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Formação de Professores e Didática para Desenvolvimento Humano José Carlos Libâneo Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás), Goiâ Resumo Formação de Professores e Didática para Desenvolvimento Humano! O artigo discute o ro!le"a da dissocia#$o e do aralelis"o entre dois tios de con%eci"ento na for"a#$o rofissional de rofessores, o discilina '$o aresentadas osi# es teóricas so!re esta uest$o ara, e" seg teoria do ensino ara o desenvolvi"ento %u"ano de +avídov co"o alt enfrenta"ento do ro!le"a& Por fi", argu"enta so!re o otencial de co"reens$o da necessária cone $o entre didática, didáticas esec de ensino de "odo a assegurar, no currículo, a interenetra#$o ent discilinar e o con%eci"ento edagógico& Palavras-c%ave Formação de Professores! Didática Desenvolvimental! Con"ecimento Disciplinar e Con"ecimento Peda#$#ico! %nsino e Desenvolvimento Humano! .!stract - &eac"ers %ducation and t"e Didactics for Human Development! %e aer discusses t%e ro!le" of decouling and arallelis" 2no0ledge in t%e teac%er education, t%e discilinar1 2no0le 2no0ledge& %eoretical ositions on t%is issue are resented to t t%e teac%ing t%eor1 to %u"an develo"ent of +avidov as an alternative to face t ro!le"& 4inall1 argues for its otential to contri!ute in t%e interc didactic, secific didactics and teac%ing "et%odologies discilines of t%e teac%ers5education courses& 6e10ords &eac"in# %ducation! Developmental Didactic! Disciplinar' (no)lod#e and Peda#o#ical (no)lod#e! &eac"in# and Human Developmen!

Formacao de Professores e Didatica Para Desenvolvimento Humano Rev. Autor27.1

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Professor Libâneo e a formação de professores

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Formao de Professores e Didtica para Desenvolvimento HumanoJos Carlos LibneoPontifcia Universidade Catlica de Gois (PUC Gois), Goinia/GO - BrasilResumo - Formao de Professores e Didtica para Desenvolvimento Humano. O artigo discute o problema da dissociao e do paralelismo entre dois tipos de conhecimento na formao profissional de professores, o disciplinar e o pedaggico. So apresentadas posies tericas sobre esta questo para, em seguida, dar destaque teoria do ensino para o desenvolvimento humano de Davdov como alternativa ao enfrentamento do problema. Por fim, argumenta sobre o potencial dessa teoria para a compreenso da necessria conexo entre didtica, didticas especficas e metodologias de ensino de modo a assegurar, no currculo, a interpenetrao entre o conhecimento disciplinar e o conhecimento pedaggico.Palavras-chave: Formao de Professores. Didtica Desenvolvimental. Conhecimento Disciplinar e Conhecimento Pedaggico. Ensino e Desenvolvimento Humano.

Abstract - Teachers Education and the Didactics for Human Development. The paper discusses the problem of decoupling and parallelism between two types of knowledge in the teacher education, the disciplinary knowledge and the pedagogical knowledge. Theoretical positions on this issue are presented to then give emphasize to the teaching theory to human development of Davidov as an alternative to face the problem. Finally argues for its potential to contribute in the interconnection between didactic, specific didactics and teaching methodologies disciplines of the teacherseducation courses.Keywords: Teaching Education. Developmental Didactic. Disciplinary Knowlodge and Pedagogical Knowlodge. Teaching and Human Developmen.

Introduo

Nas trs ltimas dcadas ganharam destaque no Brasil estudos sobre a formao de professores acompanhando a tendncia mundial de investigaes em torno desse tema, originados em boa parte de organismos internacionais como a OCDE, UNESCO e o Banco Mundial, chegando a constituir o maior nmero de ensaios e pesquisas no campo da educao (Nvoa, 1992; Nvoa, 2009; Perrenoud, 1993; Pimenta, 2002; Contreras, 2012; Sacristn, 2002; Gatti, Barretto, Andr, 2011; Gatti, 2012, entre outros). Tais investigaes estiveram ligadas, de algum modo, a reformas educativas implementadas em vrios pases europeus e latino-americanos, articuladas com programas de desenvolvimento econmico e social. Vrias concepes de formao se difundiram no meio educacional como as do professor investigador, do professor reflexivo, do professor intelectual crtico, influenciando polticas e programas em todo o mundo. Presentemente, vrios aspectos dessa formao continuam sendo objeto de pesquisas como as polticas curriculares, a formao inicial e continuada, os saberes docentes, as questes salariais e condies de trabalho, a preparao de professores para modalidades especficas de ensino, as caractersticas da identidade profissional, etc.Neste texto, analisa-se a dissociao entre o conhecimento disciplinar e o conhecimento pedaggico[footnoteRef:2], considerada aqui como um dos problemas mais persistentes na organizao dos currculos para a formao profissional de professores. A discusso desse problema no mbito da formao profissional feita com base em pesquisas que investigaram concepes de formao e matrizes curriculares em relao licenciatura em pedagogia e s licenciaturas em contedos especficos, bem como em estudos sobre saberes docentes. Explicitado o problema, sugere-se a teoria do ensino para o desenvolvimento humano de Davdov[footnoteRef:3] para elucidar as relaes e propor formas de integrao entre o conhecimento disciplinar e o conhecimento didtico. [2: Neste texto, a expresso conhecimento pedaggico inclui necessariamente o conhecimento didtico. ] [3: Esta expresso tem o mesmo significado de ensino desenvolvimental, tal como empregada por V. Davdov. O termo desenvolvimental corresponde traduo da expresso em ingls developmental teaching e em espanhol enseanza desarrollante, ambas tradues do russo. As expresses ensino desenvolvimental, didtica desenvolvimental e didtica para o desenvolvimento humano sero utilizadas aqui indistintamente. ]

Pesquisas recentes (Gatti; Nunes, 2009; Libneo, 2010a e b; Libneo, 2013) buscaram esclarecer um dos ns da formao profissional de professores: as dificuldades dos professores em incorporar e articular em seu exerccio profissional dois requisitos dessa profisso: o domnio dos contedos da disciplina e o domnio de saberes e habilidades para ensinar esses contedos. Desse modo, confirmam a persistncia da dissociao entre os conhecimentos disciplinar e pedaggico nos cursos de formao de professores, ao mesmo tempo em que evidenciam que tal dissociao aparece com caractersticas muito diferentes quando se trata da licenciatura em pedagogia e das licenciaturas em contedos especficos. Na primeira, em que se forma o professor polivalente para a etapa inicial da Educao Bsica, frequente a predominncia do aspecto metodolgico das disciplinas sobre os contedos. Nesse caso, o sentido de pedaggico se limita a um conhecimento terico genrico e o conhecimento disciplinar se restringe metodologia do ensino das disciplinas, no entanto, desvinculada do contedo que lhes d origem, pois, como mostram as pesquisas mencionadas, aos futuros professores no so ensinados os contedos do currculo do ensino fundamental. Nas demais licenciaturas, em que se forma o professor especialista em contedos de certa rea cientfica, h visvel nfase nesses contedos e pouca ateno formao pedaggica, quase sempre separada da formao disciplinar. Nos dois formatos curriculares verifica-se a dissociao entre aspectos inseparveis na formao de professores: o conhecimento do contedo (conhecimento disciplinar) e o conhecimento pedaggico do contedo (conhecimento pedaggico-didtico). As nfases so, portanto, invertidas: na licenciatura em pedagogia h supervalorizao do conhecimento pedaggico geralmente no articulado aos contedos e resultando numa formao demasiadamente genrica; nas demais licenciaturas prevalece o conhecimento disciplinar, de carter transmissivo e quase sempre no vinculado pedagogia, quando muito adotando uma didtica meramente instrumental.O que ocorre nas concepes formativas e nos currculos, com consequncia na conduta profissional dos professores, a crena de que uma coisa o conhecimento disciplinar com sua lgica, sua estrutura e seus modos prprios de investigao e outra coisa o conhecimento pedaggico, entendido como domnio de procedimentos e recursos de ensino sem vnculo com o contedo e os mtodos de investigao da disciplina ensinada. Estas constataes se refletem na falta de articulao entre as disciplinas didtica e didticas especficas, estas ltimas frequentemente reduzidas a metodologias de ensino de (Lngua Portuguesa, Cincias, Matemtica, etc.). As duas disciplinas compem os currculos de formao de professores, mas enquanto os professores das didticas especficas tendem a considerar dispensvel uma didtica geral, os de didtica fazem reparos ao pouco interesse de seus colegas pelos saberes pedaggicos como as teorias da educao, a psicologia da aprendizagem, as teorias do ensino, e a prpria didtica. Os professores das didticas especficas afirmam que os pedagogos no tm nada a fazer, pois sem conhecer os contedos especficos das matrias nada podem dizer sobre o ensino dessa matria. J os professores de didtica diro: no possvel algum ensinar uma matria desconhecendo as caractersticas individuais e sociais dos alunos e o contexto social e cultural em que vivem, os critrios de seleo e organizao dos contedos, o papel do ensino na formao da personalidade, as condies mais adequadas de aprendizagem, a elaborao do plano de ensino, etc. Est claro que a busca da unidade e interdependncia entre a didtica e as didticas disciplinares depende da compreenso das relaes entre conhecimento disciplinar e conhecimento pedaggico, em que se reala na formao de professores a necessria ligao entre as dimenses pedaggica e epistemolgica no ensino (Libneo, 2008).As questes trazidas at aqui mostram, assim, conhecidos impasses que a legislao, as polticas e diretrizes curriculares e os movimentos organizados de educadores no tm conseguido levar a bom termo. Pergunta-se, pois: o que explica, aps tantos anos de debates em torno da formao profissional de professores, a persistncia da dissociao e do paralelismo entre conhecimentos disciplinares e conhecimentos pedaggicos? Por que professores de conhecimentos especficos continuam mantendo certa reserva sobre o trabalho de pedagogos? Como resolver na formao profissional, por um lado, a falta de domnio de conhecimentos especficos por parte dos pedagogos e, por outro, a falta de domnio de conhecimentos pedaggico-didticos por parte dos professores de conhecimentos especficos? A insuficiente formao profissional dos professores no estaria ligada, na licenciatura em pedagogia, a um excesso de conhecimento pedaggico genrico desvinculado dos contedos especficos e, nas demais licenciaturas, a um certo conteudismo associado a deficiente formao pedaggica? O que explica que aps tantas evidncias do baixo desempenho de alunos do ensino fundamental em disciplinas como Lngua Portuguesa e Matemtica, os cursos de licenciatura em pedagogia continuem sem ensinar aos futuros professores os contedos que devero ensinar s crianas? O que explica a persistncia histrica dos antagonismos entre a didtica geral e as didticas especficas ou disciplinares? Finalmente, existem pistas para investigar como a epistemologia das cincias ensinadas pode penetrar no modo de trabalhar pedagogicamente/didaticamente os contedos, de forma que os contedos/mtodos de uma cincia sejam os estruturantes do conhecimento pedaggico do contedo? possvel se pensar numa dupla determinao entre formao disciplinar e formao pedaggica?Respostas a essas indagaes requerem aportes de natureza poltica, sociolgica, sociocultural, institucional, mas algumas delas podem ser buscadas nas formas de se conceber teoricamente a didtica. As relaes entre a formao profissional de professores e a didtica so diretas e complementares. Embora alvo de crticas e at de menosprezo por setores do campo acadmico em meio aos embates tericos no campo das cincias humanas e da educao desde os anos 1980, a didtica firma-se hoje como rea de investigao consolidada, haja vista o expressivo nmero de publicaes enfocando questes tericas e epistemolgicas como a natureza do processo de ensino-aprendizagem, a relao com a epistemologia das disciplinas, a articulao entre a didtica e a pesquisa cultural, as aproximaes interdisciplinares, os saberes docentes, e ainda questes do exerccio docente como o ensino de disciplinas, a diversidade sociocultural, a relao com as tecnologias digitais, a relao teoria e prtica na formao inicial e continuada (entre outros, Candau 2003; Candau 2011; Candau 2012; Pimenta 1997; Pimenta 2002; Pimenta 2010; Libneo, 2008; Libneo, 2010a; Libneo, 2010b; Libneo, 2011; Libneo, 2012; Libneo, 2014; Libneo; Alves, 2012; Oliveira, 1992; Oliveira 1997; Oliveira; Pacheco, 2013; Oliveira; Andr, 2003; Veiga, 1999a; Veiga 1999b; Veiga 2010; Veiga 2011; Andr 1997; Andr 2009; Masetto, 2000; Anastasiou; Alves, 2006; Franco, 2010, Franco, 2012). A solidez desse campo investigativo se evidencia, tambm, na realizao, h mais de 30 anos, dos encontros de didtica e prticas de ensino, a par da iniludvel presena da disciplina praticamente em todos os cursos de licenciatura do pas. Para as intenes deste texto a didtica assumida como uma disciplina pedaggica indispensvel ao exerccio profissional, constituindo-se referncia para a formao de professores medida que investiga os marcos tericos e conceituais que fundamentam, a partir das prticas reais de ensino-aprendizagem, os saberes profissionais a serem mobilizados na ao docente, de modo a articular na formao profissional a teoria e a prtica. Na relao de continuidade entre estudos clssicos e contemporneos em didtica, tem sido consensual o entendimento de que seu objeto de estudo o processo de ensino-aprendizagem ligado apropriao de conhecimentos, em determinados contextos, visando formao do aluno. Constitui-se, assim, como um sistema terico de referncia para dar suporte anlise de aspectos da formao profissional de professores no que se refere relao entre conhecimento disciplinar e conhecimento pedaggico. Faz-se, a seguir, uma breve reconstituio histrica da relao entre os dois tipos de conhecimento profissional buscando-se em seguida situ-los no mbito dos estudos sobre saberes docentes. Finalmente, discute-se a teoria de ensino para o desenvolvimento humano de Davdov como um aporte compreenso da necessria articulao entre conhecimento dos contedos da disciplina e conhecimento pedaggico da disciplina bem como da didtica e das didticas disciplinares.

Uma aproximao histrica do problemaUm breve olhar histrico sobre o problema permite investigar a gnese da falta do conhecimento disciplinar no curso de licenciatura em pedagogia e a falta ou secundarizao do conhecimento pedaggico nas licenciaturas de outras reas de conhecimento. Damis (2002) mostra indcios da influncia do modelo de formao de professores institudo na Universidade de So Paulo em 1938, o qual atribua as responsabilidades de formao de professores a duas instncias distintas: a dos contedos especficos aos Institutos de ensino bsico; a dos estudos pedaggicos Faculdade de Educao. Diante dessas possibilidades ocorreu que, predominantemente nas universidades pblicas e privadas, a formao de professores passou a ser funo de duas unidades distintas: os institutos de ensino bsico e as faculdades de educao. (...) A partir deste momento (...) a implantao dessa lei criou ainda a possibilidade para que a desvinculao entre o contedo especfico e o contedo pedaggico de formao do professor fosse mais acentuada (Damis, 2002, p. 111).

Trinta anos aps, a Lei 5.540/68 (da Reforma Universitria) estabeleceu que a formao de professores e especialistas em educao em nvel superior [...] poderia continuar na Faculdade de Filosofia ou resultar de trabalhos distintos de institutos e faculdades. Persistiu na legislao e, certamente nos currculos, a desvinculao entre o contedo especfico e o contedo pedaggico na formao de professores. A situao foi agravada com a poltica de departamentalizao imposta pela mesma lei: na medida em que as disciplinas que compem os contedos especficos e pedaggicos da docncia foram distribudas em vrios departamentos, a questo da fragmentao na formao do professor ficou ainda mais intensificada (Damis, 2002, p. 112). Para a autora, estaria a a origem das dicotomias at hoje no superadas nas diretrizes para formao de professores: institutos de formao bsica-faculdades de educao, bacharelado-licenciatura, universidade-institutos superiores de educao, licenciatura em pedagogia-licenciaturas em contedos especficos. Alm disso, a despeito de vrios instrumentos legais tentarem corrigir as distores, comum instituies formadoras de professores manterem o modelo implantado em 1939: curso de bacharelado em trs anos para os contedos especficos e de licenciatura no ltimo ano (chamado 3+1), com o que se acentua a dissociao entre contedos especficos e formao pedaggica (Damis, 2002, p. 115-117). Saviani, ao analisar o itinerrio histrico da formao de professores, mostra que com a criao dos cursos normais (o primeiro em 1835), pratica-se um currculo em que os professores teriam que dominar os contedos a serem transmitidos s crianas, sem levar em conta o preparo didtico, situao que vigorou at a criao dos Institutos de Educao a partir de 1932. Em 1939, foi criada a Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil de onde resultou a adoo para a formao de professores do esquema 3+1. O autor caracteriza bem a soluo dualista que gerou esse modelo de formao:Os cursos de licenciatura resultaram fortemente marcados pelos contedos culturais-cognitivos, relegando o aspecto pedaggico-didtico a um apndice de menor importncia (...). O curso de pedagogia, semelhana do que ocorreu com os cursos normais, foi marcado por uma tenso entre os dois modelos. Embora seu objeto prprio estivesse todo ele embebido do carter pedaggico-didtico, este tendeu a ser interpretado como um contedo a ser transmitido aos alunos antes que como algo a ser assimilado terica e praticamente para assegurar a qualidade da ao docente. Consequentemente, o aspecto pedaggico-didtico, em lugar de se constituir em um novo modelo a impregnar todo o processo de formao docente, foi incorporado sob a gide do modelo dos contedos culturais-cognitivos (Saviani, 2009, p. 147).

Saviani explicita dois modelos de formao: o modelo de contedos culturais-cognitivos, visando o domnio especfico dos contedos da disciplina que o professor ir ensinar, e o modelo pedaggico-didtico, visando o preparo pedaggico-didtico (que acaba distorcido, quando essas disciplinas de preparo pedaggico-didtico, como filosofia, sociologia, didtica etc., se transformam em contedos culturais-cognitivos) (Saviani, 2009, p. 149). Esses modelos acabaram se mantendo ao longo dos anos, caracterizando as diferentes concepes formativas e formatos curriculares que ainda vigoram: a licenciatura em pedagogia manteve seu carter generalista e ao mesmo tempo pedaggico-didtico e as demais licenciaturas seu carter conteudista. Recentemente, Gatti, Barretto e Andr (2011, p. 9), identificam as diferenas entre os dois percursos formativos quanto concepo de formao e organizao curricular: A formao de professores para os anos iniciais da escolarizao sempre foi separada da formao dos professores das disciplinas especficas e, por muitos anos, houve separao tambm em nvel escolar: os primeiros eram formados em nvel secundrio (hoje, mdio) e os segundos, em nvel superior, em cursos isolados por rea de conhecimento, nos chamados bacharelados. Essa condio deixou marcas de valor acadmico e social que se refletem at nossos dias e tem implicaes nas carreiras dos respectivos docentes.

Igualmente confirmam essa situao ao mencionar o efeito das diretrizes curriculares oficiais para a formao de professores nas licenciaturas de contedos especficos:Mesmo com ajustes parciais propostos nessas diretrizes, verifica-se nas licenciaturas de professores especialistas a prevalncia da histrica ideia de oferecimento da formao com foco na rea disciplinar especfica, com pequeno espao para a formao pedaggica. (...) mesmo com as orientaes mais integradoras quanto relao formao disciplinar-formao para a docncia, na prtica ainda se verifica a prevalncia do modelo consagrado no incio do sculo XX (Gatti; Barreto; Andr, 2011, p. 98).

Este breve recorrido histrico mostra que os impasses na formao de professores permanecem praticamente inalterados em termos de concepo formativa e formatos curriculares, sendo pouco afetada pelas mudanas legais, pelas polticas e diretrizes curriculares oficiais e pelas recomendaes de movimentos de educadores. Do breve histrico exposto, pode-se constatar que real nos cursos de formao de professores a separao entre o conhecimento pedaggico e o conhecimento disciplinar, ainda que de modos diferentes quando se analisa a licenciatura em pedagogia e as licenciaturas em contedos especficos. O curso de licenciatura em pedagogia continua genrico e com uma dbil formao nas metodologias, estando esta separada dos contedos especficos da educao infantil e sries iniciais do ensino fundamental, uma vez que esto ausentes do currculo. Por sua vez, nos cursos de licenciatura em contedos especficos ocorre a prevalncia dos contedos das respectivas reas de conhecimento em detrimento da formao pedaggica, com baixo nmero de horas na matriz curricular. No caso destes cursos, o problema no a nfase dada aos contedos especficos, mas a desarticulao entre a formao na rea especfica e a formao para a docncia. O conhecimento pedaggico e o conhecimento disciplinar correm em paralelo, dissociados, aprofundando a desvinculao entre as metodologias de ensino e os contedos, entre mtodos de ensino e mtodos investigativos da cincia ensinada. Em sntese, a viso segmentada dessa relao leva formao pouco slida dos professores na especificidade disciplinar (no caso da licenciatura em pedagogia) e formao pedaggica insuficiente e separada dos aspectos epistemolgicos dos contedos (no caso das demais licenciaturas).

Posies Tericas Sobre Conhecimento Disciplinar e Conhecimento PedaggicoNa anlise da formao de professores, a relao entre conhecimento disciplinar e conhecimento pedaggico vem sendo tratada, mundialmente, a partir de distintas posies sobre saberes docentes. Para o objetivo deste artigo importa destacar as contribuies dos canadenses Tardif e Gauthier (saberes da prtica docente), da brasileira Pimenta (saberes docentes), dos franceses Develay, Meirieu e Chevallard (didticas disciplinares), dos espanhis Ariza e Toscano (saberes do professor em sua relao com as dimenses da sua prtica) e do norte-americano Shulman (conceito de conhecimento pedaggico do contedo). Para Tardif (2002), a prtica dos docentes compe-se de diferentes saberes, entre os quais so mantidas diferentes relaes: saberes da formao profissional (cincias da educao e da ideologia pedaggica, ou seja, saberes pedaggicos); saberes disciplinares (correspondentes aos diversos campos do conhecimento); saberes curriculares (programas curriculares expressos em objetivos, contedos, mtodos, ordenados pela instituio escolar); saberes experienciais (saberes especficos desenvolvidos pelos professores na prtica de sua profisso).Gauthier (1998, p. 24), concebendo o magistrio como [...] um oficio feito de saberes, formula sua viso de saberes necessrios ao professor para responder a exigncias especficas de situaes concretas de ensino e os identifica em cinco tipos: saberes disciplinares; saberes curriculares; saberes das cincias da educao; saberes da tradio pedaggica; saberes da ao pedaggica.Pimenta (1997), em consonncia com os autores citados, prope trs tipos de saberes articulados entre si: o saber da matria, isto , o conhecimento do professor sobre a disciplina que ensina; o saber pedaggico, que diz respeito ao conhecimento que resulta da reflexo confrontada entre o saber da matria e os saberes da educao e da didtica; o saber da experincia, construdo a partir das experincias vivenciadas pelo professor e pelo aluno, incluindo suas representaes sobre escola e ensino. Os mencionados didatas franceses abordam questes sobre o ensino de contedos especficos, i.e., as didticas disciplinares, tendo como referncia duas dimenses: a natureza do saber a ensinar e a compreenso da relao com o saber dos alunos e do professor. Tal como expressa Develay (1993), a didtica aborda as aprendizagens a partir da lgica dos saberes e a pedagogia aborda as aprendizagens a partir da lgica da classe. Enquanto a didtica volta-se prioritariamente ao modo pelo qual os alunos se apropriam dos conhecimentos, a pedagogia volta-se relao professor-alunos e s condies pelas quais se concretizam as aes didticas. Esse autor mostra que o professor precisa dominar os contedos que ensina mas, especialmente, precisa desenvolver uma competncia epistemolgica para compreender a natureza do conhecimento, sua gnese e sua estrutura.Meirieu (1998) critica a viso tradicional do ensino em que, primeiro, elege-se o contedo, em seguida o compreende e, no final, se fazem os exerccios, dentro de uma viso linear. Ele prope uma concepo de ensino-aprendizagem em que os conhecimentos sejam integrados no projeto do sujeito que aprende, o qual formar suas prprias representaes do objeto de conhecimento. Prope, tambm, a formulao de objetivos voltados para operaes mentais a realizar (deduo, induo, dialtica, criatividade). Importa, assim, que o professor traduza os contedos de aprendizagem em procedimentos de aprendizagem, isto , em uma sequncia de operaes mentais, pois, conforme escreve, nenhum contedo existe fora do ato que permite pens-lo, da mesma forma que nenhuma operao mental funciona no vazio, isolada de um contedo ( Meirieu, 1998, p. 119).Chevallard (1991) pe a questo da relao entre o saber cientfico e o saber ensinado introduzindo o conceito de transposio didtica que leva uma reorganizao do saber visando sua compreenso pelo aluno. Ou seja, o trabalho que transforma um objeto de saber a ser ensinado em um objeto de ensino denominado transposio didtica, o que envolve a dimenso epistemolgica do ensino.Os espanhis Ariza e Toscano (2001, p. 61) ao abordarem a relao entre conhecimento pedaggico e conhecimento disciplinar, advertem que embora [...] muitos professores de nvel secundrio tendem a se ver mais como especialistas disciplinares do que como docentes [...], todos os professores desenvolvem inevitavelmente um conhecimento tcito relacionado aos processos de ensino-aprendizagem. Para eles, professores que ensinam disciplinas cientficas percebem-se muito mais como bilogos, fsicos, matemticos, etc. do que como professores, identificando seu conhecimento profissional com o conhecimento da disciplina de sua especialidade. Acabam incorporando dois tipos de saberes, o saber acadmico e o saber-fazer tcito os quais, no entanto, [...] possuem caractersticas epistemolgicas claramente diferentes (Ariza; Toscano, 2001, p. 61). O primeiro baseia-se na lgica cientfica da disciplina e, com frequncia, est pouco relacionado a contextos histricos, sociolgicos e metodolgicos da produo cientfica; o segundo, ao contrrio, um conhecimento tcito, pouco reflexivo, baseado na lgica do pensamento cotidiano, pouco relacionado com os conceitos e teorias das cincias da educao (Ariza; Toscano, 2001, p. 62). Falta, portanto, aos professores o conhecimento pedaggico fundamentado, em razo do que recomendam aos professores especialistas em contedos especficos um conjunto de conhecimentos terico-prticos de carter integrador a partir de quatro dimenses: a dimenso cientfica (disciplina vista desde as perspectivas lgica, histrica, sociolgica e epistemolgica), dimenso psicopedaggica (questes de ensino e aprendizagem implicadas no ensino de uma disciplina), a dimenso emprica (saberes da experincia prpria e dos demais professores), a dimenso integradora (didticas especficas) integrando as trs dimenses anteriores (Ariza; Toscano, 2001, p. 66). Shulman (2005, p. 11) aponta sete tipos de conhecimentos necessrios aos professores: conhecimento do contedo; conhecimento pedaggico geral, tendo em conta especialmente aqueles princpios e estratgias gerais de manejo e organizao da classe que transcendem o mbito da matria; conhecimento do currculo, com um especial domnio dos materiais e os programas que servem como ferramentas para o ofcio do docente; conhecimento pedaggico do contedo: especial amlgama entre matria e pedagogia que constitui uma esfera exclusiva dos professores, sua prpria forma especial de compreenso profissional; conhecimento dos alunos e de suas caractersticas; conhecimento dos contextos educativos, que abarcam desde o funcionamento do grupo ou da classe, a gesto e financiamento dos distritos escolares, at o carter das comunidades e culturas; e conhecimento dos objetivos, as finalidades e os valores educativos. Para esse autor, o professor "[...] deve compreender as estruturas da matria ensinada, os princpios de organizao conceitual" e, ao mesmo tempo, ter o conhecimento pedaggico do contedo. Descreve o conceito de conhecimento pedaggico do contedo como aquele que [...] representa a ligao entre a matria e a didtica, para compreender como determinados temas e problemas podem ser organizados, representados e adaptados aos diferentes interesses e habilidades dos alunos (Shulman, 2005, p. 11). O autor ressalta, ainda, que o conhecimento pedaggico do contedo o que distingue um excelente professor de outro que apenas sabe a sua disciplina. Este um professor que sabe como transformar seu conhecimento da matria em atividades e experincias que estimulam, envolvem e melhoram a aprendizagem ativa e a compreenso dos alunos (Shulman, 2005, p. 11).Os estudos mais clssicos mencionados, de alguma forma incluem no rol de saberes profissionais o conhecimento do contedo e o conhecimento pedaggico mas no so explicitadas formas de articulao entre eles, permanecendo como paralelos. J os didatas franceses realam as articulaes necessrias entre didtica e epistemologia das disciplinas, superando a separao entre o conhecimento disciplinar e o conhecimento pedaggico, trazendo elementos ricos para a compreenso do que significa conhecimento pedaggico do contedo em articulao com o contedo. expressiva a afirmao de Cornu e Vergnioux (1992, p. 124) de que o mtodo didtico supe o mtodo prprio das disciplinas ensinadas, no sentido de que [...] o primeiro no deve ser acrescentado nem substitudo pelo segundo, mas buscar os objetos elementares e as formas de aplicao do segundo para tornar-se acessvel: ele a imaginao do segundo. A abordagem de Shulman traz substantivas contribuies para o conhecimento profissional do professor, no entanto, ainda que ajude a compreender a imbricao entre o conhecimento disciplinar e o conhecimento pedaggico, em sua teoria eles tendem, tambm, a se manter paralelos.Desse modo, cabe perguntar: Como integrar na formao profissional os dois tipos de conhecimento que esto dissociados e correndo em paralelo? Como articular o conhecimento pedaggico do contedo ao conhecimento dos contedos/processos investigativos da cincia ensinada? Como professores podem aprender a introduzir transformaes nos objetos de conhecimento de modo a suscitar motivos dos estudantes para a atividade de estudo? Presume-se que a vinculao mais estreita da didtica aos contedos especficos e a uma compreenso mais clara do seu papel na orientao do processo cognitivo do aluno poderia trazer maior credibilidade ao trabalho dos pedagogos no seu papel de orientar os processos de ensino-aprendizagem dos contedos especficos. Essa a posio defendida a seguir, fundamentada no aporte da teoria de ensino de Davdov.

A Teoria do Ensino Para o Desenvolvimento e a Integrao Entre Didtica e Epistemologia das DisciplinasA teoria do ensino para o desenvolvimento possibilita uma compreenso das relaes entre conhecimento disciplinar e conhecimento pedaggico diferente das concepes anteriormente descritas. Ela tem como pressuposto que a funo preponderante da escola a de assegurar os meios para os alunos se apropriarem dos conhecimentos e, assim, formarem um mtodo terico-conceitual de pensar e atuar. Esse mtodo consiste da interiorizao de operaes mentais e se forma por meio de conceitos adequados em relao aos objetos de estudo que, enquanto modos de operao mental, so formados com base nos processos lgicos e investigativos das cincias. O processo de apropriao dos conhecimentos na forma de conceitos requer dos alunos mudanas no desenvolvimento psquico, propiciando-lhes novas capacidades intelectuais para apropriao de conhecimentos de nvel mais complexo. Nessa concepo, o conhecimento pedaggico do professor condio necessria para ajudar o aluno a mobilizar suas capacidades intelectuais para a apropriao dos conceitos. O professor deve no s dominar o contedo mas, especialmente, os mtodos e procedimentos investigativos da cincia ensinada. Portanto, o conhecimento disciplinar e o conhecimento pedaggico esto mutuamente integrados. Os pressupostos teoria do ensino desenvolvimental formulados pelo psiclogo e pedagogo russo Vasili V. Davdov (1988) baseiam-se na tradio da teoria histrico-cultural iniciada com Lev S. Vygotsky. Nela, a educao escolar consiste em um processo de promover aos alunos a apropriao da cultura e da cincia desenvolvidas social e historicamente, como signos culturais, instrumentos psicolgicos que os ajudam a organizar seu comportamento e suas aes, atravs do processo de interiorizao da cultura (Vygotsky, 1984). Esta apropriao condio para seu desenvolvimento cognitivo, afetivo e moral dos alunos. Para isso, a escola cumpre sua funo social quando promove e amplia o desenvolvimento dos processos psquicos dos alunos por meio dos contedos atuando, desse modo, na formao da sua personalidade. Segundo Vigotski, o aprendizado no , em si mesmo, desenvolvimento mas, se organizado corretamente, ativa processos de desenvolvimento mental da criana. Para ele boa instruo, compreendida como unidade de ensino-aprendizagem[footnoteRef:4], a que se antecipa e mantm o foco na prxima etapa do desenvolvimento, ao despertar e provocar [...] toda uma srie de funes que se encontram em estado de maturao na zona de desenvolvimento prximo (Vigotski, 2007, p. 360), guiando o processo de desenvolvimento. [4: Segundo Prestes, a unidade entre ensino e aprendizagem est expressa na palavra russa obutchenie, cuja traduo literal instruo (Prestes, 2010, p. 188). Diferentemente do significado mais estreito de mera transmisso de conhecimento, com conotao pejorativa, a palavra se refere na lngua russa ao processo simultneo de instruo, ensino, estudo, aprendizagem, ou seja, ao processo ensino-aprendizagem. A instruo, assim, a forma de organizao do processo de apropriao, na qual esto implicados o ensino (o que o professor faz) e a aprendizagem (o que o aluno faz), ou seja, o ensinar por meio da atuao de outra pessoa no processo de aprendizagem.]

Davdov ampliou as ideias precursoras de Vygotsky afirmando que a educao e o ensino atuam no desenvolvimento por meio do processo da apropriao do conhecimento terico-cientfico que, por sua vez, possibilita o desenvolvimento das capacidades e habilidades correspondentes aos procedimentos lgicos e investigativos de constituio de uma rea de conhecimentos. Nesse processo, o desenvolvimento humano integral do aluno se efetiva por meio da atividade de estudo, cujo contedo so os objetos cientficos (os contedos) a serem apropriados pelos alunos e reconstitudos sob a forma terico-conceitual, base para a formao de operaes mentais. A reconstituio e reestruturao do objeto de estudo constituem o processo de internalizao pelo qual os alunos modificam a estrutura de sua prpria atividade cognitiva, resultando em desenvolvimento. Nesse sentido, [...] a apropriao o resultado da atividade empreendida pelo indivduo quando ele aprende a dominar mtodos socialmente desenvolvidos de lidar com o mundo dos objetos e a transformar esse mundo, os quais gradualmente tornam-se o meio da prpria atividade do indivduo (Davydov; Markova, 1987, p. 5).Para Davidov, os conceitos so procedimentos lgicos do pensamento, isto , modos gerais de acesso ao objeto de conhecimento os quais vo se formando no processo de ensino-aprendizagem com base nos processos investigativos e procedimentos lgicos prprios de uma cincia. Segundo ele, [...] o conceito constitui o procedimento e o meio da reproduo mental de qualquer objeto como sistema integral; ter um conceito sobre esse objeto significa dominar o procedimento geral de construo mental deste objeto (Davidov, 1988, p. 153). Tal procedimento geral deve ser buscado na histria da cincia ensinada, pois o processo mental a ser formado pelos alunos no estudo de uma cincia tem a ver com a forma de constituio dos objetos dessa cincia. Desse modo, para compreender um conceito preciso reconstituir seu surgimento no percurso histrico da cincia. Para isso, o caminho didtico para a formao dos conceitos pelos alunos deve reproduzir ou recriar o caminho investigativo j percorrido pelo pensamento cientfico, de modo que os alunos interiorizem mtodos e estratgias cognitivas para desenvolver seu prprio pensamento. Segundo Davdov:O sujeito individual, por meio da apropriao, reproduz em si mesmo as formas histrico-sociais da atividade. [...] Graas ao processo de interiorizao, a realizao desta atividade se converte em individual e os meios de sua organizao, em meios internos (Davidov, 1988, p. 11). [...] As crianas em idade escolar no criam conceitos, imagens, valores e normas da moral social, mas as assimilam no processo da atividade de estudo. Mas, ao realizar esta atividade, elas realizam aes mentais semelhantes quelas pelas quais estes produtos da cultura espiritual foram elaborados historicamente. Em sua atividade de estudo, as crianas reproduzem o processo real pelo qual os indivduos criam conceitos, imagens, valores e normas. Por isso, o ensino de todas as matrias na escola deve ser estruturado de modo que, de forma condensada e abreviada, reproduza o processo histrico real da gerao e desenvolvimento do conhecimento (Davidov, 1988, p. 174).Com base nesse aporte terico, cabe didtica investigar os processos de ensino-aprendizagem na sua relao com contedos especficos. Assim, o ncleo do problema didtico o conhecimento enquanto processo mental a ser desenvolvido pelo aluno para conhecer os objetos, ou seja, seu processo de formao de conceitos. Trata-se, pois, de uma didtica cuja especificidade epistemolgica o estudo da atividade de ensino-aprendizagem na relao com saberes, em situaes pedaggicas contextualizadas, visando ao desenvolvimento do aluno. Nessa concepo, fundamental a unidade entre o aprender e o ensinar, em que o professor atua na direo da atividade autnoma dos alunos para se apropriem dos produtos da cultura, da cincia, da arte, constitudos ao longo da experincia humana. Este processo designado mediao didtica, isto , mediao das relaes do aluno com os objetos de conhecimento (processo de ensino-aprendizagem), em contextos sociais e culturais concretos, em que se articulam o ensino, a aprendizagem e o desenvolvimento dos alunos. Para isso, a didtica articula a lgica da organizao dos saberes a ensinar (dimenso epistemolgica), a lgica dos modos de aprender (dimenso psicopedaggica), e a lgica da atuao no ensino das prticas socioculturais. Essas consideraes permitem evidenciar a relao de dependncia da didtica com a epistemologia das disciplinas, do que decorre que os professores precisam no s ter domnio dos resultados da cincia como, tambm, dos procedimentos lgicos e investigativos dessa cincia, pois da que se originam as capacidades intelectuais a formar nos alunos na atividade de estudo. Nesse caso, o conhecimento pedaggico do contedo consiste em ajudar o aluno a transformar os contedos em objetos do pensamento, ou seja, em conceitos tericos. Reside a, precisamente, a problemtica da relao entre o conhecimento disciplinar (conhecimento do contedo) e o conhecimento pedaggico na formao de professores, abordada a seguir.

A Integrao Entre o Conhecimento Disciplinar e o Conhecimento Pedaggico na Formao de ProfessoresCom base nas consideraes anteriores, possvel identificar os pontos cardeais de uma didtica para o desenvolvimento dos alunos. Se a atividade de ensino-aprendizagem (instruo) a que promove e amplia o desenvolvimento das capacidades intelectuais dos alunos, trata-se de buscar tais capacidades nos procedimentos lgicos e investigativos que deram origem ao conhecimento cientfico do qual deriva a matria ensinada. Isto assim porque as operaes mentais que levam aos conceitos tericos de um objeto de estudo so equivalentes aos processos de investigao e de constituio da matria, dos seus conceitos, no desenvolvimento histrico de cada cincia. A culminncia da aprendizagem a consolidao do mtodo de pensar por conceitos tericos das cincias, o que possibilitado aos alunos por um ensino que leve ao processo de interiorizao desses conceitos como meios da sua atividade interna para lidar com a realidade. O conhecimento terico na tradio histrico-cultural, baseada no materialismo histrico e dialtico, no tem o sentido de conhecimento especulativo desconectado da realidade. Trata-se de um conhecimento que rene e reflete o conjunto de procedimentos lgicos do pensamento pelos quais o sujeito realiza uma reflexo sobre as caractersticas e propriedades de um objeto e que constituem, ao mesmo tempo, as operaes mentais (prprias do sujeito pensante) que permitem a reconstruo mental deste objeto. Pensar teoricamente , ento, desenvolver processos mentais pelos quais se chega aos conceitos, estes convertidos em instrumentos mentais para se fazer generalizaes conceituais e aplic-los a problemas especficos. Tal como escreve Chaiklin:O conceito significa um conjunto de procedimentos para deduzir relaes particulares de uma relao abstrata. (...) A estratgia educacional bsica para dar aos alunos a possibilidade para reproduzir pensamento terico criar tarefas instrucionais cujas solues requeiram a formao de abstraes substantivas e generalizaes sobre as ideias centrais do assunto. Esta aproximao fundamentada na ideia de Vygotsky de interiorizao, ou seja, aprende-se o contedo da matria aprendendo os procedimentos pelos quais se trabalha na matria de estudo (Chaiklin, 1999, p. 191).

Na teoria de Davydov os contedos de ensino so os conceitos cientficos e mtodos de transformao de objetos formados social e historicamente a serem apropriados pelos estudantes de modo a fazer parte de suas prprias estruturas mentais. O termo contedos deve ser entendido como o conjunto de conhecimentos cientficos de uma disciplina, constitudos social e historicamente, enquanto produtos da experincia social e histrica humana. A atividade de ensino tem seu foco, portanto, no conhecimento, mas especialmente, no processo mental do conhecimento, ou seja, na formao e desenvolvimento das capacidades e habilidades intelectuais. No se trata de conhecimentos j prontos, mas reconstitudos a partir das condies histricas e epistemolgicas que os originaram e os tornaram essenciais. Desse modo, para aprender um contedo cientfico, importa mais o domnio do processo de sua origem e desenvolvimento na trajetria de sua constituio como objeto de conhecimento, do que o domnio apenas de seu contedo formal, isto , do seu resultado. Nos processos de ensino-aprendizagem os estudantes, ao incorporarem o conhecimento e as habilidades relacionadas com a constituio desse conhecimento incorporam, tambm, as capacidades construdas historicamente para desenvolver a conscincia e o pensamento tericos. Para Davdov, a aquisio de conceitos cientficos e o desenvolvimento das capacidades cognitivas e operativas, compreendidos em sua relao mtua, so dois elementos indissociveis do ensino-aprendizagem escolar. O que est em questo como o ensino pode impulsionar o desenvolvimento das competncias cognitivas mediante a formao de conceitos e o desenvolvimento do pensamento terico, e por quais meios os alunos podem melhorar e potencializar sua aprendizagem. Trata-se de saber o que e como fazer para estimular as capacidades investigadoras dos alunos ajudando-os a desenvolver competncias e habilidades mentais. Em razo disso, uma didtica a servio de uma pedagogia voltada para a formao de sujeitos pensantes e crticos dever salientar em suas investigaes as estratgias cognitivas gerais de cada cincia pelas quais os alunos aprendem a internalizar conceitos, competncias e habilidades do pensar, modos de ao, que vo se convertendo em meios de sua prpria atividade, a fim de analisar e resolver problemas em situaes concretas da vida prtica. Davdov explicita seu entendimento dessas questes:O saber contemporneo pressupe que o homem domine o processo de origem e desenvolvimento das coisas mediante o pensamento terico, estudado e descrito pela lgica dialtica. O pensamento terico tem seus tipos especficos de generalizao e abstrao, seus procedimentos de formao dos conceitos e das operaes com eles. Justamente, a formao de tais conceitos abre aos escolares o caminho para dominar os fundamentos da cultura terica atual. O ensino escolar deve ser orientado para a comunicao desses conhecimentos, os quais podem ser assimilados no processo de generalizao e abstrao tericas que conduzem aos conceitos tericos. A escola, a nosso juzo, deve ensinar as crianas a pensar teoricamente (Davdov, 1988, p. 6).

Essas consideraes mostram que conhecimento disciplinar (no qual se incluem mtodos investigativos da cincia ensinada) e o conhecimento pedaggico (no qual se incluem os mtodos de ensino) so inseparveis, pois os procedimentos pedaggicos de formao dos processos mentais so derivados dos processos investigativos das cincias pelos quais se chega constituio de um contedo. Com efeito, as bases do conhecimento pedaggico esto j presentes no conhecimento disciplinar e o conhecimento pedaggico do contedo est diretamente relacionado ao conhecimento do contedo.

Derivaes Metodolgicas para o Processo de Ensino-AprendizagemNa teoria do ensino para o desenvolvimento, a abordagem pedaggico-didtica de um contedo pressupe a abordagem epistemolgica desse contedo. Desse modo, o primeiro princpio metodolgico relacionado com o conhecimento pedaggico do contedo que a formao de conceitos cientficos pelos alunos resulta da apropriao dos modos de pensar, investigar e atuar da cincia ensinada, com o que os conceitos convertem-se em ferramentas mentais internalizadas para lidar com o mundo objetivo, com os outros e consigo mesmos. As formulaes de Davdov nos levam a afirmar que o modo de lidar pedagogicamente com uma disciplina depende do modo de lidar epistemologicamente com essa disciplina. Considerando que os mtodos de ensino so derivados dos contedos, pode-se afirmar, por um lado, que os contedos e procedimentos lgico-investigativos de uma cincia so estruturantes do conhecimento pedaggico necessrio para ensinar essa cincia; por outro, que os conhecimentos disciplinares requerem conhecimentos pedaggicos. Consequentemente, o conhecimento pedaggico do contedo pressupe organizar o ensino dos contedos de forma a propiciar situaes-problema em que os alunos possam reproduzir os procedimentos investigativos da cincia e, desse modo, formarem habilidades intelectuais anlogas queles procedimentos. Essa teoria prov, portanto, um fundamento explicativo mais avanado da relao indissolvel entre o plano epistemolgico (da cincia ensinada) e o plano pedaggico-didtico (do ensino dessa cincia), quer dizer, entre o conhecimento disciplinar e o conhecimento pedaggico.

Derivaes Para a Formao de ProfessoresAo longo deste texto perpassou a ideia de que a escola um lugar de formao cultural e cientfica dos alunos em articulao com a diversidade social e cultural, por um processo ensino-aprendizagem centrado na formao de processos psquicos visando o desenvolvimento cognitivo, afetivo e moral dos estudantes, e nessa condio que se transforma em instncia de democratizao e promoo da incluso social. Para tanto, so necessrios professores com conhecimento dos conceitos que ensinam e conhecimento pedaggico para ajudar os alunos a pensar e atuar com esses conceitos. Na perspectiva terica sugerida aqui, as prticas de formao de professores implicam a interpenetrao da formao disciplinar e da formao pedaggica, envolvendo tanto os professores das disciplinas de contedos quanto das disciplinas pedaggicas. Trata-se de considerar, na concepo formativa, no formato curricular e nas prticas de ensino, a perspectiva epistemolgica e a perspectiva metodolgica, articulando na formao do professor a epistemologia da disciplina cientfica com a didtica dessa disciplina, bem como a interconexo entre do contedo e com as aes mentais que lhes correspondem. Conforme escreve Meirieu (1998, p. 119), [...] nenhum contedo existe fora do ato que permite pens-lo, da mesma forma que nenhuma operao mental pode funcionar no vazio. Para isso, o professor necessita ter uma concepo epistemolgica da cincia que ensina, dos mtodos lgicos e investigativos dessa cincia e das condies histricas e sociais do contexto de produo e aplicao dos contedos dessa cincia. Tal constatao atinge diretamente as concepes de formao e os formatos curriculares dos atuais cursos de formao de professores. Com efeito, a dissociao e a viso segmentada entre conhecimento disciplinar e conhecimento pedaggico podem explicar uma formao pouco slida na especificidade disciplinar (caso do curso de pedagogia) ou uma formao pedaggica insuficiente em relao a requerimentos de um processo de ensino-aprendizagem voltado para o desenvolvimento dos processos psquicos dos alunos (caso das demais licenciaturas). Falta aos planejadores desses cursos o entendimento de que a epistemologia das cincias ensinadas deve penetrar no mago do trabalho pedaggico com essas cincias, ou seja, os contedos especficos e os procedimentos investigativos da cincia que do origem a esses contedos devem ser estruturantes do conhecimento pedaggico do contedo, junto com os aspectos psicopedaggicos e socioculturais. Por um lado, o pedaggico existe para o disciplinar, por outro, o ensino da disciplina requer o pedaggico. Sem esta dupla determinao, ser invivel qualquer tentativa de aliar ensino dos contedos e formao pedaggica, conhecimento do contedo e conhecimento pedaggico do contedo.Ganham importncia nesse raciocnio a busca pela interseco entre a didtica e as didticas especficas pois o objeto de estudo de ambas o processo de ensino-aprendizagem. Ambas visam compreender a mediao didtica dos contedos com foco na aprendizagem, na promoo e ampliao do desenvolvimento das capacidades intelectuais dos alunos e da sua personalidade. A questo-chave da didtica est em que a ela cabe a organizao pedaggico-didtica dos contedos em associao com sua anlise epistemolgica, ou seja, a anlise do objeto da cincia ensinada, seus mtodos de investigao e os resultados da investigao, junto com a anlise psicopedaggica das condies de ensino-aprendizagem. Desse modo, a didtica enquanto cincia profissional do professor est referida a, pelo menos, quatro questes: a) a anlise e seleo dos contedos que contribuem para a formao das capacidades cognitivas dos estudantes (conhecimento do conhecimento disciplinar); b) a identificao de operaes mentais (capacidades intelectuais) mais relevantes para o desenvolvimento cognitivo, afetivo e moral dos alunos; c) as formas de organizar o conhecimento para trabalhar com os estudantes nas aulas e os meios pelos quais este conhecimento pode ser melhor e mais adequadamente internalizado (conhecimento pedaggico do contedo); d) a organizao das situaes pedaggico-didticas. a partir da que ela, enquanto teoria do ensino e aprendizagem, generaliza princpios e procedimentos obtidos a partir das cincias da educao psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem, sociologia da educao, entre outras - e das pesquisas resultantes das prprias disciplinas especficas, pondo-os a servio do processo de ensino e aprendizagem das disciplinas. Oferece s disciplinas especficas o que bsico, essencial e comum ao ensino, mas em ntima conexo com a lgica cientfica das disciplinas. Por sua vez, as didticas especficas (ou disciplinares), com base nos saberes especficos com sua estrutura conceitual e procedimentos investigativos e nos saberes pedaggico-didticos sobre ensino e aprendizagem, atuam nos aspectos epistemolgicos do processo geral do conhecimento, nas peculiaridades epistemolgicas de cada disciplina e nos processos externos e internos do desenvolvimento humano e da aprendizagem. Em sntese, as didticas especficas tm como objeto de estudo as peculiaridades dos processos de ensino-aprendizagem de cada uma das disciplinas, visando sua organizao pedaggico-didtica, em correspondncia com os nveis de ensino a atender e as caractersticas individuais e socioculturais dos alunos.

ConclusoNeste texto buscou-se explicar a inseparabilidade entre conhecimento pedaggico e conhecimento disciplinar, conhecimento do contedo e conhecimento pedaggico-didtico do contedo, didtica e didticas especficas. A lgica da argumentao desenvolvida aqui leva concluso de que um sistema de formao de professores precisa buscar uma unidade no processo formativo que assegure relaes tericas e prticas mais slidas entre a didtica e a epistemologia das cincias, rompendo com a separao e o paralelismo entre conhecimentos disciplinares e conhecimentos pedaggico-didticos. Defende-se que os currculos de formao profissional, em todos os nveis do ensino, precisam assegurar que os futuros professores estejam preparados para analisar uma disciplina cientfica em seus aspectos histricos e epistemolgicos; que tenham domnio da rea pedaggica em temas ligados ao processo ensino-aprendizagem, ao currculo, s relaes professor-aluno e dos alunos entre si, aos mtodos e procedimentos didticos, incluindo o uso da tecnologia educacional; que assumam seu papel de educadores na formao da personalidade dos alunos e que incorporem na prtica docente a dimenso poltica enquanto cidados e formadores de cidados e profissionais.

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Jos Carlos Libneo doutor em Filosofia e Histria da Educao pela PUC So Paulo. Professor Titular aposentado da UFG. Professor Titular da PUC Gois, atuando no Programa de Ps-Graduao em Educao. Pesquisa e escreve sobre temas de teoria da educao, didtica, organizao escolar, polticas para a escola e ministra conferncias em congressos e encontros realizados no pas e no exterior.E-mail: [email protected]