142

Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

  • Upload
    others

  • View
    9

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,
Page 2: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

Fruticultura Tropical: Diversificação e consolidação

Page 3: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

Editores

Moises Zucoloto

Robson Bonomo

Fruticultura Tropical: Diversificação e consolidação

Volume II

Alegre – ES

Page 4: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

CAUFES

2017

Dados Internacionais de Catalogação-na-publicação (CIP)

(Biblioteca Setorial de Ciências Agrárias, Universidade Federal do

Espírito Santo, ES, Brasil)

F945 Fruticultura Tropical: diversificação e consolidação / Moises

Zucoloto, Robson Bonomo (organizadores) – Alegre, ES:

CAUFES, 2017. 143 p. : il.; 15,5x20,5cm. Inclui bibliografia.

ISBN 978-85-61890-91-9

1. Mamão. 2. Banana. 3. Maracujá. 4. Manga. 5. Coco. 6.

Goiaba. I. Zucoloto, Moises. II. Bonomo, Robson.

CDU: 634.6

Page 5: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

ORGANIZADORES

Moises Zucoloto

Graduado em Engenharia Agronômica pela UFES (2006). Mestrado em

Produção Vegetal pela UFES (2009). Doutorado em Fitotecnia UFV (2012) e

Pós-Doutorado pela Universidade de Illinois-EUA (2014). É professor da

UFES/CCAE atuando em ensino universitário, extensão e pesquisa, com área

de atuação em Fruticultura.

Robson Bonomo

Graduado em Engenharia Agronômica pela UFV (1992). Mestrado em

Engenharia Agrícola pela UFV (1994), Doutorado em Engenharia Agrícola

pela UFV (1999). É professor da UFES/CEUNES atuando em ensino

universitário, extensão e pesquisa, com área de atuação em irrigação, manejo

de irrigação, fertirrigação e gotejamento.

Page 6: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

AUTORES

Abel Rebouças São José

Graduado em Agronomia pela Faculdade de Agronomia e Zootecnia Manoel

Carlos Gonçalves (1981), Mestrado em Agronomia (Horticultura) pela

Universidade Estadual Paulista - UNESP, Campus Botucatu (1987),

Doutorado em Agronomia (Produção Vegetal) pela Universidade Estadual

Paulista - UNESP, Campus Jaboticabal (1988) e Pós-doutorado pelo Colegio

de Postgraduados, Campus Montecillo, Texcoco, México (2011). Professor

Titular/Pleno da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia desde 1982,

onde ataua na área de Fruticultura.

Adahilda Almeida de Brito

Possui graduação em Nutrição pela Universidade José do Rosário Vellano -

Unifenas - MG (2003) e Especialização em Clínica e Terapêutica Nutricional

pelo Instituto de Pesquisa, Capacitação e Especialização da Faculdade CBES

- Salvador/BA (2007). Tem experiência na área de Nutrição Clínica e

Nutrição do Escolar.

Alessandro de Magalhães Arantes

Graduado em Engenharia Agronômica pela FAMESF/UNEB (1994).

Mestrado em Ciência e Tecnologia de Sementes pela UFPel (2004).

Doutorado em Fitotecnia pela UFV (2014). Professor do Instituto Federal

Baiano atua com ensino, pesquisa e extensão em fruticultura.

Ana Maria Alves de Souza Ribeiro

Graduada em Engenharia Agronômica pela UFAC (2014). Mestrado em

Agricultura Tropical pela UFES (2016), Doutoranda em Produção Vegetal

UDESC (2017). Atualmente, doutoranda no Programa de Pós-Graduação em

Produção Vegetal pela Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC

com linha de pesquisa em Fruticultura e Horticultura.

Anita de Souza Dias Gutierrez

Possui graduação em Economia Doméstica (1970), Especialização em

Demografia e Saúde Pública na Faculdade de Saúde Pública (1971),

Page 7: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

graduação em Engenharia Agronômica pela Universidade de São Paulo

(1975), Mestrado em Produção Vegetal pela Universidade de São Paulo

(1982), Latu-sensu em Agricultura Tropical pela ABEAS Associação

Brasileira de Educação Agrícola Superior (1985) e Doutorado m Produção

Vegetal pela Universidade de São Paulo (2005). Atualmente é chefe do Centro

de Qualidade em Horticultura da Companhia de Entrepostos e Armazéns

Gerais de São Paulo e presidente do Instituto Brasileiro de Qualidade em

Horticultura - HortiBrasil. Tem experiência na área de Agronomia, com

ênfase em Padronização e Classificação de Produtos Hortícolas Frescos,

atuando principalmente em: comercialização, padronização, frutas e

hortaliças frescas, cadeia de valor, capacitação, alimentação escolar, pós-

colheita e educação alimentar.

Bruna Beltrame Ronchi

Graduada em Engenharia Agronômica pela UFES (2016). Mestranda do

Programa de Agricultura Tropical (2017).

Cesar José Fanton

Graduado em Engenharia Agronômica pela ESALQ/USP (1981). Mestrado

em Entomologia pela UFV (1989), Doutorado em Entomologia pela UFV

(2000). É pesquisador do INCAPER com atuação em Fruticultura e

Cafeicultura.

Erli Röpke

Técnico Agrícola – Graduado na Escola Agrotécnica Federal de Colatina-ES

(1983); Técnico de Projetos de Desenvolvimento da IECLB (1987/1997);

Empresário/proprietário da empresa Frucafé Mudas e Plantas Ltda

(1995/2017). Consultor na área de Fruticultura.

Fernando Zancanela Bonomo

Graduado em Engenharia Agronômica pela UFRRJ (2005). Produtor rural,

atuando diretamente na produção e consultoria na cultura do coqueiro anão

verde.

Francisco Ermelindo Rodrigues

Page 8: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

Graduado em Engenharia Agronômica pela EARTH, Costa Rica (1996).

Mestrado em Produção Vegetal no Semiárido pela UNIMONTES (2010).

Consultor autônomo em Fruticultura, PlantUai, Janaúba, MG.

Francisco Graziano Neto Xico Graziano, nasceu em Araras/SP. Engº Agrônomo (ESALQ/USP, 1974),

Mestre em Economia Agrária (USP, 1977) e Doutor em Administração

(FGV/SP, 1989), foi professor da Unesp/Jaboticabal (1976-92). Consultor em

organização, marketing de agronegócios e sustentabilidade, é professor de

MBA da FGV/SP, sócio-diretor da OIABrasil/Certificação socioambiental e

sócio-diretor da ePoliticsGraziano, empresa de posicionamento digital.

Hélio Satoshi Watanabe

Possui graduação em Engenharia Agronomica pela Faculdade De Agronomia

De Paraguaçu Paulista (1978). Atualmente é engenheiro agrônomo sênior da

Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo. Tem experiência

na área de Pós Colheita e Comercialização de Frutas e Hortaliças, atuando

principalmente na elaboração de normas de classificação de produtos

hortifrutícolas.

Ivan Vilas Boas Souza

Possui graduação em Agronomia pela Universidade Estadual do Sudoeste da

Bahia (1988) e mestrado em Agronomia pela Universidade Estadual do

Sudoeste da Bahia (2006). Doutor em Agronomia pela UESB, área de

concentração Fitotecnia. Tem experiência na área de Agronomia, com ênfase

em Fitotecnia.

Jalille Amim Altoé Freitas

Graduada em Engenharia Agronômica pela UFES (2004). Mestrado em

Produção Vegetal pela UENF (2006), Doutorado em Produção Vegetal pela

UENF (2011) e Pós doutorado pela UENF (2015). É professora do

CEUNES/UFES atuando em ensino universitário, extensão e pesquisa, com

área de atuação em fruticultura.

Maria Geralda Vilela Rodrigues

Graduada em Engenharia Agronômica pela UFLA (1992). Mestrado em

Fitotecnia pela UFLA (1995). Doutorado em Produção Vegetal pela UNESP

Page 9: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

Jaboticabal (2006). Pesquisadora da EPAMIG Norte e atua com pesquisa e

extensão em fruticultura.

Marinês Pereira Bomfim

Engenheira Agrônoma pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia em

2004. Mestre em Agronomia (Fitotecnia) pela Universidade Estadual do

Sudoeste da Bahia em 2007, Doutora em Agronomia pela Faculdade de

Ciências Agronômicas - UNESP, Botucatu - SP em 2011 realizou Doutorado

de co-tutela na Università Degli Studi di Padova - Itália em 2010. Atua nas

aéreas Fruticultura Tropical, Olericultura, Culturas Perenes, Controle

biológico, produção de fungo entomopatogênico.

Moises Zucoloto

Graduado em Engenharia Agronômica pela UFES (2006). Mestrado em

Produção Vegetal pela UFES (2009), Doutorado em Fitotecnia UFV (2012) e

Ph.D pela Universidade de Illinois-EUA (2014). É professor da UFES/CCAE

atuando em ensino universitário, extensão e pesquisa, com área de atuação em

Fruticultura.

Mônica de Moura Pires

Graduada em Administração pela Universidade Estadual do Sudoeste da

Bahia (1989), mestre em Economia Rural pela Universidade Federal de

Viçosa (1995), doutora em Economia Rural pela Universidade Federal de

Viçosa (2001), Pós-doutorado em Modelagem econômica pelo Colegio

Postgraduados, Campus Montecillo, Texcoco, México. Experiência na área

de Economia, com ênfase em Economia Rural, Regional, Desenvolvimento e

Economia dos Recursos Naturais.

Renan Batista Queiroz

Graduado em Engenharia Agronômica pela UFV (2009). Mestrado em

Entomologia pela UFV (2011), Doutorado em Entomologia pela UFV (2014).

É pesquisador do INCAPER com atuação em Fruticultura e Cafeicultura.

Robson Bonomo

Graduado em Agronomia pela UFV (1992). Mestrado em Engenharia

Agrícola pela UFV (1994) e doutorado em Engenharia Agrícola pela UFV

Page 10: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

(1999). Atualmente é professor associado da Universidade Federal do Espírito

Santo (UFES). Tem experiência na área de Engenharia Agrícola, com ênfase

em Irrigação e Drenagem, atuando principalmente nos seguintes temas:

cafeicultura irrigada, irrigação, manejo de irrigação, fertirrigação e

gotejamento.

Sarah Ola Moreira

Graduado em Engenharia Agronômica pela UFES (2006). Mestrado em

Produção Vegetal (2008) e doutorado em Genética e Melhoramento de

Plantas (2012) pela UENF. É pesquisadora do Incaper - Regional Centro

Serrano na área de melhoramento de plantas.

Sérgio Luiz Rodrigues Donato

Graduado em Engenharia Agronômica pela UFV (1991). Mestrado em

Ciência e Tecnologia de Sementes pela UFPel (2004). Doutorado em

Fitotecnia pela UFV (2007). Professor do Instituto Federal Baiano e atua com

ensino, pesquisa e extensão em Fruticultura.

Vagner Alves Rodrigues Filho

Graduado em Engenharia Agronômica pelo IF Baiano (2017). Mestrando em

Fitotecnica pela UFV.

Vanessa Alves Justino Borges

Graduada em Ciências Sociais pela UFES (2002). Mestrado Sociologia das

Organizações pela UFMG (2007). É pesquisadora do Incaper na área

Socioeconomia.

Page 11: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

Agradecimentos

À Universidade Federal do Espírito Santo, ao Centro Universitário Norte

do Espírito Santo, ao Centro de Ciências Agrárias e Engenharia, ao

Departamento de Agronomia e ao Departamento de Ciências Agrárias e

Biológicas pelo apoio.

Ao apoiador diamante Crea, aos apoiadores ouro MAPA, Nortefrut, Leão

e Kero Coco e aos apoiadores Heringer, Frucafé, Defesa, Frutas Santa Rita,

Nutrimaq, Casa do Adubo, Syngenta, Yara, Provaso, Jisa, Procampo, FMC e

Nova Onda.

A Sociedade Brasileira de Fruticultura, a Empresa Junior de Agronomia

(Projagro) e aos estudantes do curso de Agronomia da UFES pela organização

do evento.

Page 12: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 Fruticultura Sustentável no Brasil ........................................................... 14

CAPÍTULO 2 Desafios do mamão ..................................................................................... 16

CAPÍTULO 3 I Simpósio Capixaba de Fruticultura e Trabalhos desenvolvidos pela

UFES com Frutíferas ................................................................................. 26

CAPÍTULO 4 A cultura da Goiabeira no Estado do Espírito Santo ............................. 41

CAPÍTULO 5 Aspectos de ecofisiologia e estratégias de manejo da bananeira ............ 57

CAPÍTULO 6 A pesquisa com espécies frutíferas no Incaper ........................................ 74

CAPÍTULO 7 A cultura do coqueiro no Espírito Santo .................................................. 88

CAPÍTULO 8 Fruticultura e a Agricultura Familia ..................................................... 101

CAPÍTULO 9 Principais prasgas das frutíferas no Norte do Espírito Santo .............. 114

CAPÍTULO 10 Cultivo do abacaxizeiro fertirrigado ...................................................... 129

Page 13: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

13

Apresentação

Este livro apresenta informações atualizadas como forma de diversificar e

consolidar a fruticultura tropical, abordando diversas culturas desde a situação

nacional e capixaba, os principais problemas enfrentados e as possíveis

soluções. Também descreve a mais alta tecnologia empregada na cadeia

produtiva através de informações de autores que são referência em suas áreas

e que acumularam conhecimento ao longo de vários anos de pesquisa. Ainda,

servirá como consulta para estudantes, professores, produtores e profissionais

da área para aprimorarem seus conhecimentos.

Autores

Page 14: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

14

CAPÍTULO 1

Fruticultura Sustentável no Brasil

Xico Graziano

Introdução

Existem forças civilizatórias que movem a humanidade. O avanço

tecnológico é uma delas, fruto das incessantes descobertas científicas,

verificada em todos os ramos do conhecimento. A globalização é outra força

incontrolável, arrebentando barreiras, na economia, na comunicação, nos

costumes sociais.

Sustentabilidade deve ser vista nesse prisma, o do avanço civilizatório.

Trata-se de um movimento inevitável, fruto da pegada ecológica, que se torna

crítica pelo aumento da população humana na Terra. A opinião pública global

respalda a defesa ambiental e a justiça social. Goste-se ou não, a agenda da

sustentabilidade se imporá. Nesse raciocínio, pode-se perguntar: vamos nós,

do agro, dominar a agenda da produção sustentável, e aplicá-la devidamente,

ou ficando reticentes, seremos obrigados a engoli-la de qualquer forma?

Queremos ser protagonistas, ou figurantes da agricultura sustentável?

Na fruticultura, como em qualquer ramo de produção agropecuária, as

variáveis ambientais tornam-se crescentemente fundamentais,

obrigatoriamente respeitadas pela cadeia de negócios, da roça até o

consumidor final. A rastreabilidade e, muitas vezes, a certificação de boas

práticas socioambientais se torna uma constante.

Existem, já, tecnologias avançadas que permitem conciliar a produtividade

com o respeito ao meio ambiente. Pode-se comprovar esse sucesso

agronômico no manejo de solos, na irrigação, no controle integrado de pragas

e doenças, por exemplo. Os processos tecnológicos avançados, embora ainda

não utilizados por todos os fruticultores, superam antigos problemas, como a

Page 15: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

15

erosão, o uso perdulário da água, as intoxicações e contaminações causadas

pelo excesso de agrotóxicos.

Estamos, porém, ainda, no início do processo de construção da fruticultura

sustentável do futuro. E o Brasil, com sua especial tropicalidade, elevada

diversidade, tradição no campo, apresenta excelentes condições para vencer

esse desafio.

Para tanto, muita pesquisa, com geração de novos conhecimentos

tecnológicos, será necessária. Pesquisa pública e pesquisa nos laboratórios

privados ampliarão, e muito, a fronteira da qualidade ambiental na

fruticultura. Os defensivos agrícolas de quarta geração, não mais

“agrotóxicos”, baseados em moléculas seletivas e biodegradáveis, estão

chegando. Biodefensivos e controle biológico devem evoluir. Na tecnologia

de aplicação de defensivos se espera uma revolução.

A engenharia genética será capaz de gerar plantas mais resistentes,

produtivas, com elevada qualidade nutricional. Sistemas agroflorestais

crescerão, facilitados pelo Código Florestal nas propriedades familiares,

incentivando a fruticultura orgânica.

Após o Acordo geral sobre o clima, patrocinado pela ONU em dezembro

de 2015, em Paris, a economia global entrou na era do baixo carbono. Todos

os setores serão cobrados pela sua responsabilidade contra o aquecimento do

planeta. Emissões de gases de efeito-estufa, eficiência energética, custo

ambiental das tecnologias: abrem-se novas e difíceis equações na

competitividade global.

Estarão os produtores aptos para enfrentar os requisitos da

sustentabilidade? Estarão, para tanto, capacitados? Entenderão os requisitos

da sustentabilidade como obstáculos à sua rentabilidade, ou os enxergarão

como oportunidades de bons negócios?

Fornecer frutas com atestada qualidade socioambiental, direcionadas ao

varejo ou às fábricas processadoras, é a grande tarefa dos produtores rurais,

inseridos na cadeia produtiva da fruticultura nacional. Quebra de paradigmas

e muita pesquisa se vislumbram nos próximos anos. Sem conservadorismo,

acreditando na tecnologia, o Brasil será o líder mundial da fruticultura global.

Page 16: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

16

CAPÍTULO 2

Desafios do mamão

Anita de Souza Dias Gutierrez

Hélio Satoshi Watanabe

Introdução

O Entreposto Terminal de São Paulo da CEAGESP, mais conhecido como

ceasa de São Paulo, é um dos treze centros de abastecimento da CEAGESP e

um dos maiores do mundo. São comercializadas aqui, mais de 3 milhões de

toneladas por ano e mais de 11 milhões de quilos por dia. O seu abastecimento

exige o fornecimento, em um ano, de mais de 1.500 municípios de 24 estados

brasileiros e de 14 diferentes países. O varejo tradicional (54%) e a Região

Metropolitana de São Paulo (67%) concentram o destino dos produtos aqui

comercializados. É o local de convergência de produtos originários de

diferentes regiões do Brasil e dos diferentes agentes de produção, transporte

e comercialização: atacado, varejo e serviço de alimentação. É o local ideal

para compreender a realidade e implementar estratégias de mudança. A

qualidade e a quantidade do produto que aqui recebemos é o resultado da

tecnologia aplicada na produção e na pós-colheita, da aptidão agrícola do local

de produção e de uma boa parceria com ‘São Pedro’. O ceasa paulistano

comercializa 10% da produção brasileira de mamão, sendo 64% mamão Solo

e 36% mamão Formosa.

O Centro de Qualidade, Pesquisa e Desenvolvimento da CEAGESP foi

criado na CEAGESP, por demanda da Câmara Setorial de Frutas e a de

Hortaliças da Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São

Paulo, que consideraram como seus principais problemas do setor a

inexistência de padrões de qualidade e a má qualidade das embalagens. A

Page 17: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

17

CEAGESP foi encarregada da operacionalização do então criado o ‘Programa

Paulista para a Melhoria dos Padrões Comerciais e de Embalagens de

Hortigranjeiros’, um programa de adesão voluntária e de auto-regulamentação

setorial. A CEAGESP contratou uma equipe de técnicos e começou o trabalho

em 1997.

O nosso trabalho começou com o desenvolvimento das normas de

classificação, uma linguagem de caracterização mensurável do tamanho e da

qualidade das frutas e hortaliças frescas, para ser utilizada na negociação entre

o produtor e o seu primeiro comprador.

Dedicamos muitas horas do nosso trabalho ao mamão com o

desenvolvimento das normas de classificação, a tentativa de acabar com o

mamão Formosa a granel em 2002, o apoio a pesquisas de pós-colheita de

mamão, a participação no Programa de Produção Integrada de Mamão, o

desenvolvimento de Guia de Variedades, de Padrões Mínimos de Qualidade,

de equivalência das diferentes denominações de classificação com uma

característica mensurável, de um sistema de informação de comercialização

semanal para os produtores de mamão, o desenvolvimento de um gabarito

visual de avaliação da qualidade do mamão e a determinação dos atributos

responsáveis pela diferenciação de valor do mamão Formosa, o estudo da

evolução da embalagem.

As Normas de Classificação de Mamão do então denominado ‘Programa

Brasileiro para a Modernização da Horticultura’ foram desenvolvidas por

demanda do MAPA-Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em

2002. Os países europeus importadores de frutas brasileiras exigiam que o

Brasil, como país exportador, tivesse padrões de qualidade e tamanho dos

produtos exportados. Foram feitas reuniões com produtores, pesquisadores e

técnicos de todas as regiões produtoras do Brasil, para se chegar a um

denominador comum. As normas de classificação abrangem a caracterização

dos grupos varietais, do tamanho e da qualidade, a morfologia do produto e

um glossário com os termos utilizados. A melhor característica mensurável

do tamanho e a amplitude de variação de tamanho tolerada dentro de cada lote

são definidas. A diferença de tolerância aos defeitos muito graves, graves,

leves e muito leves é utilizada para definir as diferentes categorias de

qualidade. No caso do mamão ficamos insatisfeitos, na época, com o conceito

de imaturo, que não estabeleceu o conteúdo mínimo de sólidos solúveis. Os

frutos de mamão de boa qualidade comercializados no ceasa paulistano

Page 18: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

18

apresentam um conteúdo de sólidos solúveis igual ou superior a 12º Brix.

Hoje, numa revisão da norma atual, faríamos mudanças na caracterização do

tamanho, da doçura e de alguns critérios de qualidade (Figura 1).

Figura 1 - Normas de Classificação do Mamão’

Page 19: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

19

Existe grande diferença de valor do mesmo produto, no mesmo dia, entre

diferentes tamanhos e qualidades, na venda do atacado para o varejo. A

compreensão dos atributos que determinam a diferença de valor e da

importância de cada um é imprescindível para que o produtor consiga

melhorar o seu produto e a sua rentabilidade. Durante três anos, como parte

de um projeto de apoio do governo japonês aos produtores de Jaíba na

comercialização de frutas, foram adquiridas e avaliadas a cada semana, uma

caixa de mamão dos lotes de maior e menor valor no ceasa paulistano e no

ceasa de Contagem em Minas Gerais, de Mamão Formosa. Os lotes de menor

valor foram escolhidos entre os lotes vendidos normalmente, sem problemas

de descarte ou queima de preço. A avaliação utilizou o gabarito visual

desenvolvido pelo Centro de Qualidade, Pesquisa e Desenvolvimento da

CEAGESP, aferindo notas para cada atributo de cada fruto na caixa, com

exceção dos atributos e homogeneidade de tamanho e coloração, avaliados na

caixa. Os resultados mostraram uma diferença média de valor por qualidade

de 63% e máxima de 165%, entre lotes de mesmo tamanho e variedade, no

mesmo dia. Os atributos mais importantes na valoração do Mamão Formosa,

em ordem de importância são a homogeneidade de tamanho, a coloração da

polpa, coloração da casca, danos mecânicos, defeito de casca, conteúdo de

sólidos solúveis, sanidade, defeito de formação e defeito de polpa. As

operações mais importantes na diferenciação de valor são a classificação

(homogeneidade de tamanho e de coloração, a escolha do ponto de colheita

(coloração da polpa, da casca e conteúdo de sólidos solúveis), o manuseio

(dano mecânico. O gabarito de avaliação do Mamão Formosa pode ser

encontrado e baixado em www.hortibrasil.org.br (Figura 2 e 3).

Page 20: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

20

Figura 2. Gabarito de avaliação da qualidade do Mamão Formosa

Page 21: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

21

Figura 3. Frutos considerados de maior e menor valor.

O HortiEscolha surgiu da constatação da enorme dificuldade que os

gestores de alimentação escolar têm para escolher a classificação e o produto

de melhor custo-benefício, na época mais adequada e com a qualidade

necessária para um bom aproveitamento no consumo. A utilização das

ferramentas do HortiEscolha permite, com o mesmo recurso monetário, a

colocação do dobro do alimento no prato, maior diversidade, na melhor época,

com maior participação da agricultura local e dentro de padrões mínimos de

qualidade. Foram desenvolvidas para o mamão e mais 96 frutas e hortaliças

frescas o ‘Guia de Variedades’, que contém a representação gráfica das

principais variedades de cada produto, os ‘Padrões Mínimos de Qualidade’,

com os defeitos que não podem ser aceitos, a ‘Equivalência das Classificação

com Características Mensuráveis de Tamanho’, que estabelece as medidas de

tamanho das denominações de classificações do mercado atacadista e da

Cotação de Preços da CEAGESP e o ‘Índice de Escolha entre Classificações’,

que utiliza a diferença de aproveitamento e a diferença de valor entre as

classificações para estabelecer a classificação de melhor custo-benefício.

Page 22: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

22

Todas as informações estão disponíveis em www.hortiescolha.com.br (Figura

4).

Figura 4. Equivalência

É possível observar no ceasa paulistano os limites de tecnologia pós-

colheita. É espantoso que a maioria do Mamão Formosa ainda venha a granel

e que seja selecionado e embalado no mercado (Figura 5). Normalmente são

gastos 6 horas por caminhão, com as operações de descarga e embalamento,

gerando lixo, perda de qualidade de mamão e um desconto mínimo por perda,

acordado entre o produtor e o atacadista, de 400 kg de mamão, num caminhão

de 14.000kg. O mamão que chega a granel é selecionado por tamanho,

coloração e qualidade. Os frutos com menor qualidade e mais maduros,

provenientes da parte inferior da carga são descartados ou destinados a nichos

de mercado menos exigentes e vendidos a preços bem menores. Por outro

lado, recebemos mamões colhidos maduros, com garantia de doçura,

selecionados por tamanho e coloração, protegidos com rede ou envoltos em

plástico, refrigerados da produção ao mercado atacadista. Hoje o mamão

Formosa embalado na produção representa 7% do volume total e está

crescendo. O seu valor é o dobro do mamão recebido a granel, de mesma

classificação, selecionado entre os melhores frutos da carga.

Page 23: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

23

Figura 5. Transporte de mamão Formosa a Granel.

Page 24: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

24

A ocorrência de problemas pós-colheita em mamão é assustadora. A tese

de doutoramento de Elaine Costa-Cerqueira Pereira, orientada pelo professor

Ângelo Pedro Jacomino da ESALQ em 2014, mostrou uma triste realidade,

95% de lesões e 93% de podridão em mamão Golden, em embalagem de

madeira, transportado sem paletização e sem refrigeração e 52% de lesões e

29% de podridão, em caixa de papelão, paletizado e transportado refrigerado,

depois de 6 dias de armazenamento. Os dois lotes foram colhidos no mesmo

dia, da mesma lavoura e foram mantidos a 23ºC e 85% UR durante os nove

dias de avaliação.

O futuro da produção de mamão é preocupante. Ele vem sendo expulso,

como aconteceu no Estado de São Paulo, de outras regiões brasileiras como o

Jaíba. É urgente a incorporação aos mecanismos legais da Defesa Sanitária

Vegetal de regras que previnam a proliferação das pragas e moléstias

agrícolas. Hoje, os órgãos de governo federais e estaduais ligados à

agricultura não possuem mecanismos legais de prevenção da proliferação de

pragas e moléstias vegetais. O único mecanismo legal que permite a punição

pela promoção da proliferação de pragas e moléstias vegetais é do Ministério

do Meio Ambiente. O Artigo 61 da Lei 9605/98 determina que 'Disseminar

doença ou praga ou espécies que possam causar dano à agricultura, à pecuária,

à fauna, à flora ou aos ecossistemas’. Muitas culturas importantes foram

expulsas do Estado de São Paulo, como o mamão e o maracujá e muitas

técnicas como variedades resistentes, técnicas e insumos perderam

rapidamente a sua eficácia. Medidas simples como a exigência de erradicação

das lavouras abandonadas, a erradicação das plantas com virose, poderiam ter

sido utilizadas e evitado a situação atual. O atual sistema de manejo de solo

está destruindo os solos frágeis dos tabuleiros costeiros.

A competência e a dedicação dos técnicos da INCAPER viabilizaram a

Produção Integrada de Mamão e conseguiram regularizar o registro de

agrotóxicos para a cultura. A pergunta que fica é: As recomendações da

Produção Integrada estão sendo adotadas pelos produtores de mamão?

O futuro do consumo do mamão é preocupante. O sabor do mamão é feito

na produção. O conteúdo de sólidos solúveis não cresce depois da colheita. O

prazer no consumo depende do ponto de colheita do fruto. A colheita do fruto

Page 25: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

25

maduro exige maiores cuidados na produção, na colheita e na pós-colheita,

mas é o único caminho para um futuro promissor (Figura 6).

Como já dizia o Dr. Beauchamp, em 9 de março de 1999, numa conferência

do Ministério da Agricultura dos Estados Unidos da América: _ Nenhum

alimento ou bebida, mesmo muito saudável, promoverá benefícios .... senão

for palatável e portanto não consumido ... Os consumidores têm nos dito, alto

e claro, que o sabor determina o prazer no consumo.

Figura 6. Teste de para verificar teor de sólidos solúveis em mamão.

Todos os estudos e ferramentas estão disponíveis. É só entrar em contato

com [email protected] ou pelos telefones 11 36433825 ou 11 36433890.

Page 26: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

26

CAPÍTULO 3

I Simpósio Capixaba de Fruticultura e Trabalhos desenvolvidos pela

UFES com Frutíferas

Moises Zucoloto

Jalille Amim Altoé Freitas

Bruna Beltrame Ronchi

Introdução

A fruticultura no Espírito Santo representa grande importância devido à

grande demanda de mão de obra e o capital gerado ao longo da sua cadeia.

Porém, segundo Carvalho et al. (2015), na última década, o Espírito Santo

vem diminuindo a produção de frutas, devido a redução das áreas de

mamoeiro e principalmente de maracujazeiro. Diante dessa situação, medidas

devem ser tomadas para estimular cada vez o fortalecimento dessa importante

área da agropecuária capixaba. Devido à enorme demanda em favor de

consolidar e diversificar a Fruticultura Capixaba, criou-se o I Simpósio

Capixaba de Fruticultura, associado também a divulgação dos resultados de

pesquisas desenvolvidas pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).

I Simpósio Capixaba de Fruticultura

Page 27: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

27

O I Simpósio Capixaba de Fruticultura realizado no dia 12 de junho de

2015, no Centro universitário Norte do Espírito Santo (CEUNES) da UFES,

em São Mateus, faz parte de um dos pilares que norteiam a Universidade, que

é atender a comunidade e interiorizar o conhecimento por meio da Extensão.

A realização do evento contou com a ajuda da UFES, da Sociedade

Brasileira de Fruticultura (SBF) e da Empresa Junior de Agronomia

(PROJAGRO). Ainda, o evento foi apoiado pelas empresas Nortefrut e

Fertilizantes Heringer (Apoiadores Diamante), SBF, Sociedade Espírito-

Santense de Engenheiros Agrônomos (Apoiadores Ouro) e por diversas

empresas do setor agropecuário, sendo elas: Defagro, LC Comércio Agrícola,

Frucafé, Caliman, Defesa Agrícola, Frutas Santa Rita, Embrapa Mandioca e

Fruticultura, Nutrimaq, Topseed, Acqua Fertil, SQM Vitas e Provaso.

O evento teve a participação de várias autoridades, dentre elas, a presença

do diretor do CEUNES, o Professor Roney Pignaton da Silva, do Pró-Reitor

de administração, representando o reitor da UFES, o Professor Eustáquio

Vinícius Ribeiro de Castro; o coordenador do Simpósio, o Professor Moises

Zucoloto; o vice-prefeito municipal de São Mateus, Keydson Quaresma

Gomes; o sub-secretário estadual de agricultura, Marcelo Suzart; o Deputado

Federal Jorge Silva; o presidente da Sociedade Brasileira de Fruticultura, o

Professor Almy Junior Cordeiro de Carvalho; o presidente da Empresa Júnior

de Agronomia, o estudante Alex Campanharo e o representante dos

produtores presentes no evento, o Senhor Janábio de Oliveira.

Dentre as diferentes classes que participaram do evento, estudantes de

graduação representaram 19%, seguidos por estudantes do ensino médio e

pessoas ligada a iniciativa privada com 18% cada. Produtores rurais

corresponderam a 15%, apoiadores 9%, Incaper e Idaf 4%, palestrantes e

professores 3% e autoridades 2% (Figura 1).

Page 28: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

28

Figura 1. Porcentagem das diferentes classes que participaram do I Simpósio

Capixaba de Fruticultura.

O total de participantes foi de 602 pessoas durante todo o evento, o que fez

com que o auditório permanecesse praticamente cheio durante grande parte

do dia (Figura 2). Em destaque na figura 2, a presença de agricultoras

indígenas da aldeia Pau Brasil do munícipio de Aracruz-ES.

Page 29: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

29

Figura 2. Vista frontal dos participantes no auditório Central do CEUNES

no dia do Simpósio – São Mateus - ES.

Na ocasião do evento, foi entregue para cada participante o livro intitulado

de Fruticultura Tropical: Diversificação e consolidação. O livro contém dez

capítulos, dentre os quais, os seis primeiros referem-se as palestras

ministradas durante o simpósio e os outros demais capítulos, abordam temas

relevantes sobre a fruticultura atual.

Com relação a avaliação feita pelos participantes por meio da ficha

entregue no dia do evento, analisou-se todas as informações fornecidas pelos

participantes. De modo geral, o evento foi classificado como excelente.

Dentre os pontos positivos destaca-se a segurança e experiência dos

palestrantes, estrutura e organização do evento.

Com relação as sugestões sobre temas a serem abordados para o próximo

evento, a fruticultura e a agricultura familiar foi o tema mais sugerido dentre

os participantes. Outro tema bastante requisitado foi a comercialização de

mamão e a abordagem de outras culturas, como goiabeira, coqueiro e

abacaxizeiro. Outro tema bastante requisitado foi a necessidade de melhorar

a transferência de tecnologia para os evolvidos na cadeia produtiva.

Page 30: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

30

Infelizmente, vários participantes sugeriram que abordassemos a cultura

do cacaueiro, porém, essa cultura apesar de ser enquadrada dentro da

Fruticultura, normalmente é trabalhada isoladamente, assim como o cafeeiro,

pimenta-do-reino, entre outros.

Com relação aos pontos negativos, grande parte dos participantes citaram

a falta de divulgação, o que será priorizado nos próximos eventos.

Outra sugestão dos participantes se refere a necessidade de que o evento

ocorra em dois dias. No entanto, vários fatores dificultam que isso ocorra,

dentre eles destacam-se a dificuldades de locomoção e acomodações dos

participantes nos dois dias e consequentemente, aumento nos custos.

Receitas e despesas geradas no I Simpósio Capixaba de Fruticultura

A receita obtida por meio de apoiadores gerou um total de R$19,000,00.

Com relação a inscrição obteve-se R$ 7.770,00, sendo que o referido valor

tem por objetivo arcar com as despesas do livro, almoço e lanches. O total das

receitas geradas foi de R$26.770,00, conforme Tabela 1.

Tabela 1. Detalhamento das Receitas para a realização do I Simpósio

Capixaba de Fruticultura.

Apoiadores Subtotal 19.000,00

Inscrições Subtotal 7.770,00

TOTAL DAS RECEITAS 26.770,00

O detalhamento das despesas geradas está descrito na Tabela 2. A maior

parcela da despesa foi através do material gráfico, totalizando R$11.078,00.

Vale destacar que alguns palestrantes foram financiados pelas Instituições

em que eles representavam, tais como Embrapa, SBF e Caliman, não gerando

receita e despesa para o evento.

Page 31: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

31

Tabela 2. Detalhamento das despesas para a realização do I Simpósio

Capixaba de Fruticultura.

Gráfica

Livros 7.440,00

Panfletos 970,00

Cartazes 858,00

Bloquinhos 100,00

Crachás 567,00

Pastas 788,00

Faixas 150,00

Outdoor 205,00

Subtotal 11.078,00

Palestrantes Subtotal 2.640,00

Coffee break Subtotal 5.924,00

Outras despesas

Camisas 815,00

Aluguel de som e

tendas

500,00

Serviços da Projagro 3.000,00

Brindes 400,00

Divulgação 1.000,00

Outros 1.189,00

Subtotal 6.904,00

TOTAL DAS DESPESAS 26.546,00

Trabalhos desenvolvidos pela UFES com Frutíferas

A Universidade se baseia em três pilares que são o Ensino, Pesquisa e

Extensão. Vale ressaltar a importância de cada uma das atividades, uma vez

que, em conjunto, elas formam um tripé de sustentação, no qual a Instituição

e a sociedade se desenvolvem. Essas atividades se complementam, uma vez

que o ensino é a base para a pesquisa e a atuação por meio da extensão. Por

outro lado, a pesquisa enriquece o ensino e seus resultados possibilitam

modificar a forma de atuar e contribui para o desenvolvimento da sociedade.

Page 32: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

32

Não obstante, a extensão universitária, além da disseminação de

conhecimento, permite vivenciar as soluções e os problemas da comunidade,

os quais contribuem para aprimoramento do ensino e para o desenvolvimento

de novos projetos de pesquisa.

São inúmeros os trabalhos desenvolvidos com diferentes frutíferas pela

UFES, que serão apresentados brevemente a seguir.

Bananeira

Unidades demonstrativas foram instaladas na UFES-CEUNES para avaliar

a adaptação de materiais advindos da EMBRAPRA Mandioca e Fruticultura.

Destaca-se a cultivar BRS Princesa, do tipo maça, que além de ser resistente

ao mal-do-panamá, apresenta sabor de fruto semelhante a cultivar maça. Com

relação a cultivares do tipo Prata, a BRS Platina é uma alternativa para

agricultores familiares com baixo a média nível tecnológico, já que é

resistente a Sigatoka Negra e não demanda de grande nível tecnológico

quando comparada com a Prata-Anã (FISCHER et al., 2016).

Avaliou-se os padrões de crescimento de diferentes cultivares de bananeira

na unidade demonstrativa do CEUNES (Tabela 3) (RONCHI et al., 2016). A cultivar Pacovan Ken apresentou maior potencial produtivo, com cerca

de 26,7 t ha-1, diferindo estatisticamente das demais cultivares do subgrupo

Prata. Outro fator a ser considerado se refere ao menor custo de produção, já

tanto a ‘Pacovan Ken’ quanto a ‘BRS Platina’ são resistentes a Sigatoka

Negra. Isso faz com que essas cultivares tornem-se excelentes opções para

produtores menos tecnificados, já que requerem menores investimentos.

A ‘BRS Princesa’, além de se destacar por ser resistente ao mal-do-

panamá, apresentou boa produtividade quando comparada a tradicional

cultivar Maça. Ainda, por meio de testes informais, o sabor dos frutos foi bem

aceito por provadores voluntários.

Page 33: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

33

Tabela3. Dias do plantio à emissão do cacho (DPEC), dias do plantio à

colheita (DPC) e produtividade de sete cultivares de bananeira no Norte do

Espírito Santo.

Cultivar

DPEC DPC Produtividade

(Dias) (Dias) (t ha-1)

Prata-Anã 161 375 20,51 b

Pacovan Ken 187 365 26,76 a

BRS Platina 166 368 19,33 b

Maçã 192 402 12,34 c

BRS Tropical 197 375 8,85 c

Caipira 187 402 15,60 c

BRS Princesa 197 368 13,97 c

Média 183 379 16,76

Médias seguidas de letras iguais na coluna, não diferem entre si, pelo teste de

Scott Knott, ao nível de 5% de probabilidade.

Trabalhos que avaliam a relação das dimensões (largura e comprimento)

da terceira folha da bananeira com a área foliar total para as cultivares de

bananeira do grupo Maçã (Maçã e Tropical) foram realizados, a fim de se

empregar métodos não destrutivos para estimar a área foliar total (FERREIRA

et al., 2016).

A anatomia foliar das diferentes cultivares da unidade demonstrativa está

sendo analisada a fim de verificar quais estruturas diferem entre cultivares.

Busca-se verificar se mudanças anatômicas possam servir como barreira para

doenças e resistência a seca.

Em continuidade aos trabalhor anteriores, em um experimento a campo a

fertirrigação da bananeira ‘Pacovan Ken’ está sendo estudada por meio de

aplicações quinzenais de doses crescentes de Nitrogênio (200, 400, 600 e 800

kg/hectare/ano) e Potássio (300, 600, 900 e 1200 kg/hectare/ano). O estudo

visa identificar a dosagem que apresente maior produção na região Norte do

Espírito Santo.

Page 34: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

34

Citrus

A citricultura é tida com enorme potencial para a diversificação do Norte

do Estado. Visando essa oportunidade, dois porta-enxertos, sendo eles o

Citromelo Swingle e o Citrandarim Riverside e doze copas de lima ácida

Tahiti estão sendo testadas em São Mateus. Pretende-se obter resultados

suficientes para indicar as melhores combinações entre os porta-enxerto e

copas de lima ácida Tahiti para o Estado do Espírito Santo.

Ainda em relação a lima ácida Tahiti, está em desenvolvimento um

trabalho com diferentes dosagens e forma de aplicação de Paclobutrazol

(PBZ) com o objetivo de realizar o escalonamento da produção, já que a

concentração da produção tem afetado os lucros.

Mangueira

Em decorrência a alternância de produção em mangueiras ‘Ubás’ no

Espírito Santo, está em andamento um trabalho com diferentes doses de PBZ

e desponte dos ramos no município de Colatina (Figura 3). O experimento

está em seu segundo ano e visa identificar a dose ideal e se o desponte de

ramos é eficiente na uniformização do florescimento, garantindo assim,

menor alternância de produção.

Além disso, como as perdas pós colheita com frutos de manga ‘Ubá’ são

altas, avaliou-se a utilização de armazenamento refrigerado para reduzir tais

perdas. Verificou-se que frutos armazenados por quatorze dias a temperatura

de 15 °C podem ser comercializados em até 6 dias, já armazenados por 28

dias, os mesmos devem ser consumidos em até três dias.

Amostras de polpa de frutos de mangueira ‘Ubá’ foram enviados para a

Universidade de West Virginia University – EUA para determinação de

compostos antioxidantes, fenólicos e voláteis, já que é uma fruta pouco

estudada.

Page 35: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

35

Figura 3. Plantas antes (A) e depois da poda (B). Na foto consta o Senhor

Eduardo Glaber, proprietário da área.

Mamoeiro

Está em estudo a diagnose precoce de danos por injúria mecânica em frutos

de mamoeiro. O teste é feito por meio de tetrazólio, produto que reage em

locais onde a atividade das células é alta. Após testes preliminares, verificou-

Page 36: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

36

se que o composto reage com rapidez e é capaz de identificar os danos

causados por impacto, atrito e compressão, que culminam em danos

mecânicos e, consequentemente, depreciação dos frutos. Ainda, o

experimento visa identificar o mais rápido possível o dano e também, detectar

o local onde ocorreu. Também, pretende-se avaliar os diferentes tipos de

embalagens usados na cadeia produtiva do mamoeiro.

A equipe de trabalho da UFES realizou pesquisas com a cultivar Golden

visando estender o tempo de prateleira quando submetidas a diferentes

dosagens de vapor de etanol. Segundo Ronchi et al. (2016), as concentrações

usadas apresentaram alterações nas características dos frutos durante o

período de pós-colheita, como: firmeza, pH e perda de massa, se mostrando

uma técnica eficiente, de baixo custo e de fácil manuseio. Porém, novos

estudos devem ser feitos.

Abacaxizeiro

Avaliou-se diferentes frequências de fertirrigações de nitrogênio e potássio

em abacaxizeiro. Observou-se que tanto fertirrigações semanais como

mensais não interferiram na produção e qualidade dos frutos de abacaxizeiros

(RIBEIRO et al., 2015). As referidas informações estão detalhadas no

Capítulo 10.

Semelhante ao experimento de bananeira, citado anteriormente, está em

andamento a fertirrigação de abacaxizeiro por meio de aplicações semanais

de doses crescentes de Nitrogênio (128, 256, 384 e 640 kg/hectare/ano) e

Potássio (192, 384, 576 e 960 kg K2O/hectare/ciclo). O estudo visa identificar

a dosagem que apresente maior produção na região Norte do Espírito Santo.

Diante da importância de estudo do sistema radicular e ainda em função

dos diversos manejos existentes, realizou-se experimentos que visaram

avaliar o sistema radicular do abacaxizeiro ‘Perola’ em função do

parcelamento da adubação e alternativas de manejo da fertirrigação. Por meio

do estudo, verificou-se que os tratamentos irrigado com fertirrigações

parceladas mensalmente para o N e 2 aplicações semanais para o K e o

tratamento não irrigado e não fertirrigado com 4 aplicações ao longo do ciclo

sobre o solo (entre outubro e novembro e abril) para N e (entre outubro e

junho) para o K, apresentaram maiores valores em relação as variáveis

volume, comprimento e massa seca de raízes (SILVA et al., 2016).

Page 37: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

37

Na fazenda experimental do CEUNES encontra-se uma unidade

demonstrativa do abacaxizeiro BRS Imperial (Figura 4). Este abacaxizeiro é

resistente a fusariose e apresenta coloração de polpa amarelada-alaranjada.

Devido as suas características é tido como uma excelente opção para

diversificação da cultura no Estado. Alguns produtores em diferentes partes

do Brasil já estão ofertando o fruto, que está sendo aceito e requisitado por

mercados exigentes.

Figura 4. Unidade demonstrativa de abacaxizeiro BRS Imperial na fazenda

experimental do CEUNES-UFES em São Mateus-ES.

Maracujazeiro

Em maracujazeiro, um grupo de pesquisa coordenado pela Professora

Milene Miranda Praça Fontes estuda a caracterização do genoma de espécies

cultivadas no Espírito Santo. O estudo visa o pré-melhoramento e o

estabelecimento de bancos de germoplasma, com intuito de gerar frutos mais

Page 38: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

38

produtivos e resistentes a doenças, além de agregar valor às características

não exploradas pelos produtores.

Em parceria com a Penitenciaria de São Mateus, Carítas Diocesana de São

Mateus e a Empresa Trop Frutas, realizou-se experimentos com a finalidade

de avaliar a influência dos estádios de maturação (45, 50, 55 e 60 dias após a

antese) e tratamentos pré-germinativos na germinação do maracujazeiro

amarelo. Diante dos resultados, verificou-se que o estádio de maturação

possui influência significativa na porcentagem de emergência das plântulas e

que frutos colhidos entre 50 e 55 dias após a antese apresentaram maiores

índices de germinação (RONCHI et al., 2015).

Physalis peruviana

A Physalys peruviana L. é uma fruta considerada exótica, originaria da

Amazônia e dos Andes. A fruta tem como característica o sabor doce e

expressivo conteúdo de vitaminas A e C, ferro e fósforo. A inserção de novas

culturas, como a Physalis ainda é inovadora no Espírito Santo, porém já

despertou o interesse na região, uma vez que vem sendo consumida no Norte

do estado do Espírito Santo tanto na forma in natura quanto em decorações

de bolos e doces.

Diante do contexto e da oportunidade de diversificação que a cultura pode

oferecer aos produtores do Norte do estado do Espirito Santo, alguns trabalhos

com Physalis peruviana estão sendo realizados no Campus da UFES em São

Mateus, como a caracterização fenológica das plantas; estádios de maturação

do cálice dos frutos e formas de armazenamento na germinação de sementes

e caracterização do ponto de colheita dos frutos. Esses estudos visam obter

conhecimentos do desenvolvimento da espécie na região Norte do Espírito

Santo e proporcionar informações sobre as épocas oportunas para a realização

das práticas culturais e produção de frutos de qualidade.

Criação e implementação do Polo de Fruticultura do Caparaó

O projeto tem como objetivo estimular a Fruticultura no Sul do Estado do

Espírito Santo, criando alternativas para diversificação da agricultura,

principalmente a familiar. Vislumbra-se ainda, adequar o manejo adequado

de frutíferas em potencial e criação de unidades demonstrativas nos

municípios que integramo Caparaó.

Page 39: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

39

Pretende-se criar uma unidade demonstrativa na UFES com todas as

culturas em potencial e outras vinte e duas nos onze municípios do Caparaó

Capixaba. Espera-se que o polo sirva como garantia de produção, implicando,

ainda, a confiança por parte dos produtores para a implantação de novas áreas

e a ampliação dos investimentos em áreas já existentes. Assim, haverá maior

necessidade de mão-de-obra e consequentemente, aumento do emprego e da

renda no campo, favorecendo a permanência do homem no campo. Ainda,

servirá como alternativa para pessoas alocadas nos grandes centros de forma

precária e desumana, a retornar para o campo e viverem em condições

confortáveis. Portanto, o Polo servirá como alternativa para uma região

dependente, quase que exclusivamente, da criação de bovinos e café.

Conclusões

A necessidade de pesquisas são incessantes, porém, a cada dia,

percebemos que as Instituições devem caminhar mais próximas das demandas

dos produtores e da iniciativa privada. Da mesma forma, os atores envolvidos

devem se aproximar das Instituições de pesquisa, pois só assim, todos serão

beneficiados.

Infelizmente, vivemos em um momento de instabilidade, no entanto, o

agronegócio é o propulsor da nossa economia a anos, o que faz com que

tenhamos esperança de dias melhores quando passarmos por essa turbulência.

Referências

CARVALO, A.J.C de; FREITAS, J.A.A.; PESSANHA, P.G.O. Situação da

Fruticultura Brasileira e Capixaba. In: ZUCOLOTO, M. SCHILDT, E.R.

COELHO, R.I. Fruticultura Tropical: Diversificação e consolidação. Alegre:

CAUFES, 2015. Capítulo 1, p.13-22.

FERREIRA, H. A. L.; SILVA, F. O dos R.; RONCHI, B. B.; FALQUETO,

A. R.; ZUCOLOTO, M. Relação entre as dimensões da terceira folha e a

área foliar total de bananeiras do tipo maçã. In: XXIV CONGRESSO

BRASILEIRO DE FRUTICULTURA. 24, 2016. São Luís – MA.

FISCHER, L de R. Fenologia e caracterização físico-química dos frutos de

bananeiras no Norte do Espírito Santo. 2016. 22 f. Trabalho de Conclusão

de Curso (Bacharelado em Agronomia) - Centro Universitário Norte do

Espírito Santo, Universidade Federal do Espírito, São Mateus.

Page 40: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

40

FISCHER, L de R.; MACEDO, I.; KUHLCAMP, K. T.; BARROS, F. L de

S.; MOREIRA, S. O.; ZUCOLOTO, M. Correlações entre caracteres

morfoagronômicos e de reação a doenças em mamoeiro da cultivar Rubi

Incaper 511. In: XXIV CONGRESSO BRASILEIRO DE

FRUTICULTURA. 24., 2016. São Luis – MA.

OSIPI, E. A. F.; NAKAGAWA, J. Efeito da temperatura na avaliação da

qualidade fisiológica de sementes do maracujá- doce (Passiflora alata

Dryander). Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 27, n. 1, p.

179-181, 2005.

RIBEIRO, A. M. S. Produtividade e qualidade pós-colheita de

abacaxizeiro fertirrigado em função de diferentes parcelamentos de

nitrogênio e potássio. 2015. 32f. Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa de Agricultura Tropical, Centro Universitário Norte do Espírito

Santo, Universidade Federal do Espírito, São Mateus.

RONCHI, B. B.; FISCHER, L de R.; EFFEGEM, C.; SILVA, F. O dos R da;

ZUCOLOTO, M. Qualidade pós-colheita de mamão cv. Golden submetido

ao vapor de etanol. In: XXIV CONGRESSO BRASILEIRO DE

FRUTICULTURA. 24., 2016. São Luis – MA

RONCHI, B. B.; FISCHER, L de R.; SILVA, F. O dos R. da; AMORIM, E.

P.; ZUCOLOTO, M. Fenologia de diferentes cultivares de bananeira no

estádio de florescimento no Norte do ES. In: XXIV CONGRESSO

BRASILEIRO DE FRUTICULTURA. 24., 2016. São Luis – MA. RONCHI, B. B.; FISCHER, L de R.; SILVA, F. O dos R da; PELEGRINI, H.

R.; ZUCOLOTO, M. Germinação de sementes de maracujazeiro amarelo

em função do tratamento pré germinativo e do estádio de maturação. In:

XIX ENCONTRO LATINO AMERICANO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA,

XV ENCONTRO LATINO AMERICANO DE PÓS-GRADUAÇÃO E V

ENCONTRO DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA. 19., 2015. São José dos

Campos - SP. Anais. São José dos Campos: Universidade do Vale da Paraíba,

2015. 1 CD.

SILVA, F. O dos R da; ZUCOLOTO, M.; BARROCA, M. V.; RONCHI, B.

B.; FISCHER, L de R. Sistema radicular do abacaxizeiro ‘Pérola’ em

função do parcelamento da adubação e alternativas de manejo da

fertirrigação. In: XXIV CONGRESSO BRASILEIRO DE

FRUTICULTURA. 24., 2016. São Luis – MA.

Page 41: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

41

CAPÍTULO 4

A cultura da Goiabeira no Estado do Espírito Santo

Erli Röpke

Introdução

A goiabbeira (Psidium guajava L.) tem sua origem na América Tropical e

é um alimento muito nutritivo, pois tem sais minerais e vitaminas,

principalmente a vitamina C. O Brasil é um dos maiores produtores de goiaba

do mundo, seguido por países como a Índia, Paquistão, México, Egito,

Tailândia, entre outros. Os Estados de São Paulo e Pernambuco são os maiores

produtores no Brasil.

Histórico do cultivo da goiabeira no Estado do Espírito Santo (ES)

O cultivo comercial da goiabeira no Estado do Espírito Santo iniciou no

município de Santa Teresa com o casal José e Isabel Corti (goiaba Cortibel –

1991), seguidos pelo Sr. Luiz Carlos Battisti (goiaba Paluma - 1992) e ainda,

no segundo semestre de 1992, com apoio do Incaper-ES, um grupo de

produtores receberam cerca de 100 mudas de goiaba Paluma cada um,

destacando-se a família Brunow em Tancredinho (hoje município de São

Roque do Canaã). No ano de 2003 o Governo do Estado lançou o Polo de

Goiabeira no município de Pedro Canário, com objetivo principal de atender

à fábrica de sucos em Linhares-ES. Esse Polo de Goiabeira ficou prejudicado

com a presença do nematóide-das-galhas (Meloidogyne mayaguensis) nas

Page 42: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

42

lavouras, o que provocou um comprometimento na expansão do Polo. Hoje o

ES conta com cerca de 500ha de goiabeira plantada, sendo os municípios de

Afonso Cláudio e São Roque do Canaã, os maiores produtores. As cultivares

Paluma e Cortibel são as goiabeiras mais cultivadas no ES, com expansão

expressiva das cultivares Cortibeis. A cultura da goiabeira no ES é praticada

por pequenos produtores, sendo de grande importância social, pois gera

emprego e renda no campo o ano inteiro.

Descrição das cultivares

As cultivares de goiabeira mais plantadas no Brasil, atualmente são:

Paluma e Pedro Sato (mais antigas) e, Tailandesa e Cortibel (novas

cultivares).

1- Paluma: goiaba vermelha, muito produtiva e de rápido

desenvolvimento vegetativo (Figura 1). Desenvolvida na

UNESP/FCAV de Jaboticabal-SP, seu cultivo expandiu-se

rapidamente por todas as regiões produtoras de goiaba do Brasil na

década de 90, devido a facilidade de sua multiplicação por

enraizamento de estacas, sua homogeneidade de produção e aos

avanços nas técnicas de produção de goiaba. É a goiaba mais utilizada

pela indústria na confecção de sucos, doces e outros derivados. A

goiaba Paluma tem pós colheita curto, dificultando seu fornecimento

em mercados mais distantes e também, uma possível exportação.

Page 43: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

43

Figura 1 – Paluma, Experimento Frucafé, Linhares-ES – foto Erli Röpke

Page 44: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

44

2- Pedro Sato: goiaba vermelha, plantas vigorosas, fruto rugoso e

saboroso (Figura 2). Surgiu provavelmente no Rio de Janeiro e é muito

plantada nos Estados de SP e MG, como opção de goiaba para mercado

de mesa. Pós colheita razoável, porém, menos produtiva, se comparada

à Paluma.

Figura 2 – Pedro Sato, Experimento Frucafé, Linhares-ES – foto Erli Röpke

Page 45: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

45

3- Tailandesa: goiaba vermelha, frutos grandes e rugosos, produtiva e

com plantas vigorosas (Figura 3). Surgiu no Estado de SP, onde

expandiu-se rapidamente nos últimos 05 anos entre os produtores

como opção de goiaba para mesa. Esta cultivar não está registrada no

RNC (Registro Nacional de Cultivares), portanto sua multiplicação e

comercialização de mudas está ocorrendo de modo irregular. Também

sofreu ataque de Pinta preta (Guignardia psidii), doença não comum

em goiaba. Pós-colheita considerada boa.

Figura 03 – Tailandesa, produtor Donizete De Grande, C. Rodrigues-SP – foto

Erli Röpke

Page 46: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

46

4- Cortibel RM (Rugosa Média): goiaba vermelha, frutos rugosos de

sabor incomparável, plantas vigorosas e rústicas (Figura 4). Surgiu no

ES, fruto de melhoramento realizado pelo Sr. José Corti/Frucafé

Mudas. Muito indicada para o mercado de frutos de mesa e para

regiões mais frias e úmidas, pois é muito resistente à ferrugem,

bacteriose e antracnose. As maiores áreas de plantio desta cultivar

estão na região de Barbacena-MG, na região serrana do ES e em

Goiânia-GO. Pós-colheita dos frutos é satisfatório.

Figura 4 – Cortibel RM, produtor Marcus Vinícius, Goiânia-GO – foto Erli

Röpke

Page 47: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

47

5- Cortibel RG (Rugosa Grande): goiaba vermelha, frutos rugosos e

grandes, plantas vigorosas e muito produtivas (Figura 5). Surgiu no

ES, fruto de melhoramento realizado pelo Sr. José Corti/Frucafé

Mudas. Muito indicada para o mercado de frutos de mesa, pois

apresenta tamanho médio/grande dos frutos, rugosidade, textura firme

e polpa crocante. Está expandindo por todo o Brasil. Pós-colheita

excelente com indicação para mercados distantes e até a exportação.

Figura 5 – Cortibel RG, produtor Ronaldo J. Postighel, Itarana-ES – foto Erli

Röpke

Page 48: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

48

6- Cortibel SLG (Semi Lisa Grande): goiaba vermelha, frutos grandes e

saborosos, plantas vigorosas e muito produtivas (Figura 6). Surgiu no

ES, fruto de melhoramento realizado pelo Sr. José Corti/Frucafé

Mudas. Indicada para o mercado de frutos de mesa, pois apresenta

tamanho médio/grande dos frutos, textura firme da polpa e não libera

cheiro forte para ambiente quando está madura. Está expandindo-se

por todo o Brasil. Pós-colheita muito boa com indicação para mercados

distantes e exportação.

Figura 6 – Cortibel SLG, Experimento Frucafé – foto Erli Röpke

Condições de clima, solo e relevo

A goiabeira adapta-se aos mais diversos tipos de solo, clima e relevo. No

Estado do ES a goiabeira é cultivada praticamente em todas as regiões, com

colheitas o ano todo. Nas regiões mais quentes, percebe-se que algumas

cultivares podem acelerar o ciclo, e até mesmo, apresentar frutos menores ou

com mais problemas fitossanitários. Já nas regiões muito frias, o ciclo pode

Page 49: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

49

aumentar e até impossibilitar a realização de podas entre os meses de maio a

julho. Em casos onde os produtores utilizam mecanização em suas áreas,

deve-se dar preferência para terrenos mais planos.

Espaçamento e plantio

Os espaçamentos utilizados pelos produtores e/ou recomendados podem

variar conforme relevo, tamanho do pomar e se o objetivo é para frutos de

mesa ou indústria. Para indústria recomenda-se 7m x 5m, média de 35m² a

40m² por planta. Pomares para frutos de mesa recomenda-se 6m x 3,5m,

média de 18m² a 25m² por planta. Há produtores aderindo à plantio mais

adensados, mas também, deverá intensificar as atividades de manejo, pois

pode trazer mais pragas e dificuldade na mecanização. Na Frucafé Mudas em

Linhares-ES, está sendo implantado um experimento (2017/2025) com 39

cultivares de goiabeira com 09 repetições, com espaçamentos que iniciam

com 6 x 3m (555 plantas/ha) até mais adensados com 3 x 2m (1.666

plantas/ha). Para o pequeno produtor, que dispõe de pouca área para plantio,

o adensamento pode ser uma excelente opção, podendo em alguns casos,

dobrar sua produtividade por hectare.

Mudas de qualidade e plantio

No momento do plantio, o produtor deve estar atento à qualidade das

mudas e adquiri-las com viveirista idôneo, com RENASEM (Registro

Nacional de Sementes e Mudas) e com Inscrição de Viveiro para goiabeira. O

viveiro que está em dia com a legislação de mudas, emitirá Nota Fiscal e

Termo de Conformidade do lote de mudas. As mudas devem ser produzidas

em ambiente de canteiros suspensos, em substrato que não contenha solo e

irrigadas com água que não venha de córregos e rios e sim, de fonte limpa ou

água tratada. O plantio pode ocorrer em covas (50x50x50cm) ou em sulcos

adubados com adubos fostatados e material orgânico compostado. Dê

preferência à análise de solo. Mudas devem ser plantadas com cerca de 3 a 5

pares de folhas e tutoradas no ato do plantio para facilitar a formação inicial

das plantas.

Irrigação

O manejo de pomar de goiabeira sem irrigação no ES é inviável, pois os

períodos de chuvas são curtos e muito mal distribuídos. Para colher goiaba o

Page 50: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

50

ano todo é necessário irrigar, pois as plantas exigem quantidades diferentes

de água durante o ciclo. O sistema de irrigação mais indicado para goiabeira

é o de microaspersão com vazão entre 37 e 70 litros por hora. Há produtores

que utilizam microjets, microspray e gotejamento, até a primeira poda de

produção, com instalação dos microaspersores a partir desta fase. A

quantidade de água varia com a idade do pomar, tipo de solo e temperatura.

Em solos mais arenosos recomenda-se irrigar mais vezes (todo dia, por ex.) e

com menos tempo e, em solos mais argilosos pode-se irrigar com maior

quantidade de água e menor frequência (2 ou 3 vezes por semana, por ex.).

Pragas e Doenças

Do mesmo modo que a goiaba é um alimento importante para o ser

humano, também é para muitos insetos e microrganismos da natureza.

Portanto, é necessário um monitoramento constante do pomar, a fim de

realizar atividades de manejo adequados e fazer prevenção para as pragas não

danificarem o pomar e os frutos. Para que o produtor faça o manejo e

prevenção adequados das pragas, ele necessita em primeiro lugar de conhecer

as fases em que ocorre os danos as plantas ou aos frutos, horário de possível

ataque, condições favoráveis à sua proliferação vetores, inimigos naturais,

entre vários outros.

Para ajudar na identificação, a seguir será descrito algumas das pragas mais

importantes no cultivo de goiabeira no ES, numerando-as na sequência que

atacam desde a poda à colheita.

1- Tripes – inseto bem pequeno (tipo uma larva) de cor preto e/ou vermelho

que ataca os ponteiros da planta, botões florais e goiabas novas. Ataca o ano

todo, sendo mais intenso entre os meses de setembro a março. Controle com

pulverizações preventivas.

2- Ácaro branco - Inseto muito pequeno, praticamente invisível a olho nu.

Ataca as folhas novas do ponteiro da planta, deixando-as com tamanho menor,

retorcidas e com cor amarelo-claro (como se a planta estivesse num local

sombreado). Inibe o crescimento da planta e dos botões florais. Aparece

principalmente, em períodos que não chove. Fazer pulverizações contínuas

com produtos piretróides, o que pode intensificar o aparecimento de ácaros

no pomar. Controle preventivo com pulverizações de Calda Sulfocálcica e

inseticidas/acaricidas.

3- Psilídio – inseto pequeno que ataca a bordadura da folha, fazendo com que

Page 51: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

51

essa se enrole e apresente uma cor roxeada. Causa grandes prejuízos se não

controlado logo no início, pois paralisa o crescimento da planta e dificulta o

controle. Pode ocorrer o ano todo, sendo mais intenso de fevereiro a outubro.

Controle com pulverizações no início da infestação.

4- Ferrugem – doença fúngica que ataca folhas e frutos. Nas folhas apresenta

áreas arredondadas na forma de um “pó” amarelo na parte inferior (de baixo)

das folhas. Nos frutos, ataca sua superfície. Maior ocorrência em períodos

chuvosos e quentes (janeiro a abril). Controle com podas adequadas e

pulverizações preventivas.

5- Gorgulho – inseto de tamanho médio (parece um caruncho de milho

gigante), de cor preto-acinzentado. Ataca os ponteiros da planta fazendo um

furo no ramo, paralisando seu crescimento. Nos frutos (tamanho de um

pêssego) fazem perfurações e depositam um ovo que se transforma numa

larva branca e grande, que inutiliza todo o fruto (não serve nem para a

indústria). No local perfurado aparece uma mancha escura do tamanho de

0,5cm. Ataca ano todo, sendo mais intenso de outubro a março. Controle com

eliminação e catação dos frutos atacados e pulverizações preventivas.

6- Moscas-das-frutas – mosca pequena, de cor preto-amarelada. Deposita os

ovos na fruta que se transformam em pequenas larvas brancas (bicho da

goiaba), tornando-o inútil para o mercado de fruto in natura. Ataca o ano todo,

sendo mais intenso de outubro a março. Controle com armadilhas de garrafas

pet, ensacamento dos frutos e pulverizações preventivas.

7- Antracnose – doença que ataca os frutos em fase de amadurecimento e

pós-colheita, provocando pequenas manchas pretas que vão crescendo e

amolecendo o fruto. Frutos que sofreram ataques de insetos (Ex. tripes,

ácaros, etc.) quando novos são mais susceptíveis ao ataque da Antracnose.

Controle de insetos no fruto, irrigação e adubação adequada podem evitar a

Antracnose. As primeiras colheitas sempre apresentam mais problemas com

Antracnose. Prevenção e controle através pulverizações com fungicidas.

Outras pragas que também podem atacar a goiabeira e seus frutos:

cochonilhas, formigas cortadeiras, ácaro vermelho, percevejos, besouros,

mosca branca, vaquinhas, lagartas, broca do tronco, nematoides, etc. Estas

pragas são chamadas de pragas secundárias, pois pomares bem cuidados

normalmente não apresentam problemas com essas pragas, mas mudanças

bruscas de clima podem dar condições para o desenvolvimento rápido de uma

praga ou doença. O uso excessivo de nitrogênio nas adubações, podem

Page 52: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

52

provocar a proliferação mais rápida de várias pragas na goiaba. Não há muitos

produtos registrados para controle fitossanitário em goiabas no Brasil,

principalmente inseticidas. É necessário intensificar pesquisas e

posicionamento dos produtores de goiaba para aumentar o leque de produtos

registrados, para que a comercialização no mercado interno e as exportações

sejam seguras.

Podas

A poda é a atividade de manejo mais importante no cultivo da goiabeira,

tanto as podas de formação das plantas, quanto as podas de produção. A poda

pode determinar a quantidade e a qualidade dos frutos que serão colhidos,

portanto, o produtor deve investir em treinamento para não errar nas podas.

Até o terceiro ano de idade, as plantas de goiabeira estarão em formação,

mesmo já tento passado por cerca de três podas de produção. Até alguns anos

atrás, os produtores de todo Brasil utilizavam podas de formação de plantas

mais abertas e grandes (até 6m de diâmetro de copa), porém, com a expansão

da ideia de adensamento, cada vez mais os produtores estão compactando as

plantas com podas mais curtas, sendo toda a formação feita com tesoura de

poda, sem escoramento ou amarração de ramos. Se considerarmos um pomar

plantado em ambiente tropical, teremos a seguinte cronograma de poda: 1ª

poda de formação (entre 90 e 120 dias após o plantio) com o corte do ramo

principal (guia) cerca de 40cm de altura (Figura 7); 2ª poda de formação (entre

120 e 160 dias após plantio) com corte das ponteiras dos ramos laterais em

cerca de 30 a 40cm do tronco (Figura 8); 3ª poda de formação (entre 160 e

210 dias após o plantio) com corte novamente dos ponteiros dos ramos que

brotaram após a 2ª poda em cerca de 30 a 40cm. Após a 3ª poda a planta estará

com cerca de 20 ramos que vão crescer à vontade até ficarem maduros (com

pelo menos 6 pares de folhas no ramo de cor marrom). 1ª poda de produção

(cerca de 10 a 12 meses após o plantio) que consiste na poda drástica de todos

os ramos (podar na parte marrom) em cerca de 20 a 30cm da última poda

(Figura 9 e 10). Todos os ramos vão lançar de 1 a 3 brotos com botões florais

que darão origem à primeira colheita (cerca de 20 a 40kg de frutos por planta)

6 meses após a poda. 2ª poda de produção (ocorrerá cerca de 8 meses – 34 a

36 semanas após a 1ª poda de produção). 3ª poda de produção (ocorrerá cerca

de 8 meses – 34 a 36 semanas após a 2ª poda de produção) (Figura 11). 4ª

poda de produção (ocorrerá cerca de 8 meses – 34 a 36 semanas após a 3ª

Page 53: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

53

poda de produção). Nesta fase, as plantas estarão com cerca de 36 a 40 meses

de idade e totalmente formadas com cerca de 200 ramos de produção, com

capacidade de produzir entre 600 e 800 frutos a cada 8 meses. É bom ressaltar

que algumas cultivares (Paluma, por ex.) necessitam de podas de produção

mais alongadas nos ramos e outras mais curtas (Cortibel RG, por ex.).

Figura 7 – 1ª poda de formação

Figura 8 – 2ª poda de formação

Page 54: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

54

Figura 9 – Planta apta para a 1ª poda de produção

Figura 10 – 60 dias após a 1ª poda de produção

Figura 11 – planta após a 3ª poda de produção – planta com cerca de 30 meses

de idade

Page 55: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

55

Manejo em talhões e ciclo de produção

A goiabeira é uma das poucas frutas que podem ser manejadas em

quaisquer regiões do Brasil (exceção para climas muito frios), e produzir o

ano todo. Para produzir o ano todo, o manejo do pomar em talhões é

fundamental, pois o produtor consegue seguir uma agenda de atividades que

coincide com o ciclo das plantas e frutos. Assim, o produtor pode alterar

volume de irrigação durante o ciclo, pulverizar e respeitar carência dos

produtos, fazer raleio dos frutos na hora certa, colher todos os dias numa

quantidade menor de plantas, entre outras. Há variações no ciclo das

cultivares entre a poda e o início da maturação dos frutos, por ex. a Cortibel

RM inicia com 165 dias, a Paluma com 175 dias e a Cortibel RG com 190

dias, podendo sofrer alteração para 10 dias menos ou mais, de uma região para

outra. Considerando que o ciclo entre uma poda de produção e outra, vai de

224 dias a 252 dias (32 a 36 semanas), o produtor deve criar uma agenda

semanal de atividades para cada talhão. Para as cultivares mais precoces

(Cortibel RM, Paluma), sugerimos um número mínimo de 08 talhões e para

as mais tardias (Cortibel RG), um mínimo de 09 talhões, ambos os casos com

podas de um novo talhão a cada 28 dias (04 semanas). Para garantir uma

produção semanal mais estável em volume de frutos, há produtores que fazem

podas a cada 14 dias, o que dobra o número de talhões.

Colheita e comercialização

Como descrito anteriormente, o produtor é que escolhe o dia que quer

colher. Mas é muito importante definir anteriormente para quem vai vender,

mercado de mesa (feiras, supermercados, CEASAs) ou para a indústria. O

ponto de colheita do fruto e sua embalagem vai determinar como este fruto

vai chegar ao consumidor final. As cultivares com melhor pós colheita, vão

fazer a diferença quando o mercado é mais longe ou quando o produtor

exportar. O resfriamento do fruto logo após a colheita e o transporte em

ambiente resfriado, também vão aumentar a vida útil dos frutos.

Normalmente, faz-se 2 ou 3 colheitas no pomar por semana, mas há

produtores que preferem colher todos os dias, assim, sempre terá frutos no

mesmo padrão de maturação. Há necessidade de mais pesquisas nesta área de

pós-colheita com goiabas, principalmente das novas cultivares.

Page 56: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

56

Conclusão

A cultura da goiabeira é uma excelente opção de emprego e renda no

campo, pois proporciona colheita e faturamento o ano todo. Também é um

desafio, pois exige mais precisão e qualidade nas decisões e atividades dos

produtores. No ano de 2000, escrevi a frase a seguir em um documento para

um grupo de produtores em que prestava assistência técnica: “O SUCESSO

NO CULTIVO DA GOIABEIRA ESTÁ EM OBSERVAR

CONSTANTEMENTE O POMAR, SEGUIR AS RECOMENDAÇÕES E

NÃO DAR OUVIDO À PESSOAS QUE NÃO SÃO PRODUTORES DE

GOIABA”. (Erli Röpke – mar/2000).

Page 57: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

57

CAPÍTULO 5

Aspectos de ecofisiologia e estratégias de manejo da

bananeira

Sérgio Luiz Rodrigues Donato

Alessandro de Magalhães Arantes

Vagner Alves Rodrigues Filho

Maria Geralda Vilela Rodrigues

Francisco Ermelindo Rodrigues

Introdução

Ecofisiologia compreende o estudo do funcionamento, da adaptação e da

eficiência de uma determinada espécie ou cultivar a um ambiente específico.

Os diversos processos são interdependentes e influenciados pelas interações

dos fatores água-solo-genótipo-atmosfera. Esses processos determinam o

crescimento, o desenvolvimento fenológico (Figura 1) e a produtividade da

bananeira, que também são regulados pela interferência humana.

O cultivo da bananeira no mundo abrange diferentes zonas climáticas. Em

cada ambiente predomina determinados estresses abióticos que limitam a

produtividade. Contudo, independentemente do padrão climático da região de

cultivo, as discussões atuais remetem para o predomínio de extremos e

variabilidade climática, que sugerem aumentos dos estresses de seca e calor.

Na maioria dos ambientes de cultivo, a bananeira está quase sempre sob

estresse, deslocada do seu ótimo fisiológico. Portanto, o entendimento da

ecofisiologia da bananeira fomenta a interferência para aumentar a segurança

produtiva, a sustentabilidade e a resiliência do cultivo. Isso envolve atuação

em desenvolvimento de cultivares tolerantes a esses estresses (Ravi et al.,

2013) e de estratégias de manejo em sintonia fina com as especificidades e

interações locais. Assim, objetiva-se com o presente texto apresentar algumas

informações sobre ecofisiologia e estratégias de manejo da bananeira.

Page 58: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

58

Desenvolvimento fenológico, ecofisiologia e práticas culturais na

produção de banana

O ciclo de desenvolvimento da bananeira (Figura 1B) compreende quatro

estádios com duração média de 90 dias, a depender da cultivar e das condições

ambientais. No ciclo de produção da planta-mãe, no primeiro estádio,

denominado infantil, que se estende do pegamento até o surgimento da

primeira folha com 10 cm (F10) de largura de limbo (Soto Ballestero, 2008),

o crescimento é lento. Nos ciclos posteriores o rebento depende da planta-mãe

e quanto mais durar essa dependência, quando permanecerá com folhas

lanceoladas por inibição hormonal da mãe, maior será a sua produção.

A B Figura 1. Representação do ciclo da bananeira, com adaptações das durações dos estádios para bananeira Prata

(A). Distribuição percentual da matéria seca em bananeira ‘Williams’ (AAA) durante os estádios fenológicos

ao longo do primeiro ciclo nos subtrópicos (B). Adaptação aproximada dos períodos para ’Prata-Anã’. NOTA: Y: gema, desenvolvimento do filho; F10: primeira folha com 10 cm de largura; Fm: primeira folha

adulta característica da cultivar; DF: diferenciação floral; F: emissão da inflorescência; C: colheita do cacho. FONTE: Donato et al. (2015). A - Adaptado e modificado de Soto Ballestero (2008). B - Adaptado e modificado

do original de Robinson & Galán Saúco (2010). Ilustrações: Pedro Ricardo Rocha Marques

O estádio juvenil, de crescimento rápido, que se estende do surgimento da

folha F10 à emergência da primeira folha adulta (Fm), corresponde à

diferenciação floral e à independência da planta-filha. Nesse estádio é crucial

a interferência do produtor com estratégias que assegurem o aumento do ritmo

de emissão foliar para favorecer a emissão de uma inflorescência com muitas

pencas. O terceiro estádio, reprodutivo, porém vegetativo aparente, vai da

diferenciação floral ao aparecimento da inflorescência (F). A partir da

emergência do cacho a planta-mãe paralisa a emissão de raízes e folhas e os

filhos passam a contribuir mais com absorção de água e nutrientes.

A retirada de folhas danificadas e sombreadas deve ter atenção especial a

Page 59: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

59

partir do florescimento, pois podem constituir drenos, além de dificultar a

refrigeração do bananal e afetar a eficiência instantânea de uso da água. O

conhecimento das relações fonte–dreno entre órgãos ao longo do ciclo

(Figura1B) possibilita ao produtor direcionar o acúmulo de assimilados para

a produção e a continuidade do cultivo. No primeiro estádio, há acúmulo de

matéria seca (MS) na folha, dreno preferencial e no segundo estádio, no

pseudocaule, por apresentar grande desenvolvimento estrutural para suportar

o cacho. No terceiro e início do quarto estádio, a MS é alocada para o rizoma

e filhos jovens e, após o florescimento, é realocada simultaneamente para o

desenvolvimento do cacho e para o broto selecionado para ser a planta-filha.

No momento da colheita o cacho representa 30% à 50% da MS da planta.

A prática de desbaste realizada em época próxima à diferenciação floral é

essencial para assegurar a continuidade e equilibrar as relações fonte-dreno.

Dessa maneira, o pico de dreno de assimilados do seguidor coincide com o do

rizoma. O filho passa a ser independente e não compete diretamente com o

cacho. A remoção do excesso de netos diminui a competição posterior com o

cacho, além de assegurar a sincronia na família no momento da colheita

(Figura 2A), sem risco de atraso nos ciclos posteriores (Figura 2B).

A B Figura 2. Família de bananeira Prata em primeiro ciclo de produção. Sincronia normal (A). Família sem

sincronia (B). Fotos: A: Sérgio Luiz Rodrigues Donato; B) Alessandro de Magalhães Arantes

Bananeira é uma planta hidrófita, considerada sensível ao déficit hídrico

no solo e responsiva à irrigação, por isso, a água é o fator abiótico mais

limitante à sua produção (Vanhove et al., 2012). Em condições de estresse por

seca e/ou calor aumenta a síntese do hormônio ácido abscísico (ABA) nas

raízes (Mahouachi et al., 2014), transporta até a parte aérea via xilema e

provoca o fechamento estomático. Esse mecanismo conserva a água na planta,

mas interfere na assimilação de CO2 e na produtividade. A compactação

também influencia a síntese de ABA, pois diminui o transporte de água do

Page 60: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

60

solo até as raízes e restringe o crescimento radicular.

Apesar das bananeiras serem bastante sensíveis à seca, genótipos de

genoma “B”, em particular "ABB", são mais tolerantes à seca e outros

estresses abióticos que os de genoma “A” (Vanhove et al., 2012). Assim, os

programas de melhoramento devem ter um plano de fenotipagem como pré-

requisito para melhorar características direcionadas a esses estresses.

A disponibilidade de água e nutrientes no solo está relacionada às trocas

gasosas e ao crescimento e desenvolvimento da bananeira. Desse modo,

quaisquer medidas em plantas devem ser corroboradas com medições da

umidade do solo e de condições atmosféricas (Mahouachi et al., 2014).

Em condições semiáridas do norte de Minas Gerais, a taxa de assimilação

líquida de CO2, a taxa de transpiração (Figura 3A) e a eficiência de

carboxilação (Figura 3B) da ´Prata-Anã’ (AAB) variam de forma direta com

o aumento da disponibilidade de água no solo, proporcionada pelo aumento

da lâmina de irrigação aplicada. A taxa de assimilação líquida varia de forma

direta com a taxa de transpiração (Figura 3C), decorrente do aumento da

lâmina de irrigação aplicada, em cultivares de diferentes grupos genômicos.

A B C Figura 3. Taxas de assimilação líquida de CO2 A e de transpiração E (A) e eficiência de carboxilação A/Ci da

cultivar Prata-Anã em função da lâmina de irrigação (%ETc) (B).Correlação entre taxas de assimilação líquida

de CO2 A e de transpiração E das cultivares Prata-Anã (AAB), Grande Naine (AAA), BRS Princesa (AAAB), BRS Platina (AAAB) e FHIA-18 (AAAB) submetidas à lâminas de irrigação variando de 25 à 125% ETc (C).

Maio à novembro de 2011, Nova Porteirinha, MG. Nota: mensurações realizadas às 14:00.

Esses resultados atestam que em bananeira com inadequado suprimento de

água, os decréscimos na fotossíntese (Figura 3A) e na eficiência de

carboxilação (Figura 3B) estão associados inicialmente à restrição estomática

à entrada de CO2, evidenciado pela diminuição da transpiração com

decréscimo da lâmina aplicada (Figura 3C). A diminuição de CO2 no sítio da

rubisco por fechamento estomático causado pelo estresse hídrico ou

Page 61: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

61

problemas no sistema enzimático, por exemplo, desnaturação de proteínas,

rompimento de membranas em razão de choque térmico, modifica as

constantes cinéticas da rubisco, aumenta a taxa de oxigenação

(fotorrespiração) preferencialmente à carboxilação e decresce a fotossíntese.

A literatura indica os limites térmicos para a bananeira entre 15 e 38 ºC

(Robinson & Gálan Saúco, 2010). O estresse inicia com 34 ºC, com 38 ºC o

crescimento é paralisado, ocorre fechamento estomático e superaquecimento

dos tecidos. Esses dados estabelecem as temperaturas infra e supraótimas e

formam a base para estimar a produção potencial da bananeira, desde que os

demais fatores de produção estejam no ótimo. São informações genéricas para

bananeiras de diferentes grupos genômicos, embora a maioria das

observações refere-se a cultivares tipo Cavendish (AAA).

A maior temperatura da folha de bananeiras tipo Maçã registrada às 14:00

h comparada às 8:00 h (Tabela 1), é consequência da elevação da temperatura

do ar à tarde, que aumenta a transpiração e diminui a eficiência instantânea de

uso da água (EUA) (Arantes et al., 2016). A irrigação também favorece o

aumento da transpiração. Esse aumento da transpiração à tarde sugere que o

declínio da EUA decorre mais de alterações no sistema enzimático

decrescendo a eficiência de carboxilação do que da restrição estomática à

entrada de CO2.

Page 62: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

62

Tabela 1. Taxa fotossintética (A), taxa de transpiração (E), eficiência instantânea do uso da água (A/E),

eficiência de carboxilação (A/Ci), μmol CO2 m-2s-1/μmol CO2, temperatura foliar (Tleaf), avaliadas na terceira

folha de bananeiras tipo Maçã (‘Maçã’, ‘BRS Tropical’, ‘BRS Princesa’, Maçã, YB42-03; YB42-17, YB42-47 e ‘Caipira’), no primeiro ciclo de produção em diferentes épocas e horários. Guanambi, BA, 2010-2011

Meses

A(μmol CO2 m-2s-1) E(mmol H2O m-2s-1) A/E A/Ci Tleaf(oC)

08:00 h 14:00 h 08:00 h 14:00 h 08:00 h 14:00 h 08:00 h 14:00 h 08:00 h 14:00 h

Fev 15,51 Ca 11,64 Db 3,14 Cb 5,11 Da 5,00 Ba 2,29 Db 0,073 Ca 0,056 Cb 31,36 Cb 39,19 Aa

Mar 15,23 Ca 15,74 Ba 2,91 Cb 4,78 Da 5,20 Ba 3,36 Bb 0,067 Ca 0,071 Ba 31,88 Cb 35,68 Ca

Abr 15,12 Ca 13,72 Ca 2,27 Db 4,00 Da 6,81 Aa 3,97 Ab 0,070 Ca 0,060 Cb 34,57 Aa 35,01 Ca

Jul 24,05 Aa 19,19 Ab 4,51 Bb 7,65 Ba 5,39 Ba 2,57 Cb 0,110 Aa 0,090 Ab 29,59 Db 37,30 Ba

Ago 24,00 Aa 18,03 Ab 4,78 Bb 9,04 Aa 5,05 Ba 2,03 Db 0,114 Aa 0,083 Ab 31,08 Cb 39,93 Aa

Set 24,98 Aa 18,06 Ab 6,94 Ab 7,57 Ba 3,70 Ca 2,56 Cb 0,114 Aa 0,085 Ab 33,58 Bb 37,53 Ba

Nov 18,28 Ba 15,55 Bb 3,60 Cb 6,28 Ca 5,20 Ba 2,53 Cb 0,084 Ba 0,072 Bb 31,49 Cb 39,05 Aa

CV(%) 21,49 24,78 23,33 23,19 4,98

*Médias seguidas por letras iguais maiúsculas, nas colunas para meses, pertencem a um mesmo agrupamento pelo critério de

Scott-Knott a 5% de probabilidade; e minúsculas nas linhas para horários não diferem significativamente pelo teste F a 5% de

probabilidade. Médias das cultivares. Fonte: Elaboração dos autores.

Dessa forma, cultivos de bananeira em regiões mais sujeitas à variabilidade

climática, onde predominam estresses de calor e radiação associados, pelo

menos em determinadas épocas do ano requer manejo que melhore a

refrigeração da planta e maximize a produtividade. Por exemplo, aumento de

densidade de plantio, desfolha, manejo do pseudocaule e da palhada,

adubação orgânica, manejo e sistemas adequados de irrigação, aplicação de

protetores solar. Adicionalmente, em mercados com maior remuneração da

produção ou estresses mais extremos, é recomendável a adoção de cultivo

protegido (Cabrera & Galán Saúco, 2005), com diferentes níveis de

sombreamento e materiais de cobertura (Pirkner et al., 2014).

A desfolha (Figura 4A) melhora a troca de calor sensível no bananal,

diminui inóculo de patógenos e efeito de dreno exercido por folhas velhas

sombreadas. Contudo, para produtividades normais, a bananeira, no

florescimento demanda de 10 a 12 folhas para ‘Prata-Anã’, menos que 12 para

‘Grande Naine’ (Rodríguez González et al., 2012) e para plátanos, seis folhas

funcionais da floração aos 45 dias de idade do cacho (Barrera et al., 2009).

O uso de protetores solar tem aumentado em função da variabilidade

climática e incremento da produtividade dos cultivos. Os fabricantes

informam que produtos à base de caolim e carbonato de cálcio são concebidos

Page 63: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

63

por tecnologia de reflectância avançada, constituem um filme de partículas

minerais finas com formulação líquida não abrasiva, de fácil manuseio e

utilização em mistura de tanque para pulverização, além de fácil remoção dos

frutos nos tanques de lavagem durante o processamento. Há afirmações que a

caulininta calcinada (Surround WP®) aumenta a refletividade da luz solar,

protege as plantas de queima solar e estresse por calor, promove o

desenvolvimento de biomassa, reduz o dano causado pela radiação

ultravioleta e infra-vemelha, aumenta a captura, a transmissão de luz, a

concentração de clorofila, reduz a temperatura das folhas e frutos, não

bloqueia os estômatos e ativa a fotossíntese (Ortiz et al., 2013a, b, c).

Ortiz et al. (2013b, c) aplicaram com pulverizador costal, a cada 15 dias,

do transplantio até a floração da planta-mãe e do seguidor selecionado em

‘Grande Naine’, em Limon, Costa Rica, Surround WP® (Nova Source, EUA)

a 5% do produto comercial e Surround WP® (Nova Source, EUA) + Green

Sol 70 (citocininas + nutrientes, Frit Ind., EUA), a 5% e 10% do produto

comercial, respectivamente. Concluiram haver tendência a maior crescimento

vegetativo da planta-mãe e do seguidor com aplicação Surround WP® +

Green Sol 70 e menor influência na produção de cachos, mas indicaram

necessidade de mais estudos. O uso conjunto de protetor, reguladores de

crescimento e nutrientes, Surround WP® + Green Sol 70 na aclimatação de

mudas de meristema, reduziu a temperatura foliar, estimulou o crescimento e

diminuiu a permanência das mudas no viveiro (Ortiz et al., 2013a).

Trabalho realizado no Norte de Minas Gerais (dados não publicados)

consideraram o uso de diferentes concentrações de produtos à base de caulim,

caulinita e mistura com nutrientes em ‘Prata-Anã’ clone Gorutuba (Figura 4,

Tabela 2). Utilizaram-se P1 (13,33%); P2 (testemunha de 13,33%); P3

(Protesol); P4 (6,66%); P5 (testemunha de 6,66%); P6 (1,00%); P7

(testemunha de 1,00%); P8 (5,00%); P9 (testemunha de 5,00%); P10

(Glifosato). Os tratamentos testemunha foram constituídos por plantas

vizinhas às plantas protegidas, enquanto o P10, planta com sintomas severos

de fitotoxidade por deriva na aplicação de Glifosato, situação comum em

bananais, e que constitui um fator de estresse abiótico.

Page 64: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

64

A

B

C

D

E

Figura 4. Bananal recém desfolhado e desbastado, com boa ventilação (A). Folha de ‘Prata-Anã pulverizada

com cal a 2% (B), Guanambi, BA. Mensurações com analisador de gás ao infravermelho (IRGA), modelo LCPro+®, ADC BioScientific Ltda, em bananeiras ‘Prata-Anã’ clone Gorutuba, submetidas a diferentes

tratamentos de proteção solar, aos quatro meses após o transplantio - Tratamento P6 (1%) (C); Tratamento P1

(13,33) com detalhes dos clips para leitura de fluorescência da clorofila (D); Tratamento P10 (Glifosato) (E). Nova Porteirinha, MG, 2016. Fotos: A, C, D, E - Sérgio Luiz Rodrigues Donato. B - Alessandro de Magalhães Arantes.

Bananeiras ‘Prata-Anã’ clone Gorutuba mais vigorosas expressaram maior

taxa de fotossíntese, eficiência de carboxilação, eficiência fotoquímica

máxima do fotossistema II e maior rendimento quântico da fotossíntese, o que

corrobora Robinson & Galán Saúco (2010). Enquanto a planta com menor

vigor, tratamento P10 (Glifosato), evidenciou menores valores de

fotossíntese, eficiência fotoquímica da fotossíntese, eficiência de

carboxilação, EUA, maior temperatura foliar e menor condutância estomática.

Glifosato é um herbicida do grupo químico Glicina substituída, sistêmico,

pós-emergente, não seletivo, registrado para uso em bananais (BRASIL,

2016), cujo mecanismo de ação é inibição da enzima EPSP sintase (5

enolpiruvilchiquimato-3-fosfato sintase) por competição com o substrato PEP

(fosfoenolpiruvato). Inibe a síntese de aminoácidos aromáticos, fenilalanina,

tirosina e triptopfano, a síntese de auxina nas rotas dependente e independente

do triptofano e aumenta a atividade da AIA oxidase. Também favorece a

síntese S-Adenosil Metionina (SAM), que sob estresse passa a ácido 1-

carboxílico1-amino ciclopropano (ACC), precursor do etileno, resultando em

redução do crescimento e morte das plantas. O Glifosato controla plantas

Page 65: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

65

daninhas em bananais, desde que aplicado em jato dirigido para evitar deriva,

pois há muitos casos de fitotoxicidade, com atraso no crescimento e emissão

dos filhos, principalmente sob condições estressantes para a planta não alvo

(Yamada & Castro, 2007). Há problemas com a sua exsudação radicular.

Tabela 2. Temperatura foliar (Tleaf), fotossíntese (A), transpiração (E) e eficiência instantânea de uso da água (A/E), mensuradas pela

manhã e à tarde, em bananeiras ‘Prata-Anã’ clone Gorutuba, submetidas a diferentes tratamentos de proteção solar, aos quatro e cinco

meses após o transplantio. Nova Porteirinha, MG, 2016

Planta/tratamento Tleaf(oC) A (µmol m-² s-1 deCO2) E (mmol m-² s-1 de H2O) A/E(EUA) Horário

Manhã Tarde Manhã Tarde Manhã Tarde Manhã Tarde Manhã Tarde

P1 (13,33%) 30,7Cb 41,2Ba 23,44Ba 11,34Cb 5,03Cb 9,59Ca 4,65Aa 1,18Cb 08:00 12:54

P2 (13,33 % test) 30,9Cb 41,0Ba 13,83Cb 22,79Ba 4,29Cb 13,25Ba 3,22Ba 1,72Bb 08:15 13:00

P3 Protesol 34,3Bb 42,0Ba 24,60Ba 17,47Bb 7,01Bb 11,25Ba 3,51Ba 1,55Bb 08:30 13:06

P4 (6,66%) 35,2Bb 43,6Aa 25,56Ba 11,29Cb 8,30Bb 11,49Ba 3,07Ba 0,98Cb 08:37 13:25

P5 (6,66% test) 35,5Bb 42,4Ba 27,33Ba 22,01Ba 9,45Bb 15,86Aa 2,89Ba 1,38Bb 08:40 13:27

P6 (1%) 37,1Bb 41,8Ba 28,85Aa 21,22Bb 9,89Bb 13,05Ba 2,91Ba 1,57Bb 08:50 13:39

P7 (1% test) 36,6Bb 42,0Ba 23,64Ba 24,36Aa 8,04Bb 13,37Ba 2,94Ba 1,82Bb 08:57 13:45

P8 (5%) 38,2Ba 40,6Ba 26,89Ba 24,39Aa 11,77Aa 11,29Ba 2,28Ba 2,16Aa 09:07 13:49

P9 (5% test) 38,8Ba 41,0Ba 24,55Ba 17,10Bb 10,61Aa 10,78Ba 2,31Ba 1,58Ba 09:10 14:00

P10 Glifosato 42ª - 13,59C - 7,37B 1,83C - 09:20 14:10

Média 35,93 41,73 23,22 19,10 8,17 12,21 0,013 0,009 - -

Desvio padrão 3,46 0,91 5,29 5,12 2,36 1,85 0,003 0,002 - -

CV (%) 9,64 2,18 22,79 26,81 28,95 15,22 26,78 29,16 - -

Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na coluna, para tratamentos de proteção solar, e minúscula na linha, para horários

de avaliação, pertencem à mesma classe estratificada pela média e o desvio padrão (Y±Sy). Classes estabelecidas: a =

≥(Y+(2Sy)); b = ≥(Y+(Sy)) e <(Y+(2Sy)); c = Y±Sy: (≥Y-Sy) e <(Y+Sy); d = ≥(Y-(2Sy)) e <(Y-(Sy)); e = <(Y-(2Sy)); em que:

Y é a média da característica avaliada, e Sy é o desvio padrão da característica avaliada. Fonte: Elaboração dos autores.

Os tratamentos de proteção solar P1 (13,33%) e P3 (Protesol), nesta ordem,

proporcionaram, de forma geral, menores valores de radiação solar incidente

nas folhas, maiores valores de eficiência fotoquímica da fotossíntese,

rendimento quântico da fotossíntese e eficiência fotoquímica máxima do PSII

em bananeiras ‘Prata-Anã’ clone Gorutuba, indicando a integridade dos

centros de reação do PSII. As trocas gasosas podem variar com a proteção

solar, pois nas avaliações com aparelhos, as medidas expressam valores

pontuais, influenciados também pelas condições às quais as plantas estejam

submetidas no momento, sejam climáticas (Arantes et al., 2016) ou resultantes

de algum tratamento, refletindo o status atual da planta.

A predominância de maiores taxas de fotossíntese, eficiência de

carboxilação, EUA pela manhã, e dos maiores valores de radiação solar

incidente na folha, temperatura foliar e transpiração à tarde (Tabela 2)

corrobora as argumentações de Donato et al. (2015), que decréscimos na

fotossíntese e EUA em bananeira com o aumento da temperatura (Tabela 2)

estão mais associados a problemas enzimáticos, comprovados pela menor

Page 66: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

66

eficiência de carboxilação à tarde, que ao fechamento estomático, pois as

taxas de transpiração são maiores à tarde, mesmo para temperaturas acima de

40 oC, embora a condutância estomática tenha reduzido.

A temperatura da folha da bananeira ‘Prata-Anã’ clone Gorutuba, pela

manhã, entre 8:00 e 9:20 h, quando realizadas as mensurações, aumentou de

30,8 até 38,2 oC, enquanto à tarde, entre 13:00 e 14:20 h, variou de 41 a 43 oC

(Tabela 2). A temperatura do ar pela manhã, nos mesmos horários, aumentou

de 26,8 até 29,7 oC e a umidade relativa decresceu de 56 para 46%. À tarde a

temperatura do ar aumentou de 32,1 para 34,5 oC e a umidade relativa

decresceu de 39 para 32% (EPAMIG, 2016).

A temperatura da folha aumenta com a elevação da temperatura do ar

(Figura 5). Com isso, a planta transpira mais, mesmo com diminuição da

condutância estomática e diminui a EUA (Lucena, 2013; Arantes et al., 2016).

A maior transpiração à tarde é favorecida também pela umidade do solo

decorrente da irrigação e evidencia a ativação desse mecanismo de

resfriamento da planta para diminuir o estresse térmico, ainda que a

temperatura da folha foi 8 oC superior à do ar nos horários mais quentes.

Figura 5. Correlação entre temperatura da folha de bananeira ‘Prata-Anã’ clone Gorutuba e temperatura do ar (ºC) entre 8:00 e 14:00 h. Nova Porteirinha, MG, 2016.

Nota: Dados temperatura do ar - EMPRESA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA DE MINAS GERAIS –

EPAMIG. EPAMIG Norte - Campo Experimental do Gorutuba. Estação Meteorológica Automática de Nova Porteirinha, MG, 2016.

Fonte: Elaboração dos autores.

O vento limita produtividade da bananeira. O tipo e a intensidade do dano

variam com a velocidade, duração e temperatura do vento, com a cultivar e

sua fenologia. Pode causar quebra do pseudocaule, tombamento, chilling

Page 67: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

67

(ventos frios), desidratação da planta devido à grande evaporação,

fendilhamento entre nervuras foliares secundárias, diminuição da área foliar

pela dilaceração do limbo e rompimento de raízes. Também reduzem a

eficiência de aplicação de água dos sistemas de irrigação com aspersão.

O vento diminui as taxas de fotossíntese e a produtividade em bananeira

Cavendish, a depender da intensidade de dilaceração do limbo (Robinson &

Galán Saúco, 2010). Diminui em 36% as taxas de fotossíntese em cultivares

tipo prata de maior porte comparadas às de menor porte (Donato et al., 2015),

o que pode estar relacionado à dilaceração do limbo e ao rompimento de

raízes, provocados pelo vento, com maior efeito nas cultivares de porte

elevado. Os efeitos deletérios na produção da bananeira provocados por vento,

podem ser atenuados com o cultivo protegido (Pirkner et al., 2014).

O aumento da densidade de plantio melhora a proteção contra o vento

(Figura 7A, B, C e D), diminui o excesso de radiação, a emergência de ervas

daninhas, a incidência de Sigatoka-amarela, melhora a refrigeração do

bananal, reduz a evaporação de água do solo e aumenta a eficiência de uso da

água, pois eleva a produtividade para as mesmas condições

evapotranspirométricas. Contudo, a qualidade dos frutos deve ser mantida.

A despeito da sugestão de Donato et al. (2015) que o aumento da densidade

de plantio pode melhorar o conforto térmico no bananal, a temperatura da

folha do plátano ‘D’Angola’ (Figura 6E) elevou com a densidade de plantio.

Entretanto, o conforto térmico no interior do dossel provavelmente aumenta

com o aumento da população, pois a temperatura foliar foi medida na folha

três (Arantes et al., 2016), no topo do dossel.

Nos cultivos mais densos, a captação de radiação fotossinteticamente ativa

pelo dossel é maior, consequência do aumento do IAF (Turner et al., 2007), o

que aumenta a concentração de clorofila, caso típico de folhas de sombra.

Entretanto, ocorre decréscimo na quantidade de radiação na base das plantas

e, consequentemente, pela extinção da radiação no dossel, diminui a emissão

e o desenvolvimento de filhos. Bananais com IAF próximo a 4,5, como

observado para as populações iguais ou maiores que 3.125 plantas ha-1(Figura

6F), cerca de 90% do terreno será sombreado ao meio dia de um dia

ensolarado, ou seja, 90% da radiação é interceptada pelo dossel. Desse modo,

aumento do IAF acima desse valor é pouco benéfico, pois a maior parte da

radiação recebida já é interceptada (Turner et al., 2007).

O IAF da cultivar D’Angola aumentou com a densidade de plantio e com

Page 68: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

68

os dias após o transplantio, de forma linear, ajustando uma superfície de

resposta (Figura 6F). O modelo estima IAFs aos 341 dias após o transplantio

de 2,79 à 4,92 para populações de 1.111 à 4.166 plantas ha-1, respectivamente.

A B C

D E

F

Figura 6. Plátano ‘D’Angola’ com densidade de plantio de 1.111 plantas ha-1, aos 220 dias após o transplantio

(A) e na época da colheita, plantas tombadas (B); Com densidade de plantio de 4.166 plantas ha-1, aos 220 dias

após o transplantio (C) e na época da colheita, plantas em pé (D); Temperatura foliar (Tleaf) mensurada às 8:00

e às 14:00 h, na terceira folha de plátano ‘D’Angola’ submetida a diferentes densidades de plantio (E); Índice de área foliar (IAF) de plátano ‘D’Angola’ em função de diferentes densidades de plantio e dias após o

transplantio (DAT) (F). Guanambi-BA, 2015. Elaboração dos autores. Fotos: Alessandro de Magalhães Arantes

As plantas devem ser avaliadas quanto à morfologia, geometria e natureza

quantitativa de raízes de bananeira, pois as raízes desempenham papel

importante no reconhecimento de déficit de umidade do solo e sinalização

para ativação de tolerância ao estresse de seca, como síntese de ácido

abscísico (Mahouachi et al., 2014). Sob estresse as raízes têm o crescimento

prejudicado e senescem, desencadeia um desbalanço hormonal de auxina e

giberelina que afeta o desenvolvimento foliar. A obstrução foliar,

caracterizada pelo aprisionamento da inflorescência no momento da

emergência do pseudocaule pelos pecíolos e internódios curtos, congestiona

e compacta a abertura, atrasa a emergência e deforma os cachos.

O sintoma manifesta-se mais em cultivares de menor porte e é problema

comum em diversas regiões bananeiras. Com causas diferentes e sintomas

semelhantes, a diagnose precisa requer sintonia fina por parte do

“diagnosticador”, decorrente da interação clima x solo x cultivar e homem.

33

35

37

39

41

43

45

1.111 1.611 2.111 2.611 3.111 3.611 4.111

Tem

per

atu

ra f

oli

ar ( C

)

Densidades Populacionais (pl ha-1)

98,0²;**001,0424,33ˆ00:08

rxy

98,0²;**0007,0365,40ˆ00:14

rxy

Page 69: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

69

As causas podem ter relação com deficiência de zinco. Danos mecânicos

ao sistema radicular quando associados a estresses abióticos, dificultam o

fluxo de nutrientes no solo. A deficiência de zinco se manifesta em baixa

atividade da gema terminal, ocasionando decréscimo da síntese de auxina,

hormônio responsável pelo crescimento, o que traduz em encurtamento dos

lançamentos foliares e aspecto de roseta, com compressão da inflorescência.

A elevação da temperatura na zona radicular diminui a viscosidade da

água, e, consequentemente, aumenta o fluxo difusivo de nutrientes do solo até

a raiz. Já nas épocas frias, a água torna-se mais viscosa, fato comprovado na

prática, pelo aumento da ocorrência de "encoqueiramento" em bananeira

quando ocorrem baixas temperaturas em diferentes regiões produtoras,

relacionados à deficiência de zinco, mesmo em áreas irrigadas.

A compactação do solo, decorrente do caminhamento para realizar práticas

culturais, pode diminuir a porosidade. Em solos com pH elevado a situação

se agrava, já que a maior proximidade com as cargas da fase sólida de solos

eletronegativos favorece a adsorção do Zn++ em detrimento da manutenção do

fluxo no poro e sua absorção pela planta. Aplicação do Zn++ via filho

desbastado e em pulverização evita a adsorção pelo solo, ou ainda aplicação

via fertirrigação, contribuem para solucionar o problema.

O manejo da palhada do bananal, com disposição dos pseudocaules

rebaixados e das folhas nas ruas, e o aporte frequente de adubos orgânicos de

origem vegetal ou animal, contribuem para aumentar a emissão de raízes

(Figura 7A, C), a fauna do solo (Figura 7B). Além disso melhoram os

atributos físicos do solo, particularmente a porosidade, e químicos via adição

e ciclagem de nutrientes, principalmente potássio (K+), pela palhada.

A taxa de ciclagem varia com o solo, clima, genótipo, manejo, sistema de

irrigação e organismos decompositores. Além da economia nutricional, o K+

está relacionado à regulação hídrica e osmótica da planta e, por isso, à

proteção anti-estresses abióticos. Contudo, a adição de grandes quantidades

de materiais orgânicos ao solo aumenta a adsorção de Zn, Cu e B, o que requer

maior atenção quanto à situação nutricional das bananeiras.

Page 70: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

70

A B C

Figura 7. Vigor de raízes de bananeira ‘BRS Platina’ adubada com esterco bovino e farinha de rocha (A); presença intensa de minhocas na região de distribuição dos adubos orgânicos (B); vista do sistema radicular da

família(C). Fotos: A, B - Alessandro de Magalhães Arantes. C – Sérgio Luiz Rodrigues Donato

Considerações finais

O ideótipo de bananeira deve florescer precocemente, apresentar porte

reduzido, sem ser anã, e possuir cachos médios (Turner et al., 2014) de modo

a diminuir o tempo de exposição aos estresses abióticos. Isso assume grande

importância, particularmente diante da variabilidade climática e da universal

crise de recursos hídricos que limita a expansão do cultivo de bananeira.

Contudo, nas três últimas décadas vários genótipos resistentes às principais

doenças da bananeira e com alto potencial produtivo foram disponibilizados

aos agricultores do mundo inteiro por diferentes programas de melhoramento,

a maioria com baixo grau de adoção por agricultores com alegação

principalmente de problemas de mercado.

A despeito da importância do melhoramento genético, a solução desses

problemas perpassa a condução de experimentos em casa de vegetação e

principalmente no campo, que apresentem maior relevância fisiológica para

uma sintonia fina na definição de estratégias de manejo que possibilitem

maior especificidade no âmbito local. Isso possibilita construir soluções que

sigam as regras locais da interação homem-genótipo-ambiente de modo a

aumentar a segurança produtiva, a sustentabilidade e a resiliência do cultivo,

especialmente para regiões ou épocas com condições de estresses abióticos

em que há desajuste entre a ambiência e o ótimo ecológico para a espécie.

Referências ARANTES, A.M.; DONATO, S.L.R.; SIQUEIRA, D.L.; COELHO, E.F.;

SILVA, T.S. Gas exchange in different varieties of banana prata in semi-arid

environment. Revista Brasileira de Fruticultura, v.38, p.1-12, 2016.

BARRERA, J.; CAYÓN, G.; ROBLES, J. Influencia de la exposición de las

Page 71: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

71

hojas y el epicarpio de frutos sobre el desarrollo y lacalidad del racimo de

plátano Hartón (Musa AAB Simmonds). Agronomía Colombiana, v. 27, n.

1, p. 73-79, 2009.

BRASIL. Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Agrofit.

Disponível em

<http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons>.

Acesso em: 14out.2016.

CABRERA, J.C.; GALÁN SAÚCO, V. Evaluation of the banana cultivares

Zelig, Grande Naine and Gruesa under different environmental conditions in

the Canary Islands. Fruits, v. 60, p. 357-369, 2005.

DONATO, S.L.R.; ARANTES, A. de M.; MARQUES, P.R.R.;

RODRIGUES, M. G. V. Considerações ecofisológicas e estratégias de

manejo da bananeira. Informe Agropecuário, v.36, n.288, p.13-26, 2015.

EMPRESA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA DE MINAS GERAIS –

EPAMIG. EPAMIG Norte - Campo Experimental do Gorutuba. Estação

Meteorológica Automática de Nova Porteirinha. Nova Porteirinha, 2016.

LUCENA, C.C. Estratégias de manejo de irrigação de bananeiras

baseadas em coeficientes de transpiração e área foliar. 2013. 152 f. Tese

(Doutorado) - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2013.

MAHOAUCHI, J.; LÓPEZ-CLIMENT, M.F.; GÓMEZ-CADENAS. A.

Hormonal and hidroxycinnamic acids profiles in banana leaves in response to

various periods of water stress. The Scientific World Journal, v.2014, p.1-

9, 2014.

ORTIZ, R.; BERMÚDEZ, A; MORENO, E.; VALVERDE, J. Applicación de

surround Surround WP® y Green Sol 70® en meristemos de banano en

vivero. In: REUNIAO INTERNACIONAL DA ASSOCIACAO PARAA

COOPERACAO EM PESQUISA E DESENVOLVIMENTO INTEGRAL

DAS MUSACEAS (BANANAS E PLATANOS),20., 2013, Fortaleza.

Acorbat: 40 anos compartilhando ciência e tecnologia. Fortaleza: Instituto

Frutal: Acorbat Internacional, 2013. p.163. ACORBAT 2013a.

ORTIZ, R.; BERMÚDEZ, A; VALVERDE, J.; VOLKER, K.; BARROWS,

P. Aplicación de Surround WP® y Green Sol 70® sobre el crecimiento,

desarrollo y producción de banano (Musa spp.). In: REUNIAO

INTERNACIONAL DA ASSOCIACAO PARAA COOPERACAO EM

PESQUISA E DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DAS MUSACEAS

(BANANAS E PLATANOS),20., 2013, Fortaleza. Acorbat: 40 anos

Page 72: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

72

compartilhando ciência e tecnologia. Fortaleza: Instituto Frutal: Acorbat

Internacional, 2013. p. 162. ACORBAT 2013b.

ORTIZ, R.; GONZÁLEZ, M.; BERMÚDEZ, A; VOLKER, K.; BARROWS,

P.; VALVERDE, J. Uso de Surround WP® y Green Sol 70® para aumentar

la producción y calidad de banano (Musa spp.). In: REUNIAO

INTERNACIONAL DA ASSOCIACAO PARAA COOPERACAO EM

PESQUISA E DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DAS MUSACEAS

(BANANAS E PLATANOS),20., 2013, Fortaleza. Acorbat: 40 anos

compartilhando ciência e tecnologia. Fortaleza: Instituto Frutal: Acorbat

Internacional, 2013. p.169. ACORBAT 2013c.

PIRKNER, M.; TANNY, J.; SHAPIRA, O.; TEITEL, M.; COHEN, S.;

SHAHAK, Y.; ISRAELI, Y. The effect of screen type on crop micro-climate,

reference evapotranspiration and yield of a screenhouse banana plantation.

Scientia Horticulturae, v.180, n.1, p.32-39, 2014.

RAVI, I.; UMA, S.; VAGANAM, M.M.; MUSTAFFA, M.M. Phenotyping

bananas for drought resistance. Frontiers in physiology, v.4, n.1, p.1-15,

2013.

ROBINSON, J.C.; GALÁN SAÚCO, V. Bananas and plantains. 2nd ed.

Oxford: CAB International. 311p. (Crop production science in horticulturae

series, 19). 2010.

RODRÍGUEZ GONZÁLEZ, C.; CAYÓN SALINAS, D.G.; MIRA

CASTILLO, J.J. Efecto del número de hojas funcionales a la floración sobre

la producción de banano Gran Enano (Musa AAA Simmonds). Revista da

Faculdad Nacional de Agronomia de Medellin, v.65, n.2, p.6585-6591,

2012.

SOTO BALLESTERO, M. Bananos: técnicas de produción, poscosecha y

comercialización. 3.ed. San José: Litografia e Imprensa LIL, 2008. 1 CD-

ROM.

TURNER, D.W.; FORTESCUE, J.A.; DANIELLS, J.W. Banana Agronomy.

Can unraveling the Musa genome. In: 29thInternational Horticulturae

Congress - IHC 2014 – ProMusa - Unravelling the bananas genomic potential,

2014, Brisbane. Abstracts...: ProMusa – Unravelling the bananas genomic

potential. Brisbane: IHC, 2014. v.1. p.1-34.

TURNER, D.W.; FORTESCUE, J.A.; THOMAS, D.S. Environmental

physiology of the bananas (Musa spp.). Brazilian Journal of Plant

Physiology, v.19, p.463-484, 2007.

Page 73: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

73

VANHOVE, A.C.; VERMAELEN, W.; PANIS, B.; SWENNEN, R.;

CARPENTIER, S.C. Screening the banana biodiversity for drought tolerance:

can an in vitro growth model and proteomics be used as a tool to discover

tolerant varieties and understand homeostasis. Frontiers in Plant Science,

v.3, n.176, p.1-10, 2012.

YAMADA, T; CASTRO, P.R.C. Efeito do glifosato nas plantas:

implicações fisiológicas e agronômicas. Piracicaba: IPNI, Encarte Técnico:

Informações Agronômicas No 119, set. 2007, 32p.

Page 74: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

74

CAPÍTULO 6

A pesquisa com espécies frutíferas no Incaper

Sarah Ola Moreira

Vanessa Alves Justino Borges

Introdução

O Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural -

Incaper, comemorou recentemente seus 60 anos de história. No entanto, o

trabalho com fruticultura começou antes mesmo de sua criação. Ainda em

1952, foi fundada, no município de Domingos Martins, a Estação

Experimental de Vitivinicultura com o objetivo de introduzir e avaliar o

comportamento de genótipos de uva na Região Serrana do Estado. Algum

tempo depois, em 1984, em homenagem ao pesquisador que implantou a

fruticultura nessa região, a Estação Experimental passou a ser conhecida

como Fazenda Mendes da Fonseca. Atualmente, nessa fazenda funciona o

Centro Regional de Desenvolvimento Rural Centro Serrano, uma das

unidades de pesquisa do Incaper (Ventura & Girelli, 2014).

Outros marcos importantes nos trabalhos em fruticultura desenvolvidos

pelo Incaper nesses 60 anos foram: a introdução do primeiro pomar clonal de

citrus, em 1971, considerado o início da citricultura no estado; a avaliação e

introdução de novas cultivares de banana do tipo ‘Prata’, na década de 1980;

trabalhos com fitossanidade e melhoramento do mamoeiro, como a

introdução da cultivar Improved Sunrise Solo Line 72/12 e a seleção da

‘Baixinho de Santa Amália’, na década de 1980 (Ventura & Girelli, 2014).

Page 75: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

75

Assim, o Incaper, em parceria com outras instituições públicas e privadas,

desenvolve ações de pesquisa, assistência técnica e extensão rural, a fim de

organizar as cadeias produtivas, aumentar a produtividade e melhorar a

qualidade das frutas produzidas no Espírito Santo. São realizadas ações de

pesquisa com abacaxi, acerola, banana, cacau, goiaba, citrus, mamão, manga,

uva, framboesa, pêssego e frutas nativas da Mata Atlântica, que contribuem

para o desenvolvimento da cadeia de fruticultura capixaba.

A descentralização da estrutura física e de pessoal do Instituto, que está

presente em todos os municípios do estado, com 85 escritórios, 12 fazendas

experimentais e 13 laboratórios em diversas áreas, possibilita que os

conhecimentos e tecnologias geradas sejam compartilhados com os

produtores de maneira mais dinâmica. Dessa forma, os trabalhos

desenvolvidos nos campos experimentais e laboratórios do Incaper,

contribuem, não só para a ciência, mas, para o desenvolvimento do campo,

com geração de renda e qualidade de vida ao produtor.

Gestão da pesquisa no Incaper

O Incaper realizou, em 2011, o seu planejamento estratégico, no qual

definiu-se que a missão do instituto é “promover soluções tecnológicas e

sociais por meio de ações integradas de pesquisa, assistência técnica e

extensão rural” (Incaper, 2012). A atuação deve ser focada na agricultura

familiar, sustentabilidade, empreendedorismo, organização social e

regionalização.

As ações de pesquisa do Incaper incorporam as diretrizes e os princípios

definidos nesse Planejamento Estratégico, e usam os processos e ferramentas

operacionais que levam a ações integradas e permitem o alcance dos objetivos

institucionais. Um desses processos é o Mapa Estratégico da Pesquisa, que

visa padronizar, facilitar e incrementar a qualidade das ações de pesquisa

realizadas no Instituto.

Assim, a pesquisa do Incaper tem como objetivo ampliar a base cientifica

e tecnológica com enfoque na sustentabilidade; promover a aproximação da

pesquisa com os elos da cadeia produtiva; e gerar tecnologias, produtos e

processos visando aumentar a renda, com inclusão social e produtiva da

agricultura familiar (Incaper, 2012). Para isso, os projetos de pesquisa

desenvolvidos pelo Instituto devem buscar:

Page 76: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

76

O aumento da produtividade, a redução dos custos, a melhoria do valor

agregado, a segurança alimentar e qualidade dos alimentos;

A recuperação e conservação ambiental;

A formulação e revisão da legislação agropecuária, de políticas públicas

e de mercado;

O desenvolvimento de projetos de ciência tecnologia e inovação de

forma diversificada, e;

A geração de publicações científicas e técnicas a partir dos resultados

das pesquisas.

Outras ferramentas importantes que estão sendo implementadas no Incaper

são: a carteira de projetos estratégicos, estruturantes e operacionais, que

correspondem a projetos de longo, médio e curto prazos; o programa de

registro e gestão de projetos, que armazena informações dos projetos em

planejamento, execução e encerrados do Instituto; os indicadores de pesquisa,

divididos em institucionais e pessoais, que quantifica os resultados obtidos

pelos pesquisadores e pelo instituto; e a discussão de um novo modelo de

geração de conhecimento.

Esse processo de geração do conhecimento tem por objetivo nortear que o

conhecimento e informação sejam produzidos com foco maior nas demandas

do público-alvo do Incaper, diminuindo a distância entre o produtor rural e o

pesquisador e visando o desenvolvimento sustentável do setor agropecuário

do estado do Espírito Santo. Segundo este processo, a partir das demandas de

pesquisa levantadas pelos extensionistas do Instituto junto ao seu público-

alvo, são elaborados os projetos de pesquisa. Esses projetos são,

primeiramente, avaliados pela instituição, sendo então, submetidos, pelo

pesquisador, a editais de financiamento para os quais se enquadra. Aprovado

o projeto de pesquisa, este é executado, e os resultados gerados

(conhecimento) são divulgados tanto para a comunidade científica quanto

para os produtores ou público demandante. Esse processo estabelece a

integração da pesquisa com a extensão rural e assistência técnica (Ater) em

diversos pontos, mas sempre resguardando as particularidades de cada área de

atuação do Instituto (Martins et al., 2014). Permite, ainda, que o recurso

investido no Incaper retorne ao público-alvo em forma de ciência e tecnologia

geradora de renda e qualidade de vida (Figura 1).

Page 77: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

77

Figura 1: Resumo do processo de geração de conhecimento do Incaper.

Soluções tecnológicas desenvolvidas pelo Incaper

Em sua história, o Incaper sempre trabalhou com tecnologias que ajudaram

a promover o desenvolvimento rural capixaba. Os resultados desses anos de

pesquisa desenvolvidas pelo Instituto foi inventariado por Esteves e Borges

(2014), que reuniram as principais tecnologias geradas, recomendadas ou

adaptadas em todas as áreas de conhecimento. Nesse capítulo, priorizou-se os

principais resultados históricos na área de fruticultura e aqueles obtidos nos

últimos anos. Outros resultados poderão ser consultados em Esteves e Borges

(2014) e no site da Biblioteca do Incaper (http://biblioteca.incaper.es.gov.br/).

Nesse site também estão disponíveis todas as publicações relacionadas as

tecnologias aqui destacadas.

Page 78: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

78

Desde 2014, mais de 100 publicações com resultados de pesquisa em

fruticultura do Incaper foram publicadas em revistas nacionais, internacionais

e em eventos técnicos. Em 2015, o Instituto realizou o VI Simpósio do Papaya

Brasileiro, que reuniu, aproximadamente, 50 instituições da cadeia produtiva,

com representantes de 15 estados e três países. Além disso, o Incaper tem

registrada uma cultivar de mamão (‘Rubi Incaper 511’, primeira cultivar de

mamoeiro do Grupo Formosa capixaba) e uma de abacaxi (BRS Vitória), em

parceria com Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, além

de patentes registradas e concedidas.

Para quantificar o impacto de algumas das tecnologias geradas no

incremento de produtividade, na redução de custos e na agregação de valor, o

Incaper divulga, anualmente, o seu Balanço Social. Nele são descritas

algumas tecnologias, seu percentual de adoção e seu impacto econômico,

quantificados conforme metodologia de avaliação de impactos de tecnologias

agropecuárias desenvolvida pela Embrapa (Ávila et al., 2008). Na área de

fruticultura, foram incluídas seis tecnologias, que juntas, tiveram impacto

econômico superior a 77 milhões de reais em 2015 (Tabela 1).

Tabela 1. Impacto econômico de 2015 de tecnologias geradas e/ou

recomendadas pelo Incaper (adaptado de Oliveira & Borges, 2016).

Tecnologia

Área de

adoção no

ES (ha)

Participação

do Incaper

(%)

Impacto

Econômico

(mil R$)

Systems Approach: mamão 904 70 1.895,3

Abacaxi ‘Vitória’1 24 70 1.593,5

Manejo da broca na

bananeira 13.237 70 17.395,5

Manejo de fusariose no

abacaxizeiro 4.643 70 4.999,4

Banana ´Vitória’ 1.500 70 12.020,4

Recomendação de calagem

e adubação 2 6.643 70 39.559,0

Total 77.463,1 1 Somados os impactos econômicos em incremento de produtividade e redução de custos. 2 Considerou-se somente o impacto para as seguintes culturas: laranja, tangerina, abacaxi,

goiaba, mamão solo e maracujá.

Page 79: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

79

As culturas frutícolas mais estudadas pelo Incaper são o mamoeiro,

abacaxizeiro, citrus e bananeira. Outros trabalhos com cacaueiro, goiabeira,

mangueira, lichia e frutas nativas são desenvolvidos, mas em menor escala.

Outros produtos tecnológicos do Incaper têm impacto direto na produção de

frutas, dentre eles, o Sistema de Informações Meteorológicas e o Boletim

Meteorológico Trimestral, o Sistema Integrado de Bases Geoespaciais do

Estado do Espírito Santo (GeoBases) e o Sistema de Informações da Produção

Agropecuária Capixaba (Sipac) e o Boletim da Conjuntura Agropecuária

Capixaba. Abaixo serão descritos alguns resultados obtidos pelo Incaper

desenvolvidos nos últimos anos.

Mamoeiro

É para o mamoeiro que o Incaper tem resultados mais significativos ao

longo de sua história, com destaque para o System Approach, que é um

sistema de redução de risco de infestação por pragas e permitiu a exportação

do mamoeiro ainda na década de 1990; e para a ‘Rubi Incaper 511’, uma

cultivar do grupo Formosa, que por ser de polinização aberta permite o

reaproveitamento das sementes e reduz o custo de produção. Em um estudo

recente, essa cultivar teve melhor produção de frutos quando comparado a

outros oito genótipos de mamoeiro.

Nos últimos anos, o mamão permanece em destaque dentre as espécies

frutíferas estudada pelo Incaper, responsável por mais de 50% das publicações

de fruticultura. Foram desenvolvidos trabalhos nas áreas de fitopatologia,

entomologia, fisiologia, sementes, melhoramento de plantas, socioeconomia,

biologia molecular e farmacologia.

Na área de fitopatologia destacam-se os trabalhos com as viroses do

mamoeiro (mosaico e meleira), envolvendo manejo, epidemiologia e

dinâmica temporal, avaliação de plantas hospedeiras e vetores, alterações

físicas e fisiológicas nas plantas doentes e análise e associação de microRNAs

ao estresse causado pela virose. Para pinta preta, mancha de phoma e

corynespora estão sendo desenvolvidos trabalhos para seleção de materiais

genéticos tolerantes. Na área se entomologia, foram realizados trabalhos sobre

infestação e danos causados pela cochonilha-do-mamoeiro, mosca branca,

tripes e definição de escala de danos causados por pragas. Na área de sementes

foram avaliados a qualidade de compostos fenólicos, o envelhecimento

Page 80: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

80

acelerado, a quebra de dormência e o impacto do armazenamento sobre as

sementes. No melhoramento, foi conduzido um novo ciclo de seleção entre e

dentro da ‘Rubi Incaper 511’, visando a melhoria do teor de sólidos solúveis.

Por fim, em parceria com a UVV, foi observado o potencial anti-hipertensivo

do mamoeiro.

Abacaxi

Para o abacaxizeiro, diferentes estudos avaliaram a sua produtividade e

qualidade dos frutos em função das épocas de plantio, técnicas de indução

floral, qualidade de mudas micropropagadas, exigência térmica, dentre

outros. Nesses estudos também foi feita a caracterização da folha "D" em

função de épocas de plantio e indução floral e sua correlação com

características físicas e químicas de frutos. Para essa cultura também foi

publicada uma avaliação no uso de iscas para o manejo integrado de pragas.

Na área de fitopatologia, foi avaliado o comportamento de diferentes

materiais genéticos quando a resistência à fusariose, além de ter sido

desenvolvido, em parceria com a Ufes, um protocolo de diagnóstico

molecular de Fusarium guttiforme. Esse trabalho que deu origem a um

registro de patente, que está sob avaliação do Instituto Nacional de

Propriedade Industrial (INPI).

Citrus

Para os citrus, os trabalhos de pesquisa do Incaper envolvem,

principalmente, a adaptabilidade de diferentes materiais genéticos e diferentes

combinações de copa e porta-enxerto. Nesses estudos ainda estão sendo

avaliados materiais genéticos que permitam o escalonamento da produção e

comercialização durante o ano.

Outro trabalho de grande importância é a manutenção de um banco de

germoplasma de citrus. Nesse banco estão disponíveis mais de 150 materiais

que foram avaliados e caracterizados e, alguns deles, estão aptos a fornecer

borbulheiras para produção de mudas. O trabalho com citrus, que envolve

atividades de pesquisa e assistência técnica do plantio a comercialização

desenvolvido no Polo de Tangerina, rendeu ao Incaper o Prêmio Inoves na

categoria Práticas Transformadoras. O Prêmio Inoves é uma iniciativa do

Governo do Espírito Santo e reconhece trabalhos inovadores, desenvolvidos

Page 81: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

81

por servidores públicos, que modernizam a gestão, melhoram a vida do

cidadão e transformam a realidade.

Frutas Nativas

Nos últimos anos o Incaper passou a se dedicar a experimentação com

frutas nativas da Mata Atlântica associando dois objetivos principais: tornar

essas frutas conhecidas da população, por suas características organolépticas

e nutricionais; e ampliar a manutenção e restauração florestal com espécies

nativas por meio da conservação pelo uso. Esse conceito consiste na

preservação das espécies nativas pelos produtores rurais por elas serem fonte

de alimento e renda. Como resultados iniciais, foram avaliadas as

características físico-química, morfológicas e métodos de extração de polpa

de juçara, uvaia, cambuci, jabuticaba e de outras espécies frutíferas ou

potencialmente geradoras de produtos florestais não madeireiros. Ações dessa

natureza também contribuirá com outras políticas públicas do Governo do ES,

como o Programa Reflorestar.

Como resultado desse trabalho e visando a popularização do consumo, foi

publicado, em 2017, o livro Palmeira juçara: patrimônio natural da Mata

Atlântica no Espírito Santo (Guimarães & Souza, 2017). Esse trabalho

também foi laureado com o Prêmio de melhor projeto de instituição pública,

indicado pelo Conselho de Ciência e Tecnologia do Espírito Santo a 12ª

Semana Estadual de Ciência e Tecnologia.

Sipac e o Boletim da Conjuntura Agropecuária Capixaba

Esse sistema reúne informações das atividades agropecuárias e de todos os

seus produtos no Espírito Santo, as quais são levantadas pelas principais

instituições de pesquisa que atuam no Estado. Isso porque parte significativa

do que é produzido no Espírito Santo, principalmente na olericultura e na

fruticultura, que são de relevância econômica e social no estado, não é

contemplado nas publicações desse tipo feitos em escala nacional. Assim, esse

sistema disponibiliza uma informação mais apurada para o estado. Uma

análise trimestral desses dados é publicada na forma resumida no Boletim da

Conjuntura Agropecuária Capixaba e disponibilizada no site do Instituto.

Na área de fruticultura, o Sipac traz dados de 25 culturas, além de permitir

análise de conjuntura agropecuária e florestal. Por exemplo, em 2015, no

Espírito Santo, enquanto a cafeicultura deu um retorno de R$ 7,7 mil/ha, a

Page 82: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

82

fruticultura rendeu R$ 16,25 mil/ha. Além disso, a fruticultura foi responsável

por 11,2% do valor bruto da produção agropecuária do Espírito Santo. São

mais de 71 mil hectares cultivados e mais de 781 mil toneladas de frutas

produzidas, indicando o sucesso da atividade no estado (Galeano & Souza,

2016).

Parcerias

Nos trabalhos com fruticultura, o Incaper possui uma ampla rede de

parcerias, das quais podemos destacar: a Universidade Federal do Espírito

Santo - Ufes em seus três campi; a Universidade de Vila Velha – UVV;

diversos campi do Instituto Federal do Espírito Santo – Ifes; o Instituto

Agronômico de Campinas – IAC; a Comissão Executiva do Plano da Lavoura

Cacaueira – Ceplac; a Embrapa; a Associação Brasileira dos Produtores e

Exportadores de Papaya - Brapex, dentre tantas outras. Essas parcerias

permitem a ampliação dos trabalhos e dos resultados gerados, seja pela soma

de saberes e de infraestrutura disponíveis, ou pela multidisciplinaridade com

que uma pesquisa pode ser abordada. Assim, esses parceiros são

corresponsáveis pelos resultados gerados pelo Incaper.

Perspectivas futuras

A pesquisa agropecuária brasileira viveu diferentes fases de

desenvolvimento, sempre relacionadas com as necessidades da sociedade em

cada época. Atualmente, a preservação ambiental e todas as variáveis que

envolvem essa discussão, devem ser consideradas como parte integrante do

modelo de desenvolvimento atual em qualquer processo de geração de

conhecimentos e de tecnologias. Portanto, não basta mais produzir frutas em

quantidade e com qualidade. É necessário associar essa produção à

conservação dos recursos naturais, uma vez que a água, a terra e a

biodiversidade são pilares para o desenvolvimento de uma agricultura

sustentável (Moreira et al., 2014).

Aliado a isso, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a

Ciência e a Cultura (Unesco, 2010) ressalta que o desenvolvimento da ciência

e da tecnologia devem ter como foco a redução dos desequilíbrios e da

exclusão social. Diante disso, a ciência deve se basear na erradicação da

pobreza, na harmonia com a natureza e no desenvolvimento sustentável,

integrando suas dimensões social, ambiental e econômica.

Page 83: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

83

Diante desse cenário, apesar de toda a pesquisa em fruticultura já

desenvolvida pelo Incaper, ainda é necessário encontrar respostas para

grandes desafios atuais e futuros. Com base no Planejamento Estratégico do

Incaper e nas demandas levantadas nos Fóruns de Integração Pesquisa e Ater,

realizados pelo Incaper em 2014, algumas áreas de atuação estão sendo

priorizadas para as ações futuras na área de fruticultura do Instituto, como o

uso e conservação dos recursos naturais; adaptação e desenvolvimento

regional; mudanças climáticas; e fitossanidade e segurança alimentar.

Considerando a extensa devastação da Mata Atlântica ocorrida no Espírito

Santo, a pesquisa com frutas nativas da Mata Atlântica pode favorecer o

enriquecimento da cobertura florestal, bem como complementar a renda dos

produtores. O conhecimento as potencialidades dessas frutas aliada a ações de

divulgação de suas propriedades nutricionais contribuirão para que o

agricultor utilize áreas preservadas para obtenção de renda. Assim, o produtor

poderá extrair frutas de áreas preservadas e comercializá-las, ao mesmo tempo

que mantém a árvore nativa, promovendo uma integração entre a preservação

de recursos naturais e a adoção de modelos de desenvolvimento rural em bases

mais sustentáveis.

Cabe lembrar que o Novo Código Florestal indica que a exploração

agroflorestal sustentável, que não descaracteriza a cobertura vegetal existente

e não prejudica a função ambiental da área, é considerado de interesse social,

além disso, permite a exploração econômica da Reserva Legal. Essas áreas

poderão ser utilizadas para a produção comercial de frutas nativas. Visando

atender esse objetivo, estão em execução projetos que visam a caracterização

físico-química e nutricional de frutas nativas da Mata Atlântica com potencial

econômico e ambiental; a intensificação ecológica de plantações de arbóreas

nativas da Mata Atlântica em associação com a palmeira juçara para produção

de frutos; a investigação do potencial das espécies arbóreas nativas para o

desenvolvimento de boas práticas agrícolas em sistemas agrossilvipastoris; a

avaliação da recuperação de área de proteção permanente com palmáceas

nativas; o uso de espécies frutíferas em consórcio com cafeeiro; avaliação da

qualidade ambiental e rentabilidade da agrofloresta sucessional biodiversa,

dentre outros.

Por outro lado, pesquisas que visam o reaproveitamento de resíduos para

adubação podem favorecer o produtor por eliminar custos de produção, ao

mesmo tempo em que dão destinação adequada a resíduos que podem causar

Page 84: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

84

problemas na área rural. Um exemplo de resíduo agrícola que pode causar

danos se mal utilizado é a palha do café, que favorece o surgimento de mosca

dos estábulos (Stomoxys calcitrans), prejudicial ao rebanho bovino. Trabalhos

para a utilização desse e outros de resíduos orgânicos para adubação do

abacaxizeiro e da bananeira estão sendo executados pelo Incaper.

Outra área de atuação de com boas perspectivas futuras é o

desenvolvimento de pesquisas que permitem produzir frutas de forma mais

segura, reduzindo o uso de agrotóxicos nas lavouras. Projetos sobre o controle

integrado de pragas e doenças, que envolvem, técnicas de manejo, material

genético resistente ou tolerante, avaliação de produtos naturais e químicos

sobre as principais pragas e sobre as culturas. Para isso, estão sendo

desenvolvidos os trabalhos nas seguintes áreas:

Controle biológico do ácaro rajado do mamoeiro;

Melhoramento genético do mamoeiro visando resistência à pinta

preta, mancha de phoma e corynespora;

Avaliação dos impactos na pós-colheita de mamoeiro pela aplicação

de produtos químicos para o controle de doenças fúngicas;

Identificação e manejo de insetos vetores do vírus da meleira do

mamoeiro;

Avaliação in vitro da resistência do Colletotrichum gloeosporioides

aos fungicidas utilizados em campo;

Manejo integrado de cochonilhas;

Avaliação fitotécnica e fitopatológica de cacaueiro cultivado a pleno

sol;

Viabilidade técnica e econômica de diferentes materiais usados no

ensacamento dos frutos da goiabeira;

Avaliação do controle de plantas daninhas com herbicidas em

lavouras de abacaxi;

Propagação in vitro e limpeza clonal de abacaxizeiro;

Avaliação e manejo nutricional de abacaxizeiro, dentre outros.

Com relação a adaptação e desenvolvimento regional, os trabalhos em

fruticultura em desenvolvimento no Incaper buscam adaptar materiais

genéticos e técnicas de manejo às condições edafoclimáticas das diferentes

regiões do estado, bem como, trabalhos de extensão que permitam o maior

engajamento e geração de renda aos produtores. Nesse sentido, estão sendo

Page 85: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

85

desenvolvidas ações como a consolidação de polos de fruticultura, sendo os

principais deles, os polos de mamão, manga e tangerina (Costa & Costa,

2015); a estruturação e fortalecimento dos setores produtivos da agricultura

familiar; a inclusão de mulheres como empreendedoras rurais, dentre outras.

As principais ações de pesquisa voltadas para o desenvolvimento

regional são àquelas que visam a avaliação de novos cultivos ou novos

materiais genéticos. Por exemplo: avaliação de matérias genéticos de manga

Ubá; de tangerinas de mesa e de laranja em diferentes porta-enxertos; de

framboesa, amora-preta, uva, oliveira e pêssego.

Conclusão

O Incaper, por meio das soluções tecnológicas desenvolvidas,

recomendadas e/ou adaptadas, contribui sobremaneira para o

desenvolvimento da fruticultura no Espírito Santo. Além da geração de

conhecimentos aplicados, as atividades de assistência técnica e extensão rural

auxiliam na divulgação dos resultados obtidos aos produtores, permitindo que

esse conhecimento gere renda e qualidade de vida no campo. O fato das

pesquisas desenvolvidas serem baseadas em demandas do público-alvo do

Incaper faz com que a ciência e tecnologias geradas estejam alinhadas às

necessidades e potencialidades do nosso Estado. Desta forma, o Incaper se

consolida como um dos principais agentes de desenvolvimento da fruticultura

do Espírito Santo.

No entanto, diante de tantos desafios a serem vencidos, será necessário

agregar competências para que uma nova fruticultura, que produza frutas de

melhor qualidade e com segurança alimentar, diminuindo as desigualdades

sociais e conservando os recursos naturais. O Incaper precisará, cada vez

mais, ampliar as parcerias com outras instituições públicas e privadas de

pesquisa, ensino e de inovação tecnológica, bem como com o setor produtivo.

O apoio do Governo do Estado, com o fortalecimento do capital humano e

da infraestrutura, a modernização de laboratórios e campos experimentais,

bem como, no financiamento de projetos, é imprescindível para que o Incaper

avance ainda mais no desenvolvimento de pesquisas aplicadas ao produtor

rural. Cabe lembrar que segundo o Balanço Social de 2015, o impacto

Page 86: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

86

econômico da atuação do Incaper rendeu R$ 1,19 bilhão de lucro social1.

Além disso, devido à participação da agricultura no produto interno bruto, as

inovações tecnológicas na agropecuária têm forte impacto na economia

capixaba.

Por fim, os pesquisadores do Incaper devem trabalhar continuamente para

obter as soluções para os problemas futuros da fruticultura capixaba, antes

que estes causem impactos negativos aos produtores rurais e ao meio

ambiente. Assim, é preciso planejar, em conjunto com a extensão rural, com

os agricultores e demais parceiros, os caminhos a serem percorridos pela

pesquisa para gerar ciência, tecnologia e inovação voltados para o

desenvolvimento sustentável da fruticultura do Espírito Santo.

Referências

AVILA, A.F.D.; RODRIGUES G.E.; VEDOVOTO, G.L. Avaliação dos

impactos de tecnologias geradas pela Embrapa: Metodologia de referência.

Brasília-DF: Embrapa Informação Tecnológica, 189 p., 2008. Disponível em:

https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/132174/1/Metodologia

ReferenciaAvalImpactoEmbrapa.pdf. Acesso em: 06 abr. 2017

COSTA, A.F.S.; COSTA, A.N. Polos de fruticultura no estado do Espírito

Santo. In: ZUCOLOTO, M.; SCHMILDT, E.R.; COELHO, R.I. (Eds).

Fruticultura tropical: diversificação e consolidação. Alegre, ES: CAUFES,

2015. 176-183p.

ESTEVES, J.; BORGES, V.A.J. Os frutos da inovação. Incaper em Revista,

v.3-4, p.34-77, 2014.

GUIMARÃES, L.A.O.P.; SOUZA, R.G. (Org.). Palmeira juçara:

patrimônio natural da Mata Atlântica no Espírito Santo. Vitória: Incaper,

2017. 68p.

GALEANO, E.A.V. SOUZA, R.C. Boletim da Conjuntura Agropecuária

Capixaba. Vitória: Incaper, v.2; n.8, 14p. 2016.

INCAPER. INSTITUTO CAPIXABA DE PESQUISA, ASSISTÊNCIA

TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL. Planejamento estratégico do Incaper.

Vitória: Incaper, 2012. (Série Documentos, n° 204).

1 Lucro social é a somatório dos impactos econômicos das tecnologias geradas e dos

indicadores sociais internos, tais como encargos sociais, investimentos em capacitação e

desenvolvimento profissional, bem-estar e saúde, segurança do trabalho, dentre outros.

Page 87: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

87

MARTINS, A.G.; VENTURA, J.A.; PREZOTTI, L.C.; MOREIRA, S.O.

Gestão estratégica da pesquisa no Incaper. Incaper em Revista, v.3-4, p.108-

112, 2014.

MOREIRA, S.O.; SOBREIRA, F.M.; SOUZA, G.S.; ZANUNCIO JUNIOR,

J.S.; KUHLCAMP, K.T.; DIAS, M.A.; DAN, M.L., FIGUEIREDO, M.R.;

GODINHO, T.O. De olho no futuro: as tendências da pesquisa agropecuária

no Incaper. Incaper em Revista, v.3-4, p.122-129, 2014.

OLIVEIRA, L.R.; BORGES, V.A.J. (Org.). Balanço social 2015 Incaper. 3

ed. Vitória, ES: Incaper, 2016. 68 p. (Série Documentos, n° 244).

UNESCO. ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A

EDUCAÇÃO, A CIÊNCIA E A CULTURA. A ciência para o século XXI:

uma nova visão e uma base de ação. Brasília: UNESCO, ABIPTI, 2003. 72p.

VENTURA, J.A.; GIRELLI, L.S. Pesquisa agropecuária: a trajetória do

conhecimento no Espírito Santo. Incaper em Revista, v.3-4, p.06-33, 2014.

Page 88: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

88

CAPÍTULO 7

A cultura do coqueiro no Espírito Santo

Fernando Zancanela Bonomo

Introdução

O coqueiro foi introduzido no Brasil no ano de 1553 pelos portugueses no

Estado da Bahia. Desde então assumiu papel muito importante em toda a

região costeira do Nordeste brasileiro, destacando-se os estados do Ceará,

Sergipe e Rio Grande do Norte, sendo assim os maiores produtores do país.

No Estado do Espírito Santo, o coqueiro chegou na década de 60 no município

de São Gabriel da Palha, de onde a partir da década de 90 se expandiu para os

municípios de Jaguaré, São Mateus e Conceição da Barra, motivado pelo

aumento do turismo no litoral capixaba.

Nos últimos anos, a cultura vem se destacando pelo país e o plantio do

coqueiro-anão para a produção de água de coco, tanto para o consumo in

natura, como para a indústria. Segundo pesquisas, o consumo de água de coco

no Brasil vem tendo um crescimento anual na ordem de 15 a 20%, passando

a concorrer nas prateleiras dos supermercados com os sucos e os refrigerantes.

Motivado por esse crescimento, algumas regiões não muito tradicionais (os

Estados de SP, MG e MT) vem tendo um aumento das suas áreas plantadas

com o coco anão irrigado, sendo que os estados do Espírito santo, Rio de

Janeiro e sul da Bahia vêm se destacando pela proximidade dos maiores

centros consumidores (RJ, SP e Belo Horizonte).

Exigências Edafoclimáticas

O coqueiro é uma planta essencialmente de clima tropical úmido, tendo

sua distribuição geográfica bem definida entre os Trópicos de Câncer e de

Capricórnio. Quando se fala em temperatura, pode-se dizer que o fator

Page 89: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

89

limitante são as temperaturas amenas, sendo uma temperatura média em torno

de 27 ºC a ideal, com variações médias diárias entre 5 a 7 ºC para se ter um

bom desempenho da cultura. Temperaturas abaixo de 15 ºC causam

abortamento das flores e reduzem o número de flores femininas nas

inflorescências.

O coqueiro anão necessita de uma precipitação mínima anual de 1500mm,

com distribuição mensal não inferior a 130mm. Existem diferenças entre as

variedades, sendo as variedades anãs as mais sensíveis ao déficit hídrico,

tendo como consequência nessas condições, uma baixa emissão do número

de folhas e, consequentemente, do número de inflorescências, assim como

baixo pegamento de frutos e redução da qualidade dos mesmos. Por todos

esses motivos faz-se necessário o uso de irrigação para uma produção

satisfatória em regiões onde não se tem as condições ideais de precipitação

exigidas pela cultura.

Quando se fala em intensidade luminosa, o coqueiro é uma planta bastante

exigente, necessitando em torno de no mínimo 2000 horas anuais de

insolação, com um mínimo mensal de 120 horas (Frémondet et al., 1966).

Mesmo tendo um nível ótimo de radiação, o coqueiro pode não expressar seu

potencial, visto que este fator está diretamente ligado a disponibilidade de

água no solo e umidade relativa do ar. Em umidades relativas inferiores a 60%

o coqueiro reduz a abertura estomática e, consequentemente, a absorção de

água e nutrientes, já em níveis muito altos, essa umidade relativa propicia o

aparecimento de pragas e doenças.

O coqueiro é uma planta que se desenvolve nos mais distintos tipos de

solos, entretanto, tem preferência por solos mais arenosos. Devido ao seu

sistema de raízes fasciculadas, suas raízes tem dificuldades no rompimento de

camadas mais compactas de solos, assim como no desenvolvimento em solos

muito argilosos.

Implantação da cultura, manejo e tratos culturais

Os espaçamentos de plantio do coqueiro são diferentes em função das

diferentes variedades, e estão diretamente relacionados com o tamanho das

plantas. Para o coqueiro da variedade gigante a recomendação é o

espaçamento de 9 m x 9 m (142 plantas por hectare), em triangulo. Para a

cultivar híbrido é de 8,5 m x 8,5 m (160 plantas por hectare), e para a

variedade de coqueiro-anão é de 7,5 m x 7,5 m (205 plantas por hectare).

Page 90: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

90

Quanto maior o número de plantas por hectare, maior será a concorrência por

água, luz e nutrientes.

Para o plantio das mudas no campo, é recomendada a abertura de covas

com as dimensões mínimas de 0,60 x 0,60 x 0,60m, adicionando 800g de

superfosfato simples e esterco ou alguma outra fonte de matéria orgânica

existente na região.

Para o controle de ervas daninhas nas entrelinhas pode fazer o uso de

gradagem ou roçagem, sendo que em regiões com alto déficit hídrico e com

predominância de gramíneas recomenda-se a gradagem, resultado num

melhor desenvolvimento e precocidade dos coqueiros. Na região da coroa das

plantas recomenda-se fazer uma capina, podendo ser química ou mecânica,

num raio em torno de 2,0 a 2,5m a partir da estipe da planta.

É importante que se faça periodicamente a limpeza da copa das plantas,

que consiste na retirada de cachos velhos, folhas secas e outras partes mortas

que ali se encontram abaixo das folhas, evitando assim a proliferação de

pragas, principalmente as brocas. Esses restos de cultura, juntamente com os

restos que se encontram sob as copas na coroa das plantas, devem ser retirados

da área ou enleirados nas entrelinhas e triturados. Na região sudeste do Brasil

é muito severo o ataque por fungos (lixa-grande, lixa-pequena e queima-das-

folhas), o que reduz drasticamente o número de folhas do coqueiro, sendo

necessário desta forma fazer o escoramento dos cachos, aproveitando esse

momento de limpeza da copa para fazer também esta operação.

Colheita e Mercado Na região sudeste do Brasil, faz-se a colheita dos frutos do coqueiro-anão

verde para consumo de água entre o sexto a oitavo mês após a abertura das

inflorescências, dependendo da época do ano e da finalidade do uso da água

(consumo in natura, praia, carrinho ou fábricas de envase). Colhe-se em

média de 1 a 2 cachos por planta em cada colheita, com um intervalo médio

de 45 dias uma da outra.

Um dado muito interessante observado em relação ao ponto de colheita é

que quanto mais cedo se faz a colheita dos frutos, maior é a produtividade.

Quanto mais tempo os cachos já em ponto de colheita ficam na planta, maior

é o esgotamento da mesma, podendo assim diminuir a qualidade dos frutos

dos cachos seguintes, assim como aumentar o abortamento de flores

femininas. A colheita para o consumo in natuta está diretamente ligada ao

Page 91: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

91

clima, em períodos de bastante calor, principalmente no verão a demanda por

esse fruto é bem grande, o que estimula o produtor a estar sempre com a

colheita em dia.

Em períodos de temperaturas mais amenas e muito chuvosos nos grandes

centros consumidores, o consumo de agua diminui, reduzindo também desse

modo a colheita. Nesses períodos é de suma importância a atuação das

fábricas envasadoras, pois podem estar em plena produção, absorvendo esses

frutos que o mercado não pode absorver no momento ideal de colheita,

mantendo assim plantas sem excesso de frutos. Outro dado interessante é que

as fábricas envasadoras geralmente pagam pelo volume de água envasado, e

não por unidades, desse modo, os frutos podem ser colhidos para esse fim

num ponto de maturação de melhor rendimento de volume por fruto, que

geralmente é mais novo do que se colhe para o mercado. A atuação das

fábricas envasadoras também tem um efeito sobre os preços pagos pelo

mercado, visto que captam um grande volume de produção, diminuindo assim

a oferta e com isso, dando maior estabilidade na manutenção dos preços.

A região norte do Estado do Espírito, juntamente com o Sul do Estado da

Bahia vem se destacando com grandes áreas de cultivo do coco anão, motivo

esse que tem atraídos grandes fábricas envasadoras, algumas já instaladas e

operando na região e outras em projetos futuros.

Calagem e adubação

É recomendado fazer a calagem para se atingir uma saturação de bases

entre 60 e 70%. A calagem deve ser feita em área total quando o teor de Al

no solo na camada de 0 a 20 cm de profundidade estiver acima de 5 mmol/dm3,

estando abaixo desse valor, recomenda-se efetuar a calagem somente na área

onde é feita a adubação, na projeção da copa.

Sobral (1998) determinou uma extração e exportação de nutrientes para o

coqueiro, considerando uma produtividade de 200 frutos por planta/ano, em

kg/ha/ano de: 87,71; 12,44; 169,77; 6,02; 9,48; 7,85 e 92,0 para N, P, K, Ca,

Mg, S e Cl, respectivamente. Observado um alto valor para o cloro (Cl), sendo

então considerado como um macro nutriente para o coqueiro.

Para a determinação de níveis críticos de nutrientes no tecido foliar, é feito

a coleta a partir de folhas medianas da copa das plantas, sendo a folha nº 9 e

folha nº 14 um padrão de referência. É recomendado se fazer a coleta de folhas

Page 92: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

92

e análises foliares pelo menos a cada seis meses. Segue tabela abaixo com os

níveis críticos foliares para macro e micronutrientes.

Tabela 1. Níveis críticos de macro e micronutrientes nas folhas nº 9 e nº 14

do coqueiro-anão verde

Nutriente Folha n° 9 Folha n° 14

Macronutriente -----------------------------[g kg-1]--------------------------------

N 21,0 22,0

P 1,50 1,40

K 16,0 15,0

Ca 3,0 3,5

Mg 3,0 3,3

S 1,3 1,5

Micronutriente -----------------------------[mg kg-1]------------------------------

Cl 8,0 7,5

Na 1,5 1,3

B 17,0 20,0

Cu 5,0 5,0

Mn 60,0 65,0

Zn 14,0 15,0

Fe 35,0 40,0

Fontes: Holanda, J.S de, 2004; Raij. B. van., 2004; Sobral, L.F., 2004.

No coqueiro adulto a folha que melhor expressa o estado nutricional da

planta é a folha nº 14 (Frémondet et al., 1966). Em plantas jovens pode-se

utilizar as folhas nº 4 e nº 9. Para determinação das folhas nº 4 e nº 9, toma-

se como base a folha flecha (folha da região apical, ainda não aberta),

contando-a como folha zero, a folha emitida logo após a mesma é a folha nº

1 e assim sucessivamente até chegar as folhas nº 4 e nº 9. Para determinar a

folha nº 14 tomamos como base a folha nº 10, folha essa onde se encontra a

em sua axila a inflorescência mais recentemente aberta, do lado oposto

encontraremos o folha nº 9 (tem em sua axila a maior da planta, prestes a se

abrir), onde logo abaixo encontramos a folha nº 14 (tem em sua axila a

inflorescência cujos frutos tem aproximadamente o tamanho de um punho

fechado).

Page 93: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

93

É necessário ressaltar que as quantidades indicadas nas tabelas 2 e 3 podem

variar em função de alguns fatores, tais como: clima predominante na região

(temperatura, umidade relativa do ar, pluviometria), tipo de solo, técnicas de

manejo (sistema de irrigação usado, fontes dos nutrientes aplicados, formas

de aplicação dos nutrientes, etc.).

Tabela 2. Recomendação de adubação N, P e K para o coqueiro-anão verde

em formação, com base em análise foliar para N e análise de solo para P e K

N na folha

[g kg-1]

P-resina

[mg dm-3]

K-trocável

[mmol dm-3]

<16 16-20 >20 <12 12-30 >30 <1,6 1,6-3,0 >3,0

Idade

[anos]

N

[g planta-1]

P2O5

[g planta-1]

K2O

[g planta-1]

0-1 450 450 450 0 0 0 600 400 200

1-2 600 450 300 200 150 100 900 700 500

2-3 900 750 600 300 200 100 1200 900 600

Fontes: Holanda, J.S de. 2004; Raij, B. van., 2004; Sobral, L.F., 2004.

Tabela 3. Recomendação de adubação com N, P e K para o coqueiro-anão

verde em produção, com base na análise foliar para o N, análise de solo para

P e K e rendimento esperado

N na folha 14

[g kg-1]

P-resina

[mg dm-3]

K-trocável

[mmol dm-3]

<16 16-20 >20 <12 12-30 >30 <1,6 1,6-3,0 >3,0

x 1.000

fruto ha-1

N

[kg ha-1]

P2O5

[kg ha-1]

K2O

[kg ha-1]

<20 180 120 80 80 60 20 200 150 100

20-30 220 180 100 100 70 30 250 200 120

30-40 260 200 120 120 90 40 300 240 150

40-50 300 220 140 140 100 50 400 300 180

>50 360 250 160 160 120 60 500 350 200

Fontes: Holanda, J.S de, 2004; Raij, B. van., 2004; Sobral, L.F., 2004.

O coqueiro é uma cultura que tem uma característica muito particular, pois

depois que se inicia a sua produção encontramos numa mesma planta frutos

em todas as suas fases de formação, que vão desde a diferenciação floral até

Page 94: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

94

o ponto de colheita. Desta forma, sugere-se realizar o parcelamento das

adubações o maior número de vezes possível, mantendo a planta sempre num

ótimo estado de nutrição.

Pragas do coqueiro

1 – Rhynchophorus palmarum Linnaeus, 1764 (Coleóptera:

Curculionidae): Broca-do-olho-do-coqueiro

O adulto é um besouro de cor preto-opaca e aveludada, com 45 a 60mm de

comprimento e 15 a 18mm de largura (Bondar, 1940). A fêmea faz sua postura

na parte tenra do coqueiro, pondo cinco ovos/dia, podendo totalizar 250 ovos

em um único ciclo. Em laboratório, Wilson (1963), observou os seguintes

dados biológicos; período de incubação dos ovos – 64 a 88 horas, período

larval – 33 a 62 dias, período pupal até a saída do casulo – 18 dias, a partir do

nono dia após a saída do casulo a fêmea começa a fazer a postura de ovos por

um período de 25 dias. A longevidade dos adultos é em média 127,5 dias para

os machos e 44,8 dias para as fêmeas.

Essa espécie (R. palmarum) ocorre desde a Argentina até a Califórnia,

onde, segundo Silva et al. (1968), fazem postura e se reproduzem em várias

espécies de plantas além do coqueiro, como por exemplo: babaçu, bacabá,

cana-brava, cana-de-açúcar, dendezeiro, palmeira imperial. Esse besouro tem

o hábito diurno, fazendo seu vôo nas horas mais quentes do dia e podendo ser

encontrado em qualquer época do ano (Sanches et al., 1993).

Após a postura, as larvas passam a se alimentar dos tecidos meristemáticos

da planta, fazendo galerias para todas as direções, que quando são intensas e

numerosas podem causar a fermentação do palmito e, consequentemente, a

morte da planta (Bondar, 1940). Esse besouro também é o principal agente

transmissor do nematóide Bursaphelenchus cocophilus, agente causal da

doença conhecida como anel-vermelho, doença letal para o coqueiro.

Medidas de controle: recomenda-se eliminar as plantas mortas da

lavoura, queimando-as ou usando as mesmas como isca, pulverizando

inseticidas específicos para a praga, eliminando assim tanto as larvas que nela

se encontram como os adultos que atraídos pelo cheiro da fermentação que ali

viriam a fazer postura. Também é recomendado que se evitem os ferimentos

na estrutura das plantas durante os tratos culturais, visto que esses ferimentos

atraem o besouro. Outra forma de controle é o uso de armadilhas, a mais usada

é a em forma de alçapão, onde é colocado em seu interior iscas, sendo a mais

Page 95: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

95

usada pedaços de cana-de-açúcar (Moura et al., 1991), sendo que também hoje

já se encontra no mercado um feromônio a base de Rhynchophorol, onde

dessa forma os besouros capturados devem ser coletados periodicamente e

mortos.

2 – Aceria guerreronis Keifer, 1965 (Acari : Eriophyidae): Ácaro-da-

necrose-do-coqueiro

É um ácaro extremamente pequeno, de cor branco-leitosa ou levemente

amarelada brilhante, medindo de entre 205 a 255 micrômetros de

comprimento por 36 a 52 micrômetros de diâmetro (Flechtmann, 1979). Tem

um ciclo de vida variando entre 8 e 11 dias (Suarez & Almaguel, 1992),

especula-se que ele pode se reproduzir por partenogênese, tendo desta forma

um alto potencial reprodutivo (Cabrera, 1991). Este ácaro encontra-se

disseminado por todas as regiões produtoras nos continentes asiático, africano

e americano (Cabrera, 1991).

Esses ácaros se criam geralmente sob as brácteas dos frutos mais jovens,

mas também podem ser encontrados nas brotações das plantas jovens. No

primeiro caso eles passam a predar a superfície dos frutos, causando lesões na

mesma, onde, com o crescimento dos frutos começam a aparecer manchas

amarelo-esbranquiçadas a partir das brácteas, evoluindo pra coloração

marrom e tomando grande parte da superfície do fruto. Em grande parte os

frutos atacados racham e caem, e os que chegam ao ponto de colheita perdem

seu valor comercial. No caso do ataque na brotação das plantas jovens, ocorre

um necrosamento das folhas no meristema apical, que dificulta o

desenvolvimento da planta, e quando é mais severo pode causar a morte da

mesma.

Medidas de controle: para o controle de ácaros nos frutos é recomendado

o uso de acaricidas específicos para a praga, fazendo pulverizações nos

inflorescências mais novas (fixadas nas axilas das folhas nº 10, 11, 12, 13 e

14), assim como nas espatas (inflorescências ainda não abertas), com um

intervalo de aplicação variando entre 15 a 21 dias, podendo chegar a 30 dias

em condições de um controle mais eficiente. Deve-se intensificar a atenção

do controle no período mais quente do ano, pois é nesse período em que se

abrem o maior número de inflorescências e com o maior número de flores, e

quando o ciclo da praga se torna mais curto, intensificando assim a sua taxa

reprodutiva. Uma outra alternativa de controle é o uso de um óleo de origem

Page 96: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

96

vegetal (óleo de algodão, óleo de soja, etc.), juntamente com detergente neutro

nas seguintes proporções: óleo 1,5% e detergente 1,0% do volume da calda,

usando a mesma metodologia de aplicação indicada para os defensivos.

3 – Aleurodicus pseudugesii (Hemíptera : Aleyrodidae): Mosca Branca

É considerada como uma das pragas agrícolas mais importantes do mundo,

tendo registro de 43 espécies atacando palmeiras, das quais 9 já foram

identificadas em lavouras no Brasil, sendo Aleurodicus pseudugesii a mais

comum.

A A. pseudugesii completa todo seu ciclo (ovo, ninfa, adulto) no coqueiro,

num período de cerca de 22 dias, sendo que em períodos muito quentes e secos

as fases entre ovo e adulto podem se encurtadas. A postura dos ovos é feita na

parte inferior dos folíolos das folhas, em forma de um espiral, onde nascendo

as ninfas de coloração amarelo-clara, translúcidas, passam a sugar a seiva da

planta, secretando então uma camada branca cerácea que as protegem durante

esta fase. Essa praga tem uma alta capacidade reprodutiva, podendo uma

fêmea pôr entre 100 a 300 ovos durante a seu período reprodutivo.

Na superfície das folhas das plantas atacadas se depositam além da camada

cerácea produzida pelas moscas, um fungo conhecido como fumagina, que se

desenvolve nas substâncias açucaradas excretadas pela praga. Esse complexo

de substâncias produzidas e fungos podem em condições de ataques mais

severos, cobrir toda a superfície das folhas das plantas, reduzindo assim

drasticamente a capacidade fotossintética das mesmas, ocasionando desta

forma grandes perdas em produtividade.

Medidas de Controle: recomenda-se fazer pulverizações com defensivos

específicos para a praga, juntamente com espalhantes siliconados nas horas

mais frescas do dia ou preferencialmente durante a noite, momento em que a

praga tem seu hábito de revoada. A pulverização deve ser dirigida para as

partes inferiores dos folíolos, de forma a atingir a praga. O controle deve ser

iniciado de preferência antes que a praga atinja altos índices de infestação,

com intervalo de pulverizações entre 8 a 15 dias, sendo necessário se repetir

até três ou quatro vezes.

Doenças do coqueiro

1 – Thielaviopsis paradox: Resinose do coqueiro

Page 97: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

97

A resinose do coqueiro é uma doença causada por um fungo que ataca o

sistema vascular das plantas, obstruindo os vasos, impossibilitando a

translocação de seiva e nutrientes, depauperando a planta, e podendo até levar

a morte da mesma. Os seus sintomas mais visíveis são o aparecimento de um

líquido marrom-avermelhado que escorre através de rachaduras no tronco. A

sua contaminação ocorre facilmente através de insetos vetores, solo

contaminado, água contaminada e ferramentas usadas nos tratos culturais e na

colheita. Essa doença teve seu primeiro registro no Brasil no ano de 2004, e

desde então tem se alastrado por todas as regiões produtoras do país.

Medidas de controle: deve-se procurar fazer o controle dos principais insetos

vetores, evitando dessa forma sua entrada em lavouras ainda livres dessa

doença, visto que se apresenta como o principal fator de entrada em áreas

ainda livres. É recomendado que as plantas em estágios mais avançados da

doença sejam erradicadas da lavoura, visto que o fungo pode sobreviver por

um longo período nos restos culturais. Em plantas em estágios iniciais da

doença recomenda-se fazer uma raspagem da estipe na região atacada e

pulverizar a ponto de escorrimento com a seguinte mistura: para 100 litros de

água usa-se 300g de tiofanato metílico + 500g de ureia + 200g de cloreto de

potássio + 200g de cloreto de sódio (sal grosso). Após a secagem da estipe

recomenda-se pincelar piche ou alcatrão vegetal na área onde foi feita a

raspagem.

2 – Drechslera incurvata: Helmintosporiose

Doença fúngica que ataca mais comumente plantas jovens, seu ataque

começa pelas folhas basais e posteriormente progredindo para a região apical.

As lesões tem um formato pequeno, elípticos e alongados, coloração marrom

com halo amarelo-ouro. Quando o ataque é severo podem atingir toda a

superfície das folhas, podendo causar a morte da planta.

Essa doença é favorecida e encontra condições propícias em regiões e

períodos com predominância de alta humidade relativa do ar e temperaturas

entre 18 a 27ºC. Também contribuem para a sua incidência o consórcio com

gramíneas. O desbalanço nutricional como o excesso de nitrogênio e

deficiência de cloro também pode favorecer a doença.

Medidas de controle: recomenda-se manter a área livre de ervas daninhas

(principalmente as gramíneas). Manter um balanço nutricional adequado e

Page 98: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

98

fazer o uso de fungicidas específicos quando identificado os sintomas iniciais

da doença.

3 – Sphaerodothis acromiae e Phyllachora torrendiella: Lixa-grande e

Lixa-Pequena (respectivamente)

A lixa é encontrada em quase todas as regiões produtoras de coco, sendo

que as duas formas atacam a planta ao mesmo tempo, tanto a lixa-grande

quanto a lixa-pequena. Seus danos podem passar despercebidos em

determinadas regiões, assim como podem causar enormes prejuízos em

outras. Esses fungos são favorecidos pela alta humidade relativa,

desenvolvendo-se nos folíolos, no limbo foliar, nas nervuras dos folíolos, e

também ao longo de toda ráquis foliar. Apresentam lesões com a aparência de

pequenas verrugas de coloração escura nas folhas mais velhas do coqueiro,

causando desta forma a morte prematura dessas folhas, reduzindo assim

enormemente o potencial produtivo da planta.

Medidas de controle: ainda não foram obtidos resultados definitivos

sobre o controle químicos dessas doenças, entretanto, recomenda-se o uso de

fungicidas protetores quando a incidência da doença for muito alta, realizando

pulverizações com um intervalo entre 20 a 40 dias nas folhas da metade

inferior da copa das plantas. Outra medida auxiliar é manter o balanço

nutricional das plantas.

Na tabela 4 são apresentados os produtos com registros ativos junto ao

Instituto de Defesa Agrícola e Florestal (IDAF) para a cultura do coqueiro no

Estado do Espírito santo.

Page 99: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

99

Tabela 4. Defensivos registrados para a cultura do coqueiro no estado do ES

Registro Cadastro Produto Classe

3801 682 Abamex Acaricida/Inseticida

14807 635 Azamax Inseticida/Acaricida

458791 362 BacControl WP Inseticida microbiológico

15716 1288 Difcor 250 EC Fungicida

703 2 Envidor Acaricida

892 292 Marshal 200 SC Inseticida/Acaricida

9195 400 Match EC Inseticida

1706 170 Oberon Inseticida/Acaricida

8813 0 Orkestra SC Fungicida

3893 439 Ortus 50 SC Acaricida

8005 88 PotenzaSinon Acaricida/Inseticida

3102 116 RMD-1 Feromônio

4299 147 Roundup Transorb Herbicida

695 71 Safety Inseticida

2894 99 Score Fungicida

107 643 Talento Acaricida

8396 156 Tecto SC Fungicida

618895 91 Vertimec 18 EC Acaricida/Inseticida

Acesso em: 07 de abril de 2017, http://idaf.es.gov.br. Consulta de Produtos

Agrotóxicos.

Referências

BONDAR, G. Insetos nocivos e moléstias do coqueiro (Cocos nucifera L.)

no Brasil. Salvador: Tipografia Naval, 156 p.1940

CABRERA, R.I. EI acaro del cocotero Eriophyes guerreronis su

importância economia y métodos de lucha. Habana: Estacion Nacional de

sanidade de los Cítricos y outros frutales, 40p. 1991

IDAF, http://idaf.es.gov.br. Consulta de Produtos Agrotóxicos.

FERREIRA, J. S.; LINS, P.M.P.; OMENA, R.P.M. de LIMA, A.F. de;

RACCA FILHO, F. Ocorrência da mosca branca Aleurodicus pseudugesii

Martin. Método de controle e dano causado à produção do coqueiro anão verde. In: CONGRESSO DE FRUTICULTURA, 21. Natal, RN, 2010.

Page 100: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

100

FERREIRA, J.S.; WARWIK, D.R.N.; SIQUEIRA, L.A. A cultura do

coqueiro no Brasil. 2º edição revista e ampliada. Brasília: Embrapa-SPI;

Aracaju: Embrapa- CPATC, 292p. 1998

FLECHTMANN, C.H.N. Ácaros de importância agrícola. 3. Ed. São Paulo:

Nobel, 189p. 1979.

GUTIERREZ, A de S.D.; FERRARI, P.R. Como vencer a mosca branca no

tomate. Centro de qualidade em horticultura. Compahia de entrepostos e

armazéns Gerais de São Paulo CEAGESP. Circular Técnica No. 1, 2002.11p.

MIRISOLA, L.A. Cultivo de coco anão. Viçosa, MG. 321p. 2002

MOURA, J.I.L.; RESENDE, M.L.V.; LIMA, M.F. de SANTANA, D.L. de

Q. Táticas para o controle integrado de Rhynchophorus palmarum. Ilhéus:

CEPLAC, 16P. 1991.

SILVA, A.G. da; GONÇALVES, C.R,; GALVÃO, D.M,; GONÇALVES,

A.J.L,; GOMES, J; SILVA, M. do N,; SIMONI, L.de. Quarto catálogo de

insetos que vivem nas plantas do Brasil: seus parasitas e predadores. Rio de

Janeiro: Serviço de Defesa Sanitária Vegetal, parte II, Tomo 1 .622p. 1968.

SUAREZ, G.A; ALMAGUEL, R.L. Biologia y dinâmica poblacional y de

daño del ácaro E. guerreroni. Enemigos naturales. In: TALLER

INTERNACIONAL SOBRE LOS ÁCAROS Y OTRAS PLAGAS DEL

COCOTERO Y SUS POSYBLES METODOS DE LUCHA, 1.; 1992,

Guantanamo. Resumenes... Habana: Centro de informacion y

Documentacion Agropecuário del Instituto de investigaciones de Cítricus e

outros frutales, p.265. 1992.

WILSON, M. Investigations into the development of palm weevil

Rynchophorus palmarum. Tropical agriculture, v.40, p.185-196, 1963.

Page 101: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

101

CAPÍTULO 8

Fruticultura e a Agricultura Familia

Abel Rebouças São José

Mônica de Moura Pires

Ivan Vilas Boas Souza

Marinês Pereira Bomfim

Adahilda Almeida de Brito

Introdução

A agricultura brasileira experimentou importantes transformações nas

últimas décadas, especialmente nos últimos 10 anos. Tais mudanças se devem

em parte pela urbanização do país, especialmente com a migração rural-

urbana, gerando cada vez mais aglomerados urbanos (Figuras 1 e 2). Até

meados da década de 1960 o país era caracteristicamente rural, pois a maior

parte da população brasileira vivia nas zonas rurais. A partir da década de

1960 inicia-se um processo de profunda transformação do país com a

formação de grandes aglomerados urbanos, cidades de médio e grande porte,

resultante do processo de industrialização do Brasil. De acordo com o Censo

Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para os

anos compreendidos entre 1940-2010, vê-se que no último Censo, o do ano

de 2010, apenas 14% da população residiam nas zonas rurais, com tendências

de redução ainda mais significativa nas próximas décadas.

Page 102: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

102

Figura 1 – Evolução da população brasileira, segundo Censo Demográfico

do IBGE, 1940-2010 - Fonte: Censo Demográfico Dados Históricos (vários

anos).

Figura 2 – Evolução da população urbana e rural em termos percentuais,

1940-2010 - Fonte: Censo Demográfico Dados Históricos (vários anos).

A redução da população rural se deve a fatores como diminuição da taxa

de natalidade, a entrada na mulher no mercado de trabalho, mudança no

0

50.000.000

100.000.000

150.000.000

200.000.000

250.000.000

1940 1950 1960 1970 1980 1991 2000 2010

Total Urbana Rural

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

1940 1950 1960 1970 1980 1991 2000 2010

Urbana Rural

Page 103: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

103

tamanho das famílias, migração e melhores oportunidades de trabalho nos

centros urbanos, dentre outros. Toda essa transformação vem proporcionando

mudanças importantes no cenário agrícola brasileiro, especialmente nas

atividades que exigem elevado contingente de mão-de-obra. Diante desse

cenário, tem-se buscado substituir total ou parcialmente a mão de obra por

meio da mecanização e automação de diversas operações na agricultura. Esse

processo vem ocorrendo em uma velocidade cada vez maior e inserido em

diversas etapas do processo produtivo. Nesse contexto, merece destaque a

mecanização mais intensiva que vem ocorrendo desde o plantio até a colheita

em culturas como café, soja, milho, batata, eucaliptos, etc.

A fruticultura como opção para a agricultura familiar Nos diversos setores da agricultura, a fruticultura é um dos setores que

requer uso intensivo de mão-de-obra em diversas atividades, o que tem levado

os fruticultores a buscarem alternativas para reduzir esse uso a partir da

mecanização e automação no processo produtivo. Em algumas regiões

produtoras e em grandes e médias propriedades, se observa a presença de

colheita semi-mecanizada do melão, colheita totalmente mecanizada da uva

para produção de vinho e de laranja destinada à produção de suco, etc. Porém,

esse fato vem ocorrendo também em pequenas propriedades, como forma de

reduzir custos, aumentar produtividade, e enfrentar o problema da escassez de

mão-de-obra.

Na fruticultura, a falta de mão-de-obra na zona rural vem afetando de

maneira substancial os produtores, independentemente do seu tamanho

(familiar, pequeno, médio ou grande) e, a expectativa é que tal realidade se

agrave nos próximos anos. Daí, a escolha por um cultivo deverá levar em

conta a necessidade de demanda de mão de obra e a capacidade de

mecanização e automação que pode ser inserida no cultivo, o que significa

que determinados cultivos poderão se tornar “inibitivos” para grandes e

médios produtores em função da escassez da mão-de-obra no campo. Como

exemplo pode-se citar que algumas décadas era comum grandes áreas com

cultivo de maracujá (40 a 400 hectares) que se espalhavam desde o norte do

Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo, Bahia, etc. No entanto, a realidade

atual é muito distinta, pois esse cultivo tem sido feito, praticamente, por

pequenos produtores e agricultores familiares com áreas variando entre ½ a 5

hectares. A mesma situação se observa nos cultivos de pinha e graviola, cujas

Page 104: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

104

áreas são, na sua grande maioria, inferiores a 5 hectares. Esses cultivos

passaram a ser típicos de agricultores familiares e pequenos produtores, em

função da grande exigência em operações manuais na lavoura, que vão desde

o plantio, produção (por exemplo podas de formação e produção, polinização,

algumas vezes ensacamento de frutos ou pulverizações com defensivos),

colheitas em diferentes períodos do ano. Essas são atividades, normalmente,

realizadas por membros da família ou contratação temporária de reduzido

número de trabalhadores para as operações de poda, polinização, controle de

pragas, colheita.

Nesse sentido, a estratégia de produção atual deve-se adaptar a essa

realidade, e, portanto, os agricultores familiares, micro e pequenos produtores

deverão selecionar cultivos frutícolas de acordo com a demanda e

disponibilidade de mão-de-obra na propriedade ou na região, da necessidade

de mão de obra da lavoura e da condição de tecnificação da produção e do

produtor. Diante desse cenário, percebe-se que as indústrias têm buscado

suprir esse tipo de demanda, desenvolvendo máquinas e equipamentos para

atender à procura de pequenos produtores, em especial fruticultores. Assim,

para responder a esse nicho de mercado, vêm sendo criados e produzidos

equipamentos que podem ser acoplados à tração animal ou micro-trator, ou

ainda sistemas de automação (na irrigação, pulverizações, etc.) para facilitar

as atividades produtivas do pequeno fruticultor nesse novo cenário. O sucesso

do pequeno fruticultor necessita da otimização dos seus custos de produção,

de maior produtividade e qualidade, a fim de atender as exigências do

mercado. Para tanto é necessário minimizar os custos que envolvem aquisição

e aplicação dos insumos (adubos, defensivos, etc.), custo da água e energia

elétrica para irrigação, impostos e despesas fixas e variáveis diversas, custo

da mão-de-obra, encargos sociais, etc. Além disso, o pequeno fruticultor

deverá conhecer detalhadamente os custos de transporte até o seu mercado

destino a fim de escoar adequadamente o produto, a sazonalidade da oferta e

dos preços, as exigências dos compradores, intermediários ou indústrias de

processamento.

Nesse novo cenário o pequeno fruticultor tem um papel cada vez mais

relevante no mercado. Assim, relatamos a seguir alguns casos de sucesso na

atividade frutícola que podem servir de modelo e reflexão para a busca de

maior inserção dos pequenos produtores no mercado frutícola brasileiro.

Page 105: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

105

Casos de sucesso e recomendações da fruticultura no contexto da

agricultura familiar

1) Cultivo da gravioleira

Na Bahia e em Pernambuco existem experiências bem sucedidas no cultivo

de gravioleira (Annona muricata). Na região do baixo Sul da Bahia,

especialmente nos municípios de Wenceslau Guimarães, Teolândia, Gandu,

dentre outros, os produtores rurais buscaram alternativas econômicas,

principalmente após a grande crise do cacau da década de 1980, dentre elas a

gravioleira como uma lavoura alternativa. Os primeiros cultivos dessa fruta

foram implantados com poucos conhecimentos sobre o manejo de produção.

Pouco a pouco com o crescimento local da demanda por essa fruta foram

adquirindo conhecimento técnico a fim de praticar bom manejo da cultura,

além de boas práticas na colheita, pós-colheita e processamento da fruta no

âmbito da propriedade. Os produtores começaram a perceber que produzir

graviola era um bom negócio, já que o mercado absorvia toda a produção com

preços atrativos, tanto da fruta fresca quanto daquela destinada à

agroindústria, tanto no mercado local como também exportando para outros

estados brasileiros. Estudo realizado por Freitas (2012) na região do baixo

sul da Bahia revela que a graviola representa uma importante fonte de renda

para os agricultores locais, predominando na lavoura os agricultores

familiares, já que o tamanho médio dos pomares, segundo esse autor, era de

3,25 ha, sendo que quase 50% deles possuíam áreas de até 2 ha. Esse é um

cultivo que exige uso intensivo e qualificado de mão de obra nas diversas

etapas do cultivo. Quando isso não ocorre, o risco e o comprometimento total

ou parcial da produção, sobretudo nas operações que estão associadas

diretamente aos frutos, como ensacamento e controle das brocas do fruto e da

semente. Assim pode-se prejudicar a produção comercial da graviola que

ocorre após cerca de quatro anos após o plantio e a expectativa futura de

produção. Os produtores locais daquela região são relativamente organizados

e contam com apoio do SENAR, SEBRAE, Universidades Estaduais baianas

(UESB e UESC), CEPLAC, ADAB e diversas entidades privadas. Os

produtores receberam diversos treinamentos em relação às técnicas de

produção (podas, polinização, adubação, controle de pragas, ensacamento de

frutos, colheita, pós-colheita, processamento da fruta, etc). Algumas técnicas

que não eram usuais nos pomares, após os treinamentos passaram a ser

Page 106: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

106

adotadas por um número expressivo de produtores que resultaram em

elevação significativa da produtividade e qualidade de frutos. Pode-se citar

dentre essas técnicas, a polinização, podas, adubação, controle fitossanitário

e a forma de colheita dos frutos, as quais promoveram um forte incremento

na produtividade dos pomares.

A média de produção da região estava em cerca de 6 toneladas/ha, mas

com a adoção dessas novas tecnologias, diversos produtores têm alcançado

produtividades entre 20 a 38 toneladas/ha. Outro grande avanço que foi

observado, diz respeito às operações de pós-colheita e pré-processamento na

propriedade. Antes, essas operações eram realizadas de maneira inadequada,

o que colocava em risco a qualidade (principalmente riscos de contaminação

por microrganismos), podendo em algum momento afetar significativamente

o mercado. Um importante trabalho de esclarecimento e capacitação dos

produtores foi realizado na região, os quais foram orientados no sentido de

construir um galpão totalmente asséptico, para recepção, descascamento e

extração e congelamento da massa da graviola para atender ao exigente

mercado de polpas e outros derivados, preconizando as boas práticas de

colheita, pós-colheita e processamento da fruta. A grande maioria dos

produtores aderiu à construção desses galpões e o mercado vem crescendo

com solidez.

Diante dessa situação, pode-se afirmar que os bons produtores têm

auferido uma receita bruta variando de R$40.000,00 a 80.000,00/ha/ano,

dependendo da produtividade e da sazonalidade do preço no mercado. Isso

tem levado à expressividade econômica da lavoura, tornando a Bahia a

principal região produtora dessa fruta no país. Atualmente, muitos são os

produtores que têm na gravioleira sua principal fonte de renda, dinamizando

o mercado local e propiciando à sua família um bom padrão de vida na

propriedade rural onde residem, com moradias adequadas e infraestrutura

como energia elétrica, água, estradas, etc., além de meios de transporte de

elevado padrão para a família, boas escolas para os filhos, etc. Essa é uma

realidade para aqueles produtores que adotam maior nível de tecnificação, têm

uma produção organizada e um mercado solidificado para a comercialização

da produção. Boa parte desses produtores não desejam ampliar o tamanho dos

pomares de gravioleira, por uma razão muito simples: a região não dispõe de

mão-de-obra, portanto, poderão incorrer em grande risco de fazer um

investimento que não obterá sucesso, já que poderá ocorrer maior número de

Page 107: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

107

operações (podas, polinização, etc.) que atualmente são feitas principalmente

por membros da família, e ao aumentar o tamanho da propriedade, essas

deixariam de ser realizadas, afetando negativamente a produtividade dos

pomares. Situação parecida ocorre também como os pequenos produtores de

graviola no município de Chã Grande em Pernambuco, os quais têm logrado

êxito nas suas atividades também em pequenas propriedades.

2) Cultivo da pinha

Outro exemplo é a produção de pinha ou fruta-do-conde (Annona

squamosa). Há poucos anos era comum encontrar pomares de pinheira

variando entre 20 a 80 ha. Levando-se em conta que a elevada intensidade do

uso mão-de-obra para as diversas operações de manejo nas plantas,

principalmente na produção, muitos médios ou grandes produtores

abandonaram essa atividade. Por outro lado, os pequenos produtores e

agricultores familiares foram ganhando espaço nessa cultura, em diversas

regiões produtoras do país, especialmente no estado da Bahia, Alagoas,

Pernambuco, São Paulo e Minas Gerais. O município de Presidente Dutra,

localizado na microrregião de Irecê, Bahia, considerada a maior região

produtora de pinha do país, tem se destacado na produção para os mercados

do Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Salvador, etc. Em Presidente Dutra o

predomínio é de pequenos produtores, que têm nesse cultivo sua principal

fonte de renda. A economia desse município está alicerçada fortemente na

produção dessa fruta. Várias são as instituições que com o tempo passaram a

apoiar os produtores, destacando-se as instituições governamentais baianas

(ADAB, Universidades, etc), na adoção de novas tecnologias de produção,

melhorando a produtividade e a qualidade dos frutos, inclusive produzindo

em período de entressafra de outros estados a partir do uso de podas,

polinização, nutrição e indução da floração para produzir em épocas de

melhores preços no mercado.

Percebe-se também que os produtores estão cada vez mais preocupados

com a qualidade da fruta, especialmente no que se refere ao tamanho, formas

de colheita e embalagem utilizada (Souza et al., 2016). Pouco a pouco estão

substituindo as caixas de madeira que causam atrito às cascas dos frutos

manchando-os e depreciando o valor no mercado pelas caixas de papelão com

ou sem tampa de acordo com mercado de destino. As frutas com maiores

preços devem ter peso igual ou superior a 300 g, pois o tamanho influencia

Page 108: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

108

fortemente o preço praticado no mercado. Os pequenos produtores de pinha

com senso empreendedor zelam para obter essas características do fruto e

auferem maior lucratividade.

No Vale do Rio Gavião, localizado na região de clima semiárido do

Sudoeste da Bahia, uma importante região produtora de pinha, apesar de

existir poucos produtores, esses estão organizados há mais de dez anos,

realizando conjuntamente a compra das embalagens (caixas de papelão

padronizadas), o transporte para o CEAGESP, além de compartilhar as

informações relacionadas ao mercado. Nessa região todos os produtores são

pequenos e usam excelente tecnologia de produção e tratam a atividade de

maneira empresarial, sendo um grande exemplo de que os pequenos podem

obter excelente resultado econômico quando adotam adequadamente a

tecnologia disponível, e consideram as características do mercado (qualidade

da fruta, detalhes de colheita, pós-colheita, embalagem, transporte e relação

adequada com os compradores) na tomada de decisão.

3) Cultivo do maracujá

Outro exemplo de atividade frutícola que vem se tornando em uma opção

para os pequenos produtores é a cultura do maracujazeiro. Atualmente, em

função de diversos problemas relacionados à cultura, poucos são os

produtores de tamanho médio, isto é, áreas superiores a 20 ha. A grande

maioria dos produtores é de pequenos (predominando áreas entre ½ a 3

hectares). Esse cultivo vem apresentando uma série de limitações para os

produtores, devido a ocorrência de pragas (insetos, ácaros e patógenos),

muitas de difícil controle, além da escassez de defensivos registrados para a

cultura, aliado a fortes oscilações de mercado de fruta fresca e da indústria.

Em algumas regiões a falta ou o excesso de chuvas tem prejudicado o

cultivo; mesmo nas regiões irrigadas mais tradicionais, e mesmo naquelas em

que o padrão esperado de chuvas tem alterado muito nos últimos cinco,

gerando reduzido volume de água nas represas, açudes e até mesmo de água

subterrânea, impedindo a prática de irrigação. Apesar disso, muitos

produtores de maracujá têm seu sustento por anos seguidos com essa frutífera.

Para tanto várias recomendações são fundamentais para o sucesso na

atividade e, os pequenos produtores mais esclarecidos têm obtido bons

resultados econômicos. Algumas recomendações básicas que se aplicam a

todos os tamanhos de produtores são: evitar que o novo pomar seja plantado

Page 109: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

109

próximo ao pomar antigo (item fundamental); nunca fazer mudas próximas

ao pomar de maracujá a fim de evitar a transmissão de doenças, especialmente

as viroses; realizar adequadamente pulverizações para controlar as pragas;

colher as frutas na planta para o mercado de fruta fresca; escolher

adequadamente seus parceiros para a comercialização, seja indústria ou fruta

fresca; zelar pela qualidade da fruta (frutas grandes, ausentes de manchas,

especialmente a antracnose, ponto adequado de maturação, embalagem

adequada, etc.).

4) Outros cultivos

Muitas outras frutíferas podem e são cultivadas por pequenos produtores,

podendo ser destacadas algumas nas quais os pequenos fruticultores têm

obtido êxito. A banana do grupo Terra, tem sido cultivado principalmente por

pequenos produtores no baixo sul da Bahia há muitos anos com resultados

econômicos bastante positivos. Naquela região encontra-se a principal zona

produtora de banana do grupo Terra do Brasil. Os pequenos produtores

recebem assistência técnica de órgãos governamentais e privados, e têm

logrado excelentes resultados nos últimos anos, entretanto, é importante frisar

que produtores que não seguem as recomendações técnicas usualmente não

obtêm boa rentabilidade, em função da baixa produtividade e da qualidade da

fruta. Essa banana é afetada por diversos fatores, merecendo destaque, o

ataque de nematoides, Sigatoka Negra, moleque da bananeira, irregularidade

das chuvas (especialmente nos últimos quatro anos). Os pequenos

bananicultores precisam estar organizados para receberem orientações

técnicas e assim obterem boa produção e comercialização a preço justo das

frutas.

A goiabeira passou a ser uma frutífera adequada para pequenos produtores

pois exige elevada intensidade de mão de obra principalmente na etapa de

poda e colheita. A grande maioria dos pequenos produtores de goiaba,

utilizam a variedade Paluma, por ter boa aceitação no mercado de fruta fresca

e na indústria de processamento. O produtor deve ter cautela ao escolher esta

frutífera para produção. Deve estar atento à origem das mudas, as quais devem

ser propagadas por estaquia enraizada, devem apresentar total sanidade,

especialmente em relação à presença de nematoides formadores das galhas

nas raízes (fato que inviabiliza o cultivo em poucos anos após o plantio).

Page 110: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

110

Várias pragas atacam a goiabeira e seus frutos, com destaque para o inseto

psilídeo, nematoides (pragas chaves), mosca das frutas, gorgulho dos frutos,

ferrugem nas folhas, flores e frutos, antracnose (especialmente na pós-

colheita). Portanto, é uma frutífera ideal para pequenos fruticultores

tecnificados, pois apresenta boa lucratividade, mas exige tratos intensivos e

cuidados permanentes no combate às pragas. A colheita da goiabeira requer

intensivo uso de mão-de-obra, já que não há métodos de colheita mecânica.

Os frutos em estádio “de vez” são destinados para mercado de fruta fresca e

os maduros são destinados para agroindústria para processamento de polpas,

doces, etc. O fruto ao atingir o estádio de maturação para fruta fresca que não

for colhido naquele dia, certamente no dia seguinte terá como destino o

processamento industrial. Dessa forma o pequeno produtor de goiaba, deverá

fazer um levantamento a respeito do mercado destino, incluindo a

comercialização da fruta fresca e para o processamento. Nesse sentido será

preciso levar em consideração o volume e o custo de transporte até o mercado

alvo.

Importante levar em consideração que os melhores casos de sucesso de

produtores de goiaba, ocorrem quando há agroindústrias de processamento na

região e facilidade de comercializar a fruta fresca. Nos últimos anos os preços

de goiaba, tanto para indústria como para o mercado in natura, têm sido muito

atrativos para os produtores. A produtividade de goiabeiras Paluma, pode

atingir entre 50 a 75 toneladas/ha para produtores que usam boa tecnologia de

produção, incluindo irrigação.

A citricultura pode também vir a ser uma ótima opção para os pequenos

produtores, como ocorre na região do Recôncavo baiano (Cruz das Almas e

outros municípios da região) e no estado de Sergipe. Os pequenos citricultores

nessas regiões produzem laranjas, lima ácida Tahiti, limas, etc. Usualmente

não são muito tecnificados, mas obtêm dessa cultura a principal fonte de

renda.

No mercado brasileiro a citricultura é fortemente dominada por grandes

produtores, especialmente no estado de São Paulo, entretanto, há nichos de

mercado que podem ser explorados pelos pequenos produtores em diversas

regiões do país. Nesse sentido o sucesso de um pequeno citricultor depende

de diversos fatores, como descritos a seguir: 1) escolha adequada do terrenos

onde será implantado o pomar; 2) aquisição de mudas de boa procedência

(viveiristas registrados no Ministério da Agricultura); 3) escolha correta das

Page 111: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

111

variedades e plantios nos espaçamentos recomendados; 4) manejo adequado

das plantas daninhas, pragas; 5) irrigação de preferência localizada, quando

houver necessidade e disponibilidade de água; 6) conhecimento do mercado

local e regional para comercialização da sua produção; etc. O pequeno

citricultor poderá escolher as variedades que usualmente proporcionam

melhor comercialização, como acontece com a laranjeira Bahia (ou de

Umbigo), que apresenta uma colheita na meia estação (maio a agosto, a

depender da região), entretanto, é importante saber que esta variedade não se

presta para processamento industrial.

Outra variedade que pode ser adotada é a Hamlin, que apresenta

precocidade na produção, cuja colheita ocorre entre abril a maio. Ainda as

variedades Natal e Valência poderão ser adotadas caso deseje colher nos

meses de outubro a novembro. Portanto, se for desejo do citricultor, ele poderá

fazer um pomar com diversas variedades de laranjeiras e colher as frutas desde

abril até novembro.

No caso de optar pela lima ácida Tahiti (popularmente chamada de “limão”

Tahiti) o pequeno citricultor deverá ter um cuidado redobrado em relação ao

mercado. Será preciso conhecer bem a questão da sazonalidade de preços e

ofertas dessa fruta, que em condições normais, são observados preços baixos

no primeiro semestre e preços elevados entre setembro a novembro. Portanto,

deverá conhecer: o mercado local e regional para escoar sua produção; se há

possibilidade de comercializar seus frutos em parceria com outros produtores;

se os preços praticados no primeiro semestre são compatíveis com a sua

expectativa; se o clima na região permite a realização da indução floral, etc.

O mangustão pode também ser uma fruteira apropriada para pequenos

produtores e agricultores familiares, especialmente em condições ambientais

adequadas como é o caso da região litorânea do Espírito Santo e da Bahia.

Entretanto, o produtor necessita de conhecimento a respeito dessa frutífera,

pois essa inicia florescimento após 8 anos do plantio da muda e começa sua

produção plena a partir dos 12 ou 15 anos de idade. Apesar desse largo período

juvenil para entrar em produção, trata-se de uma frutífera de elevada

rentabilidade para pequenos pomares. O agricultor familiar ou o pequeno

produtor poderá intercalar outros cultivos anuais e ou semi perenes para

auferir rentabilidade enquanto o mangustão não iniciar a produção.

Várias outras fruteiras poderiam ser recomendadas para a agricultura

familiar. Em algumas circunstâncias até mesmo fruteiras tradicionais,

Page 112: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

112

cultivadas por médios e grandes produtores, para o agricultor familiar ou do

pequeno produtor obter êxito necessita de um estudo detalhado do mercado

(preços, distância entre o pomar e o destino final da produção, etc). Por outro

lado, existem frutas consideradas de menor expressão econômica no cenário

da fruticultura brasileira, como por exemplo: pitanga, acerola, rambutão,

umbu, cajá, dentre muitas outras. Essas frutas se produzidas próximas às

zonas de comercialização (fruta fresca e ou processamento) poderão ser

lucrativas, pois reduziriam consideravelmente os custos de transporte, item

importante na composição dos custos dos produtores.

Importante ainda é lembrar que, as mudanças nos hábitos alimentares

podem abrir novas possibilidades para o agricultor familiar. A cada ano novas

descobertas são obtidas nas composições de várias frutas (muitas ainda sem

grande expressão econômica) em relação aos seus valores nutracêuticos. Os

teores de substâncias antioxidantes (carotenoides, flavonoides, ácido

ascórbico, etc, presentes nas cerejas, açaí, pupunha, guariva, araticum, pequi,

dentre muitas outras) estão cada vez mais valorizados pelos consumidores, na

prevenção de doenças cardiovasculares, envelhecimento precoce, canceres,

etc. Frutas ricas nestes componentes poderão ser importantes para os

agricultores familiares garantirem mercado, preço justo, e estabilidade e

sustentabilidade econômica. Os meios de comunicação têm dado grande

apoio na divulgação da qualidade nutracêutica de diversas frutas,

especialmente os telejornais, telenovelas, revistas especializadas em nutrição,

assim como, a facilidade do uso das redes sociais para divulgar os benefícios

para a saúde pela ingestão das frutas.

Conclusão

A fruticultura é uma importante opção para a agricultura familiar, mas para

o produtor lograr êxito necessita adotar manejo adequado. A escolha da

frutífera a ser cultivada deve levar em consideração as exigências do mercado

local ou regional, as possibilidades de mecanização e automação, os nichos

de mercado, os custos de produção e de transporte, dentre outros. Muitas são

as opções de frutíferas e variedades que o produtor pode escolher para

implantar sua lavoura, no entanto, deve observar também adequação ao solo

e clima da região onde se deseja cultivar. Ademais, o contexto atual exige

também um agricultor familiar empresarial no sentido de produzir bem, com

qualidade, respeito ao meio ambiente e à saúde dos consumidores, pois o

Page 113: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

113

sucesso dos produtores contribui não apenas para melhoria da qualidade de

vida da sua família, mas gera também a dinamização da economia local.

Bibliografia consultada

FREITAS, A. L. G. E. Caracterização da produção e do mercado da

graviola (Annona muricata L.) em municípios da região Sul da Bahia.

Vitória da Conquista – BA: Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia,

2012. 104p. (Dissertação – Mestrado em Agronomia).

SOUZA, I. V. B.; SÃO JOSÉ, A. R.; SILVA, J. C. G. da; BOMFIM, M.

P.; JESUS, J. S. de. The development of custard apple flower bud under

nitrogen and potassium nutrition. Revista Brasileira de Fruticultura,

Jaboticabal , v. 38, n. 2, e-507, 2016.

Page 114: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

114

CAPÍTULO 9

Principais prasgas das frutíferas no Norte do Espírito

Santo

Cesar José Fanton

Renan Batista Queiroz

1. Introdução

Dentre os problemas fitossanitários da fruticultura na Região Norte do

Espírito Santo as pragas requerem especial atenção, tanto pelos problemas que

podem causar ao provocar redução na produção das culturas, como nos casos

em que, incorretamente identificadas, ocasionam aumento nos custos de

produção e contaminação ambiental por resíduos de pesticidas utilizados

desnecessariamente. Assim, é importante a correta identificação das pragas

que ocorrem nas principais culturas e os meios adequados a serem

empregados no seu controle.

De maneira geral, os insetos ou ácaros pragas podem provocar danos

diretos à produção, quando afetam ou danificam os frutos a serem colhidos,

ou danos indiretos, quando atacam outras partes da planta e provocam redução

na capacidade produtiva da mesma.

2. Pragas do Mamoeiro

As principais pragas do mamoeiro na região norte do Espírito Santo são

ácaros e cigarrinhas, que podem ser controladas nos focos iniciais de ataque

(reboleiras) desde que detectados precocemente, o que evitaria aplicações de

produtos em área total e em menor quantidade e custo para o produtor. Para

tanto, seria indicado o treinamento para detecção do ataque dessas pragas para

Page 115: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

115

o pragueiro ou fitossanitarista, uma vez que o mesmo já inspeciona

periodicamente o pomar para verificação da ocorrência de viroses. Outra

característica importante do mamoeiro que deve ser verificada no caso de

aplicação de produtos para controle de pragas é a grande sensibilidade da

planta à fitotoxicidez provocada pelos referidos produtos, daí a importância

de aplicar apenas os produtos registrados e já testados na cultura.

2.1. Ácaro branco - Polyphagotarsonemus latus – (Acari: Tarsonemidae)

Adultos e larvas desse ácaro minúsculo (0,15 mm) raspam a superfície da

planta para se alimentar e provocam deformação do tecido em crescimento.

As folhas novas do ápice tem seu desenvolvimento afetado, ocorrendo

redução do limbo foliar e deformação das mesmas (Figura 1A). Em casos

extremos pode provocar a morte das brotações e, consequentemente, da

planta. Nos casos onde o controle é bem-sucedido, a planta volta a se

desenvolver normalmente, mas a parte danificada apresentará uma falha na

coluna de frutos denominado “pescoço” (Figura 1B). Pode ser controlado com

a pulverização de acaricidas ou polvilhamento localizado de enxofre

elementar.

Figura 1. Folhas apicais (A) do mamoeiro com sintoma característico do

ataque do ácaro branco e pescoço (B) formado após ataque do ácaro. Foto:

Renan Queiroz.

2.2. Ácaro rajado - Tetranychus urticae – (Acari: Tetranychidae)

Ácaros dessa espécie tecem teias na face inferior das folhas mais velhas do

mamoeiro, onde se abrigam e o dano é provocado pela raspagem das folhas

A B

Page 116: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

116

pelos adultos e larvas ao se alimentarem. As folhas apresentam inicialmente

pontuações amareladas ao longo das nervuras que depois secam e se rasgam

nesses locais das lesões (Figura 2A e 2B). O controle é feito através da

pulverização de acaricidas. Recomenda-se duas pulverizações em sequência

quando verificada a necessidade de controle do ácaro, a primeira visando

controlar adultos e ninfas e, após sete dias, outra para controlar os ácaros

originados dos ovos que não foram controlados na primeira aplicação.

Figura 2. Sintoma do ataque do ácaro rajado com amarelecimento ao longo

das nervuras da folha (A) e adultos do ácaro na face abaxial da folha do

mamoeiro (B). Foto: Renan Queiroz.

2.3. Cigarrinha verde - Solanasca bordia – (Hemiptera: Cicadellidae)

Adultos e ninfas da cigarrinha vivem na face inferior das folhas (Figura

3A) e o dano provocado é decorrente das frequentes picadas de alimentação

desses sugadores. Tem preferência por folhas mais velhas, que quando

severamente atacadas ficam amareladas e com as bordos recurvadas para

baixo (Figura 3B).

A B

Page 117: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

117

Figura 3. Adulto (A) e início do sintoma do ataque (B) da cigarrinha verde

do mamoeiro. Foto: Renan Queiroz.

2.4. Mosca das frutas – Anastrepha spp. e Ceratitis capitata (Diptera:

Tephritidae)

As larvas de mosca das frutas só danificam a polpa dos frutos do mamoeiro

se estes estiverem em estágio de maturação avançado, que normalmente não

ocorre no campo. Praga de interesse quarentenário, sendo obrigatório seu

monitoramento em pomares com frutos destinados à exportação, não requer

maiores cuidados em pomares bem manejados.

2.5. Outras pragas Há referências em literatura sobre a broca do tronco, larvas do

curculionídeo Pseudopiazurus papayanus, que não desperta maior atenção

nas condições de pomares no norte do Espírito Santo. Há registro também de

ocorrência de larvas de moscas da família Cecidomyidae nas brotações do

mamoeiro, mas sempre associadas a lesões de mancha-de-phoma, causadas

pelo fungo Stagonosporopsis caricae, indicando que tais larvas têm hábito

detrítovoro e estariam se alimentando do tecido necrosado das folhas nessas

lesões.

3. Pragas do Maracujazeiro

3.1. Lagartas - Dione juno juno e Agraulis vanillae vanillae (Lepidoptera:

Nymphalidae)

A B

Page 118: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

118

Ao se alimentar das folhas do maracujazeiro, as lagartas dessas borboletas,

quando em infestações severas, podem provocar redução da capacidade

produtiva das plantas. Sinais de surtos de lagartas desfolhadoras podem ser

detectados com antecedência ao se observar borboletas amarelo-alaranjadas

sobrevoando as plantas durante o dia, ou mesmo a presença de fezes das

lagartas no solo próximo das plantas. É importante essa detecção precoce do

ataque de lagartas porque o controle biológico com Bacillus thuringiensis só

é eficaz se o produto for ingerido pelas lagartas. Mesmo a aplicação de

inseticidas químicos requer a adoção da prática quando as lagartas ainda estão

pequenas, situação em que a eficiência é maior.

3.2. Broca da haste – Philonis passiflorae (Coleoptera: Curculionidae)

O dano é provocado em ramos ou hastes de plantas em que adultos

colocam ovos e as larvas se desenvolvem como brocas nesses locais. Há um

engrossamento no local que se desenvolvem e posteriormente são observados

os orifícios de saída dos adultos (Figura 4). Não há controle químico

recomendado e os problemas decorrentes do ataque dessa praga são maiores

quando se verifica a ocorrência de lavouras abandonadas ou restos culturais

de lavouras antigas nas proximidades de plantios novos. Como forma de

manejo cultural para essa praga é recomendado eliminar restos culturais de

lavouras no final de ciclo.

Figura 4. Haste com engrossamento devido ao desenvolvimento das larvas

da broca da haste.

Page 119: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

119

3.3. Mosca do botão floral - Silba pendula e Dasiops inedulis (Diptera:

Lonchaeidae)

Larvas dessas moscas se alimentam do tecido da base interna do botão

floral, provocando sua queda antes da abertura das flores (Figura 5). Altas

infestações podem provocar diminuição do número de flores viáveis para

polinização e consequente redução da produção de frutos. O controle deve ser

efetuado integrando-se a prática de coleta e destruição de botões caídos para

reduzir a população de moscas e a aplicação de inseticidas na forma de iscas

tóxicas (ver detalhes da utilização de iscas tóxicas no controle de mosca das

frutas na cultura da goiabeira).

Figura 5. Larva da mosca do botão floral na base da folha. Foto: Renan

Queiroz.

3.4. Outras pragas

Pode se registrar a ocorrência de mosquito do maracujá, Gargaphia

lunulata (Hemiptera: Tingidae), na verdade uma espécie de percevejo da

renda, em que colônias desse inseto se abrigam na face inferior das folhas e

provocam lesões ao picarem as mesmas para se alimentar. Favorecidos por

temperaturas elevadas e períodos secos, as folhas atacadas ficam

esbranquiçadas na face superior e a colônia de insetos é facilmente observada

na face inferior. Em caso de ataque severo e condições ambientais favoráveis

à praga, pode-se recorrer à aplicação de inseticidas em pulverização para seu

controle.

Page 120: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

120

Moscas das frutas podem também ocorrer provocando queda de frutos, em

cujo interior se observam as larvas dessa mosca. É possível o monitoramento

de adultos com armadilhas e pulverização de inseticidas na forma de iscas

tóxicas para seu controle.

Também tem sido verificada com frequência a ocorrência de mosca

minadora, cujas larvas provocam lesões características nas folhas em forma

de serpentina (Figura 6), mas ainda não foi avaliado com precisão se essa

praga pode provocar redução de produção ou não. Observações de campo

indicam que mesmo em infestações severas, a produtividade do pomar é

satisfatória e compatível com o conjunto de práticas culturais adotadas.

Percevejos da família Coreidae podem causar problemas em lavouras

devido à sucção de seiva. São facilmente reconhecidos pela dilatação em

forma de folha na perna posterior. As ninfas preferem os botões florais e frutos

novos, enquanto os adultos atacam folhas, ramos e frutos em qualquer idade.

As partes atacadas tendem a murchar e, em casos extremos, os botões e frutos

novos geralmente caem.

Figura 6. Mina em forma de serpentina causada pelo ataque da larva

minadora. Foto: Renan Queiroz.

4. Pragas da Goiabeira

4.1. Gorgulho - Conotrachelus psidii (Coleoptera: Curculionidae) A fêmea desse besouro faz uma perfuração em frutos verdes onde deposita

seus ovos, recobrindo-os posteriormente. As larvas vão eclodir no interior dos

frutos, alimentar-se de sua polpa e depois de completada a fase larval, sair dos

Page 121: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

121

frutos e se transformar em pupa no solo (Figura 7A). Os frutos apresentam

lesão característica nos locais da postura dos ovos e são impróprios para

consumo devido ao dano provocado pelas larvas (Figura 7B). De difícil

controle, recomenda-se a pulverização de inseticidas ou ensacolamento dos

frutos no caso de goiaba para mesa quando os mesmos estiverem no tamanho

de uma azeitona.

Figura 7. Larva (A) destruindo o interior do fruto e lesão (B) característica

do ataque do gorgulho da goiaba. Foto: Inorbert de Melo Lima.

4.2. Psilídeo - Triozoida limbata (Hemiptera: Triozidae)

Adultos e ninfas desse inseto formam colônias na face superior das folhas,

provocando seu encarquilhamento e secamento das bordas como decorrência

das lesões que provocam ao se alimentar (Figura 8). As fêmeas têm

preferência de ovipositar em folhas novas. Por isso, o produtor deve monitorar

a população desse inseto logo após a poda, onde surgem muitas brotações

novas. Favorecida por períodos secos, o controle da praga é feito com a

pulverização de inseticidas, cuja eficiência é maior em infestações iniciais.

A B

Page 122: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

122

Figura 8. Sintoma inicial característico do ataque do psilídeo da goiaba,

encarquilhamento e posterior secamento das bordas das folhas. Foto: Inorbert

de Melo Lima.

4.3. Mosca das frutas – Anastrepha spp. e Ceratitis capitata (Diptera:

Tephritidae)

As larvas se alimentam da polpa dos frutos tornando-os impróprios para o

consumo (Figura 9). As moscas fazem a postura dos ovos no interior dos

frutos e as larvas eclodem e se desenvolvem no interior dos mesmos. Ao fim

do período larval abandonam os frutos e se transformam em pupas no solo, de

onde emergirão os novos adultos. Essas características do ciclo dificultam o

controle dessa praga, que é possível através do emprego de inseticidas na

forma de iscas tóxicas. O inseticida é misturado a um atraente alimentar, que

pode ser proteína hidrolisada ou melaço de cana-de-açúcar, e diluído em água.

A isca é então borrifada ou esguichada sobre algumas plantas do pomar e

serão atrativas para moscas que foram acasaladas e estão em período de pré-

oviposição, fase em que procuram alimentos ricos em proteínas e carboidratos

para viabilizar seus ovos. Ao ingerir a isca, são mortas pelo inseticida

misturado na mesma. O detalhe é que a isca deve ser aplicada de forma

concentrada – borrifos ou esguichos – e não pulverizada em área total.

Page 123: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

123

Figura 9. Larva da mosca das frutas se alimentando da polpa do fruto.

4.4. Outras pragas

Broca das mirtáceas, Timocratica albella (Lepidoptera:

Stenomatidae). Larvas broqueiam troncos e ramos mais grossos da goiabeira, sendo

possível detectar o ataque da praga pelos resíduos das fezes aderidos a fios de

seda na entrada do orifício em plantas atacadas. O controle pode ser feito pela

injeção de calda ou pasta inseticida nesses orifícios e posterior vedação dos

mesmos.

5. Pragas da Bananeira

5.1. Broca da bananeira - Cosmopolites sordidus (Coleoptera:

Curculionidae)

As larvas broqueiam o rizoma da bananeira, provocando morte de raízes e

redução da capacidade produtiva da planta. Se forem utilizadas mudas sadias

ou tratadas com inseticidas, só haverá necessidade de controle a partir da

emissão dos primeiros cachos, a partir do qual o monitoramento e o controle

devem ser sistemáticos. É possível realizar o monitoramento com iscas de

pseudocaule (tipo telha ou tipo queijo) espalhadas no cultivo. Detectada a

presença dos primeiros adultos, faz-se necessário o controle, agora com as

mesmas iscas tratadas com inseticidas químicos ou biológicos. Detalhe a se

destacar é que com o emprego de inseticida biológico, o besouro se infecta na

isca tratada e geralmente é encontrado morto, com o fungo esporulado, em

outro local, frequentemente sob a palha seca nos pseudocaules das plantas.

Page 124: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

124

5.2. Tripes - Caliothrips bicinctus (Thysanoptera: Thripidae)

Esses insetos raspam os frutos, deixando-os ásperos com aspecto de

pequenas bolhas na superfície no início do ataque, sintoma que evolui para o

escurecimento dos frutos. O mau aspecto desses frutos os tornam de difícil

aceitação para comercialização. Como medida de controle recomenda-se a

eliminação dos restos florais e do coração, além da proteção dos cachos com

sacos plásticos de coloração azul.

5.3. Outras pragas

A bananeira pode ser atacada por pulgões que colonizam as folhas mais

novas e retardando o desenvolvimento das plantas. Também podem ocorrer

surtos de lagartas desfolhadoras que dever ser detectados e controlados nos

pontos iniciais de ocorrência, evitando sua disseminação para o pomar.

6. Pragas dos Coqueiro

A cultura é atacada por uma série de pragas, em sua maioria brocas, para

as quais não estão definidos métodos eficientes de controle químico. O

controle biológico natural, principalmente atuação de parasitoides, exerce um

controle razoável, devendo-se ter o cuidado de usar o mínimo de produtos

químicos que possam provocar desequilíbrios nessa delicada relação de

organismos benéficos que controlam essas pragas.

6.1. Broca do olho do coqueiro – Rhyncophorus palmarum (Coleoptera:

Curculionidae)

O adulto é transmissor de um nematoide, Bursaphelenchus cocophilus, que

provoca uma doença fatal às plantas, o anel vermelho. A infecção das plantas

é feita no momento em que as fêmeas do besouro fazem a postura dos ovos.

As larvas vão se alimentar do palmito e as folhas novas de plantas atacadas já

mostram os danos quando se abrem. Em infestações severas com grande

número de larvas por planta, a copa do coqueiro pode cair e provocar a morte

das plantas. O controle da praga é feito através da captura dos adultos em

armadilhas feitas com baldes, onde são colocadas iscas de feromônio, que

atraem os besouros que devem ser mortos em inspeções periódicas.

Page 125: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

125

6.2. Broca do pecíolo ou broca da ráquis foliar - Amerrhinus ynca

(Coleoptera: Curculionidae)

A larva do besouro vai broquear o pecíolo ou ráquis foliar do coqueiro, que

apresentam sinais característicos de escorrimento de uma resina escura

através dos orifícios de respiração. Como não há controle químico

recomendado, deve-se optar pela retirada e destruição total de folhas atacadas

em caso de infestação mais severa. A simples retirada das folhas das plantas

não é suficiente, pois as larvas podem continuar se desenvolvendo nas folhas

que não forem destruídas.

6.3. Broca do pedúnculo floral - Homalinotus coriaceus (Coleoptera:

Curculionidae)

O dano também é resultado do hábito da larva de um besouro que broqueia

o pedúnculo do cacho de frutos, provocando a queda dos mesmos antes da

colheita. Também por não haver recomendação de controle químico eficiente,

o controle cultural com a retirada e destruição dos cachos atacados é a

recomendação para ataques mais severos.

6.3. Broca do estipe ou broca do tronco - Rhinostomus barbirostris

(Coleoptera: Curculionidae)

Praga que tem apresentado problemas na cultura. É uma larva que provoca

dano ao broquear o estipe (caule) do coqueiro. A larva tem o desenvolvimento

lento e seu dano pode ser percebido pela serragem que se acumula no solo

próximo do estipe e que sai dos orifícios por onde também pode escorrer uma

resina escura, sinal característico do ataque dessa praga. Em casos de alta

infestação, recomenda-se a eliminação das plantas afetadas para quebrar o

ciclo do inseto.

6.4. Ácaro da necrose do coqueiro - Aceria guerreronis (Acari:

Eriophyidae)

Esse ácaro pode atacar plantas em qualquer idade, alimentando-se das

folhas jovens antes de sua completa abertura, que quando ocorre mostram-se

deformadas pelo ataque da praga. Em coqueiros em produção tem preferência

por se abrigar sob as brácteas dos frutos novos, onde raspam a superfície dos

frutos para se alimentar, provocando lesões necróticas características. Pode

provocar a queda de frutos quando o ataque ocorre precocemente. Frutos

Page 126: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

126

maiores podem não cair, mas as lesões os tornam impróprios para

comercialização, principalmente in natura.

6.5. Outras pragas

As folhas do coqueiro podem ser atacadas por pulgões, cochonilhas e

mosca branca, que só requerem adoção de medidas de controle em condições

extremamente favoráveis ao desenvolvimento dessas pragas, que geralmente

são temperaturas elevadas e baixa umidade relativa do ar, que se verificam

nas nossas condições apenas em prolongados períodos sem chuva durante o

verão.

Lagartas como a Brassolis sophorae podem provocar desfolha no coqueiro

ao se alimentar. Essas lagartas se alimentam à noite e durante o dia ficam

abrigadas em casulos construídos pela união de folíolos com fios de seda,

formando um cartucho característico e facilmente identificado. O controle

pode ser feito com a destruição desses cartuchos ou aplicação de inseticida

biológico se as lagartas ainda estiverem pequenas.

Larvas de besouros conhecidas como baratas do coqueiro, Coraliomela

brunnea, também podem provocar desfolha das plantas.

A traça-dos-cocos-novos, Hyalospila ptychis, é uma pequena lagarta que

perfura a base das flores e dos frutos pequenos, cavando galerias para se

alimentar. Os locais atacados apresentam inicialmente um escorrimento de

seiva e depois pequenas bolotas de fezes escurecidas envoltos por fios de seda.

Geralmente não representa problema em cultivos em que é feito o controle

sistemático do ácaro da necrose.

7. Pragas do abacaxizeiro

7.1. Cochonilha do abacaxi - Dysmicoccus brevipes (Hemiptera:

Pseudococcidae)

Essa praga transmite o vírus da murcha do abacaxizeiro (wilt) e desperta

mais cuidados em função da cultivar plantada e de sua suscetibilidade à essa

doença. Requer especial atenção na instalação do plantio com mudas sadias,

se necessário com a realização de controle químico dessas mudas. Inspeções

periódicas do plantio e controle dos focos iniciais de ataque também se fazem

necessários.

7.2. Broca do fruto - Strymon basalides (Lepidoptera - Lycaenidae)

Page 127: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

127

O dano é provocado pela lagarta (Figura 10) de uma borboleta cuja

presença pode ser percebida, pois tem o hábito de voar sobre as plantas

durante o dia procurando local para colocar seus ovos. Requer especial

atenção logo depois da indução floral e a presença de borboletas nas plantas

pode ser indicativo para a necessidade de controle com pulverização de

inseticidas químicos ou biológicos, como Bacillus thuringiensis.

Figura 10. Fruto de abacaxi com sintoma de ataque e polpa danificada pela

broca do fruto. Foto: Cesar Fanton.

7.3. Outras pragas

É comum a ocorrência do ácaro do abacaxizeiro Dolichotetranychus

floridanus, mas não costuma ocorrer em infestações que possam prejudicar a

capacidade produtiva das plantas. Por atacarem a base das folhas nos pontos

de inserção, o controle das cochonilhas geralmente mantém suas populações

sob controle.

8. Literatura Consultada

BARBOSA F.R. (Ed.). Goiaba: Fitossanidade. Embrapa Semi-Árido

(Petrolina, PE). - Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2001. 63p.

(Frutas do Brasil, 18).

Page 128: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

128

BENASSI A.C., FANTON C.J., SANTANA E.N. 2013. O cultivo do

coqueiro-anão-verde. Tecnologias de produção. Incaper, Vitória-ES, 120p.

CORDEIRO Z.J.M. (Org.). Banana: Fitossanidade. Embrapa Mandioca e

Fruticultura. Brasília: Embrapa Comunicação para Transferência de

Tecnologia, 2000. 121p. (Frutas do Brasil, 8).

GALLO D., NAKANO O., NETO S.S., CARVALHO R.P.L., BATISTA

G.C., FILHO E.B., PARRA J.R.P., ZUCCHI R.A., ALVES S.B.,

VENDRAMIM J.D., MARCHINI L.C., LOPES J.R.S., OMOTO C. 2002.

Entomologia agrícola. Piracicaba, FEALQ, 920p.

MARTINS D.S., FORNAZIER M.J., FANTON C.J., QUEIROZ R.B.,

ZANUNCIO JUNIOR J.S. 2016. Pragas do mamoeiro. In: Manejo de pragas

de fruteiras tropicais. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.37, n.293,

p.72-81.

MATOS A.P. (Org.) Abacaxi. Fitossanidade. Embrapa Mandioca e

Fruticultura. Brasília: Embrapa Comunicação para Transferência de

Tecnologia, 2000. 77p. (Frutas do Brasil, 9).

SANTOS FILHO H.P., JUNQUEIRA N.T.V. (Ed.). Maracujá:

Fitossanidade. Embrapa Cerrados. Brasília: Embrapa Informação

Tecnológica, 2003. 85p. (Frutas do Brasil, 32).

Page 129: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

129

CAPÍTULO 10

Cultivo do abacaxizeiro fertirrigado

Ana Maria Alves de Souza Ribeiro

Robson Bonomo

Moises Zucoloto

Introdução

O cultivo de abacaxizeiro (Ananas comosus (L.) Merril) tem aumentado

no estado do Espírito Santo e possui grande potencial de extensão, uma vez

que se adapta bem às condições edafoclimáticas. Portanto, novas técnicas

devem ser adotadas pelos produtores para elevar aspectos de qualidade e

produtividade, para maximizar a comercialização.

O Espírito Santo possui produção de aproximadamente 42 milhões de

frutos com rendimento médio em torno de 16.855 frutos ha-1 (IBGE, 2016).

Média considerada baixa, já que em um hectare é possível inserir 40 mil

plantas.

A maior parte dos plantios de abacaxizeiro do estado do Espírito Santo

concentram-se na região Litoral Sul, que abrange os municípios de

Marataízes, Itapemirim e Presidente Kennedy, onde a umidade relativa do ar

é elevada favorecendo o cultivo do mesmo. A produção é destinada não só

para o abastecimento local, mas também a mercados urbanos de outros

estados, sobremaneira o Rio de Janeiro (Cunha & Shintaku, 2011).

Page 130: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

130

Fertirrigação

Quando comparado a outras culturas, o abacaxizeiro possui necessidades

hídricas relativamente reduzidas, todavia, a demanda de água é permanente e

depende do estádio de desenvolvimento das plantas. É imprescindível o

fornecimento de irrigação à cultura em épocas críticas do ciclo de cultivo, em

que períodos de déficit hídrico coincidam com as fases de enraizamento,

crescimento vegetativo e formação do fruto, onde a demanda hídrica é

máxima e constante (Almeida & Souza, 2011). O adequado suprimento de

água é indispensável para o crescimento e desenvolvimento da cultura, com

reflexo positivo na produção, possibilitando gerar frutos com tamanho

padronizado, assim como o fornecimento aos mercados no período de

entressafra, com maior retorno econômico (Melo et al., 2006).

Devido à baixa dependência hídrica e nutricional do abacaxizeiro, são

poucas as pesquisas nessa área, no entanto, é imprescindível seu

aprimoramento. Nesse sentido, uma técnica bastante importante que pode

contribuir para o melhor desenvolvimento do abacaxizeiro é a fertirrigação. A fertirrigação é a técnica de aplicação de adubos juntamente com a água

do sistema de irrigação, ou seja, a combinação das práticas de fertilização e

irrigação onde os adubos minerais são injetados na água de irrigação que

assim torna-se “enriquecida” (Trani et al., 2011). A fertirrigação, apesar de

poucos dados estatísticos que comprovem, está sendo muito usada pelos

produtores de frutas e verduras (Villas Bôas & Souza, 2008).

Sua introdução agrega inúmeras vantagens por combinar dois principais

fatores essenciais no crescimento e desenvolvimento das plantas: água e

nutrientes, visto que aplicando os fertilizantes em menor quantidade e com

maior frequência, pode-se manter um teor de nutrientes no solo em

quantidades exigidas nas diferentes fases do ciclo da cultura, o que leva a um

aumento na eficiência do uso de nutrientes pelas plantas e, consequentemente,

maior produtividade.

Dentre as outras vantagens pode-se citar: maior aproveitamento dos

equipamentos de irrigação, menor compactação e redução dos danos físicos

às plantas com a redução do tráfego de máquinas dentro da área; redução de

contaminação do meio ambiente devido ao melhor aproveitamento dos

nutrientes móveis no solo quando aplicados via irrigação localizada;

diminuição da utilização de mão de obra. Além disso, permite a implantação

de plantios adensados, fator importante de produção para o abacaxizeiro,

Page 131: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

131

tendo como vantagem o aumento da produtividade e da rentabilidade

(Bengozi et al., 2007).

Esta técnica, quando utilizada racionalmente, pode proporcionar melhor desenvolvimento das plantas e qualidade dos frutos, proporcionando aumento

na competitividade do fruticultor (Simão et al., 2004). Assim, a fertirrigação

não deve ser praticada de forma empírica com base apenas na experiência do

produtor e em recomendações genéricas. O uso incorreto pode levar a má

utilização dos nutrientes pela cultura, desequilíbrio ambiental e prejuízos

econômicos para o produtor (Sousa et al., 2002).

De acordo com Souza (1999), a ordem decrescente de extração e acúmulo

de nutrientes obedece a seguinte ordem de exigência de macronutrientes:

potássio (K), nitrogênio (N), cálcio (Ca), magnésio (Mg), enxofre (S) e

fósforo (P), e de micronutrientes: cloro (Cl), ferro (Fe), manganês (Mn), zinco

(Zn), cobre (Cu) e boro (B). Como se pode observar, o K é o macronutriente

mais acumulado e extraído em maior quantidade, seguido do nitrogênio, ao

passo que o P é acumulado em menor quantidade. Quanto aos micronutrientes

o Cl e o Fe são os elementos absorvidos em maiores quantidades.

Segundo Teixeira et al. (2002), a influência desses elementos reflete-se,

basicamente, sobre a produtividade e qualidade do fruto. O potássio (K)

aumenta o teor de sólidos solúveis e acidez, mudança de coloração, aumenta

a massa média e o diâmetro do fruto, a firmeza da casca e da polpa e reduz o

escurecimento interno do fruto. Enquanto, o nitrogênio atua no aumento da

produção, tamanho e massa dos frutos, porém, tende a reduzir os teores de

sólidos solúveis e acidez (Paula et al., 1985). Em relação ao fósforo, o

abacaxizeiro é pouco exigente e sua importância para a planta ocorre na fase

de diferenciação floral e no desenvolvimento do fruto (Malézieux &

Bartholomew, 2003).

A recomendação de adubação convencional tem variado de 6 a 10 g

N.planta-1, a fosfatada de 1 g a 4 g P2O5.planta-1 e a potássica de 4 g a 15 g

K2O. planta-1 de acordo com Souza (2000).

Conforme Boas et al. (2006), quando se pretende utilizar a fertirrigação

deve-se avaliar, além da questão econômica, as características das fontes de

fertilizantes empregadas. Elas devem apresentar alta solubilidade e poucas

impurezas para que a concentração final do nutriente na solução seja, de fato,

a calculada. Ainda, evitar entupimentos dos emissores, principalmente dos

Page 132: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

132

gotejadores, corrosão dos equipamentos e incompatibilidade com outros

produtos.

Trabalhos desenvolvidos com abacaxizeiros fertirrigado

No norte do estado do Espírito Santo, no município de São Mateus, Ribeiro

(2016) constatou cultivando o abacaxizeiro ‘Pérola’ em condições

fertirrigadas, massa média dos frutos variando de 1,453 kg a 1,512 kg. Com

relação à produtividade, os valores variaram de 55.865,38 kg ha-1 a 58.139,42

kg ha-1, para o tratamento não-irrigado e o tratamento fertirrigado

semanalmente em doses crescentes, de nitrogênio (N) e potássio (K),

respectivamente (Tabela 1).

A não obtenção de diferenças significativas nas variáveis avaliadas pode

ser devido à cultura apresentar várias características morfofisiológicas que

promovem relativa adaptação às condições de clima seco, além de realizar

fotossíntese por meio do metabolismo ácido das crassuláceas (CAM) onde a

carboxilação é noturna, reduzindo consideravelmente a perda de água pelo

vegetal e garantindo uma maior eficiência na captação do CO2.

De acordo com as Normas de Classificação do Abacaxi, do Centro de

Qualidade em Horticultura da CEAGESP (2003), os abacaxis foram

classificados segundo a sua massa na classe 1, que corresponde aos frutos

maiores que 1,200 kg até 1,500 kg. Dessa maneira, a produção apresentou

frutos com padrão comercial estando dentro da faixa de massa da cultura que

é de 1,0 kg a 1,5 kg (CABRAL, 2000), mesmo os frutos sem irrigação

(testemunha).

Considerando a densidade de plantio de 38.462 plantas por hectare e

perdas na ordem de 20%, a produtividade média estimada foi de 56.878 kg

ha-1 (Tabela 1). A produtividade média brasileira em 2015 foi 26.643 kg ha-1

(IBGE, 2016), dessa forma, as produtividades para os tratamentos foram

superiores à produtividade média brasileira em 113,48%.

O valor obtido de 56.878 kg ha-1 supera o de 40.600 kg ha-1 obtido por

Rodrigues et al. (2013), para o cultivar Pérola, em condições de sequeiro, no

município de Santa Rita, região de Tabuleiros Costeiros do Estado da Paraíba,

ultrapassando também o de 42.000 kg.ha-1 estimados por Oliveira et al. (2013)

para o cultivar BRS Imperial e dentro da faixa de 38.810 kg ha-1 a 66.250 kg

ha-1 destacados por Guarçoni & Ventura (2011) com adubação via solo, para

o abacaxizeiro ‘Gold’ MD-2 em Sooretama - ES.

Page 133: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

133

Tabela 1. Massa média de frutos com coroa (kg) e produtividade (kg.ha-1) do

abacaxizeiro ‘Pérola’ em função de diferentes alternativas de manejo da

fertirrigação. São Mateus – ES, 2015

Tratamentos

MASSA DE

FRUTOS PRODUTIVIDADE

(kg) (kg.ha-1)

Não-Irrrigado 1,453 a 55.865, 38 a

Irrigado e Não-Fertirrigado 1,458 a 56.079,80 a

Fertirrigação (Doses Crescentes) 1,512 a 58.139,42 a

Fertirrigação (67 % da adubação) 1,486 a 57.163,46 a

Fertirrigação 2 vezes na semana 1,485 a 57.144,23 a

Média Geral 1,479 56.878,46

CV (%) 5,05 5,05

Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si, ao nível de 5%

de probabilidade, pelo teste de Tukey.

De acordo com Ribeiro (2016) que ao avaliar o efeito de diferentes

alternativas de manejo para fertirrigação quanto à qualidade dos frutos do

abacaxizeiro cv. Pérola, observou que as alternativas de manejo para

fertirrigação diferiram entre si quanto ao teor de sólidos solúveis e não

apresentaram diferença significativa quanto ao pH, acidez titulável e relação

SS/AT (Tabela 2).

Nota-se que os tratamentos não-irrigado e irrigado, mas não-fertirrigado

apresentaram tendência de maiores valores de sólidos solúveis, 14,36 ºBrix a

14,38 ºBrix, respectivamente (Tabela 2). O tratamento fertirrigado com doses crescentes na taxa de 10%, N e K

promoveu redução no teor de sólidos solúveis, com valor de 13,47 ºBrix

(Tabela 2). Resultado semelhante foi observado por Caetano et al. (2013), em

que doses crescentes de nitrogênio reduziram os valores de sólidos solúveis,

ao passo que doses crescente de K elevaram o conteúdo com valor máximo

de 17,62 ºBrix.

Page 134: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

134

O pH, do mesmo modo que a acidez, está associado ao processo de

amadurecimento dos frutos e podem ser utilizados como parâmetros

auxiliando na determinação do ponto de colheita (Reinhardt & Medina, 1992).

De modo geral, o pH da polpa do abacaxi ‘Pérola’ se enquadra entre 3,7 a

3,9 (Gonçalves & Carvalho, 2000). Neste estudo apresentou valores que

variaram de 4,17 a 4,23 (Tabela 2). Esse valor corrobora com os valores

encontrados por Pereira et al. (2009), que obtiveram em seus trabalhos valores

entre 4,07 e 4,38. Franco (2010) em cultivo fertirrigado, observou pouca

variação do pH que ficou entre 3,9 a 4,0. Vale destacar que os frutos colhidos

nos trabalhos citados pertenciam a cultivar Pérola e também estavam no

mesmo estádio de maturação utilizado no trabalho.

A acidez titulável, por sua vez, varia de 0,6% a 1,6% e é expressa em

porcentagem de ácido cítrico, por ser o ácido presente em maior quantidade e

contribuir com 80% da acidez total (Carvalho & Botrel, 1996).

A variável acidez titulável apresentou média de 0,41% de ácido cítrico

(Tabela 2). Essa média foi superior ao encontrado por Cunha et al. (2007),

com valor de 0,35% de ácido cítrico. Esse valor está dentro da faixa de 0,20 a

0,43 % de ácido cítrico destacado por Guarçoni & Ventura (2011); próximos

aos 0,42% obtidos por Araujo et al. (2012).

A relação SS/AT encontrou-se entre 32,59 a 36,40 (Tabela 2). Esta relação

corresponde ao balanço entre doçura e acidez. No presente trabalho a acidez

titulável foi relativamente baixa o que contribuiu para maiores valores de

SS/AT quando comparado aos resultados de outros autores (Franco, 2010;

Ribeiro et al., 2011; Lopes et al., 2014; Andrade et al., 2015).

A fertirrigação também favorece maior facilidade e flexibilidade no

parcelamento da adubação, o que permite melhor ajuste no fornecimento de

nutrientes de acordo com a marcha de absorção da cultura, nos diferentes

estádios de desenvolvimento (Souza et al., 2012) contribuindo para minimizar

as perdas por lixiviação (Duenhas et al., 2002). Essa técnica ajusta-se bem à

fertilização do abacaxizeiro, que é exigente em nutrientes, como maior

expressão para o potássio e o nitrogênio.

Page 135: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

135

Tabela 2. Sólidos Solúveis (SS), pH, Acidez titulável (AT) e Ratio (SS/AT)

do abacaxizeiro ‘Pérola’ em função de diferentes alternativas de manejo da

fertirrigação. São Mateus – ES, 2015

Tratamentos SS pH AT RATIO

(ºBrix) (% ác. cítrico) (SS/AT)

Não-Irrrigado 14,36 a 4,18 a 0,41 a 35,25 a

Irrigado e Não-Fertirrigado 14,38 a 4,18 a 0,44 a 32,59 a

Fertirrigação (Doses Crescentes) 13,47 b 4,22 a 0,40 a 34,79 a

Fertirrigação (67 % da adubação) 14,01 ab 4,17 a 0,43 a 33,64 a

Fertirrigação 2 vezes na semana 13,83 ab 4,23 a 0,38 a 36,40 a

Média Geral 14,01 4,20 0,41 34,54

CV (%) 2,70 1,72 10,07 11,01

Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si, ao nível de 5%

de probabilidade, pelo teste de Tukey.

Nesse contexto Ribeiro (2016), estudando à resposta do abacaxizeiro

‘Pérola’ ao parcelamento da adubação com nitrogênio (N) e potássio (K) via

fertirrigação sobre massa média de frutos e produtividade observou diferenças

significativas nos parcelamentos das adubações potássicas. No entanto, este

efeito não foi observado nos parcelamentos das adubações nitrogenadas,

conforme os resultados apresentados na Tabela 3.

Considerando os resultados apresentados, verificou-se, de forma geral, que

as diferentes formas de parcelamentos da adubação possibilitam elevadas

produtividades e adequada massa média de frutos no cultivo do abacaxizeiro

para as condições deste estudo (Tabela 3).

Teixeira et al. (2002), avaliando o parcelamento da adubação com

nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K) em abacaxizeiro ‘Smooth Cayenne’,

verificaram aumento de 2,55 kg para 2,84 kg para a massa média dos frutos e

de 77.200 kg ha-1 para 86.100 kg ha-1 para a produtividade decorrentes da ação

do parcelamento da adubação nitrogenada e potássica, sendo as variáveis

influenciadas pelo o aumento no número de parcelamentos da adubação.

O valor obtido para massa média de frutos supera o 1,294 kg obtido por

Guarçoni & Ventura (2011), em Sooretama, na região norte do Espírito Santo,

Page 136: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

136

trabalhando com o abacaxizeiro ‘Gold’ e adubação de N e K em cobertura e

parceladas em quatro aplicações.

Para Chitarra & Chitarra (2005), a massa considerada ótima para os

abacaxis do cultivar Pérola está entre 1,0 kg e 1,4 kg. Dessa forma, os frutos

produzidos estão em conformidade com o recomendado para a cultura e

adequados para comercialização.

Com relação à produtividade, mesmo não ocorrendo diferenças entre os

esquemas de parcelamento da adubação com nitrogênio, a média geral obtida

de 56.253,72 kg ha-1 é 110% maior que a produtividade estimada de 26.706

kg ha-1 para o Brasil no ano de 2014 (IBGE, 2016). Isso indica que o potencial

produtivo do abacaxizeiro pode ser amplificado através da adoção de novas

práticas agrícolas capazes de aprimorar o cultivo.

O parcelamento do nitrogênio é recomendado pela sua alta mobilidade no

solo, característica acentuada em condições de solos arenosos, alto índice

salino dos adubos que o contêm e baixa exigência inicial das culturas, sendo

o nutriente mais fornecido via água de irrigação (Borges & Silva, 2011).

Ressaltando que, apesar do efeito não significativo do parcelamento da

adubação com nitrogênio, as massas médias dos frutos e as produtividades

obtidas se mostraram compatíveis com as características descritas para o

cultivar.

Quanto aos parcelamentos das adubações potássicas, semanal (K= 35) e

mensal (K= 9), as massas médias dos frutos com coroa e as produtividades

variaram de 1,39 kg a 1,50 kg e de 53.381,410 kg ha-1 a 57.851,680 kg ha-1,

respectivamente (Tabela 3).

No parcelamento da adubação potássica aplicado uma vez na semana (K=

35), a massa média do fruto com coroa e a produtividade foram menores em

relação aos demais parcelamentos (Tabela 3), enquanto houve uma tendência

de maiores massas e produtividades nos tratamentos parcelados mensalmente

(K= 9) e em 4 aplicações ao longo do ciclo da cultura.

Page 137: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

137

Tabela 3. Massa média de frutos com coroa (kg) e produtividade (kg.ha-1) do

abacaxizeiro ‘Pérola’, decorrentes do parcelamento da adubação com

nitrogênio (N) e potássio (K). São Mateus – ES, 2015

Tratamentos Variáveis

MASSA DE FRUTOS (kg) PRODUTIVIDADE (kg.ha-1)

Parcelamentos da adubação Nitrogenada

1. N= 54 1,472 a 56.650,16 a

2. N= 27 1,505 a 57.888,22 a

3. N= 7 1,416 a 54.495,19 a

4. N= 4 1,459 a 56.121,88 a

Média Geral 1,463 56.253,72

CV (%) 6,22 6,22

Parcelamentos da adubação Potássica

1. K= 70 1,467 ab 56.443,99 ab

2. K= 35 1,388 b 53.381,41 b

3. K= 9 1,504 a 57.851,68 a

4. K= 4 1,494 a 57.478,37 a

Média Geral 1,463 56.253,72

CV (%) 6,22 6,22

Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si, ao nível de 5%

de probabilidade, pelo teste de Tukey.

N= 54 aplicações (Parcelamento da adubação em duas vezes na semana); N= 27

aplicações (Parcelamento da adubação semanalmente); N= 7 aplicações (Parcelamento

da adubação mensal); N= 4 aplicações (Parcelamento da adubação em quatro vezes),

durante o ciclo da cultura.

K= 70 aplicações (Parcelamento da adubação em duas vezes na semana); K= 35

aplicações (Parcelamento da adubação semanalmente); K= 9 aplicações (Parcelamento

da adubação mensal); K= 4 aplicações (Parcelamento da adubação em quatro vezes),

durante o ciclo da cultura.

Resultado semelhante foi encontrado por Teixeira e colaboradores (2002),

onde observaram que o parcelamento da adubação com N e K em cinco

Page 138: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

138

aplicações promoveu produção de frutos mais pesados e, consequentemente,

produtividade mais elevada.

Veloso et al. (2001), trabalhando com o cultivar Pérola avaliando

diferentes doses de potássio, verificaram que com à adição de potássio na

forma de cloreto de potássio branco, propiciou acréscimo na produção, com

produtividade máxima de 79.000 kg ha-1 com a dose de 22 g planta-1 de K2O.

O parcelamento do potássio via água de irrigação é aconselhada devido à

mobilidade do nutriente no solo, principalmente nos solos arenosos. Neste

caso, quantidades menores devem ser aplicadas, a fim de diminuir as perdas

por lixiviação. Além disso, em virtude da alta solubilidade do fertilizante

potássico essa prática se torna viável (Borges & Silva, 2011).

Alguns estudos têm relacionado o uso da fertirrigação e da irrigação na

qualidade do fruto e na produtividade do abacaxi no Espírito Santo e no Brasil,

como aqueles desenvolvidos por Spironello et al., 2004; Francisco, 2014;

Souza et al., 2012. Entretanto ainda existe carência de estudos e informações

sobre o tema e novas pesquisas devem ser feitas

Conclusão

Diante do exposto verifica-se que a fertirrigação é uma prática agrícola que

deve ser analisada não somente visando a maior eficiência nas fertilizações,

mas também como facilidade na aplicação de fertilizantes e otimização da

mão de obra.

Referências

ALMEIDA, O. A. de; SOUZA, L. F. da S. Irrigação e fertirrigação na cultura

do abacaxi. In: SOUSA, V. F. de; MAROUELLI, W. A.; COELHO, E. F.;

PINTO, J. M.; COELHO FILHO, M. A. (Ed.). Irrigação e fertirrigação em

fruteiras e hortaliças. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica, cap.

11, p. 339-368. 2011.

ANDRADE, M. DAS G. DOS S.; SILVA, S. DE M.; SOARES, L. G.;

DANTAS, A. L.; LIMA, R. P.; SOUZA, A. S. B.; MELO, R. de S. Aspectos

da qualidade de infrutescências dos abacaxizeiros ‘Pérola’ e ‘Vitória’.

Revista Agropecuária Técnica, Porto: Portugal, v. 36, n. 1, p. 96-102, 2015.

ARAUJO, J. R. G.; AGUIAR, R. A. J.; CHAVES, A. M. F.; REIS, F. O.;

MARTINS, M. R. Abacaxi “Turiaçu”: cultivar tradicional nativa do

Page 139: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

139

Maranhão. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal – SP, v. 34, n. 3,

p. 1270-1276, set. 2012.

BENGOZI, F. J.; SAMPAIO, A. C.; GUTIERREZ, A.D. de S.;

RODRIGUES, V. M.; PALLAMIN, M. L. Qualidades físicas e químicas do

abacaxi comercializado na Ceagesp - São Paulo. Revista Brasileira de

Fruticultura, Jaboticabal, v. 29, p. 540-545, dez. 2007.

BOAS, R. L. V.; BERTANI, R. M. de A.; ALMEIDA, A. M. de; SAMPAIO.

A. C.; FUMIS, T. de F. Fertirrigação para iniciantes. Pesquisa & Tecnologia,

São Paulo, Vol. 3, n.2, Jul-Dez, 2006.

BORGES, A. L.; SILVA, D. J. Fertilizantes para fertirrigação. In: SOUSA,

V. F. de; MAROUELLI, W. A.; COELHO, E. F.; PINTO, J. M.; COELHO

FILHO, M. A. (Ed.). (Ed.). Irrigação e fertirrigação em fruteiras e

hortaliças. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica, 2011. cap. 7, p.

253-264.

CABRAL, J. R. S. Variedades. In: REINHARDT, D. H., SOUZA, L. F. da S.,

CABRAL, J. R. S. (Org.) Abacaxi Produção: Aspectos técnicos. Cruz das

almas: EMBRAPA Mandioca e Fruticultura, Brasília: Embrapa Comunicação

para Transferência de Tecnologia, 2000. Cap. 5, p.15-16, il. (Frutas do Brasil;

7).

CAETANO, L. C. S.; VENTURA, J. A.; COSTA, A. de F. S. da.

GUARÇONI, R. C. efeito da adubação com nitrogênio, fósforo e potássio no

desenvolvimento, na produção e na qualidade de frutos do abacaxi ‘Vitória’.

Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 35, n. 3, p. 883-890, set.,

2013.

CARVALHO, V. D.; BOTREL, N. Características da fruta para exportação.

In: BRASIL. Ministério da Agricultura e Abastecimento. Abacaxi para

exportação: procedimentos de colheita e pós-colheita. Brasília: EMBRAPA,

1996b. 41p. (Série Publicações Técnicas FRUPEX, 23).

CHITARRA, M. I. F.; CHITARRA, A. B. Qualidade pós-colheita de frutos

e hortaliças: fisiologia e manuseio. Lavras: ESAL/FAEPE, 2005. p.783.

COMPANHIA DE ENTREPOSTOS E ARMAZÉNS GERAIS DE SÃO

PAULO - CEAGESP. Programa brasileiro para a modernização da

horticultura: normas de classificação do abacaxi. São Paulo: Centro de

Qualidade em horticultura – CQh/CEAGESP, 2003. (Documentos, 24).

CUNHA, F. G. da; SHINTAKU, I. Levantamento geoquímico de baixa

densidade no estado do Espírito Santo. In: XIII Congresso Brasileiro de

Page 140: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

140

Geoquímica e III Simpósio de Geoquímica dos Países do Mercosul, 2011,

Gramado, Anais...Gramado. 2011. p. 425-428.

CUNHA, G. A. P.; CABRAL, J. R. S.; MATOS, A. P.; CALDAS, R. C.

Avaliação de Genótipos de Abacaxi Resistentes à Fusariose em Coração de

Maria, Bahia. Magistra, Cruz das Almas – BA, v. 19, n. 3, p. 219-223, set.,

2007.

DUENHAS, L. H.; VILLAS BÔAS, R. L.; SOUZA, C. M. P.; RAGOSO, R.

A.; BULL, L. T. Fertirrigação com diferentes doses de NPK e seus efeitos

sobre a produção e qualidade de frutos de laranja (Citrus sinensis O.)

'Valência'. Revista Brasileira de Fruticultura, v.24, p.214-218, 2002.

FRANCISCO, J. P. Fertirrigação do abacaxi cultivar vitória com vinhaça:

efeitos no solo e na planta. 2014. 125p. Dissertação (Mestrado em

Engenharia de Sistemas Agrícolas) – Escola Superior de Agricultura “Luiz de

Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2014.

FRANCO, L. R. L. Crescimento, produção e qualidade do abacaxizeiro

‘Pérola’ sob diferentes lâminas de irrigação por gotejamento. 2010. 60 p.

Dissertação (Mestrado em Produção Vegetal no Semiárido) – Universidade

Estadual de Montes Claros, Janaúba-MG.

GONÇALVES, N. B; CARVALHO, V. D. Abacaxi pós-colheita-2.

Característica da Fruta. Frutas do Brasil. Brasília-DF, n.5, p.13-27, 2000.

GUARÇONI, M. A.; VENTURA, J. A. Adubação N-P-K e o

desenvolvimento, produtividade e qualidade dos frutos do abacaxi ‘Gold’

(MD-2). Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, MG, v.35, n.4,

p.1367-1376, 2011.

LEVANTAMENTO SISTEMÁTICO DA PRODUÇÃO AGRÍCOLA –

LSPA. Rio de Janeiro, v.29, n.12, p.1-82, 2016. Online. Disponível em:<

ftp://ftp.ibge.gov.br/Producao_Agricola/Levantamento_Sistematico_da_Pro

ducao_Agricola_[mensal]/Fasciculo/2016/lspa_201612_20170222_133000.

pdf>. Acesso em: 04 de mar. 2017.

LOPES, O. P.; MAIA, V. M.; SANTOS, S. R.; MIZOBUTSI, G. P.;

PEGORARO, R. F. Proteções contra queima solar de frutos de abacaxizeiro

submetido a diferentes lâminas de irrigação. Revista Brasileira de

Fruticultura, v. 36, p. 748-754, 2014.

MALÉZIEUX, E.; BARTHOLOMEW, D.P. Plant. Nutrition. In:

Bartholomew, D. P., Paul, R. E.; Rohrbach, K. G. (Eds.). The Pineapple:

Page 141: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

141

Botany, Production and Uses. CABI Publishing, New York; p. 143-165,

2003.

MELO, A. S.; NETTO, A. O. A.; NETO, J. D.; BRITO, M. E. B.; VIÉGAS,

P. R. A.; MAGALHÃES, L. T. S.; FERNANDES, P. D. Desenvolvimento

vegetativo, rendimento da fruta e otimização do abacaxizeiro cv. Pérola em

diferentes níveis de irrigação. Ciência Rural, Santa Maria, RS, v. 36, n. 1, p.

93-98, jul. 2006.

OLIVEIRA, A. M. G.; NATALE, W.; DÓRIA, J. O. Produção do

abacaxizeiro ‘Imperial’ no Extremo Sul da Bahia, em função de doses de

nitrogênio e potássio. In: XXXIV Congresso Brasileira de Ciência do Solo,

2013, Florianópolis – SC. Ciência do Solo: Para quê e pra quem, 2013.

PAULA. M. B.; CARVALHO, J. G.de; NOGEURA, F. D.; SILVA, C. R.

Exigências nutricionais do abacaxizeiro. Informe agropecuário, Belo

Horizonte, v. 11, n. 1, p. 27-32. 1985.

PEREIRA, M. A. B; SIEBENEICHLER, S. C.; LORENÇONI, R.;

ADORIAN, G. C.; SILVA, J. C. da; GARCIA, R. B. M.; PEQUENO, D. N.

L.; SOUZA, C. M. de; BRITO, R. F. F. de. Qualidade do fruto de abacaxi

comercializado pela Cooperfruto – Miranorte – TO. Revista Brasileira de

Fruticultura, Jaboticabal, v. 31, n. 4, p. 1048-1053. Dez., 2009.

REINHARDT, D. H. R.; MEDINA, V. M. Crescimento e qualidade do fruto

do abacaxi cvs. ‘Pérola’ e ‘Smooth Cayenne’. Pesquisa Agropecuária

Brasileira, Brasília, v.3, p. 435-447, 1992.

RIBEIRO, A. M. A. de S. Parcelamento de nitrogênio e potássio via

fertirrigação no cultivo do abacaxizeiro. 2016. 97f. Dissertação (Mestrado

em Agricultura Tropical – Área de concentração Produção Vegetal) –

Universidade Federal do Espírito Santo, São Mateus, 2015.

RIBEIRO, W. S.; BARBOSA, J. A.; CARNEIRO, G. G.; LUCENA, H. H.;

ALMEIDA, E. I. B. Controle do fungo penducular do abacaxi ‘Pérola’.

Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.13,

n.1, p.1-6, 2011.

RODRIGUES, A. A.; MENDONÇA, R. M. N.; SILVA, A. P. da; SILVA, S.

de M. Nutrição mineral e produção de abacaxizeiro ‘Pérola’ em função das

relações K/N na adubação. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal,

v.35, n.2, p.625-633, 2013.

SIMÃO, A. H.; MANTOVANI, E. C.; SIMÃO, F. R. Irrigação e fertirrigação

na cultura da mangueira. In: ROZANE, D. E.; DAREZZO, R. J.; AGUIAR,

Page 142: Fruticultura Tropical - biblioteca.incaper.es.gov.brbiblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/item/2846/1/fruticulturatropicalv.2... · e Kero Coco e aos apoiadores Heringer,

142

R. L.; AGUILERA, G. H. A.; ZAMBOLIM, L. Manga – produção

integrada, industrialização e comercialização. Viçosa, MG: Universidade

Federal de Viçosa, 2004. P. 234-302.

SOUSA, V. F. de; PINTO, J. M; COELHO, E. F. Manejo da fertirrigação.

In: BORGES, A. L.; COELHO, E. F.; TRINDADE, A. V. Fertirrigação em

fruteiras tropicais. Cruz das Almas: Embrapa Mandioca e Fruticultura,

2002. p. 43-52.

SOUZA, L. F. da S. Exigências edáficas e nutricionais. In: CUNHA, G. A. P.

da, CABRAL, J. R. S.; SOUZA, L. F. da S. (org.) O abacaxizeiro, cultivo,

agroindústria e economia. Brasília: Embrapa comunicação para

transferência de Tecnologia, p.67-82. 1999.

SOUZA, L. F. S. Adubação. In: REINHARDT, D. H.; SOUZA, L. F. da S.;

CABRAL, J. R. S. Abacaxi Produção: Aspectos técnicos. Brasília: Embrapa

Comunicação para Transferência Tecnológica, 2000. p. 30-34. (Frutas do

Brasil, 7).

SOUZA, T. R. de; BÔAS, R. L. V.; QUAGGIO J. A.; SALOMÃO L. C.; L.

C. FORATTO. Dinâmica de nutrientes na solução do solo em pomar

fertirrigado de citros. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.47, n.6,

p.846-854, jun., 2012.

SPIRONELLO, A.; QUAGGIO, J. A.; TEIXEIRA, L. A. J.; FURLANI, P.

R.; SIGRIST, J. M. M. Pineapple yield and fruit quality affected by NPK

fertilization in a tropical soil. Revista Brasileira de Fruticultura,

Jaboticabal, v. 26, n.1, p.155-159, 2004.

TEIXEIRA, L.A.J.; SPIRONELLO, A.; FURLANI, P.R.; SIGRIST, J.M.M.

Parcelamento da adubação NPK em abacaxizeiro. Revista Brasileira de

Fruticultura, v. 24, p. 219-224, 2002.

TRANI, P. E.; TIVELLI, S. W.; CARRIJO, O. A. Fertirrigação em hortaliças.

Campinas: Instituto Agronômico, 2011. 2ª ed. 51 p. (Série tecnologia APTA.

Boletim Técnico IAC, 196).

VELOSO, C. A. C.; OEIRAS, A. H. L.; CARVALHO, E. J. M.; SOUZA, F.

R. S. Resposta do abacaxizeiro à adição de nitrogênio, potássio e calcário em

Latossolo Amarelo do Nordeste Paraense. Revista Brasileira de

Fruticultura, Jaboticabal, v.23, n.2, p.396-402, agosto 2001.

VILLAS BÔAS, R.L.; SOUZA, T.R. Fertirrigação: uso e manejo. In: I

Simpas – I Simpósio em Sistemas Agrosilvipastoris no Semi-Árido, 2008.