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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Francine de Oliveira Santana PSICOPEDAGOGIA: UMA NOVA PROPOSTA DE TRABALHO PARA A SALA DE APOIO PEDAGÓGICO PROVENIENTE DE UM ESTUDO DE REFERÊNCIA CURITIBA 2011

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

Francine de Oliveira Santana

PSICOPEDAGOGIA: UMA NOVA PROPOSTA DE TRABALHO PARA

A SALA DE APOIO PEDAGÓGICO PROVENIENTE DE UM ESTUDO

DE REFERÊNCIA

CURITIBA

2011

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Francine de Oliveira Santana

PSICOPEDAGOGIA: UMA NOVA PROPOSTA DE TRABALHO PARA

A SALA DE APOIO PEDAGÓGICO PROVENIENTE DE UM ESTUDO

DE REFERÊNCIA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Especialização em Psicopedagogia, da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito final, para obtenção do título de especialista. Orientadora: Professora Maria Letizia Marchese

CURITIBA

2011

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TERMO DE APROVAÇÃO

Francine de Oliveira Santana

PSICOPEDAGOGIA: UMA NOVA PROPOSTA DE TRABALHO PARA

A SALA DE APOIO PEDAGÓGICO PROVENIENTE DE UM ESTUDO

DE REFERÊNCIA

Esta monografia foi julgada e aprovada para a obtenção de título de Especialista em Psicopedagogia no curso de Pós-graduação da Universidade Tuiuti do Paraná, com a nota ________.

Curitiba, 04 de novembro de 2011.

______________________________________________

Psicopedagogia, Pós-graduação

Universidade Tuiuti do Paraná

Orientadora: Professora Maria Letizia Marchese

Universidade Tuiuti do Paraná

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RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo apresentar um estudo de caso e a descrição da prática pedagógica realizada na Sala de Apoio Pedagógico, bem como a repercussão obtida nesta prática através da reflexão da atuação psicopedagógica realizada no ambiente escolar. Para tanto, se realizou uma pesquisa bibliográfica sobre a atuação do psicopedagogo na instituição escolar, que instigou a elaboração de uma nova proposta de trabalho, visando aprimorar e qualificar as práticas desenvolvidas no Apoio Pedagógico.

Palavras-chave: estudo de caso; apoio pedagógico; atuação psicopedagógica.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 05

2 APRENDIZAGEM, SALA DE APOIO E NOVAS AÇÕES .................................... 07

2.1 A APRENDIZAGEM ........................................................................................... 07

2.2 DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM ............................................................. 09

2.3 A ATUAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA NO AMBIENTE ESCOLAR ..................... 11

2.4 A PRÁTICA ATUAL DO APOIO PEDAGÓGICO ................................................ 19

2.5 O ESTUDO DE CASO ........................................................................................ 22

2.6 UMA NOVA PROPOSTA DE TRABALHO PARA O APOIO PEDAGÓGICO .... 28

CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 31

REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 34

ANEXOS .................................................................................................................. 35

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INTRODUÇÃO

A aprendizagem é um processo contínuo, resultante da estimulação do meio

e da interação com o social diante de uma situação-problema, que através da

experiência, promove uma mudança de comportamento.

Os problemas de aprendizagem aparecem por diferentes fatores que podem

estar relacionados à maturação orgânica, neurológica e corporal ou ao

desenvolvimento psicomotor, intelectual, físico, emocional e social.

Na atualidade há um enfoque significativo aos problemas relacionados à

aprendizagem. Isso se deve ao fato da preocupação com o rendimento escolar dos

alunos e com o número cada vez maior de encaminhamentos destes a especialistas

como neuropediatras, psiquiatras, psicólogos, psicopedagogos e fonoaudiólogos.

A alternativa encontrada para auxiliar o aluno com dificuldade de

aprendizagem, nas Escolas Públicas da Rede Municipal de Ensino de Joinville –

Santa Catarina, foi a implantação temporária das Salas de Apoio Pedagógico.

Como questão norteadora para se encaminhar a pesquisa deste estudo, tem-

se: Diante do exposto, de que maneira a atuação psicopedagógica na Sala de Apoio

Pedagógico poderá contribuir para o processo de ensino aprendizagem?

Portanto, esta pesquisa tem o enfoque metodológico exploratório, descritivo e

bibliográfico, baseado em um estudo de caso e em vários autores, que evidenciam a

importância da parceria entre a prática pedagógica com a Psicopedagogia. Tem

ainda a intenção de qualificar ainda mais a prática pedagógica, assim como evitar

um possível fracasso escolar, tendo como objetivos específicos: identificar os fatores

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que influenciam na aprendizagem, relatar a importância da atuação do

psicopedagogo na unidade escolar para a prevenção, o diagnóstico e o tratamento

de problemas de aprendizagem escolar, descrever a prática pedagógica atual do

Apoio Pedagógico e apresentar uma nova proposta de trabalho para o Apoio

Pedagógico.

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2 APRENDIZAGEM, SALA DE APOIO E NOVAS AÇÕES

2.1 A APRENDIZAGEM

A aprendizagem é um processo contínuo de interação entre o indivíduo com o

meio e o ambiente social que o rodeia, promovendo uma efetiva mudança de

comportamento e ampliando seu potencial intelectual. A aprendizagem não se limita

apenas ao ambiente escolar, mas ela acontece em todo e qualquer espaço em que

o indivíduo se encontre e se relacione, de acordo com seus desejos e necessidades,

iniciando desde seus primeiros momentos de vida e sendo transmitido de geração a

geração, sendo assim um processo contínuo e com heranças históricas.

De acordo com PORTO (2009, p. 42):

“[...] A aprendizagem é fenômeno do dia-a-dia que ocorre desde o início da vida. A aprendizagem é um processo fundamental, pois todo indivíduo aprende e, por meio desde aprendizado, desenvolve comportamentos que possibilitam viver. Todas as atividades e as realizações humanas exibem os resultados da aprendizagem. Pelos séculos, por meio da aprendizagem, cada geração foi capaz de se aproveitar das experiências e descobertas das gerações anteriores, como também, por sua vez, ofereceu sua contribuição para o crescente patrimônio do conhecimento e das técnicas humanas. Os costumes, as leis, a religião, a linguagem, e as instituições sociais têm-se desenvolvido e perpetrado, como resultado do homem para aprender.”

Com base nesta colocação de Porto, é possível perceber que a construção do

conhecimento é pautada em um processo histórico, que proporciona às novas

gerações, um legado de conteúdos, e a elas cabe a necessidade de aprendizagem

do passado e a possibilidade de pensar sobre o presente e o futuro.

É na família que iniciam as primeiras aprendizagens, quando os pais, sem ter

consciência de que realizam este processo, estão orientando seus filhos. Segundo

ALVES (2008, p. 19):

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“É muito importante saber que a escola irá recebê-la para implantar e reforçar a sabedoria, mas que o bom desempenho da criança dependerá como ela foi preparada anteriormente no meio familiar. Nos primeiros anos de vida, os principais educadores são os pais, ou aqueles que, às vezes os substituem. Os pais devem estar conscientes da importância da influência do meio sobre a evolução de seus filhos.”

Já a escola tem um papel decisivo na interação social da criança, é uma nova

etapa do processo de aprendizagem que inicia levando em consideração aquilo que

a criança já internalizou anteriormente.

Assim, PORTO (2009, p. 41) afirma:

“Na maioria das culturas, o ingresso da criança na escola corresponde a uma fase de desenvolvimento socialmente decisiva. Nessa etapa, a criança experimenta a necessidade de ser reconhecida pela realização das tarefas valorizadas pelo meio ambiente. O aprender na escola, especialmente nas etapas iniciais de escolarização, cumpre papel no processo do desenvolvimento da criança. No processo de aprender, variáveis afetivas e cognitivas são consideradas como importantes na compreensão e no envolvimento da criança, influenciando o desempenho escolar.”

Conforme a teoria de Vygotsky, é na escola, com a mediação do professor e

na ajuda e troca de informações entre os colegas de sala, que o aluno vai

construindo seu conhecimento. No momento em que são realizadas as intervenções

por parte do professor ou as trocas de conhecimentos e experiências entre os

colegas é que se atinge a Zona de Desenvolvimento Proximal, que nada mais é do

que o caminho a ser percorrido para que a criança passe de um nível de

desenvolvimento real para outro.

Para ANTUNES (2002, p. 22):

“[...] o ensino escolar precisa ser visto como um processo conjunto, compartilhado, no qual o aluno, ajudado pelo professor e por seus colegas, pode mostrar-se progressivamente autônomo na resolução de tarefas, na utilização de conceitos, na prática de determinadas iniciativas em inúmeras questões.”

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Oliveira (1997, p. 57), colabora com Antunes, quando afirma que “o ser

humano cresce num ambiente social e a interação com outras pessoas é essencial a

seu desenvolvimento.”

Para a aprendizagem se efetivar, na perspectiva interacionista, as relações

estabelecidas entre pessoas e entre objetos (conhecimentos acumulados

historicamente) são de vital importância.

2.2 DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

Há vários fatores que influenciam na aprendizagem e que podem

desencadear dificuldades ou distúrbios de aprendizagem. Estes fatores são de

ordem orgânica, cognitiva, afetiva, social e educacional.

Conforme JOSÉ (et al., 2004, p. 23) estes fatores são divididos em:

“Fatores orgânicos: saúde física deficiente, falta de integridade neurológica (sistema nervoso doentio), alimentação inadequada etc. Fatores psicológicos: inibição, fantasia, ansiedade, angústia, inadequação à realidade, sentimento generalizado de rejeição etc. Fatores ambientais: o tipo de educação familiar, o grau de estimulação que a criança recebeu desde os primeiros dias de vida, a influência dos meios de comunicação etc.”

Para WEISS (2008, p. 105):

“As dificuldades de aprendizagem escolares podem estar ligadas à ausência de estrutura cognoscitiva adequada que permita a organização dos estímulos, de modo a possibilitar a aquisição dos conteúdos programáticos ensinados em sala de aula. Dentro de uma visão piagetiana, o conhecimento se constrói pela interação entre o sujeito e o meio, de modo que, do ponto de vista do sujeito, ele não pode aprender algo que esteja acima de seu nível de competência cognitiva, ou seja, seu nível de estrutura cognoscitiva.”

De acordo com SCOZ (apud PORTO, 2009, p. 112):

“Os problemas de aprendizagem não são restringíveis nem as causas físicas ou psicológicas, nem as analises das conjunturas sociais. É preciso

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compreendê-los a partir de um enfoque multidimensional, que amalgame fatores orgânicos, cognitivos, afetivos, sociais e pedagógicos, percebidos dentro das articulações sociais. Tanto quanto a análise, as ações sobre os problemas de aprendizagem devem inserir-se num movimento mais amplo de luta pela transformação da sociedade.”

É importante destacar que há diferenças entre os termos dificuldades e

distúrbios de aprendizagem. As dificuldades de aprendizagem, também chamadas

de transtornos de aprendizagem, podem ocorrer em qualquer momento da vida do

indivíduo e, apesar da inteligência normal, sem problemas motores e emocionais

graves, o indivíduo apresenta dificuldades nas realizações de tarefas escolares e do

seu cotidiano. Para Sánchez (2004, p. 15):

“Segundo a conceitualização internacional, as dificuldades de aprendizagem se caracterizam por um funcionamento substancialmente abaixo do esperado, considerando a idade cronológica do sujeito e seu quociente intelectual, além de interferirem significativamente no rendimento acadêmico ou na vida cotidiana, exigindo um diagnóstico alternativo nos casos de déficits sensoriais. Assumem-se, portanto, um critério de discrepância entre a aptidão e o rendimento e um critério de exclusão, além do baixo rendimento e da interferência na vida cotidiana. [...]

Os distúrbios de aprendizagem aparecem permanentemente no indivíduo,

mas seus sintomas podem ser atenuados através de processo terapêutico. Suas

causas são orgânicas, uma disfunção do Sistema Nervoso Central e ocasionam

perturbação no ato de aprender e por isso geram dificuldades de aprendizagem para

este indivíduo.

SISTO (et al., 2008, p. 97) afirma:

“Numa perspectiva mais neurológica, parece que a distinção que se faz entre dificuldades de aprendizagem e distúrbios de aprendizagem está em que as “dificuldades” são decorrentes de problemas psicopedagógicos e/ou sócio-culturais, em outras palavras, o problema não está na criança que aprende; por outro lado, os “distúrbios” estão vinculados ao aprendiz, na medida em que pode refletir comprometimentos neurológicos de funções corticais específicas.”

Sendo assim, os problemas de aprendizagem fazem parte da realidade

escolar e precisam ser tratados com atenção. Cada estado e região do país deve se

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preocupar em lidar com essa realidade, de acordo com a possibilidade de estrutura

e cultura, mas não é mais possível deixar de enxergá-la. Ações políticas

educacionais se fazem urgente para que se possam instrumentalizar as crianças e

ter uma perspectiva de adultos estruturados, agentes conscientes na sociedade e

coerentes.

2.3 A ATUAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA NO AMBIENTE ESCOLAR

Problemas de aprendizagem sempre existiram, mas atualmente, há uma

preocupação muito maior com o rendimento escolar do aluno, que pode ser

observável através de ações que procuram reduzir o índice de analfabetismo, os

números de repetência e evasão escolar. Além disso, a sociedade atual se tornou

mais competitiva e está preocupada com o rendimento escolar de seus filhos, pois

associa o sucesso escolar ao sucesso profissional. Diante destas questões surge a

necessidade de diagnósticos, atendimentos preventivos e intervenções qualificadas

para que indivíduo com problemas de aprendizagem também possa ter o direito e

acesso a cultura, tendo prazer diante de novas aprendizagens.

A alternativa encontrada para ajudar o aluno com problemas de

aprendizagem nas Escolas Públicas da Rede Municipal de Ensino de Joinville -

Santa Catarina, foi a implantação temporária das Salas de Apoio Pedagógico e,

através do estudo de caso realizado com um dos alunos que até então freqüentava

esta sala, foi possível verificar que, com a atuação de um psicopedagogo no Apoio

Pedagógico, o aluno pode ter avanços ainda mais significativos, face a contribuição

da Psicopedagogia para a ação pedagógica.

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No momento em que há uma queixa do professor de sala do ensino regular,

este faz um encaminhamento do aluno à Sala de Apoio Pedagógico. O professor da

Sala de Apoio Pedagógico, conforme sua formação, Pedagogia, e no intuito de

ajudar o aluno a avançar na aprendizagem, na maioria das vezes tem sua atenção

voltada a avaliar e levantar o que o aluno já sabe e o que precisa ser trabalhado nas

questões da leitura, escrita e conhecimentos matemáticos. Em função disto, é

preciso salientar a importância de uma formação psicopedagógica para este

profissional, tanto para avaliar como para escolher o recurso avaliativo mais

adequado para então aplicar o processo corretor necessário.

PORTO (2009, p. 115) sobre a importância do psicopedagogo na unidade

escolar afirma:

“O campo conceitual psicopedagógico vem proporcionar uma nova possibilidade para que a escola reverta esse quadro de fracasso, por meio da descoberta de novas possibilidades de ação e intervenção. A Psicopedagogia, tendo como fenômeno de estudo o aprender e o não-aprender, pode auxiliar em sua abordagem institucional, propõe-se a analisar a instituição escolar e suas relações de aprendizagem segundo uma abordagem crítica e sistêmica. [...]”

Tanto é verdade que SISTO (et al., 2008, p. 68) declarou:

“Em congressos e encontros pode-se constatar que o psicopedagogo, na verdade, não trabalha apenas em clínicas, em atendimento terapêutico individual. O psicopedagogo também trabalha em escolas e, de forma mais abrangente, a nível de organismos governamentais.”

Através de avaliações e de um olhar psicopedagógico, não só questões da

produção escolar serão observadas, porque ao psicopedagogo cabe diante da

queixa escolar observar três questões que influenciam no processo de

aprendizagem: primeiro as questões sócio econômica e cultural, que influenciam em

sua saúde, nutrição, qualidade de vida e acesso a cultura como por exemplo acesso

a teatro, música, cinema, filmes de qualidade, atividades de recorte, colagem e jogos

pedagógicos; segundo, a questão escolar, que está intimamente ligada às questões

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anteriores, causada pela má condução e intervenção no ato de ensinar, a

desatualização dos conteúdos que muitas vezes estão descontextualizados da

realidade do aluno, o excesso de conteúdos, as avaliações inadequadas e o

desrespeito ao ritmo do aluno; e por terceiro, a questão ligada ao aluno,

considerando os aspectos orgânicos, cognitivos e emocionais, pois o seu

comportamento, conduta quando observados, revelam muito de suas angústias,

medos e temores relacionados a aprendizagem. (WEISS, 2008, p. 16 – 23)

Assim, de acordo com WEISS (2008, p. 22):

“[...] O fracasso escolar é causado por uma conjugação de fatores interligados que impedem o bom desempenho do aluno em sala de aula. A tentativa de identificar durante o diagnóstico um ponto inicial nas condições internas do aluno ou nas condições externas do ensino e da situação escolar visa apenas a melhor orientação terapêutica posterior.”

Segundo SCOZ (1994, p. 28, apud SISTO, et al., 2008, p. 69):

“[...] a prática evidencia que nem as estruturas cognitivas, nem a afetividade e nem a influência do meio social, por si sós, conseguem explicar os processos normais e patológicos da aprendizagem, enquanto que a integração desses fatores oferece uma visão mais ampla e profunda.”

A psicopedagogia nada mais é do que uma necessidade de se analisar e

refletir sobre o ser humano em sua totalidade, dentro de uma visão holística.

(SISTO, et al., 2008, p. 108).

E, mais importante ainda, são as colocações de Weiss quando afirma que “o

sucesso de um diagnóstico não reside no grande número de instrumentos utilizados,

mas na competência e sensibilidade do terapeuta em explorar a multiplicidade de

aspectos revelados em cada situação. [...]” (2008, p. 32).

Um dos diferenciais entre o trabalho do professor e do psicopedagogo é que

enquanto que o professor, se preocupa através de suas avaliações, em verificar o

que o aluno sabe até o presente momento e o que ainda é preciso aprender ou

retomar, revisar e rever; para o psicopedagogo, conforme Weiss afirma (2008, pg.

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192) “[...] O mais importante no diagnóstico psicopedagógico é a tentativa de captar

a forma individual de aprender e produzir de determinado aluno. [...]”. Sendo assim,

a partir daí é que será planejada toda a forma de articular o processo corretor com a

paciente.

Em relação à atuação do psicopedagogo SISTO (et al., 2008, p. 69) comenta:

“Pode-se perceber que essa atuação não se configura apenas no atendimento e tratamento de problemas já instalados, mas também no nível de pesquisa sobre aprendizagem e desenvolvimento, no diagnóstico de alunos, individualmente, ou diagnóstico de situações escolares, atendimento individual e atendimento em grupo, trabalho preventivo e trabalho de assessoria em escolas e para professores.”

Uma das etapas do diagnóstico é a anamnese, uma entrevista essencial para

conhecer dados históricos do aluno desde o período da concepção até o momento

atual de vida que para o psicopedagogo não será um mero registro de dados, mas o

levantamento de hipóteses ligadas a queixa sobre o fracasso escolar. Através da

anamnese são investigadas questões sobre a concepção, possíveis problemas

perinatais, de que maneira ocorreram as primeiras aprendizagens em casa, o

desenvolvimento motor, doenças, traumatismos, problemas visuais e auditivos, fatos

marcantes no núcleo familiar, na família como um todo, sobre os primeiros anos

escolares e como ocorreu a alfabetização. Por isso é necessária muita atenção e

registro de todas as informações repassadas pela família durante a entrevista.

Outra etapa de fundamental importância é a aplicação das Provas do

Diagnóstico Operatório de Jean Piaget (provas piagetianas) para verificar em que

período de desenvolvimento cognitivo a criança se encontra. Através desta

aplicação, é possível verificar como a criança pensa e raciocina diante da resolução

de um problema que lhe é apresentado. Então, o psicopedagogo, através de seus

estudos e conhecimentos, poderá interpretar e analisar os dados obtidos para

elaborar as atividades a serem utilizadas durante o processo corretor, atividades

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estas que devem ser desafiadoras, necessárias ao desenvolvimento e alcance de

uma nova fase do período operatório; sendo possíveis de serem realizadas,

respeitando as potencialidades da criança para não correr-se o risco de frustrá-la ou

comprometer sua auto-estima.

“A avaliação do funcionamento cognitivo pode ser realizada através da aplicação de provas clássicas piagetianas e provas para avaliação de aquisição de noções como espaço, tempo, causalidade. Essa avaliação, acompanhada da análise cuidadosa das tarefas exigidas e dos resultados escolares, bem como de desempenho em tarefas de tipo escolar propostas pelo psicopedagogo, pode ajudar a esclarecer o rendimento escolar. [...] As provas podem auxiliar o educador a planejar mais adequadamente a sua atuação, identificando as tendências do desenvolvimento cognitivo dos alunos e compreendendo as relações entre o desenvolvimento e o desempenho escolar.” (SISTO, et al., 2008, p. 72).

Segundo VINH-BANG (1990, apud SISTO, et al., 2008, p.117):

“[...] o exame do nível de desenvolvimento cognitivo é negligenciado na escola, onde os “apoios” pedagógicos e as “recuperações” estão mais centrados nos conteúdos a serem adquiridos. Este exame permitiria evidenciar as “lacunas” específicas de certas áreas, uma vez que as aquisições espontâneas não se constroem na mesma velocidade, o que significa que o aluno pode ter efetuado uma aquisição para um conteúdo e não ainda para outro.”

A avaliação psicomotora também é de suma importância, pois qualquer

distúrbio psicomotor está ligado a problemas que envolvem o indivíduo em sua

totalidade afetando tanto a área afetiva quanto a área intelectual e através do

diagnóstico é possível elaborar intervenções específicas para a superação dos

problemas de aprendizagem que poderão aparecer em decorrência deste distúrbio

psicomotor.

Para JOSÉ (2004, p. 111):

“É comum entre nós a incidência de alunos com distúrbios psicomotores. Embora aparentemente normais, eles são incapazes de aprender a ler e escrever, apresentando também uma série de outros problemas que interferem sobremaneira no processo escolar.”

Ainda, a mesma autora, apresenta os principais sintomas do distúrbio

psicomotor que influenciam diretamente na aprendizagem:

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“Os sintomas mais característicos do distúrbio, além da coexistência de problemas motores de maior ou menor gravidade, são transtornos na área do ritmo, da atenção, do comportamento, esquema corporal, orientação espacial e temporal, lateralidade e maturação (retardos).(2004, p. 111)

Wallon, citado na obra de SISTO (et al., 2008, p. 77) afirma que é [‘sempre a

ação motriz que regula o aparecimento e o desenvolvimento das formações

mentais.’]

Assim, o desenvolvimento do indivíduo é resultado da interação do corpo

com os objetos, o meio ambiente e com as pessoas que o rodeiam.

Em todo e qualquer diagnóstico, é importante lembrar, que a criança atendida

já é dotada de aprendizagens adquiridas na sua interação com a família, o meio, o

ambiente social e a escola, esta última mais preocupada com o repasse dos

conteúdos.

Com relação a intervenção terapêutica, comenta SISTO (et al., 2008, p. 114-

115):

“Num sentido mais específico, fala-se em intervenção como uma interferência que um profissional (educador ou terapeuta) realiza sobre o processo de desenvolvimento e/ou aprendizagem do sujeito, o qual pode estar apresentando problemas. Na intervenção, o procedimento adotado interfere no processo, com o objetivo de compreendê-lo, explicitá-lo ou corrigi-lo. Introduzir novos elementos para o sujeito pensar poderá levar à quebra de um padrão anterior de relacionamento com o mundo das pessoas e das idéias. [...]

As intervenções psicopedagógicas podem ter o objetivo de recuperação e

organização de conteúdos escolares, aplicação de brincadeiras, jogos de regras e

dramatizações com o objetivo de desenvolvimento tanto cognitivo como emocional

que podem ser realizados com crianças que apresentem dificuldades de

aprendizagem ou não, atendimento realizado em clínica através do encaminhamento

do aluno feito pela escola e atividade de pesquisa, onde o objetivo do

psicopedagogo é realizar pesquisas constantes para elaborar novas estratégias,

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instrumentos e recursos que permitam a evolução da criança (SISTO et all., 2008, p.

123-125).

No tocante a devolutiva à família, em relação ao trabalho desenvolvido

atualmente na Sala de Apoio Pedagógico, esta é realizada quando a família procura

a escola para saber como está a evolução da criança, ou quando a escola sente a

necessidade de conversar com a família por motivo de faltas, indisciplina ou

encaminhamentos a outros profissionais, ou mesmo quando é dada a dispensa do

aluno por encontrar-se alfabético no nível de escrita e independente na realização

das atividades escolares.

Após a avaliação deve-se realizar uma devolutiva aos pais para que tenham

ciência das dificuldades de aprendizagem (quando existentes), das possíveis causas

(as hipóteses), dos procedimentos que serão utilizados nos atendimentos para

viabilizar a aprendizagem, dos possíveis encaminhamentos quando necessário o

atendimento de outros profissionais, repasse de recomendações sobre como agir

em casa e, principalmente, conforme afirma Weiss (2008, p. 141) “[...] é preciso dar

a eles o tempo de que necessitam para diminuir seu medo de ouvir e também

ampliar ao máximo a atitude afetiva de acolhimento, de compreensão por parte do

terapeuta”, pois os pais também precisam de atenção neste momento, porque os

problemas escolares também afetam toda a dinâmica familiar.

Para BOSSA (2000, p. 96):

“Quando a criança ganha um psicopedagogo não pode perder pais e professores. Quero dizer com isso que, para que tudo dê certo, os pais e os professores precisam continuar fazendo seus papéis, responsabilizando-se por suas tarefas.”

O professor também possui suas angústias e ansiedades, para ele a

dificuldade é em atender o aluno com dificuldade de aprendizagem diante de seu

grande número de alunos em sala de aula, sem ter a capacitação adequada ou por

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necessitar de maior suporte da equipe escolar através da oferta de materiais

didáticos, bom modelos de atividades pedagógicas e jogos que possam estar

envolvendo toda a sala de aula e colaborando com a aprendizagem do aluno que

apresenta determinada dificuldade. Por isso, novamente faz-se necessário a

presença do psicopedagogo na escola, tanto para orientar os envolvidos no

processo, ajudar o aluno com a dificuldade já instaurada, como também para

prevenir a instauração de uma dificuldade por mau direcionamento da didática das

aulas, assim Bossa declara (2000, p. 12-13):

“[...] Na escola, o psicopedagogo institucional vai atuar junto aos professores e outros profissionais para a melhoria das condições do processo-ensino aprendizagem, bem como para prevenção dos problemas de aprendizagem. Por isso é muito importante que a escola tenha um psicopedagogo institucional.”

E ainda BOSSA (2000, p. 16) afirma:

“É essencial que o psicopedagogo tenha em mente essa demanda e estabeleça com o professor uma relação de troca. Ele tem muito a contribuir no diagnóstico psicopedagógico e é personagem fundamental no processo de intervenção. O inverso também é verdadeiro: o professor deve lembrar que o psicopedagogo muito pode ajudar na difícil tarefa de ensinar.”

Portanto, o psicopedagogo não está sozinho no processo de intervenção, ele

necessita da parceria e do comprometimento de todos os envolvidos: o paciente, a

família do paciente, os profissionais da instituição escolar, principalmente o

professor de sala de aula e, quando necessário, os profissionais da área da saúde

como, por exemplo, o psicólogo, o neurologista ou o fonoaudiólogo.

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2.4 A PRÁTICA ATUAL DO APOIO PEDAGÓGICO

O Apoio Pedagógico foi instituído temporariamente nas unidades escolares

onde o índice de reprovação de alunos nas classes de 2º. ano ficou acima de 10%, o

número de alunos nas classes de 2º. ano ultrapassa a quantidade prevista no

regimento, há muitos alunos defasados idade-série, o IDEB (Índice de

Desenvolvimento Brasileiro) nas séries iniciais está abaixo da média, há muitos

alunos que apresentam dificuldades na leitura e na escrita nas classes do 2º., 3º., 4º.

e 5º. anos. (PORTARIA Nr. 111-GAB-2009, em anexo)

Ressalta-se que o foco de atendimento são os alunos matriculados do 2º. ao

5º. ano que necessitam ser alfabetizados e apresentam dificuldades de

aprendizagem, sendo que os alunos com deficiência, transtornos globais do

desenvolvimento ou alunos com altas habilidades/superdotação, não deverão ser

atendidos na Sala de Apoio Pedagógico mas sim pelo Atendimento Educacional

Especializado (AEE) ofertado em salas de recursos multifuncionais ou em centros de

Atendimento Educacional Especializado da rede pública, no caso os CEAPE´s

(Centro de Apoio Pedagógico).

O Atendimento Educacional Especializado (AEE) tem como função

complementar ou suplementar a formação do aluno através da oferta de recursos de

acessibilidade, de serviços e de estratégias que eliminem as barreiras para sua total

participação na sociedade e desenvolvimento de sua aprendizagem.

Os encaminhamentos dos alunos para o Apoio são feitos pelas professoras

de sala de aula e Supervisora Escolar, todos passam por avaliações apenas nas

áreas acadêmicas de Língua Portuguesa e da Matemática.

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Os atendimentos para todos os alunos são realizados de 2ª. à 5ª. feira, com

uma hora de atendimento diário no contra turno das aulas regulares, totalizando

quatro horas de atendimento semanal.

Já a 6ª. feira é destinada para o professor da Sala de Apoio Pedagógico

realizar os registros individuais do aluno referente a semana, preenchimento de

documentações diversas, contato com professores, pais e parte administrativa da

escola, elaboração de materiais, planejamento, confecção de jogos e participação de

cursos oferecidos pela instituição.

Ao todo são oito grupos, onde quatro são no período matutino e quatro no

vespertino, cada um com no máximo dez alunos. São organizados os agrupamentos

de acordo com suas dificuldades de aprendizagem e idade/ano em que o aluno está

matriculado, conforme a tabela abaixo:

DIAS DA SEMANA

A 7:30 às 8:30 2ª à 5ª feiraB 8:30 às 09:30 2ª à 5ª feiraC 09:30 às 10:30 2ª à 5ª feiraD 10:30 às 11:30 2ª à 5ª feira

DIAS DA SEMANA

E 13:30 às 14:30 2ª à 5ª feiraF 14:30 às 15:30 2ª à 5ª feiraG 15:30 às 16:30 2ª à 5ª feiraH 16:30 às 17:30 2ª à 5ª feira

TURNO VESPERTINO

GRUPOS HORÁRIOS

TURNO MATUTINO

GRUPOS HORÁRIOS

Os grupos são temporários, pois além das observações diárias, mensalmente

são realizadas avaliações nas áreas da leitura, escrita e raciocínio lógico matemático

para verificar a independência e avanços na aprendizagem e, após consentimento

da Supervisão Escolar e da professora de sala de aula, caso o aluno esteja

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alfabetizado e tenha condições de acompanhar em sala de aula, o mesmo é

dispensado do atendimento no Apoio Pedagógico, o que permite uma rotatividade

maior de alunos para atender a grande demanda.

De acordo com a necessidade de cada aluno, são feitos encaminhamentos,

com relatórios pedagógicos, registrando a aprendizagem do aluno no ensino regular

e na Sala de Apoio Pedagógico para o pediatra, para que o mesmo, caso ache

necessário, faça o encaminhamento a um especialista, como por exemplo, o

neuropediatra, psicólogo ou fonoaudiólogo.

As atividades desenvolvidas no Apoio Pedagógico, devem ser diferenciadas

da sala de aula, com o uso de jogos, materiais diversos de recorte, colagem,

massinha, brinquedos, computador e entre outras, com o intuito de resgatar na

criança a sua auto-estima e confiança em si mesma, a convivência em grupo e o

gostar de aprender. Todos os alunos possuem caderno para registro dos jogos e

atividades realizadas e muitos dos jogos são elaborados pelos alunos com auxílio e

intervenções da professora.

Para controle do funcionamento da Sala de Apoio Pedagógico há

documentações a serem preenchidas: ficha e pasta individual de cada aluno com

sua evolução na aprendizagem, chamada, ficha do nível de escrita, ficha de

movimentação de alunos com registro das inclusões, dispensas, transferências e

desistências.

Os pais são chamados na escola quando necessário para tomarem ciência

dos trabalhos realizados, observarem as evoluções da criança, receberem

orientações de como trabalhar em casa ou para levarem encaminhamento ao

pediatra. Assim a família poderá estar integrada ao processo de aprendizagem de

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seu (a) filho (a), mas, na maioria das vezes, não é fácil conseguir o

comprometimento e presença dos pais neste processo.

2.5 O ESTUDO DE CASO

O estudo de caso de F.V. foi realizado pela autora na escola em que o aluno

estuda, com supervisão quinzenal pela professora Laura Bianca Monti, do curso de

especialização em Psicopedagogia, sendo que o paciente continua em atendimento

psicopedagógico, apesar do término deste estágio supervisionado.

O atendimento psicopedagógico continua em virtude do comprometimento da

autora com seu trabalho, em respeito ao paciente que obteve grandes avanços e

também em consideração à família que se mudou para longe da escola, mas que

reconhece os avanços na escrita e leitura do F. e por isso, está investindo inclusive

em transporte escolar, apesar das dificuldades financeiras, para que ele continue em

seus atendimentos duas vezes na semana.

Vale salientar que o atendimento será encerrado em dezembro/2011 porque a

escola situa-se na região norte da cidade e em 2012 a avó materna que cria o

menino mudará para a região sul da cidade tornando-se totalmente inviável o

deslocamento até a escola atual.

F. é aluno do 3º. ano (2ª. série) e em 2010 frequentava o Apoio Pedagógico,

oferecido no contra turno aos alunos que apresentam dificuldades ou distúrbios de

aprendizagem, sendo realizado e acompanhado pela autora deste estudo de caso.

F. é do sexo masculino e possui mais um irmão por parte de mãe com quatro

anos de idade com quem apresenta bom relacionamento. Não mora com a mãe e

sim com a avó materna, a quem faz companhia.

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A autora optou em realizar as sessões psicopedagógicas com F., que

iniciaram em 21 de setembro de 2010, face apresentar defasagem idade/série

(cursava o 3º. ano/2ª. série com 10 anos de idade), encontrando-se no nível silábico

alfabético da escrita e apresentando leitura silabada, o que comprometia a

compreensão do que lia.

Primeiramente foi realizada em 20 de setembro de 2010 a entrevista com a

mãe que relatou sobre a gravidez e parto complicado e, após seu consentimento, F.

passou a ter atendimento duas vezes na semana iniciando com a realização das

avaliações diagnósticas: entrevista operativa centrada na aprendizagem (EOCA),

avaliações sensoriais e motoras, entrevista, avaliação acadêmica nas áreas da

leitura, escrita, compreensão e raciocínio lógico matemático, aplicação das técnicas

projetivas e das provas piagetianas, assim como verificação dos cadernos escolares

e análise do questionário respondido pela professora do ensino regular. A avaliação

está em anexo.

Durante a avaliação, o paciente atendeu a todas as atividades propostas,

falando apenas o que lhe fosse solicitado e concluiu-se na área sensorial que F.

discrimina sons iguais e diferentes e apresenta boa memória de frases e dígitos, e

organização sintático-semântica, mas necessita de uma investigação oftalmológica.

Na área motora, apresentou lateralidade cruzada com predominância lateral

destra para pés e mãos e sinistra para os olhos, encontrando-se dentro do esperado

nas provas de coordenação motora fina e global, no equilíbrio, na orientação

espaço-temporal e na reprodução de estrutura rítmicas, denotando dificuldade na

dissociação. Quanto à área sócio-emocional, onde se utilizou de testes projetivos,

denotou necessidade de companhia, atenção e de estímulo para a aprendizagem,

tendo como referencial para aprender a professora da Sala de Apoio Pedagógico.

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Na área cognitiva, utilizou-se das provas do diagnóstico operatório e F.

demonstrou-se em transição do período pré-operatório para o operatório-concreto,

estando abaixo do esperado para sua idade cronológica.

Na área acadêmica apresentou escrita no nível silábico alfabético, leitura

silabada compreendendo parcialmente o que leu, influenciando na interpretação e

resolução de problemas matemáticos.

Através das avaliações, diagnosticou-se quadro compatível a dislexia, porém

com necessidade de validação após avaliação neurológica.

Tendo em vista que as dificuldades de F. estão relacionadas à leitura e

escrita, acredita-se que a terapia deve girar em torno da produção textual, da

interpretação e compreensão das informações, atividades e jogos relacionados às

dificuldades ortográficas apresentadas, com trabalho realizado em duas vezes por

semana, no período de um ano, devendo ser reavaliado ao final deste período.

Após o diagnóstico foram tomadas as seguintes medidas com relação à

família e à professora de sala de aula respectivamente:

- Orientações à mãe e à avó materna, solicitando das mesmas o

acompanhamento das tarefas e cadernos escolares; sugestão de que

proporcionassem em casa momentos de leitura e jogos com o fim de fixar o que está

sendo trabalhado nos atendimentos; valorização e reconhecimento por parte da avó

e da mãe pelas atividades realizadas por F., através de reforços positivos (elogios)

com o intuito de resgatar sua auto-estima. Conversou-se sobre a alimentação,

horário para dormir, organização de seus materiais em casa e a participação das

aulas de xadrez que são oferecidas na escola gratuitamente e que são interessantes

para o desenvolvimento do raciocínio lógico, da atenção, concentração e

observação de F.;

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- Orientações à professora do ensino regular para colocá-lo em sala próximo

de si, que a mesma sempre procurasse realizar a releitura das consignas das

atividades, a revisão das questões ortográficas no tocante a palavras com sílabas

complexas, através de atividades ortográficas e que acompanhasse a leitura

individual do aluno em pelo menos duas vezes por semana, seja na biblioteca

quanto em sala de aula, assim como de outros alunos para que não ficasse evidente

que o foco era F.- para não deixá-lo tenso nem constrangido;

- Solicitação de encaminhamentos ao neuropediatra, ao oftalmologista e, ao

psicólogo para aplicação de testes, assim como para as aulas de xadrez.

- Procedimentos Psicopedagógicos:

- Realização de uma entrevista detalhada com a mãe do cliente, a Anamnese;

- Realização das avaliações diagnósticas: entrevista operativa centrada na

aprendizagem (EOCA), avaliações sensoriais e motoras, entrevista com o cliente,

avaliação acadêmica nas áreas de leitura, escrita, compreensão e raciocínio lógico

matemático, aplicação das técnicas projetivas e das provas piagetianas, observação

dos cadernos escolares e análise do questionário respondido pela professora do

ensino regular;

- Análise dos dados obtidos através das avaliações diagnósticas para a elaboração

de um relatório diagnóstico para formalização e sistematização dos dados obtidos

assim como para verificação das ações necessárias para iniciar as intervenções com

o cliente durante o processo corretor;

- Orientação à mãe e à avó do cliente, sempre que necessária, repasse do resultado

das avaliações diagnósticas e solicitação dos encaminhamentos aos profissionais

necessários para o fechamento do diagnóstico;

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- Orientações à professora do ensino regular;

- Elaboração de atividades específicas para atender as necessidades do F. em seus

atendimentos individualizados;

- Realização de atividades não somente para estimular a leitura escrita e o raciocínio

lógico matemático, mas também para estimular a concentração, discriminação

visual, coordenação motora, memorização e a auto-estima específicas para uma

criança, com olhar individualizado;

- Observação constante da postura, do comportamento e de como aprende o cliente,

proporcionando momentos para criação do vínculo com este, encorajando-o,

demonstrando seu potencial, estimulando a auto-confiança em si mesmo e o prazer

pelo ato de aprender;

- Procedimentos Pedagógicos:

- Aplicações de atividades de leitura e escrita, resolução de problemas matemáticos,

jogos da memória, dominó, dos Dez Pontos e Stop, uso de revistas, do Material

Dourado, do computador e construção da tabuada.

Quanto ao psicólogo, somente foi possível - uma consulta e avaliação gratuita

em maio/2011, porém até o final deste estudo de caso,- junho/2011, a mãe não

havia marcado a consulta por problemas familiares.

Através da consulta ao oftalmologista verificou-se que a visão de F. encontra-

se normal.

Foi realizada a consulta ao neuropediatra, porém até o término do estágio não

foi feito o diagnóstico porque não houve a possibilidade de realizar até o presente

momento, os exames solicitados de ressonância magnética e eletroencefalograma.

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Nas sessões psicopedagógicas foram trabalhadas atividades de leitura e

escrita através da confecção e aplicação de jogos da memória e dominó, formação

de frases, recortes de palavras de revistas, mensagem enigmática, Stop e Memorex

e, na Matemática, com atividades de composição e decomposição dos numerais

com o Material Dourado, jogo das quatro operações, leitura, compreensão e

resolução de problemas, jogos envolvendo a tabuada no computador (Mesa

Educadora do Positivo), construção de tabuada e da tabuada inversa do 2 e 3 com

Material Dourado; trabalhou-se com Matrizes Lógicas, Jogo dos Dez Pontos e jogos

da memória.

Durante o processo corretor foram desenvolvidas atividades de atenção,

concentração, discriminação visual, coordenação motora, memorização e raciocínio

lógico através de jogos.

F. sempre mostrou-se solícito e interessado pelas atividades realizadas nos

atendimentos e, com o passar do tempo, perdeu um pouco mais sua timidez e

passou a fazer perguntas quando haviam dúvidas e a comentar sobre

acontecimentos em família e passeios. Suas atividades sempre foram realizadas

com muito capricho e organização desde o início.

Apesar do atendimento iniciado, F. foi retido em 2010 no 3º. ano, pois o

mesmo não se encontrava alfabetizado até o momento, e, devido a complexidade do

conteúdo do 4º. ano, F. possivelmente não teria condições de acompanhar e sua

auto-estima poderia ser afetada novamente; para tanto foi realizada reunião com a

mãe que consentiu e achou ser a atitude mais indicada para o momento. Também

se conversou com a criança para que pudesse compreender a situação.

Em maio/2011 foi conversado com a mãe de F. para apresentar o portfólio

das atividades realizadas, mostrar as evoluções na escrita e no raciocínio lógico

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matemático assim como comentar sobre seus avanços na leitura e a mãe comentou

que também percebeu nas atividades do dia a dia e nas tarefas que agora F. está

mais interessado em realizá-las, inclusive na curiosidade em ler as placas nas ruas.

Neste dia também foi indicada para a mãe uma psicóloga que faria a consulta inicial

e a avaliação psicológica gratuita.

F. evoluiu muito até junho/2011 quanto a criatividade, leitura e compreensão,

apesar desta leitura ainda não ser fluente, apresentando avanços na formação de

frases, na ortografia e na Matemática.

Em conversa com a professora de sala de aula, esta informou que F. obteve

avanços significativos. Não necessita mais da professora para ler os enunciados das

atividades, faz a leitura e ainda realiza todas elas com independência. Nas provas,

inclusive de interpretação de texto, ele lê e resolve com autonomia. Suas notas

também melhoraram, está mais comunicativo em sala e quando necessita de

intervenção, chama a professora para fazer questionamentos. Continua organizado

com seus materiais e com a letra muito bonita. Um dos fatores que podem ter

proporcionado a F. maior segurança e confiança em si mesmo, além do auto

reconhecimento de seus progressos gradativos, também se deve ao fato de que a

sua professora de sala continua sendo a mesma do ano anterior.

2.6 UMA NOVA PROPOSTA DE TRABALHO PARA O APOIO PEDAGÓGICO

Refletindo, analisando e comparando o trabalho realizado na Sala de Apoio

Pedagógico, com o estudo de caso de F. juntamente a ação do psicopedagogo na

unidade escolar e com os referenciais bibliográficos, surge a possibilidade de criar

uma nova proposta de trabalho para o serviço de Apoio Pedagógico, com a intenção

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de ampliá-lo, qualificá-lo e torná-lo ainda mais eficiente com o intuito de alcançar o

objetivo maior de uma instituição educacional: o sucesso e avanço do aluno na

aprendizagem.

Abaixo estão evidenciadas ações para a Sala de Apoio para o ano de 2012:

- Realizar a Anamnese com os pais do aluno, assim a escola terá o histórico e

antecedente da criança que podem ser uma das causas da dificuldade de

aprendizagem do aluno, assim como para aprofundar o conhecimento sobre o

cliente atendido, pois hoje o conhecimento é superficial, são apenas dados sobre o

que a mãe venha a comentar e geralmente sobre a idade atual, com informações

voltadas para as questões de aprendizagem e disciplina/comportamento;

- Realizar as avaliações psicopedagógicas para um diagnóstico mais apurado

sobre o aluno, pois atualmente o foco apenas é para verificar a leitura, escrita e

raciocínio lógico matemático, deixando-se de lado outras questões que influenciam

nestas áreas do conhecimento e comprometem o aprendizado como, por exemplo, a

avaliação das áreas: sensorial, motora, sócio-emocional e cognitiva;

- Tão importante quanto avaliar as áreas acima especificadas é interpretar as

informações contidas nestas avaliações, pesquisar sobre os resultados e buscar os

meios e maneiras de melhor atender o aluno para obter avanços no aprendizado,

ação esta específica do psicopedagogo, reafirmando então sua importância na

atuação no ambiente escolar e, principalmente na Sala de Apoio Pedagógico, onde

a clientela são alunos com dificuldades e distúrbios de aprendizagem;

- Emitir relatórios mais detalhados para encaminhamentos aos profissionais

da saúde, que podem contribuir para o diagnóstico destes profissionais;

- Realizar agrupamentos produtivos, já que não são possíveis atendimentos

individuais;

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- Abranger um foco ainda maior de atendimento, atualmente, o foco é o aluno,

em 2012, a proposta é implantar a psicopedagogia institucional, dando maior

feedback e orientações mais específicas ao professor e a equipe administrativa da

escola, em relação ao aluno que está em atendimento no Apoio Pedagógico, assim

como para a família deste aluno, para que o aluno tenha um ganho ainda maior no

processo ensino/aprendizagem;

- Realização de avaliação no final do 2º. trimestre do ano letivo, com o 1º. ano

(pré ou classe de 06 anos), uma avaliação psicopedagógica como medida

preventiva, pois assim, os professores poderão ser orientados para estimularem as

crianças nas áreas em que há maior necessidade, evitando o surgimento de uma

futura e possível dificuldade de aprendizagem no ano seguinte, assim como reduzir

o número de alunos na Sala de Apoio Pedagógico, por conseqüência da carência de

estimulação ou falta de um encaminhamento a um profissional da saúde de acordo

com a necessidade de cada criança.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

F. foi encaminhado ao Apoio Pedagógico com a queixa por parte da mãe e da

professora de sala de aula de que apresentava dificuldades na leitura e escrita.

A partir desta queixa iniciaram as avaliações psicopedagógicas nas áreas

sensorial, motora, sócio-emocional, cognitiva e acadêmica que diagnosticaram que

F. ainda não estava alfabetizado, apresentando comprometimento na leitura, escrita

e também em alguns conceitos matemáticos; desenvolvimento cognitivo abaixo do

esperado para sua idade cronológica, necessitando de atenção, valorização e

motivação na execução de atividades ligadas a aprendizagem.

Após o diagnóstico, iniciaram-se as intervenções necessárias ao paciente,

através de atendimento psicopedagógico-clínico; foram feitas orientações a

professora de sala de aula, a mãe e a avó de F., assim como os encaminhamentos

aos profissionais especializados para o fechamento do diagnóstico.

A pesquisa demonstrou que a atuação do psicopedagogo na Sala de Apoio

Pedagógico surtiu efeito. Isto pode ser comprovado pelo desenvolvimento

apresentado pelo paciente. No início dos atendimentos, ele mostrava-se inseguro e

dependente na realização das atividades. Ao término do estudo de caso, F. perdeu

um pouco de sua timidez e passou a fazer perguntas quando havia dúvidas e a

comentar sobre fatos de seu cotidiano; encontrava-se alfabetizado, lendo e

resolvendo as atividades com maior autonomia. Os avanços também foram

reconhecidos em casa pela mãe e na sala de aula pela professora através da

realização das atividades com independência, melhora significativa nas notas e

maior participação em sala de aula. Demonstra-se mais seguro e confiante em si

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mesmo. Assim, o trabalho de estudo de caso, ao utilizar a implantação da

Psicopedagogia na Sala de Apoio Pedagógico pode demonstrar o quanto é possível

qualificar ainda mais a prática desta modalidade de ensino que até o momento era

estritamente realizada por uma ação pedagógica.

O psicopedagogo, presente na unidade escolar, pode contribuir no processo

de aprendizagem do educando através de avaliações psicopedagógicas como forma

de prevenção, diagnóstico e tratamento dos problemas de aprendizagem, utilizando

de intervenções pontuais, assim como verificando a necessidade de

encaminhamentos a profissionais especializados para diagnóstico, descarte de

hipóteses e realização de atendimentos em áreas específicas da saúde, de acordo

com as necessidades do educando e; realizando também, orientações adequadas

aos professores e à família.

Portanto, diante do estudo realizado, observou-se que a pergunta da pesquisa

foi respondida, assim como as hipóteses levantadas foram confirmadas e os

objetivos propostos foram alcançados.

Esta pesquisa necessita de mais tempo para ser realizada, precisa que haja

acompanhamento do caso até a “alta” do cliente, para que as hipóteses formuladas

sejam realmente comprovadas. Por outro lado, como a autora deste trabalho

continua realizando os atendimentos do paciente mesmo após o término do estágio,

ficou evidente o crescimento deste ao longo do processo de atendimento

psicopedagógico.

Embora não se tenha esgotado o assunto, espera-se ter contribuído para a

percepção do quanto à atuação do psicopedagogo pode tornar a ação na Sala de

Apoio Pedagógico mais pontual na obtenção dos resultados almejados: o sucesso

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do aluno tanto na escola, como em sociedade, desenvolvendo sua autonomia e

auto-estima.

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REFERÊNCIAS

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ANTUNES, Celso. Vygotsky, quem diria?! Em minha sala de aula: fascículo12. 5 ed.

Petrópolis, RJ: Vozes, 2002, p.53.

BOSSA, Nádia A. Dificuldades de aprendizagem: O que são? Como tratá-las? Porto

Alegre: Artes Médicas Sul, 2000, p.119.

JOINVILLE, Portaria n° 111-GAB-2009, de 21 de maio de 2009. Normatiza a

implementação e o funcionamento da sala de apoio pedagógico nas unidades

escolares da rede municipal. Secretaria de Educação. Joinville, p.4, 21 mai. 2009.

JOSÉ, Elisabete da Assunção; COELHO, Maria Teresa. Problemas de

aprendizagem. 12 ed. São Paulo: Ática, 2004, p. 232.

OLIVEIRA, Marta Kohl de. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento: um processo

sócio-histórico. 4 ed. São Paulo: Scipione, 1997, p.111.

PORTO, Olívia. Psicopedagogia institucional: teoria, prática e assessoramento

psicopedagógico. 3 ed. Rio de Janeiro: Wak, 2009, p.160.

SÁNCHEZ, Jesús-Nicasio García. Dificuldades de aprendizagem e intervenção

psicopedagógica. Porto Alegre: Artmed, 2004, p.296.

SISTO, Fermino Fernandes, et al. Atuação psicopedagógica e aprendizagem

escolar. 11 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008, p.262.

WEISS, Maria Lúcia Lemme. Pisicopedagogia Clínica – uma visão diagnóstica dos

problemas de aprendizagem escolar. 13 ed. Rio de Janeiro: Lamparina, 2008, p.208.

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ANEXOS

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Avaliação Psicopedagógica inicial – 19/11/2010:

I - DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

Nome: F. V.

Data de nascimento: 16/07/2000 Idade: 10 anos e 4 meses

Filiação: D. C. M. / J. V.

Escolaridade: 3º ano ( 2º série )

Escola : E. M. P. E. S.

Data da Avaliação: Outubro 2010

II – QUEIXA PRINCIPAL

Dificuldade de aprendizagem na leitura e escrita.

III – CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS

Os dados da história evolutiva foram fornecidos pela mãe. O período de

gravidez foi conturbado devido a problemas familiares. Iniciou o pré-natal a partir do

6º mês. O parto foi normal, devido a falta de dilatação foi necessário a utilização de

fórceps, onde a criança nasceu cianótica. F. foi internado aos 5 dias de vida por

icterícia, e com 1 a 2 anos por pneumonia, ficando em média 15 dias no hospital.

Não foi amamentado no peito, fez uso da mamadeira até 3 anos e chupeta até os 4.

Fala durante o sono, dorme de boca aberta e apresenta sialorréia. O controle dos

esfíncteres deu-se aos 3 anos de idade. Das doenças infantis, teve rubéola e

pneumonia. Iniciou no CEI (Centro de Educação Infantil) com 3 anos de idade.

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Atualmente freqüenta o 3º ano (2º série), apresenta dificuldade de aprendizagem na

escrita, leitura e compreensão. (sic)

IV – COMPORTAMENTO DURANTE A AVALIAÇÃO:

F. fala apenas o que é solicitado, às vezes comenta sobre fatos da família,

porém atendeu a todas as atividades propostas.

V – SÍNTESE DAS ÁREAS AVALIADAS:

/ÁREA SENSORIAL: ( visual e auditiva )

Na Escala Optométrica Decimal de Snellen que avalia a acuidade visual, F.

apresentou algumas alterações, sendo necessário uma investigação oftalmológica.

Na Escala de Jaeger, que avalia a acuidade visual para perto, não apresentou

problemas.

No Teste de audibilização, é capaz de discriminar sons iguais e diferentes.

Apresenta boa memória de frases e dígitos, e organização sintático-semântica.

ÁREA MOTORA:

Apresenta lateralidade cruzada com predominância lateral destra para pés e

mãos e sinistra para olhos. Nas provas de coordenação motora fina e global, no

equilíbrio, na orientação espaço-temporal, e na reprodução de estruturas rítmicas. F.

encontra-se dentro do esperado. Denota dificuldade na dissociação.

ÁREA SÓCIO-EMOCIONAL:

A avaliação da área sócio-emocional foi realizada através de testes projetivos.

F. demonstra ter como referencial para aprender a professora de sala e do Apoio

Pedagógico. Demonstra sentir-se observado e cobrado na aprendizagem e no

contexto familiar. Observa-se timidez, cansaço e passividade.

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Denota necessidade de companhia, atenção e de estímulo para a

aprendizagem.

ÁREA COGNITIVA:

Foram utilizadas provas do diagnóstico operatório para verificação da

estrutura do raciocínio.

Obteve êxito nas provas de conservação de número, matéria, comprimento e

superfície. Ainda apresenta insegurança quanto à seriação, inclusão, intersecção de

classes e dicotomia.

Encontra-se em transição do período pré-operatório para o operatório

concreto, estando abaixo do esperado para sua idade cronológica.

ÁREA ACADÊMICA:

Escrita: escreve em forma de ditado e espontaneamente apresentando trocas e

omissões. Encontra-se no nível de escrita silábico alfabético.

Leitura: lê silabando, necessitando de intervenção; há compreensão parcial do que

lê. Consegue interpretar um texto simples. Na amostra de linguagem onde teria que

escrever uma historia através da observação de uma gravura, apenas produz frases

sem coesão.

Matemática: F. é capaz de resolver operações de adição e subtração, observa-se

certa dificuldade na multiplicação e para problemas simples de raciocínio.

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VI - PARECER DIGNÓSTICO

Através dos resultados obtidos, conclui-se que o F. apresenta

comprometimento na área acadêmica, principalmente no que se refere a leitura,

escrita e alguns conceitos matemáticos.

As dificuldades apresentadas podem estar relacionadas a problemas de

ordem funcional e emocional, o que interfere em seu desenvolvimento e em seu

processo acadêmico.

VII – ENCAMINHAMENTOS

Faz-se necessário acompanhamento psicopedagógico que possibilite refazer

as etapas em desenvolvimento e restabelecer um vínculo positivo com a

aprendizagem; avaliação neuropediátrica e oftalmológica, orientação aos pais e a

escola.

ASPECTOS A SEREM TRABALHADOS:

- Conquistar sua auto – confiança, valorizando e motivando-o para a execução das

tarefas promovendo sua auto estima e segurança.

- Desenvolver o raciocínio através da resolução de problemas simples com apoio do

material concreto.

- Trabalhar conceitos básicos da Matemática.

- Aprimorar a leitura, compreensão e escrita.

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Abaixo segue o relatório de atendimento psicopedagógico referente a 03 de

junho de 2011, onde encerrou-se o estágio, apesar de F. continuar em atendimento:

RELATÓRIO DE ATENDIMENTO PSICOPEDAGÓGICO

DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

Nome: F. V.

Data de nascimento: 16/07/2000 Idade: 10 anos e 11 meses

Filiação: D. C .M. / J. V.

Escolaridade: 3º ano ( 2ª série )

Escola : E. M. P. E. S.

F. V. encontra-se em atendimento psicopedagógico desde outubro/2010.

Apresentava como queixa a dificuldade na leitura e escrita, conforme consta

do relatório de avaliação psicopedagógica.

Foram trabalhadas as áreas de Português com as atividades de leitura e

escrita realizadas através da confecção e aplicação de jogos da memória e dominó,

formação de frases, recortes de palavras de revistas, mensagem enigmática, Stop e

Memorex e; Matemática, com atividades de composição e decomposição dos

numerais com o Material Dourado, jogo das quatro operações, leitura, compreensão

e resolução de problemas, jogos envolvendo a tabuada no computador (Mesa

Educadora do Positivo), construção da tabuada e tabuada inversa do 2 e do 3 com

Material Dourado, Matrizes Lógicas, Jogo dos Dez Pontos e jogos da memória.

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Durante os atendimentos foram desenvolvidas atividades de atenção,

concentração, discriminação visual, coordenação motora, memorização e raciocínio

lógico através de jogos.

Observou-se melhora nas questões da leitura, criatividade, formação de

frases, ortografia e, na Matemática, na leitura, compreensão e resolução de

problemas.

Salienta-se que F. continuará em atendimento.