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UFF – UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
FLÁVIA RIBEIRO DOS SANTOS
ISABELA PEREIRA PRECIOSO
AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO ECONÔMICO-FINANCEIRO DA
INDÚSTRIA SIDERÚRGICA BRASILEIRA POR MEIO DA ANÁLISE
ENVOLTÓRIA DE DADOS
Volta Redonda
2014
UFF – UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
FLÁVIA RIBEIRO DOS SANTOS
ISABELA PEREIRA PRECIOSO
AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO ECONÔMICO-FINANCEIRO DA INDÚSTRIA
SIDERÚRGICA BRASILEIRA POR MEIO DA ANÁLISE ENVOLTÓRIA DE
DADOS
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado ao Curso de Graduação
em Administração do Instituto de
Ciências Humanas e Sociais da
Universidade Federal Fluminense,
como requisito parcial para obtenção
do grau de Bacharel em
Administração.
Orientador: Prof. Me. Reinaldo Ramos Silva
Volta Redonda
2014
FLÁVIA RIBEIRO DOS SANTOS
ISABELA PEREIRA PRECIOSO
AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO ECONÔMICO-FINANCEIRO DA INDÚSTRIA
SIDERÚRGICA BRASILEIRA POR MEIO DA ANÁLISE ENVOLTÓRIA DE
DADOS
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado ao Curso de Graduação
em Administração do Instituto de
Ciências Humanas e Sociais da
Universidade Federal Fluminense,
como requisito parcial para obtenção
do grau de Bacharel em
Administração.
Aprovada em 15 de Janeiro de 2014.
BANCA EXAMINADORA
Prof. Me. REINALDO RAMOS SILVA – Orientador
UFF – Universidade Federal Fluminense
Prof. MSc. WELLINGTON NASCIMENTO SILVA
UFF – Universidade Federal Fluminense
Prof. MSc. JULIO CANDIDO DE MEIRELLES JUNIOR
UFF – Universidade Federal Fluminense
Volta Redonda
2014
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar agradeço a Deus pela oportunidade de realizar este curso. Agradeço
também aos meus pais pelo apoio dado, agradeço imensamente a minha irmã, minha
companheira eterna de vida, por sempre estar ao meu lado, inclusive auxiliando neste
trabalho. Agradeço especialmente a minha amiga Isabela por ser minha parceira desta
pesquisa e também de vida. Agradeço em especial também aos meus amigos que tanto
me incentivaram na execução deste estudo.
Flávia Ribeiro dos Santos
Agradeço primeiramente a Deus, que iluminou o meu caminho durante esta caminhada.
Aos meus pais e minha irmã, por serem a razão do meu viver e da minha alegria. Ao
meu querido namorado Lucas, que de forma especial e carinhosa me deu força e
coragem, me apoiando nos momentos de dificuldades. A minha amiga Flávia, pelo
companheirismo, parceria e amizade que fez meus dias na faculdade mais felizes e
proporcionou a elaboração deste trabalho.
Isabela Pereira Precioso
Agradecemos ao nosso professor e orientador Reinaldo Ramos, pelo auxílio na
execução deste trabalho, agradecemos também aos professores integrantes da banca e a
todas as pessoas que nos incentivaram para a realização deste estudo.
“Que os vossos esforços desafiem as impossibilidades, lembrai-vos de que as grandes
coisas do homem foram conquistadas do que parecia impossível.”
Charlie Chaplin (1889-1977)
RESUMO
Esta pesquisa tem como cenário a difícil situação atual da indústria siderúrgica mundial,
com excedente de oferta de aço e tendência de baixa nos preços, tendo entre seus
objetivos elaborar um ranking de eficiência das empresas analisadas e um score de
melhorias diante do resultado. O trabalho teve como resultado a confirmação de que as
empresas que operam no Brasil estão ineficientes em sua maioria, sendo que o score de
melhorias apresenta maneiras de como melhorar a eficiência das siderúrgicas, também
teve como resposta a confirmação de que mais métodos de avaliação de desempenho
são necessários para uma análise mais consistente sobre as empresas.
Palavras-chave: Indústria Siderúrgica, Eficiência Econômico-Financeira, Análise
Envoltória de Dados.
ABSTRACT
This research is set in the current difficult situation in the steel industry, with excess
supply of steel and downward trend in prices, having among its objectives to develop a
ranking of efficiency of the analyzed companies and one score improvements over the
outcome. The work resulted in confirmation that companies operating in Brazil are
mostly ineffective, and the score improvements shows ways on how to improve the
efficiency of the steel, has also had an answer confirming that most evaluation methods
performance are needed for a more consistent analysis of companies.
Keywords: Steel Industry, Economic and Financial Efficiency, Data
envelopment analysis.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................ 14
1.1 PROBLEMÁTICA .................................................................................... 15
1.2 OBJETIVO GERAL ................................................................................. 16
1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................... 16
1.4 DELIMITAÇÃO DO TEMA .................................................................... 16
1.5 JUSTIFICATIVA ...................................................................................... 17
2 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................... 18
2.1 BREVE HISTÓRICO DO AÇO ............................................................... 18
2.2 EFICÁCIA, PRODUTIVIDADE E EFICIÊNCIA ................................... 19
2.3 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO ......................................................... 21
2.3.1 Avaliação Econômico-Financeira .............................................................. 25
3 METODOLOGIA DA PESQUISA .......................................................... 27
3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA ......................................................... 27
3.1.1 Seleção de variáveis ................................................................................... 29
3.1.2 Algumas Publicações no Brasil sobre Avaliação de Desempenho e Melhores
e Maiores da Revista Exame .................................................................................. 33
3.2 FERRAMENTAS ...................................................................................... 35
3.2.1 Análise Envoltória de Dados ...................................................................... 35
3.2.2 Sistema Integrado de Apoio à Gestão ........................................................ 39
3.3 ANÁLISE DESCRITIVA DOS RESULTADOS ..................................... 39
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................... 47
4.1 CONTRIBUIÇÕES E LIMITAÇÕES ...................................................... 48
4.2 PROPOSIÇÕES PARA NOVOS ESTUDOS ........................................... 48
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 50 ANEXOS .............................................................................................................. 55
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Quadro 1 - Inaugurações de Indústrias Siderúrgicas no Brasil ao longo do século XX 19
Quadro 2 – Perspectiva histórica dos métodos de avaliação de desempenho 22
Quadro 3 – Componentes da Avaliação de Desempenho 24
Quadro 4 – Características que devem estar presentes nos indicadores 25
Quadro 5 - Divisão de índices econômico-financeiros 26
Quadro 6 – Agrupamento dos ìndices 26
Quadro 7 – Levantamento dos trabalhos relacionados ao tema 29
Quadro 8 – Análise de desempenho econômico-financeiro, modelo DEA e orientação
utilizados 30
Quadro 9 – Variáveis inputs e outputs utilizados pelos trabalhos do levantamento 30
Quadro 10 – Variaveis Inputs e Outputs propostos para estudo 31
Quadro 11 – Empresas que compõem a amostra da pesquisa 32
Quadro 12 – Variáveis Inputs e Outputs após avaliação 32
Quadro 13 – Indicadores utilizados de acordo com site da Revista EXAME 35
Gráfico 1 – Comparativo do Patrimônio Líquido entre as DMU 43
Gráfico 2 – Comparativo da Liquidez geral entre as DMU 44
Gráfico 3 – Comparativo das Vendas entre as DMU 44
Figura 1 – Eficiência modelo CCR, orientação input (tela do software SIAD) 55
Figura 2 – Peso das Variáveis (tela do software SIAD) 56
Figura 3 – Alvos e Folgas (tela do software SIAD) 56
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Valores das variáveis selecionadas 33
Tabela 1 – Empresas que compõem a amostra da pesquisa 32
Tabela 2 – Ranking de eficiência (ou score de eficiência) após aplicação da DEA 40
Tabela 3 – Peso das variáveis 41
Tabela 4 – Alvos ou Score de melhorias 42
Tabela 5 – Ranking DEA x Ranking Revista EXAME Melhores e Maiores 46
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS
BCC Banker, Charnes e Cooper.
BOVESPA Bolsa de Valores do Estado de São Paulo.
BP Balanço Patrimonial.
CCR Charnes, Cooper e Rhodes.
CRS Constant Returns to Scale.
DEA Data Enveloment Analysis.
DMU Decision Making Unit.
DRE Demonstração do Resultado de Exercício.
EFQM European Foundation for Quality Management.
FIPECAFI Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis,
Atuariais e Financeiras.
FNPQ Fundação para o Prêmio Nacional da
Qualidade.
IABr Instituto Aço Brasil.
JUSE Union of Japanese Scientists and Engineers.
PPL Programa de Programação Linear.
SICETEL Sindicato Nacional da Indústria de Treflação e
Laminação de Metais Ferrosos.
VRS Variable Returns to Scale.
UFF Universidade Federal Fluminense.
∑ Somatório.
≤ Menor ou igual.
1 INTRODUÇÃO
Com base em dados do ano de 2012, o Sindicato Nacional da Indústria de
Treflação e Laminação de Metais Ferrosos – SICETEL (2013) constatou que a produção
mundial de aço cresceu 15% no período de 2007 a 2012, além disso, no período
analisado ocorreu um excedente de capacidade de produção de aço superior a 580
milhões de toneladas no mundo, sendo que há a previsão de que aumente nos próximos
3 anos, o que resultará na tendência de baixa nos preços, retratando uma situação difícil
no setor siderúrgico. Ainda sobre a dimensão em relação a superoferta de aço no
mundo, segundo a Revista do Aço em sua reportagem de 13/11/2012: “Dados da World
Steel Association, entidade que representa o setor no mundo, apontam que, em 2011, o
excedente era de 501 milhões de toneladas de aço, o que representa incremento de 4,9%
no período.” (Revista do Aço, 2012).
Para ilustrar a situação do ano de 2013, o jornal Valor Ecoômico publicou em
27/09/2013 a seguinte notícia, fragmentada abaixo:
“O cenário atual do setor é de superoferta de aço no mundo, competição com
produtos chineses, russos, coreanos e turcos, dificuldades para exportar,
preços deprimidos e margens de ganhos apertadas. A estratégia é: mais
diversificação horizontal e vertical na cadeia produtiva siderúrgica e ganhos
de gestão, eficiência e custos para manter-se competitivo.”
Fonte: Valor Econômico (2013).
O cenário atual do setor siderúrgico ainda é de excesso de oferta de aço como já
previsto, podendo a indústria do aço atender ao dobro do consumo atual, porém, o setor
perdeu competitividade nos mercados interno e externo, devido ao câmbio, alta carga
tributária e falta de infraestrutura. Exige-se que a produção de aço seja reduzida, devido
à competição internacional da indústria siderúrgica, segundo trecho desta
15
reportagem da Revista EXAME de 27/11/2013: “a siderurgia brasileira segue
pressionada pela oferta mundial excessiva de aço e a dificuldade em competir com os
preços chineses.” (Revista EXAME, 2013).
Porém, as perspectivas para 2014 são de melhorias para o setor, como
apresentado na publicação de dezembro de 2013 do IABr:
“Para 2014 as projeções são otimistas com perspectiva da queda das
importações devido a possível desestocagem, aumento das exportações face à
suave recuperação do cenário internacional. Esse processo de recuperação
fará com que as vendas cresçam em 4,4%, pois a possível redução da
produção de automóveis (por conta das normas de segurança obrigatórias e
com o fim do IPI reduzido) deverá ser compensada pela alta de consumo na
construção civil.”
Fonte: IABr (2013a).
De acordo com dados de 2012 do IABr (2013), o parque produtor nacional
siderúrgico é composto por 29 usinas administradas por 11 grupos empresariais, sendo
que o Brasil possui o maior parque industrial de aço da América do Sul, o país ocupa o
5º lugar como exportador líquido de aço e nono lugar na produção de aço no mundo.
Entre as 15 maiores siderúrgicas do mundo, 11 são asiáticas, sendo a ArcelorMittal a
maior produtora mundial de aço, tendo origem indiana e possuindo fábricas em várias
partes do mundo.
1.1 PROBLEMÁTICA
A siderurgia brasileira encontra fatores que têm afetado sua competitividade,
como a alta carga tributária, custos elevados de insumos essenciais como energia, além
de problemas de logística e infraestrutura, o que dificulta a competição com empresas
estrangeiras pois muitas delas atuam com subsídios governamentais de seus países e
sem o mesmo padrão de qualidade assegurado no Brasil (IABr, 2013b).
Práticas para o desenvolvimento sustentável tornam-se uma exigência do
mercado, tendo em vista que a redução de emissão de gases de efeito estufa, redução do
consumo de água e de energia, contribuem para minimizar, mitigar e evitar impactos
ambientais negativos (IABr, 2013).
Para que as empresas realizem investimentos em sustentabilidade, infraestrutura
e outros setores estratégicos de seus interesses, é necessário que os gestores façam uma
projeção financeira com suas necessidades de capital, tendo em vista a importância do
16
controle de custos para as organizações. Para que esse controle seja feito, os gestores
contam com informações disponíveis em seus relatórios gerenciais e ferramentas que
facilitam seu controle e ação para busca de melhoria contínua na gestão de seus
negócios.
Todos esses aspectos citados tornam-se desafios que podem influenciar na
permanência e sobrevivência das empresas do setor. A fim de obter uma gestão eficiente
as empresas devem buscar acompanhar de forma contínua suas performances no
mercado, através de ferramentas adequadas para análise de desempenho econômico-
financeiro (França, 2010).
Neste contexto, tomou-se como intuito desse estudo responder a seguinte
questão: Quais empresas siderúrgicas brasileiras foram eficientes em seus desempenhos
econômico-financeiro?
1.2 OBJETIVO GERAL
Avaliar como a Análise Envoltória de Dados (DEA) pode contribuir para a
melhoria da eficiência das empresas do setor siderúrgico.
1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Como objetivos específicos tem-se os seguintes:
Selecionar as variáveis;
Elaborar de um ranking de eficiência das empresas analisadas;
Estabelecer um score de melhorias diante do resultado obtido.
1.4 DELIMITAÇÃO DO TEMA
A pesquisa foi realizada com amostra de 18 empresas siderúrgicas listadas na
base de dados Melhores e Maiores da FIPECAFI (Fundação Instituto de Pesquisas
Contábeis, Atuariais e Financeiras) da Revista Exame do setor de Siderurgia brasileiro
do ano de 2012.
17
1.5 JUSTIFICATIVA
O aço está presente nos setores de transporte, energia, construção civil,
agricultura, utilidades domésticas, bens de capital, embalagens e esculturas (IABr,
2013). A siderurgia emprega atualmente 103.449 colaboradores diretos e cerca de 3,1
milhões de empregos indiretos, dados que reforçam seu valor socioeconômico.
Para buscar vantagens competitivas, as empresas necessitam estar cientes de
seus desempenhos econômicos para conhecerem cada vez melhor seus negócios e o
mercado no qual atuam para permitir o controle e o planejamento que podem ser
utilizadas em suas gestões financeiras (FRANÇA, 2010).
Segundo Ramos (2007) as empresas devem buscar maior eficiência através do
gerenciamento de suas informações organizacionais financeiras e não financeiras, pois o
cenário atual da siderurgia está cada vez mais competitivo. As empresas se preocupam
em focar suas ações de curto e longo-prazo, portanto, a avaliação de desempenho busca
corrigir os desvios, manter a uniformidade e obter melhores resultados.
Tendo em vista a relevância do setor siderúrgico para o Brasil, o presente estudo
busca avaliar o grau de eficiência econômico-financeiro das empresas do setor.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 BREVE HISTÓRICO DO AÇO
A produção de ferro e aço sempre foram fatores importantes para o
desenvolvimento da humanidade, com isso foi possível aperfeiçoar desde as armas
utilizadas nos primórdios da história até desenvolver de uma melhor maneira as
máquinas com tecnologias avançadas.
Segundo o Instituto Aço Brasil - IABr (2013c) o ferro foi descoberto pelo
homem por acaso, com o aquecimento de pedras de minério no Período Neolítico (Idade
da Pedra Polida), por volta de 6.000 a 4.000 anos a.C. Já a exploração de jazidas teve
início por volta de 1.500 a.C. provavelmente no Oriente Médio, de onde o metal teria
sido importado por assírios e fenícios. A fundição do minério de ferro em alto-forno
ocorreu em torno do ano de 1444 d.C., tendo como produção diária cerca de 1500 kg.
No ano de 1856 houve a descoberta sobre como produzir aço, fato de extrema
importância para a sociedade, pois o aço é mais resistente que o ferro fundido e pode ser
produzido em grandes quantidades, servindo de matéria-prima para muitas indústrias.
Em relação a história da indústria siderúrgica nacional, Perentelli (2007) afirma
que esta teve início efetivamente com as investigações de minérios de ferro no Brasil,
pois estava ocorrendo o fortalecimento da indústria na Europa e EUA. Na última década
do século XVI houve a construção da primeira fábrica de ferro que se teve notícia no
Brasil, instalada em Sorocaba – SP, outro fato relevante foi a descoberta de ferro em
Minas Gerais, fato que impactou fortemente a siderurgia no Brasil, pois este estado
possuía minério de ferro em abundância, mas somente após o ano de 1808 ocorreu um
incentivo maior a construir indústrias siderúrgicas, pois a família real portuguesa
desembarcou no Brasil. Ao longo do século XX ocorreram as seguintes inaugurações de
indústrias siderúrgicas apresentadas no Quadro 1.
19
Quadro 1 - Inaugurações de Indústrias Siderúrgicas no Brasil ao longo do século XX
Ano de Inauguração Indústria Siderúrgica Inaugurada
1921 Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira (CSBM)
1937 Usina de Monlevade
1937 Companhia Siderúrgica de Barra Mansa
1937 Companhia Metalúrgica de Bárbara
1946 Companhia Siderúrgica Nacional
1973 Usina Siderúrgica da Bahia (Usiba)
1973 Siderurgia Brasileira S.A (Siderbrás)
1983 Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST)
1986 Açominas
Fonte: Adaptado de Perentelli, 2007, p. 12 – 14.
2.2 EFICÁCIA, PRODUTIVIDADE E EFICIÊNCIA
Maximiano (2000) afirma que a eficácia é um termo oriundo do conceito de
desempenho, que está diretamente relacionado aos objetivos e resultados, consistindo na
capacidade de resolver problemas, de fazer corretamente e sobreviver. Segundo Ramos
(2007) a eficácia também conduz a idéia de resultado, sendo que a relação existente está
entre o que se pretende e o que se obtém, ou seja, produtos, metas e objetivos visando
atender aos propósitos empresariais.
De acordo com Maximiano (2000) a produtividade é descrita como sendo o
critério mais simples para avaliar a eficiência de um sistema, é definida como a relação
entre os recursos utilizados e os resultados atingidos, podendo ser calculada tanto para
fatores isolados, por exemplo: produtividade da mão-de-obra, como por recursos, por
exemplo: alunos por professor. Ramos (2007) a define como uma relação entre recursos
e resultados, afirmando que este termo mostra a relação entre entradas e saídas, segundo
ele produtividade possui um sentido operacional. Corrêa e Corrêa (2007) concordam e
afirmam que está relacionada à como entradas são transformadas em saídas e
complementam definindo produtividade como uma medida da eficiência.
Maximiano (2000) a define como: realizar uma determinada tarefa corretamente,
com o mínimo de esforço e com o máximo aproveitamento de recursos, ou seja: é mais
que uma medida de desempenho, é um princípio de administração de recursos, a relação
entre esforço e resultado é essencial no conceito, pois quanto menor o esforço para
atingir algum objetivo, mais eficiente é o processo. Ramos (2007) corrobora
20
relacionando à eficiência corretamente determinada tarefa, e complementa dizendo que
refere-se também a quantidade produzida e aos resultados alcançados.
Sobre a diferença entre os termos eficiência e eficácia, Maximiano (2000) define
que são fatores importantes para avaliar o desempenho das organizações e diz que o que
as difere é que a eficiência é determinante da eficácia, pois se os recursos disponíveis
forem utilizados corretamente aumentam as chances de se atingir os objetivos, já a
eficácia depende da escolha correta dos objetivos, o que depende de uma compreensão
mais ampla à organização, depende de compreender também ao ambiente no qual está e
sua evolução. Corrêa e Corrêa (2007) destacam os papéis dos termos eficiência e
eficácia no contexto de medição de desempenho e os definem como duas dimensões da
avaliação de desempenho de uma operação, e não só como fatores para avaliar o
desempenho, apresentando assim a necessidade de diferenciação entre eles, sendo que a
eficiência estima quão economicamente os recursos são utilizados e a eficácia mede a
extensão a qual as necessidades são satisfeitas, tendo em vista tais definições, será
possível identificar com precisão essas diferentes dimensões de desempenho.
Nesta pesquisa o conceito de eficiência tem destaque pois este se propôs a
avaliar a eficiência relativa. Brigatte et al (2011) a definem como uma medida que
permite avaliar a competitividade de uma empresa em relação as demais. Kassai (2002)
observa que o conceito é assim denominado pois deve-se considerar as condições de
operação do mercado, ou seja, em economias protegidas ou setores monopolistas além
da fronteira eficiente existiria a fronteira de eficiência efetiva (ou ideal), por isso, diz-se
eficiência relativa.
Foi avaliada utilizando a Análise Envoltória de Dados (DEA), que consiste em
uma ferramenta de avaliação de desempenho capaz de comparar a eficiência de várias
empresas similares.
Portanto, a investigação feita neste trabalho foi sobre a eficiência relativa e teve
como categoria a avaliação desta eficiência e como aspecto desta avaliação o
econômico-financeiro das indústrias siderúrgicas, enquadramento baseado nos
componentes de avaliação de desempenho proposto por Leal Junior (2010) apresentado
no item 3.3.
21
2.3 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO
Ramos (2007) define avaliação como ato ou efeito de atribuir valor, sendo esse
valor de natureza tanto qualitativa quanto quantitativa. Já o desempenho deve ser
entendido como a execução de uma atividade ou um conjunto de atividades. Pode-se
concluir que a avaliação de desempenho consiste em mensurar resultados gerados por
atividades empresariais, Corrêa e Corrêa (2007) citam o modelo de Balanced ScoreCard
(BSC) de Kaplan e Norton como um exemplo de medição de desempenho balanceada,
que inclui o aspecto quantitativo e o qualitativo.
Kassai (2002) a define como a verificação por parte dos administradores do
cumprimento de obrigações, e funciona como um método de avaliar as ações desses
administradores, lembrando que essas decisões devem ser focadas em maximizar o
valor da empresa. Já Hourneaux Junior. (2005) observa que a avaliação de desempenho
é uma atividade que sempre trará um aspecto subjetivo, destacando que o efeito
dependerá da intuição dos executivos, na medida em que assumam dimensões baseadas
nessa intuição.
Hourneaux Junior e Cunha (2013) afirmam que área de Avaliação de
Desempenho se desenvolveu maior escala nos últimos 20 anos e que esse
desenvolvimento ocorreu principalmente pela importância desses sistemas como
ferramenta organizacional.
Hourneaux Junior (2005) reúne métodos de avaliação de desempenho
organizacional em uma perspectiva histórica, conforme o Quadro 2, que permite
verificar a evolução e as mudanças que ocorreram em relação aos métodos de avaliação
de desempenho.
.
22
Quadro 2 – Perspectiva histórica dos métodos de avaliação de desempenho
Fonte: Adaptado de Hourneax Junior, 2005
Método Data Autores Característica
Tableau de
Bord 1900’s/1930’s
Engenheiros
Franceses
Conjunto de medidas que incluem tanto
indicadores financeiros como não financeiros, que
pretendem traduzir a missão e a visão da
organização em objetivo.
Martindell 1950 J. Martindell
(EUA)
Variáveis como: Função econômica, Estrutura
organizacional e Saúde da rentabilidade.
Administração
por objetivos 1954
Peter Drucker
(EUA)
Variáveis como: posição no mercado, inovação e
produtividade.
Áreas-Chave de
Resultado 1955
General
Eletric
Company
(EUA)
Variáveis como: lucratividade, posição de
mercado e produtividade.
Buchele 1967 Buchele
(EUA)
Análise da força competitiva, dos departamentos
principais, análise financeira, análise da
administração de cúpula.
Avaliação
Global de
Desempenho
1986
Hamilton L.
Corrêa
(Brasil)
Descrição da empresas, seus objetivos e missões.
Definição dos módulos (áreas em que a
organização será dividida), Definição dos
indicadores de cada módulo. Definição dos
padrões de desempenho, Avaliação e feedback,
Verificação das causas do desempenho.
Métodos de
Administração
da Qualidade
Total
1951, 1987,
1988, 1992
JUSE (Japão),
Malcom,
Baldrige
Foundation
(EUA), EFQM
(Europa),
FNPQ (Brasil)
Critérios como: Liderança, Estratégia e Políticas.
Balanced
Scorecard 1990
Kaplan e
Norton (EUA)
Meio pelo qual se traduziria a missão e a
estratégia da organização em objetivos e medidas,
facilitando a comunicação, informação e
aprendizado.
Quatro perspectivas: financeira, cliente, processos
de negócios internos e aprendizado e crescimento.
Rummler e
Brache 1994
Rummler e
Brache (EUA)
Dimensões que, combinadas, resultarão no
desempenho da organização: necessidades de
desempenho, níveis de desempenho e visão de
processo.
Skandia
Navigator 1997
Leif
Edvinsson
(Suécia)
Perspectivas: foco financeiro (passado), focos nos
clientes, recursos humanos e processos (presente)
e foco na capacidade de renovação e
desenvolvimento da organização (futuro)
SIGMA
Sustainabillity
Scorecard
1999
British
Standards
Institution,
Forum for the
Future and
Accountability
Enfoque Tripple Botton Line
Econômico, Social e Ambiental
Perspectivas: Sustentabilidade, Stakeholders,
Interna e Conhecimento e habilidade
23
Hourneax Junior (2005) observa que os novos métodos de avaliação de
desempenho não são tão novos como parecem ser, na verdade tratam-se de uma
reciclagem de métodos já conhecidos desde os anos 60. Pontua também que há um
longo caminho a trilhar e destaca que processos equivocados tornam os resultados
irrelevantes ou até prejudiciais à organização. Além disso, conclui também que o
desenvolvimento é relevante porque pode contribuir para o desenvolvimento da teoria
das organizações, podendo desencadear idéias para novas estruturas e reestruturações
das organizações.
Corrêa e Corrêa (2007) listam também os motivos pelos quais a avaliação de
desempenho tem relevância, são eles: a mudança da natureza dos negócios (antes dos
anos 60 tinham custos de mão de obra que excediam 50 ou 60% dos custos totais dos
empreendimentos), a competitividade mais acirrada (o que levou as empresas a
buscarem diferenciação de qualidade serviço, flexibilidade e inovação, por exemplo), as
novas iniciativas de melhoramento em operações (qualidade total, produção enxuta, Just
in time, manufatura de classe mundial), a mudança nas demandas externas (empresas
são reguladas por organismos do governo e regulam fornecedores por exemplo, esta
regulação baseia-se em mensuração de desempenho).
Em sua definição Hourneaux Junior e Cunha (2013) a define como uma área
voltada ao estudo de indicadores que mensuram a eficiência e a eficácia. Entre os
componentes está o objeto do estudo da avaliação de desempenho: o indicador, segundo
Leal Junior (2010) divide-se em 5 componentes, são eles: Categoria, Aspectos,
Atributos, Indicadores e Medidas. O Quadro 3 apresenta uma breve descrição desses
componentes em relação a este trabalho.
24
Quadro 3 – Componentes da Avaliação de Desempenho
Componente Descrição
Categoria
Define o foco dado à avaliação, as categorias são: Eficácia, Eficiência e
Efetividade, ou ainda pode existir a combinação das categorias. Nesse trabalho será
considerada a Eficiência.
Aspectos
Definem a perspectiva da avaliação e podem ser: econômico-financeiro e
socioambientais, ou ainda podem ser combinados. No presente estudo a aspecto a
ser avaliado será o econômico-financeiro
Atributo
Define uma qualidade, característica ou uma ideia. Os atributos pertencentes aos
aspectos econômico-financeiros são: Custo, Receita, Segurança, Confiabilidade,
Tempo, Flexibilidade e Capacidade.
Indicadores
Definem os atributos de desempenho, comumente quantitativos com o intuito de
criar a possibilidade de criar medidas e compará-las com metas estabelecidas
anteriormente. São exemplos de indicadores econômico-financeiros: Despesa total
de operação e Receita total com operação
Medidas
São combinações de indicadores que sozinhos dificilmente são comparados, pois
não representam resultados relativos, então os atributos podem ser medidos por
indicadores que dão origem a medidas. Exemplo de medidas de aspecto
econômico-financeiro e tendo como atributo o Custo: Despesa total de operação.
Fonte: Adaptado de Leal Jr., 2010.
Corrêa e Corrêa (2007) por sua vez detalham as métricas relativas ao atributo
Custo, esclarecendo primeiramente que as métricas de avaliação de desempenho são
alocadas em grupos na intenção de orientar como usá-las adequadamente, elas podem
ser alocadas em relação ao Custo, Qualidade, Flexibilidade, Velocidade e
Confiabilidade, observando-se que as métricas relacionadas ao Custo são as de maior
interesse desse trabalho.
Sobre as dimensões em que as medidas de desempenho podem ser agrupadas
Martins (2006) afirma não existir homogeneidade entre os principais autores sobre a
classificação dos grupos de medidas de desempenho e conclui que as dimensões
qualidade, tempo e custos são as mais recorrentes aos métodos de medição de
desempenho.
Martins (2006) propõe que os indicadores de desempenho são capazes de refletir
a estratégia proposta e por isso são usados em um sistema de mensuração de
desempenho. Indicador de desempenho pode ser definido como uma maneira de medir
uma situação contra um padrão pré-estabelecido, e podem ser classificados em três
grupos: financeiros tradicionais, não-financeiros tradicionais e não tradicionais:
financeiros ou não-financeiros. Segundo Hourneax Junior (2005) o indicador de
desempenho pode ser definido como o meio de se quantificar o desempenho, ou seja,
relaciona números a fenômenos.
25
Ramos (2007) exemplifica indicadores numéricos, eles podem ser: percentuais,
quocientes, montantes ou como forma de aferição, eles também estão presentes em
contas ou grupos de contas das demonstrações financeiras, representando a relação entre
estes e pode evidenciar o aspecto econômico ou financeiro de uma empresa. Kassai
(2002) lista também algumas das formas numéricas que os indicadores podem assumir,
são elas: percentuais, quocientes, montantes, multiplicadores e elenca também as
características que devem ser observadas em relação a esses indicadores, apresentadas
no Quadro 4:
Quadro 4 – Características que devem estar presentes nos indicadores
Característica Descrição
Objetividade Existe uma preferência por dados quantitativos, por terem capacidade mais
objetiva que os qualitativos.
Mensurabilidade Deve existir a possibilidade de se mensurar os indicadores em alguma escala
determinada de valores.
Compreensibilidade Os indicadores devem ser compreensíveis, devem proporcionar entendimento
aos gestores.
Comparabilidade Deve existir a possibilidade de se comparar indicadores entre períodos para a
mesma entidade e entre entidades.
Custo Deve existir análise da utilidade de uma informação com o custo de obtê-la.
Fonte: Adaptado de Kassai, 2002.
2.3.1 Avaliação Econômico-Financeira
Segundo Martins (2006) a avaliação de desempenho no âmbito econômico-
financeiro necessita primeiramente de elaboração metas a serem atingidas, como lucro,
posição no mercado, nível de tecnologia, satisfação dos clientes, por exemplo. Essa
elaboração exige a formalização de objetivos a serem obtidos como também a
determinação de onde, como e em que espaço de tempo a empresa quer chegar.
A avaliação de desempenho usa como instrumento os indicadores, que neste
trabalho serão representados por um conjunto deles, as medidas, que por sua vez, serão
representadas pelos índices. Segundo Ramos (2007) índice é conceituado como a
relação entre contas ou grupo de contas pertencentes às Demonstrações Financeiras que
tem como objetivo mostrar a situação econômica financeira da empresa.
Os índices mais utilizados em avaliações empresariais são divididos em dois
grupos: econômicos e financeiros. O grupo dotado dos aspectos financeiros é
26
subdividido em índices de estrutura de capital e índices de liquidez e o grupo relativo a
situação econômica revela a rentabilidade da empresa, conforme o Quadro 5.
Quadro 5 - Divisão de índices econômico-financeiros
Aspecto do índice Índices
Financeiro Estrutura de Capitais
Liquidez
Econômico Rentabilidade
Fonte: Adaptado de Ramos, 2007.
De acordo com Ramos (2007) esses índices são calculados a partir de dados
contábeis e financeiros retirados de demonstrações financeiras como o Balanço
Patrimonial (BP) e a Demonstração de Resultado do Exercício (DRE). O BP pode ser
definido como uma exposição de componentes do patrimônio, onde seus valores
positivos e negativos são expostos, já a DRE é denominada como a representação de
movimentos de entradas e saídas tendo como objetivo evidenciar aumentos e reduções
no patrimônio líquido, resultantes desse movimento.
Kassai (2002) agrupa os índices de acordo com o Quadro 6.
Quadro 6 – Agrupamento dos ìndices
Índice Descrição do índice
Liquidez Se trata de um índice que avalia a capacidade de pagamento, são resultado da
relação entre Ativos e Passivos
Atividade Analisam os ciclos operacionais e finaceiros, se dividem em: prazo médio de
estocagem, pagamento a fornecedores e recebimento de clientes.
Endividamento e
Estrutura de Capital
Analisam as origens de recursos da empresa, diferenciando o capital próprio e
o de terceiros.
Rentabilidade Análise do retorno obtido e compara ao Ativo (investimento dos acionistas –
ROE)
Índices de análise de
ações
Relacionam as informações contábeis e as de de mercado. São exemplos
dessas relações: o lucro por Ação (lucro líquido/Número de Ações) e o Índice
Preço/Lucro (Preço de Mercado da Ação/Lucro por Ação).
Índices baseados no
Valor Adicionado
Revelam as atividades que geram e consomem caixa e também a origem de
criação e distribuição de riqueza.
Fonte: Adaptado de Kassai, 2002.
3 METODOLOGIA DA PESQUISA
Nesta sessão serão descritos os procedimentos metodológicos utilizados
para alcançar os objetivos propostos por este estudo. A metodologia da pesquisa num
planejamento deve ser entendida como o conjunto detalhado e sequencial de métodos e
técnicas científicas a serem executados ao longo da pesquisa, de tal modo que se
consiga atingir os objetivos inicialmente propostos e, ao mesmo tempo, atender aos
critérios de menor custo, maior rapidez, maior eficácia e mais confiabilidade de
informação (BARRETO; HONORATO, 1998).
3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA
Conforme Gil (2002) esta pesquisa pode ser caracterizada quanto aos objetivos
como exploratória e descritiva. Exploratória, pois proporciona maior familiaridade com
o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses. Embora o
planejamento da pesquisa exploratória seja bastante flexível, na maioria dos casos
assume a forma de pesquisa bibliográfica ou de estudo de caso. Descritiva, pois
descreve as características de determinada população, estabelecendo relações entre
variáveis. Juntamente com a exploratória, são as pesquisas mais solicitadas por
organizações como empresas comerciais e instituições educacionais.
Com relação aos procedimentos técnicos a pesquisa pode ser caracterizada como
pesquisa bibliográfica, documental e ex-post facto. Bibliográfica, pois é desenvolvida
com material já elaborado, composto por livros e artigos científicos, que permite ao
pesquisador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela
que poderia pesquisar diretamente. Documental, pois se utiliza de documentos de
segunda mão, que são aqueles que de alguma maneira já foram tratados, como exemplo
28
relatórios das empresas, tabelas estatísticas etc. E por fim, ex-post facto, pois se refere a
uma situação em que o pesquisador não possui o controle sobre as variáveis, pois elas
são referentes a um fato que ocorreu no passado.
Considerando-se o critério de classificação de pesquisa proposto por Vergara
(2010), uma pesquisa pode classificar-se quanto aos fins e quanto aos meios. Quanto
aos fins, a pesquisa será descritiva e aplicada. Descritiva, pois expõe características de
determinada população ou de determinado fenômeno, podendo também estabelecer
correlações entre variáveis e definir sua natureza, não tendo o compromisso de explicar
os fenômenos que descreve, embora sirva de base para tal explicação. Aplicada, pois é
motivada pela necessidade de resolver problemas concretos, imediatos ou não, tendo
finalidade prática.
Com relação aos meios, a pesquisa classifica-se como pesquisa documental, ex-
post facto e bibliográfica. Documental, pois será realizada em documentos conservados
no interior de órgãos públicos e privados de qualquer natureza. Ex-post facto, pois se
refere a um fato já ocorrido, aplicado quando o pesquisador não pode manipular ou
controlar variáveis, seja porque suas manifestações já ocorreram, seja porque as
variáveis não são controláveis. E bibliográfica, pois é o estudo sistematizado
desenvolvido com base em material publicado em revistas, jornais, livros, redes
eletrônicas, sendo acessível ao público em geral. Dentro da pesquisa bibliográfica o
material pode ser classificado como fonte primária ou secundária. Ainda na pesquisa
bibliográfica, o material publicado pode ser de fonte de primeira mão ou de segunda
mão.
Conforme conceitos apresentados por Sampieri, Collado e Lucio (2006), a
pesquisa pode ser classificada como estudo exploratório, pois examina um tema pouco
estudado e que se deseja ampliar os estudos já existentes sobre o tema. A pesquisa
enquadra-se também na classificação descritiva, no qual o objetivo do pesquisador
consiste em descrever situações, acontecimentos e feitos, ou seja, dizer como se
manifesta determinado fenômeno, medindo ou coletando informações de maneira
independente ou conjunta sobre os conceitos ou as variáveis a que se referem. Destaca-
se ainda que os estudos descritivos possam oferecer a possibilidade de previsões ou
relações ainda que sejam pouco elaboradas.
29
3.1.1 Seleção de variáveis
Por meio de pesquisa bibliográfica foi realizado um levantamento dos trabalhos
relacionados à DEA e ao setor siderúrgico brasileiro no periódico CAPES. Foram
selecionados oito trabalhos de maior relevância, apresentados no Quadro 7.
Quadro 7 – Levantamento dos trabalhos relacionados ao tema
Autor Título
CIPOLA; NOGUEIRA; FERREIRA (2006)
Avaliação do desempenho social: Uma discussão
apoiada em Análise Envoltória de Dados (DEA)
em empresas siderúrgicas no Brasil
MACEDO; CIPOLA (2009) Análise do desempenho socioambiental no setor
siderúrgico brasileiro
RAMOS (2007)
O desempenho do setor siderúrgico brasileiro: uma
aplicação da Análise por Envoltória de Dados
(DEA)
MACEDO; SANTOS; SILVA (2004)
Avaliação de desempenho organizacional:
utilizando análise envoltória de dados (DEA) em
informações financeiras e não financeiras
RODRIGUES; MEZA (2009)
Avaliando a eficiência de equipes do sistema de
manufatura – Um estudo de caso no setor
siderúrgico
GONÇALVES; SENRA (2008) Modelo DEA de eficiência financeira
PERENTELLI (2007)
Aplicação da Análise Envoltória de Dados no
estudo da eficiência-econômica-financeira da
indústria siderúrgica dos anos 2004 e 2005
COSTA; BOENTE (2011)
Avaliação da eficiência econômico-financeira das
empresas integrantes do índice de sustentabilidade
empresarial por meio da Análise Envoltória de
Dados
Fonte: Dados da pesquisa
Diante desses oito trabalhos, selecionou-se aqueles que analisavam o
desempenho econômico-financeiro, evidenciando o modelo DEA e a orientação
utilizados, apresentados no Quadro 8.
30
Quadro 8 – Análise de desempenho econômico-financeiro, modelo DEA e orientação utilizados
Fonte: Dados da pesquisa
De acordo com o modelo e orientação proposto pelo estudo, restaram apenas
dois trabalhos do levantamento condizentes com nosso objetivo: utilizar o modelo CCR
com orientação input. O Quadro 9 apresenta as variáveis inputs e outputs utilizadas
pelos autores selecionados.
Quadro 9 – Variáveis inputs e outputs utilizados pelos trabalhos do levantamento
Autor Variáveis Inputs Variáveis Outputs
RAMOS (2007) Patrimônio líquido ajustado
Número médio de empregados
Liquidez geral
Lucro líquido ajustado
Riqueza criada
Riqueza criada por empregado
Vendas
Capital circulante líquido
PERENTELLI
(2007)
Patrimônio líquido ajustado
Número de empregados
Passivo circulante
Ativo imobilizado ano anterior
Vendas
Lucro líquido ajustado
Retorno sobre o patrimônio líquido
Riqueza criada
Riqueza criada por empregado
Ativo circulante
Capital circulante líquido
Liquidez corrente
Crescimento de vendas %
Crescimento de vendas US$
Investimento no imobilizado %
Aplicação no Imobilizado US$
Fonte: Dados da pesquisa
Autor Título Modelo Orientação
RAMOS (2007)
O desempenho do setor siderúrgico
brasileiro: uma aplicação da Análise por
Envoltória de Dados (DEA)
CCR Input
MACEDO;
SANTOS; SILVA
(2004)
Avaliação de desempenho organizacional:
utilizando análise envoltória de dados
(DEA) em informações financeiras e não
financeiras
BCC Input
GONÇALVES;
SENRA (2008) Modelo DEA de eficiência financeira BCC Input
PERENTELLI
(2007)
Aplicação da Análise Envoltória de Dados
no estudo da eficiência-econômica-
financeira da indústria siderúrgica dos anos
2004 e 2005
CCR Input
31
Diante das variáveis expostas no Quadro 9, optou-se por aquelas que possuíam
intersecção nos dois trabalhos, originando um novo conjunto de variáveis inputs e
outputs, apresentado no Quadro 10.
Quadro 10 – Variaveis Inputs e Outputs propostos para estudo
Variáveis Inputs Variáveis Outputs
Patrimônio Líquido Ajustado
Número Médio de Empregados
Vendas
Lucro Líquido Ajustado
Riqueza Criada
Riqueza Criada por Empregado
Capital Circulante Líquido
Liquidez Geral
Fonte: Dados da pesquisa
Dentre os índices liquidez geral e liquidez corrente, optou-se pelo índice de
liquidez geral, pois este compara os bens e direitos que se converterão em dinheiro em
curto e longo prazo. Se for acima de 1,00 significa que muito provavelmente a empresa
tenha condições de liquidar seus passivos com os ativos disponíveis, consequentemente,
quanto maior, melhor. Já o índice de liquidez corrente indica a capacidade de a empresa
liquidar seus compromissos financeiros apenas de curto prazo, e não no longo prazo, o
que torna o primeiro índice mais adequado para análise. (FRANÇA, 2010).
A determinação da amostra deste estudo foi dado pelo processo de amostragem
não probabilística, definida pelo critério de acessibilidade que seleciona os elementos
pela facilidade de acesso (VERGARA, 2010), ou seja, a amostra desta pesquisa foi
definida com base nas informações disponíveis na base de dados Melhores e Maiores da
FIPECAFI (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras) da
Revista Exame do setor de Siderurgia do ano de 2012.
A ferramenta Melhores e Maiores analisa simultaneamente o setor Siderúrgico e
Metalúrgico, então, houve uma seleção manual de quais empresas seriam siderúrgicas
por meio de pesquisa consultando os seus respectivos sites, assim, a pesquisa totalizou
18 empresas siderúrgicas apresentadas no Quadro 11, ordenadas conforme seu
posicionamento em Vendas, cujo os valores serão apresentados na Tabela 1.
32
Quadro 11 – Empresas que compõem a amostra da pesquisa
Empresas
ArcelorMittal Brasil
Usiminas
CSN
Gerdau Aços Longos
Gerdau Açominas
V&M
Aperam
Votorantim Siderurgia
Soluções Usiminas
Gerdau Cosigua
ArcelorMittal Tubarão
Gerdau Aços Especiais
Villares Metals
Amsted Maxion
Sinobras
Saint-Gobain Canalização
Vale Manganês
Açotubo
Fonte: Dados da pesquisa
Segundo Kassai (2002) uma dificuldade de aplicação da Análise por Envoltória
de Dados advém da impossibilidade de usar números negativos, como é o caso, por
exemplo, da variável Lucro líquido ajustado e Capital Circulante Líquido, que após
coleta dos dados verificou-se que apresentavam valores negativos para várias empresas.
Kassai (2002) expõe que nesses casos pode-se avaliar a possibilidade da simples
exclusão. Além deste obstáculo, as variáveis Número médio de empregados, Riqueza
Criada e Riqueza Criada por Empregado não foram disponibilizadas por todas as
empresas, o que ocasionou a exclusão destas e gerou uma nova composição de
variáveis, apresentadas no Quadro 12.
Quadro 12 – Variáveis Inputs e Outputs após avaliação
Variáveis Inputs Variáveis Outputs
Patrimônio Líquido Ajustado
Vendas
Liquidez Geral
Fonte: Dados da pesquisa
33
A Tabela 1 exibe as variáveis selecionadas e seus respectivos valores no ano de
2012, de acordo com a Revista Exame (2013b). As mesmas foram inseridas no software
SIAD para análise da eficiência das empresas estudadas.
Tabela 1 – Valores das variáveis selecionadas
DMU
Input Output
P.L. Ajustado
Liquidez Geral
Vendas
ArcelorMittal Brasil 7.137,00 0,5 6.448,60
Usiminas 8.418,50 0,6 5.761,80
CSN 4.437,50 0,3 5.371,20
Gerdau Aços Longos 4.334,40 0,8 4.156,30
Gerdau Açominas 2.300,10 0,7 2.603,70
V&M 2.104,70 22,1 1.299,10
Aperam 1.026,40 0,6 1.269,00
Votorantim Siderurgia 1.462,90 0,9 1.047,30
Soluções Usiminas 557,7 5,7 866,6
Gerdau Cosigua 13.354,90 0,3 799,2
ArcelorMittal Tubarão 539,1 2,9 539,1
Gerdau Aços Especiais 977,7 2,2 496,7
Villares Metals 268,9 0,9 441,1
Amsted Maxion 23,3 0,6 381,4
Sinobras 250,4 0,7 309,6
Saint-Gobain Canalização 104,7 1,1 231,6
Vale Manganês 316,1 2,5 198
Açotubo 43,9 1,7 192,5
Fonte: Site da Revista EXAME, 2013b
3.1.2 Algumas Publicações no Brasil sobre Avaliação de Desempenho e Melhores e
Maiores da Revista Exame
Segundo Kassai (2002), entre algumas das publicações do cenário nacional, está
a Gazeta Mercantil, que publica desde 1977 o Balanço Anual, a Conjuntura Econômica,
que desde 1969 publica a edição especial das 500 Maiores Empresas do Brasil, a Forbes
Brasil também publica esse tipo de avaliação desde 2001, ano em que inaugurou seu
ranking 200 Platinum List. Estão também publicações de avaliações não econômicas,
34
como a da revista CartaCapital, que elege empresas mais admiradas no país, como
também a publicação da Revista Exame com as 100 Melhores Empresas para você
trabalhar, como também o Guia de Boa cidadania Corporativa, lançado em 2000
publicado também pela Revista Exame.
A Revista Exame redige desde 1974 uma das publicações mais tradicionais
sobre avaliação de desempenho: a publicação Os Melhores e Maiores de Fipecafi-
Exame, sendo atualmente ainda compilada segundo a análise técnica da equipe Fipecafi.
Se tratava de um empreendimento que demandava tempo, pois seu estudo inicial
consumiu oito meses de trabalho, com a seleção de 1600 balanços cujos dados já eram
processados em computador, para que fosse possível efetuar tantos cálculos necessários
e que a análise de todas as empresas fosse feita (KASSAI, 2002).
Atualmente a Revista Exame disponibiliza em seu site a ferramenta Melhores e
Maiores, instrumento que apresenta informações financeiras de mais de 1000 grandes
empresas brasileiras, utilizando como base sua tradicional publicação Melhores e
Maiores. São disponibilizadas informações completas de 1995 até 2010, sendo que a
ferramenta possui 26 indicadores e avalia 21 setores econômicos no total (Site da
Revista EXAME, 2013).
De acordo com a Fipecafi [s.d] em seu site, o critério de seleção das melhores
consiste em comparar o sucesso que determinadas empresas obtiveram com as
concorrentes no ano que se passou, comparando ao ano anterior, ou seja, compara esses
resultados em termos de crescimento, rentabilidade, saúde financeira, participação de
mercado e produtividade por empregado.
O Quadro 13 descreve de acordo com o site da Revista Exame (2013) os
indicadores selecionados na presente pesquisa:
35
Quadro 13 – Indicadores utilizados de acordo com site da Revista EXAME
Indicadores utilizados de acordo com site da Revista EXAME
Patrimônio Líquido Ajustado
É o patrimônio líquido legal atualizado pelos
efeitos da inflação. Também esta informação foi
dada por boa parte das empresas, mesmo sem
exigência legal. Para as empresas que não fizeram
tal divulgação, esses efeitos foram calculados pela
revista, considerando-se, inclusive, os impostos.
Liquidez Geral
Mede quanto a empresa possui de recursos não
aplicados em ativos permanentes para cada real de
dívida. É aferida pela divisão da soma do ativo
circulante com o realizável a longo prazo e com as
duplicatas descontadas pela soma do exigível total
com as duplicatas descontadas. Se o índice for
menor que 1, a empresa dependerá em maior
extensão de lucros futuros, renovação das dívidas
ou vendas de ativo permanente para se manter
solvente.
Vendas em Dólares
Foram apuradas com base nas vendas em reais,
atualizadas para a moeda de poder aquisitivo de 31
de dezembro de 2011.
Fonte: Adaptado do site da Revista EXAME, 2013
3.2 FERRAMENTAS
3.2.1 Análise Envoltória de Dados
A Análise Envoltória de Dados (Data Enveloment Analysis- DEA) surgiu
com o desenvolvimento do artigo de Michael James Farrel, The Measurement of
Productive Efficency, publicado no Journal of the Royal Statistical Society, em 1957, no
qual o autor tentava desenvolver métodos melhores para avaliar a produtividade, por
meio dos conceitos de análise de atividades. Farrel alegava que as tentativas de avaliar a
produtividade resultavam medidas cuidadosas, mas eram produndamente restritivas,
porque nao conseguiam combinar medidas de múltiplos insumos para criarem um
indicador único de medida de eficiência (FERREIRA; GOMES, 2009).
Segundo Casa Nova e Onusic (2006), essa técnica tinha como objetivo
desenvolver um método para comparar a eficiência de escolas públicas dentro do
programa educacional para alunos carentes (essencialmente raças negras e hispânicas) –
chamado Program Follow Trough, patrocinado pelo governo federal norteamericano,
comparando escolas que participavam com as que não participavam do programa,
36
considerando vários produtos e vários insumos, podendo-se citar como exemplo
habilidade psicomotora e número de professores-hora (FERREIRA; GOMES, 2009).
O método da Análise Envoltória de Dados mede a eficiência relativa dentro de
um conjunto de organizações que praticam atividades semelhantes (PERENTELLI,
2007). É uma técnica de programação matemática que tem por finalidade avaliar um
conjunto de unidades tomadoras de decisão ou DMU (Decision Making Units), extraindo
delas um índice de eficiência relativa, que permite classificar uma a uma em eficientes, ou
em ineficientes (RODRIGUES; MEZA, 2009).
É necessário apresentar o conceito de alguns termos utilizados segundo Ramos
2007:
Decision Making Unit (DMU): Unidades produtivas que tomam decisões.
No caso são as empresas siderúrgicas brasileiras.
Inputs: São os recursos, insumos e valores consumidos em cada uma das
DMU’s, ou seja, as entradas, devendo atender ao critério de quanto menor, melhor.
Outpus: São os produtos, os resultados, os valores observados e gerados por
cada uma das DMU, ou seja, são as saídas. Devem atender ao critério de quanto maior,
melhor.
Score de eficiência: Com base em um PPL (Problema de Programação
Linear) um indicador é calculado para cada DMU, variando de 0 a 100 por cento.
O objetivo do PPL é encontrar um conjunto de pesos u, para os outputs, e de
pesos v para os inputs, que resultará na máxima eficiência possível para a DMU em
análise (CASA NOVA; ONUSIC, 2006).
São várias as formulações dos modelos de DEA encontradas na literatura,
entretanto dois modelos básicos DEA são geralmente usados nas aplicações. O primeiro
modelo chamado de CCR, sigla resultante dos nomes de seus autores: Charnes, Cooper
e Rhodes, também conhecido como CRS (Constant Returns to Scale), que avalia a
eficiência total e identifica as DMU eficientes e ineficientes e determina a que distância
da fronteira de eficiência estão às unidades ineficientes. O segundo chamado de modelo
BCC, nome também resultante dos nomes de seus autores: Banker, Charnes e Cooper,
também conhecido como VRS (Variable Returns to Scale), utiliza uma formulação que
permite a projeção de cada DMU ineficiente sobre a superfície de fronteira (envoltória)
37
determinada pelas DMU eficientes de tamanho compatível (FONTES; MACEDO,
2003).
O modelo DEA selecionado para solução deste problema foi o modelo CCR, pois
este permite uma avaliação menos benevolente e possui maior caráter discriminatório que o
modelo BCC (RODRIGUES; MEZA, 2009). Este permite a avaliação da eficiência total,
de acordo com Macedo, Santos e Silva (2004) este modelo identifica as DMU eficientes
e ineficientes, ainda, de acordo com Ramos (2007) este modelo permite uma avaliação
objetiva da eficiência global e identifica as fontes e estimativas de montantes das
ineficiências identificadas.
De acordo Perentelli (2007) o modelo CCR tem como prioridade a
proporcionalidade entre input e output na fronteira, ou seja, o aumento (decremento) na
quantidade dos inputs provocará acréscimo (redução) proporcional no valor dos outputs.
A formulação do PPL do modelo possui a seguinte formulação matemática
(RAMOS, 2007):
Maximizar he =
M
j 1
uj yje’ (1. 1)
Sujeito a:
N
i 1
vi xie = 1, (1. 2)
M
j 1
uj yjk -
N
i 1
vi xik 0 (1. 3)
Em que:
h representa a eficiência da DMU.
k é o número de unidades sendo avaliadas.
Uj representa o coeficiente para o resultado j, com j = 1,2,..., M, onde M é o número
total de tipos de resultados sendo considerados.
Vi representa o coeficiente para o recurso i, com i = 1,2,..., N, onde N é o número total
de tipos de recursos sendo considerados.
38
Yjk representa o número observado de unidades de resultados j, gerados pela DMUk,
durante um período de tempo.
Xjk representa o número observado de unidades de recursos i, consumidos pela DMUk,
durante um período de tempo.
e representa a DMU sob análise.
K = 1,2,..., k e todos os coeficientes u e v devem ser positivos e diferentes de zero.
Segundo Ramos (2007) tanto o modelo CCR quanto o modelo BCC apresentam
duas orientações diferentes: uma visa o aumento da produção (outputs) e a outra visa
a redução de recursos (inputs).
A orientação aplicada será a de Inputs, pois se levou em conta que as empresas
têm o maior controle de seu ambiente interno e insumos, sendo que esta tem como
objetivo minimizar estes insumos para produzir no mínimo o nível de produção
proposto (PERENTELLI, 2007). Segundo Ramos (2007) esta orientação busca
minimizar o consumo de insumos para produzir o máximo, permitindo avaliação
objetiva da eficiência global e identifica as fontes e estimativas de montantes das
ineficiências identificadas.
O método de Análise por Envoltória de Dados ainda é pouco explorado pelos
profissionais, porém, a relevância deste método segundo Kassai (2002) possui
vantagens, como permitir a verificação da evolução da eficiência das empresas se
aplicada a diversos períodos, apresentar uma visão das várias faces da eficiência,
demonstrar como a eficiência de cada empresa é atribuída de forma individualizada,
como também confirmar que mais de uma empresa pode ser considerada eficiente, esta
análise pode ser feita por meio do objetivo da ferramenta DEA, que se trata da fronteira
de eficiência segundo Perentelli (2007) esta é representada por meio de uma curva de
produção onde os pontos representam combinações eficientes de insumos para produção
de um determinado produto a partir de um conjunto de possibilidades de produção,
portanto, os pontos localizados sobre a fronteira de eficiência indicam que as unidades
tomadoras de decisões (DMU – Decision Making Unit) obtiveram as melhores
combinações na relação insumos/produtos e segundo Costa e Boente (2011) as DMU
localizadas abaixo da fronteira podem ser usadas para sinalizar metas a serem obtidas
entre as unidades consideradas eficientes.
39
3.2.2 Sistema Integrado de Apoio à Gestão
O software utilizado para processamento dos dados foi o SIAD (Sistema
Integrado de Apoio à Decisão). Desenvolvido em Delphi 7.0, o SIAD deve ser usado
em uma plataforma Windows e permite trabalhar com até 100 DMU e 20 variáveis,
entre inputs e outputs. Essa quantidade de DMU representa um número de grande porte,
já que na literatura quase não existem muitas aplicações com uma quantidade de
DMU’s superior a 100 (PERENTELLI).
O software SIAD foi desenvolvido pelo núcleo de pesquisa operacional da
Universidade Federal Fluminense (UFF). O software está disponível gratuitamente em
http://www.uff.br/decisao/Siadv3.zip.
3.3 ANÁLISE DESCRITIVA DOS RESULTADOS
A escolha pela ferramenta DEA visa avaliar cada DMU, condicionando os
resultados obtidos aos recursos utilizados, de modo a obter um indicador de eficiência
relativa das empresas estudadas, permitindo identificar as DMU que mesmo
apresentando resultados modestos, destacam-se por fazer uso eficiente de seus recursos
escassos (PERENTELLI, 2007).
Em seguida foram introduzidos no software SIAD os dados apresentados na
Tabela 2, a Tabela 3 elenca o ranking resultante da pesquisa, incluindo todas as
empresas analisadas. Esta permite verficar que apenas duas das DMU se encontram na
fronteira de eficiência (Amsted Maxion e Açotubo), ou seja, atingiram o score igual a 1
ou 100%.
40
Tabela 2 – Ranking de eficiência (ou score de eficiência) após aplicação da DEA
Empresas Score (em 100%)
ArcelorMittal Brasil 0,055198
Usiminas 0,041812
CSN 0,073945
Gerdau Aços Longos 0,058581
Gerdau Açominas 0,069154
V&M 0,038323
Aperam 0,075530
Votorantim Siderurgia 0,043735
Soluções Usiminas 0,273806
Gerdau Cosigua 0,003656
ArcelorMittal Tubarão 0,148647
Gerdau Aços Especiais 0,064414
Villares Metals 0,117842
Amsted Maxion 1,000000
Sinobras 0,095097
Saint-Gobain Canalização 0,296767
Vale Manganês 0,204235
Açotubo 1,000000
Fonte: Resultados da pesquisa
Além do ranking apresentado na Tabela 2, o software SIAD calcula
simultaneamente os pesos das variáveis, apresentados na Tabela 3, assim como a Tabela
de Alvos, Tabela 4.
41
Tabela 3 – Peso das variáveis
DMU P.L. Ajustado Liquidez Geral Vendas
ArcelorMittal Brasil 0,000140 0,000000 0,000009
Usiminas 0,000119 0,000000 0,000007
CSN 0,000225 0,000000 0,000014
Gerdau Aços Longos 0,000231 0,000000 0,000014
Gerdau Açominas 0,000435 0,000000 0,000027
V&M 0,000475 0,010930 0,000012
Aperam 0,000974 0,000000 0,000060
Votorantim Siderurgia 0,000684 0,000000 0,000042
Soluções Usiminas 0,001793 0,041247 0,000045
Gerdau Cosigua 0,000075 0,000000 0,000005
ArcelorMittal Tubarão 0,001855 0,042671 0,000046
Gerdau Aços Especiais 0,001023 0,023528 0,000025
Villares Metals 0,003719 0,085547 0,000093
Amsted Maxion 0,042918 0,000000 0,002622
Sinobras 0,003994 0,091868 0,000099
Saint-Gobain
Canalização 0,009551 0,219711 0,000238
Vale Manganês 0,003164 0,081694 0,000000
Açotubo 0,022779 0,524002
0,000567
Fonte: Resultados da pesquisa
Os pesos das variáveis representam como se compõem o resultado final do
ranking, uma vez atribuído os pesos pode-se calcular a eficiência de cada DMU.
Na Tabela 4 constam os valores atuais (divulgados pelo site da Revista Exame,
2013b) e os valores Alvos (calculados pelo SIADv.3), que correspondem às metas, as
quais as empresas devam alcançar para atingir a fronteira de eficiência.
42
Tabela 4 – Alvos ou Score de melhorias
Fonte: Resultados da pesquisa e site da Revista EXAME (2013b)
DMU
Input Output
P.L. Ajustado
Liquidez Geral
Vendas
Atual/Alvo Atual/Alvo Atual/Alvo
ArcelorMittal Brasil 7137,00/ 393,94 0,5/ 10,14 6.448,60/ 6.448,60
Usiminas 8418,50/ 351,99 0,6/ 9,06 5.761,80/ 5.761,80
CSN 4437,50/ 328,13 0,3/ 8,44 5.371,20/ 5.371,20
Gerdau Aços Longos 4.334,40/ 253,91
0,8/ 6,53 4.156,30/ 4.156,30
Gerdau Açominas 2.300,10/ 159,06
0,7/ 4,09 2.603,70/ 2.603,70
V&M 2.104,70/ 80,65
2,1/ 2,1 1.299,10/ 1.299,10
Aperam 1.026,40/ 77,52 0,6/ 1,99 1.269,00/ 1.269,00
Votorantim Siderurgia
1.462,90/ 63,98
0,9/ 1,64 1.047,30/ 1.047,30
Soluções Usiminas 557,7/ 152,70 5,7/ 5,7 866,6/ 866,6
Gerdau Cosigua
13.354,90/ 48,82
0,3/ 1,25 799,2/ 799,2
ArcelorMittal Tubarão
539,1/ 80,13 2,9/ 2,9 539,1/ 539,1
Gerdau Aços Especiais
977,7/ 62,67 2,2/ 2,2 496,7/ 496,7
Villares Metals
268,9/ 31,68 0,9/ 0,9 441,1/ 441,1
Amsted Maxion
23,3/ 23,3 0,6/ 0,6 381,4/ 381,4
Sinobras
250,4/ 23,81
0,7/ 0,7 309,6/ 309,6
Saint-Gobain Canalização
104,7/ 31,07
1,1/ 1,1 231,6/ 231,6
Vale Manganês 316,1/ 64,55
2,5/ 2,5 198/ 283,08
Açotubo 43,9/ 43,9
1,7/ 1,7 192,5/ 192,5
43
Tomaremos a empresa Vale Manganês para demonstração da aplicação dos
dados expostos na Tabela 4.
Exemplo: Dados da Vale Manganês
A empresa possui um Patrimônio líquido ajustado de US$ milhões 316,1,
Liquidez Geral de 2,5 e Vendas iguais a US$ 198 milhões. Com base nesses dados a
Vale Manganês obteve uma eficiência de 0,204235. O DEA pressupõe que as DMU
queiram alcançar a fronteira de eficiência, ou seja, eficiência igual a 1,0, sendo assim, a
empresa deve eliminar os focos de ineficiência em relação a essas variáveis, alcançando
os seguintes valores: Patrimônio líquido ajustado igual a US$ 64,6 milhões, Liquidez
Geral deve continuar com o mesmo valor de 2,5 e Vendas deve atingir US$ 283,09
milhões.
Por meio dos Gráficos: 1, 2 e 3 é possível realizar um comparativo entre as
empresas ineficientes e verificar os motivos pelos quais somente duas empresas
alcançaram a fronteira de eficiência.
Gráfico 1 – Comparativo do Patrimônio Líquido entre as DMU
Fonte: Revista EXAME, 2013b
44
Gráfico 2 – Comparativo da Liquidez geral entre as DMU
Fonte: Revista EXAME, 2013b
Gráfico 3 – Comparativo das Vendas entre as DMU
Fonte: Revista EXAME, 2013b
Tomou-se como destaque desta análise as empresas Amsted Maxion e Açotubo
por serem as empresas que conseguiram alcançar a fronteira de eficiência. É possível
verificar que o Patrimônio Líquido destas empresas está entre os mais baixos em relação
às outras DMU. O índice de Liquidez da empresa Amsted Maxion está abaixo da média
45
geral (1,39) das siderúrgicas analisadas, igual a de 0,6, sendo que o índice da Açotubo
apresentando um índice de 1,7, acima da média das empresas. As Vendas da Amsted
Maxion e Açotubo são similares, com valores de respectivamente de US$ 381,4 milhões
e de US$ 192,5 milhões, o que representa níveis de vendas bem abaixo da média, com
níveis inferiores a outras siderúrgicas, como já havia sido sinalizado no ranking da
Revista EXAME.
Pode-se concluir que mesmo possuindo níveis de Patrimônio Líquido (input)
inferiores, essas empresas conseguem resultados que em relação à proporção deste input
são satisfatórios, sinalizando assim, sua eficiência, o mesmo pode ser verificado através
do output Vendas, que mesmo apresentando um nível inferior em relação às outras
DMU, representa um nível alto em relação ao que foi incorporado pela empresa.
Comparando a siderúrgica Amsted Maxion e a Gerdau Cosigua, verifica-se que
seu Patrimônio Líquido Ajustado é bastante superior a Amsted Maxion, porém o que
influenciou sua posição foi a variável Vendas, além do índice de Liquidez Geral.
Foi realizado também um comparativo entre a empresa Açotubo e a
ArcelorMittal Brasil. No caso da ArcelorMittal Brasil, observa-se que suas vendas são
bastante superiores a siderúrgica Açotubo, porém utilizou um nível alto de input, bem
maior que o da Açotubo, e mesmo assim não conseguiu atingir um índice maior de
liquidez geral.
A presente análise de resultados também contempla a diferença entre o ranking
da Revista Exame e o ranking resultante da pesquisa, a Tabela 5 apresenta o ranking das
empresas por ordenação dos índices de eficiência (score de eficiência) comparado ao
ranking da Revista Melhores e Maiores da Revista Exame do ano de 2012.
46
Tabela 5 – Ranking DEA x Ranking Revista EXAME Melhores e Maiores
Posição do ranking -
DEA
Eficiência DEA
Posição do
ranking –
Revista EXAME
Siderúrgicas Analisadas
1 1,000000 14º Amsted Maxion
1 1,000000 18º Açotubo
2 0,296767 16º Saint-Gobain Canalização
3 0,273806 9° Soluções Usiminas
4 0,204235 17º Vale Manganês
5 0,148647 11º ArcelorMittal Tubarão
6 0,117842 13º Villares Metals
7 0,095097 15º Sinobras
8 0,075530 7° Aperam
9 0,073945 3° CSN
10 0,069154 5° Gerdau Açominas
11 0,064414 12º Gerdau Aços Especiais
12 0,058581 4° Gerdau Aços Longos
13 0,055198 1° ArcelorMittal Brasil
14 0,043735 8° Votorantim Siderurgia
15 0,041812 2° Usiminas
16 0,038323 6° V&M
17 0,003656 10º Gerdau Cosigua
Fonte: Resultados da pesquisa e Revista EXAME, 2013b
Por meio destes rankings é possível observar que nenhuma das DMU
permaneceu na mesma colocação nos dois rankings. É possível concluir que mais
métodos de avaliação de eficiência a serem utilizados acrescentam nas análises, pois
esta, por exemplo, difere totalmente da análise da Revista Exame, que ordena as
posições das empresas pelas Vendas Líquidas. Alguns fatores resultantes dessa
divergência devem ser levados em conta, Ramos (2007) elenca dois deles: o aspecto
subjetivo de algumas variáveis como, por exemplo, número de empregados, pois a
capacidade de trabalho dos funcionários difere e isso altera resultados, sendo que o
outro fator a ser observado é a falta de uniformidade de inputs e outputs, o modelo DEA
utilizado neste trabalho não contempla este fato. Ramos (2007) afirma que já foi
comprovado em estudos anteriores que os métodos de avaliação de desempenho se
complementam, e orienta o uso de mais de um método de avaliação de desempenho,
resultando em maior assertividade de decisões.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo teve como objetivo principal responder como a Análise Envoltória
de Dados (DEA) pode contribuir para a melhora da eficiência econômico-financeira das
empresas siderúrgicas que operam no Brasil, e apresentou como resultado apenas duas
empresas eficientes: Amsted Maxion e Açotubo, para se chegar neste resultado foi
realizada a seleção das variáveis utilizadas no software SIAD, originando o ranking de
eficiência e o score de melhorias, alcançando assim, os objetivos específicos, sendo que
por meio do score de melhorias é possível responder como a DEA pode contribuir com
a melhoria da eficiência das siderúrgicas analisadas, atingindo o objetivo geral proposto.
A empresa ArcelorMittal serve como exemplo nesta análise, pois no ranking da
Revista EXAME aparece como a primeira colocada em Vendas e aparece considerada
como não eficiente no resultado deste trabalho. Este fato retoma a conclusão de que
mais métodos de análise de eficiência são necessários para uma avaliação mais
confiável sobre as empresas, pois embora a empresa tenha sido líder de Vendas de
acordo com o ranking da Revista EXAME Melhores e Maiores de 2012, esta não
atingiu a fronteira de eficiência de acordo com este estudo, ou seja, os resultados
diferem. Diante desse exemplo, pode-se concluir que se uma empresa é a líder em
Vendas isso não significa que ela é eficiente, ou seja, poderia ser aplicado algum outro
método de avaliação de eficiência para que a análise desta empresa fosse mais detalhada
e precisa.
A presente pesquisa contribuiu para a análise atual da eficiência das siderurgias
e como melhorá-las, contribuiu também para a reflexão sobre a utilização de mais de
uma ferramenta de análise de eficiência empresarial, tendo em vista que os resultados
encontrados na pesquisa diferem totalmente dos resultados fornecidos no
48
ranking da Revista EXAME Maiores e Melhores, tendo como cenário o setor de
siderurgia, imprescindível para economia do país.
4.1 CONTRIBUIÇÕES E LIMITAÇÕES
Com a utilização da ferramenta DEA para avaliação de desempenho econômico-
financeiro, conseguimos demonstrar como a eficiência de cada empresa é atribuída de
forma individual e também confirmamos que mais de uma empresa pode ser
considerada eficiente. O estudo permitiu a identificação dos focos de ineficiência,
analisando separadamente cada variável, verificando a possibilidade de aumento,
redução e até mesmo eliminação desses componentes.
As limitações do presente estudo são as seguintes:
Falta de divulgação de dados pelas empresas que deveriam compor a amostra;
Inputs e outputs não são uniformes: a capacidade de trabalho dos funcionários de
cada empresa é diferente, assim como a intensidade do trabalho em diferentes empresas
também muda. Ou seja, quando se trabalha com informações não financeiras passa-se a
lidar com a subjetividade existente nos aspectos abordados.
Existem outros fatores no cenário siderúrgico que merecem ser levados em
consideração como, por exemplo, o Custo Brasil.
Utilização da Revista Exame, pois é uma fonte jornalística que embora de
grande vulto no mercado não é uma fonte científica.
4.2 PROPOSIÇÕES PARA NOVOS ESTUDOS
Entre as questões de análise DEA que não foram exploradas têm-se:
Utilização conjunta de diversos critérios para estudar a inclusão de variáveis;
Utilização de uma pesquisa com especialistas para definir as variáveis que
comporão o modelo e confrontar com o modelo definido por outros critérios de inclusão
de variáveis;
Comparação dos resultados do modelo no mesmo setor durante vários períodos,
verificando o progresso ou regresso das empresas durante os anos analisados;
49
Utilização de mais de um método de avaliação de desempenho econômico-
financeiro, não utilizar apenas um isoladamente, para que seja possível a exploração das
divergências entre os métodos com objetivo de ampliar a compreensão dos fatores que
influenciam a eficiência empresarial. Tendo em vista que quanto maior o número de
métodos maior a assertividade da decisão a ser tomada (RAMOS, 2007).
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ANEXOS
Figura 1 – Eficiência modelo CCR, orientação input (tela do software SIAD)
Fonte: Resultados da Pesquisa
Figura 2 – Peso das Variáveis (tela do software SIAD)
Fonte: Resultados da Pesquisa
Figura 3 – Alvos e Folgas (tela do software SIAD)