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    GESTO ESTRATGICA DA INFORMAO: adistribuio da informao e do conhecimento1

    THE STRATEGIC MANAGEMENT OF

    INFORMATION: distribution of information and

    knowledge

    Ana Cristina Morado Nascimento Frade2Denise Morado Nascimento3

    Maria Ins Tomal4

    Rivadvia Correa Drummond de Alvarenga Neto5

    ResumoA informao, assim como os recursos financeiro, material e humano, necessita ser gerenciada

    para auxiliar as organizaes a melhorar sua produtividade, competitividade e performancegeral. A anlise desta questo conduz aos objetivos da transferncia de conhecimento,explicitadas nas abordagens sobre a recepo, demanda e distribuio da informao, que estodiretamente relacionadas s redes que distribuem e transferem informao e conhecimento. Asugesto a de que se procure trabalhar sob a tica da perspectiva integrativa, na qual a

    informao construda e reconstruda, tendo como base o conhecimento cientfico eorganizacional.

    Palavras-chave

    GESTO DE RECURSOS INFORMACIONAISDEMANDA, RECEPO E DISTRIBUIO DA INFORMAOTRANSFERNCIA DE CONHECIMENTO,

    1.INTRODUO

    Esse artigo objetiva identificar conceitos significativos da Gesto Estratgica daInformao para compreender a informao dentro dos ambientes organizacionais.Aproveitando-se da discusso presente nas pesquisas da Professora Pierrette Bergeron,Universidade de Montreal, este estudo faz uma abordagem sobre a gesto dos recursos

    1 Esse artigo foi apresentado como trabalho final da disciplina Gesto Estratgica da Informao, ministrada pelo Prof. Dr. JorgeTadeu de Ramos Neves, no Programa de Ps-graduao em Cincia da Informao, Escola de Cincia da Informao / UFMG,2002.

    2 Administradora de Empresas pela UNA/MG, Ps-Graduao em Marketing - FGV, Mestranda em Cincia da Informao -ECI/UFMG3 Arquiteta e Urbanista pela FAMIH/MG, Ps-graduao em Gesto de Projetos IETEC/MG, Mestre em Arquitetura pela YorkUniversity (Inglaterra), Doutoranda em Cincia da Informao ECI/UFMG4 Bibliotecria, Professora do Departamento de Cincia da Informao da Universidade Estadual de Londrina - UEL, Doutorandaem Cincia da Informao / UFMG.

    5 Administrador pela FACE/UFMG, Professor do CCG-UNA, Ps-Graduado em Negcios Internacionais IEC/PUC-MG, Mestreem Cincia da Informao - ECI/UFMG

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    informacionais atravs de duas perspectivas: a tecnolgica e a integrativa. A Gesto deRecursos Informacionais (GRI), trata do gerenciamento da informao em diferentesnveis: estratgico, tcito e operacional. Os nveis estratgicos se configuram na anlisede fuses, alianas estratgicas ejoint ventures ou nas unidades estratgicas de negcios

    que compem o portflio de negcios de uma corporao como mais um recurso a favorda organizao.

    Em um segundo momento, apresentam-se reflexes sobre a tarefa de transferncia deconhecimento nas organizaes, baseados nos estudos de Thomas H. Davenport,Universidade do Texas, e Laurence Prusak, IBM Consulting Group. Posteriormente, asconsideraes acima so evidenciadas pelos conceitos de demanda, recepo edistribuio da informao e conhecimento nas organizaes.

    Dentro deste contexto, a distribuio da informao um tema amplo que rene umagama de conceitos que perpassam do produtor ao usurio da informao. Atransferncia da informao e do conhecimento um outro recurso utilizado pelas

    organizaes para seu crescimento, que se apia principalmente nas relaes pessoais eentre as pessoas e a informao registrada. So de grande importncia as redes,formadas por e entre pessoas, cada vez mais valorizadas dentro das organizaes pelatroca de informao e conhecimento que promovem.

    Com a transferncia da informao e do conhecimento, por meio das redes ou no, ademanda por informao se acentua e impe s organizaes a urgncia de ser buscaruma forma de atender esta procura. A necessidade de informao pelo usurio, comoconseqncia, cresce, gerando novas demandas e um usurio mais exigente. Dentrodesta perspectiva, est a recepo da informao pelo usurio que se encontra maisseletiva e criteriosa. nesta abordagem que este texto foi desenvolvido, revendo a

    distribuio da informao por prismas diferentes e ao mesmo tempo complementares.

    2. A GESTO DE RECURSOS INFORMACIONAIS a viso de Bergeron

    Bergeron (1996, p. 263) sugere que h um reconhecimento crescente de que ainformao, como qualquer outro recurso organizacional - financeiro, material ehumano - um recurso que necessita ser gerenciado para ajudar as organizaes amelhorar sua produtividade, competitividade e performance geral. Devido importnciacrescente do processo decisrio, da inovao, do gerenciamento de processos e daaquisio e distribuio da informao na sociedade ps-industrial6, a Gesto de

    Recursos Informacionais (GRI) surge como uma estratgia aperfeioada para ogerenciamento eficaz da informao e como uma resposta aos problemas informacionaisdas organizaes obter a informao correta, na hora certa, na forma/meio correto eendere-la pessoa certa.Essas informaes podem concernir s atividades organizacionais - presentes e/ou

    passadas - ou a fatores ambientais e podem ser gravadas em qualquer tipo de mdia,dentro ou fora da organizao. A qualidade das decises tomadas em uma organizao

    pode ser afetada pela disponibilidade - para os tomadores de decises - de informaesque sejam temporais, relevantes e qualitativamente suficientes para a resoluo do(s)

    problema(s) proposto(s). Dessa maneira, as organizaes devem estabelecer

    6 Para mais informaes sobre esse assunto, consultar: CHOO, C. W. The Knowing Organization: how organizations useinformation for construct meaning, create knowledge and make decisions.New York: Oxford University Press, 1998. 298p. Deacordo com esse autor, as organizaes do conhecimentousam informaes para atuao em trs arenas distintas e imbricadas:construo de sentido (sense-making), criao de conhecimento e tomada de deciso.

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    mecanismos necessrios para a maximizao da disponibilidade desse tipo deinformaes.A idia de GRI como uma funo integrada, havia sido proposta inicialmente porRobert S. Taylor, citado por Bergeron (1996, p. 264), na dcada de 60. Em finais da

    dcada de 70 e na dcada de 80, o conceito ficou mais visvel na literatura devido, emparte, adoo nos EUA, do PRA/1980 (Paperwork Reduction Act Lei da Reduoda Papelada 1980). A adoo e implementao do PRA/1980 despertou um grandeinteresse por parte de estudantes e profissionais liberais de estudos de informao,sistemas de informao gerencial, gesto pblica e demais grupos de interesse pblico egovernamental. Neste trabalho, o termo Gesto de Recursos Informacionais usado

    para descrever um fenmeno que alguns outros autores chamam de gesto dainformao (BERGERON, 1996). Duas vises emergem da literatura: (1) a perspectivatecnolgica e (2) a perspectiva integrativa.Bergeron (1996) apresenta as duas perspectivas, mas o foco do seu trabalho recai na

    perspectiva mantida pela comunidade de cincia da informao e biblioteconomia a

    perspectiva integrativa: abordagem gerencial aplicada a organizaes, e no aindivduos ou sociedades em geral. A GRI apresentada por vrios autores como umtermo ou a combinao de vrios: um conceito, uma estratgia, uma filosofia, umateoria ou uma funo. De acordo com Trauth, citado por Bergeron (1996, p. 265),muitos estudiosos de vrias disciplinas abordaram o tema, mas com pouco trabalhointerdisciplinar. Afinal, qual a origem da GRI?

    (1) A Perspectiva da Tecnologia da Informao:

    A partir dessa perspectiva, os autores examinam a GRI como uma expanso ou umasub-disciplina de Sistemas de Informao Gerencial. mister perceber que essa

    perspectiva enfatiza o aspecto tcnico da GRI, onde a informao frequentementeigualada tecnologia de informao ou simplesmente tecnologia. O foco reside eminformaes baseadas em computadores e produzidas internamente como o nico

    provedor da informao organizacional. As atividades previstas da GRI sob esseenforque so as seguintes:

    - planejamento de dados, de capacidade e de aplicao;- planejamento e desenvolvimento de sistemas de informao;- gerenciamento de projetos;- aquisio de hardware e software;- integrao sistema-tecnologia e administrao de dados.

    A limitao dessa viso de GRI consiste no fato de que ela restrita a fontes deinformao baseada em computadores e tambm ao fato de que ela lida, se noexclusivamente, com dados produzidos internamente. A informao interna fundamental em todos os nveis estratgico, ttico ou operacional - mas no osuficiente. necessrio o escaneamento ambiental sistemtico para dar suporte ao

    processo decisrio. Bergeron (1996, p. 268) sugere que, pelo menos conceitualmente, hindcios de que a perspectiva tecnolgica esteja caminhando para a perspectivaintegrativa.

    (2) A Perspectiva Integrativa:

    A Perspectiva Integrativa v a GRI como um caminho convergente para problemasinformacionais e essa viso encontrada principalmente no campo de Estudos deInformao. uma funo e uma aproximao gerencial que procura integrar e

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    harmonizar as fontes, servios e sistemas de informao corporativas e criar umasinergia entre fontes internas e externas de informao organizacional. Essa perspectiva ainda duplamente importante porque coloca a GRI no contexto do processamento deinformaes organizacionais e tambm no contexto das necessidades de informao.

    Segundo Taylor, citado por Bergeron (1996, p.268), o objetivo da GRI estabelecer osmecanismos necessrios para que uma organizao possa criar ou adquirir, processar earmazenar dados e informaes que sejam adequados, oportunos e precisos paraembasar, a custos mnimos, os objetivos organizacionais. Nessa perspectiva, a GRI uma arquitetura integrativa baseada no usurio da informao, nos nveis disciplinares,metodolgico, funcional e tecnolgico. Sua preocupao concentra-se nos fluxos eaes formais de informao dentro da organizao, a partir de informaes internas eexternas e em sistemas de informao baseados em computadores ou no. A GRI podeser vista tambm como um elo entre os recursos informacionais da organizao e o

    planejamento estratgico, na medida da utilizao dos recursos supracitados vis--viscom o desenvolvimento e execuo da estratgia empresarial. Trauth, citado por

    Bergeron (1996, p. 269), observa que o que une a comunidade informacional so ostipos e os problemas informacionais encontrados e no a similitude das tecnologiasutilizadas. Desse modo, so as seguintes as crenas da Perspectiva Integrativa:

    - reconhecimento da informao como recurso;- GRI um caminho para a gesto integrativa;- necessrio gerenciar o ciclo de vida da informao;- a informao deve apoiar os objetivos organizacionais e estar

    intimamente ligado ao planejamento estratgico;- necessrio a existncia de um agente vinculador, que atuar como

    intermedirio de valor entre necessidades e fontes de informao.Bergeron (1996, p. 272) destaca que alguns autores distinguem recursos informacionais- equipamentos, servios e pessoas - de ativos informacionais - o contedo dainformao. Para Synnott (apudBERGERON, 1996, p. 272), um ativo informacional a combinao de contedo com tecnologia. Mesmo que a informao seja consideradacomo um recurso, algumas de suas caractersticas a tornam complexa e difcil de medir,custear e avaliar nas mesmas bases de outros recursos organizacionais. Quando nosreferimos s questes de mensurao, a relao entrada/sada de difcil previso: comoatribuir informao incremental sua parcela de ajuda na resoluo de problemasorganizacionais? Segundo Hayes e Erickson, citado porBergeron (1996, p. 272), seisfatores principais influenciam o valor percebido da informao:

    - custo evidente - compras, equipamentos e pessoal;

    - retorno incerto;- retorno de curto prazo vis--vis retorno de longo prazo;- no diretamente produtivo: ausncia de ligao entre informao e o

    core-business;- informao vista como despesas gerais;- uso diferencial - poucas pessoas diretamente usam ou tm contato

    pessoal com funes de informao.Taylor (apud BERGERON, 1996, p. 272), argumenta que o valor de recursos deinformao deve ser julgado a partir da perspectiva do usurio. Cronin e Davenport(apudBERGERON, 1996, p. 272), confirmam a viso de Taylor ao sugerir que a GRIdeveria mover-se em direo nfase ao aspecto subjetivo do valor da informao.

    Feldman e March (apudBERGERON, 1996, p. 273), sugerem que as organizaes dosubsdios para que seus colaboradores subestimem o custo da informao vis--vis com

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    reconhecem o estoque ou acervo de fontes, afirmando que este deve ser to variadoquanto o prprio ambiente competitivo das organizaes.Mas, por outro lado, o usurio da informao, na maioria das vezes, no sabe determinarsuas necessidades e exigncias. Parece no ser possvel entender o usurio da

    informao sem entender, primeiramente, o contexto em que ele esteja inserido. Sendoassim, relaciona-se este mundo ao conceito de campo do socilogo francs PierreBourdieu, definido por ORTIZ, 1983, p. 19): a situao particular que enfrenta um atorsocial especfico se encontra, portanto, objetivamente estruturada; a adequao entre ohabitus

    7 e essa situao permite, desta maneira, fundar uma teoria da prtica que leveem considerao tanto as necessidades dos agentes quanto a objetividade da sociedade.Mesmo que no haja um senso comum entre os pesquisadores de como contextualizareste novo ambiente da informao, ou este campo, a literatura explicita quatro aspectoscomuns presentes nas vrias abordagens (HEPWORTH, 1998):

    - sociolgico - o papel do sujeito da informao e suas tarefas exercidas;- contextual - o ambiente fsico e ferramentas (livros, internet, etc.); o

    sujeito se interage, exerce seu papel e realiza suas tarefas;- psicolgico nfase ao domnio cognitivo e afetivo;- comportamental baseada na experincia, conhecimento e percepo.

    Dentre os autores8 dedicados ao estudo sobre o usurio da informao nasestruturas organizacionais, pode-se destacar o Professor Chun Wei Choo, Universidadede Toronto, que apresenta um modelo geral do uso da informao em seu livro TheKnowing Organization (1998). As premissas a seguir, refletem as bases do modelocomo uma tentativa de identificar e resumir os elementos principais que influenciam ocomportamento do indivduo quando demanda, procura e usa a informao:

    - a necessidade da informao surge quando o indivduo reconhece falhasem seu estado de conhecimento e em sua habilidade de dar sentido suaexperincia;

    - a procura da informao um processo no qual o indivduopropositadamente busca informao que possa mudar seu estado deconhecimento;

    - o uso da informao ocorre quando o indivduo seleciona e processa ainformao ou mensagem, que leva mudana da sua capacidade de darsentido sua experincia e agir ou responder em funo do entendimento(CHOO, 1998).

    Associa-se, ento, demanda da informao, o conceito de qualidade [ou valor] dainformao, em funo da especificidade e necessidade do usurio da informao

    inserido em seu campo. Pode-se, em princpio, estabelecer a premissa de que a demandada informao funo do campo do usurio da informao, isto , da subjetividade doindivduo. Sendo assim, como olhar ento a informao?Gonzlez de Gmez (2002, p. 42) prope [...] olhar a informao como operador dainformao, agindo sobre distncias entre o conhecedor e aquilo a ser conhecido, desdeo ponto de vista simblico-cognitivo assim como sobre distncias entre lugares, regies,tempos, desde o ponto de vista mediacional, sob o fundo da vinculao comunicacionalde intersubjetividades histricas.

    7Habitus o conceito de Pierre Bourdieu) [...] que diz algo concreto e dinmico sobre os agentes sociais, pois representa oesquema de percepo e de ao de cada indivduo, adquirido e formado pela histria social de cada um deles e resultante de um

    longo processo de aprendizagem formal e informal (MARTELETO, R. M. Cultura informacional: construindo o objetoinformao pelo emprego dos conceitos de imaginrio, instituio e campo social. Cincia da Informao , Rio de Janeiro, vol.24, n. 1, 1995. Disponvel em Acesso em: Jul. 2002.)

    8 Dervin, Kuhlthau, Taylor, Wilson, Belkin tambm se destacam como pesquisadores sobre a informao sob o ponto de vista dousurio.

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    O outro aspecto para abordar a demanda da informao est baseado na categorizaodos tipos principais de demanda, identificados por Barreto (1999):

    - demanda bsica: responsvel pelas necessidades bsicas de informaodo indivduo no exerccio de sua cidadania, corresponde s condies de

    demanda que se justificam pela necessidade dos indivduos em habitao,alimentao, vesturio, sade e instruo;- demanda contextual: responsvel pelas transaes correntes de

    informao para que o indivduo possa permanecer e se manter em seusespaos de convivncia profissional, social, econmica e poltica;

    - demanda reflexiva: de informao que se orienta para o pensar, apesquisa, o inovar a demanda por informao que induz aopensamento criativo da reelaborao e reformatao da informao emnova informao, permitindo a inovao em todos os seus aspectos.

    Entretanto, ao explicitar esta abordagem, Barreto (1999) atesta que parece ser difceis aadministrao e controle da demanda da informao, sugerindo que a gesto estratgica

    da informao deva se localizar na oferta da informao. Pesquisas9 j realizadasindicam que, a demanda determinada pela oferta, contradizendo as regras econmicase administrativas do mercado, fruto de um novo cenrio onde [...] o homem dainformao substancialmente diferente do homem econmico (URQUART apudBARRETO, 1999):

    A demanda frgil, fragmentada, heterognea e se realiza na subjetividade doindivduo, onde a forma se atenua extremamente, onde o cristal se transforma emchama. [...] Assim, pela facilidade de delineamento, a gesto da informao (masno do conhecimento) se localiza, preferencialmente, na oferta de informao, quesofre, ainda, a sinistra influncia da globalizao da informao (BARRETO,

    1999).

    Dentro desta perspectiva, Arajo, Freire e Mendes (1997) compartilham que [...] aoferta excede a demanda: no se trata apenas de organizar e fazer circular na sociedadeo conhecimento, mas, especialmente, de fazer chegar a um receptor as informaes querepresentem possibilidades de acesso ao conhecimento disponvel e viabilizar seu uso.Entretanto, por princpio, o usurio da informao que representa o cerne dasinvestigaes sobre a demanda, procura e uso da informao, mesmo que no se saibaavaliar a dificuldade da gesto estratgica da informao quando focada dentro de uma

    perspectiva ou outra. Nestas propostas de se entender a oferta / demanda da informao,encontra-se resumido o que se precisa saber: informao no processo, matria ou

    entidade separada das prticas e representaes de sujeitos vivendo e interagindo nasociedade, e inseridos em determinados espaos e contextos culturais (MARTELETO,2002, p. 102).

    5.RECEPO DE INFORMAO PELOS USURIOS

    De acordo com Arajo (2001), a informao pode ser entendida como processo deatribuio de sentido. Brookes, citado por Arajo (2001) afirma que a informao um elemento que provoca transformaes nas estruturas. Sendo assim, a informao

    9 Em 1976, Urqhart, idealizador da British Lending Lybrary, em Boston Spa, na Inglaterra, indicava que estas propostas vinham deuma fonte que acreditava implicitamente no homem econmico e no conceito de que demanda cria oferta. URQUART, D. J.,Economic Analysis of Information Services,J. Doc., v.32, n.2, p.123-125.

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    em si pode ser entendida como um processo de representao que tem como objetivocomunicar o sentido dado ela.Aes de recepo/seleo das informaes obtidas fazem parte do processoinformacional como um todo. Aes de codificao, emisso, decodificao/uso de

    informao do estrutura necessria a este processo. Entretanto importante lembrarque o objetivo do ato de informar o envio de sentido e sua correta apreenso. Conclui-se que se no h recepo, gerao e transferncia, conseqentemente o processoinformacional no ocorreu.Arajo (2001) diz que,

    quando se envia uma mensagem (conjunto de informaes) a um ser consciente, baseada num cdigo conhecido, tanto pelo sujeito-emissor, como pelo sujeito-receptor, esta mensagem pode ser interpretada e, a partir da adquirir sentido. Aoutilizar esta informao (com sentido) para resolver determinado problema ou seinformar sobre qualquer situao o sujeito social produz conhecimento.

    Arajo (2001) observa que a recepo informacional desenvolve-se em dois momentos:- primeiramente ocorre o acesso informao, representando o momento

    inicial da prtica de recepo, chamado de "consumo de informao";- em um segundo momento, a seleo da informao.

    A autora (1999) cita que

    um dos caminhos possveis para realizar tal anlise pode ser a caracterizao doscritrios de seleo utilizados pelo sujeito-receptor para decidir sobre o uso ou noda informao acessada. Antes de caracterizar tais critrios, devemos salientar queassumir sua existncia significa considerar que o sujeito receptor um sujeitoativo, uma vez que recebe passivamente as informaes. Ele as recebe e emseguida desenvolve uma ao pr-positiva, ou seja, uma ao que evidencia sua

    postura/inteno sobre a informao acessada. Portanto, o sujeito receptor fazoutras coisas com a informao e ultrapassa os limites que as determinaesiniciais (oriundas do sujeito emissor) fixavam para seu uso/interpretao.

    inquestionvel o estabelecimento de alguns critrios de seleo, que so responsveispela transformao da informao acessada/consumida em informao selecionada/til.Arajo (2001) nos apresenta alguns critrios bsicos como se v a seguir:

    - inter-relao entre informao recebida e realidade vivenciada pelosujeito- receptor;

    - compreenso do cdigo utilizado para o envio da informao tanto emtermos da lngua utilizada como do tipo de linguagem utilizada(linguagem cientfica, religiosa, filosfica, do senso comum, artstica,etc.).

    Arajo (1999) completa:

    Este processo envolve o desenvolvimento de aes percepo,interpretao/compreenso da informao por parte do sujeito receptor. Atravsdessas aes complementares ocorre a seleo da informao recebida. Se ainformao foi selecionada pelo sujeito receptor, podemos considerar que ocorreuum processo de convergncia, ou seja, um processo no qual o sujeito receptorreconhece a informao acessada como sendo um contedo vlido. Tal

    reconhecimento se d a partir de uma mediao entre o acervo social doconhecimento desse sujeito, a realidade/situao vivenciada, onde ele pretendeutilizar tal informao e a informao recebida.

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    prticas discursivas); a situao scio-cultural (o contexto) (FRANA, 2001, p.26).

    portanto lugar onde os atores expressam-se e ostentam papis e se formam como

    sujeitos sociais; criando novos elementos que se fundem e completam em uma novaconcepo cultural (FRANA, 2001, p. 26).A comunicao est imbricada ao contexto conceitual das redes. Em toda rede esto

    presentes elementos de comunicao, que as sustentam e so imprescindveis a elas.Atualmente por meio das redes que grande parte das informaes so disseminadas etransformadas em conhecimento. Nas diversas redes, desde as formadas pelo contatoentre as pessoas at as formalmente constitudas, a informao um elementodisseminado e altamente valorizado pelas organizaes.Para Castells (2000, p. 498) Redes so estruturas abertas capazes de expandir de formailimitada, integrando novos ns desde que consigam comunicar-se dentro da rede, paraisto devem utilizar os mesmos cdigos de comunicao, como valores e indicadores de

    desempenho. Castells (2000, p. 498) afirma ainda que Uma estrutura social com baseem redes um sistema aberto altamente dinmico suscetvel de inovao e sem ameaasao seu equilbrio.Uma grande diversidade de redes emerge na sociedade moderna. As redes sociaiscompem esta diversidade, so inerentes sociedade e se constituem tanto para aconsecuo de um objetivo especfico, quanto acontecem espontaneamente. O fluxo deinformao intenso nestas redes, desde de informaes utilitrias at as que

    possibilitam a criao de movimentos sociais que se constituem em uma forapropulsora cidadania.A necessidade e a oferta de informao nas empresas so to desarticuladas que orelacionamento entre as pessoas cada vez mais valorizado e imprescindvel para odesenvolvimento do conhecimento tecnolgico e estratgico. A rede de relaes que seforma atravs do contato informal entre as pessoas, provedora e disseminadora deinformao de grande valor para o ambiente empresarial, transformando a informaoem elemento crucial nesta relao, atuando entre [...] o conhecedor e aquilo a serconhecido, desde o ponto de vista simblico-cognitivo assim como sobre distnciasentre lugares [...] (GONZLEZ DE GMEZ, 2002, p. 42).O relacionamento entre empresas tambm, uma fonte de informao e conhecimentoque as estimulam a buscarem uma as outras para a conquista de objetivos comuns.Empresas no sobrevivem e prosperam unicamente atravs de seu prprio esforo. A

    performance de cada empresa depende do relacionamento direto e indireto que mantm

    com outras empresas e a relao interfirmas envolve um mix de elementos decooperao e competitividade (WILKINSON; YOUNG, 2002, p. 123).As empresas que so capazes de se relacionar com outras empresas e seu ambienteexterno, renem mais informao, know-how e habilidade de inovao. (MINGUZZI;PASSARO, 2000, p. 188). A colaborao entre as empresas pressupe a formao deredes e muitas vezes esta cooperao se d informalmente e em outras, feita atravs deacordos e contratos. Castells (2000, p. 497), conclui, aps um amplo trabalho de

    pesquisa, que [...] as funes e os processos dominantes na era da informao estocada vez mais organizados em torno de redes, que at o leva a denominar a sociedadeatual de sociedade em rede.A sociedade em rede est estruturada em diferentes nveis hierrquicos. Tomkins(2001,

    p. 182) identifica nos ambientes empresariais trs destes nveis de colaborao:relacionamento, alianas e redes. Um relacionamento a base com que uma aliana formada. A rede implica em um relacionamento bilateral, como uma aliana. Redes

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    so mais complexas e formadas de configuraes de alianas e relacionamentos, queesto ligados a parcerias para compra e venda em bases competitivas. Tidd et al. (apudTOMKINS, 2001, p. 164) destaca que uma rede organizacional pensada pelaconsistncia de um nmero de posies ou ns, ocupado por unidades de negcios,

    universidades, governos, clientes ou outros atores e links ou interaes entre esses ns.O relacionamento entre as empresas tem evoludo, desde a dcada de 70, em constantemutao, sendo marcado pelo movimento da qualidade, pelo acirramento daconcorrncia, pela globalizao, pela adoo das tecnologias de informao e peloacentuado crescimento da demanda. Atualmente est centrado no uso de estratgias parao crescimento, na competitividade entre as empresas, parcerias, altos investimentos,novas formas de alianas e adoo de novos meios de comunicao, aumentando ocontato interpessoal (LEEK; NAUD; TURNBULL, 2002)Dos seis relacionamentos citados por Leek, Naud e Turnbull (2002) que so praticados

    pelas empresas, trs deles (parcerias, alianas e novas formas de comunicao) pressupem ambientes de redes, onde a facilidade de interao possibilita a

    disseminao de todo tipo de informao com maior propriedade, atravs das relaesentre pessoas e organizaes.As relaes geram diversas zonas e planos de conectividade conforme as quais, por ummesmo n pode passar mais de uma malha de conexes podendo responder a

    princpios de relao diferentes e por vezes opostos (GONZLEZ DE GMEZ, 2002, p. 42). Da mesma forma que as relaes ocorrem nas redes, a informao tambmsegue um fluxo desordenado, mas altamente consistente e valorizado por indivduos eorganizaes. Informao no dada; informao relevante um processo interativo.Da mesma forma que uma organizao evolui em seu ambiente de negcios, assim ainformao. necessrio prov-la incessantemente.As redes melhoraram a comunicao entre as empresas nacionais e internacionais, o que

    provavelmente tem consolidado e aumentado a conscincia sobre o problema daconvivncia entre diferentes culturas, legislao e valores. Isto acaba por influenciardiretamente a forma das empresas conduzirem seus negcios (LEEK; NAUD;TURNBULL, 2002). Comprovando este contexto, Castells (2000, p. 192), em relaos empresas do Leste asitico, diz que:

    Quanto mais historicamente distinta uma sociedade, mais ela se desenvolve deforma separada das outras e mais especficas so suas formas organizacionais.Contudo, quando a tecnologia amplia o escopo da atividade econmica e quando ossistemas empresariais interagem em, escala global, as formas organizacionais sedifundem, fazem emprstimos mtuos e criam uma mistura correspondente a

    padres de produo e concorrncia muito comuns, adaptando-se simultaneamenteaos ambientes sociais especficos em que operam.

    A otimizao da comunicao efetiva e constante entre as empresas, foi facilitada apartir do uso dos recursos das redes eletrnicas. Tanto a Internet quanto as Intranets possibilitam o acesso s informaes dos ambientes externo e interno das empresas, bem como melhoram a infraestrutura de comunicao. Recursos so disponibilizadospara correio eletrnico, teleconferncias,groupware, fazendo com que as empresas setornem dependentes dos mesmos para a veiculao da informao e criao doconhecimento.At a ascenso das redes eletrnicas, informao era distribuda para seus usurios por

    um sistema familiar e relativamente estvel (WOMACK, 2002, p. 129), com restriesem termos de abrangncia e acessibilidade. Com as redes eletrnicas est acontecendouma grande transformao dos suportes da informao, transferindo-se de suportes

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    estanques, como: papel, disco flexvel, CD-ROM, etc, para ambientes de rede, onde ainformao hipertextual, como a mente humana.Informaes cientficas, tecnolgicas e at estratgicas podem ser encontradas na Web.Estas informaes esto estruturadas e so comercializadas na rede, onde possvel

    fazer a assinatura e consult-las on-line. Assim como estas, muitas outras publicaesmigraram para a rede, facilitando seu acesso e uso.Womak (2002), ressalta a importncia da atividade dos intermedirios da informao,que as estruturam e as organizam parafacilitar seu acesso e compreenso pelo usurio.Quanto s fontes de informao disponveis na Web importante ressaltar os portais, osrepositrios de informao e as bibliotecas virtuais.Alm destas informaes, a Internet uma profcua fonte de informao sobre aconcorrncia, sobre os clientes potenciais e sobre informaes estratgicas eeconmicas. Ela exerce uma positiva influncia nas aes de marketing das empresas ena sua relao com clientes e fornecedores (LEEK; NAUD; TURNBULL, 2002).As redes so essencialmente formadas por pessoas e so entre todos os medium de

    comunicao e distribuio da informao, imprescindveis para pesquisadores eempresrios da sociedade atual.

    7.CONCLUSES

    inegvel que a troca de informao uma prtica social, desenvolvida por atoressociais inseridos em seu campo que pode ocasionar transformaes diversas e novosestados de conhecimento, previstos ou no. O processo informacional somente ocorreem funo de um dispositivo comunicacional, o medium, que oferta a informao,

    permite sua recepo e conseqente transferncia.Sendo assim, as limitaes da perspectiva tecnolgica, no que diz respeito GestoEstratgica da Informao, se faz latente. Se o centro o sistema, ou o computador,abre-se mo do caminho que possa permitir o funcionamento da prtica social, ou seja, aidentificao e atendimento s necessidades do homem.

    Nessa perspectiva, a Gesto Estratgica da Informao, desenvolvida dentro de nveisinterdisciplinares, o elo entre o usurio da informao, que busca, recebe e julga ainformao, e as tecnologias, apresentadas como resposta problemtica dogerenciamento prtico. A real efetividade da transferncia do conhecimento se resumeao reconhecimento da eficcia deste gerenciamento, se delineado com o objetivo

    principal de melhorar a capacidade da organizao de assertivamente exercer sua

    funo.Por um lado, a Gesto Estratgica da Informao comoprtica gerencial, se volta parao controle da oferta, e no mais para a identificao da demanda. Cabe s organizaescriar mecanismos que favoream a aproximao do homem ao que ele procura, supondoaprioristicamente a concepo do indivduo como ator social.Por outro lado, a Gesto Estratgica da Informao como prtica social, se faz pelasubjetividade do usurio da informao, no que diz respeito recepo e distribuio dainformao. Cabe ao homem representaro seu conhecimento, gerar informaes, formarredes e se transformar.

    AbstractJust like financial, material and human resources, information requires to be managed to assistorganisations to improve their productivity, competitiveness and general performance. Ananalysis of this question leads to the aims of the transfer of knowledge, expressed in the

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