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Formação de personalidade e de ideologias: educação e indústria
cultural.
Aula 12: Cultura e Culturas
Cultura: Conjunto complexo de conhecimentos, crenças, arte, moral, costumes, direito, além de hábitos e costumes adquiridos pelos indivíduos
em uma sociedade. A partir desta definição, as diferenças entre os
indivíduos estão relacionadas aos aspectos culturais e não biológicos.
Recapitulando...
Se é a cultura que influencia nosso modo de pensar e de se comportar, quem é que a
determina?
Quem dita nossas ideias, nossos comportamentos e
nossas ações?
Para Margareth Mead a maneira como os indivíduos se comportam e pensam está
relacionada com os elementos culturais que prevalecem em determinado contexto.
Ou seja, ela investigou o modo como os indivíduos recebiam os elementos de sua
cultura e a maneira como isso formava sua personalidade.
Como ela comprovou?
Cultura e personalidade
Suas pesquisas tinham como objeto as condições de
socialização da personalidade feminina e da masculina
(questão de gênero). Ao analisar os Arapesh, os Mundugumor e os
Chambuli, três povos da Nova Guiné, na Oceania, Mead
percebeu diferenças significativas.
Entre os Arapesh não havia diferenciação entre homens e mulheres, pois ambos eram educados para ser dóceis e sensíveis e para
servir aos outros.
Também entre os Mundugumor não havia diferenciação: indivíduos de ambos os sexos
eram treinados para a agressividade, caracterizando-se por relações de
rivalidade, não de afeição.
Existia a diferença, mas de um modo distinto do padrão que conhecemos: a mulher era
educada para ser extrovertida, empreendedora, dinâmica e solidária com
os membros de seu sexo. Já os homens eram educados para ser sensíveis,
preocupados com a aparência e invejesos, o que os tornava inseguros. Isso resultava
em um sociedade em que as mulheres detinham o poder econômico e garantiam o necessário para a sustentação do grupo, ao
passo que os homens se dedicavam às atividades cerimoniais e estéticas.
Com base em seus estudos Mead afirmou que as diferenças de personalidade não
estão vinculadas a características biológicas, como o sexo, mas à maneira como em cada sociedade a cultura define a educação das crianças.
Temos a educação – todo processo de ensino-aprendizagem que circunda a vida do indivíduo – como um dos meios que
determina o comportamento e o pensamento.
O governo do estado da Vírginia, nos Estados Unidos, sugeriu a
uma tribo de índios que enviasse alguns de seus jovens para
estudar nas escolas dos brancos. Na resposta, o cacique indígena recusa. Eis um trecho da carta:
Cultura e Educação...
(...) Nós estamos convencidos, portanto, de que os senhores
desejam o nosso bem e agradecemos de coração. Mas
aqueles que são sábios reconhecem que diferentes nações tem
concepções diferentes das coisas e, sendo assim, os senhores não ficarão ofendidos ao saber que a vossa ideia de educação não é a mesma que a
vossa.
(...) Muitos dos nossos bravos guerreiros foram formados nas escolas do Norte e aprenderam
toda a vossa ciência. Mas, quando eles voltaram para nós, eram maus corredores,
ignorantes da vida na floresta e incapazes de suportar o frio e a fome. Não sabiam caçar
um veado, matar o inimigo ou construir uma cabana, e falavam nossa língua muito mal.
Eles eram, portanto, totalmente inúteis. Não serviam como guerreiros, como caçadores ou
como conselheiros.
Ficamos extremamente agradecidos pela vossa oferta e, embora não possamos aceita-lá, para mostrar nossa gratidão concordamos que
os nobres senhores da Virgínia nos enviem alguns de seus jovens, que
lhes ensinaremos tudo o que sabemos e faremos deles homens.
(Citado por Carlos Rodrigues Brandão, O que é Educação, p. 8-9)
Essa carta mostra que não há um modelo único, uma forma única de educação. Mostra também que a cultura de uma sociedade é transmitida das gerações adultas às gerações mais jovens pela
educação. Educar não é somente transmitir conhecimentos científicos, mas é também a transmissão de valores, de conhecimentos, de técnicas, do modo de viver, da moral,
enfim, de toda a cultura de um povo.
A Indústria Cultural também determina/influencia na formação cultural. Mas ela abrange proporções bem maiores do que a educação relacionada a certos
grupos.Enquanto a educação, no sentido de transmissão de valores e costumes de
geração para geração limita-se a grupos específicos, a indústria cultural,
principalmente nos dias de hoje, “engoliu” a cultura local.
Indústria Cultural
Theodor Adorno (1903-1969) e Max Horkheimer (1895- 1973), definiram
o conceito de Indústria Cultural:
Exploração comercial; Vulgarização da cultura; Ideologia da dominação.
Para Antônio Gramsci e para Pierre Bourdieu, a ideologia são formas de pensar da classe
dominante.
Antônio Gramsci: Se estabelece nas relações de hegemonia.
Pierre Bourdieu: Se estabelece nas relações de violência simbólica.
A Indústria cultural possibilita a homogeneização da ideologia, ou
seja, a grande maioria dos indivíduos, compartilham as mesmas
opiniões, possuem as mesmas formas de pensar: cultura de massa.
A questão é que a ideologia veiculada pela indústria cultural é a das classes
dominantes.
A preocupação com a emergência de empresas interessadas na produção em massa de bens
culturais, como qualquer mercadoria, visando
exclusivamente o consumo, tem como fundamento a
lucratividade e a adesão incondicional ao sistemas
dominante.
A Industria Cultural se manifesta como um momento de lazer. A diversão, nesse sentido,é sempre alienante, conduz à
resignação e em nenhum momento nos instiga a refletir sobre a sociedade e que
vivemos. A indústria cultural transforma as atividades de lazer em um prolongamento do trabalho, promete ao trabalhador uma
fuga do cotidiano e lhe oferece, de maneira ilusória, esse mesmo cotidiano como
paraíso. Por meio do convencimento , a indústria cultural vende produtos que deve
agradar ao público.