portadores de VIH, com infeções oportunistas que desencadeiam diarreia grave e má-absorção e que a nutrição entérica apenas cobre 75% das necessidades energéticas totais, é indicada a nutrição parentérica. Segundo Polo et al. (2007) as fórmulas parentéricas devem seguir as seguintes recomendações:

Ingestão de calorias: 35 kcal/kg/dia; Ingestão de proteínas: 1,2 g/ kg/dia; Minerais, vitaminas, oligoelementos e água devem ser

administrados numa base individual. 4 ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL A nutrição vem ganhando o reconhecimento mundial devido à importância da alimentação saudável na promoção da saúde dos indivíduos, que busca diminuir os riscos de doenças e progredir com a melhora do estado nutricional das populações (BRASIL, 2006).

Portanto, é papel do Nutricionista traçar um plano dietético, com o propósito de melhorar o estado nutricional das pessoas que vivem com patologias, montando cardápios diferenciados e que estejam adequados a cada população, a partir do contexto socioeconômico e psicológico, orientando-os a ter uma alimentação balanceada, adequada e que melhore a sua qualidade de vida (BRASIL, 2008). 5 CONCLUSÕES

Em conclusão, a combinação da terapia antirretroviral junto com a terapia nutricional favorece significante melhora do estado de saúde das pessoas que vivem com HIV/AIDS, diminuindo a taxa de mortalidade.

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ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL A INDIVIDUOS SOROPOSITIVO

252

Nesse contexto, identifica-se a importância da assistência nutricional, contribuindo para um atendimento completo proporcionando mudanças no estilo de vida e comportamento alimentar que irão favorecer a promoção da saúde. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Banco Mundial (2008). HIV/SIDA, nutrição e segurança alimentar: o que podemos fazer - uma síntese de princípios de orientação internacionais. Washington DC, Banco Mundial. Braga, L. and C. Silva (2010). "Avaliação nutricional e metabólica de pacientes com HIV em uso da terapia antirretroviral no nordeste do Brasil." RBPS, Fortaleza 23(4): 368-373. BRASIL, Ministério da saúde, Boletim Epidemiológico - Aids e DST, 2013. Disponível em<http://www.aids.gov.br> Acesso em Abril de 2016. Brasil. Ministério da saúde. Secretária de vigilância em saúde. Program a nacional de DST e Aids. Recomendações para terapia anti-retroviral em adultos infectados pelo HIV: 2008/Ministério da saúde, Secretaria de vigilância em saúde, Programa nacional de DST e Aids. 7ª ed. - Brasília: Ministério da saúde, 2008 . p. 1- 13 6. Disponivel em : http: //www.ensp.fiocruz.br/portal ensp/judicializacao/pdfs/491.pdf. Acesso em 10 set 2016. Brasil. Ministério da saúde. Secretaria de vigilância em saúde. Programa nacional de DST/Aids. Manual clínico de alimentação e nutrição na assistência a adultos infectados pelo HIV/ Ministério da saúde, Secretaria de vigilância em saúde, Programa nacional de DST/Aids. – Brasília: Ministério da saúde, 2006b. p. 9-88. Disponível em:http://www.aids.gov.br/sites/default/files/manual_alimentacao_nutricao.pdf>. Acesso em: 14 out. 2016. Coppini, L. and R. Jesus (2011). "Terapia Nutricional na Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (HIV/AIDS)." Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa.4.ed. São Paulo: Atlas, 2008

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ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL A INDIVIDUOS SOROPOSITIVO

253

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PERFIL NUTRICIONAL DE CRIANÇAS PORTADORAS DE SÍNDROME DE DOWN

254

CAPÍTULO 15

PERFIL NUTRICIONAL DE CRIANÇAS PORTADORAS DE SÍNDROME DE DOWN

Maria Rayssa Silva do NASCIMENTO¹ Yasmin Farias GOMES¹

Leyllianne de Fátima Leal Interaminense de ANDRADE² Germana Montenegro Costa Agra CARVALHO²

Pamela Rodrigues Martins LINS³ ¹ Graduadas em Nutrição, UFPB; ² Professoras do CCS/UFPB; ³Professor Orientador do

CCS/UFPB. [email protected]

RESUMO: A Síndrome de Down (SD) é uma condição humana determinada geneticamente, caracterizada pela presença do cromossomo 21 extra, desencadeando características específicas que implicam diretamente ou indiretamente sob os aspectos nutricionais. Este trabalho tem como objetivo traçar o perfil nutricional de crianças com Síndrome de Down em um centro de referência no município de João Pessoa-PB. Trata-se de um estudo do tipo transversal analítico com abordagem quantitativa. Participaram da pesquisa, vinte crianças na faixa etária de 4 a 10 anos de idade. Os voluntários foram submetidos à avaliação antropométrica e foi aplicado um questionário socioeconômico e Recordatório de 24 horas, respondidos pelos responsáveis dos participantes. Quanto ao diagnóstico do estado nutricional, encontraram-se frequências de excesso de peso de 40% segundo Peso/Idade e 60% segundo IMC/Idade. Conforme o indicador Altura/Idade, 95% apresentaram altura normal para a idade. O consumo calórico médio da população foi de 2092,39 Kcal, valor superior ao recomendado, porém, com consumo de macronutrientes adequado para a maioria da população. Observaram-se baixas ingestões de cálcio, vitamina

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PERFIL NUTRICIONAL DE CRIANÇAS PORTADORAS DE SÍNDROME DE DOWN

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D e fibras e frequências de inadequações baixas para vitamina A, vitamina C e zinco, demonstrando que o consumo desses micronutrientes aproxima-se do adequado. A maioria dos indivíduos foi estratificada nas classes sociais C (75%) e D-E (15), resultados expectáveis, devido à pesquisa ser realizada em um centro de referência público. Palavras-chave: Síndrome de Down. Estado nutricional. Consumo alimentar.

1 INTRODUÇÃO

A Síndrome de Down (SD) é uma condição humana

determinada geneticamente e é considerada a alteração

cromossômica mais comum em humanos, caracterizada pela

presença do cromossomo 21 extra na constituição genética do

indivíduo (BRASIL, 2012).

As Diretrizes de atenção à pessoa com Síndrome de

Down revelam que no Brasil nasce uma criança com SD a cada

600 e 800 nascimentos, independente de etnia, gênero ou

classe social (BRASIL, 2012).

Entre as causas que elevam o risco para o surgimento

da SD na gestação, a idade materna avançada é a mais

importante, devido ao aumento de incidências de alterações

genéticas. Destacam-se ainda outros fatores de risco, como

idade paterna avançada e o nascimento anterior de uma criança

anormalidade cromossômica (GUERRERO; CLARK; SISTO,

2015).

São características comuns nessa população as fissuras

palpebrais oblíquas, membros mais curtos, uma única prega

palmar transversal, tônus muscular pobre, retardo mental e

dificuldades de aprendizagem, dificuldades na mastigação,

problemas de absorção, constipação intestinal, fatores que

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256

levam a predisposição ao sobrepeso e obesidade. (FRAGA et

al, 2015; SIMÕES, 2009).

As cardiopatias congênitas correspondem às

complicações mais frequentes nessa população e está

diretamente associado ao prognóstico e a sobrevida dos

pacientes, comprometendo também o sistema respiratório,

sendo responsável pela maior causa de morbidade e

mortalidade nos primeiros dois anos de vida (VILASBOAS,

ALBERNAZ, COSTA, 2009; BARBOSA, 2012).

Santos, Sousa e Elias (2011), baseados na

antropometria e na anamnese alimentar realizada em

portadores de SD, observaram que a maioria desses indivíduos

possuía risco aumentado para doenças cardiovasculares e

excesso de peso. Esses fatores associados às alterações

metabólicas da própria SD potencializam os agravos da vida

adulta.

A educação alimentar do portador de SD é

extremamente importante para o desenvolvimento adequado,

visto que esses indivíduos possuem preferências por alimentos

extremamente calóricos e ricos em gordura e açúcar (SANTOS,

SOUSA, ELIAS, 2011).

Nesse contexto, considerando a importância do estado

nutricional na qualidade de vida dessa população, esta

pesquisa teve como principal objetivo, traçar o perfil nutricional

de crianças com Síndrome de Down em um centro de referência

em João Pessoa-PB, e, mais especificamente, verificar o

estado nutricional das crianças, analisar o consumo alimentar e

identificar a situação socioeconômica dessa população.

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257

2 MATERIAIS E MÉTODO

O presente trabalho trata-se de um estudo do tipo

transversal analítico com abordagem quantitativa, realizado na

Fundação Centro Integrado de Apoio ao Portador de Deficiência

(FUNAD) localizada na cidade de João Pessoa-PB.

Participaram da pesquisa vinte crianças portadoras de

Síndrome de Down entre a faixa etária de 4 a 10 anos de idade

e de ambos os sexos.

Os voluntários da pesquisa foram submetidos à

avaliação antropométrica e à aplicação de um questionário

socioeconômico e do Recordatório de 24 horas que foram

respondidos pelos responsáveis dos participantes.

O diagnóstico do estado nutricional dos portadores de

SD foi realizado através da avaliação antropométrica, sendo

utilizadas as variáveis de peso, altura, circunferência da cintura.

Para a mensuração do peso, utilizou-se uma balança

eletrônica com graduação de 100g. Os indivíduos estavam

posicionados em pé, com os pés paralelos na base da balança,

descalços e com roupas leves. Para a aferição da estatura

utilizou-se uma fita métrica com precisão de um centímetro, em

uma parede lisa sem rodapé, com o indivíduo em pé descalço,

com os calcanhares juntos, tronco ereto, braços estendidos ao

longo do corpo e o olhar fixo no horizonte e sem adereços na

cabeça (SANTOS; SOUSA; ELIAS, 2011).

A circunferência da cintura foi mensurada com a criança

em posição ortostática, colocando-se sobre a pele uma fita

inelástica graduada em milímetros, no espaço correspondente

à menor circunferência entre a crista ilíaca e o rebordo costal,

no momento da mínima expiração (DAMASCENO et al., 2010).

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258

Foi utilizado um Formulário de avaliação nutricional para

caracterização da criança, com o registro dos dados coletados

referentes à avaliação nutricional e outros dados, como nome

completo, data de nascimento, sexo, idade e nome do

responsável.

Para estimar o consumo de energia e nutrientes foi

utilizado o Recordatório de 24h, cuja aplicação foi realizada com

o responsável da criança, em três dias distintos, com intervalos

de 7 dias entre as entrevistas. Como as crianças eram

atendidas em dias fixos no centro de referência, não foi possível

coletar informações sobre o consumo alimentar do final de

semana, exceto para as crianças que eram atendidas no dia de

segunda feira.

Com o intuito de melhorar a exatidão das porções

ingeridas, utilizou-se o registro fotográfico das porções,

elaborado por Monteiro (2007). As informações foram

analisadas utilizando-se o software de nutrição DIETWIN -

Análise Nutricional (2008). Os resultados foram digitados no

Microsoft Excel XP e posteriormente calculada a média dos três

recordatórios.

Além das informações de identificação pessoal (nome

completo da criança e do responsável), foram coletados dados

sobre a escolaridade do pai e da mãe (fundamental incompleto,

fundamental completo, médio incompleto, médio completo,

ensino superior incompleto, superior completo) e a quantidade

de bens e de empregados na residência, de acordo com a

metodologia da Associação Brasileira das Empresas de

Pesquisa (ABEP) (2015) para determinar a classe econômica

dos adolescentes (A, B, C, D e E).

A análise dos dados antropométricos (peso, altura) dos

voluntários da pesquisa foi interpretada com base na curva de

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259

crescimento de Cronk et al (1988), relacionando a altura/idade

(A/I) e o peso/idade (P/I) sendo classificada a avaliação

nutricional conforme a Tab. (1). O indicador IMC/Idade foi

interpretado baseado nos percentis para a população infatil

geral e os valores da circunferência da cintura foram de acordo

com percentis do estudo de Fernandez et al (2004).

Tabela 1 – Classificação dos pontos de corte para os valores de altura/idade e peso/idade por percentil para crianças com Síndrome de Down.

PERCENTIL CLASSIFICAÇÃO

< P5 Baixo peso ou baixo para idade

P5 – P95 Eutrofia

> P95 Excesso de peso ou alto para idade

Fonte: SANTOS; SOUSA; ELIAS (2011).

Para análise da adequação das dietas, foram adotadas,

como parâmetro, as recomendações do Institute of Medicine

(IOM) (2000), denominadas como Ingestões Dietéticas de

Referência (Dietary Reference Intakes– DRIs). O valor da

Necessidade Média Estimada (Estimated Average

Requirement- EER) foi utilizado para avaliar o consumo total de

energia em Kcal, e levou-se em consideração variáveis como

idade, sexo, peso, altura e atividade física.

A distribuição percentual dos macronutrientes foi

considerada como adequada de 45 a 65% para carboidratos,

de 10 a 30% para as proteínas, e de 25 a 35% para os lipídeos,

com base na distribuição percentual estabelecida pelas DRIs

(2000), para indivíduos de 4 a 18 anos.

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260

Para adequação de ferro, cálcio, zinco e das vitaminas

A, C, foram utilizados os valores de EAR (2000), enquanto que

para fibras e vitamina D, utilizou-se a estimativa da Ingestão

Adequada (Adequate Intake-AI) (2000), como parâmetro, uma

vez que EARs para esses, ainda não foram estabelecidas. A

determinação da prevalência de inadequação das vitaminas A

e C, bem como cálcio, ferro e zinco, foi determinada pelo

método de abordagem probabilística, que combina a

distribuição das necessidades com base nos valores de EAR e

a distribuição da ingestão em grupos, para o cálculo da

probabilidade de inadequação (SOARES; MAIA, 2013).

Quanto ao questionário socioeconômico, os indivíduos

foram estratificados nas seguintes classes sociais: A, B, C e DE,

conforme a metodologia utilizada pelo Critério de Classificação

Econômica Brasil (2015). Os pontos de corte utilizados foram:

A (de 45 a 100 pontos), B (de 29 a 44), C (de 17 a 28) e DE (de

0 a 16).

Os dados foram, digitados no software Microsoft excel for

Windows 8 e analisados através do programa estatístico

Statistical Package for Social Sciences (SPSS) versão 21. Para

análise descritiva das variáveis foram utilizados os

procedimentos estatísticos apropriados, incluindo-se o cálculo

de medidas de tendência central (média e mediana) e de

dispersão (desvio ou erro padrão), intervalo de confiança. Para

as variáveis mensuradas em escala nominal e ordinal foi

utilizada a distribuição de frequências.

As variáveis quantitativas foram testadas quanto à sua

normalidade através do teste Kolmogorov-Smirnov. A análise

de associação entre variáveis categóricas dependentes foi

efetuada mediante aplicação do teste de Qui-quadrado. A

comparação entre médias foi efetuada por meio do teste “t” de

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Student e da análise de variância para comparações múltiplas,

quando apropriado. Em todos os casos, os intervalos de

confiança de 95% foram calculados, adotando-se um nível de

significância de 5% para todos os testes.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Participaram do estudo vinte crianças, compreendendo a

faixa etária de 4 a 10 anos de idade, sendo doze do sexo

masculino (60%). Nesta população, constatou-se que cinco

indivíduos (25%) apresentavam cardiopatia congênita

diagnosticada e nove indivíduos (75%) possuíam compulsão

alimentar relatada pelos responsáveis.

A frequência de cardiopatia congênita na amostra foi

inferior aos encontrados por Bermudez et al (2015) e por

Mourato, Villachan e Mattos (2014), que obtiveram prevalências

de cardiopatia na população com SD de 50% e 81,2%,

respectivamente.

Nesta pesquisa, a presença ou inexistência de

cardiopatia congênita foi quantificada a partir do relato dos

responsáveis dos participantes, podendo, portanto, os valores

terem sido subestimados ou não representativos. Para maior

confiabilidade dos resultados, são necessárias análises mais

seguras, como exames cardiológicos ou coleta de prontuários,

para melhor representar a prevalência desta patologia nesta

população.

No Brasil, a curva de crescimento específica para a

população com SD foi construída por Zan Mustacchi em 2002,

porém, nesse estudo utilizou-se como referência a curva de

Cronk et al (1988) baseada na população americana, visto que

a curva de crescimento brasileira não atinge a faixa etária dos

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262

participantes da pesquisa. Na Tabela 2 está apresentado o

diagnóstico do estado nutricional conforme os indicadores

peso/idade, altura/idade e IMC/idade.

Tabela 2 – Diagnóstico do estado nutricional segundo indicador peso/idade, altura/idade, IMC/ idade, de crianças portadoras de Síndrome de Down em um centro de referência em João Pessoa-PB, 2015.

DIAGNÓSTICO

MASCULINO FEMININO TOTAL

P/I* A/I** IMC/I*** P/I A/I IMC/I P/I A/I IMC/I

N % n % N % N % n % n % N % n % n %

Magreza 1 8,3 2 16,7 - - 1 12,5 - - - - 3 15 1 5 - -

Eutrofia 9 75 10 83,3 6 50 3 37,5 8 100 2 25 9 45 19 95 8 40

Excesso de Peso

2 16,7 - - 6 50 4 50 - - 6 75 8 40 - - 12 60

Total 12 100 12 100 12 100 8 100 8 100 8 100

20 100 20 100 20 100

*P/I= Peso/idade; **A/I= Altura/idade; ***IMC/I= Índice de massa corpórea/idade.

O diagnóstico do estado nutricional dos indivíduos do

estudo, segundo o indicador peso/idade, aponta para maior

prevalência de eutrofia para o sexo masculino e índices de

sobrepeso relativamente elevados para o sexo feminino. Esses

resultados são similares aqueles encontrados por Santos,

Sousa e Elias (2011), onde os indivíduos menores de 18 anos

de idade apresentaram índices inferiores de baixo peso e

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263

excesso de peso (17% para cada classificação) e maior

percentual de eutrofia (66%) para o sexo masculino. No sexo

feminino, 100% da amostra foi classificada como eutrófica,

segundo o mesmo indicador, divergindo dos encontrados nessa

pesquisa para o mesmo sexo.

Quanto ao indicador altura/idade, Santos, Sousa e Elias

(2011), obtiveram como resultados, 83% de normalidade e 17%

de altura elevada para idade para o sexo masculino e 100% de

normalidade para idade para o sexo feminino. Esses achados

são análogos aos desta pesquisa, onde se obtiveram maiores

índices de normalidade para ambos os sexos (83,3% para o

sexo masculino e 100% para o sexo feminino).

Conforme o indicador IMC/idade, observou-se que na

população geral 60% das crianças encontravam-se com

sobrepeso, valor similar ao encontrado no estudo de Venegas

et al (2015), que avaliaram o estado nutricional de 40 crianças

entre 3 e 13 anos de idade e verificou que 60% população

tiveram o mesmo diagnóstico nutricional segundo este

indicador.

Jiménez et al (2015) realizaram estudo no Chile com 79

escolares com SD entre a faixa etária de 6 a 18 anos de idade.

Os resultados obtidos baseados no indicador IMC/idade foram

de 65,7% de sobrepeso/obesidade, convergindo também com

os valores encontrados neste estudo.

Ressalta-se que os valores de referência utilizados foram

baseados na população geral, podendo-se justificar o alto

índice de sobrepeso e obesidade, visto que os indivíduos com

SD possuem particularidades específicas que se diferenciam da

população geral. Sendo assim, torna-se necessário pontos de

cortes de IMC/idade específicos para este público para melhor

representá-los.

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264

Quanto ao risco cardiovascular baseado na medida de

circunferência da cintura, os resultados demonstram que uma

parcela importante da amostra (35%) foi classificada como de

risco cardiovascular, conforme a Tab. (3). Esses achados foram

semelhantes aos resultados do estudo de Jiménez et al (2015),

cujo mesmo diagnóstico foi encontrado em 19% da população.

Tabela 3- Classificação dos percentis da circunferência da cintura em crianças portadoras de Síndrome de Down em um centro de referência em João Pessoa, 2015.

PERCENTIL MASCULINO FEMININO TOTAL p**

N % N % N %

0,608 Sem risco

CV* 9 75 5 62,5 13 65

Com risco CV 3 25 3 37,5 7 35 Total 12 100 8 100 20 100

*CV= Cardiovascular; **Qui-quadrado de Pearson.

O excesso de peso, o acúmulo de gordura abdominal e

os elevados índices de cardiopatias na população com SD

aumentam ainda mais as chances de complicações cardíacas

e metabólicas neste público. Logo, a utilização da medida de

circunferência da cintura deve ser uma prática rotineira na

avaliação e no diagnóstico nutricional nesta população.

De acordo com a classificação socioeconômica,

constatou-se que maior parte da população analisada

enquadrava-se na classe social C e D-E, em um número de

quinze crianças (75%) para a classe C e três na classe D-E

(15%), conforme exposto na Tab. (4). Isto pode ser reflexo do

centro de referência utilizado como local da pesquisa, que é de

caráter público, logo, os resultados obtidos eram expectáveis.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE) (2006), as famílias pertencentes às classes sociais C2,

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D-E são consideradas famílias de baixa renda. O IBGE afirma

ainda que essas três classes juntas representam 45% dos lares

urbanos brasileiros.Por volta de três quartos das famílias

brasileiras pertencem hoje às classes C, D e E, conforme o

Critério Econômico Brasil.

Tabela 4- Classificação socioeconômica de crianças portadoras de Síndrome de Down em um centro de referência de João Pessoa- PB, 2015.

CLASSIFICAÇÃO QUANTIDADE PORCENTAGEM

A 1 5% B 1 5% C 15 75% D-E 3 15%

A Tabela 5 apresenta os valores de média e desvio

padrão do consumo calórico diário e da EAR, bem como o

percentual de adequação do consumo de acordo com a

recomendação e as frequências dessa adequação na

população. Observa-se que a média do consumo calórico da

população (2092,39 Kcal) foi bastante superior à recomendação

média (1258,91 kcal), sendo a média de adequação encontrada

de 169,56%. A frequência de consumo calórico excessivo

encontrado em 85% da amostra.

Tabela 5 - Média e desvio padrão do consumo de energia segundo a ingestão de Kcal/dia e da Recomendação Média Estimada (EAR), % de Adequação da Ingestão em relação à EAR e frequência de adequação do consumo, segundo insuficiência, adequação e excesso de energia, de crianças portadoras de Síndrome de Down em um centro de referência em João Pessoa-PB, 2015.

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266

Consumo de Energia (Kcal/dia)

Adequação (95 a 105)

Frequência de adequação do Consumo (95 a 105)

Ingestão EAR % Insuficiente Adequado Excessivo

Média ± DP Média ± DP

Média ± DP N (%) N (%) N (%)

2092,39 ± 539,24

1258,91 ±139,48

169,56 ± 49,90

- 3 (15) 17 (85)

Não foram encontrados estudos científicos que

retratassem o consumo energético, de macro e micronutrientes

da população com SD, portanto, os resultados sobre consumo

alimentar deste trabalho foram comparados com trabalhos com

o público infantil geral.

Almeida et al (2015) avaliou o consumo alimentar de 126

estudantes com idades entre 6 e 18 anos. Como resultados,

observaram que a média de consumo calórico das crianças

eutróficas foi de 1.637,9 Kcal e de 1.771,5 Kcal para as crianças

com sobrepeso ou obesidade. Comparando com os resultados

do presente trabalho, observa-se que as crianças com SD

apresentaram consumo calórico superior ao das crianças

saudáveis, incluindo das crianças com possuíam sobrepeso ou

obesidade.

Neste sentido, Santos, Sousa e Elias (2011) descrevem

que este público possui preferências por alimentos

extremamente calóricos e ricos e gorduras e açúcar. Aliando ao

fato de que na amostra estudada, 75% indivíduos possuía

compulsão alimentar relatada pelos responsáveis, pode-se

justificar o alto consumo energético encontrado como resultado.

Na Tabela 6 estão apresentados os valores de média e

desvio padrão do consumo de macronutrientes e a frequência

da adequação. Pode-se verificar que a maioria dos indivíduos

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267

do estudo apresentaram um consumo habitual adequado dos

macronutrientes.

Tabela 6 - Média, desvio padrão do consumo de macronutrientes e frequência de consumo, segundo insuficiência, adequação e excesso, de crianças portadoras de Síndrome de Down em um centro de referência em João Pessoa-PB, 2015. Consumo de macronutrientes Frequência de Consumo

Ingestão AMDR* Insuficiente Adequado Excessivo

Média ± DP

Intervalo N (%) N (%) N (%)

Carboidratos(%) 58,04 ± 5,87

45 a 65 1 (5) 15 (75) 4 (20)

Proteínas(%) 11,97 ± 2,62

10 a 30 6 (30) 14 (70) -

Lipídeos(%) 30,14 ± 4,51

25 a 35 3 (15) 13 (65) 4 (20)

*Acceptable macronutriente distribuition ranges

Apesar do consumo calórico excessivo, a contribuição

percentual de carboidratos, proteínas e lipídeos para a ingestão

energética foi adequada para a maioria dos indivíduos do

estudo, resultado semelhante aos achados do projeto Estudo

de Risco Cardiovascular em Adolescentes (ERICA). Os

resultados encontrados no projeto ERICA, foram de 54,0% de

carboidratos, 15,0% de proteínas e 31,0% de lipídios para

meninas, e 53,0% de carboidratos, 16,0% de proteínas e 30,0%

de lipídios entre os meninos, sendo estas médias referentes a

todas as macrorregiões (SOUZA et al, 2016).

A tabela 7 demonstra a média, o desvio padrão e a

prevalência de inadequação no consumo da vitamina A,

vitamina C, cálcio, ferro e zinco. Pode-se destacar que o maior

percentual de inadequação foi referente à ingestão de cálcio

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268

(72,05%) e que menos de 1% da população teve inadequação

na ingestão de ferro.

Tabela 7–Média, desvio padrão e prevalência de inadequação no consumo dos micronutrientes segundo EAR, de crianças portadoras de Síndrome de Down em um centro de referência em João Pessoa-PB, 2015.

Micronutrientes Média ± DP Frequência de Inadequação (%)

Vitamina A (mcg) 1003,04 ± 669,25 30,53 Vitamina C (mg) 1073,68 ± 1269,37 11,53 Cálcio (mg) 617,55 ± 159,20 72,05 Ferro (mg) 13,10 ± 4,86 0,90 Zinco (mg) 7,03 ± 2,14 30,56

Conforme o exposto na Tab. (8) observa-se que o

consumo médio de fibras e vitamina D foi inferior aos valores de

AI para maioria dos indivíduos, sendo 90% para fibras e 100%

para a vitamina D.

Tabela 8 - Média e desvio padrão do consumo de fibras e vitamina D e frequência de indivíduos com consumo inferior a AI, de crianças portadoras de Síndrome de Down em um centro de referência em João Pessoa-PB, 2015. Ingestão < AI Média ± DP N (%)

Fibras (g) 17,03 ± 6,04 18 (90) Vitamina D (mcg) 2,07 ± 1,33 20 (100)

Silva et al (2010) analisaram o consumo alimentar de 272

crianças de 1 a 8 anos. Para as crianças entre 4 a 8 anos de

idade, obtiveram como resultados, frequências de inadequação

para vitamina A de menos de 20%, 10% de inadequação para

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269

vitamina C, menos de 40% para ferro e menos de 20% para

zinco.

Bueno et al (2013) avaliou o consumo alimentar de

crianças de escolas públicas e privadas de 2 a 6 anos de idade

e verificaram que mais de 90% das crianças tinham uma

ingestão inadequada de vitamina D e a prevalência da ingestão

inadequada de cálcio foi de aproximadamente 45%. A

prevalência de inadequação encontrada para o ferro foi de

menos de 0,001%, de cálcio entre 40,3% a 48,9% e de vitamina

D de 90,9% a 94,1% .

Os resultados dos estudos citados corroboram com os

achados de consumo de micronutrientes encontrados nesta

pesquisa, onde se obteve como resultados, baixas frequências

de inadequação para vitamina A, vitamina C, zinco e ferro.

Quanto ao baixo consumo de cálcio, sabe-se que a

deficiência desse micronutriente pode acarretar em diversos

malefícios para a saúde, como a osteomalácia, prejuízo no

desenvolvimento e crescimento infantil, além de ser um fator

importante em doenças crônicas, tais como hipertensão arterial

(GALLAGHER, In: MAHAN, STUMP, 2010).

O consumo de vitamina D e fibras da amostra analisada

foi bastante inferior às recomendações, sendo 90% dos

indivíduos com consumo abaixo da AI para o cálcio e 100%

abaixo da AI para a fibras, porém, segundo as DRIS, não pode-

se afirmar que isso é inadequado.

Destaca-se ainda, que a AI de vitamina D para as

crianças de ambos sexos é de 5 µg e o consumo médio do

micronutriente foi de 2,075 µg, estando inferior ao

recomendado. Porém, esses valores são sempre esperados

uma vez que a principal fonte de vitamina D é de origem solar,

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270

estando presente em pouca variedade de alimentos

(GALLAGHER, In: MAHAN, STUMP, 2010).

Ressalta-se que a vitamina D tem um papel fundamental

no metabolismo do cálcio e na saúde óssea das crianças.

Acredita-se ainda que ela seja benéfica em doenças não

ósseas, tais como doenças respiratórias, atopia e esquizofrenia.

Existe uma relação clara entre a deficiência de vitamina D e

raquitismo e hipocalcemia neonatal, mas a vitamina D também

facilita a aquisição de massa óssea na infância, justificando

assim, a necessidade de níveis adequados desse nutriente

(WINZENBERG; JONES, 2016).

Quanto ao consumo de fibras, a recomendação atual

segundo a IOM (2002/2005) para crianças de 4 anos é de 25g

e o consumo médio de fibras da população foi de 17,03g.

Consumos baixos de fibras alimentares podem acarretar em

prejuízos para a saúde da criança, incluindo a constipação

intestinal. Faz-se necessário, portanto, ingestão adequada de

fibras, principalmente porque a população com SD já possui

predisposição à complicação intestinal (SIQUEIRA et al, 2015).

4 CONCLUSÕES

Os indivíduos portadores da Síndrome de Down,

igualmente aos outros indivíduos da sociedade, possuem o

direito de assistência à saúde de modo integral e equitativo.

Considerando que a ciência da Nutrição tem papel fundamental

no crescimento e desenvolvimento adequado dos indivíduos,

destaca-se a importância da intervenção e do

acompanhamento nutricional para melhora da qualidade de

vida desta população, visto que os mesmo possuem

características clínicas que afetam o seu estado nutricional.

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271

Com isso, esse trabalho dispõe de resultados a cerca do

estado nutricional, do consumo alimentar e da situação

socioeconômica de crianças com Síndrome de Down.

Observou-se que a população estudada apresentou

frequências muito elevadas de excesso de peso, e que, quando

comparados com indicadores da população geral, essas

frequências foram maiores. Constatou-se ainda, que essas

crianças apresentaram consumo calórico acima das

recomendações, porém com proporções de consumo de

macronutrientes adequada, além de baixo consumo de cálcio,

vitamina D e fibras. Quanto à situação socioeconômica, a

maioria dos participantes da pesquisa foram estratificados na

classe social C e D-E, considerados baixa renda.

Devido ao número reduzido de indivíduos na amostra,

não se pode fazer conclusões que representem o perfil

nutricional população com Síndrome de Down em geral, sendo

os resultados representativos para o centro de referência do

local do estudo. Reforça-se ainda, a importância do

desenvolvimento de pesquisas científicas que descoram sobre

fatores nutricionais deste público, a fim de dispor de subsídios

que potencializem o cuidado e intervenção nutricional,

melhorando a qualidade de vida deste público.

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PERFIL NUTRICIONAL DE CRIANÇAS PORTADORAS DE SÍNDROME DE DOWN

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TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL EM PACIENTE DIABETICO HOSPITALIZADO COM SEQUELA DE ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO

274

CAPÍTULO 16

TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL EM PACIENTE DIABÉTICO HOSPITALIZADO COM SEQUELA DE

ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO

Martiniano da Silva LIMA 1

Jessica Moreira de CARVALHOS 1

Larissa Maria Gomes DUTRA 2

Suedna Costa da SILVA 3 1 Nutricionistas/UFCG Pós graduandos em nutrição esportiva/FIP; 2 Nutricionista, especialista

em nutrição clínica/Estácio de Sá; Graduanda do curso de nutrição/UFCG.

[email protected]

RESUMO:A diabetes mellitus é uma patologia considerada crônica não transmissível, caracterizada pela deficiência ou ausência da excreção insulina pelas célular beta do pâncreas, interferindo na captação de glicose pelas células. Esta patologia além de interferir no metabolismo dos glicideos, leva consequência também na metabolização de proteína e gorduras. O objetivo deste trabalho foi de relatar a terapia e evolução nutricional de um paciente com quadro clínico de diabetes descompensada, níveis de pressão arterial elevado, anemia ferropriva e sequelas de uma acidente vascular encefálico ao qual o deixou impossibilitade de deglutir, deste modo foi utilizado a terapia de nutrição enteral. Paciente do sexo masculino, 42 anos, internado em um hospital público no brejo paraibano. Foi realizado a avaliação física, clínica e nutricional, para após proceder a formulação do plano alimentar, foi levdo em consideração as recomendações nutricionais para paciente diabético e hierpertenso, como também o protocolo para terapia de nutrição enteral. Com o passar dos dias foi observado a evolução do quadro clínico do paciente, através das alterações bioquímicas demonstrando níveis próximos aos normais do nível de glicose sanguínea,

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275

pressão arterial sistêmica como também da hemoglobina. Sendo assim, é notório que este acompanhamento repercutiu positivamente no caso clínico. Conlui-se que a terapia nutricional é de extrema importância para o paciente acometido de alteração glicêmica e pressão arterial sistêmica, contribuindo para recuperação. Palavras-chave: Terapia Nutricional Enteral. Evolução

Dietoteráica. Diabetes Mellitus

1 INTRODUÇÃO

O diabetes mellitus é uma síndrome do metabolismo

defeituoso de carboidratos, lipídeos e proteínas e pode ocorrer

de duas formas: falta de produção ou pela falha na utilização da

insulina (GUYTON; HALL.,2011). S. R. P. é acometido pela

segunda forma de diabetes, não-dependente de insulina,

comumente chamada de tipo 2 (DM2). É mais comum,

corresponde entre 90 a 95% de todos os casos de DM e pode

ser ocasionada por um defeito na produção e secreção da

insulina pelo pâncreas produzindo quantidades insuficientes

e/ou por um problema nos receptores, dificultando a sua

utilização. Este último caso é particularmente conhecido como

resistência insulínica. Geralmente ocorre após os 30 anos de

idade, é mais frequente entre os 50 e 60 anos, porém nos

últimos anos tem se notado um grande aumento entre

indivíduos mais jovens (MOHAN, 2012). Conforme Guyton; Hall

(2011) a maior parte da resistência à insulina aparentemente

está relacionada com defeitos na via de sinalização

desencadeada pelo hormônio. O efeito tóxico causado pelo

acúmulo de lipídeos nos tecidos parece estar relacionado com

alterações nesta via. Podemos citar ainda o excesso de

glicocorticoides, excesso de hormônio do crescimento,

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276

síndrome do ovário policístico e algumas mutações como

interferentes também (GUYTON; HALL, 2011).

Conforme a Angência Nacional de Vigilância Sanitária

(ANVISA), através do regulamento pela Resolução RDC n°

63/2000 define nutrição enteral como alimento para fins

especiais, com ingestão controlada de nuteientes, de forma

isolada ou combinada, de composição quimida definida ou

estimada, para o uso de sondas ou via, industrializada ou

artesanal utilizada exclusivamente ou parcialmente para

substituir ou complementar a alimentação oral em pacientes

desnutridos ou não, conforme suas necessidades nutricionais,

em regime hospitalar, ambulatorial ou domiciliar, visando a

síntese ou manutenção de tecidos, órgãos ou sistema (BRASIL,

2000).

Os principais objetivos da terapia de nutrição enteral é a

manutenção da morfologia e da função do trato gastrointestinal,

a prevenção da translocação bacteriana, como também é uma

terapia que necessita de custo relativamente baixo

(WAITZNBERG, 2009).

Para indicação deste terapia é necessário proceder a

avaliação física nutricional, para qual é necessário verificar se

há risco de desnutrição, principalmente em casos de lesão do

sistema nervoso central, caquexia e câncer, bem como

dificuldade de acesso via oral, é importante o trato

gastrointestinal está funcionante (WAITZNBERG, 2009).

Considerando que o paciente não apresenta condições

orgânicas para se alimentar através da via oral, como também

como medida de assegurar o aperto dietético adequado, foi

considerado a prescrição de consistência líquida por via sonda,

caracterizando a terapia de nutrição enteral.

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277

Diante da importância da terapia nutricional na

normatização da homeostasia do paciente, objetivou-se relatar

a normatização dos níveis glicêmicos de um paciente recém

estabilizado de um quadro ce cetoacidose biatética através da

terapia de nutrção enteral.

2 MATERIAIS E MÉTODO

O presente trabalho trata-se de um estudo observacional

e descritivo desenvolvido no âmbito de um hospital público de

médio porte localizado na cidade de Guarabira, Paraíba.

A principio foi realizado uma triagem dos pacientes onde

foi observado o prognóstico e o desenvolvimento clínico de

cada um, para assim elegê-lo como caso clínico. Com

consentimento do responsável pelo paciente, como também da

direção do hospital foi escolhifo o paciente identificado por S. R.

P. do sexo masculino de 42 anos, apresentando sequelas do

acidente vascular encefálico, diabetes descompensada,

anemia ferropriva e hipertensão arterial sistêmica.

Foi disponibilizado o prontuário do mesmo, assim como

os exames bioquímicos, também foi realizado um levantamento

do histório clínico, anamnese alimentar e avaliação nutricional

através do método de Mini Avaliação Nutricional (NAN) (tabela

1) previamente adaptada as características do serviço.

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278

Tabela 1. Mini Avaliação Nutricional Adaptada Mini Avaliação Nutricional (MAN)

Condição Pontuação - IMC: <19 (0); IMC:19 - <21 (1); IMC:21 - < 23 (2) IMC≥23 (3)

- Circunferência do Braço (CB) CB < 21 (0); CB 21 ≤ 22 (0,5); CB>22 (1).

- Circunferência da Panturrilha (CP) CP <31 (0); CP ≥ 31 (1).

- Vive Sozinho Não (0); Sim (1).

- Ingere mais de três medicamentos por dia Sim (0); Não (1)

- Mobilidade

Cama ou cadeira de roda = (0)

É capaz de sair da cama/ cadeira mas não o faz =

(1); Deambula = (2)

- Marcas de pressão ou escaras

Sim (0) ; Não (1)

- Quantas refeições o paciente faz por dia

Uma refeição (0); Duas refeições (1); Três

refeições (2)

- Ingestão proteica

1 Porção de produto lácteo por dia __ sim

__ não

2 ou mais porções de legumes ou ovos por dia __

sim __não

Ingere carne, peixe ou aves diariamente ?

__ sim __ não

Se 0 ou 1 sim (0.0); Se 2 sim (0.5); Se 3 Sim (1)

- Consome 2 ou mais porções de frutas por dia

Sim (1); Não (0)

- Qual a quantidade de líquido consumido por

dia ( 1 copo 240 ml)

Menos de 3 copos (0.0); De 3 a 5 copos (0.5); Mais

de 5 copos (1)

- Forma de alimentação

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279

Incapaz de comer sem assistência (0);

Dificuldade em se alimentar sozinho (1);

Comer sozinho sem problemas (2) Pontuação Total

Escore de Indicação de Desnutrição:

≥ a 12 pontos ___ Bem Nutrido; 5 a 11.5 pontos _ Risco de

Desnutrição; < 5 pontos ___ Desnutrido Fonte: Vellas et al, 2006.

Após a realização da avaliação nutricional e obtenção

dos dados necessários, realizou-se a intervenção dietética

através de uma conduta dietoterápica ajustando a ingestão de

energético-calorica ao gasto energético, o consumo preteíco de

acordo com a necessidade, sob as considerações dos

regularmentos das diretrizes de nutrição enteral e parenteral, de

forma a adequar a consistência e a via de acesso da dieta.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com os achados bioquímicos (tabela 2) S. R.

P. apresenta anemia ferropriva (10g/dl), diabetes mellitus (DM)

descompensada (197mg/dl), através do sinal vital é possível

verificar alteração na pressão arterial (160/10) caracterizando-

o em hipertensão Arterial Sistemica (HAS). Através do Índice de

Massa Corporal (IMC) o mesmo é diagnostico como eutrófico (

21,03kg/m²), contudo ao realizar a NAN foi possível verificar

que o paciente está em risco para desnutrição.

Tabela 2. Dados Bioquímicos

Dados referentes à Bioquímica do paciente

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280

Medida

bioquímica

Valor de

Referência

29/02/2016 14/03/2016

Hemoglobina 13 – 16g/dl 10g/dl 12,2g/dl

Glicose <120mg/dl 197mg/dl 137mg/dl

Ureia 15 – 45mg/dl 18mg/dl 16mg/dl

creatinina 0,6–1,2 mg/dl 0,9mg/dl 0,58mg/dl

Fonte: Própria

Pressão Arterial Sistemica 160/10 (29/02/2016), 130/80

(14/03/2016).

Foi analisados os medicamentos que fizeram parte da

rotina do devido paciente. Azitomicina, possui retardamento na

absorção quando administrado na presença de alimento,

recomenda-se a administração uma hora antes ou duas horas

após a alimentação. Devido à degradação da azitromicina , que

permanece mais tempo em contato com o pH ácido do

estomago (REIS, 2004). Biguanida apresenta desconforto

gástrico quando ingerido de estomago vazio, desta forma

recomenda-se a administração da medicação logo após a

ingestão de alimentos, proporcionando a diminuição do

desconforto intestinal (REIS, 2004).

Por se tratar de um paciente restrito ao leito, foi

impossibilidade a aferição do peso e altura do mesmo, desta

maneira, foi verificado a altura do joelho e a circunferência do

braço, através de uma fita métrica para posteriormente realizar

a estimatimação do peso e altura através da fórmula de

Chumlea et al (1988). para o cálculo do Índice de Massa

Corporal (IMC). Também foi realizado a Mini Avaliação

Nutricional (MAN), adaptada ao serviço (tabela 3), para a

avaliação do indicador de desnutrição.

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281

Altura do Joelho (AJ) : 50 cm; Circunferência do Braço

(CB) : 27,5 cm.

Para o cálculo da estatura foi utilizado a formula segundo

o gênero idade e etnia:

71,85 + 1,88 x AJ (cm) = 71,85 + 1,88 x 50 = 1,66m.

Altura Estimada: 1,66 cm

Para o cálculo do peso corporal foi utilizado a equação

segundo o gênero:

(AJ x 1,10) + (CB x 3,07) – 75,81 = (50x 1,10) + (27,5 x

3,07) – 75,81 = 63, 61 kg

63,61 – 4kg (Subtração de 4 kg referente ao edema de

joelho ++) = 59,5kg. Subtração do peso relacionado ao edema

está coerente à Cuppari (2005).

Peso Estimado: 59,5kg

IMC = Peso = 59,5 / 2,75 IMC= 21,03 kg/m² Estado

Nutricional: Adequado.

Para evolução do paciente foi realizado novamente o

aferimento da medida altura do joelho e circunferência do braço

para estimar o peso corporal através da fórmula (AJ X 1,10) +

(CB X 3,07) – 75,81

(50 X 1,10) + (28 X 3,07) – 75,81 Peso Estimado = 55 + 85,96

– 75,81. Peso Estimado = 65,15 – 4kg (Subtração de 4 kg

referente ao edema de joelho ++) = 61,15kg. Diminuição do

peso coerente à Cuppari (2003), associado ao edema.

IMC= Peso/ Altura² = 61,15/ 2,75 IMC= 22,24kg/m² Estado

Nutricional Adequado.

Mini Avaliação Nutricional (adaptada).

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282

Tabela 3. Mini Avaliação Nutricional Adaptada

Mini Avaliação Nutricional (MAN) Condição Pontuação

29/02/2016

Pontuação

14/03/2016

- IMC: <19 (0); IMC:19 - <21 (1);

IMC:21 - < 23 (2) IMC≥23 (3)

2 2

- Circunferência do Braço

(CB)

CB < 21 (0); CB 21 ≤ 22 (0,5);

CB>22 (1).

1 1

- Circunferência da Panturrilha

(CP)

CP <31 (0); CP ≥ 31 (1).

0 0

- Vive Sozinho

Não (0); Sim (1).

0 0

- Ingere mais de três medicamentos

por dia

Sim (0); Não (1)

1 1

- Mobilidade

Cama ou cadeira de roda = (0)

É capaz de sair da cama/ cadeira mas

não o faz = (1)

Deambula = (2)

0 0

2

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283

Fonte: Vellas et al, 2006.

- Marcas de pressão ou escaras

Sim (0) ; Não (1)

0 0

- Quantas refeições o paciente faz por

dia

Uma refeição (0); Duas refeições (1);

Três refeições (2)

2 2

- Ingestão proteica

1 Porção de produto lácteo por dia __

sim __ não

2 ou mais porções de legumes ou ovos

por dia __ sim __não

Ingere carne, peixe ou aves diariamente

? __ sim __ não

Se 0 ou 1 sim (0.0); Se 2 sim (0.5);

Se 3 Sim (1)

1 1

- Consome 2 ou mais porções de

frutas por dia

Sim (1); Não (0)

1 1

- Qual a quantidade de líquido

consumido por dia ( 1 copo 240 ml)

Menos de 3 copos (0.0); De 3 a 5 copos

(0.5); Mais de 5 copos (1)

1 1

- Forma de alimentação 0 0

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284

A partir da contagm dos pontos da mini avaliação

nutricional devido paciente recebe o diagnóstico de risco de

desnutrição.

Cálculo do Gasto Energético Total (GET)

Para o sexo másculo: 66,5 + 13,7x (Peso em kg) +5 x

(altura em cm) – 6,48 x (Idade em anos) = 66,5 + 13,7x64 +5

x 166 – 6,48 x 48

GET = 1462,26 X Fa (acamado) = GET = 1462,26 X

1,2

GET = 1754,71 kcal

Distribuição e adequação:

Carboidrato: 55% 923,59 kcal ( 230,90g) – Adequação 95,7%

Proteína: 20 % 339,53 kcal (84,88g) – Adequação 96,75%

Lipídeos: 25% 441,40 kcal (49,04g) – Adequação 100,62%

Relação Kcal não proteicas/ g de nitrogênio relação =

98,06 – Adequada para paciente estressado. Resultado que

corrobora aos que Waitznberg (2009) preconiza para pacientes

em estado metabólico alterado.

Prescrição dietética (tabela 4).

Incapaz de comer sem assistência (0);

Dificuldade em se alimentar sozinho

(1);

Comer sozinho sem problemas (2)

Pontuação Total 9 9

Escore de Indicação de Desnutrição:

≥ a 12 pontos ___ Bem Nutrido; 5 a 11.5 pontos X

Risco de Desnutrição; < 5 pontos ___ Desnutrido

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285

A conduta dietoterápica foi realizada conforme as

necessidades energéticas adequando aos alimentos

disponíveis na cozinha dietética.

Tabela 4. Prescição Dietética.

Horário Descrição da Refeição 06:00 Vitamina de Mamão com Aveia e

Albumina Mamão – 01 fatia pequena Leite de soja – 02 colheres de sopa Farinha de aveia – 02 colheres de sopa Albumina – 1 medida Liquidificar e coar

09:00 Vitamina de Banana com Maçã e Aveia

Maçã – 01 unidade pequena Banana – ½ unidade Leite de soja – 2 colheres de sopa Farinha de aveia – 02 colheres de sopa Liquidificar e coar

12:00 Caldo de feijão com Legumes e Arroz

Carne Bovina – 100 gramas Caldo de feijão ou de arroz – 1 copo Arroz cozido – 02 colheres de sopa Ovo cozido – 01 unidade Cenoura cozida – 10 gramas Chuchu cozido – 10 gramas Azeite de oliva – 1 colher de sopa de sobremesa Coar e Liquidificar

15:00 Vitamina de Banana com Maçã e Aveia

Maçã – 01 unidade pequena

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286

Banana – ½ unidade Leite de soja – 2 colheres de sopa Farinha de aveia – 02 colheres de sopa Liquidificar e coar

18:00 Caldo de feijão com Legumes e Arroz

Carne Bovina – 100 gramas Caldo de feijão ou de arroz – 1 copo Arroz cozido – 02 colheres de sopa Ovo cozido – 01 unidade Cenoura cozida – 10 gramas Chuchu cozido – 10 gramas Azeite de oliva – 1 colher de sopa de sobremesa Coar e Liquidificar

21:00 Suco de Acerola com Aveia Acerola – 1 copo de suco 150 ml Farinha de aveia – 02 colheres de sopa Liquidificar e Coar

00:00 Mingau de Aveia Farinha de aveia – 1 medida Leite de soja – 2 medidas Liquidificar e Coar

Fonte: Própria.

Conforme Cuppari (2014) nem todos os planos

alimentares para pacientes portadores de diabetes mellitus são,

necessariamente restrito em energia, como foi o caso de R. S.

P. pois, apresentando risco desnutrição, conforme a MAN, a

oferta do aporte calório foi o suficiente para garantir a

recuperação do estado nutricional.

Como consequência da anemia ferropriva o estado

metabólico do paciente fica alterado, pois, de acordo com

Grotto (2008), a deficiência orgânica de ferro, provoca

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287

modificações enzimáticas, evento condicionante ao aumento da

absorção intestinal do ferro que é ingerido pela dieta.

O plano alimentar contemplou nas grandes refeições

alimentos proteicos de fonte animal, pois, em conformidade

com Grotto (2008) e Cozzolino (2012), estes alimentos contém

ferro orgânico (forma heme), sendo proveniente da quebra da

hemoglibina e mioglobina contidas na carne vermelha, assim é

prutende afirmar que esta forma de ferro é melhor absorvida do

que a forma inorgânica. Fato que possivelmente explique o

aumento da hemoglobina na bioquímica sanguínea do paciente

após aplicação do plano dietético.

Os alimentos de fonte vegetal apresentam em sua

composição o ferro inorgânico (ferro não-heme), para exacerbar

a absorção do ferro nesta forma é aconselhável o consumi

concomitante de alimentos fonte de ácido ascórbico (PAIVA;

RONDÓ; SHINIHARA, 2002; COZZOLINO, 2012) contudo, esta

orientação não foi contemplada ao plano alimentar, pois o

paciente estava recuperado do quadro de cetoácidoce

diabética.

Plano alimentar adequado as especifidades atendendo

as diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes Mellutus

2015. Ainda conforme com o autor citado no capitulo anteior e

com Mohan (2010) ao quais especificam que um dos objetivos

da terapia nutricional para diabéticos é manter o mais próximo

possível do normal a glicemia, balanceando a ingestão

dietética, conduta que corrobora com Waitznberg (2009), a

alteração glicêmica para próximo da normalidade é verificado

na bioquímica do paciente, onde sua glicemia media 197mg/dl

e após aplicação do plano dietético foi verificado o nível

glicêmico de 137mg/dl, glicemia ainda acima do que é

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288

recomendado, porém próximo a normalidade, comparado ao

nível anterior à aplicação do plano.

As recomendações para o consumo de sódio é uma das

principais recomendações preconizadas para regulação da

hipentensão arterial sistêmica, a necessidade nutricional de

sódio para seres humanos é de de 1,2g de cloreto de sódio (sal

de cozinha), tem sido definido que 5g de cloreto de sódio (que

corresponde a 2g de sódio) é a quantidade considerada máxima

saudável para ingestão alimentar (WAITZNBERG 2009;

MAHAN, 2010). A dieta prescrita para o paciente contemplou

alimentos com baixo conteúdo de sódio, contribuindo com

eficácia para regulamentação da pressão da arterial.

A adequação de cálcio, potássio e magnésio também

são essenciais para manter o controle da pressão arterial

sistêmica (SILVA; MURA 2010), foi preconizado a seleção e

inserção de alimentos com teores significativos destes

micronutrientes de forma que contribui de forma positiva.

A MAN aborda questões sobre hábitos alimentares,

aspectos mentais e físicos, avaliados por uma escala simples.

Por ser uma ferramenta de baixo custo, não invasiva e de fácil

aplicação pode ser aplicada à beira do leito, torna-se uma

ferramenta de grande importância e vantajosa na utilização da

avaliação nutricional (TIRAPEGUI; RIBEIRO, 2009; DUART,

2007). Deste modo a MAN apresenta uma forma de avaliação

nutricional mais global de forma a ser mais fidedigna por

analisar o indivíduo com um todo, não considerando somento

as medidas antropométricas de peso e altura (GUIGOZ; VELLAS;

GARRY, 1996; GUIGOZ; LAUQUE; VELLAS, 2002).

4 CONCLUSÕES

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289

Diante do exposto, foi observado o controle das altareções

metabólicas apresentadas pelo paciente até a aplicação do

plano alimentar. Sendo assim, torna evidente a importância da

terapia nutricional inserida de forma adequada para controlar a

patologia de base, como também amenizar os efeitos da

doença secundária. Sendo assim, é considerável que o plano

dietético associado aos cuidados da equipe de enfermagem e

médica contribuiram de forma satisfatória para a evolução

clínica do paciente, o que poderá possibilitar a altar hospitalar e

consequentemente a volta ao convívio familiar.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária.RDC, nº 63

de julho de 2000. Regulamento Técnico para a Terapia de

Nutrição Enteral. Diário Oficial – República Federativa do

Brasil, Brasília – DF, 6 de julho de 2000. COZZOLINO,S. M. F. BIODISPONIBILIDADE DE NUTRIENTES. 4ª ed., Manole, São Paulo, 2012 CUPPARI, L. Guia de Nutrição: nutrição clínica no adulto. 2ª ed., Manole, São Paulo, 2005. DUART, A. C. G. Avaliação nutricional – aspectos clínicos e laboratoriais. 1ª ed., Atheneu, 2007. GROTTO, H. Z. W. Metabolismo do ferro: uma revisão sobre os principais mecanismos envolvidos em sua homeostasia. Revista brasileira de hematologia, v.30, n.5, 2008. GUIGOZ, Y.; LAUQUE, S.; VELLAS, B.; Identifying the elderly at risk for malnutrition. The mini nutritional assessment. Clinics in Geriatric Medicine, v.18, n.4, 2002. GUIGOZ, Y.; VELLAS, B.; GARRY, P. J. Assessing the nutrition status of the elderly: the mini nutritional assessment as parto f the geriatric evaluation. Nutrition Reviews, v. 54, n.1, 1996. MAHAN, L. K.; ESCOTT-STUMP. S, Krause, alimentos, nutrição e dietoterapia. 12 ed. Rio de Janeiro. Elsevier, 2010. PAIVA, A.; RONDÓ, P. H. C. SHINONHARA, G. E. M. Parâmetros para avaliação do estado nutricional do ferro. Revista de Saúde Pública, v.34, n.4, 2000.

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SILVA, S. M. C. S.; MURA, J. A. P. Tratado de alimentação, nutrição e dietoterapia. 2ª ed., Roca, São Paulo, 2010. TIRAPEGUI, J.; RIBEIRO, S. M. L. Avaliação nutricional teórica e prática. 1ª ed., Guanabara, Rio de Janeiro, 2009. VELLAS, B.; VILLARS, H.; ABELLAN, G. SOTO, M. E.; ROLLAND, Y.; GUIGOZ, Y. Overview of the MNA – its history and challenges. The Jornal of Nutrition, v.10, n.6, 2006. WAITZNBERG, D. L. Nutrição oral, enteral e parenteral na prática clínica. 4ª edi.,Atheneu, São Paulo, 2009.

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291

CAPÍTULO 17

EFEITOS TERAPÊUTICOS DA DIETA CETOGÊNICA NO CÂNCER: UMA REVISÃO DA LITERATURA

Matheus Silveira da COSTA 1

Yohanna de OLIVEIRA 2

Wlliane Silva SOARES 3 Raquel Suelen Brito da SILVA 4

1 Pós-Graduando em Fitoterapia e Nutrição Esportiva/Faculdade Integrada de Patos; 2 Mestranda do Programa de Pós Graduação em Ciências da Nutrição/UFPB; 3 Pós-

Graduanda em Nutrição Clínica e Funcional/ Faculdade Integrada de Patos; 4 Doutoranda em Educação Física/UFPB.

[email protected]

RESUMO: Nos últimos anos, o acúmulo de evidências científicas sugerindo que a Dieta Cetogênica (DC) pode apresentar papel terapêutico em alguns tipos de patologias tem aumentado. Nesse sentido, objetivou-se com este trabalho analisar a eficácia da DC no tratamento do câncer. Trata-se de uma revisão bibliográfica realizada através das bases de dados eletrônicas Pubmed, Web of Science, ScienceDirect e Periódicos Capes, no idioma inglês, dos últimos 9 anos, utilizando os termos indexados: ketogenic diet, cancer, metabolism, non toxic cancer therapies. Dos estudos selecionados, 90% observaram um efeito terapêutico positivo no câncer, 90% foram estudos experimentais em ratos e apenas 10% realizados em humanos. Dos 90% experimentais, apenas 10% apresentou efeito terapêutico negativo. Alguns tipos de câncer têm a capacidade de utilizar o metabolismo anaeróbio mesmo na presença de oxigênio. Tendo em vista essa característica, também denominada como Warburg Effect, enxerga-se na dieta cetogênica um potencial em desacelerar o avanço do câncer baseando-se na premissa de que esse tipo de dieta exerce adaptações contrárias ao metabolismo de tal patologia, forçando o organismo a utilização de vias energéticas

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EFEITOS TERAPÊUTICOS DA DIETA CETOGÊNICA NO CÂNCER: UMA REVISÃO DA LITERATURA

292

alternativas e inibindo vias glicolíticas favoráveis ao desenvolvimento do câncer. Concluiu-se que a DC exerce efeitos positivos no tratamento de alguns tipos de tumores, especialmente nos tipos glioma e neuroblastoma. Palavras-chave: Dieta cetogênica. Câncer. Glioma.

1 INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, o acúmulo de evidências científicas

sugerindo que a Dieta Cetogênica (DC) tem um papel

terapêutico em alguns tipos de patologias tem aumentado

(PAOLI et al., 2013). O uso desse tipo de dieta no tratamento

da epilepsia tem sido documentado há algumas décadas e

assim tornando-se cada vez mais conhecida, tendo uma maior

repercussão depois de 1970 quando foi comprovada sua

eficácia no tratamento da obesidade, sendo recentemente

estudada no contexto do câncer (KOSSOFF; RHO, 2009; POFF

et al., 2015).

As DC são caracterizadas por uma redução na

quantidade de carboidrato da dieta (menor que 50g/dia) e um

aumento relativo nas proporções de proteína e gordura, e como

principal desfecho o aumento as concentrações plasmáticas de

corpos cetônicos, o que caracteriza uma resposta metabólica

muito peculiar desse tipo de dieta. O conhecimento sobre os

efeitos metabólicos da dieta cetogênica foi observado

primeiramente no estudo de Owen et al. (1967), no entanto, os

benefícios desse tipo de dieta têm sido reportados desde 1920

(PAOLI, 2014).

Nesse sentido, células cancerosas reprogramam seu

metabolismo utilizando diferentes estratégias para atender as

demandas de energia e o potencial anabólico para manter o

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EFEITOS TERAPÊUTICOS DA DIETA CETOGÊNICA NO CÂNCER: UMA REVISÃO DA LITERATURA

293

crescimento e sobrevivência. Compreender os determinantes

moleculares e genéticos desses programas metabólicos é

fundamental para explorá-los com êxito para a terapia

(VAZQUEZ et al., 2013). No câncer, muitas das principais vias

de sinalização oncogênicas convergem na adaptação do

metabolismo celular para suportar o crescimento de células

tumorais e sobrevivência. Algumas dessas alterações também

parecem ser necessárias para a transformação maligna,

portanto, o metabolismo celular alterado deve ser considerado

um marco importante de câncer (WALLACE, 2005).

Consequentemente, alguns tipos de câncer têm a

capacidade de produzir a fermentação do lactato mesmo em

condições aeróbias, fenômeno denominado Warburg Effect,

primeiramente descrito em 1924, pelo pesquisador Otto

Warburg (WOOLF; SCHECK, 2015). O interesse no

metabolismo do câncer tem crescido nas últimas décadas,

pesquisadores apontam diversas causas e consequências

decorrentes desse fenômeno (ALLEN et al., 2014).

Dependência do ciclo da glicose e produção do lactato são dois

pontos chave desse efeito, correlacionado com a capacidade

agressiva e potencial invasivo. Porém, atualmente ainda não

existem terapias efetivas para gerenciar a metástase. Uma vez

que o Efeito Warburg é um fenótipo metastático em destaque,

terapias metabólicas que explorem esse fenômeno podem

oferecer novas opções terapêuticas (KLEMENT; KÄMMERER,

2011).

Tem sido postulado que a DC pode ser útil na exploração

do metabolismo do tumor e do Efeito Warburg (POFF et al.,

2015). Pois, ao contrário das células normais, muitas células

tumorais não podem utilizar de forma eficaz os corpos cetônicos

devido aos seus vários defeitos genéticos e mitocondriais, e

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294

deve contar com glicose como fonte primária de energia

(SEYFRIED et al., 2003). Os corpos cetônicos podem também

ser tóxicos para algumas células tumorais humanas

(MORSCHER et al., 2015). Assim, reduzindo a disponibilidade

de glicose para células cancerosas e proporcionando corpos

cetônicos como uma fonte alternativa de energia para as células

normais, a DC pode oferecer uma abordagem para a

descontinuidade do Efeito Warburg (WOOLF; SCHECK, 2015).

Diante do exposto, objetivou-se com o presente trabalho

analisar o potencial da eficácia da DC como terapia não tóxica

ao câncer, aliada ou não a outras terapias, forçando o

organismo a utilizar uma fonte energética alternativa na

tentativa de frear o Efeito Warburg, um dos efeitos metabólicos

nefastos provocados pelo câncer que pode acarretar em

complicações cada vez mais graves.

2 MATERIAIS E MÉTODO

Trata-se de uma revisão bibliográfica realizada através

de buscas nas bases de dados eletrônicas Pubmed, Web of

Science, ScienceDirect e Periódicos CAPES, no idioma inglês,

dos últimos 9 anos, utilizando os seguintes termos indexados:

ketogenic diet, cancer, metabolism, non toxic cancer therapies.

Dos 90 artigos pesquisados, 10 foram selecionados para

o desenvolvimento da presente revisão. Foram estabelecidos

como critérios de inclusão: estudos internacionais, no intervalo

de tempo de 2007 a 2016 e trabalhos que obtiveram um efeito

terapêutico positivo ou negativo no câncer, com o intuito de

analisar metodologicamente e constatar o motivo de ambas as

intervenções terem resultados distintos. Como critérios de

exclusão, foram descartados os trabalhos fora do intervalo de

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295

tempo de 2007 a 2016 e que abordaram a dieta cetogênica em

contextos de outras patologias.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Dos trabalhos incluídos na revisão, 90% (n=9)

observaram um efeito terapêutico positivo no câncer, sendo

90% (n=9) desses realizados em ratos e apenas 10% (n=1) em

humanos. De todos os artigos presentes na revisão somente

10% (n=1) deles não obteve efeito terapêutico positivo no

câncer, refletindo o baixo número de trabalhos encontrados na

literatura com esse prognóstico. Os principais tipos de câncer

abordados foram glioma e neuroblastoma, expressando em sua

grande maioria resposta positivas frente à DC.

Zhou et al., (2007) mostraram em um estudo

experimental, que adotando a DC obteve-se uma diminuição

significativa no crescimento dos tumores intracerebrais CT-2A

e U87-MG em cerca de 65% e 35% respectivamente, e

aumentou significativamente a sobrevida e saúde quando

comparado ao dos grupos que receberam o padrão de dieta

com baixo teor de gordura e rica em carboidratos. A DC reduziu

os níveis de glicose no plasma, enquanto elevou os níveis de

corpos cetônicos plasmáticos (β-hidroxibutirato). Os autores

explanaram ainda que talvez a regressão dos tumores tenha se

dado ao fato dos mesmos não se adaptarem a utilização dos

corpos cetônicos como fonte de energia.

No experimento de Stafford et al. (2010), os animais

receberam injeções de células intracranianas GL261-luc

bioluminescentes e o crescimento do tumor foi seguido in vivo.

O tratamento com a DC reduziu significativamente a taxa de

crescimento do tumor e prolongou a sobrevivência. Além disso,

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296

a DC reduziu a produção de espécies reativas de oxigénio em

células tumorais, mostrando uma forte tendência para um

possível efeito neuroprotetor dos corpos cetônicos pelo fato de

neutralizar espécies reativas de oxigênio.

Schmitd et al. (2011) analisaram 16 pacientes com

tumores metastásicos que foram prospostos a aderirem a um

modelo de dieta cetogênica. apenas 5 concluíram o período de

intervenção de 3 meses. Estes 5 e aquele que retomou a

quimioterapia após 6 semanas relataram um melhor estado

emocional avaliado pelo questionário EORTC QLQ-C30 e

menos insônia, enquanto vários outros parâmetros de

qualidade de vida, como constipação e fadiga, permaneceram

estáveis ou pioraram, refletindo a gravidade de tal patologia

pregressa.

Em outro estudo clínico realizado por Rieger et al. (2014),

observaram que a oferta da DC para pacientes acometidos com

câncer pode ser segura, porém essa dieta administrada como

um terapia isolada não apresentou um efeito terapeutico

positivo, concluindo-se dessa forma, que é necessário aliar

outras terapias para alcançar tal efeito.

Morscher et al. (2015), observaram que a DC e/ou

restrição calórica reduziu significativamente o crescimento do

tumor e prolongou a sobrevivência no modelo de xenoenxerto.

A redução do crescimento do neuroblastoma foi correlacionada

com a diminuição das concentrações de glicose no sangue e foi

caracterizada por uma diminuição significativa na Ki-67 e níveis

de H3 fosfo-histona nos grupos de dieta com baixo crescimento

do tumor. A análise de sobrevivência feita dos animais após 22

dias de estudo para os animais recebendo uma dieta padrão

constatou 0% de sobrevivência comparada ao grupo com

restrição calorica + dieta padrão, que foi de 75%, no grupo dieta

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297

cetogênica isolada 50% e dieta cetogênica + restrição calórica

foi de 100%.

Allen et al. (2013) utilizaram a DC combinada com a

radiação e observaram um crescimento mais lento do tumor em

ambos, NCI-H292 e A549 xenoenxertos, em relação à radiação

isolada. A DC também diminuiu o crescimento tumoral quando

combinado com carboplatina e radiação, relativamente ao

controle. Os tumores dos animais alimentados com uma DC em

combinação com radiação demonstrou aumento em dano

oxidativo mediado por peroxidação lipídica, tal como

determinado por HNE-4, proteínas modificadas, bem como

diminuiu a proliferação tal como avaliado por uma diminuição

imunorreativa do anticorpo PCNA.

Shukla et al. (2014) observaram uma redução do fluxo

glicolítico em células tumorais no tratamento com corpos

cetônicos. Os corpos cetônicos também diminuíram a absorção

de glutamina, conteúdo geral de ATP e a sobrevivência de

várias linhas celulares de câncer pancreático, enquanto houve

a indução de apoptose. A diminuição dos níveis de c-Myc, um

regulador mestre metabólico, e seu recrutamento em

promotores de genes glicolíticos, foram em parte responsáveis

pelo fenótipo metabólico nas células tumorais. Corpos

cetônicos induziram a reprogramação metabólica intracelular

em células de câncer do pâncreas, também conduziram a uma

diminuição significativa da caquexia em modelos de linhas

celulares. Esse ensaio em modelo com ratos de xenoenxerto

confirmou ainda mais o efeito da DC em diminuir o crescimento

do tumor e caquexia.

Abdelwahab et al. (2012) observaram diferença e

significativa na sobrevivência média entre animais alimentados

com dieta padrão (23 dias) contra aqueles alimentados com

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298

KetoCal (28 dias). Este aumento da sobrevida foi comparável

aos resultados anteriormente relatados obtidos em um

experimento, onde a sobrevida máxima de animais alimentados

com a DC foi de apenas 5 dias a mais do que a sobrevida

máxima de animais com a dieta padrão. Neste relatório, a

sobrevida máxima de animais alimentados com uma dieta

padrão foi de 33 dias, em comparação a 43 dias no grupo

mantido na KetoCal. Um animal na KetoCal isolado foi

aparentemente curado do seu tumor, como evidenciado pela

perda de sinal bioluminescente. No dia 101, o animal foi

colocado de volta na ração padrão para roedores com nenhuma

evidência de reaparecimento do tumor durante mais de 200

dias.

Dang et al. (2015) analisaram ratos que receberam

injeções para induzir o crescimento do tumor do tipo

meduloblastoma. Em seguida, quando o tumor atingiu entre 75

e 100mm, foram divididos em 2 grupos, um grupo recebeu dieta

padrão e o outro recebeu a DC. Posteriormente, quando o

tumor atingiu tamanho > 1000mm, os animais foram

eutanasiados. Constatou-se que a DC não inibiu o crescimento

do tumor nos ensaios realizados, entretanto foi observada uma

redução no peso (9% a 13%) dos ratos alimentados com DC,

diferentemente dos que receberam uma dieta padrão, os quais

tiveram um ganho de peso. Também houve uma redução na

glicose plasmática no grupo com DC quando comparado ao

controle.

Sabe-se que as células malignas expressam altos níveis

de captação de glicose, glicólise e atividade das pentoses

fosfato, mesmo na presença de oxigênio. Este fenótipo

glicolítico tem sido associado ao elevado grau de neoplasias e

pior prognóstico (DE GEUS-OEI et al., 2007). As células

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EFEITOS TERAPÊUTICOS DA DIETA CETOGÊNICA NO CÂNCER: UMA REVISÃO DA LITERATURA

299

cancerosas também têm alterações em suas estruturas e

função mitocondrial, resultando num aumento dos níveis de

espécies reativas de oxigênio (POOF et al., 2013). Dessa

maneira, desenvolver abordagens terapêuticas que possibilitem

reverter este fenótipo glicolítico, através de alterações

bioquímicas e/ou farmacológicas, tem-se demonstrado eficaz

na diminuição de metástases e crescimento do tumor

(PORPORATO et al., 2011).

Nessa perspectiva, Stafford et al. (2010) explanam

através de ensaio com ratos utilizando bioluminescência para

acompanhar a progressão do tumor tipo glioma, que a DC pode

retardar significativamente o crescimento deste tumor, evitar

aumento de espécies reativas de oxigênio associados com o

crescimento tumoral e mudança geral da expressão do gene no

tecido afetado para um padrão observado em cérebro normal

(RHO et al., 2004; KIM; RHO, 2008). Quando comparado com

o perfil de expressão no cérebro normal, a DC exerce efeitos

diferentes em tumor cerebral, e parece influenciar genes

específicos envolvidos na regulação dos níveis de espécies

reativas de oxigênio, as quais podem levar à indução da

angiogênese e crescimento tumoral através da regulação de

fator de crescimento endotelial vascular (VEGF) e fator de

indução hipóxia 1 (HIF-1) (WEINBERG; CHANDEL, 2009).

Diferentes mecanismos podem contribuir para o

potencial inibidor do crescimento tumoral da DC e/ou restrição

calórica em células cancerosas observadas nos modelos

apresentados. Uma teoria amplamente aceita é que a forte

dependência da glicólise pelos processos de anabolismo e

produção de energia torna as células cancerosas sensíveis à

diminuição da disponibilidade de glicose no tecido tumoral

hipovascularizado (SEYFRIED et al., 2003). Em comparação às

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300

células não malignas, as células cancerosas costumam mostrar

reduzida capacidade de adaptação à mudança no fornecimento

de nutrientes induzida pela DC e/ou restrição calórica

(MAROON et al., 2013). Os dados dos presentes estudos sobre

a baixa expressão em células do tumor tipo neuroblastoma

estão em linha com a incapacidade das células cancerosas em

utilizar corpos cetônicos como uma fonte de energia (TISDALE;

BRENNAN, 1983). Além disso, corpos cetônicos podem exercer

efeitos antiproliferativos direto no neuroblastoma (SKINNER et

al., 2009).

Estudos anteriores indicam que muitos tumores,

incluindo tumores cerebrais, são em grande parte incapazes de

metabolizar corpos cetônicos para gerar energia devido às

várias deficiências em uma ou em ambas das principais

enzimas mitocondriais, β-hidroxibutirato desidrogenase (β-

OHBDH) e succinil-CoA: 3-cetoácido CoA-transferase (SCOT)

(SAWAI et al., 2004). As deficiências nestas enzimas, no

entanto, são importantes para o gereciamento do tumor

somente sob condições de restrição calórica, quando os níveis

de glicose são reduzidos, tornando as células a exigirem corpos

cetônicos para fornecerem energia (SEYFRIED et al., 2003).

Shukla et al. (2014) constataram que corpos cetônicos

diminuíram a expressão de c-Myc e a sua função como

promotor de genes glicolíticos. O C-Myc é um importante

regulador do crescimento e proliferação celular. Dentre células

transformadas, a c-Myc aumenta a expressão dos genes

glicolíticos de GLUT1, Ldha e ENO1. A c-Myc é considerada um

alvo terapêutico atrativo devido ao seu papel em modular o

metabolismo celular, a iniciação do tumor e crescimento em

uma variedade de tipos de câncer (GORDAN; THOMPSON;

SIMON, 2007).

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301

Por isso, reduzir a expressão de c-Myc por corpos

cetônicos pode contribuir para os efeitos inibidores do

crescimento dos corpos cetônicos no câncer de pâncreas.

Anteriormente, foi relatado que a inibição de c-Myc leva à

regressão do câncer de pulmão, câncer de bexiga e do câncer

de pâncreas (SOUCEK et al., 2008; JEONG et al., 2014; LU et

al., 2011).

Dang et al. (2015), expuseram o único trabalho existente

na presente revisão que não apresentou efeito terapêutico

positivo, talvez por não associar a DC com a restrição calórica,

o que faz com que ocorra uma redução brusca dos níveis de

glicose plasmática e, consequentemente, redução da atividade

glicolítica e também dos níveis de proteínas-chave na terapia

através da DC, diferentemente do que se observa isoladamente

na utilização dessa terapia, mostrando apenas discreta redução

desses marcadores (SEYFRIED et al., 2003; SAWAI et al.,

2004). Outros fatores também podem afetar a eficácia da DC

sobre o seu potencial terapêutico no câncer, como o tipo de

tumor, estágio de comprometimento e modelo de DC proposto.

Em outro estudo realizado com humanos acometidos por

vários tipos de tumores, propôs um novo marcador, o

transketolase like - 1 (TKTL1) para análise da progressão do

Efeito Warburg, e para relação com tal, tem sido proposto que

esse novo marcador é responsável pela alteração do

metabolismo do câncer, fazendo com que as células consumam

cada vez mais glicose ao invés de oxidação de gorduras.

Embora o estudo não tenha como objetivo validar tal hipótese,

os resultados obtidos sugerem que há uma ligação positiva

entre a expressão de TKTL1 e a progressão do câncer e uma

ligação negativa entre a dieta cetogênica e a expressão de

TKTL1. Entretanto, ainda são necessários mais estudos clínicos

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302

randomizados, com uma rigoroso desenho metodológico para

validar esse marcador (JANSEN; WALACH, 2016).

Uma meta-análise realizada por Klement et al. (2016), os

resultados corroboram com os dados aqui apresentados. Nesse

estudo foi exposto que, o tempo de iniciar a dieta e a localização

do tumor influenciam o tempo de sobrevivência dos animais e

que a restrição calórica aliada a DC pontencializa o seu efeito

benéfico, sugerindo que estudos futuros devem observar a

eficácia da DC no tratamento do câncer quanto ao seu tempo

de iniciação.

No estudo de Poff et al. (2013), os pesquisadores

utilizaram um protocolo que contempalava a utilização de DC +

oxigenoterapia e obtiveram resultados mais satisfatórios do que

DC isolada. Já no estudo posterior de Poff et al. (2015), o grupo

empregou um protocolo semelhante, mas com a adição de

suplementação de corpos cetônicos, de modo que se utilizou

DC + oxigenoterapia + suplementação cetônica, encontrando

resultados de magnitude superior ao estudo prévio quando

observados parâmetros como regressão do tumor e tempo de

sobrevivência. Outros estudos que também utilizaram terapias

não tóxicas conjugadas na busca de tratamentos eficazes no

câncer tiveram resultados mais expressivos que terapias

isoladas.

Dessa maneira, deixando a entender que as futuras

pesquisas devem trabalhar na perspectiva de observar os

efeitos sinergísticos entre as abordagens utilizadas com essa

finalidade. Terapias conjugadas demostrando um efeito de

magnitude superior a terapia isolada. Assim, deve-se olhar o

tratamento dessa patologia, como sendo um tratamento

multicomponente e de carater dinâmico, para abordar com mais

ferramentas possíveis esse quadro, buscando sempre frear

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303

esse metabolismo (ALLEN et al., 2013; ABDELWAHAB et al.,

2012; MARSH; MUKHERJEE; SEYFRIED, 2008).

4 CONCLUSÕES

O presente trabalho expõe grande parte dos estudos

realizados em modelo animal, o que reflete a carência de

estudos clínicos nessa linha de pesquisa, e que enfatiza a

necessidade e dificuldade de trabalhos abordando melhor essa

população para que futuramente seja possível elucidar o papel

desse tipo de dieta no câncer e entender qual o efeito que a

limitação ou a ingestão de carboidratos exerce, proporcionando

uma aplicabilidade clínica segura.

A dieta cetogênica exerce efeitos positivos no tratamento

de alguns tipos de tumores, especialmente nos tipos glioma e

neuroblastoma, os quais são abordados com mais frequência,

devido mostrarem-se mais responsivos ao tratamento com a

DC. O grande número de modelos animais reflete a dificuldade

da adesão à dieta, devido à drástica redução na quantidade de

carboidratos necessários para que o organismo entre em

cetose e posterior adaptação à utilização de corpos cetônicos

como energia, já que os modelos animais permitem um maior

controle dos hábitos que possam interferir nas variáveis

estudadas, permitindo a realização de análises que não seriam

possíveis em humanos devido ao grau invasivo de tais

procedimentos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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PARALISIA CEREBRAL E DESNUTRIÇÃO GRAVE: UM ESTUDO DE CASO COM FOCO NA NUTRIÇÃO

307

CAPÍTULO 18

PARALISIA CEREBRAL E DESNUTRIÇÃO GRAVE: UM ESTUDO DE CASO COM FOCO NA NUTRIÇÃO

Nadjeanny Ingrid Galdino GOMES 1

Yohanna de OLIVEIRA 2

Christiane Carmem Costa do NASCIMENTO 3 Caroline Severo de ASSIS 4

Rafaella Cristhine Pordeus LUNA5

1 Graduada em Nutrição/UFPB; 2 Mestranda do Programa de Pós Graduação em Ciências da Nutrição/UFPB; 3 Mestre em Ciências da Nutrição/UFPB; 4 Pós-Graduanda em Nutrição

Clínica e Funcional/Faculdade Integrada de Patos; 5 Doutoranda do Programa de Pós Graduação em Ciências da Nutrição/UFPB.

[email protected]

RESUMO: A paralisia cerebral pode ser causada por diversos fatores, como hemorragias, falta de oxigênio no cérebro, traumatismo, infecções, nascimento prematuro entre outros, que não proporcionam a melhoria deste quadro, causando graves limitações ao portador e que podem contribuir para a instalação de um quadro de desnutrição. Objetivou-se com este estudo avaliar o estado nutricional, o consumo alimentar e fatores que podem influenciar no estado nutricional de um paciente com paralisia cerebral. Tratou-se de um caso clínico, com levantamento de dados e abordagem quantitativa, que utilizou por variante a análise do consumo alimentar, exames bioquímicos e nutricionais de um paciente adolescente apresentando PC. No paciente analisado verificou-se que houve acréscimo do peso de 7%, altura 3%; IMC 2%; circunferência do braço 7%. Em relação às dobras cutâneas, não ocorreram diferenças entre a DCB e DCA; no entanto nas DCT e DCSE observou-se elevação de 25% das dobras citadas. Dentre os exames analisados, alguns marcadores bioquímicos chegaram aos níveis normais, outros se elevaram, porém não chegaram ao desejado, enquanto o triglicerídeo

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PARALISIA CEREBRAL E DESNUTRIÇÃO GRAVE: UM ESTUDO DE CASO COM FOCO NA NUTRIÇÃO

308

aumentou passando dos níveis normais. Concluiu-se que o paciente respondeu bem a conduta dietoterápica, conseguindo normalizar alguns valores bioquímicos, hematológicos e antropométricos, ocorrendo uma pequena evolução no quadro, o que torna expressivo o empenho da genitora em realizar a dieta corretamente para o filho, com intuito de reverter à desnutrição. Palavras-chave: Paralisia cerebral. Desnutrição grave.

Adolescentes.

1 INTRODUÇÃO

A Paralisia Cerebral (PC) afeta aproximadamente dois

em cada 1000 indivíduos, sendo esse o problema mais comum

de desenvolvimento nas crianças. Muitas crianças com PC

sofrem alterações que resultam de lesão cerebral, as quais

incluem problemas de cognição, comunicação, percepção,

atenção, concentração, dificuldadesde se locomover,

sensoriais, na fala, em triturar os alimentos podendo assim levar

a desnutrição (ROTTA, 2002).

A desnutrição presente em indivíduos com PC tem várias

causas, sendo especialmente devida ao estado de

hipermetabolismo resultante da inflamação pancreática e da

ingestão de alimentos. A sintofobia, medo de alimentar-se, é

observada também em pacientes com alterações avançadas.

Estudos realizados ao longo dos anos têm demonstrado

elevada freqüência de desnutrição em crianças e adolescentes

com PC devido às dificuldades para se alimentar sendo o

acompanhamento do estado nutricional um importante

indicador para acompanhar o crescimento e desenvolvimento

(SOUZA et al., 2011).

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PARALISIA CEREBRAL E DESNUTRIÇÃO GRAVE: UM ESTUDO DE CASO COM FOCO NA NUTRIÇÃO

309

A PC pode ser causada por hemorragias, deficiência na

circulação cerebral ou falta de oxigênio no cérebro,

traumatismo, infecções, nascimento prematuro ou icterícia

grave neonatal. Essa deficiência não agrava, não progride, mas

causa limites graves ao afetado e ocorre devido a desordens no

desenvolvimento do controle motor e da postura, como

resultado de uma lesão não progressiva no desenvolvimento do

sistema nervoso central, essa lesão pode ocorrer no

nascimento, anteriormente ou no período que se segue

(VIVONE et al., 2007).

Quanto a desnutrição que é um dos fatores presente em

crianças com PC, esta é ainda, um problema do mundo atual,

onde os principais fatores são sociais, econônomicos,

biológicos e ambientais. As causa primárias da desnutrição é

proveniente de uma alimentação quantitativa ou

qualitativamente insuficiente, as secundárias ocorrem devido a

anormalidades dos nutrientes ingeridos, como digestão

insuficiente, má absorção, utilização inadequada, excesso de

perdas, desmame precoce, renda e disponibilidade de

alimentos (CAMPOS; KENT-SMITH; SANTOS, 2007).

A desnutrição afeta todos os sistemas e orgãos das

crianças gravemente desnutridas, todos os processos do

organismo entram em uma redução funcional adaptativa como

estratégia para garantir a sobrevivência levando a redução do

metabolismo basal. Os orgãos e sistemas são seriamente

afetados levando a alterações nas suas funções, como o fígado

onde ocorrerá uma redução na síntese de proteína e da

gliconeogênese, nos músculos onde haverá perda de massa

muscular esquelética e lisa, se instalando a magreza

acentuada, e baixa resposta do sistema imunológico podendo

levar a infecções (FRAGA; VARELA, 2012).

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310

A alimentação é um importante fator para combater a

desnutrição de etiologia primária, secundária, ou mista como

ocorre em decorrência da PC. Essa alimentação deverá suprir

todas as necessidades que o organismo necessitará e deste

modo com um tratamento adequado e extensivo serão obtidos

resultados positivos (MONTE, 2000).

Portanto, este trabalho objetivou avaliar o estado

nutricional, analisar o consumo alimentar e descrever os fatores

que podem influenciar no estado nutricional de um paciente

com PC.

2 MATERIAIS E MÉTODO

Tratou-se de um estudo de caso clínico, com

levantamento de dados e abordagem quantitativa, que utilizou

por variante a análise do consumo alimentar, exames

bioquímicos e nutricionais de um paciente apresentando PC e

desnutrição em seu período de adolescência, do sexo

masculino, com 12 anos de idade.

Realizou-se 04 visitas domiciliares em intervalos de 02

meses. Para a análise de dados do presente estudo foram

utilizados os dados referentes aos valores de consumo

alimentar, bioquímico e nutricional.

Primeiramente, para a realização do caso clínico, foram

realizadas visitas domiciliares para coleta das medidas

antropométricas de peso, altura, circunferência do braço,

dobras cutâneas e cálculo do índice de massa corporal (IMC).

Em seguida foram solicitados os exames laboratoriais

pertinentes, cujos resultados foram apresentados na visita

subseqüente. Logo após, no período de 15 dias, foi realizada a

segunda visita para realização do Recordatório 24h (R24h).

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311

Novamente após 15 dias, foi realizada a terceira visita, sendo

entregue uma conduta dietoterápica ao responsável pelo

paciente e realizada orientação sobre a implementação da

mesma. Após o prazo de 20 dias, da entrega da conduta, foi

realizada uma nova visita para novamente aferir o estado

nutricional do paciente, aplicar um segundo recordatório

alimentar e realizar novos exames bioquímicos.

Para a mensuração do peso, foi utilizada uma balança

antropométrica digital de marca Filizola (Indústria Flizola S.A. –

Brasil), com capacidade de até 150 Kg e precisão de 100 g. A

genitora foi pesada vestida, com roupa leve e sem sapato, sem

objeto algum nos bolsos ou nas mãos, e sem adornos na

cabeça, posicionada no centro da balança, ereta, com os pés

juntos e os braços estendidos ao longo do corpo (KAC;

SICHIERI; GIGANTE, 2007). O paciente foi pesado nos braços

de sua mãe, sendo o peso do mesmo calculado a partir da

subtração do peso da mãe.

Para tomada de medida da altura, utilizou-se a estatura

recumbente, o paciente ficou em posição supina e com leito

horizontal completo. Marcou-se o lençol na altura da

extremidade da cabeça e da base do pé no lado direito com

auxilio de um triângulo, mediu-se a distância entre as marcas

utilizando uma fita métrica (GRAY et al., 1985).

O indicador utilizado para avaliar o estado nutricional foi

o IMC, calculado a partir da razão entre o peso do paciente em

quilogramas e o quadrado de sua altura em metros, que seguiu

a classificação da WHO (2007).

Para verificar a circunferência do braço, flexionou o braço

do paciente a ser avaliado, formando um ângulo de 90 graus,

localizando o ponto médio entre o acrômio e o olecrano, o braço

ficou estendido ao longo do corpo com a palma da mão voltada

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312

para a coxa, contornando com fita flexível no ponto marcado de

forma ajustada evitando a compressão da pele ou folga

conforme descrito por Lopes; Oliveira; Bleil (2008).

Para verificar as dobras cutâneas biciptal, triciptal,

abdominal e subescapular do paciente, segurou-se a prega

formada pela pele e tecido adiposo com os dedos polegar e

indicador da mão esquerda a 1 cm do ponto marcado, os dedos

continuaram na prega até o término da aferição, a leitura foi

realizada no milímetro mais próximos, conforme descrito por

Lopes; Oliveira; Bleil (2008).

O recordatório foi aplicado, duas vezes, no intervalo de

quinze dias contemplando um dia de final de semana. Para

preenchimento do R24h, a responsável pelo paciente citou

dados que incluem: hora, identificação do alimento ou bebidas

consumidas; as características detalhadas dos alimentos como

o tipo, ingredientes que compõem as preparações, marca,

forma de preparo e identificação da quantidade consumida, de

acordo com a porção e medida caseira.

Utilizou-se um álbum de desenhos de alimentos com

medidas caseiras nas três dimensões (pequena, média, grande

e extragrande), desenhados com base no peso real do

consumo médio de alimentos validados para a população de

João Pessoa, com o objetivo de quantificar de forma mais eficaz

o tamanho das porções consumidas, minimizando prováveis

deficiências de memória dos indivíduos entrevistados (LIMA et

al., 2008; ASCIUTTI et al., 2005; GIBSON, 1990).

Foram solicitados exames bioquímicos, tais como

hemograma completo (hemoglobina, hemácias, hematócrito e

leucócitos), glicemia, colesterol total, triglicerídeos, ferro sérico,

albumina, uréia, creatinina, para acompanhar a evolução

bioquímica e imunológica. Tais exames foram realizados em

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313

laboratório particular, seguindo o protocolo de jejum durante 12

horas.

A conduta dietoterápica oferecida foi prescrita com base

na capacidade de ingestão e mastigação do paciente, nos

alimentos disponíveis a todos da família, tentando assim corrigir

passo a passo a desnutrição. Logo, a dieta recomendada

possui alimentos que corrigirá a alimentação inadequada e

auxiliará na estabilização dos valores anormais dos exames

bioquímicos e hematológicos, contribuindo no tratamento de

desnutrição e da constipação, pois contém alimentos ricos em

fibras, ferro, cálcio, vitamina A, ácidos graxos

monoinsaturadose suplementos alimentares (VASCONCELOS

et al., 2011).

Para o cálculo das necessidades calóricas do paciente

foi utilizado à fórmula de Harris; Benedict (1919) indicada para

adolescentes, utilizando percentil 15 para peso/idade, sendo

ofertada uma dieta com um valor calórico de 1.327,94 kcal,

distribuídos em 55% carboidrato, 17% proteína e 28% lipídeos.

A dieta foi fracionada em seis refeições em quantidades

adequadas para melhor distribuição das calorias durante o dia.

O protocolo de pesquisa do projeto intitulado “Paralisia

cerebral e desnutrição grave: Um estudo de caso com foco na

nutrição”, ao qual está vinculado o presente trabalho foi

submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do

Centro de Ciências da Saúde (CCS) da UFPB, sob o nº

55957116.9.0000.5181 do CAAE , segundo as normas éticas

para pesquisa envolvendo seres humanos, constantes da

Resolução 466, de 12 de dezembro de 2012 do Conselho

Nacional da Saúde/Comissão Nacional de Ética em Pesquisa.

Portanto, para que fosse válida a participação do

paciente na pesquisa a genitora deu o seu consentimento

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314

mediante a assinatura do Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (TCLE).

Os dados do estado nutricional do paciente foram

comparados entre si e os demais dados hematológicos e

bioquímicos foram comparados aos valores de referência antes

da conduta dietoterápica e após a orientação nutricional

prescrita.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Observam-se na Tabela (1), as características gerais do

paciente participante do caso clínico antes e depois da

orientação nutricional.

Tabela 1. Características gerais do paciente diagnosticado com PC e Desnutrição.

Variáveis Antes da

Orientação Depois da Orientação

IDADE (anos) 12 12 PESO (kg) 14 15 ALTURA (m) IMC (kg/m²) C/B (cm) DCB (mm) DCT (mm) DCSE (mm) DCA (mm)

1,11 11,38

13 4 3 3 3

1,14 11,53

14 4 4 4 3

Fonte: GOMES et al. (2016).

Verificou-se que houve evolução quanto ao peso, altura,

IMC e circunferência do braço. Em relação às dobras cutâneas,

não ocorreram diferenças quanto as DCB e DCA; no entanto no

que se refere às DCT e DCSE observou-se elevação de 25%.

Logo após vinte dias da consulta com orientação nutricional,

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315

observou-se que houve melhora do estado de depleção do

paciente.

Tendo em vista que o IMC/idade de acordo com percentil

50 (P50) para o participante seria de 17,5 kg/m², peso/idade o

P50 seria de 40 kg, já a estatura/idade o P50 seria de 1,49 m,

observa-se que devido à desnutrição e PC todos esses

parâmetros estão alterados no paciente. De acordo com o

estudo de Araújo; Silva (2013), distúrbios de crescimento e

nutrição são freqüentes em crianças com PC e essas

deficiências nutricionais podem somar prejuízos no

desenvolvimento motor e cognitivo, na socialização e na função

psicológica.

Na Tabela (2), estão descritos os exames bioquímicos e

hematológicos do paciente, realizados antes e após a

orientação nutricional. Observa-se que os valores de leucócitos,

neutrófilos, linfócitos típicos e atípicos, ferro sérico,

triglicerídeos, colesterol total, colesterol LDL, albumina e

creatinina, encontram-se alterados antes da conduta. Porém,

após a orientação, os valores de leucócitos, triglicerídeos,

colesterol total, colesterol HDL e albumina ainda encontravam-

se alterados.

Verificou-se alterações e normalizações de alguns

marcadores bioquímicos, antes e depois da orientação

nutricional. Tendo em vista que os valores de hemoglobina e

hematócrito antes da consulta nutricional encontravam-se no

limite da faixa de normalidade, e que após a adoção da nova

conduta houve melhora nesses marcadores, considera-se que

foi relevante a evolução do paciente devido à presença da

anemia.

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Tabela 2. Exames bioquímicos do paciente diagnosticado com PC e Desnutrição antes e após a orientação nutricional.

Exame Antes da Orientação

Depois da Orientação

Valor de Referência

HEMÁCIAS (milh/mL)

4,1 4,1 3,9 – 5,3

HEMOGLOBINA (g/dL)

12,1 12,7 12,0 – 15,6

HEMATÓCRITOS (%)

36,9 40,5 36 – 48

LEUCÓCITOS (mm³) 4.000 4.250 4.500 – 12.000 NEUTRÓFILOS

(mm³) 32 41,3 40 - 70

LINFÓCITOS TÍPICOS (mm³)

52 50 25 - 50

LINFÓCITOS ATÍPICOS (mm³)

5 0 0

MONÓCITOS (mm³) 6 5,4 2 - 10 PLAQUETAS (mm³) 262.000 292.000 150 – 450.000

FERRO SÉRICO (ug/dL)

190 71 65 – 170

TRIGLICERÍDEOS (mg/dL)

31 164 35 – 150

COLESTEROL TOTAL (mg/dL)

187 170 150

COLESTEROL HDL (mg/dL)

35 29 ≥35

COLESTEROL VLDL (mg/dL)

6 10 Até 40

COLESTEROL LDL (mg/dL)

146 108 < 110

ALBUMINA (mg/dL) 2,5 2,7 3,5 – 5,2 URÉIA (mg/dL) 27 20 15 - 40 CREATININA

(mg/dL) 0,31 0,5 0,42 – 0,71

GLICOSE (mg/dL) 88 80 70 - 99

Fonte: GOMES et al. (2016).

Dentre os exames, também foram analisados os

triglicerídeos (TG) antes e após a orientação, observando-se

elevação um pouco além do limite superior dos valores de

referência após a adesão da nova conduta, no entanto antes da

conduta esses valores se encontravam reduzidos, sendo uma

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317

das características da desnutrição. Os valores de colesterol

total (CT) e de LDL-C diminuíram após a conduta. Já os valores

de VLDL aumentaram em níveis consideráveis após a conduta,

porém ainda situam-se na faixa dos valores de referência. Vale

ressaltar que o paciente não seguiu de maneira correta a

conduta nutricional adequada e orientada.

Segundo Alves et al. (2004), dislipidemia é um quadro

clínico caracterizado por concentrações anormais de lipídios no

sangue. Sabe-se que a dislipidemia é determinada por fatores

genéticos e ambientais. Evidências acumuladas ao longo de

várias décadas, inclusive epidemiológicas, metabólicas e

clínicas, demonstraram que níveis elevados de colesterol total,

colesterol LDL e triglicerídeos estão correlacionados com maior

incidência de hiperlipidemia.

Em relação aos leucócitos, neutrófilos e plaquetas os

valores aumentaram após a conduta dietoterápica, através da

inclusão de frutas, verduras e cereais, além de alimentos-fonte

de cálcio, ferro e vitamina A, bem como suplementos como o

Nutren active que fornece macro e micronutrientes de acordo

com suas necessidades diárias e a maltodextrina que oferta a

glicose necessária para fornecer energia, melhorando aos

poucos a imunidade o que torna o organismo mais resistente

aos invasores, como bactérias, vírus ou fungos e as plaquetas

em seus valores de referência evitam possíveis hemorragias,

entretanto os leucócitos não chegaram aos níveis normais,

classificando o paciente a partir dos exames bioquímicos com

leucopenia (MACÊDO et al., 2010).

Os valores de albumina também foram avaliados por sua

importância na avaliação do estado nutricional de paciente

desnutrido, pois sua deficiência compromete a síntese das

proteínas (COSTA et al., 2009). Antes da conduta nutricional os

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318

valores de albumina encontrava-se em concentrações baixas,

contudo após a adoção da nova conduta elevou-se em pequena

quantidade, porém não alcançou o nível desejável.

Os valores de uréia situaram-se na faixa dos valores de

referência antes e após a conduta, os valores de creatinina por

sua vez, antes da nova conduta nutricional, situaram-se abaixo

da referência, mas posteriormente a conduta, seus níveis

aumentaram e se normalizaram.

Segundo Costa et al. (2009), os níveis anormais de uréia

estão relacionados a insuficiência renal, desidratação, febre,

catabolismo protéico excessivo, ingestão protéica baixa,

desnutrição entre outros. Enquanto a creatinina quando em

níveis baixos está associada com maior risco de mortalidade,

aumento da insuficiência renal aguda e crônica e dano

muscular.

As complicações clínico-metabólicas mais freqüentes da

desnutrição energético-proteica são hipoglicemia, hipotermia,

desidratação e diarréia (FALBO; ALVES, 2002). As variações

dos níveis glicêmicos ocorrem devido à maior produção de

glicose a partir de outras vias metabólicas, redução da síntese

de insulina, estímulo à produção do glucagon e aumento da

epinefrina circulante. Como os estoques de glicogênio são

consumidos rapidamente, o organismo passa a produzir glicose

por meio de aminoácidos livres e glicerol proveniente dos

ácidos graxos, aumentando a neoglicogênese. Com a

intensificação dessas vias alternativas de produção de glicose

e a redução crescente dos estoques de macronutrientes, torna-

se difícil a manutenção adequada dos níveis séricos de glicose,

levando a um quadro de hipoglicemia (LIMA; GAMALLO;

OLIVEIRA, 2010), entretanto, a glicemia avaliada do paciente

encontrava-se em níveis satisfatórios antes e depois da conduta

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nutricional, logo como mostra a Tab. (2), o paciente não

apresentou nenhum quadro de hiperglicemia e/ou hipoglicemia.

Na Tabela (3), encontram-se descritos os alimentos

consumidos pelo paciente com base no recordatório de 24

horas aplicado a genitora do mesmo antes da intervenção

nutricional, onde observa-se a ausência de frutas e vegetais

crus e a inclusão de alimentos constipantes e ricos em

gorduras.

Tabela 3. Recordatório de 24 horas do paciente diagnosticado com PC e Desnutrição antes da orientação nutricional.

REFEIÇÕES/HORÁRIO

ALIMENTO/INGREDIENTES GRAMAS/ML

DESJEJUM 10:00 MINGAU: FARINHA LÁCTEA

350 36

MUCILON 30

ALMOÇO 13:00 LANCHE 16:00 JANTAR 19:30

BISCOITO MAIZENA LEITE EM PÓ INTEGRAL

FEIJÃO MULATINHO MACARRÃO

FRANGO COZIDO BATATA INGLESA COZIDA

CENOURA COZIDA JERIMUM COZIDO CHUCHU COZIDO

ÁGUA

IOGURTE INTEG. FRUTAS

MINGAU:

FARINHA LÁCTEA MUCILON

BISCOITO MAIZENA LEITE EM PÓ INTEGRAL

36 56

148 54 88 43 20 30 27

125

240

350 36 30 36 56

Fonte: GOMES et al. (2016).

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320

Quanto ao consumo alimentar, observou-se no R24h,

avaliado antes da conduta recomendada, o consumo de

alimentos pobre em vitaminas e minerais e ricos em açúcares

simples e alimentos constipantes, sendo esses não

recomendados para o paciente por possuir dificuldade para

evacuar, como também alimentos ricos em gorduras saturadas,

desde leite integral que segundo a genitora o consumo maior

era de leite de vaca de fazenda, o que possivelmente contribuiu

para o aumento do colesterol junto ao integral, o iogurte de

frutas também consumido pelo paciente possuindo teores de

gordura e açúcares significantes, não consumindo nenhum tipo

de gordura monoinsaturadas ou poliinsaturadas o que ajudaria

no controle do colesterol LDL e do HDL, além de não conter

fibras solúveis e insolúveis, presentes em frutas, verduras cruas

e cereais (FRANCA; ALVES, 2006). Vale ressaltar que a

ingestão do paciente também não era suficiente em

quantidades e que as refeições eram fracionadas em quatro

vezes ao dia.

As características da dieta para pessoas com PC e

disfagia devem ser de textura viscosa a fim de facilitar a

deglutição, pois as preparações líquidas ou ralas têm mais

chance de provocarem aspiração no paciente. Os alimentos

muito secos, duros, fibrosos e assados, como casca de pão,

biscoitos e vegetais crus, devem ser eliminados, dando

preferência aos alimentos abrandados pelo cozimento,

preparações de textura pastosa e homogênea e líquidos

espessados (ANTUNES et al., 2012).

Na Tabela (4), encontra-se descrita a conduta

dietoterápica indicada de acordo com as necessidades do

paciente, na qual observa-se a presença de frutas, vegetais

crus, cereais, gorduras monoinsaturadas, bem como os

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suplementos Nutren active e Maltodextrina e a redução de

alimentos constipantes e gorduras saturadas.

Tabela 4. Conduta dietoterápica recomendada para o paciente diagnosticado com PC e Desnutrição.

REFEIÇÕES HORÁRIO ALIMENTO/

INGREDIENTES GRAMAS/ML

DESJEJUM 07:00 LEITE ENRIQUECIDO

LEITE DESNATADO NUTREN ACTIVE

350 300 31,5

MALTODEXTRINA 10

LANCHE 10:00 ALMOÇO 13:00 LANCHE 16:00 JANTAR 19:00 LANCHE 22:00

VITAMINA DE

FRUTA MAMÃO PAPAYA AVEIA FARINHA NUTREN ACTIVE MALTODEXTRINA

SALADA CRUA: ALFACE TOMATE

COUVE-FOLHA CENOURA

CARNE DE BOI COZIDA

FEIJÃO MULATINHO ARROZ COZIDO AZEITE EXTRA-

VIRGEM VITAMINA DE

FRUTAS: MAÇÃ

LARANJA NUTREN ACTIVE MALTODEXTRINA

INHAME COUVE-FOLHA

SARDINHA AZEITE

IOGURTE NATURAL

300 135

8 31,5 10

30 45 20 24 20

75 50 10

300

40 45

31,5 10 30 20

16,5 10

140

Fonte: GOMES et al. (2016).

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322

Na Tabela (5), encontra-se o recordatório de 24 horas do

paciente depois da intervenção nutricional, onde observa-se

ausência de vegetais crus e a inclusão de frutas, alguns

alimentos constipantes, como também os suplementos Nutren

active e Maltodextrina.

Tabela 5. Recordatório de 24 horas do paciente diagnosticado com PC e Desnutrição após a orientação nutricional.

REFEIÇÕES HORÁRIO

ALIMENTO/ INGREDIENTES

GRAMAS/ML

DESJEJUM 10:00 MINGAU: LEITE DESNATADO

MUCILON

350 250 30

BICOITO MAISENA 30

ALMOÇO 13:00

LANCHE 16:00

JANTAR 19:00

LANCHE 21:30

FEIJÃO MULATINHO ARROZ COZIDO

FRANGO COZIDO BATATA INGLESA

COZIDA CENOURA COZIDA JERIMUM COZIDO CHUCHU COZIDO

ÁGUA VITAMINA DE

FRUTAS LARANJA

MAÇÃ NUTREN ACTIVE MALTODEXTRINA

CANJA DE GALINHA

VITAMINA DE FRUTAS LARANJA

MAÇÃ NUTREN ACTIVE MALTODEXTRINA

75 50 50

21,5

40 190 54

150 300

45 40

31,5 10

260

300

45 40

31,5 10

Fonte: GOMES et al. (2016).

Em relação aos alimentos consumidos no segundo

R24h, como mostra a Tab. (5), observou-se que a conduta não

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323

foi efetivada da mesma forma como prescrita, com o

fracionamento de seis refeições/dia, sendo realizadas cinco

refeições/dia, percebendo-se mesmo assim um avanço em

relação ao primeiro recordatório que eram apenas quatro, vale

ressaltar ainda que em alguns horários a dieta foi realizada da

maneira correta. Todavia buscou-se ainda com ensinamentos e

diálogos apontar a melhor maneira de obter maiores sucessos

com a conduta dietoterápica ofertada, tentando assim reduzir o

quadro da desnutrição, melhorando a qualidade de vida do

paciente.

4 CONCLUSÕES

Logo, conclui-se que o paciente respondeu bem a

conduta dietoterápica, conseguindo normalizar alguns valores

bioquímicos e hematológicos, como também os valores

antropométricos ocorrendo uma pequena evolução no quadro,

o que torna expressivo o empenho da genitora em realizar a

dieta corretamente para o filho, com intuito de reverter à

desnutrição. Contudo, espera-se que a conduta seja realizada

da forma mais adequada, para que assim chegue-se ao

sucesso esperado, que é a melhora da desnutrição grave, com

a conseguinte estabilização dos valores dos exames

bioquímicos e hematológicos, trazendo assim uma boa

qualidade de vida, melhorando a saúde e bem estar do

paciente.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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PARALISIA CEREBRAL E DESNUTRIÇÃO GRAVE: UM ESTUDO DE CASO COM FOCO NA NUTRIÇÃO

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326

CAPÍTULO 19

SÍNDROME DE BUDD CHIARI: UM ESTUDO DE CASO SOB O OLHAR DA NUTRIÇÃO

Rafaella Cristhine Pordeus LUNA 1

Yohanna de OLIVEIRA 2

Erika Epaminondas de SOUSA 2

Nadjeanny Ingrid Galdino GOMES 3 Jéssica Vicky Bernardo de OLIVEIRA 4

1 Doutoranda do Programa de Pós Graduação em Ciências da Nutrição/UFPB; 2 Mestrandas do Programa de Pós Graduação em Ciências da Nutrição/UFPB; 3 Graduada em Nutrição/

UFPB; 4 Pós-Graduanda em Nutrição Clínica/Estácio de Sá. [email protected]

RESUMO: O fígado é um órgão responsável por mais de 500 reações em nosso corpo, podendo ser afetado por várias patologias de origem crônica ou pouco freqüente como a Síndrome de Budd Chiari (SBC), classificada com um conjunto de doenças hepáticas. A sintomatologia consiste em um grupo de distúrbios, entre eles a obstrução do fluxo hepático, ascite, icterícia, varizes esofágicas e hepatomegalia. O presente estudo teve como objetivo propor um tratamento nutricional que influenciará no tratamento de tal patologia, visando proporcionar melhorias em determinados sintomas expressos por determinadas doenças. Tratou-se de um estudo de caso clínico, com levantamento de dados e abordagem quantitativa, que utilizou por variante a análise do consumo alimentar, exames bioquímicos e nutricionais de um paciente interno no Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW/UFPB) apresentando a SBC no período de adolescência. Verificou-se que durante o período em que o adolescente seguia o tratamento dietoterápico, o mesmo apresentou melhoras com a normalização dos valores dos exames bioquímicos e hematológicos, entretanto, após alguns meses o paciente

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327

recusou-se a consumir parte dos alimentos, abandonando o tratamento e nesse período apresentou piora em seu quadro, o que foi verificado através dos exames. Concluiu-se que mesmo que a dieta proporcione uma melhor qualidade de vida aos indivíduos com a síndrome de Budd Chiari, a cura ocorre apenas por meio do transplante hepático. Palavras-chave: Hipertensão portal. Hepatopatias.

Dietoterapia.

1 INTRODUÇÃO

A síndrome de Budd Chiari (SBC) é um grupo

heterogêneo de distúrbios, cujas características são obstrução

do fluxo venoso hepático, no nível das veias hepáticas centrais

ou sublobular ou em ambas, levando ao aumento da pressão,

ou seja, hipertensão portal (MENON et al., 2004).

A intervenção nutricional relaciona-se com o estado

apresentado pelo paciente, a partir da avaliação do mesmo,

visando atender às necessidades individuais, como a

capacidade digestiva, alívio do processo de doença e de

absorção. As intervenções podem ser por meio de suplementos

alimentares ou nutricionais, alimentação por sonda, orientação

nutricional, modificações na prescrição dietética com aumentos

ou reduções de componentes da dieta. Deve-se respeitar a

condição socioeconômica de cada um, oferecendo-lhe o mais

viável, o que irá garantir que a terapêutica será concluída,

sendo a quantidade e freqüência alimentares estabelecidas na

doença e nas metas de tratamento (MUELLER; BLOCH, 2010).

Nos pacientes hepáticos, o tratamento tem como objetivo

garantir a prevenção ou tratamento da desnutrição calórico

protéica, fazer a suplementação com vitaminas, para evitar

deficiências, diminuir o risco de complicações como

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328

hipoglicemia, encefalopatia e infecções, evitar a produção de

substâncias extremamente tóxicas, promover o crescimento e

desenvolvimento do indivíduo, melhora na qualidade de vida e

adequado estado nutricional (PÉRET, 2013).

Uma alimentação inadequada com elevada

concentração de gordura saturada, carboidratos simples e

xenobióticos, ou contaminantes externos, pode contribuir para

a instalação ou agravamento de doenças hepáticas, isso devido

à capacidade hepatotóxica dos alimentos (CUPPARI, 2013).

Dentre as manifestações clínicas da SBC, os pacientes

apresentam ascite refratária, insuficiência hepato-renal e

desnutrição grave. Outro fator é a hemorragia digestiva de alto

risco, que afeta um terço do grupo. No manejo pré-operatório

são de fundamental importância a manutenção do equilíbrio de

eletrólitos e uma adequada nutrição (ZHANG et al., 2015).

Observou-se em alguns casos sintomas como diarreia,

vômitos, diminuição do volume urinário, edema de membros

inferiores, aumento do perímetro abdominal (RAMÍREZ et al.,

2014). Além de patologias que estão relacionadas com a

síndrome como o diabetes mellitus e a hipertensão arterial

(ALVES et al., 2012).

Visto a tamanha importância da atuação da dieta na

síndrome de Budd Chiari e, que muitos dos sintomas causados

por tal patologia estão relacionados a alterações alimentares, o

presente trabalho teve como objetivo descrever o tratamento

dietoterápico na síndrome, avaliar o perfil nutricional de um

paciente adolescente com tal patologia, verificar as

modificações causadas na sintomatologia dessa patologia e

observar a aceitação da dieta.

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329

2 MATERIAIS E MÉTODO

Tratou-se de um estudo de caso clínico, com

levantamento de dados e abordagem quantitativa, que utilizou

por variante a análise do consumo alimentar, exames

bioquímicos e nutricionais de um paciente interno no Hospital

Universitário Lauro Wanderley (HULW/UFPB) apresentando a

SBC no período de adolescência.

O protocolo de pesquisa do projeto intitulado “Síndrome

de Budd Chiari: Um estudo de caso sob o olhar da nutrição”, o

qual está vinculado o presente trabalho foi submetido e

aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital

Universitário Lauro Wanderley (HULW), sob o CAAE:

55957116.9.0000.5188, segundo as normas éticas para

pesquisa envolvendo seres humanos, constantes da Resolução

466, de 12 de dezembro de 2012 do Conselho Nacional da

Saúde/Comissão Nacional de Ética em Pesquisa.

Portanto, para que fosse válida a participação do

paciente na pesquisa, a cuidadora e o adolescente deram os

seus consentimentos mediante a assinatura do Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido e Termo de Assentimento.

O paciente adolescente, de 13 anos, foi recrutado no

HULW, onde recebeu o diagnóstico da patologia pelo médico

hepatologista, foi avaliado por uma equipe e recebeu a

indicação de transplante de fígado. O adolescente também

possui o diagnóstico de hipotireoidismo e diabetes mellitus tipo

1.

Para a realização do caso clínico, foram realizadas

visitas ao HULW, em um período de acompanhamento, o qual

foi dividido em dois períodos distintos, sendo o primeiro em julho

de 2015 e novembro de 2015, para coleta das medidas

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330

antropométricas de peso, altura, circunferência do braço,

dobras cutâneas, cálculo do índice de massa corporal (IMC) e

dados de consumo alimentar. Em seguida foram avaliados os

exames laboratoriais pertinentes, verificados a partir da analise

do prontuário do paciente.

O indicador utilizado para avaliar o estado nutricional foi

o IMC, calculado a partir da razão entre o peso do paciente em

quilogramas e o quadrado de sua altura em metros, que seguiu

a classificação da World Health Organization (WHO, 1995). A

circunferência do braço e dobras cutâneas foram realizadas de

acordo com o descrito por Lopes; Oliveira; Bleil (2008).

O Recordatório Alimentar de 24 horas é um método de

inquérito, cuja finalidade é qualificar o consumo alimentar nas

24 horas anteriores a entrevista ou durante o dia anterior, sendo

utilizado pela primeira vez em 1960 por Wiehl (FERRO-LUZZI,

2002).

Para realizar uma avaliação mais precisa, foram

aplicados dois recordatórios, sendo um realizado na residência

do paciente e outro no hospital.

O cálculo utilizado para dieta foi kcal/kg, de acordo com

a literatura que recomenda estimar as necessidades

energéticas em doença hepática crônica a partir de valores

entre 35 a 40 kcal/kg, com a finalidade de manter ou restaurar

o estado nutricional, sendo utilizado o valor de 35 kcal/kg

(MAZZA; SANTANA; OLIVEIRA, 2013).

Os dados do estado nutricional do paciente foram

comparados entre si e os demais dados hematológicos e

bioquímicos foram comparados aos valores de referência

durante o tratamento dietético e após o abandono do

tratamento.

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331

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Tabela (1) observam-se as características

antropométricas do paciente participante do caso clínico, no

período em que ele seguia o tratamento dietoterápico orientado

pela nutricionista do HULW e quando o mesmo abandonou o

tratamento.

Tabela 1. Avaliação antropométrica do paciente diagnosticado com Síndrome de Budd Chiari.

Variáveis Valores

recomendados

Durante a orientação (07/07/15)

Após o abandono do tratamento dietético

(24/11/15)

IDADE (anos) 13 13 PESO (kg) 45 32 17 ALTURA (m) 1,55 C/B (cm) 24,5 CMB (mm) 21,1 DCT (mm) 9

1,33 20

17,17 9

1,33 16

13,17 3

Fonte: LUNA et al. (2016).

Os exames são necessários e de imensa contribuição

para o adequado diagnóstico de doença hepática, quando

associados à sintomatologia. Embora, a quantidade utilizada

seja diversa, apenas alguns possuem maior sensibilidade e são

utilizados por profissionais de saúde. De acordo com o que foi

verificado na literatura, buscamos reunir os mais solicitados.

O paciente apresentava ainda cabelos e pele com

aspecto ressecado, além de algumas manchas pelo corpo e

unhas fracas. Tais sintomas poderão ser melhorados a partir do

consumo da vitamina A e proteínas (MAHAN; ESCOTT-

STUMP, 2010). A associação da vitamina A ao zinco pode

contribuir com o ganho de peso, logo se pode verificar uma

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332

melhora do quadro de desnutrição calórico-protéica (MAZZA;

SANTANA; OLIVEIRA, 2013).

Na Tabela (2) estão descritos os exames bioquímicos

com os respectivos resultados do paciente, realizados durante

a orientação dietética no dia 07/07/2015.

Tabela 2. Exames bioquímicos do paciente diagnosticado com Síndrome de Budd Chiari durante a orientação dietética.

Exame Valor encontrado

Valor de referência

Alteração

Proteínas Totais 6,5 g/dL 6 a 8 g/dL -

Albumina 3,8 g/dL 3,5 a 5 g/dL -

Bilirrubina Total 0,7mg/dL 0,2 a 1,3 mg/dL -

Bilirrubina Direta 0,2mg/dL 0 a 0,4 mg/dL -

Bilirrubina Indireta 0,5 mg/dL 0 a 0,8 mg/dL -

TGO

TGP

Gama GT

Fosfatase Alcalina

37 U/L

34 U/L

352 U/L

773 U/L

até 38 U/L

até 41 U/L

7 a 50 U/L

390U/L

-

-

+ 302 U/I

+ 383 U/L

Fonte: LUNA et al. (2016).

Na Tabela (3) estão descritos os exames bioquímicos

com os respectivos resultados do paciente, realizados após o

abandono da orientação dietética no dia 24/11/2015.

Tabela 3. Exames bioquímicos do paciente diagnosticado com Síndrome de Budd Chiari após o abandono do tratamento.

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333

Exame Valor encontrado

Valor de referência

Alteração

Proteínas Totais 4,1 g/dL 6 a 8 g/dL - 1,9 g/Dl

Albumina 2,6 g/dL 3,5 a 5 g/dL - 0,9 g/ Dl

Bilirrubina Total 0,63mg/dL 0,2 a 1,3 mg/dL -

Bilirrubina Direta 0,21mg/dL 0 a 0,4 mg/dL -

Bilirrubina Indireta 0,42 mg/dL 0 a 0,8 mg/dL -

TGO

TGP

Gama GT

Fosfatase Alcalina

96 U/L

60 U/L

415,2 U/l

584,1 U/L

até 38 U/L

até 41 U/L

7 a 50 U/L

390 U/L

+ 58 U/L

+ 59 U/L

+ 365,2 U/L

+ 194,1 U/L

Fonte: LUNA et al. (2016).

Conforme apresentados na Tabela (2) e Tabela (3), os

resultados bioquímicos obtidos foram de momentos distintos e

com intervalos, tendo sido realizados nos dias 07/07/15 e no dia

24/11/15, pois buscamos retratar a discrepância que houve no

primeiro momento, em que o paciente seguia a dieta proposta

pelo hospital e no segundo momento quando o mesmo, por

apresentar piora do seu quadro, começa a consumir apenas

parte do que lhe é oferecido. Durante esse período buscamos

observar como a síndrome manifestava-se, pois segundo a

literatura os sintomas variam constantemente.

As dosagem de TGO e TGP refletem o grau de

destruição das células hepáticas, pois sua elevação está

associada a doenças hepáticas. Valores superiores a oito vezes

o seu limite de normalidade indicam lesão hepatocelular

(COSTA, 2009), como apresentado na Tab. (2) e Tab. (3) a

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334

diferença considerável dos valores durante o acompanhamento

dietético e as alterações dessas dosagens após o abandono do

tratamento, respectivamente. A bilirrubina, entretanto, não

apresentou alterações em nenhum dos momentos.

A dosagem de albumina sérica, bem como outras

proteínas estará alterada tanto pela ingesta inadequada, quanto

pela diminuição da síntese e por alterações ocasionadas por

estados dilucionais (PÉRET, 2013).

Na Tabela (4) estão descritos os exames hematológicos

com os respectivos resultados do paciente, realizados durante

a orientação dietética no dia 07/07/2015. Observa-se que os

valores das hemácias, hemoglobina, hemograma,

hematócritos, plaquetas e leucócitos, encontram-se alterados.

Tabela 4. Exames hematológicos do paciente diagnosticado com Síndrome de Budd Chiari durante o tratamento dietético.

Exame Valor encontrado

Valor de referência

Alteração

Hemácias 3,9milh/mL 4,5 a 6,0 milh/mL - 0,6 milh/mL

Hemoglobina Hematócrito

10,6 g/dL

31,1 %

12,0 a 16,0 g/dL

35,6 a 48,6%

- 1,4g/dL

- 4,5 %

Plaquetas 96.000mil/ mm³

150 a 450 mil/ mm³ - 54 mil/ mm³

Leucócitos 3.410/ mm³ 5.000 a 10.000/ mm³ - 1.590/ mm³

Fonte: LUNA et al. (2016).

Na Tabela (5) estão descritos os exames hematológicos

com os respectivos resultados do paciente, após o abandono

do tratamento dietético no dia 24/11/2015. Observa-se que os

valores das hemácias, hemoglobina, hemograma,

hematócritos, plaquetas e leucócitos, encontram-se alterados.

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335

Tabela 5. Exames hematológicos e bioquímicos do paciente diagnosticado com Síndrome de Budd Chiari após o abandono do tratamento.

Exame Valor encontrado

Valor de referência

Alteração

Glicose

186 mg/dL

60 a 100 mg/dL

+ 86 mg/dL

Hemácias 3,5milh/mL 4,5 a 6,0 milh/mL - 1,0 milh/mL

Hemoglobina Hematócrito

10,2

29,6 %

12,0 a 16,0 g/dL

35,6 a 48,6%

- 1,8 g/dL

- 6,0%

Plaquetas 161mil/ mm³ 150 a 450 mil/ mm³ -

Leucócitos 19.580/ mm³ 5.000 a 10.000/ mm³ + 9.580/ mm³

Uréia Creatinina

58mg/dL

0,7

14,9 a 35,9 mg/dL

0,3 a 1,0 mg/dL

+ 22,1mg/dL

-

Fonte: LUNA et al. (2016).

De acordo com as Tabelas (4) e Tabela (5), dos exames

hematológicos realizados, ocorreu a normalização apenas dos

valores de plaquetas e creatinina.

A partir de avaliações bioquímicas e hematológicas

verificaram-se algumas modificações significativas nos exames

do paciente. Baseado nessas variações buscou-se a

elaboração de uma proposta dietoterápica que contribuísse

para a normalidade dos marcadores bioquímicos, além de

estabelecer melhora no quadro de deficiências que são

causadas pelas interações entre os medicamentos e os

alimentos.

Por apresentar diabetes mellitus tipo 1 é de grande

relevância controlar os carboidratos e lipídios, por isso

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SÍNDROME DE BUDD CHIARI: UM ESTUDO DE CASO SOB O OLHAR DA NUTRIÇÃO

336

inserimos na dieta proposta, alimentos cujo papel é contribuir

com o controle da taxa glicêmica, além de realizarmos o

fracionamento dos alimentos, o que contribuirá com a melhora

da função hepática responsável pela metabolização de tais

macronutrientes (COSTA, 2009).

Na Tabela (6) encontram-se os alimentos consumidos

pelo paciente com base no recordatório de 24 horas aplicado a

responsável do paciente, sem nenhuma orientação nutricional,

onde observa-se a irregularidade nos horários da alimentação,

redução do fracionamento alimentar, ausência de frutas,

pequeno consumo de vegetais crus e ingestão de alimentos que

elevam a pressão arterial, como o macarrão instantâneo.

Tabela 6. Recordatório de 24 horas do paciente diagnosticado com Síndrome de Budd Chiari antes do tratamento dietético.

Refeições/ Horário

Alimento/Ingredientes Gramas/ML

Desjejum 10:00

CUSCUZ OVO

200 100

Almoço 14:00 Lanche 17:00 Jantar 22:00

SALADA CRUA:

ALFACE TOMATE

FRANGO ENSOPADO FEIJÃO MULATINHO

ARROZ

MACARRÃO INSTANTÂNEO

CUSCUZ OVO

30 60

140 25 63

85

200 100

Fonte: LUNA et al. (2016).

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337

Na Tabela (7) encontram-se os alimentos consumidos

pelo paciente com base no recordatório de 24 horas, observado

no HULW, onde se observa a regularidade no fracionamento

das refeições, o consumo regular de frutas e verduras.

Tabela 7. Recordatório de 24 horas do paciente diagnosticado com Síndrome de Budd Chiari durante o tratamento.

Refeições/ Horário

Alimento/Ingredientes

Gramas/ML

Desjejum 07:00

MAMÃO PAPAYA CUSCUZ

OVO

100 85

100 PÃO

QUEIJO 25 25

Lanche 09:00 Almoço 12:00 Lanche 15:00 Jantar 17:00

MAÇÃ

SUPLEMENTO (TROPICAL)

SALADA CRUA:

TOMATE CEBOLA

FRANGO ASSADO ARROZ FEIJÃO LIMÃO

SUCO DE CAJÚ GELATINA

SUPLEMENTO

(TROPICAL) SOPA:

BATATA INGLESA CHUCHU

CENOURA ARROZ CARNE

PÃO

80

180

45 12 40 45 40 3

180 25

180

30 28 25 45 35 50

Fonte: LUNA et al. (2016).

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338

O recordatório alimentar obtido a partir do consumo em

sua residência foi realizado para justificar um dos motivos que

interferiam no tratamento, a partir dele é mostrado que o mesmo

não seguia a dietoterapia no período citado sendo internado

duas vezes, fato de extrema relevância, visto que se sentia mal

e retornava ao HULW.

Cuppari (2013) traz modificações mais significativas para

o tratamento de doenças hepáticas crônicas, a exemplo do

consumo de alimentos que contenham zinco, restrição de sódio,

consumo de fibras, não se pode fazer a restrição de proteínas,

com exceção ao caso em que o indivíduo apresente alteração

cognitivo-comportamental.

O consumo alimentar contendo vitaminas antioxidantes

como vitamina A, vitamina C e vitamina E pode ser benéfico

para o hepatopata crônico como também o controle do ferro,

pois tanto a hipertensão portal quanto as varizes de esôfago

podem levar ao quadro de anemia, ocasionado pelas

hemorragias (PÉRET, 2013).

O zinco é um dos alimentos que contribui

significativamente para o funcionamento de mais de 200

funções fisiológicas, entre elas a hepática. Sendo um

micronutriente que atua sobre os sintomas das hepatopatias,

proporcionando a melhoria da encefalopatia, atuando ainda

sobre a cirrose e contribuindo também para disponibilidade da

glicose. Observou-se que pacientes com cirrose apresentavam

a média de ingestão desse mineral diminuída em 35% do

estabelecido (MAZZA; SANTANA; OLIVEIRA, 2013).

O consumo de ferro é importante, pois as hemorragias

digestivas provocadas pelas lesões gastrointestinais causadas

pela hipertensão portal e as varizes esofágicas hemorrágicas

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339

são responsáveis pela anemia ferropriva (MAZZA, SANTANA e

OLIVEIRA, 2013).

Associado a esse consumo está o ácido ascórbico,

importante tanto para a absorção de maiores quantidades de

ferro como atuando no metabolismo da glicose, devido à

facilitação da absorção de glicose e outros glicídios, bem como

a glicogênese hepática tendo ainda participação na síntese e

manutenção dos tecidos (FRANCO, 2008).

O consumo de potássio também deve ser controlado,

pois devido ao uso de medicamentos que contribuem para o

controle da hipertensão, como os diuréticos, seus níveis

sanguíneos podem diminuir, assim como a administração de

magnésio deve ocorrer, pois diuréticos aumentam a sua

excreção (PÉRET, 2013; MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2010).

Nas doenças hepáticas crônicas, o cuidado principal

deve ser em relação à quantidade de proteínas oferecidas, que

será ofertada de acordo com o sintoma presente, pois nesse

sentido devem ser oferecidos aminoácidos de cadeia

ramificada, pois eles estão envolvidos na regulação do balanço

protéico muscular de síntese e degradação, como também

deve ser hipoproteíca por quilo de peso quando apresentar a

síndrome hepato renal, que é uma das patologias decorrentes

da SBC, se o paciente não apresentá-la pode ser utilizado as

recomendações normoproteíca ou hiperprotéica,

normoglicídica e normolipídica (CUPPARI, 2013).

Na dieta proposta, recomendou-se inserir alimentos que

possuam essas vitaminas e minerais, além de acrescentar

alimentos ricos em vitamina K, pois o seu consumo contribui

com a redução das hemorragias que ocorrem devido às varizes.

Sua dose oral varia entre 2,5 a 15 mg/dia, apenas nos casos

em que não se obtiver os resultados esperados durante o

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340

tratamento, deve ser feito o uso intravenoso ou intramuscular,

como também, o uso de suplemento que possua albumina,

tendo em vista que alguns estudos sugerem como importante a

administração por meio injetável desse nutriente (PÉRET,

2013).

A partir dessas pesquisas, foram selecionados os

alimentos que possuem tais nutrientes na elaboração da

proposta dietoterápica que foi distribuída em seis refeições,

onde se buscou atender as necessidades nutricionais do

paciente, e respeitar a condição sócio-econômica do mesmo.

Ressaltamos que deve ser recomendado o consumo de carne

e fígado ao menos uma vez por semana, devido à concentração

de ferro e utilizar temperos como cominho, colorau e alho em

pó, além de manjericão, limão e orégano.

Na dieta proposta também foi realizada a contagem de

carboidratos, pois o paciente faz administrações de insulina, por

apresentar diabetes mellitus tipo 1, além de a própria Síndrome

de Budd Chiari causar alterações na glicemia. Verificamos que

a necessidade de unidades de insulina ao longo do dia foi de

10,77 unidades.

Como as doenças hepáticas podem causar desnutrição

calórico protéica, procuramos calcular cuidadosamente o Valor

Energético Total (VET), pois os quadros de desnutrição devem

ser evitados, por dificultarem a melhora do paciente, sendo um

ponto importante evitar o agravamento do quadro, pois segundo

a Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral, quando

a desnutrição chega ao nível grave, a recuperação é muito

difícil, podendo não ocorrer (SBNPE, 2011).

Na Tabela (8) está descrito a proposta para o paciente

diagnosticado com SBC seguir em casa, a seguinte orientação

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341

está fracionada em seis refeições, realizadas a cada três horas,

observa-se a variedade de frutas, verduras e legumes.

Tabela 8. Conduta dietoterápica recomendada para o paciente diagnosticado com SBC para seguir após alta.

Refeições/ Horário

Alimento/Ingredientes Gramas/ML

Desjejum 06:00

MAMÃO PAPAYA VITAMINA DE FRUTA:

BANANA LEITE DESNATADO

AVEIA SUPLEMENTO

PÃO OVO

100

30 20 15 20 50

100 Lanche 09:00 Almoço 12:00 Lanche 15:00 Jantar 18 :00 Ceia 21:00

SALADA DE FRUTAS: LARANJA GOIABA

SALADA CRUA: TOMATE ALFACE CEBOLA AZEITE LIMÃO

FRANGO ENSOPADO: FRANGO

ERVILHAS TOMATE

PIMENTÃO CEBOLINHA

ARROZ COM CENOURA: ARROZ

CENOURA MILHO

FEIJÃO SIMPLES ABACAXI

SUCO DE CAJÚ TORRADAS COM ALHO

PEIXE COUVE INHAME

LEITE DESNATADO PÃO

CREME VEGETAL

45 42

45 45 20 5 3

40 30 30 16 15

45 24 17 50

100 180 24

100 40 60 25 50 8

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342

Fonte: LUNA et al. (2016).

4 CONCLUSÕES

Estudos sobre a síndrome de Budd Chiari ainda são

poucos, principalmente no que se refere à dieta, mesmo

considerando que a mesma irá proporcionar melhor qualidade

de vida para todos os indivíduos que apresentarem qualquer

doença hepática, já que a mencionada síndrome é um conjunto

de várias doenças hepáticas responsáveis pelo

desencadeamento de outras, que vão desde a síntese

inadequada dos nutrientes até a síndrome hepato-renal. Outro

fator que dificulta o tratamento é o diagnóstico tardio, que

muitas vezes acaba sendo confundido com outros, dificultando

até no momento da aplicação da dieta adequada.

Verificamos também como a adequada alimentação tem

influência diretamente nos sintomas, embora a cura ocorra

apenas por meio do transplante hepático, ao compararmos o

momento em que o jovem alimentava-se em casa apresentando

pioras e retornos ao hospital, onde seguia o tratamento

dietoterápico, tendo melhora nos resultados bioquímicos e

hematológicos, infelizmente piorando quando ocorreu o

agravamento da doença e reduziu o consumo alimentar.

Nesse momento, o suporte nutricional irá possibilitar as

condições adequadas para a realização do transplante, além de

contribuir com a recuperação.

Com base no exposto, observou-se que explicar aos

jovens a importância de uma adequada alimentação ainda é um

desafio para o profissional da nutrição, pois estes preferem os

alimentos ricos em gorduras e açúcares, fazendo o consumo de

forma exagerada e piorando a qualidade de vida.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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344

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MECANISMOS FISIOLÓGICOS DESENCADEADOS PELA INGESTÃO DO GLÚTEN

345

CAPÍTULO 20

MECANISMOS FISIOLÓGICOS DESENCADEADOS PELA INGESTÃO DO GLÚTEN

Jéssica Maria Alves BRASIL1

Leylliane de Fátima Leal Interaminense de ANDRADE2 1 Graduandos do curso de Nutrição, UFPB; 2 Orientadora/Professora do CCS/UFPB.

[email protected]

RESUMO: O glúten é uma proteína encontrada em grãos como

o trigo, centeio e cevada. Esses grãos, principalmente o trigo, a

partir da revolução agrícola, sofreram inúmeras modificações

genéticas, aumentando, por exemplo, a quantidade de glúten e

de um dos peptídeos encontrados nele, a gliadina (considerado

o peptídeo tóxico presente no glúten), sendo esta uma das

razões que explicam o aumento de patologias e intolerâncias

ligadas ao consumo desses grãos. Ao ingerirem o glúten,

pessoas com predisposição genética podem vir a desencadear

mecanismos imunológicos que levam a alergias (alergia ao

trigo), e/ou processos que gerem uma resposta autoimune

mediada por ele, ocasionando lesões teciduais no epitélio

intestinal (doença celíaca). Além das patologias

desencadeadas pela ingestão de glúten, essa proteína, em

particular o peptídeo gliadina, está ligada ao surgimento de

inúmeras doenças autoimunes como a doença de Crohn,

diabetes mellitus e obesidade, pois consegue estimular a

abertura das Tight junctions, tornando o intestino permeável,

aumentando com isso as chances de ativação de respostas

imunológicas e do deslocamento de microorganismo presentes

na flora intestinal para dentro do epitélio, podendo vir a

estimular o desenvolvimento de sintomas gastrointestinais e

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346

extraintestinais na população em geral. Além do glúten,

investigam-se também outros componentes presentes nesses

cereais como sendo eles os responsáveis em gerar a ativação

de respostas imunológicas, tais como as proteínas inibidoras de

amilase-tripsina presentes no trigo e os carboidratos

considerados FODMAPs.

Palavras-chaves:Glúten. Gliadina. Permeabilidade intestinal.

1 INTRODUÇÃO

Os cereais na alimentação humana desempenham papel muito importante com relação à saúde, sendo estes fonte de energia, nutrientes e fibras. O trigo, alimento base em diversas culturas, utilizado desde a antiguidade até os tempos modernos (SCHEUER, et al., 2009) é fomado de duas principais frações protéicas: a gliadina e a glutenina (NASCIMENTO, 2008). Essas proteínas são de bastante importância na indústria, pois em contato com água formam uma espécie de liga, conferindo características únicas aos produtos que as contêm (BRANDÃO et al., 2011).

Apesar das propriedades pertencentes ao glúten serem

de bastante serventia para a indústria, segundo Prince (2005),

a gliadina é considerada um peptídeo imunogênico. Além

disso, é resistente à degradação enzimática por peptidases e

promove alterações na permeabilidade intestinal por estimular

a ativação da imunidade inata e adquirida (PRINCE, 2005).

As antigas variedades do trigo possuíam menos gliadina,

sendo estas mais toleradas por pessoas com transtornos

relacionados à sua ingestão (VAQUERO et al, 2015).

Observar-se o crescimento dos problemas decorrentes a

ingestão do trigo. Dentre os transtornos mais relatados temos a

alergia ao trigo, doença celíaca (DC) e a sensibilidade ao glúten

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347

não celíaca (ZINGONE et al., 2016). Indica-se como tratamento

a adesão de uma dieta gluten-free (GFD) que apesar de

diminuir ou até extinguir os sintomas relatados pelos pacientes,

ocasiona uma diminuição na ingestão de muitos nutrientes

importantes, tais como ferro, vitaminas do complexo B e fibras

prebióticas (LIS et al., 2015).

A GFD possui adeptos que incluem tanto a população

que tem transtornos decorrentes da ingestão do glúten, quanto

à população em geral, que adere a essa dieta por acreditar que

a mesma proporcione condições de vida mais saudáveis (LIS et

al., 2015).

Diante disso, essa revisão tem como objetivo elucidar os

mecanismos fisiológicos gerados pelo glúten na população

portadora de patologias ligadas ao consumo dessa proteína e

em pessoas saudáveis.

2 MATERIAIS E MÉTODO

Este trabalho foi realizado através de uma revisão da

literatura cientifica. A pesquisa foi desenvolvida em base

eletrônicas de dados Lilacs, Bireme, Pubmed e Scielo,

considerando os artigos que apresentavam estudos clínicos,

pesquisas e revisões bibliográficas, ultilizando os seguintes

descritores: glúten, doenças auto-imunes, celíacos, dieta

gluten-free, imunidade inata e adquirida, disbiose, FODMAPs,

permeabilidade intestinal.

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3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 GLÚTEN

O glúten é um conjunto de proteínas que estão presentes

em alguns cereais (trigo, centeio, cevado e aveia).

(SDEPANIAN, et al., 1999).

O glúten do trigo possui características únicas, pois a

gliadina se comporta como liquido viscoso, conferindo

extensibilidade, enquanto as gluteninas promovem elasticidade

e força (CUNHA, RUFFI, NABESSHIMA, 2009). Dessa forma, a

massa retém gases da fermentação, os quais possibilitam o

crescimento dos pães e a umidade da massa depois de assada

(ANGELINI, 2012).

Segundo projeções do IBGE (Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística) nos últimos 40 anos, o consumo médio

per capita no Brasil de cereais que contém glúten mais que

dobrou (Figura 1).

Figura 1. Consumo de trigo no Brasil.

Fonte: IBGE- Instituto brasileiro de Geografia e Estatística, 2002.

O trigo consumido atualmente é modificado

geneticamente, possuindo um maior teor de glúten e da

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349

gliadina, porção antigênica do glúten (SOARES, 2015). Esse

fato explica parcialmente o aumento dos transtornos ligados a

sua ingestão (BROECK et al., 2010). Os peptídeos da gliadina

exercem atividades citotóxicas, culminando na atrofia das

vilosidades intestinais, imunomoduladoras, estimulando a

liberação de substancias pro-inflamatórias e aumento da

permeabilidade intestinal com a estimulação da zonulina, uma

proteína responsável por modular a abertura das ligações entre

as células da parede do trato digestivo (Tight junctions) (figura

2) (FASANO, 2011).

Figura 2. Mapeamento do peptídeo gliadina.

Fonte: FASANO (p.163), 2011.

3.2 PATOLOGIAS LIGADAS À INGESTÃO DE GLÚTEN

O consumo de glúten pode provocar doenças hoje

bastante conhecidas, como a alergia do trigo, a doença celíaca

e a sensibilidade ao glúten não celíaca.

A doença celíaca e a alergia do trigo são mediadas pelo

sistema imunitário adquirido (FASANO et al., 2015). As

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350

respostas desse sistema de imunidade dependem da ativação

de células especializadas, dos linfócitos e das moléculas

solúveis por eles produzidas, tais como anticorpos, citocinas e

quimiocinas (CRUVINEL et al., 2010).

Embora as principais células envolvidas na resposta

imune adquirida sejam os linfócitos, as células apresentadoras

de antígenos (APCs) desempenham papel fundamental em sua

ativação, apresentando peptídeos antígenos a moléculas do

complexo de histocompatibilidade principal (MHC, major

histocompatibility complex), glicoproteína existente em quase

todos os vertebrados, localizada na superfície da membrana

celular, recebendo a designação de antígeno leucocitário

humano (HLA) nos seres humanos, onde será formado um

complexo peptídeo-MHC, permitindo o reconhecimento do

antígeno pelos linfócitos T, que irão diferenciar-se de acordo

com o antígeno inicialmente associado à molécula de MHC

(MAGALHÃES et al., 2004).

Ao lado da doença celíaca e da alergia do trigo está a

sensibilidade ao glúten não celíaca. Na NCGS não estão

envolvidos mecanismos alérgicos ou autoimunes. Essa

sensibilidade é mediada por uma resposta da imunidade inata,

causada pela ingestão de graõs que contém glúten (FASANO

et al., 2015).

NCGS foi proposta por resultar de uma resposta imune

inata a alimentos contendo glúten (FASANO et al., 2015). A

imunidade inata representa uma resposta rápida e

estereotipada a um número grande, mas limitado, de estímulos.

É representada por barreiras físicas, químicas e biológicas,

células especializadas e proteínas de fase aguda, citocinas e

quimiocinas, independentemente de contato prévio com

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351

imunógenos ou agentes agressores, e inalteráveis qualitativa

ou quantitativamente após o contato (CRUVINEL et al., 2010).

3.2.1 Doença celíaca

A doença celíaca é uma desordem autoimune

desencadeada pelo consumo de glúten na dieta. Esta doença é

caracterizada por um estado inflamatório crônico da mucosa do

intestino delgado proximal, que é tratado quando os alimentos

que contêm glúten são excluídos da dieta e retorna quando

estes alimentos são reintroduzidos (HATANAKA, et al., 2015).

A doença manifestando-se com má absorção de

nutrientes, diarréia crônica, perda de peso e distensão

abdominal. Outras manifestações incluem deficiência de ferro

com ou sem anemia, dor abdominal recorrente, estomatite

aftosa, baixa estatura, níveis elevados de aminotransferase,

fadiga crônica. (HATANAKA, et al., 2015).

Essa patologia depende basicamente de três aspectos

fundamentais para tornar-se ativa: a ingestão de glúten (agente

etiológico da doença), disfunção na barreira da mucosa

intestinal e predisposição genética (holótipos HLA DQ2/DQ8)

(CECILIO; BONATTO, 2015).

A gliadina é um peptídeo capaz de desencadear a

ativação de mecanismos imunológicos na população em geral

pelo fato de ser formado de dois aminoácidos (prolina e

glutamina) resistentes a digestão intraluminal, aumentando

assim sua permanência no lúmen intestinal, sendo reconhecido

como antígeno (FASANO, 2011).

A disfunção na barreira intestinal é uma condição

responsável por desencadear um grande número de doenças

imuno-mediadas, incluindo a DC. A gliadina é uma substancia

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352

responsável por tornar o intestino permeável, atravessando

essa barreira, vindo a ativar o sistema imunitário (HOLLON, et

al., 2015).

Os principais fatores de risco genético associados a DC

são os antígenos leucocitários humanos (HLA) de classe II DQ2

e DQ8 (ONTIVEROS, et al., 2015), que quando ausentes

praticamente excluem a ativação da patologia (MAGALHÃES et

al., 2004).

A ativação da resposta imunológica culmina na atrofia

das vilosidades, com consequente redução da superfície de

absorção intestinal, caracterizando o resultado final na doença

celíaca (TEIXEIRA, 2012).

O diagnóstico para essa doença consiste em testes

laboratoriais para detectação de anticorpos específicos, testes

genéticos de tipagem de HLA e por fim realizaçao de uma

biopsia no intestino para medir os danos causados pela

patologia (ONTIVEROS, et al., 2015).

3.2.2 ALERGIA AO TRIGO

A Academia Européia de Alergologia e Imunologia Clínica,

segundo Johansson et al.,(2001), define a hipersensibilidade alimentar

ao trigo como uma reação adversa imunológica à ingestão de proteínas

alimentares contidas nele.

Estas reações são tipicamente caracterizadas por um

tipo de inflamação tendo como linfócito de expressão

predominante o T helper 2 (Th2), e as interleucinas (IL -4, IL-

13, e IL-5)(CIANFERONI, 2016).

Na alergia ao trigo, as sequencias de repetição de

peptídeos do glúten reticulam a IgE, e as proteínas não-glúten

induzem a libertação de mediadores imunes, tais como

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MECANISMOS FISIOLÓGICOS DESENCADEADOS PELA INGESTÃO DO GLÚTEN

353

histamina, a partir de basófilos e mastócitos (FASANO et al.,

2015).

Esta alergia manifesta-se com uma variedade de

sintomas que incluem urticária, asma, rinite alérgica, dor

abdominal, vômitos, exacerbação aguda de dermatite atópica e

anafilaxia induzida pelo exercício (EIA) (CIANFERONE, et al.,

2013).

O diagnostico para essa patologia se da a partir da

realização de testes alérgicos a fim de averiguar a presença de

IgE específica para o trigo (CIANFERONI, 2016).

3.2.3 Sensibilidade ao glúten não celíaca.

A sensibilidade ao glúten não celíaca (NCGS) é uma

condição onde, na ausência da doença celíaca e da alergia ao

trigo, sintomas intestinais e extra-intestinais são acionados

devido a ingestão do glúten, conforme definido por discussões

realizadas em três conferências (BIESIEKIERSKI; IVEN, 2015).

A apresentação típica do NCGS é uma combinação de

sintomas e manifestações sistêmicas da síndrome do intestino

irritável, além de manifestações extra-intestinais (CZAJA-

BULSA, 2015).

Os dados experimentais parecem indicar um possível

papel anormal da resposta inata no mecanismo da doença,

causando assim alterações na permeabilidade do intestino

delgado (intestino permeável), levando à absorção excessiva

de péptidos derivados de glúten (CATASSI, 2015).

A NCGS possui diagnostico por exclusão, quando

mesmo com resultados negativos para doença celíaca e alergia

ao trigo, o paciente apresenta queixas provocadas pela

ingestão do glúten (FASANO, 2015).

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354

Pela dificuldade do diagnóstico dessa patologia, muitas

pessoas aderem por uma dieta sem glúten na tentativa de

melhora dos sintomas (PELLEGRINI; AGOSTONI, 2015).

A dieta livre de glúten já foi investigada em pacientes não

celíacos como uma opção de tratamento para muitas

condições, incluindo dermatite herpetiforme, síndrome do

intestino irritável, distúrbios neurológicos, artrite reumatóide,

diabetes mellitus, obesidade e enteropatia associada ao HIV

(EL- CHAMMAS e DANNER, 2011).

Biesiekierski et al, (2011) realizou um estudo duplo-cego,

randomizado, placebo-controlado, obtendo a conclusão de que

uma dieta livre de glúten trouxe benefícios a pacientes com

sensibilidade ao glúten não celíacos, como a diminuição do

cansaço e de sintomas intestinais, tais como a melhora da

consistência das fezes, diminuição de gases e inchaço.

A dieta sem glúten possui propriedades

imunoestimulantes para a população em geral e com

sensibilidade (figura 4). Entretanto, o mesmo estudo detectou

que essa dieta ocasionou um quadro de disbiose intestinal,

provavelmente relacionado com reduções na ingestão de

polissacarídeos, uma vez que estes compostos dietéticos são

considerados prebióticos (PALMAS et al., 2009).

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Figura 3. Propriedade imunoestimuladora de uma dieta gluten-free.

FONTE: PALMA, et al. (p. 1158), 2009.

3.3 MECANISMOS IMUNOLOGICOS NÃO ALERGICOS

DESENCADEADOS PELA INGESTÃO DO TRIGO/GLÚTEN.

A gliadina, é uma das substancias responsáveis por

tornar o intestino permeável na população em geral. Esse

peptídeo estimula a expressão dos receptores CXCR3 no

epitélio intestinal, que por sua vez, estimulam a liberação de

zonulina, que se ligam os receptores expressos , promovendo

um rearranjo do citoesqueleto e por fim a desmontagem das

Tight junctions (figura 5) (FASANO, 2011).

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MECANISMOS FISIOLÓGICOS DESENCADEADOS PELA INGESTÃO DO GLÚTEN

356

Figura 4. Ação da gliadina na mucosa intestinal de pacientes com doença celíaca ativa, em remissão e no grupo controle.

Fonte: FASANO, (p. 159), 2011.

Com a abertura das Tight junctions, a gliadina atravesa

a barreira intestinal, onde sofre a ação da enzima

transglutaminase 2 (TG2) que a desamida, aumento assim sua

afinidade com os linfócitos T e linfócitos B (LB), células do

sistema imunitário responsáveis por desencadear respostas

imunológicas contra o peptídeo imunogênico (gliadina)

(DORUM, et al., 2016).

No caso da doença celiaca, em que os pacientes

possuem predisposições genéticas, os peptídeos desamidados

serão apresentados por APCs para as moléculas HLA DQ2 e/ou

DQ8. Essa ligação (HLA junto ao antígeno) promove a ativação

dos linfócitos T CD4+, desencadeando a produção de citocinas

do tipo T Helper 1 (Th1), e consequentemente a produção de

anticorpos específicos e liberação de interferon, caracterizando

um quadro de inflamação local e posterior destruição do epitélio

intestinal (figura 6) (ODIO; CÓRDOVA, 2012).

Para a população que não possui riscos genéticos para

a doença celíaca a gliadina também pode desencadear uma

resposta imune, ativando componentes do sistema imunitario

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inato do intestino delgado, sistema esse que engloba interações

entre citocinas, células apresentadoras de antígenos,

microbiota, interleucinas e os linfócitos epiteliais intestinais (IEL)

(KIM, et al., 2015).

A ativação do sistema de imunidade inata intestinal em

pessoas saudáveis é mediada por uma porção da gliadina

denominado P31-43, capaz de estimular o aumento da

produção da interleucina-15 (IL-15). A IL-15 ocasiona a

produção de citocinas pró-inflamatórias, estimulando a

produção das células natural killer tipo A pelas células do

sistema imune, além de recrutar os linfócitos para o epitélio

intestinal (BARONE, et al., 2014).

O recrutamento de linfócitos pela IL-15 induz a

expressão de uma molécula denominada MICA que funciona

como um receptor para células natural killer tipo A e para

diversos tipos de linfocitos T. Quando as células natural killer

tipo A encontram as moléculas MICA expressas no epitélio de

algumas células, ligam-se a elas promovendo apoptose

(TEIXEIRA, 2012).

Além dos danos teciduais ocasionados pela liberação da

IL-15, ela também gera mecanismos que ocasionam a

intolerância ao glúten em pessoas não portadoras da doença

celíaca. Esses mecanismos iniciam-se com o processamento e

espressão dos antígenos pelas celúlas dendríticas,

apresentando-os assim às células T CD4+, que diferenciam-se

em citocinas do tipo T helper 1, levando a produção de IFN-γ,

caracterizando assim a perda da tolerância oral ao glutén (KIM,

et al., 2015).

Outro componente do sistema imunitário inato do

intestino é a microbiota intestinal, que é um conjunto de

comunidades que habitam essa região do corpo, formadas por

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358

microorganismos, dentre os quais estão presentes bactérias,

vírus, parasitas e fungos (ALEGRE et al., 2014).

Os microorganismos presentes na microflora intestinal

desenvolvem uma relação com seu hospedeiro, beneficiando

ambos os organismos em condições fisiológicas (SANZ, 2015),

mas quando em disbiose, situação caracterizada por um

aumento de bactérias patogênicas e redução de bactérias

benéficas ao hospedeiro, a microbiota pode vir a ativar a

resposta imune em indivíduos sem o risco genético para a DC

(SANZ, et al., 2011).

A microflora intestinal saudável funciona como uma

espécie de barreira, protegendo o epitélio intestinal de

microorganismos patogênicos. Esses microrganismos

patogênicos que chegam a invadir a submucosa intestinal,

através das Tight junctions rompidas devido à liberação de

zonulina, podem interagir com os receptores toll-like, presentes

na superfície baso-lateral das células, estimulando a liberação

de citocinas (MAN et al., 2011).

Uma dessas citocinas é o fator transformador de

crescimento β (TGF-β), que coordenam a diferenciação das

células T CD4+ em T helper 17 (Th17), responsáveis pela

produção das citocinas, tais como a interleucina 17 (IL-17) e a

interleucina 22 (IL-22) na mucosa intestinal, desencadeando

inflamação do tecido. (CICERONE, 2015).

Os mecanismos imunológicos citados acima são

considerados descobertas recentes e apesar de se acreditar

que o glúten seja a substância mediadora dessas reações,

investigam-se também outros componentes presentes nos

grãos fontes de glúten que podem vir a causar ativação de

respostas imunológicas, tais como as proteínas de cereais

inibidores de amilase-tripsina (ATIs) e os carboidratos

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MECANISMOS FISIOLÓGICOS DESENCADEADOS PELA INGESTÃO DO GLÚTEN

359

considerados FODMAPs (oligossacarídeos, dissacarídeos,

monossacarídeos e polióis fermentáveis) (CATASSI, 2015).

As enzimas inibidoras de amilase-tripsina (ATIs) são

gatilhos conhecidos do receptor Toll-like do sistema imune

inato, estimulando a liberação de citocinas pró-inflamatórias

(ELLI et al., 2015). Já os FODMAPs (oligossacarídeos,

dissacarídeos, e monossacarídeos fermentáveis e polióis) são

hidratos de carbono de cadeia curta fracamente absorvidos

(TACK, et al., 2016). Estes hidratos de carbono por serem

pouco absorvidos, permanecendo no lúmen intestinal, onde são

expostos a bactérias que os fermentam rapidamente. O

resultado dessa fermentação é a liberação de ácidos graxos de

cadeia curta e gases, podendo causar problemas

gastrointestinais em pessoas com hipersensibilidade visceral e

motilidade intestinal anormal (GIORGIO, et al., 2015), e o

supercrescimento de bactérias e leveduras, o que pode levar a

um estímulo inflamatório, ocasionando lesões na mucosa,

agravando a má absorção desses carboidratos,

desencadeando uma viciosa auto-amplificação desse ciclo

(RUEMMELE, 2016).

Apesar dos dados citados acima, a sociedade brasileira

de alimentação e nutrição não recomenda as práticas de

exclusão do glúten da dieta de indivíduos que não possuem

patologias ligadas ao seu consumo, pois considera os dados

publicados atualmente não suficientes para provar que os

indivíduos saudáveis poderiam usufruir de todos os pontos

positivos que pacientes doentes experimentam ao

consumirem uma GFD (PANTALEÃO, et al., 2016).

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MECANISMOS FISIOLÓGICOS DESENCADEADOS PELA INGESTÃO DO GLÚTEN

360

4 CONCLUSÕES

Conclui-se com esse trabalho de revisão da literatura que o trigo

geneticamente modificado ampliou o casos de alergia ao trigo,

doença celíaca e de sensibilidade ao glúten não celíaca, além

de ocasiornar a permeabilidade intestinal, na população em

geral, sendo esta situação relacionada em desencadear outras

patologias.

Pode-se concluir também que, em conjunto com um quadro de

disbiose intestinal, a gliadina consegue estimular mecanismos

imunológicos em pessoas com e sem predisposição genética

para a doença celíaca.

Além disso, foi possível evidenciar que apesar dos efeitos

imunoestimuladores característicos de uma dieta gluten-free,

não podemos desconsiderar a diminuição da ingestão de fibras

prebióticas ocasionada por essa dieta, levando a uma

diminuição de bactérias benéficas, aumentando o cenário

inflamatório do trato gastrointestinal.

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PREVALÊNCIA DE INADEQUAÇÃO DO CONSUMO DE VITAMINA B12 EM CRIANÇAS, ADOLESCENTES, ADULTOS E IDOSOS DE UMA MESMA

POPULAÇÃO

365

CAPÍTULO 21

PREVALÊNCIA DE INADEQUAÇÃO DO CONSUMO DE VITAMINA B12 EM CRIANÇAS, ADOLESCENTES,

ADULTOS E IDOSOS DE UMA MESMA POPULAÇÃO

Marina Ramalho RIBEIRO 1

Keylha Querino de Farias LIMA 1

Karen Beatriz Borges de OLIVEIRA 2 Caroline Severo de ASSIS 2

Jessica Vanessa de Carvalho LISBOA 1 1 Mestranda em Ciências da Nutrição, UFPB; 2 Pós-graduanda em Nutrição Clínica Funcional,

FIP. [email protected]

RESUMO: A vitamina B12 exerce um papel de grande importância para o organismo, sendo indispensável para a hematopoiese, metabolismo energético, funcionamento do sistema nervoso, síntese de DNA, e prevenção do acúmulo de homocisteína. Sua deficiência tende a crescer com o passar da idade e acarreta o surgimento de enfermidades específicas. Objetivo: avaliar o grau de inadequação do consumo de vitamina B12 em crianças, adolescentes, adultos e idosos na cidade de João Pessoa. Materiais e Método: estudo originado a partir do projeto de pesquisa “Primeiro diagnóstico e intervenção da situação alimentar, nutricional e das doenças não transmissíveis mais prevalentes da população do município de João Pessoa (I DISANDNT/JP)”. Participaram do estudo 866 indivíduos de todas as faixas etárias, nos quais foram aplicados questionários socioeconômicos e Recordatório de 24 Horas, tendo sido aplicado em triplicata. Análise de consumo habitual foi feita através do Multiple Source Method (MSM). RESULTADOS: a maioria da amostra foi composta pelo gênero feminino (n=408), no entanto a maior prevalência de

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inadequação foi encontrada entre adultos (100%) e idosos (100%) do gênero masculino. Entre as mulheres, uma maior inadequação de consumo foi encontrada entre as crianças (81%). CONCLUSÃO: indivíduos adultos e idosos do gênero masculino bem como crianças do gênero feminino, de uma mesma população do município de João Pessoa-PB, apresentaram alta prevalência de inadequação do consumo de vitamina B12. Palavras-chave: Vitamina B12. Consumo alimentar. Inadequação.

1 INTRODUÇÃO

As vitaminas B12 exerce importante papel como um co-

fator enzimático, sendo indispensável para a hematopoiese,

metabolismo energético, funcionamento do sistema nervoso,

síntese de DNA, além de prevenir a acumulação de

homocisteína no organismo (STELUTI et al., 2011; GREEN;

MILLER 2007). Estando presente naturalmente apenas em

alimentos de origem animal, como fígado, carne vermelha,

frango, ovos e produtos lácteos (DROR; ALLEN, 2014;

O’LEARY; SAMMAM, 2010).

Combinando os achados de estudos nacionais sobre

carências nutricionais (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009) e

excesso de peso (IBGE, 2011), observa-se que o Brasil

apresenta dupla carga de doenças de origens alimentares,

verificando-se a ocorrência de enfermidades causadas por

deficiência de micronutrientes específicos, entre estes a

deficiência de vitamina B12, caracterizada como um problema

de saúde pública, tendo as crianças como grupo de maior

vulnerabilidade devido às infecções pertinentes a esta faixa

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etária, alimentação inadequada e desmame ou introdução de

alimentos precoces (HINTZ; TEIXEIRA, 2012).

A ingesta inadequada de vitamina B12 exerce efeitos

importantes sobre a saúde do indivíduo, visto que os

micronutrientes têm um papel relevante na prevenção de

doenças de alto impacto (STELUTI et al., 2011; ARAUJO et al.,

2013), além de prejudicar a síntese de glóbulos vermelhos e

função neurológica (ALLEN, 2012).

A prevalência de deficiência de vitamina B12 aumenta

com a idade, e a causa mais comum é a má absorção desta

vitamina. No entanto, a anemia perniciosa, gastrite atrófica,

crescimento bacteriano excessivo no intestino delgado, mau

funcionamento do íleo, além do uso de certos medicamentos

(como metformina, neomicina, cloreto de potássio, ácido para-

aminossalicílico), também podem resultar no aumento desta

prevalência (TANGNEY et al., 2009).

Crianças e adolescentes constituem um grupo de risco

para esta deficiência devido a alteração no perfil alimentar deste

grupo que pode dificultar o alcance das necessidades de

vitamina B12 (DROR; ALLEN, 2014; BALLEW; KUESTER;

GILLESPIE, 2000). Por este motivo, há necessidade de maior

vigilância do cumprimento das recomendações nutricionais

propostas nesta faixa etária (GOMES et al., 2010).

Diante da importância que a vitamina B12 exerce sobre

o organismo, faz-se necessário este estudo que tem como

objetivo avaliar o grau de inadequação do consumo de vitamina

B12 em crianças, adolescentes, adultos e idosos na cidade de

João Pessoa.

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POPULAÇÃO

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2 MATERIAIS E MÉTODO

Caracterização do estudo

O presente estudo foi originado a partir do projeto de

pesquisa intitulado: “Primeiro diagnóstico e intervenção da

situação alimentar, nutricional e das doenças não

transmissíveis mais prevalentes da população do município de

João Pessoa (I DISANDNT/JP)”. Utilizou-se um procedimento

amostral único, composto em níveis. Dada a disparidade da

variável "renda" e a relação existente entre renda, prevalência

de doenças e nutrição (KAC; SICHIERI; GIGANTE, 2007), em

um primeiro nível utilizou-se uma amostragem estratificada

(COCHRAN, 1977) sobre as quadras. Neste, classificaram-se

os bairros do município por renda em 10 estratos, segundo

informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística -

IBGE.

Sobre as quadras sorteadas, aplicou-se uma

amostragem sistemática (BOLFARINE; BUSSAB,

2005), objetivando escolher as residências que participariam da

amostra (segundo nível). Sorteou-se o rumo das quadras a

serem percorridas e o método de sistematização utilizado foi o

seguinte: a partir da primeira casa sorteada, as demais seriam

visitadas após cada sete.

Ao consentir colaborar com a pesquisa, cada participante

assinou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

Em relação ao protocolo de pesquisa o mesmo foi submetido e

aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Centro de

Ciências da Saúde da Universidade Federal da Paraíba

(UFPB), sob nº 0493.

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POPULAÇÃO

369

Amostragem

Foram visitadas 722 residências, sendo encontrado um

total de 2030 indivíduos. Destes, foram selecionados 1165 de

acordo com o procedimento metodológico e objetivo deste

estudo. Após as perdas obtidas durante a seleção, foi totalizado

uma amostragem final de 866 indivíduos de todas as faixas

etárias. Os critérios de inclusão foram indivíduos saudáveis,

usuários ou não de medicamentos. E como critérios de

exclusão indivíduos com distúrbios neuropsiquiátricos; usuários

de suplemento de polivitamínicos, minerais, anorexígenos e

anabolizantes, gestantes, crianças com amamentação

exclusiva, e os que relataram consumo alimentar menor que

400kcal ou maior que 5000kcal (COSTA et al., 1996; PEREIRA

et al., 2013).

Coleta de dados

Após estudo piloto a coleta de dados foi realizada pelos

membros da equipe, mediante a supervisão dos

coordenadores, que eram mestrandos do Programa de Pós-

Graduação em Ciências da Nutrição (PPGCN) da

Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Informações

completas sobre a coleta de dados e definição da amostra são

fornecidas em estudos publicados anteriormente (PEREIRA et

al., 2013; LUNA et al., 2011; LIMA et al., 2015).

Os dados socioeconômicos, como idade, renda e

escolaridade, foram obtidos por meio de questionário durante

as visitas domiciliares. A renda familiar foi calculada com base

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POPULAÇÃO

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no somatório dos proventos de todos os indivíduos da família e

presença de comorbidades foi auto-relatada no questionário.

Avaliação Dietética

Foram aplicados três R24h para cada indivíduos,

totalizando 2598 inquéritos, sendo realizados no intervalo de

quinze dias e contemplando um dia do final de semana. Para

preenchimento do R24h, os participantes referiram hora,

identificação do alimento ou bebidas consumidas,

características detalhadas dos alimentos como o tipo,

ingredientes que compõem as preparações, marca, forma de

preparo e identificação da quantidade consumida, de acordo

com o tamanho da porção e medidas caseiras.

Para auxílio do preenchimento do R24h utilizou-se um

manual contendo desenhos de alimentos e de medidas caseiras

nas três dimensões (pequena, média, grande e

extragrande), mensurados em balança eletrônica e desenhados

com base no peso real do consumo médio de alimentos

validados para esta população foi utilizado, com o

objetivo de quantificar de forma mais eficaz o tamanho das

porções consumidas (LIMA et al., 2008; GIBSON, 1990).

Os alimentos descritos no R24h foram convertidos em

gramas com auxílio do Manual acima mencionado (ASCIUTTI

et al., 2005). As preparações dos alimentos foram

desmembradas segundo seus ingredientes e quantidades e os

nutrientes contidos nos alimentos foram avaliados pelo software

de nutrição Dietwin.

Após a análise dos nutrientes, foi utilizado o Método de

Múltiplas Fontes (MultipleSourceMethod - MSM), online,

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disponível no site (https://msm.dife.de/tps/msm/), para se obter

o consumo habitual (MSM, 2014). Para as análises sobre as

necessidades de nutrientes foram adotadas as recomendações

da DietaryReferenceIntake (DRI), de acordo com a EAR para

vitamina B12 (ALLEN, 2012)

Análise Estatística

Foi realizada análise das características da amostra e

expressa através de uma estatística descritiva representada por

frequência simples, utilizando-se medidas de posição como

tendência central e de dispersão (média, desvio-padrão,

amplitude e porcentagem). Os dados foram avaliados quanto à

normalidade através do teste de normalidade de Lilliefors, que

é uma derivação do teste de Kolmogorov-Smirnov. Todas as

análises estatísticas serão realizadas com o auxílio do software

Core R Development Team. Verificou-se a prevalência de

inadequação do consumo de vitamina B12 em todas as faixas

etárias. Foi estimado o seguinte modelo de regressão com o

escopo de identificar o sinal do coeficiente e a existência de

uma relação linear estatisticamente significativa entre as

variáveis:

Y = β0 + β1 . X

Para a comparação das médias foi utilizado ANOVA

seguido da aplicação do Teste de Tukey e para verificar as

associações será utilizado o Teste qui-quadrado. O nível de

significância adotado foi de 5% para rejeição da hipótese de

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nulidade. Para todas as análises estatísticas, os valores de p

<0,05 foram considerados significativos.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Conforme mostra a tabela 1, a amostra foi composta por

866 indivíduos de todas as faixas etárias e de ambos os

gêneros, dos quais 525 eram do gênero feminino e 340

masculino.

Tabela 1. Características da amostra total dividida por grupo etário. João Pessoa – Paraíba, 2016.

Fonte: Dados da pesquisa

Na tabela 2 são apresentadas a ingestão de vitamina

B12 bem como seus níveis de inadequação no gênero

masculino. No que diz respeito às médias de consumo, pôde-

se observar valores mais elevados nos indivíduos da maior

faixa etária (≥ 60 anos), enquanto que a menor média foi

encontrada na faixa etária que compreende indivíduos adultos,

de 20 a 59 anos. Quando analisados os valores da prevalência

de inadequação, é observado que tanto os adultos quanto

os idosos apresentaram 100% de inadequação, sendo as

crianças aquelas com menores valores (11%).

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Os adolescentes são suscetíveis a deficiências

nutricionais devido à demanda aumentada de nutrientes para

atender o intenso crescimento característico desta fase,

especialmente no que diz respeito as vitaminas do complexo B,

C e minerais como ferro, cálcio e zinco. Assim, o interesse na

alimentação e nutrição nesta faixa etária se justifica diante de

evidências que associam dieta com riscos de patologias

crônicas na vida adulta, tanto pelo excesso quanto pela

carência de nutrientes (SPEAR, 2002; MALIK et al., 2012).

Durante esta fase ocorre um expressivo crescimento e

desenvolvimento corporal e cerebral, sendo a vitamina B12 um

nutriente essencial nesta etapa, podendo sua deficiência,

inclusive, ocasionar problemas mais graves, como desordens

hematológicas e induzir distúrbios neurológicos clínicos e sub

clínicos.

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Tabela 2. Ingestão média de vitamina B12, quartis de ingestão e prevalência de inadequação de vitamina B12 por faixa etária e na amostra total do gênero masculino (João Pessoa/PB, Brasil).

Fonte: Dados da pesquisa

Grande parte dos estudos realizados com esta faixa

etária apontam valores de consumo de vitamina B12 abaixo do

recomendado, havendo ainda, em alguns destes, inadequação

da vitamina supracitada devido ao consumo elevado de

determinados nutrientes, algo que ocorre possivelmente pela

transição nutricional, com o aumento das porções e uma grande

mudança nos hábitos alimentares (APARICIO et al., 2015;

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375

MACFARLANE et al., 2014; THOMAS et al., 2015; BRITO et al.,

2015). A transição nutricional presente nos adolescentes é um

fator social importante que influencia na percepção corporal e

na forma como estes jovens se alimentam.

No entanto, apesar destes fatores, o consumo excedente

de vitamina B12 também é observado entre os adolescentes

conforme observado em estudo realizado por Veiga et al.

(2013). Porém, embora elevados, este resultado não é

caracterizado como um problema nutricional, pois não atinge e

muito menos ultrapassa a UL.

Com relação aos adultos, o estudo em questão observou

outro resultado expressivo ao constatar um consumo

inadequado de vitamina B12 em 100% dos adultos do gênero

masculino. Além de ser importante devido a proporção de

inadequação, este resultado também se faz relevante devido a

escassez de estudos que demonstrem resultados semelhantes.

Araujo et al., (2013) verificaram que, entre o gênero feminino e

o masculino respectivamente, apenas 12,6% e 8,5% da

amostra apresentaram inadequações no consumo da vitamina

em questão.

Esta acentuada deficiência no consumo é um dado

bastante preocupante visto que a vitamina B12 está relacionada

à proteção contra alguns tipos de câncer e redução dos níveis

plasmáticos de homocisteína, que, por sua vez, caracteriza-se

como um fator de risco para doenças cardiovasculares e

doença de Alzheimer (STELUTI et al., 2011). Esta deficiência

também prejudica a síntese de glóbulos vermelhos e a função

neurológica, provocando desmielinização dos nervos – em

parte devido à metilação anormal – podendo levar à demência

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neuropatia periférica, desempenho cognitivo ruim e depressão)

(ALLEN, 2012).

Com relação aos idosos, especialmente aqueles do

gênero masculino onde todos demonstraram consumo

inadequado de vitamina B12, não foi encontrado na literatura

consultada artigos que observaram níveis semelhantes de

inadequação com aquele verificado no presente estudo. Entre

os indivíduos do gênero feminino (tab. 4) a inadequação de

consumo da vitamina supracitada foi menor, sendo este dado

semelhante ao apresentado na literatura por Viñas et al.,

(2011).

O consumo inadequado da vitamina B12 não é uma

condição imperativa para os indivíduos nesta faixa etária, visto

que existem estudos que observaram um consumo adequado

ou acima da média desta vitamina (LIMA, LIMA, ALMEIDA,

2013). No entanto, as inadequações do consumo alimentar são

comuns nesta faixa etária levando à necessidade de melhorias

na alimentação dos mesmos (MALTA, PAPINI, CORRENTE,

2013; FISBERG et al., 2013).

Estas alterações nos perfis de consumo alimentar entre

os idosos podem ser devido às diversas alterações fisiológicas

naturais da idade que interferem na ingestão alimentar,

absorção, digestão e utilização de nutrientes. Também pode

estar relacionada ao fato de que indivíduos idosos possuem

maior dependência de terceiros para a preparação e

fornecimento de alimentos, fazendo com que haja, muitas

vezes, certa negligência nestes quesitos (LIMA, LIMA,

ALMEIDA, 2013; BIERHALS, MELLER, ASSUNÇÃO, 2016).

Uma alimentação adequada em todos os nutrientes

exerce função importante entre os idosos, tanto na saúde

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POPULAÇÃO

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quanto na habilidade funcional, sendo já observado que a

ingestão de vitaminas por idosos brasileiros encontra-se aquém

dos valores recomendados; por isso, a má nutrição nesta faixa

etária pode levar à um risco aumentado de danos à saúde

(FISBERG et al., 2013; VENTURINI et al., 2016).

Quanto ao consumo e inadequação de vitamina B12 no

gênero feminino, apresentados na tabela 3, observa-se que,

assim como no gênero masculino, houve maior média de

consumo nos indivíduos com idade ≥ 60 anos e menor nos

adultos. A prevalência de inadequação foi baixa em todas as

faixas etárias, exceto nas crianças que apresentaram uma

proporção de 81% de inadequação.

No que diz respeito ao consumo alimentar das crianças

do gênero feminino, alguns estudos demonstram níveis de

inadequação semelhantes ao apresentados no presente

estudo, remetendo à baixa ingestão de fontes alimentares ricas

em vitamina B12 por este grupo etário (CARVALHO et al.,

2015).

Com relação as crianças com idade entre 12 e 59 meses,

Shahab-Ferdows et al., (2015) observaram uma taxa de

inadequação de 29% entre as crianças não amamentadas que

compuseram sua amostra. Este dado, apesar de elevado, não

se equipara àquele encontrado no presente estudo, revelando,

portanto, uma taxa de inadequação expressiva na amostra em

questão.

Tabela 3. Ingestão média de vitamina B12, quartis de ingestão e prevalência de inadequação de vitamina B12 por faixa etária e na amostra total do gênero feminino (João Pessoa/PB, Brasil).

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POPULAÇÃO

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Fonte: Dados da pesquisa

No entanto, vale ressaltar que quando inserida em um

meio propício para uma alimentação adequada, a criança

possui maiores chances de ter um consumo suficiente de

nutrientes (CARVALHO et al., 2015).

Todos estes fatores juntos podem ocasionar forte

influência no que diz respeito ao consumo alimentar nesta fase

e também à saúde, visto que um consumo inadequado de

vitamina B12 está associado a aumento do risco de surgimento

de anemia e outras patologias relacionadas.

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POPULAÇÃO

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As variações encontradas nas prevalências de

inadequações entre os grupos estudados, e entre outros

estudos, devem ser analisadas frente a presença de diversas

variáveis que podem ter influenciado em seus resultados,

dentre elas as socioeconômicas e escolares, pois é sabido que

o comprometimentos destas tende a diminuir o acesso a

determinados tipos de alimentos, como aqueles que são fonte

de vitamina B12, bem como também pode afetar negativamente

a obtenção de informações pertinentes a respeito de uma

alimentação saudável e outros fatores que contribuem para

uma boa qualidade de vida.

4 CONCLUSÕES

Conclui-se que indivíduos adultos e idosos do gênero

masculino bem como crianças do gênero feminino, de uma

mesma população do município de João Pessoa-PB,

apresentaram alta prevalência de inadequação do consumo de

vitamina B12.

Os resultados expostos no presente estudo são de

grande relevância para estudos de situação alimentar, visto que

este é o primeiro a analisar o consumo alimentar de vitamina

B12 em indivíduos de todas as faixas etárias e ainda por

apresentar proporções de inadequações significativas para

ambos os gêneros em determinados grupos etários.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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POPULAÇÃO

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PREVALÊNCIA DE INADEQUAÇÃO DO CONSUMO DE VITAMINA B12 EM CRIANÇAS, ADOLESCENTES, ADULTOS E IDOSOS DE UMA MESMA

POPULAÇÃO

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AVALIÇÃO NUTRICIONAL EM CRIANÇAS ASSISTIDAS PELA CRECHE MUNICIPAL NOSSA SENHORA DOS MILAGRES, NO MUNICÍPIO DE BREJO DO

CRUZ, PB

383

CAPÍTULO 22

AVALIÇÃO NUTRICIONAL EM CRIANÇAS ASSISTIDAS PELA CRECHE MUNICIPAL NOSSA SENHORA DOS MILAGRES, NO MUNICÍPIO DE BREJO DO CRUZ, PB

Larissa Maria Gomes DUTRA 1

Rita de Cássia de Araújo BIDÔ 2

Martiniano da Silva LIMA 3

Maria Juliete da Silva OLIVEIRA 4

1 Especialista em Nutrição Clínica/Estácio de Sá; 2 Pós-graduanda em Ciência e Tecnologia de Alimentos/UFPB; 3 Pós-graduando em Nutrição Esportiva/FIP; 4Orientadora/ Pós-

graduanda em Ciência e Tecnologia de Alimentos/ UFPB. [email protected]

RESUMO: O objetivo do trabalho foi avaliar o estado nutricional de crianças assistidas pela Creche Municipal Nossa Senhora dos Milagres, Brejo do Cruz – PB. Estudo do tipo transversal, levantamento antropométrico em pré-escolares regulamente matriculados na Creche, no total de 99 crianças matriculadas, na faixa etária de um ano aos cinco anos. A avaliação nutricional foi realizada de acordo com as técnicas preconizadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), nos índices: Estatura por Idade, Peso por Idade, Peso por Estatura e IMC por Idade. Observou-se no indicador peso para a idade crianças desnutridas, com baixo peso, eutrófica, com sobrepeso e obesidade, 2 (2,5%), 18 (22,5%), 48 (60%), 5 (6,25%) e 7 (8,75%), respectivamente. No indicador estatura para a idade, foi observado que 50% das crianças apresentaram estatura adequada para a idade, enquanto que 25% com risco de baixa estatura para idade, 2,5% risco de estatura elevada para idade. No indicador peso para a estatura, foram detectadas crianças com baixo peso, eutrófica, com sobrepeso, 4 (5%), 48 (60%), 17 (21,25%), e analisando o indicador IMC para a idade, foram detectadas crianças com

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CRUZ, PB

384

baixo peso, eutrófica, e sobrepeso, 4 (5%), 46 (57,5%), 18 (22,5%), respectivamente. No final do estudo pode-se observar que a transição nutricional é um momento vivido por todo o mundo, sendo assim, necessárias intervenções na avaliação no desenvolvimento da criança. Palavras-chave: Criança. Creche. Estado Nutricional.

1 INTRODUÇÃO

O estado nutricional de uma criança possui importante

relação com seu crescimento, contribuindo para o

desenvolvimento de suas aptidões psicomotoras e sociais.

Alterações nutricionais expõem tais crianças a riscos potenciais

de agravos à saúde, bem como a futuros problemas de relações

interpessoais e funcionais dentro da comunidade (SANTOS;

LEÃO, 2008).

A saúde infantil é considerada um indicador de saúde

pública de um país e reflete as condições de vida de uma

população. Há algum tempo atrás a desnutrição infantil era o

distúrbio nutricional frequentemente observado nas crianças

menores de cinco anos. Sobretudo, nos dias atuais, os estudos

vêm mostrando um aumento significativo do sobrepeso em

crianças, decorrente da transição nutricional (BATISTA;

RISSIN, 2010).

Segundo Fernandes, Gallo e Adivincula (2009), o Brasil

é um país que vem passando por este momento de transição,

que se caracteriza pelas mudanças nos padrões de consumo

alimentar da população, ocasionadas por modificações sociais,

econômicas, influência da mídia, família e escola, aumentando

o percentual de obesidade durante a infância, levando a graves

riscos à saúde (SANTOS; LEÃO, 2008).

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CRUZ, PB

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A avaliação do estado nutricional de crianças vem se

tornado cada vez mais importante no estabelecimento de

situações de risco, no diagnóstico nutricional e no planejamento

de ações de promoção à saúde e prevenção de doenças, e ao

monitorar esse estado nutricional é possível obter o

conhecimento do padrão de crescimento da população

analisada, instrumento importante na prevenção e no

diagnóstico de distúrbios nutricionais (PERRONE et al., 2015).

As medidas peso e altura são as medidas

antropométricas mais utilizadas como método de avaliação e de

monitoramento do crescimento durante a infância, devido à fácil

aplicabilidade e ao baixo custo. A avaliação desses parâmetros

permite inúmeras aplicações, tais como prever situação

emergencial relacionada à nutrição e alimentação, mensurar a

distribuição dos recursos econômicos intra e intercomunidades,

rastrear e acompanhar grupos de risco nutricional (PERRONE

et al., 2015).

O benefício oferecido pelas creches é considerado uma

importante estratégia dos países subdesenvolvidos para

aprimorar o crescimento e desenvolvimento de crianças que

pertencem a estratos sociais menos favorecidos. A demanda

por estes serviços é grande, condicionada pela participação

crescente da mulher no mercado de trabalho, principalmente

nas grandes e médias cidades do Brasil (GOULART et al.,

2010)

Assim, as creches vêm se modificando gradativamente

no sentido de se transformar em proposta de política pública

nos setores de educação, nutrição e saúde. O benefício

constitui o principal instrumento de política pública voltado para

a promoção de segurança alimentar e nutricional da população

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urbana de lactentes e pré‐escolares de famílias de baixa renda

(BÓGUS et al., 2007).

Os estudos sobre a influência das creches na saúde das

crianças são inconclusivos. Algumas pesquisas mostraram que

crianças que frequentam creches apresentam maior risco de

desenvolver diarreia e doenças infecciosas respiratórias. Por

outro lado, várias investigações ressaltam a importância das

creches na melhoria do estado nutricional das crianças,

principalmente para aquelas de menor renda familiar. Os

benefícios da assistência a pré-escolares nas creches estão

relacionados à melhor oferta nutricional, aos processos de

socialização e estímulo psicomotor, além do apoio à família

para a guarda segura de seus filhos (ROCHA et al, 2008).

O estado nutricional é resultante da disponibilidade, do

consumo, da absorção e das necessidades individuais de

nutrientes, ficando evidente a influência que o ambiente exerce.

Sendo necessária a realização constante de ações de vigilância

nutricional, em virtude da alta prevalência de distúrbios

nutricionais, como a desnutrição energético-protéica, a anemia

ferropriva e, atualmente, o aumento da obesidade em crianças

(MACHADO et at, 2005).

Assim, torna-se importante conhecer o estado nutricional

de crianças assistidas em uma creche pública do município de

Brejo do Cruz/PB, através do aferimento do peso e do

comprimento/estatura da criança para que assim defina-se o

Índice de Massa Corporal (IMC) e à determinação do estado

nutricional através das técnicas preconizadas pela

Organização Mundial de Saúde (OMS); com o intuito de

elucidar a existência de alguma relação entre o estado

nutricional e ao fato destas receberem uma merenda escolar

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387

planejada dentro dos princípios e normas estabelecidas pelo

Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).

2 MATERIAIS E MÉTODO

Estudo do tipo transversal, constituído de levantamento

antropométrico em pré-escolares regulamente matriculados na

Creche Municipal Nossa Senhora dos Milagres, Brejo do Cruz -

PB, perfazendo um total de 99 crianças matriculadas nos turnos

matutino e vespertino, na faixa etária de um (01) ano aos cinco

(05) anos. O instrumento utilizado para a coleta de dados foi

uma ficha, onde conteve o nome, data de nascimento, peso e

estatura da criança.

A ficha de matrícula da criança foi utilizada para a

determinação da idade cronológica em anos e meses. Para a

aferição do peso, foi utilizada balança digital com capacidade

máxima de 150 Kg e graduação de 100 g. O aluno avaliado ficou

em pé, descalço e foi orientado a ficar na balança em posição

ereta, com o peso distribuído igualmente nas duas pernas, os

braços estendidos ao longo do corpo e o olhar para o horizonte,

segundo o Plano de Frankfort. Para a medição, o aluno ficou

posicionado junto à fita métrica de modo que sua cabeça,

nádegas e calcanhares estejam encostados na parede, em

posição ereta, com o peso distribuído igualmente nas duas

pernas, os braços estendidos ao longo do corpo e o olhar para

o horizonte, segundo o Plano de Frankfort.

A avaliação nutricional das crianças foi realizada de

acordo com as técnicas preconizadas pela Organização

Mundial da Saúde (OMS). Para a análise dos índices: Peso por

Idade, Peso por Estatura e IMC por Idade foram utilizados as

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CRUZ, PB

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seguintes classificações: normalidade ou eutrofia foi conferido

às crianças com percentil no intervalo entre 15 e 85; o

sobrepeso foi classificado com um percentil no intervalo ≥85 e

<97; a obesidade foi apontada com um percentil ≥97; já o baixo

peso foi entendido como um percentil ≥3 e <15; e a desnutrição

foi diagnosticada com um percentil <3. Quanto a Estatura

por Idade os índices foram avaliados da seguinte forma:

estatura adequada para idade foi conferido às crianças com

percentil no intervalo entre 15 e 85; o risco de estatura elevada

para idade foi classificado com um percentil no intervalo ≥85 e

<97; a estatura elevada para a idade foi apontada com um

percentil ≥97; já o risco de baixa estatura para a idade foi

entendido como um percentil ≥3 e <15; e a baixa estatura para

a idade foi diagnosticada com um percentil <3.

Para a análise dos dados, foram gerados gráficos pelo

programa Excel®.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

No total de 99 crianças, foram analisadas 80 (80,80%)

pré-escolares, dos quais 41 alunos eram do sexo feminino e 39

do sexo masculino. A Avaliação Nutricional foi realizada através

das curvas da Organização Mundial de Saúde (OMS), nos

percentis peso/idade, estatura/idade, peso/estatura e

IMC/idade.

A Figura 1, apresenta a distribuição do indicador peso

para a idade em escala de percentis, onde foram detectadas

crianças desnutridas, com baixo peso, eutrófica, com

sobrepeso e obesidade, 2 (2,5%), 18 (22,5%), 48 (60%), 5

(6,25%) e 7 (8,75%), respectivamente. Podendo ver que mais

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CRUZ, PB

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da metade das crianças apresentaram-se eutróficas em relação

ao estado nutricional.

Figura 1 - Estado Nutricional de pré-escolares no Percentil Peso por Idade

Fonte: Pesquisa direta, 2015

Na Figura 2 foi analisado o indicador estatura para a

idade em escala de percentis, onde observou que 50% das

crianças avaliadas apresentaram estatura adequada para a

idade, enquanto que 21,25% mostraram baixa estatura para a

idade, 25% risco de baixa estatura para idade, 2,5% risco de

estatura elevada para idade e 1,25% estatura elevada para a

idade.

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CRUZ, PB

390

Figura 2 - Estado Nutricional de pré-escolares no Percentil Estatura por Idade

Fonte: Pesquisa direta, 2015

Em relação a distribuição do indicador peso para a

estatura em escala de percentis, foram detectadas crianças

desnutridas 1 (1,25%), com baixo peso 4 (5%), eutrófica 48

(60%), com sobrepeso 17 (21,25%) e obesidade 10 (12,25%).

Sendo assim, mais da metade das crianças neste parâmetro

apresentaram-se eutróficas (Figura 3).

Figura 3 - Estado Nutricional de pré-escolares no Percentil Peso por Estatura

Fonte: Pesquisa direta, 2015

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391

Analisando a Figura 4, a distribuição do indicador IMC

para a idade em escala de percentis, onde foram detectadas

crianças desnutridas, com baixo peso, eutrófica, com

sobrepeso e obesidade, 1 (1,25%),4 (5%), 46 (57,5%), 18

(22,5%) e 11 (13,75%), respectivamente.

Figura 4 - Estado Nutricional de pré-escolares no Percentil IMC por Idade

Fonte: Pesquisa direta, 2015

A Figura 5, mostra um aumento de peso em crianças,

onde foram detectadas 18 (22,5%) crianças com sobrepeso e 4

(5%) escolares com baixo peso.

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CRUZ, PB

392

Figura 5 - Distribuição em porcentagens de Baixo peso e Sobreso em pré-escolares

Fonte: Pesquisa direta, 2015

A maioria dos problemas de saúde e nutrição durante a

infância está relacionada com consumo alimentar inadequado

e infecções de repetição, sendo que essas duas condições

estão intimamente relacionadas com o padrão de vida da

população, que inclui o acesso a alimentação, moradia e

assitência à saúde. Dessa forma, então, a avaliação do

crescimento infantil é também uma medida indireta da

qualidade de vida da população (ONIS et al., 1993).

Os parâmetros antropométricos usualmente utilizados

para avaliar a condição nutricional de crianças são o peso e a

estatura que representam, no nível individual ou de populações,

o grau de ajustamento entre o potencial genético de

crescimento e os fatores ambientais favoráveis e nocivos. Há

evidências de que o crescimento em estatura e peso de

crianças saudáveis de diferentes origens étnicas, submetidas a

condições adequadas de vida, são similares até os cinco anos

de idade. Assim, existe a possibilidade de utilizar um referencial

único, internacional, para avaliar o crescimento e o estado de

nutrição de diferentes regiões (SIGULEM et al., 2000).

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CRUZ, PB

393

O perfil do grupo antropométrico em estudo, quando

comparados aos percentis de referência contidos nas curvas da

OMS, indica que há uma alta prevalência de crianças com

sobrepeso nos percentis peso/estatura (21,25%) e IMC/idade

(22,5%) quando se compara com as crianças de baixo peso

(5%) e (5%), concomitantemente e no percentil peso/idade

pode-se observar um alto percentual de baixo peso (22,5%)

comparando com sobrepeso (6,26%). Flores et al, (2013),

analisando o excesso de peso (sobrepeso + obesidade),

verificou dados preocupantes: cerca de 20% no sobrepeso, e

na obesidade, varia de 5,5% a 12,2% no último período avaliado

2009 a 2011, representando uma média de prevalência de

excesso de peso de 27,6% no sexo masculino e de 33,8 % no

sexo feminino, corrobando com os dados demostrados na

Gráfico 5, podendo-se notar a identificação de 18 (22,5%) dos

pré-escolares estão com sobrepeso e 4 (5%) das crianças com

baixo peso, tal fato pode ser atribuído a transição nutricional,

endossando a ideia de que a sobrepeso/obesidade infantil vem

se tornando um problema de saúde pública.

É preciso destacar que o maior risco, em longo prazo, da

obesidade infantil, é sua persistência no adulto, com todas as

consequências associadas a prejuízos a saúde, como as

doenças crônicas não transmissíveis, hipertensão, diabetes,

dislipidemias e doenças cardiovasculares. (FERNANDES;

GALLO; ADVÍNCULA; 2006). O crescente aumento do número

de indivíduos obesos parece estar mais relacionado às

mudanças no estilo de vida e aos hábitos alimentares (SILVA et

al., 2001).

No parâmetro peso/idade, após a eutrofia, o estado

nutricional mais prevalente foi o de baixo peso com o percentual

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CRUZ, PB

394

de 22,5% para todas as crianças avaliadas. Este valor encontra-

se aumentado quando comparado com outros estudos que

apresentam prevalência de 4,5% de baixo peso para idade,

para crianças no estado do Pará, também na Regiäo Norte

(NEVES et al., 2006).

No parâmetro estatura/idade, o segundo estado

nutricional mais prevalente foi o de risco de baixa estatura com

25% das crianças avaliadas. Os resultados encontrados por

Santos e Leão (2008), as crianças apresentaram risco de baixa

estatura e peso elevado para a idade, ocasionando risco de

sobrepeso, no qual apontam como reflexo da transição

nutricional

No parâmetro de IMC/idade o segundo estado nutricional

mais prevalente foi o de sobrepeso denotado em 22,5% das

crianças avaliadas. Sendo o IMC um índice relativo do peso e

da estatura, podemos dizer que a adequação do escore-z

IMC/idade pode não refletir o excesso de peso na população,

mascarado pela baixa estatura. Crianças com baixa estatura

podem estar no peso ideal para sua estatura, entretanto abaixo

do peso ideal para sua idade.

Pedraza e Mendezes (2016) sugerem que o processo de

transição nutricional evidenciado na população brasileira se

apresenta também na população de crianças assistidas em

creches, ressalta‐se a necessidade do desenvolvimento de um

inquérito multicêntrico sobre saúde e nutrição, aliado à maior

quantidade de investigações pontuais, mas comparáveis, para

avaliar de forma mais precisa o comportamento atual das

prevalências de má‐nutrição de crianças assistidas em creches.

Isto tornaria possível comparar de forma mais clara os

indicadores do estado nutricional de crianças assistidas em

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CRUZ, PB

395

creches com dados nacionais e de outros grupos vulneráveis e

o planejamento de intervenções direcionadas ao controle do

sobrepeso e do déficit de estatura.

No presente estudo verificou-se que a maioria da

população estudada apresentou peso adequado para idade,

revelando um adequado estado nutricional desses pré-

escolares.

É importante ressaltar que para manter um bom estado

nutricional de crianças se faz necessário uma alimentação

adequada não só no ambiente familiar, como dentro da própria

escola, pois uma alimentação inadequada pode acarretar serias

consequências. Essas consequências durante a fase pré-

escolar incluem dentre outras situações, alterações no

aprendizado, déficit de atenção, deficiências nutricionais, e

ainda contribuem para o surgimento do peso elevado para

idade, ocasionando sobrepeso e obesidade (DESPAIN, 2011).

Podendo-se notar a importância da realização de

eventos, como ações educativas no que tange a alimentação e

a nutrição para que haja melhoras no nível de conhecimento

nos hábitos de vida saudáveis.

4 CONCLUSÕES

Ao final deste estudo pode-se confirmar, por meio da

avaliação do perfil nutricional das crianças pré-escolares

pertencentes a creche pública da cidade de brejo do Cruz-PB,

que a transição nutricional é um momento vivido por todo o

mundo, mostrando que, há um aumento de peso nas crianças

avaliadas, onde foram detectadas 18 (22,5%) com sobrepeso e

4 (5%) escolares com baixo peso. Sendo assim, necessária

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AVALIÇÃO NUTRICIONAL EM CRIANÇAS ASSISTIDAS PELA CRECHE MUNICIPAL NOSSA SENHORA DOS MILAGRES, NO MUNICÍPIO DE BREJO DO

CRUZ, PB

396

intervenções na avaliação no desenvolvimento da criança bem

como ações de educação alimentar e nutricional,

principalmente nesta fase infantil onde seus hábitos alimentares

são formados.

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AVALIÇÃO NUTRICIONAL EM CRIANÇAS ASSISTIDAS PELA CRECHE MUNICIPAL NOSSA SENHORA DOS MILAGRES, NO MUNICÍPIO DE BREJO DO

CRUZ, PB

397

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O PAPEL DOS MICRONUTRIENTES NA NUTRIÇÃO E SISTEMA IMUNE

398

CAPÍTULO 23

O PAPEL DOS MICRONUTRIENTES NA NUTRIÇÃO E SISTEMA IMUNE

Erika Maria Pereira MATOS¹ Giselle Medeiros da Costa ONE³

Nutricionista¹, Bióloga Dra.

RESUMO: Micronutrientes são definidos como vitaminas e minerais que são essenciais para o bom funcionamento do nosso corpo, porém necessários em pequenas quantidades. A ingestão inapropriada de alguns nutrientes pode estar agregada a diferentes prejuízos na capacidade normal de defesa celular e/ou humoral. Objetivou-se conhecer a influência dos micronutrientes e sua implicação no estado nutricional, identificarem a importância nutricional e biológica dos micronutrientes sobre o sistema imune, verificar a relação entre micronutrientes e excesso de peso e descrever fontes dietéticas dos micronutrientes. O estudo foi realizado nos bancos de dados BIREME, MEDLINE, SCIELO E LILACS com artigos dos últimos 15 anos. Neste estudo foram utilizados os seguintes descritores: “consumo de micronutrientes”, “consumo alimentar”, “excesso de peso”, “estado nutricional“, “saúde”, “desnutrição”, “carência alimentar”, “imunidade” e “sistema imunológico” e todos os artigos selecionados foram da língua portuguesa. Os micronutrientes citados nessa revisão mais importantes para a saúde são o cálcio, ferro, zinco e vitaminas A, C e D. O cálcio é o componente básico da estrutura óssea, ajuda a construir os dentes e tem função antialérgica e desintoxicante. O ferro é importante para o organismo porque é um dos componentes da hemoglobina, mioglobina e enzimas respiratórias, sendo de fundamental importância para a respiração celular. O zinco é um mineral essencial para o

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O PAPEL DOS MICRONUTRIENTES NA NUTRIÇÃO E SISTEMA IMUNE

399

desenvolvimento normal e função de células imunológicas. vitamina A está relacionada às reações da visão e diferenciação epitelial, C e D, tem função antioxidante, limitando o estresse oxidativo e a ação dos radicais livres sobre as estruturas celulares. A deficiência de ferro, zinco e vitamina A pode levar a diversos prejuízos na função imunológica normal, incluindo defeitos nas respostas inatas e adaptativas. Concluiu-se que a adequação nutricional de micronutrientes está intimamente relacionada ao bom funcionamento do sistema imunológico. Palavras chave: Sistema imune, Micronutrientes, Defesa de organismo. 1 INTRODUÇÃO

Desde os primórdios já se ouvia falar em doenças e

epidemias que acomete a humanidade e causam inúmeras

mortes (GUTIERREZ; OBERDIEK, 2001), mas sempre houve

indivíduos que mesmo contraindo a doença se recuperavam e

não morriam, sendo considerada imune a enfermidade. O termo

imunidade surgiu do latimimmunitasna Roma Antiga e fazia

referência legal aos senadores romano.

O sistema imunológico ou sistema imune engloba todos

os processos pelos quais um organismo se defende de agentes

estranhos, conhecidos com antígenos (MOYNIHAN;

PETERSEN, 2006). O conjunto de órgãos, células e moléculas

responsáveis pela imunidade constituem o sistema

imunológico, e suas ações coletivas de resposta na

apresentação de substâncias estranhas é chamado de resposta

imune (ABBAS, 2008).

A relação entre nutrição e imunidade é conhecida desde

a antiguidade. Scrimshaw, em 1959, fez uma revisão da

literatura com relação ao tema Nutrição e Resposta Imune, no

qual concluiu que: "Muitas das importantes infecções das

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O PAPEL DOS MICRONUTRIENTES NA NUTRIÇÃO E SISTEMA IMUNE

400

populações humanas tornam-se mais severas quando há má-

nutrição e muitas infecções isoladamente causam alterações

nutricionais" (ROZICKI, 2000).

A imunidade é regulada pela produção de APC´s

(Células apresentadoras de antígenos), imunoglobulinas e

citocinas (CALDER, 2011), e o sistema imunológico necessita

de aminoácidos para a síntese de moléculas com grande

importância biológica como proteínas e lipídeos (KIM et al.,

2007).

A desnutrição acarreta consequências negativas no

crescimento de crianças e nos mecanismos gerais de defesa,

resultando em um indivíduo mais suscetível a enfermidades,

devido a interação entre desnutrição, sistema imune e doenças

infecciosas (MOYNIHAN; PETERSEN, 2016). Kemp et al.

(2002) mencionam que muitas doenças crônicas, incluindo

infecções, aterosclerose, artrite, câncer tem suas raízes em

alterações do sistema imune e seu curso pode ser alterado com

tratamentos nutricionais.

A insuficiente ingestão de micronutrientes em

consequência da desnutrição ou de uma alimentação

desequilibrada traz prejuízos ao sistema imunológico, isso

contribui para o aumento da suscetibilidade de animais e seres

humanos a doenças infecciosas, por sua vez, produzem

mudanças fisiológicas que pioram o estado nutricional

(CHANDRA, 2002). Verifica-se nos dia atuais que a

alimentação da população no geral está totalmente

desequilibrada, desencadeando processos inflamatórios e

infecciosos.

Pinheiro et al. (2010) identificou que no Brasil existe uma

grande limitação sobre o consumo de micronutrientes, pois a

ingestão de vitaminas e minerais é inadequada na dieta padrão

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401

do país, independente da classe social, afirmando que: “A

inadequação no consumo de vitaminas e minerais foi de 50%

para vitamina A, 80% para vitamina C e para magnésio, 81%

para vitamina K e, 99% para vitaminas E e D”.

Leão e Santos (2012) confirmam que a deficiência no

consumo de micronutrientes é um problema de saúde global,

atingindo cerca de 2 bilhões de pessoas e está associado a

vários problemas, entre eles obesidade (POPKIN, 2001), a

capacidade do hospedeiro produzir resposta inflamatória

protetora (CAPIK, 2010), baixa estatura em crianças (ONIS;

BLOSSNER, 2003), em pessoas hospitalizadas contribui para o

desenvolvimento de infecção, sepse, falência de órgãos, má

cicatrização de feridas e aumento geral da morbidade e

mortalidade (CERRA et al., 1990).

Objetivou-se conhecer a influência dos micronutrientes e

sua implicação no estado nutricional, identificar a importância

nutricional e biológica dos micronutrientes sobre o sistema

imune, verificar a relação entre micronutrientes e excesso de

peso e descrever e fontes dietéticas dos micronutrientes.

2 MATERIAL E MÉTODOS

Este estudo tratou de uma revisão bibliográfica,

realizada através de método investigativo, que, segundo

Prodanov (2013) engloba a análise de trabalhos já realizados

na área, com o intuito de prover ao leitor o entendimento

necessário sobre a importância dos micronutrientes no

sistema imunológico.

Para a realização das buscas dos artigos científicos,

foram utilizadas diversas bases de dados, como sistema

BIREME (Biblioteca Virtual em Saúde); MEDLINE; SciELO

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402

(ScientificElectronic Library Online); LILACS (Literatura Latino-

Americana e do Caribe em Ciências da Saúde) dos últimos 15

anos. Neste estudo foram utilizados os seguintes descritores:

“consumo de micronutrientes”, “consumo alimentar”, “excesso

de peso”, “estado nutricional“, “saúde”, “desnutrição”, “carência

alimentar”, “imunidade” e “sistema imunológico” e todos os

artigos utilizados foram da língua portuguesa.

Foram encontrados 32 artigos científicos sobre

alimentação e sistema imunológico. Como critérios de inclusão

foram selecionados os artigos que se referiam apenas à

micronutriente e sistema imunológico e como critério de

exclusão para este trabalho e tendo que sejam dispensáveis os

artigos referentes à alimentação e imunidade, mas não

especificamente micronutrientes.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

SISTEMA IMUNOLÓGICO

O sistema imunológico ou sistema imune envolve os

mecanismos pelos quais um organismo se defende de

patógenos e é formado por moléculas, células e órgãos em prol

da homeostase do organismo. Esse sistema constitui a defesa

do hospedeiro contra agentes agressores externos, tais como

bactérias, vírus e parasitas ou internos como, por exemplo,

células neoplásicas malignas (SARNI et al., 2010).

As células que fazem parte do sistema imunitário são os

neutrófilos, eosinófilos, basófilos, linfócitos T, linfócitos B, células

NK, macrófagos, mastócitos e monócitos (LEÃO; SANTOS, 2012).

Os neutrófilos atuam na defesa fagocitando bactérias e

outros microrganismos, oseosinófilos são responsáveis por

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O PAPEL DOS MICRONUTRIENTES NA NUTRIÇÃO E SISTEMA IMUNE

403

fagocitar e eliminar complexos de antígenos com anticorpos

que aparecem em casos de alergia;os basófilos liberam

heparina e histamina durante o processo de combate a agentes

infecciosos;os linfócitos são divididos em linfócito T-

citotóxico,linfócito T- auxiliar,helperouT4; linfócito T- supressor

e linfócito T de memória, no geral tem como função síntese de

anticorpos visando destruir os microrganismos invasores; os

linfócitos B atuam na produção de anticorpos específicos contra

um determinado agressor (BONHAM et al.,2002).

As células NK conhecidas como Natural Killer ou linfócitos

NK destroem as células tumorais ou infectadas por vírus sem que eles

expressem qualquer tipo de antígeno ativador da resposta imune

específica. Os macrófagos tem função de fagocitar restos celulares,

células mortas, proteínas estranhas, calo ósseo que se formou em uma

fratura, tecido de cicatrização dentre outros (CRUVINEL et al., 2010).

Os mastócitos liberam histamina, a heparina, a serotonina, mediadores

químicos da inflamação, sendo células de grande importância em

reações alérgicas, pois atrai os leucócitos e cria uma vasodilatação; já

os monócitos que se transformam em macrófagos quando necessário

(BONHAM et al.,2002).

Os órgãos primários, como a medula óssea e o timo são

responsáveis pela produção e pelo amadurecimento e desenvolvimento

das células. A medula óssea atua na produção de células sanguíneas e

plaquetas, produzem Linfócitos B, Linfócitos T e é responsável pela

diferenciação e maturação dos linfócitos B; e o timo, que é um órgão

linfático situado na porção anteros superior da cavidade torácica,

abaixo do osso esterno que é responsável pela maturação de Linfócitos

T maduros, estes comandam todas as outras células do sistema

imunológico (JANEWAY et al., 2002).

Os linfonodos, baço, tonsilas e placa de Peyer são consideradas

órgãos secundários. Os linfonodos são órgãos pequenos que localizam-

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O PAPEL DOS MICRONUTRIENTES NA NUTRIÇÃO E SISTEMA IMUNE

404

se nas axilas, na região inguinal, no pescoço e ao redor de grandes

vasos do organismo. Aparecem no meio do trajeto de vasos linfáticos,

coletam o fluido extracelular dos tecidos, removem bactérias, vírus,

restos celulares e retornando-os para o sangue. Este fluido recebe o

nome de linfa (ABBAS et al., 2007). O baço é considerado o centro de

maturação dos linfócitos, sendo responsável pela liberação de

linfócitos B, T, plasmócitos, e outras células linfóides maduras e

capazes e capazes de realizar uma resposta imune para o sangue e não

para a linfa, lançando estas hemácias para circulação no caso de

necessidade (sob estímulo da adrenalina liberada numa situação de

estresse/alerta) (SARNI et al., 2010).

O sistema imunológico pode ser dividido em imunidade

natural e o adquirido. A imunidade natural é uma resposta

rápida chamada de primeira linha de defesa do organismo. A

imunidade adquirida atua selecionando linfócitos e produzindo

anticorpos específicos, que demora alguns dias para se

estabelecer (MEDZHITOV; JANEWAY, 2000; TIZARD, 2002).

O sistema imunológico possui dois tipos de defesa, a

imunidade celular e a imunidade humoral. A humoral

corresponde à defesa mediada através dos linfócitos T e a

humoral está relacionada com a participação de anticorpos

específicos produzidos pelos linfócitos B maduros. Esses

anticorpos são os principais agentes da imunidade humoral, e

eles são capazes de reconhecer o antígeno em específico e se

ligar a ele, estimulando assim a formação do anticorpo em uma

reação antígeno-anticorpo específico (MISSIMA; SFORCIN,

2008; CRUVINEL et al., 2010).

Além das células de defesa já mencionadas, o sistema

imune é dotado de células de memória, que armazenam

informações sobre agentes infecciosos que o organismo já

entrou em contato, mesmo que tenha sido anos atrás. Caso o

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405

organismo tinha contato com esse agente infeccioso

novamente, as células de memória serão ativadas e

estimuladas a se reproduzirem, despertando rapidamente a

ação das células defensoras específicas que irão realizar a

interação antígeno-anticorpo e consequentemente a defesa do

organismo (CRUVINEL et al., 2010).

As células da memória estão bem relacionadas com a

imunização do tipo ativa onde o organismo tem contato com o

antígeno atenuado e produzirá células de defesa, e estas

informações ficarão armazenadas como células de memória do

indivíduo através da vacinação (BONHAM, 2012; JANEWAYet

al., 2002).

Quando o indivíduo não tem tempo de produzir células

de memória e necessita de defesa rápida, como em casos de

acidentes com animais venenosos ou com objetos suspeitos de

estarem contaminados com a bactéria causadora do tétano, é

necessário utilização de anticorpos já prontos chamado de soro,

e possuem anticorpos que conseguem neutralizar em poucos

instantes os antígenos, impedindo que a infecção ou da

intoxicação se instale. Essa imunização é conhecida como

passiva (MISSIMA; SFORCIN, 2008).

3.1 NUTRIÇÃO E SISTEMA IMUNE

A alimentação e os nutrientes são de grande importância

para o metabolismo e a saúde dos indivíduos e a cada dia

comprova-se a influência desses alimentos no sistema

imunológico. A desnutrição é uma consequência a falta ou da

carência de ingestão de alimentos, resultando assim deficiência

de aminoácidos, carboidratos, ácidos graxos, minerais (SAKER,

2006), calorias, vitaminas A, D, E, cianocobalamina, piridoxina,

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O PAPEL DOS MICRONUTRIENTES NA NUTRIÇÃO E SISTEMA IMUNE

406

ácido fólico e minerais como ferro, zinco, cobre, magnésio e

selênio, e causa vários problemas para a saúde do indivíduo e

afeta principalmente os mecanismos gerais de defesa.

Elementos como aminoácidos, são nutrientes para os

quais já se estabeleceu relação entre sua condição no

organismo e o funcionamento do sistema imune (BRUNETTO

et al., 2007). Mccowen e Bistrain (2003) completam que a

glutamina, arginina, nucleotídeos, ácidos graxos e fibra dietética

(uma fonte de ácidos graxos de cadeia curta), são necessários

para o crescimento e função normal das células epiteliais da

mucosa intestinal, bem como das células linfoides associadas

a ela, para que possam atuar na defesa contra patógenos.

O sistema imunológico depende dos aminoácidos para a

síntese proteica e de outras estruturas ou células, como as APC

– células apresentadoras de antígenos que tem grande

importância para a defesa do organismo. Missima e Sforcin

(2008) relatam que desequilíbrios nutricionais afetam a

capacidade do hospedeiro de sintetizar resposta inflamatória

protetora acarretando prejuízos às defesas imunológicas em

todos os processos, indo desde o processo de fagocitose,

sistema complemento, secreção de anticorpos, produção e

função de citocinas, imunidade mediada por células (CAPÍK,

2010). A escassez de nutrientes antioxidantes promove imuno

supressão celular, podendo a desnutrição intensificar a

gravidade de infecções e acentuar a sua evolução

(MOYNIHAN; PETERSEN, 2006).

Essa relação entre a nutrição e imunidade é estudada

desde a década de 60 onde foi verificado que a alimentação é

um fator crítico da resposta imune e é um índice muito sensível

do estado nutricional do paciente (ROZICKI, 2001),

independente do sexo e da idade.

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O PAPEL DOS MICRONUTRIENTES NA NUTRIÇÃO E SISTEMA IMUNE

407

Serafini (2000) afirma que o declínio em ambos os

parâmetros específicos e não específicos da imunidade tem

sido associado à desnutrição e à deficiência de proteína, e o

grau de comprometimento do sistema de defesa está

diretamente relacionado com o tempo e a severidade da

desnutrição.

Pesquisas mostram que deficiências leves, sub clínicas

de alguns nutrientes são significativos nas alterações da

resposta imune, e esta pode ser a causa de diversas doenças.

Muitas doenças crônicas, incluindo infecções, aterosclerose,

artrite, câncer tem suas raízes em alterações do sistema imune

e pode ser alterado com tratamentos nutricionais (KEMP et al.,

2003).

Rozicki (2001) afirma que é de grande importância

estabelecer como a resposta imune está sendo afetadas, quais

nutrientes são mais importantes e qual a quantidade ótima de

cada nutriente que deve ser ingerido com o objetivo de obter

uma resposta imune com benefícios máximos em cada

situação, pois investimentos em pesquisas e programas de

avaliação e intervenção sobre o estado nutricional são

ferramentas importantes na promoção da saúde do indivíduo,

visando prevenir ou identificar precocemente deficiências

nutricionais e assim tentar minimizar seus efeitos ao longo da

vida.

Li et al. (2007) confirmam que a suplementação dietética

de aminoácidos específicos em desnutridos e/ou com doenças

infecciosas aumenta o estado imunológico, reduzindo a

mobilidade e mortalidade.

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408

3.2 MICRONUTRIENTES E IMUNIDADE

O consumo insuficiente de micronutrientes está entre os

dez principais fatores de risco para a carga total global de

doenças em todo o mundo, sendo considerado o terceiro fator

de risco previsível de doenças e agravos não-transmissíveis

(WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2002).

A relação entre nutrição e imunidade foi comprovada no

início da década de 70 quando testes imunológicos começaram

a fazer parte da avaliação do estado nutricional (HOLT et al.,

2009). Entre as alterações imunológicas relacionadas à

desnutrição destacam-se: prejuízo na estrutura e função do

timo, redução na função das células T, redução em todos os

componentes do sistema complemento (particularmente o C3 e

o fator B), exceto o C4; comprometimento da fagocitose, da

resposta citocínica, produção de anticorpos e afinidade

antígeno-anticorpo (KATONA, 2008).

Minerais e vitaminas são de grande importância para as

reações metabólicas, são componentes principais de atividades

antioxidantes e estão recebendo muita atenção na comunidade

científica como moduladores dos componentes imunológicos

(SAKER, 2006).

O zinco é um cofator importante para várias enzimas

envolvidas no metabolismo celular e está diretamente

relacionado com a atividade de células T auxiliadoras,

desenvolvimento de linfócitos T citotóxicos, hipersensibilidade

retardada, proliferação de linfócitos T, produção de interleucina

(IL)-2 e apoptose de células de linhagens mieloide e linfóide

(FISBERG et al., 2011). Sua deficiência também pode resultar

em um estado de imuno deficiência. Deficiência de zinco está

relacionada à diminuição da população de células de CD4 (Th)

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O PAPEL DOS MICRONUTRIENTES NA NUTRIÇÃO E SISTEMA IMUNE

409

e aumento de CD8 (T-supressores), reduzida resposta

proliferativa a mitógenos e atividade das células natural killer,

além de diminuição da quimiotaxia de monócitos e neutrófilos

(CHANDRA, 1990).

O ferro é componente de várias proteínas, incluindo

enzimas, citocromos, mioglobina e hemoglobina, é encontrada

em carnes, principalmente as vermelhas e vísceras (fígado, rim

e coração), são de grande importância para o sistema imune, e

sua falta induz redução no poder bactericida de fagócitos,

menor proliferação linfocitária e redução da população de

células. Não ocorrem prejuízos, no entanto, à resposta humoral

(BAINES; SHENKIN, 2002).

O magnésio é um mineral essencial para o corpo

humano, necessário para mais de 300 processos biológicos

muito importantes, entre eles é o fato de ser co-fator na síntese

de DNA. Sua deficiência promove alteração no funcionamento

de linfócitos T e B (CHANDRA, 1992b).

O cobre tem um significativo efeito que transforma o íon

superóxido em peróxido, radical livre que a enzima

glutationaperoxidase eliminará do organismo durante o

processo de fagocitose. Sua deficiência altera os linfócitos T e

B, os neutrófilos e os macrófagos, resultando na queda das

células protetoras de anticorpos e consequentemente em uma

queda na resposta imunológica específica e

inespecífica(SAKER et al., 1998) e ocasiona redução do

número de linfócitos circulantes, da produção de anticorpos e

do poder fagocitário, além de causar atrofia do timo e menor

produção de citocinas (BAINES; SHENKIN, 2002).

O selênio é integrante da enzima glutationaperoxidase,

que é importante na estabilização dos peroxissomos dos

fagócitos, apresentando correlação com seu poder de inativar

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410

agentes infecciosos. Ele afeta a capacidade proliferativa de

linfócitos, bem como de todos os componentes do sistema

imunológico (CHANDRA, 1992b).

As vitaminas também se apresentam como importantes

no sistema de defesa dos organismos. Os antioxidantes

encontrados nos alimentos auxiliam na produção de radicais

livres que por sua vez atuam na destruição de microrganismos

durante o processo de fagocitose e atuam como fatores de

transcrição na sinalização intracelular, induzindo à apoptose.

A deficiência de vitamina A está associada ao aumento

da suscetibilidade a infecções. Na hipovitaminose A, verifica-se

redução =do tamanho do timo e do baço, menor atividade de

células natural killer, redução da produção de interferon e da

resposta de hipersensibilidade cutânea tardia, menor atividade

de macrófagos e redução da proliferação linfocitária

(CHANDRA, 1992b). Sinais da deficiência de vitamina A

incluem anormalidades da função imune, pois a deficiência

desta vitamina prejudica a produção e secreção de IgA, diminui

a produção de muco (um componente do sistema imune inato)

(BAUMGARTNER et al., 1997).

Um exemplo é a ativação do fator nuclear kappa B,

induzida pelo peróxido de hidrogênio e bloqueada por vários

antioxidantes, incluindo a vitamina E (KAGUNOVA et al., 2011).

Quanto aos eventos adversos, sua produção tem sido implicada

na carcinogênese, na progressão de doenças cardiovasculares,

na patogênese da sepse, em complicações do diabetes

mellitus, disfunções cognitivas associadas ao envelhecimento e

também na isquemia tecidual seguida de reperfusão que

ocorre, por exemplo, em procedimentos cirúrgicos (LEITE;

SARNI, 2003).

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411

As vitaminas hidrossolúveis, como a vitamina C e as

vitaminas do complexo B (B1 ou tiamina; B2 ou riboflavina;

niacina, que inclui o ácido nicotínico 29 e a nicotinamida; B6,

que agrupa a piridoxina, piridoxal e a piridoxamina e B12 ou

cobalamina; ácido fólico; ácido pantotênico e biotina) não são

estocadas no organismo, sendo necessária ingestão constante.

Além de sua interferência na imunidade, são fundamentais aos

processos de produção e uso de energia, atuando como co-

fatores enzimáticos em várias etapas do ciclo de Krebs

(KAGUNOVA et al., 2011).

A vitamina C ou ácido ascórbico é um ácido ascórbico é

um micronutriente essencial que está envolvida na síntese de

colágeno e nos mecanismo de defesa antioxidante. É um dos

nutrientes antioxidantes mais abundantes do fluido extracelular

do pulmão, estando relacionado com o sistema imunológico

(FISBERG, 2008).

3.2.1 Vitamina “A” e imunidade

A carência de vitamina A esta diretamente ligada ao

aumento de suscetibilidade a infecções. Na hipovitaminose A,

percebe-se diminuição do tamanho do timo e do baço, uma

atividade menor das células natural killer, baixa da produção de

interferon e da resposta de hipersensibilidade cutânea tardia,

redução da atividade de macrófagos e baixa na proliferação

linfocitária (LUZ, 2001). Alguns sinais da deficiência dessa

vitamina incluem anormalidades da função imune, uma vez que

a deficiência da vitamina A prejudica a produção e secreção de

IgA, diminui a produção de muco (um componente do sistema

imune inato) e leva a queratinização do epitélio secretor.

Quando a vitamina A se liga a remanescentes de quilomícrons

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412

exerce modulação da ativação de células B normais, da

produção de citocinas e de anticorpos. O -caroteno, um

precursor da vitamina A, mostrou melhorar a produção de

células T e B em animais (MOREIRA, 2009).

A vitamina A pode ser facilmente encontrada em vegetais

com alto teor de carotenóides que no organismo é convertido

em vitamina A. Os legumes e frutas de cor alaranjada ou

amarelada e os vegetais folhosos de cor verde-escuros, de uma

maneira geral, são fontes riquíssimas em carotenóide,

como:cajá, manga, caju maduro, mamão, abóbora, cenoura,

batata doce, chicória, salsa, espinafre, couve, entre outros

(TABELA DE COMPOSIÇÃO QUIMICA DOS ALIMENTOS,

2011).

3.2.2 Vitamina “C” e imunidade

O ácido ascórbico, mais conhecido como vitamina C, é

um antioxidante hidrossolúvel que desempenha varias funções

no organismo. Por ser solúvel em água, acredita-se que a

vitamina C faça parte da primeira linha de defesa do organismo.

E, por ter facilidade em doar elétrons, possua função

antioxidante. A vitamina C atua como cofator para enzimas que

estão envolvidas na biossíntese de colágeno, carnitinina,

neurotransmissores e hormônios adrenais (MANELA-AZULAY

et. al., 2003).

Alguns estudos mostram o envolvimento dessa vitamina

na regulação do metabolismo do ferro não heme, aumentando

assim a absorção desse mineral. Ainda, esta diretamente ligada

à melhora da respostado sistema imunológico e na proteção

das células em relação ao dano causado pelos radicais livres

(CLARK, 2009).

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A carência da vitamina C causa escorbuto e outros danos

como depressão, histeria, distúrbios neurológicos, porém os

sintomas são rapidamente desaparecidos com a administração

adequada de doses terapêuticas dessa vitamina (OLIVEIRA;

MARCHINI, 2008).

Alimentos que são boas fontes de vitamina C incluem

determinados vegetais e frutas, como: batatas, pimentão verde,

brócolis, couve-flor, folhoso verde, morango, frutas cítricas,

entre outras e em quantidades variadas. Existem outros

alimentos fontes dessa vitamina, porém com um teor baixo,

como: carnes, cereais e leites (MAHAN; ESCOTT-STUMP,

2005; ROSA, 2007).

3.3.3 Vitamina “D” e imunidade

A vitamina D é um hormônio indispensável para a

homeostase do mineral cálcio e para a manutenção da saúde

óssea. Esta vitamina é sintetizada pela após exposição solar e

tem a 25-diidroxi-vitamina D – 25(OH)D – como o seu

metabolito mais abundante na circulação e como indicador de

estado nutricional da vitamina D (FISBERG et al., 2008).

Essa vitamina exerce função na imunidade, reprodução

e secreção de insulina. Agindo em conjunto com o paratormônio

(PTH), mobiliza cálcio dos ossos e aumenta a absorção tubular

renal de cálcio e de fósforo (CANOY et al., 2005).A vitamina D,

ainda, esta diretamente envolvida no crescimento ósseo, pois

ela estimula a diferenciação dos condrócitos da placa de

crescimento (WINZENBERG, 2016).

Em razão deste nutriente está disponível através da luz

solar nos tecidos subcutâneos, a ingestão diária pelas fontes

dietéticas depende de alguns fatores, como: o tempo passado

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fora de casa e a localização geográfica. A prática de atividade

física é um estimulo importante aumentar a produção da

vitamina D pelo organismo (WINZENBERG;JONES, 2016).

Algumas fontes alimentares, porém não suficientes são: peixes

(salmão, sardinha, atum e óleos), ovos (gema), Leite integral,

manteiga, nata, carnes e (fígado). Esta é uma vitamina estável

e não deteriora quando os alimentos são submetidos à cocção

ou acondicionados e armazenados por períodos longos (USDA

NATIONAL NUTRIENT DATABASE, 2007).

3.3.4 Zinco e imunidade

O zinco é um mineral indispensável para o

desenvolvimento, crescimento e função imunológica. Existe

relação direta entre esse mineral e as células do sistema

imunológico, incluindo atividade de células T auxiliadoras,

desenvolvimento de linfócitos T citotóxicos, proliferação de

linfócitos, hipersensibilidade retardada, produção de

interleucina (IL)-2 e apoptose de células de linhagens mieloide

e linfóide (PORTO, 2015)

A carência de zinco atinge em extensivo dano aos

linfócitos T, atrofiando o timo e alterando a síntese de linfócitos,

resultando em imunossupressão (KING, 2002). O papel da

deficiência nutricional de zinco na patogênese de doenças

levou ao surgimento de novos estudos para desvendar os

mecanismos de alterações na imunidade induzida pelo zinco

(SARNI, 2005).

Algumas fontes alimentares deste mineral incluem aves,

carne bovina, peixe, queijos e leite, bem como frutos do mar,

germe de trigo, nozes, feijões, cereais de grãos integrais,

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415

castanhas, amêndoa e semente de abobora (TABELA DE

COMPOSIÇÃO QUIMICA DOS ALIMENTOS, 2011).

3.3.5 Cálcio e imunidade

O cálcio é um mineral muito comum no organismo

humano e é indispensável para a mineralização dos ossos e

dos dentes; é, também, um cofator da cascata de coagulação

sanguínea; na liberação da insulina; na contração muscular e

atua na transmissão nervosa. Para pesquisadores

interessados, esse mineral atua na cinética lipídica adipocitária,

uma vez que o seu aumento intra-adipócito altera o balanço

entre a síntese e a utilização de lipídios, favorecendo, assim, a

lipogênese (FISBERG et al., 2008).

Alimentos fontes de cálcio são iogurtes, queijos e leites

sem gordura. Alguns vegetais folhosos como a couve, a

mostarda e brócolis, também os cereais, grãos, sardinha,

salmão, ostras e carnes são ótimas fontes desse mineral,

contudo existe uma resistência das crianças pelo gosto

característico de cada alimento. Entre os alimentos citado

acima o mais rico em cálcio é o leite e ainda possui outros

nutrientes essenciais para o bom funcionamento do corpo

(TABELA DE COMPOSIÇÃO QUIMICA DOS ALIMENTOS,

2011).

É importante frisar que o cálcio compete com o ferro pela

absorção no organismo, portanto, é preciso orientar a maneira

como se devem consumir os alimentos ricos nesses dois

minerais para que ambos sejam absorvidos. Ainda, vale lembrar

que o cálcio não é absorvido sem a vitamina D, uma vez que

essa vitamina aumenta absorção do cálcio (CZAJKA-NARINS,

2005)

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416

3.3.6 Ferro e imunidade

O ferro é um dos elementos essenciais para o

organismo, uma vez que o mesmo desempenha função de

destaque no transporte de oxigênio e em vias de oxidação-

redução de alguns sistemas. Esse mineral está diretamente

associado à desnutrição, como resultado de baixa ingestão,

perdas excessivas ou má absorção. Situações de equilíbrio

negativo desse mineral leva a redução da concentração de

hemoglobina no sangue e ao surgimento de anemia microcítica

hipocrômica. As células linfóides exigem ferro nas reações de

oxidação-redução, na divisão celular e no transporte de

elétrons. Nas células do sistema imunológico esse mineral é

ligado a transferrina e transportado (KZAJKA-NARINS, 2005).

As principais fontes de ferro incluem peixe, fígado, carne,

gema de ovo, aves, ceriais fortificados com ferro, feijão, ervilha,

vegetais verde-escuros (espinafre) (TABELA DE

COMPOSIÇÃO QUIMICA DOS ALIMENTOS, 2011).Na tabela

5, estão listados alimentos fonte de ferro e a quantidade por

porção.A absorção do ferro é facilitada ou dificultada de acordo

com os nutrientes ou fármacos ingeridos, exemplo: a vitamina c

facilita a absorção do ferro não heme presente em alimentos de

origem vegetal e o cálcio dificulta a absorção desse mineral,

pois os dois no organismo competem (KZAJKA-NARINS, 2005).

Grãos integrais e leguminosos com alto teor de fitato têm uma

biodisponibilidade baixa de ferro e os taninos de cafés, chás

echocolate reduzem a sua absorção (KZAJKA-NARINS, 2005).

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O PAPEL DOS MICRONUTRIENTES NA NUTRIÇÃO E SISTEMA IMUNE

417

4 CONCLUSÃO

Conforme o que foi discutido ao longo desta revisão

bibliográfica, os micronutrientes desempenham um importante

papel no estado nutricional dos indivíduos, bem como supre a

necessidade orgânica destes em todas as fases da vida. Nos

bebês esses micronutrientes são passados pelo aleitamento

materno e imprescindíveis para a produção de anticorpos e

outras substâncias fundamentais. Durante a adolescência, a

alimentação rica em micronutrientes é essencial para um

crescimento e desenvolvimento adequados, razão pela qual é

de grande importância em qualquer fase da vida ter uma

alimentação equilibrada com o consumo de todos os grupos

alimentares, destacando-se nessa faixa etária o consumo de

cálcio, mineral importante para a formação do tecido ósseo, de

ferro para o desenvolvimento muscular, esquelético e endócrino

e de zinco, que contribui para o crescimento e a maturação

sexual do adolescente. Na fase adulta e nos idosos, os

micronutrientes atuam para um bom funcionamento orgânico e

prevenção de doenças.

Os micronutrientes que estão diretamente ligados ao

sistema imunológico são o cálcio, ferro e as vitaminas A, C, D.A

carência dessas vitaminas e minerais pode causar diversos

prejuízos, sendo muitas vezes irreversíveis, na função

imunológica normal. Dentre esses prejuízos podemos destacar:

defeitos na resposta adaptativa e inata, redução na linhagem

precursora de células B, diminuição na produção de interferon-

α pelos linfócitos e prejuízo na resposta de células fagocitárias,

entre vários outros fatores.

Uma vez que a deficiência no consumo de micronutrientes

está associada a um maior risco de doenças e agravos não

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418

transmissíveis, fazem-se necessárias estratégias de incentivo

ao consumo desses nutrientes,bem como outros estudos mais

aprofundados acerca desse assunto para que se possa

aproveitar de forma eficaz o beneficio desses nutrientes para o

sistema imunológico garantindo a homeostase.

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A CONTRIBUIÇÃO DOS ALIMENTOS FUNCIONAIS PARA A IMUNIDADE DOS PACIENTES ONCOLÓGICOS

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CAPÍTULO 24

A CONTRIBUIÇÃO DOS ALIMENTOS FUNCIONAIS PARA A IMUNIDADE DOS PACIENTES ONCOLÓGICOS

Juliana Paiva Góes RAMALHO1

Rejane Freitas da SILVA2

Maria Betânia Vanderlei de CARVALHO3

1 Mestre em Enfermagem, enfermeira, professora da Escola da Saúde da Faculdade Internacional da Paraíba – FPB, orientadora. 2 Nutricionista; 3 Nutricionista, professora da

Escola Técnica da FPB; [email protected]

RESUMO: O câncer é uma doença que acomete as células do organismo humano, isso ocorre devido a diversos como, por exemplo, tabagismo, obesidade, má alimentação e falta de atividade física podendo assim, influenciar diretamente no surgimento desta patologia. Quando o paciente descobre que está com a doença ele é submetido a alguns tratamentos que fazem com que sua imunidade diminuaA presente pesquisa estudo objetivou realizar uma análise na literatura científica no intuito de gerar informações que possam dar subsídios aos pacientes portadores de processos neoplásicos. Para levantamento de dados, foi utilizado uma revisão bibliográfica, onde pode-se constatar que quando o paciente descobre que está com câncer ele é submetido a alguns tratamentos que fazem com que sua imunidade diminua. A alimentação desempenha papel muito importante na imunidade, pois o sistema imunológico necessita de energia para seu funcionamento e de vários nutrientes para a formação de células e outras substancias envolvidas no processo de defesa. Os alimentos funcionais exercem ações promotoras para o bom funcionamento do organismo, mas qualquer alimento ou ingredientes alimentares benéficos para o funcionamento

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A CONTRIBUIÇÃO DOS ALIMENTOS FUNCIONAIS PARA A IMUNIDADE DOS PACIENTES ONCOLÓGICOS

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orgânico. Isso acontece devido aos compostos que esses alimentos possuem favorecendo além do efeito nutricional o efeito sobre funções fisiológicas. Alguns alimentos funcionais como, açaí, alho, brócolis, soja e tomate caracterizam-se por oferecer vários benefícios á saúde, além do valor nutritivo inerente à sua composição química, podendo assim, desempenhar um papel potencialmente benéfico na redução do risco de câncer e na proliferação das células cancerígenas, pois reduzem a ação dos radicais livres, agindo como antioxidantes e agem na melhora das funções do sistema imunológico. Palavras-chave: Alimentos funcionais. Câncer. Imunidade.

1 INTRODUÇÃO

Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária –

ANVISA (1999), o alimento funcional é definido como "aquele

alimento ou ingrediente que, além das funções nutricionais

básicas, quando consumido, como parte da dieta habitual,

produz efeitos benéficos à saúde".

Esses alimentos específicos são denominados

funcionais, por possuírem além do efeito nutricional, também o

efeito sobre funções fisiológicas. Os alimentos funcionais

caracterizam-se por oferecer vários benefícios à saúde, além

do valor nutritivo inerente à sua composição química, podendo

assim, desempenhar um papel potencialmente benéfico na

redução dos riscos de doenças crônicas degenerativas, como

câncer, diabetes, dentre outras (PADILHA; PINHEIRO 2004).

A ingestão de alimentos funcionais na alimentação de um

paciente com câncer é benéfico, principalmente, para o

aumento de sua imunidade, pois, devido aos tratamentos que,

em sua maioria, esses pacientes são submetidos, ocorrem

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diversos efeitos prejudiciais, dentre eles, a diminuição da

imunidade (DIPLOCK, 1999).

De acordo com Garófolo et al., (2004) a alimentação é

um dos fatores ambientais que mais contribuem para o

aparecimento do câncer, sendo responsável por 35% das

causas de câncer seguidos pelo tabagismo com 30% e outra

causas 35%.

Estudos epidemiológicos indicam que, além de uma dieta

variada com elevado consumo de frutas, hortaliças e fibras, o

consumo baixo de alguns tipos de gordura e ingestão calórica

moderada, além da prática de atividade física, está intimamente

relacionada ao risco reduzido de diversos tipos de câncer. A

relação entre dieta e câncer está bem estabelecida, e estima-

se que, fatores de nutrição e estilo de vida, sejam determinantes

em um terço de todos os casos de câncer. A otimização da

nutrição por meio do uso de alimentos específicos e seus

componentes bioativos, é uma estratégia admissível não

invasiva de redução de risco (ATTOLINI; GALLON, 2010).

A literatura referencia alguns critérios estabelecidos para

determinação de um alimento funcional, tais como: exercer

ação metabólica ou fisiológica que contribua para a saúde física

e para a diminuição de morbidades crônicas; integrar a

alimentação usual; os efeitos positivos devem ser obtidos em

quantidades não tóxicas, perdurando mesmo após suspensão

de sua ingestão; e, por fim, os alimentos funcionais têm sido

muito estudados, e embora não curem, apresentam

componentes ativos capazes de prevenir ou reduzir o risco de

algumas doenças (PADILHA; PINHEIRO, 2004). Ante o

exposto, a presente pesquisa objetivou realizar uma análise na

literatura científica no intuito de gerar informações que possam

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dar subsídios aos pacientes portadores de processos

neoplásicos, garantindo-lhes melhoria na qualidade de vida.

2 MATERIAIS E MÉTODO

No presente estudo foi realizado uma pesquisa

bibliográfica sobre os alimentos funcionais e seus benefícios

para a saúde dos pacientes portadores de câncer. Para tanto,

foram utilizados pesquisas com os termos: alimentos

funcionais, imunidade e câncer, e que neste contexto, foram

encontradas pouco mais de 1200 referências nas bases de

dados Scielo, Medline, Lilacs, BVS, e Bireme, porém, optou-se

em sua maioria, preferencialmente pelos artigos de língua

portuguesa, e com ênfase para trabalhos oncológicos e estudos

experimentais com alimentos funcionais. Contou- se ainda, com

análise de manuais do Ministério da Saúde, do INCA e livros

acadêmicos.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Câncer

O câncer é caracterizado pelo crescimento anormal e

desordenado de células que invadem tecidos e órgãos,

podendo também espalhar-se para outras regiões do corpo

causando assim a metástase (INCA, 2009).

É uma doença multifatorial e alguns costumes como, por

exemplo, tabagismo, obesidade, má alimentação e falta de

atividade física podem influenciar diretamente o surgimento

desta patologia. O câncer também é definido como uma doença

catabólica, isto é, que consome as reservas nutricionais do

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paciente, e isto se dá, devido ao grande aumento neste período,

do gasto energético pela atividade humoral presente (INCA,

2009; ALVES, 2010).

Segundo Buzaid e Varella (2012), o câncer é

considerado uma doença grave e de grande incidência,

podendo surgir em qualquer tecido do corpo, característica que

classifica os mais diversos tipos da doença. O surgimento do

câncer, no corpo humano, ocorre lentamente, o que impede, em

alguns casos, que a doença seja diagnosticada antes de

apresentar os sintomas de um estágio mais avançado, quando

a multiplicação celular se apresenta descontrolada e

irreversível.

Dependendo da localização de um possível tumor, o

câncer apresenta uma característica que determina a gravidade

da doença, uma vez situado em órgãos muito vascularizados,

os tumores apresentam mais chances de se espalhar pela

corrente sanguínea, originando a metástase. A forma silenciosa

como o câncer costuma se desenvolver no organismo é um dos

fatores que podem influenciar no diagnóstico e também no

tratamento, por isso existe a necessidade da realização de

exames preventivos que auxiliam nesse processo (FERNADES,

2011).

Alguns dados emitidos pela da Organização Mundial da

Saúde (OMS), a cada ano o câncer atinge em média nove

milhões de pessoas no mundo, e se torna hoje a segunda causa

de morte por doença na maioria dos países. No Brasil, o câncer

é a segunda causa de morte por doença, apenas sendo

superada pelas doenças cardiovasculares (CUPPARI, 2005).

A mortalidade de uma neoplasia dependerá de alguns

aspectos, como: o tipo de câncer, a rapidez com que as células

cancerígenas se multiplicam, a existência de um tratamento

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adequado e eficaz e a capacidade que o organismo da pessoa

acometida tem de responder ao tratamento e combater a

doença (VIEIRA, 2010).

O câncer pode apresentar diferentes aspectos clínicos,

isso ocorre devido aos muitos tipos de células que compõem

cada órgão, por isso, durante uma avaliação clínica, é

importante investigar suas características histológicas e

morfológicas. Para a medicina, esses dados são importantes

por auxiliarem no uso de métodos mais eficazes no tratamento

de cada tipo de câncer (BIFULCO, 2012).

Existem muitos fatores associados ao aparecimento do

câncer, entre eles estão, a predisposição genética, estilo de

vida inadequado, condições ambientais e hábitos alimentares

ruins, ou seja, todos estes fatores podem favorecer o

desenvolvimento do câncer no organismo de qualquer pessoa,

independente de idade, etnia e sexo. Existe ainda uma série de

outras situações que podem contribuir com o desenvolvimento

da doença, porém, são teorias que permanecem sendo alvo de

estudos e pesquisas (MAYOL, 2015).

Os fatores internos destacam-se, o sistema imunológico

comprometido, predisposição genética e hormônios. Já os

fatores externos se subdividem em exposição ocupacional,

exposição as radiações e produtos químicos, uso de cigarro,

vírus, consumo excessivo de bebidas alcoólicas, sedentarismo,

e dieta inadequada (OLIVEIRA, 2012).

Existem alguns métodos pelo qual o câncer pode ser

diagnosticado, e entre eles estão o diagnóstico médico, o

exame físico e a avaliação para marcadores tumorais, estes são

apenas alguns deles. E durante o diagnóstico do câncer, ocorre

de o paciente passar por um período de ansiedade e angústia,

que muitas vezes desencadeia a desenvolvimento de algumas

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outras doenças, dentre elas a mais observada, dentre algumas

pesquisas, que é a de depressão, que vem também associada

a sintomas como perda de apetite e fadiga (MAHAN; ESCOTT-

STUMP, 2010).

As causas do câncer ainda são motivo de muitos

questionamentos por parte de especialistas e pesquisadores, e

principalmente dos leigos sobre o assunto. Profissionais de

saúde também se sentem refém da falta de informações

precisas e fundamentadas em estudos, especialmente quando

se refere a prevenção da doença. As possíveis causas do

câncer se dividem em fatores internos e externos, o que torna

a carcinogênese um processo ainda mais complexo

(OLIVEIRA, 2012).

As modalidades convencionais de tratamento

antineoplásico são a quimioterapia, a radioterapia, a

iodoterapia, a cirurgia e o transplante de medula óssea. O

tratamento, devido a sua toxicidade, causa efeitos adversos aos

pacientes como náuseas, vômito, mucosite, constipação,

diarreia, alteração no paladar, xerostomia e alteração na

absorção dos nutrientes, levando a um quadro de desnutrição

(NASCIMENTO, 2015).

A partir do momento que os pacientes são

diagnosticados com a doença, os médicos imediatamente já

indicam alguns tratamentos para combater a doença em sua

maioria os tratamentos de quimioterapia ou radioterapia são os

mais indicados, e eles também são os mais eficazes, mas

devido a serem tratamentos com substâncias fortes para o

organismo, causas diversos efeitos colaterais como, por

exemplo: vômito, diarreia, falta de apetite entre outros

(BIFULCO, 2012). Em virtude dos sintomas, muitas são as

pesquisas que vêm sendo desenvolvidas para estudar melhor

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a inserção de alimentos funcionais na alimentação destes

pacientes com câncer, para assim, favorecer o aumento dessa

imunidade (BIFULCO, 2012).

3.2 Sistema Imunológico

O sistema imunológico é constituído por uma complexa

rede de células e moléculas dispersas por todo o organismo e

se caracteriza biologicamente pela capacidade de reconhecer

especificamente determinadas estruturas moleculares ou

antígenos e desenvolver uma resposta efetora diante destes

estímulos, provocando a sua destruição ou inativação

(MARTÍNEZ; ALVAREZ-MON, 1999).

A função do sistema imunológico consiste em

reconhecer cada um dos tecidos, células, proteínas, quando o

organismo para distingui-las de uma ampla variedade de

agentes patogênicos e substâncias estranhas. Neste processo,

os linfócitos T, células pequenas que fazem parte dos glóbulos

brancos sanguíneos (também conhecidos como leucócitos),

têm grande importância (JANEWAY et al., 2007).

Durante o desenvolvimento fetal, o sistema imunológico

"aprende" a distinguir as substâncias próprias do organismo;

com isso mantém desativados os linfócitos T que reagiram

diante das mesmas. Mas quando um agente estranho, como

por exemplo, uma bactéria, invade nosso corpo, essas células

são ativadas com o objetivo de defender nosso organismo dos

possíveis prejuízos que a bactéria causará (ABBAS et al.,

2000).

O sistema imune pode responder às células cancerosas

de duas maneiras: reagindo contra antígenos tumorais

específicos (moléculas que são originais de células

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cancerosas), ou contra antígenos associados a tumor (TAA),

moléculas que são expressas diferentemente pelas cancerosas

e normais. Este sistema de defesa possui dois tipos de células

T: as auxiliares CD4+ que reconhecem antígenos ligados às

moléculas de classe II do complexo MHC; e as citotóxicas

CD8+, que distinguem antígenos tumorais pelas moléculas do

MHC de classe I e matam as células cancerosas (GIACOMINI;

MENEZES, 2012).

A alimentação desempenha papel muito importante na

imunidade, pois o sistema imunológico necessita de energia

para seu funcionamento e de vários nutrientes para a formação

de células e outras substâncias envolvidas no processo de

defesa. Alguns nutrientes têm a capacidade de interferir na

resposta imune por terem efeito regulatório direto sobre os

leucócitos, alterando os índices de proliferação, padrão de

produção de citocinas e diferenciação de populações

leucocitárias específicas (LEITE; SARNI, 2003).

Os fatores nutricionais também estão relacionados com

reduções da capacidade imunológica. Os efeitos prejudiciais

dos déficits dietéticos específicos, de minerais, aminoácidos e

vitaminas do complexo B estão implicados no desenvolvimento

da imunidade adquirida, tanto humoral quanto celular.

Entretanto, em determinadas circunstâncias uma redução da

ingestão de proteínas pode originar uma potenciação da

resposta imunológica (MARTÍNEZ; ALVAREZ-MON, 1999).

Os principais nutrientes que atuam fortalecendo nosso

sistema imunológico são as vitaminas A, C e E, o ácido fólico,

o zinco e o selênio. Dentre os minerais supostamente

envolvidos na redução do câncer de mama, o selênio é

apontado como um importante componente da enzima

antioxidante glutationa peroxidase, inibindo diretamente a

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proliferação de células epiteliais pela degradação da matriz, o

que resulta na inibição da angiogênese, evento obrigatório para

o desenvolvimento tumoral (PADILHA; PINHEIRO, 2004).

A deficiência de ferro está associada a um aumento da

prevalência de infecções, e o déficit de zinco e magnésio estão

relacionados com quedas de imunidade. Em indivíduos mal

nutridos ocorreram reduções da produção de interleucin, bem

como dos fatores do complemento e uma redução importante

da elevação das proteínas de fase aguda em processos

infecciosos e inflamatórios (MARTÍNEZ; ALVAREZ-MON,

1999).

Uma das ações das vitaminas e minerais é a defesa

contra as espécies reativas de oxigênio, que são responsáveis

por danos ao DNA, regulação da diferenciação celular e,

consequentemente, inibição do crescimento de células

mamárias cancerígenas.

Evidências epidemiológicas mostram associação inversa

entre o consumo frequente de frutas e hortaliças e o risco de

doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), como as doenças

cardiovasculares e os diversos tipos de câncer, o que pode ser

explicado pelo efeito protetor dos antioxidantes contidos em tais

alimentos (COSTA; BARBOSA, 2010).

3.3 Alimentos Funcionais

Uma das definições mais completas descreve os

alimentos funcionais como sendo aqueles que beneficiam uma

ou mais funções orgânicas, além da nutrição básica,

contribuindo para melhorar o estado de saúde e bem-estar e/ou

reduzir o risco de doenças, porque agem nos mecanismos de

imunidade, facilitam a absorção de certas vitaminas, ofertam

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minerais importantes e funcionam como barreiras antioxidantes.

Os alimentos funcionais devem ser consumidos frescos e não

em pílulas, cápsulas ou qualquer forma de suplemento e devem

ser eficazes em quantidades normalmente consumidas em uma

dieta padrão (DIPLOCK, 1999).

Atualmente, o efeito funcional de um alimento abrange

não somente aqueles que, além do enfoque nutricional,

exercem ações promotoras para o bom funcionamento do

organismo, mas qualquer alimento ou ingredientes alimentares

benéficos para o funcionamento orgânico (PADILHA;

PINHEIRO 2004).

Os principais alimentos funcionais que previnem o

câncer e minimizam o surgimento de novas células

cancerígenas são: catequinas, encontradas no açaí, sulfetos

alílicos, no alho, glicosinolatos, no brócolis, isoflavonas, na soja

e o licopeno, no tomate.

3.3.1 Açaí

Fruta que contém quantidades significativas de

antocianinas que fazem parte ao grupo dos flavonoides que por

sua vez pertencem ao grupo dos compostos fenólicos

(SOARES, 2002). Essa quantidade de antocianinas chega até

30 vezes mais que o encontrado em vinho tinto, o que assim,

torna o açaí um alimento funcional (EMBRAFARMA, 2010).

As antocianinas são responsáveis pelas cores:

vermelha, violeta e azulada do açaí (RIBEIRO et al., 2011). As

antocianinas são compostas de uma aglicona (antocianidina),

um grupo de açúcares e, geralmente, um grupo de ácidos

orgânicos (SCHULTZ, 2008). Das 20 espécies de antocianinas

conhecidas, que ocorrem naturalmente, apenas seis delas

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aparecem comumente, elas são: a cianidina, a delfinidina, a

malvidina, a peonidina, a pelargonidina e por fim a petunidina

(RIBEIRO et al., 2011). Aquelas que estavam presentes no açaí

foram a cianidina-3-rutinosideo e cianidina-3- glicosídeo

(PAULA, 2007).

Esses compostos têm grande ação antioxidante em

nosso corpo, pois tem a habilidade de doarem eletros

(hidrogênio) para radicais livres altamente reativos que podem

ocasionar lesões nas células, isso os torna importantes, pois

diminuem assim, os danos causados ao DNA (SANTOS et al.,

2008), além de retardar o envelhecimento das células,

aumentando desta forma, a sua expectativa de vida e

melhorando as defesas imunológicas (VOLP et al., 2008).

De acordo com Embrafarma (2010), pesquisas

realizadas provaram que compostos tendo como principal

representante a cianidina-3-glucosideo, que existem no açaí,

induziram a apoptose em células leucêmicas humanas. E com

isso foi verificado que a capacidade dos antioxidantes que estão

presentes no açaí contra os radicais livres, são muito maiores

do que em qualquer outra fruta.

3.3.2 Alho

O alho pertence à família Liliaceae. Allium sativum é a

erva mais comum, e alguns estudos sugerem que sua ação

pode ser quimiopreventiva, antibiótica, anti-hipertensiva e

hipercolesterolêmica. A ciência moderna investiga seus efeitos

nas doenças cardiovasculares, no câncer, nas inflamações e

nas infecções. Cerca de 30 ingredientes com potenciais efeitos

biológicos foram identificados no alho, entre eles os efeitos

hipotensor, hipoglicemiante, antiviral, antitumoral,

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hipocolesterolêmico, antifúngico e antioxidante (GÓMEZ;

SÁNCHEZ-MUNIZ, 2000).

Habitualmente, o alho é utilizado como alimento e como

erva medicinal em diferentes países. A ingestão regular do alho

em nosso cardápio impede as nitrosaminas (derivados de

nitritos e nitratos), reduzindo a incidência de tumores no

estômago e no cólon. Ele possui também ação antibacteriana

combatendo a bactéria Helicobacter pylori, causadora de

gastrite, úlcera e câncer gástrico. Isso se dá, devido à presença

de alicina no alho. Seu precursor, a cisteína, atribui ao alho o

domínio de fixar metais, reduzindo assim as exigências

detoxificadoras do fígado (GARCIA, 2004).

3.3.3 Brócolis

O brócolis (Brassica oleracea) é uma hortaliça oriunda do

sul da Europa – região do mediterrâneo – e faz parte de um

grupo de vegetais denominado crucíferas (LAMOUNIER, 2012).

Em relação aos estudos dessa hortaliça, segundo Malucelli at

al., (2009, p.553):

Vários estudos feitos desde o final da década de 90 citam a importância do consumo frequente de vegetais crucíferos, por conterem substâncias com propriedades fitoterápicas as quais reduzem os riscos de diversas doenças. O brócolis chama a atenção por conter glicosinolatos ou glucosinolatos, compostos ricos em enxofre e que apresentam efeito protetor por atuarem na detoxificação do fígado (ação de metabolizar e eliminar substâncias as quais prejudicam à saúde). Os dois tipos de glucosinolatos mais conhecidos são o sulforafano e indol – 3 – carbinol. O primeiro age como protetor de doenças cardiovasculares e de alguns tipos de câncer

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(principalmente próstata e mama), auxiliando na eliminação de elementos carcinogênicos e de radicais livres. Já a principal função do segundo elemento é diminuir a quantidade circulante no sangue de estrogênio (hormônio feminino que estimula o crescimento de células mamárias).

Os brócolis se destacam por apresentar quantidades

significativas de fibras, auxiliando no funcionamento intestinal,

minerais como o ferro e cálcio, ácido fólico (essencial para o

funcionamento e formação do sistema nervoso), vitaminas A e

C, além de baixo valor calórico (LAMOUNIER, 2012).

3.3.4 Soja

A soja pode ser considerada como um alimento

completo, uma vez que apresenta em sua composição

proteínas, carboidratos, lipídios e resíduos, além de vitaminas

e sais minerais (AMARAL, 2006).

Seus principais componentes fotoquímicos são as

isoflavonas daidzeína e genistíina, que pertencem ao grupo dos

fitoestrogênios. A soja é uma leguminosa muito estudada

atualmente, devido a sua larga aplicabilidade na prevenção de

doenças crônicas não transmissíveis. A sua primeira utilização

foi na prevenção de doenças cardiovasculares, e ultimamente

tem sido utilizada contra o câncer de próstata e de mama

(MESSINA et al., 2009).

A soja é uma excelente fonte protéica e boa fonte de

fitoquímicos biológicamente ativos onde, o fitoquímico principal

encontrado na soja, são as isoflavonas, que atualmente atraem

interesse para aplicações medicinais. Inúmeras literaturas

científicas mostraram que a ingestão de uma dieta rica em

produtos de soja pode reduzir incidência de câncer de mama,

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cólon e próstata. Os isoflavonóides são uma das principais

classes de difenóis, derivados de plantas e sementes,

encontrados em grandes quantidades na soja (AMARAL, 2006).

Estudos realizados têm mostrado a presença de altos

níveis de estrógenos em urina e plasma de população com

baixo risco de doenças cardiovasculares e de câncer.

Daidzeína, genisteina e seus correspondentes glicosídeos

constituem a maior proporção de isoflavonóides de soja, aos

quais têm sido dada atenção em inúmeros estudos, devido a

isto tem sido demonstrado que as isoflavonas da soja,

especificamente a genisteína e a daidzeína, apresentam efeito

anti-cancerígeno.

As características físicas dos isoflavonóides permitem

sua aplicação na maioria das classes de produtos alimentícios.

Os fatores que promoveram interesses e a utilização crescente

da soja na indústria de alimentos são: a contribuição da soja e

seus derivados em benefício à saúde; mudança de atitudes dos

consumidores em relação à soja; melhoramento do processo

tecnológico da utilização de soja; crescimento da produção

mundial de soja; popularidade da dieta rica em fibras e menor

teor de gordura saturada (CHANG, 2013).

3.3.5 Tomate

O tomate tem sido um forte aliado, e com uma grande

potencialidade na redução dos riscos de ocorrerem o

aparecimento de câncer no pulmão, gástrico, mama, próstata,

esôfago, benéfico também na luta contra o câncer de pâncreas,

cólon, reto, cavidade oral, seio e cervical. Isso se dá, devido ao

tomate conter uma contêm uma ampla variedade de nutrientes

benéficos e antioxidantes, incluindo o ácido alfa-lipóico, o

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licopeno, a colina, o ácido fólico, o betacaroteno e a luteína, que

podem também ser encontrados no mamão, na melancia, na

goiaba vermelha, e na pitanga (GARCIA, 2004).

O destaque neste alimento, é a substancia chamada

licopeno, que não proporciona uma atividade de pró-vitamina A,

porém, em decorrência dele ser um protetor contra lesões

causadas pelos radicais livres, ele é considerado um potente

antioxidante (ele se destaca devido a porcentagem de 400 a

1000% maior de atividade média que outros carotenoides). Eles

podem agir diretamente na neutralização da ação dos radicais

livres ou participar indiretamente de sistemas enzimáticos com

essa função, sugerindo-se seu papel na prevenção de

carcinogênese e aterogênese, devido à proteção às moléculas

de lipídio, LDL, proteínas e DNA (SHAMI; MOREIRA, 2004).

4 CONCLUSÕES

Uma alimentação saudável é de grande importância na

vida de qualquer indivíduo, e em especial, quando estes

possuem alguma patologia grave como o câncer. No caso desta

patologia, os alimentos mais indicados são os funcionais, pois

são ricos em substâncias como: catequinas, sulfetos alílicos,

glicosinolatos, isoflavonas e licopeno que contribuem para

prevenção e controle do avanço do câncer, bem como para o

aumento da imunidade, além de oferecer vários benefícios à

saúde.

Contudo, ressalta a relevância do desenvolvimento de

novas pesquisas no âmbito nutricional e a elaboração de guias

alimentares com intuito de fornecer uma dieta variada e

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saudável para suprir as necessidades nutricionais dos

pacientes, além de garantir a melhoria do sistema imunológico.

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EFETIVIDADE DO BALÃO INTRAGÁSTRICO EM PACIENTES COM OBESIDADE: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

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CAPÍTULO 25

EFETIVIDADE DO BALÃO INTRAGÁSTRICO EM PACIENTES COM OBESIDADE: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Paloma de Sousa Martins MALVINO 1

Adriana Eleuterio da SILVA 2 1 Pós-Graduanda em Nutrição com Ênfase em Obesidade e Emagrecimento,UCAM; 2 Pós-

Graduanda em Nutrição Clínica, Estácio. [email protected]

RESUMO: A obesidade é uma patologia em que o excesso de gordura corporal, esse excesso é causado de consecutivos balanços energéticos positivos, em que a quantidade de energia ingerida é maior que à quantidade de energia gasta. Como opção de tratamento a pacientes com obesidade, atualmente é bastante utilizado o balão intragastrico, este é uma técnica minimamente invasiva, terapêutica provisória, com período máximo de permanência de seis meses no estômago. Esse estudo tem como objetivo relacionar o uso do balão intragastrico e o sucesso no combate a obesidade, avaliando também a contribuição do nutricionista na perda de peso durante o uso do BIG e após a sua retirada. Realizou-se uma pesquisa bibliográfica, com indexadores balão intragastrico, obesidade, alimentação, doença mental e reeducação alimentar. Utilizando artigos e textos literários nos últimos oito anos. O balão intragástrico é eficiente no controle temporário da obesidade, contudo, após a retirada do balão a manutenção dos seus resultados serão satisfatórios apenas com a continuação do acompanhamento nutricional e mantimento do novo estilo de vida adotado enquanto o uso do BIG, Nesse sentido é factível a necessidade da equipe multidisciplinar durante toda a trajetória no combate a essa doença. Sendo o acompanhamento nutricional imprescindível para proporcionar maior eficácia no tratamento, com a adequação de planos

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alimentares, aliado ao estímulo a práticas físicas e mudanças comportamentais. Palavras-chave: obesidade. Reeducação alimentar. Balão

intragastrico.

1 INTRODUÇÃO

A obesidade é registrada como um dos maiores

problemas de saúde pública no mundo. Cerca de 18 milhões de

pessoas, no Brasil, são obesas. Essa doença é distinguida pelo

acúmulo excessivo de gordura corporal no individuo

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE ENDOCRINOLOGIA E

METABOLOGIA, 2016).

Apresenta caracterização singular e etiologia

multifatorial, destacando alterações endócrinas, modificações

nos mecanismos dos controladores da saciedade e apetite e a

genética. A visão negativa do próprio corpo, que é associado à

felicidade, aceitação e sucesso social, são fatores

preocupantes na diminuição da qualidade de vida (VASQUES;

MARTINS; AZEVEDO, 2004).

Tais fatores fisiológicos, patológicos e psicológicos, têm

sido razões para a intensificação pela busca de tratamento da

obesidade (RODRIGUES et al., 2011).

A base do tratamento da obesidade deve ser

multidisciplinar, incluindo nesse quadro de profissionais o

nutricionista. Esse tratamento deve visar à perda de peso,

reeducação alimentar, melhora de parâmetros clínicos, melhora

da sua autoimagem, adoção de novos hábitos de vida

(SOCIEDADE DE CARDIOLOGIA DO ESTADO DO RIO DE

JANEIRO, 2015).

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444

Quando ocorre a dificuldade e mesmo efetividade da

perda de peso satisfatória, em pacientes com Índice de Massa

Corporal (IMC) maior que 27 kg/ m2, o uso do balão

intragástrico (BIG) pode ser indicado. Esse procedimento

consiste na introdução de um dispositivo de silicone com vida

útil de aproximadamente seis meses, garantindo sensação de

plenitude e saciedade precoce, considerado terapia

minimamente invasiva (ALMEIDA et al, 2006; SALLET et al,

2012).

Acredita-se que o balão intragastrico é um procedimento

que garante auxiliar no combate a obesidade, se durante o uso

e após a retirada do BIG o paciente for acompanhado por uma

equipe de profissionais da saúde, entre eles o nutricionista,

garantindo que aja a mudança no comportamento alimentar,

para que ao ser retirado o individuo esteja intimamente

associada a costumes diferentes, que o levarão a manutenção

do peso alcançado e mais qualidade de vida.

Sabe-se que o uso do balão intragastrico é uma

alternativa moderadamente simples, válida, segura e eficaz no

tratamento de pacientes obesos. A continuidade de

acompanhamento nutricional, com plano alimentar

individualizado, são fatores imprescindíveis para o sucesso do

tratamento durante e após o uso do balão intragastrico. A

ausência desses profissionais garante o esperdício de recursos

humanos e técnicos, assim como a submissão do paciente a

um procedimento invasivo sem resultados a longo prazo

(CARVALHO et al, 2011).

Conhecer e avaliar os fatores associados ao sucesso na

perda e manutenção do peso alcançados no uso do BIG pelo

paciente obeso torna-se relevante para garantir maiores

conhecimentos aos pacientes, auxiliando-os na adaptação aos

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EFETIVIDADE DO BALÃO INTRAGÁSTRICO EM PACIENTES COM OBESIDADE: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

445

planejamentos de tratamento, sem abandono ou sabotagem ao

longo do tratamento; aos profissionais garante trabalharem de

maneira mais articulada, sabendo que nenhum procedimento

sozinho é capaz de alcançar o tratamento dessa doença

complexa; e resultando em informações importantes a

população devido o número abrangente e crescente de

indivíduos com sobrepeso e obesidade no mundo e que utilizam

de diferentes procedimentos na busca de melhorar a qualidade

de vida.

Nesse intuito o presente trabalho tem como objetivo

relacionar o uso do balão intragastrico e o sucesso no combate

a obesidade. Nesta perspectiva, construiu-se questões que

orientaram essa pesquisa: 1. A introdução do balão

intragástrico é suficiente para a perda de peso e a manutenção

do peso desejado pelo paciente? 2. Qual a contribuição do

nutricionista ao paciente durante o uso do BIG e na sua

retirada?

2 MATERIAIS E MÉTODO

Trata-se de uma pesquisa bibliográfica em que foram

utilizadas as bases de dados online LILACS, SCIELO, PUB

MED, ResearchGate. Primeiramente foi efetivada uma busca

sobre o balão intragastrico, seu funcionamento, os profissionais

envolvidos no tratamento de pacientes que utilizavam desse

método contra o ganho de peso e os resultados, através da

revisão de literatura. Nessa busca foram considerados os títulos

e os resumos dos artigos para a vasta seleção de prováveis

trabalhos de interesse, sendo destacados os resumos que

continham os textos completos e acessíveis. Utilizou-se como

palavras chave os termos reeducação alimentar, balão

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446

intragástrico, obesidade, equipe multiprofissional. Os critérios

de inclusão para essa pesquisa foram os textos que abordavam

o balão intragastrico como tratamento da obesidade e aqueles

que retratavam os vários profissionais no combate da

obesidade, considerados artigos nacionais e internacionais,

publicações entre 2004 e 2016. O intuito foi destacar o avanço

do tratamento e de comparações de dados de número de

pessoas obesas. Assim, foram encontrados 36 trabalhos

referentes à obesidade e balão intragástrico, sendo excluídos

aqueles que não atendiam aos critérios estabelecidos. Ao final,

foram selecionados 18 textos que se enquadravam nos critérios

de inclusão e garantiu a elaboração desse trabalho, cujo

objetivo é relatar a efetividade do balão intragastrico no

combate a obesidade correlacionando a atuação do profissional

da nutrição durante o tratamento dessa Doença Crônica Não-

Transmissível.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Cerca de 82 milhões de pessoas apresentaram o Índice

de Massa Corpórea (IMC) com sobrepeso ou obesidade, cujo

58,2% a prevalência no sexo feminino e 55,6% no sexo

masculino, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatísticas (IBGE). O acumulo de gordura

abdominal foi mais frequente no sexo feminino, atingindo 52,1%

das mulheres e 21,8% dos homens (ABESO, 2015).

A projeção de que em, 2025, em média 2,3 bilhões de

adultos estarão com sobrepeso, e mais de 700 milhões de

obesos. De acordo com a Organização Mundial de Saúde a

obesidade é marcada como um dos maiores problemas de

saúde pública em todo o mundo. No Brasil, levantamentos

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mostram que aproximadamente 15% das crianças estariam

acima do peso e mais de 50% da população está na faixa de

sobrepeso e obesidade (ABESO, 2016).

A obesidade é uma patologia em que o excesso de

gordura corporal acumulada pode alcançar graus capazes de

interferir na saúde. O excesso de gordura é causado de

consecutivos balanços energéticos positivos, em que a

quantidade de energia ingerida é maior que à quantidade de

energia gasta (BRASIL, 2005).

Algumas das causas da obesidade são: hereditariedade

e nutrigenômica, cujos defeitos na expressão ou interação dos

sinais de curto e longo prazo que garantem saciedade e fome

colaboram para o ganho de peso; atividade física inadequada;

alimentações ricas em gordura favorece o processo inflamatório

no organismo resultando em ganho de peso, de modo que o

excesso de peso pulsiona a inflamação, é um ciclo de

inflamação e mais ganho de peso; sono alterado, visto que o

tempo insatisfatório de sono leva a alteração da regulagem

endócrina da fome e apetite; o prazer a certos tipos de

alimentos, tais como alimentos ricos em gordura e açúcar que

ocasiona no ciclo vicioso através da liberação dos hormônios

do prazer, de modo que a porção do alimento é sempre maior

favorecendo o ganho de peso; entre outras causas (KRAUSE,

2013).

Erros comumente cometidos no processo de tratamento

da obesidade estão na restrição excessiva de calorias, visão

apenas na quantidade ingerida, sem considerar a qualidade dos

alimentos, não considerar que a reeducação alimentar é mais

importante do que a perda de peso excessiva em pouco tempo,

discriminação da população com o obeso ou mesmo dos seus

familiares, falta de vontade do paciente; dietas da moda,

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EFETIVIDADE DO BALÃO INTRAGÁSTRICO EM PACIENTES COM OBESIDADE: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

448

atividade física irregular, não acompanhamento por

profissionais habilitados. Esses fatores garantem um processo

de maior elevação do peso, tornando cada vez mais difícil em

alcançar a meta e sempre levando a um quadro de insatisfação

pessoal.

Quando esses erros acontecem e resulta na falha dos

tratamentos convencionais, torna-se imprescindível outras

abordagens para o alcance do objetivo, garantindo mais saúde

e bem-estar (SALLET et al, 2012).

Como opção a esses pacientes, tem- se utilizado o balão

intragástrico. O BIG é uma técnica minimamente invasiva, cujos

pacientes indicados para tal procedimento, devem ter IMC

maior que 27Kg/m2. Consiste em uma prótese fechada de

silicone que é introduzida no estômago por via endoscópica.

Esse procedimento induz percepção de plenitude gástrica e de

saciedade. O médico responsável por esse procedimento deve

avaliar se o paciente tem contraindicação ao método, tais como

lesões esófago-gastro-duodenais, cirurgia abdominal prévia,

gravidez e lactação, toxicodependência e alcoolismo, entre

outros. O BIG é uma terapêutica provisória, com período

máximo de permanência de seis meses no estômago. A estima

de perda de peso é de 13 a 20 Kg, modificando o IMC desses

pacientes, ao modo que, esses valores dependem da conduta

do paciente durante o período de uso do balão e o seu peso

inicial. Além da redução ponderal de peso, esse método causa

uma melhoria no perfil metabólico de pacientes e alterações na

concentração dos hormônios reguladores do apetite, porém

essas modificações são transitórias (ALMEIDA et a, 2006;

CARVALHO et al, 2011; SALLET et al., 2012).

O balão intragastrico é considerado um método de baixo

risco quando relacionado a outras formas de terapêutica da

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EFETIVIDADE DO BALÃO INTRAGÁSTRICO EM PACIENTES COM OBESIDADE: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

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obesidade como a cirurgia bariátrica. Como principais

complicações ocorridas pelo uso do BIG, ainda que raros, pode

citar o esvaziamento do balão e migração para o intestino;

surgimento de úlcera gástrica; a colonização por fungos;

desidratação devida os vômitos nos primeiros dias, sua

persistência pode causar insuficiência renal ou ainda

desequilíbrio hidroeletrolítico. Tais complicações têm maiores

chances de serem ocasionadas quando o BIG não é retirado no

prazo recomendado (CARVALHO et al, 2011; INSTITUTO

MINEIRO DE ENDOCRINOLOGIA, 2016).

O BIG atua reduzindo a secreção da grelina. A grelina é

o hormônio liberado pelo estômago, estimulando o cérebro,

indicando fome. Nos pacientes obesos, a grelina, hormônio do

apetite, e a leptina, hormônio da saciedade, são desregulados.

O BIG causa distensão abdominal, garantindo a sensação de

saciedade, portanto, a grelina é liberada em menor quantidade,

causando menor apetite e consumo dos alimentos (INSTITUTO

MINEIRO DE ENDOCRINOLOGIA, 2016).

O estudo feito por Almeida e colaboradores (2006) traz

como resultado que os 17 doentes, amostra da pesquisa,

conseguiu-se uma redução média de peso de 19,6 Kg, contudo,

esses resultados não podem ser relacionados apenas ao uso

do BIG, mas este associado às medidas dietéticas propostas

para o tratamento da obesidade. De acordo com Sallet (2012)

decréscimos da ordem de 5% a 10% do peso resultam na

possível melhoria da pressão arterial, do perfil lipídico, diminui

o quadro de apneia do sono e melhora o quadro da diabetes.

A pesquisa realizada por Carvalho e colaboradores

(2011) relata que 92,31% dos pacientes estudados, perderam

peso. A média máxima de perda de peso foi de 40Kg. A redução

média no ÍMC foi de 6,7 ± 3,73 kg/m2 e diminuição média de

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26,7 ± 16,99 % do excesso de peso. Na amostragem da

pesquisa teve pacientes que mantiveram e ganharam peso

durante o uso do BIG. Foram relatadas complicações como

vômitos, náuseas ou desequilíbrio hidroeletrolítico.

O estudo realizado com 573 pacientes com sobrepeso

utilizando BIG, seguindo plano alimentar de 1000 Kcal/dia e

acompanhamento multidisciplinar, obtiverem resultados, após

seis meses de tratamento, redução de 48% de peso comparado

ao peso inicial ao tratamento e uma redução de 5,3 Kg/m2 IMC

(SALLET et al., 2004). Contudo, de acordo com Doldi e

colaboradores (2004), 25-40% dos pacientes com BIG têm

aumento de peso, voltando ao quadro de sobrepeso ou

obesidade após doze meses, contados a partir da retirada do

balão intragastrico.

Em casos de não haver a envoltura do paciente com as

alterações nos hábitos de vida, que incluem a alimentação e

exercícios físicos, o balão intragastrico apresenta efeito apenas

momentâneo, ganhando novamente o peso antes perdido,

gerando baixa autoestima e um quadro da doença mais

complicado. Sendo assim, a participação ativa do paciente e o

acompanhamento nutricional se torna imprescindível para o

sucesso do tratamento da doença, assim como outros

profissionais da saúde, tais como psicólogo e educador físico

(INSTITUTO MINEIRO DE ENDOCRINOLOGIA, 2016).

Um estudo realizado por Quintas (2009) mostrou os

seguintes resultados de acordo com a sua amostra: a

reincidência de peso após a remoção do BIG, no qual parte dos

pacientes aumentaram 38 kg, enquanto outros continuaram a

diminuir o peso, chegando a 12 kg, até o momento final da

pesquisa, além do peso já alcançado enquanto usavam o BIG.

Avaliou-se ainda que após a remoção do BIG, a maior parte dos

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EFETIVIDADE DO BALÃO INTRAGÁSTRICO EM PACIENTES COM OBESIDADE: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

451

doentes, abandonou o acompanhamento nutricional, por

iniciativa própria, mais especificamente 54,0% da sua

amostragem, equivalente a 47 pacientes, cujo 23 desses

apontaram a falta de tempo como causa para o abandono, já

38,3% referiram a falta de motivação e resultados como motivo.

Esse mesmo estudo levantou os dados sobre a influência

do acompanhamento nutricional no sucesso do tratamento.

Visto que, 54% dos pacientes avaliados abandonaram o

tratamento nutricional, em média, esses grupos de pessoas

obtiveram maior ganho de peso, do que os 46% que manteve o

acompanhamento com o profissional da nutrição, equivalente a

40 indivíduos, grupo A e B, respectivamente. O grupo A

aumentou em média 4,31 ± 3,45 kg/m2 mais do que o IMC dos

indivíduos do grupo B, cuja média de aumento de IMC foi 2,72

± 3,76 kg/m2. No geral, os resultados mostram que o grupo A,

que abandonou as consultas da nutrição, aumentaram, em

média, mais de 4 Kg.

Cabem ao nutricionista firmar uma relação com o

paciente, estes não abandonando o acompanhamento

nutricional. O nutricionista deve utilizar as consultas para passar

informações que possam garantir que o paciente tenha

autonomia em adaptar o plano alimentar de forma consciente e

saudável. Podendo o profissional utilizar de diferentes meios

para fidelizar o paciente ao tratamento nutricional.

Atividades dinâmicas individuais e em grupos, reuniões

com familiares e amigos próximos para passar informações

sobre alimentação saudável e a obesidade como doença

complexa, explicar a pirâmide alimentar, corridas da saúde,

entregar receitas práticas e saudáveis junto ao plano alimentar,

discutir mitos e verdades sobre alimentação, induzir o paciente

a ser critico e cuidadoso com as informações passadas na

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EFETIVIDADE DO BALÃO INTRAGÁSTRICO EM PACIENTES COM OBESIDADE: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

452

mídia, atentos a dietas da moda, alterar aos poucos hábitos

alimentares já firmados e que não condizem com a vida

saudável, usar produtos e temperos naturais, mastigação mais

lenta e considerar a importância de reduzir a gordura corporal e

não apenas o número na balança, trabalhar a ideia de

alimentação saudável e a quantidade adequada, não apenas a

restrição de calorias. Estas são abordagens que podem ser

realizadas pelo profissional da nutrição e que auxiliam na

mudança dos hábitos alimentares do paciente através do

acompanhamento nutricional (SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CIRURGIA BARIÁTRICA E METABÓLICA, 2016a).

O nutricionista também deve conscientizar o paciente

que o tratamento com o BIG, não é um método que irá resolver

rapidamente o quadro da sua doença, este requer dedicação

durante e após o procedimento para alcançar os resultados

almejados (QUINTAS, 2009). É papel importante do

nutricionista, encaminhar ao paciente a procurar outros

profissionais que possam auxiliar o tratamento do mesmo,

como é o caso do psicólogo e educador físico.

Juntamente com as modificações na alimentação

saudável é necessário auxiliar a atividades físicas regulares,

para que o objetivo da perda de peso, saúde e qualidade de

vida sejam alcançados. Algumas dicas sobre exercícios físicos

podem ser indicados ao paciente, como escolher uma atividade

que goste; montar uma programação auxiliando com as demais

atividades do dia; ter um amigo para acompanhar durante o

exercício; criar metas e objetivar alcança-las (SOCIEDADE

BRASILEIRA DE CIRURGIA BARIÁTRICA E METABÓLICA,

2016b). Contudo, é ponderoso o profissional capacitado para

auxiliar nessas atividades.

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EFETIVIDADE DO BALÃO INTRAGÁSTRICO EM PACIENTES COM OBESIDADE: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

453

Um dado importante do estudo de Quintas (2009) foi que

28,7%, equivalente a 25 doentes, afirmarem que a causa

principal para a decisão em perder peso e utilizar o BIG como

tratamento foram os fatores sociais, ou seja, a pressão da

sociedade atual. A Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e

Metabólica (2016c) relata estudo publicado no Journal of the

American Medical Association, onde um quarto dos candidatos

à cirurgia bariátrica apresenta algum distúrbio

mental. Mostrando a importância do acompanhamento

psicológico a pacientes com sobrepeso e obeso.

Pode-se afirmar que o balão intragastrico é eficiente no

controle temporário da obesidade, através da sensação de

saciedade e diminuição do excesso de peso, contudo, após a

retirada do balão seus resultados serão satisfatórios apenas

com a continuação do acompanhamento nutricional e

manutenção do novo estilo de vida adotado enquanto o uso do

BIG, nesse sentido é factível a necessidade da equipe

multidisciplinar durante toda a trajetória no combate a essa

doença. Sendo o acompanhamento nutricional imprescindível

para proporcionar maior eficácia no tratamento, com a

adequação de planos alimentares, aliado ao estímulo a práticas

físicas e mudanças comportamentais.

4 CONCLUSÕES

Diante do publicado nesse trabalho, conclui-se que o uso

do balão intragástrico é um método satisfatório para combater

temporariamente a obesidade, o tratamento com o mesmo

garante redução do peso quando há comprometimento do

paciente e este é acompanhado por uma equipe

multidisciplinar.

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EFETIVIDADE DO BALÃO INTRAGÁSTRICO EM PACIENTES COM OBESIDADE: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

454

Para a manutenção do peso e melhores resultados é

imprescindível o paciente ter acompanhamento do profissional

da nutrição, educador físico e quando necessário tratamento

psicológico.

O acompanhamento com o nutricionista deve ser

mantido durante o uso do balão intragastrico e após a sua

retirada. Devendo o nutricionista conscientizar o paciente que o

principal objetivo é a sua reeducação alimentar e não apenas a

perda de peso, além de garantir boa relação com o paciente

para que este não abandone o tratamento.

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COMPLICAÇÕES À SAÚDE: UMA REVISÃO

456

CAPÍTULO 26

INFLUÊNCIA DA MÍDIA EM INDIVÍDUOS OBESOS E COM OS TRANSTORNOS ALIMENTARES NA ADOÇÃO DE

DIETAS PARA EMAGRECIMENTO E SUAS IMPLICAÇÕES À SAÚDE: UMA REVISÃO

Priscila da Silva JERÔNIMO 1

Jaielison Yandro Pereira da SILVA 1 Ana Cláudia Pereira da SILVA 2

Janaina Almeida Dantas ESMERO 3

1 Graduandos do curso de Bacharelado em Nutrição e integrantes do Grupo de Pesquisa e Estudos em Atualidades da Nutrição Clínica (CLINUTRI) do Centro de Educação e Saúde -

CES/UFCG; 2 Nutricionista formada pelo Centro de Educação e Saúde – CES/UFCG; 3

Orientadora/Docente do Curso de Bacharelado em Nutrição e Vice-Coordenadora do Grupo de Pesquisa e Estudos em Atualidades da Nutrição Clínica (CLINUTRI)do Centro de

Educação e Saúde – CES/UFCG. [email protected]

RESUMO: As mídias sociais são meios de comunicação de

grande impacto no cotidiano dos indivíduos. Elas tem o poder

de influenciar diretamente os hábitos alimentares da população.

A preocupação das pessoas com estética e o crescimento das

doenças crônicas associadas à práticas alimentares e estilo de

vida, faz crescer a adesão por dietas restritivas, disponíveis em

revistas populares e na internet e, portanto, de fácil acesso a

população. Não se sabe até que ponto esses planos

alimentares disponíveis são adequadas do ponto de vista

nutricional. O presente trabalho tem por finalidade revisar a

literatura científica sobre a influência da mídia na adoção de

dietas para emagrecimento e suas implicações na saúde.

Foram utilizadas as seguintes bases de dados: LILACS,

SciELO e Portal de Periódicos CAPES para pesquisa dos

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COMPLICAÇÕES À SAÚDE: UMA REVISÃO

457

assuntos relacionados, utilizando para a busca os descritores:

dieta da moda, mídia, internet e recomendações nutricionais.

Foram selecinados artigos na língua inglesa e portuguesa dos

últimos dez anos. A pesquisa revelou que as dietas para

emagrecimento propostas na mídia são, em maioria,

inadequadas em qualidade e quantidade do ponto de vista

nutricional, apontando deficências nos planos alimentares.

Diante do exposto, observou-se a influencia dos meios de

comunicação sobre o consumo dos indivíduos, e as dietas

veiculadas nesse meio não levam em consideração

individualidade, podendo repercutir em impacto negativo na

saúde dos adeptos.

Palavras-chave: Dietas da Moda, Perda de Peso,

Recomendações Nutricionais, Mídia Audiovisual.

1 INTRODUÇÃO

A obesidade é consequência de um conjunto de fatores

que aumentam a massa de tecido adiposo corporal que tem

como principal causa o desequilíbrio entre ingestão alimentar e

gasto energético. Essa patologia é considerada um problema

grave de saúde pública, pois sua prevalência vem crescendo

acentuadamente nas últimas décadas, inclusive nos países em

desenvolvimento, o que levou a doença a uma condição de

epidemia global (MANCINI; HALPERN, 2006).

Sob outra ótica, a obesidade pode estar relacionada a

problemas sociais como: discriminação, preconceito e exclusão

social, acarretando preocupação exaregada com o corpo,

podendo ser um fator associado ao risco de desenvolvimento

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COMPLICAÇÕES À SAÚDE: UMA REVISÃO

458

de transtornos no comportamento alimentar (FILIPPE,2004

apud ABREU 2013; LOFRANO-PRADO et al., 2011).

Os transtornos alimentares, em especial a anorexia e a

bulimia, são tidos como alterações graves na conduta alimentar

que podem desencadear sérias complicações à saúde, como:

o emagrecimento extremo ou o ganho excessivo de peso, além

de alterações psicológicas, físicas e sociais (TOSATTI; PERES;

PREISSLER, 2007).

Diante disso, na tentativa de redução de peso e

prevenção da obesidade, nos últimos anos tem surgido uma

variedade de dietas que prometem a perda de peso rápida.

Para tanto, essas dietas divulgadas na mídia, principalmente na

internet e em revistas populares, recomendam o uso de planos

alimentares com grande restrição energética (BETONI, 2010).

Sabe-se que a internet e revistas não científicas,

ferramentas de comunicação da mídia atual, apresentam um

grande poder de influenciar diretamente o consumo e hábitos

alimentares, ainda mais com a crescente preocupação do

mundo atual em relação ao físico corporal (CORRÊA, 2013).

Esses meios de informação são utilizados amplamente pelos

indivíduos como fontes de pesquisas sobre saúde, receitas e

dietas, porém, não se sabe até onde vai a influência dessa

ferramenta e suas implicações, em termos de qualidade,

quantidade, harmonia e variedade, que podem repercutir na

saúde dos consumidores.

Portanto, partindo do princípio de que uma alimentação

saudável deve ser entendida como aquela que promove saúde

e que deve ser planejada com alimentos de todos os grupos

alimentares, a quantidade de energia e nutrientes que atendem

as necessidades da maioria dos indivíduos de uma população

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COMPLICAÇÕES À SAÚDE: UMA REVISÃO

459

e promovem saúde devem ser fundamentadas nas

recomendações nutricionais (PHILIPPI, 2008) e elaboradas por

profissionais de nutrição.

Diante de tais considerações, o presente estudo tem por

finalidade realizar uma revisão da literatura científica sobre a

influência da mídia na adoção de dietas para emagrecimento e

suas implicações na saúde, contribuindo com uma visão crítica

sobre o problema em questão.

2 MATERIAIS E MÉTODO

A elaboração deste estudo se deu através da realização

de uma revisão da literatura científica disponível nos últimos

dez anos (2006-2016) sobre o tema em questão. Para tanto,

foram selecionadas as seguintes bases de dados: LILACS

(Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da

Saúde), SciELO (Scientific Electronic Library Online) e Portal

de Periódicos CAPES. Para a busca dos periódicos utilizou-se

os seguintes descritores: dieta da moda, mídia, internet e

recomendações nutricionais. Foram selecionados artigos

científicos escritos na língua inglesa e portuguesa.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A obesidade é uma doença de difícil controle, com altos

percentuais de insucessos terapêuticos e de recidivas, podendo

apresentar sérias repercussões orgânicas e psicossociais,

especialmente nas formas mais graves. O indivíduo obeso

apresenta sofrimento psicológico decorrente dos problemas

relacionados ao preconceito social e a discriminação contra a

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COMPLICAÇÕES À SAÚDE: UMA REVISÃO

460

obesidade. A depreciação da própria imagem física leva a uma

imagem negativa de si, acompanhada de tristeza, vergonha e

isolamento, tornando-o inseguro (MACÊDO et al., 2015).

De maneira geral, a obesidade relaciona-se com uma

pior qualidade de vida, menor interação social, baixa autoestima

e menos bem estar físico e psicológico. Tem causado

problemas como frustações, infelicidade e uma gama de

doenças lesivas (VASCONCELOS, et al., 2011).

A insatisfação com o peso e imagem corporal é um fator

de risco para o desenvolvimento de transtornos no

comportamento alimentar, afetando a relação do indivíduo com

o corpo, autoestima e satisfação com a aparência, o que o torna

mais susceptível ao desenvolvimento de perturbações

comportamentais em relação à alimentação (LOFRANO-

PRADO et al., 2011).

Dentre os transtornos alimentares, destacam-se pela

frequência a Bulimia Nervosa (BN) e a Anorexia Nervosa (AN).

A BN é uma síndrome caracterizada pela ingestão alimentar

descontrolada, que afeta principalmente adolescentes e adultos

jovens do sexo feminino (SCATOLIN; CARVALHO; SILVA,

2010). Já a anorexia é evidenciada pela recusa do indivíduo em

manter um peso corporal na faixa normal mínima, de acordo

com sua idade e altura. Esse último envolve temor intenso de

ganhar peso e uma perturbação significativa na percepção da

forma ou do tamanho do corpo (LEONIDAS; SANTOS, 2013).

O tratamento de tais transtornos envolve uma equipe

multiprofissional, formada por psiquiatras, psicólogos,

nutricionistas, nutrólogos e terapeutas ocupacionais, a fim de se

obter sucesso na resolução e alívio dos sintomas (CATALAN-

MATAMOROS, et al., 2010). O tratamento farmacológico é

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COMPLICAÇÕES À SAÚDE: UMA REVISÃO

461

acompanhado de terapias individuais e familiares,

aconselhamento nutricional individualizado e terapia

ocupacional. De modo geral, não existe um profissional que

cuide especificamente do distúrbio da percepção corporal. Uma

das prioridades no tratamento é mudar a maneira como os

pacientes vivenciam seu próprio corpo (PROBST et al., 1997

apud THURM, 2012).

Existem evidências que dão suporte de que a mídia

promove distúrbios na imagem corporal e alimentar devido a

imposição do corpo “perfeito” que ela causa nos indivíduos,

sugerindo que o padrão estético de beleza para meninas é a

magreza e para meninos a musculosidade (HAASE, 2011;

SCHAAL et al., 2011). Diante disso, indivíduos sentem-se

pressionados por esse padrão estético imposto pela mídia, e

muitas vezes buscam por informações de novos hábitos

alimentares, mantém técnicas não saudáveis de manipulação e

controle do peso, tais como indução de vômitos, dietas severas,

exercícios físicos exagerados, uso de laxantes e diuréticos

(PESSOA et al, 2007).

Os meios de comunicação atuais como jornais, revistas

populares, televisão e, principalmente, a internet permitem que

a divulgação científica torne-se acessível à população em geral

(PECHULA, 2007); associado a isso, é inegável a influência

desses veículos de comunicação sobre os comportamentos

adotados pela sociedade na vida moderna. Acredita-se que seja

uma ferramenta de conduta de informação à população, capaz

de influenciar tanto positivamente quanto negativamente no

estilo de vida das pessoas. Com isso, surgem discussões sobre

o impacto dos meios de comunicação sobre a saúde da

população (AKIRA; MARQUES, 2009).

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COMPLICAÇÕES À SAÚDE: UMA REVISÃO

462

A crescente preocupação com o padrão estético, assim

como a obesidade, tornou-se um assunto de grande interesse

em vários meios de comunicação em massa, consultado pela

população leiga. As principais formas pelas quais os meios de

comunicação abordam esse tema são o estímulo à venda de

produtos para emagrecimento e recomendações de dietas

hipocalóricas. Podemos encontrar mensagens que incitam o

consumidor a seguir dietas restritivas em calorias ou outras

práticas, com o objetivo de redução de peso em pouco tempo e

sem esforço (ABREU et al, 2013).

A internet apresenta-se como um meio de comunicação

amplamente utilizado pela população na busca por informações

sobre dietas e saúde no entanto a falta de fiscalização pode

levar a divulgação de material de origem duvidosa, e que possa

vir a trazer malefícios.

Segundo Gomes (2007), a mídia veicula um padrão de

beleza possível apenas para uma parcela da população

mundial, visto que para conseguir estes padrões há um

envolvimento de custos. As propagandas existentes, mesmo

que de uma forma indireta, enfatizam a aparência física como

responsável pela felicidade e sucesso, enquadrando as

pessoas num padrão de beleza pré-estabelecida (WITT;

SCHNEIDER, 2011).

A mídia não se limita a ser imparcial e apenas informar,

mas também se posiciona para o que parece ser conveniente e

lucrativo (GUARESCHI, 1999 apud ABREU et al., 2013).

Paradoxalmente, influencia o consumo de alimentos

gordurosos e por vezes hipercalóricos, ao mesmo tempo em

que incita o culto aos padrões de beleza pré-estabelecidos,

persuadindo cada vez mais adolescentes e adultos à

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COMPLICAÇÕES À SAÚDE: UMA REVISÃO

463

insatisfação da imagem corporal. Este cenário, por sua vez,

favorece a adesão às dietas restritivas e à prática excessiva de

exercícios físicos, com o objetivo de atingir um peso corporal

ideal (ANDRADE et al., 2003, apud ABREU et al., 2013).

Para um programa de perda de massa corporal com

algum grau de sucesso é importante integrar mudanças

alimentares e exercício físico, além de modificação de

comportamento, educação nutricional e apoio psicológico. A

dieta com restrição de energia é o método mais utilizado para

promover a redução da massa corporal, no entanto, deve ser

nutricionalmente equilibrada, exceto para energia, onde são

reduzidas para um ponto no qual as reservas de gordura devem

ser mobilizadas para atender as necessidades diárias (SILVA;

MURA, 2013).

Os planos alimentares para redução ou manutenção de

peso corporal que exigem redução calórica devem atender ao

padrão alimentar e nutricional considerado adequado. Além

disso, podem ser utilizadas como um instrumento de

aprendizado e exercício da reeducação alimentar,

contemplando os quesitos da adequação em quantidade e

qualidade, prazer e saciedade (BRASIL, 2008).

Segundo Escott-Stump (2007), a pirâmide alimentar

propõe um programa de estilo de vida saudável, incluindo

nutrição e atividade física. Abrange todos os grupos dos

alimentos: cereais, frutas, vegetais, laticínios, carnes, gorduras

e doces. Se as propostas da pirâmide forem seguidas, a

probabilidade de deficiências nutricionais e implicações

negativas para a saúde são pequenas. Para ABESO (2009), as

dietas balanceadas baseiam-se em princípios científicos e são

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COMPLICAÇÕES À SAÚDE: UMA REVISÃO

464

tidas como as mais estudadas com o objetivo de redução de

peso.

No entanto, com a demanda da sociedade em relação à

perda ponderal de forma imediatista surgiram inúmeras dietas

e/ou cardápios divulgados pela mídia para atender tais

necessidades, chamadas também de “dietas da moda”, porém,

não se sabe ao certo sobre a fundamentação teórica de sua

elaboração (MA et al., 2007).

São dietas que geralmente restringem um ou mais

grupos de alimentos, além de pré-determinar um consumo

calórico muitas vezes incompatível com uma boa saúde. Tais

dietas, em sua grande maioria, causam efeitos negativos para

a saúde e não atingem os requisitos exigidos para uma

alimentação saudável e manutenção da saúde (BRASIL, 2008).

São inúmeras as propostas encontradas na internet e em

revistas populares que preconizam a perda de peso rápida,

dentre elas podemos citar a “dieta Detox” que se baseia no

consumo de frutas, hortaliças, água, sucos e chás. Tem

duração de geralmente sete dias (OLIVEIRA, 2014). A “dieta da

sopa”, firmada no consumo de sopa duas vezes ao dia, trata-se

de uma dieta hipocalórica que promete uma considerável

redução de peso em sete dias (OLIVEIRA, 2013). A “dieta do

Macrobioma” fundamentada no consumo de bactérias “do bem”

presentes em produtos lácteos fermentados, com o

pressuposto de que tal ingestão auxilia na redução do peso. O

tempo de adesão à dieta para obtenção do resultado prometido

é de um mês (MENEZES, 2014). A “dieta da Tapioca” parte do

principio da restrição do glúten da dieta, pressupondo que essa

proteína deixa o organismo inflamado e mais propenso a

acumular gorduras, objetivando assim a perda de peso com a

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COMPLICAÇÕES À SAÚDE: UMA REVISÃO

465

substituição de pães por tapioca. A dieta tem duração média de

sete dias (MARUL, 2014).

Estudos objetivando avaliar as dietas divulgadas na

mídia para promover perda de peso rápida, apontaram que

essas propostas são nutricionalmente inadequadas, tendo em

vista que tratam-se de dietas altamente restritivas e não

oferecem um aporte de nutrientes necessário para a

manutenção da saúde.

Betoni et al. (2010), em um estudo sobre a avaliação da

utilização de dietas da moda, mostrou que dietas muito restritas

em calorias podem levar ao aumento nas cetonas urinárias,

interferindo na liberação renal do ácido úrico. Como

consequência da elevação dos níveis séricos desse ácido, pode

haver o aparecimento de gota úrica. Além disso, o colesterol

sanguíneo pode aumentar em razão da maior mobilização da

gordura corporal, levando ao risco de desenvolvimento de

cálculo biliar e doenças cardiovasculares. Observou-se ainda

que as reduções de peso decorrente de dietas muito restritivas

em calorias resultam em uma perda de 9 a 26 Kg em quatro a

vinte semanas, no entanto, o tempo de permanência com o

peso reduzido é breve.

Pacheco et al. (2009) analisou a composição nutricional

de dietas publicadas em revistas não científicas e encontrou

que das 30 dietas estudadas, 14 estavam abaixo do valor

calórico recomendado para atender as necessidades

nutricionais mínimas, principalmente, em relação aos

micronutrientes. Embora a maioria das dietas apresentassem

quantidades adequadas de carboidratos, um número

considerável mostrou quantidade insuficiente desse

macronutriente. Já no caso das proteínas, a maioria sugeriu

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COMPLICAÇÕES À SAÚDE: UMA REVISÃO

466

excesso do nutriente. Quanto ao teor de lipídios, foram

encontradas inadequações, onde o excesso foi apontado em

metade das dietas. Um dado que chamou atenção foi o fato de

apenas 1(uma) das dietas conter o teor de fibras adequado.

Silva e Kirsten (2014) analisaram 24 dietas publicadas em

revistas não científicas e observou que a maioria das dietas

apresentaram-se inadequadas em relação aos

macronutrientes: hipoglicídicas (91,7%, n=22), hiperproteicas

(91,7%, n=22) e hiperlipídicas (91,7%, n=22), sendo adequadas

em relação a fibras totais, potássio, sódio e vitamina C.

Enfatizando a quantidade insuficiente de

micronutrientes, o estudo de Souza et al. (2006), diz que as

dietas de emagrecimento veiculadas por revistas não-

científicas, quando submetidas a analises nutricionais,

apresentaram insuficiência na oferta de vitamina A e cálcio.

Porém, ao se examinar o risco de consumo excessivo

atentando-se aos limites máximos toleráveis (UL), nenhuma

dieta analisada mostrou-se inadequada.

Segundo Philippi (2008), a alimentação saúdavel deve

ser planejada com todos os grupos alimentares, respeitando as

diferenças individuais, emocionais e sociais, alcançando as

recomendações nutricionais e o prazer de comer.

Portanto, para que as dietas sejam adquedas precisam

seguir o que é recomendao pela a Dietary Reference Intakes

(DRIs), cujos valores de referencia implicam no cuidado à

saúde, diminuição do risco de doenças e do consumo excessivo

de algum nutriente por indivíduos e grupos. Foram

desenvolvidas para indivíduos saudáveis e, portanto, não

devem ser utilizadas como referências para indivíduos com

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COMPLICAÇÕES À SAÚDE: UMA REVISÃO

467

doenças agudas ou crônicas, nem tão pouco para indivíduos

com alguma deficiência nutricional prévia (IOM, 2006).

Considerando a prevenção de deficiências nutricionais

como também a diminuição do risco de doenças crônicas não

transmissíveis, e por levar em consideração limites superiores

para a ingestão de nutrientes de forma a prevenir riscos de

efeitos adversos pela ingestão excessiva; ao confrontar a

composição nutricional de dietas veiculadas na mídia com os

valores de referências propostos pelas DRIs é possível apontar

possíveis inadequações nutricionais.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Portanto, percebe-se que a mídia exerce um papel de

grande importância no estímulo à adoção de dietas restritivas,

principalmente, por indivíduos obesos ou com transtornos

alimentares, na tentativa de se adequarem ao padrão estético

que imposto como o ideal.

É possível observar a partir dos resultados apontados em

alguns estudos que essas dietas vinculadas no meio virtual

podem apresentar inadequações tanto de macro quanto de

micronutrientes, e que as mesmas não respeitam a

individualidade.

É necessário que os profissionais nutricionistas estejam

preparados para alertar seus pacientes sobre as informações

que os mesmo estão tomando conhecimento através dessas

mídias sociais e reforçar também o papel do profissional de

acordo com a leigilação vigente.

Além disso, é primordial mais pesquisas a respeito do

poder de influência mídia sobre a imagem corporal das pessoas

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COMPLICAÇÕES À SAÚDE: UMA REVISÃO

468

e suas atitudes em relação as suas escolhas alimentares, pois,

muitas vezes, veiculam proposições infundadas que podem

repercutir em prejuízos à saúde dos consumidores.

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ANÁLISE DA COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL DE DIETAS VEICULADAS NA INTERNET E EM REVISTAS POPULARES

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CAPÍTULO 27

ANÁLISE DA COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL DE DIETAS VEICULADAS NA INTERNET E EM REVISTAS

POPULARES

Ana Cláudia Pereira da SILVA 1

Jaielison Yandro Pereira da SILVA 2 Priscila da Silva JERÔNIMO 2

Janaina Almeida Dantas ESMERO 3

1 Nutricionista formada pelo Centro de Educação e Saúde – CES/UFCG; 2 Graduando dos curso de Bacharelado em Nutrição e integrantes do Grupo de Pesquisa e Estudos em

Atualidades da Nutrição Clínica (CLINUTRI) do Centro de Educação e Saúde - CES/UFCG; 3 Orientadora/Docente do Curso de Bacharelado em Nutrição e Vice-Coordenadora do Grupo

de Pesquisa e Estudos em Atualidades da Nutrição Clínica (CLINUTRI) do Centro de Educação e Saúde – CES/UFCG.

[email protected]

RESUMO: O padrão estético e a obesidade têm despertado o interesse da mídia, que exerce influência direta sobre os hábitos alimentares da vida moderna. É frequente encontrarmos mensagens que incitam as pessoas a seguirem dietas com o intuito de perder peso, porém, não se sabe até que ponto elas são adequadas. O objetivo desse trabalho é analisar a composição nutricional de dietas veiculadas a internet e em revistas populares. Trata-se de um estudo transversal de caráter qualiquantitativo onde foram selecionadas cinco dietas (“Dukan”, “macrobioma”, “sopa”, “tapioca” e “detox”), e para cada uma foram analisados três cardápios. Foi feito a análise da composição nutricional pelo software AVANUTRI®. Para análise de macronutrientes utilizou-se como referência os valores do Institute of Medicine (IOM) considerando as Dietary Reference Intakes (DRIs). A frequência qualitativa foi definida de acordo com o Guia Alimentar para a População Brasileira. A análise estatística foi realizada no SPSS 13.0. Todas as dietas se mostraram hipocalóricas, com inadequações de nutrientes.

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ANÁLISE DA COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL DE DIETAS VEICULADAS NA INTERNET E EM REVISTAS POPULARES

473

Quanto ao número de porções por grupos de alimentos, a grande maioria das dietas estava inadequada, sejam por excesso ou deficiência. Diante do exposto, as dietas mostraram inadequações do ponto de vista qualitativo e quantitativo, deixando claro que não levaram em consideração as necessidades individuais, podendo acarretar riscos à saúde do consumidor. Palavras-chave: Dietas da Moda; Recomendações

Nutricionais; Composição de Alimentos.

1 INTRODUÇÃO

A obesidade, doença multifatorial que envolve fatores

genéticos e ambientais, é definida como acúmulo anormal de

gordura corporal, resultante do desequilíbrio energético

prolongado, podendo trazer sérias implicações para a saúde

das pessoas (NAVES; COSTA, 2006; SOUZA et al, 2006).

Por outro lado, a preocupação excessiva com o peso e

forma corporal, e a auto avaliação excessivamente dependente

destas dimensões podem levar a transtornos de

comportamento alimentar como a anorexia e bulimia,

transtornos de comportamento alimentar que vem aumentando

cada vez mais nos últimos anos, atingindo principalmente

mulheres (TIRICO; STEFANO; BLAY, 2010; SMINK; HOEKEN;

HOEK, 2012).

A preocupação com a obesidade e suas comorbidades,

aliada com o padrão estético, tem ganhado grande destaque na

mídia. Artistas e modelos famosas, seja por meio de blogs,

comerciais de televisão, revistas populares entre outras formas

de divulgação, acabam incentivando os indivíduos a buscarem

dietas de restrição, associando suas imagens ao resultado

dessas práticas e ao uso indiscriminado de produtos para

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ANÁLISE DA COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL DE DIETAS VEICULADAS NA INTERNET E EM REVISTAS POPULARES

474

emagrecimento (SOUTO; FERRO-BUCHER, 2006; ABREU et

al., 2013)

Existem evidências que fundamentam que a mídia pode

contribuir para a promoção de distúrbios da imagem corporal,

tendo em vista que para obter o “corpo ideal”, indivíduos podem

optar por condutas não saudáveis de controle de peso (indução

de vômitos, exercícios excessivos, dietas extremamente

restritivas) (STICE, 2002).

A internet e revistas populares de saúde são cada vez

mais utilizadas como fontes de informações sobre dieta e

saúde, sendo difundidos na sociedade moderna. Contudo, não

se sabe até que ponto as dietas e/ou cardápios preconizados

por esses veículos de comunicação, que prometem perda de

peso milagrosa, são adequadas do ponto de vista nutricional.

Embora sejam importantes ferramentas de pesquisa e

informação, a falta de fiscalização tem contribuído para a

veiculação cada vez maior de dietas inadequadas que

prometem emagrecimento rápido e não priorizam a saúde dos

indivíduos.

Observou-se que nos últimos anos há uma vasta oferta

de dietas que prometem perda de peso rápida e em curto prazo,

porém, a avaliação da qualidade nutricional destas dietas não

está bem esclarecida (MA et al, 2007).

São inúmeras as dietas encontradas na internet e em

revistas populares. Dentre elas podemos citar: a “dieta Dukan”,

a “dieta do Microbioma”, a “dieta da Sopa”, a “dieta da Tapioca”,

a “dieta Detox”, dentre outras.

Para um plano alimentar saudável é importante

considerar o suprimento das necessidades de cada nutriente de

acordo com as Dietary Reference Intakes (DRIs), que são

utilizadas para planejamento e avaliações de dietas e de

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ANÁLISE DA COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL DE DIETAS VEICULADAS NA INTERNET E EM REVISTAS POPULARES

475

programas de orientação nutricional, além de auxiliar na

definição de rotulagem (SILVA; MURA, 2013; BRASIL, 2014).

Considerando o exposto, essa pesquisa tem por

finalidade analisar a composição nutricional de algumas dietas

veiculadas na internet e em revistas populares e, dessa forma,

contribuir para que os indivíduos tenham uma visão mais crítica

dos possíveis riscos e/ou benefícios que tais dietas podem

oferecer, despertando o interesse por estudos ainda mais

aprofundados acerca dessa temática.

2 MATERIAIS E MÉTODO

Trata-se de um estudo com uma abordagem transversal

de caráter quanti-qualitativo para análise de dietas destinadas

a emegrecimento e veiculadas em sites e revistas não

científicas, no período de Agosto a Novembro de 2014.

Foram selecionadas 3 revistas de forma aleatória que

publicaram dietas e/ou cardápios para emagrecimento, e

selecionadas 3 (três) dietas: dieta Dukan, dieta do Microbioma

e dieta da Tapioca, sendo uma de cada revista.

Na escolha das dietas veiculadas a internet, a ferramenta

escolhida para a pesquisa foi o Google. Por meio desta,

pesquisou-se os sites nos quais apareciam as dietas para

emagrecimento. Foram selecionadas 2 (duas) dietas: dieta

Dukan e dieta da Sopa.

Para cada dieta selecionada, foram avaliados três

cardápios, a fim de se obter uma média de valores de ingestão

individual.

A composição nutricional das dietas foi avaliada a partir

da listagem dos alimentos propostos nas refeições. Foram

incluídos na análise os cardápios contendo pelo menos três

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ANÁLISE DA COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL DE DIETAS VEICULADAS NA INTERNET E EM REVISTAS POPULARES

476

refeições diárias. Para a análise da composição nutricional

foram contemplados os seguintes nutrientes: energia,

carboidratos, proteínas e lipídeos.

Os cardápios foram analisados por meio do software

AVANUTRI® – Sistema de Avaliação Nutricional, versão online

(2012). Foram incluídas informações nutricionais ao banco de

dados do programa, considerando os rótulos de alguns

produtos.

Para os cardápios que não referiram as quantidades em

gramas ou mL do alimento ou preparação sugerida, foi

estimado esse quantitativo a partir da utilização de tabelas de

medidas caseiras: Tabela para Avaliação de Consumo

Alimentar de Medidas Caseiras (PINHEIRO, 2004) e Medidas e

Porções de Alimentos (ALTENBURG; DIAS, 2009). Para todos

os alimentos que não continham o tamanho exato da unidade,

fatia ou porção, foi utilizado como padrão o tamanho médio.

Para aqueles que não especificavam se as colheres eram

cheia, rasa ou nivelada, foi utilizado como padrão a colher

cheia. Considerou-se sal, açúcar ou edulcorantes nas

preparações somente quando indicado.

Para avaliar a adequação nutricional dos cardápios em

relação aos macronutrientes, utilizou-se como referência os

intervalos de distribuição aceitáveis (Acceptable Macronutrient

Distribuition Range – AMDR), expressos em percentual de

energia total (Kcal): 45%-65% de carboidratos, 10%-35% de

proteínas e 20%-35% de lipídeos (IOM, 2005).

Para efetuar a análise das dietas foi estabelecido um

padrão, sendo escolhidas mulheres entre 20 e 55 anos que são

as mais afetadas pela mídia, considerando os padrões de

beleza (FREITAS; LIMA; LUCENA, 2010). O padrão utilizado

para comparação em relação à energia/Kcal das dietas para

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esse perfil foi calculado em 108,78kJ/kg/dia (26kcal/kg/dia),

resultando em 6723kJ/dia (1607kcal/dia) (SILVA, MURA, 2013).

A frequência qualitativa dos principais alimentos/grupos

de alimentos sugeridos nessas dietas/cardápios foi comparada

com o número de porções por grupos de alimentos propostas

pelo Guia Alimentar para a População Brasileira (BRASIL,

2008), a fim de se obter uma análise quantitativa das porções

(Quadro 1). Por questões éticas, os nomes das revistas

analisadas e suas respectivas editoras foram ocultadas.

A análise de dados foi realizada de forma descritiva por

meio de frequência, média, desvio padrão e valores mínimos e

máximos, utilizando o programa Statistical Package for the

Social Sciences (SPSS) versão 13.0 para Windows

Quadro 1. Recomendações em números de porções preconizados pelo Guia Alimentar para a População Brasileira, 2008.

Grupo de alimentos Porções diárias recomendadas

Cereais, raízes e tubérculos 6 Frutas 3 Legumes e verduras 3 Leguminosas 1 Leite e derivados 3 Carnes e ovos 1 Gorduras No máximo 1 Açúcares 1

Fonte: Guia Alimentar para a População Brasileira do Ministério da Saúde (2008).

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3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com os cardápios propostos por cada uma

das dietas analisadas, foi estimado o consumo diário de

porções por grupo de alimentos e determinada a média em

calorias e macronutrientes, com a finalidade de se fazer uma

análise qualitativa e quantitativa da dieta; além de uma brave

análise qualitativa em relação a fibras e alguns micronutrientes.

A dieta Dukan apresentou uma proposta de cardápio

contendo seis refeições diárias que ofertavam um elevado

aporte proteico, principalmente de origem animal. Tal proposta

pode contribuir para o desenvolvimento de doenças crônicas

(aterosclerose, doenças cardiovasculares e hipertensão),

considerando o fato de que ricos em proteínas de origem animal

que por muitas vezes são fontes de gorduras, principalmente

saturada (MAHAN; SCOTT-STUMP, 2010).

Na Dieta do Microbioma os cardápios eram distribuídos

em cinco refeições diárias e apresentaram uma oferta

moderada de proteínas e lipídios, além da ausência de

carboidratos refinados. Seu princípio básico era o consumo de

probióticos, presentes em leites fermentados e iogurtes,

importantes no segmento dos alimentos funcionais (COSTA et

al, 2013). Segundo Denipote, Trindade e Burini (2010) auxiliam

na hidrólise da lactose, na modulação da constipação, possui

atividade antimutagênica e anticarcinogênica. Além disso,

possui atividade na redução do colesterol sanguíneo e auxilia

no quadro de pacientes com diabetes tipo 2 e obesidade

(ARONSSON et al., 2010). No entanto, a dieta apresenta pouca

variedade de alimentos/preparações que pode contribuir para o

aparecimento de possíveis deficiências em micronutrientes.

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O plano alimentar proposto pela dieta da Tapioca

apontou um consumo moderado de carboidratos e proteínas,

além de um baixo aporte de lipídios. Seu princípio básico é o

consumo de tapioca uma vez ao dia, com objetivo de reduzir o

consumo de glúten e contribuir para a perda de peso. Segundo

Conselho Regional dos Nutricionistas a restrição de glúten só

deve acontecer mediante diagnóstico clínico confirmado de

doença celíaca, de dermatite herpetiforme, de alergia ao glúten,

ou quando eliminada a hipótese de doença celíaca, haja

diagnóstico clínico confirmado de sensibilidade ao glúten

(CRN6, 2014). E, apresentou poucas fontes importantes de

cálcio.

A análise da dieta Detox apontou poucas fontes de cálcio

e uma quantidade considerável de fontes de fibras, tanto do tipo

insolúveis quanto solúveis. Tinha como base do plano alimentar

o consumo de chás, frutas e legumes, principalmente, na forma

de sucos, pelo menos uma vez ao dia.

Na dieta da Sopa foi observado uma restrição tanto na

quantidade quanto na variedade dos alimentos, além de

apresentar poucas fontes de vitamina A e ferro. O princípio da

dieta é o consumo de sopa duas vezes ao dia.

Todas as dietas analisadas estavam distribuídas em

cinco (desjejum, lanche da manhã, almoço, lanche da tarde e

jantar) a seis (desjejum, lanche da manhã, almoço, lanche da

tarde, jantar e ceia) refeições diárias. O Guia Alimentar para a

População Brasileira (BRASIL, 2008) aponta que a distribuição

diária das refeições deve ser no mínimo três refeições, com

lanches intercalados.

Quanto à variedade dos alimentos e preparações, foi

possível observar monotonia alimentar, visto que os cardápios

apresentam repetições de boa parte dos alimentos.

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480

Corroborando com nosso estudo, Santana e Mayer (2003) ao

analisarem a composição de dietas veiculadas na internet,

apontaram inadequações na variedade de

alimentos/preparações que compunham os cardápios

analisados.

Os alimentos são à base da alimentação e nenhum

isoladamente, exceto o leite materno nos seis primeiros meses

de vida, é capaz de fornecer o requerimento ideal de energia e

nutrientes para o organismo humano. Portanto, faz-se

necessário a combinação adequada de cereais com

leguminosas (por exemplo, arroz e feijão), com fontes de origem

animal e mesclados com vegetais, a saber: verduras, legumes,

frutas e grãos (BRASIL, 2014).

Na Tabela 1 estão expostas as médias do consumo

calórico e de macronutrientes das cinco dietas analisadas, bem

como seus respectivos desvios padrões (DP).

Considerando as cinco dietas analisadas foi encontrado

um valor energético médio de 1306,88 ± 220,57Kcal, com valor

mínimo de 929,83 kcal para a dieta da Sopa, e valor máximo de

1491,77Kcal para a dieta da Tapioca. Tomando como base o

padrão utilizado para comparação das calorias das dietas

(1607Kcal/dia), observamos um valor energético aquém que se

estende a todos os planos alimentares analisados. O valor

calórico médio por quilogramas de peso fornecido pelas dietas

é em média 21,14Kcal/Kg, configurando segundo Silva e Mura

(2010), como dietas de moderada restrição, visto que, nessa

categoria se enquadram planos dietéticos que fornecem de 20

a 30/kcal/Kg de peso. No entanto, analisando-as de forma

individual, observou-se que a dieta da Sopa fornece apenas

15,04Kcal/Kg de peso/dia o que a classifica como uma dieta de

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481

elevada restrição calórica, onde fornecimento energético varia

de 10 a 19Kcal/Kg de peso/dia.

Tabela 1. Médias do consumo calórico e de macronutrientes das dietas, com base em três cardápios analisados.

Dieta VET Proteínas Carboidratos Lipídios

Kcal (g) % (g) % (g) %

Dieta Dukan 1.336,82 ± 273,58

131,73 ± 30,78

40 94,79 ± 47,05

28 47,86 ± 27,97

32

Dieta do Microbioma

1.341,84 ± 38,63

99,25 ± 23,28

30 147,99 ± 28,20

41 43,66 ± 8,75

29

Dieta da Tapioca

1.491,77 ± 363,25

90,83 ± 10,68

25 221,25 ± 76,99

59 27,05 ± 11,61

16

Dieta Detox 1.434,14 ± 39,47

73,95 ± 21,18

21 226,00 ± 25,71

63 26,04 ± 8,93

16

Dieta da Sopa 929,83 ± 193,96

23,63 ± 4,27

10 155,75 ± 23,15

67 23,59 ± 10,64

23

Fonte: Dados da pesquisa. Valores apresentados em Médias (± DP) e percentuais para macronutrientes.

Lima et al. (2010), em um estudo sobre o valor nutricional

de dietas veiculadas em revistas não cientificas onde foram

avaliadas 3 grupos de revistas, nos anos de 2007 e 2009,

observaram que as dietas propostas apresentaram um valor

calórico restritivo, com média calórica de 1.279,88Kcal/dia no

ano de 2007 e de 1.224,58Kcal no ano de 2009,

assememlhando ao resultado encontrado no presente estudo.

A literatura aponta que uma dieta com alta e média

restrição calórica traz como vantagem a redução rápida de peso

que ocorre devido à mobilização e utilização da gordura

corporal como fonte de energia, pois a quantidade de calorias

ingeridas é menor que a necessidade calórica do indivíduo

(MAHAN, SCOTT- STUMP, 2010).

Foi constatado que todas as dietas analisadas nesse

estudo tendem a cumprir o objetivo que proposto, ou seja,

proporcionar a perda de peso em pouco tempo. Contudo, Moreli

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e Burini (2006) referem que dietas restritivas podem ocasionar

a perda não só da massa gorda como também da massa magra,

podendo advir, de forma associada, distúrbios hidroeletrolíticos,

anemia, dislipidemia e anormalidades hepáticas. Portanto, tais

dietas podem repercutir em consequências metabólicas

relacionadas à composição da dieta e ao tempo de duração.

Em relação à proporção dos macronutrientes, segundo a

recomendação proposta pela AMDR, estabelecida pelo Institute

of Medicine (IOM, 2005), a dieta Dukan apontou valores acima

do recomendado para proteínas e baixo em relação aos

carboidratos, enquanto que a dieta do Microbioma apresentou

percentual reduzido de carboidratos. Quanto a dieta da tapioca,

é possível observar poucos lipídios. Na dieta Detox

encontramos valores superiores para carboidratos e baixos

para lipídios. A dieta a Sopa apontou muito carboidrato.

Considerando o exposto, 40%, das dietas analisadas eram

hiperglicídicas e 40% hipoglicídicas. Quanto aos lipídeos, 40%

foram classificadas como hipolipdicas. No tocante as proteínas,

80% das dietas eram normoprotéicas e 20% hiperproteica.

Observou-se um desequilíbrio na distribuição dos

macronutrientes em boa parte das dietas analisadas. O estudo

de Willhelm et al, (2014) sobre a composição de dietas para

emagrecimento divulgadas em revistas não científicas,

apontaram que 59,84% das dietas analisadas eram

insuficientes em carboidratos e 95,7% tinham excesso de

proteínas. Carvalho e Faicari (2010), em um estudo analisando

16 dietas publicadas em revistas de circulação nacional,

mostraram que 68,75% das dietas eram hipoglicídicas, 12,5%

normoglicídicas e 18,75% hiperglicídicas. Quanto às proteínas,

todas as dietas apontaram valores superiores ao recomendado,

e em relação aos lipídios, 18,75% eram hipolipídicas e 25%

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483

hiperlipídicas. Os resultado obtidos no estudo de Souza et al.

(2006) mostram que a maioria das dietas analisadas (85,72%)

tinham teores de carboidratos acima do recomendado, 82,86%

eram hiperprotéicas e 58,57% hiperlipídicas.

Segundo Calabrese e Liberali (2012), a baixa ingestão

de carboidratos pode levar ao surgimento de fadiga excessiva,

hipoglicemia e contribuir para cetose, além de favorecer a perda

do efeito protetor das proteínas. Ainda, dietas com elevado teor

de proteínas e um baixo teor de carboidratos favorecem não só

a perda de massa gorda, mas também de tecido muscular. O

desequilíbrio na proporção de macronutrientes, a saber, dietas

hipoglicídicas e hiperproteicas, promovem a perda de peso

mais rápida, pois a troca em termos quantitativos de

carboidratos por proteínas pode ter maior efeito termogênico

(SILVA; KIRSTEN, 2014). Contudo, o consumo excessivo de

proteínas pode ter efeito deletério, ocasionando excreção

excessiva de cálcio ou diminuição da função renal. Tal dieta em

longo prazo pode contribuir para o aparecimento de

osteoporose (MONTILLA; ALDRIGHI; MARUCCI, 2004).

As dietas com excesso de carboidratos em relação a

oferta calórica, dependendo do tempo e frequência de

consumo, podem favorecer à hipercolesterolemia,

hiperglicemia, hiperinsulinemia e hipertrigliceridemia, associado

a um risco cardiovascular aumentado (SANTOS et al., 2013).

Já as dietas com baixa quantidade de lipídios podem

influenciar na absorção das vitaminas lipossolúveis e também

na produção de hormônios (MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2010).

Além disso, a diminuição na quantidade de gorduras na dieta

pode contribuir no aumento nos níveis de triglicerídeos e uma

diminuição nos níveis de HDL (OLIVEIRA; KUKIER; MAGNONI,

2006).

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484

A Tabela 2, apresenta os valores encontrados em

médias e valores mínimos e máximos encontrados nas cinco

dietas analisadas, em relação ao consumo de porções por

grupo de alimentos.

Tabela 2. Média de consumo de porções por grupos de alimentos com base nos cardápios analisados.

Grupos de Alimentos

D1 D2 D3 D4 D5 *Recomendação

Cereais/raízes/tubérculos

2,33 [1; 3]

4,33 [4; 5]

6 [5; 7]

4,33 [4; 6]

6,33 [6; 7]

6

Frutas 0,66 [0; 2]

1,66 [1; 2]

1,33 [0; 3]

5,33 [4; 7]

3 [3; 3]

3

Legume/ verduras

2,66 [0; 4]

4 [2; 6]

2,33 [2; 3]

5 [4; 6]

5 [4; 6]

3

Leites/ derivados

5,33 [5; 6]

3 [2; 4]

3 [2; 4]

1,33 [0; 4]

0,66 [0; 1]

3

Leguminosas 0,33 [0; 1]

1 [0; 2]

1,33 [0; 2]

1,33 [0; 3]

1 [0; 2]

1

Carnes/ovos 6 [5; 7]

1,66 [1; 2]

2,67 [2; 3]

1,33 [1; 2]

0,66 [0; 2]

1

Gorduras 0,33 [0; 1]

1 [1; 1]

0,66 [0; 1]

0,33 [0; 1]

0 [0; 0]

No máximo 1

Açúcares 0,66 [0; 1]

0,33 [0; 1]

0 [0; 0]

0,66 [0; 1]

1 [1; 1]

1

Fonte: Dados da pesquisa. Valores apresentados são Médias (P 25; P 75).

*Guia Alimentar para a População Brasileira do Ministério da Saúde,(2008).

D1 - Dieta Dukan; D2 - Dieta do Microbioma; D3 – Dieta da Tapioca; D4 –

Dieta Detox; D5 – Dieta da Sopa.

Considerando as porções indicadas no Guia Alimentar

para a População Brasileira (BRASIL, 2008), observamos que

para o grupo cereais/raízes/tubérculos, as dietas Dukan e

Microbioma apontaram um número aquém do recomendado,

enquanto que para a dieta da Tapioca o valor encontrado

atingiu a proposta do Guia. Em relação às frutas, as três dietas

exibiram médias inferiores às recomendações. Já em relação

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485

ao grupo legumes/verduras, as dietas Dukan e Tapioca

apresentaram uma média de porções baixa, enquanto que a

deita do Microbioma mostrou valor médio acima do

preconizado.

Quanto ao grupo leite/derivados, a dieta Dukan apontou

um número médio de porções superior à proposta do Guia, e

nas dietas do Microbioma e da Tapioca o consumo foi

compatível. As três dietas apresentaram consumo acima da

recomendação para o grupo de carnes/ovos. No tocante as

leguminosas, a dieta Dukan apontou uma média de porções

abaixo do indicado pela literatura, enquanto que a dieta da

Tapioca apontou valor superior.

A dieta do Microbioma mostrou uma proposta de porções

compatíveis com os valores de referência. O valor médio de

porções de gorduras estabelecidos pelas dietas veiculadas às

revistas não científicas foi compatível com o Guia Alimentar

para a População Brasileira. Contudo, em relação aos

açúcares, foi observado um indicativo médio de porções

inferior.

Carvalho e Faicari (2014) ao analisar a composição de

16 dietas encontraram que, em relação ao grupo de

cereais/raízes/tubérculos todos, os cardápios apresentavam

valores aquém da recomendação. No entanto a maioria estava

adequada em relação aos grupos de frutas e de leite/derivados.

Considerando a média de porções encontradas das

dietas veiculadas na internet, e comparando com a proposta do

Guia Alimentar para a População Brasileira (BRASIL, 2008),

observamos que a dieta Detox apontou um número inferior para

o grupo cereais/raízes/tubérculos. Porém, um valor acima da

recomendação para o mesmo grupo foi observado na dieta da

Sopa. Em relação ao quantitativo de frutas, a dieta Detox

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apontou valores acima da recomendação; enquanto que a dieta

da Sopa mostrou valores dentro do parâmetro de referência.

Para os legumes/verduras, as duas dietas mostraram

valores acima do estabelecido no Guia. Já em relação ao

leite/derivados, as duas dietas apontaram uma média inferior.

O número de porções para as leguminosas foi superior às

recomendações para a dieta Detox e adequada para a dieta da

Sopa.

Carnes/ovos exibiu uma média de porções acima dos

valores de referência para a dieta Detox e abaixo para a dieta

da Sopa. Quanto ao grupo das gorduras, foi contatado um

número adequado de porções nas duas dietas, e o grupo de

açúcares apresentou adequação para a dieta da Sopa e abaixo

da recomendação para a dieta Detox.

Em todas as dietas foi possível observar prováveis

divergências quanto ao número de porções diárias por grupo de

alimentos, corroborando com o estudo de Silva e Kirsten (2014)

que identificou inadequação no quantitativo de porções diárias

de acordo com os grupos alimentares em todas as dietas

analisadas, apontando que um pouco mais da metade

precisava apenas de algumas modificações e as demais

estavam totalmente incoerente com a recomendação.

Uma alimentação de qualidade deve contemplar porções

adequadas de alimentos, a fim de proporcionar uma maior

variedade nutricional. O porcionamento é um importante aliado,

na medida em que indica as janelas de oportunidades dentro de

um plano alimentar para a introdução de praticamente todos os

produtos disponíveis, respeitando a quantidade e a frequência

de consumo (ALMEIDA et al, 2011).

Uma das limitações de nossa pesquisa foi à dificuldade

em encontrarmos artigos atuais que abordassem a análise das

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487

dietas da moda considerando os diferentes tipos de propostas.

A maioria apontava a análise calórica e dos nutrientes de forma

generalista. Uma análise geral inviabiliza apontar possíveis

deficiências nutricionais, pois, como observado, algumas dietas

podem apresentar um excesso de determinado nutriente

enquanto que outra pode mostrar adequação ou inadequação

para o mesmo nutriente. Além disso, quem faz a opção de

seguir uma determinada dieta tende em seguir a proposta por

um determinado tempo. Considerando isso, acreditamos que a

análise por tipo de dieta tende a apontar dados mais próximos

em relação às possíveis inadequações que o plano alimentar

seguido pode proporcionar.

Outra limitação foi em relação ao tamanho da amostra,

pois como para cada dieta analisada foram avaliados três

cardápios, uma amostragem maior poderia minimizar a

amplitude do intervalo dos valores encontrados,

proporcionando maior confiabilidade da estimativa e,

consequentemente, diminuir os possíveis víeis. A

heterogeneidade dos componentes nutricionais nos diferentes

cardápios para cada tipo de dieta proposta foi visível e,

provavelmente, um dos motivos responsáveis por contribuir

para essa variabilidade.

As informações sobre os quantitativos dos alimentos em

alguns cardápios propostos também foi considerado um entrave

na pesquisa, visto que, em algumas dietas, tais informações

foram apontadas de forma não muito clara, no entanto a análise

foi feita de maneira uniforme e padronizada.

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As possíveis inadequações em calorias e

macronutrientes encontradas nas dietas analisadas, deixa claro

que esse tipo de plano alimentar que promete perda de peso

rápida, não leva em consideração as necessidades individuais.

Foi observado que os cardápios apresentaram prováveis

inadequações não só quantitativamente, mas também

qualitativas, podendo influenciar em possíveis inadequações de

micronutrientes, que assim como macronutrientes são

essenciais para o organismo.

É importante expor que uma perda de peso saudável não

envolve apenas a restrição alimentar, mas também uma

seleção proporcional e variada de alimentos/nutrientes, visando

a reeducação alimentar associada ao exercício físico. Cada vez

mais ações educativas de alimentação e nutrição devem ser

realizadas com a população para expor possíveis riscos alguns

planos alimentares podem trazer a saúde, bem como esclarecer

que os mesmos não devem ser seguidos sem a orientação de

um profissional nutricionista.

Conclui-se que embora os meios de comunicação em

massa sejam de grande importância no que diz respeito a

informação, faz-se necessário um maior controle quanto ao que

é exposto pelos mesmos, visto que a divulgação indiscriminada

de dietas sem respaldo científico podem causar riscos a saúde

da população.

Faz-se necessário o desenvolvimento de novos estudos

que aprofundem essa temática, comparando os dados com

outros instrumentos de base, como o Novo Guia Alimentar.

Além disso, estudos com ênfase da análise de dietas de forma

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individualizada e considerando a análise quantitativa de

micronutrientes.

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IMPORTÂNCIA DO NUTRICIONISTA PARA O SEGUIMENTO DIETÉTICOE PARA MELHOR ADESÃO DA DIETA

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CAPÍTULO 28

IMPORTÂNCIA DO NUTRICIONISTA PARA O SEGUIMENTO DIETÉTICO E MELHOR ADESÃO DA DIETA

Caroline Severo de ASSIS1

Tainá Gomes DINIZ2

Erika Epaminondas de SOUSA4

Christiane Carmem Costa do NASCIMENTO5

1Pós-Graduandaem Nutrição Clínica e Funcional/FIP; 2Especialista em Nutrição Clínica e Terapia Nutricional/GANEP; ³Mestranda do Programade Pós Graduação em Ciências da

Nutrição/UFPB; 4Mestre em Ciências da Nutrição/ UFPB. [email protected]

RESUMO: Este trabalho de pesquisa visou reunir as informações concernentes às questões da adesão e motivação de indivíduos em programas de intervenção alimentar que almejam à mudança do comportamento, avaliados e acompanhados por nutricionistas registrados no CRN-6. O presente estudo avaliou problemas que os Nutricionistas enfrentam no seguimento dietético para melhor adesão da dieta pelos seus clientes. Trata-se de um estudo de campo transversal quanto ao objetivo, com aspectos qualitativos e quantitativos, por meio de aplicação de questionário, envolvendo 30 nutricionistas clínicos da cidade de João Pessoa/PB, no período de março a abril de 2014. Antes disto, foram recolhidas na literatura as atribuições do nutricionista, incluindo os métodos de avaliação nutricional, a comunicação entre o profissional e o cliente, a relação de confiança estabelecida entre estes eo importante quesito do atendimento humanizado. Foram abordadas as principais teorias motivacionais que se fundamentam os programas de intervenção alimentar e algumas considerações sobre a aplicação desta. O questionário aplicado versou sobre as dúvidas, questionamentos e interrogações mais frequentes a respeito dos êxitos e dificuldades nos tratamentos aos quais

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493

seus clientes são submetidos, demonstrando onde se encontram as dificuldades em um tratamento, e sinalizando para as possíveis resoluções cabíveis a tais dificuldadesnecessitando da colaboração multua dos clientes para obtenção de êxito no tratamento. Palavras-chave: Alimentação. Educação nutricional. Problemas enfrentados pelos nutricionistas.

1 INTRODUÇÃO

No que se diz respeito a mudanças no estilo de vida,

incluindo os de alimentação, o nutricionista é o profissional

adequado a desempenhar um papeldede grande relevância.

Muito mais do que prestar serviços de avaliação nutricional, ele

torna-se o norteador do acompanhamento e manutenção da

mudança de hábitos alimentares. Como os serviços de saúde

hoje já oferecem um amparo bem mais completo a seus

clientes, no setor da nutrição não poderia ser diferente

(ARAÚJO; BANDEIRA; LEÃO, 2013).

Cabe ao profissional dar suporte, meios e condições

favoráveis para que seu paciente consiga atingir seus objetivos,

de forma que se torne necessário levar em consideração não

somente os dados pessoais condizentes ao seu cliente, mas

também o meio em que ele vive as condições que sua família

dispõe o desejo de mudança e, por meio dessas perspectivas

fornecerem aporte nutricional, emocional e comportamental ao

indivíduo (LOPES, 2012).

No seguimento nutricional, enquadra-se a humanização

no atendimento, quando o profissional visualiza o cliente não

como ponto focal, mas como sendo o centro do problema com

vários focos.O canal de comunicação e a postura profissional

humanizado entre o nutricionista e o paciente irão estabelecer

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494

a confiabilidade entre um e outro e poderá facilitar o

desenvolvimento e o tratamento nutricional adequado (CFN,

2013).

O esclarecimento dos pontos relevantes e positivos no

que diz respeito à ética profissional, as técnicas utilizadas para

facilitar a adesão do paciente às dietas ofertadas e os melhores

meios para o sucesso no tratamento sãoimportante para

melhorar a formação e o exercício profissional. Contudo, para

expor esses pontos enunciados anteriormente, se faz

necessário saber que o nutricionista é um importante mediador

do problema, porém, a dedicação e a força de vontade do

paciente surtirão um efeito maior do que qualquer tratamento

proposto (ANDRADE; LIMA, 2013).

O presente trabalho objetivouavaliar a importância do

nutricionista para o seguimento dietéticoe melhor adesão da

dieta.

2 MATERIAIS E MÉTODO

Tratou-se de um estudo de campo transversal quanto ao

objetivo, com aspectos qualitativos e quantitativos, por meio de

aplicação de questionário, envolvendo 30 nutricionistas clínicos

da cidade de João Pessoa/PB, no período de março a abril de

2014.

De acordo com o Conselho Regional de Nutrição (CRN-

6),a região conta com o cadastro de 115 profissionais em toda

a Paraíba, para compor a análise, definiu-se a amostra de 30

nutricionistas clínicos em João Pessoa (n= 26 %).

Os dados coletados através dos questionários foram

compilados, analisados e distribuídos em frequência e números

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495

relativos e aplicado tratamento estatístico através do programa

Microsoft Excel 2010.

Os participantes da pesquisa foram tratados com todo o

rigor ético previsto pela Resolução n. 466/12, envolvendo

pesquisas com seres humanos e os dados foram coletados

após aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa

da Faculdade de Ciências Médicas da Paraíba (FCM/PB), João

Pessoa-PB. Os participantes consentiram sua participação

assinando um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

(TCLE) em que foram informados dos objetivos e dos

procedimentos da pesquisa antes da aplicação do questionário,

tendo em vista que seus resultados não seriam

esxpostoserapadamente em nenhum meio de divulgação.

O critério de inclusão compreendeu os nutricionistas que

atuam na prática clínica e que concordaram em participar da

pesquisa; o de exclusão, os que não permitiram sua

participação e que não atuam em consultório.

Risco:Este estudo não apresentou risco previsível aos

participantes, por se tratar apenas de coleta de informações

profissionais, através de questionário.

Benefício:Os resultados desta pesquisa poderão auxiliar

os nutricionistas na conduta com os pacientes e em sua melhor

resposta ao tratamento proposto, uma vez que terão

conhecimento dos entraves em sua relação com o cliente.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Figura (1), a conformação quanto ao gênero, deu-se

em 27 mulheres e 3 homens, evidenciando que a profissão de

Nutricionista ainda conta em sua grande maioria

comprofissionais do sexo feminino.

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496

Figura 1. Distribuição dos participantes da pesquisa por gênero.

Fonte: ASSIS et al. (2016).

Figura 2. Nível de formação dos nutricionistas particiantes da pesquisa.

Fonte: ASSIS et al. (2016).

Com relação ao Nível de formação atual, os dados

revelaram uma tendência à qualificação profissional, visto que

mais da metade dos entrevistados tem ao menos um tipo de

especialização. Verificando-se também a procura de pós

graduaçãostrictosensu.

90%

10%

Mulheres

Homens

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497

Tabela 1. Tempo de formação profissional dos nutricionistas participantes.

Fonte: ASSIS et al. (2016).

Com relação ao tempo de formação, revelou-se que a

maioria dos profissionais, mais especificamente 14 destes, tem

até 5 anos conclusão da graduação, outros 9 profissionais já

têm até 10 anos de formados.

Segundo a Tabela (1), os profissionais consultados

demonstraram que a maioria dos pacientes, que procuram o

seu serviço visam tratar da Perda de Peso, representando em

média 64,8%. Evidenciando que em relação ao atendimento em

consultório, o “carro chefe” ainda é a redução de peso, seguida

pela reeducação alimentar, com 14,3%, e da procura por outros

tratamentos, que incluem as Patologias e Dislipidemias, com

10,5%. Há ainda uma demanda por recuperação de peso, com

uma média de 6,1%. E, por último, a manutenção de peso, com

4,3%. Estes resultados são as médias cujos limites variaram de

5 a 10%. A procura por Perda de Peso, cujo limite mínimo foi de

20% corresponde a resposta de um Nutricionista, que de forma

isolada, atende somente atletas, e desta forma, a procura

destes para a redução do peso é realmente baixa. De forma

similar, na demanda “Outros”, com a explicitação no tratamento

de Dislipidemias e Patologias, em que o limite máximo foi de

80%, também corresponde a um profissional que atende em

Tempo de formação Número de profissionais

Graduação 2

Especialização 18

Mestrado 9

Doutorado 1

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498

sua grande maioria, pacientes dotados de complicações como

Diabetes Mellitus e Hipertensão.

Tabela 2. Principais demandas que os pacientes buscam.

Fonte: ASSIS et al. (2016).

SegundoPinheiro(2008), a transição nutricional tinha

uma influência para os problemas nutricionais de uma

população para a obesidade, constata-se hoje que a maior

demanda dos problemas nutricionais dos consultórios dos

profissionais é a busca pela perda de peso. Reafirma-se a

necessidade do Nutricionista fazer parte da equipe

multidisciplinar da Estratégia de Saúde da Família (ESF) e/ou

PSF conforme apresentado no trabalho supracitado, para que

consiga fornecer atendimento a todas as classes sociais

visando minimizar os danos que o agravo nutricional pode

acarretar.

Demanda Limites(%) Médias (%)

Perda de Peso 20 a 100 64,8

Manutenção de Peso 5 a 30 4,3

Recuperação de Peso 5 a 45 6,1

Reeducação Alimentar 5 a 40 14,3

Outros 10 a 80 10,5

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499

Figura 3. Tempo de tratamento.

Fonte: ASSIS et al. (2016).

A estimativa de tempo do tratamento, apresentado pelos

nutricionistas clínicos, em média, variou entre 0 a 6 meses,

como o período que mais fora mencionado.

Figura 4. Tempo de consulta/ atendimento.

Fonte: ASSIS et al. (2016).

O tempo médio das consultas, citados pelos profissionais

foi de 30 a 60 minutos, mecionado por 23 nutricionistas, no

atendimento ao pacinte, em seguida, 6 deles, afirmaram levar

de 60 a 120 minutos atendendo cada paciente. Apenas um dos

30%

57%

13%

0-3 meses

4-6 meses

mais de6 meses

9%

72%

19%0-30 min

30-60 min

60-120 min

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500

nutricionistas relatou que seu tempo médio de consulta é de até

30 minutos. Ressaltando que o tempo médio das consultas da

maioria dos profissionais entrevistados, foi de 30 minutos até 1

hora de atendimento, variando de acordo com a necessidade,

cosultas de retorno geralmente são mais rápidas.

Figura 5. Estimativa de retorno.

Fonte: ASSIS et al. (2016).

Na Figura (5), a estimativa do retorno dos pacientes ao

consultório foi um questionamento feito aos nutricionistas, para

avaliar o acompanhamento do tratamento apresentado aos

clientes. Sendo esta estimativa, segundo 26 entre 40% a 90%.

Outros 14 profissionais responderam que 70 a 90% e 12 destes

entre 40 e 60%. Demonstrando assim que a maioria dos

pacientes procura cumprir o tratamento nutricional

recomendado pelo nutricionista. Evidencia-se também que 14

nutricionistas apresentaram como taxa de retorno entre 70 a

90% e apenas 2 com retorno acima de 90% e outros dois com

taxa de retorno abaixo de 30%.

Estes índices têm demonstrado que diferentemente

daqueles sugeridos pela OrganizaçãoMundial de Saúde (OMS)

2

14

12

2

>90%

70 a 90%

40 a 60%

0 a 30%

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501

há uma maior adesão aos tratamentos propostos pelos

nutricionistas atualmente. Do mesmo modo é fundamental o

retorno do paciente ao consultório, o acompanhamento,

assistência e maior interação entre o profissional e o paciente

no aprofundamento de questões de saúde como propõe a

própria OMS(WHO, 2003).

Figura 6. Motivo do retorno dos pacientes.

Fonte: ASSIS et al. (2016).

A demanda do retorno de pacientes se verifica, para a

reavaliação do Tratamento recomendado, entre 46% dos

nutricionistas da pesquisa, e para 37% deles, apontam ainda a

satisfação com os resultados obtidos, como o segundo motivo

de grande procura pelos pacientes. E dentre todos os

entrevistados, apenas 17% deles apontam a busca por novos

ou mais tratamentos e estímulos, como sendo a causa do

retorno.

46%

37%

17%

0%

Reavaliação

Satisfação

Estímulos

Queixas

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Figura 7. Grau de Satisfação.

Fonte: ASSIS et al. (2016).

Segundo os Nutricionistas Clínicos do município de João

Pessoa/PB, os pacientes demonstram um Grau de bastante

Satisfação ao retornarem para o consultório, 21 nutricionistas

fizeram esse relato e alguns apontam um Grau de Satisfação

intermediário, 9 deles. Este grau de satisfação demonstra

influência que um tratamento quando proposto e cumprido da

forma correta pode ocasionar na adesão ao tratamento

apresentado pelo Nutricionista conforme exposto por Ceccim

(2005). Onde mesmo sendo uma percepção apresentada pelos

profissionais é importante frisar que este grau de satisfação é

um fator importante na relação profissional – paciente, o que

pode conferir um sucesso maior ao tratamento proposto pelo

profissional para o cliente, gerando também uma estimativa de

retorno mais elevada.

0 0

9

21

nada satisfeito pouco satisfeito intermediário bastante satisfeito

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503

Figura 8. Tratamentos propostos.

Fonte: ASSIS et al. (2016).

De acordo com o que os Nutricionistas apresentaram

quanto ao cumprimento do tratamento recomendado aos seus

pacientes, 19 profissionais relataram ter notado que a grande

maioria de seus pacientes cumpre o tratamento proposto. Seis

Nutricionistas discorreram sobre questões mais específicas

como o fato de o sucesso no tratamento variar de paciente para

paciente, dependendo do seu nível de comprometimento com o

tratamento proposto, e também do objetivo do tratamento. Há

ainda, aqueles pacientes que cumprem parcialmente o que foi

proposto, abandonando em algum momento o que

anteriormente estava seguindo como conduta.

Desta forma há que considerar que, mesmo sendo a

maioria dos profissionais pesquisados respondendo que a

grande maioria dos pacientes cumpre o tratamentoproposto, é

necessário o envolvimento do profissional em trabalhar a auto-

estima e o comprometimento do paciente.

19

0

56

cumpriu não cumpriu mudança outros

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504

Figura 9. Influências que os tratamentos sofrem.

Fonte: ASSIS et al. (2016).

O Tratamento Dietoterápico sofre influência de meios

externos, e não são somente influenciados pela força de

vontade do paciente e pelos incentivos que os Nutricionistas

apresentam. Destas dificuldades, que na descrição foram

citadas pelos profissionais, destacadam-se: dificuldade de

conciliar o tratamento com a vida social,adaptação a novos

horários de realizar as refeições, novas preparações e o

universo de refeições sugeridas, viagens que mudam a rotina

alimentar, depressão, falta de motivação pessoal e, a proposta

de “tratamentos milagrosos”. Seguidos destas descrições,

vieram em segundo lugar às dificuldades Psicológicas, e em

terceiro, as financeiras. Evidenciando que é de suma

importância o acompanhamento periódico pela parte do

nutricionista, para que seu paciente se sinta assistido e

amparado durante todo o tratamento.

5

12

13

financeiras psicológicas outras

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505

Figura 10. Adapatação ao tartamento.

Fonte: ASSIS et al. (2016).

No quesito que tratou de averiguar a Adaptação ao

Tratamento, 19 Nutricionistas relataram que seus pacientes

afrirmaram ser fácil a adaptação, e 11 profissionais,

mencionaram que seus pacientes relatam dificuldades em

executar o tratamento. Dentre estas dificuldades, estão o início

á prática de exercícios físicos, horário disponível para preparar

suas refeições, dúvida se podem ou não consumir

determinados alimentos e a dificuldade de fracionamento de

suas refeições ao longo do dia.Vinte e sete Nutricionistas

assinalaram que seus pacientes não demonstram nenhum grau

de frustração em relação tratamento, e apenas 3 deles

disseram que sim, sem apresentar os motivos.

O intuito da procura ao Nutricionista é a perda de peso,

pois hoje a obesidade encontra-se entre as dislipidemias mais

presentes na população, assim como no estudo de Lima et al.

(2015), mostrou a correlação entre os fatores que são

determinantes para o execesso de peso, como a escolaridade,

renda,sexo, hábito de fumar e estilo de vida, corroborando com

os dados obtidos no presente trabalho, onde se faz necessário

19

11

fácil

dificuldades

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IMPORTÂNCIA DO NUTRICIONISTA PARA O SEGUIMENTO DIETÉTICOE PARA MELHOR ADESÃO DA DIETA

506

que a população tenha acesso ao acompanhamento não só

nutricional, mas, multiprofissional, afim de prevenir ou tratar as

patologias mais frequentes, como a obesidade.

4 CONCLUSÕES

Ao avaliar os dados do presente estudo o profissional

nutricionista clínico do município de João Pessoa/PB, é em sua

grande maioria do sexo feminino com idade entre 23 e 56 anos,

apresentam até 5 anos de atuação profissional.

O acompanhamento profissional dos Nutricionistas

Clínicos, em sua maioria, propõe um tempo de tratamento aos

seus pacientes de 4 a 6 meses e que em suas consultas utilizam

o tempo de 30 a 60 minutos, tendo um índice de retorno entre

40% a 90%, com alto grau de satisfação.

A grande maioria dos pacientes cumpre o tratamento

proposto pelo Nutricionista, com fácil adaptação e sem

dificuldades em atender a suas orientações. Existem influências

externas durante o tratamento dos pacientes, mas não há

frustração ou dificuldades de assimilar as orientações

apresentadas pelos Nutricionistas. Os Nutricionistas Clínicos

tem que desenvolver canais de interações rápidas com seus

pacientes, mídia, redes sociais, para atender suas demandas,

tanto daquelas previstas no tratamento, como de influência

externa e momentâneas. Quanto mais fortalecida a relação de

confiança entre profissional e paciente, maior chances de êxito

tem o tratamento. Cada paciente é único e suas necessidades

devem ser tratadas como tais.

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IMPORTÂNCIA DO NUTRICIONISTA PARA O SEGUIMENTO DIETÉTICOE PARA MELHOR ADESÃO DA DIETA

507

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ANÁLISE CRÍTICA DA ROTULAGEM DE PRODUTOS DIET E LIGHT E SEUS

IMPACTOS À SAÚDE HUMANA: UMA REVISÃO DA LITERATURA

508

CAPÍTULO 29

ANÁLISE CRITICA DA ROTULAGEM DE PRODUTOS DIET E LIGHT E SEUS IMPACTOS À SAÚDE HUMANA: UMA

REVISÃO DA LITERATURA

Jaielison Yandro Pereira da SILVA 1

Manuella Italiano PEIXOTO 2

Janaina Almeida Dantas ESMERO 3

1 Graduando do curso de Bacharelado em Nutrição e integrante do Grupo de Pesquisa e Estudos em Atualidades da Nutrição Clínica (CLINUTRI) do Centro de Educação e Saúde - CES/UFCG; 2 Nutricionista Residente em Nutrição Clínica; 3 Orientadora/Docente do Curso

de Bacharelado em Nutrição e Vice-Coordenadora do Grupo de Pesquisa e Estudos em Atualidades da Nutrição Clínica (CLINUTRI) do Centro de Educação e Saúde – CES/UFCG.

[email protected]

RESUMO: O aumento na prevalência de Doenças Crônicas Não Transmissíveis, a saber: obesidade, diabetes, hipertensão arterial, entre outras, muitas vezes pode está associada a hábitos alimentares e estilo e vida inadequados, resultando na necessidade de mudanças em relação a essas variáveis. A comercialização de produtos para fins especiais, como os diet e light, pode contribuir de forma positiva em determinadas situações metabólicas e fisiológicas, cada um com sua especificidade. Contudo, a falta de conhecimento pode resultar no consumo desses produtos de forma inadequada e, com isso, acarretar prejuízos à saúde em decorrência do desconhecimento sobre a importância da rotulagem de alimentos e sua interpretação. O presente estudo tem por finalidade revisar a literatura dos últimos dez anos sobre a rotulagem de produtos diet e light. Os estudos indicaram que parte dos indivíduos não sabem diferenciar diet de light, e podem usar esses produtos de forma indiscriminada, muitas vezes sem indicação, podendo contribuir para danos à saúde. É essencial que o consumidor tenha atenção ao optar por consumir tais alimentos, pois, embora tenham objetivos ligados

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509

à saúde, essa realidade pode não ser aplicada em todas as situações. É importante que os consumidores leiam e saibam interpretar a rotulagem desses produtos, evitando o consumo de forma incorreta. Deve-se incentivar ações educativas para um melhor compreensão por parte dos consumidores. Palavras-chave: Nutrição; Rotulagem de Alimentos; Doenças

Crônicas.

1 INTRODUÇÃO

Os produtos alimentares possuem um lugar de destaque no

cotidiano dos indivíduos (SOARES; MOURA NETO; SILVA,

2016). Esses produtos são utilizados não apenas para saciar a

fome, mas como forma de garantir o aporte nutricional

necessário para o bom desempenho do organismo,

contribuindo para a manutenção ou recuperação do estado

nutricional de um indivíduo saudável ou enfermo,

respectivamente.

O aumento da prevalência das Doenças Crônicas Não

Transmissíveis (DCNT), a saber: obesidade, diabetes,

hipertensão arterial, dislipidemia, entre outras, resultam em

graves prejuízos a saúde e, muitas vezes, estão associadas a

uma alimentação incorreta e estilo de vida sedentário,

influenciando no aumento da taxa de mortalidade (DUNCAN et

al., 2012). Tal aumento pode ter contribuído para a

comercialização de produtos com a finalidade de auxiliar no

tratamento ou prevenir complicações associadas a essas

doenças, surgindo os alimentos diet e light que vieram a se

tornar grandes aliados à saúde (HALL, 2006).

De acordo com a Portaria nº29, de 13 de janeiro de 1998

proposta de Agência Nacional de Vigilância Sanitária o produto

diet é caracterizado por apresentar na sua composição

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510

quantidades insignificantes ou isentas de determinado

nutriente, destinado para grupos da população com

necessidades fisiológicas específicas, ao passo que um produto

light apresenta em sua composição uma redução de algum

nutriente ou valor energético (25%) quando comparado a um

tradicional (BRASIL, 1998; BRASIL, 2012).

Os alimentos diet e light devem conter em sua

embalagem a rotulagem nutricional que funciona como um meio

de informação ao consumidor, a fim de guiá-lo em escolhas

mais saudáveis e servir como meio de comunicação entre a

indústria e seu consumidor (MACHADO et al., 2006; CAVADA

et al., 2012).

Partindo do pré-suposto de que a rotulagem de alimentos

é obrigatória e normatizada pela ANVISA, isso passa confiança

e segurança aos comensais; porém, muitas vezes estes não

atentam ao que esta presente no rótulo ou até mesmo ignoram

a necessidade de se saber interpretá-lo. Contudo, isso não

exclui a possibilidade de eventuais erros, inadequações ou

fraudes que possam prejudicar a saúde dos mesmos

(MACHADO et al., 2006).

Então questionamos até que ponto vai o conhecimento

dos consumidores de produtos diet e light sobre sua rotulagem?

Eles sabem interpretar? Quais riscos o consumo inadequado

desses alimentos pode trazer à saúde?

Tendo em vista que o consumo alimentar inadequado

pode acarretar riscos à saúde, é de grande importância

investigar o conhecimento dos consumidos à respeito da

rotulagem de alimentos para fins especiais. Diante do exposto,

o presente trabalho tem como objetivo revisar a literatura

científica disponível dos últimos dez anos (2006-2016) fazendo

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511

uma análise crítica sobre a rotulagem de produtos diet e light e

seu impacto à saúde humana.

2 MATERIAIS E MÉTODO

Trata-se de uma revisão da literatura científica que

abordam os produtos diet e light sob diferentes aspectos,

levantando uma análise crítica sobre essa temática. Foi feita

uma pesquisa prévia no DeCS (Descritores em Ciências da

Saúde) para a seleção das palavras-chave associadas ao

assunto. O levantamento bibliográfico foi realizado e partir das

bases de dados: SciELO (Scientific Electronic Library Online),

PubMed/MEDLINE (Medical Literature Analysis and Retrieval

System Online), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e Portal de

Periódicos CAPES. Para a busca dos artigos científicos foram

utilizados os seguintes descritores: produto light (light food),

produto diet (diet food), combinado os os descritores rotulagem

de alimentos (food labeling) e doenças crônicas (chronic

diseases). A seleção dos artigos foi conduzida de acordo com

os seguintes critérios de inclusão: 1) artigos/estudos

relacionados com a temática (declarados no título ou no objetivo

do estudo); 2) artigos com diferentes públicos (variando entre o

sexo, faixa etária, escolaridade, doenças e etc.); 3) artigos

publicados nos últimos dez anos (2006-2016) e 4) artigos

escritos no idioma português e inglês. Foram excluidos os

artigos que não se enquadravam nos critérios supracitados.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Segundo a World Heath Organization (2011) as Doenças

Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), como as doenças

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512

cardiovasculares, obesidade, diabetes, hipertensão arterial,

dislipidemias e entre outras, representam hoje o maior

problema de saúde pública, tanto no Brasil quanto nos demais

países do globo, gerando um grande número de mortes

prematuras e gastos ao cofre público. A grande maioria das

DCNT poderiam ser prevenidas ou controladas por meio da

detecção precoce, mudanças de hábitos alimentares, adoção

da prática da atividade física e acesso a tratamento adequado

(VERAS, 2011). É perceptível que hábitos alimentares

constituem um dos fatores modificaveis do estilo de vida de

grande importância para o controle de doenças crônicas, sendo

passível como intervenções preventivas com grande poder

custo-efetivo (BRUNO; PEREIRA; ALMEIDA, 2014).

Logo, o aumento das doenças crônicas não

transmissíveis, associada a prevalência de

alergias/intolerâncias alimentares e a preocupação crescente

com a estética corporal concomitante com elevação do nível de

escolaridade da população, vem resultando na formação de

consumidores mais conscientes em relação à boa alimentação

e saúde. Esses fatos têm contribuído para a necessidade de

formulação de produtos alimentícios especializados. De forma

geral, os produtos diet e light podem atender a população que

se preocupa com a saúde e forma física (HALL, 2006).

Observa-se um aumento progressivo em relação ao

consumo desses alimentos, não exclusivamente por indivíduos

acometidos por enfermidades, mas também por pessoas que

se preocupam com a estética, atletas, esportistas e/ou como

escolha opcional. A transição demográfica brasileira,

caracterizada pelo envelhecimento populacional, também

contribuiu com esse aumento, em decorrência da elevação na

frequência de comorbidades e, consequentemente, uso de

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513

alternativas para o controle de algumas doenças (MEIRA,

2010).

A produção dos alimentos diet e light teve início na

década de 70 (DA SILVA; BISPO; DRUZIAN, 2013). No Brasil,

a comercialização era realizada em farmácias, por serem

caracterizados como medicamentos, e era controlada pela

Vigilância Sanitária de Medicamentos. Esta realidade perdurou

até o ano de 1988, quando foi instituída a Portaria n° 1 da

Secretária Nacional de Vigilância Sanitária e do Ministério da

Saúde (NUNES; GALLON, 2013), em que esses produtos

passaram a ser considerados alimentos, logo, sendo

controlados pela ANVISA.

A partir da Conferência da Organização da Agricultura e

Alimentação (FAO) e Assembleia Mundial de Saúde em 1962,

criou-se o Codex Alimentarius, responsável pela

implementação do Programa FAO/OMS de Padrões de

Alimentos, manuais e normas alimentares internacionais, a fim

de garantir a saúde dos consumidores. O mesmo foi utilizado

como referência para elaboração de legislações conceituando

alimentos diet e light, que foram publicadas pela ANVISA

(ANVISA, 2014).

Os alimentos diet são usados em dietas que requerem

restrição de nutrientes. Dentre estes, carboidrato, gordura,

proteínas e sódio (BATISTA et al., 2006). Essa categoria é

geralmente consumida por indivíduos com determinadas

doenças como diabetes, doenças cardiovasculares e alergias

alimentares. São isentos de algum nutriente específico, contudo

a quantidade calórica nem sempre é reduzida. Exemplificando,

temos o chocolate diet, que apresenta isenção de açúcar, no

entanto, possui alta quantidade de lipídios quando comparado

ao produto de referência (VIEIRA; CORNÉLIO, 2007).

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514

De acordo com RDC 54/2012, os alimentos light

apresentam redução mínima de 25% em algum componente

como açúcares, gordura, sódio, calorias. A redução é feita com

base na porção ou por 100g/ml de acordo com comparações de

pratos preparados (BRASIL, 2012). São exemplos que se

enquadram nesta categoria no mercado alimentício: pão light,

maionese light, sal light” (ORNELLAS, 2007).

Dentre os produtos da categoria light os que são mais

adquiridos são: adoçantes, refrigerantes, sucos, pães,

sobremesas lácteas, biscoitos, barras de cereais, leite,

margarina, aveia, sorvetes, chocolate, maionese, creme de

leite, requeijão (ORTOLANI et al., 2008).

É importante que os consumidores saibam diferenciar o

que são alimentos diet e light para utilizá-los de acordo com as

suas necessidades. Santos et al. (2013) identificaram que 43%

dos indivíduos conceituaram erroneamente os termos diet e

light. Dados semelhantes foram vistos no estudo de Saito,

Pereira e Paixão (2013), onde 41% dos consumidores

desconheciam as diferenças existentes entre esses produtos.

Os resultados do estudo de Rorato, Degáspari e Mottin (2006)

foram ainda mais preocupantes, pois, 95% dos participantes da

pesquisa não conheciam a finalidade desses produtos. Nessa

mesma pesquisa, foi demonstrado que a maior parte dos

consumidores considera-os, de um modo geral, saudáveis.

No estudo de Santos e Miquelanti (2009), realizado com

adolescentes de escolas públicas e privadas com o intuito de

avaliar o conhecimento dos estudantes sobre produtos diet e

light, observou-se que 12,9% relataram que esses alimentos

são semelhantes, e que o consumo era mais frequentes por

estudantes da escola privada. Meira et al. (2010) avaliaram o

conhecimento sobre esses produtos por estudantes de ambos

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IMPACTOS À SAÚDE HUMANA: UMA REVISÃO DA LITERATURA

515

os sexos da escola privada, e foi percebido que os mesmos não

sabiam diferenciar diet de light, relataram que utilizavam com o

intuito de emagrecer (meninas) e também porque achavam

saudáveis (meninos); além disso, relatarm obter informações

sobre tais por meio da televisão.

Geralmente a associação desses produtos como

benéficos à saúde pode ser pela redução em açúcar e sal. À

maioria considera a redução desses nutrientes mais relevantes

comparado à diminuição de calorias, carboidratos e gordura

(INSTITUTE OF FOOD TECHNOLOGISTS, 2014).

Nos alimentos diet e light, o açúcar pode ser trocado por

edulcorantes como a sucralose, aspartame, sacarina, ciclamato

e frutose; enquanto que a gordura é substituída por substância

de base proteica (derivados da proteína da soja, soro do leite e

dos ovos), por substância de base lipídica (esteres, ésteres de

lipídeos com açúcares, com poliglicerol, e politienoglicol) ou por

carboidratos (amido, gomas e maltodextrina) (DÍAS, 2007). Em

decorrência dessas substituições, uma atenção especial deve

ser dada ao rótulo.

Hall (2006) identificou que boa parte da população faz

uso frequente de produtos diet e light, e que a escolaridade,

renda e gênero influenciam em seu consumo. Dentre as

justificativas para essa conclusão destacam-se: prescrição

médica, não engorda ou por fazer bem a saúde. De forma geral,

são alimentos que apresentam custo mais elevado, contudo, a

relação custo-benefício acaba atraindo os consumidores.

Diante do exposto, o rótulo pode ser um instrumento de

educação alimentar e de comunicação entre os consumidores

e os fabricantes (NASCIMENTO et al., 2014). O Código de

Defesa do Consumidor determina como direito, a transmissão

de informações através do rótulo alimentar, de forma

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516

compreensível e com especificações corretas sobre o conteúdo

nutricional (CAVADA et al., 2012). É permitido uma variação de

até 20% nos valores que são declarados (LOBANCO et al.,

2009).

A ANVISA, por meio de uma nova legislação (RDC

54/2012) que entrou em vigor em Janeiro de 2014, determinou

mudanças nos rótulos nutricionais para auxiliar o consumidor a

identificar com mais facilidade o produto desejado. Dentre as

mudanças, o alimento só poderá ser denominado light quando

apresentar redução de 25% de algum nutriente em comparação

com a porção da versão convencional do mesmo tipo do

produto. Na condição de não se ter o alimento convencional do

mesmo fabricante, utiliza-se o valor médio do conteúdo de três

alimentos de referência disponíveis no mercado. Anteriormente,

o produto que continha uma baixa quantidade e redução de

algum nutriente também era considerado light (ANVISA, 2013).

A partir dessa nova resolução foi exigido que os rótulos

alimentares expressassem a diferença quantitativa em

percentual, fração ou quantidade absoluta e declarassem a

informação nutricional complementar (INC), com cor

contrastante ao fundo do rótulo a fim de garantir a visilibidade e

legilibidade da informação. A norma aplica-se também aos

anúncios veiculados por meios de comunicação e para toda

mensagem transmitida de forma oral ou escrita (ANVISA,

2013).

Segundo a ANVISA (2013) “a INC é qualquer

representação que afirme, sugira ou implique que um alimento

possui propriedades nutricionais particulares, relativas ao seu

valor energético e ao conteúdo de proteínas, gorduras,

carboidratos, fibras alimentares, vitaminas e ou minerais.” Esta

deve ser aludida ao alimento pronto para o consumo ou de

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IMPACTOS À SAÚDE HUMANA: UMA REVISÃO DA LITERATURA

517

acordo com as instruções de preparo do alimento. A INC

direciona a atenção do consumidor a um nutriente específico,

porém, não mostra todas as suas características, logo o

consumidor deve estar atento à tabela nutricional, na qual estão

contidas outras informações importantes.

A partir da rotulagem dos produtos é possível obter

informações quanto à composição, qualidade e característica

dos alimentos, auxiliando o consumidor a fazer suas escolhas

de forma consciente e de acordo com suas necessidades

(RORATO; DEGÁSPARI; MOTTIN, 2006). Duarte, Oliveira

(2008) demonstraram que 83% dos indivíduos não leem os

rótulos e os que possuem este hábito não compreendem as

informações.

Os rótulos dos alimentos devem apresentar informações

fidedignas do produto. Diversos episódios de fraudes nos

gêneros alimentícios foram revelados, demonstrando erros na

confecção e fiscalização, comprometendo não apenas a

qualidade dos alimentos, mas também a confiança do

consumidor para com a indústria. Câmara, Marinho e Guilam

(2008) realizaram uma pesquisa utilizando 75 produtos diet e

light com o propósito de identificar a adequação das

informações contidas nos seus rótulos e observaram que todos

apresentavam mais de uma irregularidade.

Uma pesquisa realizada no município de Doutor

Ricardo/RS, que avaliou o nível de conhecimento dos

consumidores sobre rotulagem de alimentos, apontou que 69%

das pessoas avaliadas afirmaram ler ocasionalmente a tabela

nutricional e outras informações contidas nas embalagens, no

entanto grande parte não as compreendiam (GIACOBBO,

GRÄFF, DAL BOSCO, 2009).

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Com a finalidade de auxiliar os consumidores a

compreenderem melhor a rotulagem dos alimentos, a ANVISA

criou o Manual de Orientação aos Consumidores - Educação

para o consumo saudável, que oferece informações sobre

legislação e leitura dos rótulos (ANVISA, 2008).

Giacobbo, Gräff e Dal Bosco (2009) observaram que

4,4% dos entrevistando envolvidos na pesquisa conheciam e

compreendiam o manual elaborado pela ANVISA e 95,6% não

conheciam o seu conteúdo, demonstrando a necessidade de

divulgação deste, visto que é essencial para que os

consumidores protejam-se de informações enganosas.

Nesse aspecto, quanto maior a compreensão das

informações contidas nos rótulos, maiores são as chances do

consumidor compreender o que são alimentos diet e light e suas

respectivas finalidades (ROCHA, 2008); particularmente,

pacientes que necessitam seguir recomendações dietéticas

mais rígidas, como hipertensos, diabéticos, obesos (ROTHMAN

et al. 2006).

Brugnera, Baruffi e Panatto (2012) realizaram um estudo

que apontou os possíveis malefícios do uso dos adoçantes mais

conhecidos no Brasil durante a gestação e lactação,

demonstrando que o sorbitol pode aumentar a excreção de

minerais considerados essenciais. Já a sacarina tem a

capacidade de atravessar a placenta e a substância aparece no

leite materno, devendo ser evitada nesse período. O ciclamato

também pode cruzar a placenta e os níveis sanguíneos fetais

podem chegar a 25% dos níveis plasmáticos maternos,

causando efeitos citogenéticos nos linfócitos humanos.

Dias (2007) apontou que a gordura agrega sabor ao

alimento e, desta forma, nem sempre os substitutos de gorduras

mantém um aspecto sensorial semelhante ao produto original.

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IMPACTOS À SAÚDE HUMANA: UMA REVISÃO DA LITERATURA

519

Essas substituições modificam a textura, sabor, cor e aparência

do alimento, por isso são acrescentados proteínas, agentes

estabilizantes, emulsificantes, quelantes e fibras que retém

água e aumentam a umidade do produto. Com tais

características, o tempo de vida de prateleira pode diminuir.

Alguns produtos dietéticos substituem o açúcar por

lipídios, podendo aumentar a densidade calórica. Indivíduos

portadores de diabetes devem ter cuidado na utilização de tais

produtos, pois pode contribuir para agravos associados à

doenças cardiovasculares, devido as complicações micro e

macrovasculares (SOUZA et al., 2012).

Os alimentos light são utilizados normalmente por

indivíduos que desejam emagrecer. Contudo, esses produtos

podem fornecer a falsa ilusão de que não contribuem para o

ganho de peso e, desta forma, incentivar um consumo elevado.

Além disso, alguns produtos light, por reduzirem a quantidade

de gordura, aumentam o teor de sal a fim de manter a

consistência. Desta forma, pode não ser uma boa alternativa

para hipertensos (VIEIRA; CORNÉLIO, 2007).

No sal diet ou light, ocorre uma substituição de uma parte

do cloreto de sódio pelo cloreto de potássio. Portanto, pacientes

renais que devem ter uma ingestão controlada de potássio,

podem não se beneficiar com essas versões (MINISTÉRIO DA

SAÚDE, 2008).

Um estudo realizado por Nishida (2013) analisou o rótulo

de 3449 alimentos industrializados classificados como isentos

ou reduzidos em nutrientes e demonstrou que os alimentos light

e diet costumam ter um teor de sódio em 43% a mais quando

comparados aos alimentos convencionais. As maiores

porcentagens encontradas foram nos grupos de Leites e

Derivados e de Óleos, Gorduras e Sementes Oleaginosas.

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520

Dentre os alimentos com maior quantidade de sódio

destacam-se os caldos, sopas, refrescos em pó, gelatinas,

refrigerantes e balas (SCHRAMM, 2013). Portanto, pacientes

que necessitem de ingestão controlada de sódio devem ter

cautela ao utilizar esses produtos.

Pode haver variações em relação a determinados

alimentos diet e light de acordo com a marca do produto. Alguns

podem conter mais calorias e lipídios do que os comuns. A

exemplo, uma marca de batatas fritas na qual a versão

tradicional contem 107 calorias, numa versão light pode ter 115

calorias, ambas utilizando porção de 24 g. Um molho para

salada na versão light que apresentou 297 calorias e 30,5 g de

gordura foi comparado a outra marca na versão tradicional, que

continha 280 calorias e 25,8 g de gordura contidos na mesma

porção. Em tais exemplos, os alimentos tradicionais

demonstraram possuir menos calorias e lipídios (UNGOED,

2011).

Uma pesquisa liderada por Hill et al. (2014) demonstrou

que bebidas sem açúcar ou com teor reduzido, podem inibir a

saciedade e aumentar o consumo calórico. Participaram do

estudo 115 estudantes universitários que permanecerem em

jejum por oito horas, após esse período foram divididos em três

grupos. O primeiro consumiu refrigerante adoçado, o segundo

refrigerante adoçado artificialmente e o último água mineral com

gás sabor limão, sem açúcar. Após a ingestão, solicitou-se que

os estudantes abrissem uma caixa na qual continha água

mineral, chiclete sem açúcar e chocolate, e elegessem qual

gostariam de consumir. Os que beberam bebidas adoçadas

artificialmente obtiveram uma propensão de 2,93 vezes maior

em escolher o chocolate do que aqueles que consumiram o

refrigerante já adoçado.

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IMPACTOS À SAÚDE HUMANA: UMA REVISÃO DA LITERATURA

521

Desta forma, percebe-se que quando não consumidos

adequadamente, tanto os produtos diet quanto os light podem

trazer prejuízos à saúde, sendo então de grande importância

que os seus consumidores fiquem atentos quanto a informação

nutricional presente nos rótulos, e quando não souberem como

ler ou interpretá-los, que procurem por orientações nutricionais

com finalidade de se tornarem mais conscientes em suas

escolhas.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

É essencial que o consumidor tenha cautela e senso

crítico ao optar por consumir um produto alimentício diet ou

light, pois, embora esses alimentos estejam muitas vezes

associados à melhoria da qualidade de vida e saúde, essa

realidade pode não ser aplicada em todas as situações. É

imprescindível conhecer e respeitar as necessidades

fisiológicas de cada indivíduo, bem como suas possíveis

patologias e repercussões para a saúde.

É de fundamental importância identificar se as propostas

dos alimentos diet e light, assim como as informações contidas

nos rótulos dos produtos estão sendo bem compreendidos pela

população, a fim de que o consumo desses gêneros possam

ocorrer de forma consciente e para que o consumidor possa

obter os benefícios proporcionados pelos mesmos. E, que o

consumo sem um conhecimento adequado de riscos e

benefícios podem gerar malefícios, caso o uso seja

inapropriado.

O conhecimento da população sobre esta temática é

importante, porém, é necessário também que o mercado

conheça o perfil desses consumidores e pensem em estratégias

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IMPACTOS À SAÚDE HUMANA: UMA REVISÃO DA LITERATURA

522

mais específicas para direcionar o consumo sem repercutir em

possíveis prejuízos à saúde, de forma a tornar mais clara a

compreensão sobre esses produtos. Além disso, é importante

a atuação de órgãos fiscalizadores, objetivando a detecção de

possíveis falhas que possam repercutir em prejuízo ao

consumidor.

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GRANDE/PB

526

CAPÍTULO 30

AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE CONHECIMENTO E PERFIL DE CONSUMIDORES DE PRODUTOS DIET E LIGHT EM

SUPERMERCADOS DE CAMPINA GRANDE/PB

Manuella Italiano PEIXOTO 1

Jaielison Yandro Pereira da SILVA 2

Janaina Almeida Dantas ESMERO 3

1 Nutricionista Residente em Nutrição Clínica; 2 Graduando do curso de Bacharelado em Nutrição e integrante do Grupo de Pesquisa e Estudos em Atualidades da Nutrição Clínica

(CLINUTRI) do Centro de Educação e Saúde - CES/UFCG; 3 Orientadora/Docente do Curso de Bacharelado em Nutrição e Vice-Coordenadora do Grupo de Pesquisa e Estudos em

Atualidades da Nutrição Clínica (CLINUTRI) do Centro de Educação e Saúde – CES/UFCG. [email protected]

RESUMO: Doenças crônicas não transmissíveis e a maior necessidade de hábitos alimentares saudáveis contribuiu para a produção de alimentos para fins específícos, surgindo os produtos diet e light. Para que a aplicabilidade desses alimentos seja adequada é necessário que os consumidores conheçam os conceitos, interpretem seus rótulos e os utilizem corretamente. A proposta do estudo foi avaliar o nível de conhecimento e perfil de consumidores de produtos diet e light que frequentavam supermercados em Campina Grande/PB. Tratou-se de um estudo de caráter descritivo, quali-quantitativo, em que foi utilizado um questionário padronizado com perguntas associadas ao objetivo da pesquisa. Identificou-se que o sexo feminino, faixa etária de 25 a 34 anos, ensino médio completo, estado nutricional eutrófico e renda de 3 a 5 salários mínimos, foram as variáveis mais prevalentes. De modo geral, os consumidores não sabiam definir corretamente esses alimentos, havendo contradição entre afirmar saber conceitua-los e conceituar corretamente. A maioria dos consumidores que liam os rótulos, compreendiam. Os indivíduos utilizavam esses

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GRANDE/PB

527

alimentos por associarem como saudáveis e redutores de peso. Boa parte dos entrevistados confiavam na rotulagem desses produtos e consideravam importantes. Considerando que os consumidores de alimentos diet e light possuem necessidades específicas, e que os conceitos não estão bem esclarecidos, deve-se pensar em estratégias para ampliar o conhecimento desses produtos e evitar o uso incorreto. Palavras-chave: Doenças Crônicas. Rotulagem de Alimentos.

Consumidor.

1 INTRODUÇÃO

Atualmente, observa-se um aumento das doenças

crônicas não transmissíveis, aliada a uma maior preocupação

na busca por hábitos alimentares saudáveis, despertando a

necessidade de formulações de produtos alimentícios que se

adequem a esta realidade. Nesse contexto, surgiram os

alimentos diet e light, contribuindo para que indivíduos que

possuem condições fisiológicas e metabólicas específicas,

obtivessem produtos alimentícios adequados a este fim além de

atender às necessidades de consumidores que se importam

com estética (DIAS, 2007; GARCIA, DE CARVALHO, 2011).

Os produtos diet são classificados como alimentos para

fins especiais, designados assim quando possuem uma

redução significativa ou isenção de algum nutriente específico,

a saber: carboidrato, gordura, proteína e sódio. Podem ser

classificados em alimentos para dietas com restrição de

nutrientes, alimentos para ingestão controlada de nutrientes e

para grupos populacionais específicos (BRASIL, 1998; BRASIL,

2012).

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GRANDE/PB

528

Por outro lado, os alimentos light devem ter uma redução

de no mínimo 25% de algum dos seus componentes ou de

calorias totais, de acordo com a porção comparada ao produto

tradicional ou com outros similares. Normalmente, sendo

utilizados por indivíduos que objetivam controlar ou perder

massa gorda (BRASIL, 2012).

Para que os alimentos diet e light sejam produzidos, é

necessário que ocorram substituições nos componentes dos

produtos alimentícios, podendo aumentar o conteúdo de

carboidratos, lipídios e sódio (DÍAS, 2007), e resultar em

malefícios a saúde, como elevação da pressão arterial e

doenças cardiovasculares (SARTORELLI; FRANCO, 2003;

NISHIDA, 2013). Como consequência, o tratamento de doenças

que estão intimamente relacionadas à alimentação pode ser

afetado negativamente.

O fato de o alimento ser rotulado como diet ou light não

significa necessariamente que contribua para a redução

ponderal, prevenção e tratamento de determinadas patologias.

Nem sempre a expectativa do consumidor é correspondida

acarretando o consumo de alimentos não adequados as suas

necessidades específicas (MARINS; ARAUJO; JACOB, 2011).

Mesmo com seus benefícios e o livre acesso dos

indivíduos a esses produtos, é importante investigar se a

população tem conhecimento sobre as diferenças entre esses

alimentos, as finalidades a que se destinam e os principais

motivos que levam os consumidores a optar por utilizá-los.

Diante do exposto, o presente trabalho objetivou avaliar

o nível de conhecimento dos consumidores de produtos diet e

light em dois supermercados de Campina Grande/PB.

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GRANDE/PB

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2 MATERIAIS E MÉTODO

Trata-se de um estudo de caráter descritivo, quanti-

qualitativo que foi desenvolvido em dois supermercados

(supermercado A e B) em zonas diferentes da cidade de

Campina Grande/PB, escolhidos seguindo o critério de

popularidade desses locais. Os estabelecimentos foram

previamente informados sobre a finalidade do estudo e

metodologia aplicada para a viabilização e realização da

pesquisa nos locais. Para definição do tamanho da amostra,

levou-se em consideração a média de clientes que

frequentavam o supermercado por dia. Foi considerado um

intervalo de confiança de 95% com uma margem de erro de 5%.

Como o interesse da pesquisa era apenas os consumidores de

produtos diet e light, utilizou-se 24% do tamanho da amostra

(RORATO; DEGASPARI; MOTTIN, 2006).

Foram incluídas pessoas de ambos os sexos, com idade

cronológica acima de 18 anos e que fossem consumidores de

produtos diet e light. Foram excluídas aquelas que não se

enquadravam nos critérios supracitados e que apresentavam

agravos que pudessem prejudicar a coleta das informações,

como transtornos mentais. Os participantes foram informados

quanto aos objetivos da pesquisa e após concordância,

assinaram um Termo de Concentimento Livre e Esclarecido

(TCLE).

A pesquisa ocorreu nos dias de maior fluxo nos

supermercados. Foi aplicado um questionário padronizado com

13 perguntas, contemplando a identificação do consumidor

(sexo, idade, renda, escolaridade), dados antropométricos

(peso e altura), conhecimentos e consumo de produtos

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AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE CONHECIMENTO E PERFIL DE CONSUMIDORES DE PRODUTOS DIET E LIGHT EM SUPERMERCADOS DE CAMPINA

GRANDE/PB

530

diet/light, além da leitura e interpretação dos rótulos alimentares

(RORATO; DEGASPARI; MOTTIN, 2006).

Os dados foram tabulados no programa Microsoft Office

Excel 2007. Utilizou-se dados de frequência para variáveis

descritivas.

O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa

do Hospital Alcides Carneiro/UFCG, CAAE

40961014.6.0000.5182.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O estudo foi realizado com 170 consumidores de

alimentos diet e light, sendo 84 (49,41%) frequentadores do

supermercado A e 86 (50,59%) do supermercado B. A maioria

dos entrevistados estavam na faixa etária média de 25 a 34

anos de idade, e apenas 12,35% eram maiores de 55 anos.

Considerando a população avaliada, 68,82% eram do

sexo feminino e 31,18% pertenciam ao público masculino.

Dados esses compatíveis com o encontrado por Freitas et al.

(2006), que ao avaliar consumidores quanto ao conhecimento

sobre alimentos diet e light, observou predominância do sexo

feminino (66%). Tal resultado pode ser atribuído a uma maior

preocupação por parte das mulheres em buscar hábitos

alimentares saudáveis a fim de contribuir para uma melhor

qualidade de vida, como também auxiliar na manutenção ou

perda de peso (BATALHA; LUCCHESE; LAMBERT, 2005).

Em relação à renda familiar (Tabela 1), observou-se que

33,53% dos participantes relataram uma renda maior que 3 a 5

salários mínimos (SM), independentemente dos

supermercados frequentados. Apenas os consumidores do

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AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE CONHECIMENTO E PERFIL DE CONSUMIDORES DE PRODUTOS DIET E LIGHT EM SUPERMERCADOS DE CAMPINA

GRANDE/PB

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estabelecimento B relataram uma renda superior a 10 SM

(15,12%).

Tabela 1. Descrição da amostra em relação à renda familiar e

grau de escolaridade dos entrevistados.

Total de entrevistado

s

Supermercado A

Supermercado B

Renda Familiar n % N % N % > 1/2 a 1 3 1.76 3 3.57 0 0.00 > 1 a 2 21 12.35 19 22.62 2 2.33 > 2 a 3 37 21.76 24 28.57 13 15.12 > 3 a 5 57 33.53 26 30.95 31 36.05 > 5 a 10 39 22.94 12 14.29 27 31.40 > 10 13 7,65 0 0.00 13 15.12 Escolaridade E.F.I 6 3.53 6 7.14 0 0 E. F.C 10 5.88 9 10.71 1 1.16 E.M.I 8 4.71 6 7.14 2 2.33 E.M.C 53 31.18 26 30.95 27 31.40 E.S.I 22 12.94 7 8.33 15 17.44 E.S.C 49 28.82 23 27.38 26 30.23 Pós Graduação 20 11.76 5 5.95 15 17.44 Semi analfabeto

2 1.18 2 2.38 0 0

Fonte: Dados da pesquisa.EFI: Ensino Fundamental Incompleto EFC: Ensino Fundamental Completo EMI: Ensino Médio Incompleto EMC: Ensino Médio Completo ESI: Ensino Superior Incompleto ESC: Ensino Superior Completo.

Perin e Uchida (2014) mostraram que os entrevistados

com renda de 4 a 5 SM eram os maiores consumidores de

alimentos diet e light (32,5%). No estudo de Marketest (2009),

foi identificado que os consumidores a partir dos 25 anos e

renda familiar mais alta eram geralmente os maiores

consumidores desses alimentos.

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532

Quanto à escolaridade (Tabela 1), constatou-se que boa

parte dos participantes tinham ensino médio completo

(31,18%), e os consumidores que frequentavam o

supermercado B possuíam um grau de instrução maior quando

comparados aos do supermercado A (5,95%), considerando a

proporção de indivíduos com pós-graduação (17,44%).

Corroborando com os dados da pesquisa, Cardoso,

Souza e Ribeiro (2009) ao analisarem o grau de escolaridade

de pessoas em supermercados da cidade de Bragança

Paulista/SP, encontraram que 60,5% destes tinham ensino

médio completo/superior incompleto.

Quanto ao estado nutricional (Figura 1), considerando

como parâmetro de avaliação o IMC (kg/m2) a partir do peso e

altura relatados pelos participantes da pesquisa, foi possível

observar que 42,35% do total dos entrevistados eram eutróficos

e 41,18% tinham sobrepeso.

Ao avaliar o IMC de consumidores de alimentos diet e

light, Giacobbo, Gräff e Bosco (2009) encontraram uma maior

prevalência de indivíduos eutróficos (43,8%) e com sobrepeso

(36,5%). Rorato, Degáspari e Mottin (2006) apontaram que a

maioria dos consumidores desses alimentos também era

eutrófica (69%).

Acreditamos que esses resultados sejam atribuídos a

uma maior preocupação com a saúde e estética corporal,

observadas como perfil dos consumidores desses produtos.

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Figura 1. Distribuição do estado nutricional de acordo com a

classificação pelo IMC (FAO/WHO, 2001).

Fonte: Dados da pesquisa

Quando questionados sobre o fato de saberem o que é

um produto diet e/ou light, 54% responderam que tinham

conhecimento; porém, apenas 12,35% conceituaram de forma

correta. Destes, 5,29% souberam conceituar alimentos diet e

7,06%, os produtos lights, conforme especifica a Portaria

SVS/MS 29, de 13 de janeiro de 1998 e RDC Nº 54, de 12 de

novembro de 2012.

Rocha (2008), ao realizar um estudo com 50

consumidores de alimentos diet e light em Belo Horizonte/MG,

identificou que apesar de 54 % (n =27) dos consumidores

afirmarem saber conceituar esses produtos, 12% (n= 06)

acertaram o que era diet e 4% (n= 02) light. Esses valores,

0,00%

5,00%

10,00%

15,00%

20,00%

25,00%

30,00%

35,00%

40,00%

45,00%

Eutrófico

Sobrepeso

Obesidade I

Obesidade II

Não soube

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assim como os apontados em nosso estudo, demonstraram

uma discordância entre afirmar saber de fato e conceituar

corretamente tais produtos.

Gorte et al. (2007), ao considerar o nível de

conhecimento de consumidores de alimentos diet e light,

encontraram que apenas 5,79% (n=14) dos entrevistados

conceituavam de forma correta. Segundo dados de um trabalho

realizado por alunos do curso de nutrição, com 81 pessoas em

três supermercados de um município do leste mineiro, foi

apontado que 62% não sabiam diferenciar alimentos diet e light

(FREITAS et al, 2006). Já na pesquisa de Santos et al. (2013),

43% dos consumidores desconheciam as diferenças existentes

entre esses produtos.

Ao serem questionados sobre o que seriam alimentos

diet e light, foi possível verificar (Tabela 2) que 50% dos

indivíduos envolvidos na pesquisa responderam que os

produtos diet eram isentos ou possuiam menos açúcar;

enquanto que em relação aos produtos light, 44,71% dos

participantes referiram que estes produtos eram isentos de

gordura ou apresentavam uma menor quantidade desse

nutriente.

Semelhante aos dados encontrado, uma pesquisa

realizada com 150 consumidores em supermercados de Caxias

do Sul/RS apontou que mais da metade dos participantes (56%)

responderam que alimentos diet eram isentos de açúcar. Além

disso, 27,3% e 21,3% afirmaram que produtos lights eram

isentos de gordura ou “sem calorias”, respectivamente

(NUNES, GALLON; 2013).

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Tabela 2. Descrição da amostra em relação aos conceitos atribuídos pelos entrevistados quanto aos produtos diet/light.

Variável Categoria N %

O produto diet é: Isento/-açúcar

85 50.00%

Menos calórico 41 24.12%

Isento/- gordura 31 18.24%

Isento de algum nutriente 9 5.30%

Outros 4 2.36%

O produto light é: Isento/-açúcar 26 15.29%

Menos calórico 52 30.59%

Isento/- gordura 76 44.71%

Redução mínima de 25% (açúcar/gordura/sal)

12

7.06%

Outros 4 2.36%

Fonte: Dados da pesquisa.

O fato de boa parte dos indivíduos desconhecerem esses

produtos, no tocante a conceitos e composição, pode ser motivo

de preocupação, uma vez que, em alguns casos é necessário

substituições ou adições de componentes a fim de garantir um

aspecto sensorial semelhante ao produto original. Com isso, o

consumidor pode estar ingerindo maiores quantidades de

gordura, carboidrato, sódio e até mesmo calorias, tornando-os

muitas vezes inapropriados para determinados consumidores.

Segundo os dados da nossa pesquisa (Tabela 3), os

principais motivos que levaram os indivíduos a consumirem

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produtos diet era a associação como um produto saudável

(32,94%) e para emagrecimento (31,76%). Dados aproximados

foram encontrados em relação aos lights (36,47% e 34,12%,

respectivamente).

Na pesquisa de Hall (2006), realizada em Porto Alegre

(RS), São Paulo (SP), Goiânia (GO) e Recife (PE), dos

entrevistados que faziam uso desses alimentos (26,1%), 12,1%

alegaram que os mesmos contribuíam para saúde, 10,1%

associaram à não promoção de aumento de peso e 3,9%

utilizavam esses produtos por indicação médica.

Tabela 3. Descrição da amostra em relação aos motivos

apontados pelos consumidores como justificativa para consumo

de alimentos diet e light. Variável Produto Diet Produto Light

N % N % Por ser saudável 56 32.94% 62 36.47% Auxilia no emagrecimento 54 31.76% 58 34.12% Manter “a forma” 38 22.35% 35 20.59% Tratar doença 12 7.06% 11 6.47% Hábito 9 5.29% 4 2.35% Outro 1 0.59% - -

Fonte: Dados da pesquisa.

Nunes e Gallon (2013), ao investigar o conhecimento e

consumo de produtos diet e light por consumidores de

supermercados no RS, mencionaram dados que se

assemelham aos encontrados em nossa pesquisa: 48%

consumiam esses produtos alegando contribuir para uma

alimentação saudável, e 13,3%, por auxiliar na perda de peso.

Já Souza (2005), em um estudo com 139 pessoas,

encontrou que os maiores motivos para o consumo de produtos

diet por parte dos entrevistados foi por acreditar serem mais

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saudáveis (37,5%), por alegarem alguma doença de base

(29,2%) e para emagrecer (20,8%). Quanto aos light, a resposta

predominante foi a associação desses produtos como alimentos

mais saudáveis (50%). Apenas 8,4 % consumiam em virtude de

alguma doença.

Em pesquisa realizada em dois supermercados de

Campo Mourão/PR, dentre os consumidores que afirmaram

consumir alimentos light (46%), 26,5% faziam uso objetivando

emagrecimento/manutenção “da forma”. Os que consumiam os

diets (14%) também utilizavam para a mesma finalidade,

porém, a prevalência foi menor (7,2%) (PERIN, UCHIDA, 2014).

Ao observarmos na Figura 2 os meios de comunicação

para obtenção de informações sobre esses produtos ,a maioria

dos entrevistados apontou a televisão (31,18%) como principal

influente, seguido da internet (25,29%) e 21,76% mencionaram

outros meios, a saber: relato de profissionais de saúde, como

médicos e nutricionistas.

Na pesquisa de Perin e Uchida (2014), a internet e a

televisão (59%) foram os meios mais citados como veículo de

informações sobre os diet/light, seguido dos jornais e revistas

(25,3%). No estudo de Hara, Horita e Escanhuela (2003), a

televisão foi apontada como principal meio de informação sobre

esses alimentos (24%).

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Figura 2. Descrição dos principais meios para obtenção de informações sobre alimentos diet e light.

Fonte: Dados da pesquisa.

Sobre a rotulagem dos produtos, observamos que a

maioria da população estava habituada a ler os rótulos

(64,71%), porém, um número elevado relatou ser de difícil

entendimento (41,76%).

Resultado aproximado foi constatado por Martins (2004),

que ao questionar consumidores em supermercados, 61%

informaram ler os rótulos, principalmente os de classe social

mais alta e indivíduos com problemas de saúde. Na pesquisa

de Pinheiro et al. (2011), a maioria dos entrevistados também

observou as informações contidas nos rótulos (85,40%). Em

contrapartida, Cavada et al. (2012) apresentaram resultados

distintos, onde menos da metade (48,13%) costumavam

consultar os rótulos, no entanto, os que liam (61,21%)

compreendiam as informações.

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Na presente pesquisa, a maioria dos indivíduos que liam

os rótulos compreendiam tais informações, independente dos

supermercados que frequentavam.

Machado et al. (2013), ao questionar os possíveis

motivos que poderiam influenciar os consumidores na não

leitura dos rótulos dos produtos, apotaram a falta de

compreensão de tais informações como a principal causa

(40,2%). Marins, Jacob e Peres (2008) afirmaram que os

indivíduos não liam os rótulos por não compreenderem as

informações, uma vez que a linguagem utilizada era de difícil

compreensão.

De acordo com os dados obtidos, 70% confiavam nas

informações contidas nos rótulos desses produtos.

Em contrapartida, Siqueira et al. (2014), ao analisarem a

compreensão dos consumidores frente às informações dos

rótulos, indicaram que apenas 21,1% confiavam

completamente nas informações expressas. Marins, Jacob e

Peres (2008) referiram que 24% não acreditavam que as

informações dos rótulos eram fidedignas, podendo ser

manipuladas e omitidas, alegando a obtenção de lucros por

parte da indústria alimentícia, bem como a não ocorrência de

uma fiscalização adequada.

Algumas pesquisas apontaram a presença de fraudes

nos alimentos e nos rótulos, desrespeitando o Código de

Defesa do Consumidor vigente. Câmara (2008) realizou

análises com 75 alimentos diet e light, e todos os rótulos

apresentaram mais de uma irregularidade. Barros et al. (2012),

ao examinarem a rotulagem de produtos diet e light,

identificaram 39% de irregularidades nas amostras analisadas.

Paiva e Henriques (2005) mostraram que a rotulagem de 75%

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GRANDE/PB

540

dos alimentos para fins especiais estavam em desacordo com

a Portaria específica (n.º 29/1998). Na pesquisa de Braga,

Abreu e Chaud (2011), 55,5% dos alimentos diet e 31,25% dos

light continham irregularidades.

O rótulo dever exercer o papel de apresentar ao

consumidor os componentes do produto, auxiliando nas

escolhas dos alimentos. Portanto, é incabível que as

informações representadas estejam incorretas e em desacordo

com a lei (SILVA et al., 2012).

Todos os entrevistados da pesquisa relataram a

importância da consulta aos rótulos dos alimentos (100%). Já

Bendino, Popolim e Oliveira (2012), ao questionarem

consumidores de dois supermercados, mostrou que 80% dos

indivíduos de sua pesquisa consideraram a leitura dos rótulos

como importante.

Quando questionados sobre o Manual de Orientação da

ANVISA para consumidores, 84,71% nunca leram ou ouviram

falar deste material, que é essencial para a melhor

compreensão das informações nutricionais contidas nos

rótulos, visto que explica de maneira simples o que é uma

porção, uma medida caseira, o que são macro e

micronutrientes, entre outras definições. Sendo um instrumento

de auxílio na identificação de informações mais relevantes e

que requerem mais atenção. Contribuindo assim, para visão

crítica e consciente do consumidor (ANVISA, 2008).

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante dos dados coletados foi possível identificar o perfil

de consumidores de acordo com a população estudada, sendo

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o sexo feminino, faixa etária de 25 a 34 anos, ensino médio

completo, estado nutricional eutrófico, e renda de 3 a 5 salários

mínimos como as variáveis mais prevalentes.

Os dados sobre conhecimento de alimentos diet e light

refletem que a amostra estudada não souberam definir e,

consequentemente, desconheciam a real finalidade desses

alimentos. Os produtos diet foram associados basicamente a

produtos isentos ou com pouco açúcar, enquanto os light a

isentos de gordura ou com menor quantidade desse

componente.

Apesar de 92 indivíduos afirmarem que sabiam o que era

alimento diet e light, apenas 21 definiram corretamente,

demonstrando o quanto a população necessita de informações

corretas sobre esses produtos, e a partir disso, utilizar dos seus

benefícios, evitando prejuízos com o uso inadequado.

Geralmente os indivíduos utilizam os alimentos diet

associando-os como saudáveis (32,94%) e que favorecem o

emagrecimento (31,76%). Os lights também são utilizados

pelas mesmas razões (36,47% e 34,12%, respectivamente).

A televisão e internet foram os meios mais utilizados para

obter informações sobre esses alimentos. Nesse sentido,

podem ser incluídos como estratégias de divulgação e

esclarecimentos.

Quanto aos rótulos, a maioria dos consumidores

relatram que liam e compreendiam as informações expressas.

Apesar de todos os consumidores apontarem a importância da

leitura dos rótulos, grande parte nunca leu ou ouviu falar no

Manual de Orientação da ANVISA para consumidores,

mostrando a necessidade de maior divulgação desse material.

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Apesar de vários estudos apontarem a ocorrência de

fraudes nos rótulos dos alimentos, a maioria da população

estudada (70%) confia nas informações repassadas. Porém,

faz-se necessário uma maior fiscalização por parte dos órgãos

competentes e cobrança da população, a fim de diminuir tais

irregularidades que podem trazer prejuízos para os

consumidores.

Por fim, tendo em vista que geralmente os consumidores

de alimentos diet e light possuem necessidades específicas, e

que a população não está bem esclarecida sobre o que são

esses alimentos, é importante uma maior divulgação sobre

esses produtos bem como sobre suas rotulagens, priorizando

como uma das ações de saúde, já que o consumo desses

produtos é crescente e a falta de informação pode implicar em

agravos à saúde quando consumidos de forma indiscriminada.

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AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE CONHECIMENTO E PERFIL DE CONSUMIDORES DE PRODUTOS DIET E LIGHT EM SUPERMERCADOS DE CAMPINA

GRANDE/PB

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AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DA SUPLEMENTAÇÃO DE ÓLEO DE AMENDOIM (ARACHIS HYPOGAEA L.) SOBRE OS PARÂMETROS MURINOMÉTRICOS E

BIOQUÍMICOS DE RATOS WISTAR

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CAPÍTULO 31

AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DA SUPLEMENTAÇÃO DE ÓLEO DE AMENDOIM (ARACHIS HYPOGAEA L.) SOBRE OS PARÂMETROS MURINOMÉTRICOS E BIOQUÍMICOS

DE RATOS WISTAR

Suedna da costa SILVA1 Martiniano da Silva LIMA2

Mikaelle Alburquerque de SOUZA3 Raphaela Araújo Veloso RODRIGUES4

Juliana Kessia Barbosa SOARES5 1 Graduanda do curso de Nutrição, UFCG;

2 Nutricioinista pela UFCG; 3Nutricionista pela UFCG; 4Docente do Curso de Nutrição UFCG; 5 Orientadora/ Docente do Curso de Nutrição UFCG;

[email protected]

RESUMO: O óleo de amendoim é uma fonte de gordura insaturado, que auxilia na redução de níveis séricos de lipídeos. Objetivou-se analisar o efeito da suplementação de óleo de amendoim sobre os parâmetros murinométricos e bioquímicos de ratos wistar. Utilizou-se 15 ratos, divididos em 2 grupos: controle e amendoim recebendo dieta e água ad libitum. Os grupos receberam água destilada e Óleo de Amendoim por gavagem na proporção de 1ml/100g de peso por 3 semanas, analisando o consumo da dieta, ganho de peso corporal, ao final, os animais foram anestesiados com Cloridrato de Ketamina e Xilazina (1 unid/g) para avaliação murinométrica, submetidos à eutanásia coletando sangue por punção cardíaca para análise da glicemia em jejum e frações séricas de lipídeos, as gorduras retiradas e pesadas. Não houve diferença no consumo ganho de peso entre os grupos, perfil lipídico o grupo amendoim apresentou um menor valor de HDL, e triglicerídeo e maiores Níveis de LDL, Colesterol total e Glicemia em jejum, gordura o grupo amendoim apresentou maior percentual,

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avaliação murinométrica os animais do grupo controle obtiveram valor menor para as circunferências abdominais, torácica e IMC. O óleo não interferiu na saciedade dos animais e apesar de aumentar o percentual de gordura ainda manteve os níveis de lipídeos séricos e glicemia semelhantes ao grupo controle sendo uma fonte ácidos graxos mono e poli-insaturados. Palavras-chaves: DCNT. Composição corporal. Óleo de amendoim.

1 INTRODUÇÃO

O processo de transição nutricional brasileiro é

multifatorial e caracterizam-se por alterações sequenciais do

padrão da dieta e da composição corporal dos indivíduos,

resultantes de mudanças sociais, econômicas, demográficas,

tecnológicas e culturais que afetaram diretamente o estilo de

vida e o perfil de saúde da população (SANTOS et al, 2013). As

principais mudanças ocorreram nas últimas duas décadas com

a adoção de um padrão dietético com elevado teor de gordura

saturada e açúcar, além de alimentos com baixo teor de fibras,

associado ainda a redução dos níveis de atividade física

(COUTINHO et al.,2008).

Essas alterações podem acarretar o desenvolvimento de

Doenças crônicas não transmissíveis, doenças essas que

compõem um grupo de entidades que se caracterizam por

apresentar, de uma forma geral, longo período de latência,

tempo de evolução prolongado, lesões irreversíveis e

complicações que acarretam graus variáveis de incapacidade

ou óbito, e vêm ocupando um maior espaço no perfil de

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morbimortalidade de populações latino americano (DUNCAN et

al 1993 apud MARIATH AB et al. 2007).

Buscando melhorias na qualidade de vida através da

redução dos riscos destas doenças, tem se buscado cada vez

mais a melhoria do estilo de vida e de uma alimentação

saudável, apostando na substituição dos tipos de gorduras que

compõem as refeições, aumentando consumo de gorduras

monoinsaturadas e poli-insaturadas.

As oleaginosas estão cada vez mais inseridas na

alimentação da população como mecanismo de substituição

das gorduras saturadas e diminuição dos níveis séricos de

lipídeos. Um exemplo dessas fontes de gorduras é o amendoim,

pertencente à família Leguminosae, uma das principais

oleaginosas produzidas no mundo, ocupando o quarto lugar em

termo mundial, (GRACIANO apud FREITAS et al., 2010).

Durante muito tempo foi excluído da alimentação da

maioria das pessoas por seu alto valor calórico, porém

atualmente vários pesquisadores recomendam seu consumo

diário, frente aos benefícios funcionais comprovados. Suas

propriedades nutricionais, como a alta quantidade de gordura

monoinsaturada, vitaminas e minerais são atrativos adicionais

às suas qualidades organolépticas. Pois possui qualidades

únicas que podem ser benéficas a todos os indivíduos (KRIS-

ETHERTON et al., 2008). Rico em fibras e antioxidantes,

evidências indicam que o consumo regular de amendoim leva a

uma melhora do perfil lipídico, reduzindo assim, os riscos de

doenças cardiovasculares e redução do peso devido a vários

fatores como o aumento da saciedade por exemplo. Apesar do

seu alto conteúdo calórico, não promove um balanço energético

positivo e consequentemente ganho de peso (FRASER, 1992;

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O’BYRNE, 1997; HU, 1998; IWAMOTTO et al, apud COELHO,

2007). Com isso o presente estudo visou avaliar os efeitos do

óleo de amendoim sob a estrutura corporal, perfil lipídico, e

deposição de gordura nas células hepáticas de ratos Wistar

adultos.

2 MATERIAIS E MÉTODO

Pesquisa de caráter experimental, realizada com base na

lei nº 11.794, de 08 de outubro de 2008, que estabelece

procedimentos para o uso científico de animais (BRASIL, 2008),

tendo todo o protocolo experimental desenvolvido mediante a

aprovação da Comissão de Ética no Uso de Animais - CEUA do

Centro de Saúde e Tecnologia Rural - CSTR/UFCG. Todos os

procedimentos realizados com os animais foram de acordo com

as normas de vivissecção do Colégio Brasileiro de

Experimentação Animal (COBEA).

Foram utilizados 15 ratos da linhagem Wistar provenientes

do Laboratório de Nutrição Experimental (LANEX) do Centro de

Educação e Saúde (CES) da Universidade Federal de Campina

Grande (UFCG) – campus Cuité-PB. Com idades entre 100

± 3 dias com peso variando entre 300 ± 20g, divididos e

distribuídos aleatoriamente em 2 grupos, grupo controle (GC) e

grupo amendoim (GA), com dieta e água fornecidas ad libitum.

Os animais foram mantidos no Laboratório de Nutrição

Experimental sobre condições-padrão: temperatura de 22 ±

1ºC, ciclo de luminosidade claro/escuro de 12 h (início da fase

clara às 6h), umidade de ± 65%, em gaiolas coletivas de

polipropileno recobertas com maravalha. O estudo foi realizado

num período de três semanas. Os animais pertencentes ao

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grupo controle (GC) receberam água destilada e o grupo

Amendoim (GA) receberam suplementação com Óleo de

Amendoim por via oral, onde cada animal recebeu 1 ml da

substância (água ou óleo) para cada 100 gramas de peso

corpóreo. Sendo avaliado, consumo da dieta, feito através do

somatório de avaliações semanais entre a dieta fornecida e a

não consumida (rejeito limpo) durante o experimento, (Dieta

fornecida – rejeito limpo = dieta consumida), sendo fornecido

30g de ração (LABINA®) por dia, por animal, ganho de peso,

pesados semanalmente, sendo colocados dentro de um

recipiente transparente sob uma balança eletrônica digital,

marca Balmak (modelo ELP-25) com capacidade máxima para

10 kg/25 kg devidamente tarada.

Ao final do experimento após jejum de 6 horas os animais

foram pesados e em seguida anestesiados com cloridrato de

quetamina e de xilazina (1 unid/g de peso). Sendo aferido o

cumprimento naso- anal (do focinho até o cóccix) do animal,

circunferência torácica aferida no nível abaixo das patas

dianteiras dos animais, circunferência abdominal aferida logo

abaixo da última costela do animal, utilizando fita métrica, usou-

se o comprimento e, juntamente com o peso, para cálculo do

índice de Massa Corpóreo (IMC) que compreende a razão entre

o peso corporal (g) e o comprimento² (cm²) (NOVELLI et al.,

2007), posteriormente foram submetidos à eutanásia As

gorduras mesentéricas, retroperitonial e epididimal foram

retiradas e pesadas. Perfil lipídico (HDL, LDL, Colesterol Total,

Triglicerídeos), Glicemia em jejum e quantitativo de gordura

corporal as amostras de sangue foram coletadas em tubos de

ensaio e centrifugadas a 3500rpm, à temperatura ambiente, por

15 minutos, sendo separado o plasma e armazenado a 18ºC

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até análise das frações lipídicas e glicose sérica por meio de

kits enzimáticos Labtest Diagnóstica.

Os dados da pesquisa foram tabelados e analisados

estatisticamente no software Sigma Stat 3.5, analisando

variância em teste T- Student, com nível de significância

considerado para rejeição da hipótese nula foi de 5% (valor p <

0,05).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 CONSUMO DA DIETA

A ração ofertada durante 3 semanas, onde não se

constatou diferença estatística entre os grupos (controle e

amendoim) (Tabela 1).

Tabela 1: Consumo semanal da dieta padrão de ratos Wistar

suplementados com óleo de amendoim

GRUPO

CONTROLE

GRUPO

AMENDOIM

1ª SEMANA 121,706± 27,758 123,094± 40,482

2º SEMANA 143,429 ± 11,759 91,000± 2,484

3º SEMANA 135,429± 34,209 96,825± 17,824

Os valores estão expressos em média ± D.P. (n=8). Teste t Student.

Ribeiro 2010, em um estudo com mulheres que receberam

o amendoim em diferentes formas (óleo, farinha, pasta e o

grão), constatou que a ingestão dos mesmos não interferiu na

saciedade das mesmas, apesar de ser um estudo em humanos

o resultado assemelha-se ao presente estudo.

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3.2 GANHO DE PESO SEMANAL

Tendo seu peso aferido semanalmente acompanhando do

ganho de peso em relação ao consumo do óleo de amendoim.

Durante todo o experimento os animais de ambos os grupos

permaneceram com o peso corporal semelhante (Figura 1).

Figura 1: Efeito da suplementação do óleo de amendoim sobre o peso corporal semanal

Os valores estão expressos em média ± D.P. (n=15). Teste t Student.

Em um estudo com outra fonte de gordura insaturada,

Sousa et al., 2013, suplementou ratos com óleo de cártamo e

não verificou nenhuma alteração no peso corporal nos animais

estudados. Já Zhang et al, 2010, tratou animais com dieta

composta de 45% de banha de porco e 5% de óleo de cártamo

o que induziu o aumento de peso, e quando invertido a dieta

45% de óleo de cártamo e 5% de banha de porco notou-se a

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redução do peso dos animais. Em outro estudo também com

humanos Coelho, et al., 2006, demonstra que o consumo de

óleo de amendoim em indivíduos com sobrepeso resultou em

um menor aumento de peso.

3.3 AVALIAÇÃO MURINOMÉTRICA

A murinometria foi realizada no dia do sacrifício, sendo

avaliado comprimento, circunferência torácica, circunferência

abdominal e IMC em ambos os grupos os comparando. Para o

parâmetro comprimento, os grupos GC (22,7± 0,3) e GA (22,5±

0,4) não apresentaram diferença considerável (Figura 2).

Figura 2: Efeito da suplementação do óleo de amendoim sobre

o comprimento.

Os valores estão expressos em média ± D.P. (n=15). Teste t Student.

*p<0,05.

Em relação à circunferência torácica foi encontrado

diferença estatística entre os grupos, o grupo GC (14,08± 1,1),

mas não apresentou diferença quanto à circunferência

abdominal (Figuras 3).

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Figura 3: Circunferência torácica e abdominal

E para o parâmetro IMC (Fig.4) também não foi

evidenciada diferença estatística entre os grupos controle GC

(0,61± 0,042), grupo amendoim GA (0,59± 0,029).

Figura 4: Efeito da suplementação do óleo de amendoim sob o Índice de Massa Corporal (g/cm2).

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Os valores estão expressos em média ± D.P. (n=15). Teste t Student. *p<0,05.

3.4 ANÁLISES BIOQUÍMICAS

Comparando o perfil bioquímico dos grupos Controle e

Amendoim não se obteve diferença estatística para os

parâmetros de HDL-c [GA (26,5± 2,8) e GC (29,0± 2,8)], LDL-c

[GA (18,3± 7,4) GC (10,7± 5,4)], Colesterol total [GA (62,7± 6,7)

e GC (58,5± 7,7)] e glicemia [GA (458,6± 37,9) GC

(403,16±49,5)]; Em relação ao triglicerídios total (TG), tendo

verificado diferença estatística entre os grupos, pode-se

observar que o grupo amendoim (60,16± 13,07) apresentou

valor menor que o grupo controle (71,8± 23,6) (Tabela 2).

Tabela 2: Análise de glicemia, HDL-colesterol, LDL- colesterol,

Colesterol total e triglicerídeo total.

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ANÁLISE GRUPO CONTROLE

GRUPO AMENDOIM

GLICEMIA 403,16±49,5 458,6± 37,9 HDL- C 29,0 ± 2,8 26,5± 2,8 LDL- C 10,7± 5,4 18,3± 7,4 COLESTEROL TOTAL 58,5± 7,7 62,7± 6,7 TRIGLICCERÍDEO 71,8± 23,6 60,16± 13,07 Valores estão expressos em média ± D.P. (n=8). Teste t Student. *p<0,05.

Num estudo de Pelkman et al, (2004), que avaliou o perfil

lipídico sanguíneo de indivíduos submetidos a dietas para perda

de peso tendo o amendoim como fonte lipídica, promoveu a

redução do LDL- colesterol, e uma dieta com 33% do valor

energético de fonte lipídica promoveu a manutenção do HDL-

colesterol. Vassiliou et al, (2009), em um estudo com células β

pancreáticas, verificou que o ácido oleico foi capaz de estimular

a secreção de insulina na presença de TNF. Sendo testado em

vivo em camundongos com DM 1 e 2. Sendo suplementados

com óleo de amendoim, os animais com DM2 tiveram os níveis

de glicemia normalizados em 21 dias. O estresse pode ser uma

possível explicação para a não redução dos níveis séricos de

lipídios e glicose. Estudos mostram que fatores externos como

o exemplo do estresse pode provocar o aumento dos níveis de

LDL e redução do HDL (CANTOS et al., 2004). Nesse contexto,

pode- se dizer que fatores ambientais atuam sobre o genótipo

causando adaptações no metabolismo do indivíduo

(GOTTLIEB; CRUZ; BODANESE, 2008).

3.5 ANÁLISE DA GORDURA CORPORAL

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A gordura dos animais foi pesada separadamente em

gordura mesentérica, retroperitonial e epididimal. Em relação a

essas gorduras, os dados não apresentaram diferença

estatística entre os grupos. Gordura mesentérica GC (5,28±

1,5) GA (5,88± 0,88); gordura retroperitonial GA (5,97± 1,8) GC

(4,500± 1,8); gordura epididimal, GA (4,663± 0,95) GC (4,257±

0,99). Figura 5.

Figura 5: Efeito da suplementação do óleo de amendoim sobre o teor de gordura corporal.

Os valores estão expressos em média ± D.P. (n=15). Teste t Student. *p<0,05.

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Sales et al., (2005) em seu estudo com 32 indivíduos

divididos em 4 grupos (AM, AZ, AÇ e C), que receberam um

milk shake no desjejum veiculando uma quantidade equivalente

a 30% da energia basal na forma de óleo de amendoim, açafrão

ou oliva, por 8 semanas, observou que houve aumento no

quantitativo de gordura, além de peso e circunferências dos

indivíduos. Apesar de se tratar de um estudo com humanos

ainda sim se pode comparar com o presente trabalho, pois

quando fora observado o efeito do óleo de amendoim em

relação aos demais óleos os ganhos de peso e gordura foi

relativamente menor.

4 CONCLUSÕES

Com base na literatura e no estudo realizado podemos

afirmar que o óleo de amendoim é uma boa fonte alternativa de

ácidos Graxos essenciais que auxiliam na melhoria do perfil

lipídico, glicêmico, bem como na composição corporal e na

saciedade dos animais de maneira a garantir melhoria na saúde

do indivíduo e/ou mantendo seu estado nutricional adequado.

Por se tratar de um produto ainda pouco utilizado no ramo

alimentício devido ainda haver tabus em relação ao produto e

seu teor calórico, se faz necessário aprofundar estudos sobre e

desmitificar a população em sua maioria a respeito do óleo de

amendoim, pois o mesmo é fonte rica de lipídios essenciais para

o bom funcionamento do metabolismo e do corpo.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DA SUPLEMENTAÇÃO DE ÓLEO DE AMENDOIM (ARACHIS HYPOGAEA L.) SOBRE OS PARÂMETROS MURINOMÉTRICOS E

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EDUCAÇÃO NUTRICIONAL COMO ESTRATÈGIA NO TRATAMENTO DA

LITÍASE RENAL

561

CAPÍTULO 32

EDUCAÇÃO NUTRICIONAL COMO ESTRATÉGIA NO TRATAMENTO DA LITÍASE RENAL

Vilma Sátiro dos SANTOS 1

Luciana Mª Martinez VAZ 2 1 Graduanda do curso de Nutrição, FPB; 2 Orientadora/Docente da FPB.

[email protected]

RESUMO: A litíase renal é uma doença que progride quando o

sal e substâncias minerais contidas na urina formam cristais, os

quais se ligam uns aos outros crescendo em tamanho. Estes

usualmente são expulsos do corpo pelo fluxo natural da urina,

em certas situações aderem ao tecido renal ou localizam-se em

áreas, onde não conseguem ser removidos. A descrita pesquisa

teve como objetivo investigar a luz da literatura a influência da

alimentação no tratamento, bem como descrever a

fisiopatologia, investigar os fatores alimentares que contribuem

para formação dos cálculos, citar a terapêutica usada no

tratamento, identificar os tipos de cálculos renais, construir

material educativo. O tema escolhido tem grande relevância na

saúde em geral, devido ao crescente número de casos

associados ao consumo excessivo de alimentos

industrializados, sal, maus hábitos de vida e hereditariedade.

Este trabalho tratou-se de uma pesquisa bibliográfica de

revistas indexadas em base de dados medline, lilacs, scielo,

Biblioteca Virtual em saúde (BVS). Artigos nacionais e

internacionais. A terapêutica médica expulsiva é indicada para

cálculos <10 mm. A composição da urina tem uma parcela,

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LITÍASE RENAL

562

determinada pela composição da dieta do indivíduo, a

terapêutica nutricional tem um papel fundamental no

tratamento. A descrita pesquisa esclarece que a nutrição é um

importante aliado ao tratamento, podemos observar que a

reincindiva é comum em pacientes que não permanecem em

terapêutica nutricional adequada.

Palavras-chave: Litíase renal. Educação Nutricional.

Alimentação.

1 INTRODUÇÃO

A litíase é uma doença que acomete o homem desde a

antiguidade e o número de casos só vem aumentando com o

passar dos anos, muitas pessoas têm litíase renal e não sabem,

porque é uma doença silenciosa que manifesta os sintomas

quando o quadro está agravado. Os cálculos renais são

formados por alguns fatores, por exemplo, hereditários,

alimentação inadequada e falta de hidratação.

Segundo Mahan (2005), a nefrolitíase, ou a existência de

cálculos renais, é um problema de saúde considerável na nossa

população. A litíase renal é denotada pelas ocorrências

frequentes entre idade de 30 e 50 anos, com dominância no

sexo masculino (três vezes mais frequente) e uma alta

incidência, o risco é duas vezes maior naqueles com histórico

familiar de cálculo renal.

Alimentação contribui no tratamento da litíase renal de

forma direta agindo na causa da doença que pode se tornar

crônica, visto que existe uma reincidência em 50% dos casos e

apresenta-se em ascenção, sendo comum aparecer novos

casos na atenção primária (CASAS et al, 2015).

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LITÍASE RENAL

563

A litíase é a doença que mais acomete o trato urinário,

estudos realizados nos Estados Unidos, mostram resultados

que há uma incidência maior conforme aumenta a idade,

acometendo mais homens do que mulheres. Prevalência em

pessoas da zona tropical devido clima quente muito quente,

pessoas que trabalham exposta ao sol, sendo os brancos mais

atingidos do que os negros e o tipo de alimentação influência

diretamente para formação de cálculos renais (RODRIGUES

NETTO, JR, 2014).

O fato de a litíase renal acometer uma população em

faixa etária economicamente ativa, isto causa um impacto na

saúde pública, pois aumenta os números de pessoas que

precisam de uma atenção maior. E assim a demanda de

internações e necessidades cirúrgicas aumentam,

sobrecarregando o sistema público da saúde, causando

alteração financeira para o mesmo. O esclarecimento da

população sobre o tipo de alimentação que colabora para

formação de litíase renal ajudaria a diminuir o número de casos

que precisariam de atendimento nesta área e sem dúvida uma

população mais saudável.

Ao decorrer desta pesquisa verificamos qual o papel da

alimentação no tratamento da litíase renal com resultados,

desde que o paciente esteja disposto e consciente a colaborar

com a terapêutica nutricional. Acredita-se que a alimentação

exerce um papel importante no tratamento podendo levar o

paciente a melhorar a até mesmo reverter o quadro clínico.

O tema escolhido tem grande relevância na saúde em

geral porque se faz necessário dar atenção para este assunto,

devido ao crescente número de casos associados ao consumo

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LITÍASE RENAL

564

excessivo de alimentos industrializados, sal, maus hábitos de

vida e hereditariedade, tem levado ao quadro de litíase renal.

Portanto o conhecimento da importância da alimentação

associada ao tratamento trará resultados positivos.

Tendo em vista que o objetivo geral foi investigar a luz da

literatura a influência da alimentação no tratamento da litíase

renal e objetivos específicos descreverem a fisiopatologia da

litíase renal, investigar na literatura os fatores alimentares que

contribuem para formação dos cálculos, citar a terapêutica

usada no tratamento da litíase, identificar os tipos de cálculos

renais, e construir material educativo.

2 MATERIAIS E MÉTODO

O estudo foi realizado a partir de uma pesquisa bibliográfica

do tipo descritiva, por ser necessário desenvolver um trabalho

científico com material que fosse possível proporcionar

ensinamento quanto ao tema proposto.

Amaral, (2007). Explica pesquisa bibliográfica é uma etapa

fundamental em todo trabalho científico que influenciará todos

os passos de uma pesquisa, na medida em que der o

embasamento teórico em que se baseará o trabalho. Consistem

no levantamento, seleção, fichamento e arquivamento de

informações relacionadas à pesquisa. É imprescindível,

portanto, antes de todo e qualquer trabalho científico fazer uma

pesquisa bibliográfica exaustiva sobre o tema em questão, e

não começar a coleta de dados e depois fazer a revisão de

literatura, como algumas vezes se observa em alguns em

alguns profissionais de saúde e acadêmicos no inicio de

formação científica.

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LITÍASE RENAL

565

Segundo Gil (2007), pesquisa é definida como o (...)

procedimento racional e sistemático que tem como objetivo

proporcionar respostas aos problemas que são propostos. A

pesquisa desenvolve-se por um processo constituído de várias

fases, desde a formação do problema até a apresentação e

discussão dos resultados.

Pesquisa realizada com artigos de revistas indexadas em

base de dados Medline, Lilacs, Scielo, BVS. Artigos nacionais

e internacionais. Foi realizada uma revisão dos principais

artigos dos últimos dez anos. Descritores: Educação nutricional.

Litíase renal. Alimentação.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 ETIOLOGIA E EPIDEMIOLOGIA DA LITÍASE RENAL

A litíase renal é uma doença que vem se dissipando

através dos anos, ou seja, situação patológica conhecida do

homem desde a mais remota antiguidade. Foram encontrados

cálculos renais na cavidade pélvica de múmias egípcias pré-

históricas, achados arqueológicos que confirmam a patologia

em egípcios que viveram em 4.200 a.C. Com o progresso da

ciência e o aumento do conhecimento em relação à anatomia

do trato urinário e à fisiologia renal, diversas teorias foram

desenvolvidas a respeito da patogênese dos cálculos

(NARDOZZA JR, ZERATI FILHO, REIS, 2010).

Cálculo no aparelho urinário tem etiologia multifatorial

que envolve pH, fluxo urinário, fatores anatômicos, a idade mais

recorrente é a partir dos 30 anos, chegando a idades mais

avançadas atingindo idosos, pessoas do sexo masculino são

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LITÍASE RENAL

566

mais acometidas do que o sexo feminino. E algumas pessoas

contam com um agravante que a hereditariedade

(RODRIGUES NETO JR, 2014).

Litíase renal progride quando o sal e as substâncias

minerais contidas na urina formam cristais, os quais se ligam

uns aos outros crescendo em tamanho. Estes cristais

usualmente são removidos do corpo pelo fluxo natural da urina,

mas em certas situações, aderem ao tecido renal ou localizam-

se em áreas de onde não conseguem ser removidos. Estes

cristais podem crescer variando desde o tamanho de um grão

de arroz até o tamanho de um caroço de azeitona. A maior parte

dos cálculos inicia a sua formação dentro do rim, mas alguns

podem deslocar-se para outras partes do sistema urinário,

como o ureter ou a bexiga e lá se alojam e se desenvolvem

(MAZZUCCHI, SROUGI, 2009).

Segundo DIRETRIZES EUROPEIAS PARA

UROLITÍASE, (2012, P. 369). Entre 1200 a 1.400 pessoas

desenvolverão cálculos urinários, a cada ano a taxa de

ocorrência em homens é três vezes maior que em mulheres. Há

muitos fatores predisponentes aos cálculos urinários, todos

revisados com maior detalhamento na versão completa dos

Guidelines em Urolitíase. A precisa classificação dos cálculos é

importante para a tomada de decisão terapêutica e para a

estimativa do prognóstico. Os cálculos urinários podem ser

classificados de acordo com os seguintes aspectos: tamanho,

localização, características radiológicas, etiologia da

litogênese, composição mineral e risco de recorrência. No caso

de pacientes com histórico de expulsão de cálculos através da

urina ou procedimentos para retirada ou fragmentação dos

cálculos, estão indicados exames para investigação

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LITÍASE RENAL

567

radiológicos para acompanhamento e diagnóstico de excreção

de partículas do cálculo.

Os fatores epidemiológicos da urolitíase envolvem raça,

sexo, idade, aspectos nutricionais e dietéticos, clima, ocupação

profissional e atividade física, sendo os mais importantes à

herança hereditária e os fatores dietéticos.

3.1.1 Fatores intrínsecos

Hereditariedade

O caráter familiar da doença é há muito tempo conhecido. A

predisposição à litíase é decorrente da alteração poligênica, de

maneira que a gravidade da doença varia de geração para

geração, sendo rara entre negros e índios.

Idade e Sexo

O sexo masculino é mais atingindo do que o sexo feminino

com proporção de para cada três homens uma mulher

desenvolve litíase renal. Apresentado seu pico de incidência

entre os 30 e 50 anos de idade (SOCIEDADE BRASILEIRA DE

NEFROLOGIA; HEILBERG et al, 2015).

3.1.2 Fatores extrínsecos

Geografia

A incidência de urolitíase é maior em regiões montanhosas

e tropicais.

Condições Climáticas

A incidência da litíase está sujeita à variação sazonal; é

maior nos meses mais quentes, relacionado com o aumento da

perspiração e consequente aumento da concentração urinária.

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LITÍASE RENAL

568

A temperatura ambiente e a maior exposição à luz solar

constituem variáveis de risco para a litíase urinária.

Ingestão Hídrica

O aumento da ingestão hídrica com o intuito de diminuir a

ocorrência de urolitíase é uma observação clínica há muito

conhecida.

Dieta

Durante os períodos em que o consumo de proteína animal

esteve reduzido, como durante as duas guerras mundiais, a

incidência de cálculos também esteve reduzida. A incidência de

cálculo vesical endêmico está associada à desnutrição, ao

passo que o cálculo renal é mais frequente na população de

padrão de vida mais elevado.

Ocupação

Os indivíduos que trabalham em ambientes quentes

apresentam maior incidência de urolitíase (RODRIGUES NETO

JR, 2014).

3.2 FISIOPATOLOGIA DA LITÍASE RENAL

A formação de cálculos no trato urinário decorre da

supersaturação urinária, nucleação, crescimento e a agregação

dos cristais. A saturação urinária, por sua vez, depende da

concentração de solutos como cálcio, magnésio, sódio,

potássio, amônio, fosfato, oxalato e sulfato que formam

complexos de elevada força iônica. A elevação da concentração

de um destes solutos leva a uma solução saturada que

condiciona a nucleação de cristais que pode ser homogênea

(deposição de cristais semelhantes) ou mais comumente

heterogênea, que resulta da deposição dos cristais sobre um

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LITÍASE RENAL

569

nicho constituído por macromoléculas, impurezas ou outro

cristal quimicamente diferente (GUSSON, et al, 2009).

Segundo Nardozza Jr, Zerati Filho, Reis, (2010, p.121)

na urina encontram-se sais formadores de cálculo em

concentrações acima do ponto de saturação sem que ocorra

cristalização. Isso acontece por causa de moléculas que

aumentam o produto de solubilidade ou que diminuem a

agregação e o crescimento do cálculo. Foram identificados

inibidores da formação de cálculos de oxalato de cálcio e fosfato

de cálcio, embora não sejam conhecidos inibidores específicos

que afetam a cristalização do ácido úrico. Dentre os diversos

inibidores, citrato, magnésio e pirofosfato são responsáveis por

20% da atividade inibitória. Citrato atua como inibidor de

cálculos de oxalato de cálcio e de fosfato de cálcio por meio da

redução de cálcio iônico disponível, reduzindo sua precipitação,

sua agregação e seu crescimento. Magnésio diminui a

concentração de oxalato iônico e eleva o ponto de saturação do

oxalato de cálcio.

De forma semelhante, o pirofosfato altera a saturação do

fosfato de cálcio, diminuindo sua cristalização.

Segundo, Sebben, Brum (2007), os cálculos renais

podem ser classificados em quatro categorias principais pela

sua composição química, quais sejam: Oxalato de cálcio,

fosfato de cálcio ou combinação das duas substâncias: os

cálculos com essa composição são os mais comuns, sendo

que, na literatura, a sua frequência varia de 60 a 90%. Dentre

estes, os de oxalato são muito mais frequentes, perfazendo um

total de até 70 a 80%. Ácido úrico: os cálculos com essa

composição podem ocorrer por hiperuricemia e hiperuricosúria

e metade deles são idiopáticos. Triplo fosfato amoníaco

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LITÍASE RENAL

570

magnesiano ou estruvita, normalmente, relacionados com

infecções do trato urinário em consequência da ação de

bactérias produtoras de uréase.

3.2.1 Litíase renal na infância

Litíase urinária na infância é uma doença cada vez mais

comum, que atinge com maior frequência crianças entre oito e

dez anos. Com capacidade se formar em qualquer lugar do trato

urinário, mas principalmente nos cálices renais. Bebês recém-

nascidos, com baixo peso correm risco de desenvolverem

nefrocalcinose, que pode ser detectada por ultrassom

(CAVADAS, 2013)

A origem da litíase renal na infância pode ter várias

causas desde má- formações do trato urinário à maus hábitos

alimentares, fatores ambientais e causas infecciosa em idades

cada vez mais cedo, fornecendo muitos alimentos

industrializados ricos em sódio e substâncias que não são

digeridas pelo organismo humano. É importante mencionar que

em estudo feito com cento e cinquenta e oito crianças, a

principal alteração metabólica encontrada foi a hipercalciúria

(73,4%). Análise química dos cálculos mostrou oxalato de cálcio

em 90,9% dos casos (PERES, et al 2011).

3.3 TERAPÊUTICA

A terapêutica utilizada deve ser esclarecida ao paciente

que por sua vez escolhe de acordo com a recomendação

médica a técnica aplicada. Abordaremos a terapêutica

medicamentosa e terapêutica nutricional ao decorrer deste

trabalho. A terapêutica médica expulsiva é indicada para a

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LITÍASE RENAL

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maioria dos doentes com cálculos <10 mm. O estudo

imagiológico é o principal meio de caracterizar a obstrução e

alcançar o diagnóstico definitivo: a litíase urinária é o mais

comum a ser adotada (GUSSON, et al, 2009).

Algumas terapias indicadas são: A ecografia é o método

mais barato e rápido, logo deve ser primeira linha. Caso não se

alcance perspectiva realizar-se uma tomografia

computadorizada sem contraste, o exame traz um diagnóstico

com maior evidência, a radiografia renovesical está indicada. A

LEOC (litotrícia extracorporal por ondas de choque) e a

ureterolitotrícia apresentam taxas de sucesso ótimas e

comparáveis na remoção do cálculo. A nefrolitotomia

percutânea é a opção mais invasiva (MISSIMA; PEDROSO;

SINISCALCHI, 2014).

3.3.1 Terapêutica medicamentosa

A terapia expulsiva medicamentosa é uma alternativa

bastante utilizada no tratamento da litíase renal porque traz

resultados positivos e eficácia sem precisar de tratamentos

mais invasivos, isto em casos que pode ser aplicada apenas a

mesma. Como se trata de uma afecção comum, de alta

incidência e custo, a terapia expulsiva possibilita um manejo

clínico menos dispendioso e invasivo, quando comparada a

procedimentos intervencionistas. Há consenso na literatura que

a terapia expulsiva medicamentosa é efetiva e deve ser

utilizada em cálculos com cerca de cinco milímetros de

diâmetro, visto que as drogas utilizadas aumentam a taxa de

filtração e os expulsa em curto tempo, diminuindo assim a dor

e o número de internações dos pacientes. O diâmetro e

localização do cálculo são de suma importância para que se

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LITÍASE RENAL

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possa considerar o tratamento conservador (MISSIMA;

PEDROSO; SINISCALCHI, 2014).

A cólica ureteral, descrita por Hipócrates, é

tradicionalmente tratada utilizando inicialmente analgésicos de

ação periférica e antiespasmódicos, como a dipirona e a

hioscina, associados ou não aos anti-inflamatórios não

hormonais. Analgésicos de ação central, como os opiáceos e

seus derivados ficam reservados para casos em que o controle

da dor é mais difícil. A hiper-hidratação é controversa uma vez

que parece não contribuir na eliminação do cálculo e pode

aumentar a dor. Uma nova abordagem no tratamento clínico

dos cálculos ureterais é a chamada terapia expulsiva que

consiste no uso de drogas relaxantes da musculatura ureteral a

fim de reduzir a peristalse e aumentar o calibre funcional do

ureter, facilitando assim a eliminação dos cálculos. Entre as

principais drogas utilizadas, citam-se os bloqueadores de

canais de cálcio (nifedipina) e os bloqueadores alfa-

adrenérgicos (doxasozina, terasozina, tansulozina), utilizados

no tratamento da hiperplasia prostática benigna (MAZZUCCHI;

SROUGI; 2009).

3.3.2 Terapêutica nutricional

A litíase renal atinge principalmente pessoas que

residem em países desenvolvidos, pois está diretamente ligada

a outros problemas de saúde como hábitos alimentares que

levam a doenças como obesidade, hipertensão e o diabetes

mellitus. Apesar de ser influenciada por outros fatores, a

composição da urina é grandemente determinada pela

composição da dieta do indivíduo (NERBASS, 2014)

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LITÍASE RENAL

573

3.4 ESTRATÉGIA NUTRICIONAL NO TRATAMENTO DA

LITÍASE RENAL

A educação nutricional é parte importante dos cuidados

com os pacientes que sofrem com litíase renal, pois os mesmos

precisam ter conhecimento que a nutrição adequada é um dos

fatores fundamentais para melhorar a qualidade de vida e

controle da doença, com intuito de não se tornar crônica.

A dieta é um dos fatores mais importantes na formação

de cálculos. Há uma forte relação entre o aumento da

prevalência de litíase e o aumento das despesas com

alimentação por habitante.

Os fatores mais importantes que influenciam na

concentração e excreção urinárias de substâncias litogênicas e

inibidoras da formação de cálculos são a dieta e as desordens

metabólicas associadas. Uma dieta com um menor valor

energético diminui a formação de cálculos, o que foi observado

durante os períodos de guerra, quando as dietas possuíam uma

quantidade mínima de proteína animal e gordura e os índices

de litíase urinária diminuíram muito. Proteína animal: o nutriente

que claramente tem efeito universal na maioria dos parâmetros

urinários envolvidos na formação de cálculos é a proteína

(CASAS; RODRIGUES; D’AVIL, 2015).

O hábito alimentar, com grande consumo de proteína

animal, pode levar à hipercalciúria (induzida, entre outros

fatores, por uma maior reabsorção óssea), hiperoxalúria (devido

a uma maior síntese de oxalato), hiperuricosúria (pela

sobrecarga de purina), hipocitratúria (devido a maior

reabsorção tubular de citrato) e diminuição do pH urinário

(SEBBEN; BRUM, 2007).

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EDUCAÇÃO NUTRICIONAL COMO ESTRATÈGIA NO TRATAMENTO DA

LITÍASE RENAL

574

3.4.1 A Importância da estratégia nutricional

Devido ao aumento de números expressivos de casos de

pacientes com litíase faz-se necessário a educação nutricional

com objetivo de conscientiza-los de forma clara e periódica

sobre a importância da dietoterapia no tratamento da doença

assim como prevenção para os propensos a desenvolverem

litíase renal.

Um organismo desintoxicado excreta melhor as toxinas

que podem ser excesso de substâncias e até mesmo de

nutrientes. Para haver desintoxicação é preciso seguir uma

dieta equilibrada com alimentos frescos e naturais, praticar

atividade física, aumentar a ingestão de água e manutenção do

peso corporal adequado (CASAS; RODRIGUES; D’AVIL, 2015).

Sendo assim a orientação nutricional para a prevenção do

desenvolvimento da litíase como também da reincindiva é uma

articulação adequada para o profissional e paciente por ser

economicamente acessível e segura. É válido enfatizar que,

para adquirir melhores resultados, orienta-se que as

recomendações dietéticas devem ser estabelecidas de acordo

com o tipo de cálculo e as características da análise de urina de

24h. Porque as dietas não são exatamente iguais para todos os

tipos de cálculos. De qualquer forma um hábito que deve ser

aconselhado a todos os indivíduos com nefrolitíase é o aumento

da ingestão hídrica. Indicação de consumo mínimo de 30 ml/kg

de peso por dia (VILLELA; ROCHA, 2008).

Visando que a prevenção de reincidivas nos pacientes

que já tiveram cálculos é importante o esclarecimento sobre os

cuidados que devem ser tomados, através de campanhas

preventivas e educativas em forma de comunicação, panfletos,

palestras, em unidades de atendimento à saúde e locais de

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EDUCAÇÃO NUTRICIONAL COMO ESTRATÈGIA NO TRATAMENTO DA

LITÍASE RENAL

575

trabalhos onde são mais suscetíveis ao desenvolvimento de

litíase renal, como por exemplo, os trabalhadores da construção

civil (FERRAZ; AQUINO, 2014).

Locais de trabalho onde os trabalhadores ficam

expostos a altas temperaturas, a exposição solar merece um

pouco mais de atenção porque se torna ambiente de risco

(COUTINHO, et al 2013).

A precaução é o conjunto de métodos que visam proteger

e melhorar a saúde de uma população e, por

consequentemente sua qualidade de vida. Encontram-se três

fases da prevenção, primária é o período pré-patogênico como

campanhas preventivas e educativas, prevenção secundária

interrompe a evolução e minimiza as consequências; e

prevenção terciária promove a reabilitação (DAMASIO, 2012).

Importante ressaltar que as pessoas quando conseguem

eliminar os cálculos renais não procuram conduzir um

tratamento preventivo adequado para não formar novos

cálculos aumentando a chance de recorrência. Considerando-

se que a maioria dos indivíduos litiásicos procura apenas

resolver o quadro agudo de dor e não se importa ou talvez não

tenha sido adequadamente orientado em como prevenir a

recorrência dos episódios calculosos (GUSSON, et al, 2009).

4 CONCLUSÕES

A litíase renal é uma doença que pode ser causada por

alguns fatores que abrange desde a hereditariedade, raça,

idade, sexo, baixa ingestão de água associada à dieta

inadequada. A terapia expulsiva, contribui para aumentar a

eliminação de cálculos renais menores que 8 mm e reduzir o

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EDUCAÇÃO NUTRICIONAL COMO ESTRATÈGIA NO TRATAMENTO DA

LITÍASE RENAL

576

número de episódios de dor dos pacientes. A nutrição tem papel

fundamental para o sucesso do tratamento, como controle da

doença para que não volte a se desenvolver, por isto é

importante à adesão da dietoterapia e acompanhamento

nutricional. Sabendo que a educação como estratégia no

tratamento é primordial, pois um paciente bem informado é mais

fácil à adesão ao tratamento.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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EDUCAÇÃO NUTRICIONAL COMO ESTRATÈGIA NO TRATAMENTO DA

LITÍASE RENAL

577

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EDUCAÇÃO NUTRICIONAL COMO ESTRATÈGIA NO TRATAMENTO DA

LITÍASE RENAL

578

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PERCEPÇÃO DOS DISCENTES SOBRE ALIMENTOS FUNCIONAIS

579

CAPÍTULO 33

PERCEPÇÃO DOS DISCENTES DO CURSO DE NUTRIÇÃO SOBRE ALIMENTOS FUNCIONAIS

Samara Lígia Madruga Cavalcante GILBERTO1

Kalyanne Marcelino de MEDEIROS1

Camila Figueiredo GOMES2 Giselle Medeiros da Costa ONE2,3

1 Graduandos do curso de Nutrição, IESP; 2Docente do Curso de Nutrição, IESP; 2,3Orientadora/Docente do Curso de Nutrição do IESP.

[email protected]

RESUMO: Alimentos funcionais são aqueles que, além da função nutritiva, oferecem benefícios através dos compostos bioativos, devido sua capacidade de reduzir o surgimento e/ou combater o aparecimento de doenças. O objetivo desta pesquisa foi investigar o nível de conhecimento de discentes a respeito dos alimentos funcionais. O trabalho foi desenvolvido através de estudo de campo, por meio de questionário constituído por perguntas objetivas, realizado entre setembro e outubro do ano corrente, com alunos de uma faculdade particular de João Pessoa/PB. Os resultados mostram que 70% dos entrevistados concordam plenamente com os benefícios dos alimentos funcionais para a saúde, além da nutrição básica e 30% concordam um pouco com esta afirmação. Em relação à ideia de alimentos funcionais, frutas e legumes foram os mais citados (84%). De acordo com conhecimento sobre alimentos funcionais, os enriquecidos em fibras apareceram com 37%, enquanto prebióticos e probióticos, apenas 7% dos apresentados. Referente à opinião sobre a eficácia destes alimentos, 62% considera eficazes, 33% muito eficazes e 5% pouco eficazes. Ao comprar um alimento, verificou-se que 63% das pessoas raramente buscam características funcionais, seguido por 23% que procuram frequentemente. Ficam

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PERCEPÇÃO DOS DISCENTES SOBRE ALIMENTOS FUNCIONAIS

580

evidenciados osbenefícios dos alimentos funcionaisao organismo, apesar de fatores dificultarem o alcance destes. São necessárias intervenções que propiciem aos usuários maiores informações, possibilitando melhores condições de escolhas alimentares saudáveis, consequentemente, mais qualidade de vida. Palavras-chave:Alimentos Funcionais. Qualidade de vida.

Prevenção de doenças.

1 INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas, com o desenvolvimento mundial, a

alimentação deixou de ser um item de sobrevivência, mera

saciação da fome, isenção de doenças relacionadas com

deficiência de nutrientes e passou a tendenciar uma escolha

voltada à promoção da saúde e bem-estar, promovendo uma

maior longevidade.

Carvalho et al. (2013); Ferrão (2012); Pacheco e

Sgarbieri (2001) e Perin (2015); Vidal, et al. (2012) definem

alimentos funcionais como aqueles que possuem em sua

constituição, substâncias nutrientes ou não nutrientes, aptas a

articular as respostas metabólicas e fisiológicas no

desenvolvimento e manutenção do organismo, sucedendo em

maior proteção e estímulo à saúde, favorecendo a redução dos

riscos de doenças.

Cançado e Santos (2009) apontam que devido à

importância desses alimentos para a saúde do homem, têm-se

destacados os componentes bioativos que dão função aos

alimentos, podendo exercer efeitos que potencializam as

propriedades benéficas desejadas.

Quanto aos probióticos, Saad (2011) os conceituam

como alimentos compostos por microorganismos vivos

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PERCEPÇÃO DOS DISCENTES SOBRE ALIMENTOS FUNCIONAIS

581

(bactérias benéficas e leveduras). Além disso, Coppola; Gil-

Turnes, 2004, complementam que eles atuam na microbiota

intestinal, sendo aplicados na prevenção e tratamento de

doenças, inibição da carcinogênese e em distúrbios do

metabolismo gastrintestinal (lactobacilos e bifidobactérias).

Referente às fibras, Rodriguez, et al.(2003), as definem

como prebióticos de origem vegetal não digeríveis por enzimas

digestivas, porém, fermentáveis e que distribuem nutrientes e

armazenam energia. Para Santos (2011), elas auxiliam no

funcionamento do intestino e sua ingestão deve estar

relacionada a uma alimentação balanceada e prática de vida

saudável.

No tocante aos ácidos graxos, são compostos orgânicos

degradados, podendo ser utilizados como fontes energéticas

pelas células. Sendo eles poliinsaturados ou ácidos graxos

essenciais (ácidos linoléicos e ômega 3 e 6), têm por finalidade

diminuir processos inflamatórios e os níveis séricos do

colesterol LDL, contribuir positivamente com os triglicerídeos e

a pressão sanguínea, impedindo a formação de coágulos e

aterosclerose. (SOUZA, et al., 2003; VIDAL, 2012).

Sobre os carotenóides, são pigmentos identificados nas

células vegetais que agem na fotossíntese. São responsáveis

pela prevenção do câncer de próstata e são fundamentais no

retardamento do envelhecimento, no restringir o risco de

maturação macular e atuam como antioxidante. (COSTA;

ROSA, 2010; FERRÃO, 2012; LAJOLO, 2002).

Os compostos fenólicos são considerados antioxidantes

e o grande interesse por eles advêm dos efeitos

antimicrobianos. Podem ser classificados como flavonóides e

não flavonóides. Preservam as propriedades dos alimentos e

minimiza o risco de propagação de patologias (FAITH et al.,

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582

1992; NICHOLS; KATIYAR, 2010; RODRIGO et al., 2011;

GIAMPIERI et al., 2014).

Quanto às vitaminas, são substâncias relevantes na

alimentação em função da competência antioxidante que

podem operar de forma direta sobre os radicais livres ou

indiretamente com sistemas enzimáticos com essa função. As

mais importantes são C e E, portam peculiaridades para o

funcionamento do organismo. (SHAMI; MOREIRA, 2004;

SOARES, 2002).

Baseado no contexto supracitado, busca-se

compreender qual a percepção dos discentes sobre alimentos

funcionais e diante da concepção abordada, a escolha dessa

temática ocorreu pela escassez ao acesso de informações

referentes às funcionalidades que estes alimentos oferecem à

nossa saúde.

2 MATERIAIS E MÉTODO

Este artigo foi desenvolvido mediante um estudo de

campo, caracterizado por uma pesquisa quantitativa, por meio

de um questionário com perguntas objetivas, intitulado

“Percepção dos alimentos funcionais”, entre setembro a outubro

do ano corrente, no turno da noite, com alunos do curso de

nutrição de uma faculdade particular de João Pessoa/PB. A

coleta de dados aconteceu na própria Instituição, concedida por

uma professora responsável pela aula no referente dia da

entrega dos questionários.

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PERCEPÇÃO DOS DISCENTES SOBRE ALIMENTOS FUNCIONAIS

583

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Contribuíram para essa pesquisa 44 discentes dos 1º e

2º períodos, com idades entre 17 e 39 anos, prevalecendo o

sexo feminino com 52,27% da amostra contra 47,72% do

masculino.

Analisando o questionário “Percepção dos alimentos

funcionais”, verificou-se que 70% dos alunos concordam

plenamente e 30% concorda um pouco sobre os benefícios dos

alimentos funcionais para a saúde além da nutrição básica

(Figura 1).

Figura 1. Descrição do conhecimento sobre os benefícios dos alimentos

funcionais para a saúde além da nutrição básica.

Fonte: Ferrão. 2012

Zeraik et al. (2010); Ferrari e Torres, (2010); e Salgado

(2001), apontam que estes alimentos além de corresponderem

aos efeitos nutricionais, desempenham grande potencial

metabólico e fisiológico, se referindo à redução do risco de

doenças, propiciando melhor bem-estar.

70%

30%

0%

0%

0%

Concordo plenamente

Concordo um pouco

Indiferente

Não concordo muito

Em desacordo total

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PERCEPÇÃO DOS DISCENTES SOBRE ALIMENTOS FUNCIONAIS

584

Ao defrontarem-se os entrevistados com uma relação de

alimentos e ao ser-lhes pedido que enumerassem por grau de

importância, os que identificam como funcionais, constatou-se

que 84% deles acreditam ser as frutas e legumes os mais

significantes, outros 59%, consideram os peixes e produtos de

pesca e 52% os cereais integrais (Figura 2).

Figura 2. Identificação, por ordem de importância, dos alimentos

funcionais.

Fonte: Ferrão, 2012

Afirmam Horst; Lajolo, (2005); Moreira, et al. (2013), Who

(2013), do ponto de vista nutricional que as frutas e legumes

são fundamentais para uma dieta balanceada, tendo um papel

primordial na prevenção do excesso de peso e,

consequentemente, doenças crônicas.

Ortega (2006); Souza, et al. (2003) declaram que os

ácidos graxos poliinsaturados encontrados regulam a

homeostase e protegem contra arritmias hipertensão e

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Frutas e legumes

Peixes e produtos da pesca

Lacticínios

Ervas/Especiarias

Cereais integrais

Carnes e derivados

Chá

Frutos Oleaginosos (nozes, amêndoas, amendoins, etc...)

Gorduras Vegetais

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PERCEPÇÃO DOS DISCENTES SOBRE ALIMENTOS FUNCIONAIS

585

possuem papel na manutenção de funções neurais,

favorecendo o aprendizado.

Quando solicitados a optarem sobre o conhecimento dos

alimentos funcionais, 37% afirmaram identificar os enriquecidos

com fibras, 26% com ômega 3 e em similar proporção os com

nutrientes com propriedades antioxidantes (Figura 3).

Figura 3. Conhecimento sobre alimentos funcionais.

O enriquecimento dos produtos foi uma estratégia do

mercado para favorecer o valor nutritivo dos industrializados

incrementando com os itens apontados. Assim, eles contribuem

para a evolução infantil, controle dos recursos metabólicos

básicos, proteção contra o estresse oxidativo, aumento da

performance e boa forma física, além de outros efeitos

fisiológicos (SANTOS, 2011).

37%

15%

26%

7%

15%

Alimentos enriquecidos em

fibras

Alimentos enriquecidos em

nutrientes com propriedades

antioxidantes

Alimentos enriquecidos com

ômega 3

Alimentos enriquecidos em

probióticos/prebióticos

Alimentos enriquecidos em

cálcio

Outro. Quais?

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586

Quando indagados quanto à frequência com do

consumo, 42% ingerem semanalmente, 28%,

diariamente/frequentemente, 18%, mensalmente e 12% nunca

ou raramente (Figura 4).

Figura 4. Frequência com que se costuma consumir alimentos funcionais.

Segundo Cançado; Santos (2009), para obter um

resultado benéfico e prolongados, os alimentos funcionais

devem ser consumidos diariamente, precisando sua ingestão

estar acompanhada a uma dieta diversificada e equilibrada.

Em relação à eficácia desses alimentos, os que

consideraram ser eficazes e muito eficazes, contabilizaram 62%

e 33%, respectivamente (Figura 5).

12%

18%

42%

28%

Nunca ou raramente

Mensalmente

Semanalmente

Diariamente/Frequentemente

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PERCEPÇÃO DOS DISCENTES SOBRE ALIMENTOS FUNCIONAIS

587

Figura 5. Opinião sobre a eficácia dos alimentos funcionais.

Para que um alimento seja considerado eficaz, os efeitos

que ele traz para saúde, necessita ser cientificamente

comprovado, não podendo ser caracterizado como suplemento

e sim, alimento. Além disso, precisa ter como função a proteção

da saúde pública, atribuindo às substâncias específicas

contidas nele, um fator que contribua para a saúde, como

componente de uma dieta variada, reconhecendo assim, seu

papel potencial, quando consumida de forma regular

(CARDOSO; OLIVEIRA, 2010).

Quando analisada a procura por atributos funcionais,

63% responderam que raramente se preocupam com isso, 23%

frequentemente, seguidos de nunca e sempre, com 9% e 5%

cada (Figura 6).

33%

62%

5%

0%

Muito Eficazes

Eficazes

Pouco Eficazes

Nada Eficazes

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588

Figura 6. Verificação sobre a existência de características funcionais ao

comprar um alimento.

Fonte: Ferrão. 2012

Deliza (2012) expressa a importância do consumidor

eleger um alimento funcional, o fazendo quando reconhecê-lo

saudável. Dessa forma, necessitam informar-se sobre os

benefícios e identificá-los como seguro.

Acerca dos pontos que mais influenciam na hora da

compra, 91% apontou os benefícios que trazem à saúde como

maior prevalência, sendo os demais pontos pouco

contemplados (Figura 7).

9%

63%

23%5%

Nunca

Raramente

Frequentemente

Sempre

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PERCEPÇÃO DOS DISCENTES SOBRE ALIMENTOS FUNCIONAIS

589

Figura 7. Fator de maior influência na compra do alimento funcional.

Fonte: Ferrão. 2012

Na perspectiva de Mark-Herbert (2003) e Santos (2011)

as principais estratégias de compra passam pela ideia de

consumir substâncias que sejam saudáveis, preocupação maior

dos consumidores, que os buscam cada vez mais.

Dentre as principais barreiras identificadas ao se

comprar este alimento, o preço ocupou o ápice com 35%, o

conhecimento dos alimentos/benefícios de saúde associados,

23% e o sabor, 22% (Figura 8).

91%

4%

5%

0%

Benefício para a saúde

Marca

Sugestão de amigos

Publicidade e marketing que

rodeia o produto

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PERCEPÇÃO DOS DISCENTES SOBRE ALIMENTOS FUNCIONAIS

590

Figura 8. Barreiras encontradas quando pensa em consumir alimentos

funcionais.

Em oposição aos dados encontrados, Basho; Bin, (2010)

atestam que os alimentos funcionais mostram um baixo custo e

podem ser aderidos por indivíduos de baixa renda, não sendo,

portanto, um fator que os impeçam de ser utilizados. Quanto ao

conhecimento, o autor citado corrobora com os resultados

encontrados.

4 CONCLUSÕES

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PERCEPÇÃO DOS DISCENTES SOBRE ALIMENTOS FUNCIONAIS

591

Diante da abordagem apresentada quanto aos alimentos

funcionais, pode-se observar a contribuição que os mesmos

oferecem tanto à nutrição básica quanto aos efeitos favoráveis,

a longo prazo, quando se almeja prevenir ou mesmo estabilizar

doenças. Ademais, apesar de serem consumidos, fica visível a

necessidade de uma maior divulgação, devido à carência de

informações existentes, a fim de promover maiores

esclarecimentos quanto sua utilidade, para que tenham mais

apreciação no mercado, ampliação de sua ingestão e assim,

favorecer uma melhor qualidade de vida.

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PERCEPÇÃO DOS DISCENTES SOBRE ALIMENTOS FUNCIONAIS

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594

CAPÍTULO 34

DESNUTRIÇÃO ENERGÉTICO-PROTEÍCA COMO IMPORTANTE PREDITOR DE MORBIMORTALIDADE EM

PACIENTES COM DOENÇA RENAL CRÔNICA EM HEMODIÁLISE

Daniella Kumamoto Pereira de Melo¹ ¹ Graduada em Nutrição pela Universidade Federal da Paraíba.

Especializada em Nutrição Clínica pela Universidade Federal da Paraíba. Especializada em Alta Gastronomia pela Faculdade Internacional da

Paraíba. E-mail: [email protected].

RESUMO: A Doença Renal Crônica (DRC) constitui-se pela perda lenta, progressiva e irreversível das funções renais excretoras, endócrinas e metabólicas. A desnutrição energético-proteica (DEP) prevalece entre os pacientes com doença renal crônica (DRC), apresentando um impacto negativo sobre a morbimortalidade. O desenvolvimento desta doença nestes pacientes se relaciona com a diminuição da ingestão alimentar e o hipercatabolismo. Não existe ainda um método

capaz de identificar com primazia a desnutrição energético-protéica em pacientes em hemodiálise (HD), pelo que se utiliza uma avaliação do estado nutricional dos

pacientes por meio de diferentes métodos objetivos e subjetivos. Outras complicações graves da desnutrição podem ser evidenciadas, como infecções, insuficiência cardíaca, redução da síntese protéica e comprometimento da cicatrização e aumento da taxa de hospitalização em pacientes em hemodiálise. A desnutrição energético-protéica, desse modo, configura-se como importante preditor da morbimortalidade em pacientes com doença renal crônica em hemodiálise, razão pela qual se faz pertinente o seu estudo. Assim, o profissional de nutrição tem o

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dever de acompanhar todos os parâmetros indicadores de morbimortalidade entre esta população, para que, adotando medidas dietéticas e educativas, possam atuar na melhora do perfil nutricional destes pacientes e na diminuição dos riscos de morbimortalidade. Palavras-chave: Desnutrição Energético-Protéica. Doença Renal Crônica. Hemodiálise. Avaliação Nutricional. Morbimortalidade. 1 INTRODUÇÃO

Os rins são órgãos fundamentais para a manutenção da

homeostase do corpo humano, e sua importância revela-se na

execução de funções como a filtração glomerular, a produção e

secreção de hormônios, como a eritropoietina, e de enzimas,

como a 1,25-dihidroxivitamina D e a renina, entre outras. Na

doença renal crônica, diversos órgãos do indivíduo são

acometidos, devido à queda contínua da filtração glomerular, o

que faz diminuírem as funções regulatórias, excretórias e

endócrinas, podendo levar o paciente a óbito (POERSCH,

2015).

A doença renal crônica (DRC) é uma doença progressiva

e irreversível que acomete as funções glomerular, tubular e

endócrina, considerada um problema de saúde pública mundial

com elevadas taxas de morbimortalidade, tendo impacto

negativo sobre a qualidade de vida e saúde do paciente

(BÖHM, MONTEIRO e THOME, 2012). É assim considerada,

também, pelo contínuo aumento de pacientes, pela

complexidade do tratamento e pelos seus elevados custos

(CRISTÓVÃO, 2015).

Estima-se um total de 112.004 pacientes no país, em

julho de 2014, com doença renal crônica em programa de

diálise nos centros de diálise cadastrados na Sociedade

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596

Brasileira de Nefrologia (SBN), que realiza anualmente um

inquérito nacional coletando informações básicas destes

pacientes. Este número representa um aumento de 20 mil

pacientes nos últimos quatro anos, visto que, em 2010, os

pacientes somavam o total de 92.091. Segundo estatísticas da

SBN, houve um aumento anual médio no número de pacientes

de 5% nos últimos quatro anos. Do total de pacientes

prevalentes, 91% estavam em hemodiálise e 9% em diálise

peritoneal, sendo 58% do sexo masculino. Em relação ao índice

de massa corpórea, os pacientes foram assim classificados:

10% como desnutridos, 53% como normais e 37% como

sobrepeso, obeso ou obeso mórbido. A taxa anual de

mortalidade bruta atingiu o percentual de 19% (SESSO et al.,

2016).

O estado nutricional de pacientes com doença renal

crônica em programa de hemodiálise (HD) preocupa e desafia

as equipes multidisciplinares que lhes dão assistência. A

desnutrição, bastante comum nestes pacientes, corrobora para

a menor sobrevida e para maiores índices de morbidade, de

limitações funcionais e piores níveis de qualidade de vida, daí a

importância de se monitorar e promover o estado nutricional

desses pacientes (FERRAZ et al., 2015).

2 DOENÇA RENAL CRÔNICA: DEFINIÇÃO E

ESTAGIAMENTO

Segundo Silva (2014, p. 9), a Doença Renal Crônica

(DRC) é uma “síndrome clínica caracterizada pela perda

progressiva e irreversível das funções renais”. Considerada

como um problema de saúde pública mundial, a DRC atinge em

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597

média 1,4 milhões de brasileiros, que apresentam algum grau

de disfunção renal.

Recentemente, a Sociedade Brasileira de Nefrologia

referendou a definição de DRC proposta pela National Kidney

Foundation (NKF), em seu documento Kidney Disease

Outcomes Quality Initiative (K/DOQI). Tal definição se baseia

em dois critérios: a) lesão presente por um período igual ou

superior a três meses, definida por anormalidades estruturais

ou funcionais do rim, com ou sem diminuição da filtração

glomerular (FG), evidenciada por anormalidades

histopatológicas ou de marcadores de lesão renal, incluindo

alterações sanguíneas ou urinárias, ou ainda de exames de

imagem; e b) FG <60 mL/min/1,73 m2 por um período igual ou

superior a três meses com ou sem lesão renal (BASTOS,

BREGMAN e KIRSZTAJN, 2010, p. 249).

Assim, segundo as diretrizes norte-americanas, a

doença renal crônica é caracterizada pela presença de lesão

renal ou redução das funções renais por um período igual ou

superior a 3 (três) meses, independente da etiologia (MELO et

al., 2015).

Bastos, Bregman e Kirsztajn (2010) afirmam que os rins

são órgãos fundamentais para manutenção da homeostase do

corpo humano. Por assim ser, não é surpresa a constatação de

que a diminuição progressiva da função renal provoca o

comprometimento de todos os órgãos, essencialmente. Com

base nos mesmos autores, avalia-se a função renal pela

filtração glomerular (FG) e a sua diminuição é observada na

DRC, associada à perda de funções regulatórias, excretórias e

endócrinas do rim (BASTOS, BREGMAN E KIRSZTAJN, 2010).

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598

Sendo assim, com base na definição retro mencionada,

foi proposta a seguinte classificação para a DRC, apresentada

por Bastos, Bregman e Kirsztajn, (2010) na tabela seguinte:

Tabela 1 Estagiamento da DRC.

ESTÁGIO DESCRIÇÃO FG

1 LesLes Lesão renal com FG normal ou

aumentada

≥~90

2 Lesão renal com FG levemente

diminuída

60 – 89

3 Lesão renal com FG

moderadamente diminuída

30-59

4 Lesão renal com FG severamente

diminuída

15- 29

5 Falência funcional renal estando ou

não em terapia renal substitutiva

≤ 15

De acordo com Casas, Rodrigues e D’Ávila (2015, p. 37),

os pacientes, em fase final de insuficiência renal crônica (IRC),

tem a possibilidade de sobrevida em razão da introdução dos

métodos dialíticos e dos transplantes renais, apesar de ainda

serem elevados os índices de mortalidade nessa população.

Entre os métodos de tratamento dialítico, o mais comum

é a hemodiálise. Sua necessidade revela-se quando da

incapacidade orgânica de excretar substâncias tóxicas

(D’AMICO et al., 2013, p. 17).

A hemodiálise é, assim, uma terapia de substituição

consistente no processo de filtração pelo qual são eliminados

metabólitos e líquidos, que podem causar prejuízos ao

organismo, se presentes em excesso. É utilizada, nesse

tratamento, uma máquina denominada “rim artificial ou

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599

hemodialisador”, por meio da qual o sangue entra em contato

com uma membrana semipermeável que remove por difusão os

produtos de excreção e por ultrafiltração, os líquidos. Apesar de

ser possível restabelecer o equilíbrio ácido-básico do

organismo, não substitui as funções endócrinas dos rins

(MARTINS e RIELLA, 2001).

Por oportuno, D’Amico et al. (2013, p. 18) afirmam que,

apesar de a hemodiálise apresentar benefícios para os

pacientes com IRC, como, por exemplo, o prolongamento da

vida, as condições impostas pela doença e pelo próprio

tratamento dialítico resultam em uma série de alterações no

organismo humano, alterações estas que podem prejudicar a

condição nutricional desses pacientes.

3 A DESNUTRIÇÃO ENERGÉTICO-PROTÉICA E OS

PACIENTES COM DOENÇA RENAL CRÔNICA EM

HEMODIÁLISE

Pode-se definir a desnutrição energético-protéica (DEP)

como uma doença multifatorial de alta letalidade, com

capacidade para promover diversas alterações fisiológicas na

tentativa de adaptar o organismo à escassez de nutrientes

(SARNI e MUNEKATA, 2002).

Segundo Cuppari e Kamimura (2009, p. 29), a

desnutrição energético-proteíca está presente em cerca de 23%

a 76% dos pacientes em hemodiálise.

Essa elevada prevalência da DEP é de grande

preocupação por ser um importante preditor de

morbimortalidade. O processo inflamatório é uma importante

causa desse quadro, além de diversos outros fatores que

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600

contribuem para essa condição nutricional. Vegine et al. (2011,

p. 56) apontam outras:

Dentre as diversas causas da DEP podemos citar

ainda a baixa ingestão energética e protéica; a

perda de nutrientes e aminoácidos pelo dialisato;

o catabolismo muscular induzido pela própria

diálise e pela acidose metabólica; o aumento do

gasto energético que ocorre durante e até 2 horas

após o procedimento dialítico; a resistência à

insulina e aos hormônios anabólicos, como o

hormônio do crescimento; o estresse oxidativo e a

inflamação.

As abordagens nutricionais de recuperação ou

manutenção de um bom estado nutricional são necessárias

ainda nos estágios iniciais da doença renal crônica, tendo em

vista que a pior condição nutricional, evidenciada no início do

tratamento dialítico, contribui para pior sobrevida ao longo dos

anos nesses pacientes (Cuppari e Kamimura, 2009, p. 29).

Desse modo, a monitoração periódica do estado

nutricional deve fazer parte do seguimento dos pacientes em

diálise, pois é fundamental para prevenção, diagnóstico e

tratamento da doença renal crônica. Identificar e tratar o déficit

nutricional de maneira precoce pode reduzir o risco de

infecções e outras complicações, além da própria mortalidade

desses pacientes. Um marcador nutricional ideal deve ser

associado à morbimortalidade, como hospitalização e óbito, e

também deve identificar pacientes que devem receber

intervenção nutricional (OLIVEIRA et al., 2010).

De acordo com Valenzuela et al. (2003, p. 72), o

conhecimento e a caracterização adequada do estado

nutricional de uma população em diálise é fundamental tanto

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601

para prevenir a desnutrição quanto para intervir

apropriadamente nos pacientes que já se apresentam

desnutridos.

A desnutrição é, pois, um marcador de mau prognóstico

na doença renal crônica. O estado nutricional dos pacientes

está inversamente associado ao risco de hospitalização e de

mortalidade aumentados, pelo que constitui fator de risco

importante na evolução clínica desses pacientes. Para que haja

êxito na terapia dialítica faz-se necessária uma nutrição

adequada (ANDRADE et al., 2012, p. 241).

A desnutrição está associada a uma série de

complicações graves, entre elas infecções, insuficiência

cardíaca, redução da síntese protéica e comprometimento da

cicatrização e aumento da taxa de hospitalização em pacientes

em hemodiálise. A internação hospitalar dos pacientes

desnutridos representa um percentual 45% maior, sendo os

custos de tratamento, em média, 24% mais elevados em

relação aos pacientes bem nutridos, em razão da

hospitalização. Por isso, é de fundamental importância a análise

da relação entre a desnutrição e o risco de hospitalização em

pacientes com doença renal cronica em hemodiálise, para que

sejam identificados os indicadores associados a esse risco e

reduzido o número de internações hospitalares através da

intervenção precoce (SZUCK et al., 2016).

Ribeiro et al. (2015, p. 933) mencionam que o paciente

em diálise deve ser submetido a avaliação nutricional e

monitoriamento periódicos desde o início do tratamento, como

sugere o ‘Clinical Practice Guidelines for Chronic Kidney

Disease: Evaluation, Classification, and Stratification’, da

National Kidney Foundation.

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602

Os mesmos autores afirmam, no entanto, que não existe

um padrão-ouro que possibilite a avaliação do estado

nutricional do paciente com DRC, razão pela qual são utilizados

vários métodos simultaneamente, possibilitando melhores

propostas de intervenções e adequações dietéticas adequadas

(RIBEIRO et al., 2015, p. 933)

Segundo a definição da American Dietetic Association

(ADA), o Processo de Assistência Nutricional (PAN) é um

método sistemático para resolução de problemas, adotados por

profissionais de nutrição, como forma de pensar de modo

crítico, tomar decisões para solução de problemas nutricionais

e prestar atenção nutricional de qualidade, segura e eficaz. O

PAN é utilizado principalmente em condições graves, em

cuidados ampliados e na prática ambulatorial, e também se

revela útil em vários contextos de prática comunitária. Quatro

etapas formam o processo de assistência nutricional, sendo

elas: avaliação nutricional, diagnóstico nutricional, intervenção

nutricional e monitoração e reavaliação nutricionais (WIDHT e

REINHARD, 2010).

Conforme visto anteriormente, nos dias atuais, inexiste

um marcador que forneça o diagnóstico nutricional de maneira

inequívoca e completa, sendo necessário, para tanto, o

emprego de diferentes parâmetros com métodos clínicos,

bioquímicos e antropométricos que, uma vez analisados em

conjunto, permitem identificar os riscos ou distúrbios

nutricionais já instalados (MONTENEGRO et al., 2015, p. 269).

Nesse contexto, Kamimura et al. (2004) afirmam que os

métodos antropométricos utilizados são o Índice de Massa

Corporal (IMC), Circunferência Abdominal, Circunferência do

Braço, Circunferência Muscular do Braça, Área Muscular do

Braço Corrigida, área da gordura do Braço e Prega Cutânea de

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603

Tríceps. Os marcadores bioquímicos (reserva de proteínas

viscerais) mais utilizados, por sua vez, são a albumina, a pré-

albumina, a transferrina e creatinina.

Os mesmos autores complementam que “recentemente,

tem-se dado ênfase à Avaliação Subjetiva Global (ASG), por ser

um método simples, de baixo-custo e validado para avaliação

do estado nutricional nessa população” (KAMIMURA et al.,

2004).

Assim, podem ser empregados vários métodos de

inquérito alimentar, a exemplo do recordatório alimentar de 24

horas e do registro alimentar de três dias, segundo Cuppari e

Kamimura (2009, p. 32).

A Portaria n° 389 do Ministério da Saúde, publicada em

março de 2014, ratificando a alta preocupação com o estado

nutricional, definiu os critérios para a organização da linha de

cuidado da pessoa com doença renal crônica pelo Sistema

Único de Saúde. A respeito desse documento, Figueiredo

(2014) acentua um dos indicadores de qualidade do programa:

a proporção de pacientes em tratamento dialítico com albumina

sérica acima de 3,0 mg/dl deve ser maior do que 70% ao final

de dois anos após a implementação da política.

A referida portaria também assegura ao paciente o direito

ao recebimento do aporte nutricional no dia do tratamento, sob

a orientação do nutricionista e/ou por prescrição médica, o que

pode minimizar as alterações nutricionais encontradas nessa

população, capazes de influir na sua morbimortalidade

(FIGUEIREDO, 2004).

Com base nesses aspectos, Mahan, Escott-Stump e

Raymond (2012) discriminam as metas da terapia nutricional no

tratamento da Doença renal em estágio terminal (DRET). São

elas:

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604

1. Evitar a deficiência nutricional e manter o bom

estado de nutrição(e, no caso de crianças,

crescimento) por meio da ingestão adequada

de proteínas, energia, vitaminas e minerais.

2. Controlar o edema e o desequilíbrio eletrolítico

pela regulação do consumo de sódio, potássio

e líquido.

3. Evitar ou retardar o desenvolvimento da

osteodistrofia renal pelo controle da ingestão

de cálcio, fósforo, Vitamina D e PTH.

4. Capacitar o paciente a ingerir uma dieta

palatável, atraente e adequada a seu estilo de

vida.

5. Coordenar o cuidado com a família,

nutricionista, enfermeiro e médicos em

instalações de cuidados agudos, ambulatórios

ou casas de repouso especializadas.

6. Fornecer educação nutricional inicial,

aconselhamento periódico e monitoramento de

longo prazo de pacientes.

Por tudo exposto, depreende-se que, para evitar a

ocorrência da doença renal crônica, é necessário,

principalmente, o atendimento as necessidades nutricionais do

indivíduo em macro e micronutrientes, por meio de uma

ingestão alimentar adequada. Ademais, a terapia hemodialítica

deve ser eficiente, uma vez que o estado urêmico causado pela

sua deficiência leva a estados de anorexia, náuseas e vômitos,

com consequente diminuição do consumo alimentar (MARTINS

e RIELLA, 2001).

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O grande número de pacientes em tratamento de

hemodiálise é bastante vulnerável a morbidades, portanto, o

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mesmo deve estar em permanente acompanhamento, visto que

o estado nutricional tem grande influência sobre as

morbimortalidades.

Entre os parâmetros nutricionais usados para avaliar o

estado nutricional de pacientes em hemodiálise não existe

nenhum padrão-ouro, sendo necessária a utilização de vários

métodos para se chegar a um diagnóstico. Observa-se que o

uso de diferentes métodos de avaliação nutricional, com

variáveis subjetivas e objetivas, demonstra uma melhoria

significativa do padrão diagnóstico de pacientes com doença

renal crônica.

O profissional de nutrição, logo, tem o dever de

acompanhar todos os parâmetros indicadores de

morbimortalidade entre esta população, para que, adotando

medidas dietéticas e educativas, possam atuar na melhora do

perfil nutricional destes pacientes e na diminuição dos riscos de

morbimortalidade.

REFERÊNCIAS

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CONGRESSO NACIONAL DE SAÚDE E MEIO AMBIENTE

Os desafios da interdisciplinaridade nos ciclos da vida humana:

evoluindo com saúde

O CONGRESSO NACIONAL DE SAÚDE MEIO AMBIENTE está

destinado a estudantes e profissionais da área saúde (nutrição, farmácia,

enfermagem, fisioterapia, educação física) e áreas afins e tem como

objetivo de proporcionar, por meio de um conjunto de palestras, mesa

redonda e apresentações de trabalhos, subsídios para que os

participantes tenham acesso às novas exigências do mercado e da

educação no contexto atual. E ao mesmo tempo, reiterar o intuito

Educacional, Biológico e Ambiental de inserir todos que formam a

Comunidade Acadêmica para uma Educação sócio-ambiental para a

Vida.

Foram abordados diversos temas durante o evento, entre eles: Os

desafios da interdisciplinaridade nos ciclos da vida humana: COMO

PROMOVER O BEM-ESTAR; Promoção da saúde e alimentação

adequada e saudável; Promoção da saúde e alimentação adequada e

saudável” ; Doenças no adulto com raízes na criança; Atuação da

estética no processo de envelhecimento nos ciclos da vida; A fisioterapia

no processo de amadurecimento humano: uma abordagem prospectiva;

Impactos na saúde e no envelhecimento causados por substâncias

químicas:disruptores endógenos; Interdisciplinaridades: as ciências da

saúde e as engenharias sanitárias e ambiental permitindo o homem viver

com saúde em ambientes saudáveis; Aspectos multiprofissionais do

cuidado em saúde da criança e o adolescente; Cuidar do outro é o

reflexo do meu cuidado por mim; Exercício superestimado: Adinâmica

utilizada pelo nosso corpo para sabotar seu emagrecimento,

Diante da grandiosa contribuição dos artigos aprovados, os livros

frutos desse Evento: SAÚDE E MEIO AMBIENTE: os desafios da

interdisciplinaridade nos ciclos da vida humana, NUTRIÇÃO E SAÚDE:

os desafios da interdisciplinaridade nos ciclos da vida humana e

tecnologia e ODONTOLOGIA: os desafios da interdisciplinaridade

contribuirão para o conhecimento dos alunos da área de Ciencias

biológicas e Saúde.

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Este livro foi publicado em 2017

Rua: Eng. Lourival de Andrade,1405- Bodoncongó

Campina Grande-PB 58.430-030 Fone: (83) 3321.4575