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GEAEL – Escola de Aprendizes do Evangelho - Aliança Espírita Evangélica 1 Visite nosso site: geael.wordpress.com e baixe os números anteriores Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de Limeira Conhecendo a Doutrina Espírita – 15 Estudos doutrinários do GEAEL GEAEL Infância 379. O Espírito que anima o corpo de uma criança é tão desenvolvido quanto o de um adulto? – Pode ser até mais, se progrediu mais; só os órgãos ain- da não perfeitos impedem-no de manifestar-se. Ele age de acordo com o instrumento de que dispõe para poder fazê-lo. 380. Excetuando-se o obstáculo que a imperfeição dos ór- gãos opõe à sua livre manifestação, quando numa criança em ten- ra idade o Espírito pensa como criança ou como adulto? – Tratando-se de uma criança, é natural que, não es- tando desenvolvidos, os órgãos da inteligência não consi- gam dar-lhe toda a intuição de um adulto. Na verdade, a criança tem uma inteligência muito limitada, enquanto a idade não lhe amadurece a razão. A confusão que se segue à encarnação não cessa imediatamente na hora do nasci- mento; só se dissipa aos poucos, com o desenvolvimento dos órgãos. Uma observação vem apoiar essa resposta: é que os so- nhos de uma criança não são iguais aos de um adulto; sua motivação é quase sempre infantil, o que é um indício das coisas com que o Espírito se preocupa. 381. Ao morrer a criança, o Espírito recupera imediatamente seu primitivo vigor? – Deve recuperá-lo, uma vez que está livre do seu invó- lucro carnal; só recobra a lucidez, porém, quando a sepa- ração estiver completa, ou seja, quando não existir mais ligação alguma entre o Espírito e o corpo. 382. Durante a infância, o Espírito encarnado sofre pela limi- tação que a imperfeição dos seus órgãos lhe impõe? – Não; nesse estado é uma necessidade, está na natu- reza e segundo os desígnios da Providência; é uma fase de repouso para o Espírito. 383. Qual é, para o Espírito, a utilidade de passar pelo estado de infância? – Ao encarnar visando a aperfeiçoar-se, nesse período o Espírito fica mais suscetível às impressões que recebe e que podem auxiliar seu adiantamento, para o qual devem con- tribuir os que estão encarregados da sua educação. 384. Por que o choro é o primeiro som emitido pela criança? – Para despertar o interesse da mãe e atrair para si os cuidados que lhe são necessários. Não vedes que se ela só gritasse de alegria, quando ainda não sabe falar, pouco se preocupariam com os cuidados de que precisa? Admirai, pois, em tudo a sabedoria da Providência.

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Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de LimeiraConhecendo a Doutrina Espírita – 15

Estudos doutrinários do GEAELGEAEL

• Infância

379. O Espírito que anima o corpo de uma criança é tão desenvolvido quanto o de um adulto?

– Pode ser até mais, se progrediu mais; só os órgãos ain-da não perfeitos impedem-no de manifestar-se. Ele age de acordo com o instrumento de que dispõe para poder fazê-lo.

380. Excetuando-se o obstáculo que a imperfeição dos ór-gãos opõe à sua livre manifestação, quando numa criança em ten-ra idade o Espírito pensa como criança ou como adulto?

– Tratando-se de uma criança, é natural que, não es-tando desenvolvidos, os órgãos da inteligência não consi-gam dar-lhe toda a intuição de um adulto. Na verdade, a criança tem uma inteligência muito limitada, enquanto a idade não lhe amadurece a razão. A confusão que se segue à encarnação não cessa imediatamente na hora do nasci-mento; só se dissipa aos poucos, com o desenvolvimento dos órgãos.

Uma observação vem apoiar essa resposta: é que os so-nhos de uma criança não são iguais aos de um adulto; sua motivação é quase sempre infantil, o que é um indício das coisas com que o Espírito se preocupa.

381. Ao morrer a criança, o Espírito recupera imediatamente seu primitivo vigor?

– Deve recuperá-lo, uma vez que está livre do seu invó-lucro carnal; só recobra a lucidez, porém, quando a sepa-ração estiver completa, ou seja, quando não existir mais ligação alguma entre o Espírito e o corpo.

382. Durante a infância, o Espírito encarnado sofre pela limi-tação que a imperfeição dos seus órgãos lhe impõe?

– Não; nesse estado é uma necessidade, está na natu-reza e segundo os desígnios da Providência; é uma fase de repouso para o Espírito.

383. Qual é, para o Espírito, a utilidade de passar pelo estado de infância?

– Ao encarnar visando a aperfeiçoar-se, nesse período o Espírito fica mais suscetível às impressões que recebe e que podem auxiliar seu adiantamento, para o qual devem con-tribuir os que estão encarregados da sua educação.

384. Por que o choro é o primeiro som emitido pela criança?– Para despertar o interesse da mãe e atrair para si

os cuidados que lhe são necessários. Não vedes que se ela só gritasse de alegria, quando ainda não sabe falar, pouco se preocupariam com os cuidados de que precisa? Admirai, pois, em tudo a sabedoria da Providência.

2 Conhecendo a Doutrina Espírita

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385. Qual é a razão da mudança que se efetua no caráter em determinada idade, e especialmente na saída da adolescência? É o Espírito que se modifica?

– É o Espírito que retoma sua natureza e se mostra como era.

Não avaliais o segredo que, na sua inocência, as crian-ças escondem; não sabeis o que elas são, nem o que foram ou o que serão, e no entanto as amais, gostais delas como se fossem uma parte de vós mesmos, a tal ponto que o amor de uma mãe pelos filhos é considerado o maior amor que um ser possa sentir por outro. De onde vem essa doce afeição, essa terna bondade que até mesmo os estranhos sentem por uma criança? Sabeis? Não; é isso que vou explicar-vos.

As crianças são seres que Deus envia para novas exis-tências, e, para que não possam acusá-lo de excessiva seve-ridade, dá-lhes todas as aparências da inocência; Mesmo tratando-se de uma criança de má índole, acobertam-se suas faltas alegando irresponsabilidade por seus atos. Essa inocência não é uma real superioridade sobre o que elas eram antes. Não; é a imagem do que deveriam ser, e, se não o são, é unicamente sobre elas que recai a punição.

Mas não é só por causa delas que Deus lhes dá essa aparência, é também, e principalmente, por causa dos pais, cujo amor lhes é necessário em sua fragilidade, e esse amor ficaria significativamente enfraquecido diante de um indi-

víduo rabugento e intratável, ao passo que, achando seus filhos bons e meigos, os pais lhes dedicam toda sua afeição e os cercam dos mais atenciosos cuidados. Quando, porém, as crianças não precisam mais da proteção, da assistência que lhes foram dispensadas durante quinze a vinte anos, seu caráter real e individual reaparece em toda a sua nudez: se era fundamentalmente bom, esse caráter permanece bom; mas continua mesclado com tons que a primeira infância ocultava.

Vedes que os caminhos de Deus são sempre os melhores, e que, quando o coração é puro, é fácil conceber-se a expli-cação para tudo isso.

Realmente, imaginai que o Espírito das crianças que nascem entre vós pode vir de um mundo onde adquiriu hábitos completamente diferentes; como poderíeis admitir que estivesse entre vós esse novo ser, que chega com paixões bem diferentes das vossas, com tendências e gostos comple-tamente opostos aos vossos? Como poderíeis admitir que ele se juntasse a vós de outra forma que não fosse a que Deus determinou, isto é, passando pelo crivo da infância? Nela se confundem todas as idéias, todos os temperamentos, todas as variedades de seres gerados na imensidão dos mundos em que criaturas se multiplicam. E vós mesmos, ao morrer, vos vereis numa espécie de infância, entre novos irmãos, e, na vossa nova existência extraterrena, ignorareis os hábi-tos, os costumes, as relações desse novo mundo quanto a vós; manejareis com dificuldade uma língua que não estais habituados a falar, língua mais rápida do que é hoje o vos-so pensamento. (319)

A infância ainda tem outra utilidade: os Espíritos só entram na vida corporal para aperfeiçoar-se, para melho-rar; a fragilidade da primeira infância torna-os maleáveis, abertos aos conselhos da experiência e dos que devem fazê--los progredir; é então que se pode reformar-lhes o caráter e reprimir suas más tendências; este é o dever que Deus con-fiou aos pais, missão sagrada pela qual terão que responder.

Assim, a infância não é somente útil, necessária, indis-pensável, mas é também a consequência natural das leis que Deus estabeleceu e que regem o universo.

O Livro dos EspíritosAllan Kardec

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Manuelinha.Desculpem-me não resisti.

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O homem evangelizado, incondicional e conscientemen-te, sabe da completa insignificância das coisas materiais e mesmo do papel diminuto do seu corpo físico, como instru-mento de trabalho apenas num dia de encarnação humana. Lamentavelmente, os críticos da vivência de renúncia e sim-plicidade das diretrizes de Jesus também não compreendem que ainda é ridículo e tolice vestir o corpo de seda, veludo ou casacos de vison, torná-lo cabide de jóias e penduricalhos da

civilização, quando a alma ainda está despida e necessita de alimento espiritual.

Não são infelizes as criaturas evangeli-zadas, que renunciam, espontaneamente, a proveitos e consagrações no seio da huma-nidade ainda tão imperfeita, trágica e ambi-ciosa. Elas estão marchando mais depressa para a união com Deus e a fuga de César; estão vivendo mais abundantemente e são mais afortunadas no preenchimento salutar e autêntico do tempo. Jamais elas deixam de participar e contribuir no tempo de sua exis-tência física, justamente porque a mensagem recebida do Cristo é “amar o próximo como a si mesmo” e “faze aos outros o que queres que te façam”. Viver só para si é destruir-se; viver pelo amor do próximo é crescer divinamente. Aqueles que ajudam os outros, amenizam as dores e ensejam momentos felizes, são exatamente os seres que mais participam e contribuem para solucionar os problemas cotidianos de seus companheiros. Em verda-de, e por sua profunda honestidade espiritu-al, eles superam os poderosos e hierárquicos do mundo, porque dão sem exigir retribuição, amam sem a condição de posse, servem sem remuneração, produzem sem escravizar-se à obra e ensinam os bens da eternidade.

O homem conscientemente evangelizado, quando agredido, perdoa; espoliado ajuda; ferido, conforma-se; injustiçado, confia; e insul-tado ama. Em vez de destruir, para sobreviver, prefere sucumbir para ressuscitar, confiante na promessa do Cristo, que assim disse: “Aquele que der sua vida por mim, ganhá-la-á por toda a Eternidade”.

O Evangelho à Luz do CosmoRamatís / Hercílio Maes

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4 Conhecendo a Doutrina Espírita

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Os seres que assim se comunicam, como dissemos, apre-sentam-se espontaneamente sob o nome de espíritos ou gênios e como tendo pertencido, pelo menos alguns, a homens que viveram na Terra. Eles constituem o mundo espiritual, como nós constituímos, durante nossa vida, o mundo corporal.

Resumiremos aqui, em poucas palavras, os pontos mais relevantes da doutrina que nos transmitiram, para responder-mos mais facilmente a certas objeções:

Deus é eterno, imutável, imaterial, único, onipotente, suprema-mente justo e bom.Ele criou o Universo, que compreende todos os seres animados e inanimados, materiais e imateriais.Os seres materiais constituem o mundo visível ou corporal, e os seres imateriais, o mundo invisível ou espiritual, isto é, dos espíritos.O mundo espiritual é o mundo normal, original, eterno, pree-xistente e sobrevivente a tudo.O mundo corporal é apenas secundário; poderia deixar de existir, ou jamais ter existido, sem alterar a essência do mundo espiritual.Os espíritos revestem-se temporariamente de um invólucro material perecível, cuja destruição pela morte lhes devolve a liberdade.Entre as diferentes espécies de seres corporais, Deus escolheu a espécie humana para a encarnação dos espíritos que alcaçam um determinado grau de desenvolvimento, o que lhe dá supe-rioridade moral e intelectual sobre as demais.A alma é um espírito encarnado, cujo corpo é apenas o seu invólucro.Há no homem três coisas: 1ª) o corpo ou ser material análogo ao dos animais e animado pelo mesmo princípio vital: 2ª) a alma ou ser imaterial, espírito encarnado no corpo: 3ª) o laço que une a alma e o corpo, princípio intermediário entre a maté-ria e o espírito.O homem tem, assim, duas naturezas: pelo corpo, participa da natureza dos animais, cujos instintos possui; pela alma, partici-pa na natureza dos espíritos.O laço ou perispírito, que une o corpo e o espírito, é uma espécie de envoltório semimaterial. A morte é a destruição do invólucro mais grosseiro. O espírito conserva o segundo, que constitui para ele um corpo etéreo, invisível para nós no estado normal, como acontece no fenômeno das aparições.Assim, o espírito não é um ser abstrato, indefinido, que só atra-vés do pensamento se pode conceber. É um ser real, circunscrito, que, em determinados casos, pode ser apreciado pelos sentidos da visão, da audição e do tato.Os espíritos pertencem a diferentes classes e não são iguais, nem em poder, nem em inteligência, nem em saber, nem em moralidade. Os da primeira ordem são os espíritos superiores, que se distinguem dos outros pela sua perfeição, por seus conhecimentos, por sua proximidade de Deus, pela pureza dos seus sentimentos e por seu amor ao bem: são os anjos ou espí-ritos puros. As outras classes afastam-se cada vez mais dessa perfeição. Os espíritos das categorias inferiores são propensos à maioria das nossas paixões: o ódio, a inveja, o ciúme, o orgulho etc. e regozijam-se com o mal. Entre eles há os que não são nem

muito bons, nem muito maus, são mais trapalhões e inconve-nientes do que perversos; a malícia e as inconsequências pare-cem ser seus atributos: são os espíritos estouvados ou levianos.Os espíritos não pertencem perpetuamente à mesma ordem. Todos se aperfeiçoam ao passar pelos diferentes graus da hie-rarquia espírita. Esse aperfeiçoamento acontece por meio da encarnação, que é imposta a uns como expiação, a outros como

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missão. A vida material é uma prova a que devem submeter-se diversas vezes, até que tenham atingido a perfeição absoluta. É uma espécie de peneira, ou depurador, de onde saem mais, ou menos, purificados.Ao deixar o corpo, a alma volta ao mundo dos espíritos, de onde havia saído, para retomar uma nova existência material após um lapso de tempo mais ou menos longo, durante o qual fica em estado de espírito errante.Como o espírito deve passar por várias encarnações, deduz-se que todos nós tivemos muitas existências e que ainda teremos outras, mais ou menos aperfeiçoadas, seja na Terra, seja em outros mundos.A encarnação dos espíritos sempre acontece na espécie huma-na. Seria um erro acreditar que a alma ou espírito possa encar-nar no corpo de um animal.As diferentes existências corpóreas do espírito são sempre progressivas e nunca retroativas. Mas a rapidez do progresso depende dos esforços que faremos para alcançar a perfeição.As qualidades da alma são as do espírito que está encarnado em nós. Assim, o homem de bem é a encarnação de um espírito bom, e o homem perverso, a de um espírito impuro.A alma tinha sua individualidade antes da encarnação e a con-serva após sua separação do corpo.No seu regresso ao mundo dos espíritos, a alma encontra ali todos aqueles que conheceu na Terra, e todas as suas existên-cias anteriores delineiam-se na sua memória, com a lembrança de todo o bem e de todo o mal que fez.O espírito encarnado está sob a influência da matéria. O homem que supera essa influência, pela elevação e depuração da alma, se aproxima dos bons espíritos, com os quais estará um dia. Aquele que se deixa dominar pelas más paixões e concentra todas as suas alegrias na satisfação dos apetites grosseiros aproxima-se dos espíritos impuros, dando primazia à natureza animal.Os espíritos encarnados habitam os diferentes globos do Universo.Os espíritos não encarnados ou errantes não ocupam uma região determinada e restrita; estão por toda parte no Espaço e ao nosso lado, vendo-nos e esbarrando continuamente em nós; formam toda uma população invisível que se agita ao nosso redor.Os espíritos exercem sobre o mundo moral, e mesmo sobre o mundo físico, uma ação incessante. Eles agem sobre a matéria e sobre o pensamento e constituem uma das forças da natureza, causa eficiente de uma quantidade enorme de fenômenos até então inexplicados ou mal explicados, e que só encontram uma explicação racional no espiritismo.As relações dos espíritos com os homens são constantes. Os bons espíritos nos incitam ao bem, nos amparam nas provas da vida e nos ajudam a suportá-las com coragem e resignação. Os maus nos impelem ao mal: sentem prazer em ver-nos sucumbir e nos assemelharmos a eles.As comunicações dos espíritos com os homens são ocultas ou ostensivas. As ocultas acontecem pela influência boa ou má que eles exercem sobre nós, sem que o saibamos. Cabe à nossa razão discernir entre as boas e as más inspirações. As comuni-cações ostensivas acontecem através da escrita, da palavra ou de outras manifestações materiais, na maioria das vezes pelos médiuns que lhes servem de instrumentos.Os espíritos manifestam-se espontaneamente ou sob evoca-ção. Todos os espíritos podem ser evocados: tanto os dos que animaram homens insignificantes, como os das mais ilustres personalidades, seja qual for a época em que tenham vivido; os de nossos parentes, de nossos amigos ou inimigos, podendo-se obter deles, por comunicações escritas ou verbais, conselhos, informações sobre a sua situação no Além-túmulo, sobre seus pensamentos a nosso respeito, assim como revelações que lhes seja permitido fazer-nos.Os espíritos são atraídos pela sua afinidade com a natureza moral do meio que os evoca. Os espíritos superiores gostam

das reuniões sérias, onde prevalecem o amor ao bem e o sincero desejo de instruir-se e melhorar. Sua presença afasta os espíritos inferiores que, ao contrário, encontram livre acesso e podem agir com total liberdade entre pessoas frívolas e levadas exclusiva-mente pela curiosidade, e onde quer que existam maus instintos. Longe de obter bons conselhos, informações úteis, deles deve-se esperar somente futilidades, mentiras, zombarias ou mistifica-ções, pois muitas vezes servem-se de nomes respeitados para melhor induzir ao erro.A distinção entre os bons e os maus espíritos é muito fácil: a lin-guagem dos espíritos superiores é sempre digna, nobre, impreg-nada da mais elevada moralidade, isenta de qualquer paixão vulgar; seus conselhos denotam a mais pura sabedoria, e sempre visam ao nosso aperfeiçoamento e ao bem da humanidade. A dos espíritos inferiores, ao contrário, é inconsequente, geralmente trivial e até grosseira. Se por vezes, dizem coisas boas e verdadei-ras, na maioria delas dizem falsidades e absurdos, por malícia ou ignorância. Zombam da ingenuidade alheia e divertem-se à custa dos que os interrogam, lisonjeando-lhes a vaidade e acalentando seus desejos de esperanças vãs. Resumindo: as comunicações sérias, na total acepção do termo, só acontecem nos centros sérios, naqueles cujos membros se reúnem numa comunhão íntima de pensamentos visando ao bem.A moral dos espíritos superiores, como a do Cristo, se resume nesta máxima evangélica: Agir com relação aos outros como gostaríamos que agissem com relação a nós, ou seja, fazer o bem e não o mal. O homem encontra, neste princípio, a regra universal de conduta para suas menores ações.Eles nos ensinam que o egoísmo, o orgulho, e a sensualidade são paixões que nos aproximam da natureza animal e nos pren-dem à matéria; que o homem que, já neste mundo, se desliga da matéria por seu desprezo às futilidades mundanas e pelo amor ao próximo, se aproxima da natureza espiritual; que cada um de nós deve tornar-se útil segundo as faculdades e os meios que Deus nos colocou nas mãos para prová-Lo; que o forte e o poderoso devem ajuda e proteção ao fraco, pois quem abusa de sua força e de seu poder para oprimir o seu semelhante desrespeita a Lei de Deus. Eles ensinam, finalmente, que, como no mundo dos espíritos nada pode ficar oculto, o hipócrita será desmascarado e todas as suas torpezas serão descobertas; que a presença inevitável e constante daqueles contra quem tivermos agido mal é um dos castigos que nos estão reservados; que ao estado de inferioridade e de superioridade dos espíritos são atribuídas penas e gosos que desconhecemos na Terra.Mas eles nos ensinam também que não há penas irrevogáveis e que não possam ser resgatadas pela expiação. O homem encon-tra meios para tanto nas diferentes existências, que lhe permi-tem avançar, segundo seu desejo e seus esforços, no caminho do progresso e rumo à perfeição que é sua meta final.

Este é o resumo da doutrina espírita, que é a consequência lógica dos ensinamentos transmitidos pelos espíritos superio-res.Vejamos, a seguir, as objeções que lhe são feitas.

O Livro dos EspíritosAllan Kardec

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6 Conhecendo a Doutrina Espírita

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As considerações que acabamos de fazer demonstram que, para assegurar a depuração fluídica e o bom estado moral do ser, tem-se de estabelecer uma disciplina do pensamento, a fim de seguir uma higiene da alma, assim como é preciso reali-zar uma higiene física para manter a saúde do corpo.

Em virtude da ação constante do pensamento e da von-tade sobre o perispírito, vê-se que a retribuição é absoluta-mente perfeita. Cada um colhe o fruto imperecível de suas obras passadas e presentes; colhe-o não por efeito de uma causa exterior, mas por um encadeamento que liga em nós mesmos o pesar à alegria, o esforço ao êxito e a culpa ao cas-tigo. É, pois, na intimidade secreta de nossos pensamentos e na viva luz de nossos atos que devemos procurar a causa eficiente de nossa situação presente e futura.

Colocamo-nos segundo nossos méritos e, no meio deles, chamam-nos nossos antecedentes. Se somos infelizes é por-que não temos suficiente perfeição para gozar de melhor

sorte, mas nosso destino melhorará à medida que souber-mos fazer nascer em nós mais desinteresse, justiça e amor. O ser deve se aperfeiçoar, deve embelezar incessantemente sua natureza íntima, para aumentar o valor próprio e construir o edifício da consciência – tal é o fim de sua elevação.

Cada um de nós possui a disposição particular a que os druidas chamavam awen, isto é, a aptidão primordial de todo o ser para realizar uma das formas especiais do pensamento divino. Deus depositou no íntimo da alma os germens de faculdades poderosas e variadas; todavia, há uma das formas de seu gênio que, acima de todas as outras, é chamada a se desenvolver, com trabalho contínuo, até que alcance seu ponto de excelência. Essas formas são inumerá-veis e tratam-se dos aspectos múltiplos da inteligência, da sabedoria e da beleza eternas: a música, a poesia, a eloqu-ência, o dom da invenção, a previsão do futuro e das coisas ocultas, a ciência ou a força, a bondade, o dom da educação, o poder de curar, etc.

Ao projetar a entidade humana, o pensamento divino a impregna mais particularmente com uma dessas forças e assina-lhe, por isso mesmo, um papel especial no vasto concerto universal.

As missões do ser, seu destino e sua ação na evolução geral ir-se-ão definindo, cada vez mais, no sentido de suas próprias aptidões, a princípio, latentes e confusas no começo de sua carreira, mas que despertarão, crescerão, acentuar-se--ão à medida que ele for percorrendo a imensa espiral.

As intuições e as inspirações que ele receber do Alto cor-responderão a esse lado especial de seu caráter. Consoante suas necessidades e seus apelos, será sob essa forma que ele perceberá, em seu íntimo, a melodia divina.

Assim, Deus, da variedade infinita dos contrastes, sabe fazer brotar a harmonia tanto na natureza como no seio da humanidade.

Dessa forma, se a alma abusar desses dons, se os aplicar às obras do mal, se, por causa deles, conceber vaidade ou orgulho, ser-lhe-á preciso, como expiação, renascer em orga-nismos impotentes para sua manifestação. Viverá como gênio desconhecido, humilhado entre os homens, por tanto tempo quanto seja necessário para que a dor triunfe dos excessos da personalidade e lhe permita continuar o voo sublime, a carreira, por um momento interrompida, para o ideal.

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Vós, almas humanas que percorreis estas páginas, ele-vai vossos pensamentos e resoluções à altura das tarefas que vos tocam. As vias para o infinito se abrem, semeadas de maravilhas inexauríveis, diante de vós. A qualquer ponto que o voo vos leve, lá vos aguardam objetos de estudo com mananciais inesgotáveis de alegrias e deslumbramentos de luz e beleza. Por toda a parte e sempre, horizontes inimagi-náveis suceder-se-ão aos horizontes percorridos.

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Tudo é beleza na obra divina. Está reservado a vós, em vossa ascensão, apreciar os inumeráveis aspectos, risonhos ou terríveis, desde a flor delicada até os astros rutilantes, bem como assistir às eclosões dos mundos e das huma-nidades. Sentireis, ao mesmo tempo, desenvolver-se vossa compreensão das coisas celestiais e aumentar vosso desejo ardente de penetrar em Deus, de vos mergulhardes Nele, em Sua luz, em Seu amor. Em Deus está nossa origem, nossa essência e nossa vida.

A inteligência humana não pode descrever os futuros que pressente nem as ascensões que entrevê. Nosso espírito, encarcerado em um corpo de argila, nos laços de um orga-nismo perecível, não pode encontrar nele os recursos neces-sários para exprimir esses esplendores; a expressão ficará sempre aquém das realidades. A alma, em suas intuições profundas, tem a sensação das coisas infinitas, de que parti-cipa e às quais aspira. Seu destino é vivê-las cada vez mais e aproveitar-se delas. Em vão, procuraria exprimi-las com o balbuciar da fraca linguagem humana, debalde esforçar-se--ia por traduzir as coisas eternas na linguagem da Terra. A palavra é impotente, mas a consciência evolvida percebe as radiações sutis da vida superior.

Dia virá em que a alma engrandecida dominará o tempo e o espaço. Um século não será para ela mais do que um instante na duração e, em um lampejo de seu pensamento, transporá os abismos do Céu. Seu organismo sutil, apurado em milhares de vidas, há de vibrar a todos os sopros, a todas as vozes e a todos os apelos da imensidade. Sua memória mergulhará nas idades extintas. Poderá reviver à vontade tudo o que vivera, bem como chamar a si as almas queridas que compartilharam de suas alegrias e de suas dores, poden-do juntar-se a elas.

Isso porque todas as afeições do passado se encontram e se ligam na vida do espaço, da mesma forma que se con-quistam novas amizades e, de camada em camada, uma comunhão mais forte reúne os seres em uma unidade de vida, de sentimento e de ação.

Crê, ama, espera, homem, meu irmão; depois, exerce tua atividade. Aplica-te a fazer passar para tua obra os reflexos e as esperanças de teu pensamento, as aspirações de teu coração, as alegrias e as certezas de tua alma imortal. Comunica tua fé às inteligências que te cercam e participam de tua vida, a fim de que te secundem na tua tarefa e de que, por toda a Terra, um esforço poderoso erga o fardo das opressões materiais, triunfe das paixões grosseiras e abra larga saída aos voos do espírito.

Uma ciência nova e restaurada – não mais a ciência dos preconceitos, das práticas rotineiras, dos métodos acanha-dos e envelhecidos, mas uma ciência aberta a todas as pes-quisas, a todas as investigações, à ciência do invisível e do Além – virá fecundar o ensino, esclarecer o destino, fortificar a consciência. A fé na sobrevivência edificar-se-á sob mais belas formas, assentes na rocha da experiência e desafiando toda a crítica.

Uma arte mais idealista e pura, iluminada por luzes que não se apagam, imagem da vida radiosa, reflexo do Céu entrevisto, virá regozijar e vivificar o espírito e os sentidos.

Sucederá o mesmo com as religiões, as crenças e os sis-

temas. No voo do pensamento para elevar-se das verdades de ordem relativa às verdades de ordem superior, elas che-garão a aproximar-se, a juntar-se, a fundir-se para fazer das múltiplas crenças do passado, hostis ou mortais, uma fé viva que há de reunir a humanidade em um mesmo impulso de adoração e prece.

Trabalha com todas as potências de teu ser por prepa-rar essa evolução. É mister que a atividade humana se dirija com mais intensidade para os caminhos do espírito. Depois da humanidade física, é indispensável criar a humanidade moral; depois dos corpos, as almas. O que se conquistou em energias materiais, em forças externas, perdeu-se em conheci-mentos profundos, em revelações do sentido íntimo. O homem está vitorioso do mundo visível; as aberturas praticadas no Universo físico são imensas; restam-lhe as conquistas do mundo interior, o conhecimento de sua própria natureza e do segredo de seu esplêndido porvir.

Não discutas, pois, mas trabalhe. A discussão é vã, e estéril é a crítica, mas a obra pode ser grande, se consistir em engrandeceres a ti mesmo, engrandecendo os outros, em fazeres o teu ser melhor e mais belo, porque não deves esquecer-te de que para ti trabalhas, trabalhando para todos, associando-te à tarefa comum. O Universo, como tua alma, renova-se, perpetua-se, embeleza-se sem cessar pelo trabalho e pela reciprocidade. Deus, aperfeiçoando sua obra, goza dela como tu gozas da tua, embelezando-a. Tua obra mais bela és tu mesmo. Com teus esforços constantes podes fazer de tua inteligência, de tua consciência, uma obra admirável, de que gozarás indefinidamente. Cada uma de tuas vidas é um cadi-nho fecundo do qual deves sair apto para tarefas e missões cada vez mais altas, apropriadas às tuas forças. Também para cada uma delas receberá tua recompensa e tua alegria.

Assim, com tuas mãos irás, dia a dia, moldando teu destino e renascerás nas formas que teus desejos constro-em, que tuas obras geram, até que teus desejos e apelos te tenham preparado formas e organismos superiores aos da Terra. Renascerás nos meios que preferes, junto dos seres queridos, que já estiveram associados a teus trabalhos, a tuas vidas e que viverão contigo e para ti, como tu reviverás com eles e para eles.

Terminada que seja tua evolução terrestre, quando tive-res exaltado tuas faculdades e tuas forças a um grau de sufi-ciente capacidade, quando tiveres esvaziado a taça dos sofri-mentos, das amarguras e das felicidades que nos oferece este mundo, quando lhe houveres sondado as ciências e crenças, comungado com todos os aspectos do gênio humano, subirás, então, com teus amados para outros mundos mais belos, de paz e harmonia.

Volvidos ao pó teus últimos despojos terrestres, e, che-gadas às regiões espirituais, tua essência purificada, tua memória e tua obra hão de amparar ainda os homens, teus irmãos, em suas lutas, em suas provações, e poderás dizer com a alegria de uma consciência tranquila: “Minha passa-gem na Terra não foi estéril; não foram vãos meus esforços!”.

O Problema do Ser e do DestinoLeón Denis

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8 Conhecendo a Doutrina Espírita

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É preciso que se dê mais importância à leitura do Evangelho. E, no entanto, abandona-se esta divina obra;faz-se dela uma palavra vazia, uma mensagem cifrada. Relega-se este admirável código moral ao esquecimento.

7. Assim como os apóstolos, que também possuíam me-diunidade, os médiuns modernos receberam de Deus um dom gratuito: o dom de serem intérpretes dos espíritos a fim de instruírem os homens, mostrar-lhes o caminho do bem e conduzi-los à fé, e não para vender-lhes palavras que não lhes pertencem, porque não são produto de suas concepções, nem de suas pesquisas, nem de seu trabalho pessoal. Deus deseja que a luz chegue a todos. Ele não quer que o mais pobre fique dela desprovido e possa dizer: “Não tenho fé, por-que não pude pagar por ela. Não tive o consolo de receber encorajamento e testemunhos de afeição daqueles por quem choro, pois sou pobre”. Eis por que a mediunidade não é um privilégio e se encontra por toda parte. Cobrar por ela seria, pois, desviá-la de seu objetivo providencial.

8. Todo aquele que conhece as condições em que os bons espíritos se comunicam, e sua repulsa por tudo que se refere a interesses egoístas, sabe como pouca coisa basta para que eles se afastem. Por isso, jamais se poderia admitir que es-píritos superiores estivessem à disposição de qualquer um que os chamasse, por determinada recompensa, a cada ses-são. O simples bom senso rejeita tal pensamento. Não seria também uma profanação evocar, em troca de dinheiro, seres que respeitamos ou que amamos? Sem dúvida, assim agin-do pode-se até conseguir manifestações, mas quem poderia garantir-lhes a sinceridade? Espíritos levianos, mentirosos, zombeteiros, enfim, espíritos inferiores pouco escrupulosos, sempre se apresentam prontos para responder a tudo que lhes perguntam, sem se preocuparem com a verdade. Por isso, quem deseja comunicações sérias deve, antes de mais nada, pedi-las com seriedade e, em seguida, certificar-se sobre a natureza da afinidade do médium com os seres do mundo es-piritual. Logo, a primeira condição para conquistar a bene-volência dos bons espíritos é a humildade, o devotamento, a abnegação e o mais absoluto desinteresse moral e material.

9. Ao lado da questão moral, apresenta-se uma conside-ração efetiva, não menos importante, que diz respeito à pró-pria natureza da faculdade mediúnica. A mediunidade séria não pode ser, e jamais será, uma profissão, não só porque ficaria moralmente desacreditada e logo se assemelharia aos que lêem a sorte, mas também porque existe um obstáculo material que se opõe a isso: é que ela é uma faculdade essen-cialmente móvel, fugidia e variável, cuja permanência defi-

nitiva ninguém pode assegurar. Para um aproveitador, ela seria, portanto, uma fonte de recursos incertos que poderia faltar-lhe no momento em que lhe fosse mais necessária. Bem diferente é o talento adquirido pelo estudo e pelo trabalho, e que, por isso mesmo, é uma propriedade da qual natural-mente se pode tirar proveito. Mas a mediunidade não é uma arte nem um talento. Por isso, não se pode fazer dela uma profissão. Ela só existe com a colaboração dos espíritos. Sem eles, não há mais mediunidade. A aptidão pode continuar existindo, mas sua aplicação se extingue. Também não há um único médium no mundo que possa garantir a obten-ção de um fenômeno espírita num momento determinado. Portanto, explorar a mediunidade é dispor de uma coisa da qual não se é realmente dono. Afirmar o contrário é enganar aquele que paga. E mais ainda: não é de si mesmo que o explorador se utiliza, mas sim dos espíritos, das almas dos mortos, cuja ajuda é colocada à venda. Instintivamente, essa é uma idéia que repugna. Foi esse tipo de comércio que che-gou a excessos, explorado pelo charlatanismo, pela ignorân-cia, pela crendice e pela superstição, e motivou a proibição de Moisés. O espiritismo moderno, compreendendo a seriedade da questão, pelo descrédito que impôs a esse tipo de explo-ração, elevou a mediunidade à categoria de missão. (Veja O Livro dos Médiuns, capítulo XXVIII, e O Céu e o Inferno, capítulo XII).

10. A mediunidade é uma coisa sagrada, que deve ser praticada religiosamente. Se há uma espécie de mediunidade que requer essa condição, de modo ainda mais absoluto, é a mediunidade de cura. O médico coloca em prática o fruto de seus estudos, muitas vezes feito à custa de duros sacrifícios. O magnetizador doa seu próprio fluido, e às vezes até mes-mo sua saúde. Ambos podem colocar um preço nisso, mas o médium curador, que transmite o fluido salutar dos bons espíritos, não tem o direito de vendê-lo. Jesus e os apóstolos, embora pobres, nada cobravam pelas curas que faziam.

Aqueles, pois, que não têm com que se sustentar, que procurem recursos em outra parte, menos na mediunidade. E, se for preciso, só dedique a ela o tempo de que pode dispor materialmente. Os espíritos levarão em conta o seu devota-mento e os seus sacrifícios, ao passo que se afastarão dos que esperam fazer da mediunidade um meio de subir na vida.