FORDISMO, TAYLORISMO E TOYOTISMO: APONTAMENTOS SOBRE SUAS RUPTURAS E CONTINUIDADES

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FORDISMO, TAYLORISMO E TOYOTISMO: APONTAMENTOS SOBRE SUAS RUPTURAS E CONTINUIDADES. Prof. Doutoranda Cátia C. Farago. FORDISMO, TAYLORISMO E TOYOTISMO: APONTAMENTOS SOBRE SUAS RUPTURAS E CONTINUIDADES. PRODUÇÃO EM MASSA: O MODELO FORDISTA-TAYLORISTA - PowerPoint PPT Presentation

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  • FORDISMO, TAYLORISMO E TOYOTISMO: APONTAMENTOS SOBRE SUAS RUPTURAS E CONTINUIDADESProf. Doutoranda Ctia C. Farago

  • FORDISMO, TAYLORISMO E TOYOTISMO: APONTAMENTOS SOBRE SUAS RUPTURAS E CONTINUIDADESPRODUO EM MASSA: O MODELO FORDISTA-TAYLORISTA

    II Revoluo Industrial: outras tecnologias para otimizar a produo de energia sem ser a vapor - a eletricidade e o petrleo.

    As novas fontes de energia possibilitaram o desenvolvimento de mquinas e ferramentas que fomentaram ainda mais a produtividade.

    Com essas inovaes tecnolgicas, algumas indstrias subverteram o modo de produo tradicional agregada ao pensamento do engenheiro norte-americano Frederick Winslow Taylor.

  • FORDISMO, TAYLORISMO E TOYOTISMO: APONTAMENTOS SOBRE SUAS RUPTURAS E CONTINUIDADESTaylor inicia seu estudo nas cincias da administrao, no comeo do sculo XX;

    Objetivo: acabar com o desperdcio, a ociosidade e morosidade operria.

    Em 1903 desenvolveu a tcnica de racionalizao do movimento, ou seja, analisou e controlou a ao do operrio e da mquina em funes especficas, para serem aperfeioadas.

    Taylor acreditava que o aperfeioamento se conquista com a especializao. Pensando assim, ele prope a diviso do trabalho em tarefas especficas, com execuo repetitiva e contnua, no ritmo da mquina - motivo que o levou a receber crticas de robotizar o operrio, limitar drasticamente sua expresso, impedi-lo de criar e participar do processo de produo.

    Contudo, os industriais no dispunham de mo-de-obra qualificada. Os trabalhadores eram imigrantes analfabetos de pases distintos e no falavam o mesmo idioma.

  • FORDISMO, TAYLORISMO E TOYOTISMO: APONTAMENTOS SOBRE SUAS RUPTURAS E CONTINUIDADESPara que as idias fossem aceitas na classe operria, os industriais comearam a premiar os funcionrios que aumentassem o nmero de peas produzidas para alm da mdia.

    Taylor se encontrava com os responsveis e chefes das indstrias para tentar convenc-los a deixar a produo tradicional e adotar a administrao cientfica.

    Logo suas idias foram aceitas pelas indstrias americanas e de todo o mundo.

  • FORDISMO, TAYLORISMO E TOYOTISMO: APONTAMENTOS SOBRE SUAS RUPTURAS E CONTINUIDADESHenry Ford, na primeira metade do sculo XX, em Detroit, coloca em prtica as teorias de Taylor, lanando a produo em srie, depois seguida por Alfred Sloan da General Motors.

    Ao contrrio da produo artesanal, nessa concepo o cliente no tem escolha. Os fabricantes elaboram produtos para suprirem o gosto do maior nmero de pessoas possveis. O produto "empurrado" para a populao.

    Seu produto mais conhecido foi o Ford Modelo T, produzido com custo reduzido para a sociedade de massa, totalmente aos moldes fordistas-tayloristas.

    O inconveniente que todos os carros eram exatamente iguais, at da mesma cor, o que levou Ford a lanar uma srie de propagandas dizendo que qualquer americano poderia ter o seu Ford Modelo T, da cor que quisesse, contanto que fosse preto.

  • FORDISMO, TAYLORISMO E TOYOTISMO: APONTAMENTOS SOBRE SUAS RUPTURAS E CONTINUIDADESNa produo em srie da Ford ainda houve muitos desperdcios de matria prima e tempo de mo-de-obra na correo de defeitos do produto.

    Essa estrutura durou at o final da Segunda Guerra Mundial, quando tambm numa fbrica de automveis no Japo, aparece um outro sistema de produo - o toyotismo, que se caracterizou pela concepo "enxuta" (clean, magra, sem gorduras).

    Esse novo modo de pensar a produo sofreu forte influncia do engenheiro americano W. Edwards Deming, que atuou como consultor das foras de ocupao dos EUA no Japo aps a Segunda Guerra.

    Deming argumentava com os industriais da nao quase em runas que melhorar a qualidade no diminuiria a produtividade.

    A proposta de que o prprio consumidor escolha seu produto. O estabelecimento ou a fbrica deixa de "empurrar" a mercadoria para o cliente, para que este a "puxe" de acordo com as suas prprias necessidades.

  • FORDISMO, TAYLORISMO E TOYOTISMO: APONTAMENTOS SOBRE SUAS RUPTURAS E CONTINUIDADESAo contrrio do sistema de massa, essa outra concepo de produo delega aos trabalhadores a ao de escolher qual a melhor maneira de exercerem seus trabalhos, assim eles tm a chance de inovar no processo de produo.

    Com isso, o trabalhador deve ser capacitado, para qualificar suas habilidades e competncias, que antes no eram necessrias. Dessa forma, os industriais investem na melhoria dos funcionrios, dentro e fora das indstrias.

    A Toyota, ao adotar a concepo "enxuta" e rompendo com a produo em srie, possibilitou oferecer um produto personalizado ao consumidor. As ferramentas utilizadas eram de acordo com cada proposta demandada pelo cliente. Inclusive, passou a produzir automveis com larga escala de cores, sem gerar custos adicionais.

  • FORDISMO, TAYLORISMO E TOYOTISMO: APONTAMENTOS SOBRE SUAS RUPTURAS E CONTINUIDADESOs operrios japoneses utilizam uma cartela (kaban, sinal) para indicar ao colega antecedente qual a pea deveria ser produzida e entregue. Dessa forma, conseguem eliminar o estoque e o desperdcio, produzindo somente o que for necessrio, JIT - "just in time".

    A fbrica centralizada da Ford, que ocupava um enorme espao, deixa de existir. As fbricas da Toyota, sem necessitar de grande rea para estoque, so descentralizadas em menores propores, interligadas por sistemas de informao, com sofisticadas tecnologias de informao e comunicao.

    Dois conceitos inovadores que surgiram na Toyota merecem destaque: equipe de trabalho (team work) e qualidade total. Em uma fbrica "enxuta" todo o trabalho feito por equipes. Quando um problema aparece, toda a equipe responsvel. Quando ocorre um defeito na montagem de uma pea, a equipe de montagem se organiza na busca de maneiras de resolver o problema. H uma cobrana entre os pares para que cada membro atue de uma maneira que no prejudique os companheiros. Algumas fbricas delegam equipe a funo de demitir ou aceitar novos funcionrios.

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    Junto com a qualidade total tambm foram inseridas novas mquinas para o interior das indstrias, com maior preciso e produtividade.

    A substituio da mo-operria pelas mquinas fez com que aumentasse o desemprego em escala mundial, inclusive nos pases desenvolvidos economicamente.

    Contudo, a concepo "enxuta" passou a exigir maior autonomia tanto do trabalhador para expor as suas habilidades, quanto do consumidor para dar vez sua vontade.

    nesse modelo que o sujeito tem a chance de escolher, tomar decises, propor solues e gerar novas idias. (!!!!!)

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    Para os profissionais Tecnlogo em Anlise e Desenvolvimento de Sistemas apenas uma pergunta: no seu processo de criao, voc est visando clientes da sociedade enxuta ou ainda est amarrado produo de massa?

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    Os mtodos de gesto atuam como disciplinadores do trabalho e extrapolam a dinmica do processo produtivo.

    Fordismo, taylorismo e toyotismo so expresses particulares de um mesmo fenmeno: o controle do processo de trabalho pela dinmica da acumulao capitalista.

    Nesta perspectiva, analisar tais fenmenos sob a tica etapista conduz interpretaes limitadas ou equivocadas que no consideram a essncia social dos fenmenos, restringindo-os ao espao produtivo, em detrimento das transformaes das relaes sociais entendidas como expresses histricas que se articulam dialeticamente.

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    Mundializao das polticas neoliberais: pilar de sustentao econmica e poltica na fico do dinheiro que gera dinheiro, resultando numa acumulao capitalista predominantemente financeira.

  • FORDISMO, TAYLORISMO E TOYOTISMO: APONTAMENTOS SOBRE SUAS RUPTURAS E CONTINUIDADESO processo de reproduo do capitalismo contemporneo, sob a predominncia do capital financeiro e em detrimento do capital produtivo, caracteriza-se pela mundializao financeira, que consiste num regime de acumulao capitalista mundial, cujo o desenvolvimento delineado por um crescimento veloz da esfera financeira e pelo papel destacado das maiores financeiras transnacionais (CHESNAIS, 1999)

  • FORDISMO, TAYLORISMO E TOYOTISMO: APONTAMENTOS SOBRE SUAS RUPTURAS E CONTINUIDADESMundializao = Marx (1848), expanso do capitalismo, formao de um mercado mundial que a partir das ltimas dcadas do sc. XX se manifestou sob a predominncia da esfera financeira.

    Processo permanente de transformao das relaes de produo, em outras palavras, transforma as formas de trabalho para torn-las adequadas expanso, e, portanto, as relaes sociais. Em cada momento de desenvolvimento das foras produtivas as relaes de trabalho correspondentes criam e recriam o campo de batalha dos detentores dos meios de produo e vendedores de fora de trabalho, com novas formas de opresso e resistncia.

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    O esboo de uma captura da subjetividade do trabalhador, que foi sistematizado com o toyotismo, j estava presente em Ford na medida em que:

    se um operrio deseja progredir e conseguir alguma coisa, o apito ser um sinal para que comece a repassar no esprito o trabalho feito a fim de descobrir meios de aperfeio-lo (Ford, 1967, p.41)

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    Tambm a preocupao de uma organizao descentralizada da produo e reduo dos nveis hierrquicos como forma de combate ao poder dos chefes pode ser encontrada no manual de Ford, rompendo com a hierarquia da administrao cientfica de Taylor:

    No h disposio mais perigosa do que a dos chamados gnios organizadores [...] traam todas as ramificaes da autoridade [...] cada um tem um ttulo e exerce funes estritamente limitadas [...] as Fbricas Ford no possuem nem organizao, nem atribuies especficas a cargos, nem ordem de sucesso ou hierarquia determinada [...] a maioria dos homens capaz de manter-se altura da sua funo, mas no resiste ao desvairamento de um ttulo (FORD, 1967, 73-74)

  • FORDISMO, TAYLORISMO E TOYOTISMO: APONTAMENTOS SOBRE SUAS RUPTURAS E CONTINUIDADESApontamentos sobre a responsabilizao individual e incitao da competio e gesto por iniciativa e incentivo dos trabalhadores podem ser igualmente identificados:

    Queremos completa responsabilidade individual [...] onde a responsabilidade se acha fragmentada e dispersa por uma srie de servios, rodeado por sua vez de um grupo de subtitulares, realmente responsvel [...] o jogo do empurra, que certamente nasceu nas empresas de responsabilidade fragmentada [...] O esprito de competio leva para a frente o homem dotado de qualidades [...] no dispomos de postos ou cargos, e os homens de valor criam por si mesmos as suas posies [...] A pessoa em questo v-se de repente num trabalho diverso com a particularidade de um aumento de salrio (FORD, 1967, pp. 74-76).

  • FORDISMO, TAYLORISMO E TOYOTISMO: APONTAMENTOS SOBRE SUAS RUPTURAS E CONTINUIDADESMesmo um delineamento da gesto participativa com intuito de apropriao do conhecimento tcito do trabalhador e reduo de custos pode ser notado, em continuidade com a organizao do trabalho toyotista, juntamente no rodzio de tarefas:

    Todos conservam a sua liberdade de crtica a respeito dos detalhes da produo [...] a direo da fbrica aceita toda as sugestes [...] todo operrio pode comunicar qualquer idia bem como tentar sua realizao [...] a simplificao do trabalho, com benefcio do operrio, tambm diminui o custo. [...] Temos um livro onde um operrio que j tenha exercido um ofcio pode registr-lo. Sempre que nos falta um especialista, estamos em condies de escolher outro. um dos meios de ascenso na nossa usina. (FORD, 1967, p. 78-86)

  • FORDISMO, TAYLORISMO E TOYOTISMO: APONTAMENTOS SOBRE SUAS RUPTURAS E CONTINUIDADESFinalmente, programas de educao instrumental promovido pela Escola Industrial Henry Ford, nos moldes dos programas de trainee atuais, foram alvo das preocupaes de Ford, que tambm teve sua parcela de responsabilidade social empresarial:

    Para nossa Escola no se selecionam os rapazes porque sejam hbeis ou promissores. Escolhem-se os necessitados de dinheiro e oportunidades [...] Outorgamos bolsas a fim de que possam prover ao sustento de suas mes enquanto cursam a escola [...] Todo o trabalho executado na escola adquirido pela nossa empresa e isto faz que a escola se mantenha por si mesma, alm de que acentua nos alunos o senso da responsabilidade (FORD, 1967, p.314-315)

  • FORDISMO, TAYLORISMO E TOYOTISMO: APONTAMENTOS SOBRE SUAS RUPTURAS E CONTINUIDADESO modelo de produo em massa fordista foi universalizado e combinado com as tcnicas de administrao cientficas tayloristas, ao passo que foram ampliados diversos direitos sociais, o que suavizou temporariamente o conflito inerente relao capital-trabalho at a crise de seu padro de acumulao. (BRAGA, 1995, p.96)

    O Estado arrecadava os impostos e assegurava certos direitos trabalhistas, o patronato se comprometia com o pagamento dos altos salrios inspirados no modelo produtivo de Ford e os trabalhadores suportavam as formas fordistas-tayloristas de explorao do trabalho.

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    Taylor evitava o desperdcio. As normas, princpios e leis cientficas da administrao do trabalho taylorista visaram a explorao do trabalho em seu limite mximo, da o estudo minucioso do tempo e movimentos, sendo um dos pontos fundamentais a separao entre os momentos de planejamento e execuo do trabalho.

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    Em Princpios da administrao Cientfica, como substituio dos mtodos empricos por mtodos cientficos e cronometrizao das tarefas, ao lado da diviso do trabalho intelectual e trabalho mecnico segundo critrios de inferioridade mental,

    Um tipo de homem necessrio para planejar e outro para executar o trabalho [...] em que todas as artes mecnicas, a cincia que rege as operaes do trabalho to vasta e complexa que o melhor trabalhador adaptado a sua funo incapaz de entend-la, quer por falta de estudo, quer por insuficiente capacidade mental. (TAYLOR, 1990, p. 43)

  • FORDISMO, TAYLORISMO E TOYOTISMO: APONTAMENTOS SOBRE SUAS RUPTURAS E CONTINUIDADESTambm as atividades gerenciais orientadas para a apropriao e sistematizao do saber tcito do trabalhador podem ser encontradas nos escritos de Taylor, tal qual ser identificado nas prticas toyotistas:

    gerncia atribuda a funo de reunir todos os conhecimentos tradicionais que no passado possuram os trabalhadores e ento classific-los, tabul-los, reduzi-los a normas, leis ou frmulas, grandemente teis aos operrios para execuo do seu trabalho dirio [...] todo trabalho feito por operrio no sistema antigo, como resultado de sua experincia pessoal, deve ser necessariamente aplicado pela direo no novo sistema, de acordo com as leis da cincia (TAYLOR, 1990, p. 40-41)

  • FORDISMO, TAYLORISMO E TOYOTISMO: APONTAMENTOS SOBRE SUAS RUPTURAS E CONTINUIDADESVale notar a dissimulao dos efeitos do trabalho parcelado sobre o trabalhador, bem como de sua animalizao e adestramento:

    A tarefa sempre regulada, de sorte que o homem, adaptado a ela, seja capaz de trabalhar durante muitos anos, feliz e prspero, sem sentir os prejuzos da fadiga [...] primeira vista parece que o sistema tende a convert-lo em mero autmato, em verdadeiro boneco de madeira [...] o treinamento do cirurgio tem sido quase idntico ao tipo de instruo e exerccio que ministrado ao operrio sob a administrao cientfica, e permite realizar trabalhos elementares de mecnica em ambiente mais agradvel, de interesse mais variado e recebendo salrios mais elevados [...]Este trabalho to grosseiro e rudimentar por natureza que acredito ser possvel treinar um gorila inteligente e torn-lo mais eficiente que um homem no carregamento de barras de ferro. [...] Um dos primeiros requisitos para um indivduo que queira carregar lingotes de ferro como ocupao regular ser to estpido e fleumtico que mais se assemelhe em sua constituio mental a um boi. (TAYLOR, 1990, p.42;92;43;53)

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    Anulao e robotizao dos trabalhadores responsveis pela execuo de tarefas parceladas tambm podem ser verificadas:

    Se voc um operrio classificado deve fazer exatamente o que este homem lhe mandar, de manh noite. Quando ele disser para levantar a barra e andar, voc se levanta e anda, e quando ele mandar sentar, voc senta e descansa. Voc proceder assim durante o dia todo. E, mais ainda, sem reclamaes. Um operrio classificado faz justamente o que se lhe manda e no reclama. (TAYLOR, 1990, p. 46)

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    Assim como Ford, o incentivo competitividade e remunerao varivel tambm esto presentes na administrao taylorista do trabalho:

    Instituiu-se preciso registro dirio da qualidade e quantidade do trabalho produzido. [...] este registro permitiu ao chefe incitar a ambio de todas as inspetoras, aumentou o ordenado daquelas que realizavam grande quantidade de trabalho de boa qualidade, enquanto, ao mesmo tempo, abaixava o salrio daquelas que trabalhavam sem interesse ou despedia outras que se revelavam incorrigivelmente lentas ou desleixadas. (TAYLOR, 1990, p. 71)

  • FORDISMO, TAYLORISMO E TOYOTISMO: APONTAMENTOS SOBRE SUAS RUPTURAS E CONTINUIDADESNo entanto, a crtica prtica fordista de administrao por iniciativa e incentivo dos trabalhadores se destaca ao lado da nfase na hierarquia gerencial para elaborao e organizao das tarefas e para os nveis de superviso:

    Sob o sistema antigo de administrao, o bom xito depende quase inteiramente de obter a iniciativa do operrio e raramente esta iniciativa alcanada. Na administrao cientfica, a iniciativa do trabalhador obtida com absoluta uniformidade [...] A acelerao do trabalho s poder ser obtida por meio da padronizao obrigatria dos mtodos, adoo obrigatria dos melhores instrumentos e condies de trabalho e cooperao obrigatrias [...] os gerentes assumem novos encargos e responsabilidades, jamais imaginadas no passado [...] muitos operrios, abandonados a si mesmos, dispensam pouca ateno s instrues escritas. Assim, torna-se necessrio designar instrutores, chamados chefes funcionais, para observar se os trabalhadores entendem e aplicam as instrues. (TAYLOR, 1990, pp. 40;66;40;90)

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    Taylor exprime com cinismo brutal o objetivo da sociedade americana: desenvolver ao mximo, no trabalhador, as atitudes maquinais e automticas, romper o velho nexo psicofsico do trabalho profissional qualificado, que exigia uma determinada participao ativa da inteligncia, da fantasia, da iniciativa do trabalhador, e reduzir as operaes produtivas apenas ao aspecto fsico maquinal. Mas, na realidade, no se trata de novidades originais, trata-se somente da fase mais recente de um longo processo que comeou com o prprio nascimento do industrialismo, fase que apenas mais intensa do que as precedentes e manifesta-se sob formas mais brutais, mas que tambm ser superada com a criao de um novo psicofsico de um tipo diferente dos precedentes e, indubitavelmente, superior. (GRAMSCI, 2001, p. 397)

  • FORDISMO, TAYLORISMO E TOYOTISMO: APONTAMENTOS SOBRE SUAS RUPTURAS E CONTINUIDADESFriedmann aponta em seus estudos uma direo de alternativas, como rodzio e ampliao do contedo das tarefas.

    Ele chama ateno para a fragmentao da dimenso subjetiva dos trabalhadores na rotina de trabalho e de como j se esboava um caminho alternativo diviso do trabalho taylorista-fordista.

    A ampliao do contedo, alternncia e rodizo de tarefas, juntamente com a formao de equipes dotadas de uma relativa liberdade de organizao do trabalho, promoveram aumento no grau de satisfao dos trabalhadores com a atividade, bem como a captura da subjetividade do trabalhador a partir de seu envolvimento com a tarefa:

  • FORDISMO, TAYLORISMO E TOYOTISMO: APONTAMENTOS SOBRE SUAS RUPTURAS E CONTINUIDADESO melhor rendimento pode ser obtido transferindo-os de uma tarefa parcelada para outra ou praticando sistematicamente o rodzio das tarefas [...] os efeitos da fragmentao das tarefas, em particular o conjunto de atitudes designadas sob o nome de tdio, podem ser atenuados quando se substitui a uniformidade por uma certa variedade [...] Investigaes metdicas foram efetuadas, transformaes introduzidas nas oficinas para suavizar os perigos fsicos e mentais da fragmentao das tarefas, meios tais como pausas, educao fsica, organizao de grupos competitivos, difuso de msica funcional, e at mesmo a distribuio de receptores individuais que permitem aos operrios ouvir conferncias, reportagens, e mobilizam seu esprito, enquanto continuam atuando neles os automatismos psicomotores. (FRIEDMANN, 1972, pp. 61;53)

  • FORDISMO, TAYLORISMO E TOYOTISMO: APONTAMENTOS SOBRE SUAS RUPTURAS E CONTINUIDADESEste perodo de reestruturao produtiva do capitalismo promoveu mais uma alterao nas formas das relaes de trabalho. O operrio se complexizou em operrio-supervisor da mquina, o que reduziu significativamente o poder operrio por um lado, ao mesmo tempo em que o capital passou a depender cada vez mais da dimenso subjetiva do trabalhador.A empresa japonesa Toyota sistematizou o conjunto administrativo-operacional-produtivo deste momento da relao capital-trabalho, sobretudo porque a ideologia gerencial que deu o suporte terico para a universalizao das prticas j estava pronta.

  • FORDISMO, TAYLORISMO E TOYOTISMO: APONTAMENTOS SOBRE SUAS RUPTURAS E CONTINUIDADESNa mesma trilha de Ford e taylor, tambm os discursos gerenciais tentaram mascarar e subverter a luta de classes a uma fico da esquerda marxista.

    Incorporando os conhecimentos da administrao cientfica s correntes comportamentais da psicosociologia, apropriaram-se da subjetividade da fora de trabalho como forma de internalizar na alma do trabalhador a suposta relao de cooperao e interesses comuns entre patro e empregado.

    Mais do que uma teoria gerencial, pode-se falar em uma ideologia gerencial como Tragtenberg (1980, pp. 216;219) desenvolve em seu livro Burocracia e Ideologia:

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    A teoria da Administrao, at hoje, reproduz as condies de opresso do homem pelo homem; seu discurso muda em funo das determinaes sociais. Apresenta seus enunciados parciais (restritos a um momento dado do processo capitalista de produo) tornando absolutas as formas hierrquicas de burocracia da empresa capitalista [...] dissimula a historicidade de suas categorias [...] constitui-se na mais sofisticada representao ideolgica produzida pela pequena burguesia intelectual.

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    Escola das Relaes Humanas (ERH);

    Escola Behaviorista;

    Teoria do capital humano;

  • FORDISMO, TAYLORISMO E TOYOTISMO: APONTAMENTOS SOBRE SUAS RUPTURAS E CONTINUIDADESConsideraes

    O gerenciamento da fora de trabalho pelo mtodo japons ultrapassou a fronteira oriental e se universalizou pelo ocidente, inindo-se

    s teorias e tcnicas gerenciais desenvolvidos pelas Escolas Comportamentais, que at o momento de crise declarada do capital na dcada de 1970 ainda no haviam sido generalizadas.

    O toyotismo conseguiu viabilizar operacionalmente a adeso plena dos trabalhadores ao processo produtivo na medida em que criou um operrio pr-ativo e capaz de tomar decises para a melhoria do processo.

    Comparado rigidez da organizao do trabalho taylorista-fordista, o toyotismo pode parecer um modelo de produo e gerenciamento da fora de trabalho melhor, e de fato o . No para os trabalhadores, e sim para o capital, pois alm das tcnicas j experimentadas e desenvolvidas pelos modelos de Ford e Taylor, o Sistema Toyota de produo aprimorou a intensificao do trabalho e ampliou as dimenses da explorao da fora de trabalho quando sistematizou as tcnicas de apropriao da subjetividade.